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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAS APLICADAS -CCSA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS -DCC
KÁTIA MARIA CARVALHO DE MEDEIROS
ESTUDO SOBRE AS FINANÇAS PESSOAIS DAS INTERNAS DO CENTRO
DE DETENÇÃO PROVISÓRIA FEMININO DE PARNAMIRIM/RN
Natal/RN
2017
KÁTIA MARIA CARVALHO DE MEDEIROS
ESTUDO SOBRE AS FINANÇAS PESSOAIS DAS INTERNAS DO CENTRO
DE DETENÇÃO PROVISÓRIA FEMININO DE PARNAMIRIM/RN
Trabalho de Conclusão de Cursoapresentado ao Departamento deCiências Contábeis do Centro deCiências Sociais Aplicadas daUniversidade Federal do Rio Grande doNorte, para obtenção do título deBacharel em Ciências Contábeis.
Orientador: Prof. Ms. Ivan Alves doNascimento.
Natal/RN
2017
Dedico este trabalha a minha mãe Suely, minha avó e meu filho, que me ensinaram o
verdadeiro sentido do que é o amor.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, o autor de minha vida, por sempre ter
me iluminado nos momentos mais difíceis.
Agradeço a minha mãe, por tudo que me ensinou, por me apoiar
sempre e estar sempre ao meu lado
Agradeço à minha família, em especial minha avó e minha tia Beatriz e
meu marido Rodrigo.
Agradeço a todos os meus professores do ensino fundamental, médio
e superior que contribuíram para minha formação como pessoal e profissional.
Agradeço a meu orientador Prof. Ivan Alves do Nascimento, a quem
admiro por toda sua dedicação e empenho à classe contábil e por sua
paciência e atenção com este trabalho.
Por fim, agradeço a todos os meus amigos, colegas de faculdade e
todas as pessoas, que contribuíram com este trabalho
RESUMO
Cada vez mais fala-se em crise financeira, em reduzir gastos, e saber
lidar com suas próprias finanças é algo básico e fundamental nesses tempos. E
a educação financeira, juntamente com a contabilidade pessoal, através de um
orçamento pessoal e planejamento financeiro, ajudam as pessoas a não se
endividarem e gastarem de forma “saudável”. Dessa forma, se mantém a
tranquilidade e torna-se mais preparados para imprevistos, isso para qualquer
tipo de população. O presente trabalho tem como tema as finanças pessoais
das internas do Centro de Detenção Provisória Feminino de Parnamirim/RN. O
objetivo geral da pesquisa foi traçar um perfil financeiro das internas do Centro
de Detenção Provisória Feminino de Parnamirim/RN, com o intuito de esboçar
um panorama acerca do orçamento doméstico e planejamento financeiro
pessoal das internas pesquisadas. A fundamentação teórica mostrou tópicos de
grande relevância associados às finanças pessoais como controle, educação
financeira, planejamento financeiro, contabilidade pessoal. Foi utilizado um
questionário para o levantamento dos dados da pesquisa e um aplicativo para
apuração e análise dos referidos dados. Com a análise foi possível perceber
que as internas não possuem conhecimento sobre suas finanças e ainda não
possuem uma educação financeira satisfatória para que possa ter a renda
melhor aproveitada.
Palavras-chave: Finanças Pessoais. Orçamento. Planejamento Financeiro.
Internas.
ABSTRACT
More and more we hear of financial crisis, of reducing expenses,
and knowing how to handle your own finances is something basic and
fundamental in these times. And financial education, along with personal
accounting, through personal budgeting and financial planning, help people not
to get into debt and spend in a "healthy" way. That way, it keeps the tranquility
and becomes more prepared for unforeseen, this for any type of population.
The present work focuses on the personal finances of the inmates of the Parna-
mirim / RN Center for the Provisional Detention of Women. The general
objective of the research was to outline a financial profile of the inter- natives of
the Parnamirim / RN Women's Interim Detention Center, with the intention of
sketching a panorama about the domestic budget and personal financial
planning of the inmates surveyed. Theoretical fundamentals showed important
topics related to personal finances such as financial management, financial
education, financial planning, personal accounting. A questionnaire was used to
collect the survey data and an application to calculate and analyze the data.
With the analysis it was possible to realize that the interns do not have
knowledge about their finances and do not yet have a satisfactory financial
education so that they can have the best income.
Keywords: Personal Finance. Budget. Financial planning. Internal.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1:
Idade................................................................................................................
.......11 Tabela 2- Quantidade de
filho.......................................................................................................12
Tabela 3-Trabalhavam antes de serem presas..............................................................................13
Tabela 4 – Faixa de renda
mensal..................................................................................................13 Tabela 5 – Bens que
possuem.......................................................................................................14
Tabela 6- Como adquiriram os bens.............................................................................................14
Tabela 7- Moram em casa de aluguel...........................................................................................15
Tabela 8- Possuem cartão de crédito............................................................................................15
Tabela 9- Possuem conta bancária...............................................................................................16
Tabela 10- Como as compras são realizadas...............................................................................16
Tabela 11- Possuem dívidas em atraso........................................................................................17
Tabela 12- Mantém controle sobre seus gastos mensais..............................................................18
Tabela 13- Reserva.......................................................................................................................18
Tabela 14- À quem recorrem em caso de gastos
inesperados.......................................................19
Tabela 15- Controle dos ganhos e gastos......................................................................................19
Tabela 16- Se consideram endividadas.........................................................................................20
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO....................................................................................................
................ 1
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMÁTICA DO
TEMA........................................................ 1
1.2 OBJETIVOS DA
PESQUISA................................................................................................2
1.2.1
Geral ................................................................................................................
............2
1.2.2.
Específicos........................................................................................................
...........2
1.
JUSTIFICATIVA...................................................................................................
................2
2 FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA.............................................................................................4
2.1 CENTRO DE DETENÇÃO PROVISÓRIA DE
PARNAMIRIM.................................................4
2.2EDUCAÇÃO
FINANCEIRA.................................................................................................4
2.3 FINANÇAS
PESSOAIS.......................................................................................................5
2.4 PLANEJAMENTO
FINANCEIRO. ......................................................................................6
2.5 CONTABILIDADE
PESSOAL..............................................................................................8
2.6
ENDIVIDAMENTO..............................................................................................
............10
3.
METODOLOGIA.................................................................................................
..............10
3.1
TIPOLOGIA........................................................................................................
...........10
3.2 UNIVERSO, POPULAÇÃO E
AMOSTRA.........................................................................10
4.ANÁLISE DE
RESUTADOS.................................................................................................11
4.1PERFIL PESSOAL.............................................................................................................11
4.2 PERFIL
FINANCEIRO......................................................................................................
13
4.3 PERFIL EM REALÇÃO AO ORÇAMENTO
DOMÉSTICO....................................................17
5. CONSIDERAÇÕES
FINAIS.................................................................................................20
REFERÊNCIAS...................................................................................................
...................21
KÁTIA MARIA CARVALHO DE MEDEIROS
ESTUDO SOBRE AS FINANÇAS PESSOAIS DAS INTERNAS DO CENTRO
DE DETENÇÃO PROVISÓRIA FEMININO DE PARNAMIRIM/RN
Trabalho de Conclusão de Cursoapresentado ao Departamento deCiências Contábeis do Centro deCiências Sociais Aplicadas daUniversidade Federal do Rio Grande doNorte, para obtenção do título deBacharel em Ciências Contábeis. Nata, 26 de junho de 2017.
BANCA EXAMINADORA
_Prof. Ms. Ivan Alves do Nascimento (Orientador)
Prof. Victor Branco de Holanda
Prof. Raimundo Marciano de Freitas Neto
1
1.INTRODUÇÃO
1.1CONTEXTUALIZAÇÃO
Desde os primórdios, e, mesmo que de forma rudimentar, os nossos
ancestrais aplicaram técnicas de contabilidade e planejamento, controlando
entrada e saída de bens baseadas nas trocas realizadas entre as pessoas.
Assaf Neto (2008) diz que: “(...)A partir dos anos 20 do século XX, já
entendida como uma área independente de estudo, as finanças das empresas
são motivadas a evoluir de maneira a atender à crescente complexidade
assumida pelos negócios e operações de mercado”.
Após a crise de 1929, os gestores financeiros começaram acompreender que apenas a captação de recursos financeirosnão basta para assegurar a sobrevivência das empresas. Paragarantir continuidade dos empreendimentos, é necessário usarbem esses recursos financeiros visando o retorno para ocapital aplicado, o que exige maior atenção aos aspectosinternos da organização como a eficiência produtiva, paraevitar desperdícios, e a eficácia estratégica, para tomadas dedecisão mais acertadas. (GUEDES, 2010).
Em um mercado financeiro cada vez mais competitivo as empresas
sempre falam na gestão financeira. O artigo publicado por Abreu, fala que a
falta de uma Gestão Financeira estratégica e qualificada pode acarretar a
perda de muito dinheiro e até mesmo a falência de uma empresa. Não
acompanhar as transações financeiras, o saldo do caixa, as mercadorias em
estoque e as despesas fixas e variáveis pode prejudicar irreversivelmente os
resultados de uma organização.
Na gestão financeira pessoal não seria diferente. E por isso a
importância de controlar gastos, ter um planejamento financeiro e um
orçamento doméstico. Um orçamento familiar feito de maneira eficaz possibilita
tirar proveito do momento econômico e político, gerar a satisfação pessoal,
promover equilíbrio e controle, enfim beneficia a realização de um projeto de
vida. Quando se tem o controle da sua própria situação financeira, tem-se mais
tranquilidade, mais conforto e menos riscos de ficar endividado.
Quando se tem um emprego fixo, há uma renda garantida e muitas
vezes o indivíduo sai comprando desenfreadamente sem o mínimo de
2
planejamento. A partir disso é que pode começar o endividamento e
consequentemente o empobrecimento de suas finanças
Temos gastos com necessidades básicas, mas também existe os
imprevistos, os impulsos, as “apelações” das mídias, tudo levando a gastos que
se colocados e planejados podem apresentar uma poupança, afim de investir
esses recursos em algo mais rentável ou até mesmo manter uma reserva para
os gastos inesperados.
A solução para isso é gastar conforme suas necessidades, da maneira
mais equilibrada possível. Para isso faz importante a educação financeira, o
planejamento financeiro, além de uma elaboração de um orçamento doméstico.
Nesse contexto, o presente trabalho tem como problemática: Como está
a situação financeira e o orçamento doméstico das internas do Centro de
Detenção Provisória Feminino de Parnamirim/RN?
1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA
1.2.1Objetivo Geral
Traçar um perfil financeiro das internas do Centro de Detenção
Provisória Feminino de Parnamirim/RN, com o intuito de esboçar um panorama
acerca do orçamento doméstico e planejamento financeiro pessoal das internas
pesquisas.
1.2.2 Objetivos específicos
Identificar o perfil pessoal das entrevistadas; Averiguar a situação financeira e existência de um planejamento
financeiro pessoal; Expor a importância de um orçamento pessoal;
1.3 JUSTIFICATIVA
3
A importância do tema escolhido neste trabalho se deve a situação
financeira de muitas pessoas na atualidade, fazendo com que estas tenham
ainda mais dificuldade em lidar com o dinheiro e elaborar o seu orçamento
pessoal, para se planejarem financeiramente e evitar ou pelo menos amenizar
uma fase difícil, no que diz respeito as finanças.
Nos dias atuais cada vez mais se fala em crise financeira, em
economizar, poupar recursos. E diante da situação financeira em que se
encontram muitas pessoas, bem como os pais, esta pesquisa explora o perfil
de uma população ainda não estudada no que se refere a gestão de finanças
pessoais, orçamento doméstico: as mulheres privadas de liberdade.
A abordagem a respeito do controle orçamentário familiar dentro do tema
das finanças pessoais é uma questão pertinente à sociedade como um todo.
Não é por se tratarem de internas que estas não possuem rendas, ou não há
necessidade de uma educação financeira afim de possuírem o hábito de ter
controle de seus ganhos e gastos, elaborando de certa forma um orçamento
doméstico.
Trabalhando no sistema prisional há sete anos, pude observar que o
perfil das internas mudou. Antes eram detidas mulheres que apresentavam
condições financeiras deploráveis. Como a maior parte da sociedade imagina,
eram pessoas miseráveis. No entanto, nos últimos, o número de presas com
situação financeira diferente da que a sociedade prejulga vem aumentando e
não diferente das demais mulheres da sociedade, são donas de casas e
possuem alguma renda mensal.
Auferindo qualquer tipo de renda, tem-se a importância de gastar de
forma consciente, mantendo controle sobre os gastos para que a renda seja
melhor aproveitada. E o orçamento e o planejamento financeiro, dependendo
da forma que são executados, podem ser ferramentas eficazes para o controle
de receitas e despesas.
No aspecto científico, as práticas podem ser aplicáveis e funcionais, na
forma de controle e planejamento orçamentário doméstico traçando um
panorama de uma população diferente das estudadas. De posse do
conhecimento a respeito de orçamento doméstico, as pessoas podem gerir
mais eficiente e eficazmente o seu patrimônio. Desta forma, esta pesquisa
pode ser útil para acadêmicos, profissionais e demais interessados no assunto.
4
2.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
São apresentados conceitos referentes ao tema escolhido, dentre eles
educação financeira, finanças pessoais, planeamento financeiro.
2.1 CENTRO DE DETENÇÃO PROVISÓRIA DE PARNAMIRIM
Centros de Detenção Provisória ou CDP são unidades prisionais cuja
função é receber presos provisórios que aguardam julgamento.
O CDP feminino de Parnamirim fica localizado em Emaús –
Parnamirim/RN foi criado no ano de 2012 e é destinado às mulheres que são
presas provisoriamente (da grande Natal e interiores) até o julgamento pelo
judiciário. São mulheres presas por diversos crimes, dentre os quais, os mais
comuns são: tráfico, assalto e estelionato.
O centro tem capacidade para 60 internas. No ano de 2016, primeiro ano
da entrevista, o CDP contava com 115 internas e no ano de 2017 com 92. É
composto de três celas e uma cela de triagem, na qual ficam as internas que
dão entrada na unidade e passam 10 dias sob observação para então serem
distribuídas em uma das três celas.
2.2 EDUCAÇÃO FINANCEIRA
A educação financeira, segundo Hill (2009) apud OLIVEIRA et al, pode
ser definida como a habilidade que os indivíduos apresentam de fazer escolhas
adequadas ao administrar suas finanças pessoais durante o ciclo de sua vida.
Para Saito (2008) apud Borges (2011), a educação financeira é definida
como a ação de transmitir um conhecimento que aprimore a competência
financeira dos indivíduos, de modo que esse conhecimento capacite o indivíduo
a tomar decisões de forma mais segura, com uma postura proativa na busca da
satisfação.
5
Através da educação financeira é que o indivíduo vai ter conhecimento e
compreender melhor, se esse ainda não tinha, conceitos que envolve finanças,
além de aprimorar suas habilidades para a tomada de decisão. Com a
educação financeira, esse mesmo indivíduo entenderá melhor a questão dos
riscos que envolve as tomadas de decisão e adquiri um senso crítico.
Faz parte do cotidiano das pessoas tomarem várias decisões em relação
aos seus recursos financeiros. Porém, muitas não analisam como irão aplicar
estes recursos e acabam por perder o dinheiro por falta de conhecimento,
enfrentando transtornos por muito tempo.
A questão da educação financeira não é encher o indivíduo de
informações e sim fazer com que este melhore suas habilidades para entender
e interpretar fatos relativos a finanças, ou seja, aprende a gastar melhor seu
dinheiro.
Uma pessoa educada financeiramente organiza melhor seus recursos,
sente-se mais segura e, consequentemente, toma decisões mais sensatas e,
geralmente, passam por momentos difíceis (financeiramente) de uma maneira
melhor.
2.3 FINANÇAS PESSOAIS
Quando falamos em finanças logo vem à mente algo relacionado
empresas, negócios, ou seja, o pensamos em finanças relacionando o dinheiro
com a parte empresarial. Porém há um outro lado das finanças, as finanças
pessoais, que não é diferente, porém se refere mais ao comportamento e as
decisões financeiras tomadas por uma pessoa ou família para a sua vida. De
acordo com Banco Central Brasil (2016) as finanças pessoais podem contribuir
para o bem-estar do cidadão. A maneira de lidar com as finanças pessoais
pode ser de fácil entendimento e de aplicação prática na vida das pessoas,
razão pela qual pode ajudar o cidadão na administração de seus recursos
financeiros, abrindo caminho para melhorar sua qualidade de vida.
Finanças pessoais nada mais é que o indivíduo gerir as entradas e
saídas de dinheiro do seu orçamento.
6
Finanças pessoais é a ciência que estuda os conceitos financeiros e
como eles são aplicados nas decisões pessoais ou familiares. Talvez a razão
mais importante para conhecer finanças é a de que você terá que tomar
decisões financeiras que serão muito importantes em termos pessoais (ROSS;
WESTERFIELD; JORDA, 2008, apud). Além de conhecer suas possibilidades e
limites.
Conforme Vicente de Ramos (2011), “Gestão de Finanças Pessoais é
um processo racional de administrar sua renda, seus investimentos, suas
despesas, seu patrimônio, suas dívidas, objetivando tornar realidade seus
sonhos, desejos e objetivos. ”
Para FOULKS; GRACI, apud LIZETE et al:
Finanças pessoais é uma ciência que estuda conceitosfinanceiros transmitindo a um indivíduo e fazendo que eleaplique estes conhecimentos em suas tomadas de decisões,permitindo com isso que mantenha um comportamentoequilibrado de seus orçamentos diante do mercado financeiro.
Para De acordo com Borges (2011) “finanças pessoais consiste na
administração por parte do indivíduo, das entradas e saídas de dinheiro do
orçamento”. Por meio deste controle das entradas e saídas de recurso é
possível que o cidadão realize seu orçamento de maneira organizada e
controlada, já que o mesmo sabe o que está entrando e saindo do seu bolso.
Um indivíduo adquirir conhecimento financeiro, aplicando seu
conhecimento em suas decisões financeiras individualmente ou de sua família
está aplicando as finanças pessoais. Desta forma administra o dinheiro de
forma “mais adequada”, ganhando e gastando bem o dinheiro.
Existem alguns aspectos das finanças em geral que influenciam também
nas finanças pessoais, e que as pessoas devem acompanhar para saber se a
economia está num período bom ou de estagnação, e assim poder também
gerir melhor seu dinheiro. A taxa de juros, a inflação e o câmbio são alguns
desses fatores, talvez os principais.
A Inflação, quando exagerada, influencia no poder de planejamento, pois
as mudanças de preços ocorrendo constantemente geram incertezas para o
futuro e o planejamento sofre as consequências dessa incerteza e não pode
ser executado com fidedignidade.
7
A taxa de juros influencia no sentido de que a pessoa analisará, através
desta, de compra algo importado ou qualquer outra decisão que envolva
moeda estrangeira.
Já a taxa de juros, sendo essa uma das que mais influencia na vida das
pessoas, já que a maioria recorre a financiamentos para realizar sonhos, para
desfrutar de prazeres, para comprar carros, casa própria, etc. Se este
financiamento for realizado sob taxas de juros altas, o pagamento pode se
tornar difícil ou até mesmo não ser realizado. Logo a decisão recairia sob a
análise desses juros e talvez fosse o caso de adiar a compra de algo, ou uma
vagem. Ou até mesmo buscar ouras soluções como juntar o dinheiro, por
exemplo.
Uma ferramenta muito importante nesse sentido das finanças pessoais é
a contabilidade pessoal, através do orçamento doméstico.
2.4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Segundo Borges (2011), o planejamento financeiro envolve o
desenvolvimento de uma estratégia para que as pessoas alcancem seus
objetivos, de forma que haja recursos financeiros para financiar as situações
pretendidas.
Para Meyer (1972), o planejamento financeiro estabelece diretrizes de
mudança e crescimento de uma empresa, preocupando-se com uma visão
global, com os principais elementos de suas políticas de investimento e
financiamento.
O planejamento financeiro, de acordo com Santos (1984) apud BUENO,
significa ordenar a vida financeira de tal maneira que permita ao indivíduo ter
reservas para os imprevistos e sistematicamente construir um patrimônio, seja
ele financeiro ou imobiliário, que garanta fontes de renda suficientes para
propiciar uma vida tranquila e confortável
Sabe-se que mesmo com o planejamento estruturado ocorre
imprevistos, fatos que não estavam programados, mas que acontecem e
prejudicam todo o planejamento feito anteriormente, logo, vê-se a necessidade
de que o indivíduo também se planeje para essas necessidades eventuais.
Embora como foi dito, trate-se de um evento imprevisível, no entanto se houver
8
planejamento para tais ocorrências o comprometimento do planejamento feito
pode ser zero o mínimo possível se o indivíduo não deixar reservas para
situações eventuais.
O sucesso financeiro não depende de quanto cada indivíduo ganha, mas
de como ele lida com o que ganha. Uma das primeiras lições da educação
financeira é saber dar valor ao dinheiro.
Para iniciar um planejamento financeiro, o indivíduo deve ter um
conhecimento profundo de sua renda e de suas necessidades. Depois são
estipuladas metas e os objetivos para alcança-las. Quando não e faz um
planejamento essas metas dificilmente serão alcançadas, desperdiçando
tempo, trabalho e dinheiro. Por isso as pessoas, assim como as empresas,
devem elaborar um orçamento que ajuda na administração de seus recursos.
O orçamento é de grande importância para o planejamento, tanto para
economizar o dinheiro como também os gastos sobre controle, auxiliando
assim na resolução de problemas. Um orçamento pessoal deve conter,
resumidamente, entre outras coisas, a relação de todas as suas receitas, as
despesas (fixas e pessoais) as sobras dos meses anteriores e o saldo final.
2.5 CONTABILIDADE PESSOAL
Contabilidade é a ciência que estuda, registra, controla e interpreta tudo
aquilo que afeta o patrimônio de uma entidade. No entanto, conceitos e
técnicas aplicados às empresas, poderão ser revertidos e utilizados por uma
pessoa para que conheça sua vida financeira e tome decisões sensatas,
adquirindo mais conhecimento e senso crítico.
A contabilidade desempenha papel importante no quisrespeito à ordem e controle das finanças no caso dospatrimônios individuais. Com frequências as pessoasesquecem-se de que alguns conhecimentos básicos dacontabilidade e de orçamento poderiam e muito ajudar nocontrole, ordem e equilíbrio dos orçamentos pessoais.(Iudícibus et al apud LIMA).
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Com a contabilidade pessoal, através das análises dos dados, qualquer
pessoa pode entender melhor seus bens/ direitos e suas obrigações, e através
do planejamento poupar para que seu patrimônio renda mais.
O futuro financeiro pessoal não deve ser confiado à sorte, à proteção do
governo ou à empresa em que se trabalha. É muito importante garantir a
sobrevivência futura, com dignidade e conforto. E para que se tenha êxito
nessa dura jornada, o indivíduo deve aprender a conciliar os conhecimentos
contábeis e financeiros, para que se possa quantificar, analisar e equilibrar
seus ativos, passivos e consequentemente seu patrimônio líquido pessoal.
Segundo Frezatti (1997) um instrumento gerencial apropriado é aquele
que permite um embasamento no processo decisório da organização. E nas
finanças pessoais esse instrumento seria o orçamento.
Segundo o Instituto de Estudos Financeiros – IEF (2011), o orçamento
financeiro pessoal é uma previsão de receitas (renda, juros, aluguéis, etc.) e
despesas num determinado período de tempo (mês, trimestre, ano, etc.).
Conforme Boisvert (1999) apud Penteado(2010) o orçamento é um
conjunto de previsões quantitativas dispostas de forma estruturada, uma
materialização em valores dos projetos e dos planos.
“O orçamento descreve um plano de operações e investimentos por
prazo determinado, orientado pelas metas e objetivos propostos pela
administração da empresa, partindo das metas definidas no planejamento
estratégico”
O orçamento propriamente dito, aquele que traduz monetariamente as
informações financeiras de uma pessoa, pode ser desenvolvido de acordo com
cada pessoa, com cada realidade, desde uma feita com papel e caneta, uma
planilha eletrônica, no Excel, por exemplo, até mesmo através de aplicativos de
celulares possui espécies de planilhas nas quais a pessoa apenas a alimenta-a
com seus dados. (MORAIS JUNIOR,2008)
Se estiver alimentando uma planilha é possível fazer, paralelamente,
uma série de reflexões sobre o estilo de vida e o padrão de consumo. Isso
porque dinheiro não é apenas uma questão de números, da mesma forma em
10
que se precisa ter uma visão microscópica em relação aos números, o ideal é
também desenvolver uma visão precisa das motivações e impulsos que estão
por trás do padrão de consumo (DOMINGOS, 2007).
O orçamento deve ser realizado de acordo com períodos, e no caso das
finanças pessoais o melhor período seria mensal, já que a maioria das pessoas
recebem seus salários por mês e que suas obrigações são mensais. Dessa
maneira elabora-se o orçamento todo início do mês, preenchendo os valores
reais do que aconteceu durante o mês. Com essas anotações o indivíduo pode
compará-la com as informações que foram planejadas e através dessa
comparação se pode corrigir problemas e se preparar para o futuro.
2.6 ENDIVIDAMENTO
Conforme Ferreira (2003) dívida é uma obrigação ou dever contraído
junto a terceiros. Dívidas é um assunto delicado, muitas vezes causam
transtornos quando não se sabe lidar com elas.
O Banco Central do Brasil (2016) diz que consideramos endividado
aquele que não está conseguindo pagar seus compromissos, o que não é
verdade, pois a partir do momento que um cidadão contrai uma dívida por um
longo prazo, ela já deve ser considerada endividada. Neste caso, quando não
conseguimos pagar as dívidas assumidas observa-se um patamar de
endividamento bastante delicado e preocupante. Trata-se do endividamento em
excesso, que tem como consequências a perda do patrimônio,
comprometimento da renda com o pagamento de juros e de multas punitivas, e
a redução do consumo entre outros fatores. O endividamento pode ser
considerado também como o aumento das dívidas de uma pessoa junto a
terceiros.
De acordo com matéria publicada no Portal G1 (2016) o percentual de
famílias brasileiras endividadas caiu para o índice de 57,7% em julho de 2016,
atingindo um menor patamar desde janeiro de 2015. A matéria destaca ainda
que a redução o endividamento é um reflexo da crise econômica e que quase
um quarto (23,5%) das famílias tem mais da metade da sua renda
comprometida.
11
3. METODOLOGIA
3.1 Tipologia
A pesquisa, conforme Beuren (2010) classifica, tem finalidade
exploratória, onde através do estudo exploratório, buscamos aprofundar os
nossos conhecimentos em determinada área, facilitando a formulação de
hipótese.
Na pesquisa foram aplicados questionários nos meses de fevereiro do
ano de 2016 e 2017, nas internas do Centro de Detenção Provisória Feminino
de Parnamirim/RN, onde foi aplicado o procedimento de levantamento ou
survey, com abordagem quantitativa, coletando os dados com questões
fechadas.
O questionário foi impresso e entregue as detentas em cada uma das
três celas. Por ter fácil acesso às internas, foi informado que seria entregue um
questionário e que elas não eram obrigadas a responder, deixando o
preenchimento de forma espontânea. Não houve preocupação em relação as
internas que não sabiam ler, sugerindo para trabalhos futuros o
acompanhamento com esse perfil de internas.
3.2 Universo, população e amostra.
O universo da pesquisa trata-se das internas do sistema prisional do
Estado do Rio Grande do Norte.
A população da pesquisa refere-se as detentas do Centro de Detenção
Provisória Feminino de Parnamirim/RN, localizado em Emaús, Parnamirim/RN.
Já a amostra foram as 73 presas que responderam no ano de 2016, de
um total de 115, uma amostra representativa de 63,47%; e 50 internas que
responderam no ano de 2017, de um total de 92, uma mostra representativa de
54,34%.
4. ANÁLISE DE RESULTADOS
12
4.1PERFIL PESSOAL
A primeira parte do questionário trata-se de levantar um perfil social das
entrevistadas, buscando dados em relação a idade, estado civil e quantidade
de filhos.
Participaram da pesquisa 73 presas no ano de 2016 e 50 presas no ano
de 2017, sendo que em ambos os anos a idade predominante é entre 18 e 25
anos, conforme mostra a tabela 1 abaixo:
Tabela 1-Idade.
IDADE 2016 % 2017 %Entre 18 e 25 anos 36 49,31% 27 54%Entre 26 e 36 anos 23 31,51% 15 30%Mais de 36 anos 14 19,18% 08 16%Total 73 100% 50 100%FONTE: Dados da pesquisa.
Constatou-se que a grande maioria das internas são solteiras, atingindo
71,23% em 2016 e 66% em 2017; já as casadas representam 12,33% em 2016
e 18% em 2017; as presas que declararam união estável são 9,6% em 2016 e
12% em 2017. As divorciadas representam um percentual de apenas 6,84% em
2016 e 4% em 2017. E apenas em 2017 uma interna informou que seu estado
civil é viúva, o que representa 2% das 50 internas entrevistadas neste ano.
No perfil pessoal também buscou-se identificar quantos filhos cada
interna tem. Os resultados estão expressos na tabela 2 abaixo:
Tabela 2- Quantidade de filhos
Quantidade de Filhos 2016 % 2017 %Nenhum 19 26,02% 11 22%01 18 24,66% 13 26%02 20 27,40% 14 28%03 07 9,59% 05 10%Mais de 03 09 12,33% 07 14%Total 73 100% 50 100%FONTE: Dados da pesquisa.
13
Observa-se que o maior percentual no ano de 2016 foram as detentas
com dois filhos, seguido das que declararam não ter nenhum filho, depois as
que dizem ter um filho, seguindo as que tem mais de três e finalizando com as
que tem três filhos; no ano de 2017, a maioria continuou com as que dizem ter
dois filhos, seguindo, diferente do ano anterior, das que possuem um filho, em
seguida as que não tem filhos, seguindo as que tem mais de três e finalizando
com as que tem três.
4.2 PEFIL FICANCEIRO
Neste bloco do questionário é analisado o perfil financeiro das internas a
fim de constatar a renda mensal; os bens que possuem e suas origens; se
possuem investimentos; se tem cartão de crédito e como são realizadas suas
compras.
A primeira questão desse bloco tratada procura saber se as internas
estavam trabalhando antes de serem presas. A tabela abaixo mostra a
percentagem dessa questão:
Tabela 3 – Trabalhavam antes de serem presas.
Quantidade de Filhos 2016 % 2017 %Não Trabalhavam 24 32,88% 15 30%Trabalhavam 48 67,12% 34 68%Total 73 100% 1 2%Fonte: Dados da pesquisa
Pode observar que em 2016 67,12% trabalhavam antes de serem
presas e 32,88% não possuíam vínculo empregatício antes da prisão; já em
2017, 68% trabalhavam antes de serem presas, 30% não trabalhavam e 2%
não responderam.
Tabela 4- Faixa de renda mensal.
Faixa de Renda 2016 % 2017 %Até R$500,00 29 39,73% 13 26%
14
Entre R$500,00 e R$1.000,00 30 41,10% 17 34%Entre R$1.500,00 e R$3.000,00 8 10,95% 7 14%Mais de R$3.000,00 6 8,22% 6 12%TOTAL 73 100% 50 100%Fonte: Dados da pesquisa.
Foi verificado que a maior faixa salarial, nos dois anos analisados, está
entre R$500,00 e R$1.000,00, ficando a renda até R$500,00 em segundo lugar,
seguido da renda entre R$1.500,00 e R$3.000,00; e apenas 6 internas, tanto
no ano de 2016 quanto em 2017, responderam que tinham renda mensal maior
que R$3.000,00.
Os bens que as internas possuem também foram verificados e
mostrados na tabela 4, bem como a porcentagem de presas que possuem os
bens apresentados em relação ao total de presas que responderam o
questionário. As internas podiam marcar mais de uma opção nessa questão.
Tabela 5 – Bens que possuem.
Bens 2016 % 2017 %Casa 36 49,31% 31 62%Carro ou moto 14 19,17% 12 24%Terreno 7 9,58% 9 18%Ponto comercial 5 6,84 5 10%FONTE: Dados da pesquisa.
Verifica-se que o bem mais comum das internas é a casa, onde em 2016
49,31% declararam possuir tal bem e em 2017 foi 62% das internas, seguido
do carro ou moto, que corresponderam a 19,17% em 2016 e 24% em 2017.
Foi questionado como esses bens foram adquiridos e os resultados
estão demonstrados as porcentagens no gráfico abaixo:
Tabela 6 – Como adquiriram os bens.
Bens 2016 % 2017 %Financiado 16 23,28% 11 22%Recurso próprio 22 31,50% 20 40%Doação 7 9,58% 6 12%
15
Totlal 73 100% 50 100%Fonte: Dados da pesquisa.
Nota-se que das presas que responderam a maioria adquiriram os bens
através de recursos próprios, sendo 31,50% em 2016 e 4% em 2017, em
segundo lugar os bens adquiridos foram através de doação e por último
financiados.
Tabela 7- Moram em casa de aluguel.
Moram em que
tipo de casa
2016 % 2017 %
Casa de aluguel 32 43,84% 18 36%Própria ou dos
pais
41 56,16% 32 64%
Totlal 73 100% 50 100%Fonte: Dados da pesquisa.
Foi perguntado se a internas moravam em casa de aluguel e no ano de
2016, 43,84,16% não moravam em casa de aluguel contra 56,16% que
moravam em casa de aluguel; já no ano de 2017 64% não morava em casa de
aluguel enquanto 36% pagam aluguel para morar.
Foi questionado se as internas tinham cartão de crédito e/ou conta
corrente. Os resultados mostraram que em 2016 69,86% não possuíam cartão
de crédito, enquanto 30,14% afirmaram possuir; no ano de 2017, 58%
afirmaram não possuir cartão de crédito contra 42% que declaram ter o cartão
de crédito.
Tabela 8 – Possuem cartão de crédito
Cartão de crédito 2016 % 2017 %Possui 22 30,14% 21 42%Não possui 51 69,86% 29 58%TOTAL 73 100% 50 100%Fonte: Dados da pesquisa.
16
Em relação a possuir conta bancária, no ano de 2016 50,68% possuíam
conta e 49,32% não; em 2017, 54% afirmam possuir conta em banco e 46%
respondera não possuir, conforme tabela abaixo:
Tabela 9- Possuem conta bancária.
Conta bancária 2016 % 2017 %Possui 37 50,68% 27 54%Não possui 36 49,32% 23 42%TOTAL 73 100% 50 100%Fonte: Dados da pesquisa.
Como as internas costumavam fazer suas compras também foi
perguntado no questionário e as respostas estão conforme gráfico abaixo. Nele
é possível observar que no ano de 2016, 46 internas responderam que
compram à vista, o que corresponde a 63,01%, em contrapartida 27 presas
responderam que costumam parcelar suas compras, 36,99% do total das
entrevistadas; Já no ano de 2017, 35 internas afirmaram realizar suas compras
à vista, o que equivale a 70% das entrevistadas nesse ano, enquanto 15
apenadas responderam parcelar suas compras.
Tabela 10- Como as compras são realizadas.
Compras 2016 % 2017 %Á vista 46 63,01% 35 70%Parceladas 27 36,99% 15 30%TOTAL 73 100% 50 100%Fonte: dados da pesquisa.
Uma outra questão procurou verificar se as entrevistadas possuem
dívidas em atraso. Os resultados mostram que em 2016, 24 internas (32,88%)
marcaram que possuíam dívidas em atraso e 49 declararam não possuir
dívidas em atraso (67,12%); no ano de 2017, o número de presas que
17
disseram que não possuíam dívidas em atraso foi de 28 internas (56% das
entrevistadas) enquanto 22 confirmam ter dívidas em atraso (44%).
Tabela 11- Possuem dívidas em atraso.
Dívidas em atraso 2016 % 2017 %Sim 24 32,88% 22 44%Não 49 67,12% 28 56%TOTAL 73 100% 50 100%Fonte: Dados da pesquisa.
Na última questão desse bloco da pesquisa foi questionado se as
mulheres entrevistadas possuíam algum tipo de investimento. Foi constatado
que no ano de 2016, apenas 22 internas afirmaram que possuíam algum tipo
de investimento, enquanto 51 responderam que não; em 2017 a maioria
também respondeu não possuir nenhum tipo de investimento, especificamente
32 internas, e apenas 18 responderam que possuíam investimento, sem
especificar o tipo.
4.3 PERFIL EM REALÇÃO AO ORÇAMENTO DOMÉSTICO.
Nesse bloco da pesquisa procurou-se dados para saber se as internas
realizavam algum tipo de orçamento pessoal, ou familiar, procurando analisar
como as entrevistadas gerenciam seus recursos financeiros.
A primeira pergunta feita foi: “ você mantém controle sobre seus gastos
mensais? ”. A resposta foi que a maioria afirmou que mantém sim esse
controle. Os resultados mostraram que em 2016, 40 internas marcaram que
mantém controle contra 33 que disseram que não; no presente ano, 30 internas
responderam que mantém sim o controle, enquanto 20 ainda disseram que não
controlam seus gastos financeiros, como podemos verificar na tabela abaixo:
18
Tabela 12- Mantém controle sobre seus gastos mensais.
Controlam seus gastos mensais 2016 % 2017 %Sim 40 54,79% 30 60%Não 33 45,21% 20 40%TOTAL 73 100% 50 100%Fonte: Dados da pesquisa.
Na segunda questão desse bloco foi perguntado se as internas
costumam ou costumavam guardar uma reserva para emergências, afim de
avaliar se elas se preocupam em não só investir, mas poupar para guardar
caso necessite diante de alguma emergência que fuja do orçamento. Foi
verificado no ano de 2016 que do total de 73 que responderam o questionaram,
34 disseram que guardam uma reserva, enquanto 39 afirmaram que não; em
2017, 28 guardam uma reserva contra 22 que afirmaram que não.
Tabela 13- Reserva.
Reserva 2016 % 2017 %Guardam reserva 34 46,58% 28 56%Não guardam reserva 39 53,42% 22 44%TOTAL 73 100% 50 100%Fonte: Dados da pesquisa.
Em seguida as internas foram questionadas a respeito de quando
aparece algum gasto que não esperavam, a o que ou a quem ela recorre,
dando como alternativas: cheque especial, empréstimos, vende algum bem,
recorre aos pais e/ou familiares ou outros meios. Observando os resultados foi
demonstrado que em 2016, 69 internas responderam que recorrem aos pais ou
familiares em caso de emergência financeira, seguido por outros com o número
de 12 internas, e os demais números são expostos na tabela abaixo; no ano de
2017 29 internas, das 50 que responderam, informaram que recorrem aos pais
ou familiares, enquanto 10 disseram que recorrem a outras opções, 5
afirmaram vender algum bem, 5 recorrem a empréstimos e apenas 3
responderam que utilizam cheque especial em caso de emergências.
19
Tabela 14- À quem recorrem em caso de gastos inesperados.
Em caso de gastos inesperados recorrem: 2016 % 2017 %Cheque especial 4 5,48% 3 6%
Empréstimos 6 8,22% 4 8%Vende algum bem 2 2,74% 3 6%
Recorre a pais ou familiares 49 67,12
%
30 60%
Outros 12 16,44
%
10 20%
TOTAL 73 100% 50 100%Fonte: Dados da pesquisa.
As internas também responderam se mantém um controle anotando
quanto ganha e quanto gasta por mês. No ano de 2016 das 73, 44 marcara que
não anotam o que ganham e o que gastam, contra 29 que declararam anotar;
já em 2017, 32 afirmaram não anotar enquanto 18 marcaram que anotam seus
ganhos e seus gastos. O gráfico baixo mostra os resultados referentes a essa
questão.
Tabela 15- Controle dos ganhos e gastos.
Controlam seus gastos mensais 2016 % 2017 %Sim 30 39,73% 32 64%Não 43 60,27% 18 36%TOTAL 73 100% 50 100%Fonte: Dados da pesquisa.
Para finalizar a pesquisa, foi questionado se as internas se
consideravam endividadas. Das entrevistadas, no ano de 2016, 54 não se
consideram endividadas, contra 19 que responderam que se consideram; em
2017, 15 mulheres se consideram endividadas, enquanto 34 declararam que
não estão endividadas. O percentual correspondente está demonstrado abaixo.
Tabela 16- Se consideram endividadas.
Endividadas 2016 % 2017 %Sim 19 26,03% 34 68%
20
Não 54 73,97% 16 32%TOTAL 73 100% 50 100%
Fonte: Dados da pesquisa.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo desta pesquisa foi levantar dados em relação ao perfil
financeiro bem como a noção de educação financeira em relação ao orçamento
doméstico e planejamento financeiro, demonstrando um panorama com uma
população diferente das comumente estudadas.
No que tange o perfil pessoal das internas do Centro de Detenção
Provisória Feminino de Parnamirim – CDP Feminino, nos dois anos estudados,
2016 e 2017, a maior parte tem idade entre 18 e 25 anos, são solteiras, com
dois filhos.
Já em relação ao perfil financeiro a grande maioria das internas, nos
dois anos, afirmaram que estava trabalhando antes de serem detidas, e
ganhavam entre R$500,00 e R$1.000,00. O bem material mais apresentado
entre as entrevistadas foi a casa, e dessas a maioria adquiriu com recursos
próprios. Em ambos os anos a maioria informou que moravam em casa própria
ou dos pais, não possuíam cartão de crédito, mas possuíam conta bancária.
Em relação as compras, o percentual maior foram as que compram à vista, e
não tem dívidas em atraso.
Analisando a parte do questionário que diz respeito ao orçamento
doméstico e a maioria, tanto no ano de 2016 quanto no ano de 2017, afirmou
que controlam seus gastos mensais, porém observou-se que no ano de 2016 a
maioria não guarda reserva para emergências, enquanto no corrente ano, a
maioria das internas afirmaram guardar reservas para emergências. Uma outra
questão abordada nesse bloco da pesquisa foi a quem elas recorrem quando
se tem gastos inesperados, e a grande maioria, nos anos de 2016 e 2017,
recorrem a pais ou familiares. Sobre o orçamento doméstico também foi
perguntado se as internas anotavam, ou seja, tinham um controle de quanto
21
ganhava e quanto gastava por mês, e a grande maioria responderam que não
fazem esse tipo de controle. E finalizando a pesquisa, as internas responderam
que não se consideram endividadas.
Pode-se observar que o perfil financeiro das internas sou mudou, de um
ano para o outro, em relação a questão de guardar reservas, tendo em vista
que no corrente ano a preocupação com a reserva aumentou. Foi constatado
também que a pesar da grande maioria afirmar que mantém controle dos seus
gastos mensais, a grande maioria também não mantém um orçamento,
planejamento, controle sistematizado, pelo menos anotando suas receitas e
despesas mensais.
Para sugestões de trabalhos futuros, sugiro fazer links dos artigos com
as variáveis apresentadas no trabalho bem como saber a fonte da renda.
REFERÊNCIAS
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Desenvolvimento do País. São Paulo, 2010. [online] Disponível em
<http://br.monografias.com/trabalhos-pdf/educacao-financeira-processo-
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