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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA
Reitor
Antonio Heronaldo de Sousa
Vice-Reitor
Marcus Tomasi
Pró-Reitor de Extensão, Cultura e Comunidade
Mayco Morais Nunes
Coordenador de Extensão
Alfredo Balduino Santos
Diretor de Centro
João Rotta Filho
Coordenação editorial
Patrícia Sfair Sunye
Revisão de Texto
Patrícia Sfair Sunye
Giovanni Lemos de Mello
Eric Zettermann Dias de Azevedo
Projeto Gráfico
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Sara Mello Pinho
Nicanor María S|nchez
Centro de Educação Superior da Região Sul – CERES
Rua Cel. Fernandes Martins, 270, Progresso
88.790-000 – Laguna – SC
Fone: (48) 3647-4190
www.ceres.udesc.br
Viabilidade Econômica de Projetos Aquícolas
Índice Apresentação .............................................................................. 3
Introdução .................................................................................. 4
UNIDADE 1 ................................................................................. 5
1. Caracterização do empreendimento .................................... 5
2. Fatores econômicos .............................................................. 6
2.1. Investimento ....................................................................... 6
2.2. Custos de produção ............................................................ 6
2.3. Custo operacional ............................................................... 7
2.3.1. Custo operacional efetivo ................................................ 7
2.3.2. Custo operacional total ................................................... 7
2.4. Custo total de produção ..................................................... 7
2.4.3. Alocação de custos .......................................................... 8
2.4.3.1.Custos diretos .................................................................. 8
2.4.3.2.Custos indiretos .............................................................. 8
2.5. Depreciação (D) .................................................................. 9
3. Fluxo de caixa ........................................................................ 9
4. Juro (J) ................................................................................. 10
4.1. As taxas de juros de um investimento ............................. 11
4.2. Juros Compostos .............................................................. 11
5. Resultados econômicos ...................................................... 12
5.1. Receita bruta (RB) e receita líquida (RL) ......................... 12
5.2. Lucro (L) ............................................................................ 12
5.2.1. Lucro operacional .......................................................... 12
5.2.2. Lucro tributável .............................................................. 12
DAVID, L. H. C.; PINHO, S. M.
5.3. Ponto de nivelamento (PN) .............................................. 13
5.4. Margem de contribuição total (MC) ................................ 13
5.5. Indicadores de fluxo de caixa ........................................... 14
5.5.1. Valor presente líquido (VPL) .......................................... 14
5.5.2. Taxa interna de retorno (TIR) ........................................ 15
5.5.3. Método do “payback” ................................................... 16
6. Análise de sensibilidade ...................................................... 16
UNIDADE 2 ............................................................................... 18
1. Caracterização do empreendimento .................................. 18
2. Fluxo de caixa ...................................................................... 20
2.1. Investimento ..................................................................... 20
2.1.1. Empréstimo ...................................................................... 21
2.2. Depreciação ...................................................................... 22
2.3. Custos ............................................................................... 22
2.3.1. Custos Fixos ................................................................... 22
2.3.2. Custos Variáveis Diretos ................................................ 23
2.3.3. Custos Variáveis Indiretos ............................................. 24
3. Indicador do Fluxo de Caixa ................................................ 24
4. Análise de Sensibilidade ...................................................... 24
Considerações finais ................................................................. 25
Bibliografia consultada ............................................................. 26
Viabilidade Econômica de Projetos Aquícolas
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Apresentação
A Extensão pode ser entendida como uma forma de estender,
levar ou transmitir conhecimento de sua fonte geradora ao receptor
final, sendo uma espécie de via de mão dupla, na qual conhecimento
e saberes são trocados e realimentados pelos diversos setores da
sociedade. Desta forma, a execução de projetos extensionistas
promove o desenvolvimento social, técnico e econômico da atividade
de pesca e aquicultura.
Sabendo disso, foi proposta aos alunos da disciplina de
Extensão Pesqueira do curso de Engenharia de Pesca da UDESC a
elaboração de um projeto de extensão. Desta proposta surgiu essa
apostila, que faz parte do projeto de extensão “Viabilidade
Econômica de Projetos Aquícolas”. Este projeto visa estender, aos
acadêmicos do próprio curso, conhecimentos básicos sobre
conceitos e aplicações práticas de análises de viabilidade econômica
para a produção de pescado.
DAVID, L. H. C.; PINHO, S. M.
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Introdução
O aumento no consumo de pescado e o consequente
crescimento da aquicultura exigem cada vez mais informações que
deem base à tomada de decisões no planejamento dos cultivos. No
Brasil, a aquicultura é o setor agropecuário que mais se desenvolve, e
é considerado hoje um dos ramos mais promissores da Engenharia de
Pesca em termos de emprego, renda e negócios. Neste contexto, a
análise econômica serve como suporte para avaliar a viabilidade dos
empreendimentos aquícolas.
Alguns estudos vêm sendo realizados buscando mostrar a
viabilidade econômica de determinadas espécies e sistemas de
cultivo. Entretanto, esses estudos ilustram situações fixas e
impossibilitam uma afirmação de viabilidade caso algum cenário seja
alterado. Em virtude disso, existe a necessidade de que profissionais
que atuam na área de produção aquícola tenham conhecimento
sobre as ferramentas básicas para calcular uma viabilidade
econômica nos mais diversos panoramas.
Portanto, essa apostila foi organizada em duas unidades. Na
primeira estão reunidos os conceitos econômicos básicos mais
relevantes para análises de projetos aquícolas. Na segunda é
proposta uma simulação prática buscando auxiliar em uma posterior
análise de viabilidade econômica.
Viabilidade Econômica de Projetos Aquícolas
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UNIDADE 1
Nessa unidade estão abordados os principais conceitos básicos
utilizados nos estudos de viabilidade econômica para projetos
aquícolas.
1. Caracterização do empreendimento
Algumas características do empreendimento influenciam
diretamente as análises de viabilidade econômica, como:
Localização geográfica (proximidade do mercado
consumidor e de insumos);
Estrutura física (construção das estruturas de cultivo e
galpão de armazenamento)
Parâmetros zootécnicos da espécie (sobrevivência,
conversão alimentar e taxa de crescimento específico);
Ciclo de produção (tempo entre a estocagem e despesca);
Volume de produção (quantidade em kg despescado);
Preço de venda;
Fluxo de produção, etc.
DAVID, L. H. C.; PINHO, S. M.
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2. Fatores econômicos
2.1. Investimento
Investimentos, em termos monetários, representam a
quantidade aplicada ao projeto aquícola ao longo da sua vida útil. São
considerados investimentos a aquisição de matrizes e/ou
equipamentos, a construção de viveiros ou reforma de galpões e
instalações complementares, entre outros.
2.2. Custos de produção
Custos de produção são as despesas necessárias para a
operacionalização do empreendimento. Usualmente, podem ser
encontradas duas estruturas de custos de produção: custo
operacional de produção (recomendado para análises de curto
prazo) e custo total de produção (recomendado para análises de
longo prazo).
Viabilidade Econômica de Projetos Aquícolas
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2.3. Custo operacional
2.3.1. Custo operacional efetivo
Custo operacional efetivo são todos os dispêndios efetivos em
dinheiro para a operacionalização do empreendimento: mão de obra,
insumos, manutenção dos equipamentos, transporte, impostos, etc.
2.3.2. Custo operacional total
Custo operacional total inclui a depreciação dos bens de capital,
mão de obra técnico-administrativa, mais o custo total efetivo.
2.4. Custo total de produção
2.4.1. Custos fixos (CF): são todos os custos que
ocorrem independente de haver ou não produção. Embora tenham
um valor total que não se altera com a
variação da quantidade de bens ou
serviços produzidos, seu valor unitário
se altera de forma inversamente
proporcional à alteração da quantidade produzida. Ex.: mão de obra
assalariada, pró-labore, despesas com escritório.
2.4.2. Custos variáveis (CV): são os custos cujos valores
totais variam em relação direta com a variação das quantidades
produzidas. Ex.: insumos
(ração, adubos, medicamentos,
hipófise, oxigênio, combustível,
DAVID, L. H. C.; PINHO, S. M.
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sacos plásticos, materiais para laboratório, etc.), mão de obra,
manutenção e reparos de equipamentos, taxas e impostos, despesas
administrativas (telefone, material de escritório, contabilidade e
energia elétrica), e juros sobre o capital médio circulante. Quando
não há produção, o custo variável é zero.
2.4.3. Alocação de custos
2.4.3.1. Custos diretos
São os custos que têm parcelas definidas apropriadas a cada
unidade ou lote produzidos. Possuem a propriedade de serem
perfeitamente mensuráveis de maneira objetiva. Podem ser
considerados com base na quantidade utilizada de cada produto na
atividade produtiva, por exemplo: ração, aquisição de alevinos, taxas
ambientais, etc.
2.4.3.2. Custos indiretos
Indireto é o custo que não se pode apropriar diretamente a
cada tipo de bem ou função de custo no momento de sua ocorrência.
Os custos indiretos são apropriados aos portadores finais mediante o
emprego de critérios pré-determinados e vinculados a causas
correlatas. Pode ser entendido como aquele custo que não pode ser
atribuído (ou identificado) diretamente a um produto, linha de
produto, centro de custo ou departamento. Necessita de
taxas/critérios de rateio ou parâmetros para atribuição ao objeto
Viabilidade Econômica de Projetos Aquícolas
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(F1)
custeado. Exemplos: manutenção, depreciação, remuneração do
capital, etc.
2.5. Depreciação (D)
Depreciação é o custo necessário para substituir os bens de
capital quando tornados inúteis pelo desgaste físico ou perda de
valor tecnológico.
D = Vi – Vf/n
D = depreciação (R$/ano); Vi = valor inicial do bem (R$); Vf = valor final (valor da sucata ao final da vida útil) (R$); n = número de anos de vida útil.
3. Fluxo de caixa
A elaboração de um fluxo de caixa com receitas e gastos, auxilia
na verificação dos períodos de maior necessidade de desembolso
financeiro ao longo do ciclo de produção e se existe coincidência com
as entradas de recursos decorrentes das vendas dos produtos. Na
montagem do fluxo de caixa fica implícito que:
Os investimentos ocorrem no ano um do fluxo de caixa;
A recuperação de todo o capital de giro ocorrerá na data
final do fluxo de caixa (ao final do período de avaliação);
DAVID, L. H. C.; PINHO, S. M.
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(F2)
Os retornos líquidos ou fluxo de caixa operacional
ocorrem do Ano 1 ao último ano (Ano n) do período de avaliação;
O valor residual do projeto de investimento, caso
existente, é resgatado na data terminal da análise.
4. Juro (J)
Os juros (J) correspondem à diferença entre o valor
futuro (F) e o valor presente (P) de um investimento. O investimento
pode ser a compra de um eletrodoméstico, de um veículo, de uma
casa, ou então, a implantação de um projeto de cultivo de peixes ou
camarões.
J = F – P
J = juro; F = valor futuro; P = valor presente.
Taxa nominal de juros (j) mede a remuneração total do
capital investido;
Taxa real de juros (r) mede a remuneração do capital em
moeda constante, ou seja, descontando o efeito da inflação ou da
recomposição do valor aquisitivo;
Taxa líquida de juros (i) é a taxa de juros de um
investimento ou aplicação financeira, da qual já foram descontados
todos os impostos e a inflação.
Viabilidade Econômica de Projetos Aquícolas
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4.1. As taxas de juros de um investimento
Na decisão de investir devem ser consideradas 3
taxas de juros, conforme segue discutido nesta seção.
4.1.1. A taxa mínima requerida: mínima taxa de juros
que o investidor exige para aceitar um investimento (é o custo de
capital ou o custo de oportunidade de abandonar a melhor opção de
investimento com o mesmo risco do investimento que foi escolhido);
4.1.2. A taxa esperada: é a taxa de juros que surge do
fluxo de caixa do investimento e que mede a rentabilidade do
investimento. É a Taxa Interna de Retorno (TIR) do fluxo de caixa do
investimento;
4.1.3. A taxa realizada: que é a taxa de juros obtida
depois de realizado o investimento ou a medida exata (real) da
rentabilidade do investimento. Esse valor pode ser diferente da taxa
esperada.
4.2. Juros Compostos
O sistema de juros compostos oferece uma maior
rentabilidade se comparado ao regime de juros simples, onde o valor
dos rendimentos se torna fixo, e no caso do composto o juro incide
mês a mês de acordo com o somatório acumulativo do capital com o
rendimento mensal, isto é, prática do juro sobre juro.
DAVID, L. H. C.; PINHO, S. M.
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(F3)
5. Resultados econômicos
5.1. Receita bruta (RB) e receita líquida (RL)
Receita bruta da produção é avaliada através da soma das
receitas geradas por cada produto do empreendimento. Já a receita
líquida é obtida pela diferença entre a Receita Bruta e o Custo
Operacional Total, expresso em R$.
5.2. Lucro (L)
Lucro é o grau de lucratividade do empreendimento com a
venda dos produtos, descontado o valor do custo total de produção,
expresso em R$.
L= RB - CTP
L = lucro; RB = receita bruta; CTP = custo total de produção.
5.2.1. Lucro operacional
É todo resultado que direta ou indiretamente está relacionado
com a atividade da empresa.
5.2.2. Lucro tributável
Corresponde à base de cálculo, sobre a qual incidirá o
percentual previsto do imposto de renda no Brasil.
Viabilidade Econômica de Projetos Aquícolas
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(F4)
(F5)
5.3. Ponto de nivelamento (PN)
Ponto de nivelamento é definido como o volume de produção
mínima ou preço de venda mínimo que a empresa necessita para que
as receitas sejam iguais aos custos e, portanto, o mínimo que
empresa deve produzir para não apresentar prejuízo.
PN (QN) = CUSTO/Q (P)
PN = ponto de nivelamento (expresso em R$); QN = quantidade de nivelamento (expresso em unidades de alevinos, por exemplo); CUSTO = custo operacional efetivo, custo operacional total e custo total de produção; Q = quantidade produzida; P = preço unitário de venda.
5.4. Margem de contribuição total (MC)
Margem de contribuição total é a diferença entre a receita
bruta e os custos variáveis, expressa a contribuição de cada produto
na cobertura dos custos fixos.
MC = RB - CV
MC = margem de contribuição total; RB = receita bruta; CV = custo variável.
DAVID, L. H. C.; PINHO, S. M.
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(F6)
5.5. Indicadores de fluxo de caixa
5.5.1. Valor presente líquido (VPL)
Implantação e operação de um empreendimento resultam em
uma série de capitais que pode ser sumarizada no fluxo de caixa do
projeto. O capital de ano zero equivale ao desembolso do
investimento. Os capitais nos próximos anos equivalem aos lucros ou
prejuízos (retornos) anuais. O VPL corresponde ao valor presente dos
retornos apurados no projeto de investimento (calculados com base
na taxa mínima de juros requerida), descontado do valor do
investimento (l).
VPL = - I + ∑j=1 A x (1+i)-n
I = investimento; n = período (geralmente ano) da série de capital (ou do fluxo de caixa); A = valor do retorno anual; I = taxa mínima de juros requerida.
Quando a taxa de juros diminui, o VPL aumenta;
Quando a taxa de juros aumenta, o VPL diminui;
VPL > 0 – então a soma dos valores presentes dos retornos
é maior que o investimento realizado, ou seja, o empreendimento
adicionou valor à empresa;
Viabilidade Econômica de Projetos Aquícolas
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(F7)
VPL = 0 – então a soma dos valores presentes dos retornos
é igual ao investimento realizado; a empresa não ganhou nem
perdeu valor com o investimento;
VPL < 0 – então a soma dos valores presentes dos retornos
é menor que o investimento realizado, ou seja, o empreendimento
fez a empresa perder valor.
5.5.2. Taxa interna de retorno (TIR)
Taxa interna de retorno é definida como a taxa de juros que
iguala as inversões ou custos totais aos retornos ou benefícios totais
obtidos durante a vida útil do projeto, ou seja, é a taxa de juros que
anula o VPL de um projeto.
TIR = (L/CT)x 100
TIR = Taxa interna de retorno L = lucro; CT = custos totais.
A taxa mínima para projetos aquícolas comumente
recomendada é de 15%.
Quando a TIR se iguala à taxa mínima de juros requerida
utilizada, o projeto de investimento não adiciona valor à empresa no
intervalo de tempo considerado na análise do projeto. Ou seja,
quando a TIR = “i”, o VPL é igual { zero, e o projeto não adicionar|
nenhum valor ao patrimônio do investidor ou empresa.
DAVID, L. H. C.; PINHO, S. M.
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5.5.3. Método do “payback”
O período de recuperação de capital é analisado através do
método “payback” o qual possibilita calcular o tempo necessário
para que o empreendimento recupere o capital investido no projeto.
O “payback” simples (PBS) não considera a taxa de juros
na avaliação e indica apenas o tempo necessário para que ocorra a
mudança de sinal (de negativo para positivo) no fluxo de caixa de um
projeto de investimento. Ou seja, indica o tempo necessário para
recuperar o capital investido, sem considerar o custo de
oportunidade (ou a taxa mínima de juros requerida);
O “payback” descontado (PBD) considera
simultaneamente o fator tempo e o custo de oportunidade, ou seja,
mede o tempo necessário para recuperar o investimento
remunerado do custo de oportunidade do capital (ou da taxa mínima
de juros requerida);
Os valores de PBS ou do PBD são comparados com o
tempo máximo no qual a empresa espera recuperar o investimento.
Assim, em primeiro lugar é preciso definir o Tempo Máximo
Tolerado (TMT) pela empresa para recuperar o capital investido;
Se: PBS < que TMT o projeto pode ser aceito;
Se: PBD < que TMT o projeto pode ser aceito.
6. Análise de sensibilidade
Viabilidade Econômica de Projetos Aquícolas
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É a criação de diferentes cenários para avaliar o desempenho do
empreendimento. Normalmente são considerados os cenários Mais
Provável, Otimista e Pessimista (MOP). É recomendado que ao
elaborar os cenários MOP as variações testadas sejam próximas de
20%. Empreendimentos que são inviabilizados por variáveis ainda
menores podem ser considerados com investimentos de elevado
risco. Nos empreendimentos aquícolas as variáveis mais utilizadas
são o preço da ração e o preço de venda do pescado produzido.
DAVID, L. H. C.; PINHO, S. M.
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UNIDADE 2
Nessa unidade será apresentado um exemplo hipotético de
produção de peixes que dará subsídios à análise básica de viabilidade
econômica. Suas informações serão completadas com a planilha
eletrônica, nomeada: Modelo Viabilidade Econômica Molusco –
CERES/UDESC, disponibilizada aos alunos na apresentação do
material.
As características do cultivo foram definidas de maneira que
possibilitem a montagem de um fluxo de caixa do projeto de
investimento e de seus indicadores econômicos.
1. Caracterização do empreendimento
As principais características que serão utilizadas na análise estão
disponibilizas na planilha 1.
1.1. Espécie cultivada: Ostra do Pacífico (Crassostrea
gigas)
Ostra do Pacífico (Crassostrea gigas)
Viabilidade Econômica de Projetos Aquícolas
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1.2. Preço de venda: o preço da dúzia da ostra é de R$
6,00.
1.3. Localização geográfica: litoral do estado de Santa
Catarina, por apresentar proximidade com os fornecedores de
sementes e mercado consumidor.
1.4. Estrutura física: já existe a posse de um terreno
litorâneo e estrutura para o acesso marítimo ao cultivo. Há a
necessidade da montagem de toda a unidade de cultivo.
1.5. Parâmetros zootécnicos e produtivos:
1.6. Ciclo de produção e fluxo de produção:
DAVID, L. H. C.; PINHO, S. M.
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2. Fluxo de caixa
A montagem do fluxo de caixa depende de alguns fatores
econômicos, essa está estruturada na planilha 2. As principais
informações consideradas são:
2.1. Investimento
Todo o investimento deverá ser lançado no Ano 1, mesmo que
as compras ocorram depois.
Os itens de investimento são os bens de capital. Nesse
empreendimento são considerados como bens: a montagem dos
long-lines e das lanternas, os equipamentos de manejo de engorda e
a documentação necessária para regulamentação do cultivo.
A planilha 2.1 detalha o investimento necessário para o
empreendimento proposto.
Viabilidade Econômica de Projetos Aquícolas
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2.1.1. Empréstimo
Empréstimo é uma forma de obtenção de dinheiro para cobrir o
investimento. Deste modo, o valor inicial do empréstimo será
equivalente ao investimento, contudo o valor total que realmente
será pago variará de acordo com os juros sobre o valor devedor.
O empréstimo é um fator negativo no fluxo de caixa. Quando
ele é necessário o investimento continua sendo alocado no Ano 1,
mas não é considerado nos cálculos, sendo substituído pelos valores
de amortização ao longo dos anos.
A planilha 2.1.1 detalha os cálculos de amortização para o
empreendimento proposto.
DAVID, L. H. C.; PINHO, S. M.
22
2.2. Depreciação
A depreciação ocorre sobre os bens investidos. Cada bem
possui um tempo de vida útil. Como mostra a tabela a seguir:
A planilha 2.2 detalha os cálculos de depreciação dos bens
investidos para o empreendimento proposto.
2.3. Custos A metodologia utilizada será a do Custo Total de Produção. O
resumo dos custos do empreendimento proposto está presente na
planilha 2.3 e detalhados nas planilhas 2.3.1; 2.3.2 e 2.3.3.
2.3.1. Custos Fixos
Dois pontos importantes devem ser levados em consideração
quando se deseja calcular os custos fixos de um empreendimento:
Viabilidade Econômica de Projetos Aquícolas
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O primeiro é o valor do pró-labore, ou seja, quanto o investidor
(administrador) ganhará independente da produção. É uma escolha
do empresário, mas deve ser estimado depois de conhecer as
limitações do seu projeto.
O segundo ponto são os encargos trabalhistas. Devem ser
considerados os custos com a legalização dos trabalhadores, em
geral dobra-se o valor que seria pago por ano, por exemplo:
2.3.2. Custos Variáveis Diretos
DAVID, L. H. C.; PINHO, S. M.
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2.3.3. Custos Variáveis Indiretos
3. Indicador do Fluxo de Caixa
A planilha 3 detalha os cálculos do principal indicador do fluxo
de caixa para o empreendimento
proposto que é a Taxa Interna de
Retorno – TIR.
4. Análise de Sensibilidade
A planilha 4 ilustra uma situação de mudança externa de
mercado e sua influência na lucratividade e na taxa interna de
retorno do investimento.
Viabilidade Econômica de Projetos Aquícolas
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Considerações finais
A aquicultura é um dos ramos da Engenharia de Pesca que mais
se desenvolve no Brasil. No entanto, a carência de conhecimentos
voltados às análises de viabilidade econômica aquícola ao longo da
graduação pode limitar a competência profissional dos estudantes.
Iniciativas como a deste curso são de grande importância como
formação complementar às disciplinas de cultivo de organismos
aquáticos. Acreditamos que essa apostila fornecerá bases teóricas e
exemplos práticos que poderão auxiliar na análise econômica de
diferentes situações de cultivo.
DAVID, L. H. C.; PINHO, S. M.
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Bibliografia consultada
GUERREIRO, L.R.J. Custo de produção, análise econômica e
gerencial em unidade de produção de alevinos de peixes reofílicos:
estudo de caso em Rondônia. Dissertação (Mestrado) - Curso de
Zootecnia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
2012, 141 p.
KODAMA, G. ANNUNCIAÇÃO, W.F.; SANCHES, E.G.; GOMES,
C.H.A.M.; TSUZUKI, M.Y. Viabilidade econômica do cultivo do peixe
palhaço, Amphiprion ocellaris, em sistema de recirculação. Boletim do
Instituto de Pesca, São Paulo, 2011, 37(1):61-72,.
KUBITZA, F.; ONO, E. Projetos aquícolas: planejamento e
avaliação econômica. Jundiaí: Aquaimagem, 2004. 87 p.
SANCHES, E.G.; TOSTA, G.A. M.; SOUZA-FILHO, J.J. Viabilidade
econômica da produção de formas jovens de bijupirá (Rachycentron
canadum). Boletim do Instituto de Pesca, São Paulo, 2013, 39:15-26.