2010 doutorado ulisses admar barbosa vicente monteiro

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  • SIMULAO TERMODINMICA DE TURBINAS A GS PARA DIAGNSTICO

    DE FALHAS

    Ulisses Admar Barbosa Vicente Monteiro

    Tese de Doutorado apresentada ao Programa de

    Ps-graduao em Engenharia Ocenica,

    COPPE, da Universidade Federal do Rio de

    Janeiro, como parte dos requisitos necessrios

    obteno do ttulo de Doutor em Engenharia

    Ocenica.

    Orientador: Carlos Rodrigues Pereira Belchior

    Rio de Janeiro

    Julho de 2010

    COPPE/UFRJCOPPE/UFRJ

  • iii

    Monteiro, Ulisses Admar Barbosa Vicente

    Simulao Termodinmica de Turbinas a Gs para

    Diagnstico de Falhas/ Ulisses Admar Barbosa Vicente

    Monteiro. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2010.

    XV, 148 p.: il.; 29,7 cm.

    Orientador: Carlos Rodrigues Pereira Belchior

    Tese (doutorado) UFRJ/ COPPE/ Programa de

    Engenharia Ocenica, 2010.

    Referencias Bibliogrficas: p. 139-142.

    1. Turbinas a Gs. 2. Modelo Termodinmico. 3.

    Estimao de Parmetros. 4. Diagnstico de Falhas I.

    Belchior, Carlos Rodrigues Pereira. II. Universidade

    Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de

    Engenharia Ocenica. III. Titulo.

  • iv

    DEDICATRIA

    minha me e aos meus irmos.

    co-autora da Tese: minha esposa Lucy.

  • v

    AGRADECIMENTOS

    - Ao professor Carlos Belchior, pelo empenho em resolver diversos problemas

    que surgiram ao longo do desenvolvimento da tese;

    - Aos meus sogros, Maria e Paulo Hori, pelos conselhos, orientaes e amizade

    que tenho recebido desde que Deus os colocou na minha vida;

    - Aos amigos do LEME/LEDAV: Denise, D. Carmen, Francisco, Hualber, J.

    Vileti, Luiz, Severino e Troyman pelo apoio e incentivo durante o desenvolvimento da

    tese;

    - ANP, que financiou este estudo, e me deu a oportunidade de desenvolver um

    trabalho que pode ser aplicado na rea de petrleo e gs;

  • vi

    Resumo da Tese apresentada COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessrios

    para a obteno do grau de Doutor em Cincias (D.Sc.)

    SIMULAO TERMODINMICA DE TURBINAS A GS PARA DIAGNSTICO

    DE FALHAS

    Ulisses Admar Barbosa Vicente Monteiro

    Julho/2010

    Orientador: Carlos Rodrigues Pereira Belchior

    Programa: Engenharia Ocenica

    As plataformas de petrleo dependem das turbinas a gs para o atendimento da

    sua demanda eltrica, quer na gerao de energia eltrica, quer no acionamento de

    bombas e compressores.

    A anlise do desempenho de turbinas a gs permite a deteco, isolamento e

    quantificao de falhas que afetam os parmetros de desempenho de cada componente.

    Para realizar esta anlise, foram desenvolvidos dois softwares: um para analisar o

    desempenho de uma turbina a gs com turbina livre de potncia; e outro para simular a

    operao da turbina a gs na condio de falha.

    Para identificar as falhas implantadas, duas tcnicas de estimao de parmetros

    foram implementadas em e utilizadas, dependendo das seguintes situaes: (i) o nmero

    dos parmetros dependentes (presso, temperatura, rotao, etc.) maior ou igual ao

    nmero dos parmetros de desempenho (vazes em massa e eficincias dos

    componentes) utilizado para identificar as falhas, ou (ii) o nmero dos parmetros

    dependentes menor do que o nmero dos parmetros de desempenho.

  • vii

    Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

    requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)

    GAS TURBINE FAULT DIAGNOSTICS THROUGH GAS PATH ANALYSIS

    Ulisses Admar Barbosa Vicente Monteiro

    July/2010

    Advisor: Carlos Rodrigues Pereira Belchior

    Department: Ocean Engineering

    The oil platforms rely on gas turbines to meet its electrical demand, both in

    power generation and to drive pumps and compressors.

    Gas turbine performance analysis allows the detection, isolation and

    quantification of faults that affect the performance parameters of each component. A

    thermodynamic model was developed to simulate several faults that affect the

    performance of a gas turbine with free power turbine. To estimate the implanted faults,

    two techniques for optimal parameter estimation were implemented and tested.

    The use of these techniques depends on two distinct situations: (i) if the number

    of dependent parameters (pressure, temperature, rotation, etc.) is greater than or equal to

    the number of performance parameters (components mass flows and efficiencies ) used

    for fault estimation, or (ii) if the number of dependent parameters is smaller than the

    number of performance parameters.

  • viii

    NDICE

    LISTA DE SMBOLOS ................................................................................................. XI

    1- INTRODUO ........................................................................................................... 1

    2- OBJETIVO DA TESE ................................................................................................. 3

    2.1- Organizao da Tese ................................................................................................. 3

    3- PESQUISA BIBLIOGRFICA ................................................................................... 5

    3.1- Caractersticas das Falhas que Afetam o Desempenho da Turbina a Gs ................ 5 3.1.1- Depsito de Material nas Palhetas (Fouling) ..................................................... 5 3.1.2- Eroso ................................................................................................................. 6 3.1.3- Corroso ............................................................................................................. 7 3.1.4- Folga no Topo das Palhetas do Rotor (Tip Clearance) ...................................... 7 3.1.5- Danos Causados por Objetos Domsticos .......................................................... 8 3.1.6- Outras Falhas que Afetam o Desempenho da Turbina a Gs ............................. 8

    3.2- Metodologias de Anlise do Desempenho de Turbinas a Gs .................................. 9 3.2.1- Anlise do Desempenho de Turbinas a Gs (GPA) ........................................... 9 3.2.2- Mtodo Linear de Anlise do Caminho de Gs LGPA ................................. 11 3.2.3- Mtodo de Anlise do Caminho de Gs No-Linear NLGPA ...................... 14 3.2.4- Mtodo Linear Baseado nos Filtros de Kalman LKF ................................... 15 3.2.5- Mtodo No-Linear Baseado nos Filtros de Kalman NLKF......................... 16 3.2.6- Mtodo Linear Baseado nos Mnimos Quadrados Ponderados LWLS......... 16 3.2.7- Mtodo No-Linear Baseado nos Algoritmos Genticos NLGA.................. 16 3.2.8- Mtodos Baseados nas Redes Neurais Artificiais - ANN ................................ 17 3.2.9- Mtodos Baseados na Teoria Bayesiana .......................................................... 18 3.2.10- Mtodos Baseados nos Sistemas Especialistas - SE ...................................... 19 3.2.11- Mtodos Baseados na Lgica Fuzzy LF ..................................................... 19

    3.3- Comparao entre as Metodologias Apresentadas .................................................. 20

    4- ANLISE EXERGTICA DOS COMPONENTES DA TURBINA A GS ........... 22

    4.1- Anlise Exergtica .................................................................................................. 22 4.1.1- Definindo Exergia ............................................................................................ 22 4.1.2- Componentes da Exergia .................................................................................. 23 4.1.2- Balano Exergtico Para um Volume de Controle ........................................... 23 4.1.3- A Eficincia Exergtica () .............................................................................. 25

    4.2- Comparao entre a Eficincia Isentrpica () e a Eficincia Exergtica () ........ 26 4.2.1- Processo de Expanso Adiabtica na Turbina.................................................. 26 4.2.2- Processo de Compresso Adiabtico no Compressor ...................................... 30 4.3- Anlise Exergtica do Compressor ..................................................................... 31 4.4- Anlise Exergtica da Cmara de Combusto .................................................... 32 4.5- Anlise Exergtica das Turbinas ......................................................................... 33

  • ix

    5- MODELO TERMODINMICO DE UMA TURBINA A GS DE DOIS EIXOS.. 35

    5.1- Introduo ............................................................................................................... 35 5.1.1- Simulao do Desempenho no Ponto e Fora do Ponto de Projeto ................... 36 5.1.2- Hipteses Consideradas na Simulao de Desempenho .................................. 36

    5.2- Modelo Termodinmico dos Dutos de Admisso e de Exausto ............................ 38 5.2.1- Incorporao de Perda de Presso Varivel ao Longo da Turbina a Gs ........ 38 5.2.2- Incorporao da Perda de Presso Varivel no Duto de Entrada no Ponto de Projeto (DP) ................................................................................................................ 41 5.2.3- Incorporao da Perda de Presso Varivel no Duto de Entrada Fora do Ponto de Projeto (ODP) ........................................................................................................ 41

    5.3- Modelo Termodinmico do Compressor................................................................. 42 5.3.1- Modelo no Ponto de Projeto (DPA) ................................................................. 42 5.3.2- Mapas de Desempenho dos Compressores ...................................................... 45 5.3.2.1- Fatores de Escala do Compressor.................................................................. 46 5.3.3- Modelo Fora do Ponto de Projeto (ODP) ......................................................... 51

    5.4- Modelo Termodinmico da Cmara de Combusto ................................................ 53 5.4.1- Modelo Operando no Ponto de Projeto (DPA) ................................................ 53 5.4.2- Mapas de Desempenho da Cmara de Combusto .......................................... 55 5.4.2.1- Fatores de Escala da Cmara de Combusto ................................................. 56 5.4.3- Modelo Operando Fora do Ponto de Projeto (ODP) ........................................ 58

    5.5- Modelo Termodinmico da Turbina ....................................................................... 59 5.5.1- Modelo para Operao no Ponto de Projeto (DPA) ......................................... 60 5.5.2- Mapas de Desempenho das Turbinas ............................................................... 64 5.5.2.1- Fatores de Escala da Turbina ........................................................................ 64 5.5.3- Modelo para a Operao Fora do Ponto de Projeto (ODP) .............................. 71

    5.6- Aplicao do Mtodo de Newton-Raphson na Resoluo do Problema da Operao Fora do Ponto de Projeto (ODP) .................................................................................... 72

    5.7- Comparao Entre o Modelo Termodinmico Desenvolvido e o Modelo do BRINGHENTI (1999) .................................................................................................... 76

    6 TCNICAS DE ESTIMAO DE PARMENTROS APLICADAS ANLISE DE UMA TURBINA A GS DE DOIS EIXOS ........................................................... 80

    6.1- Introduo ............................................................................................................... 80

    6.2- Teoria dos Mtodos de Estimao de Parmetros ................................................... 81

    6.3- Formulao Iterativa da Tcnica de Estimao de Parmetro Baseada na Mxima Verossimilhana ............................................................................................................. 85

    6.3.1- Algoritmo Computacional Baseado no Mtodo de Levenberg-Marquardt ...... 89 6.3.2- Anlise Estatstica dos Parmetros Estimados ................................................. 90 6.3.3- Anlise Residual dos Parmetros Estimados ................................................... 92

  • x

    6.4- Formulao Iterativa da Tcnica de Estimao de Parmetros Baseada na Varincia Mnima (Mximo Posteriori)....................................................................................... 93

    6.4.1- Algoritmo Computacional do Mtodo de Estimao de Parmetro ................. 96 6.4.2- Anlise Estatstica dos Parmetros Estimados ................................................. 96 6.4.3- Anlise Residual dos Parmetros Estimados ................................................... 98

    6.5- Simulao de Falhas no Modelo Termodinmico da Turbina a Gs ...................... 98 6.5.1- Efeito das Falhas nos Parmetros de Desempenho .......................................... 98 6.5.2- Instrumentao utilizada nas Turbinas a Gs ................................................... 99 6.5.3- Incertezas na Medio dos Parmetros Dependentes ..................................... 100 6.5.4- Simulao das Medies ................................................................................ 100

    6.6- Metodologia de Diagnstico de Falhas ................................................................. 103 6.6.1- Situao I: M N ........................................................................................... 103 6.6.2- Situao II: M < N .......................................................................................... 104

    7- ESTUDO DE CASOS E ANLISE DOS RESULTADOS .................................... 107

    7.1- Simulao das Falhas ............................................................................................ 112

    7.2- Identificao de Falhas na Situao I (M N) ...................................................... 114 7.2.1- Deteco de Falhas Implantadas no Compressor ........................................... 114 7.2.2- Deteco de Falhas Implantadas na Turbina do Compressor ........................ 118 7.2.3- Deteco de Falhas Implantadas na Turbina de Potncia .............................. 121 7.2.4- Deteco de Mltiplas Falhas ........................................................................ 125

    7.3- Identificao de Falhas na Situao II (M < N) .................................................... 127 7.3.1- Anlise das Falhas Implantadas: Caso 01 ...................................................... 128 7.3.2- Anlise das Falhas Implantadas: Caso 02 ...................................................... 134

    8- CONCLUSES E RECOMENDAES ................................................................ 137

    9- REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..................................................................... 139

    10- APNDICES .......................................................................................................... 143

    APNDICE A Propriedades Termodinmicas do Ar e dos Produtos de Combusto 143

  • xi

    LISTA DE SMBOLOS

    Smbolos Latinos

    B o vetor dos erros sistemticos (ou bias) do sensor;

    C compressor; matriz do sistema que define o efeito de 1% de variao nos

    parmetros de desempenho sobre as medies ao longo do caminho de gs;

    CC cmara de combusto;

    CN velocidade de rotao corrigida da turbina;

    CT turbina do compressor;

    cp calor especfico a presso constante (kJ/kg.K);

    cv calor especfico a volume constante (kJ/kg.K);

    E, E, .E exergia especfica (kJ/kg); exergia (kJ); taxa de transferncia de exergia

    (kW);

    e vetor erro;

    FAR razo combustvel-ar;

    FE fator de escala;

    FT polinmio que depende da temperatura;

    h, H entalpia especfica (kJ/kg), entalpia (kJ);

    H() uma funo no-linear avaliada vetorialmente, fornecido por um modelo

    termodinmico da turbina a gs;

    ID ndice de diagnstico;

    J Jacobiano da funo no-linear que representa o modelo termodinmico;

    M nmero de medies ao longo da turbina a gs;

    m, .

    m massa (kg), vazo em massa (kg/s);

    MCF Matriz dos Coeficientes de Falha;

    MCI Matriz dos Coeficientes de Influncia;

    N nmero de parmetros independentes a serem estimados;

  • xii

    P parmetros de desempenho;

    p, pk presso (kPa); presso parcial (kPa);

    PCI poder calorfico inferior do combustvel (kJ/kg);

    PLF fator de perda de presso;

    PT turbina de potncia;

    PW potncia (kW);

    q, Q, .

    Q calor transferido por unidade de massa (kJ/kg); calor transferido total

    (kJ); taxa de transferncia de calor (kW);

    R constante do gs (kJ/kg.K);

    R matriz de covarincia dos erros da medio;

    rc razo de presso;

    s, S entropia especfica (kJ/kg.K), entropia (kJ/K); quantidade escalar que

    define a funo objetivo que se quer minimizar;

    Sgen, .

    genS gerao de entropia (kJ/K), taxa de gerao de entropia (kW/K);

    sm margem de bombeamento na curva de rotao escolhida;

    SPW trabalho especfico (kJ/kg);

    t tempo (s);

    T temperatura (K);

    u, U energia interna especfica (kJ/kg); energia interna (kJ);

    V velocidade (m/s); Volume (m3);

    V vetor com as incertezas nas medies; matriz de covarincia dos

    parmetros independentes estimados priori;

    w, W, .

    W trabalho por unidade de massa (kJ/kg); trabalho total (kJ) ou potncia

    (kW);

    W matriz inversa da matriz de covarincia dos rudos nas medies;

    X vetor dos parmetros de desempenho;

  • xiii

    yD razo de destruio de exergia, em relao ao insumo total;

    y*D razo de destruio de exergia, em relao exergia total destruda;

    yL razo de perda de exergia;

    Y vetor das condies ambientais e dos parmetros de controle da turbina a

    gs;

    Z o vetor das medies;

    Smbolos Gregos

    distribuio Chi-Quadrado com N graus de liberdade;

    relao entre calores especficos (cp/cv);

    diferena;

    eficincia exergtica;

    eficincia ou rendimento;

    vetor de variveis aleatrias com distribuio normal e desvio-padro ;

    escalar utilizado como fator de amortecimento durante a iterao do mtodo de Levemberg-Marquardt;

    densidade (kg/m3);

    desvio-padro;

    fator usado na estimativa da exergia do combustvel;

    vazo em massa corrigida;

    Subscritos

    a ambiente;

    adia processo adiabtico;

    ar ar;

    C compressor;

    Comb combustvel;

  • xiv

    CC cmara de combusto;

    CH4 metano, considerado como nico componente do gs natural;

    D destruio de exergia;

    DP Ponto de Projeto;

    dpm ponto de projeto do mapa;

    e entrada do volume de controle; expanso;

    ex exato;

    F insumo; combustvel;

    ge gases de exausto;

    gen relativo entropia gerada num volume de controle;

    ger gerador eltrico;

    GN gs natural;

    I isentrpico;

    k referente ao componente da turbina a gs;

    L perda de exergia; nmero de iteraes;

    mec mecnico;

    N2 nitrognio atmosfrico;

    ODP fora do ponto de projeto;

    O2 oxignio atmosfrico;

    oper condio operacional;

    q transferncia de exergia associada ao calor;

    ref valores de referncia;

    s sada do volume de controle; isentrpico;

    sim simulados;

    TG turbina a gs;

    tot referente turbina a gs como um todo;

  • xv

    VC volume de controle;

    w transferncia de exergia associada ao trabalho;

    0 ponto operacional; condies de referncia; propriedades avaliadas na condio

    de estagnao (total);

    1 entrada do componente da turbina a gs;

    2 sada do componente da turbina a gs;

    Sobrescritos

    CH exergia qumica;

    KN exergia cintica;

    PH exergia fsica;

    PT exergia potencial;

    T transposta;

    0 estado de equilbrio restrito;

    # matriz pseudo-inversa;

  • 1

    1- INTRODUO

    Uma grande empresa brasileira que atua na rea de explorao e produo de

    petrleo vem incentivando a implantao de uma nova filosofia de manuteno das suas

    turbomquinas, baseadas na monitorao do desempenho, alm da tradicional anlise de

    vibrao.

    Como vrias falhas diferentes podem apresentar os mesmos sintomas, um

    diagnstico eficaz requer a utilizao de todas as ferramentas de anlise que ajudem na

    deteco de falhas e, se possvel, ainda em seu estgio inicial. Contudo, de acordo com

    informaes obtidas a partir de um frum anual de turbomquinas, realizado pelos

    engenheiros e tcnicos em manuteno dessa empresa, o mximo a que se chegou em

    termos de implementao de um sistema de monitorao baseado na anlise do

    desempenho, foi o clculo das eficincias dos compressores das turbinas a gs. Estes

    dados so utilizados para determinar o tempo de parada, para a lavagem destes

    componentes da turbina a gs, quando a eficincia cai abaixo de um limite pr-

    estabelecido.

    A anlise de desempenho pode oferecer mais informaes para serem utilizadas

    no acompanhamento da condio dos turbogeradores e dos turbocompressores

    instalados nas plataformas offshore de produo de petrleo. Para citar apenas um

    exemplo: se a queda na eficincia do compressor for devido a uma falha (eroso nas

    palhetas, p.ex.), a lavagem, por si s, no vai levar o compressor ao seu estado inicial

    sem que outras aes sejam tomadas (a troca das palhetas defeituosas).

    Alm disso, um item fundamental para a identificao de falhas atravs da

    anlise do desempenho est disponvel na maioria das unidades offshore de produo de

    petrleo: so as medies de presso, temperatura, consumo de combustvel, rotao,

    torque, etc., das turbinas a gs em operao nessas unidades. A partir desses dados, e

    fazendo uso de tcnicas de estimao de parmetros possvel identificar as principais

    falhas que afetam o desempenho dessas turbinas a gs.

    A operao das plataformas de produo de petrleo est sujeita s seguintes

    questes crticas:

    Necessitam de um rigoroso planejamento para a execuo de reparos a

    bordo, uma vez que, devido limitao de espao, no podem dispor de

    grandes quantidades de peas sobressalentes;

  • 2

    Quando houver indisponibilidade dos turbogeradores ou

    turbocompressores, essas unidades de produo offshore atingem

    elevadas perdas de produo, o que indesejvel sob todos os pontos de

    vista.

    Portanto, aes que maximizem a confiabilidade desses equipamentos devem ser

    implementadas. Uma dessas aes a utilizao do diagnstico da condio das

    turbomquinas atravs da anlise de desempenho.

  • 3

    2- OBJETIVO DA TESE

    O objetivo da tese a identificao de falhas implantadas nos componentes de

    um tipo especfico de turbina a gs, levando em considerao as incertezas nas

    medies dos parmetros dependentes (presso, temperatura, rotao, consumo de

    combustvel, etc.) e utilizando tcnicas de estimao tima de parmetros.

    Duas tcnicas de estimao de parmetros foram implementadas em Labview e

    utilizadas, dependendo das seguintes situaes: (i) quando o nmero dos parmetros

    dependentes (presso, temperatura, rotao, etc.) maior ou igual ao nmero dos

    parmetros de desempenho (vazes em massa e eficincias dos componentes) utilizado

    para identificar as falhas e, (ii) quando o nmero dos parmetros dependentes menor

    do que o nmero dos parmetros de desempenho.

    A principal contribuio da tese na identificao do componente da turbina a

    gs operando sob uma condio de falha, na situao (ii), atravs do uso do ndice de

    diagnstico, ID.

    Alm disso, foram desenvolvidos dois softwares: um para a anlise de

    desempenho de uma turbina a gs com turbina livre de potncia; e o segundo que simula

    uma turbina a gs operando sob uma condio de falha.

    2.1- Organizao da Tese

    A diviso da tese por captulos no reflete a espiral de projeto por que passou

    a pesquisa, mas sim, tentando destacar os assuntos considerados relevantes para se

    atingir o objetivo da tese.

    Assim, o Cap. 3, sobre a pesquisa bibliogrfica, foi dividido em duas partes: a

    primeira faz um resumo sobre os tipos e magnitudes das falhas que afetam a turbina a

    gs, e que podem ser identificadas atravs da anlise de desempenho; a segunda parte

    faz um resumo das metodologias utilizadas para identificar as falhas apresentadas

    anteriormente.

    O Cap. 4 foi dedicado anlise exergtica dos componentes da turbina a gs.

    Definiram-se as eficincias exergticas e as destruies de exergia nos componentes em

    funo do processo termodinmico em anlise. Fez-se tambm uma comparao entre

    as eficincias isentrpica e a exergtica. As eficincias exergticas so utilizadas na

    identificao de falhas nos componentes da turbina a gs quando h mais parmetros

    independentes do que medies disponveis.

  • 4

    A identificao de falhas atravs das tcnicas utilizadas na tese exige que o

    modelo termodinmico da turbina a gs seja incorporado dentro do mtodo de

    estimao de parmetros. Por isso, no Cap. 5 a metodologia utilizada para desenvolver o

    modelo termodinmico apresentada. No incio do Cap. 5 apresentado um resumo

    sobre o desenvolvimento de modelos de simulao de turbinas a gs. No final do Cap.

    5, os resultados do modelo termodinmico so comparados com os resultados do

    software desenvolvido por BRINGHENTI (1999) no ITA (Instituto Tecnolgico de

    Aeronutica).

    No Cap. 6 apresentada a teoria sobre os mtodos de estimao de parmetros.

    As derivaes formais dos mtodos da mxima verossimilhana e do mximo

    posteriori so apresentadas. Ainda no Cap. 6, as metodologias utilizadas no

    desenvolvimento do software de simulao de falhas e no processo de diagnstico so

    apresentadas.

    O Cap. 7 dedicado aos estudos de casos, onde falhas nos diferentes

    componentes so simuladas, e os mtodos apresentados no Cap. 6 so aplicados na

    tentativa de identificar essas falhas. Os resultados obtidos so discutidos e analisados do

    ponto de vista estatstico.

    No Cap. 8 as concluses e recomendaes para trabalhos futuros so

    apresentadas. No Cap. 9 so apresentadas as referncias bibliogrficas consultadas

    durante a realizao da pesquisa.

    O Cap. 10 foi dedicado aos apndices. Foram includas as propriedades

    termodinmicas do ar e dos produtos da combusto utilizados no modelo

    termodinmico.

  • 5

    3- PESQUISA BIBLIOGRFICA

    3.1- Caractersticas das Falhas que Afetam o Desempenho da Turbina a Gs

    So vrios os tipos de parmetros que podem ser acompanhados para se

    estabelecer a condio de uma mquina. Tome-se como exemplo o acompanhamento de

    vibrao nos mancais de uma turbina a gs. Com esse acompanhamento, podem-se

    detectar vrios tipos de falhas, inclusive a dos prprios mancais, mas a vibrao,

    sozinha, no diz muito sobre as falhas que afetam o desempenho da turbina a gs.

    Nesta tese, o objetivo identificar as falhas que afetam os parmetros de

    desempenho (vazo em massa e eficincias dos componentes) da turbina a gs e, cujos

    efeitos, so observados nos parmetros dependentes (presso, temperatura, potncia,

    etc.).

    As falhas descritas a seguir afetam os parmetros de desempenho da turbina a

    gs, e podem ser identificadas atravs da anlise do desempenho (ou anlise do caminho

    de gs).

    3.1.1- Depsito de Material nas Palhetas (Fouling)

    O acumulo de material nas superfcies das palhetas causa um aumento na

    rugosidade, muda a forma da palheta e/ou o ngulo de entrada e diminui a abertura da

    passagem. uma das causas mais comuns de perda de desempenho encontrada pelos

    usurios de turbinas a gs e (OGAJI et al. 2002a, 2002b) pode ser responsvel por mais

    de 70% da perda de desempenho durante a operao. A Figura 3.1.1, obtida em

    EFSTRATIOS (2008), mostra o acmulo de material nas palhetas do bocal do 1 estgio

    de uma turbina.

    Figura 3.1.1: Acmulo de Material nas Palhetas de uma Turbina

  • 6

    O depsito leva s redues da vazo em massa e da presso na sada do

    compressor, a uma queda na eficincia do compressor e, finalmente, diminuio da

    potncia e ao aumento do heat rate. Foi relatada (OGAJI et al., 2002a) a ocorrncia de

    fuligem em at 50% dos estgios do compressor. Existe, contudo, um limite para a

    quantidade de material que depositado, o qual determinado pelas foras

    aerodinmicas que previnem depsitos adicionais nas palhetas.

    A deteriorao do desempenho devido ao depsito de material , na sua maior

    parte, recuperada pela limpeza do compressor. A recomendao (OGAJI et al., 2002)

    que a limpeza necessria quando a vazo em massa cai aproximadamente 2,5%.

    3.1.2- Eroso

    A eroso causada pela remoo abrasiva do material dos componentes da

    turbina a gs pelas partculas em suspenso no ar (EFSTRATIOS, 2008). As superfcies

    expostas aos impactos tornam rugosos, h uma mudana no perfil das palhetas, aumento

    das folgas, variao da distribuio de presso na superfcie da palheta e, portanto,

    decrscimo da eficincia e da vazo em massa do componente (OGAJI et al., 2002).

    Outro efeito da eroso fazer com que os estgios frontais do compressor de alta

    presso e os do compressor de baixa presso fiquem susceptveis ao surge. Foi

    mostrado tambm (OGAJI, S.O.T., SINGH, R., 2003), que a eroso afeta mais os

    ltimos estgios do compressor (devido alta presso nessa regio) do que os estgios

    iniciais. A Figura 3.1.2, obtida em EFSTRATIOS (2008), mostra o efeito da eroso num

    rotor.

    Figura 3.1.2: Efeito da Eroso num Rotor: no Lado da Presso e no Lado da Suco

  • 7

    3.1.3- Corroso

    Quando as perdas de material dos componentes da turbina a gs so causadas

    pelas reaes qumicas com os contaminantes que entram na turbina a gs junto com o

    ar, combustvel, gua ou vapor injetado, o processo chamado de corroso. As palhetas

    da turbina so mais susceptveis corroso (OGAJI et al., 2002a) devido presena,

    nos produtos da combusto, de elementos como o vandio e o sdio, levando reduo

    da eficincia desses componentes.

    O efeito da corroso similar ao da eroso, uma vez que h perda de parte do

    material das palhetas e aumento da rugosidade da superfcie. Uma proteo efetiva

    contra o ataque corrosivo, tanto nas turbinas quanto nos compressores, (EFSTRATIOS,

    2008) obtida atravs do revestimento das superfcies expostas ao ataque. A Figura

    3.1.3, tambm obtida em EFSTRATIOS (2008), mostra uma palheta do compressor

    corroda.

    Figura 3.1.3: Corroso numa Palheta do Compressor

    3.1.4- Folga no Topo das Palhetas do Rotor (Tip Clearance)

    Fenmeno tpico de mquinas de fluxo axial como turbinas e compressores

    axiais, a instabilidade provocada pela distribuio no uniforme da folga da selagem

    no topo das palhetas. Isso provoca um diferencial na fora axial do fluido sobre o rotor,

    gerando a componente desestabilizadora conhecida como fora de Alford

    (RESENDE, 1991).

    Influencia ambos, a eficincia e a capacidade de vazo: um aumento de 0,8% na

    folga, para um compressor axial, leva a uma reduo de 3% na vazo e a uma reduo

  • 8

    de 2% na eficincia (OGAJI et al., 2002a). A eficincia mais sensvel ao tip clearance

    do que ao fouling.

    3.1.5- Danos Causados por Objetos Domsticos

    o resultado de um corpo que colide com as superfcies dos componentes da

    turbina a gs. A origem destas partculas pode ser via seo de entrada, junto com o ar,

    (danos causados por objetos estranhos FOD, falha tpica em turbinas a gs utilizadas

    na aviao civil / militar), ou parte dos prprios componentes que se quebram e so

    transportados ao longo da turbina a gs (danos causados por objetos domsticos

    DOD). A assinatura dessa falha, com respeito ao seu efeito no desempenho, s vezes,

    idntica ao do fouling (OGAJI et al., 2002a). A Figura 3.1.4, obtida em EFSTRATIOS

    (2008), mostra uma falha devido aos danos causados por objetos estranhos.

    Figura 3.1.4: Danos Causados nas Palhetas por Objetos Estranhos

    3.1.6- Outras Falhas que Afetam o Desempenho da Turbina a Gs

    Existem outras falhas que causam um aumento gradual na vazo em massa e

    reduzem a eficincia dos componentes. EFSTRATIOS (2008) comenta sobre essas

    falhas e uma tcnica conhecida como NLGPA para identificar uma delas. Esta tcnica

    ser apresentada, resumidamente, mais adiante.

  • 9

    3.2- Metodologias de Anlise do Desempenho de Turbinas a Gs

    A manuteno preditiva, tambm denominada de manuteno por condio, tem

    como objetivos maximizar o tempo de operao contnua e a produtividade da mquina

    e minimizar o custo com manuteno. A premissa bsica deste conceito de manuteno

    consiste na monitorao de parmetros que caracterizam a condio de funcionamento

    da mquina, de forma a se poder detectar um defeito ainda incipiente, prever quando e

    onde ocorrer a falha e, se possvel, diagnosticar o tipo de defeito para que se possa

    planejar a realizao da interveno na ocasio da manuteno de forma conveniente.

    Mtodos modernos de manuteno por condio avaliam variveis operacionais

    chaves comparando-os com valores estimados atravs de modelos fsicos e aplica vrios

    algoritmos para tomar decises de gerenciamento da condio da mquina. Portanto, o

    gerenciamento moderno das turbinas a gs muitas vezes incluem diagnsticos (ou

    prognsticos) baseados em modelos.

    O gerenciamento da manuteno da turbina a gs, por ser uma mquina

    complexa, envolvendo vrias disciplinas tais como aerodinmica, termodinmica,

    mecnica, mecnica dos fluidos, e qumica, , em geral, dividido em quatro reas

    funcionais (JAW, 2005):

    1) Anlise do desempenho;

    2) Anlise de leos e partculas;

    3) Anlise da vibrao;

    4) Anlise da vida til.

    Gerenciamentos efetivos da condio da turbina a gs combinam resultados de

    mais de uma rea funcional (fuso de informao/dados) na tomada de deciso.

    A anlise do desempenho, tambm conhecida como anlise do caminho de gs,

    traduo literal do ingls, Gas Path Analysis (GPA), conhecida por este nome porque

    so coletadas informaes sobre a condio de operao como, por exemplo, presso,

    temperatura, consumo de combustvel, rotao, potncia, etc., ao longo da turbina a gs,

    sendo o fluido de trabalho acompanhando desde o duto entrada, passando pelo(s)

    compressor(es) at a sua sada no duto de exausto, aps a turbina de baixa presso.

    3.2.1- Anlise do Desempenho de Turbinas a Gs (GPA)

    A anlise do desempenho tem como principal objetivo, a deteco, isolamento e

    quantificao de algumas falhas que ocorrem ao longo do caminho de gs e que tm

  • 10

    efeitos observveis nas variveis mensurveis (tambm chamadas parmetros

    dependentes).

    Isto implica que as falhas que ocorrem subitamente tais como trincas, no podem

    ser implicitamente detectadas atravs avaliao dessas variveis mensurveis (OGAJI et

    al., 2002a).

    O conceito original do GPA (OGAJI et al., 2002a) foi desenvolvido por

    URBAN (1975). Por ser o trabalho dele pioneiro na rea da anlise do desempenho,

    chamado de Linear Gas Path Analysis (LGPA).

    Portanto, a utilizao do termo GPA pode significar, no sentido mais amplo,

    uma tcnica de manuteno preditiva de turbinas a gs, assim como a anlise de

    vibrao, ou no sentido mais estrito, um dos mtodos lineares de anlise do desempenho

    (na literatura, LGPA e GPA so utilizados com o mesmo significado, neste caso). O

    contexto se encarrega de dissipar as dvidas sobre qual o significado que se pretende

    para o termo GPA.

    O desempenho de uma turbina a gs se deteriora com o tempo, como

    conseqncia da degradao dos seus componentes. A identificao exata do(s)

    componente(s) responsvel(eis) pela perda de eficincia facilita a escolha da ao

    corretiva a ser implementada.

    O quadro da Figura 3.2.1 apresenta as falhas que afetam o desempenho da

    turbina a gs e, por conseguinte, afetam os parmetros dependentes. Esse quadro cria

    um link de causa efeito entre as falhas, os parmetros de desempenho e os parmetros

    dependentes (OGAJI et al., 2002).

  • 11

    Figura 3.2.1: Anlise do Desempenho de Turbinas a Gs

    O uso de parmetros dependentes (ou variveis dependentes, como so tambm

    conhecidos) para isolar e identificar as falhas ao longo do caminho de gs pressupe que

    os principais parmetros de desempenho (tambm chamadas de variveis

    independentes) tais como as vazes em massa e as eficincias dos componentes no so

    (diretamente) mensurveis.

    As variveis independentes esto termodinamicamente correlacionadas com as

    variveis dependentes, de tal modo que as mudanas nos ltimos so induzidas por

    mudanas nos primeiros, devido presena de falhas. Isto faz com que haja a

    possibilidade da identificao acurada do(s) componente(s) defeituosos, de acordo com

    OGAJI et al. (2002c). Essa identificao depende da escolha adequada dos parmetros

    dependentes a serem acompanhados ao longo da turbina a gs.

    Como os principais parmetros independentes de acompanhamento da turbina a

    gs so as eficincias dos compressores e das turbinas, da a denominao desta tcnica

    de manuteno de Anlise do Desempenho.

    3.2.2- Mtodo Linear de Anlise do Caminho de Gs LGPA

    O processo de diagnstico via LGPA calcula as mudanas na magnitude dos

    parmetros de desempenho do componente (por exemplo, eficincia e vazo de ar no

    compressor), dadas um conjunto de medies (por exemplo, temperatura na sada do

    compressor e rotao do compressor) ao longo da turbina a gs (MARINAI et al.,

    2004).

    Contudo a identificao acurada das falhas complicada por:

  • 12

    Haver apenas relativamente poucas medies disponveis e

    Haver erros nas medies (devido s incertezas da medio, rudo e bias

    [erro sistemtico de medio do sensor], por exemplo).

    A relao entre os parmetros dependentes (medies) e os parmetros

    independentes (de desempenho) pode ser expressa analiticamente pela Equao (3.2.1).

    , (3.2.1)

    Onde o vetor com as medies, o vetor dos parmetros de desempenho, o vetor das condies ambientais e dos parmetros de controle da turbina a gs, o vetor com as incertezas na medio, o vetor contendo os erros sistemticos (ou bias) do sensor e H() uma funo no-linear avaliada vetorialmente, e fornecido por

    um modelo termodinmico da turbina a gs em estudo (MARINAI et at, (2004)).

    A presena de uma falha no caminho de gs induz uma mudana nos parmetros

    de desempenho dos componentes, que aparece como um desvio dos parmetros

    dependentes em relao a uma condio de operao de referncia (baseline).

    Esta anlise se baseia na premissa de que as mudanas nos parmetros

    (independentes) que indicam a condio da mquina so relativamente pequenas e o

    conjunto de equaes que governam esse fenmeno (Equao 3.2.1) pode ser

    linearizado em torno de um ponto operacional (o de referncia), em regime permanente.

    Desconsiderando as incertezas na medio e os erros sistemticos dos sensores,

    a Equao (3.2.1) pode ser reescrita como:

    , (3.2.2)

    Deve ser observado que uma funo de e e, a rigor, deve ser representado como , .

    Expandindo a Equao (3.2.2) atravs da srie de Taylor, em torno do ponto

    operacional e da condio ambiental de referncia, representado pelo subscrito 0 e,

    desprezando os termos de ordens superiores da srie, chega-se Equao (3.2.3):

    , ,

    (3.2.3)

  • 13

    Simplificando a Equao (3.2.3), considerando-se que no h variao nas

    condies ambientais e operacionais, e reconhecendo a derivada parcial de H() em

    relao aos parmetros independentes, , como o Jacobiano da funo no-linear que representa o modelo termodinmico, , chega-se Equao (3.2.4):

    , (3.2.4)

    O subscrito 0 indica que o Jacobiano calculado em relao s condies

    operacionais de referncia. Este jacobiano recebeu diversas denominaes na literatura,

    sendo a tabela de taxa de variao e a Matriz dos Coeficientes de Influncia (MCI) os

    mais conhecidos.

    Agora, , o vetor que indica a degradao dos componentes da turbina a gs, pode ser calculado pela inverso do MCI, atravs da Equao (3.2.5). A matriz conhecida como a Matriz dos Coeficientes de Falha (MCF).

    , (3.2.5)

    Este mtodo baseado na hiptese de que o MCI pode ser invertido e de que as

    medies esto livres de rudo. A inverso do MCI requer que o nmero de parmetros

    de desempenho seja menor ou igual ao nmero de parmetros dependentes.

    O quadro da Figura 3.2.1 apresentou a premissa de diagnstico desta tcnica de

    anlise de desempenho: de que as falhas causam a deteriorao dos parmetros de

    desempenho dos componentes, que por sua vez causam mudanas nos parmetros

    dependentes. Mudanas essas utilizadas no diagnstico das falhas, atravs das matrizes

    MCI e MCF.

    De acordo com MUCINO, LI (2005) e SAMPATH et al. (2002), algumas

    consideraes devem ser levadas em conta antes do uso do mtodo:

    Medies redundantes geralmente melhoram a acurcia do diagnstico.

    Quando o nmero parmetros dependentes for maior do que o nmero dos

    parmetros independentes, a Equao (3.2.2) no pode ser resolvida usando a

    inverso tradicional de uma matriz. Neste caso, o conceito de pseudo-inverso de

    matriz usado, como mostra a Equao (3.2.6);

  • 14

    # (3.2.6)

    Para se aplicar esta tcnica, o processo de aquisio de dados deve: (i) filtrar

    o rudo dos dados e (ii) eliminar qualquer alterao no desempenho causado por

    um desvio nas condies ambiental e operacional, em relao condio de

    referncia ( ). MUCINO, LI, (2005) apresentam um mtodo para a correo dos dados quando as condies operacionais e ambientais so diferentes

    das condies de referncia;

    MARINAI et al. (2004) destacaram as seguintes limitaes do LGPA:

    O mtodo requer vrias medies pertinentes para a anlise;

    No lida com o rudo e o erro sistemtico (bias) do sensor;

    Ele se baseia na hiptese de linearidade da Equao (3.2.2), e aceitvel

    apenas para pequenas variaes dos parmetros dependentes, em torno da

    condio de operao.

    3.2.3- Mtodo de Anlise do Caminho de Gs No-Linear NLGPA

    possvel obter uma soluo numrica para a relao no-linear que define a

    interdependncia entre as variveis independentes e as dependentes, atravs de iteraes

    sucessivas usando o LGPA e a tcnica de Newton-Raphson. Este mtodo de anlise do

    desempenho conhecido como Non-Linear Gas Path Analysis, ou NLGPA.

    A principal vantagem do mtodo, desenvolvido por ESCHER (1995), a

    soluo rpida obtida para a Equao 3.2.5. A aproximao linear empregada

    sucessivamente at se obter uma soluo, para uma dada tolerncia. Contudo, os

    compromissos matemticos assumidos impem vrias restries, que devem ser

    atendidos, se uma soluo adequada procurada.

    Atravs desta abordagem, a MCI gerada levando-se em conta uma pequena

    deteriorao nos parmetros independentes. Ento, a MCI invertida para se calcular a

    MCF. A partir dos resultados obtidos, uma nova MCI gerada e o processo repetido

    sucessivamente at que se obtenha a convergncia do mtodo.

    Para superar a limitao que essas duas tcnicas apresentam, quando apenas um

    pequeno nmero de medies est disponvel (isto , falta de observabilidade) e na

    presena de incertezas (rudo e bias), tcnicas de estimao de parmetros como o

  • 15

    mtodo baseado nos Filtros de Kalman (FK), o baseado nos mnimos quadrados

    ponderados (MQP), dentre outros tem sido utilizados. Estes mtodos tm sido adotados

    pelos maiores fabricantes de turbinas a gs tais como a Rolls-Royce (RR), Pratt and

    Whitney e a GE.

    3.2.4- Mtodo Linear Baseado nos Filtros de Kalman LKF

    Pratt and Whitney foi o pioneiro na implementao de um mtodo de anlise de

    desempenho baseado no FK (MARINAI et al.,2004). Vrias adaptaes foram

    desenvolvidas para lidar com algumas limitaes do filtro e foram integrados em alguns

    softwares (MAPIII, TEAM III, EHM e ADEM).

    Da mesma forma, a RR utiliza uma ferramenta de anlise do desempenho

    baseada numa verso modificada da tcnica do FK aplicada ao LGPA (MARINAI et

    al.,2004).

    Se uma mudana ocorre lentamente ao longo do tempo, como acontece com

    degradao da eficincia dos componentes, e se ela for modelada como uma varivel de

    estado, ento o valor dessa varivel de estado pode ser estimado pelos filtros de Kalman

    e utilizado para identificar as falhas (JAW, 2005, VOLPONI et al., 2003). Essa tcnica

    consegue estimar, tanto as falhas quanto os erros sistemticos dos sensores (bias).

    As limitaes da aplicao do LKF na analise do desempenho so, de acordo

    com MARINAI et al.(2004):

    necessrio um conhecimento priori e uma sintonizao: a

    escolha da matriz de covarincia (sintonizao) muitas vezes arbitrria;

    O efeito de espalhamento (smearing): o algoritmo do KF tende a

    espalhar uma falha entre vrios componentes. O problema se torna

    indeterminado e a soluo do FK uma de mxima probabilidade um

    vetor de estado estimado com um grande nmero de componentes

    afetados pela falha. A concentrao da falha nos componentes corretos

    pode ser difcil.

    No-linearidade: o erro devido aproximao linear, assumida no

    modelo pode no ser desprezvel.

  • 16

    3.2.5- Mtodo No-Linear Baseado nos Filtros de Kalman NLKF

    Se o efeito da no-linearidade precisa ser levado em considerao no processo

    de estimao, uma verso no-linear do FK pode ser utilizada na tentativa de se modelar

    acuradamente o comportamento turbina a gs.

    As tcnicas mais usadas so a FK estendida (EKF) e a FK estendida iterativa

    (IEKF). Contudo, pode ser mostrado (MARINAI et al., 2004) que ambos produzem

    resultados com erros sistemticos (bias) e estimativas sub-timas. A maioria dos

    algoritmos no-lineares de estimao robustos requer uma escolha entre uma soluo

    tima ou uma formulao recursiva.

    3.2.6- Mtodo Linear Baseado nos Mnimos Quadrados Ponderados LWLS

    A GE utiliza um modelo linear baseado nos Mnimos Quadrados Ponderados

    (LWLS) que foi implementado dentro da ferramenta de diagnstico TEMPER, de

    acordo com MARINAI et al. (2004).

    Este mtodo experimenta as mesmas limitaes do mtodo baseado nos filtros

    de Kalman. Maiores detalhes sobre os mtodos baseados nos mnimos quadrados sero

    tratados no Cap. 6.

    3.2.7- Mtodo No-Linear Baseado nos Algoritmos Genticos NLGA

    O algoritmo gentico (AG) utilizado como uma ferramenta de otimizao para

    se obter um conjunto de parmetros independentes que levem a um conjunto de

    parmetros dependentes preditos (obtidos atravs de um modelo termodinmico) e que

    melhor explica as medies obtidas na turbina a gs.

    O procedimento acima estima os parmetros independentes que expressam a

    condio de falha dos componentes na presena de rudos e biases nas medies.

    Supe-se, ainda, que as incertezas nas medies afetam inclusive os parmetros de

    controle e os que indicam a condio operacional da turbina a gs.

    A soluo tima quando uma funo objetivo, que a medida da diferena

    entre os parmetros medidos e os preditos, alcana um valor mnimo.

    A nica suposio estatstica requerida pela tcnica diz respeito ao modelo

    utilizado para modelar as incertezas na medio. O nmero mximo dos parmetros

    dependentes, e os componentes com falhas precisam ser pr-definidos. O AG usa um

  • 17

    modelo no-linear, em regime permanente que simula o comportamento de uma turbina

    a gs.

    O mtodo sofre das seguintes limitaes (MARINAI et al., 2004):

    Esta metodologia consome mais tempo computacional que as

    tcnicas clssicas de estimao;

    Apesar de mltiplas falhas poderem ser detectadas, a tcnica

    limitada a quatro parmetros experimentando deterioraes

    simultaneamente;

    O mtodo difcil de usar e requer um especialista para que a sua

    operao seja satisfatria.

    Algumas dessas limitaes foram superadas por outros desenvolvimentos, e este

    mtodo foi aplicada numa turbina a gs (turbofan) militar de 3 eixos, RB199 e num

    turbofan militar de pequeno by-pass, EJ200 e forneceu altos nveis de acurcia.

    Atualmente, esto aparecendo modelos hbridos que usam AG e outras tcnicas

    de inteligncia artificial como as redes neurais artificiais (RNAs). Os modelos hbridos

    podem aumentar a acurcia, confiabilidade e a consistncia dos resultados.

    3.2.8- Mtodos Baseados nas Redes Neurais Artificiais - ANN

    O uso de RNAs tem sido muito pesquisado para o uso em diagnsticos de falhas.

    RNAs so treinados para mapear entradas em sadas, via uma relao no-linear.

    Geralmente, a rede neural opera em duas fases a de aprendizado e a de

    operao. A rede Multilayer Perceptron (MLP), com treinamento atravs de

    retropropagao de erro, a arquitetura mais utilizada para os propsitos da anlise do

    desempenho.

    O uso das RNAs no diagnstico de falhas atravs da anlise do caminho de gs

    experimenta as seguintes limitaes, (MARINAI et al., 2004):

    Como as outras ferramentas de inteligncia artificial (IA), as redes

    neurais so incapazes de trabalhar confiavelmente fora da faixa de dados

    aos quais eles foram expostos: isto implica que uma grande quantidade

    de dados das condies de falhas previstos, e normalmente encontrados

    em operao, devem ser utilizados no desenvolvimento de uma RNA;

  • 18

    Os tempos de treinamento so longos, embora dependam do tipo da

    rede, tamanho e quantidade dos dados usados no treinamento. As RNAs

    requerem um re-treinamento quando as condies operacionais da

    mquina muda. Isto quer dizer que, aps um overhaul da turbina a gs, o

    RNA precisa ser re-treinado;

    A sua deficincia em fornecer resultados descritivos: no tem como

    acessar a lgica da rede, sendo possvel apenas inspecionar a predio

    que ela faz;

    s vezes difcil fornecer os intervalos de confiana associados aos

    resultados de sada da RNA;

    Quando aumenta o nmero de condies operacionais da mquina,

    que precisa ser diagnosticado, o erro de diagnstico tende a aumentar, a

    menos que meios alternativos de correo dos dados sejam planejados.

    MARINAI et al. (2004) relatam a introduo de uma rede hbrida onde parte do

    modelo foi trocada por coeficientes de influncia. Relataram que a acurcia desse tipo

    de rede aceitvel quando comparado com a rede treinada com o algoritmo de

    backpropagation e com tcnicas de utilizando filtros de Kalman.

    MARINAI et al. (2004) tambm relataram a aplicao de uma rede neural

    probabilstica (RNP) no diagnostico de falhas em qualquer turbina a gs dentro de uma

    frota de 130 mquinas militares de baixo by-pass, da GE. Os autores utilizaram uma

    tcnica de correlao estatstica para selecionar 5 de 8 parmetros independentes

    disponveis, como entrada na rede.

    Esta abordagem interessante, considerando-se o fato de que, mesmo para

    turbinas a gs sem falhas, os valores dos parmetros variam de mquina para mquina, o

    que faz com que o limite que vale para uma mquina no valha para outra.

    Vrios autores discutem a necessidade de se criar modelos hbridos usando RNA

    com outras tcnicas de IA.

    3.2.9- Mtodos Baseados na Teoria Bayesiana

    A teoria bayesiana baseada na teoria formal da probabilidade. Como tal, uma

    forma matematicamente correta de combinar estimativas probabilsticas, mesmo se eles

    vierem de diferentes fontes. A rede bayesiana uma representao grfica da

  • 19

    distribuio de probabilidade que representa a relao de causa e efeito entre falhas e

    sintomas.

    O uso da rede bayesiana no diagnstico de falhas experimenta a limitao de que

    necessrio muito tempo e esforo para reunir as informaes requeridas para montar

    os dados de entrada e comear a anlise.

    3.2.10- Mtodos Baseados nos Sistemas Especialistas - SE

    A forma tpica de um sistema especialista (SE) envolve o conhecimento

    especialista num processo de reconhecimento de padro, para ser capaz de fornecer uma

    interpretao a uma nova situao (isto , entrada) via um motor de inferncia. Isto

    alcanado atravs de regras.

    De acordo com MARINAI et al. (2004), estudos recentes foram dedicados

    implementao de ES para o diagnstico de falhas, nos casos onde apenas resultados

    qualitativos so suficientes.

    3.2.11- Mtodos Baseados na Lgica Fuzzy LF

    Recentemente, estas metodologias tm sido desenvolvidas levando em conta a

    vantagem de se mapear um espao de entrada num espao de sada (reconhecimento de

    padro) de forma conveniente, na presena de incertezas. A entrada e a sada so

    discretizadas e isso permite que os problemas matemticos complexos possam ser

    simplificados.

    MARINAI et al. (2004) relata a apresentao de um processo linearizado da

    lgica fuzzy para isolamento de falhas em turbinas a gs. O mtodo usa regras

    desenvolvidas a partir de um modelo usando coeficientes de influncia, atravs de uma

    hiptese de linearizao para isolar 5 falhas especficas numa turbina a gs, enquanto

    leva em conta as incertezas na medio ao longo do caminho de gs. O objetivo do

    processo foi identificar os componentes que apresentaram falhas, sem quantificar a

    deteriorao.

    Alguns autores fizeram uma comparao dos mtodos baseados nas RNAs com

    os mtodos baseados na FL. Ambos alcanaram o mesmo nvel de acurcia, mas

    evidenciou algumas das potencialidades do mtodo baseado na lgica fuzzy. O uso da

    FL no diagnstico de falhas apresenta as seguintes limitaes:

  • 20

    A caracterstica do mtodo de no precisar de um modelo

    termodinmico da turbina a gs permite a reduo do tempo

    computacional e a fuso de dados, mas vem com a restrio de que um

    sistema fuzzy no admite provas de estabilidade e robustez baseadas em

    modelos;

    Assim como outras ferramentas de AI, sistemas fuzzy no so

    capazes de fazer predies confiveis fora da faixa de dados a que foram

    expostos;

    Enfrentam o problema de que o nmero de regras aumenta de acordo

    com a complexidade do processo que est sendo aproximado. Apesar

    disso, estratgias de reduo de regras podem ser adotadas;

    A acurcia alcanada o resultado de um compromisso entre a

    velocidade computacional requerida e o tempo necessrio para o software

    isolar a falha que, no processo de diagnstico, a preciso no isolamento

    do componente faltoso mais importante do que a acurcia real da

    estimativa.

    3.3- Comparao entre as Metodologias Apresentadas

    Apesar de nenhuma tcnica fornecer uma resposta satisfatria e completa para

    todos os problemas, as limitaes dos modelos mais populares foram descritas. Dez das

    principais tcnicas utilizadas numa vasta gama de aplicaes foram apresentadas.

    Algumas dessas tcnicas so baseadas na suposio de que mudanas nos parmetros

    independentes so relativamente pequenas e que o conjunto de equaes que governam

    o fenmeno pode ser linearizado. A inadequao deste tipo de modelo levou ao

    desenvolvimento de mtodos no-lineares. Outras tcnicas, como o LWLS e a LF so

    particularmente convenientes para se lidar com as incertezas na medio.

    Algoritmos baseados na inverso do MCI so adequados somente se o nmero

    de parmetros dependentes for maior ou igual ao nmero de parmetros de

    independentes. Alm disso, eles no so capazes de lidar com incertezas na medio.

    Tcnicas de estimao, assim como os mtodos baseados na inteligncia artificial (IA)

    podem realizar diagnsticos com poucas medies.

    Uma distino pode ser feita entre tcnicas mais convenientes para estimar (i)

    deteriorao gradual e outras para (ii) deteriorao rpida. Esses mtodos so

  • 21

    conhecidos como MFI (isolamento de mltiplas falhas) e SFI (isolamento de uma nica

    falha), respectivamente.

    O primeiro implica que todos os componentes da turbina a gs (cuja mudana no

    desempenho se est estimando) se deterioram lentamente, enquanto que o ultimo

    implica uma rpida tendncia mudana.

    Mtodos baseados em IA aplicados anlise de desempenho no apresentam o

    problema do espalhamento (smearing) do qual as tcnicas de estimao sofrem, ao

    contrrio, eles tm uma boa capacidade para concentrarem as falhas nos componentes

    corretos.

    Por outro lado, algoritmos baseados no IA podem ser extremamente lentos, tanto

    no clculo real, como o caso dos AG quanto na fase de treinamento, como no caso da

    RNA.

    Finalmente, de acordo com MARINAI et al. (2004), os requisitos necessrios

    para se atingir um processo de diagnstico avanado devem ser:

    Baseado num modelo no-linear;

    Capaz de detectar com razovel acurcia mudanas significativas no

    desempenho;

    Capaz de lidar com rudos na medio e erro dos sensores;

    Competente para fazer um diagnstico aceitvel usando apenas

    poucas medies (N > M);

    Desenvolvido especificamente para MFI ou SFI;

    Possuir a capacidade de se concentrar na falha real;

    Capaz de fuso de dados;

    Capaz de incorporar conhecimento especialista;

    Rpido na realizao de diagnstico para a aplicao online;

  • 22

    4- ANLISE EXERGTICA DOS COMPONENTES DA TURBINA A GS

    A crescente preocupao com a conservao da energia tem levado ao

    desenvolvimento e aplicao das tcnicas baseadas na segunda lei da termodinmica nas

    anlises de sistemas trmicos.

    Neste captulo sero apresentados os fundamentos tericos necessrios para a

    aplicao da anlise exergtica numa turbina a gs com turbina livre de potncia.

    4.1- Anlise Exergtica

    A importncia de se desenvolver sistemas trmicos que usam racionalmente os

    recursos energticos no-renovveis bvia. O uso racional determinado pela

    primeira e segunda leis da termodinmica. Contudo, a energia do combustvel que entra

    na cmara de combusto conservada, mesmo sabendo que ocorrem processos

    irreversveis (levando gerao de entropia). Nos processos de compresso e de

    expanso do fluido de trabalho na turbina a gs, a presena de falhas aumenta a

    irreversibilidade desses processos.

    Portanto, o uso de uma propriedade termodinmica que quantifica essas

    irreversibilidades pode ajudar na identificao das falhas.

    4.1.1- Definindo Exergia

    De acordo com BEJAN et al. (1994), uma oportunidade de se realizar trabalho

    til existir quando dois sistemas, em diferentes estados, interagirem. Quando um dos

    sistemas idealizado e chamado de ambiente, e o outro o sistema de interesse, exergia

    o mximo trabalho til terico que pode ser obtido quando o sistema interage at o

    equilbrio e ocorrendo transferncia calor somente com esse ambiente.

    Exergia a medida do afastamento do estado do sistema em relao ao estado do

    ambiente. Por isso exergia um atributo do sistema e do ambiente. Contudo, uma vez

    especificado o ambiente, um valor pode ser atribudo exergia em termos unicamente

    das propriedades do sistema. Logo a exergia pode ser visto como uma propriedade

    extensiva do sistema. Maiores detalhes sobre a definio de exergia e do ambiente

    podem ser encontrados em BEJAN et al. (1994) e KOTAS (1985).

  • 23

    4.1.2- Componentes da Exergia

    De acordo com BEJAN et al. (1994), a exergia total de um sistema, E, pode ser

    dividida em quatro componentes: exergia fsica, EPH, exergia cintica, EKN, exergia

    potencial, EPT e exergia qumica, ECH. Logo:

    CHPTKNPH EEEEE +++= (4.1)

    Sendo que cada um desses componentes so dados por:

    ( ) ( ) ( )00000 SSTVVpUUE PH += (4.2) 2

    21 mVE KN = (4.3)

    mgzE PT = (4.4)

    =j j

    iji

    jCH

    xx

    xmRTE 00 ln (4.5)

    Onde, U, V e S so, respectivamente, a energia interna, o volume e a entropia do

    sistema num dado estado e U0, V0 e S0 so as mesmas propriedades quando o sistema se

    encontra no estado de referncia restrito. Nas Equaes. (4.3) e (4.4) V e z se referem

    velocidade e elevao, respectivamente, num sistema de coordenadas relativo ao

    ambiente de referncia.

    A exergia qumica baseada em valores padro de temperatura (T0) e presso

    (p0) do ambiente de referncia, por exemplo, 298,15 K (25 oC) (BEJAN et al.,1994). Na

    Equao (4.5) o ndice 0 indica as fraes molares para o ambiente de referncia e o

    ndice i so as fraes molares na temperatura Ti e presso Pi.

    Maiores detalhes sobre esses componentes da exergia so dados em BEJAN et

    al. (1994) e KOTAS (1985).

    4.1.2- Balano Exergtico Para um Volume de Controle

    Assim como para outras propriedades extensivas, o balano de exergia de um

    sistema pode ser escrito em formas que sejam de particular interesse para aplicaes

    prticas. Uma dessas formas o balano exergtico para um volume de controle, que

    importante quando se analisa os componentes da turbina a gs.

  • 24

    Para um volume de controle, a taxa de variao de exergia dada pela Equao

    (4.6):

    Ds

    sse

    eei

    VCi

    i

    VC Eememdt

    dVpWQTT

    dtdE

    VC

    ....

    0

    .01 +

    = (4.6)

    Onde, a primeira parcela do segundo membro da Equao (4.6) a taxa de

    exergia associada com a transferncia de calor:

    ii

    iq QTT

    E.

    0.

    , 1

    = (4.7)

    A segunda parcela da Equao (4.6), a taxa de exergia transferida, via

    interao trabalho:

    dtdV

    pWE VCVCw 0..

    = (4.8)

    As exergias associadas com entradas e sadas das vazes em massa do volume

    de controle so dadas pelos termos ee em.

    , e ss em.

    , respectivamente. Finalmente, .

    DE a

    taxa de destruio de exergia devido s irreversibilidades presentes no volume de

    controle. Na literatura, a destruio de exergia tambm conhecida como o teorema de

    Gouy-Stodola, irreversibilidade (KOTAS, 1985) e destruio de disponibilidade, e

    dada por: .

    0

    .

    genD STE = (4.9)

    Considerando o volume de controle em regime permanente, a Equao (4.6)

    fica:

    Ds

    sse

    eei

    VCii

    EememWQTT .....010 +

    = (4.10)

  • 25

    Ento, a anlise exergtica consiste em calcular as exergias das vazes em massa

    que atravessam o volume de controle, aplicar a Equao (4.10) e calcular as taxas de

    destruio de exergia. Com isso, ser possvel calcular as razes de destruio de

    exergia, em relao ao combustvel total que entra na turbina a gs, kDy , , e tambm em

    relao exergia total destruda dentro da turbina a gs, * ,kDy , atravs das Equaes

    (4.11) e (4.12), respectivamente.

    .

    ,

    .

    ,,

    totF

    kDkD

    E

    Ey = (4.11)

    .

    ,

    .

    ,*,

    totD

    kDkD

    E

    Ey = (4.12)

    Onde

    = . ,., kDtotD EE (4.13) O ndice k indica os componentes da turbina a gs.

    4.1.3- A Eficincia Exergtica ()

    A anlise exergtica introduz a eficincia exergtica () como um parmetro

    para avaliar o desempenho termodinmico de processos e equipamentos. A eficincia

    exergtica (tambm conhecida como eficincia baseada na segunda lei e eficincia

    racional) fornece uma medida real do desempenho trmico de sistemas, do ponto de

    vista termodinmico (BEJAN et al.,1994).

    Na definio da eficincia exergtica (), necessrio identificar tanto o

    produto quanto o combustvel para o sistema trmico em anlise. O produto

    representa o resultado desejado produzido pelo sistema. O combustvel representa os

    recursos despendidos para gerar o produto e no precisa ser necessariamente um

    combustvel como o gs natural ou diesel. Ambos, produto e combustvel so expressos

    em termos de exergia.

    O balano exergtico de um sistema em regime permanente, em termos da taxa

    no qual o combustvel suprido e da taxa de gerao do produto, FE.

    e PE.

    ,

    respectivamente dado pela Equao (4.14):

  • 26

    LDPF EEEE....

    ++= (4.14)

    Onde DE.

    e LE.

    representam as taxas de destruio e de perda de exergia,

    respectivamente.

    A eficincia exergtica, , a razo entre o produto e o combustvel:

    F

    LD

    F

    P

    E

    EE

    E

    E.

    ..

    .

    .

    1 +== (4.15)

    A eficincia exergtica mostra a percentagem da exergia do combustvel que

    encontrado na exergia do produto. Mais, a diferena entre 100% e o valor da eficincia

    exergtica, expressa a percentagem da exergia do combustvel desperdiado devido

    destruio de exergia e perda de exergia (BEJAN et al.,1994).

    Assim, a expresso genrica para o clculo da eficincia exergtica dos

    componentes da turbina a gs dada por:

    .

    ,

    .

    ,

    kF

    kPk

    E

    E= (4.16)

    4.2- Comparao entre a Eficincia Isentrpica () e a Eficincia Exergtica ()

    KOTAS (1985) analisa do ponto de vista exergtico, os processos de expanso e

    de compresso e compara as eficincias isentrpicas e exergticas desses processos.

    Como esta anlise importante para os objetivos da tese, ela ser descrita sucintamente

    abaixo. Maiores detalhes podem ser obtidos na referncia acima citada.

    4.2.1- Processo de Expanso Adiabtica na Turbina

    Considerando uma anlise exergtica do processo de expanso numa turbina

    (ver Figura 4.1(a)) em termos das quantidades especficas, tem-se que:

    DT ewee += 21 (4.17)

    Como esse processo envolve algum grau de irreversibilidade, parte do

    combustvel, neste caso ( 21 ee ), dissipado. Esta relao mostrada no diagrama de

    Grassmann na Figura 4.1(b).

  • 27

    Figura 4.1: Anlise Exergtica do Processo de Expanso numa Turbina (KOTAS, 1985)

    Se a turbina considerada como sendo adiabtica, a exergia destruda nesse

    processo dada pela Equao (4.18) por:

    ( )adiaD ssTe 120 = (4.18)

    Tendo identificado o produto e o combustvel, a eficincia exergtica () pode

    tomar as seguintes formas:

    ( )21 eewT

    = (4.19)

    ( )211 eeeD

    = (4.20)

    Desprezando os efeitos do atrito nos mancais da turbina, a Equao (4.19) pode

    ser escrita como:

    21

    21

    eehh

    = (4.21)

    Para esse mesmo processo, a eficincia isentrpica (I) pode ser escrita como:

    II hh

    hh

    21

    21

    = (4.22)

    As Equaes (4.21) e (4.22) representam dois critrios de desempenho que

    avaliam a perfeio de um processo termodinmico em diferentes bases. A eficincia

  • 28

    exergtica () compara o processo real com um processo reversvel com os mesmos

    estados de entrada e sada. A eficincia isentrpica (I) compara o processo real com um processo isentrpico comeando no mesmo estado inicial, mas terminando em

    estados diferentes, apesar de ser na mesma presso que o processo real.

    As Equaes (4.21) e (4.22) podem ser rearranjadas, levando s Eqs. (4.23a) e

    (4.23b):

    ( ) ( )1202121

    ssThhhh

    +

    = (4.23a)

    ( ) ( )II hhhhhh

    2221

    21

    +

    = (4.23b)

    A quantidade que faz ser menor do que 1 T0(s2-s1), que a destruio

    especfica de exergia do processo, que aparece como a rea abdca do diagrama T-s da

    Figura 4.1(c). A quantidade que faz I ser menor do que 1 (h2-h2I), que pode ser considerado como um reaquecimento por atrito, representado pela rea 22dc2, na

    mesma figura.

    Quando o estado final da expanso corresponde ao estado inicial de outro

    processo, esta diferena na entalpia ou exergia pode ser utilizada, por isso, todo o

    reaquecimento por atrito no pode ser considerado como uma perda. A Figura 4.1(c)

    mostra que a diferena entre as reas que representam o reaquecimento por atrito e a

    irreversibilidade do processo (rea 22ba2) corresponde exergia do reaquecimento

    por atrito. Fazendo:

    II hhh = 21 (4.24)

    e

    rhh I = 22 (4.25)

    ento,

    rhhhw IT == 21 (4.26)

    Substituindo a Equao (4.26) na Equao (4.17) e fazendo:

    2121 = (4.27)`

    tem-se:

  • 29

    DI erh = 21 (4.28)

    Notando que, para um processo isentrpico, IIh = , ento:

    DI er = 21 (4.29)

    A relao dada pela Equao (4.29) mostra que a parte (r - eD) do reaquecimento

    por atrito pode ser recuperada. A parte que pode ser recuperada aumenta com a

    temperatura de descarga da turbina. medida que o processo movido em direo a

    temperaturas maiores, para um dado I e razo de presso, (r - i) se torna maior. Fazendo uso das Eqs. (4.23) e (4.24) chega-se a:

    ( )rere DIDI

    +=

    1

    (4.30)

    A Equao (4.30) mostra a relao entre I e como uma funo de reD . A

    relao dada pela Equao (4.30) mostrada na Figura 4.2 para trs valores de I e uma

    faixa de valores de Der . Para qualquer valor fixo de I, a eficincia exergtica

    aumenta com Der e os dois critrios de desempenho sero iguais quando 1=Der .

    Figura 4.2: Relao entre as Eficincias Isentrpica e Exergtica na Turbina (KOTAS, 1985)

    Conclui-se ento que uma turbina com baixa eficincia isentrpica pode ser mais

    tolerada quando a descarga ocorre em altas temperaturas do que quando ela ocorre em

  • 30

    temperaturas mais baixas. Apesar da energia cintica no ter sido includa nesta anlise,

    o seu efeito no pode ser desprezado se alta acurcia dos resultados for requerida. Na

    tese o efeito da energia cintica levado em considerao.

    4.2.2- Processo de Compresso Adiabtico no Compressor

    No caso de um processo de compresso adiabtico no compressor, uma anlise

    exergtica, em termos das quantidades especficas, mostra que:

    DC eeew += 12 (4.31)

    Tendo identificado o produto e o combustvel, a eficincia exergtica () pode

    tomar as seguintes formas:

    ( )Cwee 12

    = (4.32)

    C

    D

    we

    = 1 (4.33)

    A Equao (4.32) pode ser comparada com a expresso para a eficincia

    isentrpica para este processo. Usando o mesmo mtodo descrito para o processo de

    expanso:

    ( )12

    1201hhssT

    = (4.34)

    12

    221hhhh I

    I

    = (4.35)

    Da Equao (4.34) se observa que qualquer reduo na abaixo da unidade

    diretamente proporcional ao termo do numerador do segundo termo da equao. No

    caso da Equao (4.34), esse papel desempenhado pelo termo ( )Ihh 22 , o reaquecimento por atrito no processo de compresso, r:

    Ihhr 22 = (4.36)

    Das Eqs. (4.34), (4.35) e (4.36), tem-se que:

  • 31

    ( )IDre = 11 (4.37)

    A Figura 4.3 apresenta a relao da Equao (4.37) para uma faixa de valores de

    Der . Para qualquer valor fixo de I, a eficincia exergtica aumenta com Der e os

    dois critrios de desempenho sero iguais quando 1=Der . Por isso, compressores

    muito eficientes (em termos de I) sero necessrios para que a eficincia global da

    turbina a gs no seja demasiadamente afetado pelas baixas eficincias exergticas ().

    Figura 4.3: Relao entre as Eficincias Isentrpica e Exergtica no Compressor (KOTAS, 1985)

    4.3- Anlise Exergtica do Compressor

    No Cap.5 so apresentadas as formulaes matemticas do modelo

    termodinmico da turbina a gs com turbina livre de potncia. Os clculos da

    temperatura, presso, entalpia e da entropia so realizados de forma acurada e, por

    conseguinte, os clculos das exergias dos fluxos que entram e saem dos componentes da

    turbina a gs.

  • e a e

    de ex

    no a

    de co

    calcu

    4.4- A

    qum

    F

    Referind

    entalpia tota

    xergia espec

    ( 0102 ee

    No se le

    alterou a su

    ompresso

    , we CD =

    Tendo id

    ulada por um

    (C

    e0=

    C = 1

    Anlise Ex

    A exerg

    mica. A exer

    Figura 4.4:

    do-se ao cicl

    al (ht2) foram

    cfica entre

    ) ( 021 hh =

    eva em con

    ua composi

    dada por

    ( 02 eewC

    dentificado

    ma das equa

    )Cwe0102

    C

    D

    we

    xergtica da

    gia do comb

    rgia qumica

    Turbina a G

    lo da Figura

    m calculada

    o fluxo de a

    ) ( 0001 sTh

    nsiderao a

    o qumica

    )01e

    o produto

    aes abaixo

    a Cmara de

    bustvel lev

    a calculad

    32

    Gs com Tu

    a 4.4, a tem

    as conform

    ar na entrad

    )0102 s

    a exergia qu

    a no compre

    e o comb

    o:

    e Combust

    va em cons

    da em fun

    urbina Livre

    mperatura tot

    e descrito n

    da e sada do

    umica do flu

    essor. A ex

    ustvel, a e

    o

    siderao a

    o do poder

    e de Potnci

    tal (Tt2), a p

    no Cap.5. E

    o compresso

    uxo de ar, u

    xergia destru

    eficincia e

    a parcela f

    r calorfico i

    ia

    presso tota

    Ento a dife

    or dada po

    (

    uma vez que

    uda no pro

    (

    exergtica (

    (

    (

    sica e a pa

    inferior (PC

    l (pt2)

    erena

    or:

    (4.38)

    e este

    ocesso

    (4.39)

    (C)

    (4.40)

    (4.41)

    arcela

    CI) do

  • 33

    combustvel obtido em KOTAS (1985). A exergia especfica do combustvel dada

    pela Equao (4.42)

    0

    ,00 ln p

    pTRPCIe CombCombComb += (4.42)

    Para o gs natural, = 1,04. No caso de combustveis lquidos a correlao utilizada no clculo de dada pela Equao (4.43), cujo erro foi estimado por KOTAS

    (1985) em 0,38%:

    +++=

    ch

    cs

    co

    ch 0628,212169,00432,01728,00401,1 (4.43)

    Onde h, o, s e c significam o hidrognio, oxignio, enxofre e carbono presentes

    no combustvel.

    Ao se fazer o balano da equao de combusto, todas as variveis necessrias

    para o clculo da exergia do fluxo dos gases que saem desse componente so obtidas e a

    exergia especfica calculada pela Equao (4.44):

    +=j j

    iji

    jGE xx

    xTRsThe 000200202 ln (4.44)

    Onde o ndice j indica os componentes qumicos presentes nos gases da

    combusto; O ndice 0 indica as fraes molares para o ambiente de referncia e o

    ndice i so as fraes molares na temperatura Ti e presso pi.

    4.5- Anlise Exergtica das Turbinas

    A anlise exergtica da turbina do compressor semelhante ao da turbina de

    potncia, por isso, a anlise apresentada vlida para qualquer um desses componentes.

    O clculo das propriedades termodinmicas relevantes para o clculo das exergias

    especficas na entrada e na sada da turbina apresentado no Cap.5.

    Ento a diferena de exergia especfica entre o fluxo dos gases da combusto na

    entrada e na sada do componente dada por:

  • 34

    ( ) ( ) ( )0102002010201 ssThhee = (4.45)

    No se leva em considerao a exergia qumica do fluxo dos gases da

    combusto, uma vez que este no alterou a sua composio qumica na turbina. A

    exergia destruda no processo de expanso dada por

    ( )0201, eewe TTD = (4.46)

    Tendo identificado o produto e o combustvel, a eficincia exergtica (T)

    calculada por uma das equaes abaixo:

    ( )0201 eewT

    T

    = (4.47)

    T

    DT w

    e= 1 (4.48)

  • 35

    5- MODELO TERMODINMICO DE UMA TURBINA A GS DE DOIS EIXOS

    5.1- Introduo

    A bibliografia referente anlise do desempenho de turbinas a gs tanto no

    ponto de projeto (Design Point Analysis - DPA) quanto fora do ponto de projeto (Off

    Design Analysis - ODP) muito abrangente. A facilidade de clculo dos diferentes

    ciclos de turbinas a gs levou ao desenvolvimento de vrias ferramentas (tais como o

    RRAP da Rolls-Royce, SOAPP da Pratt and Whitney e o TURBOMATCH

    (MACMILLAN, 1974, PALMER, 1983) da Universidade Cranfield, na Inglaterra) que

    modelam a turbina a gs usando mapas dos componentes com as suas caractersticas de

    desempenho.

    A anlise da literatura disponvel mostrou tambm que outras instituies tais

    como a NASA, a OTAN, a Fora Area Americana (FAA) desenvolveram softwares

    para automatizar os clculos de desempenho das turbinas a gs.

    Na FAA, MCKINNEY (1967) desenvolveu o software SMOTE que serve de

    base para a maioria dos softwares desenvolvidos em outras instituies. O SMOTE

    calcula o desempenho de turbofans no ponto e fora do ponto de projeto. Os mapas de

    desempenho dos componentes foram transformados em tabelas de forma a permitir o

    clculo do desempenho fora do ponto de projeto.

    A NASA, atravs do trabalho desenvolvido por KOENIG, FISHBACH (1972)

    desenvolveu o GENENG para clculo de desempenho de turbofans, com procura

    automtica da razo de presso do fan que compatibiliza as misturas das vazes em

    massa frios e quentes do turbofan. No mesmo ano, FISHBACH, KOENIG (1972)

    desenvolveram o GENENG II, uma extenso do GENENG permitindo o clculo de

    desempenho para turbofans com at trs eixos e trs bocais.

    BRINGHENTI (1999) relata tambm outros softwares desenvolvidos pela

    NASA, destacando um que calcula o desempenho tanto em regime permanente quanto

    em regime transiente.

    Ainda, de acordo com BRINGHENTI (1999), a OTAN desenvolveu um

    software baseado num mtodo simples de estimativa do desempenho fora do ponto de

    projeto. O mtodo baseado somente na dinmica dos gases e no necessita das

    informaes dos mapas de desempenho dos componentes. Ele supe que a turbina e o

    bocal propulsor trabalham entupidos (choked), logo, os pontos de operao dos

  • comp

    1999

    entup

    de p

    pesqu

    basea

    5.1.1

    sele

    potn

    comb

    sob v

    de de

    que n

    5.1.2

    com

    aerod

    de en

    turbi

    ponentes qu

    9), esse mt

    pidos, valen

    projeto. Al

    uisadores d

    ados no SM

    1- Simula

    A simula

    o do melh

    ncia lquid

    busto, etc.

    Para se e

    vrias cond

    escrever o c

    no aquelas

    2- Hipteses

    O model

    um gerado

    derivadas u

    nergia eltri

    ina a gs mo

    Figur

    ue ficam

    todo limi

    ndo essa su

    m do TUR

    da Univers

    MOTE e no G

    o do Desem

    ao do de

    hor ciclo ter

    da, consum

    estimar o de

    ies opera

    comportam

    s da condi

    s Considera

    lo termodin

    or de gs e

    utilizadas na

    ica e para ac

    odelada (do

    ra 5.1: Tipo

    jusante pod

    itado porqu

    uposio ape

    RBOMATC

    sidade Cran

    GENENG (

    mpenho no

    sempenho d

    rmodinmic

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    esempenho

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    mento dos co

    o de projeto

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    nmico dese

    uma turbin

    as Unidades

    cionamento

    tipo mostra

    de Turbina

    36

    dem ser de

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    CH (MACM

    nfield dese

    (BRINGHE

    Ponto e Fo

    da turbina

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    omponentes

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    os de bomba

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    a a Gs Mod

    eterminados

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    MILLAN, 1

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    ENTI, 1999,

    ora do Pont

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    s da turbina

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    1974, PALM

    diversos

    ESCHER,

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    eto (off-desi

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    AJI et al., 2

    (BRINGHE

    turbinas op

    ximos do p

    MER, 1983

    softwares

    1995).

    o

    ojeto consis

    de desemp

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    ign point), i

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    tivo das tur

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    2002b)

    ENTI,

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    ponto

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    isto ,

    lidade

    outras

    eixos,

    rbinas

    erao

    que a

    o.

  • 37

    As seguintes hipteses foram consideradas na modelagem termodinmica:

    9 Resfriamento dos discos da turbina: no foi considerado o resfriamento da turbina, seguindo a modelagem feita por BRINGHENTI (1999). De

    acordo com SARAVANAMUTTOO et al., (2001), preciso usar essa

    hiptese na modelagem com cuidado, por causa do limite mximo de

    operao da turbina sem se considerar o resfriamento dos discos e

    palhetas;

    9 Caractersticas dos componentes (Mapas de Desempenho): como os mapas de desempenho dos componentes so de propriedade dos

    fabricantes e no so disponibilizados na literatura, foram utilizados

    mapas genricos obtidos em KOENIG, FISHBACH (1972) e

    BRINGHENTI (1999). De acordo com ESCHER (1995), os mapas

    utilizados no TURBOMATCH (MACMILLAN, 1974, PALMER, 1983)

    tambm so genricos;

    9 Outras especificaes: foram consideradas as perdas de presso nos dutos de entrada e de sada (escapamento), e na cmara de combusto;

    o tambm foram levadas em conta as eficincias mecnicas;

    o todas as vlvulas de alvio (bleed valves) foram consideradas

    fechadas;

    o os ngulos de entrada das palhetas (inlet guide vanes) foram

    considerados fixos;

    o o modelo inclui efeitos de segunda ordem, levando em

    considerao, inclusive, os efeitos da variao da umidade

    relativa do ar.

  • 38

    5.2- Modelo Termodinmico dos Dutos de Admisso e de Exausto

    De acordo com SARAVANAMUTTOO et al. (2001), quando o compressor faz

    parte de uma turbina a gs estacionria, tendo um pequeno duto de entrada de ar, este

    pode ser considerado como parte do compressor e a presso total na entrada, pt1, ser

    igual presso ambiente, pa. A temperatura total na entrada do compressor, Tt1, ser

    igual temperatura ambiente, Ta.

    Contudo, as turbinas industriais normalmente possuem um longo duto de entrada

    com um filtro de ar. Neste caso, uma perda de presso na entrada (pe) deve ser

    deduzida da presso ambiente, pa. Com isso a presso na sada do duto dada pela

    Equao (5.2.1):

    ea ppp =01 (5.2.1)

    A perda de presso devido ao duto, filtros e silenciadores (WALSH,

    FLETCHER, 2004) tipicamente de 0,981 kPa. A perda de presso na exausto varia

    de 0,981 a 2,942 kPa, sendo que os maiores valores ocorrem quando se tem uma planta

    a vapor (caldeiras de recuperao de calor) depois da turbina a gs.

    Os valores recomendados para as perdas de presso (WALSH, FLETCHER,

    2004) so:

    kPaOmmHpe 981,0100 2 == (5.2.2)

    kPaOmmHps 471,1150 2 == (5.2.3)

    Onde a Equao (5.2.2) define a perda de presso na entrada do duto devido ao

    filtro, silenciador, etc. A Equao (5.2.3) define a perda de presso no duto de sada

    (exausto).

    5.2.1- Incorporao de Perda de Presso Varivel ao Longo da Turbina a Gs

    O duto de entrada considerado como sendo adiabtico, isto , a entalpia total

    na sada (h02) igual entalpia total na entrada (h01), isto ,

    0201 hh = (5.2.4)

  • 39

    O que leva a:

    0201 TT = (5.2.5)

    Tanto no duto de entrada quanto no de sada, o ar e os gases de exausto so

    tratados como incompressveis, j que o nmero de Mach (M) suficientemente

    pequeno (M < 0,3).

    No caso geral, a perda da presso de estagnao (pt) num duto sujeito troca de

    calor depende da:

    1) Perda de Presso por Atrito: depende do atrito entre o fluxo de ar e o

    duto;

    2) Perda Fundamental: devido perda de presso causada pela troca de

    calor no duto.

    A perda fundamental uma parcela pequena da perda total e depende a

    temperatura. A perda de presso total (fundamental + atrito) pode ser expressa na forma

    de uma equao do tipo (SARAVANAMUTTOO et al., 2001):

    +=

    = 12 01

    02212

    12

    0

    TT

    kKAm

    pPLF

    m& (5.2.6)

    Onde:

    PLF o Fator de Perda de Presso;

    m& a vazo em massa atravs do duto; 1 a massa especfica na entrada do duto; A2m a rea mdia do duto;

    K1 uma constante que depende da perda de presso por atrito;

    K2 uma constante que depende da perda de presso devido troca de calor;

    T01 e T02 so as temperaturas totais na entrada e na sada do duto,

    respectivamente;

    A Equao (5.2.6) vale para a cmara de combusto, que considerada, no caso

    ideal, como um duto sujeito troca de calor.

  • 40

    Contudo, do ponto de vista do clculo do desempenho da turbina a gs, o

    parmetro de interesse p0/p01, isto , a percentagem da perda de presso em relao

    presso na entrada do componente sendo analisado.

    Esta percentagem depende da presso e se relaciona com o fator de perda de

    presso, PLF, da seguinte forma:

    2

    01

    01

    01

    0

    2

    =

    pATmRPLF

    pp

    m

    & (5.2.7)

    Combinando as Eqs. (5.2.6) e (5.2.7), chega-se a:

    2

    01

    01

    01

    0221

    01

    0

    21

    +=

    pATmR

    TT

    kKpp

    m

    & (5.2.8)

    A Equao (5.2.8) mostra o caso geral, onde a percentagem da perda de presso

    depende do atrito, da troca de calor e da vazo em massa no duto.

    Admite-se que a variao da percentagem de perda de presso uma funo do

    quadrado da vazo em massa corrigida (SARAVANAMUTTOO et al., 2001):

    2

    01

    01

    01

    0

    pTm

    pp &

    (5.2.9)

    Levando em considerao a Equao (5.2.9), tem-se que:

    2

    01

    01

    01

    0

    =

    pTm

    PLFpp & (5.2.10)

    Uma vez especificado a percentagem da perda de presso no duto, p0/p01, o

    fator de perda de presso, PLF, pode ser obtido com a Equao (5.2.10).