abordagem sobre saÚde nos textos de dois jornais impressos da baixada santista
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Diante da importância dos textos de Jornalismo impresso sobre Saúde - já que, de acordo com pesquisa do Ministério de Ciência e Tecnologia, de 2010, é o assunto mais procurado pelos brasileiros, dentro dos assuntos de C&T, e com a ideia de que eles têm de ser bem redigidos e apurados (até serem tratados como reportagens e não matérias), de maneira a não alienar o público, pelo contrário, formá-lo e informá-lo, estruturamos este trabalho. Analisamos, neste Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo, textos sobre o assunto em dois jornais da Baixada Santista, que têm públicos diferentes, durante dois meses, verificamos problemas, propusemos soluções e tivemos a intenção de contribuir com a produção de textos na área.TRANSCRIPT
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VINÍCIUS MAURICIO DE LIMA
ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS
JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA:
Uma análise Pragmática entre junho e julho de 2011
Santos, 2011
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VINÍCIUS MAURICIO DE LIMA
ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS
JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA:
Uma análise Pragmática entre junho e julho de 2011
Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo, do Centro
de Ciências da Comunicação e Artes, da Universidade
Católica de Santos, categoria monografia, sob orientação
do professor Mestre Paulo Roberto Börnsen Vibiam.
Santos, 2011
3
Assinaturas
As pessoas listadas abaixo reconhecem o conteúdo deste documento e os resultados
obtidos com este Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo.
______________________________________________
Prof. Mestre Paulo Roberto Börnsen Vibiam - orientador
______________________________________________
Profª Mestre Lidia Maria de Melo
______________________________________________
Prof. Doutor Sérgio Olavo Pinto da Costa
4
Este trabalho é dedicado a todas as pessoas que, assim como eu,
acreditam que, para o progresso de uma Nação, é necessária, além
de uma educação forte, a produção constante do conhecimento
científico. E esse conhecimento e suas implicações precisam ser
democratizados, chegando a todos os cidadãos. Para isso, se faz
necessária a atuação de divulgadores científicos.
5
Queremos notícia mais séria
Sobre a descoberta da antimatéria
E suas implicações
Na emancipação do homem
Das grandes populações
Homens pobres das cidades
Das estepes dos sertões
[...]
Queremos Saber – composição Gilberto Gil
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Resumo
Diante da importância dos textos de Jornalismo impresso sobre Saúde - já que, de
acordo com pesquisa do Ministério de Ciência e Tecnologia, de 2010, é o assunto mais
procurado pelos brasileiros, dentro dos assuntos de C&T, e com a ideia de que eles têm
de ser bem redigidos e apurados (até serem tratados como reportagens e não matérias),
de maneira a não alienar o público, pelo contrário, formá-lo e informá-lo, estruturamos
este trabalho. Analisamos, neste Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo, textos
sobre o assunto em dois jornais da Baixada Santista, que têm públicos diferentes,
durante dois meses, verificamos problemas, propusemos soluções e tivemos a intenção
de contribuir com a produção de textos na área.
Palavras-chave: Jornalismo, Impresso, Divulgação, Ciência, Saúde.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 9
1 - JORNALISMO: JUNÇÃO DA TÉCNICA E DA PERCEPÇÃO SOCIAL ........ 14
1.1 FONTES ...................................................................................................... 19
1.1.1 A Identificação das Fontes ..................................................................... 20 1.2 ENTREVISTA ................................................................................................. 21
1.3 ÉTICA .............................................................................................................. 21
2 - JORNALISMO CIENTÍFICO: A MEDIAÇÃO ENTRE CIÊNCIA E LEITOR .. 23 2.1 HISTÓRIA DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA NO BRASIL .......................... 29
2.1.1 Escola Brasil de Jornalismo Científico .................................................. 31
2.2 O PROFISSIONAL DE DIVULGAÇÃO ........................................................ 32
2.3 TEXTO IDEAL DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA ......................................... 36 2.3.1 Exemplos de lides para textos de Divulgação Científica .................... 40
2.4 A COBERTURA DE C&T E AS SÍNDROMES ............................................ 42
2.4.1 Prêmio Nobel ........................................................................................... 42 2.4.2 Zoom ou Olhar Vesgo ............................................................................ 42
2.4.3 Muro Alto.................................................................................................. 43
2.4.4 Lattes........................................................................................................ 43
2.4.5 Baleia Encalhada .................................................................................... 44 2.4.6 Mariposa Encantada ............................................................................... 44
2.4.7 Salto Alto.................................................................................................. 44
2.4.8 Boi-Mate ................................................................................................... 44 2.5 COBERTURA JORNALÍSTICA EM SAÚDE ............................................... 45
2.6 OS DEZ MANDAMENTOS DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA .................... 48
3 - SAÚDE: O ASSUNTO SOBRE CIÊNCIA MAIS VISTO PELOS BRASILEIROS .......................................................................................................... 50
3.1 BREVE HISTÓRIA DA SAÚDE .................................................................... 50
3.2 CULTURA CIENTÍFICA ................................................................................ 54 3.3 POLÍTICA CIENTÍFICA BRASILEIRA ......................................................... 56
3.4 CONSTITUIÇÃO CIDADÃ E CIÊNCIA ........................................................ 58
3.5 O QUE O BRASILEIRO PENSA DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA? ........... 59
3.5.1 Avaliação do Interesse e Consumo de Informação em C&T.............. 60 3.5.2 Atitudes e Visões sobre C&T ................................................................. 63
3.5.3 Avaliação e Conhecimento sobre Ciência e Tecnologia no Brasil..... 66
3.5.4 Conclusões Gerais da Pesquisa do MCT ............................................ 67
4 - PRAGMÁTICA: UMA ANÁLISE DA REPORTAGEM ANTES E APÓS A SUA PRODUÇÃO ............................................................................................................. 69
4.1 EXEMPLO DE ANÁLISE PRAGMÁTICA .................................................... 75 4.2 MACROPRAGMÁTICA DO JORNALISMO ................................................ 76
8
5 - ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA: A REPORTAGEM DA REPORTAGEM ................................................................................................................................... 78
5.1 O CASO DA ALA PEDIÁTRICA DO HOSPITAL GUILHERME ÁLVARO 84 5.1.1 O Jornalismo investigativo e a visita ao Hospital Guilherme Álvaro .. 91
6 - CONSIDERAÇÕES ............................................................................................ 96
7 - REFERÊNCIAS E OBRAS CONSULTADAS ................................................ 100
SÍTIOS CONSULTADOS................................................................................... 102 8 - ANEXOS ............................................................................................................ 104
8.1 CÓDIGO DE ÉTICA DOS JORNALISTAS BRASILEIROS ..................... 104
8.2 TABELA DE ANÁLISE DE JUNHO ............................................................ 107 8.3 TABELA DE ANÁLISE DE JULHO ............................................................ 115
8.4 REPORTAGENS ANALISADAS ................................................................ 127
8.4.1 ................................................................................................................. 127
8.4.2 ................................................................................................................. 128 8.4.3 ................................................................................................................. 130
8.4.4 ................................................................................................................. 131
8.5 NOTAS DA ASSESSORIA DE IMPRENSA DA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO ........................................................... 132
8.5.1 Nota 1 ..................................................................................................... 132
8.5.2 Nota 2 ..................................................................................................... 132 8.5.3 Nota 3 ..................................................................................................... 133
8.5.4 Nota 4 ..................................................................................................... 134
8.5.5 Nota 5 ..................................................................................................... 135 8.5.6 Nota 6 ..................................................................................................... 135
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INTRODUÇÃO
Este trabalho analisa a abordagem do assunto, dentro de Ciência e
Tecnologia (C&T), mais visto nos jornais, revistas, TV e rádio pelo povo
brasileiro: Saúde. De acordo com pesquisa de percepção pública do brasileiro
da C&T, de 2010, o assunto se mostra no topo das atenções da população do
País e, por isso, se faz justa uma análise de como está sendo divulgado.
Foram estudados dois jornais de circulação regional na Baixada Santista
(Santos, São Vicente, Cubatão, Guarujá, Bertioga, Peruíbe, Itanhaém e
Mongaguá), A Tribuna e Expresso Popular. Ambos os jornais pertencem à
mesma empresa, o Sistema A Tribuna de Comunicação. E têm públicos
diferentes, o primeiro com uma linguagem menos popular, e o segundo, com
uma linguagem mais popular.
Durante dois meses, de 1º de junho a 30 de julho, foram avaliados os
conteúdos dos textos ou reportagens de Saúde, de forma a prestar um
esclarecimento sobre o conteúdo aos leitores; aos profissionais, de forma a
provocar uma discutível melhora na apuração e no conteúdo das notícias.
Além disso, deixar como um suporte para os responsáveis pelos jornais,
como os editores, na cobrança de uma preocupação de cobertura digna do
assunto, e para a academia, buscando atrair novos interessados em exercer o
Jornalismo na área de Saúde.
Na prática e desvinculado das normas rígidas dos manuais, da
academia e da redação, o Jornalismo é uma luta diária do profissional da
Comunicação Social para ganhar credibilidade e respeito do público1. Como
afirma Rossi (1980, p. 7),
Jornalismo, independente de qualquer definição acadêmica, é uma fascinante batalha pela conquista das mentes e corações de seus alvos: leitores, telespectadores ou ouvintes. Uma batalha geralmente sutil e que usa uma arma de aparência extremamente inofensiva: a palavra, acrescida, no caso da televisão, de imagens.
1 Conjunto de indivíduos aos quais se destina uma determinada mensagem (artística, jornalística,
publicitária etc.) Dicionário de Comunicação.
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Já a Saúde, de acordo com o filósofo alemão Arthur Schopenhauer,
representa nove décimos da nossa felicidade. Justifica esta posição porque
com Saúde a vida se transforma em sinônimo de prazer. No Jornalismo, o
relato sobre Saúde faz parte da vertente do Jornalismo Científico, transmitindo
para as pessoas, de forma compreensível, assuntos complexos ou não
relacionados às diferentes ciências. Para Burkett (1990, p. 5), entre estes
assuntos estão os relacionados às
Ciências físicas, tais como física e química, e as ciências naturais, biologia e zoologia, por exemplo, e todas as ramificações. Redigir ciência também abrange temas como a aplicação da ciência através da engenharia e tecnologia e, especialmente as ciências-arte da medicina e cuidados com a saúde. As ciências, social e de comportamento também são temas que competem ao redator científico.
Além dos temas relacionados a estas ciências referidas por Burkett, há
questões recentes sobre o Meio Ambiente, área que alguns autores
consideram separada do Jornalismo Científico, colocando em novo campo,
denominado Jornalismo Ambiental. Também o Jornalismo Científico contempla,
entre diversos assuntos possíveis, as questões relacionadas à astronomia e os
estudos de corpos que estão fora do Sistema Solar.
Na relação entre Ciência, Tecnologia e o papel da mídia, Hernando2
(2003) esclarece, em seu blog, devidamente o papel do Jornalismo Científico
na atualidade:
(…) Se a ciência e a tecnologia têm uma influência crescente e decisiva na nossa vida cotidiana, e se os meios de comunicação devem refletir e informar sobre esta vida cotidiana parece que a conclusão é clara: o Jornalismo Científico é chamado para ser uma das estrelas informativas do nosso tempo mais carregadas de conteúdo e...de emoção, porque comunicam a todos os descobrimentos que estão mudando as vidas e a estrutura social de uma parte da humanidade. Graças aos avanços do conhecimento, muitos milhões de pessoas vivem em níveis de saúde e bem estar que somente poderiam ser alcançados pelos poderosos da Terra (...).
No Brasil, o Jornalismo Científico ainda é um campo novo, visto que o
primeiro doutorado na área é da década de 80, do século XX, segundo dados
2 http://www.manuelcalvohernando.es/
11
da Secretaria da Ciência Tecnológica e Desenvolvimento Econômico do
Paraná, de 1989. Quase 30 anos depois, no século XXI, com o grande público
das revistas especializadas, como Galileu Galilei, SuperInteressante, Scientific
American, Saúde!, entre outras, além da Internet, observa-se o crescimento do
Jornalismo Científico, na divulgação de Ciência e da pseudo-Ciência (não
resulta da aplicação de métodos científicos).
Sendo assim, algumas universidades passaram a oferecer disciplinas
específicas e cursos de especialização sobre essa área do conhecimento,
devido ao número crescente de profissionais interessados em atuar nesse
campo do Jornalismo. Mas, como diz Burkett (1990, p. 115), no caso da Saúde,
“os redatores de ciência precisam compreender a cultura da saúde e da
medicina para escreverem de maneira eficiente nessa área”.
Erbolato (1981, p. 43) aconselha o jornalista que cobre Saúde a
amenizar a aridez dos assuntos técnicos, adequando o jargão médico às
palavras que sejam compreensíveis ao público não iniciado na área, de
maneira a produzir o texto com clareza, sem desviar-se do assunto tratado
pelos profissionais da Saúde.
E o público, como entende e interpreta as notícias sobre Saúde?
Questiona a falta ou o excesso de informações? Em análise do jornal A
Tribuna, por exemplo, durante os anos de 2008, 2009 e 2010, pudemos notar
erros de conceituação científica em matérias e até em editoriais. “Amazônia, o
pulmão do mundo”, em editorial. Ora, sabe-se que a Amazônia não é o pulmão
do mundo, já que as algas marinhas produzem 80% do oxigênio do planeta. E,
na área da Saúde, “coronárias do coração”, em reportagem. De fato, existem
artérias coronárias somente no coração.
Mais recentemente, na edição de 6 de junho de 2011, página A-9, em
reportagem publicada sobre um surto de varicela (catapora) ocorrido na
Baixada Santista, o jornalista não atentou em esclarecer ao público, por
exemplo, o que é varicela, por que ocorreu o surto, por que é mais frequente
nas crianças e quais as formas de prevenção.
Em parte, esses erros ocorrem devido ao tratamento dado aos textos
sobre Saúde, que deveriam ser reportagens, do gênero interpretativo, ao invés
de notícias com tratamento corriqueiro, contendo características básicas da
notícia, como impacto, novidade, interesse humano e proximidade. Entretanto,
12
o ideal seria a publicação de notícias mais trabalhadas, com textos mais
complexos, descritivos e explicativos, por exemplo. Apesar de que sabemos da
disponibilidade de espaço no jornal diário, mas também sabemos das
possibilidades, como os desdobramentos da matéria no dia seguinte e até a
matéria mais aprofundada num blog.
Pretendeu-se, com este trabalho acadêmico, identificar as reais causas
dos problemas expostos, como a falta de apuração e a maneira como foram
tratados os textos de Saúde nos jornais estudados, levando em consideração o
papel social do jornalista: de formar, além de informar seu público. E propor
soluções baseadas nesses contextos, ou, pelo menos, trazer à baila essa
problemática, discutir com os repórteres que estão à frente da Saúde nos
jornais analisados.
Gerald (1963, p. 202) considera que “nenhum serviço público é mais
importante que o serviço de Comunicação.” Para ele (p. 9), os veículos
populares de comunicação são instituições sociais que servem à sociedade, ao
reunir, escrever e distribuir as notícias do dia.
A problemática que pesquisamos em nosso Trabalho de Conclusão de
Curso (TCC) diz respeito à possível dificuldade do jornalista para escrever
sobre Saúde nos meios de Comunicação Social. Como o jornalista que cobre a
área da Saúde trabalha os jargões dos profissionais da área médica? De que
forma transforma os termos técnicos da área para a linguagem jornalística?
Quais as dificuldades encontradas por esses profissionais? Entre outros
questionamentos.
Outro ponto importante que investigamos é a importância das matérias
sobre Saúde no Jornalismo, já que, se são as mais vistas pelos brasileiros,
qual tratamento elas recebem pelos jornalistas. Se um erro médico pode matar
uma pessoa, um texto sobre Saúde mal redigido, em um jornal, por sua vez,
pode informar e formar de maneira errônea os leitores e, ao invés de esclarecer
sobre os assuntos, alienar o público.
Este trabalho se justifica pela importância que o Jornalismo e a Saúde
têm para a população. De acordo com Hernando, (In: ERBOLATO, 1981, p.
41), “a ciência e o jornalismo são as duas grandes forças do mundo moderno”.
Como dito, um profissional da saúde, se cumpre mal suas funções, pode matar
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pessoas, e um jornalista, como formador de opinião, também pode matar
pessoas, no sentido conotativo da palavra.
Para a academia, com o trabalho, pretendeu-se colocar na roda das
discussões acadêmicas a junção Jornalismo e Saúde, que, se não tratados
com cuidado, podem ser uma combinação explosiva. Este TCC pode ser um
olhar para jornalistas que estão no mercado e estudantes prestes a entrar no
mercado de trabalho, interessados no assunto.
A ideia para o trabalho de pesquisa não parte de um insight qualquer
sobre o assunto, mas de anos de dedicação ao estudo das Ciências Biológicas,
desde o Ensino Fundamental, além de cursos realizados na área de Jornalismo
Científico, em 2009, e acompanhamento das aulas de Comunicação e Saúde,
no curso de Nutrição, da Universidade Católica de Santos, durante o primeiro
semestre de 2010, ministradas pela professora-doutora Benalva da Silva
Vitorio, o que justifica nosso envolvimento com o assunto.
A passagem pela primeira turma da Escola Brasil de Jornalismo
Científico, em julho de 2011, certificou o gosto pela Divulgação da Ciência e
ajudou no esclarecimento de conceitos e práticas, além de ter oferecido rico
material de pesquisas, informações, conhecimentos, entrevistas e conceitos.
A metodologia utilizada foi de análise das notícias e reportagens sobre
Saúde, durante dois meses, com recortes diários, durante esse período. Os
jornais utilizados para análise foram A Tribuna e Expresso Popular, de Santos.
Para isso, partimos de referências bibliográficas, como as que explicam os
métodos para escrever sobre Jornalismo Científico, bem como entrevistas com
profissionais da área, médicos enquanto leitores, além de professores e
pesquisadores de pós-graduação.
A primeira etapa do trabalho consistiu em esmiuçar, em quatro capítulos,
a sustentação teórica do Trabalho, os quais abordam conceitos de Jornalismo,
Jornalismo Científico, Ciência e Saúde e Pragmática (método de análise).
A segunda parte consistiu em fazer as entrevistas com o editor-chefe e
os editores-executivos dos jornais A Tribuna e Expresso Popular, para definir
quais são os seus públicos, e outros elementos pertinentes aos objetivos do
trabalho. E entrevistas com profissionais de suma importância para o trabalho,
como os repórteres, professores e pesquisadores da área.
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Concomitante, a terceira etapa é a análise pragmática das reportagens
de Saúde nos jornais referidos, que ocorreu até julho de 2011, enquanto a
quarta etapa já se desdobrava: as considerações sobre o material.
1 - JORNALISMO: JUNÇÃO DA TÉCNICA E DA PERCEPÇÃO SOCIAL
Jornalismo, como parte da Comunicação Social3, é o exercício de
mostrar à população os fatos que ocorrem no mundo. A profissão é a junção da
técnica e da percepção social, em que o jornalista tem por objetivo, de maneira
ética, levar à comunidade informações noticiosas, com ou sem sua opinião
enquanto profissional da área. O que reafirma Charaudeau (2007, p. 135),
quando diz que “as mídias têm por tarefa reportar os acontecimentos do mundo
que ocorreram em locais próximos ou afastados daquele em que se encontra a
instância de recepção”.
O Jornalismo é uma expressão da imprensa, que se desenvolveu a partir
do século XV, criada pelo alemão João Gutenberg, que inventou os tipos
móveis. Os tipos móveis possibilitaram a impressão em série e diminuíram, por
exemplo, a busca pelos monges copistas, os quais, manualmente, faziam
cópias de livros e manuscritos. Provocando o retorno às obras clássicas,
facilitadas pela moderna impressão de livros, além de empreender a busca por
novos manuscritos, recrutando novos escritores e, consequentemente,
multiplicando o número de obras até então publicadas. A imprensa é, portanto,
a divulgação e a socialização do saber e, por isso, o Jornalismo se
desenvolveu depois dessa invenção.
Em uma definição mais subjetiva do Jornalismo, Rossi (1980, p. 9) o
define como “uma fascinante batalha pela conquista das mentes e corações de
seus alvos: leitores, telespectadores ou ouvintes.” E acrescenta ter a ciência
importância política e social.
3 A comunicação foi o canal pelo qual os padrões de vida de sua cultura foram-lhe transmitidos, pelo qual
aprendeu a ser “membro” de sua sociedade – de sua família, de seu grupo de amigos, de sua vizinhança,
de sua nação. – BORDENAVE (2003, p.17)
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Enquanto que no Dicionário de Comunicação (1987, p. 346), Jornalismo
é, numa definição mais técnica:
Atividade profissional que tem por objeto a apuração, o processamento e a transmissão periódica de informações da atualidade, para o grande público ou para determinados segmentos desse público, através de veículos de difusão coletiva (jornal, revista, rádio, televisão, cinema etc.)
Para o exercício do Jornalismo, no Brasil, segundo decisão do Supremo
Tribunal Federal, de 17 de junho de 2009, não é necessário o profissional ter
mais diploma. O que, para alguns, é uma afronta, e para outros, uma
expressão da democracia, já que profissionais sem diploma, que atuam há
mais de cinco anos na área, podem adquirir o registro profissional (Mtb). Os
cursos de Jornalismo continuam existindo no País e as instituições com maior
credibilidade perante o público só contratam jornalistas com formação
universitária.
Acreditamos que a formação profissional se faz necessária, pois
possibilita os estudos para a formação de um profissional crítico,
especialmente, ao cotidiano social. Afinal, na faculdade, é que se tem, ou
deveria existir, acesso à Sociologia, Antropologia, Realidade Regional, entre
outras disciplinas importantes, que, um profissional sem formação acadêmica,
possivelmente não teria.
E o título deste capítulo justifica nossa opinião acerca disso, pois, para
nós, a técnica e a instigação para a percepção social são aprendidas em um
curso universitário, importantes para uma atividade jornalística crítica, como
defende Houaiss, na Revista de Comunicação e Política (p. 23-33):
Uma comunicação que aceita o processo social acriticamente, põem-se a serviço do processo social. E tem que aceitar, inclusive, como da corresponsabilidade sua, as características patológicas que o processo social oferecer.
Segundo Charaudeau (2007, p. 263), a atividade do jornalista está
vinculada a um princípio ético, como citado acima. O que se junta ao fato de a
verdade não estar ligada à ação humana, mas é nela que tem origem.
Ela [a verdade] resulta de um julgamento coletivo que não pertence a ninguém em particular e representa idealmente a opinião da maioria. Assim sendo, o dever de
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informar das mídias seria a contrapartida “natural” do direito de todo cidadão de construir uma verdade: a verdade civil – o que confere legitimidade às mídias.
Para construir essa verdade, Charaudeau (2007, p. 264) explica que o
cidadão tem parte no contexto, pois precisa compreender o mundo em que vive
e que seja livre para decidir nesse processo de compreensão. E a mídia, por
sua vez, tem responsabilidade nos fatos.
A objetividade é um dos assuntos mais discutidos dentro do Jornalismo.
Pois, segundo algumas vertentes, não há como o profissional que exerce esse
cargo se abster totalmente do fruto de seu exercício, seja ele um texto, uma
reportagem para televisão, para o rádio ou para a internet. De forma que,
mesmo que queira ser o mais objetivo possível, seu trabalho sempre
apresentará traços de sua formação pessoal, escolar e profissional. Além do
contexto em que esse profissional vive e foi criado. Charaudeau diz que
trabalhar a verdade não é simples (2007, p. 88),
Tratar a verdade não é uma tarefa simples. (...) “Dizer o exato” significa que há coincidência entre o que é dito e os fatos do mundo exterior à linguagem. Além disso, essa coincidência deve poder ser verificada, seja pela percepção humana (o olho como prova do visto) no mesmo instante da ocorrência do fato (coexistência do dito e do fato que cria a ilusão de um saber universal, seja por um saber que pode ser sustentado com o auxílio de experiências (a gravitação), de instrumentos exteriores ao homem (o microscópio) ou de certo modo de calcular (quando se diz de uma operação matemática que ela está correta ou exata, e não verdadeira).
O que Gerald (1963, p. 172) explica bem, quando diz que
Os princípios éticos estão intimamente ligados ao conceito de objetividade na composição de notícias, conceito esse que tem tido maior preeminência à medida que as afirmações éticas mais antigas tendem a receber menos ênfase. Existe, entretanto, grande confusão quanto ao que significa e ao que deve significar e como o jornalista com ele deve tratar.
Por exemplo, mesmo em textos puramente informativos, em que o
jornalista só tem de colocar os fatos do jeito que realmente são, sempre
haverá, nesses relatos, um pouco do que ele é e entende de mundo. Como
exemplo, fantasioso que criamos para facilitar o entendimento, numa
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reportagem sobre um acidente que aconteceu no bar Independência, em
Santos. Um gás de cozinha explodiu, destruiu completamente o local e feriu
alguns clientes.
O jornalista que fará um texto melhor é aquele que sabe que o bar é um
dos mais antigos da cidade, frequentado por pessoas ilustres, portanto, o
jornalista que tem uma bagagem histórica, cultural, de conhecimentos e
informações previamente adquiridas durante a vida. Os outros podem fazer um
texto de igual riqueza de detalhes, mas terão de investigar bem mais. Rossi
não concorda totalmente, pois atesta ser possível a objetividade em um
acidente desse tipo, senão do repórter estar envolvido de alguma maneira com
o dono ou uma vítima, por exemplo. O que complementa Charaudeau (2007, p.
96):
(...) no mundo existem ou aparecem coisas, estas se configuram em estados, produzem-se modificações nos estados das coisas, mas tais fenômenos só adquirem existência significante através da percepção-captura-sistematização-estruturação que deles faz um sujeito linguageiro (...)
Para ele, a objetividade é um mito, trazido pelos jornalistas brasileiros do
Jornalismo estadunidense. E justifica que a posição ideológica dos veículos de
comunicação e do jornalista teriam de ser neutras, de forma a deixar o leitor a
tirar suas próprias conclusões. Fato que se acredita ser possível, apesar de o
jornalista também ser um mediador entre a notícia e o público.
O jornalista, a não ser que seja independente e produza textos que
sejam publicados em seu próprio blog ou jornal, é atingido pelo poder dos filtros
do local onde trabalha. Entre eles, a própria ideologia do meio, a do editor e a
dos anunciantes publicitários. Um jornal de ideologia política socialista, por
exemplo, dificilmente publicaria uma reportagem criticando o governo cubano.
Ou até o faria, de um jeito talvez menos ácido que um jornal de ideologia
política capitalista.
A ideologia pode ser observada desde a pauta, que é o “projeto” e
caminho a ser seguido para se fazer uma reportagem. Pois a pauta pode não
ser necessariamente uma ideia do jornalista que a fará, mas de seu editor, de
um pauteiro e até de um anunciante ou leitor. De forma que, mesmo assim, o
jornalista colocará em sua reportagem sua visão de mundo, justificando
18
também o Jornalismo ser uma ciência humana, o que possibilita que uma pauta
seja vista com um sem-número de olhares.
O que pode acontecer é a reportagem passar por filtros e precisar ser
adequada para o meio em que será publicada ou até negada sua publicação.
Na história fictícia, criada por nós, para o melhor entendimento, a empresa
Radioatividade Pesada é a principal anunciante do jornal Direto das Ruas,
sendo a responsável pela circulação do impresso na cidade de Itabinha. Mas a
Radioatividade Pesada começou a soltar no principal rio da cidade um
composto radioativo muito forte, que matou os peixes e transformou, com uma
de suas funções químicas, as águas em um arco-íris de cores.
As pessoas que utilizavam a água do rio até para beber começaram a
ficar doentes, apresentando casos de tosse e alguns até morreram. Os bebês
começaram a nascer com sérios problemas genéticos, vindo ao mundo, às
vezes, com falta de órgãos como o rim e até sem dedos ou apresentando
surdez.
Porém, o jornal se viu no impasse de que não poderia noticiar esse
grave caso ou perderia seu principal anunciante e, como resultado disso,
pararia de circular. O jornalista Raimundo Trindade tomou coragem e decidiu
brigar com seu editor para que noticiassem o grave problema. Mas acabou
sendo despedido. O caso fictício, mas comum no dia a dia da profissão, explica
a influência ideológica dos meios de comunicação e como os filtros funcionam
no Jornalismo.
E aí é que os leitores também se adéquam aos meios que têm maior
simpatia e, consequentemente, costumam ler, ver ou ouvir o que lhes agrada,
evitando jornais que são, ideologicamente, divergentes de sua opinião (o que
pode explicar também, cruamente, um dos pontos da Teoria Comunicacional
da Recepção4). Para Charaudeau (2007, p. 72), aí estão as duas instâncias do
processo comunicacional: o produtor (no nosso caso, o jornalista) e o receptor
(o leitor).
Preso à ideologia do meio em que trabalha e a sua própria, a pauta
supõe que o jornalista explique à população o que aconteceu ou acontecerá. O
lide foi a maneira técnica de dizer, resumidamente, ao leitor a notícia. Lide, ou
4 Ler MARTÍN-BARBERO, Jesús. Dos Meios às Mediações: comunicação, cultura e hegemonia.
Tradução Ronald e Pólito Sérgio Alcides. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1997.
19
lead, do inglês, conduzir, pois tem por intenção levar o leitor a ler o resto da
notícia, se bem escrito.
Rossi (p.18) explica que são seis as perguntas do lide: O Que? Quem?
Quando? Onde? Por quê? Como? Por exemplo, na nossa notícia do gás de
cozinha que explodiu no bar Independência, O Que? é “o gás de cozinha que
explodiu”, o Quem?, neste caso, “o gás”. Quando? Semana passada, hoje, às
15 horas ou qualquer tempo. Por quê? “supostamente porque um vazamento
entrou em contato com o fogo da chapa de fazer lanches, segundo explicou o
Corpo de Bombeiros.” Onde? “em um dos bares mais antigos de Santos, o
Independência.” Como? Aqui, o Como tem a mesma explicação do Por quê?
Há, ainda, o que alguns autores chamam de a sétima pergunta, o “E
Daí?”, que seria, pensamos para a nossa história fictícia acima: “o que
aconteceu? Como estão as vítimas? Afetou a vida de leitor que todo final de
semana está ali para tomar um chope?”
O lide, nas reportagens informativas, costuma ser o primeiro parágrafo.
Já em textos interpretativos, em que claramente se observa uma
contextualização da notícia com quem a escreveu e sua vivência social, as
perguntas do lide podem ser diluídas no desenrolar do texto.
Em nosso projeto de pesquisa, levamos em consideração tanto notícias
objetivas como interpretativas, mesmo que nos jornais a serem estudados (A
Tribuna e Expresso Popular) as objetivas sejam quase que a maioria.
1.1 FONTES
Já na apuração dos fatos, para a produção da reportagem, o jornalista
se depara com informações precisas ou não, as quais deve averiguar para
saber se são verídicas ou não, sempre trabalhando com ética. Rossi (2000,
p.33) comenta que o jornalista, mesmo tendo que entrevistar, no caso do nosso
acidente no bar Independência, o dono do estabelecimento, as vítimas, as
testemunhas e o bombeiro que atendeu o chamado, deve conversar com
fontes conhecedoras do tema, como um professor de química explicando por
que o botijão explodiu ao seu gás de conteúdo entrar em contato com o fogo da
chapa de fazer lanches, até para dar deixar o leitor ciente que isso pode
acontecer em casa também.
20
E deve cultivar essas fontes, pois sempre terá de conversar com
especialistas nos mais variados temas. Para Charaudeau (2007, p. 147), “A
instância midiática não pode, evidentemente, inventar as notícias. Ela deve
utilizar fontes ou exteriores ao organismo de informação ou internas”. Há, para
ele, um processo pelo qual essas fontes podem ser identificadas:
As fontes podem ser identificadas, primeiramente, por sua relação com o mundo das mídias: internas (“int. mídias”) ou externas (“ext. mídias”). As fontes internas às mídias são classificadas em relação aos organismos de informação: internas aos organismos de informação (int. org. info) ou externas (ext. orf. Info) a eles. As fontes externas às mídias, enfim, são classificadas segundo seu caráter institucional ou não.
1.1.1 A Identificação das Fontes
"INT. MÍDIAS EXT. MÍDIAS'
"int. org. info" "ext. org info" “institucional”
(oficiais/ oficiosas) "não institucional"
Correspondentes Agências e
indústrias de serviço Estado-governo Testemunhas
Enviados especiais Outras mídias Administrações Especialistas
Arquivos próprios
Org. sociais (partidos, sindicatos)
Representantes (corpos profissionais)
Políticos (representantes
sociais)
A identificação das fontes CHARAUDEAU (2007, p.148)
No caso de nossa pesquisa, os jornalistas que escrevem sobre Saúde
costumam ter como fontes médicos, enfermeiros, farmacêuticos, cientistas e
profissionais que têm alguma relação com assuntos dessa temática. Entre
esses assuntos, doenças, epidemias, medicamentos etc.
Além disso, há as fontes oficiais, sempre ligadas a órgãos públicos,
como as do Município, Estado e do Governo Federal. Cabendo ao jornalista
saber qual será a ideologia dessas fontes e sempre questioná-las sobre tudo,
mesmo porque, na avassaladora maioria das vezes, não contarão informações
negativas das instituições em que trabalham.
21
1.2 ENTREVISTA
Pois bem, não basta que essas fontes existam, é preciso conversar com
elas, para que elas contem suas versões dos fatos e a reportagem seja, então,
produzida pelo jornalista, até mesmo confrontando essas versões. Charaudeau
(2007, p. 214) conta que há um contrato-midiático entre entrevistador,
entrevistado e o leitor, formando um triângulo.
O primeiro [entrevistador] tira sua legitimidade de um “Procurar fazer falar seu convidado para revelar uma verdade oculta”, pelo fato de que seu papel consiste em fazer surgir opiniões; o segundo [entrevistado] de um “Tenho algo a dizer que concerne ao bem comum” (...); o terceiro [leitor] de um “Estou aqui para ouvir [ler] alguma coisa de interesse geral que me seja dada como uma revelação”, pelo fato de que ele está ali para saber.
Para Charaudeau (2007, p. 214), existe a entrevista política, na qual o
entrevistado representa um grupo que participa da vida política ou cidadã; a
entrevista de especialista, no nosso caso, com um médico ou cientista; a
entrevista cultural, como a própria intitulação coloca, a entrevista literária,
cinematográfica, entre outras e a entrevista das estrelas, com celebridades e
personalidades.
Em relação às especializações, o jornalista ou entrevistador pode ser
conhecedor de várias áreas, como Política, Economia, Esportes, Meio
Ambiente, Cultura e Ciência, da qual falaremos mais adiante, no próximo
capítulo, já que abordaremos o Jornalismo Científico. Além de explicar como os
jornalistas generalistas trabalham assuntos específicos, como Saúde, em seus
cotidianos.
1.3 ÉTICA
Segundo Christofoletti (2008, p. 11), no Jornalismo, a ética é mais que
um assessório. Porque no exercício da profissão é ela quem garante a
qualidade do trabalho técnico. O autor, no livro Ética no Jornalismo, nega mitos
da profissão, em relação à ética. Por exemplo, o de que cada um tem sua ética.
Para ele, há parte de verdade nisso, já que existe o lado individual na ética.
Porém, a ética passa pelo campo da moral, que é o conjunto de valores que
22
orientam a conduta, as ações e os julgamentos humanos. Entre os valores, ele
cita bondade, liberdade, justiça, igualdade e respeito à vida.
Esses valores são imprescindíveis para o exercício da profissão. Como
dito, o Jornalismo é uma ciência humana. Então, não deve haver algo humano
que não viesse com boa carga de valores. Não que as outras áreas não devam
existir humanismo. Na realidade, os melhores profissionais das outras áreas
são os humanistas. E, mesmo que não o sejam, são os humanistas que mais
deixam boas referências. O bom profissional de Jornalismo é, antes, para nós,
um grande perceptivo da sociedade humana.
Outro mito, segundo o autor, seria o de que a ética se aprende na
escola. Mesmo afirmando que o bom profissional precisa da parte técnica
aprendida na Universidade, acreditamos, assim como Christofoletti, que a ética
aprendemos em nossas relações sociais. Primeiramente, em casa, depois na
escola, nos círculos de amizade e até na religião que frequentamos.
Não há como falar em ética sem entrar no campo do humanismo. Em
subcapítulo de seu livro, Christofoletti explica a diferença entre fazer bem e
fazer o bem. Por exemplo, mesmo que o profissional, às vezes, aja com
doçura, faça o bem, poderia não conseguir exercer seu trabalho, o de coletar
informações de algumas fontes, fazer bem, no caso.
Seria mais considerável dizer, por exemplo, comenta o escritor, que o
jornalista tivesse prudência, tolerância e boa fé, ao invés de doçura. E, assim,
sendo prudente, tolerante e tendo boa fé, não deixaria de ser humano e de ter
ética.
23
2 - JORNALISMO CIENTÍFICO: A MEDIAÇÃO ENTRE CIÊNCIA E LEITOR
“A ciência e o jornalismo são as duas grandes forças do mundo moderno”.
Manuel Calvo Hernando (In. ERBOLATO 1981, p. 41)
Apesar de a prática diária do Jornalismo na área da Saúde estar restrita
a profissionais não especializados, no caso dos jornais A Tribuna e Expresso
Popular - o que não significa que eles não acabem se tornando especialistas, já
que são os responsáveis pela editoria, este capítulo se dedica a esclarecer
conceitos e práticas do Jornalismo Científico, como o ideal para essa prática
diária.
Segundo defende o divulgador científico espanhol e um dos fundadores
da Associação Ibero-americana de Jornalismo Científico Manuel Calvo
Hernando (2005, p. 18), “se queremos realmente uma sociedade democrática,
é preciso que todos entendam a ciência”.
Não que os jornalistas de um jornal diário, como são os casos a serem
estudados por nós, tenham que se dedicar a uma especialização na área. Mas
acreditamos que os conceitos do Jornalismo Científico possam ajudá-los a
trabalhar melhor as notícias de Saúde e passá-las melhor aos públicos desses
jornais.
Segundo o professor e pesquisador Wilson Bueno (1989, p. 3),
“certamente cobrir um evento científico ou de política científica e tecnológica é
diferente do que cobrir um acidente de trânsito, um jogo de futebol, um crime
etc.” Justifica, desta forma, a necessidade de uma preocupação maior.
O médico e jornalista científico Júlio Abramczyk (In. PARANÁ, Secretaria
da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico 1989, p. 25) comenta
que se deve tomar cuidado para não popularizar a pseudo-Ciência, no lugar da
Ciência em si. Já que a primeira, tem caráter sensacionalista. Então, sabe-se
que é de suma importância a divulgação da Ciência para a massa, mas com
seriedade e comprometimento com o público, antes de qualquer coisa.
A Saúde é um dos afluentes do Jornalismo Científico, entre os outros
braços, estão, por exemplo, as Ciências Exatas, as Ciências Biológicas e suas
ramificações (Engenharia Genética, Engenharia de Alimentos etc.), bem como
24
a Medicina, a Biomedicina, a Biologia com seus derivados (Botânica, Zoologia
etc.), além da Arqueologia, das Ciências Sociais, Econômicas, entre muitos
outros, a lembrar, claro, do Meio Ambiente, que, de tão importante e com a
demanda crescente de público, acabou originando um novo campo de estudo
no Jornalismo, o Jornalismo Ambiental.
Mas, sobre a nomeação da editoria, como já vimos o que é Jornalismo,
no primeiro capítulo, o que é Jornalismo Científico? Pois bem, aí vai a resposta:
Científico porque cabe ao profissional especialista nessa área divulgar os
progressos, descobertas e estudos da Ciência, ou ainda, acontecimentos que
envolvem os que estão a cargo dela, os cientistas e pesquisadores.
Entretanto não se restringe apenas aos cientistas, mas outras fontes,
como médicos, pessoas acometidas de doenças, entre outros, desde uma
matéria sobre gripe comum, em que é necessário investigar o ciclo do vírus no
corpo humano, como ele atua, quais os métodos de prevenção e
contaminação, qual é a cura, se há estudos avançados para descobrir como
evitar definitivamente que o vírus da gripe se manifeste no organismo, tudo é
Jornalismo Científico.
Vieira (2006, p. 9) diz que, entre as razões para divulgar Ciência, estão:
o interesse que pode ter para o próprio cientista, que adquire visibilidade social
e pode obter mais recursos para suas pesquisas; a exposição do trabalho junto
ao público interessado; a prestação de contas à sociedade, mostrando de que
forma as verbas públicas são usadas (e no Brasil as pesquisas são, em sua
maioria, patrocinadas com dinheiro público).
Além de a pesquisa servir como base para professores do Ensino
Fundamental, Médio e Universitário e desmistificar o uso indevido da Ciência,
pois há um avanço na crença por bioenergética, quiromancia, cristais, duendes,
anjos, entre outros, considerados pseudociência ou relacionados à
espiritualidade e religião.
Bem como a explicação da Ciência para os próprios cientistas, que,
devido à superespecialização da Ciência, ocorrida principalmente depois da
Segunda Guerra Mundial, passaram a deter o conhecimento apenas de suas
áreas específicas, por exemplo, o físico que entende de Astronomia pouco tem
tempo ou se aprofunda em Mecânica. E também serve como motivação para
carreiras científicas e tecnológicas.
25
Se fosse no século XVII, por exemplo, ao jornalista científico caberia
conversar com Galileu Galilei a fim de saber mais sobre o Heliocentrismo
(teoria que diz que a Terra gira em torno do sol, e não ao contrário), pelo qual
ele quase foi condenado pela Inquisição da Igreja Católica, que punia quem
tinha ideias muito fora dos padrões cristãos da época. Se possível, entrevistá-lo
no auge da crítica da Igreja Católica contra a sua pessoa.
Mas o jornalista científico, atualmente, não vai ser queimado, a não ser
que desempenhe um mau trabalho. Afinal, assim como um médico, ele pode
até matar pessoas (se ele divulga um procedimento médico errado, por
exemplo, ele pode induzir seus leitores a tomarem um remédio e,
consequentemente, morrerem). O trabalho desse jornalista deve ser
supervalorizado.
O jornalista cientifico é, antes de tudo, jornalista, que vai ter a mesma
responsabilidade dos profissionais da área, sejam eles especializados e/ou
especialistas ou não. Porém, deve estar muito atento às fontes falaciosas e que
querem apenas promover seu trabalho, que pode não ser um trabalho tão
notório para ser divulgado. Para Wilson da Costa Bueno (2011),
O Jornalismo Científico compreende a captação, produção e circulação de informações em Ciência, Tecnologia e Inovação pelos meios de comunicação de massa, obedecidas as características do sistema de produção jornalística.
Krieghbaum (In. ERBOLATO 1981, p. 46) acredita, por sua vez, que,
para um trabalho realmente competente, é necessário mais que faro
jornalístico. Para ele, o jornalista científico tem de estar suficientemente alerta e
ter conhecimento nas bases da Ciência “pura”, de modo a fazer perguntas
inteligentes e compreender as ideias em debate.
Entre as funções e papeis do Jornalismo Científico, enumera Bueno
(2011), estão a função sociocultural, de democratização do conhecimento e
valorização da cultura local; a função econômica; a de favorecer a divulgação
de informações, conhecimentos e processos que possam ser incorporados ao
setor produtivo. Além da função político-ideológico, de comprometer-se com a
liberdade de expressão e a defesa dos interesses da maioria - caráter de
militância cívica e, por último, a função pedagógica, de auxiliar no processo de
alfabetização científica.
26
Segundo Bueno, em seu artigo Jornalismo Científico: resgate de uma
trajetória, essa área do Jornalismo tem pelo menos quatro vertentes. A primeira
delas diz que a inspiração para essa área vem da Pragmática, já que visa à
identificação de problemas concretos, que dificultam a prática da Divulgação
Científica. (justificando também nossa escolha pela análise Pragmática dos
jornais)
E aqui paramos para explicar o que é Divulgação Científica. Ao nosso
entender, a Divulgação Científica é o método que se utiliza para transmitir uma
mensagem científica a alguém. O método pode ser pelo texto jornalístico
(Jornalismo Científico) ou por poesia, teatro, quadrinhos e outras formas. A
mensagem pode ser uma teoria, um postulado, uma explicação científica, a
obra e vida de uma cientista etc. Ou seja, o Jornalismo Científico é uma
ramificação da Divulgação Científica que utiliza a mídia como meio para fazer
essa Divulgação.
A Divulgação pode ser feita por alguém da área, de forma que as
pessoas entendam o que esse alguém anda pesquisando ou descobriu, por
exemplo, ou por um divulgador científico, no Brasil, um especialista, um pós-
graduado na área.
Há um grupo paulista de teatro que desenvolve, desde 1998, o projeto
Arte e Ciência no Palco, que se propõe a encenar peças com temáticas
científicas, a partir de Einstein, Copenhague e Júlio Verne. Isso é Divulgação.
Cecília Meireles, dizia o cientista brasileiro descobridor da subpartícula atômica
méson pi (partículas que possuem rotação atômica nula) César Lattes, era uma
divulgadora científica. Segundo ele, era possível perceber, lendo as poesias
dela, que ela estudava ou sabia Física. Ela explicava, contava ele, Física
através de poesia. Isso é Divulgação Científica também.
“O Jornalismo Científico e a Divulgação Científica não são a mera
tradução do discurso científico, mas outro discurso, com suas peculiaridades,
objetivos e compromissos”, afirma Bueno (2011).
Zamboni (2001, p. XVII) compactua da mesma teoria. Para ela, a
Divulgação Científica é muito mais que um trabalho de formulação de um novo
discurso, articulado com o campo científico, e que não existe como produto de
uma mera reformulação da linguagem. É um gênero discursivo particular,
distinto do discurso científico, autônomo, envolvente e cativante.
27
Mas voltando ao Jornalismo Científico, uma possibilidade na divulgação
de Ciência, o método que se restringe à prática jornalística de transmitir à
Ciência ao leitor, através da mídia. Bueno, no mesmo artigo citado acima, fala
da relação do jornalista com o cientista, que é recheada de dificuldades. A
começar pelos processos em que Jornalismo e Ciência são produzidos.
A Ciência tem um tempo de gestação longo, há estudos que demoram
anos para serem concluídos, outros nem chegam lá. Enquanto que o
Jornalismo é rápido, mesmo em revistas especializadas, o tempo máximo entre
uma publicação e a outra não passa de um semestre.
Esse tempo de trabalho, diferente entre os profissionais, acaba gerando
conflitos. Já que o cientista acredita que o jornalista é, na maioria das vezes,
superficial com o que publica e até sensacionalista. Enquanto que o jornalista
tende a encontrar pelo caminho cientistas arrogantes e desconfiados, que
dificultam o processo de Comunicação.
Para a professora e pesquisadora do Laboratório de Estudos Avançados
em Jornalismo – Labjor, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas),
Maria das Graças Conde Caldas, deve haver uma cooperação profissional
entre cientistas e jornalistas, cientistas e sociedade, e cientistas e empresários,
de forma a divulgar o conhecimento científico.
O cientista também tem medo de que o jornalista o interprete mal e as
informações que lhe competem, o que, em nossa concepção, não é difícil de
acontecer, pois o universo científico tem jargões bastante dificultosos para
interpretação. Por exemplo, o cientista DuFay atestou existir duas forças
elétricas, uma de atração e outra de repulsão, o que justifica a fato de cargas
iguais não se atraíram. Mas o que isso tem de prático? Só o nome do cientista
assusta, não é? E como o jornalista ou divulgador explicaria isso tudo?
Esse é o princípio básico das pilhas comuns, usadas em aparelhos
eletrônicos. A pilha possui dois pólos, um negativo e um positivo, os quais se
atraem. Caso um negativo seja colocado em contato com outro negativo, de
outra pilha, não há atração e, em consequência disso, não passa a corrente
elétrica.
E como um jornalista usaria isso em uma reportagem? Quem sabe se
precisasse explicar, por exemplo, exagerando, por que motivo os brinquedos
de uma grande empresa não funcionam, já que a fábrica produziu espaço para
28
se colocar duas pilhas na mesma posição, não passando corrente elétrica e,
consequentemente, não ligando o brinquedo. Desdobrando na situação de a
empresa ter de fazer o recall.
E o divulgador, se precisasse explicar isso, como o faria? Talvez através
de versos, de nossa autoria:
DuFay mal sabia que ia ficar usado por ai Se o soubesse, talvez tivesse falado coisa alguma
Agora, tão usado está, que precisa ser trocado De tempos em tempos, para funcionar.
Pois bem, a segunda vertente, ainda segundo Bueno, é o fato de, no
Brasil, na época em que ele escreveu o artigo, existirem poucos meios de
Divulgação Científica, como jornais a revistas especializadas. O que,
atualmente, para nós, modificou, positivamente: é só olhar uma banca de
revistas e observar os inúmeros títulos, que vão de Ciência Hoje,
SuperInteressante (algumas vezes divulga a pseudociência) às mais
herméticas, como Scientific American e Nature.
A terceira vertente faz referência à noção de definição de Ciência e
Tecnologia (C&T) moderna, que está muito ligada ao conceito de mercadoria.
Afinal, a C&T estão, atualmente, além de ligadas ao bem estar da humanidade,
comprometidas com grandes interesses, sejam eles públicos ou privados. Por
exemplo, a prática do Jornalismo Científico pode estar ligada a vantagens
oferecidas por empresas, que influenciam financeiramente aos jornalistas a
publicarem matérias sobre certos “produtos.” O que a revista Galileu Galilei
soube aproveitar de uma maneira até divertida. A revista tem uma editoria que
mostra a história de vários “produtos” conhecidos do grande público, como
nasceram e evoluíram em seu tempo de existência, o que não deixa de ser, em
partes, Divulgação Científica.
Bueno (1989, p. 4) diz que o bom profissional do Jornalismo Científico é
aquele que se baseia em boas fontes e num preparo sobre o assunto que
abordará e conhece os temas em voga para escrever sobre eles.
Para ele (1989, p. 4), em relação ao público-alvo, o jornalista científico
deve escrever para o cidadão comum, o leigo, o não especialista.
É possível comunicar-se com o leigo sem lançar mão do Jornalismo Científico: palestras, fascículos,
29
livros, espetáculos teatrais, literatura de cordel, quadrinhos etc.
2.1 HISTÓRIA DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA NO BRASIL
De acordo com José Marques de Melo, em sua publicação Trajetória
Acadêmica do Jornalismo Científico no Brasil: Iniciativas Paradigmáticas do
Século XX, o Jornalismo Científico nasceu, em terras brasileiras, com o próprio
Jornalismo, no século XIX. Quando, em sua primeira publicação periódica,
Hipólito José da Costa (considerado por muitos o fundador do primeiro jornal
brasileiro, o Correio Braziliense) registrava acontecimentos de C&T,
relacionados à geografia, flora e fauna locais.
Melo explica que coube, efetivamente, a João Ribeiro, no início do
século XIX, tornar o Jornalismo Científico uma atividade regular na imprensa da
capital do Império, o que foi defendido pelo grande mestre da
Divulgação/Jornalismo Científico no País, José Reis, quem dá nome a Cátedra
que forma divulgadores científicos, na Universidade de São Paulo (USP).
Mas foi somente na década de 1960 que surgiu uma consciência pública
em torno da divulgação de fatos relacionados à C&T. Essa consciência foi
estimulada, em partes, pela corrida ao espaço travada entre Estados Unidos e
a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a URSS, e os
transplantes de coração ocorridos na África do Sul, que davam início a uma
nova era na medicina.
Em 1966, a USP cria o curso de Jornalismo e seus alunos são
estimulados a produzirem artigos sobre a C&T. E, em 1970, Manuel Calvo
Hernando realiza o primeiro curso de extensão na área, no Brasil. Daí em
diante, o Jornalismo Científico só evolui: em 1981, a defesa da primeira
dissertação (de Mestrado) na área, por Vera Lúcia Salles de Oliveira Santos;
em 84, o primeiro doutorado, defendido por Wilson da Costa Bueno, orientado
pelo professor José Marques de Melo.
E, em 1992, é criado o Núcleo José Reis de Divulgação Científica, citado
acima, na USP. Para Manuel Calvo Hernando (2005, p. 20), seria ideal que os
cientistas tivessem formação em jornalismo e os jornalistas em Ciência, como é
o trabalho da Associação Espanhola de Jornalismo Científico, que passa pelas
30
universidades da Espanha palestrando sobre o assunto. Os jornalistas
científicos, para ele, deveriam fazer uma disciplina obrigatória de História da
Ciência, além de escolher quatro ou cinco disciplinas para estudar a fundo,
como, no caso dele: Física, Latim, Filosofia e Matemática, as quais podem
servir como base para todo o resto. Sabe-se, entretanto, que as demandas
atuais sugerem estudos em outras disciplinas, como Genética, Física
astronômica, entre outras.
Em 80, com a migração de alguns professores da USP para a
Universidade Metodista de São Paulo, em São Bernardo do Campo, surge o
programa de Pós-graduação da UMESP, onde uma das vertentes de estudo é
Processos de Comunicação Científica e Tecnológica, com grande trabalho na
área de Saúde. E, em 1999, a Unicamp, inaugura seu curso de pós lato e
stricto sensu na área, o Labjor.
Hernando (2005, p. 20) explica que, nas décadas de 1960 e 1970,
países como Colômbia, Peru e a começar pelo Chile começaram com
programas de Jornalismo Científico. O Brasil, em 1977, criou a Associação
Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC). Enquanto que o México tem uma
tradição de Divulgação, no país existe a Sociedade Mexicana para a
Divulgação da Ciência e da Tecnologia (Somedicyt), que realiza congressos
anualmente. Outros países, como Argentina e Uruguai tinham, até a data que
Hernando concedera a entrevista para a revista Ciência e Cultura, em 2005,
tímidas expressões da Divulgação.
Segundo Bueno (1989, p. 2), a criação do Ministério de Ciência e
Tecnologia e das secretarias estaduais ajudou no crescimento do Jornalismo e
da Divulgação Científicos, já que os mediadores passaram a contar com fontes
oficiais na área.
Para Bueno (1989, p. 2), embora esse crescimento continue em nosso
País, “o Jornalismo Científico e a Divulgação Científica ainda se ressentem de
uma política pública consistente, da conscientização de empresários de
Comunicação e editores, da adesão de pesquisadores e cientistas e mesmo da
vontade política de dirigentes dos centros produtores de conhecimento
(institutos de pesquisa, universidades, empresas de pesquisa etc.)”
De acordo com Bueno (1989, p. 2), inúmeras iniciativas permitem
enxergar melhoras no cenário presente e no futuro da Divulgação Científica no
31
País. As Faps (Fundações de Amparo à Pesquisa), como as de São Paulo,
Minas Gerais, Rio de Janeiro e as mais novas, como Maranhão e Amazonas,
têm ajudado na formação de divulgadores e difusão da área.
Os cursos de especialização e mestrados também crescem a cada dia,
como da Universidade Vale do Paraíba e do Museu da Vida/Fiocruz, cita
Bueno. Além da abertura de linhas de pesquisa nos programas de Pós-
graduação em Comunicação Social, bem como o aumento no número de
Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) de graduação na área. Também
destacamos a existência da Associação Brasileira de Jornalismo Científico
(ABJC), criada em 1977, que colabora no fortalecimento da profissão.
Bueno (1989, p. 2) conta, ainda, que houve crescimento do número de
bolsas de pesquisa para trabalhos individuais e coletivos nessa área. E a
literatura sobre Jornalismo Científico e Divulgação Científica cresceu, embora,
na concepção do professor e pesquisador, faltem mais títulos nacionais que
contemplem a realidade brasileira.
Na internet, houve uma impulsão de assuntos de Ciência, Tecnologia e
Inovação (CT&I), e os jornais também dão cada vez mais espaço, com pautas
sobre temas da área. Bueno (2011) destaca ainda o início da profissionalização
das estruturas de comunicação dos centros produtores de conhecimento
(universidades, empresas e institutos de pesquisa). Bueno (2011) ressalta:
Está acontecendo uma valorização da parceria entre jornalistas e divulgadores com pesquisadores e cientistas. Precisamos convergir os interesses e competências num compromisso comum, o de incrementar o processo de alfabetização científica e democratização do acesso à informação de Ciência e Tecnologia.
2.1.1 Escola Brasil de Jornalismo Científico
Aqui, é importante abrir um parêntese para o desenvolvimento deste
Trabalho, pois se abordará da primeira turma da Escola Brasil de Jornalismo
Científico (EBJC), da qual o autor deste trabalho fez parte, como aluno, em
julho 2011.
A EBJC é um projeto de iniciativa da empresa privada da área de
Ciência, a Cohen Comunicação, Eventos e Projetos, idealizado pela jornalista
32
científica, formada pelo Labjor, Adriana de Lima Barbosa, com apoio do Labjor,
da Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC), da Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), do Conselho Nacional das
Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), entre outras entidades
científicas e culturais.
A Escola é um curso de extensão e imersão que tem por objetivo
selecionar estudantes dos últimos anos de Comunicação Social, a fim de
capacitá-los, durante 13 dias ou mais, para a atuação na cobertura de CT&I.
A primeira turma selecionou nove estudantes, sendo pelo menos um de
cada região do País - São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Piauí, Amazonas, Goiás
(2), Distrito Federal e Rio Grande do Sul, e ofereceu bolsas parciais ou
integrais, para o curso, que aconteceu de 9 a 16 de julho, em Goiânia (Goiás).
No curso, teve aulas teóricas com os mais renomados acadêmicos e
profissionais da Divulgação Científica, inclusive referenciados neste trabalho,
como Maria das Graças Caldas e Wilson da Costa Bueno, além das doutoras
em Comunicação Social, especialistas em Comunicação Científica, Heloiza
Dias da Silva (da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e
Audre Cristina Alberguini (professora e coordenadora da Faculdade de
Jornalismo de Limeira-SP), entre outros.
A EBJC é itinerante e acompanha as Reuniões Anuais da SBPC, onde
são realizadas pelos alunos as partes práticas, na cobertura da Reunião, que é
a maior de Ciência e Sociedade da América Latina e uma das maiores do
mundo. Em 2011, foi realizada na capital goiana. Tanto a parte teórica quanto a
prática deram uma maior sustentação para este Trabalho, com dados,
informações, conhecimento e entrevistas, que serão acrescentados durante o
memorial.
2.2 O PROFISSIONAL DE DIVULGAÇÃO
Na opinião de Bueno (2011), o jornalista científico não é o ventríloquo ou
porta-voz do cientista. Ele explica que o Jornalismo Científico é um discurso
construído a partir das fontes de C&T, mas não deve se restringir a elas.
Então, o jornalista científico deve contextualizar as informações,
conceitos ou processos e fazer com que repercutam a partir de sua inserção na
33
sociedade. Bueno (2011) afirma que pode haver uma contaminação do olhar
do repórter em geral, e de sua visão de mundo particular e idiossincrasias. A
contaminação ocorre devido à necessidade de se preocupar com os números
da audiência da mídia, já que o profissional precisa, normalmente, adaptar sua
pauta, sua linguagem e discurso, bem como sua matéria ou reportagem pode
incorporar condicionamentos referentes a essa audiência. Bueno (2011) diz
que,
Uma mesma pauta pode gerar distintas matérias, mais ou menos detalhadas, com mais ou menos termos técnicos, mais ou menos abrangentes, dependendo do tipo de mídia, seja ela impressa, eletrônica, especializada ou outra.
Também a contaminação acontece, continua Bueno (2011), pelos
interesses dos empresários da Comunicação e dos anunciantes. Havendo,
muitas vezes, conflitos entre pautas, focos, fontes e interesses comerciais, de
tal modo que alguns temas controversos e que envolvem grandes interesses
acabam sendo jogados para debaixo do tapete.
Há coberturas cosméticas de determinados temas que nunca se coloca o dedo na ferida ou se dá o nome aos bois, e outras que apenas permanecem na superfície.
Para Bueno (2011), é notório o caráter pouco investigativo do Jornalismo
Científico. E a contaminação tem sido mais evidente, na atualidade, pela
intervenção de doutrinas de igrejas que vêm se apropriando dos veículos e
buscando impor princípios e valores religiosos. O Jornalismo Científico se vê,
com isso, em meio ao embate entre as teorias criacionista (de que um ser
superior haveria criado o Universo, a partir de Adão e Eva) e da evolução
(proposta por Charles Darwin, que escreveu a obra A Origem das Espécies,
falando que o homem, bem como todos os seres vivos, deve existir devido a
diversas “mutações” genéticas).
E esses são apenas alguns dos problemas, pois o jornalista científico
também assiste à discussão entre vários outros assuntos, como a controvérsia
das células-tronco e do aborto e a tentativa de “sacralizar” a Ciência, tornando-
a parte da criação divina.
34
Nesse contexto, Bueno (2011) sugere que o jornalista científico deva ter
compromisso com o interesse público (não confundir com o interesse do
público, que é um interesse específico de um grupo de pessoas), qualificando
as informações, confrontando as fontes e avaliando a sua própria dependência
(vínculo) em relação ao tema. Sem se esquecer de, com tudo isso para
resolver, não se deixar vender para o sensacionalismo.
O sensacionalismo pode ser explicado, falando-se em Ciência, com a
grande maioria das reportagens que são veiculadas na mídia sobre Ufologia
(estudo de seres extra-terrenos). De uma maneira geral, acreditamos que a
mídia costuma prostituir a Ufologia, fazendo grandes factoides (notícias criadas
com um interesse específico, que não é o interesse público), e mostrando um
lado até cômico da possível existência de outros seres vivendo fora do planeta
Terra.
Mas como o jornalista científico pode não sensacionalizar reportagens
desse porte? Uma das saídas é fugir das fontes e lugares comuns, pessoas
que dizem ter visto extra-terrestres em lugares como Varginha (Minas Gerais),
por exemplo. E conversar com astrônomos especialistas em biologia inter-
espacial, de forma a procurar novas pesquisas na área, novas observações
etc. Afinal, do tamanho que se supõe ser o Universo, seria pretensão demais o
jornalista científico se deter às fontes e lugares comuns e não dar espaço a
novas descobertas.
Bueno (2011) entra em uma das principais funções do Jornalismo, para
nós, quando diz que o jornalista científico não deve apenas informar ou formar
seu público, mas incluí-lo nos debates científicos, de forma que esse público
possa ter, a partir das informações na reportagem, o poder de decidir e opinar
com critérios.
Entre os assuntos estudados na EBJC, está a formação e prática do
divulgador científico. O divulgador, explica Caldas (2011), deve se preocupar
não só em informar à sociedade os resultados da pesquisa, mas o processo de
produção do conhecimento, os recursos envolvidos, analisar o contexto
histórico e político que giraram em torno dessa produção. Para isso, é
necessária uma compreensão das políticas públicas de C&T. “É importante
sempre se preocupar com os riscos, impactos e consequências dessas
pesquisas também”.
35
O papel e o compromisso social do jornalista em geral, na ideia de
Caldas (2011), está inserido num modelo de gestão capitalista, em que a
produtividade, a competitividade, o desemprego, a qualidade, a eficácia, a
privatização dos meios e instituições e a lucratividade vigoram. E, nesse
contexto, comentou a professora e pesquisadora (2011), em aula da EBJC, o
homem, enquanto ser social, é excluído e se transforma em produto,
consumidor e cliente.
A mídia, atuando como agente formador de mentalidades, e a internet,
agindo na transnacionalização da cultura, desenraizando, multipolarizando e
segmentando a sociedade, também são reflexos nesse modelo de gestão
capitalista, afirma Caldas (2011).
“Se não saiu na TV, rádio, jornal ou internet, não aconteceu”, ironizou
Caldas (2011), em aula da EBJC. Para ela, a mídia descreve, interpreta,
fotografa e divulga o mundo. Entretanto, faz, normalmente, um recorte frágil e
distorcido da realidade, pois destrói a temporalidade. Segundo a professora e
pesquisadora, a mídia condiciona não pelo que informa, mas pela maneira
como informa.
Bueno (2011) comenta que a formação de profissionais para atuação
nessas áreas é também deficiente e as universidades e cursos de Jornalismo
têm culpa nisso. Já que menos de 10% dos cursos de Jornalismo dedica algum
espaço na grade curricular para o Jornalismo Científico, segundo pesquisa que
a ABJC, da qual Bueno faz parte e desenvolveu.
Na concepção de Caldas (2011), o jornalista em geral é um historiador
do cotidiano: em seu compromisso com a informação, deve analisar e
contextualizar os fatos, tendo consciência crítica e social. Enquanto que Bueno
(2011) comenta que o jornalista científico deve ter a necessidade de desvendar
termos, conceitos, processos e teorias.
Além disso, para se ter ética social, validou Caldas (2011), em aula da
EBJC, o divulgador necessita compreender o processo formativo da mídia,
buscar novos hábitos, ter novas atitudes, ter conhecimento da estrutura social,
buscar sensibilidade para romper com o consenso e ter competência
comunicacional.
Segundo Bueno (2011), é necessário também reconhecer o avanço
obtido na esfera federal com a criação de um grupo específico e a
36
disponibilização de investimentos focados no processo de popularização da
Ciência, o esforço é tímido e tem privilegiado os grandes centros. Ao mesmo
tempo, tem relegado o Jornalismo Científico a um plano secundário no
momento de concessão de apoios, avaliando-o a partir de critérios estritamente
acadêmico-científicos.
Além disso, estas iniciativas têm estado, na ideia de Bueno (2011),
dependentes de ações isoladas de determinados governos (estaduais ou
federais) e não têm continuidade ao longo do tempo.
Precisa ser institucionalizado um esforço permanente de capacitação e apoio à Divulgação Científica e ao Jornalismo Científico. Os empresários de Comunicação e editores, com raras exceções, contemplam a Ciência e Tecnologia com preconceito, imaginando, equivocadamente, que elas não atraem o interesse do público.
Para Bueno (2011), a maioria dos veículos jornalísticos no País ainda
não dispõe de cobertura regular de CT&I ou mesmo espaços específicos e
permanentes para essa divulgação (cadernos ou editorias). O ideal, sugere
Bueno (2011), seria adotar uma perspectiva transversal, trazendo a C&T para o
universo geral da cobertura.
2.3 TEXTO IDEAL DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
De acordo com o professor e pesquisador Wilson da Costa Bueno
(2011), o interesse público deve sempre ser levado em consideração, desde a
concepção da pauta até a feitoria das matérias ou reportagens de divulgação
da Ciência:
A quase totalidade dos cidadãos só tem a mídia, durante a maior parte da sua vida, como fonte de informações sobre Ciência, Tecnologia e Inovação e, por isso, não podemos abrir mão do compromisso de informar com qualidade, buscando enxergar os interesses além da notícia. No Jornalismo Científico, assim como na cobertura jornalística em geral, a neutralidade não existe porque todas as fontes estão em tese comprometidas com seus vínculos, compromissos e interesses.
Para isso, é importante, explica Bueno (2011), valer-se de fontes
independentes, desvinculadas de interesses empresariais, políticos, de grupos
existentes na comunidade científica ou pessoais.
37
Bueno (2011) diz que a produção científica está comprometida com um
problema ou tema de pesquisa, com a trajetória particular do pesquisador ou
do grupo de pesquisa ao qual ele se filia, com os agentes, Estado ou empresa,
que financiam o projeto de pesquisa e inclusive com o momento histórico, que
é determinado pela convergência de fatores econômicos, políticos,
socioculturais etc.
Mas o divulgador deve fazer perguntas básicas para saber se as
informações e conhecimentos produzidos por pesquisadores e cientistas são
de interesse público: Os compromissos falseiam ou manipulam os resultados
da pesquisa? Quem lucra com esta produção científica em particular? O
interesse público está sendo privilegiado? O que significa efetivamente
interesse público?
Na concepção de Bueno (2011), em algumas áreas de pesquisa fica
evidente a ação dos lobbies e estratégias de intervenção e manipulação e os
resultados de pesquisa costumam, em determinadas situações, estar sob
suspeita. Entre elas, a indústria da Saúde, a indústria agroquímica e de
biotecnologia, a indústria de papel e celulose, a indústria da mineração, a
indústria da alimentação etc.
Sobre a prática da Divulgação, Vieira (2006, p. 18 a 38), no Pequeno
Manual de Divulgação Científica, do Instituto Ciência Hoje, conta que, como
exercício jornalístico, a divulgação de Ciência tem critérios iguais: títulos
funcionam como cartões de visita, parágrafos longos dificultam a leitura,
legendas devem ser autossuficientes, deve ter créditos e ilustrações
(fotografias, mapas, desenhos e esquemas simples, evitando gráficos, tabelas
complicadas, pois, em geral, o público tem dificuldade para interpretá-las). A
pirâmide invertida (as informações mais importantes antes e as menos
relevantes por último), mas sem a falsa objetividade da notícia factual.
Para a professora e pesquisadora Maria das Graças Conde Caldas
(2011), a qualidade do texto jornalístico em geral vai depender do material que
se coleta durante a entrevista, da observação atenta dos fatos, quando for o
caso, ou com pesquisas paralelas. Caldas (2011) revela que “a arte do bom
Jornalismo e do Científico, em particular, está na qualidade da apuração”.
38
Na concepção de Caldas (2011), o bom senso na escolha da abertura
do texto deve prevalecer. Não se esquecendo que a intenção é levar o leitor à
última linha de seu texto. “Tudo depende da criatividade”.
Caldas (2011) diz que, nessa hora, vale a organização de dados. Pois a
arte da redação depende da lógica de produção de cada um, sendo não
recomendável copiar modelos dos outros. Para Caldas (2011), é possível ser
criativo, não fazendo ficção.
Já Vieira (2006, p. 18 a 38) fala que a linguagem dos textos da área
deve ser leve, clara, rica em analogias, para comparar o que se quer explicar
com palavras e termos de conhecimento popular, do senso comum. Com isso,
evitando espantar o leitor, logo no primeiro parágrafo, com nomes e
explicações técnicas muito profundas.
Vieira (2006, p. 18 a 38) lembra que a popularização da Ciência não é
incompatível com a precisão científica. “Ninguém quer ler um texto com um
dicionário de ciências na mão, por isso, é bom evitar jargões, fórmulas
matemáticas e abreviaturas”.
Segundo Caldas (2011), é preciso decodificar a fala do cientista e das
fontes, suas informações e transformá-las em algo claro, preciso e de interesse
da opinião pública. “O Jornalismo Científico não pode prescindir da precisão
das informações relatadas, contextualizadas e uma discussão sobre suas
implicações sociais, políticas e econômicas”.
Entrando no campo da Saúde, Vieira (2006, p. 18 a 38) explica que os
textos de Divulgação Científica devem distinguir as especulações dos
resultados já comprovados. Para Vieira, é importante ter atenção com os
resultados de pesquisas médicas, para não dar falsas esperanças aos leitores.
As matérias ou reportagens também devem ser descontraídas,
possibilitando a leitura como um bom passatempo: sem linguagem rebuscada,
com textos enxutos, favorecendo o espaço para informação (ao invés de usar
“a respeito de”, usar “sobre” e ao invés de usar “com o objetivo de”, usar
“para”). Evitando os jargões técnicos, como Cloreto de sódio (usando sal de
cozinha), Hipoclorito de Sódio (usando água sanitária), etc. “Não existem
modelos para um texto elegante de divulgação científica”, afirma Caldas
(2011).
39
Para isso, é imprescindível tomar cuidado com o excesso de didatismo,
de forma a não ofender o leitor. É bom buscar saber quem é o leitor,
recomenda Vieira (2006, p. 18 a 38), para se por no lugar dele, sempre
explicando conceitos básicos, o que não significa se por em primeira pessoa.
Tentar saber antecipadamente o tamanho de seu texto também se faz
relevante.
Boxes, ou caixas de informações complementares, e retrancas são
importantes nos textos de Divulgação Científica. É importante usá-los para
deixar o texto mais acessível e favorecer em um lugar separado do texto o
mais complicado, sugere Vieira (2006, p. 18 a 38).
Sobre as entrevistas, para Vieira (2006, p. 42 a 46), devem seguir as
mesmas instruções do Jornalismo em geral: é bom ir a uma entrevista sabendo
alguma coisa do assunto, quais foram às últimas coisas que o cientista ou
pesquisador disse na mídia, o que também certifica Caldas (2011).
Na hora de escrever, especificar, no caso de cientistas, o nome e
prenome, atividade (físico, químico etc.), nacionalidade e, se for necessário,
ano de nascimento e morte, bem como descrição de um trabalho importante e
explicar siglas.
Por sua vez, o cientista ou pesquisador, ou mesmo a fonte comum,
recomenda Vieira (2006, p. 42 a 46), deve deixar seu contato disponível para o
divulgador, em caso de dúvidas; separar um material para a entrevista, como
fotos, gráficos, artigos científicos, recortes de revistas e jornais, tabelas,
diagramas e esquemas; não se ofender com perguntas básicas, “afinal o
jornalista não é um Doutor Honoris Causa em todos os ramos do
conhecimento, e, para explicar ao leitor, ele precisa entender”.
Se solicitado, explica Vieira (2006, p. 42 a 46), a fonte pode dar
entrevista por telefone, haja vista, normalmente, não haver muito tempo para
finalizar textos em jornais, às vezes, e, se isso ocorrer, é bom pedir ao repórter
para repetir, em linhas gerais, a notícia a ser publicada.
A fonte precavida pergunta o deadline, ou horário de entrega do texto, e
o tamanho do texto, afinal pode fazer um comentário curto, em caso de notas,
e ressaltar comentários, se for preciso, procurando dar uma visão geral de
como está a área de pesquisa em questão no Brasil. E, se não for especialista
da área, deve indicar outro especialista.
40
O cientista e pesquisador conscientes também podem vender o seu
peixe, ligar para os editores de C&T ou para os pauteiros (quem fica
responsável por sugerir as matérias e reportagens a serem feitas no dia, no
caso do jornal diário) e contar sobre o desenvolvimento de pesquisas. De
repente, até podem mandar um comunicado à imprensa (release), contando a
importância da pesquisa e informações básicas, se preciso, com glossário junto
e material complementar. É bom saber que, nesse caso, os jornalistas têm
pouco tempo, então, é bom, no release, se preocupar com informações básicas
somente.
Vieira (2006, p. 42 a 46) comenta uma questão importante para o
Jornalismo em geral, e que também ocorre na Divulgação: normalmente, a
fonte não pode ver o texto final. Pois atrapalha o fechamento da publicação,
elimina a isenção do jornalista, já que o pesquisador é parte interessada, e a
confiabilidade de uma publicação deriva de os jornalistas terem a palavra final
sobre o texto. No caso de textos muito técnicos, como acontece em C&T,
alguns editores até recomendam que seus repórteres deixem a fonte dar uma
olhada na parte técnica somente.
Já Bueno (2011) ressalta que o jornalista deve pressupor a peculiaridade
de suas fontes, que estão inseridas na chamada “cultura e comunidade
científicas”. E observar que essas fontes podem (costumam) ter compromissos
e vínculos, muitas vezes conflitantes com o interesse público.
2.3.1 Exemplos de lides para textos de Divulgação Científica
Aqui elencamos dois lides bem escritos, que chamam a atenção do
leitor para o assunto científico. Lide, ou lead, em Jornalismo, é o parágrafo em
que constam as perguntas básicas sobre a informação (Qual a informação?
Quem está envolvido com ela? Quando ocorreu? Como ocorreu? Onde
ocorreu? E qual suas implicações?):
“As práticas sexuais durante o período de gravidez de mulher costumam
sofrer uma redução que varia de 40% a 60%. Essa redução é geralmente
atribuída a causas de ordem psicológica, física ou emocional, somando-se a
41
isso alguns velhos tabus e mitos, principalmente o religioso, que inibem o
desejo sexual feminino.” In Jornal da Unicamp, maio de 2003.
“Ele é um vírus inteiramente novo, de origem desconhecida, que mata
de 3% a 10% de suas vítimas e se propaga com uma rapidez assustadora.
Essa é a parte ruim da história. A boa é que o causador da pneumonia asiática
pode ser contido com eficiência. E a busca de uma vacina já começou”. In
Folha de S. Paulo, 4/05/2003.
2.3.1 Imagens: aliadas dos textos
Pensar nas imagens (fotos, gráficos, ilustrações etc.) durante a
entrevista ou na construção do texto é essencial para o entendimento da
matéria. Para Vieira (2006, p. 42 a 46), a imagem não deve, porém, ser usada
para repetir o que está no texto, mas de maneira a ilustrar o conteúdo da
narrativa. Ela não substitui o texto explicativo, porém o complementa.
A necessidade de imagens para a divulgação da Ciência e para a o
melhor entendimento do público dos assuntos relacionados à temática se faz
necessária, principalmente, em jornais, haja vista ser sabido que, devido ao
tempo, as pessoas têm pouco tempo para ler um jornal todo, atualmente. Esse
foi um dos motivos para Kreinz escrever uma obra toda, intitulada Divulgação
Científica na Sociedade Performática, em 2004.
Para Kreinz (2004, p. 7 e 32), passam-se horas diante do computador,
da televisão e mesmo discussões acadêmicas giram em torno do desempenho
do mundo constituído por imagens, criando uma sociedade alimentada por este
universo imagético. Professora e pesquisadora da Cátedra José Reis de
Divulgação Científica da USP, Kreinz (2004, p. 7 e 32) revela que, na era da
televisão e da internet, o verbo cede lugar ao domínio performático, sendo que
Ciência, Universidade, Igreja, Forças Armadas e demais instituições, que
tinham força no passado, não são mais protagonistas da situação.
Daí se vê a importância das imagens na sociedade mundial e como é
preciso buscar o entendimento do leitor também através de imagens, nas
reportagens de Divulgação Científica. No caso das matérias de Saúde, por
exemplo, emoldurar como um vírus atinge o sistema imunológico ou apenas
42
localizar o pulmão, quando de uma reportagem sobre tuberculose, se faz
interessante.
2.4 A COBERTURA DE C&T E AS SÍNDROMES
Segundo o professor e pesquisador Wilson da Costa Bueno (2011), a
Ciência e Tecnologia (C&T) aparecem na mídia em função de fatos ou
descobertas espetaculares –como citamos as reportagens sobre Ufologia - e,
com isso, contribuem para uma visão distorcida, fragmentada do processo de
produção científica. “A mídia costuma insinuar que a Ciência ocorre aos saltos
e depende de espasmos de genialidade”.
Então, Bueno criou síndromes da cobertura de C&T pela mídia, para
emoldurar essas visões distorcidas da cobertura científica, com as quais os
divulgadores devem prestar atenção:
2.4.1 Prêmio Nobel
A primeira relaciona a C&T à genialidade de determinadas pessoas,
contribuindo para a sustentação do que ainda caracteriza o ensino formal de
ciências. Para Bueno (2011), existem figuras proeminentes na C&T, mas
mesmo elas “beberam em outras fontes” e devem os seus “insights” geniais ao
trabalho de um grupo significativo de pesquisadores anônimos.
Essa síndrome descarta a construção coletiva da C&T e o papel
fundamental das equipes ou redes de pesquisa. Muitas vezes, destaca os
burocratas em detrimentos dos verdadeiros pesquisadores e cientistas.
2.4.2 Zoom ou Olhar Vesgo
A segunda das síndromes de Bueno (2011) descontextualiza a produção
e mesmo a comercialização e a divulgação da C&T, contemplando-as apenas
como uma instância meramente técnica. Não incorporando as vertentes
econômica, sociocultural, ideológica. O que Bueno acredita que é fortalecido
por editorias específicas de C&T, com olhares unilaterais.
Então, Bueno (2011) diz que, graças a essa segunda síndrome, é
possível se ver com frequência expressões que afrontam conceitos básicos,
43
como os de “florestas de eucaliptos”, que ignoram a relação indissolúvel entre
florestas e biodiversidade e aceitam a tese de que as boas florestas são
aquelas que devem ser derrubadas para gerar lucros imediatos, como a
produção de madeira, móveis, papel e celulose etc.
2.4.3 Muro Alto
A terceira síndrome tem a característica de despolitizar o processo de
produção de C&T, não conseguindo enxergar os interesses que estão a ele
subjacentes, como os comerciais, políticos, militares, pessoais etc.
Por esse motivo, acredita Bueno (2011), veículos, jornalistas ou
divulgadores não se dão conta de que há fontes comprometidas, ainda que
travestidas de pesquisadores ou cientistas.
Esquecem-se de que o diretor de P&D da Monsanto ou da Novartis é antes de tudo funcionário de uma corporação e atende prioritariamente aos seus interesses. Há que se separar o joio do trigo, buscando fontes efetivamente independentes, o que tem sido cada vez mais difícil, particularmente em algumas áreas.
2.4.4 Lattes
A quarta síndrome leva o nome do físico brasileiro Cesar Lattes, pois faz
referência à ideia de que apenas os pesquisadores com currículo Lattes
refinado (plataforma virtual em que pesquisadores, professores, mestres,
doutores, graduados e outros podem fazer um currículo, comumente utilizado
nos meios acadêmicos) podem contribuir para o desenvolvimento da C&T,
ignorando o próprio percurso Histórico da Ciência e da Tecnologia e a
contribuição dos mais jovens, cita Bueno (2011).
Para Bueno (2011), a síndrome legitima a “república dos doutores” nas
universidades, confunde titulação com competência e, sobretudo, exclui do
debate grupos sociais que têm muito a dizer, em particular sobre o impacto da
C&T na sociedade. “O debate sobre Ciência e Tecnologia não deve reduzir-se
apenas à comunidade científica, editoriais do Estadão, por exemplo, têm a
intervenção de pesquisadores em edição do ComCiência”.
44
2.4.5 Baleia Encalhada
A quinta síndrome proposta por Bueno (2011) fala da prática de incluir a
C&T como objeto de cobertura apenas quando há potencialmente algo
sensacional, mesmo que necessariamente não comprovado cientificamente. A
“baleia encalhada”, explica o professor e pesquisador, é personagem
emblemática na cobertura da temática ambiental e, afirma ele, que a C&T têm
também suas “baleias encalhadas”.
2.4.6 Mariposa Encantada
A sexta síndrome fala dos veículos e jornalistas que acabam sendo
seduzidos por alguns temas e suas respectivas versões, sem confrontar as
informações, sem enxergar além da notícia: Os transgênicos vão matar a fome
do mundo, As descobertas na área do genoma vão eliminar as doenças, A
nanotecnologia promoverá milagres, O talento humano (a C&T) salvará o
homem e a humanidade de uma catástrofe (fé irrestrita no progresso técnico).
O que, na opinião de Bueno (2011), não deve ocorrer.
2.4.7 Salto Alto
Muitos jornalistas e divulgadores científicos se encaixam na sétima
síndrome, a do salto alto, que, devido ao contato regular com fontes
especializadas, acabam passando para o “outro lado do balcão”, comenta
Bueno (2011), esquecendo-se de que são fundamentalmente mediadores no
processo de relacionamento entre a informação especializada e o público leigo.
Então, continua Bueno (2011), começam a escrever para os
especialistas, mais interessados em explicitar seu conhecimento recém-
adquirido, em evidenciar erudição do que em efetivamente comunicar-se com o
cidadão comum. Por isso, estabelecem ruídos na Comunicação, elitizam o
processo de Divulgação e se distanciam de sua função original de mediadores.
2.4.8 Boi-Mate
A oitava e última síndrome de Bueno (2011) fala da explosão de
informações; da necessidade de veiculá-las com rapidez, que se acelerou com
45
o Jornalismo online e a web de maneira geral; do compromisso com a
espetacularização da notícia e a ausência de um Jornalismo efetivamente
investigativo. Isso, na opinião de Bueno (2011), tem contribuído decisivamente
para a desqualificação da cobertura.
Por isso, os casos “boi mates” se multiplicam, com clones por todo o
lado (factoides criados pela mídia ou pela sociedade, que a mídia divulgou,
como mico-leão prateado, armadura quântica, mamografia por satélite etc.). A
expressão tem a ver com a ingenuidade e o analfabetismo científico e faz
referência a um termo utilizado na cidade natal de Bueno, para históricas
absurdas. Bueno (2011) afirma, ressaltando a importância de o divulgador
prestar atenção a essas síndromes:
O Jornalismo Científico e a Divulgação Científica contribuem decisivamente para os processos de alfabetização científica e de democratização do conhecimento. Eles ajudam também a despertar novas vocações e a promover o debate crítico sobre o impacto da Ciência e da Tecnologia na sociedade. Chamam a atenção para a necessidade de investimento público e privado nessas áreas.
2.5 COBERTURA JORNALÍSTICA EM SAÚDE
Burkett (1990, p. 155) diz que os redatores de ciência precisam
compreender a cultura da Saúde e da medicina, de forma a escrever com
eficiência. Burkett comenta que, a partir do século XX, a medicina saiu do
campo da incerteza e se aproximou da Ciência, devido, principalmente, na
opinião de Burkett, à descoberta dos antibióticos. Após isso, muitas pessoas
sobrevivem a doenças antes consideradas fatais.
Para Burkett (p. 156 e 157) “medicina é dinheiro”. Prova disso, são os
altos investimentos da indústria em Saúde. Nos Estados Unidos, durante as
décadas de 70 e 80, a inflação foi alta devido ao custo da Saúde que cresceu.
Com isso, o investimento do PIB (Produto Interno Bruto), a soma de todas as
riquezas produzidas pelo país, em Saúde também subiu. “A medicina absorve
muito o uso dos meios de Comunicação e emprega a maior parte dos redatores
de Ciência e medicina”.
46
Além da grande mídia, Burkett (p. 158) conta que hospitais, centros de
pesquisa e outros lugares da área médica e de Saúde empregam jornalistas
especializados ou especialistas, para produzirem materiais que circulam dentro
e fora desses lugares, para públicos que vão de pacientes a outros médicos e
pesquisadores. Bem como suplementos e até revistas científicas, que são
revisadas por esses profissionais de Jornalismo. Além disso, o autor fala do dia
a dia de trabalho junto aos médicos (p. 160):
Cultivar a amizade profissional com esses médicos paga muitos dividendos. Como a comunidade médica é tão apertadamente tecida, a sua reputação por acurácia, conhecimento e consideração irá se espalhar rapidamente. Se for boa, você poderá encontrar um fluxo crescente de sugestões de matérias em sua direção. Isso pode aumentar a sua lista pessoal de contatos para informação e avaliação de histórias potenciais.
Assim como as demais fontes, para Burkett (p. 161 e 162), os médicos
apreciam quando o repórter chega com informações básicas para a entrevista,
devido ao tempo dos profissionais de Saúde ser, costumeiramente, escasso. O
profissional de Jornalismo deve estar sempre preocupado com a produção por
parte dos doutores em medicina, que escrevem artigos importantes sobre
estudos de casos de doenças, avanços médicos etc.
Os repórteres de Saúde também precisam prestar atenção na hora de
distinguir o que é dirigido já para a própria doença e o que é para aliviar os
sintomas, nos procedimentos médicos. E moderar o entusiasmo por novos
tratamentos e drogas, discutindo com a comunidade médica antes de publicá-
los.
Os jornalistas científicos especializados ou especialistas em Saúde irão
escrever sobre política pública para a área em diversos níveis, afirma Burkett
(p. 166 e 167), da contaminação da água que circula na torneira às clínicas de
Saúde pública. Para isso, acreditamos, além de ser imprescindível a presença
desse profissional de Jornalismo nesses locais, um bom contato com as
potenciais fontes, para que entendam que o trabalho jornalístico é uma maneira
de denunciar e pedir que seja prestada mais atenção em situações precárias e
perigosas na Saúde.
47
Na concepção do médico oncologista e doutor em Semiótica Antonio
André Magoulas Perdicaris (2011), um dos grandes problemas da
Comunicação é transformar a informação em conhecimento e o conhecimento
em atitude. Para Perdicaris (2011), a informação envolve, entre outras coisas,
os assuntos pertinentes, a linguagem com que essa informação será
transmitida, para quem será transmitida e, principalmente, qual a intenção do
profissional de Comunicação e da instituição para que ele trabalha em passar
aquela informação.
Já com base no conhecimento, segundo Perdicaris (2011), deve haver
uma avaliação por parte do profissional de Comunicação, a fim de saber se, a
partir da informação, houve mudanças tanto biológicas quanto sociais. E se
elas se concretizaram em atitudes.
Nesse processo, é necessário que exista uma linha de ação dessa
instituição, e do próprio comunicólogo, para buscar resultados. Levando em
consideração o papel de cada ator social. “Como esse profissional convive com
sua realidade e sua história? É importante pensar que o leitor, muitas vezes,
sabe ler e escrever, entretanto, não sabe interpretar” (2011).
De acordo com Perdicaris (2011), pensar a Comunicação não se
restringe às matérias e reportagens. Mas consiste em pensar desde a página
em que elas vão ser colocadas, de qual lado vão estar, as cores, entre outros.
Porque a Comunicação, explica o médico oncologista especialista em
Semiótica (2011), tem como função tornar comum, e isso envolve neurociência,
as diferentes formas de chegar ao público-alvo.
Em relação à Saúde, Perdicaris (2011) afirma que a definição, para o
século XXI, tem a ver com equilíbrio de cada indivíduo consigo, com os outros
e com a natureza. Nesse processo de “estrangulamento” da Saúde, reflete
Perdicaris (2011), as faculdades têm papéis importantes na formação dos
profissionais da Saúde, afinal, estimulam para que os estudantes façam a
pergunta errada “Por que as pessoas adoecem?” ao invés de questionarem
“Por que as pessoas são relativamente sadias?”
A Saúde, como aborda a Constituição, não é apenas um direito do cidadão. Mas também uma conquista. O Ministério da Saúde, atualmente, está mais para Ministério da Doença, e isso precisa ser pensado, melhor gerenciado e planejado. Porque a Saúde foi
48
pulverizada ao longo de várias áreas. Quando se fala em Saúde, também se precisa pensar em estradas, segurança, etc. (PERDICARIS, 2011).
O professor e pesquisador Isaac Epstein, sabendo da importância da
divulgação de Saúde, criou o Projeto Radix, um arquivo virtual
(www.projetoradix.com.br) onde se encontram armazenados artigos, textos,
notícias, pesquisas, monografias, dissertações e teses relacionadas ao
assunto. Para jornalistas interessados e atuantes na área da Saúde, dar uma
olhada no site do Projeto se faz imprescindível.
2.6 OS DEZ MANDAMENTOS DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
No Pequeno Manual de Divulgação Científica, Vieira (2006, p. 39) elenca
dez dicas básicas para o profissional de Jornalismo que vai divulgar alguma
notícia científica:
1. A simplicidade da linguagem não é incompatível com a riqueza de
conteúdo.
2. É fundamental adequar forma e linguagem ao seu público.
3. Tente agarrar o leitor já no primeiro parágrafo.
4. Os textos de divulgação científica devem distinguir especulações de
resultados comprovados. Atenção com os resultados de pesquisas médicas.
Não dê falsas esperanças aos leitores.
5. Cuidado com o excesso de didática. Não trate seu leitor como um
“descerebrado”. Não ofenda sua capacidade de entendimento.
6. Tenha sempre em mente um leitor padrão. Ponha-se no papel dele.
Pergunte ao editor qual o público para o qual você está escrevendo. Não
escreva para seus pares.
7. A popularização da ciência não é incompatível com a precisão científica.
8. Artigos de divulgação científica devem ser agradáveis de ler, proporcionar
um momento de descontração. Ninguém quer ler um texto com um dicionário
de ciências na mão.
9. Evite jargões, fórmulas matemáticas e abreviaturas. Sempre sugira ou
envie ilustrações. Elas são essenciais em um texto de divulgação científica.
49
10. Tente saber antecipadamente o tamanho de seu texto.
E sobre Saúde? Bem, como diz Burkett (1929, p. 155), os redatores de
ciência escrevem sobre medicina, na maior parte do tempo. Mesmo porque a
medicina envolve diversos assuntos, como doenças e epidemias, drogas e até
políticas públicas. Por isso, nosso próximo capítulo se dedica a uma
compreensão do que é Saúde e sobre a percepção de C&T do brasileiro.
50
3 - SAÚDE: O ASSUNTO SOBRE CIÊNCIA MAIS VISTO PELOS BRASILEIROS
Em artigo Ciência, Sociedade e os Desafios do Novo Século, Pavan
(2002, p 61-68), um dos decanos da Divulgação Científica no Brasil, fala do
vírus da AIDS e do estrago que fez no mundo. Para ele, correr o risco de
contrair o HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) é muita irresponsabilidade
e, não divulgar o risco é antiético. Essas reflexões, comenta Pavan, são
essenciais para o futuro da espécie. Assim, pode-se concluir, por baixo, a
importância da divulgação de Saúde para a sociedade humana.
Saúde não é só um dos temas mais importantes, é o mais procurado
pelos brasileiros, segundo pesquisa do Ministério de Ciência e Tecnologia, de
2010.
3.1 BREVE HISTÓRIA DA SAÚDE
Segundo a professora e pesquisadora do programa de pós-graduação
em Divulgação Científica, o Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo -
Labjor, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Maria das Graças
Conde Caldas (2011), foi a sociedade grega que primeiro se interessou sobre
Ciência, com estudos matemáticos, físicos e químicos. A filosofia também foi
amplamente utilizada, neste período, como método de reflexão sobre o
cotidiano e dos questionamentos humanos.
Em artigo no jornal Folha de S. Paulo o físico e astrônomo Marcelo
Gleiser (2008) conta que, nos últimos 400 anos, a Ciência progrediu
imensamente, revelando mundos antes desconhecidos e até inesperados.
Gleiser cita a descoberta de seres microscópicos, a observação dos átomos e
de estrelas, galáxias e buracos-negros longínquos. E os cientistas constroem o
conhecimento a partir de fenômenos naturais, excluindo os detalhes
irrelevantes. O físico e cientista pensa que não há barreira para o
conhecimento e, se houver, é mutável, de acordo com o tempo.
Mesmo assim, durante centenas de anos, a sociedade humana viu parte
de seu contingente ser dizimado por uma série de doenças. A partir do século
XVIII, as epidemias ficam cada vez mais raras e matam cada vez menos
51
pessoas, consequentemente, a população do mundo cresce e a expectativa de
vida aumenta. (2001, p. 20)
De acordo com Adam e Herzlich (2001, p. 20), os fatores que
influenciaram para melhorias nas condições sanitárias são bastante complexos
e interativos. As epidemias teriam escasseado devido, principalmente, às
medidas tomadas contra o contágio, que se tornaram cada vez mais eficazes,
com o avanço da medicina.
Contudo, parece certo que o desenvolvimento da medicina,
rigorosamente falando, teve apenas um papel circunscrito: o desenvolvimento
da administração das cidades, da economia, o aperfeiçoamento das técnicas
agrícolas, dos transportes e do comércio que facilitam a luta contra a fome e a
pobreza são incomparavelmente mais importantes.
Dessa forma, a partir do século XVIII, a fome, a epidemia e o
desequilíbrio demográfico passam a ser mais controláveis, mostrando também
que Saúde pública tem a ver com diversos outros fatores. Já no século XIX, a
melhoria nas condições de higiene, com a criação dos cemitérios públicos, por
exemplo, que antes não existiam, sendo as pessoas enterradas nos mais
diversos lugares das cidades, colaborando para a disseminação das doenças,
e a universalização da educação (2001, p. 20) também ajudaram numa
projeção melhor da Saúde pública no mundo.
Como resultado inevitável, a população passou a viver mais, devido à
baixa na mortalidade infantil e na idade adulta, devido à diminuição das
epidemias, exigindo um olhar voltado às doenças próprias da maturidade, que
tomam a dianteira, bem como as novas mazelas que passam a atingir a
sociedade humana do planeta. (2001, p. 21)
Além disso, passa a existir uma preocupação com consequências
decorrentes do envelhecimento da população, como o Estado previdenciário. E
a humanidade se vê frente a frente com doenças até o século XIX inexistentes,
como a AIDS, ou pouco conhecidas, como o câncer (2001, p. 47).
O avanço da Ciência e o advento das novas tecnologias passam a ser
fundamental na busca de cura para essas novas patologias e de outras formas
de combater as doenças existentes, que ganham força, devido à seleção
natural – o vírus da gripe, por exemplo, fica cada vez mais resistente. E a
divulgação dos avanços e adventos se faz necessário para a democratização
52
da Ciência, que, até os séculos XVIII e XIX eram estritamente acessíveis às
pessoas de alto poder aquisitivo.
Para Neves (2008, p. 15 a 25) a partir da segunda metade do século XX
até os tempos atuais, o risco de chance ou risco médio de determinado evento
ocorrer na Saúde, que é medido por índices estatísticos ou indicadores, como
as próprias ocorrências de endemias (doenças que são esperadas
acontecerem, em determinadas regiões), torna-se imprescindível nos avanços
médicos-científicos, na área da epidemiologia. Para ela, o risco passa a ver à
frente de doenças, possibilitando o controle delas.
Entre as propriedades do risco, Neves (2008, p. 137 e 138) fala da
função comunicativa, que acontece para o domínio interno da Saúde e para
fora dele, abrangendo a sociedade. Segundo a autora, no cenário atual, a
disponibilidade de conhecimento é instrumento imprescindível para se garantir
a relevância social das disciplinas científicas. E, ainda, a difusão das ideias no
campo da Ciência, está “veiculada à tendência de divulgação e aquisição de
informações”.
Todos esses avanços e também as preocupações são reconhecidos
pela Declaração sobre a Ciência e o uso do conhecimento científico, da
Organização das Nações Unidas (ONU), de 1999. Escrito após a Conferência
Mundial sobre a Ciência para o século XXI, na Hungria. E orienta para que os
cientistas e pesquisadores busquem, à favor do desenvolvimento da sociedade
humana, recursos públicos e ajuda interdisciplinar.
Mas, no que diz respeito às discussões com a sociedade, Caldas (2011)
diz que o acesso ao conhecimento, pensando com foco no conhecimento
científico, é um direito de todo cidadão. Além disso, a educação científica,
explica ela, contribui com o desenvolvimento humano e é um pressuposto da
democracia. Caldas (2011) conta que, a partir do momento que se usa
politicamente o conhecimento, desenvolve-se uma cultura científica.
O conhecimento público da Ciência, detalha Caldas (2011), pode estar
no imaginário social, evidente no senso comum, quando, por exemplo, o
homem do campo, que não tem instrução acadêmica, consegue fazer com que
sua plantação dê certo e lhe seja uma fonte de renda. Para ela, indo contra
Bourdieu (1976), o campo da Ciência não precisa estar restrito ao monopólio
da autoridade científica.
53
A Ciência tem suas peculiaridades. Caldas (2011) revela que a Ciência é
cumulativa, exigindo do pesquisador e cientista paciência, persistência e
continuidade; é social, de forma que são necessários inúmeros profissionais e
comunicação entre eles; e complicada e complexa, o que, na concepção dela,
não significa que não possa ser explicada e compreendida. Também é parte
indissociável do complexo cultural de uma nação.
Segundo informações do Banco Mundial, informados por Caldas (2011),
os 29 países que concentram 80% da riqueza mundial devem seu bem-estar à
distribuição de recursos nas seguintes áreas: 67% ao capital intelectual
(educação, pesquisa científica e tecnológica e sistemas de informação) e 16%
ao capital produtivo (equipamentos e infra-estrutura), mostrando a importância
da Ciência e Tecnologia (C&T). No Brasil, há cerca de 75 mil cientistas,
enquanto que, nos Estados Unidos, existem mais de 1 milhão de
pesquisadores. O que significa que, em países desenvolvidos, há cerca de 7
pesquisadores para cada mil habitantes, enquanto que, no Brasil, há 1.3 para
cada mil. A China, por sua vez, tem 1.7 pesquisadores a cada mil habitantes.
Para Caldas (2011), a Ciência não existe no vácuo, porque está inserida
num contexto social. O progresso precisa, nesse contexto, ocorrer em quatro
áreas de conhecimento: biológica (aumento do bem-estar), econômica
(industrialização e capital), política (liberdade, direitos humanos e políticos) e
cultural (difusão da educação e cultura).
Então, a Divulgação Científica entra com a função de informar sobre a
produção do conhecimento em Ciência, justifica Caldas (2011), já que é direito
do cidadão saber e participar de decisões que afetam sua qualidade de vida;
educar, como complemento da educação formal e social, atendendo o bem-
estar da sociedade. Além de ter função cultural, possibilitando a compreensão
das diversidades; econômica, fortalecendo o setor produtivo e o advento de
tecnologias; e político-ideológica, pois está ligada a interesses de pessoas,
grupos e instituições.
A mídia, nesse contexto, ajuda na formação do imaginário social,
oferecendo informações acerca dos conhecimentos gerados por intermédio de
pesquisas científicas.
Para trabalhar com a Divulgação Científica, é necessário se ater a
alguns critérios na pesquisa, produção e publicação de reportagens. Segundo
54
Caldas (2011), o profissional da Divulgação não é um tradutor do conhecimento
científico. “O divulgador precisa saber transmitir a informação científica,
interpretando-a e adequando sua linguagem de acordo com seu público.
Sempre buscando, além dos argumentos, os contra-argumentos”.
3.2 CULTURA CIENTÍFICA
Mesmo assim, analisa Caldas (2011), e apesar de o panorama estar
mudando no campo da Divulgação no Brasil, ainda há profissionais acríticos,
que não se preocupam com o papel educativo que têm, não buscam a
experiência vivida, no cotidiano, as teorias e postulados formulados. E o
divulgador deve ter como parceiros agentes culturais, na concepção de Caldas,
como museus de ciência, escola, mídia e centros de Ciência.
É importante ver a Ciência como um processo e não um lugar de visão contemplativa, formulando questões e não oferecendo respostas incompletas.
Na opinião de Caldas (2011), cultura científica deve ser estimulada
desde cedo, com as crianças, ensinando ludicamente, usando da linguagem de
revistas em quadrinhos, por exemplo, e fugindo do método didático do quadro
negro. Outras opções, comenta Caldas (2011), são músicas, arte e teatro, que
funcionam como agentes disseminadores de conhecimento científico.
Cidadãos conscientes são juízes das promessas e ações dos governantes e participa nas decisões relevantes. Abrir mão da cidadania é ignorância. É preciso ser possuidor do conhecimento científico como forma de libertação social.
E investir na cultura científica se mostra importante no Brasil. Segundo
dados da última pesquisa Programa Internacional na Avaliação de Alunos
(Pisa), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), realizada em 2009, em 62 países do mundo, o Brasil encontra-se em
uma das últimas posições quando o assunto é o analfabetismo científico de
crianças. O País fica à frente apenas de Colômbia, Kazaquistão, Argentina,
Tunísia, Azerbaijão, Indonésia, Albânia, Catar, Panamá, Peru e Quirziquistão.
55
Baseando-se na Prova Brasil, a Pesquisa aponta que 85% das crianças
brasileiras não são letradas cientificamente, o que significa que não são
capazes de aplicar o conhecimento adquirido em sala de aula em situações do
cotidiano. Diferente de quando se é alfabetizado, que é quando se descobre o
código escrito e já se é letrado – convive com indivíduos que falam a mesma
língua.
A Divulgação, no Brasil e no mundo, tem diversos assuntos e temas
importantes para tratar: do Código Florestal à preocupação com as usinas de
energia nuclear, passando por temas do cotidiano como as Doenças
Sexualmente Transmissíveis (DST’s) e a gripe comum, além das políticas
públicas para Ciência e das leis que são discutidas a todo instante nas diversas
circunferências do poder público.
E a área, a partir do século XXI, cresceu bastante, devido ao interesse
da própria população brasileira por C&T, seus avanços e promessas, afirma
Caldas (2011). “Há uma mobilização grande de cientistas, jornalistas e governo
pela formação de uma cultura científica no País”.
Apesar disso, segundo pesquisa divulgada no jornal Folha de S. Paulo,
em 2 de abril de 2010, 59% de 4.158 pessoas entrevistadas, com mais de 16
anos, acreditam que o ser humano é resultado de uma evolução guiada por
Deus. Os dados contrastam com os resultados obtidos nos Estados Unidos,
mas vão à direção dos resultados europeus. O que mostra que o brasileiro
tende à motivações religiosas quando pensa no surgimento da espécie
humana.
A Comunicação tem papel importante na mobilização social, comentou
Caldas (2011), na EBJC, e a participação da comunidade deve influenciar no
planejamento dos meios, oferecendo subsídios para formatos, conteúdos e
processos de divulgação. Um exemplo, cita Caldas, foi quando, em 2005, a
revista IstoÉ conseguiu interferir na votação da pesquisa com células-tronco
em humanos, mobilizando e levando diversos cadeirantes para a Brasília, no
dia da votação da lei, o que comoveu os políticos votantes, e influenciou a favor
da lei.
Para Hernando (2005, p. 19), para alfabetizar cientificamente uma
sociedade, é fundamental uma Divulgação para todos, seguida de uma
consciência pública sobre o valor da Ciência, o que, na opinião dele, as
56
pessoas sabem pouquíssimo. Essa consciência, ao ver do divulgador, deveria
fazer parte da cultura popular, mas ainda quem se preocupa com Ciência é
minoria.
Bueno (2011) revela, curiosamente, que a maioria dos investimentos em
Ciência, Tecnologia e Inovação está direcionada para a indústria da guerra.
Além disso, a contrapartida do progresso técnico pode ser a tecnoexclusão, a
agressão ao meio ambiente, a hegemonia de determinados países etc. Então,
conclui ele, o contexto da produção científica precisa ser visto também sob
uma perspectiva política, econômica, sociocultural e não apenas em sua
vertente eminentemente técnica.
3.3 POLÍTICA CIENTÍFICA BRASILEIRA
Desde 1987, sete pesquisas de percepção pública da Ciência foram
realizadas no Brasil. A última, de 2010, pelo então Ministério de Ciência e
Tecnologia, aponta o interesse, consumo, atitudes, visões e conhecimento do
brasileiro em Ciência e Tecnologia.
O Ministério de Ciência e Tecnologia foi criado em 1985, no governo de
José Sarney, e já existe há quatro governos, e passaram por seu comando 15
ministros. No governo do atual ministro, Aloízio Mercadante, o Ministério
mudou de nome e passou a se chamar Ministério de Ciência, Tecnologia e
Inovação, em 2011.
Em 2005, houve ainda a criação do Conselho Nacional de Secretarias
Estaduais para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti), que
tem como função representar as Secretarias Estaduais e do Distrito Federal.
Também o Confap, surgiu em 2007, com o objetivo de articular os interesses
das agências estaduais de fomento às pesquisas, hoje presente em 22 estados
do Brasil.
Além disso, a agenda pública tem favorecido bastante a Divulgação de
C&T, com o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) voltado à área, de
plano quadrienal. A popularização da Ciência tem se mostrado crescente, com
apoio à criação e ao desenvolvimento de centros e museus de Ciência e das
Olimpíadas de ciências. Mesmo assim, falta divulgação na grande mídia de
57
assuntos relacionados às políticas de C&T e há raros editais para a pesquisa
em Divulgação Científica, revela Caldas (2011).
Após muito se lutar, comentou Caldas (2011), na EBJC, conseguiu-se a
inclusão de uma jornalista no Comitê Assessor de Divulgação Científica, do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),
Isaltina Gomes, pesquisadora da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE), ainda que como suplente. O Conselho sempre foi composto por
membros das áreas de Exatas e Biológicas, entre seus seis membros titulares
e os suplentes.
Mas não é só haver órgãos públicos que favoreçam à CT&I e
profissionais de Comunicação engajados na Divulgação de CT&I à população.
A CT&I tem mão dupla e volta como desenvolvimento para o País. Justificativa
a isso é o último relatório da UNESCO sobre Ciência, que aponta como países
do mundo todo têm se preocupado com o financiamento de pesquisas.
Em artigo divulgado em seu blog, o ex-representante da Unesco no
Brasil e atual vice-presidente da Sangari Brasil, Jorge Werthein, comenta que o
gasto doméstico bruto em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) no Brasil
aumentou em 28% de 2000 para 2008. O País também é elogiado por seus
crescentes números de doutores, artigos científicos, empresas que investem
cada vez mais em C&T, como a Embrapa, e projetos importantes, como o
Genoma e o Programa Brasileiro de Álcool (Pró-Álcool) que estimulou o Brasil
a produzir os melhores carros com motores que funcionam com gasolina e
álcool do mundo.
Mas o relatório, relata Werthein, sugere que o País tem três principais
desafios ainda na área, são eles: intensificar a P&D empresarial para estimular
a inovação e a competitividade, desenvolver e internacionalizar as melhores
universidades brasileiras e disseminar a excelência científica além dos grandes
centros urbanos do país.
Entre as barreiras apontadas para o Brasil vencer esses desafios, estão
a dificuldade de acesso ao capital, devido às altas taxas de juros; problemas de
logística, pelo obstáculo às exportações; e a necessidade de se melhorar
significativamente a qualidade da educação, com impacto na formação de
pessoal qualificado para o mercado de trabalho.
58
Werthein fala dos resultados preocupantes no Pisa (Ver sub-Capítulo
Cultura Científica). Para ele, um problema, já que a própria classe docente se
origina de um sistema educacional deficitário, e que encontra um panorama
diferente de C&T no País e no mundo. E sugere que seja estimulada a carreira
para a formação de professores de ciências.
3.4 CONSTITUIÇÃO CIDADÃ E CIÊNCIA
A Constituição Brasileira, de 1988, chamada Constituição Cidadã, tem
artigos específicos para Saúde e as políticas de Ciência e Tecnologia. No título
II, dos Direitos e Garantias Fundamentais, no capítulo II, dos Direitos Sociais,
fica assegurado o direito à Saúde (2002, p. 20):
“Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância,
a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”
Assim como, no título VIII, da Ordem Social, no capítulo II, da
Seguridade Social, em seção II, há artigos e incisos específicos para a Saúde
(p. 119 e 120):
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado,
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao poder público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.
Já no título VIII, da Ordem Social, no capítulo IV, fala da Ciência e
Tecnologia (p. 127):
Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o
desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológica.
59
§1º A pesquisa básica receberá tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o progresso das ciências. §2º A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderantemente para a solução dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional. §3º O Estado apoiará a formação de recursos humanos nas áreas de ciência, pesquisa e tecnologia e concederá aos que delas se ocupem meios e condições de trabalho. §4º A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao país, formação e aperfeiçoamento de seus recursos humanos e que pratiquem sistemas de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho. §5º É facultado aos estados e ao Distrito Federal vincular parcela de sua receita orçamentária a entidades públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica.
3.5 O QUE O BRASILEIRO PENSA DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA?
A última pesquisa sobre a Percepção Pública da Ciência e Tecnologia
no Brasil, de 2010, do então Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), revela
muita coisa importante sobre o tema dos nossos objetos de estudo neste
trabalho - a importância de Saúde para o povo brasileiro, em geral, já que é o
mais visto dentro dos assuntos de C&T.
A pesquisa, promovida pelo MCT com a colaboração de profissionais
de diversas instituições, como a UNESCO, o Labjor da Unicamp, entre outras,
e foi coordenada pelo Departamento de Popularização e Difusão da C&T e pelo
Museu da Vida, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). O responsável geral foi
o físico Ildeu de Castro Moreira. A execução foi da CP2 – Consultoria,
Pesquisa e Planejamento Ltda.
Segundo Moreira (2011), o objetivo principal foi levantar o interesse,
grau de informação, atitudes, visões e conhecimento que os brasileiros têm de
C&T. O público-alvo foi a população brasileira adulta, homens e mulheres, com
idade igual ou superior a 16 anos.
O questionário foi estruturado com questões abertas e fechados, e
aplicado de 23 de junho a 6 de julho de 2010. Na amostra, foram realizadas
60
2016 entrevistas estratificadas quanto a sexo, idade, escolaridade, renda e
região de moradia. O que, de acordo com o responsável geral (2011), garante
uma margem de erro máxima de 2,18%, com um intervalo de confiança de
95%.
Dos entrevistados, 52,1% eram do sexo feminino e 47,9%, do
masculino. Da porcentagem por idade: 4,3% tinha de 16 ou 17 anos, 17% tinha
de 18 a 24 anos, 25% tinha de 25 a 34 anos, 19,8% tinha de 35 a 44 anos,
15,6% tinha de 45 a 54 anos e 18,3% tinha 55 anos ou mais.
Sobre o grau de escolaridade dos participantes, 18,5% era analfabeto
(ensino fundamental I, do 1º ao 5º ano, incompleto), 20,8% tinha o ensino
fundamental I completo ou o ensino fundamental II, do 6º ao 9º ano,
incompleto. Ou, ainda, 19,8% tinha ensino fundamental II completo ou ensino
médio incompleto, 30,7% tinha ensino médio completo ou superior incompleto
e 10,3% o superior completo.
Com a renda, os entrevistados ficaram assim caracterizados: 18,7%
tinha até 1 salário mínimo (SM) – sendo que 1 SM equivalia, na época, até R$
510 mensais; 31, 5% tinha mais de 1 SM a 2 SM; 33,7% de 2 a 5 SM; 13% de
5 a 10 SM; 2,8% de 10 a 20 SM e 0,3% tinha uma renda superior a 20 SM.
3.5.1 Avaliação do Interesse e Consumo de Informação em C&T
Dos temas de interesses dos entrevistados, havia as opções de
resposta Muito interesse, Interessado, Pouco interessado e Não tem interesse.
Somando-se os muito interessados e os interessados pelos temas sugeridos
(Política, Medicina e Saúde, Arte e Cultura, Meio Ambiente, Ciência e
Tecnologia, Esportes, Moda, Economia e Religião), 81% se disseram muito
interessados ou interessados em temas de Medicina e Saúde, que ficou atrás
apenas de Meio Ambiente (83%), o que, na opinião do físico Ildeu Moreira
(2011) revela o crescente entendimento do brasileiro por Meio Ambiente
também. E apareceu a frente, ainda, de Esportes, com 62%, Ciência e
Tecnologia, com 65%, e Religião, com 74%. Política teve índices altos de
desinteresse, somando-se as repostas Pouco Interesse e Não tem interesse, o
tema obteve 71% de reprovação dos brasileiros, ficando mais perto de Moda,
com 56%.
61
Ciências da Saúde, dentro dos assuntos de Ciência e Tecnologia, foi o
mais marcado, com 30,3%, a frente de Informática e computação, com 22,6%,
e Agricultura, com 11,2%. Entre os sugeridos para os participantes: Ciências da
Saúde, Informática e computação, Agricultura, Engenharias, Ciências
biológicas, Ciências físicas e químicas, Matemática, Ciências da terra, Ciências
sociais, História, Astronomia e espaço, Outros e Não sei ou não respondeu.
Uma pergunta importante foi sobre as razões da falta de interesse em
C&T. E as respostas foram Não entende (36,7%), Nunca pensou sobre isso
(19,5%), Não tem tempo (17,8%), Não gosta (10,4%), Não liga (9,7%), Não
precisa saber sobre isso (3,6%), Não sei ou não respondeu e Outros
empatados, com 1,1%. Mostrando a importância do divulgador no
entendimento da população brasileira de temas da área.
Sobre os temas sobre os quais mais se informam, os brasileiros
entrevistados puderam responder Muito, Mais ou menos, Pouco, Nada ou Não
sei/ Não respondeu. E os resultados foram que, somando Muito e Mais ou
menos, Medicina e Saúde obteve 76%, atrás de Meio Ambiente, com 78%.
Importante destacar também resultados obtidos por Religião (73%), Esportes
(61%), Ciência e Tecnologia (59%) e, o desinteresse por Política, que ficou
com 62% de pouco ou nenhum interesse para informação.
A visitação a espaços científico-culturais e a participação a eventos
científicos, como a SBPC, puderam ser respondidas com Sim ou Não, e as
Bibliotecas foram os lugares respondidos com maior índice de visitação –
28,7%, com Jardim Zoológico e Parque Botânico ou ambiental tecnicamente
empatados, em segundo lugar, com 21,9% e 21,8%, respectivamente.
Mesmo assim, em relação à pesquisa de Percepção de C&T de 2006,
os índices cresceram. Já que as Bibliotecas, por exemplo, que ficaram em
primeiro lugar nas repostas da pesquisa de 2010, em 2006, tiveram uma
porcentagem de 25% e os Museus de Arte e as Feiras de Ciência e Olimpíadas
de Ciência tiveram um crescimento de até 3% na visitação.
Os brasileiros entrevistados puderam responder também sobre quais
meios usam para buscar informações, tendo como opções de marcação Com
muita frequência, Com pouco frequência ou Nunca. Programas de TV que
tratam de C&T ficaram com 71%, somando-se Com muita frequência e Com
pouca frequência e com 19% de Com muita frequência. No rádio, 21%
62
somando-se as duas primeiras opções, em jornais, 51%, revistas com 41%, na
internet com 34% e em conversas com amigos 46%, todos, aqui, somando-se
as duas primeiras opções.
Se comparados aos dados de 2006, a opção Com muita frequência,
sobre a busca de informações na área, cresceram para TV, jornais, revistas,
internet e se mantiveram estáveis para rádio e conversa com amigos.
Uma pergunta bastante interessante foi “Você acha que os meios de
comunicação (TV, jornais/revistas) noticiam de maneira satisfatória as novas
descobertas científicas e tecnológicas?”, porque mostra a confiança dos
brasileiros nos meios em que busca informação. As respostas podiam ser Sim,
Não, Parcialmente e Não sei ou Não respondeu.
A TV ficou com 52,1% de Sim, 20,8% de Não, 16,9% de Parcialmente e
10,2% de Não sei ou Não respondeu. Enquanto que Jornais e revistas ficaram
com 46,3% de Sim, 20,3% de Não, 16,6% de Parcialmente e 16,9% de Não sei
ou Não respondeu, evidenciando que os brasileiros confiam mais nas
informações de C&T vistas na TV.
Um desdobramento dessa pergunta foi os motivos da satisfação, sendo
que as subperguntas foram se o número de matérias era suficiente, se são de
boa qualidade, se são entendíveis, se a cobertura é isenta e equilibrada e se
são discutidos os riscos e problemas que a aplicação da C&T pode causar.
As respostas mais interessantes foram TV ainda tem poucas matérias
do tema, apesar disso, as que são veiculadas têm, em sua maioria, boa
qualidade, são fáceis de entender, têm cobertura isenta e equilibrada e
discutem os riscos e problemas da aplicação de C&T no cotidiano das pessoas.
Enquanto que os jornais e revistas, na opinião dos entrevistados, não
noticiam muitas matérias com essa temática, na maior porcentagem de
respostas, porém produzem matérias de boa qualidade, entendíveis, com
cobertura isenta e equilibrada e com discussão dos riscos e problemas que a
aplicação da C&T podem originar. Ambos os resultados mostrando como os
brasileiros acreditam serem poucas as reportagens de C&T.
63
3.5.2 Atitudes e Visões sobre C&T
Nessa parte da pesquisa, é importante observar a confiança do
brasileiro por dois profissionais, em destaque: o médico e o jornalista, mais
uma importante justificativa para o desenvolvimento deste trabalho.
Quando perguntados sobre quando vai ter informações sobre algum
assunto importante para si próprio e para a sociedade, quem inspira maior
confiança como fonte de informação, os entrevistados responderam, em
primeiro lugar os médicos, com 30,5%, e os jornalistas, com 27,4%. Sendo que
era possível citar duas opções, ainda assim, as respostas para o segundo e o
terceiro lugar foram os mesmos profissionais.
Em terceiro lugar na lista de porcentagens, aparecem os religiosos, com
13,2%, os cientistas de universidades ou institutos públicos de pesquisa, com
10,8%, em quarto, os representantes de organizações de defesa do meio
ambiente, em quinto, com 6,6%, os cientistas que trabalham para empresas,
com 3,2%, em sexto. Além de que os políticos ficaram na última colocação,
com apenas 0,6% na procura.
Na contramão, em segundo pergunta, sobre quem inspira menor
confiança, os políticos ficam disparados na primeira colocação, com 73,6%,
religiosos em segundo com 5,6%, militares com 4,4%, jornalistas com 4,1%,
médicos, em sexto, com 2,3%, e, por último, representantes de organizações
de defesa do meio ambiente, com apenas 0,8%.
Quando perguntados se a C&T trazem mais benefícios ou malefícios
para a humanidade, 42,3% responderam que trazem mais benefícios que
malefícios, 38,9% só benefícios, 14% tanto benefícios quanto malefícios, 2,5%
mais malefícios que benefícios, 0,7% só malefícios e não souberam ou não
responderam 1,6%.
Comparando com as pesquisas de percepção pública de 2006 e 1987,
a pesquisa de 2010 apontou que a confiança do brasileiro em C&T aumentou
bastante, saltando de 11% para 28%, de 1987 a 2006, e para 38,9% em 2010.
Também diminuíram as respostas de descrédito. Em relação a outros países,
81% dos brasileiros acreditam que C&T trazem mais benefícios que malefícios,
enquanto que, na Europa, 52% da população consideram que a Ciência traz
mais benefícios que malefícios, na Argentina, 64% pensam que a Tecnologia
64
traz mais benefícios que malefícios, e, na China, o índice de aprovação é de
72%.
Quando perguntados sobre os motivos dos benefícios, 26,1% disseram
que é porque traz saúde e proteção contra doenças, 19,1% que é porque
melhora a qualidade de vida, 9,6% porque aumenta o grau de conhecimento e
a ajuda na evolução do saber, 8% porque ajuda na melhoria nos meios de
comunicação, 6,7% não souberam responder ou não respondeu, 6% porque
acreditam que traz a melhoria educacional. Além de que 5,2% pensam que traz
conforto e comodidade, 4,5% que trazem segurança e proteção e 4,1% que
colaboram para a maior produção e melhora na qualidade dos alimentos.
Já em relação aos malefícios, os entrevistados responderam que C&T
pode trazer malefícios para o meio ambiente (26,9%), não sabe ou não
quiseram responder (22,1%), redução de emprego (12,9%), surgimento de
novas doenças (12,6%), na produção de alimentos menos saudáveis (12,2%),
outras respostas (0,7%) e no aumento do aquecimento global (0,3%).
Sobre o comportamento em relação às informações disponíveis, os
brasileiros puderam responder que Com muita frequência, Com pouca
frequência ou Nunca buscam informações em bulas de remédio, embalagens
de alimentos, especificações técnicas dos eletrodomésticos ou dos manuais de
aparelhos, orientações médicas ao fazer um tratamento ou dieta, informações
quando ocorrem epidemias, como dengue, gripe, entre outras.
E as respostas foram surpreendentes para informações sobre
epidemias, com a busca com muita frequência de 89%, e 73% para orientações
médicas, quando da precisão de tratamento e dieta.
Outra pergunta importante foi sobre a concordância ou não sobre
alguns assuntos. Com opções de responder Concordo totalmente, Concordo
em parte, Discordo em parte, Discordo totalmente ou Não sei ou não
respondeu, 91% dos brasileiros entrevistados disseram confiar totalmente ou
em partes que a ciência vai ajudar na cura de doenças como a AIDS, o câncer
etc.
Também 71% pensam que os políticos deveriam confiar totalmente ou
em partes com os cientistas, 74% pensa que, por causa do conhecimento, os
cientistas têm poderes que os tornam perigosos, 81% acreditam que a maioria
das pessoas é capaz de entender o conhecimento científico se ele for bem
65
explicado, 51% discordam totalmente que a pesquisa científica não é essencial
para o desenvolvimento da indústria, 87% afirma que é necessário que os
cientistas exponham publicamente os riscos decorrentes dos desenvolvimentos
científicos e tecnológicos.
Além disso, 40% discordam totalmente que, se uma nova tecnologia
oferece benefícios, ele deva ser usada mesmo que suas consequências não
sejam bem conhecidas, 86% pensa, total ou parcialmente, que as aplicações
tecnológicas de grande impacto podem gerar catástrofes no meio ambiente,
89% afirma, total ou parcialmente, que a população deve ser ouvida nas
grandes decisões sobre os rumos da C&T e 80%, total ou parcialmente, que
uma descoberta científica em si não é nem boa nem má, pois o que importa é a
forma como é usada.
Destaca-se a resposta sobre o dever de as autoridades obrigarem
legalmente os cientistas a seguirem padrões éticos (86% afirmam concordar
total ou parcialmente).
Quando perguntados da percepção sobre os cientistas, os
entrevistados responderam que são pessoas inteligentes que fazem coisas
úteis a humanidade (38,5%), pessoas comuns com treinamento especial
(12,5%), pessoas que trabalham muito sem querer ficar ricas (11,1%), pessoas
que se interessam por temas distantes da realidade da população (9,9%). Além
dessas opiniões, pessoas que servem a interesses econômicos e produzem
conhecimento em áreas nem sempre desejáveis (9,3%), pessoas excêntricas
de fala complicada (7,3%), pessoas que formam discípulos na sua atividade de
pesquisa (7%) e 4,4% não souberam responder ou não opinou.
Sobre as motivações dos cientistas, os brasileiros acreditam que, em
primeiro lugar está ajudar a humanidade (51,1%), contribuir para o avanço do
conhecimento (18,3%), contribuir para o avanço científico tecnológico do país
(5,6%), entre outras respostas.
Dos principais atores que definem os rumos da ciência, as respostas
foram a demanda do mercado econômico (16,8%), as grandes empresas
multinacionais (9,1%), as escolhas dos cientistas (7,5%), os governos dos
países ricos (9,7%), os organismos internacionais (2,2%), o funcionamento
interno da ciência (4%), não soube responder ou não respondeu (9,9%) e,
disparado na frente as necessidades tecnológicas, com 40,8%.
66
3.5.3 Avaliação e Conhecimento sobre Ciência e Tecnologia no Brasil
Nessa parte, os brasileiros puderam dar suas opiniões sobre o patamar
em que o País se encontra em relação à C&T, mostrando muitas informações
relevantes para análise, como o conhecimento do brasileiro por cientistas e
profissionais de Ciência do próprio País.
Segundo 49,7% dos entrevistados, o Brasil ainda está numa posição
intermediária no campo das pesquisas em C&T, enquanto que para 26,7%
atrasado, para 19,7% adiantado e 3,9%, não souberam responder ou não
respondeu.
No desdobramento, perguntados sobre as razões para não haver um
desenvolvimento maior em C&T no País, os brasileiros responderam que por
falta de recursos (33,4%), laboratórios mal-equipados (19,6%), número de
cientistas, pesquisadores e inventores pequeno (16,3%), nível educacional da
população é baixo (6,8%), os cientistas não têm informação (6,1%), a
sociedade não se importa com o desenvolvimento científico (5,5%), não sabe
ou não respondeu (4,4%), o País depende de tecnologia estrangeira (4,2%),
ausência de cultura de inovação (2%) e as empresas privadas brasileiras
quase não fazem pesquisa (1,8%).
Sobre os posicionamentos em relação a alguns assuntos, podendo
responder Concordo plenamente, Concordo em parte, Discordo em parte,
Discordo totalmente ou não responder, os entrevistados disseram, nas
perguntas e respostas mais consideráveis, com concordâncias totais, que o
governo e as empresas estatais são os principais financiadores da pesquisa
científica e tecnológica no Brasil (43%), o desenvolvimento científico e
tecnológico levará a uma diminuição das desigualdades sociais do País (30%)
e o dinheiro usado na pesquisa científica e tecnológica deve ser destinado para
outras finalidades sociais (28%).
Além dessas, as empresas privadas brasileiras devem investir mais na
pesquisa científica e tecnológica (72%) e os governos devem aumentar os
recursos que destinam à pesquisa científica tecnológica (68%).
Quando perguntados sobre as áreas de importância para o
desenvolvimento do País, os brasileiros responderam Medicamentos e
67
tecnologias médicas (32,1%), agricultura (15%), mudanças climáticas (14,8%),
entre outros.
Importante pergunta foi se conheciam algum cientista brasileiro
conhecido. Assustadoramente, 87,6% disseram que não conheciam, 12,2%
disse que conhecia (entre os nomes citados 40,3% Oswaldo Cruz, 29% Carlos
Chagas, 3,8% Vital Brasil, 1,4% Cesar Lattes, entre outros) e 0,1% não
respondeu. O conhecimento de algum cientista brasileiro fica maior conforme
sobem a classe socioeconômica, a renda familiar e o grau de instrução.
Sobre instituições que se dedicam a fazer pesquisa científica no País,
81,9% desconhecem alguma, 17,9% conhecem e 0,2% não responderam.
Entre as citadas pelos que sabem de pelo menos uma, 23,5% falou do Butantã,
12,1% do Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz, 8,8% da Petrobrás, 6,9% da
Universidade de São Paulo (USP), entre outras.
3.5.4 Conclusões Gerais da Pesquisa do MCT
Para o coordenador geral da pesquisa, Moreira (2011), o interesse
sobre C&T dos brasileiros é relativamente grande e crescente, com destaque
para o meio ambiente. Apesar de haver um consumo pequeno de C&T nos
diversos meios de comunicação, na internet cresce a cada dia. A avaliação da
qualidade da cobertura da mídia, para os brasileiros entrevistados, é positiva.
Além do que, a visitação a museus e a participação em eventos
científicos é baixa, mas com crescimento significativo, também devido à
exclusão social. Os cientistas do Brasil têm grande credibilidade, e também os
médicos e jornalistas, e, apesar de os cientistas terem motivações “nobres”, na
concepção de Moreira (2011), ainda têm limitações éticas. Para ele, é
importante observar o estágio intermediário em que o País se encontra, na
visão dos brasileiros, em C&T, e em dois fatores críticos para o
desenvolvimento de C&T no País: recursos e educação. Para Moreira (2011), a
ciência não é neutra, pois, normalmente, envolve política, daí a importância da
participação popular nas decisões de C&T.
A partir daqui, vista a técnica do Jornalismo e a prática da Divulgação
Científica, estudar-se-á o método pelo qual fizemos a análise das matérias
68
sobre Saúde nos textos de jornalismo impresso, dos jornais A Tribuna e
Expresso Popular, vamos adentrar na Pragmática.
69
4 - PRAGMÁTICA: UMA ANÁLISE DA REPORTAGEM ANTES E APÓS A SUA PRODUÇÃO
A Pragmática foi utilizada neste trabalho como método de análise dos
textos de saúde, nos jornais A Tribuna de Santos e Expresso Popular. Ela deu
a diretriz para que verificássemos, por exemplo, se o jornalista cumpriu a pauta
ou desviou o caminho, escreveu corretamente as informações que coletou das
fontes, se, no caso da Saúde, soube transmitir as informações corretas e não
se perdeu em meio aos jargões da medicina e das áreas afins, bem como se
tudo o que escreveu pode ser considerado verídico, não usando, por exemplo,
de má-fé.
A Pragmática trabalha com a verdade, portanto, é baseada no
pressuposto de que o Jornalismo precisa estar o máximo possível perto dos
fatos que são reais. Embora essa verdade, comenta Marcondes (2000, p. 41),
para a Pragmática, não seja imutável e concreta. Marcondes afirma que,
segundo alguns autores, a Pragmática inviabiliza a Ciência, já que esta produz
“conhecimento definitivo”. O que não acreditamos ser verdade, uma vez que a
Ciência, tendo em vista os cientistas, não se satisfaz com teorias formuladas.
Ou, caso contrário, Einstein, de certa forma, não teria negado Newton.
Para estar perto da verdade, a Pragmática entra no campo da ética do
profissional de Jornalismo e investiga seu contexto, quando da produção das
reportagens. Chaparro (1994, p.13) afirma que a análise Pragmática é a
combinação equilibrada entre três eixos: ética, técnica e estética. E, no
Jornalismo diário, a Pragmática se reflete segundo “três inquietações”:
Como se manifestam, se escondem ou se simulam os propósitos que motivam e as intenções que controlam as mensagens jornalísticas, na imprensa diária brasileira? Que interesses estão conectados a tais propósitos e que princípios éticos inspiram as intenções ordenadoras da ação jornalística? Que influência a explicitação ou não explicitação das intenções exerce na vontade do leitor, no que se refere à decisão de ler ou não ler, aceitar ou rejeitar a mensagem?
Para Chaparro (p. 14), o caminho a ser seguido à procura das respostas
a essas perguntas é o da observação, que permita a obtenção de dados e
indícios que permitam ao profissional bem desenvolver as práticas de sua
70
profissão, já que esses modos de fazer revelam os “propósitos e intenções do
fazer”.
E isso se dá pela análise dos jornais, delimitando, dissecando,
reconstituindo e rastreando reportagens. Bem como pela busca de
conhecimento teórico para entender e explicar o que foi observado e para a
sustentação da proposta final do trabalho. Aí se encontra a Pragmática em si.
A Pragmática é um dos três afluentes que, juntos, constituem a
Semiologia, ou Semiótica, corrente de pensamento europeia. Na composição
final desse rio, estão, ainda, a Sintática e a Semântica. Maigret (2010, p. 165 e
166) afirma que a Pragmática surge para levar em conta os atores da
Comunicação, na tentativa de resultar em uma Ciência geral da Comunicação,
como uma atividade de diálogo entre esses atores e não somente de
transmissão. Chaparro (1994, p.14) define a Pragmática como:
O ramo da ciência que se dedica à ‘analise das funções dos enunciados linguísticos e de suas características nos processos sociais’, na síntese de van Djik, ou ‘o fenômeno das relações dos elementos discursivos com os usuários, produtor e interpretador do enunciado’, na explicação de Lamiquiz – importando dizer que, para qualquer das propriedades pragmáticas dependem das experiências anteriores de emissor e receptor, e de suas circunstâncias atuais.
Para Chaparro (1994, p.14), o Jornalismo tem, na Pragmática, o canal
que o conecta com o saber e a erudição da linguística, e que, ao lado da
Sociologia, pode ser considerada a Ciência-mãe da Comunicação, haja vista o
Jornalismo ser uma vertente da Comunicação. E, ainda, busca uma luz nessas
raízes, colaborando para “dar a consistência científica ao entendimento e ao
desenvolvimento do jornalismo enquanto narração da atualidade para alimentar
processos sociais”. (p.14)
Chaparro (1994, p. 14) diz também que o Jornalismo, enquanto parte do
processo de Comunicação, situa-se no campo da Pragmática. E é na
Pragmática que encontra fundamentos teóricos imprescindíveis, para ser
“pensado, realizado, compreendido e aperfeiçoado”, na prática. Já segundo
Maigret (2010, p. 179), a Pragmática estuda as relações entre a linguagem e
seus usuários, os discursos e seus contextos, sendo pensada como o além do
estudo da Sintaxe e da Semântica, mas, ainda assim, fazendo parte do
71
contexto da Semiologia, sendo importante entender a Semiologia para
entender a Pragmática.
De acordo com Maigret (2010, p. 165 e 166), até 1960, a Semiótica se
preocupou apenas com o estudo da linguagem, o que muda a partir dessa
data, com a volta do estudo da ideologia na mensagem. Devido à dificuldade
encontrada no estudo dessas duas vertentes, a Pragmática surge para levar
em conta não só apenas a mensagem e a ideologia de quem a produz, mas
também os receptores e os contextos sociais de todos esses lados da
Comunicação.
Maigret (2010, p. 168) explica que a linguística de Ferdinand de
Saussure, formulada início século XX, é “ponto partida para rica tradição de
pesquisa sobre o funcionamento da linguagem verbal”. A linguística se orienta
pela teoria do signo. Essa teoria diz que o signo é constituído pelo conjunto
significante (palavra ou frase em si) e o significado, ou sema, que é o significa
real do significante. Por exemplo, verde-amarelo pode ser apenas a
composição de duas palavras representando duas cores – significante, mas
também podem representar um país, o Brasil – significado.
Então, Jakobson, continua analisando Maigret (2010, p. 168-169), cria
um modelo de Comunicação baseado nos termos linguísticos apresentados por
Saussure.
Ele alarga o alcance de inicio puramente cognitivo para elementos tradicionalmente excluídos, tais como a emoção ou a poesia. A comunicação necessita de outros elementos além de um emissor, uma mensagem e um destinatário: o estabelecimento de um contato entre os homens, a presença de um código comum (o da língua), a consideração de um contexto.
O modelo proposto por Jakobson (In. MAIGRET 2010, p. 169) pondera
um emissor, uma mensagem que ele cria, dentro de um contexto, com um
código específico e com a suposição de um suporte que ligue todos esses
elementos a um receptor. Mesmo assim, as críticas surgem, no sentido de
questionar por que não há mais elementos representando todas as formas de
interações sociais. As críticas vêm de todos os lados, até o expoente da
Antropologia no mundo, Claude Lévi-Strauss sugere uma versão, segundo ele,
72
mais ampla da Comunicação. Nesse contexto tumultuado, a Pragmática toma
forma.
Etimologicamente, o termo Pragmática vem do grego pragmatikós, e se
refere aos atos que devem ser feitos, a prática. Como Ciência, deriva do
pragmatismo, doutrina filosófica criada por Charles Sanders Peirce (1839-1914)
também considerado o pai da Semiologia ou Semiótica (1994, p. 14). Peirce
(2010, p. 179) utiliza o termo no início do século XX.
Feita Ciência, a Pragmática se desenvolveu a partir da década de 60, e
ganhou características interdisciplinares, mesmo porque foi estimulado seu uso
em áreas como Psicologia, Sociologia, Antropologia e Linguística, as quais
aderiram ao método pragmático para analisar os fenômenos da Comunicação
humana, pelas diferentes perspectivas analisadas.
No meio das abordagens disciplinares no estudo da linguagem,
encontram-se as classificações vindas da linguística, as quais estabelecem
uma divisão de áreas de estudo nos três afluentes, citados acima: a Sintática
(relações entre os signos), a Semântica (relações entre signos, seus objetos,
materiais e abstratos) e a Pragmática (relações entre signos e seus usuários).
Chaparro (1994, p. 18) comenta que, só a partir dos anos 60, a
Pragmática “foi incorporada ao ferramental teórico da gramática linguística,
como componente da descrição dos contextos, relacionada com o ato social
cumprido, ao se utilizar determinada asserção em uma situação específica”.
A conexão teórica entre Jornalismo e Pragmática se traduz no fato de
que a utilização da língua não se reduz a produzir um enunciado, senão que
esse enunciado seja a execução de uma ação social. Aí se encontra a
definição da Pragmática moderna (1994, p. 18) Partindo desse principio,
escreve van Djik (In. CHAPARRO 1994, p. 18):
Assim como na semântica, as orações (ou os textos) podem ser ‘verdadeiras’ ou ‘falsas’, também na Pragmática os atos de fala podem ‘ter êxito’ ou ‘fracassar’ em um contexto concreto. A Pragmática se ocupa, entre outras coisas, da formulação de tais condições para o êxito dos atos de fala (...) estas considerações estão relacionadas com os conhecimentos, os desejos e as obrigações dos falantes.
73
A teoria consiste na junção entre ação e sucesso, explica Chaparro.
Para van Dijk (In. CHAPARRO 1994, p. 18), o sucesso é a modificação,
quando o estado inicial passa para outros estados (o que pode acontecer
infinitamente), que permitem que objetos sejam agregados ou retirados, ou até
mesmo se relacionem entre si de outra forma, diferente da inicial. Já o tempo
entre um estado e outro é chamado de processo. (p. 18 e 19).
Chaparro traz a lume a ideia de que a mudança dessa teoria da ação
para o Jornalismo leva à afirmação de que o “acontecimento (do qual o relato
informativo faz parte) é uma forma de processo, com capacidade maior ou
menor de desorganização e reorganização social”. A intervenção do relato
jornalístico em acontecimentos complexos pode assumir dimensão de sucesso
dentro do processo e até ocasionar outros processos. Como exemplo ele cita o
estado do nosso corpo (1994, p. 19):
Movemos os braços, as mãos e a boca para comer, por exemplo. Na maioria dos casos, as modificações externas são visíveis e controláveis, isto é, podemos dominar seu começo, sua continuidade e seu término – e isso, na definição com que van Dijk trabalha, é fazer. No fazer se incluem aquelas modificações do corpo que, mesmo acontecidas inconscientemente – um piscar de olhos, ou o movimento involuntário dos dedos dos pés, por exemplo – são controláveis.
O fazer, portanto, concluindo o raciocínio de van Dijk (In. CHAPARRO
1994, p.19), empregado à prática do Jornalismo, está ligado à cognição e ao
contexto do profissional de Comunicação, que realiza a ação controladamente.
Tem ele, então um propósito ou intenção em fazer a ação.
Em busca da etimologia das palavras intenção e propósito, vemos que
são coisas diferentes. Propósito é do latim, propositus (pro + positus =
colocado para frente), e é a visualização ideal ou imaginativa de um plano ou o
fim de uma ação.
Enquanto que intenção tem a mesma origem, mas vem da palavra
intentio, que, por sua vez, vem do grego in e tendo, tendo o valor de
desenvolver-se ou dirigir-se para algo, sendo largamente usado, este último, na
Filosofia. Intenção e fazer resultam em ação, que tem como objetivo o
propósito. Por exemplo,
74
A ação de ligar a ignição de um carro se realiza para iniciar uma viagem (propósito), direcionada aos resultados. Propósito pode gerar intenção, mas o inverso não ocorre, porque intenção é o elemento de consciência que controla o fazer. Esgota-se na ação, enquanto o propósito procura os efeitos.
Não se pode esquecer de ética e moral, quando se fala em Pragmática,
pois as “ações têm razões, significados e características sociais”. Em
Comunicação Social, a intenção e o fazer originam a ação, mas é a primeira
que controla a ação propriamente dita, impondo-a um caráter moral, o qual está
ligado à ética (ética e moral têm a ver com costume. Porém Aristóteles
considerou a ética a Ciência da moral. A ética muda, enquanto a moral, não
muda. Por exemplo, matar não é moral em qualquer parte do mundo. Mas é
ético, de acordo com a religião islã, que defende o morrer pela fé.).
Para Marques de Melo (In. CHAPARRO 1994, p. 21 e 22), informação
de atualidade é Jornalismo, e tem como objetivo a difusão de fatos, através de
informação e interpretação dos acontecimentos que são notícia5, atendo-se ao
real. De acordo com Kinkaid Jr. (In. CHAPARRO 1994, P. 21 E 22), bordando a
última vertente da Pragmática, a estética, a ética e o valor moral dão o aval
para que as técnicas do fazer sejam administradas de forma criativa e se
tornem agradáveis. Resumidamente, Jornalismo, então, seria:
O processo social de ações conscientes, controladas ou controláveis – portanto, fazeres combinados com intenções; ações conscientes, controláveis e intencionadas, sendo cada jornalista responsável moral pelos seus fazeres; se uma intenção se refere unicamente à execução de um fazer, então as intenções dos fazeres jornalísticos estão necessariamente vinculadas aos motivos éticos próprios do jornalismo.
O Jornalismo garante o direito à informação, e o profissional da área,
para fazer isso, através de sua profissão, deve estar de acordo com um
“princípio ético universal” e assumir a responsabilidade consciente pela prática.
5 É um fato ou uma ideia precisos que interessam a um amplo número de leitores. Entre duas notícias, a
melhor é a que interessa a um número maior de pessoas. (Lyle Spencer, 1917). Além do critério de
abrangência, segundo Warren, ainda podemos ter como critérios de notícia: atualidade, proximidade,
proeminência, curiosidade, conflito, suspense, emoção e conseqüências e outras, que podem surgir de
acordo com circunstancias temporais, culturais e regionais, não previsíveis.
75
Para analisarmos os textos de Saúde, segundo a Pragmática, tivemos
que decompô-los, reconstituí-los e comparar o que foi coletado com o que foi
publicado. Isso acontece, se possível, presenciando reuniões de pauta,
acompanhando os repórteres e anotando para depois comparar o produto final
com o que foi coletado. Pois, como vimos, a Pragmática afirma que o que move
a atividade jornalística são a verdade e a ética.
Omissão (ausência de informação, devido a problemas como tempo),
sonegação (mesmo tendo a informação, ela não aparece na reportagem por
algum motivo) e submissão (mesmo aparecendo, a informação fica
incompreensível para o leitor, devido a problemas de espaço, critérios de
notícia etc.) são as razões que, explica Serva (2001, p. 65), formam as lacunas
de informação. Para a Pragmática, elas são importantes e não devem constar
em um texto jornalístico, quando não consta, segundo Serva, acontece a
desinformação.
4.1 EXEMPLO DE ANÁLISE PRAGMÁTICA
Chaparro (1994, 37 a 39) conta a história da socióloga uruguaia Cristina
Grela, coordenadora latino-america do movimento Católicas pelo Direito de
Decidir, como um exemplo da análise Pragmática de reportagem. Ela concedeu
uma entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, quando participou de um debate
promovido pela Secretaria Municipal de Cultura, em comemoração ao Dia
Internacional da Mulher, em 1990.
Na época, a editora de Nacional, do jornal, pautou entrevista, a qual foi
realizada dois dias antes da data comemorativa. Saiu, na página 16, como uma
matéria secundária. No alto da página, o cabeçalho dizia “Comportamento”. A
matéria principal da mesma página veio com tom irônico, com o título
“Feminismo festeja nos gabinetes”, referindo-se a perda de território dos
movimentos feministas para gabinetes oficiais.
A entrevista de Cristina, mãe de quatro filhos, tinha um título que
provocava: Católica defende aborto. Mas o que a médica e líder religiosa falou
não foi isso. Segundo Chaparro (1994, 37 a 39), que, depois da reportagem, foi
conversar com Cristina, houve declarações distorcidas declarações,
76
principalmente em temas polêmicos. Além disso, algumas informações e
declarações importantes não foram usadas.
A primeira declaração polêmica e distorcida está no título. Já que nem
Cristina e nem o grupo defendia o aborto. A posição que sustentavam é da livre
escolha, a possibilidade legal do aborto, o que, segundo ela, não era obrigar a
fazer o aborto, “pois a mulher pobre sabe muito pouco de método
contraceptivos. Essas mulheres são as que morrem com o aborto clandestino.
Legalizar é oferecer às mulheres um caminho de resolução.”
A segunda está no quarto parágrafo do texto, “esses dogmas, segundo a
líder católica, criaram na mulher um sentimento de culpa, utilizado pela igreja
para manter o seu domínio”. Na realidade, Cristina falou que essas questões
não são dogmas, mas existem porque a igreja está apoiada em estruturas
hierárquicas rígidas, explica Chaparro (1994, 37 a 39). O que ela disse foi “a
proibição do aborto não é um dogma, nem se trata de questão ligada à
infalibilidade papal; é o papa opinando sobre o aborto. A partir de 1869, a igreja
decide que desde a concepção o embrião já é dotado de alma, e com este
argumento o papo opina sobre a questão”.
Então, vem uma das grandes questões, relacionada à ética, da
Pragmática: até que ponto pode-se dar significados que não têm na fala do
entrevistado? Resumidamente, Chaparro (1994, 37 a 39) chama isso de
macropragmática do Jornalismo. Com este capítulo sobre a Pragmática, em
que explicamos a maneira como fizemos a análise dos textos de Saúde dos
jornais A Tribuna e Expresso Popular, e com um conhecimento teórico do
Jornalismo, da Divulgação Científica e da importância da Divulgação de Saúde
com base na pesquisa de percepção pública da Ciência, do Ministério de
Ciência e Tecnologia, de 2010, partimos para a pesquisa de campo. A prática
da abordagem de Saúde no dia a dia desses jornais.
4.2 MACROPRAGMÁTICA DO JORNALISMO
Neste fluxograma, Chaparro (1994, p. 115) demonstra o pensamento de
van Dijk, associando os comportamentos da sociedade, com os princípios
77
éticos e as razões morais existentes, sua intenção, com as ações sociais
atuais. E sintetiza-os em uma recepção ativa, dessa sociedade:
Macropragmática do Jornalismo – CHAPARRO (1994, p.115)
78
5 - ABORDAGEM SOBRE SAÚDE NOS TEXTOS DE DOIS JORNAIS IMPRESSOS DA BAIXADA SANTISTA: A REPORTAGEM DA REPORTAGEM
Neste capítulo, exporemos a análise Pragmática que foi feita dos jornais
A Tribuna de Santos e Expresso Popular, durante os meses de junho e julho de
2011, ou seja, mais de 15% dos meses deste ano. De início, fizemos uma
tabela mensal, onde colocamos o título da matéria ou reportagem, seu feitor,
em que página, editorial e/ou caderno foi publicada e as observações sobre o
texto em questão.
A partir daí, foi possível constatar os casos mais relevantes, que pediam
uma análise mais apurada. Textos selecionados, fomos atrás dos repórteres,
perguntar como chegaram àquele texto, da pauta, ao desenvolvimento, às
implicações, problemas até o pós-matéria. Também conversamos com os
editores e tentamos falar com as fontes. Como a Pragmática exige, fizemos,
com esses textos, a reportagem da reportagem. Dissecamos o assunto, a fim
de checar informações divulgadas e se o que as fontes disseram foi realmente
o que foi publicado.
O jornal Expresso Popular não demandou esforço, visto que o impresso,
apesar de ter uma coluna diária de Saúde, a Viva Melhor, comumente assinada
pela mesma repórter, Nathalia Costeira, é feita, normalmente, com pautas frias.
Isso significa que as reportagens são inspiradas em assuntos constantes do dia
a dia, como gripe, que não necessitam de grandes investigações, como uma
matéria quente, como a queda inesperada de um secretário municipal de
Saúde, demandaria.
Como disse o próprio editor-executivo do Expresso, Mário Evangelista
(2011), em entrevista concedida no dia 17 de agosto de 2011, as pautas de
Saúde costumam surgir por um critério de oportunidade: "Agora com a doença
do ator Reynaldo Gianecchini, por exemplo, fizemos uma matéria sobre o
linfoma [câncer no órgãos linfáticos, vasos que, entre outras funções, ajudam
na ‘limpeza’ sanguínea]".
Evangelista (2011) explicou que o impresso circula de segunda-feira a
sábado, e distribui aproximadamente 20 mil exemplares, diariamente. Para ele,
79
que está na direção do jornal desde 2008, Saúde é um tema muito importante,
tanto que é o único, junto com matérias que utilizam jargões técnico-científicos,
que ele libera para que os repórteres enviem as matérias para as fontes
olharem se a parte técnica está escrita ou citada de maneira correta, antes da
publicação. Além disso, Evangelista disse (2011) cobrar com mais afinco,
constantemente, a apuração de reportagens da área.
E mesmo que as pautas sejam frias, para A Tribuna, devem ser
diferentes das pautas frias do Expresso. Contando que têm, ou podem ter,
dependendo da publicidade, mais espaço que teriam no Expresso Popular,
porque a publicidade pode matar boa parte do texto, na edição dele.
A editoria Comunidade em Ação é um bom exemplo de que essas
pautas frias podem funcionar muito bem num meio que requer maior
contextualização. “GAPA, amor na luta contra a AIDS” (20 de julho, página A8)
e “Contra as hepatites, Grupo Esperança” (27 de julho, página A8), ambas de
César Miranda, servem para demonstrar como uma pauta fria deve ser feita
para um jornal como A Tribuna.
Nessas reportagens de A Tribuna, de uma página de jornal formato
standard (cerca de 55 centímetros de comprimento), o repórter pode trabalhar
uma linguagem de texto mais leve, próxima ao texto de revista até, buscar
personagens e contar suas histórias de vida e utilizar de recursos como fotos
maiores. Ao passo que, no caso do Expresso, que tem formato tabloide (33 por
28 centímetros aproximadamente), os textos devem ser mais contidos, por um
critério de espaço. Ainda mais se entra uma publicidade que toma conta da
página.
Viviane Pereira (2011), editora de Local de A Tribuna, em que se inclui
o setor de Saúde, que trabalha há um ano e meio no jornal e há dois meses
como editora, em entrevista concedida em 20 de outubro, contou sobre o dia a
dia de A Tribuna, para que pudéssemos entender melhor a sub-editoria.
A editora de pauta chega às 6h30 ao jornal e dá uma olhada nos
releases e em algumas informações, para fazer a primeira pauta do jornal. Às 8
horas, os repórteres chegam e discutem essa pauta e, na sequência, começam
o trabalho de reportagem. Trabalham até às 16 horas.
Já os repórteres da tarde entram às 13 horas e têm reunião de pauta às
13h30. Segundo Pereira, se houver uma matéria complexa, o repórter da tarde
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dá continuidade ao trabalho começado pelo repórter da manhã. As duas
editoras-executivas (uma da manhã/tarde e outra da tarde/noite) sempre
acompanham o trabalho. Pereira entra às 14h30.
Às 16h30 tem reunião de editores, para definir algumas prioridades para
a capa da edição. A edição vai para a gráfica entre 23 horas e meia-noite.
Pereira (2011) explica o processo da reunião de editores:
Trabalhamos, conceitualmente, da capa às páginas mais leves, enfim, a composição do jornal. Temos, na editoria Local, dois subeditores, que não participam da reunião de editores, mas ficam correndo atrás, nesse tempo, do que precisa ser feito, como artes, entre outras coisas.
Os editores revisam tudo antes de mandar para a gráfica. Pereira (2011)
explica que sempre procuram explicar entre parênteses termos técnicos e até
ligam para o repórter, se não entendem algumas coisas. A preocupação é com
o leitor médio. Entretanto, sempre entendem que o leitor do Expresso pode,
ocasionalmente, também ler A Tribuna.
Pereira (2011) conta, ainda, que, em Saúde, é natural haver muita
denúncia. Para ela, Saúde é fundamental e o retorno é muito bom. Pereira
também libera, se o repórter não estiver seguro, para que a fonte dê uma
olhada nas informações técnicas.
Teve uma vez que ligaram 22h30 reclamando que o Pronto Socorro estava atrasando as consultas. Já havíamos feito matéria pela manhã. Mas seguramos a edição e fomos averiguar.
Para Pereira (2011), Saúde é fundamental, e tem um retorno muito bom
para o jornal. Por sua importância, detém um dos dois únicos setoristas do
jornal (há outro que cobre Segurança e Polícia).
O que pode acontecer e é interessante que ocorra, em nossa
concepção, é que o editor do tabloide Expresso dê oportunidade para os
repórteres desenvolverem uma reportagem em duas páginas de jornal. Como
aconteceu na reportagem “Pra comer não tem tempo ruim” (20 de julho, Geral,
p. 8), de Nathália de Alcântara, que tem continuação na página 9:
“Trabalhadores esvaziam o prato”, em que a jornalista aborda a questão dos
hábitos alimentares dos cidadãos da região.
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Também a reportagem sobre os 30 anos de descoberta do vírus da
AIDS (HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana), de Alcione Herzog (19 de
junho, página A6), em A Tribuna, foi bem-sucedida para o formato do jornal e o
espaço que ocupou. A repórter contextualizou a data com dados recentes e
personagens muito interessantes, que abriram suas vidas depois que foram
contaminados com o HIV de forma até a deixar uma mensagem importante ao
leitor: apesar de, hoje, poder se viver com o vírus, é infinitamente melhor viver
sem ele. Para isso, é importante se prevenir.
Já Nathália de Alcântara dá um tom ainda mais informal à reportagem
“30 anos após ser descoberta, AIDS contamina como nunca”, para o Expresso
Popular (10 de junho, Geral, p. 8. A repórter, inclusive, sugere algumas fontes
para o leitor do Expresso buscar outras informações, como filmes). E, o mais
importante, faz de maneira interessante e diferente de Alcione, de A Tribuna, o
texto para seu público do Expresso.
No caso da análise Pragmática, as matérias do Expresso Popular
serviram como diretriz, para que as matérias e reportagens de A Tribuna
fossem mais bem-analisadas. Por exemplo, há textos em A Tribuna que
parecem ter sido feitos para o Expresso Popular, os quais, nas observações da
planilha, citamos “Jeito de Expresso Popular”, já que pelo próprio tamanho do
jornal A Tribuna, a exigência de reportagens deve ser maior.
O repórter deve trabalhar mais com pautas quentes, investigações,
circular nos principais locais públicos de Saúde da região, como hospitais. E,
mesmo que as pautas sejam as mesmas para ambos os jornais, como no caso
dos 30 anos da AIDS, devem ser feitas reportagens diferentes para os públicos
de A Tribuna, classe A e B, e do Expresso Popular, classe C.
A reportagem “Acredite: botox também é para enxaqueca”, de Sandro
Thadeu, para A Tribuna (28 de junho, A6) tem a linguagem de Expresso
Popular. Apesar de o botox ainda não ser acessível à população de classe C, o
texto do jornal deve ser direcionado ao público de A Tribuna, com uma
linguagem mais trabalhada. Deve-se salientar o problema do espaço. Mas
deixou a impressão que o jornalista tenha tido que diminuir sua reportagem,
pois parte da página foi vendida para publicidade.
E, então, fazemos uma primeira grande crítica: apesar de os repórteres
de A Tribuna serem extremamente competentes, de acordo com as matérias e
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reportagens analisadas e até mesmo de conversa que tivemos com alguns
deles, precisam estar mais onde a notícia está, buscando saber o que a
população precisa, principalmente. O que, para Burkett (1990, p. 158) é
importante os jornalistas que cobrem Ciência estarem em hospitais, centros de
pesquisa, entre outros.
Diferente do exemplo dado no capítulo da Pragmática, sobre o problema
com a reportagem da Folha de S. Paulo, em que, devido, além da falta de
atenção do repórter, a pressão do jornal para vender mais, já que a
concorrência na capital paulista é grande, os repórteres de A Tribuna não
encontram tanta pressão. O jornal não tem um grande concorrente na região.
Então, não precisa apelar tanto quanto a reportagem citada por Chaparro
(1994, 37 a 39) apelou. E os repórteres podem exercer normalmente suas
funções.
Também, mesmo que o público seja classe A e B, são os repórteres de
A Tribuna que têm mais espaço e linguagem para investigar, estar em lugares
como hospitais e até cidades mais afastadas.
Um bom exemplo desse tipo de atuação é a excelente reportagem de
Marcos Mojica, no dia 22 de julho, na página A3, intitulada “Há problemas, e
muitos. Mas o P.S Central terá reparos”. Nessa reportagem, Mojica foi até o
principal pronto-socorro de Santos averiguar como está a situação do local e
constatou diversos problemas, como paredes por pintar, médicos fazendo o
atendimento em pé por falta de cadeira etc. O fotógrafo, por sua vez, registrou
em imagens. Com isso, o repórter teve suporte para cobrar o poder público,
que não teve como negar a situação.
Apesar disso, faltam repórteres que façam jus A Tribuna ser um jornal
regional, que estejam em cidades da Baixada Santista como Peruíbe para
investigar como anda a Saúde por aqueles lados. No dia 19 de junho, na
página A12, um texto não assinado, chamado “Câmara de Peruíbe cobra a
Saúde”, e, no dia 30 do mesmo mês, na página A12, o texto, também não
assinado, “Câmara de Peruíbe quer mais explicações da Saúde” mostram essa
realidade e necessidade. Apesar de terem saído duas reportagens sobre o
assunto, A Tribuna não mandou um repórter investigar a situação da Saúde
nessa cidade.
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Poderia haver, por exemplo, um revezamento de repórteres nas cidades
mais afastadas, ou até mesmo que frequentassem as Câmaras, onde as
discussões também acontecem, como no caso de Peruíbe, para mostrar que a
Saúde não é apenas Santos e, ocasionalmente, Guarujá, São Vicente, Cubatão
e Praia Grande.
Pereira (2011) explica que, em Local, há, aproximadamente 12
repórteres, alguns de licença. E A Tribuna mantém repórteres nas cidades de
São Vicente, Cubatão, Guarujá e Praia Grande. Apesar de haver muita coisa
para ser noticiada nessas cidades e nas cidades vizinhas, esses repórteres
poderiam se preocupar também com assuntos importantes de Saúde pública,
por exemplo, em nossa opinião. Vivenciar o dia a dia de hospitais desses
municípios já seria uma grande ação.
Faltam também reportagens que chamamos de inter-editoriais. E isso os
próprios editores podem cobrar nas reuniões de pauta e edição. Falou-se tanto,
por exemplo, na editoria de Esportes, do caso do doping de César Cielo e do
problema do jogador Adriano, do Corinthians, com o rendimento físico e seu
costume de beber bastante. Porém, não houve nenhuma reportagem que
envolvesse a editoria de Saúde, para explicar para o leitor por que o
rendimento físico diminui quando a pessoa bebe em excesso ou quais
substâncias resultam na liberação da dopamina pelo cérebro, no caso de Cielo,
e que, de repente, o leitor pode estar consumindo.
Portanto, há a necessidade de reportagens inter-editoriais, em que os
editores e repórteres conversem entre si para o desenvolvimento de textos
nesse sentido. Afinal, o jornal, apesar de ter editorias supostamente isoladas,
com a encadernação já separada, é um único jornal.
Pereira (2011) revela que o que acontece é a preocupação em sempre
regionalizar notícias dadas nas editorias de Brasil e de Mundo. Por exemplo,
sai uma nota sobre a proibição de alguns remédios para emagrecimento e,
depois, eles abrem em uma reportagem sobre aquele assunto, com fontes da
região.
Também A Tribuna possui, atualmente, oito cadernos temáticos, sendo
um deles Ciência e Tecnologia, que sai as segundas-feiras. O objetivo deste
trabalho não era analisar esse caderno, mesmo porque abrange outros
assuntos além de Saúde. Mas, se havia matérias e reportagens de Saúde
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dentro do caderno, foram analisadas. Porém, nos preocupamos em sempre
nos atentar para o caderno em questão, já que Saúde é um tema dentro da
grande área que é a Ciência e Tecnologia.
O caderno abordou Saúde em três ocasiões: 27 de junho, 4 de julho e
18 de julho. O que pudemos perceber é que, normalmente, Ciência e
Tecnologia vem com bastantes releases. No que se propõe a fazer, o caderno
faz bem: abordando um assunto, notas curtas de diversas pesquisas, levando a
Ciência e Tecnologia de maneira leve ao leitor. O lado negativo é que, quando
há diversas notas dentro de um mesmo caderno, não se abre para a feitoria de
uma reportagem. E falta tempo, mesmo levando em consideração uma
semana, para buscar as fontes de tantas notas, a fim de saber se houve
mudanças na pesquisa.
A sugestão é aproveitar o espaço do caderno – normalmente, duas
páginas, para fazer reportagens complexas sobre assuntos, como Saúde, e
outros assuntos dentro de Ciência e Tecnologia. Afinal, a região tem diversos
pesquisadores atuantes, produzindo conhecimento nos centros de pesquisa,
nas universidades, tem história, arquitetura, arqueologia e outros temas ricos a
serem explorados.
5.1 O CASO DA ALA PEDIÁTRICA DO HOSPITAL GUILHERME ÁLVARO
O principal caso que foi analisado, pragmaticamente, no jornal
Expresso Popular e, principalmente, em A Tribuna é o da reforma/fechamento
da ala pediátrica de terapia intensiva do Hospital Guilherme Álvaro, em Santos.
O caso mostra até mesmo a importância dos jornalistas que estão envolvidos
com Saúde estarem em lugares como esses.
A primeira reportagem do caso a ser divulgada saiu em A Tribuna (p.
A3) como “Existe algo ainda pior que ter filho na UTI” e no Expresso Popular (p.
8), inclusive como manchete neste, como “UTI pediátrica do Guilherme Álvaro
vai fechar”, ambas produzidas por Armanda Barbieri, e divulgadas no dia 10 de
junho dos dois jornais. O título da reportagem do Expresso mostra bem o
conteúdo das reportagens: mostrar que a UTI pediátrica ia fechar.
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Vale destacar que, tanto no Expresso quanto em A Tribuna, a
reportagem é a mesma, de Amanda Barbieri, apenas com o título diferente. O
que, ao nosso ver, não pode acontecer, já que os impressos têm públicos
diferentes que esperam linguagens próprias e não apenas títulos próprios. A
ressalva é que a reportagem de Amanda não tem maiores complicações,
termos técnicos, e questões políticas envolvidas, por exemplo, o que ameniza,
ainda que pouco, esse fato.
Para A Tribuna, o espaço, que deveria ser maior, no caso dessa
reportagem, ¾ da página são ocupados por publicidade das Casas Bahia.
Privando, assim, de uma reportagem mais completa, ainda que fosse uma
reportagem inicial sobre o assunto em questão. Fator que não anula a
responsabilidade de A Tribuna de buscar, na quantidade, mais que o Expresso.
No dia 12 de junho, A Tribuna fez um de seus dois editoriais menores
sobre o caso “UTI pediátrica do Guilherme Álvaro”. No dia 14 do mesmo mês,
“Desativação de UTI preocupa Câmara” sai sem autoria definida. Por fim, no
período de análise (junho e julho), só no dia 5 de julho, na Coluna Livre (A2), o
vereador Antônio Carlos Banha Joaquim contesta o caso, em “Saúde para
nossas crianças”. Os jornais assumiram a opinião, até desesperadas, às vezes,
dos pais das crianças que eram atendidas na UTI, deram voz ao povo.
A partir da primeira reportagem, de Amanda Barbieri, quem ficou a cargo
dos textos sobre o assunto foi Sandro Thadeu, que é o setorista de Saúde de A
Tribuna, responsável pelas pautas quentes, como as que envolvem Saúde
pública. Analisando seu trabalho e entrevistando-o, pudemos perceber que o
jornalista é bastante envolvido e comprometido, dentro dos limites de espaço e
tempo que lhe são impostos. Repórter de A Tribuna desde 2008, fez estágio no
Expresso Popular um ano e meio, até se formar, em 2006.
Em 2009, quando o jornalista Wilson Marini foi editor-chefe de A
Tribuna, sentiu a necessidade de designar repórteres para os setores de
Educação e Saúde. No começo, a repórter Suzana Fonseca, que, atualmente,
trabalha na sucursal de Praia Grande e cobre todo o litoral sul, ficou como
setorista de Saúde. Depois, Carlos Conde assumiu como editor-chefe e Sandro
Thadeu, em 2010, passou a ocupar o lugar de Suzana, que vai para Praia
Grande.
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Ao assumir o setor, o primeiro grande problema enfrentado por Sandro:
a Baixada Santista começa diagnosticar inúmeros casos de pessoas
contaminadas com a dengue. Segundo Thadeu (2011), Guarujá “pagou o pato”,
porque foi a primeira que assumiu o problema de frente. Mas, depois,
verificaram que o problema era na região toda.
Thadeu ganhou tanta credibilidade como setorista de Saúde que,
quando outro repórter da editoria Local, em que Saúde se insere, fica
incumbido de cobrir algum assunto de Saúde, ainda conversa com ele, para
ouvir sugestões. Mesmo assim, os temas mais quentes ainda ficam a cargo do
setorista da área. Thadeu (2011) conta uma de suas experiências:
Às vezes, às sextas-feiras, estou produzindo alguma reportagem especial para o final de semana e não posso pegar uma pauta de Saúde que surge. Por exemplo, quando o governo do Estado de São Paulo lançou o Plano de Combate à Dengue, o jornal já havia divulgado algumas informações. Então, mandaram outra repórter para cobrir o lançamento, na capital. Ela escreveu o texto e fez uma retranca falando que o governador anunciou uma vacina, com prazo, para o tipo IV da dengue. Então, conversamos, ela, a editora e eu e eu sugeri que a matéria principal fosse a nova vacina anunciada, não o Plano. E nem os sites da internet, nem os jornais mais lidos, deram esse enfoque, foi nosso diferencial. E esse é o compromisso com o nosso leitor.
Thadeu (2011) contou que as 12 equipes em A Tribuna conversam
apenas informalmente sobre suas editorias, durante o dia. Há uma reunião, às
16h30, entre editores, para definir as prioridades da capa do jornal do dia
seguinte. Mesmo assim, os repórteres, muitas vezes, não têm acesso ao que
os outros estão produzindo, a não ser que vá buscar no sistema de informática,
que é em rede.
Para Thadeu (2011), falta uma maior conversação formal entre os
repórteres das editorias, porque, com isso, juntos, poderão ter uma visão
diferente de determinados temas:
Importante conhecer o material para melhorar a qualidade do jornal. Outro dia um defensor público me ligou sugerindo uma pauta que envolvia esporte e que, se fosse feita na minha editoria, não teria tanta atenção. Então, passei para o editor de
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Esportes e a pauta rendeu na editoria dele. Às vezes, uma pauta que não rende nada em uma editoria pode ser um caderno especial da outra.
Thadeu (2011) disse que costuma ir a Prontos-Socorros públicos e
privados, mas que encontra uma dificuldade natural para entrar no Guilherme
Álvaro, por exemplo, que é público, administrado pelo governo Estadual. O
repórter usa a estratégia que vai doar sangue para conseguir entrar. Mesmo
assim, dentro do Hospital, Thadeu (2011) contou que o complexo é muito
grande e, lá dentro, é complicado se localizar. Ele explica que é difícil pegar
alguma coisa, porque as coisas não são muito diferentes da realidade.
Também há dificuldade em fazer imagens.
O dia a dia no hospital acaba sendo normal para quem frequenta o serviço, o que não deveria acontecer. Geralmente, em casos graves, recebemos as denúncias por e-mail e telefone.
Com a Assessoria de Comunicação do Estado, Thadeu (2011) revelou
que a relação é muito ruim e pensa que o Estado é até negligente com a
informação. Em 2010, quando aconteceu a problemática da dengue na região,
Thadeu (2011) disse ter encontrado dificuldade enorme para falar com algum
porta-voz do Estado na Baixada Santista:
Estava acontecendo um grande estrago e ninguém falava nada. Até hoje acontece isso. O que se espera é o mínimo de transparência, alguém que dê a cara a tapa para justificar as situações.
No caso do Hospital, o Sindicato dos Médicos e alguns profissionais do
Hospital disseram, revelou Thadeu (2011), que o motivo para o “fechamento”
da UTI pediátrica era a falta de profissionais, devido, entre outros problemas,
ao salário baixo desses profissionais. E essas pessoas contaram temer que o
Hospital fosse administrado por uma Organização de Saúde (OS).
O Estado alegou, primeiro, que a reforma terminaria em agosto, e,
depois, prorrogou para novembro, e, por fim, até o final do ano, sem data
prevista, já que, segundo a assessoria de imprensa (2011), houve alteração no
projeto da obra. A UTI está interditada. Segundo Thadeu (2011), funcionários
informaram para o jornal que uma menina de Cananeia, de dois anos, teria
morrido em decorrência da falta de UTI.
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Depois disso, contou Thadeu (2011), a reportagem obteve informações
de que alguns médicos foram ao Conselho Regional de Medicina (CRM) e
disseram que não operariam crianças com até 20 kg e até cinco anos, para não
comprometerem a saúde dessas crianças. O que foi associado ao
fechamento/reforma da UTI. Thadeu (2011) revelou ter se comovido bastante
com o caso:
Uma das matérias que mais mexeram comigo, pela indignação. Eu ouvia os funcionários falarem e os pais reclamarem. A gente via os médicos e funcionários se esforçando e eles faziam desabafos, e isso me deixava angustiado. Às 19h30, de uma quinta-feira, ligaram, perguntando se a gente não conseguia fazer nada em relação ao caso da menina de Cananeia. E, no dia seguinte, a justificativa da Assessoria foi que de que estava tudo normal. Então, a menina morreu. No dia seguinte da morte, alguns funcionários ligaram para agradecer por termos dado voz a eles e contaram que estavam com medo de sofrer represálias, por conta dessas informações que não poderiam vazar.
Na concepção de Pereira (2011), no caso do Hospital Guilherme Álvaro,
jornalisticamente, foi feito o que era preciso, porque a notícia foi mais isenta o
possível.
Para contrabalancearmos, vamos entender como funciona a assessoria
de imprensa do Estado, principalmente a ligada à Saúde, e quem é o jornalista
responsável por atender as demandas da Baixada Santista.
Em respostas via e-mail, nos enviadas pela assessoria dia 31 de
novembro de 2011, a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da
Saúde (2011) respondeu ter 10 jornalistas, um coordenador e seis estagiários.
Além disso, há assessorias externas no Hospital das Clínicas da FMUSP,
Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), Instituto Emílio Ribas,
programa estadual de DST/AIDS, Hospital de Transplantes do Estado,
Fundação para o Remédio Popular (Furp), Hospital das Clínicas de Botucatu e
Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.
A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde funciona
dentro de um órgão maior - a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado
de São Paulo, que, segundo a própria assessoria (2011), destaca seus
assessores para atender às diferentes regiões do estado.
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Cada assessor é responsável por duas ou mais regiões, conforme o
número de veículos de Comunicação existentes em cada uma delas e o
volume de solicitações. Atualmente, a Baixada Santista é atendida pela
jornalista Helia Araújo.
Então, a partir de uma demanda, a assessoria entra em contato com o
órgão responsável e apura as informações, que depois são repassadas aos
jornalistas por telefone ou em forma de notas oficiais, respostas a perguntas
feitas por e-mail e, quando possível, por meio de entrevistas presenciais ou por
telefone.
Em relação à qualidade da mídia regional, a assessoria do Estado
(2011) acredita que tanto a imprensa paulista quanto a nacional possuem um
papel fundamental na divulgação de informações de interesse público, de
forma crítica e responsável:
Na Baixada Santista, particularmente, temos observado um bom nível de qualidade nas reportagens veiculadas e na cobertura das ações do poder público. A cobrança de ações e políticas eficazes dos governos é uma atribuição essencial da imprensa. E os veículos da Baixada têm, cada vez mais, exercido este papel em benefício da população local.
Sobre o fato de o repórter de A Tribuna Sandro Thadeu ter comentado
sobre a dificuldade em, principalmente, conseguir entrevistas com
representantes do Estado na Baixada Santista, na área da Saúde, a assessoria
(2011) respondeu que a regra número um do órgão é não deixar ninguém sem
resposta. “Mesmo que seja para dizer, excepcionalmente, não conseguimos
esta informação”:
Em 2011, com a criação da Agência da Saúde da Baixada Santista, o médico David Uip, coordenador da Agência, foi escolhido pela assessoria como principal interlocutor da pasta na região, e, frequentemente, vem concedendo entrevistas aos jornais, rádios e emissoras de TV da região, incluindo o jornal A Tribuna. Algumas solicitações são intermediadas pela assessoria de imprensa da Secretaria, outras pela assessoria do Instituto Emílio Ribas e há pedidos atendidos diretamente pelo Dr. David Uip, especialmente nas ocasiões em que ele vai até os municípios da região para reuniões com
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os gestores de Saúde locais. Outros porta-vozes da pasta são acionados sempre que possível para entrevistas. Ocorre que, por vezes, em razão de compromissos agendados, como reuniões importantes, nem sempre é possível a realização de uma entrevista. Nesses casos, o papel da assessoria de imprensa é apurar e dar a resposta, seja por nota oficial, respostas a emails ou mesmo por telefone.
A assessoria do Estado (2011) disse ainda que divulga informações
importantes sobre a área da Saúde estadual, no blog
www.saudeemacao.blogspot.com e no site www.saude.sp.gov.br.
Sobre o caso da UTI pediátrica do Hospital Guilherme Álvaro, a
assessoria (2011) alega ter prestado esclarecimentos aos veículos de
Comunicação sobre o fato, todo o tempo. E disse ter questionado a matéria
“Uma cirurgia, nenhuma UTI e muita tristeza para a família”, de A Tribuna, de
14 de setembro. Segundo a assessoria (2011), a morte da criança de Cananeia
não tem relação com a “ausência temporária de leitos de UTI pediátrica no
Hospital Guilherme Álvaro”:
A paciente em questão estava internada na unidade de terapia semi-intensiva do Hospital Guilherme Álvaro, com todos os recursos necessários para o seu quadro clínico e sob cuidados de pediatras intensivistas. O jornalista que assinou esta matéria, infelizmente, não fez nenhum questionamento específico sobre este caso no e-mail que enviou à assessoria de imprensa, no dia anterior. O e-mail questionava apenas o prazo para a entrega da reforma da UTI pediátrica. No dia seguinte, ao verificar o conteúdo da reportagem, imediatamente a assessoria produziu e publicou uma nota de esclarecimento, encaminhada ao jornal, informando que de maneira nenhuma era possível ligar o óbito da paciente à ausência temporária de leitos de UTI no hospital. Até porque os pacientes pediátricos que necessitam de leitos de UTI estão sendo transferidos a outros hospitais da região, ou eventualmente para a capital e Grande São Paulo, até a conclusão da obra no Guilherme Álvaro.
De acordo com Thadeu (2011), ter um setorista em Saúde é
fundamental, pois resulta em matérias com maior qualidade e esse fator dá a
oportunidade para o aprofundamento necessário aos assuntos. Além de fugir
91
de matérias baseadas no senso comum, o que, para Thadeu (2011),
representa um avanço para o jornal.
Saúde, retomando Schopenhauer, é o maior motivo para nossa
felicidade. Então, a cobertura jornalística da área não poderia ter menor
importância. Thadeu (2011) disse que Saúde é importante porque sentimos a
necessidade de cuidarmos da nossa própria. Já Pereira (2011) contou que se
emociona lendo reportagens da área:
Esses dias, chorei bastante com a história do menino que precisou amputar o pé. E, como leitora, também fico indignada ao pensar que, em pleno século XXI, isso ainda aconteça. E é o ser humano em nós e no nosso leitor que impulsiona para que o jornal não deixe essas coisas acontecerem. E eu me preocupo muito, enquanto jornalista, em dormir com a consciência tranquila.
5.1.1 O Jornalismo investigativo e a visita ao Hospital Guilherme Álvaro
Diante da problemática da reforma da UTI pediátrica, e tendo em vista a
metodologia de análise dessa problemática - a Pragmática, fomos ao Hospital
Guilherme Álvaro, em Santos, no dia 8 de novembro de 2011. O objetivo era
investigar o que conseguíssemos, dentro dos limites livres do Hospital. Em uma
das entradas, pela Rua Osvaldo Cruz, por onde entram pessoas e carros,
observamos quatro seguranças, e fomos direto à recepção.
Na recepção, seguimos a estratégia do repórter de A Tribuna, Sandro
Thadeu: dizer que íamos doar sangue. Tendo em vista a ética, acreditamos
que não é uma maldade, mas sim um mentir pelo bem. Os hospitais públicos,
geralmente, são de difícil acesso, e o jornalista precisa adentrar de alguma
maneira, para observar o que se passa, escutar as pessoas que esperam nas
filas etc. Isso não constitui uma prática banal do trabalho jornalístico, usada
sem critérios, e, sempre, se faz com o aval de seu editor. Se o jornalista não
consegue as informações pelas vias convencionais, pensamos que deve
recorrer, principalmente no caso de instituições públicas, a esse recurso.
No Hospital Guilherme Álvaro, eles pedem, para doadores de sangue,
apenas um documento com foto, e deixam entrar, sem maiores problemas.
Para o próprio recepcionista, dissemos que era a primeira vez que íamos doar
92
sangue ali e pedimos explicações de como chegaríamos ao Hemonúcleo, onde
se doa sangue. E o recepcionista explicou que o Hemonúcleo ficava perto da
portaria. Seguimos até lá e perguntamos para duas profissionais de Saúde do
local como faríamos para chegar à ala da pediatria, nosso alvo.
Também não difícil, chegamos à ala, onde há, antes, uma pequena sala
de espera, com umas 40 cadeiras, ao lado, uma pequena lanchonete, e três
corredores: o primeiro liga a ala ao Pronto-Socorro, no segundo, existem
algumas salas de atendimento médico, e o terceiro, liga à maternidade e a
lugares restritos da pediatria, onde queríamos adentrar.
Logo na entrada dos lugares restritos da pediatria, há uma secretária,
que pergunta o que se deseja fazer. Se disséssemos que íamos averiguar a
reforma da UTI, provavelmente, não teríamos acesso, ela ligaria para a direção
ou para a segurança do Hospital. Se disséssemos que íamos fazer alguma
visita, sabíamos que, como qualquer hospital, iriam pedir o crachá de visitante
e o nome de quem iria receber a visita. Arriscamos a segunda opção. E ela
realmente pediu o crachá. Então, dissemos que não havíamos recebido,
porque aproveitamos que fomos doar sangue para visitar a suposta mulher de
um amigo que tinha ganhado bebê, no dia anterior.
A recepcionista, simpática, pediu que voltássemos à portaria para dizer
o nome da mulher do suposto amigo, e a resposta foi que não sabíamos.
Então, ela pediu que ligássemos para o amigo e solicitássemos o nome da
mulher dele. Falamos que íamos ligar e retornaríamos.
Cremos ser importante toda essa preocupação com a segurança dos
hospitais, principalmente, da ala pediátrica, já que sabemos haver tantas
pessoas mal-intencionadas, até ladrões de bebês, como a própria mídia noticia.
Ficamos um tempo circulando pela sala de espera, escutando algumas
conversas, a fim de saber se alguém tinha alguma conhecida internada na
maternidade. Mas, depois de algum tempo, não escutamos nada disso. E
decidimos dar uma volta ao redor da ala pediátrica, ver se havia alguma
movimentação de reforma.
E, realmente, há, já em frente à ala pediátrica, separada pelo corredor
que dá acesso ao Pronto-Socorro, um prédio antigo, que tem em volta
tapumes, pois está em reforma. Não perguntamos o que era ali, porque, a partir
da conversa com a recepcionista, ela ficou um pouco preocupada.
93
Mas ali não parecia ser a UTI pediátrica, porque uma UTI, geralmente, é
dentro da própria pediatria, e não em prédio anexo, mesmo para facilitar a
logística médica. Também a estrutura desse prédio em reforma não
caracterizava uma UTI, parecia mais uma ala comum de atendimentos. Então,
resolvemos sair do Hospital.
Em outro momento, conversando com a enfermeira do Pronto-Socorro
do Hospital, mãe de um amigo de faculdade, que preferiu não se identificar, ela
nos revelou que a reforma está em andamento e tem como intenção também
aumentar o número de leitos. Confirmando sobre a reforma do prédio anexo
que havíamos observado, a enfermeira disse que, realmente, não é a UTI
pediátrica, mas um espaço para melhorar “o fluxo” nas dependências do
Hospital.
Tendo em vista essa visita estratégica e a conversa com a enfermeira,
solicitamos, ainda, à assessoria de imprensa da Secretária de Saúde do
Estado uma visita monitorada ao setor que passa por reforma. Mas, até o
fechamento deste trabalho, não obtivemos resposta.
Outro assunto que refletimos, quando nos vimos dentro do Hospital para
inspecionar a situação, foi a questão do Jornalismo investigativo. Ramo do
Jornalismo por intermédio do qual os profissionais da imprensa se lançam para
descobrir grandes esquemas, como os políticos, problemas diários, por
exemplo, as filas de espera para o atendimento médico e as condições
higiênicas de restaurantes e hotéis de luxo, entre infinitas possibilidades.
Mas será que os fins justificam os meios, como disse o filósofo Nicolau
Maquiavel, em sua obra O Príncipe? É o que questiona Fortes (2007, p. 53):
Até onde é permitido ao repórter dissimular atitudes, usar gravadores escondidos, microcâmeras, passar-se por outra pessoa, adotar outra identidade e, de fato, violar leis?
Na opinião de Fortes (2007, p. 53), deve-se levar em conta, em
reportagens investigativas, o princípio da honestidade de quem faz, das
circunstâncias da reportagem, da intenção da pauta e dos limites do bom senso
e da ética. Como já abordamos neste trabalho a questão da ética jornalística,
94
vamos nos deter a formular questões e respostas para elas sobre a
investigação na profissão em questão.
Para engrossar o coro dos questionamentos, Noblat (In FORTES 2007,
p. 53 e 54) admite já ter se passado por um major da Polícia Militar, ao
telefone, para arrancar informações de um gerente de hotel e conclui:
Porque sou jornalista e porque vivemos em uma democracia estou liberado para valer-me de qualquer recurso que assegure à sociedade o direito de tudo saber? Posso roubar documentos, mentir, gravar conversas sem autorização, violar leis? Onde está escrito que disponho de tais prerrogativas? Quem me deu imunidade para rasgar códigos que regulam o comportamento das demais pessoas?
Em nossa concepção, mediante ao Código de Ética da profissão, e com
a ideia de Christofoletti (2008, p. 11), é mais importante, no Jornalismo, fazer
bem a fazer o bem. Porque, às vezes, se o profissional age com doçura, ou
seja, faça o bem, pode não conseguir exercer seu trabalho, fator que não
invalida a necessidade de o jornalista ser prudente, tolerante e ter boa-fé,
pensamos que há duas situações, no caso de investigações jornalísticas que
envolvem instituições e informações públicas: usar ou não usar de artifícios
para conseguir essas informações valiosas?
Acreditamos que essas informações podem até custar vidas, no caso da
Saúde pública. Então, cabe ao jornalista, eticamente, buscá-las. Para isso,
como demonstramos no caso do Hospital Guilherme Álvaro, não é preciso
colocar o revólver na cabeça dos seguranças. E, dentro do Hospital, em menos
de 45 minutos, pudemos observar tantas coisas.
Depois, o jornalista pode até mesmo, depois de ter ido a um hospital, por
exemplo, solicitar informações da assessoria e compará-las às informações
coletadas no hospital, para saber se a assessoria diz a verdade. Lembramos
que a mídia brasileira, em 2011, descobriu informações importantíssimas sobre
o esquema que funcionava em hospitais do interior de São Paulo, em que
médicos e outros funcionários públicos da Saúde não cumpriam os horários de
trabalho que lhes eram pagos. E isso funcionou por anos. Milhões de reais do
povo brasileiro foram dados aos profissionais, sem que eles trabalhassem.
95
Então, o jornalista deve-se calar mediante essas possibilidades?
Pensamos que não. Como diz Fortes (2007, p. 70): “O jornalismo não é,
definitivamente, uma profissão para preguiçosos, muito menos para covardes”.
E lembra o caso do jornalista da Rede Globo Tim Lopes, que investigava o
crime organizado e os abusos sexuais a crianças em bailes funks, no Rio de
Janeiro, e foi morto por traficantes, em 2001.
Noblat (In FORTES 2007, p. 74) usa as palavras do escritor colombiano
Gabriel García Márquez para definir o compromisso de Tim Lopes com o
Jornalismo – “uma paixão insaciável”. Concluímos, portanto, que o profissional
do Jornalismo precisa estar nesses lugares e, frente às barreiras, deve,
eticamente, ultrapassá-las, às vezes, apenas para averiguar se há algo errado,
outras para constatar que há, realmente, algo errado e exercer seu papel
social.
96
6 - CONSIDERAÇÕES
"Cada dia adquire mais força a convicção de que os jornalistas têm um
papel essencial na comunicação ao público dos avanços da ciência.” Assim, o
espanhol Manuel Calvo Hernando, um dos precursores da Divulgação
Científica na América Latina e na Espanha, define o jornalismo científico.
Então, a função dos profissionais da área é informar à população acerca dos
conhecimentos científicos que podem atingi-la em curto ou longo prazo.
Tendo em vista esse fator, acreditamos que o trabalho tem suma
relevância aos profissionais dessas áreas, inclusive a estudantes de
Comunicação e mesmo ao público que anseia por notícia mais séria sobre as
descobertas e informações sobre Saúde e suas implicações, parafraseando
Gilberto Gil. Pois, no Jornalismo Científico, mesmo por ser uma área
relativamente nova, ainda há poucos profissionais capacitados e que têm como
responsabilidade o respeito pelo público.
Este trabalho acadêmico tem quatro capítulos, fora as análises e
considerações, além de anexos. No primeiro capítulo, buscamos conclusões
teóricas e práticas sobre o que é Jornalismo, o que foi relativamente fácil,
devido à vivência que temos da profissão, pois estamos no último ano do curso
universitário e, no mercado de trabalho, desde o segundo ano.
Por isso, o capítulo sobre Jornalismo foi, em sua maioria, escrito sem
muitas referências, diferente de como foram escritos os outros capítulos. Para
nós, o Jornalismo, assim como define o título do capítulo, é a junção entre a
teoria, aprendida na universidade, por intermédio da prática jornalística
aplicada diretamente nos textos, apresentados através de critérios de notícias,
como as perguntas básicas que servem para escrever um lide (parágrafo inicial
das reportagens informativas), entre outras coisas.
E da percepção social: a observação do cotidiano e dos meios sociais
que nos cercam, enquanto cidadãos, e que cerceiam um profissional jornalista,
o que, a nosso ver, só é estimulado conforme as vivências na profissão
aumentam. Essas vivências e esse cotidiano servem para fortalecer a técnica,
nas pautas, por exemplo, que são as propostas iniciais de reportagens.
97
No segundo capítulo, estudamos a história do Jornalismo Científico e
como escrever sobre temas científicos, como é a Saúde, abordada em nossa
monografia. Além de questões relativas a temas e assuntos que são
transversais à C&T, por exemplo, políticas públicas e interesse do público (de
empresas, instituições e pessoas específicas).
O trabalho, como um todo, procurou analisar a problemática que diz
respeito à dificuldade do jornalista para escrever sobre Saúde para os jornais,
ainda mais com públicos como a classe C, que exige um maior cuidado que
escrever para a classe A, por exemplo, já que o nível de entendimento desta é,
supostamente, maior que o daquela. E como o profissional constrói pontes para
vencer esse precipício que é o entendimento do público e os problemas que
pode encontrar na construção dessa ponte: Como o jornalista que cobre a área
da Saúde trabalha os jargões dos profissionais da área médica? De que forma
transforma os termos técnicos da área para a linguagem jornalística? Como ele
trabalha com os conceitos da área científica?
Erbolato (1981, p. 43) aconselha o jornalista que cobre Ciência amenizar
a aridez dos assuntos técnicos, por exemplo, adequando o jargão médico às
palavras que sejam compreensíveis ao público não iniciado na área, de
maneira a produzir o texto com clareza, sem desviar-se do assunto tratado
pelos profissionais da Saúde.
O terceiro capítulo contemplou um pouco da História da Saúde, tendo
em a vista ser tão importante para a sociedade humana, por que os avanços da
medicina são de interesse público. E como o brasileiro enxerga a Ciência.
No quarto capítulo, pudemos esclarecer o que é Pragmática, assunto
ainda mais escasso de material, e percebemos que o trabalho iria contra a
corrente, já que a maioria dos acadêmicos de Comunicação prefere estudar a
Análise de Discurso a Pragmática. Um dos poucos pesquisadores da área,
Manuel Carlos Chaparro, tem apenas um livro sobre o assunto: Pragmática do
Jornalismo, em que visita autores como van Dijk. Mas o ponto positivo do
trabalho é que se ele for bem desenvolvido, por ter poucas referências, pode se
tornar uma delas.
Levando em consideração critérios técnicos deste trabalho, o tempo de
análise, dois meses, foi importante para termos um panorama interessante,
ainda que, em nossa opinião, insuficiente, pois não pudemos, por exemplo,
98
acompanhar mais casos, que começaram em datas dentro desse espaço de
tempo e se estenderam pelos meses seguintes. De qualquer forma, mais que
dois meses de análise daria mais trabalho, levando em consideração ser o
trabalho pragmático bastante árduo.
A Pragmática, por sua vez, demanda esforço extra, afinal, quando se faz
a reportagem da reportagem, pode haver dificuldades em dobro, ou seja, se o
repórter encontra dificuldade para entrevistar algumas fontes, como as ligadas
ao poder público, encontramos a mesma dificuldade, com o acréscimo do fato
de termos esclarecido o motivo da entrevista – a análise do trabalho
profissional e as implicações envolvidas.
Na prática, a Pragmática fica, até certo ponto, impossibilitada, afinal, os
editores, geralmente, não liberam para acompanhar as reuniões de pauta e
acompanhar o jornalista necessitaria de disposição integral de tempo, e
adequação do pesquisador segundo o tempo do jornalista. Mesmo assim, a
análise não ficou defasada, já que, além de conversarmos com os repórteres,
tivemos acesso a algumas fontes, e pudemos fazer conclusões interessantes.
As entrevistas, decidimos fazer depois da análise dos jornais, porque
somente ai teríamos condições de maiores questionamentos sobre o que já
estava pronto. Mesmo assim, gostaríamos de ter feito mais entrevistas, além
do planejado, com mais jornalistas e suas fontes, por exemplo.
Não apenas nesse caso da UTI pediátrica do Hospital Guilherme Álvaro,
a relação imprensa e assessoria de Comunicação se mostra ser complicada,
principalmente para a imprensa. De um lado, jornalistas querendo saber
informações de interesse público e, do outro, assessores com informações
privilegiadas sob controle, guardadas para não manchar a imagem de seu
assessorado.
Quando se fala em assessoria de Comunicação Pública, o problema
tende a ser maior, por que passa a fazer parte dessa relação um quesito
delicado: a Política. Apesar de a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
em seu artigo 19, salientar que toda pessoa tem direito a receber informações,
e o Brasil, após um longo período de regime militar, continuar lutando pelo
direito ao acesso à informação pública, a imagem de políticos, seus partidos e
governos tende, ainda, a ficar em primeiro plano.
99
Já estivemos, durante o curso universitário, estagiando em assessorias
e na imprensa. Portanto, acompanhamos de perto essa problemática.
Sabemos que a imprensa apenas quer, na maioria das vezes, cumprir sua
função social, enquanto que os assessores se veem num impasse: preservar a
imagem de seus assessorados ou repassar informações públicas importantes à
população. Para Caldas (In DUARTE 2002, p. 307), “não existem receitas de
bolo”:
Os manuais com abordagens teóricas e dicas de comportamento ajudam, e muito, mas não resolvem na hora “H”, em que um conflito se estabelece e é necessário administrar crises, idiossincrasias, personalismos e pressões de toda a natureza. Nesses momentos, que não são poucos, é necessário usar de bom-senso, estudar bem cada situação e adotar condutas próprias a cada uso. Obviamente, mantendo sempre a maior transparência possível e a ética indispensável.
Caldas (In DUARTE 2002, p. 312) comenta, ainda, que se pode estar,
momentaneamente, em diferentes “lados do balcão”, enquanto repórter, atrás
da informação pública, ou enquanto assessor, com a informação pública e
procurando preservar a imagem do assessorado. Mas que, no fim, deve-se
prestar atenção, pois todos têm a mesma profissão: são jornalistas.
100
7 - REFERÊNCIAS E OBRAS CONSULTADAS
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104
8 - ANEXOS
8.1 CÓDIGO DE ÉTICA DOS JORNALISTAS BRASILEIROS
O Congresso Nacional dos Jornalistas Profissionais aprova o presente CÓDIGO DE ÉTICA:
O Código de Ética dos Jornalistas que fixa as normas a que deverá subordinar-se a atuação do profissional nas suas relações com a comunidade, com as fontes de informação e entre jornalistas. Do Direito à informação Art. 1° - O acesso à informação pública é um direito inerente à condição de vida em sociedade, que não pode ser impedido por nenhum tipo de interesse. Art. 2° - A divulgação da informação, precisa e correta, é dever dos meios de
divulgação pública, independente da natureza de sua propriedade. Art. 3° - A informação divulgada pelos meios de comunicação pública se pautará pela real ocorrência dos fatos e terá por finalidade o interesse social e coletivo. Art. 4° - A apresentação de informações pelas instituições públicas, privadas e particulares, cujas atividades produzam efeito na vida em sociedade, é uma obrigação social.
Art. 5° - A obstrução direta ou indireta à livre divulgação da informação e a
aplicação de censura ou autocensura são um delito contra a sociedade. Da Conduta Profissional do Jornalista
Art. 6° - O exercício da profissão de jornalista é uma atividade de natureza social e de finalidade pública, subordinado ao presente Código de Ética. Art. 7° - O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade dos fatos,
e seu trabalho se pauta pela precisa apuração dos acontecimentos e sua correta divulgação.
Art. 8° - Sempre que considerar correto e necessário, o jornalista resguardará
a origem e a identidade de suas fontes de informação.
Art. 9° - É dever do jornalista:
- Divulgar todos os fatos que sejam de interesse público;
- Lutar pela liberdade de pensamento e expressão;
105
- Defender o livre exercício da profissão;
- Valorizar, honrar e dignificar a profissão;
- Opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos do Homem;
- Combater e denunciar todas as formas de corrupção, em especial quando exercida com o objetivo de controlar a informação;
- Respeitar o direito à privacidade do cidadão; - Prestigiar as entidades representativas e democráticas da categoria;
Art. 10 - O jornalista não pode:
- Aceitar oferta de trabalho remunerado em desacordo com o piso salarial da categoria ou com tabela fixada pela sua entidade de classe; - Submeter-se a diretrizes contrárias à divulgação correta da informação; - Frustrar a manifestação de opiniões divergentes ou impedir o livre debate; - Concordar com a prática de perseguição ou discriminação por motivos sociais, políticos, religiosos, raciais, de sexo e de orientação sexual; - Exercer cobertura jornalística, pelo órgão em que trabalha, em instituições públicas e privadas onde seja funcionário, assessor ou empregado. Da Responsabilidade Profissional do Jornalista
Art. 11 – O jornalista é responsável por toda a informação que divulga, desde
que seu trabalho não tenha sido alterado por terceiros.
Art. 12 – Em todos os seus direitos e responsabilidades, o jornalista terá apoio
e respaldo das entidades representativas da categoria. Art. 13 – O jornalista deve evitar a divulgação dos fatos: - Com interesse de favorecimento pessoal ou vantagens econômicas; - De caráter mórbido e contrário aos valores humanos.
Art. 14 – O jornalista deve: - Ouvir sempre, antes da divulgação dos fatos,
todas as pessoas objeto de acusações não comprovadas, feitas por terceiros e não suficientemente demonstradas ou verificadas; - Tratar com respeito todas as pessoas mencionadas nas informações que divulgar.
Art. 15 – O Jornalista deve permitir o direito de resposta às pessoas
envolvidas ou mencionadas em sua matéria, quando ficar demonstrada a existência de equívocos ou incorreções.
Art. 16 – O jornalista deve pugnar pelo exercício da soberania nacional, em
seus aspectos político, econômico e social, e pela prevalência da vontade da maioria da sociedade, respeitados os direitos das minorias.
Art. 17 – O jornalista deve preservar a língua e a cultura nacionais. Aplicação
106
do Código de Ética
Art. 18 – As transgressões ao presente Código de Ética serão apuradas e
apreciadas pela Comissão de Ética.
1° - A Comissão de Ética será eleita em Assembléia Geral da categoria, por voto secreto, especialmente convocada para este fim.
2° - A Comissão de Ética terá cinco membros com mandato coincidente com o da diretoria do Sindicato.
Art. 19 – Os jornalistas que descumprirem o presente Código de Ética ficam
sujeitos gradativamente às seguintes penalidades, a serem aplicadas pela Comissão de Ética:
- Aos associados do Sindicato, de observação, advertência, suspensão e exclusão do quadro social do sindicato;
- Aos não associados, de observação pública, impedimento temporário e impedimento definitivo de ingresso no quadro social do Sindicato. Parágrafo Único – As penas máximas (exclusão do quadro social, para os sindicalizados, e impedimento definitivo de ingresso no quadro social para os não sindicalizados), só poderão ser aplicadas após referendo da Assembléia Geral especialmente convocada para este fim.
Art. 20 – Por iniciativa de qualquer cidadão, jornalista ou não, ou instituição atingida, poderá ser dirigida representação escrita e identificada à Comissão de Ética, para que seja apurada a existência de transgressão cometida por jornalista. Art. 21 – Recebida a representação, a Comissão de Ética decidirá sua
aceitação fundamentada ou, se notadamente incabível, determinará seu arquivamento, tornando pública sua decisão, se necessário.
Art. 22 – A aplicação da penalidade deve ser precedida de prévia audiência do jornalista, objeto de representação, sob pena de nulidade.
1° - A audiência deve ser convocada por escrito, pela Comissão de Ética, mediante sistema que comprove o recebimento da respectiva notificação, e realizar-se-á no prazo de dez dias a contar da data de vencimento do mesmo.
2 ° - O jornalista poderá apresentar resposta escrita no prazo do parágrafo anterior ou apresentar suas razões oralmente, no ato da audiência.
3° - A não observância, pelo jornalista, dos prazos neste artigo, implicará a aceitação dos termos da representação.
Art. 23 – Havendo ou não resposta, a Comissão de Ética encaminhará sua
decisão às partes envolvidas, no prazo mínimo de dez dias, contados da data marcada para a audiência.
107
Art. 24 – Os jornalistas atingidos pelas penas de advertência e suspensão
podem recorrer à Assembléia Geral, no prazo máximo de dez dias corridos, a contar do recebimento da notificação. Parágrafo Único – fica assegurado ao autor da representação o direito de recorrer à Assembléia Geral, no prazo de dez dias, a contar do recebimento da notificação, caso não concorde com a decisão da Comissão de Ética.
Art. 25 – A notória intenção de prejudicar o jornalista, manifesta no caso de
representação sem o necessário fundamento, será objeto de censura pública contra o seu autor.
Art. 26 – O presente Código de Ética entrará em vigor após homologação em Assembléia Geral de jornalistas, especialmente convocada para este fim. Art. 27 – Qualquer modificação deste Código somente poderá ser feita em
Congresso Nacional de Jornalista, mediante proposição subscrita no mínimo por 10 delegações representantes de Sindicatos de Jornalistas.
Rio de Janeiro, setembro de 1985.
8.2 TABELA DE ANÁLISE DE JUNHO
ANÁLISE PRAGMÁTICA JORNAIS A TRIBUNA E EXPRESSO POPULAR
período: de 1º a 30 de JUNHO
Dia Jornal Reportagem
Editoria/
página (s) obs.
1
A
Tribuna
Lançada frente de
combate ao crack -
Sandro Thadeu A7
Senat (Seção Núcleo de Atenção
ao Tóxico dependente)
A
Tribuna
Consultório de rua já
está sendo
implementado - Sandro
Thadeu A7 - retranca
A
Tribuna
Peruíbe investiga a
morte de bebê -
Redação A12
o que é ascite? Acúmulo de fluído
protéico na cavidade peritoneal,
que ocorre principalmente devido a
infecções?
A
Tribuna
Celular pode causar
câncer, diz OMS;
fabricantes negam -
Agência Estado C4 - CAPA glioma?
A
Tribuna
OMS diz que surto na
Alemanha é grave C8 Bactéria E. coli
2
A
Tribuna
Atendimento à Saúde
será ampliado -
Alcione Herzog A6
Conjunto Habitacional Cruzeiro do
Sul, morro Nova Cintra
108
A
Tribuna
Risco de câncer usando
celular divide opiniões
- Sandro Thadeu A7 explica glioma
A
Tribuna
Tratamento é bem
aceito por Itamar leucemia
3
A
Tribuna
Acima do peso e com a
vaga ameaçada -
Alcione Herzog A8 - CAPA pesquisas, bulimia e anorexia.
A
Tribuna
Vigilância lacra quase
2 estabelecimentos ao
mês - Redação A12 como reconhecer?
A
Tribuna
Rússia irrita
exportadores de carne C-4
A
Tribuna
Estado quer reduzir a
poluição do ar -
Manuel Alves
Fernandes E1 Cubatão
4
A
Tribuna
Dano ambiental em
mangue: firma é
multada A14 - CAPA
A
Tribuna
Remédios a preço de
custo para aposentados
- Redação CAPA
A
Tribuna
Aposte nas maravilhas
do óleo de coco -
Redação A6 ácido graxo?
A
Tribuna
Bertioga cria quartel-
general para enfrentar
dor crônica A16
título estranho. Reportagem
distante, sem fontes que tenham
alguma dor crônica
A
Tribuna
OMS alerta que E. Coli
pode passar de pessoa
para pessoas - Nota C8
5
A
Tribuna Atenção à bactéria A2 - editorial
A
Tribuna
Vai ao cinema? Exija
óculos limpos para 3
dimensões - Redação A10
Foi aprovado projeto em São
Vicente?
6
A
Tribuna
Assédio moral,
violência que pode
levar à morte - Rafael
Motta A3 - CAPA
7
A
Tribuna
Odílio deixa área da
Saúde. Maria Lígia é a
nova Secretária -
Sandro Thadeu A4 - CAPA Compra HCN.
A
Tribuna
Alemanha não acha
origem de surto C10 E. coli
109
8
A
Tribuna
Estudiosos afastam
risco com bactéria -
Sandro Thadeu A7 - CAPA Boa reportagem
A
Tribuna
Está quase tudo certo
para o hospital. Só
falta a verba - Redação A6
A
Tribuna
Vacinação contra pólio
e sarampo começa dia
18 - Sandro Thadeu A6 segunda fase agosto
A
Tribuna
Anvisa: ração humana
não substitui comida -
Ronaldo Abreu Vaio A7
A
Tribuna
Quiosqueiros de
Guarujá fazem curso
do Sebrae - Redação A11
A
Tribuna
Ganso pretende jogar
as finais, mas médico
praticamente veta -
Marcelo Hazan B2
9
A
Tribuna
Preços dos remédios
têm diferença de 656%
na região - Bruno Rios A3 - CAPA
A
Tribuna
Ex-sede do Naps III
está doente, mas quem
sofre são os vizinhos -
Redação A8
A
Tribuna
Adriano diz que
baladas não afetam
recuperação - Agência
Estado B5
10
A
Tribuna
Existe algo ainda pior
que ter filho na UTI -
Amanda Barbieri A3
11
A
Tribuna
Asma, uma doença que
afeta a todos Coluna - CAPA
A
Tribuna
Tuberculose: índice da
doença em alguns
bairros é assustador -
Sandro Thadeu A8
A
Tribuna
Jaleco, agora, só no
ambiente de trabalho -
Marcelo Luis A11
12
A
Tribuna
Saúde fortalecerá o
quadro funcional -
Sandro Thadeu
A6 -
MANCHETE
A
Tribuna
UTI pediátrica do
HGA A2 - editorial
13 A Com células-trono A2 - editorial
110
Tribuna
14
A
Tribuna
Desativação de UTI
preocupa Câmara -
Redação A4
15
A
Tribuna Prioridades na Saúde A2 - editorial
A
Tribuna
Tem 16 anos? Já pode
doar sangue - Sandro
Thadeu A7
A
Tribuna
Sinal amarelo' volta a
acender com a dengue
- Sandro Thadeu A7
16
A
Tribuna
Novo modelo de
perícia médica vai ser
implantado em 2012 -
Redação C5 - CAPA
A
Tribuna
Agendamento na
região está moroso -
Manuel Alves
Fernandes C5 INSS
17
A
Tribuna
Começa amanhã
vacinação contra a
Poliomielite - Redação A7 - CAPA
18
A
Tribuna
Anemia atinge 56% de
alunos - Simone
Queiróz A11 - CAPA Bom: desdobramentos pesquisa
A
Tribuna Mais auxílios-doença A2 - editorial
A
Tribuna
Quando faz cirurgia ou
tratamento estético?
Agora é uma boa hora
- Sandro Thadeu A6 Jabá? Paciente?
19
A
Tribuna
A vida sexual após 30
anos de AIDS -
Alcione Herzog A6 - CAPA Muito bom
A
Tribuna
Emagrecedores sob a
mira A2 - editorial
A
Tribuna
Parece que foi ontem...
- Beto Volpe Coluna
A
Tribuna
Câmara de Peruíbe
cobra a Saúde -
Redação A12
20
A
Tribuna
Procuram-se técnicos
de enfermagem em
Santos - Sandro
Thadeu A3 - CAPA Muito bom
111
A
Tribuna
Inevitável. Mas pode
ser sem trauma -
Ronaldo Abreu Vaio A8
Entrevista médica-presidente da
Academia Nacional de Cuidados
Paliativos
A
Tribuna
Vicentinos escolhem
áreas que precisam de
melhorias - Victor
Miranda A9
A
Tribuna
Saúde precisa de mais
atenção - Victor
Miranda A9 - retranca
A
Tribuna
Guarujá pretende
afinar sistema de
Saúde em 4 meses -
Simone Queiróz A14
UPAs Jardim Boa Esperança, Pae
Cará, PAM, Usafas Jardim
Progresso e Las Palmas
21
A
Tribuna
Papa anuncia compra
do Hospital dos
Estivadores - Victor
Miranda
A8 -
MANCHETE
A
Tribuna
Consulta terá que ser
em 7 dias - Bruno Rios A7 - CAPA
A
Tribuna
Prevenção pode dar
desconto em plano -
Sandro Thadeu A7 - retranca
A
Tribuna
Energético e cafeína
podem causar vício -
Sandro Thadeu A8
A
Tribuna
Prefeitos da região
criticam Estado e
cobram agilidade -
Victor Miranda A9 - retranca
A
Tribuna
Praia Grande ameaça
fechar leitos - Victor
Miranda A9 - retranca
A
Tribuna
Alckmin anuncia
auditoria nos hospitais
de São Paulo - de São
Paulo
23
A
Tribuna
Os indispensáveis
apoios ao hospital
A
Tribuna
São Vicente começa a
captar córneas para
doação - Victor
Miranda A9
A
Tribuna
Bebê morre em
hospital de Praia
Grande - Suzana
Fonseca A9
112
24
A
Tribuna
Fraudes em hospital de
SP ocorria desde 2005
- de Sorocaba C7
25
A
Tribuna
Cuidado: queimaduras
em alta - Sandro
Thadeu A6 como agir. Bom
26
A
Tribuna
Alerta vermelho -
Flávia Saad
Campus - p. 6 e
7 - CAPA
27
A
Tribuna
Região ganha 67 mil
idosos na década -
Sandro Thadeu
A5 -
MANCHETE
A
Tribuna
Exercitar a mente,
chave para evitar a
degeneração - Sandro
Thadeu A5 - retranca
A
Tribuna Cabras voadoras
C4 e C5 -
CAPA
Ceará inicia criação de
caprinos transgênicos
C4 e C5 -
retranca
A
Tribuna
Indústria' do atestado
médico leva hospitais a
reagir contra as fraudes
- Alcione Herzog A3 - CAPA
A
Tribuna
No inverno, clima que
deixa doente - Redação A3
A
Tribuna
País reforça alerta
sobre bactéria letal -
Redação A3
28
A
Tribuna
Após 2 anos e R$120
mil, nova UBS na
Pompeia - César
Miranda A6
A
Tribuna
Acredite: botox
também é para
enxaqueca - Sandro
Thadeu A6 Cara de Expresso Popular
A
Tribuna
Itamar Franco piora e é
transferido para a UTI
de Brasília C7
29
A
Tribuna
Obesidade infantil: só
esporte não basta -
Sandro Thadeu
A
Tribuna
Alimentação saudável
desde cedo - Sandro
Thadeu retranca
30
A
Tribuna
Samu começa a atuar
até o início de agosto -
Sandro Thadeu A3 Começou?
113
A
Tribuna
Câmara de Peruíbe
quer mais explicações
da Saúde - Redação A12
Por que não foram fazer uma
reportagem?
Dia Jornal Reportagem
Editoria/
página (s) obs.
1
Expresso
Popular
Não perca seu apetite
por isso - Daniela
Paulino
Viva Melhor -
p. 12
2
Expresso
Popular
Essas receitas dão uma
força - Daniela Paulino
Viva Melhor -
p. 12 Muito bom
3
Expresso
Popular
Seja limpinho e evite
problema - Rosana
Rife Geral - p. 4 infográfico
Expresso
Popular
Bactérias a solta -
Nathalia Costeira
Viva Melhor -
p. 12 imagem de vírus
4
Expresso
Popular
Será? - Nathalia
Costeira
Viva Melhor -
p. 12 Inca. Foto é só
5
Expresso
Popular
Será? - Nathalia
Costeira
Viva Melhor -
p. 12 Será? Inca e só
6
Expresso
Popular
No frio, cuide bem
para não ficar sem -
Nathalia Costeira
Viva Melhor -
p. 12
7
Expresso
Popular
Inverno queima
calorias em dobro -
Nathalia Costeira
Viva Melhor -
p. 12
8
Expresso
Popular
Nada de Poliomielite
ou Sarampo por aqui -
Sandro Thadeu Geral - p. 10 Quadro
Expresso
Popular
O que Regina,
Beyoncé e Jennifer têm
em comum? - Nathalia
Costeira
Viva Melhor -
p. 12
9
Expresso
Popular
Preço de remédio na
Baixada varia até
656% - Nathália de
Alcântara
Geral - p. 8 e 9
- MANCHETE
Expresso
Popular
Pronto para encarar? -
Nathalia Costeira
Viva Melhor -
p. 12 Detox
10
Expresso
Popular
UTI pediátrica do
Guilherme Álvaro vai
fechar - Amanda
Barbieri
Geral - p. 8 -
MANCHETE
Expresso
Popular
30 anos após ser
descoberta, AIDS
contamina como nunca
- Nathália de Alcântara Geral - p. 6 e 7
114
11
Expresso
Popular
Para muitas sexo não é
bom presente -
Nathalia Costeira
Viva Melhor -
p. 12
12
Expresso
Popular
Para muitas sexo não é
bom presente -
Nathalia Costeira
Viva Melhor -
p. 12
13
Expresso
Popular
Viver só de ração é
furada! - Nathalia
Costeira
Viva Melhor -
p. 12
14
Expresso
Popular
Tempo frio mexe até
com o seu coração -
Nathalia Costeira
Viva Melhor -
p. 12
15
Expresso
Popular
Milho pode, mas com
alguns cuidados -
Reportagem
Viva Melhor -
p. 12
16
Expresso
Popular
Situações novas podem
assustar - Reportagem
Viva Melhor -
p. 12
17
Expresso
Popular
Transtorno bipolar -
Nathalia Costeira
Viva Melhor -
p. 12 Bom
18
Expresso
Popular
Leve suas crianças
para vacinar - Nathalia
Costeira Geral - p. 3
Expresso
Popular
Estação das crises? Só
se você quiser! -
Nathalia Costeira
Viva Melhor -
p. 12
19
Expresso
Popular
Leve suas crianças
para vacinar -
Reportagem Geral - p. 3
Expresso
Popular
Estação das crises? Só
se você quiser! --
Nathalia Costeira
Viva Melhor -
p. 12
20
Expresso
Popular
Manter os pés quentes
tem preço - Nathalia
Costeira
Viva Melhor -
p. 12
21
Expresso
Popular
Você sabe o que fazer
com eles? - Nathalia
Costeira
Viva Melhor -
p. 12
22
Expresso
Popular
Nova regra para planos
de saúde: consultas em
7 dias - Bruno Rios Geral - p. 5
23
Expresso
Popular
Guenta coraçãooooo! -
Nathália de Alcântara Geral - p. 9 Fotos?
24
Expresso
Popular
Cabelos também
envelhecem - Nathalia
Costeira
Viva Melhor -
p. 12
25
Expresso
Popular
Leite é gostoso demais
- Nathalia Costeira
Viva Melhor -
p. 12 Onde encontram as pesquisas?
115
26
Expresso
Popular
Locais fechados? Nem
pensar - Nathalia
Costeira
Viva Melhor -
p. 12
27
Expresso
Popular
Escolha alimentos
certos - Nathalia
Costeira
Viva Melhor -
p. 12 Não explica o que é diet
28
Expresso
Popular
Aliadas número 1 de
quem quer perder peso
- Nathalia Costeira
Viva Melhor -
p. 12 foto não ajudou. Tabela ajudaria
Expresso
Popular
Onde encontrá-las? -
Nathalia Costeira
Viva Melhor -
p. 12
29
Expresso
Popular
Os olhos caçaram?
Fuja do pó - Nathalia
Costeira
Variedades - p.
27 licopeno só no tomate?
Expresso
Popular
Na Cozinha, essa dupla
é imbatível -
Reportagem
Viva Melhor -
p. 12
Amido? Imagem legal. Publicidade
Clínica Odontológica
30
Expresso
Popular
Boca seca não é só
sede. Pode ser doença -
Nathalia Costeira
8.3 TABELA DE ANÁLISE DE JULHO
ANÁLISE PRAGMÁTICA JORNAIS A TRIBUNA E EXPRESSO POPULAR
período: de 1º a 31 DE JULHO
Dia Jornal Reportagem
Editoria/
página (s) obs.
1
A
Tribuna
Veja que remédios
contra a gravidez são
permitidos - Redação A7
A
Tribuna
Presidente da Regional
Santos da Associação
de Obstetrícia e
Ginecologia de São
Paulo (Sogesp),
Ricardo Saez Ramirez
A7 - retranca -
entrevista
A
Tribuna
Ginecologistas: greve
em setembro - Redação A7
A
Tribuna
Acaba 1ª fase de
vacinação A7 - nota
2
A
Tribuna
Cielo é pego no
antidoping, mas
farmácia assume erro -
Agência Estado B7 - CAPA
A
Tribuna
Médicos não atenderão
a 10 planos - de São C4 - CAPA
116
Paulo
A
Tribuna
Médico brasileiro
revoluciona as
cirurgias de coluna -
Redação A6
A
Tribuna
O oxi e o crack -
Drauzio Varella A6 - coluna
A
Tribuna
Estado de saúde do ex-
presidente Itamar é
grave C4 - nota
A
Tribuna
Chávez admite que
sofre de câncer - de
Caracas C8
3
A
Tribuna
Morre Itamar, o pai do
Plano Real - de São
Paulo C7 - CAPA
A
Tribuna
Nem hormônio do
crescimento pode
alterar a genética -
Redação A7
explica caso de família e outros
fatores
A
Tribuna
Puberdade precoce
desacelera ganho de
altura -Redação A7 - retranca
A
Tribuna
Saúde de Hugo Chávez
preocupa Cuba - de
Havana C8
4
A
Tribuna
Mais jovens e
mulheres estão em
risco - Sandro Thadeu A3 - CAPA cirurgia do coração
A
Tribuna
Busca por
especialização é baixa,
observa médico -
Sandro Thadeu A3 - retranca
A
Tribuna
O honroso legado de
Itamar Franco A2 - editorial
A
Tribuna
Técnica pode recuperar
movimento de
paraplégicos
C5 - Ciência e
Tecnologia
A
Tribuna
Remédio com veneno
de aranha C5 - nota
A
Tribuna Biojudocas C5 - nota
A
Tribuna
Própolis torna plástico
resistente a bactérias C5 - nota
117
5
A
Tribuna
Saúde para as nossas
crianças - Antônio
Carlos Banha Joaquim
(PMDB), advogado e
administrador A2 - coluna
3 meses, Ricardo Hayden e Vera
Pinheiro, gestores
A
Tribuna
Desvio do uso de
analgésico preocupa -
Redação A6
A
Tribuna
Higienização em
óculos 3D ainda é fala
- Redação A8
A
Tribuna
Médico acusado de
molestar pacientes em
Peruíbe é preso -
Redação A11
A
Tribuna
Chávez retorna à
Venezuela, após tratar
câncer em Cuba - de
Caracas C8 - nota
6
A
Tribuna
Cubatão quer evitar
que P.S faça função de
posto de Saúde -
Redação A11 - CAPA
A
Tribuna
Conselho define nova
composição - Redação A11 - retranca
A
Tribuna
TCU vê falha em
controle da Saúde -
Agência Estado C9
A
Tribuna
Hepatite C: justiça
assegura tratamento
gratuito a paciente -
Sandro Thadeu A7
7
A
Tribuna
Saúde doente -
Maurício de Araújo
Zomignani - assistente
social A2 - coluna
A
Tribuna
Cai número de mortes
pela dengue C7 - nota
8
A
Tribuna
Último dia para a dose
contra o sarampo A7 - nota
9
A
Tribuna
Respire fundo: reajuste
dos planos de Saúde é
de 7,69% - Redação
A3 -
MANCHETE
A
Tribuna
Faringite por
estreptococos -
Drauzio Varella
A6 - coluna -
CAPA
118
A
Tribuna
Novo regime para
gastos com Saúde A2 - editorial
A
Tribuna
Refrigerante diet: a
dieta fica apenas no
nome - Redação A6
A
Tribuna
Central online de UTIs
estreia sob crítica -
Michella Guijt A7
A
Tribuna
MP aponta
irregularidades no
Cemas - Suzana
Fonseca A14 Praia Grande
A
Tribuna
Sesap fica surpresa
com o caso A14 - retranca
10
A
Tribuna
Hepatite C terá semana
de prevenção -
Redação A4
11
A
Tribuna
Quando criar animais
vira um problema -
Sandro Thadeu A6 - CAPA
A
Tribuna
"Situação da casa era
desesperadora" -
Sandro Thadeu A6 - retranca
A
Tribuna Efeitos colaterais C5
A
Tribuna
Vacinação atinge
99.324 pessoas A2 - nota Guarujá
12
A
Tribuna
Estado fica sem vacina
antirrábica - Marcos
Mojica A6 - CAPA infográfico bom
A
Tribuna
Falta imunizar 266 mil
crianças contra gripe -
Redação A6
13
A
Tribuna
Mulheres e álcool:
relação delicada -
Fernanda Balbino A7 - CAPA
A
Tribuna
"Dediquei minha vida
ao álcool" - Fernanda
Balbino A4 - retranca
A
Tribuna
Planos terão que
ressarcir hospitais -
Sandro Thadeu A4
A
Tribuna
Para professor, OS é
uma forma de burlar lei A4 - retranca
119
- Sandro Thadeu
A
Tribuna
Prevenção à hepatite
segue até sexta-feira -
Redação A5
14
A
Tribuna
Cielo: decisão na
véspera do Mundial -
de São Paulo B7
15
A
Tribuna
Autismo vira tema de
videoclipe - Victor
Miranda A12
16
A
Tribuna
Prefeitura recebe
chaves do Estivadores
em 15 dias - Redação A4 - CAPA
R$ 13 milhões, 250 leitos
anunciados
A
Tribuna Via Saúde - Redação A4 - retranca
0800-7700732
www.santos.sp.gov.br/saude
A
Tribuna
UBS estende
atendimento de
especialidades -
Redação A4 - retranca Pompeia
A
Tribuna
Médicos programam
paralisações - de
Brasília C4
A
Tribuna
Sono ao volante: fator
potencial para os
acidentes de trânsito -
Fernanda Balbino A7 - CAPA
A
Tribuna
Rebite, uma ameaça
ainda em uso nas
estradas - Fernanda
Balbino A7 - retranca
A
Tribuna
Confira suas vacinas
antes de fazer as malas
- Marcos Mojica A6
A
Tribuna
Clínicas têm 'cardápio'
variado - Marcos
Mojica A6 - retranca
A
Tribuna
O custo da vida -
Drauzio Varella A6 - coluna
17
A
Tribuna
Melhor idade, de bem
com a vida
AT Revista -
CAPA
A
Tribuna
Curso web atualiza
cirurgiões vasculares -
Redação A7
A
Tribuna
Hugo Chávez deixa
governo para
tratamento de câncer
em Cuba - de Caracas C8
120
18
A
Tribuna
Via Saúde começa a
operar hoje, com a
missão de agilizar o
setor - Redação A5 - CAPA
30% das reclamações da Ouvidoria
Saúde
A
Tribuna
2ª dose da vacina será
aplicada até 6ª A4 - nota gripe
A
Tribuna
Morangos atenuam
diabetes tipo 1 C5
A
Tribuna
Agrotóxicos, o grande
problema C5 - retranca
19
A
Tribuna
Cubatão vai rever
ajuda a entidade -
Redação A9 - CAPA
A
Tribuna
Hospital incentiva a
humanização -
Redação A9 - CAPA
A
Tribuna
Vacinação contra
sarampo é prolongada
até esta sexta-feira -
Redação A4 - nota
20
A
Tribuna
Gapa, amor na luta
contra a AIDS - César
Miranda
A8 –
Comunidade
em ação-
CAPA
A
Tribuna
Mariana, a voluntária
mais antiga - César
Miranda A8
A
Tribuna
Estrangeiros vêm
conhecer a iniciativa -
César Miranda
A
Tribuna
Doação: ato que salva
vidas ganha nova força
- Sandro Thadeu A3 - CAPA dados, mitos
A
Tribuna
Captação deve
aumentar na região -
Sandro Thadeu A3
A
Tribuna
Cidade supera meta de
vacinação - Redação A3
21
A
Tribuna
Médicos da Baixada
confirmam suspensão a
planos de Saúde -
Redação A7 - CAPA
A
Tribuna
Grávidas: pintar
cabelo, nem pensar -
Sandro Thadeu A7
22
A
Tribuna
Há problemas, e
muitos. Mas o P. S
Central terá reparos -
Marcos Mojica CAPA Excelente
121
23
A
Tribuna
Região vai erguer 13
UBSs com recursos do
Governo Federal -
Sandro Thadeu A13 - CAPA
A
Tribuna
Esclerose múltipla,
imprevisível e perigosa A6
A
Tribuna
Quando o nariz sangra
- Drauzio Varella A6 - coluna
24
A
Tribuna
Amy Winehouse,
morte anunciada -
Redação E1 - CAPA
A
Tribuna
Onda de assaltos
assusta a Baixada -
Redação A11- CAPA
25
A
Tribuna
Testes de hepatite C
até 6ª feira - Redação A5
26
A
Tribuna
Portabilidade chega
aos planos coletivos -
Redação A7- CAPA
A
Tribuna
Secretários cobram
agilidade na liberação
de recursos da Saúde -
César Miranda A5
A
Tribuna
Hospital dos
Estivadores terá 178,
ao invés de 260 leitos -
Redação A5 - retranca
27
A
Tribuna Questões da Saúde A2 - editorial
A
Tribuna
Em 11 anos, gravidez
na adolescência
diminui 37% - César
Miranda A6
A
Tribuna
Número de filhos cai
pela metade - César
Miranda A6 - retranca
A
Tribuna
Contra as hepatites,
Grupo Esperança -
César Miranda
A8 –
Comunidade
em ação
A
Tribuna
Ong orienta políticas
públicas na área -
César Miranda A8 - retranca
A
Tribuna
Kátia, a 'doutora' mais
dedicada A8 - retranca
28
A
Tribuna
Seringas são
descartadas em via de
São Vicente - Redação A12 - CAPA
122
29
A
Tribuna
Hospital Irmã Dulce
promete só atender
moradores de Praia
Grande - Victor
Miranda A14 - CAPA Praia Grande
A
Tribuna
Entrevista David Uip -
Victor Miranda A14 -retranca
coordenador da Agência de Saúde
da Baixada Santista
30
A
Tribuna
Baixa umidade do ar
deixa Santos em estado
de alerta MANCHETE
A
Tribuna
Pouca fibra, mais
gordura A2 - editorial
A
Tribuna
O prato cheio, mas
pouco saudável do
brasileiro - Ronaldo
Abreu Vaio A6
A
Tribuna
O peso da adolescência
- Drauzio Varella A6 - coluna
31
A
Tribuna
"As cenas e o
sentimento de culpa
me perseguem" -
Nathália de Alcântara A6 - CAPA
A
Tribuna
Mutirão reforça
estoque de sangue de
hospitais- Redação A5
Dia Jornal Reportagem
Editoria/
página (s) obs.
1
Expresso
Popular
Não é bom abusar da
salsicha - Aléssio
Venturelli
Economia - p.
10
tabela de índice de carboidratos e
proteínas. Mas o que são essas
substâncias e o que significam para
a alimentação?
Veja como ter a casa
ideal - Nathalia
Costeira
Viva Melhor -
p. 12 muito bom o infográfico
2
Expresso
Popular
Decisão de médicos
terá grande impacto na
região - Nathália de
Alcântara Geral - p. 5 ostensiva?
Fuja do barbeiro! -
Nathalia Costeira
Viva melhor -
p. 12 infográfico legal
3
Expresso
Popular
Decisão de médicos
terá grande impacto na
região - Nathália de
Alcântara Geral - p. 5 ostensiva?
123
Fuja do barbeiro! -
Nathalia Costeira
Viva melhor -
p. 12 infográfico legal
4
Expresso
Popular
Beba à vontade, sem
culpa - Nathalia
Costeira
Viva Melhor -
p. 12
boa, sobre sucos de laranja de
caixinha
5
Expresso
Popular
Médico é preso em
Peruíbe - Eduardo
Velozo Fuccia
Plantão policial
- p. 13 CAPA paciente teve furúnculo na vagina
6
Expresso
Popular
Friaca continua nas
madrugadas - Amanda
Barbieri Geral - p. 10
Pronto-socorros
bombando - Redação Geral - p. 10
Óculos 3D devem ser
lavados - Nathalia
Costeira
Viva Melhor -
p. 12
7
Expresso
Popular
Dengue mata menos
em 2011
Geral - p. 4
NOTA
Feiras livre. Bom para
o bolso e para sua
saúde - Marcelo Luis
Economia - p.
10
Prevenção por mais
tempo - Nathalia
Costeira
Viva Melhor -
p. 12
8
Expresso
Popular
Evite acidentes com os
filhos
Viva Melhor -
p. 13
9
Expresso
Popular
Reajustes serão de ate
7,69% - Eduardo
Brandão
Geral - p. 10
CAPA
7 razoes pra caminhar -
Sem assinatura
Viva Melhor -
p. 12
10
Expresso
Popular
Reajustes serão de ate
7,69% - Eduardo
Brandão
Geral - p. 10
CAPA
7 razoes pra caminhar -
Sem assinatura
Viva Melhor -
p. 12
11
Expresso
Popular
O que fazer com quem
usa drogas - Amanda
Barbieri Geral - p. 8
Luta pra sair da noia e
solitária - Amanda
Barbieri Geral - p. 9 muito bom
Saber escolher faz a
diferença - Sem
assinatura
Viva Melhor -
p. 12 sobre cremes hidratantes
124
12
Expresso
Popular
Frio e vento gelado
castigam os idoso -
Agencia Estado
Viva Melhor -
p. 12
13
Expresso
Popular
Sabendo usar não vai
fazer mal - Nathalia
Costeira
Viva Melhor -
p. 12 bombinha para asma
14
Expresso
Popular
Jovem obesa de São
Vicente perde 4 kg
num mês - Amanda
Barbieri Geral - p. 3
Ele não quer saber sua
idade - Nathalia
Costeira
Viva Melhor -
p. 12
Cielo será réu no
próximo dia 20 -
Agencia Estado
15
Expresso
Popular
Eles precisam ainda
mais (e melhor) da
saúde! - Sem
assinatura
Viva Melhor -
p. 12
16
Expresso
Popular
Seis dicas pra você
cuidar das unhas -
Nathalia Costeira
Viva Melhor -
p. 12
17
Expresso
Popular
Seis dicas pra você
cuidar das unhas -
Nathalia Costeira
Viva Melhor -
p. 12
18
Expresso
Popular
Da pra dar um trato no
sorriso na faixa - Fabio
Lemos Lopes
Economia - p. 8
CAPA
Iogurte-se - Fernanda
Lopes
Variedades - p.
24
19
Expresso
Popular
Alimentação dos
jovens só piora - Sem
assinatura
Viva Melhor -
p. 12
Capa para bolsa de
água quente - Fernanda
Lopes
Variedades - p.
24
20
Expresso
Popular
Vacinação contra o
sarampo acaba sexta
Fique esperto -
p. 2 NOTA
Pra comer não tem
tempo ruim - Nathalia
de Alcântara Geral - p. 8
Trabalhadores
esvaziam o prato -
Nathalia de Alcântara Geral - p. 9
Ta com tosse? Melhor
falar com o medico -
Agencia Estado
Viva Melhor -
p. 12
125
21
Expresso
Popular
Mosquito da dengue
mira nos novinhos -
Flavio Lemos Lopes Geral - p. 4
Você escuta bem?
Então, cuide-se! - Sem
assinatura
Viva Melhor -
p. 12
22
Expresso
Popular
Região terá cartão da
Saúde - Bruno Rios Geral - p. 10
Dieta pode reduzir
sintomas - Daniela
Paulino
Viva Melhor -
p. 12 artrite reumática
23
Expresso
Popular
Super dieta do arroz
integral promete… -
Nathalia Costeira
Viva Melhor -
p. 12
24
Expresso
Popular
Super dieta do arroz
integral promete… -
Nathalia Costeira
Viva Melhor -
p. 12
25
Expresso
Popular
Hepatite pode ser
diagnosticada Se liga - p. 2
Leitora do Embaré esta
brava com atendimento
no NAPs III
Palavra do
leitor - p. 6
Eles são loucos por
salada - Nathalia
Costeira
Viva Melhor -
p. 12
Xô, gripe! - Fernanda
Lopes
Variedades - p.
24
26
Expresso
Popular
Todo cuidado e pouco
para fugir delas -
Nathalia Costeira
Viva Melhor -
p. 12 hepatites
27
Expresso
Popular
Plano de Saúde da
Santa Casa deixa
leitora de cabelos em
pé
Palavra do
leitor - p. 6
Aparelho acaba com
barulho - Nathalia
Costeira
Viva Melhor -
p. 12
28
Expresso
Popular
Nova regra de
portabilidade começa
hoje - Bruno Rios
Economia - p. 8
CAPA
Quem pode descobrir o
que esse garoto tem? -
Amanda Barbieri
Geral - p. 4
CAPA
De olho neles, meninos
- Nathalia Costeira
Viva Melhor -
p. 12 câncer de testículos
29
Expresso
Popular
A galera ta comendo
muito mal - Nathalia de Alcântara
126
A grande vila das
mulheres - Nathalia
Costeira
Viva Melhor -
p. 12
30
Expresso
Popular
Irma Dulce atendera
sim gente de for a -
Sem assinatura Geral - p. 4
Procedimentos vão
aumentar - Cesar
Miranda Geral - p. 5 planos de saúde
31
Expresso
Popular
Melhor ficar bem
longe dos docinhos -
Nathalia Costeira
Viva Melhor -
p. 12
Ele e bom e faz bem
para o corpo -
Fernanda Lopes
Variedades - p.
24
127
8.4 REPORTAGENS ANALISADAS
8.4.1
128
8.4.2
Existe algo ainda pior que ter filho na UTI
Fechamento do setor no Guilherme Álvaro preocupa pais de pacientes Três crianças aguardam pela transferência para outras unidades
Amanda Barbieri – da Redação
(Publicado no jornal A Tribuna, 10 de junho de 2011, página A-3)
Existe algo pior do que ter um filho em uma Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) Pediátrica? Infelizmente, para os pais de crianças internadas na
UTI do Hospital Guilherme Álvaro (HGA), em Santos, a resposta é sim. Desde
o início da semana, os pais dos pacientes foram informados que a UTI seria
fechada e que seus filhos seriam transferidos para outras unidades ou para a
pediatria do próprio hospital. O motivo? Segundo os pais dos pacientes, falta
de médicos, já que pelo menos três pediram demissão e não foram repostos.
Já de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, a causa é uma reforma
que terá início segunda-feira. O fato é que ontem, apenas três crianças
permaneciam na UTI aguardando um local para ficar. Além do medo de que
seus filhos fossem internados em outros municípios, os pais das crianças que
passaram da UTI para a pediatria temiam que elas ainda não estivessem bem
o suficiente para trocarem a terapia intensiva por leitos comuns.
O CAOS - Um pai, que não quis de identificar, contou que sete médicos
pediram demissão e que estão tentando abafar o caso com a história que de
haverá uma reforma. "É uma vergonha o que está acontecendo. Meu filho
entrou na UTI com um problema respiratório e querem mandar ele para um
hospital longe daqui". Segundo ele, a situação é precária. "Não tem nem luva
para os médicos. Está faltando tudo. Estamos perdendo um atendimento que
sempre foi muito bom". O mesmo medo tem outra mãe, que está com o filho de
10 anos, com paralisia cerebral, entubado. "Ele entrou para colocar uma sonda
no estômago porque não se alimenta direito. Piorou e desde o dia 14 do mês
passado está na UTI. Se mandarem ele para longe, vou junto. Não abandono
meu filho, mas não sei como vou fazer". Outra mãe diz que seu bebê foi
transferido da UTI para a pediatria, mas que tem recebido os cuidados
129
necessários. "Meu filho vem apresentando melhora e continua com o oxigênio.
Somos leigos, mas acho que os médicos que ficaram estão fazendo tudo para
atender as crianças, inclusive, trabalhando em horário ampliado". Segundo ela,
três médicos pediram demissão e a maior preocupação agora é com os
pacientes que vão chegar.
Médico sai. Vaga não é preenchida
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Santos e
Região, Paulo Pimentel, confirma os pedidos de demissões dos médicos do
HGA e diz que essas vagas não foram repostas. "Nós confirmamos a
informação e a nossa diretoria está reunida (ontem à noite) com a diretoria do
hospital para definir o que será feito a respeito". Em nota, a Secretaria de
Estado da Saúde informa que a UTI Pediátrica será reformada e modernizada
a partir de segunda-feira. O investimento será de R$ 300 mil e a obra deve
durarcercade90dias. Dentro do projeto estão previstas trocas de pisos, pintura,
implantação de área específica para diálise e hemodiálise, manutenção e
ampliação da rede de ar condicionado central, manutenção geral da rede de
gases de ar comprimido e oxigênio, entre outras mudanças.
TRANSFERÊNCIA - Ainda segundo a assessoria, para que as crianças não
fiquem sem assistência, o hospital acertou com o Departamento Regional de
Saúde de Santos a transferência dos pacientes da UTI Pediátrica para
hospitais de Cubatão, Praia Grande e Itanhaém. Segundo o Estado, há três
crianças na terapia intensiva do Guilherme Álvaro, que deverão ser transferidas
até domingo, por intermédio de uma ambulância equipada com todos os
recursos de uma UTI. Os médicos plantonistas vão reforçar o atendimento na
ala semi-intensiva e na UTI Neonatal, para onde algumas crianças foram
levadas.
130
8.4.3
UTI pediátrica do HGA
Editorial
(Publicado no jornal A Tribuna, 12 de junho de 2011, página A-2)
É das mais preocupantes a notícia de que a UTI pediátrica do Hospital
Guilherme Álvaro, em Santos, seria fechada nesta segunda-feira, e as crianças
ali internadas três, no final de semana transferidas ou para a ala infantil
convencional do mesmo estabelecimento, ou para alguma outra unidade do
gênero, na região. O temor é o de que se instale uma situação crítica, na qual
as famílias que dependem da rede pública de saúde fiquem sem um local
especializado para tratamento de seus pequenos pacientes que exijam maiores
cuidados. A Secretaria Estadual de Saúde nega, porém a hipótese, e informa
que a UTI será fechada apenas para uma ampla reforma, que deve durar três
meses. Por isso, as crianças vão mesmo ser removidas, mas em condições
adequadas, enquanto o setor de internação infantil semi-intensiva terá as
equipes reforçadas. Espera-se, então, que as coisas realmente aconteçam
dessa forma. Entretanto, há versões de que a falta de médicos é que está
prejudicando o normal funcionamento da UTI pediátrica. Segundo se apurou,
três profissionais pediram demissão, e as vagas não foram repostas. Se é
verdade, o que se cobradas autoridades estaduais são medidas rápidas para
recompor o quadro médico, a fim de que o atendimento no Guilherme Álvaro
não seja afetado, levando desassossego às camadas da população que não
podem prescindir dos seus serviços.
131
8.4.4
Desativação de UTI preocupa Câmara Fechamento temporário da UTI Pediátrica no HGA gerou críticas e
questionamentos ao Governo do Estado
Da Redação
(Publicado no jornal A Tribuna, 14 de junho de 2011, página A-4)
A desativação temporária da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do
Hospital Guilherme Álvaro (HGA), ontem, originou preocupação e
questionamentos na Câmara de Santos. Um requerimento do vereador Antonio
Carlos Banha Joaquim (PMDB) solicita explicações sobre a alegada reforma do
local ao Governo do Estado. O documento será encaminhado também ao
Ministério Público (MP). "A Secretaria (de Estado da Saúde) informou que trata-
se de uma reforma, mas há informações de que o motivo real é a falta de
médicos na unidade", disse o parlamentar. O caso foi alvo de reportagem
publicada em A Tribuna, na sexta-feira. Em nota, a Secretaria de Estado da
Saúde informa que a unidade passará por uma reforma de modernização. O
hospital acertou com o Departamento Regional de Saúde de Santos a
transferência dos pacientes da UTI Pediátrica para hospitais de Cubatão, Praia
Grande e Itanhaém. É justamente isso que causou estranheza ao vereador.
"Como uma unidade de tamanha importância para o SUS é desativada, de uma
hora para outra, sem que haja uma outra disponibilizada para o atendimento na
própria Cidade?", questiona. "Não aceitamos ficar sem esse serviço essencial".
O autor da proposta elogiou o trabalho desenvolvido pela direção do hospital,
mas não poupou críticas à gestão da Secretaria de Estado da Saúde. "Temos
notícias de que os recursos não são suficientes para uma administração de
excelência". O Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Santos e Região
confirmou que sete médicos pediram demissão do HGA e que essas vagas não
foram repostas. "Só de boa vontade as coisas não acontecem. É preciso
132
direcionar recursos humanos e financeiros para que o status de referência seja
mantido no hospital", finaliza Banha.
8.5 NOTAS DA ASSESSORIA DE IMPRENSA DA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO
8.5.1 Nota 1
04/06/11 - Nota oficial - O Hospital Guilherme Álvaro esclarece que a UTI
pediátrica da unidade será reformada e modernizada a partir da próxima
segunda-feira, 13 de junho. O investimento será de R$ 300 mil.
Haverá trocas de pisos, pintura geral, readequação do espaço físico dos leitos,
implantação de área específica para diálise e hemodiálise, revisão da planta de
energia elétrica, manutenção e ampliação da rede de ar condicionado central.
Também será realizada a manutenção geral dos equipamentos de ventilação e
monitores e da rede de gases de ar comprimido e oxigênio, além de sinalização
das portas e dos quadros de aviso.
Para que as crianças não fiquem sem assistência, o hospital acertou com o
Departamento Regional de Saúde de Santos a transferência dos pacientes
internados na UTI pediátrica para hospitais da região. Neste momento há três
crianças na terapia intensiva do Guilherme Álvaro. Elas deverão ser
transferidas até domingo, por intermédio de uma ambulância equipada com
todos os recursos de uma UTI.
Os médicos plantonistas vão reforçar o atendimento na ala semi-intensiva e na
UTI Neonatal. A reforma deve durar cerca de 90 dias.
Hospital Guilherme Álvaro
Assessoria de Imprensa
Observação: a NOTA 1 foi divulgada duas vezes: a primeira, dia 04/06/11 e a
segunda, no dia 10/06/11
8.5.2 Nota 2
14/06/11 - Nota oficial - O Hospital Guilherme Álvaro esclarece que a UTI
pediátrica da unidade será reformada e modernizada a partir desta segunda-
feira, 13 de junho. O investimento será de R$ 300 mil.
133
Haverá trocas de pisos, pintura geral, readequação do espaço físico dos leitos,
implantação de área específica para diálise e hemodiálise, revisão da planta de
energia elétrica, manutenção e ampliação da rede de ar condicionado central.
Também será realizada a manutenção geral dos equipamentos de ventilação e
monitores e da rede de gases de ar comprimido e oxigênio, além de sinalização
das portas e dos quadros de aviso.
Para que as crianças não fiquem sem assistência, o hospital acertou com o
Departamento Regional de Saúde de Santos a transferência dos pacientes
internados na UTI pediátrica para hospitais da região.
Os médicos plantonistas vão reforçar o atendimento na ala semi-intensiva e na
UTI Neonatal. A reforma deve durar cerca de 90 dias.
Não haverá cancelamento de cirurgias por conta da reforma.
Hospital Guilherme Álvaro
Assessoria de Imprensa
Observação: a NOTA 2 foi divulgada duas vezes: a primeira, dia 14/06/11 e a
segunda, no dia 05/07/11
8.5.3 Nota 3
15/09/11- NOTA OFICIAL - O Hospital Guilherme Álvaro esclarece que a morte
de menina E.L.V.S, de 2 anos, não tem nenhuma relação com o fechamento
temporário da UTI pediátrica do hospital, como sugere, erroneamente, a
reportagem “Uma cirurgia, nenhuma UTI e muita tristeza para a família”,
publicada em A Tribuna de 15/09/11. Em nenhum momento o jornal questionou
o hospital sobre este caso específico, limitando-se apenas a perguntar sobre o
atraso na reforma da UTI.
A criança, vítima de uma paralisia cerebral grave, foi internada no hospital no
dia 22 de agosto depois de passar por uma gastrostomia (colocação de sonda
no estômago para alimentação).
Durante todo o período a menina ficou internada num dos seis leitos da
unidade de terapia semi-intensiva e sob cuidado de médicos pediatras gerais,
intensivistas e da equipe intensivista da Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
Neonatal. Mesmo nessa unidade a criança foi monitorada 24 horas e estava
134
amparada com todos os equipamentos necessários de uma UTI Pediátrica,
incluindo respiradores e monitores.
A criança morreu na manhã desta terça-feira, 14 de setembro, devido a uma
infecção generalizada, uma vez que era imunologicamente deprimida e muito
suscetível a infecções.
Quanto à reforma da UTI pediátrica, o Hospital Guilherme Álvaro esclarece que
houve uma mudança no projeto da obra e que serão necessários mais 60 dias
para sua conclusão. Haverá trocas de pisos, pintura geral, readequação do
espaço físico dos leitos, implantação de área específica para diálise e
hemodiálise, revisão da planta de energia elétrica, manutenção e ampliação da
rede de ar condicionado central.
Também será realizada a manutenção geral dos equipamentos de ventilação e
monitores e da rede de gases de ar comprimido e oxigênio, além de sinalização
das portas e dos quadros de aviso.
Não haverá cancelamento de cirurgias por conta da reforma.
Pacientes que necessitam de UTI pediátrica estão sendo encaminhados a
outras unidades de saúde da Baixada Santista e, se necessário, para hospitais
da capital e região metropolitana.
Hospital Guilherme Álvaro
Assessoria de Imprensa
8.5.4 Nota 4
20/09/11 - Nota oficial - O Hospital Guilherme Álvaro esclarece que a UTI
pediátrica da unidade foi fechada provisoriamente em junho deste ano para ser
reformada e modernizada. Crianças que necessitarem de leitos de terapia
intensiva não estão sem assistência. Elas são encaminhadas a outros serviços
de saúde da Baixada Santista.
O investimento total da obra é de R$ 300 mil. Haverá troca de pisos, renovação
de pintura geral, readequação do espaço físico dos leitos, implantação de área
específica para diálise e hemodiálise, revisão da planta de energia elétrica,
manutenção e ampliação da rede de ar condicionado central.
135
Também será realizada a manutenção geral dos equipamentos de ventilação e
monitores e da rede de gases de ar comprimido e oxigênio, além de sinalização
das portas e dos quadros de aviso.
A previsão é que a reforma seja concluída até o final desse ano.
Quanto à questão do valor dos plantões, a Secretaria de Estado da Saúde
criou uma mesa de negociação, com a participação do Conselho Regional de
Medicina, Associação Paulista de Medicina e Sindicato dos Médicos para
discutir o novo plano de cargos e salários da categoria, visando promover uma
ampla revisão da remuneração concedida não somente aos médicos que
atuam em toda a rede pública estadual. A expectativa é de que a proposta seja
formatada ao longo deste segundo semestre e submetida, posteriormente, a
votação pela Assembleia Legislativa.
Hospital Guilherme Álvaro
Assessoria de Imprensa
8.5.5 Nota 5
27/09/11 – Nota Oficial - O Hospital Guilherme Álvaro esclarece que as
cirurgias pediátricas eletivas (não urgentes) que precisam de retaguarda de UTI
estão sendo encaminhadas a outros serviços hospitalares da região, até que a
reforma da UTI Pediátrica do Guilherme Álvaro seja concluída.
Hospital Guilherme Álvaro
Assessoria de Imprensa
8.5.6 Nota 6
28/09/11 – Nota Oficial - O Hospital Guilherme Álvaro esclarece, que desde o
fechamento temporário da UTI Pediátrica, apenas cirurgias pediátricas eletivas
(não urgentes) que precisam de retaguarda de UTI estão sendo encaminhadas
a outros serviços hospitalares da região, até que a reforma seja concluída. Isto
significa que as crianças não estão sem assistência, mas apenas que estão
sendo submetidas temporariamente a cirurgias em outros hospitais. As demais
cirurgias pediátricas eletivas que não precisam da retaguarda de uma UTI
continuam acontecendo normalmente. A obra na UTI pediátrica vem sendo
realizada dentro do cronograma e deve ser finalizada em 60 dias. Quanto à
136
questão dos salários dos médicos, a Secretaria de Estado da Saúde esclarece
que foi criada uma mesa de negociação, com a participação do Conselho
Regional de Medicina, Associação Paulista de Medicina e Sindicato dos
Médicos para discutir o novo plano de cargos e salários da categoria, visando
promover uma ampla revisão da remuneração concedida não somente aos
médicos que atuam em toda a rede pública estadual. A expectativa é de que a
proposta seja formatada ao longo deste segundo semestre e submetida,
posteriormente, a votação pela Assembleia Legislativa.
Hospital Guilherme Álvaro
Assessoria de Imprensa
137