universidade federal do rio grande do norte … · 2019. 1. 30. · universidade federal do rio...

133
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA Aideé Amélia Torres Sampaio Barros ESTUDO NUMÉRICO DE UM AEROGERADOR PROJETADO COM A METODOLOGIA BEM E DA UTILIZAÇÃO DE UM INTENSIFICADOR DE POTÊNCIA Natal, Agosto/2017

Upload: others

Post on 08-Nov-2020

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

ENGENHARIA MECÂNICA

Aideé Amélia Torres Sampaio Barros

ESTUDO NUMÉRICO DE UM AEROGERADOR PROJETADO COM A

METODOLOGIA BEM E DA UTILIZAÇÃO DE UM INTENSIFICADOR DE

POTÊNCIA

Natal, Agosto/2017

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

ENGENHARIA MECÂNICA

ESTUDO NUMÉRICO DE UM AEROGERADOR PROJETADO COM A

METODOLOGIA BEM E DA UTILIZAÇÃO DE UM INTENSIFICADOR DE

POTÊNCIA

Dissertação submetida à

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

como parte dos requisitos para a obtenção do grau de

MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA

AIDEÉ AMÉLIA TORRES SAMPAIO BARROS

PROF. ORIENTADOR: ANDRÉ JESUS SOARES MAURENTE

CO-ORIENTADOR: SANDI ITAMAR SCHAFER DE SOUZA

Natal, Agosto/2017

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Barros, Aidee Amelia Torres Sampaio.

Estudo numérico de um aerogerador projetado com a metodologia

BEM e da utilização de um intensificador de potência / Aidee Amelia Torres Sampaio Barros. - 2018.

132f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Mecânica, Natal, 2018.

Orientador: André Jesus Soares Maurente. Coorientador: Sandi Itamar Schafer de Souza.

1. Aerogerador - Dissertação. 2. Fluidodinâmica Computacional

- Dissertação. 3. Blade Element Momentum - Dissertação. 4.

Intensificador de Potência - Dissertação. I. Maurente, André

Jesus Soares. II. Souza, Sandi Itamar Schafer de. III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 621

Elaborado por Raimundo Muniz de Oliveira - CRB-15/429

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

ENGENHARIA MECÂNICA

ESTUDO NUMÉRICO DE UM AEROGERADOR PROJETADO COM A METOLODOLIA

BEM E DA UTILIZAÇÃO DE UM INTENSIFICADOR DE POTÊNCIA

AIDEÉ AMÉLIA TORRES SAMPAIO BARROS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA AO PROGRAMA DE PÓS-

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO GRANDE DO NORTE, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS

PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE.

APROVADA POR:

_________________________________________

Prof. Dr. André Jesus Soares Maurente – Orientador

_________________________________________

Prof. Dr. Sandi Itamar Schafer de Souza- Coorientador

_________________________________________

Prof. Dr. Eduardo José Cidade Cavalcanti

_________________________________________

Prof. Dr. Luís Morão Cabral Ferro

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

i

RESUMO

A preocupação com o efeito estufa e com a degradação que o meio ambiente vem sofrendo,

devido a utilização de fontes de energia não renováveis, como os combustíveis fósseis, tem

despertado um interesse especial na utilização de fontes renováveis de energia. Diante disso, a

energia eólica vem se destacando no cenário energético atual do Brasil. Os aerogeradores,

responsáveis pela conversão da energia eólica em energia elétrica, são intensamente estudados,

visto que se busca formas de aumentar a eficiência dos mesmos. Uma possível solução para o

aumento da potência de saída fornecida pelo aerogerador é a utilização de difusores flangeados.

A ideia é gerar um gradiente de pressão, que causaria a passagem de uma maior de massa de ar

a uma maior velocidade, através do rotor. Como a potência de saída de um aerogerador é

diretamente proporcional ao cubo da velocidade, a mesma aumentaria. Com isso o presente

trabalho teve como objetivo principal investigar a utilização de um difusor flangeado, acoplado

a um aerogerador de baixa potência, visando aumento de potência convertida. Para isso foi

desenvolvido o projeto e a modelagem 3D do rotor de um aerogerador com capacidade de

conversão de 300 W utilizando o Blade Element Momentum (BEM). Foram realizadas

simulações numéricas transientes do escoamento turbulento que age sobre os domínios

estudados, empregando um software CFD. Dois modelos diferentes foram consideradas, o

primeiro foi a turbina eólica envolta sem o elemento intensificador e o segundo com o elemento

intensificador, possibilitando então uma comparação entre as duas configurações. Como

objetivo secundário efetuou-se comparações dos resultados numéricos com os resultados

analíticos da metodologia de projeto adotada (BEM), visando identificar se os dados obtidos

através do projeto (coeficiente de indução axial, ângulos, triangulo de velocidade) estão

próximos da solução numérica. Ao final da análise dos resultados, foi possível verificar que o

difusor aumenta a velocidade do ar que passa pelo rotor eólico em aproximadamente 50%,

causando um aumento de cerca 330% da potência de saída. Diferenças máximas na ordem de

10% foram encontradas entre a solução analítica (obtidas com o BEM) e a solução numérica.

Além disso, pôde-se observar que com o aumento da velocidade da massa de ar, e sem o

aumento da velocidade de rotação, o triângulo de velocidades acaba sendo modificado o que

gera o fenômeno do stall. Por fim foi feita uma nova análise, com a velocidade de rotação

corrigida, onde pôde-se observar que o triângulo de velocidade volta a se estabilizar.

Palavras Chave: Aerogerador; Fluidodinâmica Computacional; Blade Element Momentum;

Intensificador de potência.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

ii

ABSTRACT

Concerns about the greenhouse effect and the ill-treatment of the environment due to non-

renewable energy sources, such as fossil fuels, has aroused a special interest in the use of

renewable energy sources, such as wind energy. Wind energy has been standing out in Brazil’s

current energy scenario. The conversion of wind energy into electricity is accomplished with

wind turbines. Wind Turbines, which are responsible for the conversion of wind energy into

electricity, are intensively studied, since they are a powerful system for energy conversion, but

still have a low efficiency when compared to other systems. One way to increase efficiency is

using flanged diffusers in order to create a pressure gradient which would result in a larger flow

of air, in the rotor, at a higher speed. As the output power of a wind turbine is directly

proportional to the velocity, the power would increase. Therefore, the present work investigates

how the use of a flange diffuser coupled to a low power wind turbine can influence its power

output. In order to achieve this objective, the design and 3D modeling of the rotor of a wind

turbine with a conversion capacity of 300W was done using the Blade Element Momentum

(BEM). Transient numerical simulations of the turbulent flow using CFD software were

accoplished. Two different 3D models were considered, the first one was only the wind turbine

and the second was the wind turbine with an element to increase power, thus allowing a

comparison between the two configurations. As a secondary objective, comparisons of the

numerical results with the analytical results of the adopted design methodology (BEM) were

carried out to identify whether the data obtained through the design (axial induction factor,

angles, velocities triangle) are present in the numerical solution. The analysis allowed to verify

that the diffuser increases the velocity of the air, passing through the wind rotor, by

approximately 50%, causing an increase of 330% in the output power. Maximum differences

of about 10% were found between the analytical solution and the numerical solution. In

addition, it was observed that with the increase of the velocity of the mass of air, and without

the increase of the speed rotation, the velocities triangle ends up being modified which

generates the stall phenomenon. Finally, a new analysis was done, with the corrected speed

rotation, where it can be observed that the speed triangle stabilizes.

Key Words: Wind Turbines; Computational Fluid Dynamics; Blade Element Momentum;

Power Intensifier

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

iii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1- Estimativa do potencial eólico mundial. (Fonte: Grubb e Meyer, 1993) ................ 2

Figura 1.2- Potencial eólico estimado para vento médio anual igual ou superior a 7,0 m/s.

(Fonte: Amarante, Zack e Sá, 2001) ........................................................................................... 3

Figura 3.1-Movimento do ar em uma Terra sem o movimento de rotação. (Fonte: Adaptado de

Lutgnes e Tarbuck, 2013) ......................................................................................................... 16

Figura 3.2- Ilustração do efeito de Coriolis.(Fonte: Adaptado de Lutgnes e Tarbuck, 2013) .. 16

Figura 3.3- Movimento da massa de ar. (Fonte: Lutgnes e Tarbuck, 2013) ............................ 17

Figura 3.4- Homens e animais trabalhando em conjunto. (Fonte: Rodrigues, 2016) ............... 18

Figura 3.5- O moinho de vento holandês. (Fonte: Dutra, 2008) .............................................. 19

Figura 3.6- Desenvolvimento da energia eólica entre o Século XII o Século XIX. (Fonte: Dutra,

2008) ......................................................................................................................................... 19

Figura 3.7- Primeira turbina eólica instalada no Brasil. (Fonte: ANEEL, 2015) ..................... 20

Figura 3.8- Gráfico mundial de novas instalações para conversão de energia eólica em 2015.

(Fonte: GWEC, 2016) .............................................................................................................. 22

Figura 3.9- Gráfico mundial de capacidade instalada de energia eólica em 2015. (Fonte: GWEC,

2016) ......................................................................................................................................... 22

Figura 3.10- Matriz Energética Brasileira em novembro de 2016 em GW. (Fonte: Abeeólica,

2016) ......................................................................................................................................... 23

Figura 3.11- Evolução da capacidade instalada da energia eólica no Brasil. (Fonte: Abeeólica,

2016) ......................................................................................................................................... 24

Figura 3.12- Subdivisão dos parques, de geração de energia eólica, nos estados do Brasil.

(Fonte: Abeeólica, 2016) .......................................................................................................... 24

Figura 3.13- Velocidade do vento a 50 m de altura. (Fonte: Cosern, 2003) ............................ 25

Figura 3.14- Velocidade do vento a 100 m de altura (Fonte: Cosern, 2003) ........................... 25

Figura 4.1- Evolução dos aerogeradores desde 1985 até 2005. (Fonte: IEA, 2013) ................ 26

Figura 4.2- Exemplos de aerogeradores de eixo horizontal (HAWT) e de eixo vertical (VAWT).

(a), (b) e (c) representam as turbinas HAWT e (d) e (e) representam as turbinas VAWT. (Fonte:

Coutinho, 2012) ........................................................................................................................ 27

Figura 4.3- Tipos de turbinas de eixo vertical: (a) Darrieus; (b) Savonius; (c) Solarwind; (d)

Helicoidal; (e) Noguchi; (f) Maglev (g) Cochrane. (Fonte: Tong, 2010)................................. 28

Figura 4.4- Exemplos de turbinas upwind e downwind. (Fonte: Kabir, 2012) ........................ 29

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

iv

Figura 4.5- Componentes de um aerogerador de eixo horizontal. (Fonte: Wekken, 2006) ..... 30

Figura 4.6- Turbina eólica envolta por um difusor. (Fonte: Ohya, 2008) ................................ 33

Figura 4.7- Comportamento da superfície de controle durante o escoamento de ar. (Fonte:

Burton, 2001) ............................................................................................................................ 34

Figura 4.8- Interação entre vento e o aerogerador. (Fonte: Adaptado de Hansen, 2008)......... 35

Figura 4.9- Volume de controle em torno do rotor. (Fonte: Adaptado de Hansen, 2008) ....... 36

Figura 4.10- Coeficiente de empuxo e de potência em função do fator de indução axial. (Fonte:

Adaptado de Hansen, 2008)...................................................................................................... 40

Figura 4.11- Definição de ângulo de ataque (α) num perfil. (Fonte: Adaptado de Gundtoft, 2009)

.................................................................................................................................................. 41

Figura 4.12- Fenômeno do Stall. (Fonte: Toledo, Cuminato e Souza, 2006) ........................... 42

Figura 4.13- Coeficiente de arrasto e de sustentação em função do ângulo de ataque. (Na direita

o ângulo varia entre 0°-90°; Esquerda o ângulo varia entre 0°-20°) (Fonte: Gundtoft, 2009) . 43

Figura 4.14- Velocidades e Ângulos de um elemento da pá. (Fonte: Adaptado de Hansen, 2008)

.................................................................................................................................................. 44

Figura 4.15- Rotação da esteira a jusante. (Fonte: Hansen, 2008) ........................................... 45

Figura 4.16-Triângulos de velocidades em uma seção da pá. (Fonte: Adaptado de Hansen, 2008)

.................................................................................................................................................. 45

Figura 4.17- Variação da velocidade relativa. (Fonte: Adaptado de Hansen, 2008) ................ 46

Figura 4.18- Forças na pá. (Fonte: Hansen, 2008) ................................................................... 51

Figura 4.19- Discretização de um domínio. (Fonte: Kessler, 2016)......................................... 55

Figura 5.1- Perfil NACA 0012 e seus respectivos gráficos de CL x α (a) e CD x α (b). (Fonte:

AirfoilTools, 2017) ................................................................................................................... 64

Figura 5.2- Valores de cordas (mm) utilizados para a pá empregando a Equação 4.40 ........... 65

Figura 5.3- Desenho final do rotor. .......................................................................................... 66

Figura 5.4-Turbina eólica com difusor. (Fonte: Adaptado de Ohya, 2008) ............................. 66

Figura 5.5- Turbina envolta pelo difusor. ................................................................................. 67

Figura 5.6- Ilustração dos Domínios. ....................................................................................... 68

Figura 5.7- Valores de referência para avaliação da qualidade ortogonal. (Fonte: Adaptada de

Ansys, 2013) ............................................................................................................................. 70

Figura 5.8- Corte da seção transversal em toda extensão do volume de controle. ................... 70

Figura 5.9- Detalhe do refinamento próximo a parede no cubo do rotor. ................................ 71

Figura 5.10- Malha envolta da pá da turbina. ........................................................................... 71

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

v

Figura 5.11-Detalhe do refinamento próximo a parede na pá da turbina. ................................ 72

Figura 5.12- Seção transversal da malha gerada para o caso com difusor. .............................. 72

Figura 5.13 - Detalhes do refino no difusor.............................................................................. 73

Figura 5.14- Refino da superfície da pá para o caso com difusor. ........................................... 73

Figura 5.15- Configurações utilizadas na simulação computacional. ...................................... 75

Figura 6.1- Linhas de fluxo sobre superfícies r/R=0,24; r/R=0.417; r/R=0,583; r/R=0,75;

r/R=0,883. ................................................................................................................................. 78

Figura 6.2- Planos criados sobre a superfície da pá. ................................................................ 78

Figura 6.3- Vetores criados no plano para r/R igual a 0,139 a) Velocidade do vento; b)

Componente tangencial da velocidade de rotação; c) Velocidade Relativa ............................. 80

Figura 6.4- Velocidade relativa no plano colocado em r/R igual a 0,458. ............................... 80

Figura 6.5- Contorno de pressão no plano referente a r/R igual a 0,458. ................................. 81

Figura 6.6- Comparação dos Resultados obtidos de forma analítica e de forma numérica. .... 81

Figura 6.7- Campo de velocidade axial no plano do rotor. ...................................................... 82

Figura 6.8- Linhas de fluxo atravessando o rotor da turbina. ................................................... 83

Figura 6.9- Vórtices de ponta de pá. ......................................................................................... 83

Figura 6.10- Plano criado no centro do rotor da turbina. ......................................................... 84

Figura 6.11- Vista lateral do plano apresentando anteriormente e linhas criadas ao longo do

mesmo. ...................................................................................................................................... 85

Figura 6.12- Velocidade da massa de ar em diferentes locais do volume de controle. ............ 86

Figura 6.13- Razão entre velocidade v e velocidade inicial do escoamento v0 para diversos

planos ao longo do volume de controle. ................................................................................... 87

Figura 6.14- Isosuperfície para Velocidade no eixo x de 7 m/s. .............................................. 87

Figura 6.15- Variação do diâmetro da seção transversal da esteira. ......................................... 88

Figura 6.16- Variação da área da seção transversal da esteira aerodinâmica. (Hansen, 2008) 89

Figura 6.17- Gradiente da Velocidade "u" em relação a Y ...................................................... 89

Figura 6.18- Linhas de fluxo, em um plano transversal, passando pelo rotor e difusor. .......... 91

Figura 6.19- Escoamento sobre um bocal e um difusor. a) Bocal b). Difusor. (Fonte: Ohya,

2008) ......................................................................................................................................... 91

Figura 6.20- Gradiente de pressão ao longo de um plano transversal ao rotor. ....................... 92

Figura 6.21- Contorno de velocidade ao longo de um plano transversal ao rotor envolto pelo

difusor. ...................................................................................................................................... 93

Figura 6.22- Contorno de velocidade do plano transversal do rotor sem difusor. ................... 93

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

vi

Figura 6.23- Contorno de Velocidade "u" para o rotor sem difusor. ........................................ 94

Figura 6.24- Contorno de Velocidade "u" para rotor com difusor. .......................................... 94

Figura 6.25- Comparação das velocidades relativas por seção. ............................................... 96

Figura 6.26- Vórtices gerados para um valor de 7x107s-2 do critério Q. .................................. 97

Figura 6.27- Variação dos vórtices com a diminuição do valor do critério Q. a)181.589s-2, b)

45.397s-2, c) 453,97s-2, d) 4,54 s-2. ........................................................................................... 98

Figura 6.28- Variação dos vórtices com a diminuição do valor do critério Q para o caso sem

difusor. a)181.589s-2; b) 45.397s-2; c) 453,97s-2; d) 4,54 s-2. .................................................... 99

Figura 6.29- Fluxo sobre a superfície da pá do rotor envolto pelo difusor flangeado............ 100

Figura 6.30- Gradientes de pressão da seção transversal da pá do rotor com difusor. ........... 101

Figura 6.31- Linhas de fluxo sobre a superfície da pá após o aumento da velocidade de rotação.

................................................................................................................................................ 102

Figura 6.32- Velocidade u no plano do rotor para velocidade de rotação de 9,65 rps. .......... 103

Figura 6.33- Campo de pressão do volume de controle para rotação de 9,65 rps .................. 103

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

vii

LISTA DE TABELAS

Tabela 5-1- Variáveis de entrada utilizadas ............................................................................. 63

Tabela 5.2- Dados obtidos com o algoritmo............................................................................. 67

Tabela 6-1- Valores da velocidade relativa (𝑤) obtidos com o algoritmo. .............................. 77

Tabela 6-2- Valores da velocidade relativa obtidos através da análise numérica. ................... 79

Tabela 6-3 - Velocidades Relativas do rotor envolto pelo dufsor. ........................................... 95

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

viii

LISTA DE SÍMBOLOS

A Área

p+ Pressão Máxima

Δp Variação de Pressão

pestagnação Pressão de Estagnação

V Velocidade

p Pressão

ρ Massa Específica

E Empuxo

�� Vazão Mássica

P Potência

a Fator de Indução Axial

a’ Fator de Indução Tangencial

CP Coeficiente de Potência

CE Coeficiente de Empuxo

w Velocidade Relativa

Δw Variação da Velocidade Relativa

v Velocidade Axial

u Velocidade Tangencial

b Largura da Seção Transversal da Pá

c Corda da Seção Transversal da Pá

FL Força de Sustentação

FD Força de Arrasto

CL Coeficiente de Sustentação

CD Coeficiente de Arrasto

α Ângulo de Ataque

θ Ângulo Entre a Corda do Perfil e o Plano do Rotor

ø Ângulo Entre a Velocidade Relativa e o Plano do Rotor

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

ix

ω Velocidade Angular

r Distância Radial do Eixo do Rotor

dq Fluxo de Massa do Elemento Anelar

dr Espessura do Elemento Anelar

λ Razão de Velocidade de Ponta

B Número de Pás do Aerogerador

T Torque

Cx Coeficiente Adimensional da Força Normal

Cy Coeficiente Adimensional da Força Tangencial

σ Ângulo de Solidez

F Fator de Perda de Ponta

K Correção de Glauert

ui Componente da Velocidade nas Direções Ortogonais

xi Coordenada Espacial

t Tempo

μ Viscosidade Dinâmica

SM Termo Fonte

∅ Média da Variável

∅′ Flutuação da Variável

∅ Variável

𝜏𝑖𝑗 Tensor de Reynolds

휀 Dissipação por Unidade de Massa

k Energia Cinética Turbulenta

σk Coeficiente de Fechamento Calibrado

𝑁(𝑈𝑖) Operador Navier – Stokes

𝛿𝑖𝑗 Delta de Kronecker

y+ yplus

u* Velocidade de Atrito

𝜏𝑤 Tensão de Cisalhamento

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

x

Ai Vetor Normal a Face

fi Vetor Centroide de Cada Célula até o Centro da Face

ci Vetor do Centroide da Célula até o Centroide da Célula Adjacente

Q Critério Q

Ω𝑖𝑗 Campo Vortical

𝑆𝑖𝑗 Tensor Taxa de Deformação

n Velocidade de Rotação em nps

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

xi

SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................................... I

ABSTRACT ............................................................................................................................. II

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ III

LISTA DE TABELAS .......................................................................................................... VII

LISTA DE SÍMBOLOS ..................................................................................................... VIII

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1

1.1. OBJETIVOS ............................................................................................................................................. 5

1.1.1. OBJETIVO GERAL............................................................................................................................. 5

1.1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................................... 5

1.2. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ........................................................................................................ 5

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFIA ........................................................................................... 7

3. ENERGIA EÓLICA ....................................................................................................... 15

3.1. ORIGEM DOS VENTOS ....................................................................................................................... 15

3.2. HISTÓRIA DA ENERGIA EÓLICA ..................................................................................................... 17

3.3. ENERGIA EÓLICA NO MUNDO ......................................................................................................... 21

3.4. ENERGIA EÓLICA NO BRASIL E NO RIO GRANDE DO NORTE ................................................. 23

4. AEROGERADORES ..................................................................................................... 26

4.1. TIPOS DE AEROGERADORES ............................................................................................................ 26

4.1.1. TURBINAS EÓLICAS DE EIXO VERTICAL ................................................................................. 27

4.1.2. TURBINAS EÓLICAS DE EIXO HORIZONTAL ........................................................................... 28

4.2. PRINCIPAIS COMPONENTES DOS AEROGERADORES ................................................................ 29

4.2.1. TORRE ............................................................................................................................................... 30

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

xii

4.2.2. NACELE ............................................................................................................................................ 31

4.2.3. PÁS E CUBO ..................................................................................................................................... 32

4.3. TURBINAS EÓLICAS COM DIFUSOR ............................................................................................... 32

4.4. AERODINÂMICA DE AEROGERADORES........................................................................................ 33

4.4.1. ENERGIA PRESENTE NO VENTO................................................................................................. 33

4.4.2. COEFICIENTE DE BETZ ................................................................................................................. 39

4.4.3. TEORIA DOS AEROFÓLIOS ........................................................................................................... 41

4.4.4. ÂNGULO DE PITCH E COMPRIMENTO DE CORDA ................................................................. 43

4.4.5. PROJETO DAS PÁS EMPREGANDO A TEORIA BLADE ELEMENT MOMENTUM (BEM) ..... 49

4.5. A FERRAMENTA NUMÉRICA ............................................................................................................ 54

4.5.1. EQUAÇÕES GOVERNANTES ........................................................................................................ 56

4.5.2. MODELO 𝒌 − 𝜺 ................................................................................................................................. 59

5. METODOLOGIA ........................................................................................................... 63

5.1. PROJETO DO ROTOR DA TURBINA EÓLICA ................................................................................. 63

5.2. MODELAGEM TRIDIMENSIONAL DO AEROGERADOR .............................................................. 65

5.3. VOLUME DE CONTROLE E DISCRETIZAÇÃO DO DOMÍNIO ...................................................... 68

5.4. CONDIÇÕES DE CONTORNO PARA SIMULAÇÃO ........................................................................ 74

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 76

6.1. RESULTADOS ANALÍTICOS E NUMÉRICOS .................................................................................. 76

6.2. COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS APÓS A UTILIZAÇÃO DO DIFUSOR FLANGEADO ....... 90

7. CONCLUSÃO ............................................................................................................... 105

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 107

9. ANEXO .......................................................................................................................... 114

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

1

1. INTRODUÇÃO

Apesar da diminuição da intensidade do comércio mundial em cenários de crise

econômica, estimativas apontam que existe uma expectativa de crescimento na demanda de

energia elétrica. Tais estimativas podem ser encontradas em estudos como o da Empresa de

Pesquisa Energética - EPE (2015), sobre a projeção da demanda de energia elétrica brasileira

para os anos de 2015 até 2024. No estudo levaram-se em consideração as indicações do

acompanhamento, da análise do mercado e da conjuntura econômica e energética de 2014, além

de um possível cenário macroeconômico para 2024 juntamente com cenários demográficos e

premissas de conversão de energia. Assim, prevê-se um aumento de consumo de cerca de 4,1%

ao ano entre 2015-2024.

Esse possível crescimento de demanda é causa de preocupação, visto que o aumento do

consumo de energia geralmente implica na utilização de combustíveis fosseis e outras fontes

de energia que trazem malefícios ao meio ambiente. Diante dessa problemática a utilização de

fontes de energias renováveis e limpas surge como solução.

As fontes de energias renováveis têm sido cada vez mais utilizadas, e esse aumento é

ainda mais perceptível no Brasil. O Ministério de Minas e Energia (2016), no Boletim Mensal

dos Combustíveis Renováveis referente ao mês de agosto do ano de 2016, apresenta como

destaque a notícia do crescimento do consumo de energia oriunda de fontes renováveis. Os

dados apontam que, no caso da eletricidade, houve um avanço da participação de fontes

renováveis na matriz energética Brasileira. Esse aumento é a explicação para a queda na

conversão térmica a base de derivados de petróleo. Além disso, o incremento da conversão à

base de biomassa e eólica compensou a redução de 3,2% da energia hidráulica. No caso da

conversão de energia eólica, atingiu-se 216 TWh, ultrapassando a conversão nuclear em 2015.

No cenário mundial existe margem para crescimento da utilização da energia eólica, o

que pode ser visto através da Figura 1.1, onde a estimativa do potencial eólico mundial é

apresentada.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

2

Figura 1.1- Estimativa do potencial eólico mundial. (Fonte: Grubb e Meyer, 1993)

Quanto ao cenário Brasileiro existe uma certa divergência entre os valores corretos do

potencial eólico. Segundo a ANEEL (2015) essa divergência decorre principalmente da falta

de informações (dados de superfícies) e das diferentes metodologias empregadas por cada

especialista que realiza esse tipo de estudo. Mesmo assim, é possível obter uma estimativa já

que, segundo a ANEEL (2015), a maioria dos estudos indica valores maiores que 60 GWh/ano.

Amarante, Zack, e Sá (2001), realizaram o levantamento do potencial eólico instalável

brasileiro e chegaram a um valor total de aproximadamente 143 GW, o que geraria uma

conversão de cerca de 272,20 TWh/ano. A distribuição desse potencial por região é apresentada

na Figura 1.2.

Ao analisar a Figura 1.2 é possível destacar o potencial eólico da região Nordeste, visto

que se trata da região com maior potencial, cerca de 53% do potencial do país inteiro. Segundo

o Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia – CERNE (2016), o Rio Grande do

Norte é o segundo estado com maior número de projetos para leilão eólico no Brasil. Dos 1.260

projetos que somam 35.147 MW de potência habilitável entre os 14 estados, o RN tem 281

projetos que vão gerar um aumento de potência instalada de 7.195 MW, atrás da Bahia com

350 projetos e aumento de 9.535 MW de energia.

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

3

Figura 1.2- Potencial eólico estimado para vento médio anual igual ou superior a 7,0 m/s.

(Fonte: Amarante, Zack e Sá, 2001)

É denominada de energia eólica a energia cinética das massas de ar em movimento

(vento). O aproveitamento dessa energia acontece por meio da conversão da energia cinética de

translação em energia cinética de rotação, através do emprego de turbinas eólicas para a

conversão em eletricidade, ou cataventos (ou moinhos), para trabalhos mecânicos. Entre os

diversos aerogeradores utilizados na conversão da energia eólica, destacam-se aqui aqueles que

são empregados com a finalidade de fornecer energia elétrica, como os de eixo vertical

(Darrieus), e aqueles de eixo horizontal.

Assim, devido à demanda crescente de energia, e consequentemente da conversão de

energia eólica, existe a necessidade do aperfeiçoamento nos projetos dos aerogeradores,

visando um aumento de sua eficiência. Para a realização de estudos de aerogeradores é

necessário a construção de protótipos e a realização de vários testes para chegar a uma

otimização. Para mensurar as características aerodinâmicas de um determinado corpo, faz-se

necessária a construção de túneis de vento instrumentados e apropriados. Devido as grandes

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

4

dimensões dos aerogeradores, esse tipo de ensaio torna-se inviável economicamente na

realidade econômica do Brasil.

Uma alternativa às técnicas experimentais é a utilização da simulação numérica

empregando softwares, que utilizam as técnicas de CFD (Computational Fluid Dynamics),

podendo inclusive servir como uma ferramenta para a otimização desses projetos. Quando bem

utilizados, possibilitam a obtenção de soluções confiáveis das equações que regem a dinâmica

dos fluidos, propiciando a previsão dos esforços e características oriundas do escoamento do ar

sobre os aerogeradores. A utilização da simulação numérica diminui a necessidade da

construção de diversos protótipos, da realização de vários testes e de altos recursos financeiros.

A literatura na área menciona que um maior aproveitamento da energia presente no

vento é possível, através da utilização de difusores colocados de forma a envolver o

aerogerador. Segundo Hansen (2008) é possível exceder o limite Betz ao utilizar um difusor

para envolver o rotor de uma turbina eólica. O mesmo promove um gradiente negativo de

pressão entre as partes frontal e traseira do aerogerador, tendo como consequência um aumento

na quantidade de ar que passa pelo rotor a uma maior velocidade, permitindo, assim, que uma

maior potência seja convertida. Pode-se dizer que estes dispositivos funcionariam como um

concentrador de energia eólica. Hansen (2008) também afirma que o aumento da potência

convertida vai depender da forma do difusor, já Ohya (2008), através de experimentos, afirmou

que com a geometria correta de difusor é possível aumentar a conversão de energia em quatro

ou até cinco vezes.

O presente trabalho realizará a comparação do desempenho de um gerador com difusor

e do mesmo aerogerador sem o difusor, através da utilização de simulações numéricas,

empregando CFD. Buscando analisar como a utilização do difusor altera o escoamento em

contato com o rotor da turbina, e como essas alterações influenciam na eficiência dos

aerogeradores.

Para isso será utilizado o método Blade Element Momentum (BEM) para realizar o

projeto aerodinâmico da turbina eólica que será estudada. Segundo Gomez-Leon (2016), o

BEM se baseia na premissa de que as forças que atuam sobre as pás da turbina eólica são as

únicas responsáveis pela mudança de impulso axial do ar que passa pela área varrida das pás.

A análise do BEM é uma combinação da teoria dos elementos da pá e da teoria do momento.

Com isso as forças aerodinâmicas podem ser calculadas com base nas condições do fluxo local

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação
Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

6

Os capítulos seguintes (5,6 e 7) apresentam, respectivamente a metodologia utilizada no

trabalho, os resultados obtidos e suas discussões e as conclusões finais.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

7

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFIA

Os projetos e análises de turbinas eólicas são complexos, por isso diversos estudos

foram realizados, a fim de buscar formas de aprimorar esses projetos e suas respectivas análises.

O projeto aerodinâmico das pás envolve um equacionamento extenso, além de um

processo iterativo, de forma que é quase impraticável realizar esse trabalho de forma manual.

Pensando nisso, Almeida (2013) desenvolveu um software, em linguagem C++, capaz de

fornecer todos os dados geométricos necessários para construção de pás de um aerogerador.

Além de dados geométricos, esse software fornece algumas análises, como curva de potência,

possíveis perdas, distribuição de cargas ao longo das pás, entre outros dados.

Existe outro software, que utiliza o BEM como método de análise de projetos

aerodinâmicos de pás para aerogeradores. Essa ferramenta foi originada a partir da tese de

doutorado de Weinzierl (2011). O software desenvolvido por Weinzierl é capaz de realizar,

além das análises de eficiência, a análise aeroelástica do aerogerador e trata-se de uma extensão

de um software, bastante difundido, conhecido como Q-Blade®.

A medida que softwares e algoritmos para projeto aerodinâmico de turbinas eólicas

foram sendo desenvolvidos, a fase do projeto inicial tornou-se mais simples e rápida. O

problema que permanece são os testes, visto que os mesmos são essenciais para um bom

funcionamento do protótipo final, mas exigem um alto custo financeiro. Uma solução para

diminuir a quantidade de testes experimentais realizados é a utilização de simulações

numéricas, as quais são capazes de predizer o funcionamento dos protótipos.

Carcangiu (2008) tinha como objetivo entender melhor o comportamento do fluxo de ar

que passava pelo rotor de turbinas eólicas, incluindo a camada limite e a região da esteira. Para

isso o mesmo simulou numericamente, em regime permanente, o modelo 3D de um

aerogerador. As simulações foram realizadas utilizando o método dos volumes finitos através

do software Fluent. Inicialmente foi feita uma validação dos métodos computacionais, através

da comparação do resultado de potência de saída obtido com o método Blade Element

Momentum. Após a validação, resultados de diversos parâmetros (análise da esteira, da

vorticidade de ponta de pá, efeito da rotação e etc.) foram obtidos e analisados. Ao final pôde-

se concluir que a abordagem CFD-RANS para simulação 3D de aerogeradores chegou a

resultados próximos aos encontrados na literatura.

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

8

Hartwanger e Horvat (2008) em seu trabalho tratam da parte inicial de um projeto, os

mesmos pretendiam desenvolver uma metodologia prática de engenharia para a utilização de

CFD na avaliação da instalação de diversas turbinas. Para isso utilizaram dados de um

experimento aerodinâmico, conduzido pelo Laboratório Nacional de Energias Renováveis dos

Estados Unidos, para validação de uma análise 2D da seção de uma pá. Logo após os resultados

obtidos foram utilizados para construção de um modelo 3D, que também foi analisado através

do CFD. Os autores chegaram à conclusão de que com uma malha refinada o suficiente, é

possível chegar a resultados próximos dos experimentais. Os autores também concluíram que

é preciso tomar cuidado em casos de alta velocidade do vento, visto que nesse caso os resultados

tendem a divergir dos resultados experimentais.

Para dar início ao projeto de um aerogerador é essencial saber o perfil aerodinâmico que

será utilizado para construção das pás. Pensando nisso, Santos (2012) realizou a simulação

numérica de perfis aerodinâmicos, frequentemente aplicados nos projetos, utilizando dois

softwares diferentes, o EasyCFD_Ge o ANSYS Fluent, a fim de avaliar a eficiência do método

dos volumes finitos implementados nos mesmos. Para isso o autor simulou casos, para diversos

números de Reynolds, dos perfis NACA 0012 e 0018. O mesmo chegou à conclusão de que

para cada caso existe um software que apresenta melhores resultados. No caso do NACA 0018,

o modelo SST e o modelo 𝑘 − 휀, aplicado no EasyCFD_G, apresentam os melhores resultados.

Já no caso do NACA 0012, o modelo SST, aplicado ao ANSYS Fluent, apresentou resultados

mais próximos dos resultados experimentais.

Wenzel (2010), realizou o estudo de esteiras de turbinas eólicas de eixo horizontal. Um

modelo de turbina eólica, com 10m de diâmetro, conhecida como UAE Phase VI, foi utilizado

na realização do trabalho. Simulações numéricas foram conduzidas, empregando RANS com

modelo de turbulência SST. Um domínio de 270m de extensão foi adotado e malhas poliédricas

foram utilizadas na discretização. Foram utilizados métodos analíticos e simulação numérica

para modelagem da esteira. Os resultados da simulação foram comparados aos resultados

experimentais, obtidos através de testes em túnel de vento. Concluiu-se que a metodologia

adotada para simulação numérica apresentou uma boa concordância com os resultados

experimentais e que o modelo de viscosidade turbulenta foi o que mais se aproximou dos

resultados obtidos numericamente.

Ainda em 2012, Davis conduziu um trabalho com diversos estudos. O primeiro estudo

foi sobre a aplicabilidade de modelos de turbulência para a modelagem de aerogeradores. Para

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

9

isso o autor utilizou diversos modelos de turbulência (Spalart-Allmaras, Standard k-ε, Standard

k-ω, SST), que atendem ao RANS. Com isso foi possível descobrir que não existe um modelo

de turbulência predominante para modelagem de aerogeradores. Em um segundo momento, o

autor utilizou o modelo SST para simular a esteira de uma única turbina e depois realizou a

simulação de duas turbinas eólicas alinhadas. Com isso o autor pôde concluir que as simulações

foram bem-sucedidas na determinação do desenvolvimento da esteira e de algumas

características da mesma, como: variações da velocidade e vorticidade. Em um terceiro

momento o autor realizou um estudo de independência de malha a fim de melhorar os resultados

anteriormente obtidos.

Zarmehri (2012) utilizou a teoria dos vórtices para analisar as cargas aerodinâmicas de

uma turbina eólica. Baseado nessa teoria, um programa gráfico foi desenvolvido para utilização

nas indústrias. O mesmo exige dados do perfil aerodinâmico para cada seção da pá da turbina,

e para isso o EARSM (Explicit Algebraic Reynolds Stress Model) associado a um modelo de

transição, foram implementados ao programa. Um gerador de malha também foi incorporado

ao programa para prover malhas de alta qualidade às simulações numéricas. A fim de avaliar

os resultados obtidos, os mesmos foram comparados aos resultados de simulações realizadas

no software ANSYS-CFX. Pôde-se observar que o programa apresentava uma precisão

aceitável, e como exigia um baixo custo computacional poderia ser utilizado como uma possível

ferramenta de projeto.

Um outro trabalho envolvendo simulações numéricas foi o de Tossas e Leonardi (2013)

onde não só foi feita a análise de eficiência de aerogeradores, como também foi estudado a

interação entre aerogeradores em parques eólicos. Ou seja, como a esteira aerodinâmicas gerada

pelos mesmos pode influenciar no desempenho de outros aerogeradores que se encontram

próximos. Para isso os autores utilizaram o modelo da linha atuadora (Actuador Line Model -

ALM), e compararam os resultados obtidos através da simulação numérica com resultados

obtidos através de experimentos, realizados pelo Departamento de Energia e Engenharia de

Processo na Universidade de Ciência e Tecnologia da Noruega. Os autores concluíram que as

simulações numéricas proveram resultados bem próximos do experimentais, validando assim o

modelo utilizado.

Derakshan e Tavaziani (2015) simularam o fluxo que atravessa a pá de aegeradores

utilizando três modelos de turbulência diferentes: Spalart-Allmaras, k-ε e SST. Os autores

tinham como objetivo investigar a eficiência de cada um dos modelos para análise aerodinâmica

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

10

de pás de aerogeradores. Para realizar tais análises os autores utilizaram o rotor NREL Phase

VI e compararam com os resultados experimentais já obtidos. No final do estudo puderam

concluir que o SST era o mais adequado, mas que o k-ε também apresentava resultados

satisfatórios.

Bhushan e Histesh (2015) realizaram um estudo, utilizando CFD, buscando investigar

o comportamento das forças de sustentação e arrasto, da pá de um aerogerador, com a variação

do número de Reynolds e do ângulo de ataque da mesma. O perfil NACA 0012 foi o utilizado

para o projeto da pá. O intervalo de número de Reynolds analisado foi de dez mil até oitocentos

mil, os autores ainda utilizaram uma malha do tipo C-Grid e o modelo de turbulência escolhido

para as simulações foi o 𝑘 − 휀. Chegaram à conclusão de que com o aumento do número de

Reynolds a força de sustentação e de arrasto também aumentam e que o NACA 0012 chega a

um coeficiente de sustentação máximo em maiores valores de Reynolds.

Sahu e Rathore (2015) analisaram, através de simulações numéricas, como o torque de

uma turbina eólica de 1,5 MW responderia a uma baixa velocidade do vento. Para isso a pá da

turbina foi projetada, utilizando três perfis de alta eficiência aerodinâmica, e com cordas e

ângulos de pitch diferentes para cada uma das 20 seções nas quais foi dividida. Em seguida o

software ANSYS FLUENT foi utilizado para realização das simulações numéricas. Utilizou-se

uma velocidade de vento de 3,9 m/s, para uma turbina de 3 pás. A análise mostrou que a turbina

é capaz de produzir um torque suficiente mesmo com uma velocidade de vento de 3,9 m/s.

Concluindo que a turbina era capaz de operar em um ambiente que apresentasse condições

como essa.

Salyers (2016) realizou os testes experimentais de seis turbinas diferentes, de eixo

vertical, de forma experimental, através de um túnel de vento, e através de simulações

numéricas. A modelagem dos rotores foi feita através de um software CAD e devido à

complexidade dos modelos, os rotores foram impressos, através de impressoras 3D, para

realização de testes experimentais. Para os testes experimentais um túnel de vento foi utilizado,

e nas simulações numéricas o software ANSYS Fluent foi empregado. O autor avaliou diversos

parâmetros e comparou os resultados numéricos e experimentais. Através dos resultados

obtidos com os testes realizados o autor chegou à conclusão de que os valores obtidos nos dois

tipos de testes foram muito próximos e que a turbina eólica de eixo vertical helicoidal com duas

pás apresentava o maior coeficiente de potência.

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

11

Nigam, Tenguria e Pradhanb (2017) utilizaram simulações numéricas como ferramenta

para a análise aerodinâmica da pá de um aerogerador. O modelo SST foi utilizado para as

simulações e o perfil aerodinâmico NACA 63-221 foi escolhido para o projeto da pá, a mesma

tinha um comprimento de 39,98 metros, e teve as pás do modelo VESTAS V82-1.65 MW como

inspiração. As forças de sustentação e arrasto foram calculadas para diversos ângulos de ataque.

Ao final do desenvolvimento do trabalho concluiu-se que, para um dado intervalo de ângulo de

ataque, a força de sustentação e de arrasto aumentam. Além disso observou-se que a pressão no

intradorso do perfil aerodinâmico é maior do que a pressão no extradorso e que a velocidade é

maior no extradorso.

Bangga et al. (2017) conduziram estudos onde técnicas CFD foram empregadas para

realizar a simulação numérica da pá de uma turbina eólica AVATAR (Advanced Aerodynamic

Tools for Large Rotors). Para isso simulações preliminares do perfil aerodinâmico, utilizado

para o projeto da pá, foram executadas e os resultados obtidos foram comparados com os

resultados encontrados na literatura. Simulações numéricas das pás foram realizadas em

seguida, onde foram simulados cinco valores de velocidade do vento e cinco ângulos de ataques

diferentes. Observou-se que as simulações 3D apresentam diferenças quando comparadas com

as simulações 2D, visto que nas simulações 2D a vorticidade não é levada em consideração.

Além disso, percebeu-se que com o aumento da velocidade de rotação do rotor o efeito da força

de Coriolis diminui.

Hasan, El-Shahat e Rahman (2017) realizaram um estudo comparativo, entre os

resultados obtidos analiticamente através do método Blade Element Momentum e simulações

numéricas, de turbinas eólicas de pequena escala. Nesse estudo o ângulo de Pitch foi

considerado fixo, e a velocidade de rotação foi variada. Além disso foram utilizados três perfis

aerodinâmicos diferentes para o projeto da pá. A aplicação do Blade Element Momentum foi

feita através da utilização do software Q-Blade® e as simulações numéricas foram realizadas

através do ANSYS CFX. Através do estudo, concluiu-se que o ângulo de ataque que forneceu a

melhor eficiência foi 6°, onde na análise do BEM o coeficiente de potência foi de 0,47 e nas

simulações numéricas foi de 0,43.

Quando se trata de engenharia, existe sempre a busca de otimização de projetos, isso

não foi diferente nos projetos de aerogeradores. Com o passar do tempo buscaram-se formas de

aumentar a eficiência dos protótipos. A potência de saída de uma turbina eólica depende

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

12

diretamente do cubo da velocidade, ou seja, com o aumento da velocidade da massa ar, ocorreria

o aumento da potência e pensando dessa forma surgiram alguns novos estudos.

Lilley e Rainbird (1956) realizaram um estudo preliminar sobre o ganho teórico de

potência de saída ao adicionar um envoltório em uma turbina eólica convencional. Os mesmos

utilizaram resultados de estudos analíticos para realizar a comparação das potências de saída de

uma turbina envolta e outra convencional (sem o envoltório). A ideia era utilizar o envoltório

para criar um gradiente de pressão e consequentemente aumentar a velocidade da massa de ar

que passa pelo rotor. Os mesmos chegaram à conclusão de que uma turbina envolta poderia

chegar a ter uma potência de saída até 65% maior que a potência de uma turbina ideal sem o

envoltório.

Seguindo essa mesma ideia, Gilbert et al.(1978) realizaram testes com uma família de

difusores, utilizando um túnel de vento, a fim de avaliar o desempenho dos mesmos. Foram

analisados diversos parâmetros que poderiam influenciar no desempenho de difusores, além

disso chegou-se a uma geometria de difusor que poderia aumentar em até duas vezes a potência

de saída quando comparada a uma turbina convencional.

Gilbert (1983) ainda conduziu um outro estudo com turbinas envoltas por difusor

(Diffuser-Augmented Wind Turbine- DAWT) onde procurou formas de tornar o modelo da

turbina mais condizente com a realidade. O autor estudou fatores como os vórtices gerados e a

influência do cubo no escoamento do rotor. Mesmo com um modelo que não era completamente

adequado bons resultados foram obtidos, conseguiu-se aumentar a potência de saída em quase

quatros vezes, quando comparada com a mesma turbina sem difusor. Os testes foram realizados

em um túnel de vento 2x3 m.

Diversos outros trabalhos, sobre a utilização do difusor em turbinas eólicas, foram

conduzidos desde então. Ohya (2008) conduziu um trabalho sobre a utilização de difusores

flangeados em turbinas eólicas, onde diversas formas de envoltórios foram testadas a fim de

descobrir qual apresentaria uma melhor performance. Foram elas: tipo bocal, tipo cilíndrico e

tipo difusor. Nesse primeiro momento, o autor chegou à conclusão que o tipo difusor era

responsável por uma maior otimização da performance da turbina. Além disso, ainda se

descobriu que a utilização do difusor com flange apresentava resultados ainda melhores. Por

fim o autor ainda conduziu um estudo sobre as dimensões que otimizariam a utilização desse

protótipo, e concluiu que a utilização de difusores flangeados com dimensões otimizadas,

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

13

poderia ser responsável por potências de saída até quatro vezes maiores, quando comparada a

potência de saída de aerogeradores sem difusor.

Softwares CFD também foram utilizados para a análise da eficiência de difusores, como

é o caso de Souza (2015), que realizou simulações numéricas baseadas no trabalho de Ohya

(2008). Nesse trabalho o autor buscou comprovar que os modelos numéricos utilizados em

softwares CFD apresentam resultados válidos quando comparados com os testes experimentais.

O autor utilizou uma modelagem 3D do rotor da turbina, através de um software CAD, e para

a simulações numéricas o software ANSYS CFX junto com o modelo SST. O mesmo concluiu

que os valores obtidos através das simulações numéricas eram próximos aos obtidos através

dos testes experimentais, além de conseguir captar os vórtices formados a jusante do difusor e

o aumento da potência de saída do aerogerador.

Já no trabalho de Ahmed, Ahmed e Hussain (2016) um difusor flangeado, foi analisado

através de um software CFD. O trabalho tinha como objetivo determinar a diferença de pressão

que ocorre pela utilização do flange. Ao termino do trabalho foi possível comprovar que um

difusor flangeado é capaz de gerar um aumento do fluxo de ar que passa pelo rotor além de um

aumento de velocidade desse fluxo, que são causados por um gradiente de pressão negativo. Os

resultados obtidos por Ohya (2008) foram utilizados para validar os resultados do trabalho de

Ahmed, Ahmed e Hussain (2016).

Kesby, Bradney e Clausen (2016) propuseram um método para otimização de turbinas

envoltas por difusor, onde o CFD foi utilizado para prever como se daria o escoamento sobre o

difusor. Duas velocidades do vento foram simuladas: 5 m/s e 20 m/s. Uma metodologia

modificada do Blade Element Momentum foi utilizada para otimizar o projeto da pá e para

estimar a potência de saída da turbina envolta pelo difusor, para tal um algoritmo foi

implementado no software MATLAB®. O trabalho tinha como objetivo comparar os resultados

obtidos, através dessa metodologia, com os resultados encontrados na literatura e verificar se

os mesmos eram compatíveis. Ao comparar os resultados percebeu-se que os mesmos eram

similares.

El-Zahaby et al. (2017) analisaram um modelo 2D de um difusor flangeado, utilizado

como ferramenta para aumento de potência de saída em turbinas eólicas. Foram testados

diversos ângulos para o posicionamento do flange. O intervalo testado foi de -25° até 25°,

buscando encontrar a angulação que poderia otimizar o ganho de potência. A validação do

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

14

trabalho ocorreu através da comparação dos resultados obtidos através da simulação numéricas

com os resultados experimentais previamente obtidos. Chegou-se à conclusão de que 15° era o

ângulo ótimo para o posicionamento do flange e que isso poderia aumentar em cerca de 5% a

potência de saída da turbina eólica.

É possível perceber que diversos estudos já foram realizados e que muitos outros

trabalhos ainda estão sendo realizados a fim de entender todo o processo necessário para

alcançar um melhor rendimento das turbinas eólicas.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

15

3. ENERGIA EÓLICA

3.1. ORIGEM DOS VENTOS

Antes de abordar o assunto da energia eólica, torna-se necessário entender como surge

a sua principal fonte, o vento. Christopherson (2012) define genericamente o vento como o

movimento horizontal do ar sobre a superfície do planeta, acrescentado por correntes

ascendentes e descendentes causadas pela turbulência, além de uma componente vertical.

Segundo Lutgnes e Tarbuck (2013) a diferença de temperatura pode gerar um gradiente

de pressão horizontal criando assim os ventos. Como a terra possui um formato esférico a

radiação chega na sua superfície de forma desigual. Enquanto as regiões mais próximas ao

equador recebem uma quantidade maior de radiação, as regiões mais próximas dos polos

recebem uma quantidade menor, cria-se então o gradiente de temperatura, necessário para dar

início a formação dos ventos.

Como as regiões próximas ao equador recebem maior quantidade de radiação, o ar

nessas regiões terá uma temperatura maior, e menor massa específica. Essa diferença na massa

específica e a presença do campo gravitacional promove o deslocamento das parcelas de ar mais

leves para a atmosfera mais alta e direciona-se para os polos. Já nas regiões próximas aos polos,

que possuem ar com menor temperatura e consequentemente com maior massa específica,

direciona-se para região do equador. A Figura 3.1 ilustra esse movimento.

Segundo Christopherson (2012) se a Terra não tivesse o movimento de rotação, o fluxo

de vento seria simplesmente dos polos ao equador, um fluxo meridional (alinhado as linhas

longitudinais), causado unicamente pelo gradiente de pressão. Mas como o movimento de

rotação é uma realidade, o fluxo torna-se mais complexo.

Raramente a massa de ar se movimenta em ângulos retos nas direções dos gradientes de

pressão, citados anteriormente. Acaba ocorrendo um desvio, como apresentado na Figura 3.2.

Esse desvio acontece em virtude da rotação da Terra. Esse fenômeno é conhecido como efeito

de Coriolis. Lutgnes e Tarbuck (2013) ainda salientam que o efeito Coriolis não é capaz de

gerar vento, apenas capaz de modificar a direção da massa de ar.

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

16

Figura 3.1-Movimento do ar em uma Terra sem o movimento de rotação. (Fonte: Adaptado de

Lutgnes e Tarbuck, 2013)

Figura 3.2- Ilustração do efeito de Coriolis.(Fonte: Adaptado de Lutgnes e Tarbuck, 2013)

Existem ainda outros fatores que podem influenciar na formação do vento, como o eixo

de inclinação da Terra, o que é capaz de gerar o ciclo anual de mudanças climáticas. Outros

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

17

fatores são: a superfície não uniforme do planeta e os diversos tipos de materiais que podem ser

encontrados em sua superfície (orgânico, mineral, água, etc.…) que possuem diferentes

coeficientes de absorção e reflexão de radiação e influenciam diretamente o gradiente de

temperatura.

Figura 3.3- Movimento da massa de ar. (Fonte: Lutgnes e Tarbuck, 2013)

3.2. HISTÓRIA DA ENERGIA EÓLICA

Diante do crescimento da agricultura, principal meio de subsistência de antigamente,

surgiu a necessidade de buscar novas formas de auxílio para a realização do trabalho. Para

executar tarefas como bombeamento de água e moagem de grãos, naquele tempo, era necessário

esforço braçal e/ou animal, como ilustrado na Figura 3.4.

A busca por ferramentas que facilitassem o trabalho pesado levou ao desenvolvimento

de uma primeira ideia do que seria um moinho de vento, o mesmo era formado por um eixo

vertical, que era ativado por uma haste e era movida por homens ou animais caminhando em

uma gaiola circular. Esse sistema acabou sendo aprimorado com a utilização de cursos de água

no lugar da força muscular, dando origem a roda d’água. Como os cursos de água não estão

sempre disponíveis em todas as localizações, a utilização dos ventos como fonte natural de

energia e força motriz surgiu como uma solução.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

18

Figura 3.4- Homens e animais trabalhando em conjunto. (Fonte: Rodrigues, 2016)

O primeiro registro histórico da utilização da energia eólica, através de cata-ventos, para

o bombeamento de água e moagem de grão teria sido na Pérsia, cerca de 200 a.C. Segundo a

CHESF -Companhia Hidrelétrica do São Francisco (1987) acredita-se também que antes da

utilização de cata-ventos na Pérsia, a China e o Império Babilônico também teriam utilizado

cata-ventos rústicos para irrigação. Nas ilhas gregas do Mediterrâneo foram encontradas velas

de sustentação em eixo horizontal, o que é tido como um importante desenvolvimento da

tecnologia dos cata-ventos.

Na Europa, a introdução de cata-ventos deu-se no retorno das Cruzadas. Os mesmos

foram largamente utilizados, persistiram até o século XII, quando, então, os moinhos de eixo

horizontal começaram a ser utilizados em países como Inglaterra, França e Holanda. O novo

tipo de moinho, conhecido como moinho de vento de eixo horizontal do tipo “Holandês”, teve

sua utilização disseminada em vários países da Europa. A Figura 3.5 ilustra o moinho de vento

Holandês.

Segundo Dutra (2008), os moinhos de vento na Europa tiveram uma forte e decisiva

influência na economia agrícola por vários séculos. Com o desenvolvimento tecnológico das

pás, sistema de controle, eixos etc., o uso dos moinhos de vento propiciou a otimização de várias

atividades que utilizavam a força motriz do vento. A Figura 3.6 apresenta os principais marcos

no desenvolvimento da energia eólica entre o século XII o século XIX.

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

19

Figura 3.5- O moinho de vento holandês. (Fonte: Dutra, 2008)

Figura 3.6- Desenvolvimento da energia eólica entre o Século XII o Século XIX. (Fonte:

Dutra, 2008)

Durante o intervalo entre os séculos XII e XIX, a Holanda utilizou os moinhos de vento

de diversas formas como para produção de óleos vegetais, para a fabricação de papel, para o

acionamento de serrarias a fim de processar madeira. Por volta do século XIX já existia cerca

de 9.000 moinhos de vento em pleno funcionamento na Holanda.

No final do século XIX ocorreu a revolução industrial, que estabeleceu novas formas de

conversão de energia através do surgimento da máquina a vapor. Diante desse novo

acontecimento houve um declínio do uso de energia eólica. No caso da Holanda, no início do

século XX existiam cerca de 2.500 moinhos de vento em operação, esse número, em 1960, se

encontrava em apenas 1.000.

Segundo Shefherd (1994), o início da adaptação dos cata-ventos para conversão de

energia elétrica teria acontecido no final do século XIX. Em 1888, Charles F. Bruch ergueu, em

Cleveland - Ohio, o primeiro cata-vento que fornecia 12 kW para o carregamento de baterias.

Depois, com o avanço da rede elétrica, foram feitas várias pesquisas para o aproveitamento da

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

20

energia eólica em conversão de grande quantidade de energia. A partir disso diversos países

passaram a estudar e pesquisar sobre a conversão da energia eólica em energia elétrica, os

mesmos apostaram em diversas tecnologias, novos materiais e novas formas de fabricação a

fim de obter projetos de aerogeradores com a melhor eficiência possível.

Segundo Dutra (2008), no Brasil, o primeiro indício da utilização da energia eólica

surgiu em 1992, quando se iniciou a primeira operação comercial de um gerador instalado. Essa

operação teve origem a partir da parceria entre o Centro Brasileiro de Energia Eólica (CBEE)

e a Companhia Energética de Pernambuco (CELPE) juntamente com o financiamento do

instituto de pesquisa dinamarquês Folke Center. A turbina eólica, de 225 kW, foi instalada em

Fernando de Noronha, Pernambuco. A mesma é apresentada na Figura 3.7.

Figura 3.7- Primeira turbina eólica instalada no Brasil. (Fonte: ANEEL, 2015)

Segundo a ANEEL (2015), a turbina apresentada na Figura 3.7, possuía um gerador

assíncrono de 75 kW, rotor de 17 m de diâmetro e torre de 23 m de altura. Sua produção de

energia correspondia a cerca de 10% da energia consumida na ilha. Já a segunda turbina foi

instalada no ano de 2000, entrando em operação em 2001. As duas turbinas chegaram a fornecer

cerca de 25% da eletricidade consumida na ilha.

Após esse primeiro experimento com as turbinas eólicas no Brasil, pode-se perceber

quão valioso era o vento como fonte de energia e a partir desse momento começaram as

instalações de centrais eólicas em diversos estados, tais como Minas Gerais, Ceará,

Pernambuco, Santa Catarina, Rio Grande do Norte entre outros.

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

21

3.3. ENERGIA EÓLICA NO MUNDO

Segundo o relatório anual da Global Wind Energy Council (GWEC) (2016), o ano de

2015 foi um ano sem precedentes para indústria da energia eólica, visto que a marca dos 60

GW de novas instalações foi atingida. No final do mesmo ano o total global de energia eólica

no mundo era de 432,9 GW, o que representou um crescimento de mais de 17%, comparado

com o ano anterior.

Nos últimos anos, a China foi o país que mais ampliou a capacidade de conversão de

energia eólica em elétrica, aumentando a sua capacidade instalada, somente em 2015, em mais

de 30 GW. A China aparece como o pais que mais utiliza a conversão eólica elétrica desde

2009.

Ainda em 2015 o número de países com mais de 1 GW de capacidade instalada já eram

vinte e seis, incluindo dezessete na Europa, quatro na Ásia, três na América do Norte, um na

América Latina (Brasil) e um na África. Os países que tinham mais de 10,0 GW de capacidade

instalada já eram oito: a China (145.362 MW), os Estados Unidos (74.471 MW), a Alemanha

(44.947 MW), a Índia (25.088 MW), a Espanha (23.025 MW), o Reino Unido (13.603 MW), o

Canadá (11.205 MW) e a França (10.358 MW).

Abaixo, nas Figuras 3.8 e 3.9, são apresentados os gráficos dos dez países com maiores

capacidades instaladas e acumuladas, respectivamente, em 2015.

É possível observar através dos gráficos que o Brasil vem se destacando quanto à

conversão de energia eólica em elétrica. O relatório, de 2016, da GWEC chega a destacar o

Brasil como o país mais promissor da América Latina na conversão desse tipo de energia.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

22

Figura 3.8- Gráfico mundial de novas instalações para conversão de energia eólica em

2015. (Fonte: GWEC, 2016)

Figura 3.9- Gráfico mundial de capacidade instalada de energia eólica em 2015. (Fonte:

GWEC, 2016)

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

23

3.4. ENERGIA EÓLICA NO BRASIL E NO RIO GRANDE DO NORTE

O Brasil, nos últimos anos, realizou grandes mudanças quanto à utilização de fontes de

energia renováveis na sua matriz energética. No ano de 2016, embora a fonte hidrelétrica tenha

sido a principal fonte de energia, a biomassa e a energia eólica alcançaram números

significativos na matriz energética brasileira.

Segundo os dados mensais publicados pela Abeeólica - Associação Brasileira de

Energia Eólica, em novembro de (2016), 7,1% da matriz elétrica Brasileira era composta pela

energia eólica, como é apresentado abaixo na Figura 3.10.

Figura 3.10- Matriz Energética Brasileira em novembro de 2016 em GW. (Fonte: Abeeólica,

2016)

Vale salientar que existe a previsão de um aumento na conversão e na utilização de

energia eólica no Brasil, tal fato pode ser visto na Figura 3.11. Já os parques instalados podem

ser subdivididos em três categorias: os aptos a operar, os que estão operando em teste e os que

operam comercialmente. A Figura 3.12 apresenta as subdivisões em cada estado, onde estão os

parques eólicos no Brasil.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

24

Figura 3.11- Evolução da capacidade instalada da energia eólica no Brasil. (Fonte: Abeeólica,

2016)

Figura 3.12- Subdivisão dos parques, de geração de energia eólica, nos estados do Brasil.

(Fonte: Abeeólica, 2016)

Pode-se observar, através dos gráficos apresentados, que o estado do Rio Grande do

Norte é, atualmente, o maior responsável pela conversão desse tipo de energia no Brasil.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em sua publicação

anual, Brasil em Números (2016), quase 80% dos parques eólicos estão concentrados na região

Nordeste. O Rio Grande do Norte possui uma posição de destaque ao abrigar mais de 1.400

aerogeradores e mais de 3 GW em potência eólica instalada, cerca de 30% de toda potência

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

25

eólica instalada no Brasil. Sendo assim o estado com a maior matriz eólica, o estado apresenta,

em quase todo o seu território, ventos constantes e de velocidades superiores a 5,0 m/s.

Segundo Grubb e Meyer (1993), para que a energia eólica seja considerada tecnicamente

aproveitável, é necessário que sua densidade seja maior ou igual a 500 W/m2, a uma altura de

50 m, o que requer uma velocidade mínima do vento de 7 a 8 m/s. Nas Figuras 3.13 e 3.14

pode-se identificar as regiões de velocidade do vento no RN, a 50 m e 100 m de altitude, com

potencial de exploração.

Figura 3.13- Velocidade do vento a 50 m de altura. (Fonte: Cosern, 2003)

Figura 3.14- Velocidade do vento a 100 m de altura (Fonte: Cosern, 2003)

Através das imagens apresentadas anteriormente pode-se perceber que o Rio Grande do

Norte apresenta diversas áreas com velocidade média de vento suficientes para apresentar

conversões de energias significativas, justificando o porquê de o estado ser um dos principais

produtores de energia elétrica através da conversão de energia eólica.

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

26

4. AEROGERADORES

4.1. TIPOS DE AEROGERADORES

Segundo Cao (2011), os aerogeradores são dispositivos capazes de converter a energia

cinética do vento em energia elétrica através de um rotor mecânico, um trem de acionamento e

um gerador.

Devido à grande disseminação da energia eólica, diversos tipos de turbinas eólicas

podem ser encontrados em operação atualmente, em várias regiões e em diversas aplicações.

As turbinas eólicas podem ser classificadas através de diferentes critérios, um deles é

quanto à capacidade de geração: de pequeno porte, quando produzem até cerca de 20 kW, de

médio porte, quando produzem de 20 a 250 kW e de grande porte quando apresentam uma

geração acima de 250 kW.

As turbinas de grande porte não surgiram imediatamente, foram necessários diversos

estudos e pesquisas para alcançar o patamar das atuais turbinas eólicas. A Figura 4.1 apresenta

a evolução das mesmas durante o tempo.

Figura 4.1- Evolução dos aerogeradores desde 1985 até 2005. (Fonte: IEA, 2013)

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

27

Uma das formas mais utilizadas para a classificação das turbinas é em termos do eixo

ao redor do qual as pás giram. Segundo Pinto (2013), a maioria delas é de eixo horizontal

(Horizontal Axis Wind Turbine- HAWT), porém existem algumas cujas pás giram na vertical

(Vertical Axis Wind Turbine- VAWT). Exemplos de turbinas HAWT e VAWT são

apresentados na Figura 4.2.

Figura 4.2- Exemplos de aerogeradores de eixo horizontal (HAWT) e de eixo vertical

(VAWT). (a), (b) e (c) representam as turbinas HAWT e (d) e (e) representam as turbinas

VAWT. (Fonte: Coutinho, 2012)

4.1.1. TURBINAS EÓLICAS DE EIXO VERTICAL

Como já dito anteriormente, as turbinas de eixo vertical são assim chamadas porque as

pás giram em torno de um eixo vertical. Os rotores eólicos verticais eram amplamente

difundidos antigamente, e segundo Pinto (2013), a principal vantagem é que os mesmos não

precisam de nenhum tipo de controle de ajuste para mantê-los na direção do vento. Também

existem desvantagens, e a principal é que as pás destas turbinas ficam relativamente próximas

ao solo, o que leva a um menor aproveitamento do vento, visto que as velocidades próximas ao

solo são menores e a potência das turbinas eólicas aumenta com o cubo da velocidade. Próximo

ao solo o vento também apresenta uma maior turbulência o que resulta em maiores perdas

aerodinâmicas. Exemplos dos diversos tipos de turbinas eólicas de eixo vertical são

apresentados na Figura 4.3, a seguir.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

28

Figura 4.3- Tipos de turbinas de eixo vertical: (a) Darrieus; (b) Savonius; (c) Solarwind; (d)

Helicoidal; (e) Noguchi; (f) Maglev (g) Cochrane. (Fonte: Tong, 2010)

4.1.2. TURBINAS EÓLICAS DE EIXO HORIZONTAL

As turbinas eólicas de eixo horizontal são aquelas em que as pás do rotor giram em torno

de um eixo horizontal. Pode-se dizer que a grande maioria das turbinas eólicas comerciais

atualmente empregadas para a conversão eólica/elétrica, são de eixo horizontal.

Esse tipo de turbina também apresenta vantagens e desvantagens. As vantagens são a

maior eficiência, quando comparadas a turbinas eólicas de eixo vertical, grande potência, e um

menor custo por unidade de conversão de energia. As mesmas podem ser subdivididas de

acordo com a configuração do rotor da turbina em relação à direção do escoamento de vento,

sendo classificadas em upwind e downwind. As mais utilizadas nos dias atuais são as upwind,

na qual o vento passa primeiro pelas pás do rotor da turbina e depois pelos demais componentes.

A vantagem desse tipo de turbina é o fato de evitar a distorção do escoamento que seria causada

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

29

pela passagem do escoamento pela nacele, que é componente dos aerogeradores responsável

por abrigar itens mecânicos (caixa de engrenagem, gerador e etc.).

Na turbina do tipo downwind o escoamento passa primeiro pela nacele e pela torre

(componentes da turbina) para depois passar pelas pás do rotor. Essa configuração permite que

as pás do rotor sejam mais flexíveis. Mas por conta da perturbação causada ao escoamento, pela

nacele e pela torre,a quantidade de energia convertida pela turbina pode ter grande variação.

Além disso, a instabilidade do escoamento pode resultar em maiores perdas aerodinâmicas. A

Figura 4.4 apresenta esses dois tipos de turbinas.

Figura 4.4- Exemplos de turbinas upwind e downwind. (Fonte: Kabir, 2012)

4.2. PRINCIPAIS COMPONENTES DOS AEROGERADORES

Os aerogeradores são compostos por diversos componentes, são eles: torre, nacele, caixa

de engrenagens, cubo, gerador e pás. A Figura 4.5 apresenta os componentes de um aerogerador

de eixo horizontal

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

30

.

Figura 4.5- Componentes de um aerogerador de eixo horizontal. (Fonte: Wekken, 2006)

4.2.1. TORRE

A torre é a principal estrutura de sustentação de um aerogerador. Segundo Dutra (2008),

a torre é a estrutura que posiciona o conjunto nacele-rotor em altura adequada para captação do

recurso eólico. Existem diversos tipos de torres, e a escolha do tipo a ser utilizado depende do

aerogerador que se deseja instalar.

A torre treliçada, constituída de perfis metálicos soldados, era mais utilizada nos

primeiros anos da utilização da energia eólica, já que as turbinas eram menores. Segundo Pinto

(2013), a grande vantagem dessas torres é o menor gasto de material para uma dada altura e

rigidez, além de apresentarem um transporte mais fácil em relação a outros tipos de torres. Mas

também apresentam como desvantagem um alto tempo de montagem e um maior gasto com

manutenção.

Segundo Lima (2011), as torres estaiadas são geralmente utilizadas em aerogeradores

pequenos. Onde um mastro de aço apoia-se em uma base e mantém-se na vertical com o auxílio

de cabo de aços, fixados no topo e distribuídos em pontos estratégicos do solo (fundações) a

fim de garantir a estabilidade do conjunto. As desvantagens começam a surgir à medida que a

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

31

torre começa a aumentar, visto que os custos aumentam com as fundações e os cabos, aumenta

também a incerteza sobre a fadiga que os cabos podem sofrer, além de ocupar uma área cada

vez maior.

Diante do aperfeiçoamento dos aerogeradores e do aumento da potência, surgiu a

necessidade de torres que pudessem garantir uma maior segurança estrutural, e por isso as torres

de concreto começaram a ser utilizadas. Segundo Lima (2011), com a necessidade de torres

com uma maior altura, a fim de aproveitar a maior velocidade do vento, surge a torre tubular

de aço, que depois evoluiu para troncos em cone. Ambas são formadas por segmentos de aço

que são soldados entre si aliados a utilização de flanges internos em suas extremidades.

Atualmente, os tipos mais utilizados nos aerogeradores comercias são os tubulares de aço.

4.2.2. NACELE

Segundo Santos (2013), dá-se o nome de nacele ao local onde está alocado o conjunto

de todos os equipamentos elétricos e mecânicos localizados na parte superior da torre. Ainda

segundo Pinto (2013), a nacele é a estrutura montada em cima da torre onde estão contidos o

gerador e a caixa de acoplamento. Não existe um tamanho fixo para esse componente, ele pode

variar de acordo com a quantidade de equipamentos utilizados para o projeto e fabricação da

turbina eólica, visto que existem diversos tipos e complexidades.

Um dos componentes que pode estar presente na nacele é a caixa de engrenagens, que

em conjunto com mancais, um eixo de transmissão e um acoplamento formam um

multiplicador. Como os grandes aerogeradores possuem uma baixa velocidade de rotação (20

a 150 rpm) é necessário a existência de um mecanismo que consiga adaptar essa rotação das

turbinas a alta velocidade de rotação dos geradores convencionais, que podem ser síncronos e

assíncronos. Segundo Pinto (2013), a ideia da caixa de engrenagens é fazer a sintonia correta

entre a baixa velocidade da turbina e alta velocidade do gerador.

Diante de tais informações é natural perceber que ao optar pela utilização de um

multiplicador surgirá a necessidade de uma nacele maior. Além do multiplicador, a nacele

também é responsável por abrigar um sistema de direção, que é responsável por posicionar a

turbina na direção do vento. Sobre a superfície da mesma ainda pode ser encontrado o

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

32

anemômetro (medidor de velocidade do vento) e também a biruta (responsável por indicar a

direção do vento).

4.2.3. PÁS E CUBO

Segundo Santos (2013), as pás que compõem os aerogeradores são semelhantes a asas

de um avião e são responsáveis pela interação com o vento e pela conversão de parte da energia

cinética, presente no vento, em trabalho mecânico. Souza (2015) explica que as forças

aerodinâmicas resultantes da interação entre o vento e as pás do rotor são responsáveis por essa

transformação. As mesmas podem ser fabricadas utilizando diversos materiais, a escolha vai

depender do tamanho da turbina. Para construção utiliza-se fibra de vidro reforçado com epóxi,

alumínio com fibra de carbono, entre outros. Já o cubo é o componente onde as pás são

acopladas, o mesmo é, geralmente, fabricado com aço de alta resistência e rolamentos para

possibilitar a fixação das pás.

4.3. TURBINAS EÓLICAS COM DIFUSOR

Existe ainda as turbinas eólicas envoltas por difusor, também conhecidas como DAWT

(Diffuser Augmentend Wind Turbine- turbina eólica potencializada por um difusor). Segundo

Souza (2015), o estudo das DAWT compreende uma linha de pesquisa que foi desenvolvida

intensivamente no passado. A mesma se baseia na ideia de que se for possível aumentar a

velocidade do vento através da utilização da natureza fluido-dinâmica ao redor da estrutura, ou

seja, se for possível concentrar a energia do vento localmente, a potência de saída de uma

turbina poderia ser aumentada substancialmente.

A utilização de difusores em aerogeradores é capaz de causar uma região de baixa

pressão após o rotor, gerando assim um gradiente de pressão negativo, devido a formação de

vórtices. Segundo Phillips (1999), a aerodinâmica do difusor é capaz de fazer com que um fluxo

maior de ar, com maior velocidade, quando comparado a turbina sem difusor, passe pelo plano

do rotor, possibilitando uma maior conversão de potência. Um exemplo de turbina envolta por

difusor é apresentado na Figura 4.6.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

33

Segundo Kannan (2013), uma turbina de menor diâmetro envolta por um difusor é capaz

de produzir a mesma potência de saída de uma turbina convencional devido a densidade de

energia eólica e além disso podem diminuir, significativamente, o ruído das turbinas. Assim, as

turbinas eólicas envoltas por difusor podem ser uma opção para diminuição do custo de

conversão de energia.

Figura 4.6- Turbina eólica envolta por um difusor. (Fonte: Ohya, 2008)

4.4. AERODINÂMICA DE AEROGERADORES

4.4.1. ENERGIA PRESENTE NO VENTO

Quando o aerogerador retira parte da energia do ar, obrigatoriamente ocorre uma

redução de velocidade do mesmo. Assumindo que a massa de ar que passa pelo rotor não

interage com a massa de ar que não o atravessa, é possível então imaginar uma superfície limite.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

34

Supondo que nenhuma massa de ar atravesse essa superfície limite, e assumindo que o

escoamento é incompressível, visto que o número de Mach do escoamento é geralmente menor

que 0,3, pela lei da conservação da massa, conclui-se que o diâmetro que delimita a superfície

limite é maior após o rotor, como apresentado na Figura 4.7.

Figura 4.7- Comportamento da superfície de controle durante o escoamento de ar. (Fonte:

Burton, 2001)

A análise do comportamento aerodinâmico dos aerogeradores pode ser feita sem um

“design” específico, considerando apenas o processo de extração de energia. O método

encontrado para realizar essa tarefa é o disco atuador.

Na Figura 4.8 pode-se observar como ocorre a interação entre o vento e o aerogerador,

além do comportamento da pressão e da velocidade. É importante saber que V1, A1 e p1 são a

velocidade, área e pressão iniciais, respectivamente.

O vento, ao passar pela turbina, tem sua velocidade reduzida, que é responsável pela

conversão da energia eólica. Quanto a pressão é possível notar que, pouco antes, de entrar em

contato com a turbina a mesma aumenta, até p+, e logo após deixar o contato com o aerogerador,

volta a cair, até p+-Δp e depois se estabilizar, voltando ao valor inicial, p1.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

35

Figura 4.8- Interação entre vento e o aerogerador. (Fonte: Adaptado de Hansen, 2008)

Através da Equação de Bernoulli é possível encontrar a relação entre a pressão e a

velocidade, assumindo que não há atrito pode-se escrever:

1

2𝜌𝑉2 + 𝑝 = 𝑝𝑒𝑠𝑡𝑎𝑔𝑛𝑎çã𝑜 (4.1)

Sendo 𝑝𝑒𝑠𝑡𝑎𝑔𝑛𝑎çã𝑜 a pressão de estagnação ou total, dada a partir do somatório das

pressões dinâmica e estática. A mesma é constante, o que significa que quando a velocidade do

escoamento aumenta a pressão diminui e vice-versa. Sabendo disso e avaliando a parte do

escoamento que antecede a passagem do ar através da turbina, têm-se que:

𝑝1 +

1

2𝜌𝑉1

2 = 𝑝+ +1

2𝜌𝑉2

2 (4.2)

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

36

Depois, ao avaliar a posição logo após a passagem do ar pela turbina, têm-se que:

𝑝+ − ∆𝑝 +

1

2𝜌𝑉2

2 = 𝑝3 +1

2𝜌𝑉3

2 (4.3)

Ao subtrair a Equação 4.3 da Equação 4.2, têm-se que:

∆𝑝 =

1

2𝜌(𝑉1

2 − 𝑉32) (4.4)

A diferença de pressão pode ser obtida também através da conservação da quantidade

de movimento. Para isso é necessário avaliar o comportamento do ar antes de passar pelo rotor,

durante a passagem e após a passagem. A Figura 4.9 ilustra o volume de controle necessário

considerar um volume de controle que englobe a massa

Figura 4.9- Volume de controle em torno do rotor. (Fonte: Adaptado de Hansen, 2008)

Na Figura 4.9 é possível observar a existência de uma força E, trata-se do empuxo que

surge como reação da força produzida pela massa de ar. Aplicando a conservação de massa

considerando o regime permanente, tem-se que:

𝑚𝑒 = 𝑚𝑠 (4.5)

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

37

𝜌𝑉1𝐴𝐶𝑉 = 𝜌𝑉3𝐴1 + 𝜌𝑉1(𝐴𝐶𝑉 − 𝐴1) + ��𝑙𝑎𝑑𝑜 (4.6)

sendo ρ a densidade do ar, A1 a área referente ao fluxo de ar que esteve em contato com o rotor,

Acv é a área referente a saída do volume de controle adotado e A a área varrida pelas pás da

turbina e ��𝑙𝑎𝑑𝑜 a vazão mássica que atravessa a lateral do volume de controle.

É possível então aplicar a equação do momento axial, na forma de integral, ao volume

de controle. Após algumas simplificações, chega-se a seguinte relação:

−𝐸 = 𝑉3(𝜌𝑉3𝐴1) + 𝑉1[𝜌𝑉1(𝐴𝐶𝑉 − 𝐴1)] + 𝑉1��𝑙𝑎𝑑𝑜 − 𝑉1(𝜌𝑉1𝐴𝐶𝑉) (4.7)

Através de balanço de massa realizado anteriormente (Equação 4.6) é possível encontrar

uma relação para ��𝑙𝑎𝑑𝑜, apresentada a seguir.

��𝑙𝑎𝑑𝑜 = 𝜌𝐴1(𝑉1 − 𝑉3) (4.8)

Substituindo a Equação 4.8 na Equação 4.7, tem-se que:

𝐸 = 𝜌𝑉2𝐴1(𝑉1 − 𝑉3) (4.9)

Segundo Hansen (2008), para um rotor ideal com infinitas pás, o empuxo 𝐸, sobre o

disco representativo da turbina, depende da queda de pressão (Equação 4.4). Chega-se então a

seguinte relação:

𝐸 = ∆𝑝 ∙ 𝐴 (4.10)

Igualando as duas formas de se chegar ao empuxo, Equações 4.9 e 4.10, tem-se que:

𝑉2 =

1

2(𝑉1 + 𝑉3) (4.11)

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

38

Isso quer dizer que, no plano do rotor, a velocidade é igual à média das velocidades a

jusante e a montante do rotor. A potência é tida como a quantidade de energia que uma fonte

concede por unidade de tempo e, no caso do vento, pode ser calculada através da variação da

energia cinética no ar, chegando à seguinte equação:

𝑃 =

1

2𝜌𝑉2(𝑉1

2 − 𝑉32)𝐴 (4.12)

onde A representa a área varrida pelas pás da turbina.

A presença do disco atuador perturba o escoamento na direção axial. Assim surge a

necessidade de definir o fator de indução axial, a. A velocidade V2 pode ser relacionada ao fator

de indução axial da seguinte forma:

𝑉2 = (1 − 𝑎)𝑉1 (4.13)

Combinando as Equações 4.11 e 4.13, chega-se a:

𝑉3 = (1 + 2𝑎)𝑉1 (4.14)

Após a obtenção de tais relações é possível chegar a novas equações para potência e

para o empuxo em função do fator de indução axial.

𝑃 = 2𝜌𝑉13𝑎(1 − 𝑎)2𝐴 (4.15)

𝐸 = 2𝜌𝑉12𝑎(1 − 𝑎)𝐴 (4.16)

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

39

4.4.2. COEFICIENTE DE BETZ

Segundo Schubel e Crossley (2012), existe um limite físico, que independe do projeto,

para quantificar a quantidade de energia que pode ser extraída. A extração de energia é realizada

através do processo de redução da energia cinética do ar, e consequentemente da velocidade do

vento.

O aerogerador é incapaz de reduzir a velocidade do fluxo de ar até zero, visto que uma

velocidade final nula implicaria na não existência de um fluxo. O físico alemão Albert Betz,

afirmou que a turbina eólica tem um limite máximo de extração de energia, esse limite ficou

conhecido como limite de Betz. A fim de se encontrar esse limite, têm-se que a potência

disponível em uma área, A, varrida pelo rotor é:

𝑃𝑑𝑖𝑠𝑝 =

1

2𝜌𝐴𝑉1

3 (4.17)

A potência é geralmente admensionalizada em função da potência disponível, chegando

assim ao coeficiente de potência, CP.

𝐶𝑃 =

𝑃

(1

2𝜌𝑉1

3𝐴) (4.18)

De forma análoga chega-se ao coeficiente de empuxo.

𝐶𝐸 =

𝐸

(1

2𝜌𝑉1

2𝐴) (4.19)

Substituindo as Equações 4.15 e 4.16 nas Equações 4.18 e 4.19, respectivamente, têm-

se que:

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

40

𝐶𝑃 = 4𝑎(1 − 𝑎)2 (4.20)

𝐶𝐸 = 4𝑎(1 − 𝑎) (4.21)

Diferenciando o coeficiente de potência em relação ao coeficiente de indução axial,

chega-se ao valor de coeficiente de potência máximo, conhecido como limite de Betz.

Segundo Custodio (2009), a máxima potência extraída por uma turbina eólica é obtida

quando a velocidade na saída do rotor é igual a 1 3⁄ da velocidade do vento incidente nas pás.

Isso resulta em uma fração máxima de potência próximo a 16 27⁄ da potência disponível, o que

resulta em cerca de 59,3% da potência disponível.

Figura 4.10- Coeficiente de empuxo e de potência em função do fator de indução axial.

(Fonte: Adaptado de Hansen, 2008)

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

41

4.4.3. TEORIA DOS AEROFÓLIOS

Segundo Pinto (2013), os aerofólios são estruturas com formas geométricas usadas para

gerar forças mecânicas. Essas forças surgem a partir da interação entre o fluido e o aerofólio.

Os perfis aerodinâmicos são utilizados nas turbinas eólicas com o intuito de transformar a

potência disponível no vento em potência mecânica, e por isso as seções transversais das pás

das turbinas tem formatos de aerofólios.

O ar atinge a pá com velocidade relativa w em um certo ângulo, 𝛼, conhecido como

ângulo de ataque, que se trata do ângulo formado pela velocidade relativa e a linha da corda da

seção transversal da pá. Dessa forma, duas forças são geradas, a força de arrasto e força de

sustentação. A fim de facilitar o entendimento a Figura 4.11 ilustra como se dá essa interação.

Figura 4.11- Definição de ângulo de ataque (α) num perfil. (Fonte: Adaptado de Gundtoft,

2009)

Quando o fluxo de ar passa pelo aerofólio, o ar percorre um caminho maior na superfície

superior e um caminho menor na superfície inferior, uma pressão maior será exercida sobre a

parte inferior, e a partir disso, uma força será gerada, a força de sustentação, responsável pelo

giro das pás do aerogerador.

Os valores das forças geradas vão depender de alguns parâmetros, como: massa

específica do ar (ρ), velocidade relativa do vento (w), a largura da seção transversal da pá (b) e

do tamanho da corda da seção transversal da pá (c). A força de sustentação (FL) e de arrasto

(FD) são, respectivamente, dadas por:

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

42

𝐹𝐿 = 𝐶𝐿

1

2𝜌𝑤2(𝑏𝑐) (4.22)

𝐹𝐷 = 𝐶𝐷

1

2𝜌𝑤2(𝑏𝑐) (4.23)

onde 𝐶𝐿 é o coeficiente de sustentação e 𝐶𝐷 é o coeficiente de arrasto.

Tanto o coeficiente de sustentação como o coeficiente de arrasto dependem do ângulo

de ataque. Geralmente, para ângulos de ataque entre 15°-20° ocorre um descolamento do

escoamento sobre a superfície do aerofólio, causando um fenômeno conhecido como “stall”,

como ilustrado na Figura 4.12.

Figura 4.12- Fenômeno do Stall. (Fonte: Toledo, Cuminato e Souza, 2006)

Já a Figura 4.13 ilustra a dependência dos coeficientes em relação ao ângulo de ataque.

A razão entres esses dois coeficientes (sustentação e arrasto), 𝐶𝐿 𝐶𝐷⁄ , é conhecida como

“glide ratio”. Normalmente, quanto maior essa razão, melhor. Valores acima de 100 não são

considerados fora do normal, e os ângulos de ataque que, geralmente, fornecem esse valor estão

entre 5°-10°.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

43

Figura 4.13- Coeficiente de arrasto e de sustentação em função do ângulo de ataque. (Na

direita o ângulo varia entre 0°-90°; Esquerda o ângulo varia entre 0°-20°) (Fonte: Gundtoft,

2009)

4.4.4. ÂNGULO DE PITCH E COMPRIMENTO DE CORDA

Para obter êxito no projeto do rotor de uma turbina eólica é necessário definir o ângulo

de Pitch e comprimento da corda de cada elemento desejado, esses dados vão depender do raio

onde se encontra o elemento. A fim de facilitar a compreensão a Figura 4.14 é apresentada.

Vale salientar que todos os ângulos que serão apresentados dependem do raio onde se

encontra o elemento da pá, são eles: α(r) é ângulo de ataque, ø(r) é ângulo entre a velocidade

relativa e o plano do rotor e θ(r) é ângulo entre a corda e o plano do rotor.

Na Figura 4.14 é possível perceber que a velocidade relativa (w) depende das outras

velocidades, a velocidade axial (v) e a velocidade tangencial (u). A relação se dá da seguinte

forma:

𝑤2 = 𝑣2 + 𝑢2 (4.24)

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

44

Figura 4.14- Velocidades e Ângulos de um elemento da pá. (Fonte: Adaptado de Hansen,

2008)

Existem algumas formas diferentes para desenvolver o projeto da pá de uma turbina

eólica, e durante os anos foram desenvolvidas diversas metodologias para esse fim, como a

metodologia de Betz e de Schmitz. Uma delas é o dimensionamento de Betz. Esta teoria

dimensiona as pás variando a corda e o ângulo de giro dos perfis aerodinâmicos de acordo com

o raio da mesma.

Schmitz (1955), segundo Grubb (1993), desenvolveu um modelo um pouco mais

detalhado e sofisticado do escoamento no plano do rotor. Como se trata de um modelo que será

capaz de fornecer melhores resultados o mesmo será apresentado a seguir.

Segundo Hansen (2008), a seção transversal da pá tem o formato de um aerofólio e por

isso existirá uma diferença de pressão entre o intradorso e o extradorso, o que gera sustentação.

Ocorre que na ponta da pá o escoamento vai comporta-se de maneira diferente: as linhas de

fluxo se movimentam de baixo para cima, com isso o fluxo do intradorso é desviado para fora

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

45

e o fluxo do extradorso é desviado para dentro, tudo isso causa a vorticidade de ponta de pá.

Estes vórtices são responsáveis por induzir uma componente axial de velocidade, contrária a

direção da velocidade do vento, e uma componente tangencial de velocidade, contrária a rotação

do rotor. A vorticidade da esteira é apresentada na Figura 4.15.

Figura 4.15- Rotação da esteira a jusante. (Fonte: Hansen, 2008)

É importante lembrar que os vórtices citados anteriormente, serão responsáveis por uma

variação no ângulo de ataque efetivo. Isso causará mudanças na forma como as pás percebem

o fluxo, que por sua vez causará discrepâncias no projeto final e por isso é necessário levar em

consideração os efeitos da vorticidade. A Figura 4.16 apresenta o triângulo de velocidade para

uma seção da pá.

Figura 4.16-Triângulos de velocidades em uma seção da pá. (Fonte: Adaptado de Hansen,

2008)

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

46

Os índices que foram utilizados anteriormente, a fim de apresentar a potência presente

no vento, serão novamente utilizados. Nesse caso, o índice 1 faz referência a montante do rotor,

o índice 2 diz respeito ao plano do rotor e o índice 3 é referente a região a jusante do rotor.

Segundo Hansen (2008), a velocidade tangencial induzida na esteira do rotor é

especificada através do fator de indução tangencial, a’, como 2a’ωr. Como o fluxo não

rotaciona antes do rotor, a velocidade tangencial induzida no rotor é aproximadamente a’ωr,

como pode ser observado na Figura 4.16. Onde ω é a velocidade angular do rotor e r é a

distância radial do eixo do rotor.

Teoricamente, a mudança na velocidade tangencial, no plano do rotor, é metade da

mudança total. Tem-se então:

𝑢2 = 𝑟𝜔 + 12⁄ ∆𝑢 (4.25)

Pode-se encontrar a velocidade tangencial da seguinte forma:

𝑢2 = 𝜔𝑟 + 𝑎′𝜔𝑟 (4.26)

A Figura 4.17 ilustra como se dá a variação do fluxo percebido pela seção da pá.

Figura 4.17- Variação da velocidade relativa. (Fonte: Adaptado de Hansen, 2008)

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

47

𝑤2 = 𝑤1 + 12⁄ ∆𝑤 (4.27)

A mudança em w1 acontece por efeito do aerofólio. Assumindo que o arrasto é muito

pequeno, quando comparado a sustentação, então o vetor Δw é paralelo ao vetor da força de

sustentação e, por definição da direção da força de sustentação, podemos assumir que o vetor

Δw é perpendicular à w2. Baseado nessas considerações tem-se as seguintes relações:

𝑤2 = 𝑤1 cos(𝜙1 − 𝜙2) (4.28)

É possível perceber que:

𝑣2 = 𝑤2sen 𝜙2 (4.29)

Combinando as Equações 4.27 e 4.28, tem-se que:

𝑣2 = 𝑤1 cos𝜙1 − 𝜙2 sen𝜙2 (4.30)

Através da Figura 4.17 tem-se ainda que:

∆𝑤 = 2𝑤1sen 𝜙1 − 𝜙2 (4.31)

A partir da força de sustentação e da conservação do momento, tem-se que:

𝑑𝐹𝐿 = ∆𝑤𝑑𝑞 (4.32)

sendo dq o fluxo de massa que passa através de um elemento anelar, no raio 𝑟, com espessura

𝑑𝑟. Sendo assim, 𝑑𝑞 pode ser dado por:

𝑑𝑞 = 2𝜌𝜋𝑟𝑑𝑟𝑣 (4.33)

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

48

Sabendo que a potência é igual ao torque multiplicado pela velocidade angular,

desprezando o arrasto, e lembrando que sen x cos x=sen 2x tem-se que:

𝑑𝑃 = 𝑑𝐹𝐿sen 𝜙2𝑟𝜔

𝑑𝑃 = ∆𝑤𝑑𝑞 sen 𝜙2𝑟

𝑑𝑃 = {2𝑤1sen 𝜙1 − 𝜙2}[(2𝜌𝜋 𝑟𝑑𝑟)𝑤1cos 𝜙1 − 𝜙2sen 𝜙2]sen 𝜙2𝑟𝜔

𝑑𝑃 = 𝑟2𝜔𝜌2𝜋 𝑑𝑟 𝑤12sen[2𝜙1 − 𝜙2]sen

2𝜙1

(4.34)

Foi obtida uma relação da potência do elemento anelar em função do ângulo 𝜙 a questão

é que ainda não se sabe o valor do mesmo. Segundo Gasch e Twele (2012), a fim de solucionar

esse problema é necessário resolver a equação (dP) /dø2=0, buscando encontrar o ângulo que

dará a potência máxima. Assim ømax é dado por:

𝜙𝑚𝑎𝑥 =

2

3𝜙1 (4.35)

ou

𝜙𝑚𝑎𝑥 =

2

3arctan

𝑣1

𝜔𝑟= arctan

𝑅

𝜆𝑟 (4.36)

onde R é o raio total do rotor, λ é a razão de velocidade de ponta que pode ser dado pela razão

entre a velocidade angular e a velocidade do fluxo (ωr/v1), e r é o raio referente ao elemento

anelar. Como já apresentado anteriormente, θ=ø-α, sendo assim, chega-se a equação referente

ao ângulo de Pitch:

𝜃(𝑟)𝑆𝑐ℎ𝑚𝑖𝑡𝑧 =

2

3arctan

𝑅

𝜆𝑟− 𝛼𝐷 (4.37)

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

49

Utilizando as equações apresentadas anteriormente e lembrando que sen 2x = 2sen x cos

x, chega-se a equação abaixo:

𝑑𝐹𝐿 = ∆𝑤 𝑑𝑞 (4.38)

Através das relações encontradas anteriormente e das encontradas através da teoria do

aerofólio é possível chegar à seguinte relação.

𝑑𝐹𝐿 =

1

2𝜌𝑤1

2𝐵 𝑐 𝑑𝑟 𝐶𝐿cos ø1

3

(4.39)

E por fim, combinando as últimas duas equações apresentadas, chega-se a equação

referente ao valor da corda:

𝑐(𝑟)𝑆𝑐ℎ𝑚𝑖𝑡𝑧 =

1

𝐵

16𝜋𝑟

𝐶𝐿sen2

1

3arctan

𝑅

𝜆𝑟

(4.40)

4.4.5. PROJETO DAS PÁS EMPREGANDO A TEORIA BLADE ELEMENT

MOMENTUM (BEM)

Segundo Hansen (2008) este método foi desenvolvido por Glauert (1935). Na Teoria do

Elemento de Pá, a pá é dividida em diversos elementos, geralmente entre 10-20 divisões, e o

fluxo sobre cada um desses elementos é calculado. Sobre cada um desses elementos

experimenta um fluxo levemente diferente, além de possuírem velocidades rotacionais, valores

de cordas e ângulos de inclinação diferentes.

Na aplicação da teoria da quantidade do movimento assume-se que a queda de pressão,

ou diminuição da quantidade de movimento do fluido, ao passar pelo rotor, é causada pelo

trabalho realizado pelo vento. Isso possibilita o cálculo das velocidades induzidas pela redução

da quantidade de movimento nas direções axial e tangencial do vento. Como hipótese

simplificadora devido à predominância do escoamento na direção axial, assume-se que não

existe nenhuma interação aerodinâmica, na direção radial, nos diferentes elementos da pá e que

se trata de um rotor com infinitas pás. Como a segunda consideração é irreal, uma correção é

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

50

feita no final dos cálculos do BEM (Blade Element Momentum) a fim de obter resultados mais

condizentes com a realidade.

A aplicação desse método gera uma série de equações que podem ser resolvidas

iterativamente e que depois de solucionadas podem fornecer uma boa análise da operação das

turbinas estudadas. Diante das informações apresentas anteriormente é possível aprofundar um

pouco mais o assunto e passar para o equacionamento do BEM. Ainda da Figura 4.17, tem-se

que:

𝛼 = ø − 𝜃 (4.41)

sendo ø o ângulo relativo ao vento e 𝜃 o ângulo de Pitch. Pode-se observar também na Figura

4.17 que:

tan ø =

1 − 𝑎

1 + 𝑎′

𝑉1

𝑟𝜔

(4.42)

sendo a o fator de indução axial ou fator de interferência, que mostra a medida de influência

que o rotor exerce sobre o escoamento. Supondo um número de pás 𝐵 para o rotor, pode-se

calcular o empuxo (E) e o torque (T) para cada elemento anelar da seguinte forma:

𝑑𝑇 = 12⁄ 𝜌𝑤2𝑐𝐵𝐶𝑥𝑑𝑟 (4.43)

𝑑𝐸 = 12⁄ 𝜌𝑤2𝑐𝐵𝐶𝑦𝑟𝑑𝑟 (4.44)

onde:

𝐶𝑥 = 𝐶𝐿sen ø − 𝐶𝐷cos ø (4.45)

e

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

51

𝐶𝑦 = 𝐶𝐿 cos(ø) + 𝐶𝐷sen (ø) (4.46)

Os coeficientes adimensionais Cx e Cy são referentes as forças normal e tangencial ao

plano do rotor, que são as variáveis de interesse nesse caso. Para chegar as mesmas é necessário

fazer uma decomposição das forças de sustentação e de arrasto. As forças são

adimensionalizadas e dão origem aos coeficientes de sustentação e arrasto, que são responsáveis

por compor os coeficientes da força normal, Cx, e da força tangencial, Cy, como apresentado na

Figura 4.18.

Figura 4.18- Forças na pá. (Fonte: Hansen, 2008)

O torque sobre o elemento da pá pode ser determinado empregando o empuxo obtido

via quantidade de movimento (Equação 4.9).

𝑑𝐸 = 2𝜋𝑟𝜌𝑉2(𝑉1 − 𝑉3)𝑑𝑟 (4.47)

𝑑𝑇 = 2𝜋𝑟2𝜌𝑉2𝑢3𝑑𝑟 (4.48)

Na Equação 4.47 é possível observar que a velocidade tangencial a jusante do rotor foi

utilizada mesmo com a presença de uma velocidade tangencial proveniente da rotação do ar.

Mas isso já foi provado ser uma aproximação válida, visto que a rotação do ar é, normalmente,

pequena.

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

52

Sabendo que:

𝑤 =

𝑉1(1 − 𝑎)

sen 𝜙 (4.49)

ou

𝑤 =

𝜔𝑟(1 + 𝑎′)

cos 𝜙 (4.50)

E combinando as Equações 4.42 e 4.46, e as Equações 4.43 e 4.47, chega-se as seguintes

relações para os coeficientes de indução axial a e tangencial a´:

𝑎

𝑎 − 1=

𝑐𝐵𝐶𝑦

8𝜋𝑟sen2𝜙 (4.51)

𝑎′

𝑎′ + 1=

𝑐𝐵𝐶𝑥

8𝜋𝑟sen 𝜙 cos 𝜙 (4.52)

A fim de simplificar a equação pode-se definir o ângulo de solidez (𝜎), como:

𝜎 =

𝑐𝐵

2𝜋𝑟 (4.53)

Segundo Hansen (2008), o princípio do BEM é dado dessa forma, mas a fim de ter

resultados melhores é necessário aplicar dois fatores de correção ao algoritmo. O primeiro é

conhecido como Fator de Perda de Ponta de Prandtl (𝐹), que corrige a suposição de um rotor

com infinitas pás. Já o segundo é a correção de Glauert (𝐾) e se trata de uma relação empírica

do coeficiente de empuxo e do fator de indução axial, para um valor de indução axial maior que

0,4.

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

53

Dessa forma as Equações 4.49 e 4.51, e as Equações 4.50 e 4.52 ficam, respectivamente,

da seguinte forma:

𝑎 =

14𝐹sen2𝜙

𝜎𝐶𝑦+ 1

(4.54)

𝑎′ =

14𝐹sen ϕ cos ϕ

𝜎𝐶𝑥− 1

(4.55)

onde:

𝐹 =

2

𝜋arcos [𝑒𝑥𝑝 (−

𝐵

2

𝑅 − 𝑟

𝑟sen 𝜙)] (4.56)

Acontece que se 𝑎 se tornar maior que 0,2 é necessário substituir a Equação 4.54 pela

Equação 4.57, apresentada abaixo.

𝑎 = 12⁄ [2 + 𝐾(1 − 𝑎𝑐) − √(𝐾(1 − 2𝑎𝑐) + 2)2 + 4(𝐾𝑎𝑐

2 − 1)] (4.57)

onde 𝑎𝑐 = 0,2 e

𝐾 =

4𝐹sen2 𝜙

𝜎𝐶𝑦 (4.58)

É possível observar, através das equações apresentadas anteriormente, que para chegar

aos valores do fator de indução axial e fator de indução tangencial é necessário um processo

iterativo. O processo se dá em uma série de passos que serão apresentados a seguir.

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

54

1. Estimar valores iniciais de 𝑎 e 𝑎′;

2. Calcular o ângulo entre velocidade relativa e o plano do rotor (Eq. 4.41)

3. Obter o valor de CL e CD;

4. Com os valores calculados anteriormente, calcular os valores de Cx e Cy (Eq. 4.44 e

4.45);

5. Calcular novos valores para 𝑎 e 𝑎′ (Eq. 4.53 e 4.54). E se 𝑎 > 0,2 utilizar Eq. 4.57;

6. Se a diferença entre os valores de 𝑎 e 𝑎′ final e inicial forem menores que o critério

de convergência utilizado, o processo termina;

7. Caso não se obtenha uma diferença considerada satisfatória, volta para o cálculo

do ângulo com os novos valores de 𝑎 e 𝑎′.

4.5. A FERRAMENTA NUMÉRICA

Nos dias atuais, a utilização de técnicas numéricas para solução de problemas de

engenharia é um tanto quanto comum e isso deve-se ao desenvolvimento de computadores de

alta velocidade e com grande capacidade de armazenamento. Com o aprimoramento da

tecnologia de computadores foi possível aprimorar também os algoritmos para solução dos mais

diversos problemas.

Existem três métodos diferente que podem ser utilizados, por pesquisadores,

engenheiros ou projetistas, para a investigação dos fenômenos. São eles: método analítico,

numérico e experimental. Segundo Maliska (2010), o método analítico e o método numérico

formam a classe dos métodos teóricos. A diferença prática entre eles está apenas na

complexidade das equações que cada método pode atacar. Já o método experimental apresenta

a vantagem do trabalho com a configuração real, mas está associada ao alto custo financeiro e,

muitas vezes, a falta de segurança.

A simulação numérica é uma forma não restrita de resolver problemas com condições

de contorno complexas, mesmo que seja necessária a utilização de geometrias complexas, ainda

assim apresentando resultados adequados e rápidos. Além disso, quando comparada com o

método experimental, pode apresentar um custo financeiro mais baixo e disponibilizar uma

gama de informações muito superior, ou seja, um maior número de variáveis em todo o domínio

estudado. Deve-se ter em mente que a solução numérica é aproximada, necessitando um

cuidado adicional quanto aos erros computacionais associados.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

55

Atualmente existem três principais classes de métodos numéricos disponíveis, são eles:

o Método de Diferenças Finitas (MDF), o Método dos Volumes Finitos (MVF) e o Método dos

Elementos Finitos (MEF). O presente trabalho fez uso do MVF que está implementado nas

rotinas do software adotado para a solução das equações governantes aproximadas do problema

estudado. Segundo Kessler (2016), com esse método troca-se o domínio contínuo por um

domínio discreto, onde um conjunto de volumes de controle (volumes finitos) é utilizado para

representar o domínio original. Um exemplo de discretização é apresentado na Figura 3.29. O

método dos volumes finitos é baseado no balanço de propriedades nos volumes de controle,

levando em consideração as leis da conservação.

Figura 4.19- Discretização de um domínio. (Fonte: Kessler, 2016)

Segundo Maliska (2010), em escoamentos de fluidos é muito importante satisfazer os

princípios de conservação em nível discreto, característica do MVF, pois busca-se com um

método numérico a solução da equação diferencial, que é a representação da conservação da

propriedade do material a nível de ponto. Parece lógico que as equações aproximadas

representem a conservação em nível de volumes finitos.

Depois de ter o domínio discretizado a forma algébrica das equações, obtidas com o

método dos volumes finitos, é resolvida em cada volume de controle, gerando assim um sistema

de equações que será resolvido numericamente. A fim de facilitar essa tarefa softwares de CFD

(Computational Fluid Dynamics) são utilizados. A discretização é apresentada ao software

através de malhas, onde as condições iniciais e de contorno são aplicadas a fim de que as

equações sejam solucionadas.

A técnica de CFD acabou complementando as abordagens experimentais e analíticas

providenciando uma alternativa economicamente viável de simular escoamentos de fluidos. O

mesmo acaba reduzindo o tempo e o custo do projeto. Quando comparado a abordagem

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

56

experimental, o mesmo oferece a vantagem de resolver diversos problemas complexos,

geometricamente e matematicamente, relacionado a escoamentos, de maneira confiável e

rápida, que seriam difíceis de ser solucionados analiticamente.

4.5.1. EQUAÇÕES GOVERNANTES

As equações que regem a fluidodinâmica computacional (CFD), são as equações da

conservação de massa e equação da conservação da quantidade de movimento. A equação da

conservação de massa, para fluidos incompressíveis de massa específica constante, dada por

Fox, Pritchard e McDonald (2010) é apresentada a seguir:

𝜕𝑢𝑖

𝜕𝑥𝑖= 0 (4.59)

onde 𝑢𝑖 é a componente da velocidade nas direções ortogonais e 𝑥𝑖 é coordenada espacial.

Já a equação da conservação da quantidade de movimento é apresentada através das

equações de Navier-Stokes, que tem origem na segunda lei de newton, apresentada abaixo:

𝜕𝜌𝑢𝑖

𝜕𝑡+

𝜕

𝜕𝑥𝑗(𝜌𝑢𝑖𝑢𝑗) = −

𝜕𝑝

𝜕𝑥𝑖+

𝜕

𝜕𝑥𝑗[𝜇 (

𝜕𝑢𝑖

𝜕𝑥𝑗+

𝜕𝑢𝑗

𝜕𝑥𝑖)] + 𝑆𝑀

(4.60)

onde ρ é a massa específica do fluido, t é o tempo, p é a pressão, μ é a viscosidade dinâmica e

SM é o termo fonte de quantidade de movimento.

As equações de Navier-Stokes são equações acopladas, não-lineares, diferenciais

parciais, conhecidas pela sua complexidade. Até o momento existem soluções analíticas das

equações de Navier-Stokes apenas para pequena gama de problemas onde simplificações são

utilizadas.

Uma das utilizações mais comuns do CFD é a análise de escoamento de fluidos, visto

que as ferramentas de modelagem computacional ajudam a predizer o comportamento de tais

escoamentos. Porém um dos grandes desafios é a solução de escoamentos turbulentos. Apesar

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

57

de existirem teorias e modelos que expliquem uma grande parte desse fenômeno, ainda não

existe uma teoria única que forneça uma previsão de uma série de situações que envolvam o

escoamento turbulento.

Segundo Rezende (2009), atualmente existe uma grande quantidade de modelos de

turbulência disponíveis. Porém apesar de muita pesquisa no campo da turbulência, não há

nenhum modelo de turbulência que possa ser aplicado adequadamente a todos os tipos de

escoamento. A modelagem da turbulência pode ser dividida nos seguintes campos primários:

Equações de Médias de Reynolds (RANS- Reynolds Averaged Navier-Stokes), Simulação de

Grande Escala (LES-Large Eddy Simulation) e Simulação Numérica Direta (DNS- Direct

Numerical Simulation).

Segundo Piomelli (1999), soluções analíticas e numéricas para problemas de

escoamento turbulento podem ser conseguidas através de vários níveis de aproximação,

adotando-se maior ou menor descrição no detalhamento das características do escoamento. Na

DNS as equações de Navier-Stokes são resolvidas sem modelagem, em malhas muito refinadas,

com intervalos de tempo muito pequenos com o intuito de capturar todos os tipos de escala

turbulenta. Essa seria a forma mais precisa de resolução, mas o custo computacional é muito

grande o que impossibilita, muitas vezes, sua utilização.

O modelo LES surge como uma alternativa intermediária, visto que o modelo exige

malhas menos refinadas que o DNS, gerando um custo computacional menor quando

comparado ao método anterior. Segundo Rodi (2006), nesta técnica, as grandes escalas,

consideradas como os turbilhões que contém energia são calculadas diretamente e para as

pequenas escalas utilizam-se modelos de escala.

Já o modelo RANS é obtido decompondo as variáveis dependentes das equações de

conservação em componentes médias e flutuantes, ou seja, as variáveis temporais passam a ser

expressas como a soma de sua média e das suas flutuações. Dessa forma todas as escalas de

turbulência são modeladas o que propicia o menor custo computacional entre os modelos aqui

citados. Essa representação é conhecida como a decomposição de Reynolds e funciona da

seguinte forma:

∅ = ∅ + ∅′ (4.61)

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

58

onde ∅ é a média da variável e ∅′ é a flutuação da variável. O operador de média temporal ou

média de Reynolds é dado por:

∅ =1

∆𝑡∫ ∅ 𝑑𝑡

∆𝑡

(4.62)

Pela própria definição, a média das flutuações é nula, sendo assim:

∅′ = 0 (4.63)

As equações de conservação adquirem uma nova forma através da substituição dos

valores instantâneos das variáveis por valores médios mais a sua flutuação e através da

avaliação das médias temporais das equações, têm-se que:

𝜕��𝑖

𝜕𝑥𝑖= 0 (4.64)

E a equação da conservação da quantidade de movimento passa a ser descrita da seguinte

forma:

𝜕𝜌��𝑖

𝜕𝑡+

𝜕

𝜕𝑥𝑗(𝜌��𝑖��𝑗) = −

𝜕��

𝜕𝑥𝑖+

𝜕

𝜕𝑥𝑗[(

𝜕��𝑖

𝜕𝑥𝑗+

𝜕��𝑗

𝜕𝑥𝑖) − 𝜌𝑢𝑖

′𝑢𝑗′ ] + 𝑆𝑀 (4.65)

sendo 𝜌𝑢𝑖′𝑢𝑗

′ conhecido como tensor de Reynolds.

O tensor de Reynolds é o responsável pela inserção de novas incógnitas na equação. O

mesmo é não linear, o que causa um problema conhecido como problema de fechamento. A fim

de solucionar esse problema utiliza-se modelos de turbulência, para obter-se equações

aproximadas para o tensor, igualando assim o número de equações ao de incógnitas e

possibilitando a solução.

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

59

Segundo Launder e Sandham (2001), a abordagem mais comum para modelagem da

tensão de Reynolds é conhecida como hipótese de Boussinesq. Rezende (2009) afirma que esta

hipótese se baseia em uma relação entre as tensões turbulentas e as tensões viscosas do

escoamento laminar, onde assume-se que as tensões turbulentas são proporcionais ao gradiente

de velocidade médio do escoamento, e o coeficiente de proporcionalidade é chamado de

viscosidade turbulenta.

A viscosidade turbulenta é função do escoamento e varia ponto a ponto no escoamento.

É importante lembrar que a hipótese de Boussinesq não é um modelo de turbulência. Os

modelos de turbulência é que são responsáveis pela determinação do valor dessa viscosidade,

utilizando apenas uma equação ao invés de seis.

4.5.2. MODELO 𝒌 − 𝜺

Segundo Derakhshan e Tavaziani (2015),o modelo k-ε é aplicável a simulações de

turbinas eólicas de eixo horizontal em baixas, médias e altas velocidades.

Derakhshan e Tavaziani (2015) realizaram estudos usando os modelos k-ε e SST e

concluíram que o modelo mais recomendado para análise de escoamentos aerodinâmicos é o

SST. Porém o custo computacional de uma simulação utilizando esse modelo não condiz com

o poder de processamento dos computadores utilizados. Desta forma, utilizou-se o modelo k-ε,

que será melhor descrito a seguir:

Há duas formulações principais do modelo k-ε, a mais utilizada é chamada de k-ε padrão

e é descrita por Jones e Launder (1972). Como dito anteriormente, esse modelo resolve o

problema do fechamento através de duas equações de transporte, uma para energia cinética

turbulenta, k, e outra para dissipação de energia cinética turbulenta por unidade de massa, ε.

A energia cinética turbulenta descreve a energia cinética dos vórtices das grandes

escalas de comprimento e é dada pela Equação 4.66, segundo Araújo (2012):

𝜕𝑘

𝜕𝑡+ ��𝑖

𝜕𝑘

𝜕𝑥𝑖= 𝜏𝑖𝑗

𝜕��𝑖

𝜕𝑥𝑗− 휀 +

𝜕

𝜕𝑥𝑗(𝑣

𝜕𝑘

𝜕𝑥𝑗−

1

2𝑈′

𝑖𝑈′𝑖𝑈′

𝑗 −

1

𝜌𝑝′𝑈′𝑗 ) (4.66)

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação
Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

61

A aproximação de gradiente de difusão é válida para o termo de transporte turbulento

de 𝑘, mas não é valida para o termo de difusão pela pressão. Consequentemente tornou-se

prática comum agrupar estes termos em conjunto, como na Equação 4.69.

1

2𝑈′

𝑖𝑈′𝑖𝑈′

𝑗 +

1

𝜌𝑝′𝑈′𝑗 = −

𝑣𝑡

𝜎𝑘

𝜕𝑘

𝜕𝑥𝑗

(4.69)

onde 𝜎𝑘 é um coeficiente de fechamento calibrado para escoamentos homogêneos. Usando esta

aproximação as Equações de 𝑘 e 휀 podem ser escritas na forma das Equações 4.70 e 4.71.

𝜕𝑘

𝜕𝑡+ ��𝑖

𝜕𝑘

𝜕𝑥𝑖= 𝜏𝑖𝑗

𝜕��𝑖

𝜕𝑥𝑗− 휀 +

𝜕

𝜕𝑥𝑗[(𝑣 +

𝑣𝑡

𝜎𝑘)

𝜕𝑘

𝜕𝑥𝑗] (4.70)

2𝑣

𝜕𝑈′𝑖𝜕𝑥𝑗

𝜕

𝜕𝑥𝑗

[𝑁(𝑈𝑖)]

= 0 (4.71)

sendo 𝑁(𝑈𝑖) o operador Navier-Stokes, definido por:

𝑁(𝑈𝑖) = 𝜌

𝜕𝑈𝑖

𝜕𝑡+ 𝜌𝑈𝑘

𝜕𝑈𝑖

𝜕𝑥𝑘+

𝜕𝑝

𝜕𝑥𝑖− 𝜇

𝜕2𝑈𝑖

𝜕𝑥𝑘𝜕𝑥𝑘 (4.72)

Desta forma a equação exata de 휀 pode ser expressa pela Equação 4.73.

𝜕휀

𝜕𝑡+ ��𝑖

𝜕휀

𝜕𝑥𝑖= −2𝑣[𝑈′

𝑖,𝑗𝑈′𝑗,𝑘

+ 𝑈′𝑘,𝑖𝑈′

𝑘,𝑗 ]

𝜕��𝑖

𝜕𝑥𝑗− 2𝑣𝑈′

𝑘𝑈′𝑖,𝑗

𝜕2��𝑖

𝜕𝑥𝑗𝜕𝑥𝑘

− 2𝑣𝑈′𝑖,𝑘𝑈′𝑖,𝑚𝑈′𝑘,𝑚 − 2𝑣2𝑈′𝑖,𝑘𝑚𝑈′𝑖,𝑘𝑚

+𝜕

𝜕𝑥𝑗[𝑣

𝜕휀

𝜕𝑥𝑗− 𝑣𝑈′𝑗𝑈′𝑖,𝑚𝑈′𝑖,𝑚 − 2

𝑣

𝜌𝑝′𝑚𝑈′𝑗,𝑚 ]

(4.73)

No modelo padrão descrito por Jones e Launder (1972) a equação da energia cinética

turbulenta é dada na forma da Equação 4.71. Já a viscosidade turbulenta e taxa de dissipação

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

62

da energia cinética turbulenta são expressas conforme as Equações 4.74 e 4.75,

respectivamente.

𝑣𝑡 =

𝐶𝜇𝑘2

휀 (4.74)

𝜕휀

𝜕𝑡+ ��𝑗

𝜕휀

𝜕𝑥𝑗= 𝐶𝜀1

𝑘𝜏𝑖𝑗

𝜕��𝑖

𝜕𝑥𝑗− 𝐶𝜀2

휀2

𝑘+

𝜕

𝜕𝑥𝑗[(𝑣 +

𝑣𝑡

𝜎𝜀)

𝜕휀

𝜕x𝑗] (4.75)

onde:

𝐶𝜀1 = 1,44; 𝐶𝜀2 = 1,92; 𝐶𝜇 = 0,09; 𝜎𝑘 = 1,0; 𝜎𝜀 = 1,3;

𝜔 =휀

(𝐶𝜇𝑘); 𝑙𝑚𝑖𝑠 =

𝐶𝜇𝑘3/2

휀; 𝑈𝑚𝑖𝑠 = 𝑘1/2

Estes coeficientes são chamados de coeficientes de fechamento. Estes são obtidos a

partir de experimentos em escoamentos turbulentos com camada cisalhante livre e com

decaimento de isotropia.

O tensor de Reynolds 𝜏𝑖𝑗 das equações de 𝑘 e 휀 é calculado utilizando uma equação

semelhante a aproximação de Boussinesq, como mostrado na Equação 4.76.

𝜏𝑖𝑗 = 2𝑣𝑡𝑆𝑖𝑗 −

2

3𝑘𝛿𝑖𝑗 (4.76)

onde𝛿𝑖𝑗 é a função delta de Kronecker, dada pela Equação 4.77.

𝛿𝑖𝑗 = {

1, 𝑠𝑒 𝑖 = 𝑗0, 𝑠𝑒 𝑖 ≠ 𝑗

(4.77)

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

63

5. METODOLOGIA

5.1. PROJETO DO ROTOR DA TURBINA EÓLICA

O presente trabalho tem como intuito uma comparação, através da abordagem

computacional, entre um aerogerador com difusor e outro sem, verificando se as decisões de

projeto se confirmam. Para tanto desenvolveu-se um projeto teórico de um aerogerador de baixa

potência utilizando as recomendações trazidas pela literatura clássica da área.

As equações utilizadas para o projeto do rotor foram as descritas no Capítulo 4. Optou-

se pela implementação do algoritmo de projeto, que está no anexo deste trabalho. Para isso foi

utilizado o software SCILAB, onde toda a estrutura foi montada.

Para que se chegasse ao resultado foi necessário fornecer alguns parâmetros de entrada,

foram eles: número de pás desejado, potência de saída desejada, razão de velocidade de ponta

(Tip Speed Ratio), o coeficiente de potência e a quantidade de superfície em que se desejava

dividir a pá. Uma Tabela com as variáveis utilizadas são apresentadas abaixo.

Tabela 5-1- Variáveis de entrada utilizadas

VARIÁVEIS VALORES

Velocidade do Vento 7 m/s

Número de Pás 3

Potência de Saída 300 W

Razão de Velocidade de Ponta de Pá 7

Coeficiente de Potência 0,4

Número de Superfícies 10

Optou-se por uma potência de saída de 300W devido a configuração da máquina

disponibilizada para a realização do estudo. Já que para uma maior potência de saída, seria

necessário um rotor de maiores dimensões, o que geraria um maior custo computacional e

tornaria essa pesquisa mais demorada. No caso da velocidade, optou-se por 7 m/s, visto que se

trata da velocidade média dos ventos no estado do Rio Grande do Norte.

Quanto ao número de pás do aerogerador, optou-se por três porque trata-se da

configuração mais utilizada, para aerogeradores de eixo horizontal. E consequentemente optou-

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

64

se pela Razão de Ponta de Pá (Tip Speed Ratio) que maximizaria a potência de saída fornecida

pelo mesmo.

Uma outra informação necessária para o algoritmo é o perfil aerodinâmico utilizado no

projeto. O perfil escolhido foi o NACA 0012, visto que durante as pesquisas notou-se que o

mesmo é um dos mais utilizados em projetos de aerogeradores, como descrito por Santos

(2012), Souza (2015), Eleni, Athanasios e Dionissios(2012), entre outros. O perfil e os gráficos

CL x α e CD x α são apresentados na Figura 5.1.

Figura 5.1- Perfil NACA 0012 e seus respectivos gráficos de CL x α (a) e CD x α (b). (Fonte:

AirfoilTools, 2017)

O algoritmo utilizado foi baseado no Blade Element Momentum (BEM), que analisa a

performance da turbina através da teoria da quantidade de movimento do elemento de pá. O

passo a passo para aplicação do BEM é dado no Capitulo 4.

Essa teoria exige que alguns dados do perfil sejam fornecidos, são eles: o ângulo de stall

do perfil, os valores de coeficiente de sustentação (CL) e coeficiente de arrasto (CD) para ângulos

de ataque variados. Para chegar aos valores de CL e CD foi então necessário gerar uma função

capaz de fornecer diversos valores para a faixa desejada. Após a obtenção das equações, foi

possível chegar aos resultados analíticos e passou-se para modelagem 3D da turbina.

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

65

5.2. MODELAGEM TRIDIMENSIONAL DO AEROGERADOR

Com os valores das cordas e do ângulo de passo das seções foi possível realizar a

modelagem da turbina utilizando um software CAD. Os valores utilizados são apresentados a

seguir. A Figura 5.2 ilustra o comportamento dos valores de corda, onde são apresentados os

valores de corda referentes a cada seção da pá. Além disso é apresentado também o

comportamento do ângulo de Pitch ao longo da pá.

Figura 5.2- Valores de cordas (mm) utilizados para a pá empregando a Equação 4.40 (a);

Comportamento do ângulo de Pitch ao longo da pá (b).

Uma Tabela com os resultados obtidos através do algoritmo (BEM) é apresentada

abaixo. Com todos os resultados necessários foi possível chegar a modelagem 3D do

aerogerador. A mesma á apresentada na Figura 5.3, juntamente com alguns dos perfis utilizados

para modelagem da pá.

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

66

Figura 5.3- Alguns dos perfis utilizados na modelagem 3D e desenho final do rotor.

Ohya (2008) apresenta um trabalho sobre o desenvolvimento de turbinas eólicas

envoltas pelo difusor. Inicialmente foi feito um estudo de qual estrutura, que estaria em volta

da turbina, seria mais eficaz. Além disso, o mesmo também estudou quais dimensões do difusor

otimizariam a estrutura.

Através também do estudo realizado por Ohya (2008) foi possível chegar à conclusão

que a utilização de um difusor juntamente com um flange produz resultados ainda mais

satisfatórios. E em um terceiro momento do trabalho, foi feito um estudo das dimensões do

difusor flangeado que otimizariam essa ferramenta, são elas 𝐿/𝐷 =1,25, ℎ/𝐷=0,25 e 𝜑=12°. A

Figura 5.4 ilustra as relações de dimensões encontradas.

Figura 5.4-Turbina eólica com difusor. (Fonte: Adaptado de Ohya, 2008)

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação
Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

68

5.3. VOLUME DE CONTROLE E DISCRETIZAÇÃO DO DOMÍNIO

Para realizar uma simulação coerente com a realidade física foi necessário decidir por

um volume de controle. Quando a simulação envolve um volume de controle com revolução é

necessário criar dois domínios. Nesta técnica adotada o domínio externo fica parado e o

domínio interno dotado de revolução, que representa um cilindro contendo em seu interior a

turbina eólica. Para um melhor entendimento, a Figura 5.6 é apresentada a seguir.

Figura 5.6- Ilustração dos Domínios.

Para tornar a escolha do tamanho do volume de controle não-aleatório utilizou-se o

diâmetro do rotor como dimensão de base. Do bordo de ataque da pá até a entrada do domínio

foi utilizado o valor de um diâmetro, do bordo de fuga da pá até a saída do volume do controle

foi utilizado o valor de oito diâmetros e o diâmetro do volume do controle é quatro vezes maior

que o diâmetro do rotor. Como não existe um padrão para esses valores, os mesmos foram

baseados em trabalhos similares já realizados, como: Derakhshan e Tavaziani (2015), Cao

(2011) e Hartwanger e Horvat (2008).

Depois da definição e criação do volume de controle passou-se então para a geração da

malha. Para isso alguns parâmetros tiverem que ser observados. O primeiro parâmetro foi o 𝑦+,

o mesmo é um valor adimensional, e é utilizado para definir quão refinada será a malha utilizada

junto a parede. Esse parâmetro é importante para definir a distância apropriada dos elementos

próximos as paredes para que os perfis de velocidades possam ser capturados assim como os

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

69

efeitos da camada limite e da subcamada limite viscosa. Cada modelo de turbulência exige um

valor de 𝑦+, nesse trabalho o modelo 𝑘 − 휀 foi utilizado. Segundo Sondak (1992), é possível

utilizar valores de 30 até 100 para o 𝑦+.

𝑦+ =

𝑦𝑢∗

𝜈 (5.1)

sendo 𝑦 a distância do primeiro ponto da malha junto a parede e 𝜈 a viscosidade cinemática. Já

𝑢∗ é a velocidade de atrito, que é função da massa específica do fluido (ρ) e da tensão de

cisalhamento na parede (𝜏𝑤), pode ser dada por:

𝑢∗ = √𝜏𝑤

𝜌 (5.2)

A tensão de cisalhamento é calculada inicialmente e de maneira aproximada utilizando

a equação que fornece a tensão de cisalhamento turbulento em uma placa plana.

𝜏𝑤 =0,0297𝜌��2

𝑅𝑒𝑥1/5

(5.3)

Os parâmetros necessários para os cálculos foram retirados do próprio software em

simulações preliminares. Para o fluido utilizado nas simulações (ar a 25°C), 𝜌 = 1,185 kg/m³

e 𝜈 = 1,545𝑥10−5 m²/s. Além disso foi utilizada uma velocidade média do escoamento de 7

m/s. Tendo essas informações foi possível calcular a distância do primeiro elemento da malha

para parede, garantindo assim o valor de y+ desejado. Com isso foi possível refinar a malha em

volta da turbina.

Um outro parâmetro observado foi a ortogonalidade dos elementos da malha, de forma

bem simples, esse parâmetro é responsável por quantificar o quão próximo, os ângulos entre

faces adjacentes ou arestas adjacentes, estão de um ângulo ótimo. Na Figura 5.7 são

apresentados os valores utilizados como referência.

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

70

Figura 5.7- Valores de referência para avaliação da qualidade ortogonal. (Fonte: Adaptada de

Ansys, 2013)

A ortogonalidade é calculada da seguinte forma:

𝐴𝑖𝑓𝑖

|𝐴𝑖 ||𝑓𝑖 |

𝐴𝑖𝑐𝑖

|𝐴𝑖 ||𝑐𝑖 |

(5.4)

onde Ai é o vetor normal a face e fi é o vetor do centroide de cada célula até o centroide da face,

e ci é o vetor do centroide da célula até o centroide da célula adjacente.

A malha não-estruturada gerada para essa simulação apresentou uma qualidade

ortogonal média de 0,870, que é considerada muito boa. A malha foi composta por 9.129.077

nós e 39.936.265 elementos, tais elementos foram do tipo tetraédrico, piramidal e elementos de

preenchimento, conhecidos como “wedge”. As Figuras abaixo apresentam alguns detalhes da

malha utilizada.

Figura 5.8- Corte da seção transversal em toda extensão do volume de controle.

Vale salientar que a fim de não refinar a malha excessivamente, em regiões onde não se

faz necessário, foram utilizados dois valores para inflation (método responsável por garantir o

y+ adequado para a malha) um para o cubo do rotor e outros para as pás, como apresentado nas

Figuras abaixo.

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

71

Figura 5.9- Detalhe do refinamento próximo a parede no cubo do rotor.

Figura 5.10- Malha envolta da pá da turbina.

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

72

Figura 5.11-Detalhe do refinamento próximo a parede na pá da turbina.

Figura 5.12- Seção transversal da malha gerada para o caso com difusor.

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

73

Figura 5.13 - Detalhes do refino no difusor.

Figura 5.14- Refino da superfície da pá para o caso com difusor.

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

74

5.4. CONDIÇÕES DE CONTORNO PARA SIMULAÇÃO

O volume de controle contém dois domínios, o volume maior e estacionário foi

nomeado como “vc”, o segundo domínio foi nomeado como “bolacha” e configurado para ter

uma velocidade de rotação de 6,9 rps que foi obtida através da relação com o Tip Speed Ratio

(𝜆) empregado no projeto analítico, que para turbinas eólicas de três pás é adotado como sendo

7.

Na condição de entrada foi configurada uma velocidade de fluxo de ar de 7 m/s, com

uma turbulência média de 5%. Em seguida, a condição de saída foi também escolhida. Optou-

se pela condição opening, dessa forma o software entende que pode haver tanto a saída como

entrada de fluxo, o que torna essa condição a mais próxima da realidade, além disso foi

configurada uma pressão relativa de 0 Pa (considerando a pressão de entrada como 101.325

Pa). Já para as paredes do volume de controle, foi utilizada a configuração com deslizamento,

dessa forma o software entende que o fluxo não pode passar pela parede, mas permite que o

fluxo tenha uma velocidade paralela a mesma. As pás e o cubo do rotor foram configurados

como paredes sem deslizamento, dessa forma o escoamento passa por essas paredes, mas não

permite que exista uma velocidade paralela as mesmas.

Como dito anteriormente, foi necessária a criação de dois domínios distintos a fim de

que um pudesse permanecer parado enquanto o outro rotacionava. Para que o software

compreendesse que existia uma interação entre os dois domínios foi criada uma condição de

interface.

O software oferece diversas opções de configurações para a condição de interface. Mas

a única capaz de atender simulações transientes é a Transient Rotor Stator, visto que tal

configuração exige que a cada intervalo de tempo a malha seja movida. Segundo Souza (2015),

na interface é feita a transformação do sistema de referência sem a utilização de médias,

mantendo assim todas as características do escoamento.

Apesar desse modelo exigir um custo computacional relativamente alto, foi o escolhido

para este trabalho já que é capaz de captar todos os fenômenos do escoamento. A Figura 5.15

ilustra as condições utilizadas.

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

75

Figura 5.15- Configurações utilizadas na simulação computacional.

Além das configurações citadas anteriormente algumas outras opções foram incluídas

no software. Segundo Hsu (2012), a coleta de dados das variáveis de interesse começa depois

de aproximadamente duas revoluções do rotor e continua-se com a simulação até que o valor

do torque gerado no eixo do rotor não mude, o que não leva mais que duas a três outras rotações.

Diante de tal informação optou-se por um tempo total de simulação referente a 5 rotações, ou

seja, 0,77 s. Quanto ao intervalo de tempo entre as iterações, optou-se pelo Adaptive Time Step,

tornando possível uma variação do intervalo de tempo e garantindo a solução detalhes

transientes do escoamento.

Uma outra informação importante, fornecida ao software foi o modelo de turbulência

que seria utilizado para a simulação, o 𝑘 − 휀, já que o mesmo é um dos mais utilizados nas

análises fluidodinâmicas e segundo Hartwanger (2008), esse modelo apresenta uma boa

precisão de resultados para a análise fluidodinâmica de turbinas eólicas.

Ainda segundo Hartwanger (2008), outro modelo, o SST, apresentariam uma precisão

de resultados excelente mas optou-se pela sua não utilização devido à falta de capacidade

computacional, visto que o custo computacional seria muito elevado para a configuração

computacional disponível. Após a inclusão das diversas informações, apresentadas acima,

pode-se prosseguir para a simulação.

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

76

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta seção são apresentados os resultados obtidos através das simulações numéricas

realizadas. Vale lembrar que o presente trabalho realizou a simulação numérico, através do

software ANSYS CFX, de um rotor eólico de pequeno porte, projetado através da metodologia

de Schmitz e do Blade Elemente Momentum. O mesmo foi projetado para apresentar uma

potência de saída de 300 W.

Em um segundo momento foram realizadas as simulações numéricas do mesmo rotor eólico

envolto por um intensificador de potência (difusor), onde buscou-se analisar se o intensificador

era capaz de aumentar a potência de saída do aerogerador. A seguir são apresentados os

resultados obtidos através das simulações numéricas e do software ANSYS POST.

6.1. RESULTADOS ANALÍTICOS E NUMÉRICOS

Maliska (2010) apresenta a validação numérica como a comparação dos resultados

numéricos obtidos com outras soluções, analíticas ou numéricas, a fim de verificar se as

equações diferenciais foram bem resolvidas e atestar a qualidade do método numérico.

Com o intuito de realizar uma verificação de resultados, serão apresentados abaixo

comparações entre os resultados obtidos com a análise da turbina através do método analítico,

utilizando Blade Element Momentum, e os obtidos através da simulação numérica utilizando o

software ANSYS CFX.

A fim de realizar essa comparação optou-se por conferir os valores da velocidade

relativa, 𝑤, em cada uma das seções da pá. Cada superfície criada é equivalente a uma seção da

pá, as quais também foram utilizadas para o projeto da mesma. Para verificação foram retirados

dados dos valores de velocidade relativa tanto do algoritmo, desenvolvido para o projeto da pá,

como da simulação numérica realizada com o software. Os resultados do algoritmo são

apresentados abaixo.

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

77

Depois da obtenção dos valores de velocidade relativa de forma analítica, passou-se para

busca dos resultados obtidos através da simulação numérica. O primeiro resultado analisado foi

em relação a velocidade de rotação utilizada para as simulações, apresentado na Figura 6.1.

Com a Figura 6.1 é perceptível que o fluxo de ar passa por toda superfície da pá, sem

nenhum tipo de descolamento, o que é possível com a velocidade correta de rotação, indicando

que a velocidade obtida com o algoritmo e fornecida inicialmente para o software está

apropriada.

Após a verificação, passou-se para a coleta dos valores das velocidades relativas (w)

para cada superfície analisada. Para obter tais valores foi necessária a criação de diversos planos

em toda superfície da pá, a fim de facilitar o entendimento a Fig. 6.2 é apresentada.

Tabela 6-1- Valores da velocidade relativa (𝑤) obtidos com o algoritmo.

RAIO (mm) Vel. Relativa (m/s)

167,7 11,34

279,5 13,94

391,3 18,16

503,1 22,77

614,9 27,52

726,7 32,34

838,5 37,20

950,3 42,09

1062,1 47,10

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

78

Figura 6.1- Linhas de fluxo sobre superfícies r/R=0,24; r/R=0.417; r/R=0,583; r/R=0,75;

r/R=0,883.

Figura 6.2- Planos criados sobre a superfície da pá.

Uma nova variável, denominada velocidade relativa, foi criada, a fim de que o cálculo

dessa velocidade fosse realizado pelo próprio software. Essa velocidade apresenta uma

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

79

componente axial, representada pela velocidade do vento, e uma componente tangencial, dada

por uma componente da velocidade angular. Sabendo disso, pôde-se fornecer ao software a

Equação 6.1 para o cálculo da velocidade relativa.

𝑤 = √(𝑣)2 + (𝜔𝑟)² (6.1)

As velocidades relativas são apresentadas na Tabela 6.2.

Tabela 6-2- Valores da velocidade relativa obtidos através da análise numérica.

RAIO (mm) VEL. RELATIVA

(m/s)

167,7 11,85

279,5 13,05

391,3 16,85

503,1 24,30

614,9 28,15

726,7 35,08

838,5 40,15

950,3 43,25

1062,1 47,50

A fim de verificar os valores obtidos e a direção da velocidades relativas, buscou-se

criar variáveis no software para mostrar o comportamento de cada componente dessa

velocidade, apresentados nas figuras abaixo.

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

80

Figura 6.3- Vetores criados no plano para r/R igual a 0,139 a) Velocidade do vento; b)

Componente tangencial da velocidade de rotação; c) Velocidade Relativa

Figura 6.4- Velocidade relativa no plano colocado em r/R igual a 0,458.

Por fim, um contorno de pressão é gerado no plano (referente a uma seção da pá), para

verificar onde encontram-se as regiões de alta e de baixa pressão.

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

81

Figura 6.5- Contorno de pressão no plano referente a r/R igual a 0,458.

Percebe-se, através do contorno de cores, que existe uma diferença de pressão entre o

intradorso e o extradorso do perfil, referente a seção transversal da pá. Essa diferença é a

responsável pela força de sustentação, que, por sua vez, promove a rotação das pás.

Voltando aos resultados de velocidade relativa, buscou-se analisar e quantificar a

diferença entre o método numérico e o analítico graficamente, como pode ser visto na Figura

6.6.

Figura 6.6- Comparação dos Resultados obtidos de forma analítica e de forma numérica.

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

9,00

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

SUP.1 SUP.2 SUP.3 SUP.4 SUP.5 SUP.6 SUP.7 SUP.8 SUP.9

Erro

Pe

rce

ntu

al (

%)

Ve

l. R

ela

tiva

(m

/s)

Superfícies

Comparação de Resultados

Algoritmo Software Erro Percentual

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

82

Com o gráfico, apresentando anteriormente, é possível perceber que o maior erro

percentual encontrado nas comparações foi 7,81%. Segundo Peinado (2007), na prática

costuma-se utilizar erro relativo aceitável variando entre 5% e 10%. O que garante que o erro

relativo, entre os valores em todas as superfícies, está dentro do aceitável. O fato dos erros

relativos estarem dentro da faixa considerada aceitável mostra que a simulação numérica

apresenta resultados que estão de acordo com a abordagem analítica.

Pode-se perceber que existe uma variação quanto ao erro percentual, existem valores

levemente superiores e outros menores (cerca de 1%). É possível que essa variação se dê porque

os valores obtidos através do software são médios, não se pode definir exatamente qual a

velocidade que passa por cada seção e esse fato acaba influenciando na diferença obtida entre

as velocidades.

Uma outra análise preliminar necessária é quanto à interpretação do software sobre a

rotação da turbina, visto que foi necessário investigar se o domínio responsável pela rotação do

rotor (bolacha) estava realmente rotacionando. As Figuras 6.7 e 6.8 ilustram a rotação da

turbina.

Figura 6.7- Campo de velocidade axial no plano do rotor.

A Figura 6.8 apresenta o comportamento das linhas de fluxo quando passam pelo disco

da turbina.

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

83

Figura 6.8- Linhas de fluxo atravessando o rotor da turbina.

A Figura 6.8 deixa claro a rotação do rotor, sendo possível visualizar a rotação da massa

de ar que é causada pelo movimento rotativo do rotor. Na Figura 6.7 é possível perceber que na

ponta da pá a velocidade aumenta, o que já era esperado visto que a velocidade tangencial

aumenta com o raio. Existe uma diferença de pressão entre o intradorso e o extradorso. Devido

a essa diferença de pressão, existe também o downwash na ponta da pá, responsável por vórtices

de ponta, os mesmos podem ser visualizados na Figura 6.9.

Figura 6.9- Vórtices de ponta de pá.

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

84

Os vórtices apresentados na Figura 6.9 foram obtidos através do Q-Criterion e coloridos

com velocidade rotacional. O critério Q associa o campo vortical, Ω𝑖𝑗, e o tensor taxa de

deformação, 𝑆𝑖𝑗, e é dado pela Equação 6.2 (Liu e Ishiwatari, 2011)

𝑄 =

1

2(|Ω𝑖𝑗|

2− |𝑆𝑖𝑗|

2)

(6.2)

Para identificar os vórtices o valor do Q-Criterion precisa ser positivo, para que as

regiões onde o termo de rotação Ω𝑖𝑗 se sobrepõe ao termo de deformação 𝑆𝑖𝑗 sejam

evidenciadas.

Como já dito anteriormente, a conversão de energia eólica se dá a partir da desaceleração

da massa de ar que passa pelo rotor. A fim de verificar se a desaceleração está acontecendo

foram criadas diversas linhas em um plano que passa no centro do rotor, como ilustrado nas

Figuras a seguir.

Figura 6.10- Plano criado no centro do rotor da turbina.

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

85

Figura 6.11- Vista lateral do plano apresentando anteriormente e linhas criadas ao longo do

mesmo.

A Linha 1 está situada a 1 metro antes do centro do rotor, já a Linha 2 está situada um

metro depois do centro do rotor. A partir da Linha 2 existe um espaçamento de dois metros

entre linhas. Após a criação das linhas, gerou-se um gráfico que ilustra o comportamento da

velocidade do escoamento na direção do eixo x ao longo do eixo y. Vale salientar que para

obter os resultados referentes a esteira aerodinâmica foi necessário aumentar o tempo total da

simulação para 3s. Os resultados obtidos são apresentados a seguir.

Com a Figura 6.12 é possível observar que na entrada, a velocidade é constante, como

já esperado. A velocidade da massa de ar começa a ser perturbada a partir da Linha 1, devido a

rotação da turbina. A partir de Linha 2 já é possível observar uma variação de velocidade

considerável, em relação a linha da Entrada, que persiste até a Linha 3 (3 m depois da turbina),

onde atinge uma velocidade mínima. Da Linha 4 em diante fica perceptível que a velocidade

começa a aumentar novamente e persiste até a Linha 11, onde a velocidade do ar, apesar de

bastante próxima da velocidade na entrada do volume de controle, ainda não voltou

completamente a velocidade inicial de 7 m/s. Buscou-se também analisar o diâmetro da esteira

gerada a partir da interação entre o escoamento e o rotor.

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

86

Figura 6.12- Velocidade da massa de ar em diferentes locais do volume de controle.

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

87

Segundo Sá (2015), têm-se como principais efeitos da esteira a redução da velocidade

do vento incidente e o aumento da turbulência do vento. Para isso foi obtida a variação do

diâmetro da esteira a partir da análise do gradiente de velocidade no eixo x. Diversos planos

foram criados ao longo do volume de controle, onde a variação da velocidade foi analisada. O

diâmetro da seção transversal, para cada plano, será onde a variação de velocidade se iniciam.

Figura 6.13- Razão entre velocidade v e velocidade inicial do escoamento v0 para diversos

planos ao longo do volume de controle.

Existe uma outra forma de analisar a variação do diâmetro da seção transversal da

esteira, através da criação de uma isosuperfície para o valor inicial do escoamento (7 m/s). Essa

metodologia foi utilizada por Wenzel (2010).

Figura 6.14- Isosuperfície para Velocidade no eixo x de 7 m/s.

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

88

A fim de facilitar a visualização, um gráfico foi criado com os dados coletados.

Figura 6.15- Variação do diâmetro da seção transversal da esteira.

É possível perceber que a variação de diâmetro acontece até o final do volume de

controle utilizado, o que significa que ainda existe uma variação de velocidade mesmo a uma

distância de oito diâmetros após o rotor. Considerando apenas um aerogerador, a esteira não é

um problema, mas ao analisar um parque eólico, a presença da mesma pode acarretar uma

diminuição de performance de turbinas vizinhas.

Segundo Jain (2011), esta redução na produção de energia em um parque eólico, devido

às perdas por esteira, podem variar entre 2% e 20% dependendo da distância entre

aerogeradores e da turbulência ambiente. Para Martínez (2003), a distância recomendada entre

aerogeradores, que estão distribuídos na direção preferencial do vento, é da ordem de 6 a 10

diâmetros do rotor e para aerogeradores distribuídos na direção perpendicular à direção do

vento é da ordem de 2 a 3 diâmetros.

Através da variação do diâmetro da seção transversal da esteira, é possível chegar a um

valor médio de fator de indução axial. Segundo Hansen (2008), o fator de indução axial pode

ser obtido através da razão entre as áreas, inicial e final, da seção transversal da esteira, como

ilustrado na Figura 6.17.

-1,5

-1

-0,5

0

0,5

1

1,5

-2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

r/D

x/D

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

89

Figura 6.16- Variação da área da seção transversal da esteira aerodinâmica. (Hansen, 2008)

A relação é dada por:

𝐴0

𝐴1= 1 − 2𝑎

(6.3)

Dessa forma foi possível chegar a um valor médio do fator de indução axial, 0,207 para

a simulação numérica. Já a média analítica foi de 0,227. Essa diferença gera um erro percentual

de 9,66%. Esse erro pode ser atribuído a pequenos defeitos de geometria, e/ou por se tratar de

um valor médio geral para todo o rotor, pás e nacele.

Buscou-se observar como ocorre a variação de velocidade também ao longo do eixo Y.

Figura 6.17- Gradiente da Velocidade "u" em relação a Y

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00

Y(m

)

Gradiente de Velocidade "u" (1/s)

Linha 2

Linha 3

Linha 4

Linha 5

Linha 6

Linha 7

Linha 8

Linha 9

Linha 10

Linha 11

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

90

Pode-se perceber que o maior gradiente de velocidade se dá na Linha 2 (um metro depois

do rotor), o valor do gradiente passa a diminuir nas linhas seguintes. É possível observar

também que pequenas variações de velocidade podem ser encontradas a partir dos 3 m (eixo

Y). Essas primeiras variações podem ocorrer devido à perturbação causada pela rotação das

pás. Isso mostra que o diâmetro do domínio escolhido foi adequado visto que não interfere no

escoamento.

No pós processamento dos resultados foi obtido o valor do torque gerado pela turbina,

utilizando a ferramenta function calculator do software ANSYS, que apresentou um valor de

torque de 6,1 N∙m. Segundo o ANSYS User Guide (2013), o torque é calculado levando em

consideração à força de pressão mais a força do fluxo de massa e se houver cisalhamento na

parede à força viscosa é adicionada ao cálculo. Tendo o valor do torque e o valor da velocidade

de rotação da turbina, foi possível encontrar a potência de saída fornecida pela mesma, 266,1

W, uma diferença de 11,3% a menos em relação aos valores de projeto obtidos com a

metodologia BEM

6.2. COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS APÓS A UTILIZAÇÃO DO

DIFUSOR FLANGEADO

A literatura afirma que com a utilização do difusor flangeado será possível aumentar a

eficiência do rotor eólico. Parte-se da ideia que a utilização do difusor propiciará uma

concentração da massa de ar, fazendo com que uma vazão de ar maior passe pela turbina. Já

com a utilização do flange acoplado ao difusor, busca-se provocar um maior descolamento do

escoamento, causando vórtices de maior magnitude, gerando assim um maior gradiente de

pressão entre a região anterior ao difusor e pós difusor. Com esse gradiente espera-se, que a

massa de ar que passa pelo rotor, sofra uma aceleração.

A fim de analisar se a utilização do difusor realmente possibilitava a passagem de uma

maior quantidade de ar pelo rotor, além de provocar um aumento de velocidade do mesmo, os

resultados obtidos através da simulação numérica são apresentados.

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

91

Figura 6.18- Linhas de fluxo, em um plano transversal, passando pelo rotor e difusor.

É possível perceber uma concentração do escoamento na entrada do difusor, o que já

era esperado e que pode ser visto também em trabalhos experimentais, utilizando túnel de vento,

como apresentado na Figura 6.19. Segundo Ohya (2008), através de experimentos foi

comprovado que, comparado ao bocal, o difusor é mais eficaz para coletar e acelerar o ar. É

possível perceber que o fluxo de ar tende a evitar o bocal, enquanto no difusor o fluxo tende a

ser “aspirado”.

Figura 6.19- Escoamento sobre um bocal e um difusor. a) Bocal b). Difusor. (Fonte: Ohya,

2008)

Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

92

Através da Figura 6.19 é possível perceber também os vórtices gerados na região

posterior ao difusor. Os mesmos são responsáveis pelo gradiente de pressão apresentado na

Figura 6.20.

Figura 6.20- Gradiente de pressão ao longo de um plano transversal ao rotor.

Na Figura 6.20 é possível perceber que a região onde os vórtices são formados, são

regiões que apresentam menor pressão. Também são visíveis as regiões de maior pressão, onde

o fluido encontra as paredes configuradas como No Slip (Difusor, e aerogerador). Com esse

gradiente de pressão, é esperado que a velocidade da massa de ar que chega ao rotor sofra uma

aceleração, o que pode ser visto na Figura 6.21.

Através do contorno de cores é possível perceber que a massa de ar que entra em contato

com a turbina apresenta uma velocidade de aproximadamente 10,4 m/s. O que representa um

aumento de cerca de 3,4 m/s em relação a velocidade inicial da massa de ar (7 m/s). A fim de

ressaltar essa variação de velocidade, a Figura 6.22 apresenta o contorno de cores de velocidade,

para o mesmo plano, obtido através da simulação do rotor sem o intensificador de potência

Page 109: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

93

Figura 6.21- Contorno de velocidade ao longo de um plano transversal ao rotor envolto pelo

difusor.

Figura 6.22- Contorno de velocidade do plano transversal do rotor sem difusor.

Para perceber essa variação de velocidade no plano do rotor, um mesmo plano foi criado

para as duas simulações, e um contorno de cores de velocidade no eixo “x” foi criado.

Page 110: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

94

Figura 6.23- Contorno de Velocidade "u" para o rotor sem difusor.

Figura 6.24- Contorno de Velocidade "u" para rotor com difusor.

Page 111: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

95

É possível perceber que a velocidade máxima alcançada no primeiro caso é de 10 m/s,

já no segundo caso ela chega até 17,8 m/s. Em uma análise prévia é possível perceber que houve

um aumento das velocidades no plano do rotor. Ao analisar o número de Mach, pode-se

perceber que a suposição de incompressibilidade está correta, já que o Mach é menor que 0,3.

Sabe-se que a potência é diretamente proporcional à velocidade relativa, w, a fim de

obter o quanto essa velocidade aumentou, repetiu-se o processo de encontrar o valor da

velocidade relativa em cada seção da pá. Os resultados obtidos são apresentados abaixo.

Tabela 6-3 - Velocidades Relativas do rotor envolto pelo difusor.

RAIO (mm) VEL. RELATIVA (m/s)

167,7 19,25

279,5 20,75

391,3 25,85

503,1 36,00

614,9 42,20

726,7 48,10

838,5 53,30

950,3 57,40

1062,1 61,80

É possível perceber que houve um aumento considerável das velocidades relativas em

cada seção. Foi feita uma comparação entre as velocidades relativas obtidas nas duas

simulações realizadas, a fim de ilustrar essa comparação a Figura 6.25 é apresentada.

Page 112: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

96

Figura 6.25- Comparação das velocidades relativas por seção.

Sabendo do aumento da velocidade relativa para cada seção, espera-se que haja também

um aumento da potência de saída convertida pelo aerogerador. Ao realizar o procedimento

anterior para o cálculo da potência de saída, encontra-se um torque de 20,7 N.m, e uma potência

de saída de 896,9 W. Mostrando que a utilização do difusor flangeado proporcionou um

aumento de 3,38 vezes na potência.

Quanto aos vórtices gerados pelo rotor eólico, optou-se por analisar diversos valores do

critério Q, pode-se observar que quanto menor o valor utilizado, maior será a quantidade de

vórtices identificados. Os mesmos podem ser observados a partir de valores de critério Q

aproximados a 7x107s-2, e estão, em sua maioria, na ponta da pá. Os mesmos também podem

ser observados no bordo de ataque, e em uma menor quantidade no bordo de fuga, como

apresentado na Figura 6.26, onde os vórtices foram coloridos com a velocidade de rotação.

0

10

20

30

40

50

60

70

0

10

20

30

40

50

60

70

SUP.1 SUP.2 SUP.3 SUP.4 SUP.5 SUP.6 SUP.7 SUP.8 SUP.9

Au

me

nto

Pe

rce

ntu

al (

%)

Ve

loci

dad

e R

ela

tiva

(m

/s)

Variação da Velocidade

Sem Difusor Com Difusor Aumento Percentual

Page 113: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

97

Figura 6.26- Vórtices gerados para um valor de 7x107s-2 do critério Q.

Já para um menor valor de critério Q, a quantidade de vórtices visto é maior. A seguir

são apresentadas as Figuras que ilustram os vórtices gerados para os seguintes valores do

critério: 181.589s-2, 45.397s-2, 453,97s-2 e 4,54 s-2, respectivamente. As mesmas são coloridas

com a velocidade de rotação.

Ao comparar a quantidade de vórtices, identificados através do critério Q, é possível

perceber que, para um mesmo valor, o rotor com o difusor apresenta uma maior quantidade de

vórtices identificados. Ao analisar apenas um aerogerador, esse detalhe não tem um grande

impacto. Já ao pensar em um parque eólico, por exemplo, seria necessário levar em

consideração a grande quantidade de vórtices gerados, e como os mesmos se comportariam ao

longo da esteira aerodinâmica de cada turbina. Visto que, se os vórtices chegarem até os

aerogeradores vizinhos, poderiam causar uma perturbação no fluxo de ar que chegaria aos

outros rotores, podendo até diminuir a potência de saída convertida pelos mesmos.

Page 114: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

98

Figura 6.27- Variação dos vórtices, coloridos com a velocidade de rotação, com a diminuição

do valor do critério Q. a)181.589s-2, b) 45.397s-2, c) 453,97s-2, d) 4,54 s-2.

Os mesmos valores de critério Q foram utilizados para identificar os vórtices da primeira

simulação.

Page 115: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

99

Figura 6.28- Variação dos vórtices, coloridos com a velocidade de rotação, com a diminuição

do valor do critério Q para o caso sem difusor. a)181.589s-2; b) 45.397s-2; c) 453,97s-2; d) 4,54

s-2.

Durante a análise dos resultados, um detalhe sobre a passagem do fluxo pela pá se

destacou, surge uma separação do fluxo em todas as seções da pá, como apresentado na Figura

6.29. Acredita-se que isso se deu por conta da variação da velocidade da massa de ar que entra

em contato com o rotor. Visto que, apesar do aumento da velocidade do vento, não houve um

aumento da velocidade de rotação configurada na simulação e, como já dito anteriormente, uma

velocidade de rotação incorreta pode afetar a forma como a massa de ar passa pelas superfícies

das pás.

Page 116: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

100

Figura 6.29- Fluxo sobre a superfície da pá do rotor envolto pelo difusor flangeado.

A presença de alterações, como a citada anteriormente, no escoamento é importante.

Visto que, ao levar em consideração o projeto geral de uma turbina eólica (não só o

aerodinâmico), é importante trabalhar com uma velocidade de rotação correta. Ao utilizar uma

estimativa incorreta dessa velocidade pode-se causar diversos acidentes estruturais além de

gerar diversas perdas aerodinâmicas.

Segundo Human (2014), se uma turbina deve operar com um certo valor de Tip Speed

Ratio, e a mesma trabalha com um valor abaixo do esperado, a turbina eólica apresentará perdas,

conhecidas como perdas por stall. Com o aumento da velocidade de rotação das pás, o Tip

Speed Ratio também aumentará, considerando que a velocidade inicial do vento permaneceu

inalterada, causando assim as perdas citadas anteriormente.

Mesmo com a perdas por stall, pode-se observar, através do contorno de pressão, que

ainda vai existir um gradiente de pressão entre o intradorso e o extradorso do perfil

aerodinâmico referente a seção transversal da pá. O gradiente é ilustrado abaixo.

Page 117: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

101

Figura 6.30- Gradientes de pressão da seção transversal da pá do rotor com difusor.

A fim de verificar se o valor de velocidade de rotação era o responsável pelo

descolamento apresentado anteriormente, uma outra simulação, com um novo valor de

velocidade de rotação, foi realizada. Para chegar a esse valor utilizou-se a Equação 6.4.

𝜆 =𝜔𝑟

𝑣 (6.4)

onde 𝜆 é o Tip Speed Ratio, ω é a velocidade angular, r é o raio relativo ao elemento e v a

velocidade do vento. Considerou-se o mesmo valor de Tip Speed Ratio utilizado anteriormente,

7, e o valor da velocidade do vento foi alterada para 10,4 m/s (valor encontrado na Figura 6.21).

Sabe-se que a velocidade angular é dada por:

𝜔 = 2𝜋𝑛 (6.5)

Page 118: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

102

onde n é a velocidade de rotação. Ao realizar as substituições, chegou-se ao valor de 9,65 rps

para velocidade de rotação, 39,8% maior que aquela adotada na simulação sem o difusor. A

Figura 6.31 apresenta as linhas de fluxo sobre as superfícies da pá.

Figura 6.31- Linhas de fluxo sobre a superfície da pá após o aumento da velocidade de

rotação.

Percebe-se que com o aumento da velocidade de rotação as linhas de fluxo passam pela

superfície da pá sem apresentar nenhum tipo de descolamento. O que leva a confirmação de

que o que estava causando o descolamento era o valor equivocado dessa velocidade.

Com o aumento da velocidade de rotação, buscou-se avaliar outras alterações que

poderiam ocorrer. Analisou-se inicialmente como se comportaria a Velocidade u no plano do

rotor.

Page 119: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

103

Figura 6.32- Velocidade u no plano do rotor para velocidade de rotação de 9,65 rps.

Quando comparada com a Figura 6.24 pode-se perceber que com o aumento da

velocidade de rotação existe também uma variação no campo de velocidades, essa variação

pode ter acontecido devido à falta do descolamento, o que torna o campo mais uniforme.

Existem pequenas variações também no campo de pressão ao longo do volume de controle,

como pode ser visto na Figura 6.33.

Figura 6.33- Campo de pressão do volume de controle para rotação de 9,65 rps

Page 120: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

104

Com a correção da velocidade de rotação e consequentemente correção do stall,

esperava-se um aumento da potência de saída para a nova simulação. Repetiu-se então o cálculo

da potência de saída. Obteve-se um torque de 25,7 N.m, e uma potência de saída de 1,5 kW.

Segundo Gasch e Twele a (2012), a potência de saída pode ser dada por:

𝑃 = 2𝜋𝑛𝑇 (6.6)

onde n é a velocidade de rotação em rps.

Através da Equação 6.6 pôde-se entender o porquê da grande variação no valor da

potência de saída. Além do aumento do valor do torque, a velocidade de rotação, que faz parte

do cálculo dessa potência, também aumentou. Fazendo com que houvesse uma variação de

quase 100% no valor da mesma.

É importante ressaltar que a velocidade de rotação, que é um parâmetro importante de

projeto, foi alterada para a análise do último caso numérico. Como pôde-se observar a mudança

do mesmo vai causar alterações nos resultados obtidos. Portanto, é importante lembrar que o

presente trabalho realizou apenas análises aerodinâmicas através de um software CFD, o que

permite que grandes mudanças de parâmetros de projeto, como essa, sejam feitas. Quando se

observa projeto completo de um aerogerador fica claro que muitos outros estudos,

principalmente na parte estrutural e elétrica, ainda precisam ser realizados para uma análise

completa da utilização de um difusor.

Page 121: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

105

7. CONCLUSÃO

O presente trabalho apresentou um estudo numérico de como um difusor flangeado, com

dimensões otimizadas, afeta a potência de saída de uma turbina eólica de pequeno porte. A

dinâmica dos fluidos computacional, através do método dos volumes finitos juntamente com a

modelagem das médias de Reynolds e o modelo de turbulência k-ε, foi utilizada e mostrou-se

como uma ferramenta adequada para análise do funcionamento de rotores eólicos.

Através de análises foi possível perceber que os resultados do algoritmo e da simulação

numérica são muito similares. Ao comparar os valores da velocidade relativa, que depende

diretamente da velocidade axial e tangencial e consequentemente dos fatores de indução axial

e tangencial, pode-se perceber que o maior erro relativo obtido foi de 7,81%. Esse valor

encontra-se dentro da margem, considerada de confiança.

Existe diversas formas de validar a metodologia numérica, partindo da ideia que a

comparação de resultados numéricos com valores analíticos é uma forma de validação, pode-

se considerar que, para esse caso, a simulação foi validada. Através da coerência dos resultados,

foi possível observar que o objetivo de projetar, com parâmetros adequados, e modelar os

protótipos foi realizado.

Foi possível perceber a presença de vórtices, que apareceram em maior quantidade na

ponta da pá. Quanto a esses vórtices, na ponta das pás existem “vazamentos”, onde o ar escoa

do intradorso para o extradorso. As linhas de correntes que estão no intradorso tentam passar

para o extradorso, fazendo com que as linhas de corrente que passam por cima da seção

transversal da pá se direcionem para a parte de dentro da pá, e as linhas que escoam por baixo

da seção transversal se direcionem para a parte “de fora” da pá. Isso causa vórtices vistos nos

resultados, que já eram esperados.

Com a utilização do difusor, percebeu-se a baixa pressão na região pós difusor, além da

variação da velocidade que chega até as pás. Essa variação gerou uma potência de saída

aproximada de 896,9 W, valor 3,38 vezes maior que a potência de saída gerada pelo aerogerador

sem difusor, que foi de 266,9 W.

Uma outra conclusão importante, foi que ao utilizar o difusor em uma turbina que não

foi projetada para ser envolta pelo mesmo, o aerogerador pode apresentar perdas por stall, visto

Page 122: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

106

que a utilização desse dispositivo sem o aumento da velocidade de rotação, o fenômeno do stall

passa a acontecer. Ou seja, para obter um aumento ainda maior seria necessário projetar a

turbina visando a utilização do intensificador de potência. Além disso, a utilização do difusor

pode causar uma esteira de vórtices mais intensa, o que pode influenciar na potência de saída

de aerogeradores que estejam próximos.

Quanto à esteira aerodinâmica, pôde-se observar que a mesma persistiu até o final do

volume de controle utilizado. Dessa forma é possível concluir que a distância de 10 diâmetros

entre aerogeradores, utilizada atualmente em parques eólicos, é uma distância adequada para

minimizar os efeitos da esteira.

Vale salientar que as turbinas eólicas, geralmente, são projetadas para funcionar a uma

certa faixa de velocidade de rotação, trabalhar fora dessa faixa pode gerar acidentes estruturais.

E por isso é necessário levar em consideração a utilização do difusor no projeto estrutural.

Por fim, as simulações numéricas mostram que aerodinamicamente, para esse caso, o

difusor flangeado mostrou-se capaz de aumentar a potência de saída de um aerogerador.

Fazendo com que o objetivo principal do trabalho, comparar a potência de saída de um

aerogerador com e sem intensificador de potência, fosse alcançado.

Page 123: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

107

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

(ANEEL), A. N. DE E. E. Atlas de Energia Elétrica. 2. ed. Brasília: ANEEL, 2015.

(CERNE), C. DE E. EM R. N. E E. RN é o segundo colocado em número de projetos

Eólicos. Disponível em: <http://cerne.org.br/rn-e-o-segundo-colocado-em-numero-de-

projetos-eolicos/>. Acesso em 5 de janeiro de 2017.

ABEEOLICA, A. B. DE E. E. DadosMensais- Dezembro 2016.

AHMED, B.; AHMED, A.; HUSSAIN, A. Modeling and Simulation of Diffuser

Augmented Wind Turbine, 2016.

AIRFOILTOOLS. NACA 0012 DataBase. Disponível em:

<http://airfoiltools.com/airfoil/details?airfoil=n0012-il>. Acesso em: 3 de maio de 2016.

ALMEIDA, M. S. Implementação Computacional Para Desenvolvimento de Pás de

Turbinas de Eixo Horizontal. Fortaleza, 2013.

AMARANTE, O.; ZACK, M; SÁ, A. Atlas do Potencial Eólica

BrasileiroBrasíliaCRESERSB, , 2001. Disponível em:

<http://www.cresesb.cepel.br/publicacoes/download/atlas_eolico/Atlas do Potencial Eolico

Brasileiro.pdf>. Acesso em: 10 de outubro de 2016.

ANSYS. ANSYS Meshing User Guide. Canonsbrug, 2013a. Disponível em:

<http://148.204.81.206/Ansys/150/ANSYS Meshing Users Guide.pdf>. Acesso em: 15 de

março de 2017.

ANSYS. ANSYS Post User Guide, 2013b. Disponível em:

<https://www.sharcnet.ca/Software/Ansys/16.2.3/en-us/help/cfd_post/cfd_post.html>. Acesso

em 15 de março de 2017.

ARAÚJO, F. N. Modelagem da Turbulência Aplicada ao Escoamento sobre uma Placa

Plana Inclinada. Instituto Militar de Engenharia, 2012.

BANGGA, G. et al. CFD studies on rotational augmentation at the inboard sections of a 10

MW wind turbine rotor. Journal of Renewable and Sustainble Energy, v. 9, p. 25, 2017.

BHUSHAN, S.P; HITESH, R. . Computational Fluid Dynamics Analysis of Wind Turbine

Page 124: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

108

Blade at Various Angles of Attack and Different Reynolds Number. Procedia Engineering,

v. 127, p. 1363–1369, 2015.

BURTON, T.; SHARPE, D.; BOSSANYI, E. Wind Energy: Handbok.

CÂMARA, F. A. . Estudo da Transição Laminar-Turbulento em um Escoamento Sobre

Placa Plana Utilizando Ferramenta CFD. Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

Natal , 2016.

CAO, H. Aerodunamics Analysis of Small Horizontal Axis Wind Turbine Blades by

Using 2D and 3D CFD Modelling. Preston, 2011.

CARCANGIU, C. E. CFD-RANS Study of Horizontal Axis Wind Turbines Thesis for the

degree of Doctor of Philosophy. [s.l.] Università Degli Studi di Cagliari, 2008.

CHESF-BRASCEP. Fontes Energéticas Brasileiras, Inventário/Tecnologia. Energia Eólica.

De cata-ventos a aerogeradores: o uso do vento, v. 1, 1987.

CHRISTOPHERSON, R. W. Geossistema: uma introdução à geografia física. 7a edição ed.

Porto Alegre: Bookman, 2012.

COUTINHO, J. R. V. Aspectos Analiticos No Estudo De Impactos Gerados Por Ruidos E

Estruturas De Aerogeradores. Uma ética para quantos?, v. XXXIII, n. 2, p. 81–87, 2012.

CUSTODIO, R. D. . Energia Eólica para Produção de Energia Elétrica. Rio de Janeiro:

Eletrobrás, 2009.

DAVIS, C. J. Computational Modeling of Wind Turbine Wake Interactions. Fort Collins,

2012.

DERAKHSHAN, S.; TAVAZIANI, A. Study of Wind Turbine Aerodynamic Performance

Using Numerical Methods. Journal of Clean Energy Technologies, v. 3, n. 2, p. 83–90,

2015.

DUTRA, R. Energia Eólica: Principios e Tecnologias. 1. ed. [s.l.] CRESERSB, 2008.

EL-ZAHABY, A. M. et al. CFD Analysis of Flow Fields for Shrouded Wind Turbine’s

Diffuser Model With Different Flange Angles. Alexandria Engineering Journal, p. 171–

179, 2017.

Page 125: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

109

ELENI, D. C.; ATHANASIOS, T. I.; DIONISSIOS, M. P. Evaluation of the turbulence

models for the simulation of the flow over a National Advisory Committee for Aeronautics (

NACA ) 0012 airfoil. Journal of Mechanical Engineering Research, v. 4, n. March, p. 100–

111, 2012.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE). Projeção da demanda de energia elétrica

para os próximos 10 anos (2015 - 2024). Empresa de Pesquisa Energética (EPE), p. 90,

2015.

FOX, R.W.; PRITCHARD, F.J.; MCDONALD, A. T. Introdução à Mecânica dos Fluidos.

7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2010.

GASCH, R.;TWELE, J. Wind Power Plantes: Fundamentals, Design, Construction and

Operation. Berlin, Germany: [s.n.].

GILBERT, B. L. et al. Fluid Dynamics of Diffuser-Augmented Wind Turbines. v. 2, n. 6,

p. 368–375, 1978.

GILBERT, B. L. Experiments With a Diffuser- Augmented Model Wind Turbine. v. 105,

p. 46–53, 1983.

GLAUERT, H. Windmills and Fans. Berlin, Germany: Springer, 1935.

GOMEZ-LEON, J. Wind Turbine Analysis Using Blade Element Momentum Theory.

Faculty of Rensselaer Polytechnic Institute, 2016.

GRUBB, M.J; MEYER, N. . Wind energy: resources, systems and regional strategies.

Washington D.C: Island Press, 1993.

GUNDTOFT, S. Wind Turbines. [s.l.] University College of Aarhus, 2009.

GWEC. Global Wind Report 2015 | Gwec. Wind energy technology, p. 75, 2016.

HANSEN, M. O. L.. Aerodynamics of Wind Turbines. Second ed. UK and USA:

Earthscan, 2008.

HARTWANGER, D; HORVAT, A. 3D MODELLING OF A WIND TURBINE USING

CFD. p. 1–14, 2008.

HASAN, M.; EL-SHAHAT, A.; RAHMAN, M. Performance Investigation of Three

Page 126: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

110

Combined Airfoils Bladed Small Scale Horizontal Axis wind Turbine by BEM and CFD

Analysis. Journal of Power and Energy Engineering, v. 5, p. 14–27, 2017.

HSU, M.C.; AKKERMAN, I.; BAZILEVS, Y. Finite element simulation of wind turbine

aerodynamics: Validation study usign NREL Phase VI experiment. Wind Energy, 2012.

HUMAN, J. D. Design of a shrouded wind turbine for low wind speeds. [s.l.] North-Est

University, 2014.

IBGE, I. B. DE G. E E. Brasiel em Números. 24. ed. Rio de Janeiro: [s.n.].

IEA. Technology roadmap - Wind energy. Technology Roadmap, p. 58, 2013.

JAIN, P. Wind Energy Engineering. 1. ed. Nova Iorque: McGraw Hill Professional, 2011.

JONES, W.P.; LAUNDER, B. E. Prediction of laminarization with a two-equation model of

turbulence. International Journal of Heat and Mass Transfer, v. 5, p. 31–34, 1972.

KABIR, M.R., ROOKE, B., DASSANAYAKE, G.D.M. AND FLECK, B. . Comparative life

cycle energy, emission, and economic analysis of 100 kW nameplate wind power generation.

Renewable Energy, v. 37, p. 133–141, 2012.

KANNAN, T.S.; SAAD, A.M.; LAU, Y. H. K. Design and Flow Velocity Simulation Of

Diffuser Augmented Wind Turbine Using CFD. Journal of Engineering Science and

Technology, v. 8, 2013.

KESBY, J.E; BRADNEY, D.R; CLAUSEN, P. . Determining Diffuser Augmented Wind

Turbine performance using a combined CFD / BEM method. Journal of Physics, v. 753,

2016.

LAUNDER, B.E.; SANDHAM, N. D. Clousure Strategies for Turbulent and Transitional

Flows. Cambridge University Press, 2001.

LILLEY, G.M.; RAINBIRD, W. J. A Preliminary Report on The Design and Performance

of Ducted Windmills, 1956.

LIMA, R. DE Q. Análise de Vibrações Estocásticas em Sistemas Mecânicos.Rio de

Janeiro. Pontífícia Universidade Catolia do Rio de Janeiro, , 2011.

LIU, M.; ISHIWATARI, Y. Unsteady Numerical Simulations of the Single-Phase Turbulent

Page 127: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

111

Mixing Between Two Channels Connected by a Narrow Gap. Nuclear Engineering and

Design, v. 241, p. 4194–4205, 2011.

LUTGENS, FREDEERICK K.; TARBUCK, E. J. The Atmosphere: An Introduction to

Meteorology. 12. ed. USA: Pearson, 2013.

MALISKA, C. R. Transferência de Calor e Mecânica dos Fluidos Computacionais. 2. ed.

Rio de Janeiro: LTC, 2010.

MARTÍNEZ, A. C. Principios de Conversíon de la Energia Eólica. In: Sistemas Eolicos de

Produccion de Energia Electrica. Madrid: Rueda, S.L, 2003. p. 27–95.

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Boletim mensal dos combustíveis renováveis.

Boletim mensal dos combustíveis renováveis, v. 76, n. Agosto de 2016, p. 23, 2016.

NIGAM, P. K.; TENGURIA, N.; PRADHAN, M. K. Analysis of horizontal axis wind

turbine blade using CFD. v. 9, n. 2, p. 46–60, 2017.

OHYA, Y. et al. Development of a shrouded wind turbine with a flanged diffuser. Journal of

Wind Engineering and Industrial Aerodynamics, v. 96, n. 5, p. 524–539, 2008.

PEINADO, J.; GRAEMI, A. R. Administração da produção: operações industriais e de

serviços. UnicenP, p. 748, 2007.

PHILLIPS, D.G.; FLAY, R.G.; NASH, T. A. Aerodynamic Analysis and Monitorinf of the

Vortec-7 Diffuser Augmented Wind Turbine. Vortec Energy Ltd. and University of

Auckland, 1999. Disponível em:

<www.ipenz.org.nz/ipenz/publications/transactions/Transactions99/EMCh/Phillips.PDF.>.

Acesso em: 27 de novembro de 2016.

PINTO, M. Fundamentos da Energia Eólica. 1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013.

PIOMELLI, U. Large-eddy simulation: achievements and challenges., 1999.

REZENDE, A. L. T. Análise Numérica da Bolha de Separação do Escoamento

Turbulento sobre Placa Plana Fina Inclinada. Rio de Janeiro. Departamento de Engenharia

Mecânica, Pontifícia Universidade Católica, , 2009.

RODI, W. DNS and LES of Some Engineering Flows, 2006.

Page 128: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação
Page 129: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

113

TONG, W. Wind Power Generation and Wind Turbine Design. Southamptom, Boston:

WIT Press, 2010.

TOSSAS, L. A. M.; LEONARDI, S.Wind Turbine Modeling for Computational Fluid

Dynamics. n. December, 2013.

WEINZIERL, G. A BEM Based Simulation-Tool for Wind Turbine with Active Flow

Control Elements. [s.l.] Technische Universitat Berlin, 2011.

WEKKEN, T.; WIEN, F. . K. C. Power Quality and Utilization Guide, Wind Power.

Leonardo Energy, 2006.

WENZEL, G. M. Análise Numérica da Esteira de Turbinas Eólicas de Eixo Horizontal:

Estudo Comparativo com Modelos Analíticos. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio

Grande do Sul, 2010.

ZARMEHRI, A. Aerodynamic Analysis of wind turbine. [s.l.] Chalmers University of

Technology, 2012.

Page 130: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

114

9. ANEXO

ALGORITMO UTILIZADO PARA PROJETO.

clc

clear

Pas=input ('Número de pás desejado:');

V=input ('Velocidade média do vento:');

P=input ('Potência desejada:');

TSR=input('Tip Speed Ratio:');

CP=input ('Coeficiênte de Potência desejado:');

Ns=input('Número de Superfícies que deseja analisar:');

den=1.225;

mi=1.8*(10^-5);

alpha_d=0.131;

cl_alpha_d=0.86;

PW=P*1.18;

De= sqrt((8*PW)/(%pi*den*CP*(V^3)));

Rr=(De/2);

R=(Rr)-(0.15*Rr);

dr=Rr/Ns;

for i=1:(Ns-1);

r_r(i)=((i+0.5)/Ns);

r(i)=(r_r(i)*R);

sr(i)=r(i)*TSR

phi(i)=((2/3)*(atan(R/(r(i)*TSR))))*(180/(%pi));

phi_(i)=((2/3)*(atan(R/(r(i)*TSR))));

Page 131: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

115

beta_(i)=phi(i)-(alpha_d*(180/(%pi)));

beta_ok(i)=phi_(i)-alpha_d;

c_r_um(i)=(1/Pas)*((16*(%pi)*r(i))/cl_alpha_d);

c_r_dois(i)=(1/3)*(atan(1/(TSR*r(i))));

c_r_tres(i)=(sin(c_r_dois(i)))^2;

c_r(i)=c_r_um(i)*c_r_tres(i);

c(i)=c_r(i)*R;

sigma(i)=(c(i)*Pas)/(2*(%pi)*r(i));

if sigma(i)>1

sigma(i)=1

else

sigma(i)=(c(i)*Pas)/(2*(%pi)*r(i));

end

omega=(TSR*V)/(2*(%pi)*R);

sb(i)=2*(%pi)*omega*r(i);

a_axial(i)=0.0001;

a_tangencial(i)=0.0002;

error_a(i)=1000;

error_t(i)=1000;

CC=0.001;

while (error_a(i)>CC); (error_t(i)>CC)

disp(a_axial(i));

disp(a_tangencial(i));

a_axial_old(i)=a_axial(i);

a_tangencial_old(i)=a_tangencial(i);

a_um(i)=((1-a_axial(i))/(1+a_tangencial(i)))*(V/sb(i));

a_dois(i)=atan(a_um(i));

a_rel(i)=a_dois(i)*(180/(%pi));

alpha_(i)=a_dois(i)-beta_ok(i);

Page 132: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

116

alpha(i)=alpha_(i)*((180/(%pi)));

k0=-6.82987*(10^-3);

k1=1.2429316*(10^-1);

k2=1.5312186*(10^-4);

k3=-1.5717903*(10^-4);

k4=-4.2866636*(10^-7);

a0=4.469094*(10^-3);

a1=9.8572236*(10^-6);

a2=2.1308033*(10^-4);

a3=6.838033*(10^-7);

a4=-1.5253883*(10^-6);

a5=-4.059074*(10^-9);

a6=5.12494*(10^-9);

alpha_s=0.270389;

alpha_stall=alpha_s*(180/(%pi));

cd_max=1;

B1=cd_max;

A1=B1/2;

cl_stall=k0+(k1*alpha_stall)+(k2*(alpha_stall^2))+(k3*(alpha_stall^3))+(k4*(alpha_stall^4))

;

cd_stall=a0+(a1*(alpha_stall))+(a2*(alpha_stall^2))+(a3*(alpha_stall^3))+(a4*(alpha_stall^4

))+(a5*(alpha_stall^5))+(a6*(alpha_stall^6));

A2=(cl_stall-(cd_max*sin(alpha_s)*cos(alpha_s)))*((sin(alpha_s))/((cos(alpha_s))^2));

B2=(1/(cos(alpha_s)))*(cd_stall-(cd_max*((sin(alpha_s))^2)));

if alpha_(i)<alpha_s

cl(i)=k0+(k1*alpha(i))+(k2*(alpha(i)^2))+(k3*(alpha(i)^3))+(k4*(alpha(i)^4));

cd_(i)=a0+(a1*(alpha(i)))+(a2*(alpha(i)^2))+(a3*(alpha(i)^3))+(a4*(alpha(i)^4))+(a5*(alpha(

i)^5))+(a6*(alpha(i)^6));

else

Page 133: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · 2019. 1. 30. · Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação

117

cl(i)=(A1*sin(2*alpha_(i)))+(A2*(((cos(alpha_(i)))^2)/(sin(alpha_(i)))));

cd_(i)=(B1*((sin(alpha_(i)))^2))+(B2*(cos(alpha_(i))))+cd_stall;

end

cx(i)=(cl(i)*sin(a_dois(i)))-(cd_(i)*cos(a_dois(i)));

cy(i)=(cl(i)*cos(a_dois(i)))+(cd_(i)*sin(a_dois(i)));

g(i)=(Pas*(Rr-r(i)))/(2*r(i)*sin(a_dois(i)));

expmg(i)=exp(-g(i));

F(i)=(2/(%pi))*(acos(expmg(i)));

K(i)=(4*F(i)*((sin(a_dois(i)))^2))/(sigma(i)*cy(i));

a_axialx(i)=1/(K(i)+1);

if a_axialx(i)<0.2

a_axialx(i)=1/(K(i)+1);

else

a_axialx(i)=0.5*((2+(K(i)*0.6))-sqrt((((K(i)*0.6)+2)^2)+(4*((K(i)*(0.2^2))-1))));

end

a_tangencialx(i)=1/(((4*F(i)*sin(a_dois(i))*cos(a_dois(i)))/(sigma(i)*cx(i)))-1);

u_factor=0.1;

a_axial(i)=a_axial_old(i)+(u_factor*(a_axialx(i)-a_axial_old(i)));

a_tangencial(i)=a_tangencial_old(i)+(u_factor*(a_tangencialx(i)-a_tangencial_old(i)));

error_a(i)=(((-a_axial(i)+a_axial_old(i))/(a_axial_old(i)))^2)^0.5;

error_t(i)=(((a_tangencial(i)-a_tangencial_old(i))/(a_axial_old(i)))^2)^0.5;

end

Uaxial(i)=V*(1-a_axial(i));

Utangencial(i)=sb(i)*(1+a_tangencial(i));

w(i)=sqrt((Uaxial(i)^2)+(Utangencial(i)^2));

end