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UNIDADE 4
UNIDADE 4 - FRACASSO ESCOLAR : de quem é a culpa? ....................................................................... 81
1 Introdução ......................................................................................................................................................... 81
2 O Fracasso Escolar .......................................................................................................................................... 82
2.1 A culpa é da avaliação? ................................................................................................................................ 83
2.2 Atribuindo culpa à escola ........................................................................................................................... 86
2.3 Fracasso Escolar .............................................................................................................................................. 87
2.4 Atribuindo Culpa à Família ........................................................................................................................ 91
Resumo ......................................................................................................................................................................... 93
Referências .................................................................................................................................................................. 94
ANEXOS ......................................................................................................................................................................... 97
Unidade
.
fraCasso esColar: de quem é a culpa?
• Conceituar o Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação;
• Diferenciar Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação de Transtorno Especíico da Aprendizagem;
• Estabelecer os principais prejuízos ao desenvolvimento psicomotor causado pela Disgraia.
1 Introdução
O fracasso escolar se conigura atualmente como um problema social
que vem aligindo os sistemas escolares em todos os níveis e tem trazido
problemáticas à pessoa com diiculdades de aprendizagem, à escola e
às famílias.
A escola e a família, aparentemente, tem se colocado à disposição para a
superação dos problemas que levam ao fracasso escolar, seja pela busca
incessante dos pais por um atendimento de proissionais que saibam
lidar com o problema ou por medidas do próprio sistema educacional
a partir de medidas como a reestruturação organizacional a partir da
legislação, de programas de incentivo a leitura, escrita e ao cálculo.
Um dos grandes fatores que tem levado nas últimas décadas a busca por
novas formas de lidar com este problema é devido às taxas de evasão
e reprovação que estão com alto nível, principalmente nas séries inais
do ensino fundamental e nos anos iniciais do ensino médio. Com isso,
programas governamentais tem sido implantados e implementadas
com a intenção de dar subsídios à escola para a superação desses níveis
objetivos
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO82
tão negativos, inl uenciado diretamente nas formas de avaliação, nos
direcionamentos das ações escolares, na prática do professor e na busca
pela autonomia do aluno.
Porém, apesar dessa busca por melhores condições e para se evitar o
fracasso escolar, ao se investigar como se dá a aprendizagem de uma
pessoa com dii culdades de aprendizagem e porque muitas dessas
crianças apresentam em seu histórico o fracasso escolar, devemos
buscar a origem do problema, o que ai nal leva alunos a desistirem ou
a ter dii culdades em aprender e, ai nal questionar: de quem é a culpa?
2 o fracasso escolar
O fracasso escolar tem sido um fantasma na vida de muitas crianças
e adultos que apresentam transtornos que causam prejuízos à
aprendizagem, pois sem dúvida o fracasso ele causa sofrimentos e traz
grandes consequências a vida acadêmica e social.
Pais, professores e cientistas têm demonstrado cada vez mais
preocupação ao ter que lidar com o fracasso escolar por isso, tentam
chegar a uma ou algumas formas de lidar com esta situação.
Segundo Cordié (1996 apud BOSSA 2001 p.18) o fracasso escolar tem
suas raízes históricas no século XIX quando a escolaridade passou a ser
obrigatória por conta das questões econômicas e estruturais.
Cordié (1996 apud BOSSA 2001 p.18) ressalta que não é apenas o
as exigências da sociedade moderna que causa os transtornos de
aprendizagem, “mas um sujeito que expressa seu mal-estar na linguagem
de uma época em que o poder do dinheiro e o sucesso social são valores
predominantes” sofre a pressão social e, a este sujeito que sofre com as
exigências e pressões sociais tem apenas a escola como um espaço de
escape.
Quer saber mais sobre fracasso escolar? Leia o livro “Fracasso Escolar Um Olhar Psicopedagógico” da Dra. Nádia Bossa. Este livro apresenta um estudo profundo, apoiado em uma prática clínica de 20 anos, sobre o sintoma escolar considerado em sua dimensão social e em sua singularidade. O leitor encontrará subsídios teóricos com interfaces no âmbito social e cultural, fundamentados na psicopatologia e na psicodinâmica atuais e em uma rel exão instigante sobre o papel da escola nesse fenômeno, descritos de forma muito clara. Trata-se de uma referência única sobre as dii culdades de aprendizagem escolar, incluindo os transtornos de déi cit de atenção, incluindo os transtornos de leitura e de escrita, a dislexia, os transtornos de conduta, entre outros problemas especíi cos que levam no fracasso escolar.
Fonte: http://www.grupoa.com.br
FRACASSO ESCOLAR: de quem é a culpa? | UNIDADE 4 83
Fracassos escolares sucessivos podem causar ao aluno vínculos negativos
com a aprendizagem, a desmotivação para aprender e sérios problemas
na autoestima, o aumento crescente dos problemas de aprendizagem e
a formação precária dos alunos e, de maneira geral problemas crônicos
no sistema educacional (BOSSA, 2001).
Mas, de quem é culpa do fracasso escolar? Do aluno que é desinteressado?
Dos transtornos de neurodesenvolvimento e suas origens em fatores
hereditários, genéticos e suas associações às causas neurológicas? Da
escola, que se exime em desempenhar seu papel de educar? Das políticas
públicas que não são implementadas? Da família que se esquece de sua
obrigação em educar? Ainal, de quem é a culpa?
2.1 a culpa é da avaliação?
A educação segundo uma concepção pedagógica tradicionalista
é encarada como transmissão e memorização de informações
preconcebidas e o aluno (Figura 1) e visto como simples receptador
destas informações contrapondo a famosa educação bancária tão
criticada por Paulo Freire, mas que continua presente nos dias atuais.
figura 1 - Para o Chico Bem a culpa é de quem?Fonte: www.portalprofessor.mec.gov.br
A avaliação, nessa concepção é associada a “fazer prova”, “tirar nota”,
“passar de ano” etc. Muitos professores imbuídos desta concepção veem
na avaliação uma arma de tortura para alunos indisciplinados.
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO84
Segundo Haidt (2002), com a modernização da sociedade e da escola,
surge uma concepção pedagógica que possui uma visão bastante
diferente, em que a educação deverá ser concebida a partir da vivência de
experiências múltiplas e, variadas tendo em vista o desenvolvimento da
motricidade, da cognição, das questões afetivas e sociais do educando.
Haidt (2002) airma que o educando não é mais apenas um receptador
de informações, e sim, se mostra um ser ativo e também dinâmico, que
participa da construção de seu próprio conhecimento. Portanto, a partir
dessa visão de educação, o conceito de avaliação também assume
outros moldes, ela não é mais atribuição de notas, mas sim de veriicar
em que medida os alunos estão alcançando os objetivos propostos para
o processo ensino-aprendizagem, sendo que “tais objetivos se traduzem
em mudança e aquisição de comportamentos motores, cognitivos,
afetivos e sociais” (HAIDT, 2002, p. 287).
A avaliação, nesse sentido, assume um caráter orientador e cooperativo,
pois como airma Haidt (2002, p.287), ela “ajuda o aluno a tomar
consciência de seus avanços e diiculdades, para que ele possa progredir
na construção do conhecimento”. Daí a airmação de que “a educação
renovada não mudou apenas os métodos de ensino, mas também a
concepção de avaliação” (HAIDT, 2002, p.14).
Haidt (2002) airma que a avaliação tem a função não apenas de avaliar
os alunos como também o desempenho do professor como relexo do
que a turma aprendeu, mas também tem outros propósitos: conhecer
os alunos, os conhecimentos prévios da turma que servirão de base para
o trabalho do professor, veriicando o que precisará ser retomado antes
dos novos conteúdos, e ainda, determinar o trabalho antes dos novos
conteúdos e analisar se o aluno progrediu ou não; identiicar as diiculdades
de aprendizagem e suas possíveis causas, natureza cognitiva, afetiva,
emocional, social, a im de superá-las e, perceber se os objetivos propostos
para o processo ensino aprendizagem foram ou não atingidos em uma
avaliação formativa, que visa demonstrar se os alunos já conseguiram
assimilar e aquilo que lhes falta para uma aprendizagem completa.
A avaliação formativa proporciona ao professor dados para que possa
aperfeiçoar sua prática e adequá-la à necessidade do aluno; e ao discente
oferece dados sobre seu progresso e suas diiculdades.
FRACASSO ESCOLAR: de quem é a culpa? | UNIDADE 4 85
Este fator remete a outra função, que é fazer parte do aperfeiçoamento
do processo ensino aprendizagem, visto que desta forma o professor
poderá com maior segurança adequar os métodos e técnicas ao peril
da classe, atendendo suas necessidades. A avaliação formativa deverá
ser realizada com harmonia com a avaliação somativa, a qual tem
função classiicatória, proporciona comparação, competição e seleção,
a unidade das duas buscas além da promoção dos alunos de uma classe
à outra, a internalização dos conteúdos.
Para o professor Gadotti (1990, p. 7) “reletir é também avaliar, avaliar
é também planejar, estabelecer objetivos” etc., ou seja, há uma relação
entre avaliação e objetivos previamente estabelecidos. Para o autor,
avaliação é uma questão política.
A avaliação, de forma ampla, é um meio para se comprovar a efetivação
ou não dos objetivos pré-estabelecidos pelo docente em seu plano de
ensino, a im de nortear a sua prática e o verdadeiro aprendizado dos
alunos. Logo, é inevitável que objetivos e avaliação estejam intimamente
ligados no processo educativo.
Ao se estabelecer objetivos se torna mais claro o que avaliar e como
avaliar o aprendizado. O professor não pode de forma alguma cobrar de
seus alunos algo que não fez parte desse processo, pois estaria fugindo
dos verdadeiros propósitos da avaliação.
Segundo Gadotti (1990), a avaliação também se constitui como uma
questão política. Ele assim airma no sentido de poder servir como um
instrumento de poder, de julgar. Isso se vê em sala de aula quando uma
nota serviu para comparar os alunos: aqueles que atingiram notas mais
altas são os mais inteligentes, merecem maior atenção do professor
e dos colegas; e aqueles que conseguiram notas baixas da média são
julgados os piores, problemáticos, sem solução e desprezados pelos
colegas e muitas vezes pelo próprio professor. Ou ainda, vê a avaliação
como instrumento de crescimento qualitativo para ambos, professor
e aluno, pois a partir dela as falhas e os acertos icam mais evidentes,
deixando mais explícito o que deve ser melhorado, abandonado, pondo
em prático a partir do ponto de vista do outro.
Ainal, quando o professor avalia o aluno ele também está se avaliando,
pois de certa forma o aluno relete a postura, os ensinamentos, os
conteúdos, as atitudes do professor.
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO86
2.2 atribuindo culpa a escola
A escola, como instituição social e representante da ideologia do
estado cobra mais do que oferece um espaço para uma aprendizagem
signii cativa, conduzindo o aluno a apresentar problemas de
aprendizagem resultantes não de transtornos do neurodesenvolvimento,
mas advindos de um planejamento pedagógico que não foi pensado
para atender suas necessidades educacionais e que apenas visa cumprir
a demanda de conteúdo.
A escola, em seu papel de instituição responsável pela vida acadêmica,
tem se omitido no cumprimento de seu papel, preferindo atribuir ao
aluno e aos transtornos do neurodesenvolvimento a culpa pelo fracasso
escolar.
Este espaço que tem como meta a promoção de melhores condições da
vida tem falhado ao dar mais ênfase aos resultados do que ao processo
como um todo. Seja na falta de recursos lúdicos na educação, quer
seja na organização dos horários apertados nos ensinos fundamental
e médio, a escola tem se proposto apenas enxergar os resultados que
serão obtidos ao i m de cada semestre letivo, atribuindo conceitos e
notas que muitas vezes não correspondem ao verdadeiro desempenho
e potencialidades do aluno.
A escola é cumplice das notas baixas e dos problemas na aprendizagem
que muitos alunos têm apresentado quando se fala de causas
relacionadas ao ambiente, pois é a partir de suas ações que o aluno
desempenha o seu papel de discente, de sujeito que aprende.
Porém, esta instituição social não pode ser culpada por todas as suas
ações sem antes se analisar a situação do sistema educacional como um
todo.
O fracasso escolar é visto atualmente como um problema (Figura 2)
crônico existente no sistema educacional, principalmente no Brasil onde
as taxas de evasão escolar se tornam cada vez mais problemáticas, em
que no ano de 2013, nos anos iniciais do ensino fundamental a cada 100
alunos, 15 estavam com atraso escolar em 02 ou mais anos (Inep, 2013.
Organizado por MERITT, 2014.).
Assista ao i lme: entre os muros da escola (2008). O i lme é do diretor Laurent Cantet. A trama conta a história de Fraçois e seus colegas professores que preparam o novo ano letivo de uma escola da periferia parisiense. Munidos de boas intenções, eles se apoiam para tentar manter vivo o estímulo de dar a melhor educação a seus alunos. Na sala de aula, um microcosmo da França contemporânea, choque entre as diferentes culturas dos jovens que por mais inspiradores e divertidos que sejam, desanimam seus professores e os desestimulam com seus projetos de melhorias que benei ciariam os adolescentes.
fonte: http://www.sescamapa.com.br/cinema/sinopse-do-i lme-entre-os-muros-da-escola
FRACASSO ESCOLAR: de quem é a culpa? | UNIDADE 4 87
figura 2 - Grái co com Taxas de Rendimento segundo indicadores do INEP/2013.Fonte: Inep, 2013. Organizado por Meritt, 2014.
Apesar de ter alcançado na rede pública a meta proposta, o Ideb (2013)
não obteve êxito total nas taxas de aprendizado em nenhuma das
etapas escolares e deve garantir formas de proporcionar educação de
qualidade aos alunos.
Bossa (2001, p. 18) ao comentar sobre a educação brasileira lembra que
“o sistema escolar ampliou o número de vagas, mas não desenvolveu
uma ação que o tornasse ei ciente e garantisse o cumprimento daquilo
que se propõe, ou seja, que desse acesso à cidadania”.
2.3 o professor, a autonomia do aluno com
dii culdade de aprendizagem e a Culpa do
fracasso escolar
Concentrando-se não somente na ênfase de ensinar por ensinar,
encontramos em Freire (2004), a consistência de uma pedagogia voltada
para o saber sobre as verdadeiras necessidades da prática educativa
(Figura 3) para lutar contra o fracasso escolar.
Portal QEdu - Meritt e Fundação
Lemann(2014), acese o site:http://www.qedu.
org.br e analise as taxas de evasão escolar.
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO88
figura 3 - As fragilidades no uso das estratégias metodológicas podem ocasionar diiculdades de aprendizagem em disciplinas como a matemáticaFonte: http://conexaoeducandoeaprendendo.blogspot.com.br/
Dentro de uma perspectiva verdadeira de ensinar para formar cidadãos,
pauta-se a pedagogia da autonomia direcionada ao aluno, este na visão
de Freire (2004) não é apenas uma tábula rasa ou um mero receptor que
deve ser alienado pela ideologia dominante e receber toda a autoridade
do professor como se ele detivesse todo o saber.
A humanidade vai caminhando a partir de uma educação direcionada
ao autoritarismo, à hierarquia e a corrida da sociedade para lugar algum.
Nesta visão é que se encaixa a necessidade de uma educação voltada
para a caminhada – em conjunto – da docência com a discência, onde
não pode ser aceitável a crença que ensinar é transferir conhecimento e,
sem dúvida ensinar deve tornar-se uma especiicidade humana.
Aqui nos restringiremos a partir destas airmações, ao ponto de que
ensinar não é transferir conhecimento e sim, dar possibilidades ao
educando quanto ser autônomo e possuidor de conhecimentos. Ainal,
antes de qualquer formação ou vivência escolar o aluno tem uma cultura
ao chegar à escola que é diferente do professor, mas esta não é “pior, ou
melhor,”.
Ao professor, segundo Freire (2004), cabe educar para a consciência, e
nunca propor apenas a sua visão como a única, a verdadeira e correta.
O aluno deve sempre ter autonomia para escolher o caminho a seguir
(Filme: Escritores da Liberdade).
FRACASSO ESCOLAR: de quem é a culpa? | UNIDADE 4 89
O educador deve sempre compreender que é um ser inacabado,
predisposto ao erro, que tem suas falhas e suas potencialidades também,
contudo não é o dono do saber, por esta razão é que deve sempre
buscar a transformação. Ele deve reconhecer que está condicionado,
às questões que a sociedade o impõe, pois por mais que acredite que
se mantém distante das questões ideológicas, o docente sempre está
envolvido, mesmo que subjetivamente, aos aspectos ligados à política,
a economia e a todas as variáveis que são coordenadas pelo estado.
Em situações de alunos com dii culdades de aprendizagem, faz-se
necessário ao educador que ele tenha bom senso para tentar intervir
e ajudar o aluno em seu déi cit, pois como cita Freire (2004) sobre sua
própria perspectiva quanto educador:
É o meu bom senso que me adverte de que exercer a minha autoridade de professor na classe, tomando decisões, orientando atividades, estabelecendo tarefas, cobrando a produção individual e coletiva do grupo, isto não é sinal de autoritarismo de minha parte. É a minha autoridade cumprindo o seu dever (FREIRE, 2004, p. 61).
É, exatamente, nesta autoridade citada por Freire (2004), que o educador
deve permanecer e que deve entender que não é só ser o “chefe” da
sala, é exercer a autoridade mais sem perder a visão e a postura de
conselheiro, de orientador, é por o ato de educar como um ato de amor
e de orientação, possibilitando um espaço facilitador de aprendizagem
para aqueles alunos que sofrem por conta de suas dii culdades de
aprendizagem e problemas de evasão e fracasso escolar.
Apesar do espaço de trabalho educacional encontrar-se tão sucateado,
o educador não deve perder a compostura da proi ssão tão espetacular
e difícil que ele deve exercer. Contudo, há sim lutas, pois “ensinar exige
humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores”
(FREIRE, 2004, p. 74).
É a partir da proposta desta visão de lutas e pelo designo que a proi ssão
de professor traz, é que ele deverá propor situações de aprendizagem
facilitadoras a partir da realidade do aluno, propondo as razões educativas
a partir do lado substantivo dos objetivos a serem apreendidos.
Assista ao i lme: escritores da liberdade (2007). SINOPSE: Hilary
Swank, duas vezes premiada com o Oscar,
atua nessa instigante história, envolvendo adolescentes criados no meio de tiroteios
e agressividade, e a professora que
oferece o que eles mais precisam: uma
voz própria. Quando vai parar numa escola
corrompida pela violência e tensão
racial, a professora Erin Gruwell combate
um sistema dei ciente, lutando para que a sala de aula faça a
diferença na vida dos estudantes. Agora,
contando suas próprias histórias, e ouvindo as dos outros, uma
turma de adolescentes supostamente
indomáveis vai descobrir o poder da tolerância, recuperar
suas vidas desfeitas e mudar seu mundo.
Com eletrizantes performances de
um elenco de astros, incluindo Scott Glenn (Dia de Treinamento),
ImeldaStauton (Harry Potter e a
Ordem da Fênix) e Patrick Dempsey (Grey’sAnatomy),
ganhador do Globo de Ouro. Escritores da
Liberdade é baseado no aclamado best-seller O Diário dos Escritores da
Liberdade.
fonte: http://www.laprev.ufscar.br/sinopse-
i lmes/escritores-da-liberdade
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO90
A educação direcionada a alunos com transtornos de aprendizagem
deverá estar disponível para exercer sua função durante o ato de
aprender, pois este se deve por conta da construção da revisão dos
conhecimentos. Ainal, como cita Freire (2004, p.69), “aprender para
nós é construir, reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz sem
abertura ao risco e à aventura do espírito”.
Contudo, como airma Freire (2004) esta relação de apreender e aprender
exige do educador alegria, esperança e disposição. A alegria deve- se ao
ato de gerir uma educação que se torne saborosa tanto para o educando
que se encontra com limitações signiicativas na aprendizagem quanto
para ao educador, que tem um grande desaio em sua ação.
Já, a perspectiva da esperança relaciona-se a questão que tanto aluno
quanto professor deverão ter prazer no desenvolvimento do ato
educacional, seja na produção, no aprendizado ou na busca por novos
conhecimentos. A esperança é o centro que guia o homem quanto ser
social e ao mesmo tempo subjetivo, é a esperança que guia o homem
para desejar um futuro “melhor”, ou que até mesmo dá ao homem a
perspectiva que não vai conseguir caminhar mais alguns metros até
chegar aos seus objetivos. Ter esperança é, fundamentalmente, acreditar
que a mudança é totalmente relevante e que ela é sempre possível,
apesar de algumas falhas no sistema educacional e nos próprios atos
dos próprios professores.
Mas, não há esperança e mudança se o ato educativo não despertar
curiosidade tanto no agente, quanto no paciente da relação. É aqui que
a criatividade do professor deve manter-se em ascensão, para poder
dar solidez às necessidades, dúvidas e impasses que vão sendo criadas
na mente do educando com diiculdades de aprendizagem. Estas, o
levarão a querer descobrir mais sobre um determinado assunto que foi
proposto nas atividades nas aulas. Se o professor assumir uma postura
de renúncia de suas próprias versões e começar a dar mais espaço
para que o aluno trabalhe, certamente ele adquirirá autonomia para
verbalizar suas curiosidades que foram excitadas pelo conhecimento
recebido a partir de determinado assunto.
Compreendemos então, que uma pedagogia voltada para a autonomia
do aluno com diiculdade de aprendizagem e do professor que busca
FRACASSO ESCOLAR: de quem é a culpa? | UNIDADE 4 91
ser um facilitador, só poderá ser verdadeira se partir da premissa de que
todos são agentes da sociedade e que são capazes de transformá-la
partindo das construções realizadas no ato de ensinar.
A partir destas construções, e de outros aspectos fundamentais do
“ensinar é [....]”, é que Freire (2004) vai despertando um sentimento de
propor a conscientização em cada um dos educadores que se propõe
ao verdadeiro ato de excitar os alunos a ver e a construir seu mundo,
partindo do pressuposto que a todos tem autonomia para transformar a
sociedade a partir da transformação de sua própria mente e do despertar
para as questões sociais.
2.4 atribuindo Culpa a família
A família, como instituição formadora, busca em sua raiz preparar o
sujeito para as vivências que fazem parte da sociedade, visto ser nela o
ambiente em que o sujeito recebe os primeiros ensinamentos e observa
os ensinamentos dos adultos. Moreno e Sastre (2002) explicam que os
fundamentos éticos que governam a pessoa são estabelecidos nesta
instituição social. A inluência da família é algo profundo, duradouro e
que contagia todo o ser.
A família transmite ao sujeito a base de toda a sua formação, orientando
as escolhas que deverão tomar a cada nova situação que lhe é
proporcionada nas relações sociais em que ele está contido mesmo que
de forma informal e intuitiva.
Moreno e Sastre (2002) airmam que: “a família é um agente transmissor
de valores sociais”, devido a essa condição de se relacionar e restabelecer,
a cada nova situação, tornando o que é espontâneo em uma ação
formalizada e o que é intuitivo em algo sistemático.
As famílias (Figura 4) desempenham um papel fundamental para a
formação do indivíduo, para seu desenvolvimento e aprendizagem.
Nas relações familiares é que se aprende desde o início ações que
despertaram o interesse para o estudo, por exemplo.
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO92
figura 4 - A ausência da família tem sido um grande fator para as causas da dii culdade de aprendizagem
Fonte: http://sandiabooks.com.
É importante ressaltar que as escolas com melhores resultados são,
normalmente, aquelas que conseguem criar as condições propícias a
uma colaboração das famílias na vida escolar (NÓVOA, 1992). É preciso
romper, de uma vez por todas, com a ideia de que as escolas pertencem
à corporação docente e não a sociedade.
Entre as dii culdades encontradas pelos professores a ausência da
participação dos pais nas reuniões de pais e mestres para integração da
família com as atividades escolares, bem como o acompanhamento do
rendimento escolar dos seus i lhos e discussão de problemas pertinentes
à comunidade escolar.
Os pais, enquanto grupo interveniente no processo educativo, devem
apoiar ativamente, às escolas e participar na elaboração do conjunto
de decisões que lhes dizem diretamente respeito. Numa perspectiva
individual, os pais podem ajudar a motivar e a estimular os seus i lhos,
associando-se aos esforços dos proi ssionais do ensino.
A família participante é um fator primordial para o êxito do processo
de aprendizagem da criança com dii culdade de aprendizagem. Este
processo deve ser contínuo, seguido de forma estruturada e organizada.
O fator psicológico segundo Guerra (2007, p.208) interfere na
aprendizagem, pois ao expor uma criança a uma situação de um
ambiente familiar agressivo ou mesmo colocá-la em uma situação
que gere insegurança, com muitas mudanças “o seu cérebro estará
processando os estímulos gerados por essas mudanças de forma a
produzir um comportamento que a adapte melhor às situações vividas,
que chamaremos de risco”.
FRACASSO ESCOLAR: de quem é a culpa? | UNIDADE 4 93
Carvalho e Guerra (2010, p.328) ressaltam que “a identiicação
da diiculdade de aprendizagem possibilita o reconhecimento
de problemas que, mesmo não apresentando solução deinitiva,
permite encaminhamento e intervenção adequados pela equipe
multidisciplinar”.
Os autores enfatizam que estão incluídos neste grupo a escola e a
família, ambas tem o papel de acompanhar o desenvolvimento da
criança, buscando superar os transtornos de aprendizagem.
resumo
Nesta unidade, estudamos que as causas do fracasso escolar têm sido
analisadas a partir dos prejuízos que ele proporciona a pessoa com
diiculdades de aprendizagem. Porém, observamos que cada um dos
meios em que o aluno está inserido, é de certa forma responsável pelo
baixo rendimento escolar e pelos problemas na vida social e acadêmica.
atividades de aprendizagem
1. Discuta com seus colegas as principais causas do fracasso escolar.
2. Para você, que são os culpados pelo fracasso escolar?
3. Quais as melhores formas de se combater o fracasso escolar?
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO94
referências
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Editora Penso, 2001.
CORDIÉ, A. os atrasados não existem – psicanálise de crianças com
fracasso escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
FREIRE, Paulo. pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática
educativa. 30. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2004 (Coleção Leitura).
HAIDT, Regina Célia Cazaux. Curso de didática Geral. São Paulo: Ática,
2002.
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Editora Ática, 1990.
GUERRA, LB. Neuropsicologia e educação: perspectiva transdisciplinar.
In: MACEDO, E.C., MENDONÇA, L. I. Z., Schlecht, B.B.G., ORTIZ, K.Z.,
AZAMBUJA, D. A. avanços em neuropsicologia: das pesquisas à
aplicação clínica. São Paulo: Livraria Santos Editora, 2007. p. 207-219.
MORENO, Montserrat; SASTRE, Genoveva. resolução de conlitos
e aprendizagem emocional: gênero e transversalidade. São Paulo:
Moderna, 2002.
NÓVOA, Antonio. os professores e a sua formação. Lisboa: Publicações
Dom Quixote, 1992.
95Currículo Resumido da Professora
.
prIsCIla sousa BarBosa
Possui graduação em Pedagogia Licenciatura pela
Universidade Federal do Maranhão. Mestranda em Ciências
da Educação pela Universidade Lusófona de Humanidades-
Lisboa/PT. Especialista em Formação Continuada de
Professores para o Atendimento Educacional Especializado
pela Universidade Federal do Ceará; em Gestão Educacional
pela Faculdade Mário Schenberg; em Educação Inclusiva
pela Universidade Estadual do Maranhão; Neuroeducação
pela Faculdade Santa Fé e em Psicopedagogia Clínica e
Institucional pela Universidade Ceuma. Tem experiência
docente como: professora substituta da Universidade
Estadual do Maranhão; professora do Curso de Pedagogia
a Distância do Núcleo de Educação a Distância e do Curso
de Especialização em Docência na Educação Infantil da
Universidade Federal do Maranhão; atuou como professora
da Educação Infantil e Ensino Fundamental em escolas
particulares da capital; ministra cursos de extensão
e capacitação em instituições privadas; atuou como
professora de Sala de Recursos Multifuncionais na rede
pública da SEMED/São Luís/MA, atualmente é técnica da
Superintendência da Área de Educação Especial da SEMED/
São Luís/MA.
Anexo | A 99
Anexo A - MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS
Quadro 1 - Transtorno Específico da Aprendizagem
Critérios Diagnósticos
A. Dificuldades na aprendizagem e no uso de habilidades acadêmicas, conforme
indicado pela presença de ao menos um dos sintomas a seguir que tenha persistido
por pelo menos 6 meses, apesar da provisão de intervenções dirigidas a essas
dificuldades:
1. Leitura de palavras de forma imprecisa ou lenta e com esforço (p. ex.,
lê palavras isoladas em voz alta, de forma incorreta ou lenta e hesitante,
frequentemente adivinha palavras, tem dificuldade de soletrá-las);
2. Dificuldade para compreender o sentido do que é lido (p. ex., pode ler
o texto com precisão, mas não compreende a sequência, as relações, as
inferências ou os sentidos mais profundos do que é lido);
3. Dificuldades para ortografar (ou escrever ortograficamente) (p. ex.,
pode adicionar, omitir ou substituir vogais e consoantes);
4. Dificuldades com a expressão escrita (p. ex., comete múltiplos erros de
gramática ou pontuação nas frases; emprega organização inadequada
de parágrafos; expressão escrita das ideias sem clareza);
5. Dificuldades para dominar o senso numérico, fatos numéricos ou
cálculo (p. ex., entende números, sua magnitude e relações de forma
insatisfatória; conta com os dedos para adicionar números de um dígito
em vez de lembrar o fato aritmético, como fazem os colegas; perde-se no
meio de cálculos aritméticos e pode trocar as operações);
6. Dificuldades no raciocínio (p. ex., tem grave dificuldade em aplicar
conceitos, fatos ou operações matemáticas para solucionar problemas
quantitativos);
B. As habilidades acadêmicas afetadas estão substancial e quantitativamente
abaixo do esperado para a idade cronológica do indivíduo, causando interferência
significativa no desempenho acadêmico ou profissional ou nas atividades cotidianas,
confirmada por meio de medidas de desempenho padronizadas administradas
individualmente e por avaliação clínica abrangente.
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO100
Para indivíduos com 17 anos ou mais, história documentada das dificuldades de
aprendizagem com prejuízo pode ser substituída por uma avaliação padronizada.
C. As dificuldades de aprendizagem iniciam-se durante os anos escolares, mas
podem não se manifestar completamente até que as exigências pelas habilidades
acadêmicas afetadas excedam as capacidades limitadas do indivíduo (p. ex., em
testes cronometrados, em leitura ou escrita de textos complexos longos e com prazo
curto, em alta sobrecarga de exigências acadêmicas).
D. As dificuldades de aprendizagem não podem ser explicadas por deficiências
intelectuais, acuidade visual ou auditiva não corrigida, outros transtornos mentais ou
neurológicos, adversidade psicossocial, falta de proficiência na língua de instrução
acadêmica ou instrução educacional inadequada.
Nota: Os quatro critérios diagnósticos devem ser preenchidos com base em uma
síntese clínica da história do indivíduo (do desenvolvimento, médica, familiar,
educacional), em relatórios escolares e em avaliação psicoeducacional.
Fonte: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5, 2014, p. 66).
Quadro 2 - Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados com a Saúde – CID10
F81 Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares
Transtornos nos quais as modalidades habituais de aprendizado estão alteradas
desde as primeiras etapas do desenvolvimento. O comprometimento não é somente
a consequência da falta de oportunidade de aprendizagem ou de um retardo mental,
e ele não é devido a um traumatismo ou doença cerebrais.
F81.0 Transtorno específico de leitura
A característica essencial é um comprometimento específico e significativo do
desenvolvimento das habilidades da leitura, não atribuível exclusivamente à idade
mental, a transtornos de acuidade visual ou escolarização inadequada. A capacidade
de compreensão da leitura, o reconhecimento das palavras, a leitura oral, e o
desempenho de tarefas que necessitam da leitura podem estar todas comprometidas.
O transtorno específico da leitura se acompanha frequentemente de dificuldades
Anexo | A 101
de soletração, persistindo comumente na adolescência, mesmo quando a criança
haja feito alguns progressos na leitura. As crianças que apresentam um transtorno
específico da leitura tem frequentemente antecedentes de transtornos da fala ou de
linguagem. O transtorno se acompanha comumente de transtorno emocional e de
transtorno do comportamento durante a escolarização.
Dislexia de desenvolvimento
Leitura especular
Retardo específico da leitura
Exclui:
alexia SOE (R48.0)
dificuldades de leitura secundárias a transtornos emocionais (F93.-)
dislexia SOE (R48.0)
F81.1 Transtorno específico da soletração
A característica essencial é uma alteração específica e significativa do desenvolvimento
da habilidade para soletrar, na ausência de antecedentes de um transtorno específico
de leitura, e não atribuível à baixa idade mental, transtornos de acuidade visual ou
escolarização inadequada. A capacidade de soletrar oralmente e a capacidade de
escrever corretamente as palavras estão ambas afetadas.
Retardo específico da soletração (sem transtorno da leitura)
Exclui:
agrafia SOE (R48.8)
dificuldades de soletração:
•associadasatranstornodaleitura(F81.0)
•devidasaensinoinadequado(Z55.8)
F81.2 Transtorno específico da habilidade em aritmética
Transtorno que implica uma alteração específica da habilidade em aritmética, não
atribuível exclusivamente a um retardo mental global ou à escolarização inadequada.
O déficit concerne ao domínio de habilidades computacionais básicas de adição,
subtração, multiplicação e divisão mais do que as habilidades matemáticas abstratas
envolvidas na álgebra, trigonometria, geometria ou cálculo.
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO102
Acalculia de desenvolvimento
Dicalculia
Síndrome de Gerstmann de desenvolvimento
Transtorno de desenvolvimento do tipo acalculia
Exclui:
acalculia SOE (R48.8)
dificuldades aritméticas:
•associadasaumtranstornodaleituraoudasoletração(F81.3)
•devidasaensinoinadequado(Z55.8)
F81.3 Transtorno misto de habilidades escolares
Categoria residual mal definida de transtornos nos quais existe tanto uma
alteração significativa do cálculo quanto da leitura ou da ortografia, não atribuíveis
exclusivamente a retardo mental global ou à escolarização inadequada. Deve ser
utilizada para transtornos que satisfazem aos critérios tanto de F81.2 quanto aos de
F81.0 ou F81.1.
Exclui:
transtorno específico (de) (das):
•leitura(F81.0)
•habilidadesaritméticas(F81.2)
•soletração(F81.1)
F81.8 Outros transtornos do desenvolvimento das habilidades escolares
Transtorno de desenvolvimento da expressão escrita
F81.9 Transtorno não especificado do desenvolvimento das habilidades escolares
Incapacidade (de):
•aprendizagemSOE
•aquisiçãodeconhecimentosSOE
Transtorno de aprendizagem SOE
Fonte: CID-10 (2008). Disponível em: <http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f80_f89.htm>. Acesso em: 20 dez. 2014.
Anexo | A 103
Quadro 3 - Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva
[...]
Na perspectiva da educação inclusiva, a educação especial passa a constituir
a proposta pedagógica da escola, definindo como seu público-alvo os alunos com
deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.
Nestes casos e outros, que implicam em transtornos funcionais específicos, a
educação especial atua de forma articulada com o ensino comum, orientando para o
atendimento às necessidades educacionais especiais desses alunos.
Consideram-se alunos com deficiência àqueles que têm impedimentos de
longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que em interação
com diversas barreiras podem ter restringida sua participação plena e efetiva na
escola e na sociedade. Os alunos com transtornos globais do desenvolvimento são
aqueles que apresentam alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e
na comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e
repetitivo. Incluem-se nesse grupo alunos com autismo, síndromes do espectro do
autismo e psicose infantil. Alunos com altas habilidades/superdotação demonstram
potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas:
intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes. Também apresentam
elevada criatividade, grande envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas
em áreas de seu interesse. Dentre os transtornos funcionais específicos estão: dislexia,
disortografia, disgrafia, discalculia, transtorno de atenção e hiperatividade, entre
outros.
[...]
(BRASIL, 2008, p.15)
Fonte: BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de
Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. SEESP/MEC. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2008.
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2014.
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO104
Quadro 4 - National Joint Committee on Learning Disabilities (2007)
LD has been defined by the National Joint Committee on Learning Disabilities (NJCLD)
as a heterogeneous group of disorders of presumed neurological origin manifested
differently and to varying degrees during the life span of an individual. These disorders are
developmental in nature, occur prior to kindergarten, and continue into adult life. Various
manifestations of LD may be seen at different ages and as a result of varying learning
demands ( NJCLD, 1985/2001a, 1990/2001c) . Early indicators that a child may have LD
include delays in speech and language development, motor coordination, perception,
reasoning, social interaction, prerequisites to academic achievement and other areas
relevant to meeting educational goals.These indicators may occur concomitantly
with problems in self¬-regulation, attention, or social interaction (LOWENTHAL, 1998;
MCCARDLE, SCARBOROUGH & CATTS, 2001).
TRADUÇÃO:
DA foi definida pelo Comitê Nacional Conjunta sobre Dificuldades de Aprendizagem
(NJCLD) como um grupo heterogêneo de distúrbios de origem neurológica,
presumidamente manifestos de forma diferente e em diferentes graus, durante o
tempo de vida de um indivíduo. Esses distúrbios são de desenvolvimento da natureza,
ocorrem antes do jardim de infância e continuam na vida adulta. Várias manifestações
de DA podem ser vistos em diferentes idades e, como resultado de diferentes
exigências de aprendizagem (NJCLD, 1985 / 2001a, 1990 / 2001c). Os primeiros
indicadores de que uma criança possa ter DA incluem atrasos no desenvolvimento
da fala e linguagem, coordenação motora, percepção, raciocínio, a interação social,
pré-requisitos para o desempenho escolar e outras áreas importantes para o
cumprimento de indicadores educacionais. Estes podem ocorrer concomitantemente
com problemas na auto regulação, atenção, ou a interação social (LOWENTHAL, 1998;
MCCARDLE, SCARBOROUGH e CATTS, 2001).
Fonte: <http://www.ldonline.org/>. Acesso em: 20 dez. 2014.
Anexo | A 105
Quadro 5 - Transtorno Específico da Aprendizagem
Fatores de Risco e Prognóstico
Ambientais. Prematuridade e muito baixo peso ao nascer aumentam o risco de
transtorno específico da aprendizagem, da mesma forma que exposição pré-natal a
nicotina.
Genéticos e fisiológicos. O transtorno específico da aprendizagem parece agregar-
se em famílias, particularmente quando afeta a leitura, a Matemática e a ortografia. O
risco relativo de transtorno específico da aprendizagem da leitura ou da Matemática
é substancialmente maior (p. ex., 4 a 8 vezes e 5 a 10 vezes mais alto, respectivamente)
em parentes de primeiro grau de indivíduos com essas dificuldades de aprendizagem
na comparação com aqueles que não as apresentam.
História familiar de dificuldades de leitura (dislexia) e de alfabetização prediz
problemas de alfabetização ou transtorno específico da aprendizagem na prole,
indicando o papel combinado de fatores genéticos e ambientais.
Existe elevada herdabilidade na capacidade e na incapacidade de leitura, nos
idiomas alfabéticos e não alfabéticos, incluindo alta herdabilidade para a maioria das
manifestações de capacidades e incapacidades de aprendizagem (p. ex., estimativas
de herdabilidade maiores do que 0,6). A covariação entre as várias manifestações
de dificuldades de aprendizagem é alta, sugerindo que genes relacionados a uma
apresentação estão altamente correlacionados com genes relacionados a outra
manifestação.
Modificadores do curso. Problemas acentuados com comportamento de desatenção
nos anos pré-escolares predizem dificuldades posteriores em leitura e Matemática
(mas não necessariamente transtorno específico da aprendizagem) e não resposta
a intervenções acadêmicas efetivas. Atraso ou transtornos na fala ou na linguagem,
ou processamento cognitivo prejudicado (p. ex., consciência fonológica, memória
de trabalho capacidade de nomear rapidamente em série) nos anos pré-escolares
predizem transtorno específico da aprendizagem posterior em leitura e expressão
escrita.
PRINCIPAIS CAUSAS DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO106
A comorbidade desses problemas com TDAH é preditora de pior evolução da
saúde mental quando comparada àquela associada a um transtorno específico da
aprendizagem sem TDAH. Instrução sistemática, intensiva e individualizada, utilizando
intervenções baseadas em evidências, pode melhorar ou diminuir as dificuldades de
aprendizagem em alguns indivíduos ou promover o uso de estratégias compensatórias
em outros, mitigando, dessa forma, evoluções de outro modo negativas.
Fonte: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5, 2014, p. 72).
107Anexo | B
Anexo B - TRANSTORNOS ESPECÍFICOS NA APRENDIZAGEM
2.1 Introdução
Quadro 1 – Quanto as especificidades em relação à gravidade atual dos transtornos específicos da
aprendizagem
NÍVEL DE GRAVIDADE ESPECIFICAÇÃO
Leve
Alguma dificuldade em aprender habilidades em um ou dois domínios
acadêmicos, mas com gravidade suficientemente leve que permita ao
indivíduo ser capaz de compensar ou funcionar bem quando lhe são
propiciados adaptações ou serviços de apoio adequados, especialmente
durante os anos escolares.
Moderada
Dificuldades acentuadas em aprender habilidades em um ou mais domínios
acadêmicos, de modo que é improvável que o indivíduo se torne proficiente
sem alguns intervalos de ensino intensivo e especializado durante os
anos escolares. Algumas adaptações ou serviços de apoio por pelo menos
parte do dia na escola, no trabalho ou em casa podem ser necessários para
completar as atividades de forma precisa e eficiente.
Grave
Dificuldades graves em aprender habilidades afetando vários domínios
acadêmicos, de modo que é improvável que o indivíduo aprenda essas
habilidades sem um ensino individualizado e especializado contínuo
durante a maior parte dos anos escolares. Mesmo com um conjunto de
adaptações ou serviços de apoio adequados em casa, na escola ou no
trabalho, o indivíduo pode não ser capaz de completar todas as atividades
de forma eficiente.
Fonte: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5, 2014, p. 67).
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO108
2.2 O Transtorno Específico na Aprendizagem com prejuízos na leitura ou Dislexia
2.2.1 Possíveis causas
Quadro 2 – Algumas possíveis classi¶cações da dislexia
Autor Forma de classi¶cação da dislexia In·uência
Baterman
Há três formas: com memória auditiva
pobre e visual boa; com memória visual
boa e auditiva pobre; e com di¶culdades
em ambas.
Teste de habilidades
linguísticas de Illenos.
BorderDivide em disfonética; diseidética e
mista.-
ColherartDivide-se em fonológica, super¶cial e
profunda.
Considera o modelo dual de
acesso léxico.
Fonte: Levantamento de Rotta e Pedroso (2006, p. 155).
Quadro 3 – Quanto à natureza ¶siopatológica
Explicação
�siopatológicaForma de organização
Três categorias
Dé¶cit fonológico
Dé¶cit na nomeação rápida
Teoria do duplo dé¶cit – di¶culdade na leitura na escrita com as duas situações anteriores, constituindo formas graves de dislexia.
Envolvimento das
percepções auditiva e
visual
Acredita-se que as crianças com processamento auditivo possam levar a di¶culdades para perceber rapidamente sons semelhantes.
Pressupõem desenvolvimento de¶ciente, também na linguagem oral.
Perspectiva aceita no início dos estudos da dislexia, por isso a atribuição de “cegueira verbal”.
Foi reforçada por Orton, quando disse que as crianças com dislexia tinham escrita espelhada, tinham lateralidade mal estabelecida ou até sinestrismo do que os leitores normais.
109Anexo | B
2.3 O Transtorno Específico na Aprendizagem com prejuízos na expressão escrita ou
Disortografia
2.3.1 Breve apontamento da descrição histórica
Quadro 4 - Classificação da disortografia consoante a leitura especializada segundo Fernández
et al. (2010, p. 504):
Cagliari27 Carraher28 Zorzi18 Cervera - Mérida & Ygual Fernández29
Manzano, Sanz & Chocano15
Transcrição fonética Transcrição da fala Apoio na oralidade
Erros de ortografia natural: 1) Erros na correspondência
biunivoca grafema-fonema e 2) Erros
na correspondência univoca dependente
do contexto.
Erros de caráter linguístico-perceptivo
Uso indevido de letras
Erros ligados à origem das palavras
Representações múltiplas
Erros de ortografia natural; Erros na sequência dos
grafemas
Erros de caráter visoespecial
Hipercorreção SupercorreçãoGeneralização de
regras
Erros de ortografia nartural; Erros na Segmentação na
cadeia de fala
Erros de caráter visoauditivo
Modificação da estrutura segmental:
trocas, surpressão, acréscimo e inversão
Erros nas silabas de estruturas complexas
OMissão de letras
Erros de ortografia arbitrária: erros de independentes de
regras e dependente de reras
Erros com relação ao conteúdo
Juntura intervocabular e
segmentação
Ausência de segmentação
e segmentação indevida
Junção/Separação não convencional de
palavras-
Erros das regras ortográficas
Forma morfológica diferente
Erros por desconsiderar as
regras contextuais
Confusão entre as terminações am x ão
- -
Forma estranha de traçar as letras
Erros por ausência de nasalização
Trocas surdas/sonoras - -
Uso indevido de maiúsculas e
minúsculas
Erros por trocas de letras
Acréscimo de letras - -
Ascentos gráficos - Letras parecidas - -
Sinais de Pontuação - Inversão de letras - -
Problemas sintáticos - Outras trocas - -
Fonte: FERNÁNDEZ, Amparo Ygualet al. Avaliação e intervenção da disortografia baseada na semiologia dos erros: revisão da literatura. Revista Cefac, v. 12, n. 3, p. 499-504, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v12n3/196-09>. Acesso em: 20 jan. 2014.
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO110
2.3.2 Identificação e diagnóstico
Quadro 5 - Caraterização segundo Coelho (2014)
Erros de caráter linguístico-perceptivo
- omissões, adições e inversões de letras, de sílabas ou de palavras;
- troca de símbolos linguísticos que se parecem sonoramente (“faca”/“vaca”).
Erros de caráter viso-espacial
- substitui letras que se diferenciam pela sua posição no espaço (“b”/“d”);
- confunde-se com fonemas que apresentam dupla gra¶a (“ch”/“x”);
- omite a letra “h”, por não ter correspondência fonêmica.
Erros de caráter viso-analítico
- não faz sínteses e/ou associações entre fonemas e grafemas, trocando letras sem qualquer sentido. Erros relativos ao conteúdo;
- não separa sequências grá¶cas pertencentes a uma dada sucessão fónica, ou seja, une palavras (“ocarro” em vez de “o carro”), junta sílabas pertencentes a duas palavras (“no diaseguinte”) ou separa palavras incorretamente.
Erros referentes às regras de ortogra¶a
- não coloca “m” antes de “b” ou “p”;
- ignora as regras de pontuação;
- esquece-se de iniciar as frases com letra maiúscula; - desconhece a forma correta de separação das palavras na mudança de linha, a sua divisão silábica, a utilização do hífen.
Fonte: Coelho (2014, p.11)
Quadro 6 – Algumas possíveis causas segundo Torres e Fernandes (2001 apud COELHO, 2014, p. 10)
Causas Associação Consequências
PerceptivoAs de¶ciências na percepção, na memória visual e auditiva e/ou a nível espaço-temporal.
Na correta orientação das letras e na discriminação de grafemas com traços semelhantes, por exemplo.
IntelectualA um dé¶cit ou imaturidade intelectual; um baixo nível de inteligência geral.
Pode levar a uma escrita incorreta porque a criança não domina as operações de caráter lógico e intelectual necessárias ao conhecimento e distinção dos diversos elementos sonoros.
LinguísticosPronúncia/articulação e uso de código restrito.
Problemas de linguagem /ou de¶ciente conhecimento e utilização do vocabulário
Afetivo-emocionalBaixos níveis de motivação e atenção.
Poderão fazer com que a criança cometa erros ortográ¶cos (mesmo que conheça a ortogra¶a das palavras).
PedagógicasMétodos de ensino desadequados.
Quando o professor se limita à utilização frequente do ditado, que não se ajusta às necessidades individuais dos alunos e não respeita os seus ritmos de aprendizagem.
Fonte: Torres e Fernandes (2001 apud COELHO 2014, p.10)
111Anexo | B
Quadro 7 - Classificação das dificuldades em matemática segundo Bastos (2006, p. 203)
Fonte: BASTOS, José Alexandre. Discalculia: transtorno específico da habilidade em matemática. In: ROTTA, N. T. et al. Transtornos da aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006.
Quadro 8 – Classi¶cação da discalculia segundo Kocs
Subtipos Forma de classi¶cação da dislexia
Discalculia verbalDi¶culdade em nomear as quantidades, os números, os termos e os símbolos
matemáticos e as relações.
PractognósticaDi¶culdade em numerar, comparar e manipular objetos reais ou em imagens
matemáticas.
Léxica Di¶culdade especi¶camente na leitura de símbolos numéricos.
Grá¶ca Di¶culdade na escrita dos símbolos matemáticos.
IdeognósticaDi¶culdade em realizar operações mentais e na compreensão de conceitos
matemáticos.
Operacional Di¶culdade na execução de operações e cálculos numéricos.
Fonte: Wajnsztein e Lopes (2010, p. 204).
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO112
Quadro 9 – Áreas de comprometimento cerebral afetadas por conta da discalculia
Áreas do cérebro Comprometimento
Área terciária do hemisfério esquerdo cerebral
Di¶culdade na leitura e na compreensão dos problemas verbais e conceitos matemáticos.
Lobos frontaisDi¶culdade na realização dos cálculos mentais rápidos, na habilidade de solução de problemas e na conceitualização abstrata.
Áreas secundárias occipital parietal esquerdo
Di¶culdade na discriminação visual de símbolos matemáticos escritos.
Lobo temporal esquerdoDi¶culdade na memorização de séries e realizações matemáticas básicas.
Fonte: Wajnsztein e Lopes (2010, p. 204).
113Anexo | C
Anexo C - TRANSTORNOS E COMORBIDADES AOS PREJUÍZOS NA APRENDIZAGEM
3.1 O Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação ou Disgrafia
3.1.2 Identificação e diagnóstico
Quadro 1 - Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados com a Saúde – CID10
F82 Transtorno específico do desenvolvimento motor
A característica essencial é um comprometimento grave do desenvolvimento da
coordenação motora, não atribuível exclusivamente a um retardo mental global
ou a uma afecção neurológica específica, congênita ou adquirida. Na maioria dos
casos, um exame clínico detalhado permite sempre evidenciar sinais que evidenciam
imaturidade acentuada do desenvolvimento neurológico, por exemplo movimentos
coreiformes dos membros, sincinesias e outros sinais motores associados; assim
como perturbações da coordenação motora fina e grosseira.
Debilidade motora da criança
Síndrome da “criança desajeitada”
Transtorno (da) (do):
•aquisiçãodacoordenação
•desenvolvimentodotipodispraxia
Exclui:
anomalias da marcha e da mobilidade (R26.-)
falta de coordenação (R27.-)
•secundáriaaretardomental(F70-F79)
Fonte: CID-10 (2008). Disponível em: <http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f80_f89.htm> Acesso em: 20 dez. 2014.
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO114
Quadro 2 - Transtornos Motores
Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação
Critérios Diagnósticos
A. A aquisição e a execução de habilidades motoras coordenadas estão
substancialmente abaixo do esperado considerando-se a idade cronológica do
indivíduo e a oportunidade de aprender e usar a habilidade. As dificuldades
manifestam-se por falta de jeito (p. ex., derrubar ou bater em objetos), bem como por
lentidão e imprecisão no desempenho de habilidades motoras (p. ex., apanhar um
objeto, usar tesouras ou facas, escrever a mão, andar de bicicleta ou praticar esportes).
B. O déficit nas habilidades motoras do Critério A interfere, significativa e
persistentemente, nas atividades cotidianas apropriadas à idade cronológica (p. ex.,
autocuidado e automanutenção), causando impacto na produtividade acadêmica/
escolar, em atividades pré-profissionais e profissionais, no lazer e nas brincadeiras.
C. O início dos sintomas ocorre precocemente no período do desenvolvimento.
D. Os déficits nas habilidades motoras não são mais bem explicados por deficiência
intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) ou por deficiência visual e
não são atribuíveis a alguma condição neurológica que afete os movimentos (p. ex.,
paralisia cerebral, distrofia muscular, doença degenerativa).
Fonte: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5, 2014, p. 66).
115Anexo | C
3.1.3 Possíveis causas
Quadro 3 – Três tipos as causas da disgra¶a segundo Torres e Fernandes (2001 apud
COELHO, 2014, p. 8)
Causas Associação Consequências
Maturativas
Estão relacionadas com
perturbações de lateralidade
e de e¶ciência psicomotora
(motricidade, equilíbrio)
Estas crianças são desajeitadas do ponto de vista motor
(geralmente possuem idade motora inferior à idade
cronológica) e apresentam uma escrita irregular ao nível
da pressão, velocidade e traçado, bem como perturbações
de organização perceptiva-motora, estruturação/
orientação espacial e interiorização do esquema corporal.
Carateriais
Á fatores de personalidade,
que podem,
consequentemente,
e também a fatores
psicoafetivos,
Determinar o aspeto do gra¶smo (estável/instável, lento/
rápido);
O sujeito re·ete na escrita o seu estado e tensão
emocionais.
PedagógicasÁ instrução/ ensino rígido e
in·exível.
Mudança inadequada de letra de imprensa para letra
manuscrita e/ou uma ênfase excessiva na qualidade ou
rapidez da escrita.
Fonte: Torres e Fernandes (2001 apud Coelho 2014, p. 8)
3.2 O Transtorno Específico da Articulação da Fala ou Dislalia
Quadro 4 – Principais classi¶cações da Dislalia por Carrió Rovira et al (1991), Pascual (1995) e Valverde e Cols. (1992) segundo Moreno González e Ramírez Villegas (2012, p. 38)
Classi�cações Características
Dislalia
orgânica
DiglossiaTranstorno articulatório de origem neurológica e não causada por lesões ou anormalidades de órgãos articulação periférica.
Disartria
Dá-se devido a danos no sistema nervoso central e caracterizada pela perda de controlo do motor. Abrange um transtorno motor da fala e caracteriza-se por fraqueza muscular.
Dislalia
audiogênicosAlterações nas articulações devido a problemas de audição.
Dislalia evolutiva
Incapacidade de produzir com sucesso fonemas, causada pela maturidade cerebral insu¶ciente e inadequado para o desenvolvimento do aparelho fonoarticulador.
Todas as crianças apresentam este tipo de alterações nos primeiros anos de sua vida, mas a partir dos quatro anos é que se pode falar sobre dislalia, uma vez que é nesta idade que, estatisticamente, as crianças têm uma articulação fonética correta.
Dislalia funcionalDisfunção da articulação devido a uma má operação dos articuladores, não por causas orgânicas.
Fonte: Moreno González e Ramírez Villegas (2012, p. 38).
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO116
3.2.2 Identificação e diagnóstico
Quadro 5 - Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados com a Saúde – CID10
F80.0 Transtorno específico da articulação da fala
Transtorno específico do desenvolvimento na qual a utilização dos fonemas
pela criança é inferior ao nível correspondente à sua idade mental, mas no
qual o nível de aptidão linguística é normal.
Dislalia
Lalação
Transtorno (do):
•desenvolvimento(da):
•articulação(dafala)
•fonológico
•funcionaldearticulação
Exclui:
comprometimento da articulação (da fala) (associada) (devida a) (um) (uma):
•afasiaSOE(R47.0)
•apraxia(R48.2)
•perdadeaudição(H90-H91)
•retardomental(F70-F79)
•transtornododesenvolvimentodalinguagem:
•expressivo(F80.1)
•receptivo(F80.2)
Fonte: CID-10 (2008). Disponível em: <http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/f80_f89.htm> Acesso em: 20 dez. 2014.
117Anexo | C
Quadro 6 - Transtorno da Comunicação
Transtorno da Fala
Critérios Diagnósticos
Quadro 7 - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
Critérios Diagnósticos
A. Dificuldade persistente para produção da fala que interfere na inteligibilidade da
fala ou impede a comunicação verbal de mensagens.
B. A perturbação causa limitações na comunicação eficaz, que interferem na
participação social, no sucesso acadêmico ou no desempenho profissional,
individualmente ou em qualquer combinação.
C. O início dos sintomas ocorre precocemente no período do desenvolvimento.
D. As dificuldades não são atribuíveis a condições congênitas ou adquiridas, como
paralisia cerebral, fenda palatina, surdez ou perda auditiva, lesão cerebral traumática
ou outras condições médicas ou neurológicas.
Fonte: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5, 2014, p. 66).
A. Um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que
interfere no funcionamento e no desenvolvimento, conforme caracterizado por (1)
e/ou (2):
1. Desatenção: Seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos
seis meses em um grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento e têm
impacto negativo diretamente nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais:
Nota:. Os sintomas não são apenas uma manifestação de comportamento opositor,
desafio, hostilidade ou dificuldade para compreender tarefas ou instruções. Para
adolescentes mais velhos e adultos (17 anos ou mais), pelo menos cinco sintomas
são necessários:
3.3 O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH
3.3.2 Identificação e diagnóstico
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO118
a. Frequentemente não presta atenção em detalhes ou comete erros por
descuido em tarefas escolares, no trabalho ou durante outras atividades
(p. ex., negligencia ou deixa passar detalhes, o trabalho é impreciso);
b. Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou
atividades lúdicas (p. ex., dificuldade de manter o foco durante aulas,
conversas ou leituras prolongadas);
c. Frequentemente parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra
diretamente (p. ex., parece estar com a cabeça longe, mesmo na ausência
de qualquer distração óbvia);
d. Frequentemente não segue instruções até o fim e não consegue terminar
trabalhos escolares, tarefas ou deveres no local de trabalho (p. ex., começa
as tarefas, mas rapidamente perde o foco e facilmente perde o rumo);
e. Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e atividades (p.
ex., dificuldade em gerenciar tarefas sequenciais; dificuldade em manter
materiais e objetos pessoais em ordem; trabalho desorganizado e desleixado;
mau gerenciamento do tempo; dificuldade em cumprir prazos);
f. Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se envolver em tarefas
que exijam esforço mental prolongado (p. ex., trabalhos escolares ou lições
de casa; para adolescentes mais velhos e adultos, preparo de relatórios,
preenchimento de formulários, revisão de trabalhos longos);
g. Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou atividades
(p. ex., materiais escolares, lápis, livros, instrumentos, carteiras, chaves,
documentos, óculos e celular);
h. Com frequência é facilmente distraído por estímulos externos (para
adolescentes mais velhos e adultos, pode incluir pensamentos não
relacionados);
i. Com frequência é esquecido em relação a atividades cotidianas (p. ex.,
realizar tarefas, obrigações; para adolescentes mais velhos e adultos,
retornar ligações, pagar contas e manter horários agendados).
2. Hiperatividade e impulsividade: Seis (ou mais) dos seguintes sintomas
persistem por pelo menos seis meses em um grau que é inconsistente com o nível
do desenvolvimento e têm impacto negativo diretamente nas atividades sociais e
acadêmicas/profissionais.
Nota:. Os sintomas não são apenas uma manifestação de comportamento opositor,
desafio, hostilidade ou dificuldade para compreender tarefas ou instruções. Para
adolescentes mais velhos e adultos (17 anos ou mais), pelo menos cinco sintomas são
necessários:
119Anexo | C
a. Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na
cadeira;
b. Frequentemente levanta da cadeira em situações em que se espera que
permaneça sentado (p. ex., sai do seu lugar em sala de aula, no escritório ou em
outro local de trabalho ou em outras situações que exijam que se permaneça
em um mesmo lugar);
c. Frequentemente corre ou sobe nas coisas em situações em que isso é
inapropriado;
(Nota:. Em adolescentes ou adultos, pode se limitar a sensações de inquietude.)
d. Com frequência é incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer
calmamente;
e. Com frequência “não para”, agindo como se estivesse “com o motor ligado”
(p. ex., não consegue ou se sente desconfortável em ficar parado por muito
tempo, como e restaurantes, reuniões; outros podem ver o indivíduo como
inquieto ou difícil de acompanhar);
f. Frequentemente fala demais;
g. Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha
sido concluída (p. ex., termina frases dos outros, não consegue aguardar a vez
de falar);
h. Frequentemente tem dificuldade para esperar a sua vez (p. ex., aguardar
em uma fila);
i. Frequentemente interrompe ou se intromete (p. ex., mete-se nas conversas,
jogos ou atividades; pode começar a usar as coisas de outras pessoas sem
pedir ou receber permissão; para adolescentes e adultos, pode intrometer-se
em ou assumir o controle sobre o que outros estão fazendo).
B. Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade estavam presentes
antes dos 12 anos de idade.
C. Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade estão presentes
em dois ou mais ambientes (p. ex., em casa, na escola, no trabalho; com amigos ou
parentes; em outras atividades).
D. Há evidências claras de que os sintomas interferem no funcionamento social,
acadêmico ou profissional ou de que reduzem sua qualidade.
E. Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou outro
transtorno psicótico e não são mais bem explicados por outro transtorno mental (p.
ex., transtorno do humor, transtorno de ansiedade, transtorno dissociativo, transtorno
da personalidade, intoxicação ou abstinência de substância).
Fonte: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5, 2014, p. 59).
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO120
Quadro 8 – Quanto aos subtipos da TDAHDeterminar o subtipo:
DSM-5(2014)/CID-
10(2008)Fator para diagnóstico
Apresentação combinada 314.01 (F90.2)
Se tanto o Critério A1 (desatenção) quanto o Critério
A2 (hiperatividade-impulsividade) são preenchidos
nos últimos 6 meses.
Apresentação
predominantemente
desatenta
314.00 (F90.0)
Se o Critério A1 (desatenção) é preenchido, mas o
Critério A2 (hiperatividade-impulsividade) não é
preenchido nos últimos 6 meses.
Apresentação
predominantemente
hiperativa/impulsiva
314.01 (F90.1)
Se o Critério A2 (hiperatividade-impulsividade)
é preenchido, e o Critério A1 (desatenção) não é
preenchido nos últimos 6 meses.
Fonte: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5, 2014, p. 60).
Quadro 9 – Quanto as especi¶cidades em relação à gravidade da TDAHNÍVEL DE GRAVIDADE ESPECIFICAÇÃO
Leve
Poucos sintomas, se algum está presente além daqueles necessários para fazer o diagnóstico, e os sintomas resultam em não mais do que pequenos prejuízos no funcionamento social ou pro¶ssional.
Moderada Sintomas ou prejuízo funcional entre “leve” e “grave” estão presentes.
Grave
Muitos sintomas além daqueles necessários para fazer o diagnóstico estão presentes, ou vários sintomas particularmente graves estão presentes, ou os sintomas podem resultar em prejuízo acentuado no funcionamento social ou pro¶ssional.
Fonte: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5, 2014, p. 60).