voz das misericordias

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VOZDAS MISERICÓRDIAS União das Misericórdias Portuguesas diretor: Paulo Moreira | ano: XXVIII | setembro 2012 | publicação mensal Vila Verde Hospital com nota máxima da ERS Macau Língua é elo de ligação com Portugal Paris Provedor fala sobre congresso mundial Saúde Entrevista Opinião Pág. 18 Pág. 24 Pág. 22 Inauguração Albufeira Sines Património renovado no Fundão Tapetes pela inclusão de deficientes Novo lar é sonho concretizado No dia da Irmandade, e na presença do ministro da Solidariedade e Segurança Social, a Santa Casa da Misericórdia do Fundão inaugurou a requalificação de dois dos mais emblemáticos edifícios da instituição: o antigo hospital e a igreja. Objetivo, segundo o provedor Jorge Gaspar, é valorizar e rentabilizar vários edifícios e equipamentos da instituição. Ação, 9 Na Santa Casa da Misericórdia de Albufeira a deficiência é sinónimo de utilidade, empenho, trabalho e dedicação. Da instituição saem tapetes e colchas de vários tamanhos, mate- riais e cores, e trabalhos de empreita elaborados por pessoas deficientes e cheias de talento. Iniciativa valoriza cultura local e gera mais-valias. Em Foco, 14 e 15 “Fui passado, hoje sou presente, mas preparo-me para o futuro.” Foi assim que começou a cerimónia de lança- mento da primeira pedra do lar Prats Sénior, da Misericórdia de Sines. O depoimento visava recordar o bene- mérito José Prats. A cerimónia, que teve lugar a 18 de setembro, reuniu diversas entidades locais e nacionais. Terceira idade, 17 sustentabilidade. Assim, continuou, todos os esforços serão encetados de modo a ser criada em Portugal, à seme- lhança do que aconteceu recentemente no Brasil, uma frente parlamentar de apoio às Misericórdias para defender os seus interesses junto dos deputados. Destaque, 4 a 8 As Santas Casas do mundo devem apostar no intercâmbio “para se forta- lecerem mutuamente na promoção da saúde e da solidariedade na procura de soluções modernas e inovadoras”. Esta é uma das conclusões do X Con- gresso Internacional das Misericórdias decorreu nas cidades de Porto e Gaia, entre 20 e 22 de setembro e reuniu cerca de 600 pessoas. Para o brasileiro António Brito, que falava no ato de posse como presidente da Confederação Internacional das Misericórdias (CIM), os próximos três anos deverão ficar marcados pelo aumento do intercâmbio entre instituições e pela promoção da Confederação Internacional quer aumentar intercâmbio e promover sustentabilidade das Misericórdias Mais intercâmbio entre Santas Casas do mundo

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Voz das Misericordias

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Page 1: Voz das Misericordias

VOZDASMISERICÓRDIAS

União das Misericórdias Portuguesas

diretor: Paulo Moreira | ano: XXVIII | setembro 2012 | publicação mensal

Vila VerdeHospital com nota máximada ERS

MacauLíngua é elo de ligação com Portugal

ParisProvedor fala sobre congresso mundial

Saúde Entrevista OpiniãoPág. 18 Pág. 24 Pág. 22

Inauguração

Albufeira

Sines

Património renovado no Fundão

Tapetes pelainclusãode deficientes

Novo laré sonhoconcretizado

No dia da Irmandade, e na presença do ministro da Solidariedade e Segurança Social, a Santa Casa da Misericórdia do Fundão inaugurou a requalificação de dois dos mais emblemáticos edifícios da instituição: o antigo hospital e a igreja. Objetivo, segundo o provedor Jorge Gaspar, é valorizar e rentabilizar vários edifícios e equipamentos da instituição. Ação, 9

Na Santa Casa da Misericórdia de Albufeira a deficiência é sinónimo de utilidade, empenho, trabalho e dedicação. Da instituição saem tapetes e colchas de vários tamanhos, mate-riais e cores, e trabalhos de empreita elaborados por pessoas deficientes e cheias de talento. Iniciativa valoriza cultura local e gera mais-valias.Em Foco, 14 e 15

“Fui passado, hoje sou presente, mas preparo-me para o futuro.” Foi assim que começou a cerimónia de lança-mento da primeira pedra do lar Prats Sénior, da Misericórdia de Sines. O depoimento visava recordar o bene-mérito José Prats. A cerimónia, que teve lugar a 18 de setembro, reuniu diversas entidades locais e nacionais. Terceira idade, 17

sustentabilidade. Assim, continuou, todos os esforços serão encetados de modo a ser criada em Portugal, à seme-lhança do que aconteceu recentemente no Brasil, uma frente parlamentar de apoio às Misericórdias para defender os seus interesses junto dos deputados.Destaque, 4 a 8

As Santas Casas do mundo devem apostar no intercâmbio “para se forta-lecerem mutuamente na promoção da saúde e da solidariedade na procura de soluções modernas e inovadoras”. Esta é uma das conclusões do X Con-gresso Internacional das Misericórdias decorreu nas cidades de Porto e Gaia,

entre 20 e 22 de setembro e reuniu cerca de 600 pessoas. Para o brasileiro António Brito, que falava no ato de posse como presidente da Confederação Internacional das Misericórdias (CIM), os próximos três anos deverão ficar marcados pelo aumento do intercâmbio entre instituições e pela promoção da

Confederação Internacional quer aumentar intercâmbio e promover sustentabilidadedas Misericórdias

Mais intercâmbio entreSantas Casas do mundo

Page 2: Voz das Misericordias

A FOTOGRAFIA

O NúmeRO

O CAsO

A FrAse

ESPAçO SénIOr

pAnORAMAwww.ump.pt2 vm setembro 2012

CAO era sonho antigo

Maria Deolinda Gonçalves Academia de Culturae Cooperação da [email protected]

REABERtuRA DA ACADEMIA

O mês de Agosto coincide com o encerramento, para férias, da nossa Academia. É o período de descanso bem merecido daqueles que ao longo do ano dedicam grande parte do seu tempo a uma nobre causa: gerir e manter em funcionamento uma Academia

É um esforço muito grande, que exige dedicação, abnegação e dádiva de si próprio, nem sempre bem compreendidos.

A Academia tem uma função social elevada, no sentido de proporcionar bem-estar, cultura e lazer a pessoas que, dada a sua faixa etária, procuram neste espaço lugar para ocupação de tempos livres, convívio e possibilidade de estabelecer amizades que lhes permitam preencher, quantas vezes, momentos de solidão.

Se em tempo de férias é possível passar mais tempo com a família, estreitando laços, cada vez mais difíceis de se conseguirem, dadas as condições da vida atual, também é muito longo o tempo para os que já não têm familiares e esperam ansiosos o momento de voltarem a reencontrar os amigos que ali fizeram.

Enquanto se aguarda esse momento, é bom aproveitar ao máximo o calor do Verão quer na praia, quer no campo ou na sombra de uma esplanada.

Tirar partido de todos os momentos que Deus nos dá, agradecendo sempre, em cada dia, a maior de todas as dádivas: o dom da vida.

Foi no passado dia 13 de Agosto que se celebrou a peregrinação dos emigrantes em Fátima. Ali acorreram 5 grandes grupos de emigrantes, agradecendo à Virgem as suas graças, pagando as suas promessas ou implorando a Sua proteção.

Seguindo o exemplo destes emigrantes, também nós devemos entregar-nos a Maria, nossa Mãe, nos momentos difíceis das nossas vidas, na certeza de que seremos atendidos. Só Ela pode ajudar-nos, por interceção de Seu filho, a tornar mais clementes os seres humanos, num mundo tão conturbado, como este em que vivemos.

Setembro é o mês de reabertura da Academia, agora mais bonita devido às obras que se fizeram. Foi pintada a fachada da parte virada para o jardim, também este com aspeto melhorado e mais cuidado, com a poda das árvores e plantas ali existentes.

Entretanto, decorrem as inscrições pelo novo processo informático, que está a dar muito bom resultado.

D. Manuel Martinsbispo emérito

de setúbal

“nunca experimentaram o que é ser pobre, sem pão na mesa, sem a capacidade de sorrir e sonhar”

sobre o atual governo

A DescerCortes nas

terapias Caras

O Ministério da Saúde recebeu um parecer

que dá luz verde para poupar na despesa com

os tratamentos mais caros para doenças como cancro, sida ou doenças

reumáticas.

A subirManuais

gratuitos

O município de terras de Bouro, em Braga,

assinalou o início do novo ano letivo entregando

manuais escolares gratuitos às crianças

cujas famílias estão com maiores dificuldades.

VAle De cAmbrA tributo aos voluntários Do CatA Misericórdia de Vale de Cambra promoveu o I Convívio do Serviço de Voluntariado do Centro de Acolhimento São Gonçalo. Foi a 15 de setembro no Parque de Lazer de Codal. De acordo com o provedor, António Pina Marques, o objetivo da iniciativa foi “prestar tributo ao valioso trabalho do serviço de voluntariado numa resposta social tão específica como é o CAt. Este primeiro convívio contou com a presença da quase totalidade dos voluntários, das famílias amigas e também dos utentes do CAt, que trouxeram à festa a alegria e a brincadeira típica das crianças”.

669Mil Contra Mais austeriDaDeCerca de 669 mil pessoas, em diversas cidades do país, saíram às ruas no dia 15 de setembro para dizer “basta” às novas medidas de austeridade recentemente anunciadas pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.

A Santa Casa da Misericórdia de Ribeira Grande, nos Açores, con-cretizou um sonho antigo. No dia 20 de agosto foram inauguradas as instalações do centro de atividades ocupacionais (CAO) para pessoas portadoras de deficiência. Ao todo, o novo equipamento social tem capacidade para 50 utentes.A cerimónia, que foi presidida pelo presidente do Governo Regional dos Açores, contou ainda com a bênção das instalações pelo bispo de Angra e Ilhas dos Açores, D. António de Sousa Braga.

Segundo comunicado da Mise-ricórdia de Ribeira Grande, trata-se de um equipamento destinado a 50 utentes portadores de deficiência, construído no espaço compreendido

por dois imóveis pertencentes à San-ta Casa, sendo um (corpo principal do CAO) resultante da permuta com o Estado de uma parcela de terreno onde veio a ser construído o Palácio da Justiça da Ribeira Grande, e o outro contíguo adquirido exclusi-vamente com recurso aos meios da Misericórdia, para, assim, se conseguir a área indispensável para a concretização do projeto.

“Estruturas como esta são fruto da proximidade entre os governan-

tes, o poder local e as instituições intervenientes na comunidade, pois representam um grande esforço financeiro que só assim através de parcerias se tornam comportáveis”, afirmou o provedor João Cabral de Melo.

Ainda segundo aquele respon-sável, o novo CAO foi construído de raiz para dar resposta a 50 jovens e adultos com deficiência grave ou profunda, “visando não apenas a componente ocupacional, mas sobretudo uma vertente de reabi-litação, estimulação psico-motora, relaxamento e dotação e treino de competências de aplicação prática na vida quotidiana.

Entre colaboradores, dirigentes, familiares e dos utentes e amigos, também marcaram presença na-quela cerimónia de inauguração a secretária Regional do trabalho e da Solidariedade Social e o presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande.

ribeirA GrAnDe ativiDaDesoCupaCionaispara 50 pessoas

Page 3: Voz das Misericordias

ON-LINe

OPInIãO

sLIDesHOW

www.ump.pt setembro 2012 vm 3

Manuel Ferreira da Silva Historiador e fundador do Voz das Misericórdias

PAtRIMóNIO DASMISERICóRDIAS I

Para além do já imenso e laborioso património estudado, e devidamente consignado em arquivos de informação e segurança garantida, há já uma galeria de livros editados que fazem honra em qualquer biblioteca

Mercê da crise que tem afetado portugal, como uma epidemia quase sem controlo, mas que alguns quantos se aproveitam, e sem qualquer escrúpulo.

Enquanto todos os mais lhes sofrem a ambição, houve serviços e sectores de trabalho, na União das Misericórdias,

com apoios oficiais, que tiveram de fechar as portas, sem se saber até quando vai durar a crise;

E em que estado tudo se encontrará, quando raiar o dia feliz em que o sol da confiança brilhará de novo, e sem nuvens.

Um dos sectores, e que em tão pouco tempo ganhou tantos méritos e mereceu até, oficialmente tantos créditos, foi o Gabinete do património Cultural; e que, por enquanto, conforme cremos e esperamos, dispensou mas só pela força das circunstâncias, a briosa, engenhosa e laboriosa equipa que a constituía, sob orientação do Dr. Miguel Loureiro.

Todas as Misericórdias já foram testemunhas e puderam apreciar todo o trabalho de ciência, paciência e competência técnica demonstrado, e por várias vezes, já em exposições nos encontros dos provedores em Fátima, em Assembleias Gerais, ou testemunhos visuais apresentados localmente como foi o de Guimarães a 06 de Maio de 2011, sobre trabalhos já efetuados em algumas Misericórdias do norte; e outros, marcando-se com esse muito apreciado evento o Dia das Misericórdias, 31 de Maio; e que ficou também consignado como Dia do património Cultural das Santas Casas.

para além do já imenso e laborioso património estudado, e devidamente consignado em arquivos de informação e segurança garantida, há já uma galeria de livros editados que fazem honra em qualquer biblioteca.

Desde “Retábulos das Misericórdias portuguesas”, por Francisco Lameira – promotoria Monográfica e Histórica da Arte – com o patrocínio editor da Universidade do Algarve;

Três outros volumes e do mais cuidado rosto e conteúdo gráfico, com prosa das melhores penas e gravuras do mais sugestivo apetite de ver e apreciar, e que destacamos pelo seus sugestivos títulos e autores:

- Uma Brisa Holandesa na Foz do Lima – por pedro Raimundo, 2010;

- O património das Misericórdias – Um Olhar norte – por Gonçalo Alemão e pedro Raimundo, 2011;

- O património das Misericórdias – Um passado com Futuro – por patrícia Lamas e Florbela Morgado, 2012.

São já um prometedor rosto com futuro e para o futuro, logo que seja possível reativar o já tão cheio de méritos como é o Departamento Cultural da União.

na apresentação deste último volume, o Dr. Manuel Lemos congratula-se com o já conseguido no sector da inventariação do património Artístico e Histórico de algumas largas dezenas de Santas Casas; congratulação justa e de reconhecido mérito e significado.

Continua...

bArcelos DupliCar o núMero De voluntáriosDuplicar o número de voluntários já existentes, numa altura em que cada vez são maiores as oportunidades de ajudar, foi uma das ideias transmitidas por Isolete Matos, da Comissão do Projeto Elos da Misericórdia de Barcelos, no II Encontro do Voluntariado da instituição, a 21 de setembro. Aos voluntários foi solicitado que trouxessem um amigo. As ajudas podem ir desde dar apoio nas refeições dos idosos a fazer-lhes companhia, até à cantina social.

um grupo de idosos da Misericór-dia de Semide esteve recentemente em Coimbra para visitar o Paço das Escolas da universidade de Coimbra. Segundo o provedor, João Mourato Pinto, os senio-res “puderam observar toda a belíssima arquitetura com que a universidade nos presenteia. Visitaram a Capela de S. Mi-guel, observaram a Porta Férrea, a torre da universidade, a Faculdade de Direito e tiraram a foto da praxe na Via Latina”.

semiDevisita a CiDaDeDos estuDantes

O Hospital da Prelada, da Misericór-dia do Porto, é o hospital que em Portugal coloca mais próteses da anca, joelho e tornozelo. Entre Junho de 2010 e Junho de 2011, o Serviço de Ortopedia colocou 879 próteses. Incluindo as do ombro, coluna (disco cervical), cotovelo e punho/mão, no total contabilizam-se 910 próteses. Os dados são do relatório anual do Registo Português de Artroplastias, recentemente publicado.

PortoprelaDa é líDer eM próteses

Manuel Carvalho da Silva Pereira foi homenageado, a título póstumo, com a Medalha de Ouro pela Misericórdia da Póvoa de Varzim, numa cerimónia que decorreu no Salão Nobre da instituição. A iniciativa deveu-se, justificou a Mesa Administrativa, “pela excecional dedica-ção” e “ação determinante no alargamento das áreas da saúde e social”. A uMP foi representada pelo membro do Secretariado Nacional, Bernardo Reis.

PóVoA De VArzimHoMenageM a título póstuMo

O atual presidente da união das Mise-ricórdias Portuguesas, Manuel de Lemos, anunciou a sua recandidatura durante o X Congresso Internacional (ver páginas seguintes). “Na sequência do pedido feito por todos os presidentes dos Secretariados Regionais e dezenas de provedores, tomei a decisão difícil de me candidatar a um terceiro e último mandato”, afirmou na sessão de encerramento.

eleições umPManuel De leMos anunCia reCanDiDatura

Page 4: Voz das Misericordias

DESTAQUEwww.ump.pt4 vm setembro 2012

Mais intercâmbio entre Santas Casas do mundo

Para o novo presidente, António brito, a confederação internacional das misericórdias deve promover a sustentabilidade e o intercâmbio entre instituições

As Santas Casas do mundo devem apostar no intercâmbio “para se forta-lecerem mutuamente na promoção da saúde e da solidariedade na procura de soluções modernas e inovadoras”. Esta é uma das conclusões do X Congresso Internacional das Misericórdias, que decorreu nas cidades de Porto e Gaia, entre os dias 20 e 22 de setembro e reuniu cerca de 600 pessoas.

Para o brasileiro António Brito, que falava no ato de posse como presidente da Confederação Internacional das Misericórdias (CIM), os próximos três anos da CIM deverão ficar marcados pelo aumento do intercâmbio entre ins-tituições e pela promoção da sustenta-bilidade. Assim, continuou o deputado federal pelo Estado da Bahia, todos os esforços serão encetados de modo a ser criada em Portugal, à semelhança do que aconteceu recentemente no Brasil, uma frente parlamentar de apoio às Misericórdias. O objetivo é defender os interesses das Santas Casas junto dos deputados.

Além disso, António Brito referiu ainda que pretende fortalecer a pre-sença das Misericórdias em África e Ásia. Daí que, anunciou, o próximo congresso internacional em 2015, a decorrer em Salvador da Bahia, terá uma reunião prévia de preparação em Macau no próximo ano (ver entrevista na página 24).

Para concluir, o novo presidente da CIM foi perentório ao afirmar que o movimento das Santas Casas se constrói com unidade e “o partido político das Misericórdias é a sua missão de apoiar os mais pobres”.

Durante a sessão, o presidente cessante da CIM, Manuel de Lemos, destacou que “só é possível cumprir essa mesma missão se formos exigentes connosco próprios e se com os Estados, os diferentes Estados, trabalharmos em estreita cooperação.”

“Hoje as Misericórdias são institui-ções modernas, bem capacitadas em termos de recursos materiais e humanos onde os mais velhos e os mais jovens, sem preocupação de cortes geracionais, convivem e trabalham de mãos dadas,

Bethania Pagin

Page 5: Voz das Misericordias

www.ump.pt setembro 2012 vm 5

PrOTOCOlO PArA APOIAr DEMênCIASA uMP celebrou um protocolo com a empresa Oncaring durante o congresso internacional. Em causa está o projeto para criação e disseminação de respostas para as demências através do Centro Bento XVI, em Fátima.

em defesa da dignidade e da cidadania. Por isso, escolhemos como tema central do nosso congresso a promoção da modernidade e da inovação, porque a partilha de saberes, de vontades e de responsabilidades vão ser determinan-tes para restaurar nas comunidades a que pertencemos os valores que per-demos e a vontade coletiva de cumprir um destino e uma história, centrados, sim no desenvolvimento económico, sim na criação de riqueza, sim na retoma do emprego, mas também no desenvolvimento social e na proteção social dos grupos mais desfavorecidos.”

A sessão solene de encerramento deste décimo encontro mundial das Misericórdias contou ainda com a presença de Vítor Melícias, presidente fundador e honorário da CIM, que proferiu uma oração de sapiência sob o tema “O movimento ecuménico das Misericórdias” (ver texto ao lado), com o provedor de uma das Misericórdias anfitriãs (Gaia), Joaquim Vaz, que leu as conclusões (ver página 8), e o italiano Roberto trucchi, presidente da Confe-deração das Misericórdias Italianas.

Congresso decorreuno hotel Porto Palácio

NÚMEROS

2100Santas Casaso brasil conta com 2100 santas casas e hospitais filantrópicos. na maior parte dos municípios brasileiros, são as únicas entidades a prestar cuidados de saúde.

45% Internamentosno brasil, 44,8 por cento dos internamen-tos no sistema Único de saúde (similar ao sns em Portugal) são assegurados através da rede de organizações sem fins lucrativos.

600Participanteso X congresso internacional das miseri-córdias reuniu cerca de 500 congressistas. A somar acompanhantes, convidados e organização, o evento reuniu 600 pessoas.

100BrasileirosA comitiva brasileira era a segunda maior deste congresso internacional realizado em Portugal. Daquele país, vieram cerca de 100 pessoas, provenientes de diversos estados.

30%IdososPrevê-se que em 2050, 30 por cento da população brasileira tenha mais de 65 anos. A inversão da pirâmide etária está prevista para o ano de 2030.

443AnosA santa casa de macau participou pela primeira vez em um congresso interna-cional das misericórdias. A instituição já tem 443 anos de existência.

250Mil empregoso setor social em Portugal emprega cerca de 250 mil pessoas

Testemunhos‘Uma utopia pela qual vale a pena viver’

Para a presidente da Assembleia Geral da umP, as misericórdias devem olhar para o mundo atual para encontrar um novo sentido para sua atuação

Para a presidente da Assembleia Geral da união das Misericórdias Portugue-sas, as Misericórdias devem olhar para o mundo atual de modo a encontrar um novo sentido para sua atuação, sem perda da identidade. Maria de Be-lém Roseira falava durante a sessão de abertura do congresso internacional.

Promover cultura com voluntariado e património

Para o padre Vítor melícias, contrariar a participação de todos nas misericórdias é o mesmo que contrariar a vocação histórica dessas instituições

“Contrariar a participação de todos nas Misericórdias é contrariar a vo-cação histórica dessas instituições.” A afirmação foi feita pelo presidente emérito da união das Misericórdias Portuguesas, Vítor Melícias, que pro-feriu a conferência que encerrou este encontro mundial das Misericórdias.

Entre as circunstâncias sociais e económicas da sociedade atual, a responsável destaca o domínio de uma economia especulativa, o aumento do desemprego e com a contaminação das relações pessoais e familiares pelos mecanismos do consumo.

Nesse sentido, as Misericórdias do século XXI têm desafios que vão para além da prática das 14 obras e podem mesmo ter um papel evangelizador. “Difundir os princípios e valores da fé cristã, com o objetivo de transformar o mundo no sentido da promoção do bem comum, pode ser uma utopia, mas é uma utopia pela qual vale a pena viver, lutar e morrer”.

“As Santas Casas só têm vantagem em abrir-se a participação de pessoas com espírito e sentido humanitário de misericórdia, independentemente das sensibilidades religiosas e ideológicas. Contrariar a participação de todos é dificultar a missão histórica e distorcer história plurissecular”.

As Misericórdias, continuou Vítor Melícias, são escolas de bem-fazer que devem exercer essa pedagogia e promover a sua cultura através da participação de todos em regime de voluntariado mas também através do património cultural, que deve ser restaurado, preservado e divulgado porque é um “património de todos”.

“A relação com o setor social é cimeira para o governo”. A garantia foi dada pelo secretário de estado da segurança social. segundo marco An-tónio costa, a ideia de que é necessário reforçar o papel da economia social está presente no governo. Aceitando que há ainda “fricções junto da máquina da segurança social”, o responsável garantiu que “a persistência é total para remover esses comportamentos”.

“A relação com o setor social é cimeira para o governo

Marco António Costasecretário de Estado da Segurança Social

numa sociedade cada vez mais envelhecida, é importante dar ânimo aos mais jovens. A afirmação foi feita pelo presidente da confederação das misericórdias italianas, roberto trucchi. Para aquele responsável, é importante dinamizar a cultura de misericórdia junto dos jovens, mas também junto de outras religiões, razão pela qual as santas casas italianas vão abrir um centro na cidade de belém.

roberto Trucchipresidente da Confederação das Misericórdias Italianas

“todos juntos não somos demais para fazer os outros felizes”. o ditado chinês foi lembrado por António José de Freitas, provedor da santa casa de macau. com 443 anos, a instituição par-ticipou pela primeira vez num encontro mundial de misericórdias. segundo o responsável, a transferência de soberania obrigou a um esforço especial no sentido de granjear o respeito e reconhecimento da república Popular da china.

António José de Freitasprovedor da Santa Casa de Macau

Instrumento de solidariedade ativa

Para o presidente da umP, a clareza e atualidade da missão das Misericórdias faz dessas instituições instrumentos de solidariedade ativa

Desde a criação da primeira Santa Casa, em Florença, já se passaram 760 anos. Para o presidente da uMP, “a clareza e atualidade no tempo” da missão dessas instituições faz com que “todos regressem ao movimento das Misericórdias como um instrumento por excelência de solidariedade ativa”.

Para Manuel de Lemos, que falava na sessão solene de abertura, parece evidente que “é urgente reinventar/desenvolver um novo paradigma so-cietário assente na sociedade de comu-nhão ou, se quiserem, de fraternidade que, seguramente sem conceptualizar, as Misericórdias sempre assumiram, naturalmente à escala do tempo e dos homens.”

“Ou transformamos a solidarie-dade em muito mais do que um im-perativo ético ou a nossa caminhada comum vai conhecer sobressaltos completamente inesperados, como o tempo presente clara e inequivoca-mente induz.”

Page 6: Voz das Misericordias

DESTAQUEwww.ump.pt6 vm setembro 2012

Testemunhos

“A capacidade que o setor social tem para se renovar é um antídoto para o desânimo”. De acordo com tomás correia, presidente do montepio Geral, a economia social é precursora de in-clusão e pode ajudar a diluir a “fraturante dicotomia nós e os outros”. Para aquele responsável, é urgente perseguir uma forma de gestão centrada nas pessoas e não na “procura autofágica do lucro”.

“não há nada mais globalizado que as misericórdias”. Para Francisco Ferrer, diretor da Federação brasileira de Ad-ministradores Hospitalares e presidente do sindicato dos Hospitais beneficentes, religiosos e Filantrópicos do rio Grande do sul, o voluntariado das santas casas é o melhor exercício para a cidadania e “o quesito basilar dessas instituições é a humanização dos cuidados”.

A rede social de hospitais é a de maior capilaridade no brasil, maior que o serviço público de saúde. A afirmação é de Paulo carrara de castro, do depar-tamento de medicina social da Faculdade de ciências médicas da santa casa de são Paulo. A presença do setor social é mais forte no interior que nos centros urbanos, destacou, lembrando que os gastos da saúde no brasil são três vezes menores que os de Portugal.

“A capacidade que o setor social tem para se renovar é um antídoto para o desânimo

Tomás Correiapresidente do Montepio Geral

Francisco Ferrerdiretor da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares

Paulo Carrara de CastroDepartamento de medicina social da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casade São Paulo

Missa do congresso foi celebrada por

D. Manuel Clemente“não há sabedoria sem vida e estão

a faltar sábios. uma sociedade de conhe-cimento que coloca de fora os mais velhos não faz sentido.” Para Joaquina madeira, coordenadora do Ano europeu do en-velhecimento Ativo e da solidariedade entre Gerações, “precisamos de um novo paradigma” em prol de uma sociedade em que as pessoas não sejam instrumentos ao serviço de interesses, mas sujeitos de pleno direito.

Joaquina Madeira Coordenadora do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações

“não aceitamos que a austeridade possa ser um desígnio nacional, vazio e oco, onde as pessoas estão perdidas, no labirinto da esperança, na procura de um destino para as suas vidas.” A afirmação é do provedor da misericórdia do Porto, António tavares, em cujo salão nobre decorreu a sessão solene de abertura do X congresso internacional das mi-sericórdias.

António Tavares Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto

Para manuel caldas de Almeida, responsável do secretariado nacional da união das misericórdias Portuguesas para área da saúde, “já ganhamos anos de vida e agora temos de conquistar qualidade de vida para esses anos”. em colaboração com os governos, as santas casas podem planear cuidados e gerir orçamentos com eficácia, garantindo também uma rede de afetos, concluiu o também provedor da misericórdia de mora.

“Já ganhamos anos de vida e agora temos de conquistar qualidade de vida para esses anos

Manuel Caldas de Almeida Membro de Secretariado nacional da UMP responsável para área da saúde

Missão das Santas Casas é completa“Tudo se garante para amanhã com a generosidade de hoje”, afirmou D. manuel clemente durante a eucaristia que inaugurou o congresso

“tudo se garante para amanhã com a generosidade de hoje”. As palavras foram proferidas pelo bispo do Porto, D. Manuel Clemente, durante a euca-ristia que inaugurou o X Congresso Internacional das Misericórdias, que decorreu no Porto e em Gaia, nos dias 20, 21 e 22 de setembro.

Na homilia dedicada às Misericór-dias, D. Manuel Clemente lembrou os

sacrifícios daqueles que dão a vida pela bem dos outros, destacando ainda que a solidariedade é o principio essencial do evangelho e da socie-dade. “A vida de Cristo foi solidária do começo ao fim” e as 14 obras de misericórdia são deste exemplo um reflexo. “Para todas as fragilidades contamos com a vida de Cristo e as obras de misericórdia não deixam de fora nenhuma carência”.

Para o bispo, que falava durante a homilia, as Misericórdias trabalham em prol daquilo que considera ser a “essência integral dos homens”. “O mundo precisa hoje de todo o tipo de pão, para o corpo físico, espiritual e cultural”. Por isso, a missão das Santas Casas é completa. Culto, caridade e

cultura são as bases principais do trabalho dessas instituições.

A eucaristia que inaugurou o con-gresso internacional teve lugar na Sé do Porto e foi solenizada pelo grupo coral da Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde. Depois da missa, as irmandades desfilaram até o salão nobre da Miseri-córdia do Porto, onde decorreu a sessão solene de abertura. O trânsito esteve con-dicionado e, ao longo de todo o cortejo, a comunidade em geral e muitos turistas aproveitaram para assistir ao desfile.

Recorde-se que o arcebispo primaz de Braga e presidente da comissão episcopal da Pastoral Social, D. Jorge Ortiga, marcou presença no primeiro dia deste encontro mundial que reuniu cerca de 600 pessoas.

Page 7: Voz das Misericordias

www.ump.pt setembro 2012 vm 7

COrO DA MISErICórDIA DE VIlA VErDEA eucaristia que inaugurou o congresso internacional teve lugar na Sé do Porto, a 20 de setembro, e foi solenizada pelo grupo coral da Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde.

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José Silva Peneda foi homenageado durante o X Congresso Internacional

Ministro da Solidariedadee da Segurança Socialenalteceu trabalhodas Misericórdias

Provedor de Gaia, Joaquim Vaz, na leitura das conclusões

Cortejo de irmandades percorreu ruas do Porto no primeiro dia do congresso

Homenagem ao presidente do CES

Depois da homenagem e durante a sua intervenção, o presidente do ces apelou a uma cultura de partilha e compromisso assente na confiança mútua

O presidente do Conselho Económico e Social (CES) foi homenageado du-rante o congresso internacional. José Silva Peneda recebeu a medalha de benemérito da união das Misericór-dias Portuguesas das mãos do presi-dente Manuel de Lemos. Foi durante o quarto e último painel do congresso

Setor social é realidade na saúde

Para o secretário de estado Adjunto e da saúde, setor social é um parceiro com o qual o governo conta para a prossecução da política de saúde

O setor social é hoje uma realidade na prestação de cuidados de saúde e um parceiro com o qual o governo conta para a prossecução da política de saúde em Portugal. A garantia foi dada pelo secretário de Estado Ad-junto e da Saúde durante o congresso internacional.

internacional. Além de Silva Peneda, o painel dedicado á economia social também contou com o secretário de Estado da Segurança Social, Marco António Costa, e o presidente do Montepio Geral, tomás Correia.

Durante a sua intervenção, o pre-sidente do CES apelou a uma cultura de partilha e compromisso assente na confiança mútua. “A incerteza é a única certeza do nosso tempo, em que impera a desconfiança. Nos mercados e nos governos, não há transparência”. Num tempo especialmente compli-cado, Silva Peneda acredita que a solução poderá estar na mobilização de diferentes ideias.

Lembrando as dívidas do Minis-tério da Saúde, que alcançava valores suficientes “para pagar mais de um subsídio de Natal aos portugueses”, Fernando Leal da Costa destacou que, apesar da preocupação com a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde, “é urgente encontrar um novo modelo de articulação entre setor público, privado e social”.

“O Estado tem de ser afirmar cada vez mais como regulador e financiador e cada vez menos como prestador e deve ser, acima de tudo, o supremo garante que todos os portugueses têm acesso a cuidados de saúde de proximi-dade, de qualidade e em tempo efetivo.”

Salvaguardar fiscalidade é fundamental

salvaguardar a fiscalidade das instituições é fundamental. A afirmação foi feita pelo ministro da Solidariedade e da segurança social

Salvaguardar a fiscalidade das institui-ções é fundamental. A afirmação foi feita pelo ministro da Solidariedade e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, durante a sessão solene de abertura do X Congresso Internacional das Misericórdias.

De acordo com o governante, ao

contrário do que estava previsto no memorando de entendimento com a troika, o governo não avançou com a medida de acabar com a isenção de pagamento de IRC por parte das instituições do setor social. “Sabía-mos que era o mesmo que obriga-las a fechar portas”, referiu, destacando que o governo sabe das dificuldades de sustentabilidade das instituições.

Para Pedro Mota Soares, reco-nhecer o papel das Misericórdias não é assumir que há instituições que prestam melhor apoio social às comunidades. “Os decisores políticos não têm a proximidade que as Santas Casas têm dos problemas”.

Durante o X Congresso Interna-cional das Misericórdias, foi possível conhecer e adquirir os produtos que oito Santas Casas comercializam para valorizar a cultura local e gerar mais-valias para a sustentabilidade da instituição. As Misericórdias que aceitaram o desafio de mostrar o seu trabalho foram Albufeira, Macedo de Cavaleiros, óbidos, Valpaços, Vila Verde, Vila do Conde e Vimieiro.

stAnDexposição e venDa De proDutos

O congresso internacional tam-bém teve espaço para convívio entre os congressistas. A Casa Ferreirinha recebeu pessoas provenientes de todo o mundo para o jantar oficial do congresso. Paralelamente aos trabalhos, também decorreu um pro-grama social para acompanhantes dos congressistas. Os programas sociais foram organizados através da linha de serviço da uMP para o turismo, a turicórdia.

conVíVioCasa FerreirinHareCebe Congressistas

A medalha deste X Congresso Internacional das Misericórdias, que teve lugar entre 20 e 22 de setembro, foi apresentada no salão nobre da Santa Casa de Vila Nova de Gaia, uma das instituições anfitriãs deste encontro mundial. Foi no dia 22 de setembro e contou com a participação de diversos congressistas e amigos da Misericórdia de Gaia.

institucionAlMeDalHa Do CongressoapresentaDa eM gaia

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DESTAQUEwww.ump.pt8 vm setembro 2012

ConSelho PerMAnenteBielorússiaD. Valentina KolossovaespanhaD. Antonio barandiaran PradoFrançaDr. Joaquim da silva sousaItáliaDott. roberto monciattilituâniamons. tamelevicius PranasluxemburgoDr. António AntunesPortugalDr. manuel Augusto lopes de lemosrússiaD. oleg FilippovUcrâniaD. Volodymyr semeniv

ConSelho dA PreSIdênCIAPresidente luxemburgoP. belmiro narino FigueiraVice-PresidentePortugal Dr. carlos Alberto correia AndradeVice-PresidenteItáliaDott. roberto trucchiTesoureiroespanhaD. Jesús Vicente cía GarzaSecretário ItáliaDott. roberto monciattiSecretárioPortugalDr. José nunesDiretor EspiritualUcrâniaArquimandrita Giovanni scarabelliPresidente Fundador/HonorárioPortugalP. Dr. Vítor José melícias lopes

PAíS CAndIdAto à AdeSãoMontenegro

ConSelho SUPerIorPresidente InternacionalBrasilDr. Antônio luiz Paranhos ribeiro leite de britoVice-Presidente InternacionalPortugalDr. manuel Augusto lopes de lemosVice-PresidenteBrasil/América latinaPe. niversindo Antônio cherubimVice-PresidenteBrasil/América latinaDr. José reinaldo nogueira de oliveira JúniorVice-PresidenteItália/europaDott. roberto trucchiVice-PresidenteFrança/europaDr. Joaquim da silva sousaVice-PresidenteMacau/ChinaDr. António José de FreitasVice-Presidenteluxemburgo/europaP. belmiro narino FigueiraVice-PresidenteUcrânia/europamons. Giovanni scarabelliVice-PresidenteAngola/ÁfricaDom Damião Franklim1º SecretárioBrasil/América latinamaurício Almeida Dias Pereira2º SecretárioBrasil/América latinaedson rogatti3º SecretárioPortugal/europaDr. António tavares1º TesoureiroBrasil/América latinaJosé Alberto monteclaro cezar2º TesoureiroBrasil/América latinabenedito marques dos santos Filho3º TesoureiroPortugal/europaDr. bernardo reisDiretor JurídicoBrasil/América latinaDr. massazumi niwaDiretor JurídicoBrasil/América latinaDr. Júlio Dorneles

ConSelho FISCAlPresidente Brasil/América latinaDr. mirocles campos Veras neto VogalBrasil/América latinaDr. Paulo césar de AbreuVogalItália/europaDott. roberto monciattiVogalBrasil/América latinaDr. Darcísio PerondiVogal

União Europeia das MisericórdiasÓrgãos sociais 2012/2015

Confederação Internacional das MisericórdiasÓrgãos sociais 2012/2015

América latina/MéxicoD. Domingo cavallanti ciseraniVogalíndiaP. António de oliveira colimãoVogalÁfrica/S. tomé e PríncipePe. Domingos Ferreira carneiroVogalBrasil/América latinaDr. saulo converso lara

PreSIdenteS eMérItoSPresidenteBrasil/América latinaP. José linhares PontePresidentePortugal/europaP. Dr. Vítor José melícias lopesPresidenteBrasil/América latinaeng. ivo Arzua PereiraPresidenteItália/europaDott. Gianfranco Gambelli

1reafirmam o seu espirito de missão, como uma expressão viva e operante do

seu envolvimento solidário na comunidade, em prol da construção de uma civilização global de amor e de paz;

2congratulam-se com o reconhecimento pelo estado do papel decisivo das mi-

sericórdias, no apoio às populações, como parceiros essenciais no desenvolvimento e na consolidação dos serviços de saúde e na sustentabilidade da proteção social;

3reconhecem que, no atual momento de crise social, económica e financeira

que se vive, devem assumir um papel mais ativo na complementaridade da atuação do estado;

4reafirmam o seu empenho na promoção de uma cultura de solidariedade e de

justiça, no combate à pobreza e à exclusão social, aceitando participar num esforço de uma nova evangelização baseada na prática de todas as obras de misericórdia e assente na doutrina social da igreja;

5manifestam o seu mais vivo testemunho no espírito que as anima e que permite que o

evangelho seja uma fonte de modernidade e

inovação, de solidariedade universal, de partilha e de fidelidade aos compromissos assumidos;

6evidenciam que a sua experiência secular ao serviço dos mais desfavorecidos da so-

ciedade e o seu carácter universal lhes garantem as condições necessárias para participarem, de um modo mais fraterno, na construção de um futuro sustentável para todos;

7relevam a sua preocupação com os fenómenos de exclusão social que não

são dignos de uma sociedade inclusiva onde a dignidade humana deve ser o referencial único de orientação ética e moral;

8salientam de um modo vigoroso que o relacionamento dos estados com as

misericórdias se deve pautar por um contrato de confiança que tenha em consideração as condições e o nível de vida existente em cada país e o rigoroso cumprimento dos compromissos assumidos;

9As misericórdias confirmaram o seu pro-cesso de melhoria contínua de qualidade

alavancada em certificação externa. neste pressuposto solicitam ao Governo e exigem do estado tratamento, interpares e legislação e avaliações compatíveis com a realidade do País e as capacidades das instituições.

10Apelam para que os parlamentos na-cionais não deixem de acompanhar,

através de comissões próprias, as instituições da economia social e o relevo que as mes-mas assumem na criação de condições de qualidade de vida para todos os cidadãos, salientado a importância da existência de uma lei de bases da economia social;

11cientes que, o mundo globalizado reclama competência técnica e cien-

tifica e demonstra a necessidade do reforço competitivo das nações, entendem ser seu dever preparar-se para inovar, criando ins-trumentos que potencializem a investigação em rede, com destaque para a ligação às universidades;

12Disponibilizam-se para participar em programas de educação para a

saúde e prevenção de doenças, no quadro dos ensinos pré-escolar, básico e secundário;

13consideram, ainda, a ligação dos seus hospitais e de outros estabe-

lecimentos congéneres, ao ensino superior na área da saúde, como fundamental para a obtenção de competências técnicas no desenvolvimento dos seus equipamentos;

14encaram como primordial que, na sua conclusão, o ciclo de vida tenha

uma nova abordagem, onde o paradigma do envelhecimento ativo da população, da intervenção das famílias, dos cuidados palia-tivos e de um voluntariado qualificado, possa ser uma regra seletiva para a humanização dos serviços;

15Apostam no intercâmbio entre as misericórdias espalhadas por todo o

mundo, para assim, assumindo a idiossincra-sia e diversidade das matrizes constitutivas, para assim se fortalecerem mutuamente na promoção da saúde e da solidariedade na procura de soluções modernas e inovadoras.

Porto e Vila Nova de Gaia, 22 de Setembro de 2012 A Comissão Organizadora

Conclusões

o X congresso internacional das misericórdias sob o lema “Unidas para multiplicar – Promotoras de modernidade e inovação” faz aprovar as seguintes conclusões

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EM AçãOwww.ump.pt10 vm setembro 2012

Património renovado abre portas no Fundãono dia da irmandade, a santa casa da misericórdia do Fundão inaugurou a requalificação de dois dos mais emblemáticos edifícios da instituição. Hospital e igreja têm agora cara renovada

No dia da Irmandade, e na presença do ministro da Solidariedade e Segurança Social, a Santa Casa da Misericórdia do Fundão inaugurou a requalificação de dois dos mais emblemáticos edifí-cios da instituição: o antigo hospital e a igreja.

Construído em 1861, o edifício que foi o primeiro hospital da cidade, chegou a ser colégio interno, sede do Instituto Superior de Matemática e Gestão, foi agora adaptado ao ensino artístico dando resposta à falta de espaço da Academia de Música e Dança, da Misericórdia fundanense que acolhe cerca de 1500 alunos.

Para o presidente do Secretariado Nacional da união das Misericór-dias Portuguesas (uMP), Manuel de

Paula Brito

Cerimónia contou com ministro da Solidariedadee Segurança Social

Lemos, este é um exemplo que “dá conta da agilidade das Misericórdias portuguesas em se adaptarem aos novos desafios” considerando que estas casas foram feitas com “um sentido, na altura um hospital, hoje acolhem jovens e música, é de facto uma adaptação nos tempos”.

uma versatilidade salientada tam-bém pelo ministro Pedro Mota Soares, para quem as Misericórdias são “um exemplo para o próprio Estado”, por-que passados 500 anos continuam “fi-éis ao seu compromisso, ao seu ADN”. uma fidelidade que não impediu nem interferiu na sua capacidade de se “reinventar”. Por isso, acrescentou o ministro da Solidariedade e Segu-rança Social, o governo conta com o terceiro sector para “dar a volta ao atual cenário” e para também criar um

“novo paradigma” no relacionamento entre o Estado e as instituições sociais. “Queremos elegê-las como nossos par-ceiros e elevá-las ao nível do Estado, uma relação em que se respeitam e se complementam”, concluiu.

Quanto à igreja da Misericórdia, que data do ano de 1631, e que ainda hoje é o principal local de culto da Irmandade, vai estar, a par da sacristia, integrada no núcleo museológico que a Santa Casa do Fundão pretende ali construir.

“Vamos utilizar algumas salas do rés-do-chão para fazer, em conjunto com a câmara municipal e a paróquia, um museu de arte religiosa”, adianta o provedor da instituição. “temos pe-ças de grande valor como duas bulas papais, peças doadas por benfeitores e arte que está a ser restaurada e que

vai ocupar todo aquele espaço dentro de seis meses”, referiu Jorge Gaspar.

As obras, em dois edifícios contí-guos, foram comparticipadas em 80 por cento e representaram 700 mil euros, dos 10 milhões que a câmara do Fundão candidatou ao programa Polis, Para o autarca Paulo Fernandes, trata-se de “um programa de regene-ração da zona antiga da cidade que permitiu a apresentação de 34 projetos e um investimento global na ordem dos 10 milhões de euros”.

Para o provedor da Misericórdia do Fundão, estes dois edifícios fazem parte de um programa de recupera-ção do património que já permitiu requalificar, valorizar e rentabilizar vários edifícios e equipamentos da instituição, designadamente “a capela do calvário, o edifício sede, a recu-

peração de casas de habitação social para arrendamento, a reabilitação da creche e do jardim-de-infância e as novas instalações do AtL, obras estas já concluídas”.

O dia da Irmandade tem como objetivo, continuou o provedor da Misericórdia do Fundão, “promover o convívio e os valores da família” e ficará, este ano, na história da insti-tuição uma vez que transformou dois espaços emblemáticos colocando-os ao serviço da cultura, da educação e do culto religioso. Para o presidente da uMP, “o dia da Irmandade, que muitas das nossas Misericórdias ce-lebram, é importante para dar conta com transparência e clareza do seu trabalho permitindo também abri-las às comunidades”, concluiu Manuel de Lemos.

Page 11: Voz das Misericordias

Apostar nos Jogos Sa

nta Casa

é acreditar nas boas causa

s.

Nos Jogos Santa Casa trabalhamos para ajudar a construir futuros.

Queremos por isso agradecer-lhe o contributo que dá às boas causas

sempre que aposta nos jogos sociais, ajudando-nos a levar

diariamente a esperança àqueles que mais precisam.

Apostar nos Jogos Santa Casa também é apoiar Boas Causas.

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EM AçãO

12 vm setembro 2012

RECEITAS nAS MISERICÓRDIAS

Papas de carolo de Penamacor

InGredIenteS Modo de PrePArAção:

250 g carolo1 l água2 l leite250 g açucar amarelo1 casca limão ralada1 pitada sal

Deve cozer-se o carolo na água, adicio-nando-se a pitada do sal. em seguida, junta-se o leite, pouco a pouco até anatar. Depois junta-se a casca de limão e por fim o açúcar. Para a nossa receita ficar perfeita, falta só polvilhar com canela an-tes de servir.

Preço: dIFICUdAde:

€ € € € € ,,,,,

Rally paper em prol da cantina socialobjetivo do rally paper da misericórdia de Vila do conde era angariação de fundos para a construção da cantina social. Foi a 15 de setembro

Esperam-nos 25 quilómetros de boa disposição, aprendizagem, exercício, gargalhada e competição. O rally pa-per da Misericórdia de Vila do Conde arranca para a 15.ª edição, em cola-boração com o Lions Clube e com a Associação do Desporto Automóvel. A equipa do VM segue no lugar do pendura para acompanhar tudo. Em causa está a angariação de fundos para a construção da cantina social. Foi a 15 de setembro.

O cheiro a maresia acompanha a procura pelas primeiras respostas. Pelo passeio pedonal da Praia Azul descobrimos as modalidades pratica-das no clube fluvial. Experimentámos os aparelhos ali instalados para algum exercício físico e ainda deitamos o ‘olho’ à escola de surf lá sedeada.

trajeto cumprido, é hora de con-tinuar para o parque João Paulo II. E já agora, quantas vezes aquele Papa visitou Fátima? três vezes seria a resposta certa. A prova leva-nos ain-da a percorrer o parque, apreciando algumas aves e respirando ar puro.

Vera Campos

rally paper contoucom 15 equipas

a cantina social foi o objetivo desta edição do rally paper da santa Casa da Miseri-córdia de vila do Conde. em causa estão as elevadas solicitações diárias de apoio em alimentação e alojamento por parte de pessoas desfavorecidas. neste senti-do, a instituição pretende que o equipa-mento colmate estas lacunas e promova hábitos de higiene e sinalize situações de pobreza extrema e exclusão social. Já em construção, prevê-se que entre em funcionamento a partir do primeiro trimestre de 2013 com os serviços de re-feições, banhos e alojamento temporário. Diversas empresas locais apoiaram esta prova destinada a angariação de fundos para apoiar pessoas desfavorecidas. entre outros, o Montepio geral, Hotel Zmar, Farmácia lusitana, o Hotel estalagem do brazão, o Hotel villa e azurara parque aventura.

Alimentação e alojamento

De volta à estrada, rumamos para a igreja da quinta do Galante, da Santa Casa, onde funcionam a empresa de inserção da instituição, mas também uma propriedade agrícola. Grande parte dos bens de consumo servidos na instituição é ali colhida. A primeira parte está perto do fim, mas antes de colhermos o pepino obrigatório nas estufas da quinta, derrubamos o meco e recordamos os benefícios nutricionais dos legumes.

uma curta pausa é o suficiente. O próximo desafio leva-nos até à tou-guinha. O pacato lugar é surpreendido pelos ‘inesperados visitantes’ que se atropelam em perguntas. “De quem é padroeira Nossa Senhora do ó? Quem foi o sacerdote que dinamizou a construção do centro paroquial? Quem ofereceu o relógio da igreja? Quantos degraus subimos até à porta da igre-ja?”. De sorriso aberto, não se deixam intimidar pelo nosso ar ‘esbaforido’.

Pelo contrário, lá nos vão respon-dendo com a rapidez que precisamos, avisando que os nossos “adversários” já levam alguma vantagem. A popu-lação mostra-se agradada por esta ‘súbita invasão’ e reforçam o que já vínhamos sentindo, uma excelente hospitalidade.

A prova está quase no fim. Re-gressamos ao ponto de partida, onde trocámos impressões e partilhámos as emoções vividas ao longo das duas últimas horas.

1º ClassificadoFernando sousa Dias

2º Classificado Albina maria silva maia

3º Classificado luis miguel monteiro silva

Os vencedores

Page 13: Voz das Misericordias

www.ump.pt

Para assinar, contacte-nos:Jornal Voz das Misericórdias, Rua de Entrecampos, 9 – 1000-151 LisboaTelefone: 218110540 ou 218103016Email: [email protected]

Como contactar-nos:Correio Rua de Entrecampos, 9, 1000-151 LisboaEmail: [email protected]

As cartas devem ser identificadas com morada e número de telefone. O Voz das Misericórdias reserva-se o direito de selecionar as partes que considera mais importantes. Os originais não solicitados não serão devolvidos.

Leia, assine e divulgue

Correio do leitor

VOZDASMISERICÓRDIAS

VOZDASMISERICÓRDIAS

Proença-a--Velha quer divulgar pa-trimóniosanta casa da misericórdia de Proença-a-Velha está preocupada com a salvaguarda do seu património histórico e religioso

A Santa Casa da Misericórdia de Proença-a-Velha está preocupada com a salvaguarda do seu património his-tórico e religioso. A informação surgiu no âmbito da visita do presidente do Secretariado Nacional da união das Misericórdias Portuguesas (uMP) àquela Santa Casa.

Segundo o provedor, Augusto S. Pedro, a Misericórdia tem vindo há muito tempo a preocupar-se com o património cultural e a sua exposição ao público, “com a dignidade que bem merece”, disse.

O sonho de um dia ter um museu para exposição das peças já tem até um espaço definido, junto do edifício da Misericórdia e também da sua igreja. Com peças de cariz essencialmente sacro, a Santa Casa de Proença-a-Nova ainda não conseguiu obter os fundos necessários para concretização do projeto. Ainda de acordo com Augusto S. Pedro, a realidade da Misericórdia é “pobre e humilde”, mas sem descurar a necessidade de “dignificar e a manter a sua origem e a doutrina multissecular”.

Durante a visita, que contou tam-bém com a participação do presidente do Secretariado Regional de Castelo Branco e provedor da Santa Casa de Idanha-a-Nova, Joaquim Mou-rão, Augusto S. Pedro transmitiu ao presidente da uMP as aspirações da instituição que dirige.

Durante a visita ao distrito de Castelo Branco, Manuel de Lemos também esteve nas Santas Casas de Belmonte, Covilhã, São Vicente da Beira, Soalheira, Penamacor, Proença--a-Velha, Medelim e Monsanto. O presidente da uMP também esteve no Fundão para inauguração das obras de reabilitação dos edifícios do antigo hospital e da igreja da Santa Casa do Fundão (ver página ao lado).

As visitas tiveram lugar entre 30 de agosto e 1 de setembro e visam permitir ao presidente da uMP conhecer de perto a realidade das Misericórdias do país. Recorde-se que Manuel de Lemos está a terminar o seu segundo mandato à frente das Santas Casas.

Bethania Pagin

Page 14: Voz das Misericordias

EM FOCOwww.ump.pt14 vm setembro 2012

Tapetes mágicos espalham alegria em Albufeira

na misericórdia de Albufeira a deficiência é sinónimo de utilidade, empenho, trabalho e dedicação. Da instituição saem trabalhos que valorizam cultura local e geram mais-valias

Na Santa Casa da Misericórdia de Albufeira a deficiência é sinónimo de utilidade, empenho, trabalho e dedicação. Da instituição saem tapetes e colchas de vários tamanhos, mate-riais e cores, e trabalhos de empreita elaborados por pessoas deficientes e cheias de talento.

Concentrados e extremamente cuidadosos, para que cada fio siga o caminho certo, Artur, Luís, António e tiago dão forma e cor a cada um dos inúmeros tapetes e colchas es-

nélia Sousapalhados pelo ateliê tapete Mágico. Aqui as mãos mágicas destes quatro habilidosos trabalhadores mostram como a deficiência não é um entrave ao desenvolvimento profissional. Pelo contrário, a sua dedicação e empenho valorizam-nos e tornam a sociedade atual mais rica e humana.

O ateliê tapete Mágico é um dos inúmeros projetos pensados pela San-ta Casa da Misericórdia de Albufeira. Criada em 2001, a iniciativa surgiu no seguimento de uma formação desen-volvida com o Instituto de Emprego e Formação Profissional em que os

formandos aprenderam a arte da te-celagem manual. É então que surge a empresa de inserção com o objetivo de possibilitar a integração socioprofis-sional desses formandos. Daí o nome tapete Mágico, pois no entender da nova provedora, Patrícia Seromenho, “a confeção dos tapetes era uma espécie de fórmula mágica para que estas pessoas se sentissem úteis para a sociedade”.

Hoje a equipa do tapete Mágico orgulha-se do trabalho que desenvolve e os inúmeros tapetes voam até feiras, lojas comerciais e até estão expostos no posto de turismo de Albufeira para

“inglês ver”. E os turistas gostam mui-to do que veem. “Nós tínhamos uma loja no centro de Albufeira, que é um ponto de passagem de turistas e onde os tapetes já eram uma referência, e eles agora deslocam-se aqui” como nos conta Patrícia Seromenho. Para além do posto de turismo e de algumas lojas que compram diretamente os artigos de tapeçaria, a Misericórdia criou também uma loja social onde os produtos estão expostos e podem ser adquiridos pelos visitantes.

Quem já teve oportunidade de ver os trabalhos desenvolvidos por estas

pessoas especiais fica deslumbrado com a qualidade dos mesmos. “É satisfatório ver a alegria das pessoas quando sabem que os trabalhos são feitos por pesso-as com deficiência”, diz Paula Mira, diretora técnica do lar residencial S. Vicente e quem supervisiona os ateliês ocupacionais da instituição.

Artur Pedro vai tecendo no tear manual mais um tapete. É ele que supervisiona o grupo. Apesar da sua deficiência auditiva, Artur é autóno-mo e o único que não reside no lar da Santa Casa. Cabe-lhe a tarefa de apoiar e orientar os trabalhos desen-

Tapetes começaram a ser produzidos em 2001

Page 15: Voz das Misericordias

www.ump.pt setembro 2012 vm 15

volvidos pelos colegas. Daqui por dois ou três dias das suas mãos sairá mais um bonito tapete. Artur e Luís são os mestres do tear. Já a António e tiago cabem-lhes outras tarefas menos difíceis. todos juntos confecionam bonitos tapetes, uns tendo por base o fio de algodão, outros o retalho (restos de tecido). Foi por necessidade de adaptação ao mercado que o retalho começou a ser utilizado. “Os tapetes ficam mais económicos e a cor é também mais diversificada. Além disso há uma grande procura deste tipo de tapetes”, explica a provedora para quem este ateliê serviu para “recuperar este trabalho artesanal que no concelho estava a ser esquecido”. Por outro lado esta atividade mantém estas pessoas ocupadas e é uma for-ma de se sentirem úteis. “Para além de lhes aumentar a autoestima e de estarem a valorizar-se há ainda o as-peto cultural porque implica conseguir manter o artesanato vivo”, elucida Irís Cardoso, técnica responsável pela área da tapeçaria. De segunda a sexta-feira deste pequeno ateliê, com vista para o mar, saem tapetes e colchas que podem chegar a custar 90 euros, valor que inclui muitas horas de trabalho e matéria-prima de qualidade.

Com mais de 200 anos de história, a santa Casa da Misericórdia de albufeira tem 196 trabalhadores e mais de 400 utentes. Com várias respostas sociais e uma abrangência de trabalho muito diversificada, a instituição tem os olhos postos na divulgação dos produtos e na dinamização de novos projetos porque, como diz ao vM a provedora, “é uma forma de criar riqueza para a institui-ção”. a próxima iniciativa passará pela criação de uma quinta pedagógica no espaço a Horta, projeto que já existe há algum tempo e que tem por finalidade a produção de produtos hortícolas. aqui planta-se tomate, abóbora, couves, ce-bola, pimentos que depois servem para consumo interno e também para venda através da loja social. Com este vasto espaço agrícola a santa Casa pretende trabalhar o terreno com o objetivo de ali criar a quinta pedagógica para depois, em parceria com as escolas, desenvolver um centro educativo. para começar já foram oferecidos o cavalo e o burro, agora só falta o resto.

Mais de 200 anos a olhar para o futuro

Valorizar tradição algarvia

Paredes-meias com o tapete Mágico está o ateliê de cestaria. trata-se de um dos vários ateliês ocupacionais do Lar de São Vicente da Santa Casa da Misericórdia de Albufeira, lugar onde se encontram crianças, jovens e adul-tos com deficiência física ou mental. Naquele espaço, jovens e adultos trabalham a palma, de onde no final saem bonitos objetos de empreita. tipicamente algarvia, a empreita - fita entrançada, feita de palma - é uma das atividades artesanais mais representativas do Algarve, embora já não tenha a importância de outrora. Precisamente com o intuito de não deixar cair no esquecimento este tipo de artesanato, a Santa Casa quis recuperar a tradição e valorizá-la. Sob

o olhar atento da monitora Lurdes Duarte, a equipa vai trabalhando delicadamente a palma e aos poucos vão surgindo diversos objetos, desde bonitos cestos a coloridos chapéus em miniatura ou a pequenas bases para copos. Entusiasmados com a nossa presença, o grupo vai sorrindo e pedindo a ajuda da sempre atenta monitora que trabalha com eles com muito carinho. Estes artigos são depois expostos nas feiras de artesanato e elogiados pelo público. Esta é, para a provedora Patrícia Seromenho, uma

forma de os utentes se sentirem úteis. “têm andado encantados com este trabalho e sentem-se importantes. Só isso vale mais do que tudo”.A funcionar em novos espaços, os dois ateliês, o da tapeçaria e o da cestaria, devido à sua localização, permitem aos utentes trabalhar no exterior, à vista de quem passa, especialmente dos turistas. Essa é também uma maneira de, no entender da provedora da Santa Casa, chegar mais perto dos turistas que tanto apreciam o artesa-nato da região.

tipicamente algarvia, aempreita - fita entrançada,feita de palma – é uma dasatividades artesanais maisrepresentativas daquelaregião do país

Jovens e adultostrabalham a palma

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TERCEIRA IDADE16 vm setembro 2012

Apoio que protege e aqueceo coração

misericórdia de montalvão reconhece que o apoio domiciliário é um consolo para quem encontra nas instituições uma espécie de família

Há pequenos gestos que podem fazer toda a diferença. Por vezes, basta um simples: “Bom dia D. tomásia. Como está hoje?”. Mas também podemos falar de duas refeições quentes, um sorriso ou até mesmo as limpezas que permitem uma conversa mais longa. São pequenos gestos que aquecem o coração dos utentes do apoio domi-ciliário da Santa Casa da Misericórdia de Montalvão.

Consciente das dificuldades de assistência e de companhia em que muitos idosos da freguesia vivem, e sem condições para os acolher a todos na resposta social de lar, a Misericór-dia de Montalvão, nas palavras do

Patrícia leitão provedor Joaquim Maria da Costa, considera ser o mais importante e que passa por um contacto mais frequente com o utente.

É com algum orgulho que Jo-aquim Maria da Costa fala sobre o apoio domiciliário da Misericórdia de Montalvão. Presentemente com quase quarenta utentes entre Montalvão e Salavessa, o serviço contempla a distribuição de refeições quentes duas vezes por dia, todos os dias da sema-na, para além da lavagem da roupa e limpezas semanais. Mais que isso, a visita das funcionárias, que são o rosto da instituição, representam, em muitos casos, a única companhia para muitos idosos, que acabam por ganhar afeição às colaboradoras daquela

Santa Casa no distrito de Portalegre.“Confesso que não concordava

com o apoio domiciliário que era feito e percebi que era possível fazer muito mais. Queria que fosse um serviço mais próximo da pessoa e mais preocupado, porque me fazia confusão ver que há os idosos passam demasiado tempo sozinhos”, reconhe-ce o provedor.

Para o provedor, o facto de as funcionárias contactarem mais do que uma vez por dia com os utentes é “essencial e permite um acompa-nhamento mais adequado às suas necessidades”, defende o dirigente, embora reconheça que há sempre o risco de acontecer alguma coisa durante a noite. Mas “se o utente não se sentir bem ou precisar de algo as nossas funcionárias apercebem-se e podem ajudar ou pedir ajuda. Já tive-mos casos em que os utentes não se sentiram bem e nós providenciámos o seu transporte para o hospital”, conta.

Joaquim Maria da Costa não tem dúvidas o serviço de apoio domiciliá-rio fortalece os laços entre os utentes e a instituição, o que reforça “o nosso papel enquanto instituição que faz o papel de família e se sente responsá-vel pelo bem-estar dos seus utentes”. Por isso, continua o responsável, “na Misericórdia de Montalvão e através das nossas funcionárias, procuramos, levar um sorriso ou uma palavra que lhes alegre ou conforte o dia”.

Sempre com pelo menos duas funcionárias destacadas para o apoio domiciliários, uma para fazer a distri-buição em Montalvão e a outra que percorre mais de oito quilómetros até Salavessa para distribuir as restantes refeições. A preparação do almoço começa logo pela manhã na Santa Casa para que na hora de dar início à distribuição tudo esteja pronto para que a comida chegue ainda quente à casa dos utentes.

Apoio domiciliário para 40 utentes

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VInDIMAS EM MESãO FrIOA Santa Casa da Misericórdia de Mesão Frio promoveu, no passado dia 14 de setembro, o quarto desfile de vindimas. A iniciativa contou com a participação de crianças, idosos e funcionários.

Mais de 200 idososreunidosem Chavesmisericórdia de chaves promoveu encontro entre IPSS do concelho para assinalar Dia do idoso. mais de 200 seniores marcaram presença na iniciativa

Cerca de 200 idosos de instituições particulares de solidariedade social (IPSS) do concelho de Chaves esti-veram reunidos recentemente para assinalar o Dia do Idoso. A iniciativa foi promovida pela Misericórdia da localidade, mas contou com a cola-boração ativa de todas as IPSS partici-pantes. O programa teve início com a eucaristia campal onde o Grupo Coral da Santa Casa participou.

À iniciativa juntou-se José Rebelo, diretor do Centro Distrital de Seguran-ça Social de Vila Real, que destacou o esforço crescente das ações sociais que as instituições do setor social desenvolvem junto das populações.

Fados e música tradicional ani-maram os idosos. Depois do lanche de confraternização seguiu-se uma tarde de convívio onde não faltou animação, dança e muita música com a participação de grupos locais.

O provedor da Misericórdia de Chaves, João Paulo Abreu, enalteceu “o espírito de colaboração” entre as di-versas IPSS locais, “esperando que este espírito de entreajuda se intensifique no sentido de proporcionarmos mo-mentos de alegria e de convívio entre a população que estas instituições de solidariedade social servem”, referiu.

Francisco Loureiro, que está pres-tes a completar 80 anos, admite que sempre gostou de se divertir. “Fui sempre amigo de fados e guitarradas e ainda hoje gosto” disse o utente, residente no Lar Nossa Senhora da Misericórdia há cerca de dois anos e meio, “sou estimado mas também sei estimar as pessoas que lá estão”, acrescentou.

Participaram no evento: Centro Social Abobeleira - Valdanta, Resort Sénior – Flavicórdia, Centro Social e Paroquial de S. tiago de Mairos, Asso-ciação de Santo António de Monforte, Lar do Bom Caminho – Calvão, Casa Santa Marta e Residencial Geriátrica de Chaves.

Cada IPSS recebeu um certificado de participação. A Misericórdia contou ainda com o apoio logístico do muni-cípio e da junta de freguesia.

Sines concretiza sonho de novo larmisericórdia de sines está a construir um novo lar de idosos. lançamento da primeira pedra do Lar Prats Sénior teve lugar a 18 de setembro

“Fui passado, hoje sou presente, mas preparo-me para o futuro.” Foi assim que começou a cerimónia de lançamento da primeira pedra do lar Prats Sénior, da Misericórdia de Sines. O depoimento surgiu no âmbito de um momento dedicado a recordar o benemérito responsável por grande parte do apoio social prestado por aquela Santa Casa: José Prats. Foi a 18 de setembro.

O novo equipamento social irá localizar-se junto às atuais instalações da Misericórdia e terá capacidade para 22 quartos simples e 17 duplos. O nú-mero de utentes poderá variar entre os 56 e 78 idosos. O projeto prevê ainda espaços de lazer e convívio, uma sala de fisioterapia, salas de visitas, farmácia e salas de formação.

A cerimónia, que reuniu diversas entidades locais e nacionais, começou junto da obra, onde um pergaminho foi depositado para memória futura. O bispo de Setúbal, D. Vitalino Dantas, marcou presença e benzeu a primeira pedra daquele edifício. Lembrando que as pessoas são o mais importante,

Bethania Pagin

o prelado deu também a bênção a todos os presentes.

A sessão solene continuou no salão nobre da Santa Casa e foi inau-gurada pelo grupo coral da instituição, composto por colaboradores e utentes. O primeiro a usar da palavra foi o provedor anfitrião, Luís Venturinha de Vilhena. Segundo o responsável, o projeto não teria sido possível sem os apoios e as parcerias com outras entidades. “A união faz a força e o novo lar é prova disso”.

Sobre as parcerias, o presidente da autarquia, Manuel Coelho Carvalho,

afirmou que a câmara deve trabalhar para convergência de vontades, sendo “cooperante e parceira em projetos que visem o bem da comunidade”. “É preciso ter em atenção a vida real das pessoas”, concluiu.

Estava prevista a presença do se-cretário de Estado da Segurança Social, Marco António Costa, mas uma reunião impediu o governante de marcar pre-sença. Contudo, a diretora da Segurança Social de Setúbal, Ana Clara Birrento, levou as palavras do secretário de Estado aos presentes na cerimónia da Misericórdia de Sines. Além do apoio que presta à população, leu a diretora,

a instituição também é motor de de-senvolvimento local já que é um dos principais empregadores do concelho. Atualmente, a Santa Casa tem oito tipologias de respostas sociais em Sines.

A representar a união das Mise-ricórdias Portuguesas (uMP) esteve o provedor da Santa Casa de Santiago do Cacém e tesoureiro da uMP. Jorge Nunes deu os parabéns à Misericórdia de Sines, que mesmo em tempo de grave crise económica e social, teve a coragem de avançar com um projeto daquela enver-gadura. Dezenas de outros provedores também estiveram em Sines, entre eles o de Setúbal, que também é presidente do Conselho Nacional da uMP, Fernando Cardoso Ferreira.

A cerimónia terminou com uma homenagem ao ex-presidente da au-tarquia. Autarca entre 1976 e 1997, Francisco Pacheco foi o responsável pela entrega do património de José Prats a Santa Casa da Misericórdia de Sines.

Recorde-se que o Lar Prats Sénior representa um investimento total de cerca de três milhões de euros e será financiado em 70 por cento pelo Programa Comunitário Inalentejo do QREN 2007/2013. A Misericórdia de Sines está a trabalhar neste projeto desde 2010, e prevê-se que a obra es-teja concluída em 2013. A Misericórdia de Sines celebrou este ano o 496.º aniversário. Além de apoio a idosos, também tem equipamentos dedicados à infância, à juventude e a mulheres vítimas de violência.

Sessão solene foi inauguradapelo grupo coral da SantaCasa da Misericórdia de Sines, composto por colaboradores e utentes

Idososescrevemlivroeletrónicoseniores da misericórdia da batalha integram projeto para escrever livro eletrónico. Recolher lendase tradições é umdos objetivos

A Biblioteca Municipal da Batalha está a desafiar idosos do concelho a escreverem livros eletrónicos. A iniciativa integra o projeto autárqui-co “E-leituras” - Ler, Ouvir e Saber, aprovado pela Fundação Calouste Gulbenkian, e cujo custo está estima-do em seis mil euros.

O projeto arranca em setembro, em três instituições com 70 idosos, entre elas a Santa Casa da Misericórdia da Batalha. Os utentes vão ser enco-rajados a escreverem, em cada uma das IPSS, um livro eletrónico, sendo feita uma recolha de lendas e tradições relativas ao local em que está inserida a instituição.

Terceiraidade emdebate emPorto de Móssanta casa de Porto de mós e a Associação Amigos da Grande Idade organizam o seminário “envelhecimento Ativo - que presente, que futuro?”

A Santa Casa de Porto de Mós e a Associação Amigos da Grande Idade estão a organizar o seminário “Enve-lhecimento Ativo - que presente, que futuro?”, com o apoio da Câmara Municipal. Evento vai ter lugar no pró-ximo dia 2 de outubro, no cineteatro local, no âmbito das comemorações do Dia do idoso.

A iniciativa vai contar com a par-ticipação da coordenadora do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e Solidariedade Entre Gerações, Joaqui-na Madeira, e do presidente do Secre-tariado Nacional da uMP, Manuel de Lemos, entre outros.

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SAúDEwww.ump.pt18 vm setembro 2012

O Hospital da Misericórdiade Vila Verde foi inaugurado no ano de 2000

Entidade Reguladora da Saúde dá nota máxima a Vila Verde

entidade reguladora da saúde conferiu ao Hospital da misericórdia de Vila Verde o mais elevado grau de excelência. Santa Casa de Vila do Conde também obteve nota máxima

Foram revelados os dados mais recen-tes do Sistema Nacional de Avaliação em Saúde (SINAS), processo anual que visa aferir a qualidade dos cuida-dos de saúde em Portugal, conduzido pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS) e que conferiu ao Hospital da Misericórdia de Vila Verde, no distrito de Braga, o mais elevado grau de excelência nos quesitos apreciados. O galardão reveste-se ainda de maior importância por terem feito parte da avaliação 146 prestadores públicos, privados e do sector social (Miseri-córdias e IPSS) de todo o país, sendo que só 42 alcançaram esta distinção máxima. A Santa Casa de Vila do Conde também obteve nota máxima.

Alexandre rocha“É uma avaliação positiva e per-

mite-nos identificar aspetos que estão menos bem em alguns hospitais e me-lhorar procedimentos”, frisou Manuel de Lemos, presidente da união das Misericórdias, em declarações sobre o SINAS ao Jornal Expresso.

Entre as dimensões tidas em consi-deração encontram-se a Segurança do Doente, a Adequação e Conforto das Instalações, a Focalização no utente e a Satisfação do utente. São ainda atribuí-dos graus de Excelência Clínica em certas especialidades, tendo a Misericórdia de Vila Verde conquistado esta classifica-ção na área de Ortopedia (Artoplastias da Anca e Joelho). A Região Norte foi aquela que registou o maior número de hospitais com graduação máxima, contando com 19 hospitais, seguido de

Lisboa e Vale do tejo com 12, a Região Centro com 9 e o Algarve com 2.

Bento Morais, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde, explica que estes resultados eram expectáveis e que são o fruto de um trabalho permanente: “Estamos certifi-cados pela ISSO 9001 e temos constan-tes auditorias de qualidade, internas e externas”. Segundo o provedor, o foco deste processo centra-se mesmo nos mais ínfimos pormenores, a um nível de rigor muito elevado, especialmente no que se refere a equipamentos hos-pitalares. “Detetamos certa vez um pequeno frigorífico armazenador com a temperatura cerca de um grau acima do desejável, o que desencadeou de imediato procedimentos corretivos”, contou em jeito de exemplo.

Entretanto, há uma segunda com-ponente humana que considera funda-mental para o sucesso: periodicamente são feitas auscultações de opinião de todos os interlocutores que fazem parte da vida diária do hospital, quer sejam dos médicos, funcionários ou utentes, procurando manter a organização em linha com as expectativas existentes.

“São as coisas simples que nos di-ferenciam. Prover um impacto positivo através do ambiente é fundamental e por isso é importante termos em conta a opinião do público, além de fatores como a limpeza e higiene, e, principalmente, a implementação de um atendimento personalizado local, desde a receção, passando pela triagem até ao ato médico. tudo isto, aliado à possibilidade de escolha

do médico para tratamento confere uma grande segurança ao paciente”, salienta Bento Morais.

O Hospital da Misericórdia de Vila Verde foi inaugurado no ano de 2000, depois de dois anos de obras realiza-das num antigo centro de saúde que então estava abandonado. Atualmente o quadro do hospital conta com mais de cem médicos divididos pelas mais diversas especialidades, prestando atendimento a cerca de quinhentas pessoas diariamente. No seu décimo segundo aniversário, o edifício passará por obras de remodelação e ampliação, que se estenderão até finais do próxi-mo ano, num investimento total de 5,4 milhões de euros e que praticamente duplicará a oferta de camas, elevando este número para quase 90 leitos.

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ESTAnTEwww.ump.pt setembro 2012 vm 21

o eSPlendor dA AUSterIdAdevários autoresincm, 2011

O esplendor da austeridadeAs ordens religiosase o seu valioso património constituem uma dimensão importante da paisagem cultural e simbólicado nosso país

As ordens religiosas e o seu valioso património constituem uma dimensão importante da paisagem cultural e simbólica do nosso país. Por isso, co-nhecer a história e o papel das ordens é saber mais e melhor. Entre muitas outras coisas, é saber porque é que organizamos e temos a relação que

Bethania Pagin

hoje experimentamos com o tempo e com o espaço, porque é que pensamos e olhamos a vida de uma determinada maneira e projetamos o futuro numa dinâmica de progresso e de aperfei-çoamento constante. Assim surge a obra “O Esplendor da Austeridade: Mil Anos de Empreendedorismo das Ordens e Congregações em Portugal: Arte, Cultura e Património”, dirigida por José Eduardo Franco. O prefácio é do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. uma edição da Imprensa Nacional Casa da Moeda que teve o apoio do Montepio Geral.

Segundo José Eduardo Franco, que assina a introdução da obra, “contrariamente ao que vulgarmente se possa pensar, a vida monástica e

o seu alheamento do mundo não provocaram o desinvestimento na transformação da história dos ho-mens. […] A fuga do mundo em ordem a alcançar uma maior intimidade com Deus, constitui polo de dinamismos criadores de arte, património, cultura e

organização social”.As chamadas ordens

e congregações religio-sas, continua a res-

ponsável, têm uma presença dinâmica

de forte compromisso com a história secular. “Esse compromisso é indis-sociável do processo de modelação da cultura europeia e da civilização ocidental, que aquela gerou, que tem raízes na Antiguidade Clássica, pas-sando pela grande gestação medieval e desabrochando na Modernidade.”

Por isso, “o conhecimento apro-fundado e a compreensão daquilo que é hoje a Europa e as suas raízes culturais mais profundas, categorias de pensamento e até mesmo alguns aspetos da organização social, bem como alguns quadros estruturantes da nossa mundividência, muito de-vem ao trabalho cultural, espiritual, económico, assistencial, político e social desenvolvido no seio e a partir das ordens como instituições inscritas na temporalidade ou através da ação dos seus membros.” Da mesma forma, “o conhecimento cabal da história de Portugal ficaria muito incompleto se se menosprezasse a presença e a ação transformadora destas instituições que estão, com efeito, umbilicalmente ligadas às derivas e à modelação da identidade portuguesa”.

A obra é um ponto de síntese profusamente ilustrado e destinado ao grande público, do trabalho que tem vindo a ser realizado de há dez anos por uma equipa de investigadores. A partir da Faculdade de Letras da universidade de Lisboa, e em parceria com diversas instituições académicas e culturais, o Gabinete de Estudo das Ordens do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da universidade de Lisboa (CLEPuL) tem procurado oferecer um conhecimento mais glo-bal e aprofundado sobre a história

da experiência monástica cristã ma-terializada em formas institucionais pluriformes que se metamorfosearam em diferentes expressões e contextos ao longo da história portuguesa.

“Procurando recuperar e recom-por trabalho já realizado noutras obras que temos vindo a trazer a lume, esta obra, com dimensão monumental, pretende oferecer uma visão breve, mas impressivamente intensa, através da aliança entre texto escrito e uma visualidade graficamente cuidada dos espaços, do património, dos símbolos, da arte, dos monumentos, das marcas, das figuras, das obras mais emblemá-ticas da presença empreendedora das ordens e congregações em Portugal. O que aqui se vê e lê é apenas a ponta do icebergue, a porta de entrada para um mundo muitas vezes pouco conhecido que, com mais esta obra, pretendemos descortinar e oferecer ao conhecimento dos leitores, procu-rando ao mesmo tempo estimular a investigação e o aprofundamento da pluriforme riqueza histórica, cultural, artística e espiritual deste universo de instituições que realmente tiveram uma ação marcante no horizonte longo da nossa história milenar”, lê-se na introdução.

para o presidente da república, que as-sinou o prefácio da obra “o esplendor da austeridade: Mil anos de empreen-dedorismo das ordens e Congregações em portugal: arte, Cultura e património”, “contemplar o património histórico, cultu-ral e artístico nacional, que a presença das ordens e congregações entre nós tanto enriqueceu, é dos principais contributos deste autêntico breviário da portugalida-de que tendes entre mãos.”“Da simplicidade das celas ao esplendor das igrejas, passando pelos claustros onde a alma se recolhe e debruça sobre si mesma, esta obra é um encanto para o espírito e para o olhar. a vida contempla-tiva, a que muitos se entregam no interior dos mosteiros, é uma interpelação a que não podemos resistir quando folheamos um livro que alia o grande interesse do conteúdo à beleza das imagens, apre-sentadas com extremo apuro visual e gráfico”, concluiu aníbal Cavaco silva.

Para o espírito e para o olhar

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VMEDITOrIAl

Paulo Moreira [email protected]

VOZ ATIVA

União das Misericórdias Portuguesas

www.ump.pt22 vm setembro 2012

MãOS A OBRA

Esta é também uma forma de contribuir para a sustentabilidade das nossas instituições, promovendo e preservando produtos de qualidade, intimamente relacionadas com a cultura e a comunidade em que se inserem

O X Congresso Internacional das Misericórdias teve lugar na cidade do porto e Gaia, onde cerca de 600 participantes, vindos de várias partes do mundo, debateram

temas de crucial importância para o futuro dessas instituições.

Mais do que analisar o congresso, gostaria de refletir um pouco sobre o facto de se ter aproveitado esta grande reunião para, pela primeira vez, apresentar um stand com produtos que são elaborados pelas Santas Casas e que se destinam a ser comercializados. Tivemos em exposição e venda vinhos, azeites, fumeiro, artesanato, pães, doçaria conventual e compotas.

Foi uma primeira experiência, apenas possível com o empenho e a colaboração fantástica dos provedores e colaboradores das oito Misericórdias que apresentaram os seus produtos.Muitos congressistas passaram por este espaço, compararam produtos, e sobretudo estabeleceram contactos que permitirão uma melhor divulgação e um mais eficaz escoamento dos produtos além de uma enriquecedora troca de experiencia. Acredito que haverá muitas outras Santas Casas dispostas a seguir este exemplo.

Esta é também uma forma de contribuir para a sustentabilidade das nossas instituições, promovendo e preservando produtos de qualidade, intimamente relacionadas com a cultura e a comunidade em que se inserem.

Sabemos que temos um longo caminho a percorrer, ao nível da divulgação, da comercialização e da certificação dos produtos, mas o primeiro passo foi dado e depende fundamentalmente de nós dar estrutura e solidez a este projeto. Com perseverança, rigor, exigência e trabalhando em rede, aproveitando as capacidades e especificidades de cada Santa Casa, poderemos construir uma inovadora cadeia de lojas que terá seguramente a adesão de muitas pessoas, e trará inúmeras mais valais para muitas Misericórdias que participem nesta iniciativa. Mãos a obra!

OPInIãO

Foi deveras com grande satisfação que (re)descobri a pujante vitalidade de muitas Misericórdias, o empenho inexcedível de muitos dirigentes, o entusiasmo e a perseverança de tantos irmãos

Joaquim Sousa Provedor da Misericórdia de Paris

PuJANtEVItALIDADE

servido de referência a centros de in-vestigação franceses, como o Centro Edgar Morin. Organizámos, com o apoio do Consulado-Geral e da Em-baixada de Portugal, colóquios sobre a pobreza (2010) e os novos fluxos da emigração (2012), estando já em preparação uma iniciativa relativa à formação profissional (2013).

Desde Janeiro de 2012, dispomos de um espaço/instalações próprias, com uma permanência telefónica e mais, recentemente, um atendimen-to personalizado que nos permite procurar, caso a caso, soluções para as diversas solicitações dos nossos compatriotas em situação de maior dificuldade.

Apoiamos diariamente os reclu-sos portugueses e lusodescendentes. Ajudamos aqueles que nos procuram pontualmente, nomeadamente os compatriotas recém-chegados. Re-alizamos campanhas de Natal, com cabazes para prisioneiros e recolha de géneros alimentícios para famílias e pessoas isoladas. Acompanhamos aqueles que falecem na solidão e/ou na pobreza mais extrema, tendo inclusivamente feito a aquisição dum jazigo num cemitério dos arredores de Paris (Enghien-les-Bains).

temos sonhos e projetos. Preci-samos, por exemplo, de encontrar um espaço que permita acolher temporariamente os mais desfavo-recidos entre os mais desfavorecidos dos nossos compatriotas, o tempo necessário para que possam iniciar uma reintegração progressiva na sociedade.

O que mais me tocou neste Con-gresso foi, sem dúvida, o espírito e a elevação de todos os presentes. Foi realmente uma experiência enri-quecedora, quer pelos testemunhos partilhados, quer pelos contactos estabelecidos. Foi, em suma, uma experiência retemperadora para os inúmeros desafios que nos esperam.

“unidas para Multiplicar - Promo-toras de Modernidade e Inovação”. Foi sob este lema extremamente motivador, mas não menos comple-xo, que nos encontrámos no âmbito do X Congresso Internacional das Misericórdias, em Vila Nova de Gaia e Porto, de 20 a 22 de Setembro.

tema complexo, reflexo da própria complexidade duma sociedade do co-nhecimento em constante mutação na qual as Misericórdias estão inseridas. Em tempo de crise, aumentam as necessidades e escasseiam os meios, o que nos desafia a conciliar genero-sidade e pragmatismo, num contexto em que se torna imprescindível fazer mais com menos, como foi – e muito bem – realçado durante o congresso.

A conjugação destes fatores obriga necessariamente à procura de respostas adequadas que respeitem o equilíbrio entre as tradições e a multissecular his-tória das Santas Casas de Misericórdia e a necessidade de acompanhar esta evolução com soluções que permitam ultrapassar, da melhor forma possível, os novos desafios.

Esta realidade multifacetada leva--nos ainda a outras reflexões. Para além de conciliar os nossos valores tradicio-nais com uma economia de mercado globalizada, é fundamental, num futuro próximo, encontrar respostas verdadeiramente inovadoras que po-tenciem a capacidade de atuação das Misericórdias face ao aumento visível do número dos mais desfavorecidos.

Numa reflexão de cariz mais pes-soal, enquanto provedor da Santa Casa da Misericórdia de Paris, apraz-me ainda partilhar a minha experiência nesta que foi a minha primeira parti-cipação num congresso. Foi deveras com grande satisfação que (re)descobri a pujante vitalidade de muitas Mise-ricórdias, o empenho inexcedível de muitos dirigentes, o entusiasmo e a perseverança de tantos irmãos.

Neste capítulo, estes dias foram realmente um tempo de (re)desco-berta da riqueza da nossa diversi-dade. De facto, as diferenças entre Misericórdias, fruto da história e dos meios de cada uma, configuram uma identidade de cariz único, na continuidade duma obra de séculos.

No caso da Santa Casa da Mi-sericórdia de Paris, criada em 1994 no meio específico da emigração portuguesa, gostaria de deixar o meu modesto testemunho sobre a nossa realidade e áreas de intervenção.

temos realizado diversos estudos, tendo publicado o livro bilingue “Os Portugueses na hora da reforma” (2008), obra que tem inclusivamente

VOZ DASMISERICÓRDIAS

órgão noticiosodas Misericórdias em Portugal e no mundo

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de seleccionar as partes que considera mais importantes. Os originais não solicitados não serão devolvidosCOrrEIO VM

Santificar o desemprego

Recordo bem a primeira vez que entrei num centro do Opus Dei do Porto – tinha uns 14 anos? - e de me perguntarem o que é que eu sabia sobre a Obra. Eu tinha lido vários livros e revistas, julgava que estava bem informada, pelo que a resposta não se fez esperar:

- Que ensina que todos podemos ser santos!

- Sim – replicaram-me – Mas

através do trabalho profissional.Lembro-me que fiquei surpreendi-

da com o esclarecimento e perguntei a mim própria: “- Como é que se pode ser santo sem trabalho profissional?” Naquele momento, aquilo pareceu-me uma redundância e não conseguia lembrar-me de alguma situação ou pessoa que não trabalhasse.

Pois, olha, agora toca-me, como a uma percentagem considerável de europeus, santificar o desemprego e isto dá imenso trabalho… É que o trabalho não se mede pelo valor

da remuneração, mas pelo valor de quem o faz: pela perfeição, profis-sionalismo, pelo amor com que de-sempenha cada tarefa. Por isso, que alta categoria podem chegar a ter as tarefas domésticas, a receção de um cliente, o estar doente ou, parado-xalmente, o estar desempregado/a!

E como se santifica então o de-semprego? Fácil, a resposta: procu-rando emprego ou tentando criá-lo, se existe possibilidade. A realidade é bem mais árdua. É necessário recor-rer a meios naturais e sobrenaturais:

cumprir as tarefas que o Centro de Emprego nos impõe pontualmente, com tenacidade e apesar de nos parecerem perfeitamente inúteis e humilhantes; fazer e mandar currícu-los variados, adaptados e rebaixados e rezar para que alguém lhes dê aten-ção e precise dos nossos serviços. Aumentar as nossas qualificações, descobrir competências, frequentar essas ações de formação que talvez nos vão servir para alguma coisa. Não perder o tempo na tV ou no café, manter-se ocupado, com um

horário de levantar, deitar e tarefas concretas que nos façam sentir e ser úteis e, se possível, nos rendam alguns euros. E entretanto, tentar perceber que esta situação tem algum sentido valioso, que Deus a permi-te para que nos apoiemos noutras referências que não o dinheiro, o bem-estar, a consideração dos outros ou a nossa autoestima. talvez Deus, a Família ou os amigos a quem dedi-camos tão pouco tempo e atenção.

Maria Amélia FreitasVila Nova de Famalicão

rEFlEXãO

Há uma pergunta que cada uma das Santas Casas (e outras IPSS) deverão fazer para em consciência aquilatar da sua real dimensão material e imaterial. Se não tivéssemos apoios do Estado (tido como governação) quantoda nossa missão poderia ser cumprido?

Há uma pergunta que cada uma das Santas Casas (e outras IPSS) deverão fazer para em consciência aquilatar da sua real dimensão material e imaterial.

Se não tivéssemos apoios do Esta-do (tido como governação) quanto da nossa missão poderia ser cumprido?

Não tenho dúvida que a dimensão imaterial teria uma resposta universal e plenamente conseguida por mais exigente que se torne e por mais que solicite a nossa entrega voluntária, quanto à outra será muito mais di-fícil atribuir-lhe uma dimensão que corresponda ao que efetivamente as comunidades que servimos necessi-tam e se habituaram a esperar de nós.

Não se retire desta reflexão que não devamos ser parceiros da gover-nação naquilo que os nossos compro-missos nos vinculam.

É que na verdade na ausência dos Acordos de Cooperação ou na ausência de comparticipação na construção dos equipamentos, a autonomia das ins-tituições em geral é muito deficitária.

Não podemos mais contar com doações, elas no século que vivemos tendem a não se verificar e a exigência duma gestão eficiente e a defesa da identidade das organizações (ditas do terceiro Sector?) não pode ser feita na base de proveitos que não têm con-tinuidade assegurada nem contínua.

Dos séculos que temos de serviço e de história deveremos reter a capa-cidade que temos de adaptação às transformações sociais que soubemos acompanhar sempre, sem perder o sentido da nossa missão.

Entram assim no nosso discurso diário os conceitos de Economia So-cial, de Economia Solidária, de Econo-mia Social e Solidária. Algo que para

muitos são conceitos pouco claros e sobretudo pouco debatidos, chegando muitas vezes a serem confundidos e todos de igual forma indexados ao chamado terceiro Sector.

Para mim, que entendo serem conceitos diferentes apresentando é certo, pontos de convergência, acho que urge clarificar e aprofundar a sua ligação (de diferenças e semelhanças) com o mercado capitalista e com a lógica da concorrência. Perfilho prefe-rencialmente a lógica de Muhammad Yunis onde “um negócio social é, projetado e gerido como outro negócio qualquer, com produtos, serviços, clientes, mercados, despesas e receitas - onde o princípio da maximização de lucros foi substituído pelo princípio dos benefícios sociais”

Prefiro esta expressão – negócio social - e tentar perceber de que modo se pode interpretar à luz dos nossos valores e missão.

Assim a instituição tem que ser autossustentável, isto requer investi-mento e aqueles que investem num negócio social recuperam o capital.

Isto requer planeamento e adaptação dos compromissos das Misericórdias.

Requer uma visão que ultrapasse as ações tipificadas e comummente aceites e que assumamos um papel dinamizador da economia e gerador de proveitos.

Requer uma definição clara no que respeita a cobranças de IRC e devoluções de IVA.

Se uma Misericórdia apresenta mais-valias sistemáticas teremos que nos interrogar se presta serviços de qualidade, se distribui as mais-valias pelos mais desprotegidos e de que forma, se se moderniza.

Requer uma lei que enquadre cabalmente a atividade com estas características e a criação de produtos financeiros específicos, a meu ver um banco com características únicas, em que as instituições possam cooperar, possam a par de outros acionistas deterem também capital, um banco que distribua dividendos pelos seus acionistas, esteja obrigado a apoiar a custos justos os investimentos das instituições que se dedicam priorita-riamente ao apoio dos mais desfavo-recidos (nas várias vertentes da vida e de acordo com os seus Estatutos).

Requer: regulação, fiscalização, planeamento, cooperação e controle.

temos que criar riqueza e dis-tribui-la totalmente na promo-ção de ações que potenciem a dignidade e a felicidade dos mais fracos e des-protegidos das nossas comunidades

Para que possa-mos, ganhando auto-

nomia financeira, ser melhores coo-perantes do Estado, que nunca poderá alhear-se da sua responsabilidade social, e servir melhor.

Longo mas necessário caminho, formas diferentes de nos ligarmos ao mundo que nos rodeia e poder-mos continuar dizendo que estamos aqui, que fazemos mais com menos dinheiro, que fazemos melhor porque à eficiência e eficácia conseguimos juntar solidariedade, promover a equidade e ser fraternos.

Há melhor forma de amar e servir?

Honorina Silvestre provedora da Misericórdia de Canha

MISERICóRDIAS PARA MAIS SÉCuLOS

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Proença-a-VelhaPatrimónio é preocupaçãoda Santa Casa

MontalvãoApoio que aquece o coração

Vila do CondeRally paperangaria fundos para cantina

Em Ação Terceira Idade Em AçãoPág. 13 Pág. 16 Pág. 12

Língua para manter o elo de ligação com Portugal

religiosamente guardado no nosso museu. E o compromisso prevê que todos podem ser irmãos, embora tenhamos uma identidade muito própria em termos de raízes, que são de origem portuguesa e de ligação com a igreja católica. Os irmãos são maioritariamente católicos e todo o nosso dia a dia funciona numa só língua, o português. A propósito dos serviços que prestamos, temos uma creche e com orgulho posso afirmar que é a única em Macau onde a língua portuguesa é oficial, junto do inglês e do chinês. também temos procurado ajudar os alunos carenciados da escola portuguesa através do pagamento de propinas. Desde a transferência de soberania que a escola começou a ter dificuldades. Entendemos que a língua portuguesa é um aspeto muito impor-tante como instrumento cultural para manter o elo de ligação com Portugal.

Atualmente quais são os servi-ços prestados à comunidade?também temos um lar de idosos com 130 pessoas e um centro de re-abilitação para invisuais frequentado diariamente por 70 pessoas. Além disso, criamos um centro de conví-vio para a irmandade, para melhor projetar o nome e a história da Santa Casa, e um núcleo museológico. Até a transferência só tínhamos o lar e o centro de cegos. Hoje a Misericórdia tem mais 100 trabalhadores.

Como é assegurado o financia-mento desses equipamentos?O financiamento da instituição é parcialmente assegurado pelo Estado e as famílias contribuem com base no rendimento do agregado familiar. Além disso, a Misericórdia de Macau tem propriedades bem localizadas que

António José Freitas é o atual prove-dor da Santa Casa da Misericórdia de Macau.

Que tipo de trabalho tem a Misericórdia de Macau desen-volvido ao longo de 443 anos de existência?Já tivemos ações muito abrangentes, como orfanatos para crianças de sexo feminino. Os chineses são diferentes dos ocidentais. As filhas não faziam parte do número do agregado familiar e por isso eram subestimadas. A Mi-sericórdias de Macau era a instituição que as acolhia. Muitas delas lá ficaram até à terceira idade. Além disso, a Misericórdia de Macau também de-sempenhou papel de albergue para refugiados portugueses em Xangai durante a segunda guerra mundial. Ao longo de 443 anos, como na vida de qualquer um, tivemos altos e baixos. Há registo de que a irmandade teve de alienar imóveis para pagar salários aos colaboradores.

Como viveu a Santa Casa a transferência de soberania de Macau?A Misericórdia de Macau sempre funcionou distante da mãe pátria e de uma forma independente em termos financeiros e de gestão e há muito também distante do poder político. Até a transferência de soberania, a irmandade sempre mereceu a ajuda do governo português. Mas devo dizer que depois da transferência, o apoio e a atenção por parte das autoridades da região administrativa especial de Macau tem sido muito forte. Até então éramos uma instituição portuguesa, éramos vistos como diferentes pelos macaenses. também posso dizer que houve irmãos mais velhos, mais con-

servadores, que quiseram transferir os bens e o arquivo da Misericórdia de Macau para Portugal e acabar com a instituição. Naquele ano houve eleições muito renhidas entre duas listas: uma lista conservadora e outra composta por irmãos mais jovens. Os irmãos escolheram os mais jovens e tivemos de repensar uma estratégia de maior transparência das nossas ações no sentido abrir as portas da irmandade para todos aqueles que dela podem precisar.

Tiveram sucesso?Posso dizer que conseguimos o reco-nhecimento das autoridades locais, mas também da República Popular

da China e da sociedade em geral. Hoje, todos compreendem que a Santa Casa fazia parte da história de Macau. Portugal deixou-nos uma herança muito rica que os dirigentes do governo sabem valorizar. Macau é hoje uma cidade multicultural, onde convivem culturas de civilizações diferentes, mesmo sendo a população maioritariamente chinesa.

Tem sido possível manter essa identidade portuguesa depois da transferência de soberania?Mesmo durante a soberania portu-guesa, os irmãos tentaram cumprir da melhor forma o compromisso, cujo manuscrito original ainda temos

António José Freitas

Entrevista António José Freitas, provedor da Misericórdia de Macau

geram mais-valias para financiamento dos serviços. Os encargos do museu e do centro de convívio são integral-mente assumidos pela irmandade.

Há registos de outras Miseri-córdias na Ásia que entretanto deixaram de existir. O que considera ter sido a causa da sobrevivência da congénere de Macau?tem a ver com a forma de gestão e com a existência de muitos ou poucos homens e mulheres de boa vontade que queiram dar continuidade à obra. Sei que há dificuldades. O mundo sofreu muitas mudanças, ao nível do conceito de família, de fazer bem, deixou de haver a generosidade das pessoas que antes doavam os bens as instituições e isso tudo contribui para colocar em causa a existência de uma instituição. Além disso, Macau foi o território asiático sob governação portuguesa durante mais tempo.

Considera que há espaço na Ásia para criação de mais San-tas Casas?Claro que sim. O conceito é universal e depende de homens e mulheres de boa vontade e da difusão desta nossa cau-sa que é muito nobre. Daí também o nosso interesse em realizar em Macau um encontro mundial de Misericórdias porque permitiria mostrar à população que não somos únicos no mundo, mas sim que estamos unidos em diversos países do mundo. Com toda certeza, um encontro desses ajudaria a elevar a forma como somos vistos e reconhecidos em Macau pelo governo, mas mais pela própria comunidade. Por parte do governo da República Popular da China sabemos que há todo o interesse em contribuir.