universidade federal do rio grande do norte - ufrn … · universidade federal do rio grande do...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA - CCET
PÓS-GRADUAÇÃO EM GEODINÂMICA E GEOFÍSICA - PPGG
TESE DE DOUTORADO
RISCO POR INUNDAÇÃO COSTEIRA NA FOZ ESTUARINA DO RIO APODI-
MOSSORÓ/RN: APLICAÇÕES DE GEOTECNOLOGIAS E SIMULAÇÕES DE
MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Autor:
LEONLENE DE SOUSA AGUIAR
Orientador:
PROF. DR. VENERANDO EUSTÁQUIO AMARO
Tese nº 54/PPGG
Natal-RN, 30 de agosto de 2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA - CCET
PÓS-GRADUAÇÃO EM GEODINÂMICA E GEOFÍSICA - PPGG
TESE DE DOUTORADO
RISCO POR INUNDAÇÃO COSTEIRA NA FOZ ESTUARINA DO RIO APODI-
MOSSORÓ/RN: APLICAÇÕES DE GEOTECNOLOGIAS E SIMULAÇÕES DE
MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Tese de Doutorado apresentada em 30 de
agosto de 2018, à comissão examinadora do
Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica
e Geofísica, da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito à obtenção
do título de Doutor em Geodinâmica e
Geofísica, na área de concentração de
Geologia Ambiental.
Autor:
Leonlene de Sousa Aguiar
Comissão Examinadora:
Prof. Dr. Venerando Eustáquio Amaro (UFRN - Orientador)
Profa. Dra. Zuleide Maria Carvalho Lima
(UFRN - Membro Interno)
Prof. Dr. Diógenes Félix da Silva Costa
(UFRN - Membro Interno)
Prof. Dr. Josemir Araujo Neves
(EMPARN - Membro Externo)
Prof. Dr. Alexandre Bernardino Lopes
(UFPR - Membro Externo)
Natal-RN, 30 de agosto de 2018
iii
iv
AGRADECIMENTOS
Tenho muito a agradecer ao Prof. Dr. Venerando Eustáquio Amaro pela orientação no
doutorado e disposição no enriquecimento do trabalho. Sem o compartilhamento de seu
conhecimento, a vontade de ensinar e pesquisar e empenho junto ao Laboratório de
Geoprocessamento (GEOPRO) que exige providências que vão além do esforço intelectual
para que a ciência possa acontecer, reservo o meu muito obrigado.
Agradeço aos colegas e amigos da Geologia e do GEOPRO construídos ao longo da
pesquisa, muitos dos quais não mediram esforços para ajudar no meu projeto de pesquisa, nos
levantamentos de campo e nos processamentos de dados. Muito importante foram as
discussões enriquecedoras, o compartilhamento das experiências profissionais e também os
momentos de entretenimento necessários ao equilíbrio do trabalho, da amizade e da
convivência. É por isto que deixo minha gratidão ao Paulo, Alex, Anna, Fátima, Débora,
André, Caio, Marcus, João Victor, Vítor, Bruno, Carlos, Marceonila, Lívian, Agassiel,
Luciana e tantos outros que passam e deixam uma parte de si.
Agradeço ao PPGG e ao Departamento de Geologia pela logística e aos professores
que contribuíram decisivamente para a construção do conhecimento científico nas
Geociências. Não poderia esquecer das ajudas da Secretária Nilda Araújo que é um exemplo
de humanidade e competência profissional, bem como do meu tio, o Prof. Dr. Laécio Cunha
pelos cuidados, atenção e ajuda durante o doutorado e em toda a vida.
Não poderia esquecer de agradecer aos meus amigos pessoais, e ainda mais aos meus
familiares, irmãos, primos, tios pelo eterno apoio em todos os sentidos pessoais e
profissionais, pois sem eles eu não conseguiria. São muitos, mas tenho que agradecer a Linete
Cunha que é tia e mãe ao mesmo tempo, e tio Cipriano Maia que ajuda e é exemplo. Especial
agradecimento a minha esposa Cleide Campos pela dedicação, paciência e todo o
companheirismo que são contínuos, e ao meu filho Leonardo Sousa pela compreensão de
momentos ausentes durante a pesquisa, mas ao mesmo tempo pelas experiências que me traz
na grandeza de ser pai.
v
RESUMO
O fenômeno da inundação costeira em áreas estuarinas é estudado mundialmente para a
compreensão dos riscos gerados nos relevos baixos e planos onde existem comunidades
humanas, atividades econômicas e constante transformação de morfologias e ecossistemas. As
mudanças climáticas não são uma novidade e a previsão de impactos decorrentes da elevação
do nível do mar é uma realidade que preocupa os países, pois as tendências indicam maior
frequência de inundações com maiores profundidades e proporcionais prejuízos. Esta pesquisa
foi desenvolvida no estuário Apodi-Mossoró, na porção do Litoral Setentrional, estado do Rio
Grande do Norte, Nordeste do Brasil, com o objetivo de analisar os riscos gerados pela
inundação costeira relacionada as máximas altitudes das mesomarés em um estuário
hipersalino tropical equatorial com intensa transformação por atividades e ocupações
humanas. A investigação se apoiou em técnicas de geoprocessamento aplicadas em produtos
de sensoriamento remoto com diferentes resoluções espaciais e temporais, nas observações de
mudanças de uso e cobertura da terra, de áreas protegidas e zonas úmidas, além da geração de
informações com precisão e acurácia centimétrica decorrente de rastreamentos com Global
Navigation Satellite System e Remotely Piloted Aircraft para compreensão dos perigos da
inundação e áreas sob exposição, onde foi necessário trabalhar com procedimentos da
fotogrametria digital para geração de modelo digital da superfície. Os resultados apontam a
atividade salineira como principal agente modificador do uso da terra, acarretando na perda de
áreas de preservação permanente, restando remanescente de 787,57 ha, e mesmo assim,
aproximadamente 1.907,09 ha de zonas úmidas foram perdidas em aproximadamente 50 anos.
Este quadro contribui para a ocorrência de inundações costeiras que afetam 34,38 ha (16,29%)
na principal cidade existente na foz do estuário, ou seja, a cidade de Areia Branca/RN,
interferindo na dinâmica de mais de 13 mil pessoas quando da ocorrência de inundações por
maré astronômica de sizígia de 3,8 metros combinada com fenômenos que elevam 10 cm do
nível do mar. Com a tendência futura de elevação do nível do mar, a área de inundação pode
atingir 64,78 ha (30,69%) decorrente de mudanças climáticas. As inundações chegam a atingir
as áreas especiais de planejamento de Areia Branca definidas pelo seu Plano Diretor, e
somando com o conjunto das outras áreas atingidas, estima-se danos econômicos próximos de
R$ 597.438,68 reais ou $ 147.152,37 dólares ($ 1 = R$ 4,06 em 01/09/2018).
Palavras-chaves: Mudanças Climáticas; Inundação Costeira; Área de Preservação
Permanente; Aeronave Remotamente Pilotada; Áreas Úmidas; Risco Ambiental.
vi
ABSTRACT
The phenomenon of coastal flooding in estuarine areas is studied worldwide to understand the
risks generated by low reliefs and plans where human communities exist, economic activities
and constant transformation of morphologies and ecosystems. Climate change is not new and
forecasting impacts from sea level rise is a matter of concern to countries, as trends indicate
greater frequency of flooding with greater depths and proportionate losses. This research was
carried out in the Apodi-Mossoró estuary, in the northern coast of the State of Rio Grande do
Norte, Northeastern Brazil, with the objective of analyzing the risks generated by the coastal
flood related to the high altitudes of the mesotide in an equatorial tropical hypersaline estuary
with intense transformation by activities and human occupations. The research was based on
geoprocessing techniques applied in remote sensing products with different spatial and
temporal resolutions, observations of changes in land use and coverage, protected areas and
wetlands, as well as the generation of information with precision and centimeter accuracy
tracking with Global Navigation Satellite System and Remotely Piloted Aircraft to understand
the hazards of flooding and areas under exposure, where it was necessary to work with digital
photogrammetry procedures for digital surface model generation. The results point to saline
activity as the main modifying agent of land use, resulting in the loss of permanent
preservation areas, remaining 787.57 ha, and even so, approximately 1,907.09 ha of wetlands
were lost in approximately 50 years . This picture contributes to the occurrence of coastal
floods that affect 34.38 ha (16.29%) in the main city at the mouth of the estuary, in the city of
Areia Branca / RN, interfering with the dynamics of more than 13 thousand people when the
occurrence of floods by astronomical tide of syzygy of 3.8 meters combined with phenomena
that rise 10 cm of the level of the sea. With the future trend of sea level rise, the flood area can
reach 64.78 ha (30.69%) due to climate change. The flood reaches the special planning areas
of Areia Branca defined by its Master Plan, and in addition to the other areas affected, it is
estimated that economic damages are close to R$ 597,438.68 real or $ 147,152.37 ($ 1 = R$
4.06 as of 09/1/2018).
Keywords: Climate Changes; Coastal Flood; Permanent Preservation Area; Remotely Piloted
Aircraft; Global Navigation Satellite System; Wetlands; Environmental Risk.
vii
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................... 4
RESUMO.................................................................................................................................... 5
ABSTRACT ............................................................................................................................... 6
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 11
1.1. JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS .................................................................................... 14
1.1.1. Justificativa ................................................................................................................. 14
1.1.2. Objetivo Geral ............................................................................................................ 15
1.1.3. Objetivos Específicos ................................................................................................. 15
2. CONCEITOS E FUNDAMENTAÇÕES ............................................................................. 17
2.1. Risco e Termos Envolvidos ............................................................................................... 17
2.1.1. Avaliação dos Riscos .................................................................................................. 19
2.2. Áreas ou Zonas Úmidas ..................................................................................................... 20
2.3. Geotecnologias .................................................................................................................. 21
2.3.1. Sensoriamento Remoto ............................................................................................... 21
2.3.2. Fotogrametria Digital ................................................................................................. 22
2.3.3. Aeronave Remotamente Pilotada ............................................................................... 23
2.4. Geodésia de Precisão ......................................................................................................... 25
2.5. Modelos de representação: MDE, MDT e MDS ............................................................... 26
3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ................................................................ 28
4. ESTRATÉGIA METODOLÓGICA .................................................................................... 34
4.1. Compilação de Dados ........................................................................................................ 34
4.1.1. Embasamento Bibliográfico ....................................................................................... 34
4.1.2. Histórico de Inundações e Marés................................................................................ 34
4.1.3. Base Cartográfica e Dados de Sensoriamento Remoto Orbital e Aéreo .................... 37
4.1.4. Levantamentos de Campo .......................................................................................... 37
4.2. Processamento e Interpretação .......................................................................................... 38
4.2.1. Aplicação de Técnicas de Geoprocessamento ............................................................ 38
viii
4.2.2. Processamento do MDS e Ortofoto ............................................................................ 38
4.2.3. Cota de Inundação Costeira ........................................................................................ 38
4.2.4. Mapeamento Temático ............................................................................................... 39
4.2.5. Análise dos Riscos por Inundação Costeira ............................................................... 39
4.3. Resultados .......................................................................................................................... 40
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................................ 41
5.1. Artigo 1: Meio Século de Código Florestal e Implicações nas Áreas de Preservação
Permanente de um Estuário Hipersalino no Semiárido Brasileiro ........................................... 41
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 43
2 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE COMO ÁREA PROTEGIDA .................... 44
3 ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................................. 46
4 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................. 48
4.1 Delimitação de APP de acordo com o Marco legal ........................................................ 48
4.2 Seleção de Imagens de Sensoriamento Remoto ............................................................. 53
4.3 Técnicas Aplicadas na Interpretação de Imagens ........................................................... 53
4.4 Procedimentos para os mapeamentos temáticos ............................................................. 54
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................................... 56
5.1 Cobertura e uso da terra do estuário em 1965 e 2012..................................................... 56
5.2 Delimitação das Áreas de Preservação Permanente ....................................................... 60
5.3 Cobertura e uso da terra em APP .................................................................................... 62
6 CONCLUSÕES ..................................................................................................................... 68
7 AGRADECIMENTOS .......................................................................................................... 69
5. 2. Artigo 2: Geotecnologias de Baixo Custo Aplicadas à Avaliação de Risco por Inundação
em Áreas Urbanas Costeiras em Cenários de Mudanças Climáticas ....................................... 70
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 73
2 GEOTECNOLOGIAS DE BAIXO CUSTO ......................................................................... 74
ix
3 ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................................. 76
4 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................. 78
4.1 Levantamento de Campo com RPA e GNSS ..................................................................... 78
4.2 Processamento de Dados .................................................................................................... 79
4.3 Obtenção da cota de inundação .......................................................................................... 81
4.3.1 Ajuste do Sistema de Referência do Nível de Redução .............................................. 82
4.4 Identificação das Exposições ao Risco de Inundação ........................................................ 83
4.4.1 Setores Vulneráveis ..................................................................................................... 83
4.4.2 Referências de Cenários de Elevação do Nível Médio do Mar ................................... 83
4.4.3 Estimativa da Exposição Econômica por Inundação ................................................... 84
4.5 Escolha entre Realocação versus Obra Estrutural .............................................................. 85
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................................... 86
5.1 Resultado da Precisão das Geotecnologias ......................................................................... 86
5.2 Registros de Maré, Inundação Costeira e a Cota de Risco ................................................. 86
5.2.1 Os registros históricos de marés e inundações ............................................................ 87
5.2.2 Série Temporal e Análise da Maré Astronômica......................................................... 89
5.3 Os Riscos da Inundação Costeira ....................................................................................... 93
5.3.1 Áreas e População Direta e Indiretamente Afetadas ................................................... 93
5.3.2 Áreas especiais de planejamento ................................................................................. 98
5.3.3 Cenários futuros de provável inundação ................................................................... 100
5.3.4 Estimativas de Danos por Inundação Costeira e Referência Financeira para Adaptação
............................................................................................................................................ 103
6 CONCLUSÕES ................................................................................................................... 104
7 AGRADECIMENTOS ........................................................................................................ 106
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES ..................................................... 107
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 113
x
APRESENTAÇÃO
A presente tese intitulada “Risco por inundação costeira na foz estuarina do rio Apodi-
Mossoró/RN com aplicação de geotecnologias” faz parte de requisito necessário para
conclusão de doutorado do geógrafo Leonlene de Sousa Aguiar perante o Programa de Pós-
Graduação em Geodinâmica e Geofísica (PPGG), linha de pesquisa em Geologia Ambiental,
no Centro de Ciências Exatas e da Terra (CCET) da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN). O trabalho foi orientado pelo Prof. Dr. Venerando Eustáquio Amaro,
vinculado ao PPGG e Titular do Departamento de Geologia, e desenvolvido no âmbito do
Laboratório de Geoprocessamento (GEOPRO).
O trabalho apresenta 6 capítulos. O capítulo 1 introduz o contexto de desenvolvimento
desta pesquisa, justificativas e objetivos. O capítulo 2 contém conceitos e referenciais teóricos
importantes para a compreensão da tese. O capítulo 3 apresenta as principais características da
área de estudo. O capítulo 4 descreve a estratégia metodológica adotada para o
desenvolvimento da pesquisa. O capítulo 5 contém os resultados da tese apresentadas no
formato de dois artigos científicos que foram submetidos para a revista Anuário do Instituto
de Geociências – UFRJ. O capítulo 6 corresponde às considerações finais e recomendações da
tese.
A tese aborda uma combinação de técnicas no âmbito do sensoriamento remoto,
fotogrametria digital e geodésia de precisão, e como o emprego dessas contribuíram no estudo
de inundações costeiras em área estuarina, auxiliando na descoberta de informações
importantes na temática dos riscos ambientais.
11
1. INTRODUÇÃO
O Nordeste brasileiro é bastante estudado em relação à temática da seca e estiagens
pela condição dos processos naturais reservados ao clima semiárido, afetando muitas famílias
e forçando os gestores a decretarem situações de emergência e calamidade pública por
repetidos anos de acordo com informações do Sistema Integrado de Informações sobre
Desastres (https://s2id.mi.gov.br/paginas/index.xhtml). Em decorrência da menor quantidade
de eventos de inundações na região, as análises sobre o assunto são limitadas, carecendo de
mais pesquisas, principalmente quando se trata desse tipo de risco nas zonas costeiras e
estuarinas.
A discussão é preocupante, pois as inundações apesar de ocorrerem com sazonalidades
mais distantes, são fenômenos que oferecem perigos nas regiões baixas e planas situadas junto
a costa, e representa um risco ambiental para as áreas costeiras que dispõe de atividades
econômicas ou concentram cidades e infraestruturas associadas, pois ao ocorrerem são
responsáveis por danos que afetam principalmente os setores mais vulneráveis e podem se
transformar em verdadeiros desastres naturais.
A comunidade internacional tem realizado estudos sobre mudanças climáticas a mais
de duas décadas e tem identificado um aumento na temperatura do planeta. Uma das
consequências é a elevação do nível do mar com possibilidades de eventos extremos (MUIS
et al., 2016; WAHL et al., 2017), e o principal impacto decorrente desse contexto corresponde
ao aumento do risco de inundação, com mais intensidade e frequência, que somado ao maior
adensamento, urbanização e crescimento populacional nas zonas costeiras, elevam os riscos
(NEUMANN et al., 2015; HALLEGATTE et al., 2013). Outros problemas que também
podem ocorrer envolvem a perda ou mudanças de áreas ou zonas úmidas, erosão costeira e
intrusão de água salgada em aquíferos (NICHOLLS et al, 2014). Em relação às zonas úmidas,
acredita-se que elas contribuam para a proteção da costa contra as inundações, reduzindo o
efeito do nível das águas durante surtos de inundação e reduzindo os riscos (RESIO;
WESTERINK, 2008; CRUZ; SOUSA; MIRANDA, 2018), sendo uma realidade a aplicação
de normas ambientais que aponta diversas zonas úmidas enquanto áreas protegidas.
As inundações costeiras podem advir da elevação do nível do mar, do avanço da
urbanização, mas também da combinação de fenômenos costeiros como ventos e tempestades
que ocasionam empilhamento da massa da água na costa com atuação de marés e ondas altas,
12
especialmente se coincidir com marés altas (sizígia) (RESIO; WESTERINK, 2008; MUIS et
al., 2016).
Pesquisas recentes apontam para a região Sul do Brasil uma elevação do nível médio
do mar da ordem de 2,4 mm/ano, descontado o movimento vertical da crosta (SILVA et al.,
2016a). Para a região Nordeste, o IBGE (2016) identificou uma subida de 2,1 mm/ano. Em
nível global Church et al. (2013) aponta elevações da ordem de 3,2 mm/ano, representando
aumentos que podem chegar até 74 cm de elevação do nível médio do mar até o ano de 2100.
Diante das perspectivas de mudanças, torna-se prudente ao menos avaliar os riscos que
podem ocorrer nos ativos costeiros, ainda que seja uma tarefa difícil modelar cenários futuros
de inundação dada a diversidade de modelos com previsões distintas acerca do quanto o mar
pode se elevar nos próximos anos (NICHOLLS et al., 2014). Por exemplo, Hallegatte et al.
(2013) analisa que dada a probabilidade de inundações por causa de subsidência e elevação do
nível do mar, existe o risco de prejuízos econômicos até o ano de 2050 no montante de U$ 63
bilhões por ano para grandes cidades costeiras. Mas ainda é reduzida e pontual as análises
para pequenas e médias cidades, mesmo que apresentem vulnerabilidades significativas.
Registros históricos de ocorrência de inundações são importantes, assim como as
observações de marés, para análises dos riscos costeiros, considerando ou não a ocorrência de
eventos extremos. Entretanto, são poucas as áreas que dispõem de séries temporais
sistemáticas, e quando possuem, geralmente são curtas. As investigações dependem ainda de
informações altimétricas confiáveis e de alta resolução para a realização de análises locais,
sendo este um dado ausente e oneroso para grande parte das pequenas e médias cidades
costeiras, a exemplo do Brasil. São dados fundamentais para a geração de modelos
computacionais que permitam projetar cotas de inundação na zona costeira, riscos atuais e
futuros a partir de cenários.
Na última década tem se observado uma atuação maior do poder público no âmbito
das políticas públicas relacionadas à gestão dos riscos e desastres no mundo e em espacial no
Brasil, pela sua dimensão continental e diversidade, onde se verificam planejamentos e
projetos vinculados à Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC), no intuito de
colocar em prática as diretrizes da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC)
voltadas para o planejamento com base em pesquisas e estudos sobre áreas de risco e
incidência de desastres, onde se orienta pela realização de mapeamentos das áreas de risco,
identificação das ameaças, suscetibilidades, vulnerabilidades e risco de desastres.
13
Nessa perspectiva, as geotecnologias (AMARO et al., 2012) apresentam vantagens e
trazem respaldo com ferramentas essenciais a gestão de riscos e desastres em suas mais
diferentes etapas, desde a prevenção até o auxílio nas respostas, fortalecendo o processo de
adaptação de políticas, estratégias e práticas orientadas a reduzir o risco e minimizar seus
efeitos, além de potencializar possíveis intervenções sobre as causas que geram
vulnerabilidades e perigos associados à inundação costeira (HAQ et al., 2012; BUFFON et
al., 2017; MARENGO et al., 2017; SCHRÖTER et al., 2018; LIU et al., 2018a; LIU et al.,
2018b; MURRAY et al., 2018; WOODRUFF et al., 2018).
É diante de todo o contexto apresentado que surge a contribuição desta tese, na medida
em que analisa os riscos por inundação costeira utilizando-se de geotecnologias atuais que
incluem o sensoriamento remoto, fotogrametria digital e sistema global de navegação por
satélite, na investigação de uma zona costeira situada em região tropical equatorial semiárida
com regime de mesomaré, zona de contato entre o continente e oceano, formando um estuário
hipersalino com presença de assentamentos humanos pequenos e importantes atividades
econômicas de âmbito nacional.
A área da pesquisa na foz estuarina do rio Apodi-Mossoró, Litoral Setentrional do
estado do Rio Grande do Norte, apresenta extensas superfícies baixas e planas, com presença
marcante da maré na manutenção dos ecossistemas e desenvolvimento econômico. Na área
existem duas cidades quase ao nível do mar, além de ser considerada uma zona úmida (JUNK
et al., 2014) que passou por profundas transformações na cobertura e uso da terra,
especialmente proporcionada pela indústria salineira que contribui bastante na produção de sal
do Brasil (COSTA et al., 2013). A montante do estuário encontram-se inúmeras atividades,
como a exploração de petróleo, a agropecuária, a carcinicultura, a indústria de cimento e mais
recentemente os parques eólicos.
Na foz do estuário Apodi-Mossoró também são observadas importantes áreas
conservadas, protegidas por legislação ambiental e que representam zonas úmidas de
importância internacional, também sujeitas à impactos pela elevação do nível do mar, e ao
mesmo tempo servem como indicador de mudanças e como solução atenuante aos riscos
contra erosão e inundação costeira, a exemplo dos manguezais (ICMBio, 2018). Tornam-se
áreas importantes de investigação no contexto das mudanças de uso e cobertura da terra
ocorridas durante décadas e que apresentam evidências de modificação das dinâmicas naturais
dos aspectos morfológicos e hidrodinâmicos locais, que podem ser associados ao processo de
inundação.
14
1.1. JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS
1.1.1. Justificativa
A condição de um clima Tropical de Zona Equatorial com subtipo climático semiárido
mediano em que ocorrem estiagens prolongadas ou período seco de 7 a 8 meses por ano
(ALVARES et al., 2013; DINIZ; PEREIRA, 2015), com contribuições fluviais limitadas ao
estuário, pois só ocorrem nos anos com precipitações suficientes para abastecer afluentes e
barragens. Com tal característica, observa-se que existe grande atuação das marés como
predominante na região de estudo. Buscas realizadas em noticiários apontaram a ocorrência
de inundação costeira por influência de elevadas marés na região, mesmo em períodos de
seca.
Pelas particularidades regionais, esse estuário hipersalino (COSTA et al., 2013, 2014a,
2014b) desperta o interesse de pesquisas científicas, ainda mais ao considerar a existência de
ecossistemas avaliados como de extrema importância biológica que deveriam ter ações para
sua proteção integral (VELLOSO et al., 2002; MMA, 2005). Além disto, esse estuário é
importante para o país, pois apresenta um parque salineiro e áreas de exploração de petróleo e
gás, reconhecidos como atividades econômicas do mais elevado interesse ao desenvolvimento
socioeconômico do Estado, previstos na Constituição Estadual de 1989, ao mesmo tempo,
ocorrem impactos de toda ordem que exigem monitoramento.
Boori (2011) ao estudar a área estuarina do rio Apodi-Mossoró concluiu que existem
setores no estuário que requerem atenção das autoridades, a exemplo das áreas de altimetrias
baixas passíveis de inundação, apesar de reconhecer a ausência de algumas informações locais
com maior detalhe para proceder com quantificações nas modelagens de cenários de
vulnerabilidade. Inundações na área também foram apontadas por Rocha et al. (2009), Boori
et al. (2012) e Medeiros et al. (2012), compreendendo-se que existe uma necessidade de
estudos multitemporais que tem boas respostas com base nas geotecnologias, para avaliar
mudanças de vulnerabilidade, riscos ambientais, cenários de mudanças climáticas e possíveis
alterações morfológicas e evolução de ecossistemas.
Segundo análises de Vitousek et al. (2017), elevações do nível médio do mar de 5 a 10
centímetros estão previstas para ocorrer entre os anos de 2030 e 2050, dobrando o risco de
inundação na maior parte das regiões costeiras do mundo, afetando seriamente as regiões
tropicais a exemplo da costa brasileira. Ondas, ventos e marés são os fenômenos que
15
ocorrendo simultaneamente ocasionam as inundações, sendo que as ressacas extremas quando
analisadas nesse conjunto, poderão promover quadros de inundações mais frequentes mesmo
com pequeno aumento dos oceanos. A costa norte do Brasil, onde está a área de estudo, pode
sofrer com a elevação de 2,5 cm, o que resultará na duplicação das ocorrências de inundação
(VITOUSEK et al., 2017).
Esta pesquisa se justifica para tentar complementar essa lacuna do conhecimento
acerca dos riscos por inundação que afetam o estuário Apodi-Mossoró, trazendo contribuições
nas perspectivas das Políticas Nacionais de Proteção e Defesa Civil, Gerenciamento Costeiro,
Recursos Hídricos e o Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima, ao incluir a
temática da análise de risco por inundação por meio de técnicas atuais da área do
geoprocessamento. Perguntas importantes carecem de respostas atualmente, tais como: 1.
Realmente existe o risco de inundação costeira no estuário Apodi-Mossoró? 2. É possível que
as alterações da cobertura e uso da terra tenham proporcionado o aumento da exposição de
áreas vulneráveis à inundação? 3. Quanto de áreas úmidas e ecossistemas protegidos foram
perdidos para elevar o risco de inundação? 4. As geotecnologias atuais podem realmente
contribuir com o estudo dos riscos na zona costeira com limitação de dados? 5. É possível
gerar informações sobre as cidades afetadas a partir do uso de geotecnologias de baixo custo?
6. Qual o nível de precisão que os modelos podem atingir para garantir segurança na
quantificação dos riscos atuais e gerados por cenários futuros?
1.1.2. Objetivo Geral
Avaliar o risco de inundação costeira na foz do rio Apodi-Mossoró/RN diante as
previsões de mudanças climáticas e analisar quais as evidências de intervenções humanas
sobre as áreas úmidas e protegidas que possam ter contribuído para elevar o cenário de risco.
1.1.3. Objetivos Específicos
Analisar as mudanças na cobertura e uso da terra e quais os impactos sobre as áreas
úmidas e áreas protegidas, utilizando produtos de sensoriamento remoto com
resolução espacial e temporal compatível com a identificação das áreas de preservação
permanente previstas em lei;
16
Identificar histórico de inundação costeira com base nas principais áreas com
evidências de exposição ao risco, e comparar com dados de maré disponíveis para a
área, ajustando as informações ao sistema de referência do Sistema Geodésico
Brasileiro;
Testar metodologia para criação de Modelo Digital de Superfície de alta resolução a
partir de técnicas de Fotogrametria Digital combinada com GPS geodésico para
modelar a inundação costeira atual e as previsões de cenários futuros decorrentes das
mudanças climáticas estimadas até o ano de 2100.
17
2. CONCEITOS E FUNDAMENTAÇÕES
2.1. Risco e Termos Envolvidos
O Escritório das Nações Unidas para Redução do Risco de Desastres (UNISDR –
United Nations Office for Disaster Risk Reduction) define o risco como a combinação da
probabilidade de um evento perigoso ocorrer e suas consequências negativas resultantes da
interação entre perigo natural ou causado pelo homem, vulnerabilidade, exposição e
capacidade (UNISDR, 2009, 2015a).
Os perigos ou ameaças são eventos físicos potencialmente prejudiciais, fenômeno ou
atividade humana que pode causar ferimentos ou perda de vida, danos à propriedade, ruptura
social, econômica ou degradação ambiental (UNIDSR, 2015a).
A exposição é definida como os elementos existentes em uma dada área e sujeitos à
existência de perigos. Ou seja, a população, as propriedades, os sistemas ou outros elementos
onde os perigos podem causar perdas (UNISDR, 2009). A exposição só ocorre se o elemento
considerado estiver sujeito ao perigo, e a condição da perda só ocorre de acordo com a
vulnerabilidade em que se encontra o elemento (CARDONA et al., 2012).
Mesmo na exposição, as respostas aos riscos são diferentes de acordo com a
vulnerabilidade, que pode ser entendida como as características e circunstâncias de uma
comunidade, sistema ou bem que a torne suscetível (por fatores físicos, sociais, econômicos e
ambientais) ao efeito nocivo do perigo (UNISDR, 2009, 2015a).
O conceito de risco comumente está associado a um acontecimento que pode se
realizar ou não. Contudo, a existência de um risco só se constitui quando há valoração de
algum bem, material ou imaterial, pois não há risco sem a noção de que se pode perder
alguma coisa (MMA, 2008; IBGE, 2014). O que diferencia os riscos dos desastres naturais, é
que este último só ocorre quando existe a interação dos processos físicos-naturais com grupos
sociais localizados em áreas específicas, causando prejuízos às atividades econômicas,
ambientais ou humanas (SAITO et al., 2015).
No Brasil, a organização dos dados de ocorrência de desastres naturais foi realizado
pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC), tendo publicado o Atlas
brasileiro de desastres naturais (CEPED UFSC, 2012), com base em análise dos anos
compreendidos entre 1991 e 2010, e a partir de 2011 passou a ser publicado o Anuário
18
brasileiro de desastres naturais pela Proteção e Defesa Civil vinculada ao Ministério da
Integração.
Faz parte das diretrizes da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) o
planejamento com base em pesquisas e estudos sobre áreas de risco e incidência de desastres
no território nacional, sendo competência dos estados e municípios, com apoio da União, a
realização de mapeamento das áreas de risco, nos estudos de identificação das ameaças,
suscetibilidades, vulnerabilidades e risco de desastre (BRASIL, 2012a).
Devido a essas diretrizes e outras demandas da PNPDEC, encontra-se em execução o
Projeto Mapeamento “Dados e análise da vulnerabilidade a desastres naturais para elaboração
de mapas de risco e apresentação de proposta de intervenções para prevenção de desastres” no
âmbito da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC) vinculada ao Ministério
da Integração Nacional.
O conhecimento prévio das suscetibilidades dos terrenos aos fenômenos e processos
do meio físico, cuja dinâmica representa riscos e pode até ocasionar desastres naturais, é de
grande importância de conhecimento do poder público, contribuindo para o planejamento da
cobertura e uso da terra, controle da expansão urbana, avaliação de cenários potenciais de
risco e auxiliar na elaboração de zoneamentos ambientais.
O banco de dados internacional sobre desastres naturais (International Disaster
Database – www.emdat.be – Centre for Research on the Epidemiology of Disasters – CRED)
indica que cerca de 55% dos eventos com causas naturais que atingiram o Brasil entre 1948 a
2006 (Figura 1) estiveram relacionados com inundações fluviais e/ou avanços do mar
(TESSLER, 2008).
Figura 1. Distribuição dos desastres naturais por tipo de fenômeno (1948/2006).
Fonte: Tessler (2008).
19
Os conhecimentos quanto aos impactos das mudanças climáticas sobre a zona costeira
no Brasil são pontuais e dispersos. De acordo com informações do Painel Brasileiro de
Mudanças Climáticas (PBMC, 2014) ainda existe carência de informações relacionadas aos
efeitos sobre os ecossistemas costeiros e as vulnerabilidades. Destaque é feito para a falta de
conhecimento sistemático sobre a dinâmica costeira e as informações imprecisas relacionadas
à altimetria e batimetria. Assim, a realização de pesquisas poderá trazer melhores informações
para realizar a gestão dos riscos, pois de modo geral a população não está preparada para
situações de emergência que envolvam inundações costeiras repentinas, principalmente as que
estão em situações de alta vulnerabilidade em áreas de risco à inundação (MMA, 2016).
2.1.1. Avaliação dos Riscos
A falta de conhecimento sobre o perigo das inundações e os riscos que podem ser
gerados em áreas vulneráveis são situações que levam a uma gestão de crises por causa da
falta de planejamento, o que acaba resultando em emergências e situações de calamidade
pública, além de possíveis desastres naturais com elevados prejuízos. A compreensão dos
fenômenos, o conhecimento do território e quais as possíveis alternativas para enfrentar o
problema podem conduzir a uma gestão do risco, com melhores previsões do que poderá
ocorrer em casos de inundações e onde o poder público poderia agir prioritariamente. As
medidas a serem adotadas para a gestão dos riscos, mais comumente passam pela adoção de
medidas estruturais de engenharia que são onerosas. Mas existe também a possibilidade de
criação de zoneamentos especiais para o gerenciamento da cobertura e uso da terra, que se
apresenta como uma alternativa às medidas estruturais, uma vez que se conhecendo as áreas
com probabilidade à inundação e a estimativa dos danos; medidas de adaptação, evacuações
repentinas e alterações do zoneamento podem reduzir os riscos e prejuízos.
Todavia, a análise do risco de prejuízos por inundações ainda é pouco explorada, mesmo
pela comunidade internacional, onde países mais desenvolvidos adquiriram uma cultura de
seguro contra os riscos e precisam conhecer melhor as áreas afetadas e os possíveis prejuízos.
Este tipo de análise torna-se fundamental para que o poder público possa tomar decisões
quanto as alternativas para reduzir os riscos, sejam elas estruturais ou não.
O conhecimento da cota de inundação, da probabilidade de sua ocorrência e dos
elementos dispostos na área de exposição, podem subsidiar análises dos prejuízos de acordo
20
com a profundidade da inundação, onde as análises dos prejuízos pelo risco de inundação são
determinadas em forma de avaliação global do dano segundo as profundidades atingidas pela
lâmina d’água em uma determinada área (MACHADO et al., 2005).
As avaliações dos danos na maior parte são baseadas em custos históricos
relacionados a eventos de inundação antes ocorrido, sendo mais complexa a depender do
inventário que é realizado, pois pode incluir custos diretos e indiretos, por classe social, tipo
de infraestrutura, por tipo de uso da terra, interferências no trânsito, profundidade, tempo de
exposição à inundação, etc (JONOV et al., 2013; VAZ, 2015; CEPED/UFSC, 2016;
DOLMAN et al., 2018).
Na falta de dados históricos ou inventários com base em dados primários, a solução
encontrada verte para cálculos das estimativas, adotando-se índices e valores obtidos com
referências que contém padrões ou ainda adoção de dados secundários, onde se exige um
menor conhecimento de valores de referência de uma possível área, tornando-se uma
metodologia que pode ser aplicada mesmo em áreas com ausência de inventários de danos,
corroborando com as investidas de Fadel et al. (2018).
O conhecimento da frequência da inundação, além da obtenção de informações sobre
as profundidades que a mesma atinge em uma dada área e o tempo de permanência das águas,
torna-se importante para compreender se os riscos causam maiores prejuízos em decorrência
de inundações mais frequentes com baixas profundidades ou se ocorrem nas situações mais
atípicas com grandes magnitudes, baseadas em cheias profundas ou extremas (FADEL et al.,
2018). Além disso, o tempo de permanência das inundações podem oferecer maiores danos.
Mas para isto é necessário um maior volume de informações sistematizadas no intuito de se
definir a frequência das inundações, em especial aquelas de origem costeira.
2.2. Áreas ou Zonas Úmidas
A Recomendação nº 07, de 11 de junho de 2015 do Comitê Nacional das Zonas
Úmidas (CNZU) define as zonas úmidas como:
Ecossistemas na interface entre ambientes terrestres e
aquáticos, continentais ou costeiros, naturais ou artificiais, permanente
ou periodicamente inundados ou com solos encharcados. As águas
podem ser doces, salobras ou salgadas, com comunidades de plantas e
animais adaptados à sua dinâmica hídrica.
21
O conceito adotado foi uma adaptação do que foi proposto por Junk et al. (2014), em
sua proposta de classificação para as áreas úmidas brasileiras. As mudanças climáticas podem
causar impactos importantes nas áreas úmidas, em especial nos manguezais como resposta as
secas e inundações (BARROS; ALBERNAZ, 2014).
Sistemas naturais costeiros como manguezais, planícies hipersalinas, apicuns e
salgados são consideradas áreas úmidas de grande relevância (JUNK et al., 2014; ARYA;
SYRIAC, 2018), sendo tais ambientes encontrados no estuário Apodi-Mossoró/RN. Mais
recentemente Arya e Syriac (2018), contextualizam as salinas como áreas úmidas criadas pelo
homem. Cabe um aprofundamento mais crítico do que isto pode representar no contexto
brasileiro, uma vez que a expansão salineira no Rio Grande do Norte ocorreu quase que
completamente sobre áreas úmidas costeiras naturais, dando origem a uma série de impactos,
cabendo ser destacado que na década de 1980 essa expansão teve o incentivo e financiamento
governamental.
No estuário as áreas úmidas são parcialmente protegidas pela legislação ambiental
brasileira, em especial pelas Áreas de Preservação Permanente (APP), apesar de se perceber
uma necessidade de medidas mais específicas para este tipo de área protegida.
2.3. Geotecnologias
2.3.1. Sensoriamento Remoto
O sensoriamento remoto permite analisar as áreas sujeitas aos riscos, através do
fornecimento de dados que permitem seu mapeamento temático, a exemplo da cobertura do
terreno, declividade, elevação, densidade de drenagem e direção dos fluxos em diferentes
escalas de análise. Esses parâmetros representam fatores-chaves para a suscetibilidade a
desastres geodinâmicos e hidrológicos (DI GREGÓRIO et al., 2015).
Para Florenzano (2011), existem vários tipos de sensores ativos e passivos que
auxiliam nos mapeamentos para análise de riscos, em especial aqueles que permitem a
geração de Modelos Digitais de Elevação (MDE) e sua integração com ambiente de Sistema
de Informação Geográfica (SIG). Nos últimos anos, por exemplo, a popularização das
Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP), tem se tornado uma geotecnologia para mapear e
monitorar fenômenos em pequenas superfícies, a um baixo custo e sem a limitação dos
22
sensores orbitais que muitas vezes não possibilitam o registro de acordo com a data e hora de
interesse, além da limitação da resolução dos dados.
A utilização do sensoriamento remoto em nível orbital e suborbital (satélite e aéreo)
por gestores e estudiosos costeiros se tornou indispensável para o gerenciamento integrado da
zona costeira e ambiente marinho, apoiada em análises multidisciplinares que contemplem
desde as análises de poluição em ecossistemas, quanto os perigos naturais costeiros, relações
com a população e as mudanças da cobertura e uso da terra. O sensoriamento remoto oferece
a possibilidade de análises em diferentes escalas, apresentando soluções em nível
internacional, nacional e regional com a utilização de satélites, e a depender do objeto
investigado deve ser complementado com dados aéreos de alta resolução (OUELLETTE;
GETINET, 2016).
Para a realização de mapeamento de inundações de zonas urbanas, são verificados
exemplos de rápida aplicação de sensoriamento remoto com Aeronave Remotamente Pilotada
que permite a detecção precisa das áreas inundadas em paisagens urbanas complexas (FENG
et al., 2015; GONÇALVES; HENRIQUES, 2015; TURNER et al., 2016), sendo compatível
com o estudo de áreas costeiras e urbanas, mas também exigindo a aplicação de técnicas da
fotogrametria digital.
2.3.2. Fotogrametria Digital
“Fotogrametria é a ciência e tecnologia de se reconstruir o espaço tridimensional, ou
parte do mesmo (espaço-objeto), a partir de imagens bidimensionais, advindas da gravação de
padrões de ondas eletromagnéticas (espaço-imagem), sem contato físico direto entre o sensor
e o objeto ou alvo de interesse” (BRITO; COELHO FILHO, 2007).
O sensor pode ser acoplado em diferentes plataformas, sendo o interesse dessa
pesquisa a aplicação da fotogrametria aérea ou aerofotogrametria com uso de Remotely-
Piloted Aircraft (RPA) com câmera fotográfica digital em cores Red-Green-Blue (RGB) dada
a sua importância na geomática. A técnica parte do princípio da sobreposição de um conjunto
de fotografias aéreas digitais que permitam a visão estereoscópica ou tridimensional (Figura
2) processadas de forma semiautomática no computador, através da qual seja possível
representar a superfície terrestre e seus objetos com medidas conhecidas a partir de Modelo
Digital da Superfície (MDS) e ortofoto ortorretificada.
23
Figura 2. Esquema de sobreposição de fotos obtidas na aerofotogrametria para permitir visão
estereoscópica.
Fonte: Brito; Coelho Filho (2007).
As fotografias capturadas com a câmera do RPA representam o registro da radiação
eletromagnética no intervalo do visível a partir de um sensor óptico passivo, totalmente
dependente da luz do sol para o sensoriamento remoto.
2.3.3. Aeronave Remotamente Pilotada
Os ruídos emitidos pelo equipamento lembram um zangão, ou drone no inglês, como é
mais comumente conhecido pela mídia (DECEA, 2016). Contudo, a terminologia Veículos
Aéreos Não Tripulados (VANT → UAV – Unmanned Aerial Vehicles) é mais adotada pela
comunidade geomática, apesar de se verificar a adoção de outros termos frequentemente
encontrados na UVS International (REMONDINO et al., 2011). A International Civil
Aviation Organization (ICAO) se utiliza da definição Remotely Piloted Aircraft Systems
(RPAS) para integrar todo o conjunto de novos componentes da aviação remotamente
pilotados (ICAO, 2015). Compreendendo a tecnologia como as aeronaves não tripuladas e
pilotadas a partir de uma estação de pilotagem remota com finalidade diversa da recreação, o
Brasil adota a definição Aeronave Remotamente Pilotada (RPA – Remotely-Piloted Aircraft),
enquanto oficial (ANAC, 2017), sendo esta a terminologia descrita neste trabalho.
O Brasil faz parte do grupo de países que possui regulamentação para as Aeronaves
Remotamente Pilotadas, sendo um facilitador para aquisição de dados em escalas temporais e
espaciais que ainda são inatingíveis para as plataformas tradicionais de sensoriamento remoto,
24
a exemplo dos satélites artificiais, mas se faz importante atentar para as regras para pilotagem
do equipamento no intuito de garantir a segurança aérea e proteger de acidentes as pessoas,
propriedades e objetos na superfície (STÖCKER et al., 2017).
A utilização de dados suborbitais crescem a cada dia para finalidades as mais diversas,
sendo amplamente empregada em análises ambientais e valiosa fonte de dados para situações
de mapeamento e modelagem 3D, enquanto alternativa de baixo custo à fotogrametria aérea
tripulada, e ainda possui a condição de realizar voos verticais em pequenas áreas, utilizando
câmeras digitais amadoras em RGB (REMONDINO et al., 2011; CÂNDIDO et al., 2015).
A aplicação para mapeamentos 3D, mapeamentos topográficos, gestão urbana, gestão
de áreas de preservação permanente, resposta a desastres, são alguns dos exemplos do
emprego do RPA (SOUSA, 2017), requerendo o conhecimento necessário para obtenção das
aerofotos e processamento delas, através de técnicas da fotogrametria digital, passando por
etapas de alinhamento de fotos, calibração de câmera, geração de nuvem de pontos densa,
geração de modelos tridimensionais e ortofotos com a devida precisão ajustada por pontos de
controle em terra (REMONDINO et al, 2011; SOUSA, 2017). Os modelos digitais de
superfície (MDS) e ortofotografias (outros termos: ortofotos, ortofotomosaicos) são os dois
principais produtos de mapeamento com RPA e mais frequentemente empregados nos estudos
(COLOMINA; MOLINA, 2014).
Os modelos digitais de terreno gerados por fontes fotogramétricas (fotogrametria com
câmeras acopladas ao RPA ou aviões) representam bem as morfologias de terrenos para áreas
urbanas e vegetação, desde que se apresentem boas condições de luminosidade. Contudo, em
alguns casos, não é dispensável a integração de técnicas e fontes de dados na geração dos
MDT para cobrir regiões de relevo complexo e com dificuldades de acesso (SCARELLI et al.,
2017). Todavia, pode-se afirmar que a fotogrametria com RPA se apresenta como uma
geotecnologia de baixo custo com larga possibilidade para aplicação nas regiões costeiras
tropicais equatoriais com elevada insolação, em especial na análise de áreas urbanas.
Os modelos digitais de elevação (MDE) a partir da fotogrametria com RPA tem sido
avaliados quanto à sua acurácia (SILVA et al., 2016b), onde as precisões dos mapeamentos
são equiparadas aos resultados centimétricos obtidos com GNSS (UYSAL et al., 2015;
KRŠÁK et al., 2016). As análises da acurácia vertical dos modelos normalmente são
realizadas através da Root Mean Square Error (RMSE), comparando-se os valores obtidos
com GPS geodésico ou pontos de controle em terra e o valor altimétrico do MDE gerado pelo
processamento das fotografias (UYSAL et al., 2015; ARAÚJO et al., 2018). Vantagens
25
adicionais quando comparadas ao GNSS está no fato da obtenção de informações em locais
que apresentem perigo na obtenção de dados diretos, geração de informações em poucas horas
e alta resolução temporal e espacial (UYSAL et al., 2015).
Neste trabalho foi utilizado um RPA de baixo custo que requer a adoção de pontos de
controle em terra a partir de levantamento com GNSS. Entretanto as melhorias técnicas
continuam e atualmente já é possível a utilização de RPA com Real-time Kinematic (RTK)
integrado para realização de mapeamentos costeiros com modelagem de alta precisão
(TURNER et al., 2016), mas que exigem custos mais elevados para aquisição do
equipamento. Ainda em relação ao custo-benefício, pode-se verificar que RPA com câmeras
RGB tradicionais chegam a apresentar informações de alta resolução acima das obtidas com
LiDAR e mantendo a acurácia vertical dos modelos gerados, servindo para investigações em
áreas estuarinas (KALACSKA et al., 2017).
2.4. Geodésia de Precisão
O conhecimento do relevo e das altitudes de uma área são necessárias para fins de
planejamento e realização de diversos estudos ambientais. O sistema de referência altimétrico
oficial no Brasil é definido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A
instituição se utiliza de uma rede de nivelamento geométrico implantada ao longo das
principais rodovias do país (materializada em marcos de alvenaria ou chapas metálicas),
atualmente combinada com técnicas espaciais utilizando Sistema de Posicionamento Global
(GPS – Global Positioning System) e obtenção de valores gravimétricos para determinação
dos modelos geoidal e geométrico (teórico), no interesse de se referenciar as altitudes das
superfícies físicas em relação ao nível médio dos mares (FREITAS; BLITZKOW, 1999;
SANTOS; AMARO, 2011), uma vez que o presente trabalho ao analisar inundação, requer
confiança em relação a superfície de escoamento das águas sob efeito da gravidade.
O uso dos Sistemas Globais de Navegação por Satélite (GNSS – Global Navigation
Satellite Systems), apesar de obterem rapidamente informações sobre o posicionamento, se
utiliza de uma referência teórico-matemática (elipsoide de referência) para determinar a
altitude com significado geométrico. Para trabalhos de mapeamento e engenharia que
envolvam precisão, existe a necessidade de se conhecer a superfície geoidal (relacionada ao
campo de gravidade terrestre com superfície do mar inalterada), para que seja definida uma
26
ondulação geoidal que permita atribuir uma altitude ortométrica, dotada de significado físico
(BLITZKOW et al., 2016).
Trabalhar com inundação, ainda mais na zona de contato entre o oceano e o
continente, exige o conhecimento da altitude ortométrica, pois existe a necessidade de se
identificar cotas de inundação e se projetar as profundidades da coluna de água que
necessariamente tem o regime de água obedecendo ao campo de gravidade terrestre. Isso
requer acurácia e padronização quanto ao sistema de referência, que deve partir de um sistema
geodésico vertical materializado e com rigorosa precisão. Por este motivo é adotada a
informação altimétrica oficial do Brasil, através da Rede Altimétrica de Alta Precisão (RAAP)
como componente vertical do Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) (IBGE, 2018).
Experiências regionais com levantamentos geodésicos de precisão foram realizados no
âmbito do Litoral Setentrional do Rio Grande do Norte, oferecendo uma opção para
mapeamentos tridimensionais e monitoramentos nas zonas costeiras realizados com a
utilização do GPS Geodésico e disponibilização de bases curtas (SANTOS; AMARO, 2011;
SANTOS et al., 2013).
Com o advento do RPA, é possível economizar esforços com o levantamento GNSS, e
interagir com a nova geotecnologia para obtenção de modelos digitais de elevação precisos de
extensas áreas, com maior riqueza de informações e em locais antes inacessíveis. O GNSS
continua sendo a geotecnologia mais moderna e econômica na obtenção de dados da
superfície da terra para fins de topografia, mas combinado com a fotogrametria passa a ser
instrumento complementar para unificar técnicas de sensoriamento remoto com a geodésia de
precisão por meio da utilização de RPA (MANCINI et al., 2013; CASELLA et al., 2014),
apesar de ser necessário sempre a validação de modelos criados para aferir a sua precisão em
relação aos pontos de controle obtidos com o GPS geodésico em terra.
2.5. Modelos de representação: MDE, MDT e MDS
O Modelo Digital de Elevação (MDE) é um produto computacional tridimensional e
tal terminologia é amplamente empregada quando se deseja representar o relevo ou topografia
com base na elevação ou altitudes da paisagem sobre um sistema de referência conhecido, por
exemplo, o nível médio dos mares. Ao mesmo tempo é possível encontrar na literatura técnica
e científica a adoção do termo para representar outras informações dispostas sobre a superfície
do terreno, por isto acaba sendo sinônimo para MDT e MDS.
27
Modelo Digital do Terreno (MDT) pode ser definido como uma representação
numérica, ordenada por matrizes, da distribuição espacial de atributos do terreno (MOORE et
al., 1991). Geralmente é adotado na literatura como a representação da superfície topográfica
sem os objetos possivelmente existentes e dispostos na superfície. Neste trabalho, a utilização
do termo MDT deve ser compreendida como a representação da superfície do terreno ao nível
do solo, desconsiderados outros objetos.
Na representação da superfície e relevo, também é comum o emprego da terminologia
Modelo Digital da Superfície (MDS), o qual inclui além do relevo, todos os demais objetos
existentes sobre a superfície (edificações, árvores, etc.), e essa compreensão foi a adotada
neste trabalho, onde cada elemento do modelo condiz com um objeto real do espaço em sua
exata localização e altura, no mesmo sentido que foi empregado por Lafarge et al., (2010).
28
3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
A área de estudo está localizada no litoral setentrional do estado do Rio Grande do
Norte, entre os municípios de Grossos e Areia Branca, limitada pelas coordenadas Universal
Transversa de Mercator (UTM) 698.401m E, 9.456.099m N e 714.176m E, 9.445.185m N
(Zona 24 Sul, Datum World Geodetic System WGS84), região do baixo curso da bacia
hidrográfica do rio Apodi-Mossoró (SERHID, 1998), cujo rio foi perenizado no trecho por
ocasião da barragem de Santa Cruz do Apodi, município de Apodi, só ficando seco quando
ocorrem estiagens prolongadas durante alguns anos (Figuras 3 e 4).
Figura 3. Localização da área de estudo.
O principal acesso à área a partir da capital, Natal/RN, ocorre pela BR-304 em direção
à cidade de Mossoró, permitindo a entrada à direita no entroncamento com a BR-110 a qual
dá continuidade à cidade de Areia Branca/RN totalizando um percurso de 320 km, e daí para
Grossos/RN somente realizando a travessia de balsa.
O estuário tem sua foz no Oceano Atlântico e adentra para o interior em
aproximadamente 24 km, quando as águas de influência das marés não transpõem a barragem
29
na comunidade Passagem de Pedras (MEDEIROS et al., 2010; MEDEIROS, 2016;
MEDEIROS et al., 2016).
Figura 4. Área da foz estuário Apodi-Mossoró.
Fonte: Acervo pessoal, 2012.
A região climática é classificada como Tropical de Zona Equatorial no subtipo
semiárido mediano com 7 a 8 meses secos (DINIZ; PEREIRA, 2015) e sujeita ao processo de
desertificação do tipo grave (MMA, 2005). As chuvas se concentram principalmente entre os
meses de fevereiro e maio e os registros históricos entre 1963 a 2006 indicam médias anuais
de 546,5 mm em Areia Branca e 576,2 mm em Grossos (EMPARN, 2017).
A taxa de evaporação anual excede os 2000 mm, a insolação aproximada é de 2700
horas por ano, a umidade relativa média anual é de 69% e a temperatura média é de 27,3 ºC,
com máximas que ultrapassam 33 ºC (RADAMBRASIL, 1981; IDEMA, 2008). A condição
de evaporação acima da precipitação, além da reduzida contribuição fluvial que só ocorrem
durante períodos de precipitação, favorecem a condição de um estuário hipersalino
(MEDEIROS et al., 2010; COSTA et al., 2014a, 2014b; SILVA COSTA et al., 2014).
Os ventos nessa região são influenciados principalmente pela atuação da Zona de
Convergência Intertropical (ZCIT) e ventos alísios de sudeste (CARVALHO; OYAMA,
2013). Entre junho e agosto percebe-se uma maior atuação dos ventos de sudeste, e de
setembro a fevereiro os ventos predominam de nordeste. Entre março a maio ocorrem
calmarias, percebendo-se uma transição dos ventos de nordeste para sudeste. A média de
30
intensidade dos ventos é inferior a 4 m/s entre março e julho, acima de 5 m/s entre setembro e
dezembro, e apresenta valores de 4,6 e 4 m/s em janeiro e fevereiro respectivamente (INMET,
2018). Essas condições favorecem a produção de sal, e do ponto de vista da dinâmica da
paisagem são observadas mudanças nos ambientes de dunas na faixa mais costeira.
No contexto geológico o estuário Apodi-Mossoró está inserido na Bacia Potiguar que
abrange uma extensa faixa do Rio Grande do Norte e Ceará, tanto na porção de terras emersas
como na plataforma continental (AMARO; ARAUJO, 2008). As unidades geológicas
identificadas na área de estudo são: Formação Jandaíra, Depósitos Aluvionares Antigos,
Depósitos Flúvio-Marinhos, Depósitos Eólicos-Litorâneos vegetados, Depósitos Eólicos-
Litorâneos não vegetados, Depósitos Litorâneos Praiais (ARAÚJO, 2003; CRUZ ROGÉRIO,
2004; BEZERRA, 2008; CPRM, 2009, 2011).
A Geomorfologia da área apresenta processos de acumulação em planícies e formas
de relevo em sua maioria plana com áreas específicas apresentando feições onduladas. O
estuário é formado por Planícies Flúvio-Marinhas, constatando-se Planícies Eólicas, Dunas e
Praias na proximidade da costa. Essas áreas mais baixas, além de serem mais recentes,
naturalmente apresentam maiores dinâmicas de transformação natural e também alteradas
pela ação humana. O estuário é contornado por relevo onde predomina processo de dissecação
homogênea e apresenta formas de topo tabular associadas aos Tabuleiros Costeiros (IBGE,
2006a, 2009).
Por meio do sensoriamento remoto percebe-se que o estuário Apodi-Mossoró
corresponde a classificação do tipo ria (SILVA et al., 2007; MAIA, 2012), formado pelo
afogamento de vales fluviais e possui geometria em funil. Além disto, a inexistência de
barreiras no seguimento distal, indica a condição do domínio de marés na área.
É uma região de costa exposta com influência de mesomaré que atinge até 3.9 metros
na maré de sizígia (DHN, 2017). A contribuição de sedimentos é proveniente das descargas
fluviais da bacia, contudo é prejudicada por barragens construídas a jusante dos rios e pela
ocupação por salinas (LIMA; VITAL, 2006). Registros regionais comprovam que o nível do
mar no Holoceno esteve 1,3 m mais elevado que o nível atual a 5900-5700 cal. AP (VITAL et
al., 2010).
A costa que antecede o estuário Apodi-Mossoró no contato com o Oceano Atlântico
apresenta características de praias intermediárias semi-abrigadas à retaguarda de recife de
arenito e praias intermediárias expostas associadas à desembocadura do rio Apodi-Mossoró.
Essas praias antecedem campos de dunas barcanas e barcanóides (VITAL et al., 2006).
31
Percebe-se a orientação das dunas móveis e sedimentos costeiros, além das ondas do
oceano determinadas pela preferência dos ventos de nordeste e leste com alturas entre 30 e 50
cm (AMARO; ARAÚJO, 2008). Maré vazante e enchente dão origem à correntes de 20 cm/s
a 30 cm/s, respectivamente. Enquanto as correntes de deriva litorânea predominam para oeste
a velocidades de 10 cm/s em repouso e 40 cm/s com marés na região de alto-mar, e as
correntes nas áreas mais próximas da costa atingem 20 cm/s. Observações bem próximas da
costa, com a atuação de marés, registraram correntes com até 50 cm/s (VITAL et al., 2010).
A cobertura vegetal local é afetada diretamente pelo clima semiárido, tipos de solos e
ainda os processos costeiros. Assim, a cobertura vegetal nativa que predomina a área de
estudo é constituída por Formações Pioneiras Marinhas (restinga), Formações Pioneiras
Flúvio-Marinhas (manguezal e campos salinos) e Savana-Estépica Arborizada (caatinga)
(IBGE, 2006b 2012).
Matérias de jornal, registros em blogs e pesquisas científicas apontam que essa porção
do estuário onde estão os municípios de Grossos e Areia Branca apresentam risco por
inundação e alagamentos (Figura 5) e os processos que desencadeiam tal perigo estão
associados aos episódios de chuvas, alterações das áreas naturais de inundação da planície
flúvio-marinha, assoreamento dos canais, influência de marés altas, tempestades no mar com
geração de grandes ondas e probabilidade de elevação do nível do mar (BOORI, 2011;
MENDONÇA; MARQUES, 2011; MEDEIROS et al., 2013, 2014; G1, 2015).
Figura 5. (A) e (B): inundação por registro de maré alta em Areia Branca/RN; (C): inundação por
registro de maré alta na comunidade de Barra, Grossos/RN; (D), (E) e (F): alagamento por registro de
elevada pluviosidade em Barra, Grossos/RN.
Fonte: Mendonça; Marques (2011); G1 (2015); Pereira (2015).
32
O município de Grossos possui 9.393 habitantes e Areia Branca 25.315 habitantes
segundo o último Censo do IBGE (2011). Possuem a indústria salineira como motor da
economia, mas a pesca também se destaca (Figura 6). Atividades associadas à indústria
petrolífera estão presentes apesar de um declínio da atividade onshore nos últimos anos. Por
outro lado, a atividade de parques eólicos tem se destacado, com notoriedade em Areia
Branca.
Figura 6. (A): salina mecanizada em Grossos; (B): acesso de pescadores por manguezal em direção ao
rio Apodi-Mossoró.
Durante a pesquisa também foram observados alguns impactos na região, que não
passam despercebidos (Figura 7): erosão costeira; presença de lixão em ambientes frágeis;
soterramento de ocupações e infraestrutura por areias eólicas; disposição inadequada de
resíduos sólidos e; lançamento de efluentes sanitários sem tratamento.
33
Figura 7. (A): erosão costeira em Grossos; (B): lixão de Grossos no limite com salinas; (C): avanço de
areias eólicas sobre rodovia em Grossos; (D): disposição de resíduos e lançamento de esgoto em canal
de drenagem/maré.
34
4. ESTRATÉGIA METODOLÓGICA
Em relação a estratégia metodológica para o desenvolvimento da tese foram
concentrados esforços em três principais etapas: 1. Compilação de Dados; 2. Processamento e
Interpretação; 3. Produtos e Resultados (Figura 8).
4.1. Compilação de Dados
4.1.1. Embasamento Bibliográfico
Foram realizadas análises principalmente em artigos científicos, teses e dissertações.
Mas em decorrência do conteúdo envolvido na pesquisa, foram analisados também
documentos técnicos, manuais de orientação de órgãos oficiais e normativas sobre áreas
protegidas, em especial que tratassem das áreas de preservação permanente no Brasil. Estudos
sobre riscos ambientais, inundação costeira, desastres naturais, sensoriamento remoto e
fotogrametria digital, modelos digitais de elevação, geodésia com GNSS e tecnologia de
aeronaves remotamente pilotadas para mapeamentos foram assuntos fundamentais
pesquisados.
4.1.2. Histórico de Inundações e Marés
Neste trabalho foram buscadas informações acerca de inundações no estuário Apodi-
Mossoró/RN e no Litoral Setentrional do RN, e a pesquisa apontou a falta de sistematização
de informações e ausência de registros oficiais para inundações costeiras. Somente foram
obtidos registros baseados em noticiários locais e por meio de entrevista com residentes na
área de estudo. Além disto, durante a realização da pesquisa, foi presenciado o efeito da
inundação na cidade de Areia Branca com marcas visuais das áreas atingidas pela
profundidade no ano de 2015, quando foi possível verificar as áreas da cidade afetadas pelas
águas de maré com análise visual da profundidade, posteriormente georreferenciadas e
combinadas com o Modelo Digital da Superfície.
Foi importante a observação do fato e sua comparação com registros de precipitações
da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte no dia em que ocorreu o
fenômeno, no intuito de verificar se havia relação entre precipitação, contribuição fluvial e a
35
inundação costeira, além de ter se checado o Sistema Integrado de Informações Sobre
Desastres do Ministério da Integração Nacional. O que se constatou foi um episódio de
inundação por maré elevada de sizígia, durante período de estiagem, insignificante
contribuição fluvial e em situação de emergência decretada por seca.
36
Figura 8. Fluxograma de estratégia metodológica.
37
A obtenção dos dados de maré ocorreu através do Centro de Hidrografia da Marinha,
que disponibilizou a série histórica de 47 anos das marés astronômicas para o Porto de Areia
Branca e vinculadas ao sistema de referência para navegação conhecido como Nível de
Redução (NR). Não existem registros que comprovem evidências de marés meteorológicas na
região, mas durante a pesquisa foi identificada referência bibliográfica (FROTA et al., 2016)
que apontou efeitos não astronômicos que ocorrem durante alguns períodos no Nordeste do
Brasil. Estatística descritiva dos dados de maré, análise do seu período de retorno e maiores
informações sobre o efeito não astronômico constam no artigo 2 apresentado no tópico 5.2.
Neste trabalho foi possível identificar na estatística descritiva, a maré de sizígia mais elevada,
que uma vez vinculada ao nível de redução foi ajustada ao Sistema Geodésico Brasileiro por
meio de referência de nível da marinha e do IBGE, disponíveis no local. Quando projetada
essa maré mais elevada sobre o Modelo Digital da Superfície obtido com o trabalho, a
profundidade e extensão a inundação coincidiu os registros empíricos obtidos anteriormente.
4.1.3. Base Cartográfica e Dados de Sensoriamento Remoto Orbital e Aéreo
A produção cartográfica para a tese foi realizada por meio dados compilados a partir
de produtos de sensores remotos orbitais disponibilizados de forma gratuita, tal como os das
plataformas Land Remote Sensing Satellite (LANDSAT), China-Brazil Earth Resources
Satellite (CBERS), Indian Remote Sensing Satellite (IRS), Shuttle Radar Topography Mission
(SRTM) e RAPIDEYE (EMBRAPA Monitoramento por Satélites:
http://www.sat.cnpm.embrapa.br), utilizando-se também de antigo acervo de aerofotos da
empresa BASE Aerofotogrametria e Projetos S/A.
Para as análises de riscos atualizadas ocorreram levantamentos com Geotecnologias de
baixo custo com GPS e ARP, até mesmo como teste metodológico inovador.
4.1.4. Levantamentos de Campo
Levantamentos ocorreram na área de estudo para analisar as características ambientais
da região e levantar evidências quanto aos processos relacionados à inundação costeira.
Também foram realizadas campanhas para coleta de informações altimétricas precisas
utilizando GPS geodésico e RPA. O primeiro foi utilizado para o rastreamento de pontos de
controle com as devidas coordenadas e altitudes, e o segundo foi utilizado para sobrevoar a
38
cidade de Areia Branca como estudo de caso para aplicação da metodologia de obtenção de
Modelo Digital de Elevação por técnicas de Fotogrametria Digital.
4.2. Processamento e Interpretação
4.2.1. Aplicação de Técnicas de Geoprocessamento
Realces no contrate das aerofotos e imagens orbitais, além de composições de bandas
do visível e infravermelho nas imagens orbitais foram técnicas de Processamento Digital de
Imagens (PDI) empregadas para permitir a interpretação dos dados. Os programas utilizados
foram o ER Mapper 7.1 e o ENVI 5.3.
Para o processamento dos dados do Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS)
foi utilizado o programa Topcon Tools 8.2.3, onde foram eliminados ruídos e corrigidas as
efemérides do satélite no intuito de obter a melhor acurácia possível, além do ajustamento
com os dados da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC) do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE). Os pontos de controle obtidos com o GPS foram assim
vinculados ao Sistema Geodésico Brasileiro (SGB).
4.2.2. Processamento do MDS e Ortofoto
A aplicação de técnicas da fotogrametria digital para geração do Modelo Digital de
Superfície e Ortofoto ocorreu com a utilização dos programas Agisoft Photoscan 1.2.5 e
Global Mapper 18.2. No primeiro foram alinhadas as fotografias e gerada uma nuvem de
pontos densa ajustada aos pontos de controle gerados por GNSS. A nuvem de pontos foi
exportada e em seguida foram realizados ajustes e eliminação de ruídos no Global Mapper,
que permitiu também processar e gerar o MDS e a Ortofoto ortorretificada.
O MDS passou por análise em relação a sua acurácia vertical para validação do
modelo e obtenção do erro de precisão, o qual foi mais tarde incorporado como um fator de
segurança na modelagem da inundação costeira.
4.2.3. Cota de Inundação Costeira
A partir dos dados da maré astronômica, foram filtradas as marés altas e extraídas
aquelas que representaram as maiores marés de sizígias, bem como seus períodos de retorno,
39
no intuído de evidenciar quais as cotas máximas que representam o risco por inundação na
região, sua probabilidades e frequência. Os dados ainda referenciados ao Nível de Redução
foram convertidos ao SGB para compatibilizar a análise com o MDS.
Obtido o valor da maior maré de sizígia indicadora do elevado risco por inundação,
que corrobora com evento histórico identificado, foi acrescentado valor de elevação de maré
acima do normal por efeitos não astronômicos e finalmente o erro vertical do MDS.
Cenários futuros de inundações costeiras foram projetados na área a partir das
referências encontradas para o ano de 2100 de elevação do nível médio do mar.
4.2.4. Mapeamento Temático
Por meio dos produtos dos sensores remotos foi realizado o mapeamento temático das
mudanças da cobertura e uso da terra, APP, zonas úmidas, áreas com perigo de inundação,
ativos em exposição, informações demográficas, áreas especiais de planejamento e áreas com
probabilidade de inundação futura. A produção do mapeamento em sistema de informação
geográfica ocorreu no programa ArcGIS 10.5.
4.2.5. Análise dos Riscos por Inundação Costeira
A análise das normativas ambientais brasileiras, em especial sobre as áreas de
preservação permanente foram essenciais para o estabelecimento das referências que se
aplicam ao ambiente estuarino da região de estudo, sendo especialmente analisado o
denominado Código Florestal quando publicada a Lei nº 4.771/1965 e sua substituição pela
Lei nº 12.651/2012, onde foram percebidas mudanças significativas em relação as referências
geográficas das áreas protegidas, ecossistemas e dimensões dos espaços de proteção.
Além disso foram interpretadas as áreas sujeitas ao processo natural de inundação
(zonas úmidas) por meio de imagens de sensores remotos aéreos (avião) e orbitais (satélite)
para proceder com as quantificações dentro do período de análise estabelecido (1965-2012), e
assim verificar as perdas dos ambientes naturais que podem ter contribuído para agravar o
cenário de risco por inundação costeira, diante das modificações da cobertura e uso da terra.
Foi realizado o mapeamento das planícies flúvio-marinhas, drenagens e lagoas, ou qualquer
outra superfície que apresentasse evidências de inundação.
Foram analisadas as referências bibliográficas mundiais e nacionais mais utilizadas
enquanto perspectivas confiáveis quanto ao quadro de elevação do nível médio do mar,
40
definindo-se valores de referências previstos até o ano de 2100 para serem incorporados à
modelagem da inundação.
A cidade de Areia Branca pela sua exposição ao perigo por inundação costeira foi
definida como estudo de caso para teste metodológico com as Geotecnologias. Neste sentido
foram analisadas as características da população local (em especial o número de habitantes e
renda) de acordo com os setores censitários (menor unidade de planejamento e informações)
do último censo demográfico (2010) do IBGE e as áreas especiais de planejamento municipal
definidas pelo Plano Diretor, no intuito de considerar a diversidade de vulnerabilidades
existentes. Para este último, se identificou a existência de áreas especiais de interesse social
que se apresentam como os locais onde a população sob exposição enquadra-se no nível mais
elevado de vulnerabilidade.
Os riscos de prejuízos por inundação também foram considerados na análise,
calculando-se estimativas de acordo com a profundidade da inundação e valores de mercados
atuais dos ativos expostos ao perigo.
4.3. Resultados
Em termos de resultados, houve a identificação e quantificação das mudanças de uso
da terra e os impactos em áreas úmidas e protegidas, contribuindo para elevar o risco por
inundação costeira na área de estudo, em especial nos assentamentos humanos. Tais
inundações são validadas a partir da ocorrência de inundação que atinge as cotas mais altas de
maré de sizígia somada a outros fenômenos, podendo ser observada a inundação com o
auxílio da modelagem com o MDS e cota de inundação vinculados ao SGB. Foi possível
confirmar riscos por inundação costeira na foz do estuário Apodi-Mossoró expondo ativos à
prejuízos e causando transtornos a uma população direta e indiretamente vulnerável, com
possíveis agravamentos futuros e demandas para novos planejamentos.
41
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A partir de agora serão apresentados os resultados e discussões obtidos durante a
pesquisa, os quais serão expostos no formato de artigos científicos.
5.1. Artigo 1: Meio Século de Código Florestal e Implicações nas Áreas de Preservação
Permanente de um Estuário Hipersalino no Semiárido Brasileiro
O ambiente analisado faz parte de um estuário onde a atuação da maré é nítida e
constante, e por si só seria objeto de investigação de riscos por inundação costeira diante das
discussões internacionais e nacionais acerca das mudanças climáticas e elevação do nível
médio do mar.
Mesmo assim, uma das primeiras análises necessárias a ser fazer em áreas expostas ao
risco, é verificar o histórico processo de ocupação e as principais dinâmicas do ambiente, pois
respostas podem ser obtidas de forma precisa sobre a vulnerabilidade natural do ambiente e
que tipo de processos equivocados de ocupação sem planejamento, contribuíram para elevar o
risco, ou mesmo para criar o risco, uma vez que os perigos naturais já existem. Aqui se
buscou apresentar esse quadro de transformações dos ambientes para dar lugar a ocupações e
atividades econômicas que provavelmente não ocorreriam hoje nos moldes como ocorreram
no passado, diante da compreensão atual dos riscos e da importância das áreas úmidas e
protegidas por lei.
O presente capítulo apresenta o manuscrito do artigo “Meio Século de Código
Florestal e Implicações nas Áreas de Preservação Permanente de um Estuário Hipersalino no
Semiárido Brasileiro” submetido ao “Anuário do Instituto de Geociências – UFRJ”, enviado
em 16/05/2018 e aprovado em 28/06/2018, encontrando-se aprovado para a próxima edição
da revista (2018/2).
42
43
1 Introdução
O Estuário Apodi-Mossoró, no Litoral Setentrional do Estado do Rio Grande do Norte
(RN), Nordeste do Brasil, sofreu importantes transformações de seu espaço natural desde o
início do século XIX, quando a região passou a ser explorada ainda de forma artesanal na
produção de sal marinho. Contudo, foi no século XX que o processo de industrialização das
salinas e sua expansão em áreas de planícies hipersalinas e outros locais com relevo plano e
pouco mais elevado alcançou seu auge, recebendo incentivos do poder público, através da
Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e incrementando-se
tecnologicamente (COSTA et al., 2013).
Apesar da predominância da atividade salineira no Estuário Apodi-Mossoró,
principalmente na desembocadura do estuário, outras áreas foram ocupadas por atividades de
produção de camarão, exploração de petróleo e gás natural e cultivos agrícolas, sobretudo
fruticultura. Além disso, em outros setores ocorreu à expansão urbana das cidades de Grossos
e Areia Branca, além de pequenas comunidades no âmbito desses municípios (BOORI;
AMARO, 2010; ROCHA et al., 2011). Tais formas de uso da terra ocasionaram a
descaracterização ambiental de parte expressiva da área inundável da planície hipersalina do
estuário.
As modificações espaciais ocorreram, mesmo com uma série de restrições surgidas a
partir da publicação do Código Florestal Brasileiro, a Lei nº 4.771, de 15 de setembro de
1965, conceituando pela primeira vez o termo “Área de Preservação Permanente (APP)”
(RIBEIRO, 2011). Nesse código foram impostas regras que impedem a supressão vegetal e a
descaracterização desses espaços, muitos deles considerados como áreas úmidas de risco a
inundação, como é o caso do Estuário Apodi-Mossoró. Recentemente, o Código Florestal de
1965 foi revogado e substituído pela Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, conhecida como
Lei de Proteção da Vegetação Nativa (BRASIL, 2012b). Entretanto, foram mantidas as Áreas
de Preservação Permanente (APP) com diversas restrições de uso.
Com as mudanças jurídicas, tornou-se relevante analisar as implicações de restrições
sobre os ambientes do Estuário Apodi-Mossoró, após quase 50 anos do surgimento do Código
Florestal, e como se deu a evolução do uso e cobertura da terra nesse contexto.
O objetivo deste artigo é avaliar a distribuição espacial e quantificar as APP na foz
estuarina do rio Apodi-Mossoró/RN para os anos de 1965 e 2012, de acordo com a legislação
vigente em cada período e através de produtos de sensores remotos para comparar as
mudanças de zoneamento projetadas sobre a cobertura e uso da terra e implicações para as
44
áreas úmidas. O período comparativo de quase meio século se justifica por ser aquele que
corresponde ao surgimento do Código Florestal Brasileiro em 1965 e sua substituição pela Lei
de Proteção da Vegetação Nativa em 2012, onde permearam mudanças nos limites
espacialmente protegidos e sujeitos ao processo de inundação.
2 Área de Preservação Permanente como Área Protegida
Tratar das APP no contexto brasileiro, ainda mais quando analisados os ambientes
costeiros e áreas úmidas, não deve ser pensado somente à luz do Código Florestal, ou ainda
como um tema desconectado de processos e acordos mais complexos, calcados em objetivos
de tratados firmados pela comunidade internacional, em que o Brasil também subscreve.
Assim, remete-se inicialmente à Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) e,
consequentemente, ao Plano Estratégico de Biodiversidade 2011-2020, onde foram
estabelecidas metas voltadas para reduzir a perda da biodiversidade no mundo, denominadas
“Metas de Aichi”. A meta de número 11 estimula a criação de áreas protegidas integradas e
outras medidas de conservação, de modo que até o ano de 2020 pelo menos 10% das zonas
costeiras e marinhas tenham garantido a conservação de importantes áreas para a
biodiversidade e serviços ecossistêmicos (TITTENSOR et al., 2014; REES et al., 2017).
Trata-se de um objetivo continuado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a
“Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável” onde deve ser observada a legislação
aplicável, com base na melhor informação científica disponível (UN, 2015).
A preocupação em relação às áreas protegidas e as prioridades de proteção aumentam
ao serem consideradas as mudanças climáticas e seus prováveis impactos (JONES et al.,
2016), sendo relevante a análise das áreas costeiras planas e de baixas altitudes, por estarem
sujeitas ao risco de inundações, um dos desastres de maior abrangência no mundo (WWAP,
2018). De forma ampla, a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) define
uma área protegida como: “(...) um espaço geográfico claramente definido, reconhecido, com
objetivo específico e manejado através de meios eficazes, sejam jurídicos ou de outra
natureza, para alcançar a conservação da natureza no longo prazo, com serviços
ecossistêmicos e valores culturais associados” (BORRINI-FEYERABEND et al., 2017).
Diante desse cenário, o Brasil como signatário da CDB, assumiu o compromisso em
garantir a conservação de áreas protegidas, além de nas últimas décadas ter criado diversas
políticas, programas e planos, a exemplo do Plano de Ação para Implementação da Política
45
Nacional da Biodiversidade (PAN-Bio) e de forma mais específica, o Plano Estratégico
Nacional de Áreas Protegidas (PNAP) (MMA, 2006a, 2006b; ONUBR, 2017).
No processo de construção das áreas protegidas nacionais, através de grupos de
trabalhos específicos e fóruns de discussão sobre o tema, em 2006 ocorreu de forma
inovadora no PNAP o destaque para as áreas de preservação permanente previstas na Lei n°
4.771/1965, que instituiu o Código Florestal no Brasil (MMA, 2007). Dessa forma, APP
detêm também uma posição relevante quando o tema são as áreas protegidas.
Ao mesmo tempo, o Brasil há muito participa do tratado sobre as áreas úmidas de
importância internacional, sendo o estuário considerado uma área úmida costeira que retrata
um ambiente considerado pela Convenção de RAMSAR (JUNK et al., 2014; TURPIE et al.,
2015), mas que ainda carece de análises mais profundas, além de políticas e normas mais
direcionadas a sua proteção em particular, segundo posicionamentos contidos nos estudos
apresentados por Piedade et al. (2012).
Percebe-se que a maioria dos trabalhos voltados à área ambiental e das Geociências,
buscam a aplicabilidade da legislação que rege as áreas de preservação permanente em
espaços de interesse, sendo a sua maioria voltada para espacializar as APP em sistemas
fluviais de bacias hidrográficas, nascentes, áreas de encosta, linha de cumeada e topos de
morro, orientando-se pelas normas mais recentes disponíveis, conforme se observa em
Catelani; Batista (2007), Bezerra et al. (2008), Neves et al. (2009), Borges et al. (2011),
Araújo et al. (2012), Alves e Medeiros (2016), Campagnolo et al. (2017). Em menor
quantidade são encontrados trabalhos no intuito de delimitar as áreas de preservação
permanente nas zonas costeiras, com menor produção para os ambientes estuarinos, por mais
que existam áreas de preservação permanente associadas a cursos d’água e manguezais nas
regiões tropicais (CESTARO et al., 2012; FERREIRA et al., 2016; COSTA; REIS, 2017).
Desta forma, os ambientes estuarinos, pelas suas complexidades e por permitirem a
gestão integrada da zona costeira com a bacia hidrográfica (NICOLODI et al., 2009), ainda
carecem de mais pesquisas e mapeamento de seus espaços protegidos e áreas úmidas, para
melhor compreensão da evolução dinâmica desses espaços, sendo ambientes intensamente
explorados e modificados por atividades que geram impactos ambientais (NEWTON et al.,
2016).
Outro aspecto percebido nos trabalhos publicados foi a reduzida escala temporal, pois
a delimitação das Áreas de Preservação Permanente tem sido realizada, predominantemente,
para as normas mais recentes em vigor, ou seja, não têm levado em consideração as
transformações do espaço geográfico ocasionadas pela evolução do uso e cobertura da terra, o
46
que pode apontar perdas ou ganhos de espaços protegidos e importantes ambientalmente,
quando porventura estavam em vigor regras jurídicas diferentes.
No caso especial do Estuário Apodi-Mossoró foi possível verificar se as alterações
legislativas nacionais têm permitido a inclusão das áreas úmidas, enquanto ambientes a serem
protegidos e conservados, afim de se fazer cumprir os objetivos estabelecidos nas convenções
internacionais das quais o Brasil faz parte, a exemplo da Convenção de RAMSAR para áreas
úmidas de 1971 (BRASIL, 1996), especialmente no aspecto de uma área úmida costeira.
A tarefa de mapeamento das transformações do uso e cobertura da terra é plenamente
possível atualmente, a partir do uso de imagens de Sensoriamento Remoto georreferenciadas e
integradas em Sistemas de Informações Geográficas (SIG), que permitem o resgate de dados
de acordo com a disponibilidade de fotografias aéreas, imagens de satélites, mapas temáticos,
levantamentos e bases cartográficas de datas distintas (TRAN et al., 2015; ROY et al., 2015),
permitindo ainda no mapeamento o destaque para as áreas protegidas. O Sensoriamento
Remoto tem sido amplamente empregado nas análises de conservação de áreas e
ecossistemas, permitindo estudos multidisciplinares (NAGENDRA et al., 2013; PETROU et
al., 2015; ROSE et al., 2015), inclusive para avaliar os efeitos das mudanças globais e
permitir monitoramentos ambientais (CABELLO et al., 2012; FRANCO et al., 2012;
BUSMAN et al., 2016; COSTA et al., 2017). A utilização das estratégicas baseadas em
produtos de Sensoriamento Remoto passou a ser uma referência adotada pela própria
UNESCO ao tratar questões de redução de risco de desastres, sendo um exemplo para a
previsão de inundações (UNESCO, 2014).
3 Área de Estudo
A área de estudo corresponde especificamente à foz do rio Apodi-Mossoró, situada no
Litoral Setentrional do RN, onde estão localizadas as cidades costeiras de Areia Branca e
Grossos, além de algumas comunidades, atividades da indústria salineira com suas bacias
evaporadoras e cristalizadores, áreas de cultivo, campos de dunas móveis e canais de maré
parcialmente vegetados com bosques de manguezais em ambiente estuarino (Figura 1)
(AMARO; ARAÚJO, 2008; BACCARO et al., 2009; BOORI; AMARO, 2011; SILVA,
2016). As principais drenagens associadas à foz do rio Apodi Mossoró são os canais João da
Rocha (antiga gamboa) e rio Morro Branco.
47
Figura 1 Localização da área de estudo na foz do Estuário Apodi-Mossoró, no Litoral Setentrional do
Estado do Rio Grande do Norte (RN), Nordeste do Brasil. Destaque para as cidades de Grossos e
Areia Branca/RN, além das atividades da indústria salineira (bacias evaporadores e cristalizadores)
ocupando as áreas planas e de baixa altitude da planície flúvio-marinha.
A região climática é classificada como Tropical de Zona Equatorial no subtipo
semiárido mediano com 7 a 8 meses secos (ALVARES, et al., 2013; DINIZ; PEREIRA,
2015). As chuvas ocorrem geralmente entre os meses de fevereiro e maio, com média anual
de 546,5 mm, sendo uma área com elevada evapotranspiração e temperatura média de 27,3ºC
(EMPARN, 2017).
O estuário Apodi-Mossoró está inserido no contexto geológico da Bacia Potiguar, que
abrange uma extensa faixa dos estados do Rio Grande do Norte e Ceará, tanto na porção de
terras emersas como na plataforma continental (AMARO; ARAÚJO, 2008). As unidades
geomorfológicas são formadas por planícies flúvio-marinhas, planícies eólicas, campos de
dunas móveis e vegetadas, além de praias arenosas na proximidade da linha de costa. Trata-se
de áreas de baixas altitudes que apresentam importantes transformações por processos de
48
intensa dinâmica natural, frequentemente potencializadas por processos antrópicos, que estão
sujeitas a diversos riscos ambientais, como a erosão e inundação costeira (BOORI et al., 2012;
MEDEIROS et al., 2012). É uma região de costa exposta aos ventos alísios, com influência de
mesomarés semidiurnas que atingem até 3,9 metros na maré de sizígia (DHN, 2017) e a
contribuição de sedimentos proveniente das descargas fluviais da bacia está prejudicada por
diversas barragens construídas a jusante dos rios e pela ocupação das planícies costeiras por
salinas (LIMA; VITAL, 2006).
A cobertura vegetal nativa predominante é constituída por formações pioneiras
marinhas (vegetação de restinga), formações pioneiras flúvio-marinhas (bosques de
manguezal e campos salinos) e savana-estépica arborizada (IBGE, 2012; 2018).
4 Materiais e Métodos
A estratégia metodológica abrangeu o emprego de imagem de satélite multiespectral e
fotografia aérea analógica digitalizada, obtidas por Sensoriamento Remoto e submetidas à
melhoria visual por técnicas de Processamento Digital de Imagem (PDI) e integradas para
análise espacial em Sistema de Informação Geográfica (SIG). As atividades envolveram o
mapeamento de áreas de preservação permanente e de zonas úmidas na foz do rio Apodi-
Mossoró, considerados à luz do arcabouço legal de cada período e projetados sobre o
mapeamento da cobertura e uso da terra dos anos de 1965 e 2012.
4.1 Delimitação de APP de acordo com o Marco legal
A identificação e delimitação das áreas de preservação permanente no estuário Apodi-
Mossoró ocorreu nos dois momentos históricos distintos, que requereram a análise das
normativas vigentes para o ano de 1965, quando foi publicado o Código Florestal, e do ano de
2012, quando a Lei de Proteção da Vegetação Nativa entrou em vigor.
a) Código Florestal de 1965
O conceito de APP surgiu com a Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, Lei esta que
se autodenomina de Novo Código Florestal. A definição de APP na época era: “área protegida
nos termos dos artigos 2º e 3º desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função
ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a
49
biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populações humanas” (BRASIL, 1965; RIBEIRO, 2011).
Como o artigo 3º da Lei exigia uma declaração específica por parte do Poder Público,
e não houve tal publicação no âmbito do RN, que compreendesse a área estuarina, somente foi
observada a listagem de APP presente no artigo 2º. Neste caso, compreendendo as
características da área de estudo, verifica-se que só seriam protegidas as formas de vegetação
situadas nas margens de lagoas e nas faixas marginais ao longo de rios ou qualquer curso
d’água (o que inclui os canais de maré ou gamboas) com as seguintes larguras mínimas:
Art. 2° Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito
desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas:
a) ao longo dos rios ou de outro qualquer curso d'água, em faixa
marginal cuja largura mínima será:
1. de 5 (cinco) metros para os rios de menos de 10 (dez) metros de
largura;
2. igual à metade da largura dos cursos que meçam de 10 (dez) a 200
(duzentos) metros de distância entre as margens;
3. de 100 (cem) metros para todos os cursos cuja largura seja superior
a 200 (duzentos) metros.
b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou
artificiais; (BRASIL, 1965).
É importante atentar que não havia regulamentação no período que especificasse uma
faixa mínima ao redor de lagoas, por isto, não foi possível estabelecer um limite para as APP
nas margens de lagoas costeiras identificadas na época. Desta forma, a vegetação existente
nas faixas marginais dos cursos d’água seriam os ambientes protegidos dentro das metragens
especificadas acima, e a referência espacial adotada para o mapeamento delas, seguiu o nível
do leito regular dos cursos d’água, pois somente em 1989 é que o nível mais alto do rio
passou a ser uma referência espacial (BRASIL, 2011).
Para o mapeamento das áreas protegidas no período, não se considerou como APP o
manguezal existente além das metragens estabelecidas para as faixas marginais dos cursos
d’água, pois tal ecossistema não constava, explicitamente, como uma APP na norma da época
(NIEBUHR, 2012).
b) Proteção da Vegetação Nativa de 2012
O atual conceito de APP no Brasil advém da Lei de Proteção da Vegetação Nativa –
Lei nº 12.651 de 25 de maio de 2012 (BRANCALION et al., 2016), que a define como: “área
protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os
50
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo
gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas”
(BRASIL, 2012b).
Foi mantido na legislação quase o mesmo texto da norma de 1965, excluindo apenas a
citação de artigos específicos (art. 2º e 3º, da lei antiga). Contudo, observa-se a ampliação dos
limites das áreas protegidas ao analisar o artigo 4º da Lei vigente, onde está clara a proteção
de áreas em zonas rurais e urbanas, não mais se limitando a presença de uma forma de
vegetação, ou seja, incide sobre um espaço geográfico, mesmo desprovido de vegetação.
Desta forma, diante da legislação atual, as áreas de preservação permanente
identificadas para o estuário em questão, são: 1) a margem das lagoas; 2) os manguezais em
toda a sua extensão; e, 3) as faixas marginais, desde a borda da calha do leito regular, de
qualquer curso d’água perene ou intermitente, de acordo com suas larguras. Segue previsão
legal:
Art. 4º Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou
urbanas, para os efeitos desta Lei:
I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e
intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular,
em largura mínima de:
a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de
largura;
b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50
(cinquenta) metros de largura;
c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a
200 (duzentos) metros de largura;
d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200
(duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;
e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura
superior a 600 (seiscentos) metros.
II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura
mínima de:
[...] VII - os manguezais, em toda a sua extensão; (BRASIL, 2012b).
Verifica-se que ocorreram modificações para alguns referenciais geográficos,
necessários para a delimitação e mensuração das APP, sendo ainda percebida a incorporação
de novos ambientes a serem protegidos quando realizada a comparação com a Lei anterior,
como por exemplo, a inclusão de todo o manguezal como sendo de preservação permanente.
Dessa forma, foram estabelecidas novas medidas para as faixas marginais dos cursos
d’água a partir de diferentes subdivisões de suas larguras e ainda foram incorporadas
distâncias mais abrangentes, tomando-se como referência a borda da calha do leito regular.
Deve-se ressaltar que as lagoas passaram a ter suas faixas de APP estabelecidas de acordo
51
com o tamanho do espelho d’água e sua localização. Contudo, para o caso da área de análise a
única lagoa costeira identificada a noroeste da área de estudo não teve uma faixa de proteção
mapeada, pelo fato da legislação admitir a utilização da margem de lagoas com superfícies
inferiores a 01 (um) hectare, aplicando-se ao caso. Essa lagoa costeira encontra-se isolada e
com espelho d’água reduzido por situar-se em meio a um campo de dunas móveis, que no seu
processo de migração vem ocasionando o aterramento da lagoa.
Por fim, se observou que o manguezal passou a ser definido como APP em toda a sua
extensão. Niebuhr (2012) destacou que esse ecossistema passou para a condição de protegido
apenas com a ênfase da Resolução nº 303/2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA) por instituição do Poder Público e somente se tornou expressamente uma APP
no ano de 2012, por meio da Lei nº 12.651, sendo então, contabilizado como ambiente
protegido no mapeamento mais recente deste trabalho.
A Figura 2 mostra, resumidamente, o marco legal das APP para os dois períodos de
análise, os anos de 1965 e 2012, no Estuário Apodi-Mossoró.
52
Figura 2 Indicação dos tipos de APP aplicáveis ao no Estuário Apodi-Mossoró e devidas mensurações
de referência com base nas normas vigentes nos dois períodos de análise: A) APP em 1965; B) APP
em 2012.
53
4.2 Seleção de Imagens de Sensoriamento Remoto
Na análise e interpretação da cobertura e uso da terra, incluindo a identificação das
áreas úmidas inundáveis e, posteriormente, o mapeamento das áreas de preservação
permanente, valeu-se de produtos pretéritos de Sensoriamento Remoto, realçados por técnicas
de PDI e ferramentas de SIG.
Através da BASE Aerofotogrametria e Projetos S/A foi obtida a fotografia aérea
analógica em tons de cinza (Câmera Wild RC-9), datada de 01/09/1965, originalmente no
tamanho 23 x 23 cm e digitalizada em 900 DPI para arquivo de formato digital. Cabe destacar
que o registro fotográfico ocorreu em momento anterior à criação do conceito de APP pelo
Código Florestal de 1965, pois a fotografia foi tirada quinze dias antes da publicação da lei.
Com o intuito de realizar comparações da área com informações mais recentes, foram
utilizadas 2 imagens multiespectrais do satélite RAPIDEYE do ano de 2012 (imageamentos
realizados nos dias 27/04/2012 e 16/11/2012).
As imagens dos satélites RAPIDEYE foram ortorretificadas e cedidas pelo Ministério
do Meio Ambiente online (http://geocatalogo.mma.gov.br/). Trata-se de cenas com resolução
espacial de 6,5 metros, ajustadas ao nível de 5,0 metros com a ortorretificação e com cinco
bandas espectrais entre o visível e o infravermelho próximo do espectro eletromagnético, com
resolução radiométrica de 12 bits (SCCON, 2017). A opção por imagens do ano de 2012 se
deve a publicação da Lei de Proteção da Vegetação Nativa, Lei nº 12.651, de 25 de maio de
2012, que alterou diversos parâmetros das áreas de preservação permanente.
4.3 Técnicas Aplicadas na Interpretação de Imagens
A fotografia aérea digitalizada de 1965 foi georreferenciada para permitir os
mapeamentos da cobertura e uso da terra e áreas de preservação permanente. Para isto, foram
utilizados pontos de controle obtidos em campo com Global Navigation Satellite System
(GNSS) e adotados como verdade terrestre, além de análise visual comparativa com a Carta
Topográfica da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) na escala de
1:100.000 de 1970 e disponibilizada no Geoportal do Exército Brasileiro
(http://www.geoportal.eb.mil.br).
Para garantir a precisão espacial e aumentar a confiabilidade na detecção das
alterações, foi aplicada a função polinomial de primeira ordem, obtendo-se erro quadrático
médio inferior a um pixel, estabelecendo-se o datum WGS84, coordenadas UTM e zona 24
54
Sul como padrões, utilizando-se o software ArcGis 10.2 (ESRI, 2014). A fotografia aérea
georreferenciada apresentou um nível de detalhamento espacial onde foi possível interpretar
os objetos em superfície na escala aproximada de 1:11.000.
Devido à limitação das características da imagem em níveis de cinza, foram realçadas
as informações da mesma por meio da manipulação de histograma e visualização em sistema
de cores falsas (tabela de cores pseudocolor), utilizando o software ER Mapper 7.1 (EARTH
RESOURCE MAPPING, 2006), em auxílio a delimitação entre alvos, definindo zonas
homólogas, além de compará-las com algumas informações disponíveis da Carta Topográfica.
Como dados auxiliares na análise e interpretação da fotografia aérea de 1965, foram usadas
outras fotografias coloridas georreferenciadas do ano de 1979, com maior riqueza de detalhes,
para validação da cobertura e uso da terra. Apesar das mudanças ocorridas na área nos 14
anos de diferença entre as fotografias, o interesse foi apenas o de utilizar elementos de
reconhecimento e guias para os elementos ou chaves de interpretação de imagens: cor,
tonalidade, forma, tamanho, textura, sombra e associações.
No caso das imagens orbitais ortorretificadas do RAPIDEYE de 2012 foi possível a
fiel comparação com a fotografia de 1965, requerendo apenas o ajuste das escalas por causa
das diferentes resoluções das cenas. Desta forma, para garantir a confiabilidade, adotou-se a
escala final de 1:30.000 para representação das informações comparativas. Visando melhorar
a qualidade de visual das imagens RAPIDEYE foram utilizadas as bandas do visível e
infravermelho próximo no sistema de cores Red-Green-Blue (RGB), além de técnicas razão
entre bandas espectrais, sob a forma de índices, tais como o Normalized Difference Vegetation
Index (NDVI) e o Normalized Difference Water Index (NDWI), e o realce por ampliação não
linear de contrastes dos histogramas, como sugerido por RIOS et al. (2016) para diferenciação
entre unidades geoambientais na zona costeira.
4.4 Procedimentos para os mapeamentos temáticos
Os mapas de cobertura e uso da terra foram vetorizados com base na análise e
interpretação visual das imagens digitais tratadas, além da experiência do intérprete e da
confirmação por reconhecimento de classes e feições em campo, que permite a redução de
possíveis erros. Tal afirmação se baseia nos experimentos realizados por MACHALA et al.
(2015) onde se obteve 93% de acurácia com a vetorização contra 84% por processos
semiautomáticos. A escolha das classes de mapeamento adotadas partiu de trabalhos prévios
para a área de estudo (BOORI; AMARO, 2010; ROCHA et al., 2011; BOORI et al., 2012).
55
Entretanto alguns termos foram adaptados a partir do conhecimento dos autores, quando
necessária à compatibilização da nomenclatura com a aplicação das normativas legais, pois
somente assim foi possível a interpretação sobre a base da cobertura e uso da terra, quais
seriam as áreas de preservação permanente e quais as principais mudanças ocorridas no
período de análise.
A identificação das zonas ou áreas úmidas, igualmente, ocorreu sobre a base da
cobertura e uso da terra, uma vez que foi possível mapear a área inundável não modificada
nesse setor estuarino, além dos canais de maré e bosques de manguezais, ambientes que se
enquadram na definição das áreas úmidas disposta na Resolução n° 07, de 11 de junho de
2015 do Comitê Nacional das Zonas Úmidas (CNZU).
O mapeamento das APP de 1965 e 2012 sobre cada base cartográfica requereu alguns
cuidados para delimitar fielmente esses espaços a partir de referências geográficas passíveis
de identificação nas fotografias e imagens orbitais. Para o período de análise, como referência
espacial para estabelecer a APP de curso d’água foi adotado o nível do leito regular dos
cursos d’água. Nas imagens de 2012, a identificação foi facilitada pelo uso das diferentes
bandas espectrais submetidas aos algoritmos de PDI, enquanto especificamente para
fotografia de 1965, também foram realizadas comparações com outras fotografias. É
importante enfatizar que no mapeamento das APP do ano de 1965 foram projetados todos os
limites estabelecidos para as faixas marginais dos cursos d’água, mas somente se considerou
como APP aqueles espaços providos de cobertura vegetal, tal como indicado na Figura 2a.
No mapeamento das áreas de preservação ocorreram sobreposições de áreas da faixa
marginal dos cursos d’água com outras faixas de larguras diferentes, e ainda com as áreas de
manguezal. Desse modo, para evitar a contabilização duplicada de uma mesma área, o critério
foi identificar primeiro as sobreposições entre APP e os cursos d’água, eliminando tais
recobrimentos por exclusão das intersecções em SIG. Portanto, não foram computadas as
sobreposições e, especificamente para o ano de 2012, os manguezais quantificados foram
àqueles situados nas áreas contínuas as faixas marginais dos cursos d’água. Isto, porque, os
manguezais ou qualquer outra vegetação que ocorresse dentro das faixas marginais, já eram
quantificados enquanto vegetação na APP de cursos d’água, tal como se ilustra na Figura 2b.
56
5 Resultados e Discussões
A área de mapeamento e comparação da cobertura e uso da terra para os anos de 1965
e 2012 compreendeu 172,34 km² na foz do rio Apodi-Mossoró e ambientes próximos ao
estuário. Desta forma, alguns quantitativos e informações sobre as principais mudanças são
apresentadas a seguir.
5.1 Cobertura e uso da terra do estuário em 1965 e 2012
Para o mapeamento da cobertura e uso da terra no ano de 1965 (Figura 3a, c) foram
constatadas as seguintes classes e seus quantitativos em hectares: açude (29,86 ha); área
agrícola (304,34 ha); área descoberta (1.607,08 ha); área inundável (2.370,06 ha); área
urbanizada (115,52 ha); banco de areia (26,96 ha); curso d’água (705,67 ha); duna móvel
(889,33 ha); lagoa costeira (17,72 ha); mangue (195,91 ha); oceano (1.754,21 ha); planície
eólica (1.132,37 ha); praia (41,09 ha); salina (3.363,68 ha); salina em expansão (1.711,92 ha);
savana-estépica arborizada (2.968,71 ha).
Em relação ao ano de 2012 (Figura 3b, d) foram constatadas as seguintes classes com
seus quantitativos: área agrícola (991,98 ha); área descoberta (1.085,37 ha); área inundável
(462,97 ha); área urbanizada (862,63 ha); banco de areia (278,84 ha); curso d’água (515,07
ha); duna móvel (412,25 ha); lagoa costeira (0,71 ha); mangue (331,45 ha); oceano (1.512,42
ha); planície eólica (1.044,40 ha); praia (141,67 ha); salina (7.439,22 ha); savana-estépica
arborizada (2.155,48 ha). Ver síntese na Tabela 1.
57
Tabela 1 Síntese das mudanças da cobertura e uso da terra entre 1965 e 2012.
COBERTURA E USO DA TERRA
Classe 1965 2012 Diferença (ha)
Área (ha) Área (ha) Ganho Perda
Açude 29,86 - 29,86
Área agrícola 304,34 991,98 687,64
Área descoberta 1.607,08 1.085,37 521,71
Área inundável 2.370,06 462,97 1.907,09
Área urbanizada 115,52 862,63 747,11
Banco de areia 26,96 278,84 251,88
Curso d’água 705,67 515,07 190,60
Duna móvel 889,33 412,25 477,08
Lagoa costeira 17,72 0,71 17,01
Mangue 195,91 331,42 135,51
Oceano 1.754,21 1.512,42 241,79
Planície eólica 1.132,37 1.044,40 87,97
Praia 41,09 141,67 100,58
Salina 3.363,68 7.439,22 4.075,54
Salina em expansão 1.711,92 - 1.711,92
Savana-Estépica arborizada 2.968,71 2.155,48 813,23
Dentre as modificações ocorridas entre os dois períodos de análise, notou-se que a
maior redução de área ocorreu para as áreas inundáveis do estuário, com perda de 1.907,09
ha. Tal redução foi decorrente da expansão das salinas na década de 1960, ampliando-se e
criando-se novas salinas, corroborando com as observações de Costa et al., (2013), ocupando
antigas áreas inundáveis da planície flúvio-marinha. As salinas que em 1965 apareciam com
total de 1.711,92 ha foram incorporadas às áreas de salinas em 2012, juntamente com outras
áreas, tais como áreas descobertas, dunas móveis, planícies eólicas e mangues. No processo
de expansão das salinas também ocorreu a utilização de alguns cursos d’água menores, mas
foi possível observar ainda o processo de assoreamento ao longo do curso do rio Apodi-
Mossoró, constatando-se a redução de 190,60 ha dessas áreas, com deposição de sedimentos
na desembocadura.
Cabe destacar que até 1975 a perda de áreas ou zonas úmidas não geravam grandes
repercussões internacionais, pois careciam de maior interesse e estratégias de proteção, até
que a Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional, mais conhecida como
Convenção de RAMSAR, estabelecida em 1971, entrasse em vigor em 21 de dezembro de
1975. Entretanto, somente foi incorporada plenamente ao arcabouço legal do Brasil em 1996,
pela promulgação do Decreto nº 1.905 de 1996 (JUNK et al., 2014).
Na análise em relação aos manguezais mostrou expansão de 135,54 ha entre 1965 e
2012, apesar de várias áreas com essa vegetação terem sido suprimidas nas décadas seguintes
58
no contexto da região (mais precisamente 120,36 ha). Entretanto, ocorreu a ampliação,
principalmente, nas margens dos cursos d’água do rio Apodi-Mossoró, canal João da Rocha e
rio Morro Branco.
Nas imediações do estuário ocorreu significativa supressão das áreas com savana-
estépica arborizada (813,24 ha), onde o aproveitamento das áreas se deu para a expansão
agrícola (687,64 ha).
Outros acréscimos em menor quantidade ocorreram para as praias e bancos de areia no
litoral, com processos de progradação quando comparados os dois extremos temporais de
análise. Tal deposição de sedimentos foi localizada no setor de análise e modificou as
morfologias costeiras, percebendo-se ainda alterações intensas em alguns trechos por ações
erosivas e em outros por deposição. Entretanto, a avaliação do balanço sedimentar em trechos
de praias arenosas deve considerar monitoramento em intervalos de médio e longo prazo,
interpondo-se anos e décadas. No contexto geral da região tem predominado a erosão costeira,
corroborando com as análises de Amaro e Araújo (2008) e Boori et al. (2012). Somente nas
análises mais recentes é que se têm registrado fases de deposição de sedimentos, ou ao menos
um estado de equilíbrio, segundo Silva et al. (2015).
No recorte espacial estudado, percebeu-se que as maiores expansões da cobertura e
uso da terra ocorreram para as áreas urbanizadas (747,11 ha) e as salinas (4.075,54 ha). Esta
última demonstra o potencial salineiro nessa região estuarina, apesar de ter contribuído para
ocupação de áreas úmidas, promovendo ocorrências de inundações na área urbana,
especialmente na cidade de Areia Branca (MEDEIROS et al., 2012).
Considerando as áreas de manguezais, os cursos d’água, as áreas inundáveis da
planície flúvio-marinha e as lagoas costeiras como áreas de interesse pela Convenção de
RAMSAR, verificou-se que no geral ocorreu perda das áreas úmidas entre 1965 e 2012,
principalmente pela influência da atividade salineira, estimando-se a redução em 3.691,11 ha,
mesmo incorporando a expansão do manguezal e sem considerar as salinas já existentes antes
dos tratados internacionais.
59
Figura 3 Mapeamento e quantitativos da cobertura e uso da terra: A) Cobertura e uso da terra em 1965;
B) Cobertura e uso da terra em 2012; C) Quantitativos em hectares da cobertura da terra em 1965; D)
Quantitativos em hectares da cobertura da terra em 2012.
60
5.2 Delimitação das Áreas de Preservação Permanente
Com a aplicação do Código Florestal de 1965 na área de estudo, incidia a restrição das
APP sobre as faixas marginais dos cursos d’água, cabendo ressaltar que os espaços protegidos
seriam aqueles que apresentassem vegetação natural, não considerando a proteção, portanto,
para toda a faixa marginal desses ambientes, já alterados e, por vezes, desprovidos
naturalmente de vegetação pela sua condição hipersalina.
O mapeamento apresentado neste item projeta as APP, conforme referências
geográficas estabelecidas nas normas, em toda a área da faixa marginal para os dois períodos
(1965 e 2012), sendo ainda realizada a abrangência das áreas protegidas de acordo com a
mudança da legislação e se isto foi suficiente para a proteção de áreas úmidas.
No período de análise houve um ganho de áreas de preservação relativo às faixas
marginais de cursos d’água como resultado da subdivisão de larguras e ampliação das
metragens determinadas pela Lei de Proteção da Vegetação Nativa (Figura 4a, b). Além disto,
o manguezal em toda a sua extensão passou a ser expressamente definido como uma APP
(BRASIL, 2012b; NIEBUHR, 2012).
Apesar de ter identificado como APP somente as faixas marginais dos cursos d’água,
o Código Florestal de 1965 considerava a diferenciação de largura a ser protegida, de acordo
com a espessura dos canais. Neste sentido foram observadas três categorias do que se
denominou como APP de curso d’água: cinco metros de faixa marginal protegida (5 m), com
35,72 ha; metade da largura do curso d’água (1/2 m) com 221,47 ha; e, cem metros de
proteção da faixa marginal (100 m) com 197,98 ha; totalizando-se 455,17 ha de áreas de
preservação permanente no recorte da área de estudo (Figura 4a e 5a).
61
Figura 4 Identificação dos tipos de APP no Estuário Apodi-Mossoró e devidas mensurações
projetadas. A) Delimitação de acordo com Lei de 1965, sendo 03 tipos de APP; B) Delimitação de
acordo com Lei de 2012, sendo 06 tipos de APP.
Com as alterações legais de 2012, as faixas marginais para APP de cursos d’água
foram ampliadas e criadas novas subdivisões, devendo-se somar ainda as áreas com
manguezal. Assim, foram identificados os seguintes valores, de acordo com o tipo de APP:
trinta metros de faixa marginal (30 m) com 134,19 ha; cinquenta metros (50 m) com 86,07 ha;
62
cem metros (100 m) com 235,51 ha; duzentos metros (200 m) com 262,71 ha; quinhentos
metros (500 m) com 219,09 ha; e, manguezal em toda a sua extensão (100%) com 114,39 ha
(total fora das faixas dos cursos d’água). O resultado total foi de 1.051,96 ha de APP (Figura
4b e 5b).
Figura 5 Quantitativo em hectares e percentual por tipo de APP de acordo com o arcabouço legal de
cada período: a) Proporção por tipo de APP em 1965; b) Proporção por tipo de APP em 2012.
Apesar da expansão das APP, quando projetada a atual referência normativa, é
importante observar que essa ampliação deve considerar a cobertura e uso da terra
historicamente consolidados, uma vez que diversos usos ocorriam em vários trechos das áreas
protegidas antes das restrições impostas pela legislação.
5.3 Cobertura e uso da terra em APP
Em 1965, as áreas de preservação permanente eram mais reduzidas em tipo e em área
tratando-se do estuário, pois a proteção encontrava apelo para impedir a supressão de diversas
coberturas vegetais, mas não previa a proteção de áreas geográficas também importantes
quanto ao aspecto ecossistêmico, por estarem ausentes de vegetação, mas que contribuíam
direta ou indiretamente para a manutenção do ambiente. Os referenciais geográficos
frequentemente não eram claros no Código Florestal, sendo ausentes alguns parâmetros
mínimos para a devida demarcação de algumas APP.
Para o ano de 1965, a área de estudo apresentava as seguintes coberturas e usos da
terra dentro da projeção das APP mapeadas, com os devidos quantitativos em hectares: praia
(2,19 ha); área descoberta (4,67 ha); planície eólica (5,71 ha); savana-estépica arborizada
63
(7,90 ha); área urbanizada (11,20 ha); duna móvel (28,90 ha); salina em expansão (34,64 ha);
mangue (75,55 ha); salina (107,72 ha); área inundável (176,69 ha); totalizando 455,17 ha dos
tipos de ocupação nas APP criadas em 1965 (Figura 6a, c). Entretanto, o que poderia ser
considerado efetivamente como APP em 1965 seriam as áreas ocupadas pela vegetação
natural situada nas faixas marginais dos cursos d’água no estuário Apodi-Mossoró. Dessa
maneira, as savanas-estépicas arborizadas e os mangues seriam efetivamente a APP do
período, somando-se uma área de 83,45 ha de ambientes protegidos.
Dos 371,72 ha restantes, áreas como a planície eólica, as dunas móveis e as áreas
inundáveis poderiam ter sido decretadas pelo poder público como áreas de preservação, mas
não se verifica essa normativa ainda na década de 60. O que ocorreu na época foi o rápido
processo de instalação da indústria salineira no RN, em particular no Estuário Apodi-
Mossoró. No período, as demais classes com espaços utilizados pelo homem poderiam ter
sido consideradas como áreas com uso consolidado, afastando a classificação de APP, a
exemplo das áreas descobertas (modificadas ou terraplenadas), áreas urbanizadas, salinas em
expansão e salinas. Isto explicaria a atual existência de um conjunto de usos dentro dos
limites das áreas protegidas.
Em relação ao ano de 2012, os quantitativos em hectares para cada tipo de cobertura e
uso da terra, de acordo com a projeção da nova delimitação das APP, foram: área descoberta
(0,43 ha); duna móvel (1,34 ha); área agrícola (6,16); praia (34,98 ha); área urbanizada (37,06
ha); banco de areia (41,30 ha); savana-estépica arborizada (46,68 ha); planície eólica (78,80
ha); salina (220,77 ha); área inundável (252,99 ha); mangue (331,45 ha – inclui o mangue
dentro e fora das faixas de APP de curso d’água); totalizando 1.051,96 ha (Figura 6b, d).
Desse total, desconsiderando as áreas anteriormente consolidadas com algum tipo de uso, tais
como área descoberta, área agrícola, área urbanizada e salina; restam como APP as áreas
ainda não descaracterizadas, que somam 787,57 ha. Ver síntese na Tabela 2.
64
Tabela 2 Síntese dos tipos de cobertura e uso da terra demarcados em APP. COBERTURA E USO DA TERRA EM APP
Tipo 1965 2012 Diferença (ha)
Área (ha) Área (ha) Ganho Perda
Praia 2,19 - 2,19
Área descoberta 4,67 0,43 4,24
Planície eólica 5,71 78,80 73,09
Savana-estépica arborizada 7,90 46,68 38,78
Área urbanizada 11,20 37,06 25,86
Duna móvel 28,90 1,34 27,56
Salina em expansão 34,64 - 34,64
Mangue 75,55 331,45 255,90
Salina 107,22 220,77 113,55
Área inundável 176,69 252,99 76,30
Efetivamente APP 83,45 787,57 704,12
65
Figura 6 Mapeamento e quantitativos da cobertura e uso da terra projetados nas APP de acordo com
arcabouço legal de cada período: a) Mapeamento da cobertura e uso da terra em APP no ano de 1965;
b) Mapeamento da cobertura e uso da terra em APP no ano de 2012; c) Quantitativos em hectares da
cobertura e uso da terra em APP no ano de 1965; d) Quantitativos em hectares da cobertura e uso da
terra em APP no ano de 2012.
Na análise das Figuras 4 e 6 destacou-se que, mesmo com a evolução das normas que
tratam sobre as áreas de preservação permanente, ainda carecem de especificidades voltadas
aos ambientes estuarinos, em especial para as áreas úmidas inundáveis, não sendo tal
66
legislação suficiente para garantir a proteção da maioria das zonas úmidas, que outrora eram
amplas na área de estudo, quando ressaltada a Figura 3.
Roriz e Fearnside (2015) destacaram que com a modificação do Código Florestal
houve redução na medida das áreas de preservação permanente nos cursos d’água, devido à
mudança da referência para o nível do leito regular (desde 1989 a referência era o leito maior
do curso d’água). Igualmente, a alteração de regras acerca de áreas úmidas e várzeas de rios,
que foram termos incluídos de forma excludente na legislação, pois a eficácia de proteção
sobre essas áreas somente ocorrerão se houver interesse do poder público, deixando de ser
regra para ser tratada como uma exceção.
Em relação ao manguezal no ano de 2012 houve uma melhora em relação à proteção,
pois a inserção de todo o manguezal como ambiente protegido considerou esse ecossistema,
mesmo quando geograficamente afastado dos cursos d’água. Ainda que restasse a proteção
somente para as faixas marginais dos canais de maré, com as novas larguras das APP haveria
garantia de proteção para 217,06 ha de manguezais, se comparado aos 75,55 ha em 1965. No
entanto, importante salientar que para o período analisado ocorreu expansão das áreas de
manguezal sobre áreas disponíveis nas planícies flúvio-marinhas mais próximas aos rios
Apodi-Mossoró, Morro Branco e canal João da Rocha. Os mangues mais afastados dos canais
somaram 114,39 ha em 2012. Contudo, atualmente são quase inexistentes as áreas inundáveis
que possibilitem a evolução desse manguezal, ainda mais diante do quadro de mudanças
climáticas com avanço do nível do mar (ICMBio, 2018).
Outra consequência da elevação do nível do mar (IPCC, 2014a, 2014b; BUSMAN et
al., 2016; PATERSON et al., 2017) na área de estudo, pode auxiliar na explicação já
apresentada por Medeiros et al. (2012), que justifica a ocorrência de inundações na área
urbana da cidade de Areia Branca. Tal fenômeno pode agravar também outras infraestruturas
instaladas nas planícies estuarinas, a exemplo das salinas que estão situadas quase ao nível do
mar atual e, portanto, naturalmente sujeitas às inundações.
Realizando uma estimativa de acordo com o Código Florestal de 1965 e considerando
somente as áreas inundáveis da época, a legislação permitiria a proteção de 7,46% desse
ambiente. Mas se fossem consideradas também as áreas inundáveis e de mangue (zonas
úmidas) esse percentual seria de 9,83%. Outro cenário seria a exclusão do ecossistema
mangue da contabilização, pois ao levar em conta somente as áreas inundáveis e salinas em
expansão sobre planícies flúvio-marinhas naquele período, o percentual cairia para 5,18%.
Como as salinas em expansão ainda não estavam efetivamente implantadas, aqui foi
considerada no cálculo das áreas úmidas, para fins de estimativa da ocupação da planície
67
flúvio-marinha, zona úmida do estuário. Caso só elas fossem as zonas úmidas do período, isto
representaria uma proteção de 2,02% com a demarcação das APP.
Por outro lado, o cenário atual para o Apodi-Mossoró, considerando o ano de 2012 e
proporcionalmente todas as perdas anteriores relativas às áreas úmidas, tem-se os seguintes
percentuais: se contabilizado somente as áreas inundáveis, a proteção alcançaria 54,65%; mas
considerando as áreas inundáveis e o mangue, esse percentual de proteção atinge 73,57%, não
havendo mais a classe de salinas em expansão para tratá-la no cenário das áreas úmidas.
Nessas condições, a atual realidade do estuário seria interpretada como uma área com
representativa proteção em mais da metade como sendo áreas de preservação permanente.
Contudo, essa análise não seria coerente com o tamanho das áreas naturais que foram
modificadas e que seriam consideradas zonas úmidas se realizada comparação com o ano de
1965.
Somente para fins de exercício, se realizado um ensaio projetando-se as APP de
acordo com a Lei 12.651/12 sobre a cobertura e uso da terra do ano de 1965, a realidade seria
a seguinte: Cenário considerando todas as áreas inundáveis e mangues, a proporção de APP
seria de 22,78%; Cenário das áreas inundáveis, mangues e salinas em expansão, o percentual
seria de 13,66%; Cenário somente das áreas inundáveis, teríamos 10,67% de áreas protegidas;
e finalmente considerando as áreas inundáveis e salinas em expansão como zonas úmidas, a
proteção reduziria para 6,20%. Se somente as salinas em expansão fossem zonas úmidas, isto
representaria somente 2,65% de proteção das APP nesses locais. Ver síntese na Tabela 3.
Tabela 3 Possibilidades de cenários com diferentes níveis de proteção garantidos pelas APP sobre as
Zonas Úmidas em 1965 e 2012, considerando diferentes classes como áreas úmidas. Na última coluna
o cenário da aplicação do “Código Florestal” de 2012 projetado na cobertura e uso da terra do ano de
1965.
CENÁRIOS DA PROTEÇÃO DAS APP PARA AS ZONAS ÚMIDAS
Tipo Nível de Proteção em Percentural
1965 2012 Norma de 2012 projetada em 1965
SE 2,02% - 2,65%
AI 7,46% 54,65% 10,67%
AI+Ma 9,83% 73,57% 22,78%
AI+SE 5,18% - 6,20%
AI+Ma+SE 6,71% - 13,66%
*AI-Áreas Inundáveis; Ma-Mangue; SE-Salinas em Expansão.
É importante observar que a realização de análises tal como as realizadas neste
trabalho, onde se busca projetar informações pretéritas com base em dados superiores à 40
68
anos, apresenta limitação cartográfica, pois em 1965 ainda não havia o monitoramento da
superfície terrestre a partir de satélites, limitando a fonte de dados. Apesar disto, as fotografias
aéreas disponíveis com o crescimento da aerofotogrametria geraram acervos importantes com
ampla possiblidade de mapeamento em diversas escalas, temporal e espacial, sendo necessária
a conciliação de datas próximas à publicação das normativas.
6 Conclusões
Com os produtos de sensoriamento remoto utilizados neste trabalho, foi possível
interpretar as informações sobre a cobertura e uso da terra para os anos de 1965 e 2012 com
confiança para a escala 1:30.000. Permitindo também realizar comparações acerca das
principais transformações espaciais na superfície de forma quantificada.
Para a área de estudo as principais mudanças ocorreram para as antigas áreas
inundáveis, salinas em expansão, vegetação de savana-estépica arborizada, áreas descobertas
e dunas móveis que tiveram suas áreas reduzidas. Por outro lado, os acréscimos principais que
transformaram a cobertura e uso da terra naquele espaço, se deram por causa das salinas, áreas
urbanizadas, áreas agrícolas, e processos de deposição em praias com formação de bancos de
areia. Nessas mudanças a área mais afetada do estuário foram as planícies flúvio-marinhas
sujeitas ao processo natural de inundação.
O manguezal apresentou uma sensível melhoria ao considerar a sua expansão em
termos de área, apesar das pretéritas supressões na região, pois se verifica que ao longo das
margens dos principais canais flúvio-marinhos, o mangue tem resistido e evoluído sobre
alguns trechos das áreas úmidas que restam naquele estuário, e sua proteção foi incluída de
forma explícita na legislação ambiental.
Através dos procedimentos adotados e com base nas especificações e referenciais
constantes no Código Florestal e na Lei de Proteção da Vegetação Nativa, ocorreram às
delimitações das Áreas de Preservação Permanente sobre a cobertura e uso da terra dos anos
de 1965 (443,39 ha) e 2012 (1.051,96 ha), mas descontadas as áreas anteriormente utilizadas
pelas atividades humanas e que não constituíam APP, restaram, respectivamente, 83,45 ha e
787,57 ha.
Foi possível verificar que o rigor da legislação ambiental está maior e mais claro,
inclusive em relação aos referenciais geográficos que necessitam serem observados na
demarcação da APP. Isto pode ser afirmado ao ser verificado um aumento de 704,12 ha de
áreas protegidas entre 1965 e 2012. Mesmo assim, concorda-se com Roriz e Fearnside (2015),
69
em relação às mudanças de referenciais quanto ao nível para o leito regular, quando deveria
ser o nível mais alto da inundação, e a necessária adoção de medidas para proteção específica
das áreas úmidas e várzeas para atender a convenção de RAMSAR e Biodiversidade.
Pode-se concluir que mesmo com o aumento das metragens para as áreas de
preservação permanente ao se comparar os anos de 1965 e 2012, a proporção de espaços
protegidos foi baixa ao ser analisada a evolução da cobertura e uso da terra e os quantitativos
de áreas naturais que foram descaracterizadas, com ênfase nas áreas úmidas de importância
internacional, ainda mais ao considerar a ocorrência de cenários atuais de inundação diante
das mudanças climáticas.
É importante enfatizar que as metas estabelecidas nas convenções das quais o Brasil
faz parte, requerem análises de acordo com a particularidade do espaço intencionado para a
proteção, principalmente em se tratando de locais onde ocorreram intensas modificações na
cobertura e uso da terra, como por exemplo, a área estudada.
7 Agradecimentos
Os autores agradecem a CAPES pela bolsa de doutorado de L. S. Aguiar, ao
Laboratório de Geoprocessamento (GEOPRO/UFRN), ao projeto CRONALOG da Rede
Cooperativa Norte-Nordeste de Monitoramento Ambiental de Áreas Sob Influência da
Indústria Petrolífera (Rede 05 PETROMAR).
70
5.2. Artigo 2: Geotecnologias de Baixo Custo Aplicadas à Avaliação de Risco por
Inundação em Áreas Urbanas Costeiras em Cenários de Mudanças Climáticas
A partir das discussões das áreas úmidas e protegidas, é possível estabelecer uma
relação entre mudanças na cobertura e uso da terra em um período de quase 50 anos e a perda
de extensas áreas úmidas e outras protegidas pela legislação até então vigente no período. A
forma como ocorreram as transformações dos espaços naturais e a ocupação de áreas baixas e
planas, sujeitas naturalmente ao processo de inundação, contribuiu diretamente para elevar os
riscos da inundação costeira, em especial na porção mais baixa do relevo onde está situada a
cidade de Areia Branca.
Essa cidade, por sua vez, surgiu na margem do rio, e a urbanização atingiu o limite das
planícies flúvio-marinhas inundáveis, desprovidas de proteção de vegetação nativa, com
presença de canais, impermeabilização dos solos e movimentação de terra em espaços quase
ao nível do mar, e no contexto de uma região que teve redução drástica de áreas que antes
serviam para o espraiamento das águas marítimas.
Mesmo com o processo de ocupação consolidado há várias décadas, e verifica-se que
sem contrariar a legislação até então vigente e com limitada proteção, não significa ignorar
que foram ocupadas áreas onde o perigo era existente, e várias áreas edificadas surgiram de
forma exposta em ambientes originalmente vulneráveis.
Sendo a área da cidade um dos locais mais vulnerável ao risco por inundação, se fez
necessário verificar como está estabelecido o risco atual, a partir de informações mais
detalhadas, com nível de confiança em relação a precisões centimétricas, uma vez que para
realizar as projeções futuras de elevação do nível médio do mar, é fundamental um modelo de
representação continental com baixo erro e ajustado ao mesmo sistema de referência marinho,
para compreender o comportamento das marés (do mar) nesse ambiente de transição. Para
isto, foi testada uma nova metodologia de mapeamento tridimensional de alta resolução e seu
potencial de detalhamento para compreensão das áreas sob exposição ao risco.
O presente capítulo contém o manuscrito do artigo “Geotecnologias de Baixo Custo
Aplicadas à Avaliação de Risco por Inundação em Áreas Urbanas Costeiras em Cenários de
Mudanças Climáticas” submetido ao “Anuário do Instituto de Geociências – UFRJ”, enviado
em 10/08/2018, encontrando-se em fase de revisão.
71
Geotecnologias de Baixo Custo Aplicadas à Avaliação de Risco por Inundação em Áreas
Urbanas Costeiras em Cenários de Mudanças Climáticas
Low Cost Geotechnology Applied to Flood Risk Assessment in Coastal Urban Areas in
Climate Change Scenarios
Leonlene de Sousa Aguiar1; Venerando Eustáquio Amaro1; Paulo Victor do Nascimento
Araújo1,2; André Luis Silva dos Santos3
1Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa de Pós-Graduação em
Geodinâmica e Geofísica, Departamento de Geologia, Centro de Ciências Exatas e da Terra,
Lagoa Nova, 59078-970, Caixa Postal 1524, Natal/RN, Brasil 2Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, Campus
Macau. R. das Margaridas, 300, Conjunto COHAB, 59500-000, Macau-RN, Brasil 3Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, Campus São Luis Monte
Castelo. Av. Getúlio Vargas, 04, Monte Castelo, CEP 65030-005, São Luís-MA, Brasil
E-mails: [email protected]; [email protected]; [email protected];
Resumo
A elevação do nível médio do mar e a tendência de mais ocorrências de inundações
costeiras no mundo são preocupações da comunidade internacional. A compreensão dos
perigos, exposição e riscos nas cidades costeiras são importantes para planejar e traçar
políticas de adaptação. O objetivo deste artigo foi o de modelar a inundação costeira com
tendências à elevação do nível do mar em áreas baixas e planas sob influência de marés que
oferecem riscos ao ambiente urbano, por meio de Remotely Piloted Aircraft (RPA) e Geodésia
de precisão de baixo custo, adotando como estudo de caso a cidade de Areia Branca no estado
do Rio Grande do Norte (Nordeste do Brasil). A modelagem da inundação foi realizada em
Modelo Digital de Superfície com precisão vertical de 5,2 cm gerado a partir de técnicas de
fotogrametria digital, e vinculado ao Sistema Geodésico Brasileiro a partir de dados de Global
Navigation Satellite System (GNSS). A cota de inundação foi convertida com base no Nível
de Redução da Marinha e ajustada a uma Referência de Nível do IBGE. A análise dos riscos
da inundação costeira na cidade de Areia Branca/RN revelou uma profundidade de lâmina
d’água de 50 cm que atingem áreas públicas e privadas, sendo agravada pela própria condição
de vulnerabilidade da maior parte da população e ocupação de espaços afetados pelas mais
elevadas marés de sizígia. Eventos de inundação podem resultar em danos da ordem de R$
597.438,68 ou $ 147.152,37 dólares ($ 1 = R$ 4,06 em 01/09/2018), e os cenários de
mudanças climáticas demonstram tendências de inundação que podem afetar
aproximadamente 40% da cidade.
Palavras-chave: Veículo Aéreo Não Tripulado - VANT; Sistema Global de Navegação por
Satélite - GNSS; Risco; Fotogrametria Digital; Inundações Costeiras
72
Abstract
The rise in average sea level and the trend of more occurrences of coastal flooding in
the world are concerns of the international community. Understanding hazards, exposure and
risks in coastal cities are important in planning and designing adaptation policies. The goal of
this article was to model coastal flooding due to sea level rise in low and flat areas under the
influence of tides that pose risks to the urban environment through Remotely Piloted Aircraft
(RPA) and low-cost accuracy geodesy taking, as a case study, the city of Areia Branca in the
state of Rio Grande do Norte (Northeastern Brazil). The flood modelling was carried out on a
Digital Surface Model with vertical precision of 5.2 cm generated by digital photogrammetry
techniques, and linked to the Brazilian Geodetic System from Global Navigation Satellite
System (GNSS) data. The flood quota was converted based on the Reduction Level of the
Navy and adjusted to an IBGE Reference Level. The analysis of the risks of coastal flooding
in the city of Areia Branca / RN revealed a flood depth of 50 cm, reaching public and private
areas, aggravated by the vulnerability of most of the population and by the occupation of
areas affected by the highest spring tides. Flood events may result in damages of the order of
R$ 597,438.68 or $ 147,152.37 ($ 1 = R$ 4.06 as of 09/1/2018), and climate change scenarios
demonstrate flood trends that can affect approximately 40% of the city.
Keywords: Unmanned Aerial Vehicle - UAV; Global Navigation Satellite System – GNSS;
Risk; Digital Photogrammetry; Coastal Flooding
73
1 Introdução
Estudos sobre o fenômeno da inundação foram realizados em várias partes do mundo,
compreendendo bacias hidrográficas, áreas costeiras, zonas úmidas, estuários e ambientes
urbanos nas mais variadas escalas, e servem para identificar perigos, vulnerabilidades e riscos
que subsidiam o gerenciamento de riscos à desastres (RAO et al., 2011; PEZZOLI et al.,
2013; SINGH et al., 2018; SCHRÖTER et al., 2018).
A modelagem de diferentes tipos de inundação além de ser importante para o
gerenciamento de riscos, vem considerando o agravamento dos cenários futuros que as
inundações podem tomar, tornando-se de maior profundidade e mais frequentes como
resultado das mudanças climáticas globais e os impactos decorrentes da elevação do nível do
mar (CHURCH et al., 2013; IPCC, 2014a, 2014b; SWEET et al., 2014; PBMC, 2016; IBGE,
2016; VOUSDOUKAS et al., 2018a; RASMUSSEN et al., 2018).
A projeção da inundação e investigação das cotas de risco em diferentes cenários
requer a existência de uma base de dados com origem em Modelos Digitais de Elevação
(MDE) obtidos a partir de diferentes fontes, sendo fundamental a compreensão dos limites de
resolução espacial, precisão e acurácia vertical para evitar erros em relação aos reais locais
afetados por inundações (COOPER et al., 2013; SATISHKUMAR et al., 2013; FERREIRA et
al., 2014; ARAÚJO et al., 2018a).
O sistema de referência adotado, a precisão dos dados do terreno e a escala de análise
são referenciais importantes de acordo com o objeto de investigação, e para o caso das zonas
costeiras e estuarinas que requerem análises locais com escalas grandes, tornam-se de difícil
realização, pois dados gratuitos são limitados no Brasil e a geração de MDE na maioria dos
casos exige trabalhos demorados e dispendiosos do ponto de vista financeiro. Além disto é
preciso conhecer o erro do MDE, principalmente para trabalhos realizados em nível local com
riqueza de detalhes (VOUSDOUKAS et al., 2018b).
Os perigos da inundação costeira preocupam, pois cerca de 10% da população mundial
vive nas zonas costeiras com até 10 metros de altitude, representando 2% da área terrestre do
mundo, vulneráveis aos possíveis impactos das mudanças climáticas (MCGRANAHAN et
al., 2007; NICHOLLS; CAZENAVE, 2010). Para se ter ideia, até o ano de 2050 estimam-se
prejuízos econômicos da ordem de US$ 940 milhões de perdas médias anuais caso o nível do
mar se eleve 20 cm nas 22 maiores cidades costeiras da América Latina e Caribe,
74
ultrapassando o intervalo de mais de US$ 1 bilhão no caso de subida de 40 cm do nível do
mar (ADAMS et al., 2014).
Diante das preocupações, bases altimétricas em intervalos centimétricos tornam-se
fundamentais, sobretudo quando há o interesse na análise do uso e ocupação do solo em
cidades costeiras, ou quando ocorrem atividades econômicas nesses ambientes, com o intuito
da estimativa de riscos por inundação. A modelagem de perdas por inundação fornece o
conhecimento para otimizar investimentos e prover o gerenciamento dos riscos por
inundação, e com as atuais possibilidades de modelar cidades virtuais em 3D com base em
sensoriamento remoto, só vem a contribuir cada vez mais para o planejamento (SCHRÖTER
et al., 2018).
A probabilidade das inundações costeiras vem aumentando no mundo, e a necessidade
de construir cenários consistentes com precisões confiáveis em relação as modelagens de
inundação são uma realidade também necessárias no Brasil a partir de referenciais únicos e
fixos (SANTOS; AMARO, 2011; MMA, 2018). Portanto, requer a geração de modelos
digitais de elevação compatíveis para ambientes urbanizados, de modo a permitir análises da
profundidade da inundação, das áreas afetadas, a realização de cálculos de danos econômicos,
a avaliação dos riscos à exposição e sensibilidade costeira para tomadas de decisão
(MARENGO et al., 2017; CIAN et al., 2018), sendo cada vez mais utilizadas novas
tecnologias para salvaguarda do patrimônio costeiro (ARMENIO et al., 2018). Mesmo assim,
é importante considerar a realidade financeira de várias cidades costeiras, sendo essencial a
busca de soluções de baixo custo que permitam a realização de modelagens e avaliação dos
riscos por inundação costeira.
O objetivo deste artigo é modelar a inundação costeira com tendências à elevação do
nível do mar em áreas baixas e planas sob influência de marés que oferecem riscos ao
ambiente urbano, por meio de Remotely Piloted Aircraft (RPA) e Geodésia de precisão de
baixo custo, adotando como estudo de caso o contexto da cidade de Areia Branca no estado
do Rio Grande do Norte (Nordeste do Brasil).
2 Geotecnologias de Baixo Custo
A adoção de Geotecnologias aplicadas ao monitoramento costeiro (ROSA, 2005;
AMARO et al., 2012) partem do interesse em se obter as principais informações de base
necessárias para modelar a inundação e analisar os riscos que esta ocasiona nos ambientes
75
urbanos situados em áreas costeiras. Para isto, requer a geração de um MDE representado
pelo Modelo Digital da Superfície (MDS) (MANCINI et al., 2013) e do ortofotomosaico com
resolução espacial de centímetros gerado a partir de aerofotos, para servir de fonte de
informações do terreno.
A geração de dados altimétricos e de uso do solo a partir de informações de alta
resolução espacial antes do advento do RPA, exigindo técnicas de mapeamento mais
tradicionais, requer custos elevados e por vezes inviáveis para as cidades brasileiras, além de
grande demanda de tempo, mão de obra, e ainda os impedimentos em áreas de difícil acesso
(ROSA et al., 2018), mas a nova tecnologia tem apresentado uma série de vantagens e ainda
um custo reduzido para obtenção de dados em questão de horas ou dias (YASTIKLI et al,
2013; GONZÁLEZ-JORGE et al., 2014).
O sensoriamento remoto a partir das RPA são uma realidade, e cada vez mais surgem
equipamentos e programas de processamento modernos, com possibilidades de obtenção de
dados tanto planimétricos quanto altimétricos (REMONDINO et al., 2011; COLOMINA;
MOLINA, 2014; CÂNDIDO et al., 2015; SOUSA, 2017; TSAI; LIN, 2017; RUSNÁK et al.,
2018).
O Remotely Piloted Aircraft (RPA) ou Aeronave Remotamente Pilotada, em
português, “significa a aeronave não tripulada pilotada a partir de uma estação de pilotagem
remota com finalidade diversa de recreação” (ANAC, 2017). Essa é a terminologia
atualmente aceita pela International Civil Aviation Organization (ICAO), mas no Brasil é
comum a generalização do termo pela mídia enquanto Drone, bem como é bastante usada
ainda a nomenclatura Veículos Aéreos Não Tripulados (VANT), oriunda do termo Unmanned
Aerial Vehicle (UAV) (DECEA, 2016).
Neste trabalho foi utilizado o RPA Phantom 3 Standard da DJI
(https://www.dji.com/phantom-3-standard), orientado por rádio controle e Global Positioning
System (GPS) com código C/A (MONICO, 2008). Possui câmera de 12 megapixels a qual
permitiu a tomada de fotografias da superfície do terreno em nadir. A programação e
execução dos voos ocorreram através dos softwares DJI GO (https://www.dji.com/goapp) e
DroneDeploy (https://www.dronedeploy.com/), o primeiro para configuração do Phantom 3 e
o segundo para o planejamento e realização do Plano de Voo.
Outra Geotecnologia mais difundida na comunidade internacional e amplamente
adotada, o Global Navigation Satellite System (GNSS) tem por objetivo obter rapidamente e
com precisão as coordenadas geodésicas de qualquer lugar da superfície da Terra por meio de
76
receptores e do posicionamento por satélites artificiais, consistindo na integração de vários
sistemas em operação na órbita do planeta (MONICO, 2008), e sua aplicação se tornou
fundamental para realização de mapeamentos precisos e análises ambientais (MONICO et al,
2009; SANTOS; AMARO, 2011; SANTOS et al., 2013; FERREIRA et al., 2014;
BLITZKOW et al., 2016), sendo ferramenta indispensável nas atuais análises que envolvem
geodésia de precisão.
Para este trabalho foi utilizado um conjunto GPS com base e rover da marca Trimble,
com potencial para coleta de coordenadas com acurácia milimétrica, sendo o modelo 5700
com receptor L1/L2 adotado como base, e o modelo R3 com receptor L1 enquanto rover. O
controlador Recon disponível com o software Trimble Digital FieldBook, permitiu a pré-
configuração do levantamento no modo estático e coleta dos pontos de controle utilizando o
Datum World Geodetic System (WGS) 84, na projeção Universal Transverse Mercator
(UTM) Zona 24, Hemisfério Sul.
3 Área de Estudo
A cidade de Areia Branca localiza-se a 318 km de distância da cidade de Natal, em
uma região conhecida como Litoral Setentrional do estado do Rio Grande do Norte. O local
margeia a foz do rio Apodi-Mossoró, sendo formado por terrenos baixos e planos (inferior a 5
metros em relação ao nível do mar), e surgiu em ambiente de estuário hipersalino, formado
por planícies fluviomarinha e eólica onde atua um sistema de mesomaré semidiurna. A área é
contornada por bacias evaporadoras e cristalizadores, e a expansão urbana ocorreu justamente
em um contexto econômico estimulado pela secular atividade salineira e pesqueira (COSTA
et al., 2013; AGUIAR et al., 2018).
77
Figura 1 Localização da área de estudo: A) Cidade de Areia Branca como recorte espacial de análise;
B) Região denominada de Litoral Setentrional do Rio Grande do Norte com a indicação das principais
cidades litorâneas.
A região possui clima Tropical de Zona Equatorial, subtipo semiárido mediano que
compreende entre 7 e 8 meses secos (ALVARES, et al., 2013; DINIZ; PEREIRA, 2015). A
média anual de chuvas é de 546,5 mm e ocorrem de fevereiro a maio, coincidindo com o
período de ventos mais brandos, que predominam de nordeste na região. Entre fevereiro a
julho as médias dos ventos são inferiores a 4 m/s, elevando-se para além de 5 m/s nos meses
seguintes. A temperatura média é de 27,3 ºC, mas as máximas ultrapassam 33 ºC, com
evapotranspiração anual que excede os 2000 mm e umidade relativa do ar tende aos 69%
(RADAMBRASIL, 1981; IDEMA, 2008; EMPARN, 2017; INMET, 2018).
Estudos identificaram o potencial risco por inundação costeira, que foram associadas
as altas marés, bem como, estabelecida a relação com o processo de ocupação de zonas
úmidas e as transformações do espaço pelas salinas ao longo do estuário (BOORI et al., 2010;
BOORI et al., 2012; MEDEIROS et al., 2012; AGUIAR et al., 2018), modificando o
escoamento e dinâmica das águas.
78
4 Materiais e Métodos
4.1 Levantamento de Campo com RPA e GNSS
Inicialmente foi realizado o planejamento para aquisição de dados em campo, e
critérios como dias ensolarados para redução de sombreamentos (horário do sol com elevação
superior a 30º) e ventos brandos (abaixo de 35 km/h) foram considerados. Por isto o
levantamento ocorreu nos dias 10 e 11 de março de 2018. No campo foram identificadas
algumas torres de telecomunicação na cidade que impediram a realização de sobrevoo com
RPA na região central da área de estudo, pois esses equipamentos sofrem interferências
eletromagnéticas afetando o sinal de rádio. Antes da realização dos sobrevoos foram
estabelecidos 21 pontos de controle levantados com o GPS Geodésico (rover) em modo
estático por 20 minutos para permitir a correção da modelagem do RPA. Durante o
levantamento, a base do GPS rastreou um marco materializado no solo pelo período de 08
horas que foi corrigido com a Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo através de pós-
processamento, para garantir informações geodésicas que foram referenciadas ao Sistema
Geodésico Brasileiro (SGB), oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
como referência planimétrica e altimétrica do Brasil (SANTOS; AMARO, 2011; SANTOS et
al., 2013). O ajuste com Referências de Nível do IBGE existentes na cidade e região não foi
possível pois várias delas foram destruídas ou modificadas (intervenção de obras).
Foram executados 14 voos a 120 metros do solo com o RPA, suficientes para a
geração de ortofotomosaico com 3,6 cm de resolução espacial. Os planos de voos traçados e
executados foram realizados se utilizando de um Smartphone AGM X1 com sistema Android
5.1, no software DroneDeploy, onde foram estabelecidos os parâmetros de altitude,
sobreposição lateral e longitudinal das fotos em 70%, posição da câmera em 90º no nadir,
tempo, direção e velocidade do voo (10 m/s) (Figura 2).
79
Figura 2 Equipamentos e softwares utilizados no levantamento de campo: A) Phantom 3 Standard; B)
Coleta de ponto de controle com GPS em referencial conhecido; C) SmartPhone AGM X1 e
programas usados no planejamento e execução de voos; D) GPS sobre marco geodésico conhecido.
4.2 Processamento de Dados
O processamento dos dados do GPS foi realizado através do software Topcon Tools
8.2.3, utilizando as estações da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC) do
IBGE (IBGE, 2018), sendo adotadas as bases dos municípios de Mossoró/RN (Estação 92449
RNMO) e Pau dos Ferros/RN (Estação 96558 RNPF), por terem apresentado melhor resultado
na precisão das coordenadas e altitude da estação base e rover do GPS. No processamento
foram corrigidas as efemérides dos satélites e desativados alguns ruídos capturados pelo
equipamento. Por fim, as altitudes elipsoidais (h) foram convertidas em altitudes ortométricas
(H) através da obtenção da altura geoidal (N), fornecida pelo programa MapGeo 2015,
disponibilizado pelo IBGE (IBGE, 2015; BLITZKOW et al., 2016) (Figura 3). O
procedimento foi aplicado para todos os pontos de controle obtidos em campo, e corrigidos
com as informações da base.
80
Figura 3 Fórmula e modelo ilustrativo das referências altimétricas para obtenção da altitude
ortométrica a partir de dados do elipsoide obtido com GNSS e do geoide local dado pelo
MapGeo2015. Fonte: IBGE, 2015.
Para os dados do RPA foi utilizado o software Agisoft Photoscan, que permitiu a
inserção das 2.257 imagens obtidas com o RPA. O processamento seguiu a rotina
semiautomática disponível, onde foram realizadas intervenções pontuais para inserção de
parâmetros e eliminação de ruídos e distorções. Com o processamento fotogramétrico foram
obtidos o MDS e ortofotomosaico ajustados ao SGB uma vez que o modelo foi corrigido com
os pontos de controle do GPS (Figura 4).
Figura 4 Processamento das aerofotos: A) Obtenção da nuvem de pontos densa corrigida com os
pontos de controle e realização de filtragem de ruídos; B) Geração do MDS; C) Ortofotomosaico
corrigido com o modelo.
81
O MDS final foi avaliado quanto a sua precisão e acurácia, por meio da avaliação da
Média da Variação da Altura Ortométrica (ΔH) – Equação (1); e do valor da Raiz do Erro
Médio Quadrático (RMSE – Root Mean Square Error) – Equação (2), conforme metodologia
de avaliação de Modelos Digitais de Elevação proposta por Araújo et al. (2018a), que tem o
ΔH enquanto um indicativo do deslocamento vertical geral do Modelo Digital em relação ao
nível do solo verdadeiro (deslocamento positivo ou negativo), e o RMSE como uma medida
estatística da magnitude do erro comumente usada para comparar modelos de elevações, de
forma que todas as diferenças individuais (resíduos) entre os valores observados e os
modelados são avaliados para se obter uma única medida de poder preditivo.
∆𝐻 =∑ (𝐻𝐵𝑎𝑠𝑒,𝑖 − 𝐻𝑀𝐷𝐸,𝑖)𝑛
𝑖=1
𝑛 (1)
𝑅𝑀𝑆𝐸 = √∑ ( 𝐻𝐵𝑎𝑠𝑒,𝑖− 𝐻𝑀𝐷𝐸,𝑖) 2𝑛
𝑖=1
𝑛 (2)
Onde o HBase corresponde ao valor da altura ortométrica de referência, o HMDE ao valor
da altura ortométrica do modelo no ponto i.
A projeção da inundação sobre o MDS permitiu verificar as ruas afetadas com a
profundidade, e todos os imóveis limítrofes com essas ruas foram considerados como áreas
inundável, somando-se suas áreas enquanto ativos expostos.
4.3 Obtenção da cota de inundação
Para a compreensão da inundação que ocorre na cidade de Areia Branca, inicialmente
foram concentrados esforços de busca em matérias de jornal, noticiários locais, blogs online,
entrevistas com pessoas mais antigas da comunidade e pesquisa de dados oficiais da defesa
civil, por exemplo, por meio do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres
(https://s2id.mi.gov.br/paginas/index.xhtml), na expectativa de se encontrar informações
sobre o fenômeno da inundação que tivesse afetado a localidade.
A obtenção dos dados de maré, ocorreu por meio do Centro de Hidrografia da Marinha
(CHM), órgão militar subordinado à Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN), onde
foram disponibilizados os registros do Banco Nacional de Dados Oceanográficos (BNDO),
contendo a série temporal das marés observadas e previsões de marés para a Estação 30407,
82
correspondente ao Porto de Areia Branca – TERMISA (Latitude 04º 49’ 05” S e Longitude
37º 02’ 04” O), durante o período de 01 de janeiro de 1970 a 31 de dezembro de 2017,
baseado em constantes harmônicas e em alturas em centímetros acima do Nível de Redução
(NR) local, representando um intervalo de 47 anos de dados com informações históricas de
Marés Astronômicas (MA) a cada hora.
Inicialmente, foi construída uma tabela somente com os valores máximos diários das
cotas das MA ajustadas ao NR. Em seguida, foi verificada a variabilidade dos dados e
caracterização da distribuição de probabilidade, baseada na análise descritiva dos dados.
Nessa análise, buscou-se obter as informações de tendência central, dispersão e separatrizes
(quartil e percentil). Além disso, foi obtido o período de retorno (Tr) das cotas máximas para
20, 50, 100, e 1000 anos. O Tr, também conhecido como intervalo de recorrência ou tempo de
recorrência, é entendido como o tempo no qual um determinado evento hidrológico pode ser
igualado ou excedido em um ano qualquer (MCCUEN, 1998; ARAÚJO et al., 2018b). Nesse
estudo, o Tr, em anos, foi definido pela equação (3) a seguir, onde p é a probabilidade do
evento hidrológico ser igualado ou superado:
𝑇𝑟 =1
𝑝
4.3.1 Ajuste do Sistema de Referência do Nível de Redução
As informações de maré disponibilizadas pela DHN nas cartas náuticas e também no
BNDO são todas vinculadas ao chamado Nível de Redução (NR), sendo este o sistema de
referência para mensuração das profundidades batimétricas, que adota a média das baixas
marés de sizígia enquanto uma referência de medida realizada no nível local. Dessa forma, o
estabelecimento do nível do mar local encontrado nas cartas náuticas e informações
disponibilizadas pela Marinha do Brasil possuem referencial próprio voltado ao conhecimento
do relevo do fundo do mar para segurança aos navegantes (CHM, 2018a, 2018b), portanto,
não está vinculado ao zero do datum altimétrico do Brasil que adota o plano vertical de
Imbituba-SC (Matos, 2005; Ramos; Krueger, 2009).
Na cidade de Areia Branca existe registro de uma estação maregráfica (30112) da
DHN do ano de 1961 (Latitude 04º 57’ 28.04” S e Longitude 37º 08’ 16.85” O), como
referência utilizada na carta náutica nº 720 que cobre Areia Branca a Macau no Rio Grande do
Norte, tendo sido realizada análise estatística e harmônica de 32 dias de observação de maré
para determinação do NR referenciado a uma régua instalada no estuário Apodi-Mossoró e
(3)
83
vinculado a duas bases locais da DHN próximas a Cia Docas do Rio Grande do Norte
(CODERN) e outra nas instalações da Capitania dos Portos em Areia Branca (DHN, 2010).
A partir dos dados foi realizada a vinculação da cota do Nível de Redução e do Nível
Médio do Mar (NMM) local ao SGB por simples operações matemáticas (adição/subtração –
ver figura 6), uma vez que no próprio relatório da DHN (2010), passou a ser citado o
referencial altimétrico de uma Referência de Nível implantada pelo IBGE (Estação Geodésica
ou Referência de Nível 2404X). Como o sistema de referência do IBGE se relaciona ao datum
de Imbituba-SC (IBGE, 2018), a conversão do Nível de Redução para o SGB se tornou
referência física com possibilidade de analisar as cotas de maré e comportamento do nível
médio do mar sobre o relevo local, uma vez que as informações do MDS gerado neste
trabalho também estão condicionadas ao mesmo sistema de referência.
4.4 Identificação das Exposições ao Risco de Inundação
Os riscos gerados pela inundação na cidade de Areia Branca, considerando situações
mais críticas, requereu a identificação da cota de inundação mais alta que se tem evidências
para o local. Por este motivo os dados gerados (estatística descritiva) a partir da análise dos
registros de maré do BNDO, permitiram identificar a maré mais alta que foi projetada sobre o
MDS e ortofotomosaico gerados para a análise local.
A partir da observação das áreas inundadas se buscou o conhecimento do território e
locais de referência sujeitos ao risco por inundação costeira, relacionados à população direta e
indiretamente afetada, áreas de planejamento municipal afetadas, cenários de risco futuro por
inundação costeira e estimativas financeiras de danos.
4.4.1 Setores Vulneráveis
A identificação das vulnerabilidades neste trabalho buscou apontar a população direta
e indiretamente afetada a partir dos setores censitários disponibilizados pelo IBGE (2011),
através das variáveis quantidade de moradores e nível médio de renda. Bem como foram
observadas as áreas especiais de planejamento municipal estabelecidas no Plano Diretor da
Prefeitura Municipal de Areia Branca (PMAB, 2006).
4.4.2 Referências de Cenários de Elevação do Nível Médio do Mar
84
A elevação do nível do mar tem sido bastante difundida na comunidade internacional
como um dos impactos relacionados às mudanças climáticas, onde a maioria das estimativas
estão projetadas até o ano de 2100, ensejando estudos que possam apontar os impactos dessa
mudança para que adaptações possam ser planejadas de acordo com as vulnerabilidades e
riscos locais. Em decorrência da ausência de dados locais, este trabalho adotou os cenários de
elevação do nível do mar no âmbito global e nacional, para incorporação das previsões de
subida do nível médio do mar até o ano de referência citado, segundo previsões do Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC - Intergovernmental Panel on Climate
Change) (CHURCH et al., 2013) e IBGE (2016), onde estão previstos cenários de elevação do
nível médio do mar sob uma ótica mais otimista e outra pessimista.
4.4.3 Estimativa da Exposição Econômica por Inundação
Para estimar os danos ou prejuízos econômicos diretos, considerando a inundação
costeira provocada pelas altas marés, foi utilizada a equação de prejuízo agregado (4)
proposta para inundações de pequenas profundidades (JAMES; LEE, 1971; CANHOLI,
2014):
𝐶𝑑 = 𝐾𝑑 × 𝑀𝑒 × ℎ
Onde:
Cd – dano total em unidades monetárias;
Kd – fator baseado em danos de inundações históricas;
Me – valor de mercado das estruturas e áreas inundadas, em unidades monetárias;
h – profundidade média da inundação (m).
Canholi (2014) observou que o índice Kd é obtido na relação entre os danos marginais
e a profundidade d. Contudo, não existem referências com mensurações de custos históricos
de danos ou prejuízos no âmbito do estado do Rio Grande do Norte relacionados a situações
de inundação costeira, tampouco na área de estudo. Por este motivo, a aproximação do fator
foi adotada da proposta de Homan; Waybur (1960 apud TUCCI, 1997), que para enchentes
com d ≤ 1,5 m corresponde a 0,052.
(4)
85
Para a estimativa do valor de Me, foi aplicado o método comparativo direto de dados
de mercado previsto nas Normas Brasileiras (NBR) 14.653-1 e 14.653-2 (ABNT, 2001;
2011), onde a amostra dos imóveis com seus valores de mercado foram cotados por meio das
evidências (amostras) disponíveis na cidade de Areia Branca durante a realização deste
trabalho. Foi calculado para cada amostra o valor do metro quadrado ou valor unitário (R$/m²
aqui representado por VU) a partir da divisão do valor do imóvel pela sua área. Para encontrar
o valor do imóvel (VI), foi realizado o produto da área do imóvel (AI) pelo valor unitário VU,
conforme a equação (5):
𝑉𝐼 = 𝐴𝐼 × 𝑉𝑈
Após o mapeamento de todos os imóveis no raio de abrangência diretamente afetado
pela inundação, seus respectivos valores de mercado foram calculados, e a somatória final
resultou no Me.
A profundidade média da inundação (h) foi obtida com base no MDS gerado neste
trabalho e a projeção da cota de inundação atual máxima.
Além dos danos diretos foi preciso estimar também os danos indiretos (MACHADO et
al., 2005; JONOV et al., 2013), que para este trabalho foi adotado o valor global de 17%
sobre os danos diretos a partir da perspectiva do Banco Mundial (2012).
4.5 Escolha entre Realocação versus Obra Estrutural
Considerando episódios futuros de inundação costeira cada vez mais frequentes e
atingindo áreas mais elevadas dada a tendência de elevação do nível do mar, foi realizada
estimativa de um possível valor atualizado para o caso hipotético de realocação de todos os
imóveis no raio de abrangência direta da inundação para áreas sem o oferecimento de riscos.
Cabe destacar que o cálculo estimado não inclui, por exemplo, a aquisição de uma área para
recepcionar a realocação, tampouco custos com objetos no interior dos imóveis, nem
implantação de nova infraestrutura urbana básica (ruas, rede elétrica, saneamento, etc.). Foi
considerado apenas o valor do custo básico de construção.
Para calcular o custo da construção de todos os imóveis realocados, se adotou o Custo
Unitário Básico de construção (CUB/m²) atualizado periodicamente pelo Sindicato da
Indústria da Construção Civil (SINDUSCON/RN) no estado do Rio Grande do Norte,
observando-se a tabela de referência do mês de junho de 2018 (CBIC, 2018), de tal modo que
(5)
86
foi realizada a média dos valores para o padrão residencial baixo, o padrão comercial normal
e o padrão industrial.
5 Resultados e Discussões
A seguir são apresentados os resultados contendo a modelagem da inundação costeira
e os riscos relacionados nas áreas expostas que foram identificadas. Além disto são
apresentados os resultados dos cenários futuros a partir de referenciais de mudanças
climáticas e estimativas de prejuízos econômicos para as principais áreas expostas ao perigo.
5.1 Resultado da Precisão das Geotecnologias
A geração do MDS e ortofotomosaicos a partir do RPA, ajustados com os pontos de
controle obtidos com GPS Geodésico, resultaram em um modelo compatível com a análise de
nível centimétrico necessário para mensurar pequenas variações do nível médio do mar e
inundações com estreita lâmina d’água (inferior a 1 m).
O levantamento com GPS geodésico em modo estático pós-processado, ajustando os
pontos de controle com a Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC) do IBGE,
permitiu a correção do modelo e adoção do sistema de referência vinculada ao SGB como
verdade do terreno. Os desvios-padrões do processamento foram milímetros a centímetros,
sendo de 9 mm para a latitude, 1,1 cm para a longitude e 2 cm para a altitude; excelentes para
levantamentos em escala grande de zonas urbanas costeiras que requeiram precisão e
acurácia.
Em relação aos dados do RPA, a resolução espacial do MDS ficou com 10 cm e na
avaliação estatística do erro vertical com os 21 pontos de controle, foram obtidos valores de
∆H e RMSE, respectivamente de 2,1 cm e 5,2 cm, plenamente aplicáveis para modelagens de
inundações com lâminas d’água pequenas. Em relação ao ortofotomosaico, este ficou com 5
cm de resolução espacial e teve as distorções corrigidas com o MDS, e foi utilizado para a
identificação das áreas expostas ao perigo da inundação, bem como para o mapeamento de
ativos e contabilização dos riscos que serão apresentados adiante.
5.2 Registros de Maré, Inundação Costeira e a Cota de Risco
87
5.2.1 Os registros históricos de marés e inundações
As varreduras realizadas sobre informações de inundações passadas para a área de
estudo apontaram alguns episódios de inundações registrados em notícias de jornais, blogs
online e em conversas com moradores da cidade que uma ocorrência no ano de 2015 e outra
em década passada, contudo não confirmada a data pela falta de sistematização de dados
(Figura 5). Entretanto, nada foi encontrado no Sistema Integrado de Informações sobre
Desastres enquanto fonte de consulta de entidade pública oficial.
Figura 5 Áreas atingidas pela inundação costeira em Areia Branca encontradas em registros. Cada
número na fotografia aponta para uma posição no mapa.
88
Nas informações encontradas, todas as evidências apontam que as inundações
costeiras estão relacionadas ao raro processo de elevação do nível das águas do estuário
Apodi-Mossoró, que durante marés de sizígias mais altas, chegam a inundar as porções mais
periféricas do território da cidade, devido as suas características de altimetrias baixas e planas,
89
favoráveis ao transbordamento das águas, que se elevam em canais que circundam a cidade a
atingem diversas ruas.
Destaca-se que os máximos valores das marés de sizígia não ocorreram
concomitantemente aos períodos chuvosos e não representam a soma de fenômenos de cheias
da bacia hidrográfica do rio Apodi-Mossoró, que tem a vazão controlada por barragens. Além
disto, durante a realização deste trabalho constatou-se a ocorrência de inundação costeira no
ano de 2015, quando a área se encontrava em regime de seca elevada, momento com baixa
contribuição fluvial no estuário em praticamente toda a bacia hidrográfica do rio Apodi-
Mossoró, cuja precipitação na região da foz não chegou a 300 mm/ano (EMPARN, 2017).
Também foram observados registros de precipitação no período para analisar a relação da
inundação e fenômenos de escoamento superficial e alagamentos urbanos em áreas de fundo
de bacia. As áreas periféricas foram afetadas pela inundação, apesar desses espaços não
formarem depressões no relevo que potencializem acúmulos de precipitação. Apesar das
Marés Astronômicas de sizígia (MA) mais altas verificadas na região, o fenômeno de
inundação não seria totalmente explicado somente com base na previsão das constantes
harmônicas. Considerou-se a ocorrência concomitante de Efeitos Não Astronômicos (ENA),
que apesar de ainda se desconhecerem as origens desse fenômeno, foi possível apontar
oscilações de 10 cm acima da MA esperada por períodos entre 10 e 15 dias, concentrados
principalmente entre os meses de março e setembro, durante o equinócio (FROTA et al.,
2016).
5.2.2 Série Temporal e Análise da Maré Astronômica
A estatística descritiva da série temporal dos últimos 47 anos, contendo os valores das
marés máximas diárias da MA em Areia Branca, como na Tabela 1, em que se observou
valores mínimos e máximos de 226 cm e 385 cm, respectivamente. A amplitude de maré
somente para as máximas foi de 159 cm, todas em relação ao Nível de Redução (NR) da
DHN. Em relação à tendência central, observa-se que a moda e a mediana apresentam valores
respectivos de 318 cm e 312 cm no conjunto total de 17.532 registros.
90
Tabela 1. Estatística descritiva das previsões diárias em centímetros das Marés Astronômicas em
relação ao Nível de Redução.
Mínimo 226
Máximo 385
Moda 318
Mediana 312
Desvio padrão 33,99
Variância da amostra 1155,49
Intervalo 159
N 17532
Analisando o período de retorno no conjunto de dados da série temporal, observou-se
os períodos de retorno de 20, 50, 100 e 1000 anos, onde foram apresentados os valores
respectivos de MA máxima de 365 cm, 373 cm, 376 cm e 385 cm em relação ao NR (Tabela
2). Nota-se que mesmo o período de retorno de 100 anos possuindo uma baixa probabilidade
de ocorrência (1%), foi observado que nos últimos 05 anos houve 12 (doze) episódios de maré
astronômica. Enquanto isso, enfatiza-se também as 02 ocorrências no período de retorno de
1.000 anos, nesses mesmos 05 anos (série completa dos anos de 2013 a 2017).
Tabela 2. Probabilidade e períodos de retorno da série temporal das alturas máximas diárias da Maré
Astronômica (cm).
Probabilidade (p)
Período de
Retorno
Tr = 1/p
Marés Astronômicas
Máximas
Referência NR (cm)
Frequência das ocorrências nos
últimos 5 anos (n vezes)
5% 20 365,00 24
2% 50 373,00 16
1% 100 376,33 12
0,1% 1000 385,00 2
Isto pode significar uma evidência de aumento na ocorrência das maiores cotas da
maré astronômica na área de estudo, e possivelmente podem estar associadas às mudanças de
elevação do nível do mar e ao paradigma das mudanças climáticas, as quais refletirão no
aumento dos riscos, danos e nas frequências de inundação e profundidade da coluna de água
(BILSKIE et al., 2014; CAZENAVE et al, 2014).
Em virtude dos riscos representados pela cota de 385 cm da maré astronômica, em
relação a sua contribuição para as inundações costeiras em Areia Branca, e ainda
considerando que foi com esse comportamento de maré que ocorreu o fenômeno de inundação
91
na cidade no ano de 2015, é que esta foi adotada como Cota de Inundação (CI) de máxima
referência para o local.
A partir das informações dos elementos de maré observados de 04/03/1961 a
04/04/1961 pela DHN (2010), foi possível realizar a conversão do NR local ao SGB (Figura
6) graças a existência da Referência de Nível 2404X do IBGE existente nas imediações da
Referência de Nível cadastrada pela DHN e locada na Capitania dos Portos a menos de 30
metros de distância.
Figura 6 Diagrama ilustrando as medidas para conversão do Nível de Redução para Altitude
Ortométrica. Fonte: Adaptado de DHN (2010).
O cálculo da conversão da Cota de Inundação mais elevada registrada, ou seja, 385
cm, pode ser visualizado através da Tabela 3. A Figura 6 ilustra a conversão de qualquer cota
de MA existente na Carta Náutica local, ou outros dados da Marinha do Brasil condicionados
ao NR local de Areia Branca-RN, para o Sistema Geodésico Brasileiro e o datum oficial, por
meio da equação:
𝐶𝑀𝑆𝐺𝐵 = (𝑁𝑅) + (𝑀𝐴)
Onde, CMSGB = Cota da maré vinculada ao SGB; NR = Nível de Redução da DHN
(valor obtido de -1,606), e; MA = Maré Astronômica (obtido na Tábua de Maré e BNDO).
92
Tabela 3 Tabela com o cálculo de conversão para vincular o NR ao SGB e demais cotas da Maré
Astronômica. Na tabela consta a altura ortométrica em metros da MA 385 cm.
Base de Referência Altitude (cm) Altitude Ortométrica (m)
RN3 DHN 339,72 3,397
RN 2404X IBGE - SGB 339,02 3,390
Nível do Mar Local -2,98 -0,030
Nível de Redução - NR -160,58 -1,606
Zero da Régua -221,98 -2,220
RN 1 224,12 2,241
RN 2 286,12 2,861
MA Máxima (385 cm do NR) 224,42 2,244
Mesmo de posse do valor de maré vinculado ao SGB (cota 2,244 m), mas é preciso
considerar que as inundações costeiras na região não podem ser explicadas somente a partir
dos valores das marés astronômicas. Nesse sentido foi considerado que o risco de inundação
costeira está associado à ocorrência concomitante de ENA, acrescentando-se 10 cm ao cálculo
para se identificar a Cota de Inundação. Finalmente, os 5,2 cm do erro vertical do MDS
(RMSE) foi acrescentado ao cálculo da inundação enquanto um fator de segurança para
preservar o risco da maior elevação das águas. A Figura 07 mostra as variáveis que
representam o risco de inundação costeira para a cidade de Areia Branca, e como é
estabelecida a relação das marés com o sistema de referência oficial do IBGE.
Figura 7 Variáveis que representam a Cota de Inundação utilizada na análise dos riscos de
transbordamento das águas costeiras para Areia Branca/RN.
Como complemento ao período de retorno apresentado na Tabela 02, as cotas mais
elevadas MA que ocorreram em Areia Branca para os períodos de retorno de 20, 50, 100 e
1000 anos, ajustadas ao sistema de referência do SGB, apresentam os respectivos valores de
204,40 cm, 212,40 cm, 215,70 cm e 224,40 cm. O último valor foi adotado como a CI quando
93
somados aos outros parâmetros apresentados na Figura 7, resultando na CI de 2,396 m
adotada na modelagem.
5.3 Os Riscos da Inundação Costeira
A projeção de cenários para a inundação costeira na cidade de Areia Branca
considerou a soma da MA máxima de sizígia, do ENA e do RMSE do MDS.
5.3.1 Áreas e População Direta e Indiretamente Afetadas
A área atingida pela inundação costeira possui escolas, hospital, cemitério, igreja,
indústrias, praças, residências, comércios, instituições públicas e privadas (Figura 8). O
mapeamento representa todas as áreas da cidade abaixo da cota de inundação de 2,396 m e
coincide com os registros históricos e com a maré de sizígia mais elevada registrada pela
CHM.
Figura 8 Pontos de referência das áreas atingidas pela inundação em Areia Branca.
94
No contexto das áreas afetadas foi identificada população residente total de 13.949
habitantes, distribuída de acordo com os setores censitários, onde se verifica a distribuição de
pessoas na relação aproximada com os bairros (Figura 9), que sofre as influências diretas e
indiretas dos transtornos gerados pelas águas que invadem as ruas, terrenos e imóveis nas
mais baixas cotas. Em algumas ruas mais próximas ao rio Apodi-Mossoró, nota-se as
iniciativas da população na adaptação, com calçadas mais elevadas para impedir a invasão das
águas (Figura 10).
Figura 9 População direta e indiretamente atingida, com indicação da concentração de pessoas por
setor censitário e indicação de bairros da cidade de Areia Branca/RN.
95
Figura 10 Calçadas elevadas como adaptações construtivas contra inundações no cruzamento das Ruas
Padre Antônio Joaquim e Joaquim Nogueira, em Areia Branca/RN: A) Situação sem inundação
(abr./2016); B) Situação com inundação (fev./2015).
A área que sofre com problemas de inundação encontra-se com urbanização
consolidada, exceto onde existem aterros, por tratar-se de vazio urbano em processo de
expansão urbana, onde se constatou com frequência a disposição inadequada de entulhos
como iniciativa de aterrar e nivelar o solo para a ocupação, mesmo sob o risco da inundação
costeira. Além disto, um fator que eleva o risco de inundação identificado nas áreas
periféricas da cidade é a má disposição de resíduos sólidos (lixo) ao longo dos canais de
drenagem urbana e igualmente o lançamento de efluentes das salinas nos canais que
contornam a cidade de Areia Branca, o que pode contribuir com o nível da inundação durante
grandes marés e eventos de precipitação combinados (Figura 11). Ao quadro de agravamento
dos riscos por interferências humanas, deve ser considerada também a perda de áreas úmidas
e a reduzida proteção das áreas de preservação permanente ao longo do estuário, o que afeta o
comportamento da hidrodinâmica local, expondo a cidade aos perigos da inundação
(AGUIAR et al., 2018).
96
Figura 11 Setores com elevação dos riscos de inundação: A e B) Disposição inadequada de entulhos
como iniciativa de aterro das superfícies com interesse de expansão urbana, ocorrendo sobre áreas
inundáveis; C) Disposição de lixo no canal de drenagem que circunda a cidade de Areia Branca que
também recebe o lançamento de efluentes de salinas.
A capacidade de adaptação da população, como enfrentamento dos problemas
oriundos da inundação costeira, frequentemente sem o auxílio dos agentes públicos, é
dificultada pela condição de alta vulnerabilidade socioeconômica dos municípios costeiros
desse setor do RN (BUSMAN et al., 2017), que possui nível de renda baixo, com quantitativo
elevado de pessoas que sobrevivem em média com até 1 e menos de 2 salários mínimos
(Figura 12).
97
Figura 12 Distribuição da renda média da população em relação aos bairros e setores censitários.
É importante considerar que além do fenômeno da inundação costeira em Areia
Branca, durante a realização deste trabalho se constatou a ocorrência de alagamentos em áreas
topograficamente rebaixadas e com deficiência no sistema de drenagem, agravada pela
disposição de resíduos sólidos nas vias públicas que entopem galerias e bocas de lobo.
Essas áreas baixas não se conectam diretamente aos setores onde ocorrem as
inundações costeiras, pela própria condição do relevo, mas sob as condições de cenários
futuros de elevação do nível do mar, poderá ocorrer a conexão desses setores, que atuarão
conjuntamente no fluxo de alagamento e inundação, durante episódios de precipitação
pluviométrica, agravando os riscos e danos à cidade de Areia Branca. Foi possível perceber
também que, mesmo não havendo conexão física atualmente, o restrito sistema de drenagem
de coleta de esgoto e o nível do lençol freático (que chega até 1,5 m de profundidade em
alguns locais), são diretamente influenciados pela ocorrência das inundações, o que limita os
fluxos de escoamento no geral, promovendo o retorno dos efluentes sanitários em vários
bairros da cidade.
98
5.3.2 Áreas especiais de planejamento
O Plano Diretor de Areia Branca (PMAB, 2006) estabeleceu 5 áreas especiais e
acrescenta ainda 2 áreas adensáveis nos limites da zona urbana da sede do Município.
Verifica-se que o risco de inundação atual ocorre parcialmente em todas essas áreas sugerida
no Plano Diretor. Entretanto, como algumas dessas áreas se sobrepõem, os valores de
inundações incidentes foram individualizados e apresentados como valores de área total (AT)
para cada área especial, com o respectivo quantitativo de inundação (QI): Áreas Adensáveis
(AT: 54,040 ha, QI: 1,452 ha); Interesse Social (AT: 10,862 ha, QI: 1,631 ha); Recuperação
Ambiental Urbana (AT: 36,629 ha, QI: 5,152 ha); Histórico e Cultural (AT: 32,985 ha, QI:
1,264 ha); Turismo e Lazer (AT: 4,580 ha, QI: 0,413 ha) e; Paisagístico (AT: 2,749 ha, QI:
0,178 ha), conforme Figura 13.
99
Figura 13 Áreas Especiais definidas no Plano Diretor de Areia Branca e afetadas por inundações.
No contexto das áreas especiais, os grupos sociais que são representados pela
vulnerabilidade mais elevada são aqueles que residem nas Áreas Especiais de Interesse Social
(AEIS), uma vez que compreendem espaços ocupados por favelas, vilas, e loteamentos
irregulares, habitabilidade frágil, ausente de regularização fundiária, comunidades
100
tradicionais, imóveis degradados e sob riscos (PMAB, 2006). No planejamento atual também
se destaca a Área Especial de Recuperação Ambiental Urbana destinada a receber processos
de recuperação de áreas degradadas e ainda abrigarem atividades econômicas relevantes para
o município de Areia Branca. Entretanto se faz necessário uma reanálise para esta e os outros
locais que estão sujeitos ao atual risco de inundação costeira, como sendo este mais um
elemento da geodiversidade a ser considerado num processo de revisão legislativa (SILVA et
al., 2016c).
5.3.3 Cenários futuros de provável inundação
A inundação costeira atual se projeta em área de 15,715 ha, afetando lotes e quadras
(imóveis) contínuos que somam uma área de 18,674 ha. Esse conjunto representa uma área
sujeita ao risco por inundação costeira que totaliza 34,384 ha, correspondente à 16,29% da
cidade de Areia Branca (Figura 14).
Figura 14 Imóveis, terrenos e ruas atingidos pelo risco da inundação costeira.
101
Dados globais do IPCC (CHURCH et al., 2013) apontam elevações da ordem de 3,2
mm/ano do nível do mar, e as estimativas (baseadas nos Representative Concentration
Pathways - RCP) para o ano de 2100 vislumbram aumentos médios de 44 a 74 cm
considerando um cenário otimista (RCP2.6) e outro pessimista (RCP8.5) de mudanças
climáticas. No Brasil, o IBGE (2016) através de sua Rede de Monitoramento Permanente para
Geodésia (RMPG), identificou para os últimos anos uma subida de 2,1 mm/ano na costa do
Nordeste do país (entre Fortaleza/CE e Recife/PE), permitindo estimar uma elevação do nível
do mar de 17,64 cm até 2100. A partir dessas informações, foram projetadas as possibilidades
futuras que as inundações costeiras podem atingir em termos de cota, área e percentual na
cidade de Areia Branca (Tabela 4, Figura 15).
Tabela 4 Projeção da cota de inundação frente aos cenários de mudanças climáticas e quantificação da
expansão das áreas afetadas em Areia Branca/RN.
Cenários (A) (B) (C) (D) (E) (F) (G)
Inundação Atual --- 224,40 10 5,2 239,60 34,38 16,29
IBGE (2016) 17,64 224,40 10 5,2 257,24 47,82 22,66
RCP2.6 - IPCC 44 224,40 10 5,2 283,60 64,36 30,49
RCP8.5 - IPCC 74 224,40 10 5,2 313,60 83,45 39,54
(A) Projeção de elevação do NMM até ano de 2100 (cm); (B) MA máxima de sizígia vinculada ao
SGB (cm); (C) ENA (cm); (D) RMSE MDS (cm); (E) CI vinculada ao SGB (cm); (F) Áreas de risco
por inundação (ha); (G) Percentual de área inundada (%).
102
Figura 15 Cenários futuros de inundação costeira em Areia Branca/RN devido às mudanças climáticas.
RCP: Representative Concentration Pathways.
Os riscos que a inundação costeira podem afetar são preocupantes, uma vez que
aumentos centimétricos de 17,64 cm, 44 cm e 74 cm, significam inundações de 47,82 ha,
64,36 ha, e 83,45 ha (Tabela 4), respectivamente, representando um aumento de 23,25% no
pior cenário, mas que podem ser ainda maiores, mas que não puderam ser mensuradas no
103
modelo gerado neste trabalho em decorrência das interferências eletromagnéticas geradas
pelas torres de telecomunicações na região central da cidade, que não permitiram o sobrevoo
com o RPA. Para complementar esta área podem ser aplicados outros levantamentos
complementares adotando geotecnologias, como por exemplo o caminhamento com GNSS no
modo de posicionamento cinemático em tempo real (Real Time Kinematic), cinemático pós-
processado ou mesmo mensurações com estação total para manter o padrão centimétrico com
custos reduzidos.
5.3.4 Estimativas de Danos por Inundação Costeira e Referência Financeira para
Adaptação
A oferta de mercado para imóveis em Areia Branca durante a realização desta
pesquisa foi reduzida, verificado 4 amostras, com suas respectivas áreas e valor de mercado.
Como o quantitativo da área de imóveis afetados (ativos) pela inundação atual foi de 18,674
ha ou 186.742,11 m² (AI), e o valor de mercado obtido para a região foi de 105,17 R$/m² (VI),
obteve-se um total de R$ 19.639.667,22 para Me.
A profundidade média da inundação verificada na modelagem com o MDS, registrou
um valor de 0,5 m para h. Por fim, foi adotado fator de 0,052 para Kd, obtendo-se, portanto,
um dano total decorrente da inundação costeira (Cd) de R$ 510.631,35. Este total foi elevado
para R$ 597.438,68 ou $ 147.152,38 ($ 1 = R$ 4,06: cotação do dólar no dia 01/09/2018) em
decorrência dos danos indiretos calculados, usando o percentual de 17% (Figura 16).
104
Figura 16 Danos estimados aos imóveis de Areia Branca por eventos de inundação costeira.
Acredita-se que as mudanças climáticas e consequente elevação do nível do mar (YI et
al., 2015) poderá ocasionar prejuízos maiores e mais frequentes, uma vez que a profundidade
da inundação e a frequência de eventos podem aumentar (VITOUSEK et al., 2017), por isto
deve haver uma antecipação do poder público para políticas de prevenção, análise de
impactos e estudos de adaptação e gestão ao risco por inundação costeira.
Como referência financeira inicial para que os gestores possam se preparar para
medidas de adaptação no futuro, foi estimado o valor de realocação para toda a área dos
imóveis afetados atualmente pela inundação costeira, através da média do Custo Unitário
Básico de construção (CUB) atualizado em junho de 2018, estipulado em R$ 1.316,98. Com
base nisto, a estimativa atual atinge os R$ 245.935.617,87 ($ 60.575.275,34), que pode ser
uma referência, mesmo que subestimada, para se planejar possíveis soluções estruturais de
engenharia para reduzir os riscos da inundação costeira em Areia Branca.
6 Conclusões
Este estudo contribuiu como subsídio metodológico para o melhor planejamento de
cidades costeiras sujeitas ao processo de inundação costeira, através do emprego de
geotecnologias de alto desempenho e baixo custo, em rápida evolução tecnológica e em
crescente uso, que permitem modelagens da superfície terrestre com elevada precisão e
acurácia (erro vertical inferior à 6 cm). Tais conhecimentos disponibilizados aos gestores das
105
cidades subsidiam a adoção de novas práticas de gestão de riscos e soluções para elevar sua
resiliência e reduzir riscos na linha do que estabelece o Marco de Sendai (UNISDR, 2015b)
promovido pela Organização das Nações Unidas na Estratégia Internacional para Redução de
Riscos de Desastres (International Strategy for Disaster Risk Reduction).
Análises locais em outras cidades costeiras devem ser estimuladas a partir da
vinculação do Nível de Redução da Diretoria de Hidrografia e Navegação ao Sistema
Geodésico Brasileiro, para garantir um sistema de referência unívoco dos dados de maré e
influência na costa, sendo este tipo de metodologia compatível com as intenções do Programa
Nacional para Conservação da Linha de Costa. Em Areia Branca o Nível de Redução está na
cota -1,606 m de altitude do SGB, e o nível de maré que representa a cota de risco de
inundação costeira encontra-se na altitude 2,396 m. A inundação oferece riscos em áreas
públicas e privadas, afetando classes sociais de baixa renda em sua maioria (menos de dois
salários mínimos), verificando-se incipientes tentativas de adaptação. Ao mesmo tempo, o
risco de inundação torna-se mais elevado ao considerar cenários de mudanças climáticas, e
baixa consciência quanto aos problemas urbanos que agravam a situação da inundação, tal
como a obstrução de canais de drenagem com lixo e aterramento de áreas sujeitas a esse
perigo. A própria gestão pública municipal necessita revisar seu Plano Diretor que atualmente
apresenta áreas especiais que favorecem ao processo de ocupação, mesmo com o
oferecimento de risco por inundação costeira e situações sazonais de alagamento.
Cerca de 34,38 ha da cidade de Areia Branca é afetada atualmente com a inundação,
representando 16,29% do seu território. A estimativa financeira dos danos ocasionados pela
inundação costeira no valor de R$ 597.438,68 ($ 147.152,38), tende a elevar com o passar dos
anos, em decorrência da evolução dos valores de mercado para os imóveis e considerando
também a possibilidade de lâminas d’água mais profundas por influência das tendências de
elevação do nível médio do mar (a inundação resultante das mudanças climáticas pode chegar
a 23,25% no pior cenário), bem como da maior ocorrência de inundações que podem se tornar
mais frequentes, apesar das probabilidades dos distantes períodos de retorno das marés de
sizígia mais elevadas. Pesquisas mais exaustivas quanto aos custos dos riscos por inundação,
devem ser incentivados na região, requerendo também a sistematização dos dados pelo Poder
Público, uma vez que ainda são limitadas as informações disponíveis nos sistemas oficiais
sobre desastres naturais. Adaptação das cidades costeiras requer custos elevados, seja com
soluções de engenharia, seja com realocações e abandono de áreas sob riscos. Como
estimativa inicial, este trabalho identificou o valor de R$ 245.935.617,87 ($ 60.575.275,34)
106
como uma referência sobre futuras tomadas de decisão relativas ao paradigma das mudanças
climáticas.
7 Agradecimentos
Os autores agradecem a CAPES pela bolsa de doutorado de L. S. Aguiar, ao
Laboratório de Geoprocessamento (GEOPRO/UFRN), ao projeto CRONALOG da Rede
Cooperativa Norte-Nordeste de Monitoramento Ambiental de Áreas Sob Influência da
Indústria Petrolífera (Rede 05 PETROMAR) e a CHM da Marinha do Brasil pela
disponibilização dos dados de Maré Astronômica.
107
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES
A utilização de Geotecnologias na região do estuário Apodi-Mossoró/RN revelou
informações que tornam mais compreensível a dinâmica de cobertura e uso da terra ao longo
de décadas e quais foram as áreas que passaram pelas maiores intervenções decorrentes das
atividades econômicas e da ocupação da superfície.
Áreas protegidas, a exemplo das áreas de preservação permanente (APP) e zonas
úmidas do estuário foram transformadas pela indústria salineira e parcialmente ocupadas por
áreas urbanas, sendo efetuadas mensurações na escala 1:30.000 para um período de meio
século. As maiores perdas ocorreram para as planícies flúvio-marinhas enquanto espaços
naturalmente inundáveis.
Em 1965 existia um potencial de áreas de preservação permanente da ordem de 443,39
ha, mas somente foram efetivamente computadas 83,45 ha em decorrência da anterior
ocupação que se consolidava na época. No ano de 2012 o potencial de APP foi de 1.051,96
ha, contudo, dada a consolidação pelo cobertura e uso da terra, somente restaram 787,57 ha. A
legislação ambiental necessita ser bastante clara em relação aos referenciais adotados para
delimitar espaços sob efeito protetivo, sob pena de resultar em diferentes interpretações e
quantificações que trarão prejuízos para o ambiente e conflitos socioeconômicos.
As mudanças verificadas na legislação ambiental, ampliaram as áreas protegidas no
estuário em 704,12 ha, contudo a principal evolução em 2012 ocorreu quando o estuário tinha
passado pelas principais transformações dos espaços com a expansão das salinas e cidades,
não representando assim, ganhos de proteção expressivos. Por causa do contexto analisado,
foi possível concluir que a legislação brasileira ainda não atende de forma suficiente a
proteção das zonas úmidas e várzeas de forma a atender as convenções internacionais de
RAMSAR e da Biodiversidade, além da importância que essas áreas representam no
equilíbrio das inundações costeiras, auxiliada pela preservação do ecossistema manguezal.
Uma necessidade verificada durante a pesquisa, se refere ao esforço que deve ser
empregado no planejamento inicial antes da análise da legislação ambiental. Esforço no
sentido de se identificar as origens que resultam na geração das leis, a exemplo dos princípios,
convenções e acordos internacionais, os quais tem passado por revisões mais rápidas do que a
legislação nacional. As convenções passam por discussões internacionais amparadas em
publicações científicas constantes, e informações podem passar despercebidas uma vez que
não estão previstas nas normas atuais do país. Outra medida importante em relação à análise
108
das áreas protegidas, ocorre no emprego de cartografias e dados pretéritos em uma
determinada área, para compreensão de qual era o contexto de ocupação e da legislação da
época. Isto porque a maioria das análises são realizadas somente no aspecto das normas
vigentes e incoerências podem ser percebidas quando não compreendida a história evolutiva
de um determinado território.
Um resultado relevante em relação ao ecossistema manguezal foi percebido para a foz
do estuário. A área ocupada pelo mangue cresceu em relação a década de 1960, mas
atualmente não existem muitas áreas disponíveis para a expansão desse ecossistema, ainda
mais se for considerada a elevação o nível médio do mar. Isto representa riscos futuros tanto
para as áreas antrópicas (cidades, salinas, poços de petróleo a montante), quanto um prejuízo
para o manguezal.
As novidades trazidas pelas Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP) representam
uma evolução para o campo do sensoriamento remoto, pois representam o controle sobre a
resolução espacial e temporal que podem ser empreendidas nos estudos ambientais
desenvolvidos na zona costeira. A realização de trabalhos com mínimos investimentos
financeiros, unindo a Fotogrametria Digital com a Geodésia de Precisão (utilizando GNSS),
tem permitido a geração de Modelos Digitais de Superfície centimétricos que podem ser
vinculados ao sistema de referência terrestre oficial de cada país e permitir o monitoramento
dos impactos das inundações e mudanças climáticas na zona costeira, uma vez que permite
projetar as inundações com acurácias de poucos centímetros, além de ser possível trabalhar
mesmo em regiões com muitas nuvens.
A modelagem realizada com uma ARP na cidade de Areia Branca/RN demonstrou que
a inundação costeira ocorre com a combinação do fenômeno de maré astronômica e anomalias
ainda não muito compreendidas cientificamente quanto as observações de marés acima das
previsões. O nível de detalhamento do modelo permitiu mensurar inundações de apenas 50
cm na área, com precisão vertical de 6 cm, apresentando-se uma ferramenta com elevado
potencial para aplicação na gestão de riscos de inundação e elevação do nível do mar. Pode
contribuir com o planejamento das cidades costeiras entre outras regiões que requeiram
precisão no dado altimétrico, até então inexistentes com a resolução obtida. As metodologias
empregadas atendem incentivos do Gerenciamento Costeiro e Marco de Sendai.
A cota de inundação na cidade de Areia Branca/RN, atinge a altitude 2,396 m no
Sistema Geodésico Brasileiro, representando uma inundação costeira que atinge 16,29% do
território urbano, gerando danos que podem chegar a aproximadamente R$ 600.000,00 reais
109
em cada evento (aproximadamente $ 147.783,25 dólares). Os riscos podem ser acentuados
com a elevação do nível do mar, chegando 23% a mais nas inundações futuras, ensejando a
inserção de análises da geodiversidade e riscos nos planejamentos locais e regionais, a
exemplo do Litoral Setentrional do Rio Grande do Norte.
Ações para redução dos riscos devem ser adotadas na região, como por exemplo a
realização de limpeza urbana mais frequência para impedir o carreamento de resíduos para o
sistema de drenagem urbana e entupimento de galerias, agravando situações de alagamentos.
Tal medida deve ser acompanhada de uma política de educação ambiental para a população
para que perceba os riscos e adotem medidas mais sustentáveis. Educação para impedir a
ocupação de áreas de risco combinada com ações de fiscalização, controle na emissão de
licenças e atualização do planejamento municipal, pois se observaram aterros significativos na
área urbana em regiões de baixa cota com perigo de inundação. Carece de revitalização as
áreas periféricas da cidade, com seus canais limitados e obstruídos com lixo, somada ao
lançamento de todo tipo de efluente, eleva o cenário de risco por inundação e também é uma
abertura para quadros de doenças. Isto reforça a necessidade urgente de finalização e
aplicação de um plano de saneamento básico.
Estudos anteriores apontaram vulnerabilidades e riscos na região do estuário Apodi-
Mossoró, e foi verificado que as áreas urbanas ou assentamentos humanos locados nas
porções mais baixas e planas estão em situações de elevada vulnerabilidade, em especial para
a inundações atuais e futuras. As cidades possuem planejamentos onde são identificadas áreas
especiais que muitas vezes potencializam o adensamento humano pelo maior potencial
construtivo. Mas esta pesquisa apontou riscos por inundação também em áreas que não
deveriam se quer possuir ocupações. Desta forma, é importante que esse tipo de informação
esteja acessível e em linguagem simples aos gestores e técnicos de planejamento para que seja
realizado um gerenciamento dos riscos e revisões no planejamento, pois essa já é considerada
uma adaptação viável e econômica, do que medidas estruturais com obras de engenharia.
Possibilidades de realocação precisam ser pensadas e calculadas, além de ações de
fiscalização mais rotineiras e monitoramentos periódicos acerca das mudanças da cobertura e
uso da terra, uma vez que podem identificar situações que elevam o risco, como por exemplo
o aterro para edificar em áreas expostas ao atual perigo de inundação.
O Litoral Setentrional do Rio Grande do Norte não possui um zoneamento ambiental
nos ditames de um Zoneamento Ecológico Econômico, e esta é uma missão que requer certa
urgência de elaboração por parte do poder público, pois esse setor costeiro cresce cada dia
110
mais em relação as representativas atividades econômicas de âmbito nacional, além da
expansão urbana. Considerações sobre o risco por inundação costeira, fluvial e alagamentos
devem ser incorporados as discussões, a começar pela geração de uma base que permita
modelar dados sistematizados. Neste sentido, tanto o poder público quanto a sociedade em
geral devem se apropriar de informações como as apresentadas neste estudo, realizando
discussões públicas e incorporando as contribuições para formulação e políticas públicas.
Monitoramentos e investigações meteoceanográficas sobre a atuação dos ventos,
tempestades, comportamento de ondas e marés que atingem o estuário são necessárias para
compreender qual é o real fenômeno não astronômico que tem promovido marés acima de
previsões da tábua de maré da Diretoria de Hidrografia e Navegação. Uma evidência
importante que precisa começar a ser documentada e sistematizada são os avisos de riscos de
ressaca aos navegantes na região, realizado pela Marinha do Brasil (mas não armazenados
registros históricos ou sistematização) para as situações de fortes ventos e ondas acima do
normal em mar aberto, mas que podem atingir a costa. Recomenda-se estabelecer relações
entre a migração da Zona de Convergência Intertropical, a temperatura do oceano, os períodos
de atuação dos ventos alísios de sudeste, pressão atmosférica, os ciclos de El Niño e La Niña e
os períodos de mais intensas precipitações. Espera-se que seja possível verificar se há
ocorrência de marés meteorológicas e se para o estuário ocorrem efeitos de runup
significativos.
Recomenda-se que outros fenômenos sejam avaliados para novos cenários de risco por
inundação no estuário e que possam ser agravantes, como por exemplo a necessidade de
considerar as contribuições fluviais da bacia hidrográfica em períodos chuvosos quando a
descarga de água pode potencializar sobrelevação do nível das águas no estuário em situações
que se depare com marés altas de sizígia. Aspectos antrópicos como barragens ao longo da
bacia, e situações de cheias máximas com caudais muito acima das vazões comumente
registradas devem ser modelados, juntamente com situações potenciais de escoamento
superficial das áreas não vegetadas e impermeabilizadas na área de influência direta do
estuário.
Um possível risco que pode ser considerado como mais um evento coincidente, existe
em relação à indústria salineira e atividade de carcinicultura, pois uma vez ocupadas as áreas
naturais de planície flúvio-marinha, cujo fenômeno da inundação ocorre, deve ser computada
a possibilidade de lançamento de efluentes dos tanques de viveiros e bacias evaporadoras das
salinas ao mesmo tempo e durante episódios de chuvas intensas, uma vez que durante as
111
tempestades não é incomum a abertura de comportas para o estuário, no intuito de reduzir o
risco de rompimento ou transbordamento dos paredões artificiais, e isto pode chegar a
coincidir com um momento de maré alta de sizígia.
Algumas limitações com as quais nos deparamos no desenvolvimento da pesquisa
foram os períodos para realização dos levantamentos com o RPA, pois a área costeira apesar
de apresentar extenso período de insolação, possui ventos fortes que podem representar o
perigo na realização de sobrevoos. Além disto, é comum encontrar torres de telecomunicações
em áreas urbanas, as quais interferem diretamente no sinal de comunicação do equipamento
(interferência eletromagnética), impedindo o levantamento com o mesmo em alguns setores.
Os RPA que realização manobras verticais e horizontais (quadricópteros) são
excelentes para sobrevoos em áreas urbanas, contudo a depender do tamanho da área de
levantamento, se faz necessária a realização e vários sobrevoos e a disponibilidade de várias
baterias (4 neste trabalho) para poder atingir metas diárias de recobrimento. Mesmo assim
verifica-se que os quadricópteros sejam uma vantagem em relação aos aparelhos de asa fixa,
dada a necessidade de manobras, decolagens e aterrissagens em espaços restritos, que
requerem manter a aeronave relativamente próxima (máximo de 500 metros de distância
horizontal) a fim de evitar a perda de sinais em ambientes com elevado nível de interferência
eletromagnéticas.
O levantamento de campo ainda exige uma distribuição de pontos de controle em terra
por vezes distantes um do outro. Para vencer a dificuldade, se fez necessária a participação de
equipe auxiliar para rastreamento dos alvos com equipamento de GPS geodésico, enquanto
eram realizados os sobrevoos com o RPA, oferecendo um trabalho mais rápido. Uma
limitação do equipamento utilizado ocorreu por exigir a utilização do mesmo em modo
estático, onde para cada ponto de controle se fez necessário aguardar pelo menos 20 minutos
no intuito de se obter a melhor precisão possível. A redução de tempo de levantamento com
GPS pode ser vencida com a utilização de GPS com tecnologia RTK. Atualmente já são
produzidos equipamentos RPA com GPS RTK acoplado, eliminando a necessidade de coleta
de pontos de controle e mantendo uma acurácia centimétrica. Entretanto, por serem novas
geotecnologias, ainda possuem custos elevados, fora da proposta deste trabalho para pequenas
cidades.
Dificuldade para vinculação do levantamento com GNSS ocorreu por causa da
destruição e modificação das referências de nível (RRNN) da Rede Altimétrica Fundamental
do Brasil (RAFB), anteriormente existentes na área de estudo. Por isto foi materializada uma
112
base geodésica rastreada por 8 horas e realizado o pós-processamento através da Rede
Brasileira de Monitoramento Contínuo, cujo resultado foi comparado ao Posicionamento por
Ponto Preciso (PPP) do IBGE, resultando em erro máximo de 3 mm.
O trabalho desenvolvido pode ser aplicado em outras áreas costeiras, tanto para áreas
que já possuem evidências de inundação, ou que possam vir a ocorrer o fenômeno,
apresentando-se como uma alternativa de baixo custo com eficiência e confiabilidade.
113
REFERÊNCIAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14653-1: Avaliação de bens – Parte
1: procedimentos gerais. Rio de Janeiro, 2001. 10p.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14653-2: Avaliação de bens – Parte
2: imóveis urbanos. Rio de Janeiro, 2011. 54p.
ADAMS, S.; AICH, V.; ALBRECHT, T.; BAARSCH, F.; BOIT, A.; CANALES TRUJILLO,
N.; CARTSBURG, M.; COUMOU, D.; EDEN, A.; FADER, M.; HARE, B.; HOFF, H.;
JOBBINS, G.; JONES, L.; KIT, O.; KRUMMENAUER, L.; LANGERWISCH, F.; Le
MASSON, V.; LUDI, E.; MARCUS, R.; MENGEL, M.; MOSELLO, B.; MÖHRING, J.;
NORTON, A.; OTTO, I. M.; PERETTE, M.; PEREZNIETO, P.; RAMMIG, A.; RECKIEN,
D.; REINHARDT, J.; REYER, C.; ROBINSON, A.; ROCHA, M.; SAKSCHEWSKI, B.;
SCHAEFFER, M.; SCHAPHOFF, S.; SCHEWE, J.; SCHLEUSSNER, C.; SERDECZNY,
O.; STAGL, J.; THONICKE, K.; WAHA, K.; World, B.. Latin America and the Caribbean:
4o Turn down the heat - confronting the new climate normal. World Bank Group. v.2,
2014275p.
AGUIAR, L.S.; AMARO, V.E.; ARAÚJO, P.V.N. Meio Século de Código Florestal e
Implicações nas Áreas de Preservação Permanente de um Estuário Hipersalino no Semiárido
Brasileiro. Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ, 41(2): 191-210. 2018.
ALVARES, C.A.; STAPE, J.L.; SENTELHAS, P.C.; GONÇALVES, J.L.M.; SPAROVEK,
G. Köppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift, 22(6): 711-
728. 2013.
ALVES, J.B.; MEDEIROS, F.S. Impactos ambientais e delimitação da área de preservação
permanente do rio Espinharas no trecho urbano de Patos-PB. Revista Redes, 21(2): 107 - 130.
2016.
AMARO, V.E.; ARAÚJO, A.B. Análise multitemporal da morfodinâmica da região costeira
setentrional do Nordeste do Brasil entre os municípios de Grossos e Tibau, Estado do Rio
Grande do Norte. Revista da Gestão Costeira Integrada, 8(2): 77-100. 2008.
AMARO, V.E.; SANTOS, M.S.T.; SOUTO, M.V.S. Geotecnologias aplicadas ao
monitoramento costeiro: Sensoriamento remoto e Geodésia de precisão. Editora Natal, 2012.
118p.
ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil. Regulamento Brasileiro da Aviação Civil
Especial - RBAC-E nº 94: Requisitos gerais para aeronaves não tripuladas de uso civil.
Resolução nº 419, de 2 de maio de 2017 (SAR/SPO), 26. 2017.
ARAÚJO, A.B. Análise e caracterização da dinâmica da foz do rio Apodi, região de Areia
Branca/RN, com base na cartografia temática multitemporal de produtos de sensores
remotos. TCC – Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Geologia) – Departamento
de Geologia, Centro de Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Natal, 2003. 102 p.
114
ARAÚJO, D.R.; SILVA, P.C.M.; DIAS, N.S.; LIRA, D.L.C. Estudo da área de preservação
permanente do rio Mossoró no sítio urbano de Mossoró-RN por meio de técnicas de
geoprocessamento. Revista Caatinga, 25(2): 177-183. 2012.
ARAÚJO, P.V.D.N.; AMARO, V.E.; ALCOFORADO, A.V.C.; SANTOS, A. L.S. Vertical
accuracy and calibration of digital elevation models (DEMs) for the piranhas-assu river Basin,
Rio Grande Do Norte, Brazil. Anuário do Instituto de Geociências, 41(1): 351–364. 2018a.
ARAÚJO, P.V.N.; AMARO, V.E.; SILVA, R.M.; LOPES, A.B. Delimitation of flood areas
based on calibrated DEM and geoprocessing: case study on Uruguay River, Itaqui City,
Southern Brazil. Natural Hazards and Earth Sciences (NHESS). 2018b.
ARMENIO, E.; SERIO, F.; MOSSA, M. Environmental technologies to safeguard coastal
heritage. Scientific Research and Information Technology, 8(1): 61–78. 2018.
ARYA, S.R.,; SYRIAC, E.K. Wetlands: The living waters-A review. Agricultural Reviews,
39(of), 122–129. doi:10.18805/ag.R-1717. 2018.
BACCARO, C.A.D.; SILVA, P.C.M.; Camacho, R.G.V. Mapeamento geomorfológico da
Bacia do Apodi-Mossoró-RN – NE do Brasil. Mercator - Revista de Geografia da UFC,
08(16): 201-216. 2009.
BANCO MUNDIAL. Avaliação de Perdas e Danos: Inundações Bruscas em Alagoas - Junho
de 2010. Brasília: Relatório Técnico elaborado com apoio do Governo do Estado de Alagoas,
(Agosto), 2012. 56p.
BARROS, D.F.,; ALBERNAZ, A.L.M. Possible impacts of climate change on wetlands and
its biota in the Brazilian Amazon. Brazilian Journal of Biology, 74(4), 810–820.
doi:10.1590/1519-6984.04013. 2014.
BEZERRA, J.M.; FEITOSA, A.P.; MORAIS, C.T.S.L.; SILVA, P.C.M.; SILVA, I.R.
Zoneamento ambiental das áreas de preservação permanente do município de Martins, RN.
Revista Caatinga, 21(5) (Número Especial): 113-122. 2008.
BEZERRA, M.E.P. Mapeamento geológico na região do baixo curso do rio Mossoró-RN,
Bacia Potiguar. TCC – Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Geologia) –
Departamento de Geologia, Centro de Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, Natal. 2008. 92 p.
BILSKIE, M.V.; HAGEN, S.C.; MEDEIROS, S.C.; PASSERI, D.L. Dynamics of sea level
rise and coastal flooding on a changing landscape. Geophysical Research Letters, 41(3): 927–
934. 2014.
BLITZKOW, D., MATOS, A.C.O.C. de, MACHADO, W.C., NUNES, M.A., LENGRUBER,
N.V., XAVIER, E.M.L.,; FORTES, L.P.S. Mapgeo2015: O Novo Modelo De Ondulação
Geoidal Do Brasil. Revista Brasileira de Cartografia, 68(10), 1873–1884.
http://www.lsie.unb.br/rbc/index.php/rbc/article/view/1802. 2016.
BOORI, M. S.; AMARO, V. E. Land use change detection for environmental management:
using multi-temporal, satellite data in the Apodi Valley of northeastern Brazil. Applied GIS,
6(2): 1-15. 2010.
115
BOORI, M.S.; AMARO, V.E. A Remote Sensing Approach for Vulnerability and
Environmental Change in Apodi Valley Region, Northeast Brazil. International Journal of
Geological and Environmental Engineering, 5(2): 93-103. 2011.
BOORI, M.S. Avaliação de impacto ambiental e gestão dos recursos naturais no estuário
Apodi-Mossoró, Nordeste do Brasil. Tese de Doutorado. Natal-RN: Programa de Pós-
graduação em Geodinâmica e Geofísica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 2011.
BOORI, M.S.; AMARO, V.E.; TARGINO, A Coastal risk assessment and adaptation of the
impacto f sea-level rise, climate change and hazards: A RS and GIS based approach in Apodi-
Mossoró estuary, Northeast Brazil. International Journal of Geomatics and Geosciences,
2(3): 815-832. 2012.
BOORI, M.S.; AMARO, V.E.; VITAL, H. Coastal ecological sensitivity and risk assessment:
A case study of sea level change in Apodi river (Atlantic Ocean), Northeast Brazil.
International Journal of Environmental and Earth Sciences, 71(1): 866–875. 2010.
BORGES, R.O.; NEVES, C.B.; CASTRO, S.S. Delimitação de áreas de preservação
permanente determinadas pelo relevo: aplicação da legislação ambiental em duas microbacias
hidrográficas no estado de Goiás. Revista Brasileira de Geomorfologia, 12(3): 109-114. 2011.
BORRINI-FEYERABEND, G.; DUDLEY, N.; JAEGER, T.; LASSEN, B.; BROOME, N.P.;
PHILLIPS, A.; SANDWITH, T. Governança de Áreas Protegidas: da compreensão à ação.
Série Diretrizes para melhores Práticas para Áreas Protegidas, n. 20. Gland, Suiça: UICN, xvi,
2017. 124 p.
BRANCALION, P.H.S.; GARCIA, L.C.; LOYOLA, R.; RODRIGUES, R.R.; PILLAR, V.D.;
LEWINSOHN, T.M. A critical analysis of the Native Vegetation Protection Law of Brazil
(2012): updates and ongoing iniciatives. Natureza; Conservação, 14S(2016): 1–15. 2016.
BRASIL. Lei n. 12.608, de 10 de abril de 2012. Institui a Política Nacional de Proteção e
Defesa Civil - PNPDEC. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
2014/2012/Lei/L12608.htm>. Acesso em: 10 nov./2017. 2012a.
BRASIL. Lei n. 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm>.
Acesso em: 20 dez. 2012. 2012b.
BRASIL. Decreto n. 1.905, de 16 de maio de 1996. Promulga a Convenção sobre Zonas
Úmidas de Importância Internacional, especialmente como Habitat de Aves Aquáticas,
conhecida como Convenção de Ramsar, de 02 de fevereiro de 1971. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1996/D1905.htm> . Acesso em: 20 dez. 2017.
1996.
BRASIL. Lei n. 4.771 de 15 de setembro de 1965. Institui o Novo Código Florestal.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4771.htm>. Acesso em: 10 nov.
2017. 1965.
116
BRASIL. Senado Federal. Secretaria Jornal do Senado. Código florestal: nova lei busca
produção com preservação. Revista Em Discussão! - Revista de audiências públicas do
Senado Federal, 2(9): 55-65. 2011.
BRITO, J.L.N.S. ; Coelho Filho, L.C.T. Fotogrametria digital. Rio de Janeiro: Ed. UERJ,
2007.196p.
BUFFON, E.A.M., PAZ, O.L.S.; SAMPAIO, T.V.M. Uso de Veículo Aéreo Não Tripulado
(Vant) Para Mapeamento das Vulnerabilidades à Inundação Urbana: Referenciais e Bases de
Aplicação. Revista do Departamento de Geografia USP, 9(1), 180–189.
doi:10.11606/rdg.v0ispe.132547. 2017.
BUSMAN, D.V.; AMARO, V.E.; SOUZA-FILHO, P.W.M. Análise estatística multivariada
de métodos de vulnerabilidade física em zonas costeiras tropicais. Revista Brasileira de
Geomorfologia. 17(3): 499-516. 2016.
BUSMAN, D.V.; AMARO, V.E.;; SOUZA-FILHO, P.W.M. Métodos de vulnerabilidade
social – subsídios à adaptação às mudanças climáticas em municípios costeiros. Revista
Brasileira de Cartografia, 69(4): 659–674. 2017.
CABELLO, J.; FERNÁNDEZ, N.; ALCARAZ-SEGURA, D.; OYONARTE, C.; PIÑEIRO,
G.; ALTESOR, A.; DELIBES, M.; PARUELO, J.M. The ecosystem functioning dimension in
conservation: Insights from remote sensing. Biodiversity and Conservation, 21(2012) 3287-
3305. 2012.
CAMPAGNOLO, K.; SILVEIRA, G.L.; MIOLA, A.C.; SILVA, R.L.L. Área de preservação
permanente de um rio e análise da legislação de proteção da vegetação nativa. Revista Ciência
Florestal, 27(3): 831-842. 2017.
CÂNDIDO, A.K.A.A., SILVA, N.M.; PARANHOS FILHO, A.C. Imagens de alta resolução
espacial de Veículos Aéreos Não Tripulados (VANT) no planejamento do uso e ocupação do
solo. Anuario do Instituto de Geociencias, 38(1), 147–156. doi:10.11137/2015_1_147_156.
2015.
CANHOLI, A.P. Drenagem urbana e controle de enchentes. 2ª ed. São Paulo: Oficina de
Textos, 2014. 380p.
CARDONA, O.D.; VAN AALST, M.K.; BIRKMANN, J.; FORDHAM, M.; MCGREGOR,
G.; PEREZ, R.; PULWARTY, R.S.; SCHIPPER, E.L.F.; SINH, B.T.. Determinants of risk:
exposure and vulnerability. In: Managing the Risks of Extreme Events and Disasters to
Advance Climate Change Adaptation [Field, C.B., V. Barros, T.F. Stocker, D. Qin, D.J.
Dokken, K.L. Ebi, M.D. Mastrandrea, K.J. Mach, G.-K. Plattner, S.K. Allen, M. Tignor, and
P.M. Midgley (eds.)]. A Special Report of Working Groups I and II of the Intergovernmental
Panel on Climate Change (IPCC). Cambridge University Press, Cambridge, UK, and New
York, NY, USA, pp. 65-108. 2012.
CARVALHO, M.Â.V.; OYAMA, M.D. Variabilidade da largura e intensidade da Zona de
Convergência Intertropical atlântica: Aspectos observacionais. Revista Brasileira de
Meteorologia, 28(3), 305–316. doi:10.1590/S0102-77862013000300007. 2013.
117
CASELLA, E., ROVERE, A., PEDRONCINI, A., MUCERINO, L., CASELLA, M.,
CUSATI, L.A. Study of wave runup using numerical models and low altitude aerial
photogrammetry a tool for coastal management. Estaurine coastal and shelf science, 26(149),
160–167. 2014.
CATELANI, C.S.; BATISTA, G.T. Mapeamento das áreas de preservação permanente (APP)
do município de Santo Antônio do Pinhal, SP: um subsídio à preservação ambiental. Revista
Ambiente; Água, 2(1): 30-43. 2007.
CAZENAVE, A.; DIENG, H.B.; MEYSSIGNAC, B.; VON SCHUCKMANN, K.;
DECHARME, B.; BERTHIER, E. The rate of sea-level rise. Nature Climate Change, 4(5):
358–361. 2014.
CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Custo Unitário Básico: indicador dos
custos do setor da construção civil. Disponível em: < http://www.cub.org.br/cub-m2-
estadual/>. Acesso em: Ago./2018. 2018.
CEPED UFSC – Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres da
Universidade Federal de Santa Catarina. Atlas brasileiro de desastres naturais 1991 a 2010:
volume Brasil. Florianópolis. 2012.
CEPED/UFSC. Relatório de danos materiais e prejuízos decorrentes de desastres naturais no
Brasil: 1995-2014. Florianópolis: CEPED UFSC; Banco Mundial, 2016. 230p.
CESTARO, L.A.; FERNANDES, E.; PEREIRA, V.H.C. Zoneamento de áreas de proteção
ambiental urbanas: o exemplo da zona de proteção ambiental 7 em Natal, RN. Revista
Geonorte, (Edição Especial), 3(4): 1391-1404. 2012.
CHM – Centro de Hidrografia da Marinha. Marinha do Brasil. Sondagem batimétrica.
Disponível em: <https://www.marinha.mil.br/chm/dados-do-segnav-lev-hidro/sondagem-
batimetrica>. Acesso em: mar./2018. 2018a.
CHM – Centro de Hidrografia da Marinha. Marinha do Brasil. Maregrafia e fluviometria.
Disponível em: <https://www.marinha.mil.br/chm/dados-do-segnav-lev-hidro/maregrafia-e-
fluviometria>. Acesso em: mar./2018. 2018b.
CHURCH, J.A.; CLARK, P.U.; CAZENAVE, A.; GREGORY, J.M.; JEVREJEVA, S.;
LEVERMANN, A.; MERRIFIELD, M.A.; MILNE, G.A.; NEREM, R.S.; NUNN, P.D.;
PAYNE, A.J.; PFEFFER, W.T.; STAMMER, D. ; UNNIKRISHNAN, A.S. Sea Level
Change. In: Climate Change: The Physical Science Basis. Contribution of Working Group I
to the Fifth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change [Stocker,
T.F.; Qin, D.; Plattner, G.K.; Tignor, M.; Allen, S.K.; Boschung, J.; Nauels, A.; Xia, Y.; Bex,
V.; Midgley, P.M. (eds.)]. Cambridge University Press, Cambridge, United Kingdom and
New York, NY, USA. 2013.
CIAN, F.; MARCONCINI, M.; CECCATO, P.; GIUPPONI, C. Flood depth estimation by
means of high-resolution SAR images and LiDAR data. Natural Hazards and Earth System
Sciences Discussions, (June): 1–25. 2018.
118
COLOMINA, I.,; MOLINA, P. Unmanned aerial systems for photogrammetry and remote
sensing: A review. ISPRS Journal of Photogrammetry and Remote Sensing, 92(1), 79–97.
doi:10.1016/j.isprsjprs.2014.02.013. 2014.
COOPER, H.M.; FLETCHER, C.H.; CHEN, Q.; BARBEE, M.M. Sea-level rise vulnerability
mapping for adaptation decisions using LiDAR DEMs. Progress in Physical Geography,
37(6): 745–766. 2013.
COSTA, A.M.; REIS, R.S. Análise de conflitos no uso do solo em APP: o uso de
sensoriamento remoto no entorno de um sistema estuarino lagunar. Revista em Agronegócio e
Meio Ambiente, 10(3): 775-788. 2017.
COSTA, B.C.P.; AMARO, V.; FERREIRA, A.T.S. Classificação de espécies de mangue no
Nordeste do Brasil com base em imagens híbridas de sensoriamento remoto. Anuário do
Instituto de Geociências – UFRJ. 40(1): 135-149. 2017.
COA, D.F.S., Cha, R.M.,; CESTARO, L.A. Análise fitoecológica e zonação de manguezal em
estuário hipersalino. Mercator, 13(1), 119–126. 2014a.
COSTA, D.F.S., BARBOSA, J.E.D.L., ROCHA, R.D.M., SOARES, A.M.V.M.,; LILLEBØ,
A.I. Multifactorial analysis of the geochemical characterization in a Brazilian hypersaline
floodplain. Brazilian Journal of Aquatic Science and Technology, 18(1), 91.
doi:10.14210/bjast.v18n1.p91-90. 2014b.
COSTA, D.F.S.; SILVA, A.A.; MEDEIROS, D.H.M.; Lucena Filho, M.A.; Rocha, R.M.;
Lillebo, A.I.; Soares, A.M.V.M. Breve revisão sobre a evolução histórica da atividade
salineira no estado do Rio Grande do Norte (Brasil). Revista Sociedade; Natureza, 25(1): 21-
34. 2013.
CPRM – Serviço Geológico do Brasil. Carta geológica: Folhas Macau SB.24-X-D-II e
SB.24-X-D-V. Carta, color. 93 cm x 90 cm. Escala 1:100.000. Programa Geologia do Brasil –
PGB. Projeto Carta Geológica Escala 1:100.000. 2009.
CPRM – Serviço Geológico do Brasil. Carta geológica: Folha Mossoró SB.24-X-D-I. Carta,
color., 95 cm x 81 cm. Escala 1:100.000. Programa Geologia do Brasil – PGB. Projeto Carta
Geológica Escala 1:100.000. 2011.
CRUZ e SOUSA, R.,; MIRANDA, O.L. Incorporating wetlands in hydrologic and hydraulic
models for flood zone delineation: An application to Durán, Ecuador. International Journal of
Disaster Risk Reduction, 28(April 2017), 375–383. doi:10.1016/j.ijdrr.2018.03.023. 2018.
CRUZ ROGÉRIO, A. P.. Caracterização geológica e geomorfológica do município de Areia
Branca/RN, com vistas à elaboração do mapa de sensibilidade ao derramamento de óleo.
TCC – Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Geologia) – Departamento de
Geologia, Centro de Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Natal, 2004. 114 p.
DECEA – Departamento de Controle do Espaço Aéreo. Portaria DECEA nº 282/DGCEA, de
22 de dezembro de 2016 - ICA 100-40: Sistemas de aeronaves remotamente pilotadas e o
acesso ao espaço aéreo brasileiro. Ministério da Defesa, Comando da Aeronáutica, 2016. 55p.
119
DHN – Diretoria de Hidrografia e Navegação. Centro de Hidrografia da Marinha. Banco
Nacional de Dados Oceanográficos. Previsões de marés (máximas e mínimas diárias):
Estação Porto de Areia Branca - Termisa. Disponível em:
<http://www.mar.mil.br/dhn/chm/box-previsao-mare/tabuas/>. Acesso em: jul./2017. 2017.
DHN – Diretoria de Hidrografia e Navegação. Centro de Hidrografia da Marinha. Marinha do
Brasil. Descrição de estação maregráfica: estação Areia Branca-Continente (30112). Carta nº
720 – de Areia Branca a Macau. 2010.
DI GREGÓRIO, L.T.; SAITO, S.M.; SAUSEN, T.M. Sensoriamento remoto para a gestão
(de risco) de desastres naturais. In: SAUSEN, Tania Maria; Lacruz, Maria Silvia Pardi.
Sensoriamento remoto para desastres. São Paulo: Oficina de Textos, 2015.
DINIZ, M.T.M.; PEREIRA, V.H.C. Climatologia do estado do Rio Grande do Norte, Brasil:
sistemas atmosféricos atuantes e mapeamento de tipos de clima. Boletim Goiano de
Geografia, 35(3): 488-506. 2015.
DOLMAN, D.I., BROWN, I.F., ANDERSON, L.O., WARNER, J.F., MARCHEZINI, V.,;
SANTOS, G.L.P. Re-thinking socio-economic impact assessments of disasters: The 2015
flood in Rio Branco, Brazilian Amazon. International Journal of Disaster Risk Reduction, 31,
212–219. doi:10.1016/j.ijdrr.2018.04.024. 2018.
EARTH RESOURCE MAPPING. ER Mapper. Versão 7.1 para Windows: Earth Resource
Mapping. 1 CD-ROM. 2006.
EMPARN – Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte. Meteorologia.
Disponível em: <http://www.emparn.rn.gov.br>. Acesso em: Set./2017. 2017.
ESRI. ArcGIS. ArcGIS Desktop: ArcMap. Versão 10.2 para Windows: ESRI - Enviromental
Systems Research Institute, 1 CD-ROM. Disponível em: <https://www.esri.com/arcgis/about-
arcgis>. Acesso em: nov./2014. 2014.
FADEL, A.W., MARQUES, G.F.,; GOLDENFUM, J.A. Mapeamento do risco de prejuízo
como medida de gestão e adaptação às inundações. Geociências - UNESP, 37(1), 121–136.
2018.
FENG, Q., LIU, J.,; GONG, J. Urban flood mapping based on unmanned aerial vehicle
remote sensing and random forest classifier-A case of Yuyao, China. Water (Switzerland),
7(4), 1437–1455. doi:10.3390/w7041437. 2015.
FERREIRA, A.T.S.; AMARO, V.E.; SANTOS, M.S.T. Geodésia aplicada à integração de
dados topográficos e batimétricos na caracterização de superfícies de praia. Revista Brasileira
de Cartografia, 66(1): 167–184. 2014.
FERREIRA, A.T.S.; SANTOS, M.S.T.; FERNANDES, L.R.; RIBEIRO, M.C.H.
Mapeamento geomorfológico de detalhe para delimitação de áreas de preservação permanente
(APP) de zonas costeiras em atendimento ao Cadastro Ambiental Rural (CAR). Revista
Brasileira de Geomorfologia, 17(4): 631-643. 2016.
120
FLORENZANO, T.G. Iniciação em sensoriamento remoto. 3. ed. São Paulo: Oficina de
Textos, 2011.
FRANCO, C.G.M; AMARO, V.E.; SOUTO, M.V.S. Prognóstico da erosão costeira no
Litoral Setentrional do Rio Grande do Norte para os anos de 2020, 2030 e 2040. Revista de
Geologia, 25(2): 37-55. 2012.
FREITAS, S.R.C.,; BLITZKOW, D. Altitudes e geopotencial. International Geoid Service,
9(1), 47–62. 1999.
FROTA, F. F.; TRUCCOLO, E.C.; SCHETTINI, C.A.F. Tidal and sub-tidal sea level
variability at the northern shelf of the Brazilian Northeast Region. Anais da Academia
Brasileira de Ciências, 88(3): 1371–1386. 2016.
G1. Grupo Globo. Rio Grande do Norte. InterTV. Maré alta invade ruas em Areia Branca,
RN. Disponível em: < http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2015/02/mare-alta-
invade-ruas-em-areia-branca-rn.html>. Acesso em: Fev., 2015. 2015.
GONÇALVES, J.A.,; HENRIQUES, R. UAV photogrammetry for topographic monitoring of
coastal areas. ISPRS Journal of Photogrammetry and Remote Sensing, 104, 101–111.
doi:10.1016/j.isprsjprs.2015.02.009. 2015.
GONZÁLEZ-JORGE, H.; PUENTE, I.; ROCA, D.; MARTÍNEZ-SÁNCHEZ, J.; CONDE,
B.; ARIAS, P. UAV Photogrammetry Application to the Monitoring of Rubble Mound
Breakwaters. Journal of Performance of Constructed Facilities, 30(1): 1-8. 2014.
HALLEGATTE, S., GREEN, C., NICHOLLS, R.J.,; CORFEE-MORLOT, J. Future flood
losses in major coastal cities. Nature Climate Change, 3(9), 802–806.
doi:10.1038/nclimate1979. 2013.
HAQ, M., AKHTAR, M., MUHAMMAD, S., PARAS, S.,; RAHMATULLAH, J. Techniques
of remote sensing and GIS for flood monitoring and damage assessment: a case study of
Sindh province, Pakistan. The Egyptian Journal of Remote Sensing and Space Science, 15(2),
135–141. 2012.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Sistematização das informações sobre
recursos naturais: Geomorfologia. Escala: 1:250.000. 2006a.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Sistematização das informações sobre
recursos naturais: Vegetação. Escala: 1:250.000. 2006b.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual Técnico de Geomorfologia. 2ª
ed. Rio de Janeiro. 2009.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Diretoria de Geociências. Coordenação
de Recursos Naturais e Estudos Ambientais. Manual Técnico da Vegetação Brasileira:
Sistema fitogeográfico, inventário das formações florestais e campestres, técnicas e manejo de
coleções botânicas, procedimentos para mapeamentos. 2ª ed. Rio de Janeiro, 2012. 275 p.
121
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de Informações Básicas
Municipais: Perfil dos Municípios Brasileiros 2013. Rio de Janeiro, 2014. 282p.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Análise do Nível Médio do Mar nas
Estações da Rede Maregráfica Permanente para Geodésia - RMPG 2001/2015. Diretoria de
Geociências, Coordenação de Geodésia, Rio de Janeiro, 2016. 61p.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2011.
Características da população e dos domicílios: resultados do universo. Rio de Janeiro: IBGE,
2010.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Diretoria de Geociências. Coordenação
de Geodésia. Reajustamento da rede altimétrica com números geopotenciais REALT-2018.
Rio de Janeiro, 2018. 47p.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Diretoria de Geociências. O novo
modelo de ondulação geoidal do Brasil: MAPGEO 2015. Rio de Janeiro: Coordenação de
Geodésia CGED/IBGE, 2015. 17p.
ICAO - International Civil Aviation Organization. Manual on Remotely Piloted Aircraft
Systems (RPAS). http://servicos.decea.gov.br/arquivos/drone/Doc_10019_Manual_on_
RPAS__English_.pdf 2015. 166p.
ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Atlas dos manguezais
do Brasil. Brasília: ICMBio, 2018. 176p.
IDEMA – Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do
Norte. Perfil do seu município: Areia Branca. v. 10, p. 1-22; Natal-RN. 2008.
INMET – Instituto Nacional de Meteorologia. Normal climatológica do Brasil 1981-2010:
estação 82591 de Mossoró. BDMEP dados históricos. Disponível em: <
http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=bdmep/bdmep>. Acesso em: jan./2018. 2018.
IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change. Climate Change 2014: Impacts,
Adaptation, and Vulnerability - Summary for Policymakers. Phase I Report Launch. IPCC
Working Group II Contribution to the Fifth Assessment Report. 2014a. 44p.
IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change. 2014: Climate Change 2014b:
Mitigation of Climate Change. Contribution of Working Group III to the Fifth Assessment
Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change [Edenhofer, O.; Pichs-Madruga,
R.; Sokona, Y.; Farahani, E.; Kadner, S.; Seyboth, K.; Adler, A.; Baum, I.; Brunner, S.;
Eickemeier, P.; Kriemann, B.; Savolainen, J.; Schlömer, S.; Von Stechow, C.; Zwickel, T.;
Minx, J.C. (eds.)]. Cambridge University Press, Cambridge, United Kingdom and New York,
NY, USA. 2014b.
JAMES, D.L.; Lee, R.R. Economics of water resources planning. Nova York: McGraw-Hill,
1971. 615p.
JONES, K.R.; WATSON, J.E.M.; POSSINGHAM, H.P.; KLEIN, C.J. Incorporating climate
change into spatial conservation prioritisation : A review. Biological Conservation,
122
194(2016): 121–130. 2016.
JONOV, C.M.P., NASCIMENTO, N.O.; SILVA, A.P. Avaliação de danos às edificações
causados por inundações e obtenção dos custos de recuperação. Ambiente Construído, 13(3),
75–94. 2013.
JUNK, W.J., PIEDADE, M.T.F., LOURIVAL, R., WITTMANN, F., KANDUS, P.,
LACERDA, L.D., BOZELLI, R.L.; ESTEVES, F.A.; CUNHA, C.N.; MALTCHIK, L.;
SCHÖNGART, J.; SCHAEFFER-NOVELLI, Y.; AGOSTINHO, A.A. Brazilian wetlands:
Their definition, delineation, and classification for research, sustainable management and
protection. Aquatic Conservation: Marine and Freshwater Ecosystems, 24(1), 5–22.
doi:10.1002/aqc.2386. 2014.
KALACSKA, M., CHMURA, G.L., LUCANUS, O., BÉRUBÉ, D.,; ARROYO-MORA, J. P.
Structure from motion will revolutionize analyses of tidal wetland landscapes. Remote
Sensing of Environment, 199(1), 14–24. doi:10.1016/j.rse.2017.06.023. 2017.
KRSAK, B., BLISTAN, P., PAULIKOVÁ, A., PUŠKÁROVÁ, P., KOVANIČ, Ľ.,
PALKOVÁ, J.,; ZELIZŇAKOVÁ, V. Use of low-cost UAV photogrammetry to analyse the
accuracy of a digital elevation model in a case study. Measurement, 91(1), 276–287.
doi:10.1016/j.measurement.2016.05.028. 2016.
LAFARGE, F., DESCOMBES, X., ZERUBIA, J.; PIERROT-DESEILLIGNY, M. Structural
Approach for Building Reconstruction from a Single DSM. IEEE Transactions on Pattern
Analysis and Machine Intelligence, 32(1), 135–147. doi:10.1109/TPAMI.2008.281. 2010.
LIMA, S.F.; VITAL, H. Geomorphological and paleogeographic characterization of
continental shelf of the Apodi-Mossoró river, RN/Brazil. Environmental Problems in Coastal
Regions VI. WIT Transactions on Ecology and the Environment, 88(2006): 351-360. 2006.
LIU, Q., RUAN, C., ZHONG, S., LI, J., YIN, Z.,; LIAN, X. Risk assessment of storm surge
disaster based on numerical models and remote sensing. International Journal of Applied
Earth Observation and Geoinformation, 68(February), 20–30. doi:10.1016/j.jag.2018.01.016.
2018a.
LIU, C.C., SHIEH, M.C., KE, M.S.; WANG, K.-H. Flood Prevention and Emergency
Response System Powered by Google Earth Engine. Remote Sensing, 10(1283), 1–20.
doi:10.20944/preprints201807.0076.v1. 2018b.
MACHADO, M.L., NASCIMENTO, N., BAPTISTA, M., GONÇALVES, M., SILVA, A.,
LIMA, J.C., DIAS, R.; SILVA, A.; MACHADO, E.; FERNANDES, W. Curvas de danos de
inundação versus profundidade de submersão: desenvolvimento de metodologia. REGA -
Revista de Gestão de Água da América Latina, 2(1), 35–52. 2005.
MACHALA, M.; HONZOVÁ, M; KLIMÁNEK, M. Generating land-cover maps from
remotely sensed data: manual vectorization versus object-oriented automation. Applied GIS,
11(1): 1-30. 2015.
123
MAIA, R.P. Geomorfologia e Neotectônica no Vale do Rio Apodi-Mossoró RN. (Tese de
Doutorado). Natal-RN: Pós-graduação em geodinâmica e geofísica - UFRN, 2012. 218.
MANCINI, F., DUBBINI, M., GATTELLI, M., STECCHI, F., FABBRI, S.,;
GABBIANELLI, G. Using unmanned aerial vehicles (UAV) for high-resolution
reconstruction of topography: The structure from motion approach on coastal environments.
Remote Sensing, 5(12), 6880–6898. doi:10.3390/rs5126880. 2013.
MARENGO, J.A., NUNES, L.H., SOUZA, C.R.G., HARARI, J., MULLER-KARGER, F.,
GRECO, R., et al. A globally deployable strategy for co-development of adaptation
preferences to sea-level rise: the public participation case of Santos, Brazil. Natural Hazards,
88(1), 39–53. doi:10.1007/s11069-017-2855-x. 2017.
MATOS, A.C.O.C. Implementação de modelos digitais de terreno para aplicações na área
de geodésia e geofísica na América do Sul. Tese (Doutorado em Engenharia) – Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Transportes. São
Paulo, 2005. 355f.
MCCUEN, R.H. Hydrologic Analysis and Design, 2nd Ed., Upper Saddle River, NJ, Prentice
Hall. 1998.
MCGRANAHAN, G.; Balk, D.; Anderson, B. The rising tide: Assessing the risks of climate
change and human settlements in low elevation coastal zones. Environment and Urbanization,
19(1):17–37. 2007.
MEDEIROS, A.M.A., BARBOSA, J.E.L., MEDEIROS, P.R., ROCHA, R.M.,; SILVA, L.F.
Salinity and freshwater discharge determine rotifer distribution at the Mossoró River Estuary
(Semiarid Region of Brazil). Brazilian Journal of Biology, 70(3), 551–557. 2010.
MEDEIROS, D.H.M. Ambientes hipersalinos no litoral semiárido brasileiro: zona estuarina
do rio Apodi-Mossoró (RN). (Dissertação de Mestrado). Fortaleza: Pós-graduação em
Geografia da UECE., 2016. 147.
MEDEIROS, M., CAVALCANTE, A.; PINHEIRO, L. de S. Aspectos da sinuosidade e
distribuição espacial dos sedimentos no estuário do Rio Apodi-Mossoró (RN). XI SINAGEO,
(Anais de Congresso), 1–9. http://www.sinageo.org.br/2016/trabalhos/3/3-569-647.html 2016.
MEDEIROS, W.; CUNHA, L.; ALMEIDA, A.C. Riscos ambientais no litoral: exercício
analítico no município de Areia Branca (Nordeste do Brasil). Disponível em:
<https://www.researchgate.net/publication/264788995>. 2013. Acesso em: Out., 2016. 2013.
MEDEIROS, W.; CUNHA, L.; ALMEIDA, A.C. Paisagem e riscos ambientais no litoral de
Areia Branca (RN, Brasil) e da Figueira da Foz (Centro de Portugual). Disponível em: <
https://www.researchgate.net/publication/264789121>. 2014. Acesso em: Out., 2016. 2014.
MEDEIROS, W.D.A.; CUNHA, L.; ALMEIDA, A.C. Riscos ambientais e percepção no
litoral: estudo comparativo Brasil-Portugal. Revista Geonorte (Edição Especial), 1(4): 985-
997. 2012.
124
MENDONÇA, T.; MARQUES, A. Chuva alaga comunidade de Barra, Grossos-RN. Blog
Grossos-RN. Disponível em: < http://grossos-rn.blogspot.com.br/2011/04/barra-news.html>.
Acesso em: Ago., 2014. 2011.
MMA – Ministério do Meio Ambiente. Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima:
volume 2: estratégias setoriais e temáticas: portaria MMA nº 150 de 10 de maio de 2016.
Brasília: MMA, 2016.
MMA – Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Biodiversidade e Florestas. Diretoria de
Áreas Protegidas. Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas (PNAP): Decreto n°
5.758, de 13 de abril de 2006. Brasília. 2006a. 44 p.
MMA – Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Biodiversidade e Florestas. Diretoria do
Programa Nacional de Conservação da Biodiversidade. Diretrizes e Prioridades do Plano de
Ação para Implementação da Política Nacional da Biodiversidade (PAN-Bio). Projeto
Estratégia Nacional da Diversidade Biológica e Relatório Nacional. Brasília. 2006b. 80 p.
(Série Biodiversidade, 22).
MMA – Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Biodiversidade e Florestas.
Departamento de Áreas Protegidas. Informe nacional sobre áreas protegidas no Brasil.
Brasília: MMA, 2007. 132 p. (Série Áreas Protegidas do Brasil, 5).
MMA – Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade
Ambiental. Departamento de Qualidade Ambiental. Gerência de Qualidade Costeira e
Marinha. Macrodiagnóstico da Zona Costeira e Marinha do Brasil. Brasília: MMA, 2008.
242p.
MMA – Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Recursos Hídricos. Panorama da
desertificação no estado do Rio Grande do Norte. Natal-RN: 2005.
MMA – Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Recursos Hídricos e Qualidade
Ambiental. Departamento de Gestão Ambiental Territorial. PROCOSTA: Programa Nacional
para Conservação da Linha de Costa. (MMA, Org.). Brasília, DF.
http://www.mma.gov.br/publicacoes/gestao- territorial/category/198-gestao-costeira-procosta.
2018. 35p.
MONICO, J.F.G. Posicionamento pelo GNSS: Descrição, fundamentos e aplicações. São
Paulo: Editora UNESP, 2008. 476 p.
MONICO, J.F.G.; DAL PÓZ, A.P.; GALO, M.; SANTOS, M.C.; OLIVEIRA, L.C. Acurácia
e precisão: Revendo os conceitos de forma acurada. Boletim de Ciencias Geodesicas, 15(3):
469–483. 2009.
MOORE, I.D., GRAYSON, R.B.,; LADSON, R. Digital Terrain Modeling : A Review of
Hydrological Geomorphological and Biological Applications. Hydrological Processes, 5(1),
3–30. doi:DOI: 10.1002/hyp.3360050103. 1991.
MUIS, S., VERLAAN, M., WINSEMIUS, H.C., AERTS, J.C.J.H.,; WARD, P.J. A global
reanalysis of storm surges and extreme sea levels. Nature Communications, 7(May), 1–11.
doi:10.1038/ncomms11969. 2016.
125
MURRAY, N.J., KEITH, D.A., BLAND, L.M., FERRARI, R., LYONS, M.B., LUCAS, R.
The role of satellite remote sensing in structured ecosystem risk assessments. Science of the
Total Environment, 619–620, 249–257. doi:10.1016/j.scitotenv.2017.11.034. 2018.
NAGENDRA, H.; LUCAS, R.; HONRADO, J.P.; JONGMAN, R.H.G.; TARANTINO, C.;
ADAMO, M.; MAIROTA, P. Remote sensing for conservation monitoring: Assessing
protected areas, habitat extent, habitat condition, species diversity, and threats. Ecological
Indicators, 33(2013): 45-59. 2012.
NEUMANN, B., VAFEIDIS, A.T., ZIMMERMANN, J.,; NICHOLLS, R.J. Future coastal
population growth and exposure to sea-level rise and coastal flooding - A global assessment.
PLoS ONE, 10(3). doi:10.1371/journal.pone.0118571. 2015.
NEVES, C.B.; CASTRO, S.S.; SANTOS, N.; BORGES, R.O. Análise das relações entre
solos, relevo e a legislação ambiental para a delimitação das áreas de preservação permanente:
o exemplo da alta bacia do Ribeirão João Leite, estado de Goiás. Revista Brasileira de
Geomorfologia, 10(1): 3-21. 2009.
NEWTON, A.; HARFF, J.; YOU, Z.-J.; ZHANG, H.; WOLANSKI, E. Sustainability of
future coasts and estuaries: A synthesis. Estuarine, Coastal and Shelf Science, 183(2016):
271-274. 2016.
NICHOLLS, R.; CAZENAVE, A. Sea-Level Rise and Its Impact on Coastal Zones. Science
(New York, N.Y.), 328(5985): 1517–1520. 2010.
NICHOLLS, R.J., HANSON, S.E., LOWE, J.A., WARRICK, R.A., LU, X.,; LONG, A.J.
Sea-level scenarios for evaluating coastal impacts. Wiley Interdisciplinary Reviews: Climate
Change, 5(1), 129–150. doi:10.1002/wcc.253. 2014.
NICOLODI, J.L.; ZAMBONI, A.; BARROSO, G.F. Gestão integrada de bacias hidrográficas
e zonas costeiras no Brasil: implicações para a região hidrográfica amazônica. Revista da
Gestão Costeira Integrada: 9(2): 9-32. 2009.
NIEBUHR, P.M. Os limites da proteção jurídica dos manguezais. Artigos jurídicos e direito
em debate, Revista eletrônica AJDD, II(3): 1-18. 2012.
ONUBR – Nações Unidas no Brasil. Documentos temáticos: objetivos de desenvolvimento
sustentável 1, 2, 3, 5, 9 e 14. Brasília. 2017. 107 p.
OUELLETTE, W.,; GETINET, W. Remote Sensing Applications: Society and Environment
Remote sensing for Marine Spatial Planning and Integrated Coastal Areas Management :
Achievements , challenges , opportunities and future prospects. Remote Senseing
Applications: Society and Environment, 4(1), 138–157. doi:10.1016/j.rsase.2016.07.003.
2016.
PATERSON, S.K.; PELLING, M.; NUNES, L.H.; MOREIRA, F.A.; GUIDA, K.;
MARENGO, J.A. Size does matter: City scale and the asymmetries of climate change
adaptation in tree coastal towns. Geoforum, 81(2017): 109-119. 2017.
126
PBMC - Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas. Impactos, vulnerabilidades e adaptação
às mudanças climáticas. Contribuição do Grupo de Trabalho 2 do Painel Brasileiro de
Mudanças Climáticas ao Primeiro Relatório da Avaliação Nacional sobre Mudanças
Climáticas [Assad, E.D., Magalhães, A. R. (eds.)]. COPPE. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2014. 414p.
PBMC – Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas. Impacto, vulnerabilidade e adaptação
das cidades costeiras brasileiras às mudanças climáticas: Relatório Especial do Painel
Brasileiro de Mudanças Climáticas. [Marengo, J.A.; Scarano, F.R. (Eds.)]. PBMC, COPPE -
UFRJ. Rio de Janeiro, Brasil, 2016. 184 p.
PEREIRA, J. Blog Costa Branca em Dia. Maré alta de 3.7 avançou em ruas de Areia Branca.
Disponível em: < http://costabrancaemdia.blogspot.com.br/2015/02/>. Acesso em: Fev. 2015.
PETROU, Z.I.; MANAKOS, I.; STATHAKI, T. Remote sensing for biodiversity monitoring:
a review of methods for biodiversity indicator extraction and assessment of progress towards
international targets. Biodiversity and Conservation, 24(2015): 2333–2363. 2015.
PEZZOLI, A.; ALFREDINI, P. Impacts of Climate Changes on Management Policy of the
Harbors, Land Areas and Wetlands in the Sao Paulo State Coastline (Brazil). Journal of
Climatology; Weather Forecasting, 01(02): 1–7. 2013.
PIEDADE, M.T.F.; JUNK, W.J.; SOUSA JR, P.T.; CUNHA, C.N.; SCHÖNGART, J.;
WITTMANN, F.; CANDOTTI, E.; GIRARD, P.. As áreas úmidas no âmbito do Código
Florestal brasileiro. Em: Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento
Sustentável (ed.): Código Florestal e a ciência: o que nossos legisladores ainda precisam
saber. Sumários executivos de estudos científicos sobre impactos do projeto de Código
Florestal. Comitê Brasil, Brasília: 9-17. 2012
PMAB – Prefeitura Municipal de Areia Branca. Lei Municipal Complementar nº 1.037, de 25
de outubro de 2006. Dispõe sobre o Plano Diretor do Município de Areia Branca e dá outras
providências. Disponível em:
<http://www.camaradeareiabranca.com.br/upload/2017/05/16/2-plano-diretor-de-areia-
branca7-lei-1037-2006-591b227675aa8.pdf>. Acesso em: nov./2017. 2006.
RADAMBRASIL. Levantamento de Recursos Naturais Geologia/Geomorfologia/
Pedologia/Vegetação/Uso Potencial da Terra. Rio de Janeiro/RJ: Ministério das Minas e
Energia, v. 23 – Folhas SB. 24/25 – Jaguaribe/Natal, 1981.740p.
RAMOS, A.M.; KRUEGER, C.P. Aplicação de reduções batimétricas GPS em levantamentos
hidrográficoss. Boletim de Ciencias Geodesicas, 15(4): 615–635. 2009.
Rao, K.H.V.D.; Rao, V.V.; Dadhwal, V.K.; Behera, G.; Sharma, J.R. A distributed model for
real-time flood forecasting in the Godavari Basin using space inputs. International Journal of
Disaster Risk Science, 2(3): 31–40. 2011.
RASMUSSEN, D.J.; BITTERMANN, K.; BUCHANAN, M.K.; KULP, S.; STRAUSS, B.H.;
KOPP, R.E.; Oppenheimer, M. Extreme sea level implications of 1.5 ºC, 2.0 ºC, and 2.5 ºC
temperature stabilization targets in the 21st and 22nd centuries. Environmental Research
Letters, 13(1): 1–12. 2018.
127
REES, S.E.; FOSTER, N.L.; LANGMEAD, O.; PITTMAN, S.; JOHNSON, D.E. Defining
the qualitative elements of Aichi Biodiversity Target 11 with regard to the marine and coastal
environment in order to strengthen global efforts for marine biodiversity conservation
outlined in the United Nations Sustainable Development Goal 14. Marine Policy, (2017): 1-
10. Disponivel em: <https://doi.org/10.1016/j.marpol.2017.05.016>.2017.
REMONDINO, F., BARAZZETTI, L., NEX, F., SCAIONI, M.; SARAZZI, D. UAV
Photogrammetry for Mapping and 3D Modeling - Current Status and Future Perspectives -.
International Archives of Photogrammetry, Remote Sensing, and Spatial Information
Sciences, XXXVIII(1/C22), 25–31. http://www.int-arch-photogramm-remote-sens-spatial-inf-
sci.net/XXXVIII-1-C22/25/2011/isprsarchives-XXXVIII-1-C22-25-2011.pdf. 2011.
RESIO, D.T.,; WESTERINK, J.J. Modeling the physics of storm surges - Physics Today
September 2008 Modeling the physics of storm surges - Physics Today September 2008.
Physics Today, 7(September), 3–9. 2008.
RIBEIRO, G.V.B. A origem histórica do conceito de Área de Preservação Permanente no
Brasil. Revista Thema, 8(1): 1-13. 2011.
RIOS, V.P.L.; AMARO, V.E.; VIEIRA, M.M.; MATOS, M.F.A.; PRUDÊNCIO, M.C.;
CAMARA, M.R. Influência neotectônica na morfologia do sistema de ilhas barreiras,
Nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Geomorfologia, 17(3): 399-416. 2016.
ROCHA, A. B.; CLAUDINO-SALES, V. C.; SALES, M. C. L. Geoambientes, uso e
ocupação do espaço do estuário do rio Apodi-Mossoró, Rio Grande do Norte, Nordeste do
Brasil. REDE – Revista Eletrônica do PRODEMA, 7(2): 60-75. 2011.
ROCHA, A.B.; BACCARO, C.A.D., SILVA, P.C.M. da,; CAMACHO, R.G.V. Mapeamento
geomorfológico da Bacia do Apodi-Mossoró - RN - NE do Brasil. Mercator, 8(16), 201–216.
doi:10.4215/RM2009.0816.0016. 2009.
RORIZ, P.A.C.; FEARNSIDE, P.M. A construção do Código Florestal brasileiro e as
diferentes perspectivas para a proteção das florestas. Novos Cadernos NAEA, 18 (2): 51-68.
2015.
ROSA, C.N.; PICCILLI, D.G.A.; TASSI, R.; FAVARETTO, J.R.; LIMBERGER, M.F.
Utilização de Veículos Aéreos Não Tripulados em Projetos de Drenagem. Anuário do
Instituto de Geociências - UFRJ, 41(1): 308–317. 2018.
ROSA, R. Geotecnologias na Geografia aplicada. Revista do Departamento de Geografia,
16(1): 81–90. 2005.
ROSE, R.A.; BYLER, D.; EASTMAN, J.R.; FLEISHMAN, E.; GELLER, G.; GOETZ, S.;
GUILD, L.; HAMILTON, H.; HANSEN, M.; HEADLEY, R.; HEWSON, J.; HORNING, N.;
KAPLIN, B.A.; LAPORTE, N.; LEIDNER, A.; LEIMGRUBER, P.; MORISETTE, J.;
MUSINSKY, J.; PINTEA, L.; PRADOS, A.; RADELOFF, V.C.; ROWEN, M.; SAATCHI,
S.; SCHILL, S.; TABOR, K.; TURNER, W.; VODACEK, A.; VOGELMANN, J.;
WEGMANN, M.; WILKIE, D.; WILSON, C. Ten ways remote sensing can contribute to
conservation. Conservation Biology, 29(2): 350-359. 2015.
128
ROY, P.S.; ROY, A.; JOSHI, P.K.; KALE, M.P.; SRIVASTAVA, V.K.; SRIVASTAVA,
S.K.; DWEVIDI, R.S.; JOSHI, C.; BEHERA, M.D.; MEIYAPPAN, P.; SHARMA, Y.; JAIN,
A.K.; SINGH, J.S.; PALCHOWDHURI, Y.; RAMACHANDRAN, R.M.; PINJARLA, B.;
CHAKRAVARTHI, V.; BABU, N.; GOWSALYA, M.S.; THIRUVENGADAM, P.;
KOTTEESWARAN, M.; PRIYA, V.; YELISHETTY, K.M.V.N.; MAITHANI, S.;
TALUKDAR, G.; MONDAL, I.; RAJAN, K.S.; NARENDRA, P.S.; BISWAL, S.;
CHAKRABORTY, A.; PADALIA, H.; CHAVAN, M.; PARDESHI, S.N.; CHAUDHARI,
S.A.; ANAND, A.; VYAS, A.; REDDY, M.K.; RAMALINGAM, M.; MANONMANI, R.;
BEHERA, P.; DAS, P.; TRIPATHI, P.; MATIN, S.; KHAN, M.L.; TRIPATHI, O.P.; DEKA,
J.; KUMAR, P.; KUSHWAHA, D. Development of decadal (1985-1995-2005) land use and
land cover database for India. Remote Sensing, 7(2015): 2401–2430. 2015.
RUSNÁK, M.; SLÁDEK, J.; KIDOVÁ, A.;; LEHOTSKÝ, M. Template for high-resolution
river landscape mapping using UAV technology. Measurement, 115(1): 139–151. 2018.
SAITO, S.M.; SORIANO, É.; LONDE, L.R. Desastres naturais. In: Sausen, T. M.; Lacruz,
M. S. P. Sensoriamento remoto para desastres. São Paulo: Oficina de Textos. 2015.
SANTOS, M.S.T.; AMARO, V.E. Rede geodésica para o monitoramento costeiro do Litoral
Setentrional do Estado do Rio Grande do Norte. Boletim de Ciências Geodésicas, 17(4): 571–
585. 2011.
SANTOS, M.S.T., AMARO, V.E., DA SILVA FERREIRA, A.T.,; DOS SANTOS, A.L.S..
Altimetria GNSS de precisão aplicada ao monitoramento da dinâmica sedimentar costeira de
curta duração em escala regional. Boletim de Ciencias Geodesicas, 19(4), 624–638.
doi:10.1590/S1982-21702013000400007. 2013
SATISHKUMAR, B.; MURALIKRISHNAN, S.; NARENDRAN, J.; RAGHU
VENKATARAMAN, V.; DADHWAL, V. K. Bias-corrected goce geoid for the generation of
high-resolution digital terrain model. Current Science, 104(7): 940–943. 2013.
SCARELLI, F.M., SISTILLI, F., FABBRI, S., CANTELLI, L., BARBOZA, E.G.,;
GABBIANELLI, G. Seasonal dune and beach monitoring using photogrammetry from UAV
surveys to apply in the ICZM on the Ravenna coast (Emilia-Romagna, Italy). Remote Sensing
Applications: Society and Environment, 7(2017), 27–39. doi:10.1016/j.rsase.2017.06.003.
2017.
SCCON – Santiago; Cintra Consultoria. 2017. Imagens RapidEye. Disponível em:
<https://www.sccon.com.br/produtos/imagens/rapideye/>. Acesso em: ago., 2017.
SCHRÖTER, K., LÜDTKE, S., REDWEIK, R., MEIER, J., BOCHOW, M., ROSS, L., et al.
Flood loss estimation using 3D city models and remote sensing data. Environmental
Modelling and Software, 105, 118–131. doi:10.1016/j.envsoft.2018.03.032. 2018.
SERHID – Secretaria de Estado dos Recursos Hídricos. Plano Estadual de Recursos
Hídricos: relatório síntese. Hidroservice Engenharia Ltda, HE-1358-R30-1198, Natal-RN,
1998.
129
SILVA COSTA, D.F., ROCHA, R.D.M., GUEDES, D.R.C., BARBOSA, J.E.L., SOARES,
A.M.V.M.,; LILLEBO, A. I. Influência de macroaspectos ambientais na produção de sal
marinho no Litoral Semiárido do Brasil. Revista de Geografia (Recife), 31(3), 2014. p.28–42.
SILVA, J.B.S., SILVA, D.G., MACHADO, C.C.,; GALVÍNCIO, J.D. Classificação
geomorfológica dos estuários do estado de Pernambuco (Brasil) com base em imagens de
satélite. IV Congresso Argentino do Cuaternário y Geomorfologia, XII Congresso da
Associação Brasileira de Estudos do Quaternário, II Reunión sobre el Cuaternário de
América del Sur, 2007. p.117–123.
SILVA, M. T. da. Análise dos índices de Geodiversidade e do potencial de prejuízos
econômicos face à erosão costeira para fins de planejamento territorial em Areia Branca
(RN). (Dissertação de Mestrado). Mossoró-RN: Pós-graduação em Ciências Naturais, UERN.,
2016. 51.
SILVA, L.M.; FREITAS, S.R.C.; DALAZOANA, R. Análise de séries temporais
maregráficas correlacionadas com observações GNSS no datum vertical brasileiro de
Imbituba-SC. Revista Brasileira de Cartografia, 68(1), 2016a. p.73–90.
SILVA, C.A.; DUARTE, C.R., SOUTO, M.V.S., SANTOS, A.L.S. DOS, AMARO, V.E.,
BICHO, C.P.,; SABADIA, J.A.B. Avaliação da acurácia do cálculo de volume de pilhas de
rejeito utilizando VANT, GNSS E LiDAR. Boletim de Ciências Geodésicas, 22(1), 73–94.
doi:http://dx.doi.org/10.1590/S1982-21702016000100005. 2016b.
SILVA, M.T.; GRIGIO, A.M.; CARVALHO, R.G.; MEDEIROS, W.D.A.; PARANHOS
FILHO, A.C. Variação da linha de costa na região adjacente à foz do rio Apodi-Mossoró por
sensoriamento remoto. Revista Brasileira de Geografia Física, 8(3): 967-980. 2015.
SILVA, M.T.; GRIGIO, A.M.; PARANHOS FILHO, A.C.; SOUZA NETO, L.T. A
geodiversidade como subsídio à revisão de planos diretores. Revista Brasileira de Geografia
Física, 9(6): 1725-1736. 2016c.
SINGH, P.; SINHA, V.S.P.; VIJHANI, A.; PAHUJA, N. Vulnerability assessment of urban
road network from urban flood. International Journal of Disaster Risk Reduction, 28(1): 237–
250. 2018.
SOUSA, H.L. Sensoriamento Remoto com VANTs: uma nova possibilidade para a aquisição
de geoinformações. Revista Brasileira de Geomática, 5(3): 326–342. 2017.
STÖCKER, C., BENNETT, R., NEX, F., GERKE, M.,; ZEVENBERGEN, J. Review of the
current state of UAV regulations. Remote Sensing, 9(5), 01-26. doi:10.3390/rs9050459. 2017.
SWEET, W.; PARK, J.; MARRA, J.; ZERVAS, C.; GILL, S. Sea Level Rise and Nuisance
Flood Frequency Changes around the United States. NOAA - National Oceanic and
Atmospheric Administration. Technical Report NOS CO-OPS 073, (June): 58. 2014.
TESSLER, M. Potencial de risco natural. In: MMA – Ministério do Meio Ambiente.
Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental. Departamento de Qualidade
Ambiental. Gerência de Qualidade Costeira e Marinha. Macrodiagnóstico da Zona Costeira e
Marinha do Brasil. Brasília: MMA. 2008. 242p.
130
TITTENSOR, D.P.; WALPOLE, M.; HILL, S.L.L.; BOYCE, D.G.; BRITTEN, G.L.;
BURGESS, N.D.; BUTCHART, S.H.M.; LEADLEY, P.W.; REGAN, E.C.; ALKEMADE,
R.; BAUMUNG, R.; BELLARD, C.; BOUWMAN, L.; BOWLES-NEWARK, N.J.;
CHENERY, A.M.; CHEUNG, W.W.L.; CHRISTENSEN, V.; COOPER, H.D.;
CROWTHER, A.R.; DIXON, M.J.R.; GALLI, A.; GAVEAN, V.; GREGORY, R.D.;
GUTIERREZ, N.L.; HIRSCH, T.L.; HÖFT, R.; JANUCHOWSKI-HARTLEY, S.R.;
KARMANN, M.; KRUG, C.B.; LEVERINGTON, F.J.; LOH, J.; LOJENGA, R.K.;
MALSCH, K.; MARQUES, A.; MORGAN, D.H.W.; MUMBY, P.J.; NEWBOLD, T.;
NOONAN-MOONEY, K.; PAGAD, S.N.; PARKS, B.C.; PEREIRA, H.M.; ROBERTSON,
T.; RONDININI, C.; SANTINI, L.; SCHARLEMANN, J. P. W.; SCHINDLER, S.;
SUMAILA, U. R.; TEH, L. S. L.; KOLCK, J. V.; VISCONTI, P.; YE, Y. A mid-term analysis
of progress toward international biodiversity targets. Science, 346(6206): 241-244. 2014.
TRAN, H.; TRAN, T.; KERVYN, M. Dynamics of land cover/land use changes in the
Mekong Delta, 1973-2011: A Remote sensing analysis of the Tran Van Thoi District, Ca Mau
Province, Vietnam. Remote Sensing, 7(2015:) 2899–2925. 2015.
TSAI, C.H.; LIN, Y.C. An accelerated image matching technique for UAV orthoimage
registration. ISPRS Journal of Photogrammetry and Remote Sensing, 128(1): 130–145. 2017.
TUCCI, C.E.M. Hidrologia: ciência e aplicação. 2ª ed. Porto Alegre: Editora da
Universidade – ABRH. 1997. 943p.
TURNER, I.L., HARLEY, M.D.,; DRUMMOND, C.D. UAVs for coastal surveying. Coastal
Engineering, 114(1), 19–24. doi:10.1016/j.coastaleng.2016.03.011. 2016.
TURPIE, K.R.; KLEMAS, V.V.; BYRD, K.; KELLY, M.; JO, Y. Prospective HyspIRI global
observations of tidal wetlands. Remote Sensing of Environment, 167(2015): 206–217. 2015.
UN – United Nations. General Assembly. Resolution adopted by the General Assembly 70/1.
Transforming our world: the 2030 Agenda for Sustainable Development. A/RES/70/1 (25
September 2015). Disponível em: https://sustainabledevelopment.un.org. 2015.
UNESCO – Organización de las Naciones Unidas para la Educación, la Ciencia y la Cultura.
Aprobada por la Conferencia General en su 37ª y validada por el Consejo Ejecutivo en su
194ª reunión. Estrategia a Plazo Medio: 2014-2021. 37 C/4. Place de Fontenoy, 75352 PARÍS
07 SP. 2014.
UNISDR - United Nations Office for Disaster Risk Reduction. Terminología sobre Reducción
del Riesgo de Desastres. Naciones Unidas: Estrategia Internacional para la Reducción de
Desastres de las Naciones Unidas, Ginebra, Suiza, 2009.
UNISDR - United Nations Office for Disaster Risk Reduction. Proposed updated terminology
on disaster risk reduction: a technical review. UNISDR. 2015a. 32p.
UNISDR - United Nations Office for Disaster Risk Reduction. Marco de Sendai para la
Reducción del Riesgo de Desastres: 2015-2030. Oficina de las Naciones Unidas para la
Reducción del Riesgo de Desastres – United Nations. 2015b. 40p.
131
Uysal, M., Toprak, A.S.,; Polat, N. DEM generation with UAV Photogrammetry and accuracy
analysis in Sahitler hill. Measurement, 73(1), 539–543.
doi:10.1016/j.measurement.2015.06.010. 2015.
VAZ, V.B. Avaliação do custo do risco de inundações urbanas: estudo de caso dos danos de
inundação em Porto Alegre – RS. Porto Alegre. 148 p. Dissertação (Mestrado), Universidade
Federal do Rio Grande do Sul. 2015.
VELLOSO, A.L.; SAMPAIO, E.V.S.B.; PAREYN, F.G.C. Ecorregiões: propostas para o
bioma Caatinga. Recife: Associação Plantas do Nordeste; Instituto de Conservação Ambiental
The Nature Conservancy do Brasil. 2002.
VITAL, H.; FURTADO, S.F.L.; GOMES, M.P. Response of the Apodi-Mossoró estuary-
incised valley system (NE Brazil) to sea-level fluctuations. Brazilian Journal of
Oceanography, v. 58 (special issue PGGM), 2010. p. 13-24.
VITAL, H.; SILVEIRA, I.M.; AMARO, V. A.; MELO, F.T.L.; SOUZA, F.E.S.; CHAVES,
M.S.; LIMA, Z. M.C.; FRAZÃO, E.P.; TABOSA, W.F. 2006. Rio Grande do Norte. p. 155-
172. In: MUEHE, D. Erosão e progradação do litoral brasileiro. Brasília: MMA, 2006. 476p.
VITOUSEK, S., BARNARD, P.L., FLETCHER, C.H., FRAZER, N., ERIKSON, L.,;
STORLAZZI, C. D. Doubling of coastal flooding frequency within decades due to sea-level
rise. Scientific Reports, 7(1), 1–9. doi:10.1038/s41598-017-01362-7. 2017.
VOUSDOUKAS, M.I.; MENTASCHI, L.; VOUKOUVALAS, E.; VERLAAN, M.;
JEVREJEVA, S.; JACKSON, L.P.; FEYEN, L. Global probabilistic projections of extreme
sea levels show intensification of coastal flood hazard. Nature Communications, 9(1): 1–12.
2018a.
VOUSDOUKAS, M.I.; BOUZIOTAS, D.; GIARDINO, A.; BOUWER, L.M.; MENTASCHI,
L.; FEYEN, L. Understanding epistemic uncertainty in large-scale coastal flood risk
assessment for present and future climates. Natural Hazards and Earth System Sciences
Discussions, (May): 1–27. (em vias de publicação). 2018b.
WAHL, T., HAIGH, I.D., NICHOLLS, R.J., ARNS, A., DANGENDORF, S., HINKEL, J.,;
SLANGEN, A.B.A. Understanding extreme sea levels for broad-scale coastal impact and
adaptation analysis. Nature Communications, 8(May), 1–12. doi:10.1038/ncomms16075.
2017.
WOODRUFF, S., VITRO, K.A.,; BENDOR, T.K. GIS and Coastal Vulnerability to Climate
Change. Comprehensive Geographic Information Systems, (December), 236–257.
doi:10.1016/B978-0-12-409548-9.09655-X. 2018.
WWAP – Programa Mundial de las Naciones Unidas de Evaluación de los Recursos Hídricos.
ONU-Agua. Informe Mundial de las Naciones Unidas sobre el Desarrollo de los Recursos
Hídricos 2018: Soluciones basadas em la naturaleza para la gestión del agua. París, UNESCO.
2018.
YASTIKLI, N.; BAGCI, I.; BESER, C. The processing of image data collected by light UAV
systems for GIS data capture and updating. International Archives of the Photogrammetry,
132
Remote Sensing and Spatial Information Sciences - ISPRS Archives, 40(7W2): 267–270.
2013.