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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO EVELISE PEREIRA FERREIRA ANÁLISE DOS RISCOS AMBIENTAIS EM UMA EMPRESA DE GERAÇÃO TERMELÉTRICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Bagé 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

EVELISE PEREIRA FERREIRA

ANÁLISE DOS RISCOS AMBIENTAIS EM UMA EMPRESA DE GERAÇÃO TERMELÉTRICA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Bagé 2013

EVELISE PEREIRA FERREIRA

ANÁLISE DOS RISCOS AMBIENTAIS EM UMA EMPRESA DE GERAÇÃO TERMELÉTRICA

Trabalho de graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Pampa, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Produção. Orientador: Vanderlei Eckhardt

Bagé 2013

EVELISE PEREIRA FERREIRA

ANÁLISE DOS RISCOS AMBIENTAIS EM UMA EMPRESA DE GERAÇÃO TERMELÉTRICA

Trabalho de graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Pampa, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Produção.

Trabalho de Conclusão de Curso defendido e aprovado em 13 de maio de 2013. Banca examinadora:

__________________________________________________________ Prof. Me. Vanderlei Eckhardt

Orientador UNIPAMPA

___________________________________________________________ Prof. Dr. Caio Marcello Recart da Silveira

UNIPAMPA

___________________________________________________________ Prof. Daphne Guedes

UNIPAMPA

Dedico este trabalho aos meus queridos e amados pais, Evangelisto e Ilma, que eu tanto amo.

AGRADECIMENTO

Em primeiro lugar a Deus que guiou meus caminhos e me concedeu toda a força e

perseverança para vencer esta grande etapa da minha vida.

Um agradecimento muito especial ao meu professor e orientador, Luis Antonio dos Santos

Franz, muito obrigada por contribuir com seus ensinamentos, mas principalmente pelo

exemplo de profissionalismo e amizade que levarei sempre junto comigo. Como também a

todos os professores do curso de Engenharia de Produção, a minha gratidão por tornarem

possível a realização deste sonho.

A minha amada família, meus pais Evangelisto e Ilma, que são os grandes responsáveis por

mais esta conquista e foram meus maiores incentivadores, por toda a força e apoio que sempre

me deram e aos valores que me ensinaram, pois me tornaram a pessoa que sou hoje. A minha

amada “Vó Eva” que é e foi durante toda a minha vida uma fonte inesgotável de amor,

carinho e incentivo, sempre torcendo pelo meu sucesso. Ao meu querido irmão Inácio, que eu

amo muito e ao meu esposo, Patric Ferreira, por sua confiança e amor que me fortalece todos

os dias, mas principalmente por todo o carinho compartilhado durante esta longa caminhada.

As minhas queridas e grandes amigas Carla Peralta e Lisiane Bitencourt, que ao longo desta

caminhada formamos um trio inseparável. Obrigada por todo o companheirismo, pelas

palavras de incentivo, pelas risadas, por todos os momentos que passamos juntas, e não foram

poucos, podem ter certeza que as levarei comigo para toda vida.

Agradeço às pessoas que conheci durante esta longa caminhada, aos colegas e amigos que fiz

que estiveram e ainda estão ao meu lado.

A todos, muito obrigada!

RESUMO

O momento econômico atual no Brasil tem propiciado a organizações de diversos setores

econômicos obterem um crescimento significativo, o que traz consigo fortes desafios aos

órgãos governamentais e empregadores, principalmente no que se refere à saúde e segurança

no trabalho. Neste contexto, o presente trabalho de conclusão de curso buscou identificar

quais são as principais demandas ergonômicas impostas aos funcionários de uma usina

termelétrica localizada na cidade de Candiota, Rio Grande do Sul. Para tanto, foi realizada

uma análise ergonômica do trabalho, a qual foi estruturada em cinco etapas: análise da

demanda, análise da tarefa, análise da atividade, diagnóstico e proposições de melhorias.

Primeiramente, foram selecionados os locais e processos de trabalho com maior potencial de

risco ergonômico. Após, foram analisados e avaliados aspectos posturais, psicofisiológicos,

físico-ambientais e organizacionais do trabalho. Por fim, foram realizadas proposições de

melhorias nos setores avaliados, para tanto foram realizadas ora análises quantitativas, ora

qualitativas, onde se pode perceber que a organização precisa rever diversos métodos de

trabalho, e que este estudo ergonômico é o primeiro passo para outros trabalhos a serem

realizados nesta empresa.

Palavras-chave: Análise Ergonômica do Trabalho. Posturas. OWAS. Ruído. Iluminação.

Temperatura. Termelétricas.

ABSTRACT

Brazil’s actual economical moment has propitiated to the organizations of several economical

sectors a gain of a significant growth, which brings strong challenges to the governmental

departments and employers, mainly in relation to labor health and safety. In this context, the

present work for completion of course tried to identify what are the main ergonomic demands

imposed on employees of a thermal power plant located in Candiota, Rio Grande do Sul

Therefore, we conducted an ergonomic analysis, which was structured into five stages:

demand analysis, task analysis, activity analysis, diagnosis and proposals for improvements.

First, we selected the sites and work processes with the greatest potential ergonomic risk.

After analyzed and evaluated postural aspects, psycho-physiological, physical-environmental

and organizational work. Finally, there were proposals for improvements in the areas

assessed, both for quantitative analyzes were carried out either, sometimes qualitative, where

one can see that the organization needs to review several methods of work, and this

ergonomic study is the first step to other work to be realized in this company.

Keywords: Ergonomic Work Analysis. Postures. OWAS. Noise. Lighting. Temperature.

Thermelectric.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Áreas de especialização da Ergonomia ............................................................... 20

Figura 2 - Diversos fatores que influem no sistema produtivo ............................................ 20

Figura 3 - Ocasiões da contribuição ergonômica ................................................................. 22

Figura 4 - Esquema geral da abordagem .............................................................................. 24

Figura 5 - Levantamento de informações gerais .................................................................. 25

Figura 6 - Da tarefa à atividade ............................................................................................ 26

Figura 7 - Sequência da atividade do trabalho ..................................................................... 28

Figura 8 - Caminhos para a aplicação do método OWAS ................................................... 32

Figura 9 - Codificação para a posição das costas ................................................................. 33

Figura 10 - Codificação para a posição dos braços ................................................................ 33

Figura 11 - Codificação para a posição das pernas ................................................................ 34

Figura 12 - Codificação da carga e força suportada ............................................................... 34

Figura 13 - Categorias dos riscos e ações corretivas ............................................................. 35

Figura 14 - Categorias de ação para as posturas do trabalhador segundo sua frequência relativa ................................................................................................................. 36

Figura 15 - Caminhos para a aplicação do método RULA .................................................... 37

Figura 16 - Pontuação para o braço ....................................................................................... 38

Figura 17 - Modificações sobre a pontuação do braço .......................................................... 38

Figura 18 - Pontuação para o antebraço ................................................................................. 38

Figura 19 - Modificação da pontuação do antebraço ............................................................. 39

Figura 20 - Pontuação para o pulso ........................................................................................ 39

Figura 21 - Modificação da pontuação do pulso .................................................................... 39

Figura 22 - Pontuação para o giro do pulso ........................................................................... 40

Figura 23 - Pontuação para o pescoço ................................................................................... 40

Figura 24 - Modificação da posição do pescoço .................................................................... 40

Figura 25 - Pontuação para o tronco ...................................................................................... 40

Figura 26 - Modificação da pontuação do tronco .................................................................. 41

Figura 27 - Pontuação para as pernas ..................................................................................... 41

Figura 28 - Pontuação para as atividades musculares e forças exercidas .............................. 42

Figura 29 - Nível de atuação segundo a pontuação final obtida ............................................ 42

Figura 30 - Diagrama para o cálculo das pontuações do método RULA .............................. 43

Figura 31 - Causas do estresse ............................................................................................... 44

Figura 32 - Apresentação esquemática do somatório dos efeitos das causas da fadiga do dia-a-dia e a correspondente e necessária recuperação ............................................. 46

Figura 33 - Opiniões dos trabalhadores, sobre três tipos diferentes de organização do trabalho ................................................................................................................ 48

Figura 34 - Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente ................................. 49

Figura 35 - Razões de brilho entre figura e fundo não devem ser muito elevadas ................ 51

Figura 36 - Iluminâncias por classe de tarefas visuais ........................................................... 52

Figura 37 - Fatores determinantes da iluminância adequada ................................................. 52

Figura 38 - Iluminância por tipo de atividade ........................................................................ 53

Figura 39 - Temperaturas do ar recomendadas para vários tipos de esforços físicos ............ 54

Figura 40 - Temperaturas do ar recomendadas para vários tipos de esforços físicos ............ 55

Figura 41 - Limites de exposição ao calor, com períodos de descanso no próprio local ....... 56

Figura 42 - Taxas de Metabolismo por Tipo de Atividade (NR-15) ..................................... 56

Figura 43 - Desdobramento representativo desde o nível organizacional até o nível das ações57

Figura 44 - Diagrama ilustrativo das causas e dos sintomas de doenças ocupacionais entre trabalhadores de turnos que periordicamente trabalham à noite ......................... 60

Figura 45 - Estrutura geral dos procedimentos metodológicos .............................................. 62

Figura 46 - Questionário de priorização ................................................................................ 65

Figura 47 - Levantamento das informações gerais da empresa ............................................. 68

Figura 48 - Vista geral da empresa ........................................................................................ 69

Figura 49 - Divisão dos setores da empresa, correspondentes as Fases A e B ...................... 69

Figura 50 - Resultado da aplicação do questionário de priorização ...................................... 70

Figura 51 - Número de funcionários no setor de operação .................................................... 71

Figura 52 - Vista superior do setor de operação .................................................................... 71

Figura 53 - Vista superior dos laboratórios do setor de operação .......................................... 72

Figura 54 - Cargo e função a ser desempenhada pelo trabalhador no Escritório de Operação73

Figura 55 - Cargo e função a ser desempenhada pelo trabalhador no setor de Operação A .. 73

Figura 56 - Cargo e função a ser desempenhada pelo trabalhador no setor de Operação B .. 75

Figura 57 - Número de trabalhores sob regime de turnos referente a Fase A ........................ 76

Figura 58 - Número de trabalhores sob regime de turnos referente a Fase B ........................ 76

Figura 59 - Fases da atividade de abrir e fechar válvulas ...................................................... 78

Figura 60 - Alguns exemplos de posturas adotadas durante o processo de abertura e fechamento de vávulas ........................................................................................ 78

Figura 61 - Observação geral realizada através do método OWAS ...................................... 79

Figura 62 - Parâmetros para medição utilizando o dosímetro ............................................... 80

Figura 63 - Medição de dosimetria no pré-aquecedor de alta pressão ................................... 81

Figura 64 - Medição de dosimetria na turbina IV/alternador IV ........................................... 81

Figura 65 - Parâmetros para medição utilizando o decibelímetro ......................................... 81

Figura 66 - Medição utilizando o decibelímetro .................................................................... 82

Figura 67 - Parâmetros para medição utilizando o luxímetro ................................................ 82

Figura 68 - Medição de iluminação na sala sala de análise do carvão ................................... 83

Figura 69 - Medição de iluminação na sala de análise da água ............................................. 83

Figura 70 - Medição de iluminação no escritório da operação .............................................. 84

Figura 71 - Parâmetros utilizados para medição com o medidor de estresse térmico ........... 85

Figura 72 - Medições com o medidor de estresse térmico ..................................................... 85

Figura 73 - Síntese quanto aos aspectos analisados na empresa ............................................ 88

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABERGO .......Associação Brasileira de Ergonomia

AET ...............Análise Ergonômica do Trabalho

AEPS .............Anuário Estatístico da Previdência Social

DORT ............Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho

IEA ................International Ergonomics Association

LEQ ...............Equivalent Level

LER ................Lesões por Esforços Repetitivos

OWAS ...........Ovako Working Posture Analysins System

RULA ............Rapid Upper Limb Assessment

SST ................Sistema e Segurança no Trabalho

TWA ..............Time Weighted Average

SUMÁRIO

SUMÁRIO ............................................................................................................................... 11

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 13

1.1 Questões e objetivos da pesquisa ...................................................................................... 14

1.1.1 Objetivo geral ............................................................................................................... 14

1.1.2 Objetivos específicos .................................................................................................... 15

1.2 Justificativa e escolha do tema .......................................................................................... 15

1.3 Delimitação do tema .......................................................................................................... 16

1.4 Método de pesquisa ........................................................................................................... 16

1.5 Estrutura do trabalho ......................................................................................................... 17

2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 18

2.1 Ergonomia ......................................................................................................................... 18

2.2 Análise ergonômica do trabalho ........................................................................................ 23

2.2.1 Análise da demanda ...................................................................................................... 24

2.2.2 Análise da tarefa ........................................................................................................... 26

2.2.3 Análise da atividade ...................................................................................................... 27

2.2.4 Diagnóstico ................................................................................................................... 28

2.2.5 Proposição de melhorias ............................................................................................... 29

2.3 A postura na rotina de trabalho ......................................................................................... 30

2.3.1 OWAS (Ovako Working Posture Analysis System) ...................................................... 31

2.3.2 RULA (Rapid Upper Limb Assessment) ....................................................................... 36

2.4 Fatores psicofisiológicos no trabalho ................................................................................ 43

2.4.1 Estresse ocupacional e fadiga ....................................................................................... 44

2.4.2 Tédio, monotonia e motivação ..................................................................................... 47

2.5 Fatores físico-ambientais no trabalho ................................................................................ 48

2.5.1 Ruído ............................................................................................................................. 49

2.5.2 Iluminação .................................................................................................................... 50

2.5.3 Conforto térmico ........................................................................................................... 53

2.6 Fatores organizacionais no trabalho .................................................................................. 57

2.6.1 A Organização do trabalho em turnos .......................................................................... 58

2.6.2 O trabalho noturno ........................................................................................................ 59

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS................................................................... 62

3.1 Objeto de estudo ................................................................................................................ 62

3.2 Análise da demanda ........................................................................................................... 64

3.3 Análise da tarefa ................................................................................................................ 65

3.4 Análise da atividade .......................................................................................................... 66

3.5 Diagnóstico ........................................................................................................................ 67

3.6 Proposição de melhorias .................................................................................................... 67

4 RESULTADOS ................................................................................................................. 68

4.1 Análise da demanda ........................................................................................................... 68

4.2 Análise da tarefa ................................................................................................................ 72

4.3 Análise da atividade .......................................................................................................... 77

4.3.1 Aspectos Posturais ........................................................................................................ 77

4.3.2 Aspectos Físico-ambientais: ruído ................................................................................ 80

4.3.3 Aspectos físico-ambientais: iluminamento ................................................................... 82

4.3.4 Aspectos físico ambientais: conforto térmico ............................................................... 85

4.4 Diagnóstico ........................................................................................................................ 86

4.5 Proposição de melhorias .................................................................................................... 88

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .... 91

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 93

APÊNDICE A – Formulário OWAS ........................................................................................ 96

APÊNDICE B – Formulário RULA ......................................................................................... 97

APÊNDICE C – Roteiro para abordagem em campo para utilização do dosímetro e decibelímetro ................................................................................................................ 98

APÊNDICE D – Roteiro para abordagem em campo para utilização do luxímetro ................ 99

APÊNDICE E – Roteiro para abordagem em campo para utilização do medidor de estresse térmico ........................................................................................................................ 100

13

1 INTRODUÇÃO

A Saúde e Segurança no Trabalho (SST) têm trazido fortes desafios aos órgãos

governamentais e empregadores. Assim, os índices verificados através de levantamentos

como o Anuário Estatístico da Previdência Social (AEPS) traz números da ordem de 701.496

acidentes, dentre os quais 15.593 são afastamentos por doenças no trabalho, durante o ano de

2010. Dentre os afastamentos por doenças encontram-se eventos diversos, como por exemplo,

doenças por perdas de capacidade respiratória, fraturas, lesões, queimaduras, perda de visão,

problemas cardiovasculares e lesões músculo esqueléticas.

As lesões músculo esqueléticas podem se revelar, por exemplo, na forma de Lesões

por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho

(DORT). Estas são um caso importante dentre aqueles causadores de afastamentos de

trabalhadores e consequente perda de produtividade nas empresas. Segundo Maeno (2001), os

afastamentos causados por estes fatores chegaram durante os últimos 10 anos, a

aproximadamente cerca de 80% a 90% dos casos de doenças relacionadas ao trabalho, o que

evidencia a gravidade e a abrangência do problema. Não obstante, apesar de em muitos casos

a condição do trabalhador ser reversível, no ano de 2009, ocorreu uma média de 43

trabalhadores por dia não retornaram mais a sua vida laboral (AEPS, 2010).

Outro desafio não menos importante é verificado no caso de trabalhadores expostos a

fatores de risco ambiental, como os ruídos, os gases, poeiras e temperaturas extremas. O caso

particular de empresas que atuam com mineração e queima de carvão se mostram como um

exemplo importante. Rigotto (2009), afirma em sua pesquisa que a opção tecnológica da

queima de carvão mineral como combustível, é o mais impactante do ponto de vista ambiental

e também sobre a saúde das populações ao entorno, pois pode levar a quadros gravíssimos de

insuficiência respiratória, além da poluição atmosférica do ambiente. Desta maneira, as

empresas geradoras de energia termelétrica, acarretam em graves problemas socioambientais.

A respeito dos efeitos negativos advindos da queima do carvão, as termelétricas se

revelaram em décadas anteriores como importantes vetores de desenvolvimento, como é o

caso do Rio Grande do Sul que concentra 80% do carvão mineral brasileiro. A maior jazida de

carvão mineral do país é a que esta localizada na cidade gaúcha de Candiota, que responde

por 23% das reservas oficiais do país, e chegam a sete bilhões de toneladas, considerada como

a melhor em rentabilidade uma vez que suas reservas apresentam-se em camadas bastante

espessas e de grande continuidade.

14

Entretanto, estudos sobre condições ambientais realizado em usinas termelétricas,

mostram que os riscos existentes nestes lugares são de natureza física onde se enquadram os

ruídos e temperaturas excessivas, que são produzidos fundamentalmente pelo transporte de

massas, geração de calor, energia mecânica e elétrica, envolvendo o funcionamento de

motores, bombas, turbo alternadores, compressores, entre outros, assim como riscos de

natureza química, onde suas fontes potenciais são: gases e fumos, provenientes da combustão

de óleos, como também a utilização de reagentes químicos no tratamento d’água e as limpezas

das fornalhas, que pode conter produtos tóxicos provenientes da decomposição de óleos

(ELETROSUL, 1980).

Diante das premissas apresentadas, e de acordo com Pavani (2007), percebe-se uma

carência no desenvolvimento de estudos e consequentemente na aplicação de métodos que

sejam simples para o entendimento e, no entanto, sirvam para mostrar um direcionamento na

priorização das ações. Assim, torna-se importante verificar as condições de trabalho no

âmbito da ergonomia em empresas do setor de queima de carvão.

O presente trabalho apresenta um levantamento quanto às principais demandas

ergonômicas em uma usina termelétrica. Avaliando assim, as condições de trabalho de seus

funcionários para identificar os fatores de risco impostos aos mesmos, bem como auxiliar em

uma decisão gerencial quanto à priorização das ações a serem tomadas, com relação aos

aspectos ergonômicos.

1.1 Questões e objetivos da pesquisa

A ergonomia tem atraído cada vez mais o interesse de todas as áreas produtivas

dentro de uma organização, sendo que por meio de sua aplicação pode-se aumentar tanto a

produtividade como a satisfação dos trabalhadores (MOURA, 2001).

Neste sentido, algumas questões de pesquisa se mostram importantes, tais como:

fatores ergonômicos associados às condições de trabalho em que os funcionários encontram-

se expostos; assim como as vantagens de uma organização quando esta realiza uma análise

ergonômica e as disfunções muscoesqueléticas relacionadas ao trabalho que os funcionários

podem vir a desenvolver.

1.1.1 Objetivo geral

15

O presente trabalho tem como objetivo geral identificar quais as principais demandas

ergonômicas impostas a funcionários em uma usina termelétrica.

1.1.2 Objetivos específicos

Com o intuito de atingir o objetivo principal, foram definidos os seguintes objetivos

específicos:

a) Selecionar quais os locais ou processos que possuem maior potencial de risco

ergonômico;

b) Estudar no âmbito da Ergonomia os locais e processos considerados críticos,

analisando posturas, fatores psicofisiológicos, físico-ambientais e organizacionais

do trabalho;

c) Avaliar e discutir em que nível as metodologias aplicadas na presente pesquisa

contribuem para a investigação ergonômica com vista a proposição de melhorias

em uma usina termelétrica.

d) Propor quando pertinente, melhorias ergonômicas nos locais e processos

selecionados.

1.2 Justificativa e escolha do tema

Problemas com relação à saúde ocupacional têm criado muitos prejuízos às

organizações. A título de exemplo, de acordo com o estudo do National for Occupation Safety

and Health (2009), somente nos Estados Unidos, as empresas têm perdido de $13 a $20

milhões de dólares ao ano devido à diminuição da produtividade, como também a doenças

relacionadas ao trabalho (BOLIS, 2011).

A Ergonomia traz suas contribuições, pois, inicialmente estuda as características do

trabalhador para depois projetar o trabalho de forma ideal, buscando sempre preservar a saúde

deste (IIDA, 2005). Assim, um estudo ergonômico pode partir desde a concepção dos postos

de trabalho, passando para as atividades que são realizadas pelos trabalhadores, preocupando-

se com suas queixas de dores, que são geralmente decorrentes de distúrbios osteomusculares

relacionados ao trabalho (PAVANI, 2007).

16

No entanto, apesar de haver muitos estudos científicos descrevendo a ocorrência de

distúrbios musculoesqueléticos ocupacionais, não foram encontrados até o presente momento

nenhuma aplicação da Análise Ergonômica do Trabalho (AET) em usinas termelétricas, que é

um fator em potencial, pois seus trabalhadores estão expostos a ruídos, altas temperaturas,

esforços físicos, poeiras, poluição atmosférica, acarretando em problemas tanto para os

trabalhadores, quanto ao ambiente.

Este estudo se justifica pela importância de analisar os fatores de risco relacionados a

demandas ergonômicas, que causam um grande impacto social e financeiro, vindo ameaçar

tanto a saúde dos trabalhadores, como o desempenho das organizações. Além disso, o

trabalho se justifica ao tentar identificar métodos técnicos científicos de análise ergonômica

do trabalho, que pode vir a contribuir para um aprimoramento das condições de trabalho, bem

como para uma decisão gerencial quanto à priorização das ações a serem tomadas, com

relação aos aspectos ergonômicos.

1.3 Delimitação do tema

No presente trabalho será realizado um levantamento quanto às demandas

ergonômicas, assim, serão avaliados apenas os locais de trabalhos considerados mais críticos.

Com relação à aplicação, este será realizado em uma empresa do setor termelétrico, localizada

na cidade de Candiota, Rio Grande do Sul.

Vale ressaltar que não serão desenvolvidos estudos e análises específicas quanto a

acidentes do trabalho, principalmente aos decorrentes de outros riscos, tais como: riscos

químicos ou riscos biológicos. Também não serão estudadas devido à falta de equipamento

para monitoração, as condições de vibrações em que os funcionários estão submetidos.

Por fim, serão propostos meios que auxiliem a organização em estudo, e oportunizem

aos trabalhadores uma intervenção nas suas condições de trabalho, visando evitar riscos

ergonômicos. No entanto, este trabalho não se propõe a realizar a implantação das propostas e

melhorias sugeridas, pois tal fator dependeria de prazos além dos disponíveis.

1.4 Método de pesquisa

De acordo com Gil (2010) é natural a busca pela classificação das pesquisas, sendo

que este fator pode resultar de diferentes critérios. Desta maneira, o presente trabalho é

17

classificado quanto a sua finalidade como uma pesquisa aplicada, pois busca a obtenção de

novos conhecimentos, para a aplicação em situações específicas.

No que se refere aos objetivos, é considerado uma pesquisa exploratória, pois

propicia uma maior familiaridade com o problema, visando deixá-lo mais claro e preciso, ou

então com vistas à criação de hipóteses, tornando o seu planejamento bastante flexível.

Quanto aos métodos aplicados, isto é, com relação à natureza dos dados, é classificado tanto

como uma pesquisa qualitativa como quantitativa (GIL, 2010).

Já com relação ao delineamento da pesquisa, é considerado um Estudo de Caso, pois

o mesmo se caracteriza como uma pesquisa desenvolvida por meio da observação direta das

atividades do ambiente estudado e de levantamento em campo para captar suas explicações e

interpretações do que ocorre na organização estudada. Também ressalta que o pesquisador

realiza a maior parte do trabalho pessoalmente, sendo isso uma vantagem, pois torna o

processo mais confiável (GIL, 2010).

1.5 Estrutura do trabalho

O presente trabalho está dividido em 5 capítulos. O capitulo 1 é composto pela

introdução, apresentando a definição do tema em linhas gerais, assim como, as questões e

objetivos de pesquisa, a definição dos objetivos gerais e específicos, justificativa e escolha do

tema, delimitação do tema e o método de pesquisa, e por fim a estrutura do trabalho.

O capítulo 2 aborda a revisão na literatura, onde inicialmente é apresentado um breve

histórico sobre Ergonomia, tratando dos seus conceitos, objetivos e abrangência, como

também a aplicação de métodos ergonômicos. Logo após foi feito uma abordagem sobre a

análise ergonômica do trabalho (AET), para explorar a análise da demanda, das tarefas e

atividades, para assim elaborar um diagnóstico e fazer as proposições de melhorias. Para que

a análise dos riscos ergonômicos pudesse ser realizada, foram avaliadas as principais técnicas

de análise postural, fatores psicofisiológicos, físico-ambientais e organizacionais do trabalho.

O capítulo 3, por sua vez, apresenta os procedimentos metodológicos que foram

utilizados para a elaboração deste trabalho.

No capítulo 4, é abordada uma discussão dos resultados com a aplicação da

metodologia proposta.

No capítulo 5, são apresentadas as considerações finais referentes aos resultados

obtidos, assim como, as recomendações para trabalhos futuros.

18

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este referencial teórico visa apresentar conceitos sobre Ergonomia, análise

ergonômica do trabalho e técnicas de análise postural, analisando conjuntamente os fatores

psicofisiológicos, físico-ambientais e organizacionais do trabalho.

2.1 Ergonomia

O estudo da Ergonomia torna-se fascinante e encantador, pois traz consigo o poder

de descobrir uma série de informações ainda pouco exploradas. Exemplos de contribuições de

precursores dessa ciência é a colaboração de Leonardo da Vinci, que instigou em seus estudos

as áreas de anatomia e fisiologia, destacando uma preocupação com os fatores humanos.

Posteriormente, o médico italiano Bernardino Ramazzini, escreveu sobre as doenças e lesões

relacionadas ao trabalho, sendo considerado um dos primeiros estudiosos das causas das

doenças ocupacionais (SILVA e PASCHOARELLI, 2010).

Logo após, de acordo com o mesmo autor, foram propostos os estudos do engenheiro

civil e militar Bernard Forest de Bélidor, onde realizou o experimento que consistia em medir

a capacidade de trabalho físico, nos respectivos postos de trabalho. Eles chegaram à conclusão

que uma carga de trabalho muito alta, acarreta em uma predisposição a doenças, assim como,

uma melhor organização das tarefas melhora o rendimento. Desta maneira, esses, entre outros

foram considerados alguns dos percussores da Ergonomia ao tornarem científico o

conhecimento associado a ela.

Durante o ano de 1857, o polonês Wojciech Jasterzebowski criou a obra “Esboço da

Ergonomia ou Ciência do Trabalho, baseado sobre as verdadeiras avaliações das ciências da

natureza”, onde o autor adotou o conceito da Ergonomia como a ciência de utilização das

forças e das capacidades humanas (MOURA, 2001). O conceito de Ergonomia como

disciplina nasceu logo após a Segunda Guerra Mundial, através do trabalho interdisciplinar

realizado nessa época por diversos profissionais como engenheiros, fisiológicos, psicólogos,

antropólogos e médicos. Os mesmos trabalharam juntos para resolver problemas causados

pela operação de equipamentos militares complexos, e os resultados desse esforço foram

satisfatórios, pois foram utilizados no pós-guerra (IIDA, 2005).

Neste contexto, é inegável que a Ergonomia já era praticada e empregada desde a

antiguidade, embora tenha seu surgimento formal em junho de 1949, onde foi criada a

19

primeira sociedade de Ergonomia do mundo, a Ergonomic Research Society, pelo engenheiro

inglês Kenneth Frank Hywel Murrell (SILVA e PASCHOARELLI, 2010).

Desta maneira, ocorreram ao longo do tempo diversas definições para Ergonomia. A

Société d’ergonomie de langue française (SELF) em sua proposta, na década de 1970,

constatou que a Ergonomia podia ser definida como a adaptação do trabalho ao homem, ou

seja, fazer com que seus equipamentos e ferramentas de trabalho, gerassem um maior

conforto, segurança e eficácia (FALZON, 2007).

No Brasil, adotou-se a definição descrita pela Associação Brasileira de Ergonomia

(ABERGO), onde a Ergonomia é considerada como o estudo das interações das pessoas com

a tecnologia objetivando a mudança, ou seja, fazer intervenções com vistas à preposição de

melhorarias de forma integrada e não dissociada, a saúde, segurança, conforto, bem-estar e a

eficácia das atividades dos trabalhadores.

Já em 2000, a International Ergonomics Association (IEA) conceituou a Ergonomia

e suas especializações, e hoje é considerada como referência internacional.

A Ergonomia (ou Human Factors) é a disciplina científica que visa a compreensão

fundamental das interações entre os seres humanos e os outros componentes de um

sistema, e a profissão que aplica princípios teóricos, dados e métodos com o objetivo

de otimizar o bem-estar das pessoas e o desempenho global dos sistemas (FALZON,

2007, p. 5).

A Ergonomia vem se desenvolvendo gradualmente, e já possui aproximadamente

meio século, onde métodos foram criados e saberes próprios construídos (BOLIS, 2011).

Sabe-se que o termo “Ergonomia” é derivado de duas palavras gregas: ergon (trabalho) e

nomos (normas, regras, leis) e neste contexto, surgiram os ergonomistas, que são profissionais

que praticam a Ergonomia, e buscam contribuir com a planificação, concepção e avaliação

das tarefas, empregos, produtos, organizações, meios ambientes e sistemas, de modo a

proporcionar para as pessoas um ambiente compatível com suas necessidades, capacidades e

limites (FALZON, 2007).

De acordo com Iida (2005), os ergonomistas necessitam avaliar o trabalho dentro de

uma organização de forma global, objetivando analisar os aspectos físicos, cognitivos, sociais,

organizacionais, ambientais, entre outros, para assim se aprofundar em atributos específicos

ou em características da interação humana, como é apresentado na Figura 1.

20

Figura 1 - Áreas de especialização da Ergonomia

Fonte: Elaborada pela autora

Desta maneira, a Ergonomia tende a estudar tanto as condições que antecedem o

trabalho, como também as consequências do mesmo e ainda as interações que vem a ocorrer

entre o homem, à máquina e o ambiente durante a realização de sua jornada de trabalho

(IIDA, 2005). Assim, a Ergonomia analisa e averigua os diferentes fatores que influenciam no

desempenho do sistema produtivo de uma organização, como é mostrado na Figura 2,

buscando ao mesmo tempo otimizar e adequar os processos e ambientes físicos de acordo

com as condições psicofísicas do operador (KAWASE, 2006).

Figura 2 - Diversos fatores que influem no sistema produtivo

Fonte: Adaptado de Iida (2005)

Ergonomia FísicaTrata-se das características da anatomia humana, antropometria , fisiologia e biomecânica, nas a tividades físicas. Analisa-se a postura, o manuseio de materiais, movimento repetitivos, LER, DORT, projeto de postos de trabalho, segurança e saúde do trabalhador.

Ergonomia CognitivaTrata-se dos processos mentais, tais como memória, percepção, raciocínio e resposta motora, que estão relacionados com as interações das pessoas e aos elementos do sistema. Analisa-se a carga mental, as tomadas de decisões, as interações do homem-computador, estresse e treinamento.

Ergonomia OrganizacionalTrata-se da otimização dos sistemas sócio-técnicos, incluindo as estruturas organizacionais, políticas e processos. Analisam-se as comunicações, o projeto de trabalho, o trabalho cooperativo, a cultura organizacional e a gestão da qualidade.

Saídas: Produtos Energia (gerada)Conhecimentos

Consequências do Trabalho:Fadiga, Estresse, Erros, Acidentes

Subprodutos:Sucatas, Rejeitos,

Lixo

Máquinas

Organiz. do Trabalho

Ambiente Físico

Tarefas

Posto de TrabalhoEntradas:

Matéria-primaEnergia (gasta)Informações

21

A Ergonomia se enquadra neste contexto, pois se concentra em dois objetivos

principais: um centrado nas organizações e seu desempenho; e outro nas pessoas. Desta

maneira, ela busca uma maior eficiência, produtividade, confiabilidade, qualidade,

durabilidade, como também reduzir as consequências nocivas aos trabalhadores, como a

fadiga, os erros, o estresse e os acidentes, concedendo assim, uma maior segurança, satisfação

e saúde, durante as suas jornadas de trabalho (FALZON, 2007).

Segundo Iida (2005), a Ergonomia pode contribuir de diversas maneiras para

melhorar as condições de trabalho de uma organização e assim envolver profissionais de

diversas áreas, como: médicos do trabalho; engenheiros de produção; de projeto; de segurança

e manutenção; desenhistas industriais; analistas do trabalho; psicólogos; enfermeiros e

fisioterapeutas; programadores de produção; administradores e compradores. E assim, com

uma abordagem interdisciplinar destes profissionais, podem-se conseguir resultados

ergonômicos mais rápidos e objetivos.

Desta maneira e de acordo com o mesmo autor, se houver um trabalho cooperativo

entre estes profissionais, as contribuições da Ergonomia podem ser muito grandes, e

dependendo da ocasião como é feita, esta se classifica em Ergonomia de concepção, correção,

conscientização e participação.

- Ergonomia de concepção: É considerada como a melhor opção quando se

deseja fazer uma intervenção ergonômica, contribuindo de maneira eficaz e

eficiente, desde o projeto do produto, máquina, ambiente ou sistema. Da mesma

forma, que ela exige um maior conhecimento e experiência, pois se trabalha com

situações hipotéticas;

- Ergonomia de correção: Esta é aplicada em situações reais, onde o objetivo

principal é resolver problemas que norteiam a segurança, fadiga excessiva e

doenças do trabalhador, ou mesmo a qualidade e quantidade da produção. No

entanto, ela pode demandar um alto custo de implantação, e as melhorias serem

de fácil implantação, como mudanças de posturas, colocação de dispositivos de

segurança e aumento da iluminação, e ao mesmo tempo, se tornarem difíceis, nos

casos como a redução da carga mental ou de ruídos;

- Ergonomia de conscientização: Seu objetivo principal é treinar o trabalhador

para que ele possa identificar e corrigir os problemas no seu dia-a-dia, pois

muitas vezes alguns problemas ergonômicos não são solucionados na Ergonomia

de concepção, nem na fase de correção. Assim, quando surgir imprevistos, estes

22

trabalhadores vão estar dispostos e preparados para enfrentá-los. Vale destacar,

que estes devem ser devidamente treinados, para trabalharem de forma segura e

assim, verificar os fatores de risco que estão sujeitos, e que podem surgir a

qualquer momento em um ambiente de trabalho;

- Ergonomia de participação: Busca envolver o próprio trabalhador na solução

de problemas ergonômicos, baseando-se no fato que os trabalhadores possuem

um conhecimento prático, fazendo com que eles se envolvam de forma mais

ativa na investigação dos problemas, como também estimular a realimentação

das informações para as fases de conscientização, correção e concepção, como é

apresentado na Figura 3.

Figura 3 - Ocasiões da contribuição ergonômica

Fonte: Iida (2005)

Vale destacar que as contribuições da Ergonomia podem variar de acordo a

abrangência do problema, pois pode ser analisado um sistema, ou apenas um posto de

trabalho. No primeiro caso, a análise se detém no funcionamento global de uma equipe de

trabalho, preocupando-se com a distribuição de tarefas entre o homem e a máquina e

mecanização destas tarefas. Já com relação aos postos de trabalho, é feito um estudo

ergonômico de apenas uma parte do sistema, onde é realizada a análise das tarefas, posturas, e

movimentos dos trabalhadores, assim como, seus aspectos físicos e cognitivos (IIDA 2005).

Para que a análise ergonômica possa ser realizada, é necessária a utilização de

métodos e técnicas adequados a cada caso, isto é, a Ergonomia tem como base o sistema

homem-máquina-ambiente, que leva a duas análises, uma baseada nas ciências naturais como

a fisiologia, biologia, física e química, e a outra nas ciências sociais, como a psicologia,

sociologia e antropologia. A escolha dos métodos e técnicas mais apropriados vai depender da

experiência e habilidades do pesquisador, assim como os objetivos pretendidos, os recursos e

os tempos disponíveis, para que assim se possa chegar aos resultados desejados (IIDA, 2005).

Concepção Correção Conscientização Participação

Realimentações

23

2.2 Análise ergonômica do trabalho

A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) surgiu na década de 1950, através dos

estudos de pesquisadores franceses, sendo hoje desenvolvida principalmente na França,

Bélgica e Suíça (BOLIS, 2011). Sua principal finalidade é transformar o trabalho, como

também produzir conhecimentos, ou seja, realizar modificações de modo que estas venham a

contribuir para uma melhor concepção dos postos de trabalho e para a saúde do trabalhador,

logo, alcançar objetivos econômicos determinados pela organização (GUÉRIN et al., 2001).

A AET é considerada como uma abordagem metodológica, proposta pela

Ergonomia, classificada como um método bastante flexível, pois suas ferramentas para coletas

de dados podem variar, e são escolhidas de acordo com o objetivo proposto (ABRAHÃO et

al., 2009). Desta maneira, Bolis (2011), pressupõe que para a realização desta, é necessária a

distinção entre dois aspectos: tarefa e atividade, que são respectivamente “o que se deve fazer,

o que é prescrito pela organização”, e “o que é feito, o que o sujeito mobiliza para efetuar a

tarefa” (FALZON, 2007, pg. 9).

Neste contexto, Guérin et al., (2001), estabelece que a AET é organizada em cinco

etapas: análise da demanda; análise da tarefa; análise da atividade; diagnóstico e

recomendações, conforme é apresentada na Figura 4. O autor afirma que uma ação

ergonômica comumente decorre de uma demanda antecipadamente explorada, e que após ser

detectada é realizada uma proposta de ação, com o objetivo de estabelecer os resultados

previstos e desejados, os meios necessários, assim como os prazos estimados.

Contudo, o autor estabelece que no início de análise ergonômica do trabalho, muitas

vezes torna-se necessário à formulação de hipóteses, estas ajudarão o ergonomista a

selecionar as situações de trabalho que realmente devem ser estudadas. Logo após, deve ser

realizada uma observação aberta, isto é, entender o processo técnico e as tarefas que os

trabalhadores desenvolvem, assim como examinar suas estratégias, para que posteriormente

seja realizado um pré-diagnóstico, ou seja, novas hipóteses devem ser formuladas. A partir

desse ponto deve ser instituído um plano de observação, com o intuito de averiguar, valorizar

e evidenciar suas hipóteses, e destas observações poderá ser elaborado um diagnóstico local

útil para a empresa, assim como um diagnóstico geral, buscando relacionar as situações mais

críticas locais com os aspectos mais gerais da organização em estudo.

24

Figura 4 - Esquema geral da abordagem

Fonte: Guérin (2001)

2.2.1 Análise da demanda

Uma ação ergonômica inicia-se através de um procedimento singular, isto é, de

acordo como uma demanda previamente estabelecida. Esta, em diversas ocasiões pode vir a

apresentar seus objetivos confusos e imprecisos, onde muitas vezes é necessária e essencial à

análise e reformulação desta abordagem. Assim, a análise da demanda propõe-se a formalizar

os diversos conhecimentos; compreender problemas relacionados aos operadores; criar pontos

de partidas para as fases seguintes; analisar e avaliar a magnitude dos problemas levantados e

por fim, identificar diversas soluções para os problemas (ABRAHÃO, 2009).

A formulação inicial da demanda é estabelecida de acordo com os problemas a serem

resolvidos, e sua análise visa rever e organizá-los. Estas questões quando alocadas na fase da

instrução da demanda, implicam em uma maior quantidade possível de pontos de vista, sobre

o problema inicialmente colocado (ABRAHÃO, 2009). Neste contexto, busca-se afrontar

essas questões para dar-se início a uma ação que visa enriquecer a demanda, permitindo

hierarquizar os diversos problemas expostos, articulá-los entre si, e muitas vezes apresentar

outros (GUÉRIN et al., 2001).

Diagnóstico: - diagnóstico local incidindo sobre a(s) situação(ões) analisada(s) em deta lhe- mas igualmente um diagnóstico global incidindo sobre o funcionamento mais

Observações globais da atividade(observações abertas)

Das primeiras formulações da demanda à identificação dos fatores gera is em jogo: análise da demanda e do contexto, reformulação da demanda

Exploração do funcionamento da empresa e de seus traços: características da população, da produção, indicadores relativos à eficácia e à saúde.

Hipóteses de nível 1: escolha das situações a analisar

Análise do processo técnico e das tarefas(observações abertas)

Formulação de um pré-diagnóstico Hipóteses de nível 2

Definição de um plano de observação Observações

sistemáticasTratamento dos dadosValidação

Interação com os

operadores, papel das

entrevistas e das

25

Assim, a demanda é considerada o ponto de partida para uma ação ergonômica,

podendo ter origem das mais variadas fontes, como da direção empresa; de uma comissão de

fábrica; de uma organização profissional ou sindical, entre outras. No entanto, sempre é

preciso a realização de uma análise, para que possa ser estabelecido seu objeto de estudo e

suas possibilidades de ação (GUÉRIN et al., 2001).

Outro fator importante é a delimitação do campo de estudo, que segundo Abrahão

(2009), é estabelecido por imposições de prazo, definidos pela organização em estudo, onde

se deve considerar a complexidade dos problemas, assim como as diferentes soluções para os

mesmos. Portanto, é de suma importância realizar o levantamento sobre as informações da

empresa que será estudada, para compor o quadro do contexto sociotécnico, conforme é

apresentado na Figura 5.

Figura 5 - Levantamento de informações gerais

Fonte: Abrahão et al (2009)

De acordo com o mesmo autor, estes fatores tornam-se relevantes, pois permitem ao

ergonomista compreender e conhecer melhor o funcionamento e especificidades das

instituições estudadas, antes de dar início ao processo de observação, permitindo e avaliando

seu contexto, definindo o processo, como também avaliar suas dificuldades e implicações de

ação. Neste ponto, deve começar o levantamento de toda a documentação da empresa, isto é,

sua dimensão econômica, as características da população, o perfil epidemiológico, as

exigências legais e as tarefas, como também começar os primeiros contatos com os

trabalhadores da situação a ser estudada.

População:

•Idade, gênero;•Formação, experiência;•Tempo de trabalho;•Jornada de trabalho;•Treinamento.

Dimensão institucional:

•Produto, serviços;•Evolução dos serviços;•Exigência de qualidade;•Exigências legais;•Políticas de gestão.

Perfil epidemiológico:

•Estado de saúde;•Queixas;•Problemas de saúde;•Acidentes.

Outros dados:

•Exigências legais;•Localização;•Sazonalidade;•Clima;•Alimentação.

26

2.2.2 Análise da tarefa

Um dos focos da Ergonomia é a análise da tarefa, considerada como uma importante

área de estudo, que foi explorada por vários estudiosos ao longo da história humana (SILVA e

PASCHOARELLI, 2010). Para Guérin et al., (2001), as tarefas são um conjunto de objetivos

propostos aos operadores, isto é, um planejamento do trabalho a ser executado, podendo estar

definidos nesta, os modos de operação, instruções e normas de segurança, buscando sempre

atingir os objetivos assumidos.

São representadas na Figura 6 as várias definições com relação à noção de tarefa,

entre elas esta a tarefa explicita (prescrição explícita) e a tarefa esperada ou (prescrição

implícita) (FALZON, 2007).

Figura 6 - Da tarefa à atividade

Fonte: Falzon (2007)

A primeira consiste na tarefa que é oficialmente prescrita. Já a segunda é a tarefa que

realmente é executada, ou seja, quando se leva em consideração a impetuosidade dos acasos

técnicos e organizacionais. Contudo, é a tarefa prescrita que se supõe que o operador execute

implícita ou explicitamente (FALZON, 2007).

Quem prescreve

Operador

Atividade

Tarefa Efetiva

Tarefa Apropriada

Tarefa Compreendida

Tarefa Prescrita

TarefaDivulgada(explícita)

TarefaEsperada(implícita)

27

Dentro deste contexto, e de acordo com o mesmo autor, que se tem como resultado a

tarefa efetiva, considerada pelos ergonomistas o resultado da aprendizagem dos operadores,

isto é, aquilo que eles assimilam para si mesmos, como sendo seus objetivos e restrições. Por

fim, ainda existe outra constatação referente à representação das tarefas prescritas aos

operadores (VEYRAC, 1998 apud FALZON, 2007) e discriminam a tarefa compreendida,

considerada como “o que o operador pensa que se pediu a ele para fazer”, e a tarefa

apropriada, definida pelo trabalhador, através do seu discernimento da tarefa compreendida.

Neste âmbito, surge a regulação, definida pelo autor Falzon (2007), como sendo um

mecanismo para controle e comparação dos resultados de um processo de produção, e dentro

da Ergonomia é aplicado de duas formas: regulação de um sistema, onde é o operador que

atua como comparador e regulador de um sistema técnico e a regulação da própria atividade

humana, em que o operador regula suas atividades, ou seja, busca alcançar seus objetivos,

cumprindo sua tarefa. Portanto, para que ocorra a regulação, primeiramente deve ser

considerado o objeto em que ela pretende incidir.

2.2.3 Análise da atividade

Analisar uma atividade de trabalho é relacionar o desempenho do trabalhador,

quando o mesmo está realizando uma tarefa, isto é, a atividade deve avaliar como o

trabalhador procede para realizar o que lhe foi proposto. Assim, as atividades buscam

estabelecer uma interdependência entre os componentes de uma situação de trabalho, e desta

maneira unificá-la, ou seja, por em ação e estabelecer suas dimensões técnicas, econômicas e

sociais do trabalho (GUÉRIN et al., 2001).

Segundo Iida (2005), as atividades são influenciadas por alguns fatores internos e

externos. O primeiro deles está diretamente relacionado ao trabalhador, ou seja, suas

características, formação, experiências, idade, sexo, ao mesmo tempo com seus fatores

intrínsecos, como a motivação, vigilância, sono e a fadiga. Com relação aos fatores externos,

estes fazem menção às condições em que as atividades estão sendo executadas, classificados

como: conteúdo do trabalho, organização do trabalho e meios técnicos.

As análises das atividades possuem decorrência de um procedimento de adequação e

regulação entre os diversos fatores que envolvem uma situação de trabalho, como é mostrado

na Figura 7. Esta apresenta por um lado, o trabalhador com suas características, e por outro a

organização, com suas normas, organização do trabalho, seus objetivos, entre outros. Já no

28

centro, é descrito uma relação entre esses dois contextos – trabalhador e empresa – isto é, o

estatuto do trabalhador e seu salário, as tarefas e suas atividades (GUÉRIN et al., 2001).

O autor afirma que durante a prática de sua atividade o operador deve consolidar um

acordo entre: os objetivos estabelecidos na produção, assim como a sua competência de

realizar tais objetivos.

Figura 7 - Sequência da atividade do trabalho

Fonte: Guérin (2001)

2.2.4 Diagnóstico

O diagnóstico deve ser proposto ao final de uma análise da atividade, ou até mesmo

de várias situações de trabalho, onde é papel do ergonomista estabelecer um diagnóstico local,

com relação a estas situações, como também proporcionar um diagnóstico mais geral,

contendo aspectos do funcionamento global de uma organização (GUÉRIN et al., 2001).

De acordo com os autores, o diagnóstico local é um resultado imprescindível quando

se analisa uma situação de trabalho, sendo conduzido pelos fatores identificados durante a

análise da demanda, buscando assim, sintetizar os resultados das observações, medidas e

explicitações providas dos funcionários. Deste modo, afirmam que o diagnóstico direciona os

Características pessoais

Sexo, idade, características físicas

Conhecimentos

Escolaridade, formação profissional, experiência

Estado momentâneo

Estresse, sono, fadiga, motivação

Contrato Salários

Meios técnicos

Posto de trabalho, máquinas equipamentos

Meios humanos

Chefia, grupos, liderança

Organização

Cargos, horários, turnos, planejamento, controles

Ambiente

Temperatura, iluminação, ruídos, gases

Tarefas prescritas

Tarefas reais

Atividade de trabalho

Saúde, erros, acidentes, absenteísmos

ProduçãoQualidade

29

fatores que devem ser considerados para conceder uma modificação na situação de trabalho

averiguada.

Os autores asseguram que o diagnóstico proposto pelo ergonomista não visa ser o

único, e sim, que outros pontos de vista devam ser sugeridos, para que uma haja uma

comparação entre as diferentes situações de trabalho que existiam antes de sua ação, e assim,

possam ser elaboradas soluções para os problemas encontrados, sendo recomendado pelos

autores que o mesmo tenha uma prescrição breve.

Assim, quando se realiza uma análise do trabalho, habitualmente, apresenta-se

recomendações, e desta forma, Guérin et al., 2001 orientam o ergonomista a acompanhar todo

o processo de transformação, pois isso condicionará a maneira como será formulado o

diagnóstico global e consequentemente a divulgação deste na empresa. Contudo, o

ergonomista não deve limitar o diagnóstico nos fatores imediatamente apurados e sim buscar

contribuir com uma transformação rápida da situação de trabalho investigada.

A formulação do diagnóstico geral deve basear-se essencialmente no diagnóstico

local, que foi consumado em uma ou várias análises de situações de trabalho. São propostos

pelos autores, que neste item, haja uma extensão dos problemas apresentados no diagnóstico

local, problemas estes, que foram constatados nas fases de análise da demanda e apresentação

do funcionamento da empresa.

2.2.5 Proposição de melhorias

Posteriormente a elaboração do diagnóstico, o próximo passo é a realização das

recomendações, que auxiliarão na concepção para as possíveis transformações do trabalho.

Assim sendo, uma ação ergonômica ocorre quando há necessidade de elaborar soluções para

problemas expostos na demanda (ABRAHÃO, 2009). A AET é considerada pelos autores,

como um processo sistêmico em que os determinantes de uma tarefa são múltiplos, com

diferentes imagens.

Torna-se possível a execução de soluções associadas aos aspectos físicos do posto de

trabalho, as características das ferramentas, a arquitetura dos sistemas de informação, a

divisão de tarefas, a organização dos tempos de trabalho, as características do ambiente de

trabalho, entre outros, proporcionando a criação de soluções conforme o cenário estudado

(ABRAHÃO, 2009).

30

Os autores afirmam que deve se tomar grande cuidado com relação às mudanças

dentro da organização do trabalho, como a concepção de pausas, que pode vir a causar alguns

obstáculos, se não houver outras medidas para evitar maiores perdas, como a obtenção de

maiores vantagens nos equipamentos, na manutenção, na movimentação dos produtos e

insumos. Outro fator mencionado pelos autores são as trocas de ferramentas, que pode vir a

melhorar a qualidade e a produtividade, no entanto, não deve causar um aumento no ritmo de

trabalho, visto que poderá ocasionar uma degradação do trabalho.

A implantação e a concepção de mudanças em um ambiente de trabalho devem ser

realizadas com cautela, pois ainda não é possível prever a nova situação. Assim, as

recomendações devem ser complementadas por um projeto, isto é, resultado do processo de

concepção, onde deverá conter todos os atores sociais envolvidos em todo o processo de

análise (ABRAHÃO, 2009).

Os autores ainda destacam que numa avaliação ergonômica é importante a análise

em médios e longos prazos, pois assim é possível analisar o que realmente mudou e o que esta

melhor tanto para os trabalhadores, como para a produção. Portanto, quanto mais convicção

dos conceitos de Ergonomia, do respeito aos trabalhadores, for anexado ao universo da

produção, maiores serão as chances de diminuir o sofrimento patogênico no trabalho e as

perdas por improdutividade.

2.3 A postura na rotina de trabalho

A adoção de posturas inadequadas durante uma jornada de trabalho pode gerar fadiga

e eventualmente vir a causar transtornos musculoesqueléticos, sendo que elas dependem

fortemente da natureza da tarefa ou do posto de trabalho. Dessa forma, as posturas

prolongadas podem vir a prejudicar os músculos e as articulações, o que faz com que as

cargas estáticas ou posturais sejam fatores que devem ser considerados na análise das

condições de trabalho.

Neste contexto, para que ocorra uma redução nos esforços envolvidos na postura ou

então, possíveis correções, diversos métodos práticos de registro e análise de postura foram

propostos, mostrando-se como uma das alternativas fundamentais a se adotar para a melhoria

dos postos de trabalho.

31

2.3.1 OWAS (Ovako Working Posture Analysis System)

O método OWAS foi desenvolvido na Finlândia pelos autores Karhu, Kansi e

Kuorinka, entre os anos de 1974 e 1978, em conjunto com o Instituto Finlandês de Saúde

Ocupacional, sendo considerado um dos métodos mais tradicionais para uma avaliação

ergonômica. Surgiu da necessidade de uma análise com vistas a identificar as posturas nas

quais as tensões no corpo são julgadas como perigosas, durante a realização de uma atividade

(JUNIOR, 2006).

Os pesquisadores e autores do método, que trabalhavam em uma indústria

siderúrgica, iniciaram um estudo com análises fotográficas das posturas mais prevalecentes

neste ambiente de trabalho e assim, descobriram 72 posturas típicas que decorreram de

diversas combinações das posições das costas, braços e pernas, respectivamente com quatro,

três e sete posições típicas. Após esta etapa, foram avaliadas as posturas quanto ao

desconforto do trabalhador (IIDA, 2005).

Kivi e Mattila (1991), afirmam que o método OWAS pode ser utilizado nos

seguintes casos: avaliação ergonômica padronizada sobre uma carga postural; planejamento e

melhorias nos postos e métodos de trabalho, ferramentas e máquinas usadas; ser utilizado para

o planejamento do trabalho para pessoas com deficiência; e por fim, ser aplicado em

pesquisas científicas. Os mesmos autores apontam que este é um método simples e útil,

designado para uma avaliação ergonômica relativa à carga postural e sua aplicação gera bons

resultados, como a melhoria dos postos de trabalho, assim como aumenta a qualidade de

produção, consequente das melhorias aplicadas.

Concomitante ao exposto, os autores afirmam que o método é facilmente adaptável

para uma análise em um posto de trabalho, sendo capaz de avaliar um grande número de

posturas, como também vários postos de trabalho. Com relação a sua aplicação, ele é aplicado

por meio de análise de uma atividade em intervalos variáveis ou constantes, observando-se a

frequência e o tempo despendido em cada postura. A sequência de passos para aplicação do

método é sumarizada na Figura 8.

32

Figura 8 - Caminhos para a aplicação do método OWAS

Fonte: Más e Cuesta (2012)

Para a aplicação de tal método, primeiramente ocorre à coleta dos dados, ou seja,

realiza-se uma observação “in loco” do trabalhador, podendo ser utilizadas ferramentas como:

registros fotográficos, vídeos da atividade desenvolvida, devendo ser observado todo o ciclo,

em atividades cíclicas e, nas atividades não cíclicas ser observado um período mínimo de

trinta segundos. Considera-se durante a observação, a fase da atividade de maior interesse,

onde são atribuídos valores e um código de seis dígitos, indicando respectivamente, a posição

das costas, braços, pernas, carga ou uso de força, e os dois últimos a fase do trabalhador.

Posteriormente a definição das posturas laborais, calcula-se e classifica-se o nível do

risco, ou seja, a carga de trabalho segundo quatro categorias. Com base na categoria obtida,

aponta-se o risco ou desconforto de cada parte do corpo (costas, braços e pernas), atribuindo

Etapa 6

Etapa 5

Etapa 1 Determinar se a observação da tarefa deve ser dividida em várias fases ou etapas, para assim, facilitar a observação.

Etapa 2 Estabelecer o tempo total de observação da tarefa (entre 20 e 40 minutos).

Etapa 3 Determinar a duração dos intervalos de tempo em que se dividirá a observação (o método propõe intervalos de tempo entre 30 e 60 segundos).

Etapa 4 Identificar, durante a observação da tarefa ou fase, as diferentes posturas que o trabalhador adota. Para cada postura, determinar a posição das costas, dos braços e das pernas, assim como a carga levantada.

Codificar as posturas observadas, atribuindo a cada posição e carga os valores das pontuações correspondentes e estabelecer assim, o "Código de postura".

Calcular para cada "Código de postura", a Categoria de risco que pertence, a fim de identificar as posturas mais críticas ou de maior nível de risco.

Etapa 7 Calcular a porcentagem de repetições ou frequência relativa de cada posição das costas, braços e pernas, respectivamente aos outros membros.

Etapa 8 Determinar, em função da frequência relativa de cada posição a Categoria de Risco que pertence as costas, braços e pernas.

Etapa 9 Determinar, em função dos riscos calculados, as ações corretivas e o redesenho dos postos de trabalhos necessários.

Etapa 10 No caso de ter ocorrido trocas, avaliar novamente a tarefa, juntamente como método OWAS para comprovar a eficácia da melhoria .

33

em função da frequência relativa de cada posição uma categoria de risco para cada parte do

corpo.

Assim, a codificação e a classificação das posturas, propostas pelo método OWAS,

começa com a determinação da posição para as costas, considerada como o primeiro dígito.

Deve-se determinar se a posição adotada pela mesma encontra-se ereta, dobrada, com giro, ou

dobrada e com giro. Seu valor respectivo pode ser encontrado na Figura 9.

Figura 9 - Codificação para a posição das costas Primeiro dígito do Código de Postura

Posição das costas

1 Costas ereta: O eixo do tronco do trabalhador está alinhado com quadris das pernas do eixo

2 Costas dobrada: Há flexão do tronco

3 Costas com giro: Existe torção do tronco ou inclinação superior a 20°

4 Costas dobradas com giro: Existe torção do tronco e giro (ou inclinação) de forma simultânea

Fonte: Karhu et al. (1977)

Após, é analisada a posição dos braços, considerada como o segundo digito do

código, conforme é apresentada na Figura 10.

Figura 10 - Codificação para a posição dos braços Segundo dígito do Código de Postura

Posição dos braços

1 Braços baixos: Ambos os braços do trabalhador estão abaixo do nível dos ombros.

2 Um braço baixo e o outro elevado: Um braço do trabalhador esta abaixo do nível dos ombros e outro, situado acima do nível dos ombros

3 Dois braços elevados: Ambos os braços (ou parte dos braços) do trabalhador estão situados acima do nível dos ombros.

Fonte: Karhu et al. (1977)

O terceiro dígito a ser avaliado é com relação à posição das pernas, finalizando a

análise com relação ao corpo humano, consideram-se sete posições relevantes, conforme é

mostrado na Figura 11.

34

Figura 11 - Codificação para a posição das pernas Terceiro dígito do Código de Postura

Posição das pernas

1 Sentado

2 De pé com as pernas retas e com o peso equilibrado entre ambas

3 De pé com uma perna reta e a outra flexionada com o peso equilibrado entre ambas

4 De pé ou agachado com as pernas flexionadas e o peso equilibrado entre ambas

5 De pé ou agachado com as pernas flexionadas e o peso desequilibrado entre ambas

6 Ajoelhado

7 Andando

Fonte: Karhu et al. (1977)

O quarto dígito está relacionado com a carga que o trabalhador levanta e

consequentemente a postura que este adota, quando realiza suas atividades. A Figura 12

apresenta esta relação.

Figura 12 - Codificação da carga e força suportada Quarto dígito do

Código de Postura Cargas e forças suportadas

1 Menos de 10 Kg

2 Entre 10 e 20 Kg

3 Mais de 20 Kg

Fonte: Karhu et al. (1977)

O quinto e o sexto código de postura servem para identificar a fase em que esta

ocorrendo às observações, no entanto, os autores afirmam que este valor só terá sentido, para

as observações em que o avaliador decide dividir a tarefa em estudo em mais de uma fase,

ficando a critério do avaliador determinar estes valores.

A seguir são definidas as categorias de risco, onde o método classifica em quatro

níveis, e cada um deles, determina qual é o possível efeito sobre o sistema músculo-

esquelético do trabalhador, assim como a ação corretiva a considerar em cada caso, conforme

é apresentada na Figura 13.

35

Figura 13 - Categorias dos riscos e ações corretivas

Fonte: Karhu et al. (1977)

Finalizada a etapa descrita, ou seja, conhecida a codificação para as posturas e

conhecido o nível do risco, deve-se realizar a atribuição com relação à categoria do risco,

correspondente a cada código de postura. É apresentado no Apêndice A uma representação

para calcular a categoria do risco para cada possível combinação da posição das costas,

braços, pernas e a carga levantada.

Calculando o nível do risco para cada postura, já pode ser realizado uma análise, no

entanto, este método considera a análise das frequências relativas das diferentes posições para

as costas, braços e pernas. Assim, deve-se calcular o número de vezes que estas posições se

repetem com relação aos outros durante o tempo total de observação, isto é, sua frequência

relativa. Posteriormente a realização deste cálculo, o último passo é determinar a categoria de

risco em que se englobam cada posição, conforme a Figura 14.

Depois de realizado os cálculos para cada posição, o método permite que o avaliador

identifique no trabalhador, as partes do corpo que lhe proporciona um maior incomodo e

desconforto, para que assim, possa promover as ações corretivas necessárias.

A desvantagem que o método OWAS apresenta é a pouca especificação, ou seja, não

gera detalhes suficientes quando aplicados a certas atividades laborais, não considerando, por

exemplo, o pescoço, punhos e o antebraço, sendo mais voltado para o tronco e ombros.

Já quanto às vantagens apresentadas é uma ferramenta de fácil aprendizado e

utilização, que realiza uma rápida avaliação a respeito das posturas adotadas pelos

trabalhadores, procurando solucionar os problemas com urgência e reduzindo assim, sua

gravidade.

Categoria de Risco

Efeitos sobre o sistema músculo-esquelético

Ação corretiva

1 Postura normal sem efeitos prejudiciais para o sistema músculo-esquelético.

Não requer ação

2 Postura com possibilidade de causar prejuízos ao sistema músculo-esquelético.

As ações corretivas são necessárias no futuro próximo.

3 Postura com efeitos prejudiciais para o sistema músculo-esquelético.

A ação corretiva é necessária o mais rápido possível.

4 A carga causada pela postura tem efeitos extremamente prejudiciais para o sistema músculo-esquelético.

Uma ação corretiva é necessária imediatamente.

36

Figura 14 - Categorias de ação para as posturas do trabalhador segundo sua frequência relativa Duração Máxima

(% jornada de trabalho) 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

CO

ST

AS

1. Costas Reta 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

2. Costas Inclinada 1 1 1 2 2 2 2 2 3 3

3. Costas Reta e Torcida 1 1 2 2 2 3 3 3 3 3

4. Costas Inclinada e Torcida 1 2 2 3 3 3 3 4 4 4

BR

OS

1. Dois braços baixos 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

2. Um braço para cima 1 1 1 2 2 2 2 2 3 3

3. Dois braços para cima 1 1 2 2 2 2 2 3 3 3

PE

RN

AS

1. Duas pernas retas 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2

2. Uma perna reta 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2

3. Duas pernas flexionadas 1 1 1 2 2 2 2 2 3 3

4. Uma perna flexionada 1 2 2 3 3 3 3 4 4 4

5. Uma perna ajoelhada 1 2 2 3 3 3 3 4 4 4

6. Deslocamento com as pernas 1 1 2 2 2 3 3 3 3 3

7. Duas pernas suspensas 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2

Fonte: Iida (2005)

2.3.2 RULA (Rapid Upper Limb Assessment)

O método Rula foi desenvolvido em 1993 pelos doutores McAtamney e Corlett da

Universidade de Nottingham, no Instituto de Ergonomia Ocupacional, com o objetivo de

avaliar a exposição dos trabalhadores aos fatores de risco que podem vir a ocasionar

transtornos nos membros superiores do corpo, assim como realizar uma análise de posturas,

repetitividade dos movimentos, forças aplicadas, atividade sob condição de postura estática do

sistema musculoesquelético, entre outros fatores durante a execução de uma tarefa

(McATAMNEY, CORLETT, 1993).

Os autores do método afirmam que esta avaliação pode ser realizada diretamente

sobre o trabalhador, sendo fundamentalmente medidas angulares, com o uso de equipamentos

que permitam tal medição. Uma segunda opção é a utilização de fotografias tiradas da posição

dos trabalhadores com relação às suas posturas e assim medir os ângulos impostos a eles.

Ressalta-se aqui que se for utilizada a coleta de dados através de fotografias, é necessário um

número suficiente para se obter diferentes ângulos, como também assegurar que estes estejam

em escala real nas imagens. Assim, a Figura 15 apresenta a sequência de passos para

aplicação do método.

37

Figura 15 - Caminhos para a aplicação do método RULA

Fonte: Más e Cuesta (2012)

Para a aplicação do método é necessário uma observação das atividades do

trabalhador durante sua jornada de trabalho, para posteriormente selecionar as tarefas e

posturas consideradas mais significativas. Vale destacar, que se a jornada de trabalho for

longa, podem-se realizar avaliações em intervalos regulares, considerando-se também o

tempo que o trabalhador permanece em cada postura.

McAtamney e Corlett (1993) recomendam que este método seja aplicado

separadamente com relação aos lados direito e esquerdo do corpo humano, onde se divide o

mesmo em dois grupos, A e B. O primeiro deles inclui os membros superiores (braços,

antebraços e pulsos), já o segundo é composto pelas pernas, tronco e pescoço. Os resultados

são gerados através de tabelas que associadas às partes do corpo citadas anteriormente, geram

uma pontuação, e com base nesses pontos, ocorre à atribuição de valores para cada um dos

grupos A e B.

Os mesmos autores afirmam que este método deve ser aplicado conforme o registro

das diferentes posturas de trabalho e devem ser classificadas de acordo com um sistema de

escores preestabelecidos. Assim, divide-se o corpo humano em seções, e o mesmo recebe um

escore numérico variando de 1 (um) à 9 (nove) de acordo a postura apresentada pelo

Etapa 1 Determinar os ciclos de trabalho e observar o trabalhador durante vários estados destes ciclos.

Etapa 2 Selecionar as posturas que foram avaliadas.

Etapa 3 Determinar, para cada postura, se será avaliado o lado esquerdo do corpo ou o lado direito (em caso de dúvida avaliam-se ambos).

Etapa 4 Determinar as pontuações para cada parte do corpo.

Etapa 5 Obter a pontuação final do método e o nível de ação para determinar a existência de riscos.

Etapa 6 Revisar as pontuações das diferentes partes do corpo para determinar onde é necessário aplicar correções.

Etapa 7 Redesenhar o posto ou realizar trocas para melhorar a postura se for necessário.

Etapa 8 Em caso de haver realizado trocas avaliar novamente a postura com o método RULA para comprovar a eficácia da melhoria .

38

trabalhador, e aumenta conforme eleva-se o risco. Considera-se 1 como o risco mínimo de

uma possível lesão e 9 como o escore máximo, com o maior risco de lesão.

Com relação ao grupo A, representado pelos membros superiores: braços, antebraços

e pulsos, primeiramente deve-se medir o ângulo destes com relação ao eixo do tronco,

conforme é apresentado no Apêndice B e sua pontuação será obtida conforme a Figura 16 - .

Figura 16 - Pontuação para o braço Pontuação Posição

1 Entre 0° a 20° de extensão ou de 0° a 20° de flexão

2 Extensão >20° ou Flexão entre 20° e 45°

3 Flexão entre 45° e 90°

4 Flexão >90°

Fonte: McAtamney & Corlett (1993)

Esta pontuação poderá ser modificada, podendo ocorrer o aumento ou a diminuição

deste valor, ou seja, se o trabalhador permanecer com o ombro elevado ou realizar rotações no

braço, e até mesmo estiver com o braço em abdução, acrescenta-se mais 1 na pontuação, ao

mesmo tempo, se o trabalhador estiver com o braço apoiado, deve-se diminuí-la, conforme

apresentado na Figura 16 - 7.

Figura 17 - Modificações sobre a pontuação do braço Pontuação Posição

+1 Se o ombro estiver elevado ou o braço torcido +1 Se o braço estiver em abdução -1 Se o braço estiver apoiado

Fonte: McAtamney & Corlett (1993)

A pontuação para o antebraço ocorre de forma similar ao do braço, isto é, em função

da posição do trabalhador. O Apêndice B apresenta estas possibilidades, que após definida, ou

seja, determinada a posição do antebraço do trabalhador com relação ao ângulo

correspondente, deve-se analisar a 18, para realizarem-se as respectivas pontuações.

Figura 18 - Pontuação para o antebraço Pontuação Posição

1 Flexão entre 60° e 100° 2 Flexão 60°> e >100°

Fonte: McAtamney & Corlett (1993)

Existem dois casos em que esta pontuação poderá ser modificada, são elas: se o

antebraço cruzar a linha mediana do corpo, ou se o operador realizar suas atividades ao lado

39

desta linha. O Apêndice B apresenta estas posições e a Figura 16 - 9 mostra as modificações

da pontuação do antebraço.

Figura 19 - Modificação da pontuação do antebraço Pontuação Posição

+1 Se a projeção vertical do antebraço se encontra mais além que a projeção vertical do corpo

+1 Se o antebraço cruzar a linha central do corpo

Fonte: McAtamney & Corlett (1993)

Para finalizar a pontuação dos membros superiores, deve-se analisar a posição dos

punhos, e assim, determinar o grau de flexão dos mesmos. No Apêndice B são apresentados

as três formas para o pulso que o método considera e na Figura 16 - 20 as pontuações

correspondes.

Figura 20 - Pontuação para o pulso Pontuação Posição

1 Se estiver na posição neutra com relação à flexão 2 Se estiver flexionado ou estendido entre 0° e 15° 3 Para flexão ou extensão maior que 15°

Fonte: McAtamney & Corlett (1993)

Vale ressaltar que o valor da pontuação do pulso também pode ser modificado, isto é,

com relação ao desvio, que pode ocorrer tanto ulnar como radialmente, conforme é

apresentado no Apêndice B e Figura 16 - 21.

Figura 21 - Modificação da pontuação do pulso Pontuação Posição

+1 Caso ocorra desvio ulnar ou radial

Fonte: McAtamney & Corlett (1993)

Logo após ser obtida a pontuação do pulso, deve-se analisar o giro do mesmo, de

acordo com a Figura 16 - . Vale destacar, que este novo escore será independente da

pontuação obtida anteriormente, não devendo ser adicionado à mesma. Posteriormente esta

pontuação será avaliada na análise global do grupo A.

40

Figura 22 - Pontuação para o giro do pulso Pontuação Posição

1 Se o pulso estiver na metade do giro máximo de torção

2 Se o pulso estiver próximo do limite máximo de torção

Fonte: McAtamney & Corlett (1993)

Após serem avaliadas e analisadas as pontuações dos membros superiores, torna-se

necessário a avaliação do grupo B, onde se encontram as pernas, o tronco e o pescoço. Quanto

ao pescoço, primeiramente analisa-se a flexão deste membro, conforme Apêndice B, e

posteriormente a pontuação respectiva, de acordo com a Figura 16 - 23.

Figura 23 - Pontuação para o pescoço Pontuação Posição

1 Se existe flexão entre 0° e 10° 2 Se esta flexionado entre 10° e 20° 3 Para flexão maior que 20° 4 Se estiver estendido

Fonte: McAtamney & Corlett (1993)

Se o trabalhador apresentar inclinação lateral ou rotacional, a pontuação poderá ser

acrescida, conforme apresenta a Figura 16 - 24.

Figura 24 - Modificação da posição do pescoço Pontuação Posição

+1 Se o pescoço estiver rotacionado

+1 Se há inclinação lateral

Fonte: McAtamney & Corlett (1993)

Quanto ao tronco, é necessário saber se o trabalhador realiza suas atividades sentado

ou em pé. Caso seja em pé, precisa-se indicar o grau de flexão do tronco, conforme

apresentado no Apêndice B. Logo após deve ser selecionado a pontuação adequada, de acordo

com a Figura 16 - 25.

Figura 25 - Pontuação para o tronco Pontuação Posição

1 Sentado, bem apoiado e com um ângulo entre o tronco e quadris > 90°

2 Se estiver flexionado entre 0° e 20° 3 Se estiver flexionado entre 20° e 60° 4 Se estiver flexionado mais que 20°

Fonte: McAtamney & Corlett (1993)

41

Esta pontuação ainda poderá sofrer alterações se ocorrer uma torção ou inclinação

lateral do tronco, que podem ocorrer independentes uma da outra, acarretando em um

aumento de duas unidades, conforme mostra a Figura 16 - .

Figura 26 - Modificação da pontuação do tronco Pontuação Posição

+1 Se houver torção do tronco

+1 Se houver inclinação lateral do tronco

Fonte: McAtamney & Corlett (1993)

Para as pernas, o método não tem como objetivo a análise e avaliação dos ângulos e

sim, a distribuição do peso entre as mesmas, assim como os apoios existentes e as posições

sentado ou em pé, conforme Apêndice B. Na Figura 16 - 27, é apresentada a sua pontuação.

Figura 27 - Pontuação para as pernas Pontuação Posição

1 Sentado, com pés e pernas bem apoiados

1 De pé com o peso simetricamente distribuído e espaço para trocar de posição

2 Se os pés não estão apoiados ou se o peso não está simetricamente distribuído

Fonte: McAtamney & Corlett (1993)

Após serem identificadas as pontuações para os membros dos grupos A e B de forma

individual, deve-se realizar uma análise global para ambos os grupos. Para o grupo A é

apresentada as pontuações na Tabela A, ou seja, com relação aos braços, antebraço, pulso e

giro do pulso. Logo após, na Tabela B, é apresentada as pontuações globais para o grupo B,

isto é, para o pescoço, tronco e pernas. Vale destacar que estas tabelas encontram-se no

Apêndice B.

Assim, as pontuações dos grupos A e B aumentam em um ponto se a atividade

desenvolvida pelo trabalhador for principalmente estática, mantendo-se por mais de um

minuto seguido, ou se for repetitiva, isto é, repete-se mais de quatro vezes por minuto. Se a

tarefa ocorrer de maneira ocasional, ou seja, de pouca duração e pouco freqüente, considera-

se a atividade dinâmica e assim as pontuações não são modificadas.

Além disso, para considerar as forças exercidas ou a carga executada, se adiciona aos

valores encontrados anteriormente, a pontuação respectiva, de acordo com a Figura 16 - 28.

42

Figura 28 - Pontuação para as atividades musculares e forças exercidas Pontuação Posição

0 Se a carga ou força é menor que 2Kg e se realiza intermitentemente

1 Se a carga ou força esta entre 2Kg e 10Kg e se levanta intermitentemente

2 Se a carga ou força esta entre 2Kg e 10Kg e é estática ou repetitiva

2 Se a carga ou força é intermitentemente e superior a 10 Kg 3 Se a carga ou força é superior a 10 Kg e é estática ou repetitiva 3 Se é produzido choques ou forças bruscas ou repentinas

Fonte: McAtamney & Corlett (1993)

A pontuação final do grupo A é obtida através da adição correspondente as

atividades musculares e as forças aplicadas, que passará a ser denominada como pontuação C.

Da mesma forma, para o grupo B, também deve ser adicionada as pontuações obtidas

anteriormente, e se chamará pontuações D, sendo encontrada desta maneira, a pontuação final

global que oscilará entre 1 e 7, sendo maior quando mais elevado for o risco de lesão. Esta

pontuação pode ser encontrada na Tabela C, do Apêndice B.

Após conhecida a pontuação final, pode ser obtida o nível de atuação que deve ser

realizado, de acordo com a Figura 16 - 29, onde o avaliador determinará se a tarefa realizada

é considerada aceitável, ou se é necessário um estudo mais aprofundado no posto de trabalho

estudado. Permitindo, desta maneira, priorizar os trabalhos que devem ser investigados, onde

o avaliador consegue encontrar os problemas ergonômicos do posto, e assim realizar as

devidas melhorias.

Figura 29 - Nível de atuação segundo a pontuação final obtida Nível Atuação

1 Quando a pontuação final é 1 ou 2 a postura é aceitável

2 Quando a pontuação final é 3 ou 4 podem requerer trocas na tarefa, é conveniente aprofundar o estudo

3 Quando a pontuação final é 5 ou 6, requer o redesenho da tarefa, é necessário realizar atividades de investigação

4 Quando a pontuação final é 7, requer trocas urgentes no posto de trabalho ou da tarefa.

Fonte: McAtamney & Corlett (1993)

A sequência de passos para aplicação do RULA pode ser sumarizada conforme

apresentado na Figura 30.

43

Figura 30 - Diagrama para o cálculo das pontuações do método RULA

Fonte: Adaptado de Mc Atamney e Corlett (1993)

De acordo com Maia (2008), o método RULA apresenta diversas vantagens entre

eles encontram-se a possibilidade de uma avaliação inicial com um grande número de

trabalhadores, baseando-se na observação direta das posturas, não exigindo, portanto, o uso de

equipamentos especiais. Outras vantagens proporcionadas é que o estudo pode ser realizado

sem a interrupção do trabalho, como também vir a fornecer uma classificação do posto de

trabalho estudado quanto à prioridade de intervenção.

A principal desvantagem consiste no fato do método realizar uma análise somente

nos membros superiores, e mesmo que as observações sejam realizadas com relação ao corpo

como um todo, torna-se necessário a associação com outros métodos para uma análise mais

completa (MAIA, 2008).

2.4 Fatores psicofisiológicos no trabalho

O emprego dos conhecimentos da Ergonomia na organização do trabalho pode ser

aplicado buscando reduzir a monotonia, a fadiga, os erros e o estresse dos trabalhadores e

assim, obter um ambiente de trabalho mais cooperativo, pois tais fatores, se não tratados

acabam influenciando na execução das tarefas e, consequentemente nos desempenhos das

mesmas (IIDA, 2005).

Pernas

Tronco

Pescoço

Pontuação Global Grupo A

Atividade Muscular

Cargas ou Forças

Pontuação

Atividade Muscular

Cargas ou Forças

Pontuação C

Pontuação D

Pontuação Final

Giro do pulso

Antebraço

Pulso

Braço

Vale ressaltar que tanto a monotonia quanto a fadiga, sempre estão presentes dentr

do ambiente de trabalho, e não se consegue eliminar tais elementos por completo, no entanto,

os mesmos podem ser controlados e substituídos por um ambiente mais interessante e

motivador. Outros fatores como a idade, o sexo e a deficiência física no traba

importantes dentro de uma análise ergonômica (IIDA, 2005).

2.4.1 Estresse ocupacional e fadiga

Nos dias atuais, com o avanço da

mudanças, como o risco de perder o emprego, entre outros fatores do dia

trabalhadores vivem em situações cada vez mais estressantes. Assim, torna

realização de uma análise e averiguação de tais problemas, para que se bem estudados,

venham produzir efeitos saudáveis aos trabalhadores (IIDA, 2005).

Para Kroemer e Grandjean (2005), o estresse é uma divergência entre o que é

demandado ao trabalhador e sua capacidade para realizá

pode vir aumentar a motivação do funcionário e levá

ocorrer ao contrário, se tais demandas ultrapassarem as habilidades e conhecimentos dos

trabalhadores, isto os levará ao tédio, como também ao descontentamento.

Iida (2005) destaca que diversos fatores podem ser causadore

ambiente de trabalho, e seus efeitos são

apresentadas na Figura 31:

Figura 31 - Causas do estresse

Fonte: Adaptado de Iida (2005).

Assim, conforme observado, o estresse possui diferentes causas e efeitos aos

trabalhadores, e consequentemente torna

organizacionais

Pressões econômico

sociais

ale ressaltar que tanto a monotonia quanto a fadiga, sempre estão presentes dentr

do ambiente de trabalho, e não se consegue eliminar tais elementos por completo, no entanto,

os mesmos podem ser controlados e substituídos por um ambiente mais interessante e

motivador. Outros fatores como a idade, o sexo e a deficiência física no traba

importantes dentro de uma análise ergonômica (IIDA, 2005).

ocupacional e fadiga

Nos dias atuais, com o avanço da tecnologia, da competitividade

mudanças, como o risco de perder o emprego, entre outros fatores do dia

trabalhadores vivem em situações cada vez mais estressantes. Assim, torna

realização de uma análise e averiguação de tais problemas, para que se bem estudados,

venham produzir efeitos saudáveis aos trabalhadores (IIDA, 2005).

ra Kroemer e Grandjean (2005), o estresse é uma divergência entre o que é

demandado ao trabalhador e sua capacidade para realizá-lo. Contudo, uma dose de estresse

pode vir aumentar a motivação do funcionário e levá-lo a atingir seus objetivos, no entanto,

ocorrer ao contrário, se tais demandas ultrapassarem as habilidades e conhecimentos dos

trabalhadores, isto os levará ao tédio, como também ao descontentamento.

Iida (2005) destaca que diversos fatores podem ser causadores d

e seus efeitos são cumulativos. Assim, suas

Causas do estresse

Assim, conforme observado, o estresse possui diferentes causas e efeitos aos

trabalhadores, e consequentemente torna-se difícil estabelecer uma maneira única para evitar

Coteúdo do trabalho

Sentimentos de

incapacidade

Condições de trabalho

Fatores organizacionais

Pressões econômico-

sociais

44

ale ressaltar que tanto a monotonia quanto a fadiga, sempre estão presentes dentro

do ambiente de trabalho, e não se consegue eliminar tais elementos por completo, no entanto,

os mesmos podem ser controlados e substituídos por um ambiente mais interessante e

motivador. Outros fatores como a idade, o sexo e a deficiência física no trabalho também são

tecnologia, da competitividade e com rápidas

mudanças, como o risco de perder o emprego, entre outros fatores do dia-a-dia, os

trabalhadores vivem em situações cada vez mais estressantes. Assim, torna-se necessário a

realização de uma análise e averiguação de tais problemas, para que se bem estudados,

ra Kroemer e Grandjean (2005), o estresse é uma divergência entre o que é

lo. Contudo, uma dose de estresse

lo a atingir seus objetivos, no entanto, se

ocorrer ao contrário, se tais demandas ultrapassarem as habilidades e conhecimentos dos

trabalhadores, isto os levará ao tédio, como também ao descontentamento.

s do estresse, dentro do

principais causas são

Assim, conforme observado, o estresse possui diferentes causas e efeitos aos

se difícil estabelecer uma maneira única para evitar

45

ou combater o mesmo. Entretanto, algumas medidas podem ser adotadas e assim, amenizar

tal fator, são elas: redesenhar os postos de trabalho, mantendo os contatos sociais; oferecer

treinamento, principalmente aos novos trabalhadores; oferecer ajudas e proporcionar

exercícios de relaxamento aos funcionários.

Com relação à fadiga, esta é considerada o resultado de um trabalho contínuo que

ocasiona ao trabalhador uma perda reversível de sua capacidade, como também uma

diminuição qualitativa do seu trabalho. Ocorre assim, uma redução da força, instigado por

uma deficiência de irrigação sanguínea no músculo, não permitindo que o oxigênio chegue

em quantidade suficiente, iniciando um acúmulo de ácido lático, potássio, calor, dióxido de

carbono e água dentro do mesmo, que são formados no metabolismo (IIDA, 2005).

O autor ainda afirma que a fadiga pode ser ocasionada por diversos fatores, sendo

eles: fatores fisiológicos, como a proporção e a durabilidade do esforço físico e mental;

fatores psicológicos, como a monotonia e a falta de motivação; e fatores ambientais e sociais,

como a iluminação, ruído, temperatura, como também os relacionamentos sociais dentro da

organização. No entanto, a fadiga é considerada reversível, quando há períodos para descanso,

a mesma pode ser superada, ou crônica, quando não é aliviada apenas com pausas e repousos.

Com relação à fadiga fisiológica, esta é o resultado do acúmulo de ácido lático nos

músculos, como explicada anteriormente, e assim quando o trabalhador exerce uma atividade

muscular muito excessiva, a produção do ácido lático torna-se maior que a capacidade do

sistema respiratório para retirá-lo, ocasionando assim, um desequilíbrio. Da mesma forma, a

fadiga também resulta do enfraquecimento das economias de energia, consequência do baixo

teor de açúcar no sangue (IIDA, 2005).

Os fatores psicológicos da fadiga se apresentam de forma mais abundante, ou seja,

não se revelam de forma localizada, assim como o cansaço geral, o desenvolvimento de maior

irritabilidade e desinteresse no trabalho, a suscetibilidade a fome, calor, frio ou a má postura.

Nesta diretriz, encontram-se relacionadas com este tipo de fadiga a monotonia, a motivação, o

estado de saúde e os relacionamentos sociais, como também atividades que exigem pouco

empenho físico, isto é, trabalhadores que executam atividades mentais (IIDA, 2005).

Para Kroemer e Grandjean (2005) a fadiga classifica-se em fadiga muscular e fadiga

geral. A fadiga muscular esta relacionada com uma redução do desempenho muscular, ou

seja, redução da força e da velocidade, sendo gerada a partir do aumento do esforço, até que o

estímulo não produza respostas, aumentando os erros, assim como os acidentes de trabalho. Já

a fadiga geral esta relacionada com um sentimento generalizado de cansaço, onde os

46

trabalhadores não possuem motivação para realizarem tanto o trabalho físico como o mental,

por se sentirem pesados e indolentes.

Os autores ainda destacam que além das fadigas apresentadas, esta se classifica em

outros tipos, são elas: a fadiga visual; geral; mental; nervosa, crônica e circadiana. Assim, esta

classificação consiste, em parte, na causa e, em parte na maneira como a mesma se manifesta.

No entanto, a fadiga pode ter distintas causas, como é apresentado na Figura 32, mostrando

que a fadiga é um resultado de todos os estresses do dia a dia, onde a soma das exigências

deve corresponder a soma da recuperação, em um ciclo de 24 horas. Assim, para que o barril

não venha a transbordar é necessário que a saúde, a eficiência e os processos de recuperação

devam anular os processos de estresse.

Figura 32 - Apresentação esquemática do somatório dos efeitos das causas da fadiga do dia-a-dia e a correspondente e necessária recuperação

Fonte: Adaptado de Kroemer e Grandjean (2005).

Destaca-se entre os principais sintomas da fadiga, sendo eles tanto subjetivos quanto

objetivos: a sensação de cansaço, sono, exaustão, falta de coordenação ao realizar o trabalho,

dificuldades ao pensar, redução da atenção, percepção e força de vontade, assim também

atenuação no desempenho de atividades tanto físicas, como mentais (KROEMER E

GRANDJEAN, 2005). Neste contexto, os autores evidenciam a importância para com os

períodos de recuperação, o mesmo acontece especialmente durante o sono noturno, como

também em períodos de descanso durante o dia. Assim, este ciclo entre a fadiga e a

NÍV

EL

DE

FA

DIG

A

Ritmo circadiano

Ambiente: clima, luz e ruído

RECUPERAÇÃO

Intensidade e duração do trabalho físico e mental

Causas psíquicas: responsabilidade, ansiedade ou conflitos

Doenças e dores

Alimentação

47

recuperação é essencial que aconteça entre um período de 24 horas, fazendo com que não

comprometa o bem estar e a eficiência do dia seguinte do trabalhador.

2.4.2 Tédio, monotonia e motivação

A monotonia e a motivação são processos que estão fundamentalmente ligados a

fadiga, podendo vir agravar ou amenizar tal fator. O autor ainda ressalta que esses processos

são consequências do estímulo ambiental, e assim, pode se classificar o ambiente em

monótono ou motivador (IIDA, 2005). Para Kroemer e Grandjean (2005), monótono é o local

onde há ausência de estímulos, e consequentemente, as reações dos trabalhadores a tal

ambiente é denominado tédio.

Deste modo, o tédio é caracterizado por uma condição mental complexa, ou seja,

ocorre uma redução na ativação dos centros nervosos e assim, uma sensação de esgotamento,

exaustão e sono. As causas que originam uma sensação tédio podem ter duas diferentes

formas, sendo elas: trabalhos muito repetitivos e de longa duração, como também processos

que exijam uma vigilância contínua (KROEMER E GRANDJEAN, 2005).

Com relação à monotonia, Iida (2005), descreve que a mesma pode ser ocasionada

tanto por fatores fisiológicos e psicológicos. No primeiro caso, o autor explica que os órgãos

dos sentidos são mais suscetíveis a alterações das excitações, tornando-se indiferentes as

excitações sucessivas permanentes. Para os fatores psicológicos, é importante que o ambiente

de trabalho desafie e estimule o trabalhador, pois assim o mesmo se sentirá satisfeito e

motivado, e ainda executará suas atividades com um maior interesse e bom rendimento.

Estudos comprovam que com a redução da satisfação no trabalho, este fato conduz

para a monotonia. Assim, um exemplo destes estudos é a pesquisa realizada por Wyatt e

Marriot (1956) apud Iida (2005), onde os autores entrevistaram 340 funcionários de uma

fábrica automobilística A e 217 na fábrica B, e criaram uma escala para medir a satisfação

com o trabalho, determinando o grau de interesse, a monotonia e a satisfação em três tipos

organização constatada nessas empresas, sendo elas: o ritmo constante, realizado com uma

correia transportadora; o ritmo irregular; e o trabalho livre, onde cada trabalhador realiza suas

atividades de acordo com o próprio ritmo.

Assim, os autores realizaram um “índice de satisfação” apresentado na Figura 33, a

partir das respostas dos 557 trabalhadores e de suas auto-avaliações.

48

Figura 33 - Opiniões dos trabalhadores, sobre três tipos diferentes de organização do trabalho

Trabalho Fábrica Linha de Produção

(motorizada) Linha de Produção (não-motorizada)

Trabalho Livre

O trabalho é interessante A 35% 56% 67%

B 34% 57% 94%

O trabalho é entediante A 54% 42% 39%

B 55% 37% 42%

Índice de satisfação A 0,53 0,92 0,96

B 0,57 1,00 1,17

Fonte: Wyatt e Marriot (1956) apud Iida (2005)

Este estudo mostrou que os índices de satisfação e interesse no trabalho livre é

praticamente o dobro quando comparado a linha de produção motorizada, isto é, ao ritmo

constante e a linha de produção com ritmo irregular apresenta valores intermediários com

relação aos outros dois processos apresentados. Desta forma, se for imposto ao trabalhador

um ritmo constante, este apresentará os piores resultados quando realizado neste mesmo tipo

de situação (IIDA, 2005).

Com relação à motivação, esta é um fator que faz com que o ser humano persista até

atingir um determinado propósito ou objetivo, podendo ser em curto ou longo prazo, mas que

não consegue ser realizado somente através de conhecimento e experiência, e sim através de

alguma coisa que impulsione e determine dando vontade e garra para continuar, deste modo,

esse processo chama-se motivação (IIDA, 2005).

O autor ainda destaca que a habilidade relaciona-se com o domínio e experiência do

trabalhador, e a motivação, é a decisão de executar o trabalho. Para que uma tarefa

considerada monótona e rotineira seja transformada em outra, mais atraente e

consequentemente motivadora, alguns fatores podem ser executados, entre eles: o

estabelecimento de metas; realização de desafios aos trabalhadores, assim como informá-los e

recompensá-los.

2.5 Fatores físico-ambientais no trabalho

Os fatores ambientais podem prejudicar a saúde, a segurança e o conforto dos

trabalhadores, dentro de uma organização e sua origem pode ser de natureza física ou

química, tais como: ruídos, vibrações, iluminação, clima, substâncias químicas, radiação, e

poluição microbiológica, como bactérias e fungos (DUL; WEERDMEESTER, 2004). Para

49

Iida (2005), além de causar um grande desconforto e ocasionar problemas a saúde das

pessoas, um ambiente desfavorável intensifica a probabilidade de ocorrerem acidentes.

2.5.1 Ruído

Para ruído existem distintas concepções, uma delas considera o mesmo como um

som indesejável, no entanto, pode-se afirmar que esse mesmo som pode ser desejável para

algumas pessoas e indesejável para outras. Neste contexto, outra definição mais operacional,

considera o ruído como um “estímulo auditivo que não contém informações úteis para a tarefa

em execução”. Já fisicamente, o ruído é considerado como uma combinação complexa de

vibrações, medido em escala logarítmica, e sua unidade é o decibel (dB) (IIDA, 2005).

Contudo, existem normas que regulamentam o nível de exposição ao ruído, como a

NHO 01 (Norma de Higiene Ocupacional) (OSHA, 1980) que prescreve critérios e

procedimentos para avaliar a exposição ocupacional ao ruído contínuo ou intermitente e ao

ruído de impacto ou impulsivo, assim como, a NR 15 (MTE, 1978), que trata sobre as

Atividades e Operações Insalubres dentro de um ambiente de trabalho.

Assim, sabe-se que o principal sintoma quando se tem uma presença elevada no nível

de ruído é a surdez, onde o trabalhador começa primeiramente a sentir dificuldades cada vez

maiores para entender a linguagem nos ambientes barulhentos, podendo provocar uma

redução na concentração e uma interferência na comunicação, ocorrendo também em

ambientes com níveis de ruídos considerados relativamente baixos (DUL;

WEERDMEESTER, 2004).

A NR 15 determina os limites máximos de tolerância para os níveis de ruído dentro

do ambiente de trabalho, para que esses efeitos possam ser reduzidos, conforme apresenta a

Figura 34.

Figura 34 - Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente Nível de Ruído dB (A) Máxima

Exposição Diária Permissível

Nível de Ruído dB (A) Máxima

Exposição Diária Permissível

85 8 h 98 1 h e 15 min.

86 7 h 100 1 h

87 6 h 102 45 min.

88 5 h 104 35 min.

89 4 h e 30 min. 105 30 min.

90 4 h 106 25 min.

50

91 3 h e 30 min. 108 20 min.

92 3 horas 110 15 min.

93 2 h 40 min. 112 10 min.

94 2 h e 15 min. 114 8 min.

95 2 h 115 7 min.

96 1 h e 45 min.

Fonte: NR-15 (MTE, 1978)

Desta maneira, como apresentado, a norma prevê que para uma jornada diária de

trabalho, com duração de oito horas, o nível de ruído máximo permissível é de 85 dB(A), e

conforme aumenta-se a intensidade, o tempo de exposição deve ser reduzido, sendo o limite

máximo 115 dB(A) para um tempo de exposição de sete minutos diários.

Para contornar tal problema, existem algumas maneiras que podem ser aplicadas para

que haja uma redução ou eliminação dos efeitos nocivos dos fatores ambientais, tais como:

redução do ruído na fonte, redução do ruído pelo projeto e organização do trabalho e

utilização de proteção nos ouvidos. A primeira delas é considerada como umas das principais

formas para diminuir tal ruído, podendo ser realizada com a seleção de métodos e máquinas

mais silenciosas, como também a manutenção e confinamento das maquinas mais ruidosas.

A segunda pode ser realizada com a separação do trabalho barulhento com o

silencioso, como também manter uma distância que seja suficiente da fonte de ruído, com a

utilização de barreiras acústicas, como o teto e piso acústico. Por fim, a terceira opção é a

utilização de protetores auriculares, que devem ser adaptados ao ruído e ao usuário (DUL;

WEERDMEESTER, 2004).

2.5.2 Iluminação

As recomendações para uma boa e agradável visibilidade dependem da intensidade

de luz que incidir sobre uma superfície de trabalho, é expresso em lux e varia conforme as

atividades a serem desenvolvidas. Já a luminância ou brilho, é representada pela quantidade

de luz refletida para os olhos, é medida em candela por m² (cd/m²) (DUL;

WEERDMEESTER, 2004).

Assim, avaliar a iluminação em um posto de trabalho significa quantificar a

iluminância, isto é, o fluxo luminoso recebido por unidade de área, para posteriormente

realizar uma comparação com os valores mínimos que a legislação brasileira estabelece como

51

também obter as condições adequadas de iluminação as determinadas atividades realizadas

em tais locais (SESI, 2007).

Os autores afirmam que para mensurar a quantidade de luz, é preciso realizar

distinções entre a luz ambiental, a iluminação ambiental e a iluminação especial. No primeiro

caso, uma luz ambiental de 10 a 200 lux já é satisfatório para locais que não exigem trabalhos

exigentes, tais como: corredores, depósitos e lugares que não requerem leituras. Para tarefas

normais, uma intensidade de luz de 200 a 800 lux é suficiente, tarefas essas, como a leitura de

livros, montagem de peças e operações com máquinas.

Neste contexto, as tarefas especiais exigem uma intensidade luminosa de 800 a 3000

lux, isto é, quando existir grandes necessidades visuais, deve-se aumentar o nível de

iluminação e assim, aplicar um foco de luz diretamente sobre o trabalho proposto. No entanto,

deve buscar evitar grandes diferenças de brilho entre objetos ou superfícies no campo visual

se tornam inadequados, assim, na Figura 35 é apresentado o que acontece com a percepção

diante das diferenças de brilho.

Figura 35 - Razões de brilho entre figura e fundo não devem ser muito elevadas Razão de brilho

figura/fundo Percepção da figura

1 Imperceptível

2 Moderada 10 Alta 30 Bem alta

100 Exagerada, desagradável 300 Desagradável ao extremo

Fonte: DUL e WEERDMEESTER (2004)

Os autores dividem o campo visual em três níveis de brilho, sendo elas: área da

tarefa, área circunvizinha e ambiente geral. A regra é simples, a diferença do brilho entre a

área da tarefa e a área circunvizinha não podem ser superiores a três vezes, e a diferença entre

a área da tarefa e o ambiente geral não pode ser superior a dez vezes, para que não venha a

causar fadiga e incômodos visuais, mas também os autores asseguram que algumas diferenças

muito pequenas devem evitadas, pois semelhanças e homogeneidade causam monotonia e

acaba dificultando a concentração.

Vale ressaltar que a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), em sua

norma - Iluminância de Interiores (NBR 5413) – descreve que esta é o “limite da razão do

fluxo luminoso recebido pela superfície em torno de um ponto considerado, para a área da

superfície quando esta tende para o zero”. Neste contexto, esta norma descreve a iluminância

52

por classe de tarefas visuais, como também por tipo de atividade, a primeira delas é

apresentada na Figura 36.

Figura 36 - Iluminâncias por classe de tarefas visuais Classe Iluminância (luz) Tipo de atividade

A Iluminação geral para áreas usadas interruptamente ou com tarefas visuais simples

20 - 30 – 50 Áreas públicas com arredores escuros

50 - 75 – 100 Orientação simples para permanência curta

100 - 150 – 200 Recintos não usados para trabalho contínuo; depósitos

200 - 300 – 500 Tarefas com requisitos visuais limitados, trabalho bruto de maquinaria, auditórios

B Iluminação geral para área de trabalho

500 - 750 – 1000 Tarefas com requisitos visuais normais, trabalho médio de maquinaria, escritórios

1000 - 1500 – 2000 Tarefas com requisitos especiais, gravação manual, inspeção, indústria de roupas.

C Iluminação adicional para tarefas visuais difíceis

2000 - 3000 – 5000 Tarefas visuais exatas e prolongadas, eletrônica de tamanho pequeno

5000 - 7500 – 10000 Tarefas visuais muito exatas, montagem de Microeletrônica

10000 - 15000 – 20000 Tarefas visuais muito especiais, cirurgia

Fonte: NBR 5413

Esta norma recomenda que para definir os valores para a iluminância, deve se

considerar alguns fatores, conforme observados na Figura 37.

Figura 37 - Fatores determinantes da iluminância adequada Características da tarefa e do observador

Pontuação

-1 0 +1

Idade Inferior a 40 anos 40 a 55 anos Superior a 55 anos Velocidade e precisão Sem importância Importante Crítica Refletância do fundo da tarefa Superior a 70% 30 a 70% Inferior a 30%

Fonte: NBR 5413

Conforme apresentado, a iluminância é determinada por três fatores, onde

primeiramente, analisam-se cada uma das características e assim, é determinada sua

pontuação. Logo após, soma-se os respectivos valores encontrados, algebricamente, isto é,

considerando-se o sinal. Por fim, utiliza-se o valor da iluminância inferior, quando o valor

total encontrado for igual a -2 ou -3; é utilizado o valor da iluminância superior, quando a

soma for +2 ou +3; e a iluminância média, nos outros casos.

Na iluminância por tipo de atividade, consideram-se três valores, onde geralmente

utiliza-se o valor do meio. Neste trabalho, consideram-se apenas as atividades das centrais

elétricas e tratamento de carvão, apresentados na Figura 38.

53

Figura 38 - Iluminância por tipo de atividade Tipo de atividade Iluminância (luz)

Centrais elétricas

Equipamento de ar condicionado, instalação de ventilação, condensadores de cinza, instalação ventiladora para fuligem e cinza;

100 - 150 - 200

Ferramentas acessórias, como baterias acumuladoras, tubulações alimentadoras de caldeiras, compressores e jogos de instrumentos afins;

100 - 150 - 200

Plataformas de caldeiras; alimentação de combustível; transportadores de carvão, trituradores e instalação para pó de carvão;

100 - 150 - 200

Embasamento da turbina; sala da turbina; - instalações de hidrogênio e CO; salas para amolecimento de água;

100 - 150 - 200

Laboratório químico; salas de controle (quadro distribuidor) e salas grandes de controle centralizado;

300 - 500 - 750

Salas pequenas de controle simples. 200 - 300 - 500

Tratamento de carvão

Trituração, peneiramento, lavagem 150 - 200 - 300 Classificação (correia transportadora) 200 - 300 - 500

Fonte: Adaptado da NBR 5413

É extremamente necessário planejar corretamente a iluminação e as cores,

aumentando assim, a satisfação dos funcionários em seu ambiente de trabalho, melhorando a

produtividade, reduzindo a fadiga, como também os acidentes (IIDA, 2005). Contudo, os

autores Kroemer e Grandjean (2005) destacam que proporcionar uma boa iluminação é um

trabalho que pode ser facilmente compreendido, e que pode ser tecnicamente bem realizado,

dependendo dos esforços realizados pelo ergonomista.

Para que haja uma melhoria na iluminação, a intensidade luminosa deve ser

satisfatória e suficiente sobre os objetos, como também buscar evitar diferenças excessivas de

brilho nos campos visuais (DUL; WEERDMEESTER, 2004). Desta maneira, os autores

propõem a melhorar a legibilidade das informações, assim como harmonizar a iluminação do

local com a luz ambiental, ou utilizar a luz natural para o ambiente, como também quebrar as

incidências de luz que refletem diretamente nos olhos e buscar evitar reflexos e sombras, que

podem ser diminuídos com a utilização da luz difusa, evitando também oscilações de luz

fluorescente.

2.5.3 Conforto térmico

Um clima confortável dentro de um ambiente de trabalho é aquele que agrada e

satisfaz a diversas condições, entre elas: temperatura do ar, calor radiante, velocidade do ar e

umidade relativa, como também fatores relacionados ao trabalhador como a atividade física

54

desenvolvida e o vestuário utilizado (DUL; WEERDMEESTER, 2004). Iida (2005), afirma

que muitas vezes o local de trabalho pode oferecer condições muito desfavoráveis para o

trabalhador e que se exposto diariamente a temperaturas elevadas, seu organismo começa a

adequar-se a muitas transformações fisiológicas, como o aumento do ritmo cardíaco e da

temperatura média do corpo.

Dul e Weerdmeester (2004), destacam que o conforto térmico vai depender de cada

indivíduo e, sempre que possível o clima deve ser regulado conforme o interesse dos mesmos.

Assim, são apresentadas, na Figura 39, as faixas de conforto para diversos tipos de atividades,

e as mesmas foram elaboradas com uma umidade relativa de 30 e 70%, com uma velocidade

do ar inferior a 0,1 m/s e com utilização de roupas normais. Os autores ainda evidenciam que

no Brasil, provavelmente as temperaturas podem ser aumentadas de 3 a 5 graus, para estarem

mais confortáveis, pois as mesmas foram realizadas em um clima temperado.

Figura 39 - Temperaturas do ar recomendadas para vários tipos de esforços físicos

Tipo de trabalho Temperatura

do ar (°C)

Trabalho intelectual, sentado 18 a 24

Trabalho manual leve, sentado 16 a 22 Trabalho manual leve, em pé 15 a 21 Trabalho manual pesado, em pé 14 a 20 Trabalho pesado 13 a 19

Fonte: DUL e WEERDMEESTER (2004)

Os autores ainda afirmam que os fatores que afetam o conforto térmico é o ar estar

muito úmido, isto é, acima de 70% ou muito seco, abaixo de 30%. No primeiro caso, pode

causar diversos problemas, entre eles: irritações nos olhos e mucosas, como também riscos de

incêndios e choques, assim como interferências em alguns equipamentos. Já no segundo caso,

ou seja, quando o ar estar saturado, o mesmo dificulta a evaporação do suor, causando

desconfortos para trabalhos mais pesados. No entanto, este problema pode ser resolvido de

maneira simples: retirando ou adicionando água no ambiente estudado.

Para evitar um maior desconforto térmico, DUL e WEERDMEESTER (2004),

determinam que o ergonomista deva buscar sempre que possível, evitar superfícies radiantes

muito quentes, ou muito frias, como também não existir correntes de ar, principalmente se

esta for superior a 0,1 m/s, como também evitar frio e calor muito excessivo, pois podem

causar uma sobrecarga energética no corpo, especialmente nos pulmões e coração, assim

como ocasionar uma queimadura ou congelamento.

55

Os objetos e materiais utilizados pelos trabalhadores não devem estar muito quentes

ou frios, assim os autores recomendam que materiais metálicos devam estar em uma

temperatura acima de 5°C, podendo estar abaixo desta temperatura, apenas materiais

isolantes, como plástico e madeira. Por este motivo, na Figura 40 são mostrados os tempos

máximos para contato em superfícies quentes, evitando assim queimaduras na pele.

Figura 40 - Temperaturas do ar recomendadas para vários tipos de esforços físicos

Tipo de material Temperatura

do ar (°C) Duração

do contato

Metais 50 Até 1 minuto

Vidros, cerâmicas, concreto 55 Até 1 minuto Plásticos, madeira 60 Até 1 minuto Todos os materiais 48 Até 10 minutos Todos os materiais 43 Até 8 horas

Fonte: DUL e WEERDMEESTER (2004)

Assim, torna-se necessário um controle para as temperaturas tanto quentes como

frias, e para que isso seja possível, Dul e Weerdmeester (2004), propõem alguns critérios, tais

como: procurar agrupar tarefas que exigem o mesmo esforço físico; ajustar as tarefas

conforme o clima externo; ajustar a velocidade do ar; reduzir os efeitos do calor radiante;

limitar a exposição ao calor ou frio muito intenso e utilizar roupas apropriadas. Assim, com

essas medidas, é possível reduzir os impactos negativos do clima quanto ao conforto térmico

em um ambiente de trabalho.

Além da norma NR 15 também existe a Norma de Higiene Ocupacional (NHO 06)

que avalia a exposição ocupacional ao calor, para que não acarrete em uma sobrecarga

térmica aos trabalhadores. Esta norma, ainda permite determinar o Índice de Bulbo Úmido

Termômetro de Globo (IBUTG), considerada como a “média ponderada no tempo dos

diversos valores de IBUTG obtidos em um intervalo de 60 minutos corridos”, podendo ser

medido com a utilização de equipamento convencional ou com equipamento eletrônico.

A norma prescreve o cálculo deste índice, com relação aos ambientes internos ou

externos sem carga solar direta, deve ser calculado pela Equação 1, já para ambientes externos

com carga solar direta, pela Equação 2.

IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg (1)

IBUTG = 0,7 tbn + 0,2 tg + 0,1 tbs (2)

onde,

tbn: temperatura de bulbo úmido natural em °C

56

tg: temperatura de globo em °C

tbs: temperatura de bulbo seco (temperatura do ar) em °C

Para complementar, a norma NHO 06 ainda disponibiliza alguns dados constantes,

para determinar as taxas metabólicas relativas às várias atividades físicas que o trabalhador

possa exercer. Já a norma NR 15 descreve os limites máximos de exposição que o trabalhador

pode estar sujeito, e em caso contrário, ou seja, com valores acima desses pode vir a causar

danos à saúde dos mesmos, conforme apresentado na Figura 41.

Figura 41 - Limites de exposição ao calor, com períodos de descanso no próprio local Regime de trabalho e

de descanso Tipo de atividade

Leve (°C) Moderada (°C) Pesada(°C)

Trabalho contínuo até 30,0 até 26,7 até 25,0

45 min trabalho 15 min descanço

30,1 a 30,6 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9

30 min trabalho 30 min descanço

30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 20,6 a 27,9

15 min trabalho 45 min descanço

31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0

Trabalho com exigências de medidas adequadas de controle

acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30,0

Fonte: NR 15 – Quadro 1 do Anexo 3 – Ministério do Trabalho

Assim, o índice IBUTG leva ainda em consideração o tipo de atividade

desenvolvida, podendo ser leve, moderada ou pesada, que pode ser avaliada segundo sua

classe ou por tarefa executada (quantificando a tarefa em kcal/h).

Neste sentido, a legislação brasileira prevê um regime de trabalho

(Trabalho/Descanso) em função do valor do IBUTG e do tipo de atividade de acordo com

duas situações: regime de trabalho intermitente com períodos de descanso no próprio local e

regime de trabalho intermitente com descanso em outro local. Tais tempos de descanso são os

períodos trabalhados para todos os fins legais. Onde a determinação dos tipos de atividade por

classes ou a quantificação de calor metabólico são dadas pela Figura 42.

Figura 42 - Taxas de Metabolismo por Tipo de Atividade (NR-15) Tipo de atividade Kcal/h

SENTADO EM REPOUSO 100 TRABALHO LEVE Sentado, movimentos moderados com braços e tronco; exemplo: datilografia.

125

Sentado, movimentos moderados com braços e pernas; exemplo: dirigir. 150

57

De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, principalmente com os braços.

150

TRABALHO MODERADO Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas. 180 De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimentação. 175 De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação.

220

Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar. 300 TRABALHO PESADO Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar peso; exemplo: remoção com pá.

440

Trabalho fatigante. 550 Fonte: NR 15 – Quadro 3 do Anexo 3 – Ministério do Trabalho

Sabe-se que o clima, mas principalmente a temperatura e a umidade ambiental são

fatores que influenciam diretamente na execução das atividades e trabalho. Assim, diversas

pesquisas foram realizadas, mas especificamente uma realizada numa mina de carvão,

realizada pelos autores Bredford e Vernon (1922) apud Iida (2005) comprovou que é

extremamente necessário realizar pausas a partir de 19°C e que esse índice aumenta

consideravelmente a partir de 24°C, e que após 20°C a frequência relativa de acidentes

também aumenta.

Esta pesquisa também mostrou que a 28°C a eficiência do trabalho era 41% menor

do que a 19°C e que abaixo desta temperatura, tanto as pausas como o índice de acidentes

aumentaram, no entanto, bem lentamente. Vale destacar que esses dados foram mais

acentuados em trabalhadores acima de 45 anos (IIDA, 2005).

2.6 Fatores organizacionais no trabalho

A organização no trabalho esta é disposta geralmente de forma estruturada, conforme

observada na Figura 43 (DUL; WEERDMEESTER, 2004).

Figura 43 - Desdobramento representativo desde o nível organizacional até o nível das ações

Fonte: Adaptado de DUL e WEERDMEESTER (2004)

Cargos

Tarefas

Ações /Atividades

Organização

58

Assim, tal desdobramento representa que as atividades realizadas pelos trabalhadores

são interligadas entre si, mas divididas em diversos setores. Entretanto, as pessoas que

trabalham em tais setores, desempenham um determinado cargo, e assim, executam

determinadas tarefas e ações.

Iida (2005) destaca que um dos maiores problemas enfrentados pelos funcionários

são os relacionados com o estresse, fadiga e monotonia, entre outros, que geralmente são

ocasionados por exigências, alta concorrência e até mesmo algumas divergências. No entanto,

estes fatores podem ser amenizados se houver uma correta distribuição de tarefas, uma boa

seleção e treinamento dos trabalhadores, assim como a determinação de um plano salarial e de

carreira, mas, sobretudo a importância de manter um bom relacionamento com os mesmos. O

autor ainda destaca a importância de uma boa alocação do trabalhador em uma equipe de

trabalho e a influencia do trabalho noturno e suas significativas e consideráveis diferenças do

trabalho diurno.

Em um projeto organizacional, primeiramente é necessário definir os cargos e tarefas

para depois estabelecer os objetivos da organização. Logo após, é importante a realização da

descrição de todas as tarefas, para que assim sejam cumpridos os objetivos propostos (DUL e

WEERDMEESTER, 2004).

Para Iida (2005), cargo pode ser definido como todas as obrigações que devem ser

desempenhadas pelo trabalhador, ou seja, as tarefas e atribuições deste. Já, a tarefa é um

conjunto que contém as atribuições do cargo. O autor ainda destaca que é importante

diferenciar a tarefa da atividade, pois na AET existe uma diferença conceitual, mas na prática,

estas podem ter o mesmo sentido, principalmente em organizações onde não se tem

formalizados as descrições dos cargos.

Contudo, o termo atividade, que de acordo com a AET é a execução da tarefa,

podendo conter várias ações, na prática, pode-se confundir com a mesma, e, em muitas vezes

ser compreendido como ação. Desta maneira, o cargo é formado por várias tarefas, e estas

tendem a se desdobrar em várias ações (IIDA, 2005).

2.6.1 A Organização do trabalho em turnos

As organizações geralmente adotam um sistema de turnos fixos ou rotativos. No

primeiro caso, os funcionários possuem um horário fixo de trabalho, que não se modifica. Já

no sistema de turnos rotativos, uma mesma pessoa trabalha alternando frequentemente seus

59

períodos de trabalho. Assim, tais sistemas apresentam vantagens e desvantagens, no entanto,

trabalhos em turnos rotativos apresentam maiores problemas do ponto de vista fisiológico,

mas em trabalhos com turnos fixos há visíveis prejuízos com relação aos compromissos

sociais do trabalhador (IIDA, 2005).

O autor destaca que alguns critérios fisiológicos podem ser adotados para determinar

um sistema de turnos adequado, evitando prejuízos ao sono e estabelecendo as folgas

necessárias ao trabalhador, são eles: evitar jornada superior a 8 horas de jornada de trabalho;

limitar os dias consecutivos de trabalho noturno; a cada dia de trabalho noturno deve ser

seguido de uma folga de 24 horas; folga de dois dias consecutivos pelo menos uma vez ao

mês e a quantidade total de folgas durante o ano deve ser pelo menos equivalente ao dos

trabalhadores de um único turno.

Nesta perspectiva Silva (2008) apresenta em seu trabalho, uma revisão com base em

77 artigos sobre trabalhos em turnos fixos e alternados que foram avaliados e classificados

quanto aos fatores humanos e problemas relacionados ao trabalho em turno. No primeiro caso,

encontram-se as características físicas, psíquicas e sociais das pessoas que se inter relacionam

com a organização do trabalho e foram agrupados em três categorias: pessoais, ocupacionais e

psico-organizacionais. Com relação a problemas ergonômicos no trabalho em turnos, cerca de

40% das pesquisas averiguaram a relação entre o sono e o trabalho noturno, e apresentou no

mínimo um problema relacionado ao trabalho em turnos.

O autor ainda destaca que dependendo das características da organização do trabalho,

esta pode vir a afetar diretamente a vida dos trabalhadores, causando diversas doenças, entre

elas físicas, psicológicas e sociais. Entretanto, as empresas também podem ser prejudicadas

por este trabalho, e sofrer consequências como a variabilidade na produção e a qualidade dos

produtos. Assim, torna-se necessário um sistema que venha a favorecer uma adaptação das

tarefas e atividades ao trabalhador, reduzindo os problemas ergonômicos.

2.6.2 O trabalho noturno

Um caso particular do trabalho em turno que demanda atenção é o caso do trabalho

noturno, pois as características do ritmo circadiano acabam dificultando uma adaptação do

ciclo do trabalhador para a realização de tais atividades, provocando diversos problemas na

vida destes trabalhadores (COSTA, 1996).

60

No entanto, o trabalho ininterrupto está cada vez mais imprescindível, e suas razões

são principalmente econômicas, como também, pelo fato de muitas indústrias não poderem

ser paralisadas, entre elas: as refinarias de petróleo, usinas siderúrgicas e indústrias químicas,

outros serviços como, polícia, hospital, transporte, entre outros, também exigem o trabalho

noturno (IIDA, 2005; KROEMER e GRANDJEAN, 2005).

Iida (2005) destaca que nos EUA é estimado que aproximadamente 26% dos

trabalhadores, exercem suas atividades no período noturno. Entretanto, embora o trabalho

noturno seja necessário, ele exige uma atividade do organismo no momento em que o mesmo,

está predisposto a descansar, ou seja, se recuperar e repor suas energias, resultando assim em

problemas fisiológicos e psicológicos.

Existem diversos estudos que demonstram a relação entre gênero e o trabalho

noturno, assim como a sua influencia no sono, no cotidiano e na vivencia das pessoas. Este

trabalho apresenta efeitos bem maiores em mulheres, principalmente as que possuem filhos,

influenciando assim, na sua vida pessoal como profissionalmente (ROTENBERG, 2001 apud

SILVA, 2008).

Assim, Kroemer e Grandjean (2005) apresentam as diversas doenças ocupacionais

podem surgir nos trabalhadores, entre elas, encontra-se: o cansaço, mesmo após períodos de

sono; irritabilidade mental; tendência para depressão; perda total da vitalidade e pouca

atenção e interesse no trabalho, conforme apresenta a Figura 44.

Figura 44 - Diagrama ilustrativo das causas e dos sintomas de doenças ocupacionais entre trabalhadores de turnos que periodicamente trabalham à noite

Fonte: Adaptado de Kroemer e Grandjean (2005)

NoiteDia

Perturbação dos ritmos circadianos

TrabalhoSono

Sono insuficiente

Fadiga crônica

Problemas nervosos Problemas digestivos

61

Já Iida (2005) destaca que os fatores que influenciam na execução do trabalho

noturno, estão relacionados com o ritmo circadiano, com as diferenças individuais, o tipo de

atividade, desempenho e a saúde dos trabalhadores, assim como as consequências sociais para

os mesmos.

Nesta percepção, é que a Ergonomia tem como responsabilidade a realização de um

planejamento correto do trabalho, e evitar que o trabalho em turno gere ao trabalhador

problemas relacionado à saúde, como também a sua vida social (KROEMER e

GRANDJEAN, 2005).

62

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo são apresentados os procedimentos metodológicos adotados na

pesquisa, os quais foram estruturados em cinco etapas. Na Figura 45 apresentam-se

resumidamente as fases de modo a facilitar a compreensão e o entendimento dos

procedimentos realizados para atender aos objetivos propostos.

Figura 45 - Estrutura geral dos procedimentos metodológicos

Fonte: Elaborado pela autora

3.1 Objeto de estudo

Este estudo será desenvolvido em uma Usina Termelétrica, localizada na cidade de

Candiota, Rio Grande do Sul. A história deste complexo termelétrico começou na década de

1950, com as primeiras pesquisas sobre o aproveitamento do carvão mineral da região para

geração de energia elétrica. A partir disso, em 1961 foi inaugurada Candiota I (Fase A), a

Diagnóstico

Proposição de Melhorias

•Aplicação das ferramentas de análise;•Aplicação de tratamento estatístico nos dados coletados.

•Elaboração de um relatório com parecer técnico;•Projetos gráficos;•Orientações.

Etapa 4

Etapa 5

Análise da Tarefa

Análise da Atividade

•Levantamento junto aos responsáveis;•Levantamento de documentos;•Entrevistas.

•Entrevistas;•Registro de imagens;•Levantamento dos fatores físico-ambientais.

Etapa 2

Etapa 3

Análise da Demanda•Visitas “in loco”;•Entrevistas com os envolvidos;•Levantamento de laudos internos da empresa.

Etapa 1

Procedimentos adotados:Procedimentos a realizar:

63

primeira usina desse complexo e em 1974, Candiota II (Fase B), ambas do tipo térmica a

vapor, que totalizou 446 MW instalados. Já em 2011, entrou em operação comercial Candiota

III (Fase C), possuindo uma capacidade instalada de 350 MW de energia elétrica, suficientes

para suprir cerca de 15% da necessidade do estado. A energia produzida abastece não apenas

o município de Candiota, mas diversas outras cidades do Rio Grande do Sul, conferindo

grande importância econômica a estes locais.

A principal característica dessas usinas (Fases A, B e C) consiste no abastecimento

por carvão mineral, fornecido pela Cia Riograndense de Mineração (CRM), o qual possui

poder calorífico de 2.600 a 3.200 Kcal/Kg, com taxa de produção de cinza equivalente a 52,2

a 59,0%.

Indenpendente da unidade pode-se afirmar que os ambientes encontrados nas usinas

em questão são extremamente complexos do ponto de vista dos riscos à saúde e segurança. A

título de exemplo, pode-se apontar de uma uma notícia veiculada em um noticiário de

abrangência nacional que tratava sobre a produção de energia elétrica e mais especificamente,

sobre o uso do carvão mineral, na qual mostrava-se que tais usinas apresentam a liberação de

poluentes nocivos ao extremo, tais como: óxido de nitrogênio, enxofre e mercúrio metálico.

Segundo relato da própria notícia, este impacto tem sido reduzido com grandes investimentos

em tecnologias, como a que foi utilizada na Fase C da unidade de Candiota, que consome

menos carvão para gerar a mesma energia e consequentemente é mais eficiente (GLOBO,

2012).

Com relação ao processo do funcionamento da usina, este é realizado em cinco

etapas, conforme apresentadas a seguir:

– Extração e Transporte do Carvão: o carvão mineral é extraído da mina de Candiota,

a céu aberto, no município de Candiota/RS. Sua fragmentação é feita com detonações de

dinamite e, posteriormente, britagem para uniformizar o tamanho dos pedaços. O transporte

para o abastecimento da usina, distante 2,5 km da mina, é realizado por correias

transportadoras.

– Preparação e queima do carvão: na usina, o carvão é armazenado em silos. Antes

de ser conduzido para as fornalhas das caldeiras para queima, o carvão passa pelos moinhos

pulverizadores, que moem o carvão até o mesmo virar pó, desta forma o aproveitamento

térmico é melhor.

Posteriormente, o pó é injetado por um conjunto de ventiladores na fornalha das

caldeiras para a queima em suspensão. Nas fases “A” e “B”, os gases ou a fumaça antes de ser

expelida pela chaminé, passa por filtros para retenção das Cinzas. Na Fase “C” a fumaça

64

passa por um sistema de abatimento de partículas e sulfurização, evitando assim danos ao

meio ambiente.

– Produção de vapor: o calor liberado pela queima do carvão, atingindo até

1.300°C é transferido para a água que circula nos tubos que envolvem a fornalha.

Desta forma é produzido o vapor que no final – fase de injeção na turbina, atinge

540°C.

– Transformação do calor em energia mecânica: a energia térmica liberada pelo

carvão é transportada pelo vapor superaquecido até a turbina a vapor. A energia

térmica contida no vapor é transformada em energia de velocidade, ou energia

cinética. Essa transformação ocorre quando os bocais injetores dirigem o vapor

em alta velocidade sobre as palhetas móveis das rodas do rotor da turbina,

fazendo-a girar.

– Transformação da energia mecânica em energia elétrica: o gerador de energia

está acoplado diretamente ao eixo da turbina a vapor. Girando as rodas das

turbinas, o gerador de energia também gira, induzindo uma tensão (voltagem) e

uma corrente elétrica. A conjugação da tensão com a corrente representa energia

elétrica. Assim, após esses processos e transformações está gerada a energia

elétrica através do calor da queima do carvão.

3.2 Análise da demanda

Nesta fase do trabalho, primeiramente foi realizado um reconhecimento inicial da

empresa em questão, visando identificar principalmente quais as situações de trabalho que

demandariam maior atenção no presente estudo. Para caracterizar a referida demanda

primeiramente foram realizadas visitas in loco, onde foi feito um levantamento dos dados por

meio de relatos das pessoas envolvidas, sendo elas: enfermeiro, psicólogo, engenheiros

químicos, e de segurança, bem como técnicos químicos e em segurança. Vale destacar que

também foram entrevistados também trabalhadores do nível operacional.

A priorização dos locais e processos a serem estudados de forma mais aprofundada

durante a análise da tarefa foi realizada por meio de instrumentos específicos como um

questionário de priorização, apresentado na Figura 46. Onde foi pedido a cada um dos

entrevistados que respondessem a este questionário, com vistas à priorização dos setores com

65

relação aos locais mais críticos, e este foi baseado nos fatores de risco apresentados

anteriormente, onde a escala continha uma variação de 1 a 11, onde 1 representa o fator mais

crítico, o 10 o menos crítico, sendo o 11 uma sugestão por parte dos trabalhadores.

Figura 46 - Questionário de priorização Se você tomar ações de melhoria para o área que você convive qual a ordem de

prioridade que você gostaria que esta intervenção acontecesse? Prioridade

1. Aspectos físicos - Estudaria meios de melhorar as posturas de trabalho

2. Procuraria achar meios de reduzir os desgaste por esforço físico 3. Procuraria resolver problemas que levam à ocorrência de Estresse e fadiga (esforço mental)

4. Procuraria resolver problemas que levam à ocorrência de tédio? 5. Procuraria resolver problemas que levam à ocorrência de monotonia? 6. Procuraria resolver problemas que levam à ocorrência de motivação? 7. Farias melhorias para adequar o ruído? 8. Farias melhorias para adequar a temperatura? 9. Farias melhorias para adequar a iluminação? 10. Tentaria corrigir os horários de forma aos turnos ficarem mais adequados 11. Outra:

Fonte: Elaborado pela autora

Os critérios de priorização consideraram alguns fatores e índices, tais como: as

Normas Regulamentadoras NR07 e NR09, correspondes respectivamente ao Programa de

Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e Programa de Prevenção de Riscos

Ambientais (PPRA), através dos registros ambulatoriais, observações, medições, fotografias,

check lists, entrevistas com os funcionário, entre outros. As entrevistas foram realizadas a

partir de questionários semi-estruturados, com perguntas previamente elaboradas e

concentrando-se apenas no assunto de interesse. Como foi autorizado pelo entrevistado,

utilizou-se um gravador de bolso para registro em áudio das colocações dos trabalhadores.

Com base na aplicação dos passos previstos nesta fase, conseguiu-se obter um

mapeamento dos problemas ergonômicos da organização, para assim poder investigar os

locais e processos que possuam maior potencial de risco ergonômico.

3.3 Análise da tarefa

Primeiramente, para a análise da tarefa, foi realizada uma investigação para

determinar quais os locais de trabalho seriam analisados, onde foram avaliadas as tarefas

consideradas mais críticas. Vale ressaltar que esta avaliação foi realizada tanto de forma

quantitativa como qualitativamente.

66

Para a realização desta, foi utilizado diversos métodos, entre eles o uso de

questionários e entrevistas como técnicas subjetivas de uma análise ergonômica. O uso de

questionários se deve pelo fato de ter uma aplicação bastante favorável, permitindo levantar

as opiniões das pessoas entrevistadas, sendo estas os operadores, assim como os responsáveis

pelos setores em análise. Já com relação às entrevistas, estas solicitaram ao operador que

esclarecesse o que, como e o porquê, que realiza determinada atividade.

Nesta análise, buscou-se também avaliar e investigar os procedimentos, como os

métodos de trabalho e as normas utilizadas, assim como as condições: técnicas (materiais,

máquinas, ferramentas, documentos, entre outros); físico-ambientais (ruído, calor e

iluminação); organizacionais e sociais do trabalho.

Neste contexto, posteriormente a aplicação desses passos, concretizou-se uma

avaliação quanto a percepção dos trabalhadores, acerca dos problemas ergonômicos que

acarretam em desconforto na execução de suas tarefas.

3.4 Análise da atividade

Nesta etapa foi realizada uma observação direta em todos os locais de trabalho

escolhidos, com o intuito de identificar possíveis divergências entre o trabalho prescrito e o

que realmente esta sendo realizado pelos trabalhadores nos postos de trabalho, e assim

identificar os fatores de riscos ocupacionais.

Realizou-se entrevistas individuais e coletivas com os trabalhadores para reunir

informações sobre a situação percebida pelos trabalhadores nos seus postos de trabalho, e

assim, compreender o que o funcionário efetivamente executa para atingir os objetivos

propostos.

Após a realização dos passos descritos anteriormente, obteu-se um delineamento

entre as diferenças do trabalho real e o trabalho prescrito, nos locais ou processos de trabalho

considerados mais críticos, visando a análise de posturas, fatores psicofisiológicos, físico-

ambientais e organizacionais do trabalho. Contudo, buscando evidenciar as dificuldades

encontradas para compreender o que o trabalhador executa para atingir os objetivos da

produção.

67

3.5 Diagnóstico

O diagnóstico será elaborado com base nos resultados obtidos, visando delimitar um

sistema de características necessárias e desejáveis para a proposição de melhorias, tais como:

problemas encontrados, fatores psicofisiológicos do trabalho, ou seja, o comportamento dos

trabalhadores quanto a monotonia, a fadiga, erros e estresse dos mesmos, assim como a

análise das condições ambientais, técnicas e organizacionais.

Esta fase objetiva obter o comportamento dessas variáveis no desenvolvimento das

atividades de trabalho, para caracterizar as disfunções do sistema homem-tarefa. Busca-se na

realização do diagnóstico, efetuar uma avaliação e discussão sobre a metodologia aplicada

neste trabalho, e examinar o quanto a mesma contribuirá para a investigação ergonômica,

assim como para a proposição de melhorias.

3.6 Proposição de melhorias

Nesta etapa, serão propostas quando pertinente, melhorias ergonômicas nos locais e

processos da usina termelétrica, visando eliminar ou minimizar os problemas encontrados, e

estas, serão realizadas a partir do diagnóstico das análises efetuadas. Esta fase, é muito

importante, pois visa a intervenção nas suas condições de trabalho dos trabalhadores,

considerando-se as exigências físicas, cognitivas, mentais e psíquicas, os postos de trabalho,

as ferramentas usadas e a organização do trabalho, buscando sempre evitar riscos

ergonômicos e propiciar aos trabalhadores uma boa condição de vida.

68

4 RESULTADOS

Este capítulo apresenta os resultados obtidos a partir da aplicação da proposta

metodológica apresentada no capítulo 3.

4.1 Análise da demanda

A análise da demanda teve como objetivo principal estabelecer o objeto de estudo

que conforme previsto na metodologia, esta foi constituída primeiramente por visitas in loco.

Cabe aqui destacar, que as primeiras visitas objetivaram realizar uma delimitação do campo

de estudo, para posteriormente identificar os setores da empresa considerados mais críticos.

Para isso, primeiramente foi realizado um levantamento das informações gerais conforme

apresentado na Figura 47, o que permitiu compreender melhor o funcionamento da empresa.

Figura 47 - Levantamento das informações gerais da empresa Levantamento de informações

A atividade principal da empresa é a geração de energia elétrica

Os funcionários possuem uma jornada de trabalho de 8h diárias, sendo que alguns setores trabalham em regimes de turnos (sendo das 00:00 as 08:00h; 08:00 as 16:00h; 16:00 as 24:00h )

Possui em seu quadro funcional 519 empregados, onde o ingresso destes se dá por meio de concurso público, conforme estabelece a Constituição Federal de 1988.

Seus funcionários possuem ensino médio; ou ensino médio técnico industrial com formação em eletrotécnica, eletromecânica, mecânica, química industrial, segurança e medicina do trabalho, segurança do trabalho e enfermagem; e ou superior com especialização em engenharia civil, elétrica, eletrônica, mecânica e química; administração; advocacia; analista de sistemas; contador, enfermagem, assistente social e psicologia.

Por ser uma empresa de grande porte, e formada por um sistema com vários equipamentos, esta possue uma série de normas em relação aos seus equipamentos, seu projeto civil, arquitetônico, mecânico, elétrico, entre outros.

Os trabalhadores estão expostos a agentes físicos como ruído, temperatura, iluminação e vibração; a agentes químicos como poeira mineral, reagentes químicos, hidrocarbonetos, fumos metálicos; a agentes biológicos (animais, plantas, bactérias, fungos, protozoários, entre outros) e a fatores ergonômicos, principalmente relacionados ao mobiliário e a postura corporal.

Fonte: Elaborado pela autora

Verificou-se que a empresa em estudo é dividida em três unidades físicas, sendo

denominadas Fase A, Fase B e Fase C. Estas unidades foram sendo assim denominadas em

função da ordem cronológica em que foram construídas, sendo que a Fase A ficou pronta em

1974, a Fase B em 1986 e a Fase C em 2011. No presente trabalho foram estudadas apenas as

Fases A e B, que possuem em conjunto 377 funcionários e são divididas em 23 setores,

69

concentrados em três grandes departamentos, a administração, a manutenção e a operação.

Uma vista geral destas duas unidades é apresentada na Figura 48. Desta forma, posteriormente

foram realizadas as entrevistas em alguns setores da empresa, correspondentes as Fases A e B.

A Figura 49, por sua vez, apresenta a divisão dos setores estudados.

Figura 48 - Vista geral da empresa

Fonte: Elaborado pela autora

Figura 49 - Divisão dos setores da empresa, correspondentes as Fases A e B

Divisão dos setores

1. Coordenação 9. Divisão de patrimônio e demonstrações contábeis de Candiota

17. Divisão de engenharia e meio ambiente

2. Departamento administrativo 10. Planejamento de manutenção 18. Escritório da operação

3. Recursos humanos 11. Divisão de planejamento, programação e controle

19. Setor de operação “A”

4. Segurança e medicina do trabalho

12. Tecnologia da informação 20. Setor de operação “B”

5. Divisão de suprimentos e administração de materiais

13. Planejamento e controle de manutenção

21. Setor de operação “C”

6. Suprimentos e contratos 14. Manutenção 22. Setor de operação “D”

7. Almoxarifado 15. Divisão de manutenção mecânica e civil

23. Setor de operação “E”

8. Departamento financeiro 16. Manutenção elétrica eletrônica e instrumentação

Fonte: Elaborado pela autora

As primeiras entrevistas aconteceram com os trabalhadores do setor de Segurança e

Medicina do Trabalho, sendo estes: enfermeiro, técnicos em segurança do trabalho, e em

enfermagem, assistente social e psicólogo. É importante destacar, que um dos objetivos da

entrevista era descobrir por parte dos entrevistados quais os setores apresentavam os maiores

Fase C

Fases A e B

índices de riscos relativamente

tédio, monotonia e motivação

aos fatores organizacionais

relacionados à postura na rotina de trabalho.

Para tanto, foi pedido a cada um dos entrevistados que respondessem a um

questionário, conforme apresentado na Figura 46

entrevistadas, que foram:

segurança e medicina do trabalho; encarregado do setor de operação; psicóloga; dois

engenheiros químicos do setor de operação; dois operadores da sala de análise da água; dois

operadores da sala de análise do carvão; três operadores do escritório de operação; quatro

operadores da sala de comando; e um operador da casa de bombas.

Através da aplicação deste

descobriu-se que as maiores preocupações

relação ao ruído, temperatura e iluminação (7, 8 e 9), pois quanto menor fosse o resultado

(escala 1), mais crítico era o fator.

trabalhadores não tentariam

Figura 50 - Resultado da aplicação do questionário de priorização

Fonte: Elaborado pela autora

Vale ressaltar, que

estudado na empresa, assim

questionados sobre quais os locais são considerados mais críticos

informaram que seria o setor de operação, pelo fato de estarem mais expostos

1 2

6887

relativamente aos fatores psicofisiológicos, sendo eles: e

édio, monotonia e motivação; aos fatores físico-ambientais: ruído, iluminação e temperatura;

rganizacionais: trabalhos em turnos e trabalho noturno, como também problemas

relacionados à postura na rotina de trabalho.

foi pedido a cada um dos entrevistados que respondessem a um

onforme apresentado na Figura 46 (página 66) que resultou em

entrevistadas, que foram: encarregado do setor de enfermagem; encarregado do setor de

segurança e medicina do trabalho; encarregado do setor de operação; psicóloga; dois

engenheiros químicos do setor de operação; dois operadores da sala de análise da água; dois

e análise do carvão; três operadores do escritório de operação; quatro

operadores da sala de comando; e um operador da casa de bombas.

través da aplicação deste questionário, conforme é apresentado na Figura 50

as maiores preocupações dos trabalhadores desta organização

relação ao ruído, temperatura e iluminação (7, 8 e 9), pois quanto menor fosse o resultado

(escala 1), mais crítico era o fator. Já com relação ao menos crítico, foi observado que estes

trabalhadores não tentariam corrigir problemas com turnos.

Resultado da aplicação do questionário de priorização

que foi necessário estabelecer uma delimitação do campo a ser

estudado na empresa, assim, após a entrevista com os gestores,

questionados sobre quais os locais são considerados mais críticos dentro da empresa

informaram que seria o setor de operação, pelo fato de estarem mais expostos

3 4 5 6 7 8 9

6994

117106

3957 55

Resultado da aplicação do questionário

70

, sendo eles: estresse e fadiga,

: ruído, iluminação e temperatura;

como também problemas

foi pedido a cada um dos entrevistados que respondessem a um

resultou em 18 pessoas

encarregado do setor de enfermagem; encarregado do setor de

segurança e medicina do trabalho; encarregado do setor de operação; psicóloga; dois

engenheiros químicos do setor de operação; dois operadores da sala de análise da água; dois

e análise do carvão; três operadores do escritório de operação; quatro

é apresentado na Figura 50,

s trabalhadores desta organização são com

relação ao ruído, temperatura e iluminação (7, 8 e 9), pois quanto menor fosse o resultado

Já com relação ao menos crítico, foi observado que estes

foi necessário estabelecer uma delimitação do campo a ser

gestores, os mesmos foram

dentro da empresa, e estes

informaram que seria o setor de operação, pelo fato de estarem mais expostos a fatores de

10

121

71

riscos e por conter o maior número de funcionários, conforme apresenta a Figura 51. Desta

forma, ficou decidido que o único local a ser estudado seria o setor de operação, pelo fato da

empresa ser de grande porte, e um estudo mais amplo dependeria de prazos além dos

disponíveis.

Figura 51 - Número de funcionários no setor de operação Setor de Operação Número de Trabalhadores

Escritório da Operação 14 funcionários

Setor de Operação A 24 funcionários

Setor de Operação B 27 funcionários Setor de Operação C 26 funcionários Setor de Operação D 27 funcionários Setor de Operação E 27 funcionários

Total 145 funcionários Fonte: Elaborado pela autora

Posteriormente, foi entrevistado o responsável geral pelo setor de operação, como

também engenheiros e operadores do mesmo, onde todos os entrevistados responderam o

questionário de priorização. Na Figura 52 é apresentado um organograma do setor de

operação.

Figura 52 - Organograma do setor de operação

Fonte: Elaborado pela autora

Portaria Principal

Piso Nível I

Manutenção

Manutenção Elétrica/Mecânica

Calderaria

SUBESTAÇÃO

Turbina I

Turbina II

Sala de Comando

Caldeira I

Caldeira II

Fase A

Piso Nível III

Turbina III

Turbina IV

Sala de Comando

Caldeira III

Caldeira IV

Fase B

L ABORATÓRIOS

Piso Nível II -Intermediário

72

Com acompanhamento de dois engenheiros químicos responsáveis pelo setor de

operação começaram as observações neste setor, sempre buscando locais potencialmente

passíveis de demandas ergonômicas. Assim, foi realizada uma observação em todos os setores

da operação, e definido os locais a serem analisados.

Após as primeiras visitas “in loco” que tiveram como finalidade conhecer a unidade

de estudo, as outras objetivaram a medição quantitativa dos fatores de risco físico-ambientais:

ruído, iluminação e temperatura. Assim, os setores que demandaram uma análise mais

aprofundada foram: os laboratórios, sala de comando, o piso intermediário da unidade IV, e a

turbina/alternador IV, todos da Fase B, onde foram analisados fatores como o ruído, a

iluminação e o conforto térmico.

Os laboratórios estão divididos em cinco salas, que corresponde ao escritório da

operação, análise do carvão, análise da água, sala de fornos (quente) e sala de amostragem,

tais salas não têm janelas, e possuem aproximadamente 45m² cada. A vista superior dos

laboratórios está representada na Figura 53.

Figura 53 - Vista superior dos laboratórios do setor de operação

Fonte: Elaborado pela autora

4.2 Análise da tarefa

Esta etapa objetivou avaliar a tarefa realizada pelos operadores, com vistas a definir

como o trabalho estava sendo executado. Realizou-se uma análise onde se procurou investigar

dentro da organização se a mesma possuía manuais de procedimentos e regras, assim como

instruções de trabalho, normas de segurança, entre outros.

Em primeiro lugar foi realizada uma identificação das funções exercidas pelos

empregados dos setores da operação, sendo estes: escritório da operação, setor de operação A,

setor de operação B setor de operação C, setor de operação D e o setor de operação E.

O escritório de operação é composto por 14 funcionários, sendo: um chefe da

divisão, um técnico industrial em eletromecânica, dois operadores de usina e subestação, um

Escritório da operação

Análise do carvão

Análise da água Amos-

tragem

Fornos (quente)

CorredorPorta entrada/saída

73

operador de usina e sub/chefe substituto, um auxiliar operação, um assistente administrativo,

seis operadores de laboratório químico, um coordenador do laboratório químico. Sendo que as

funções exercidas por estes trabalhadores são as seguintes, conforme apresentada na Figura

54.

Figura 54 - Cargo e função a ser desempenhada pelo trabalhador no Escritório de Operação Cargo do trabalhador Função a ser exercida pelo trabalhador

Chefe da divisão Responsável por chefiar a divisão de operação, serviços de cunho administrativos e técnicos com visitas e inspeções periódicas na área

Técnico industrial em eletromecânica

Responsável pelo desenvolvimento sistema SAP módulos PP, visitas/inspeções periódicas na área

Operador de usina / subestação

Desenvolver serviços administrativos, com visitas periódicas na área

Chefe substituto / Operador de Usina / Subestação

Atuar como substituto do chefe da divisão com funções assemelhadas

Auxiliar de operação Desenvolver a função de estafeta do escritório; dar apoio à operação e; realizar visitas periódicas na área

Gestor de contratos Realizar trabalhos administrativos em geral

Assistente administrativo Desenvolver serviços administrativos além do desenvolvimento sistema SAP modulo PP, e realizar visitas periódicas na área

Coordenador do laboratório químico

Coordenar todos os trabalhos atinentes ao setor; controlar todos os dados registrados nos livros e planilhas; controle operacional dos processos de operação; elaborar projeto básico dos produtos; controle administrativo dos empregados; controle dos estoques e consumo de produtos; controle de solicitação de compra ou entrega de produtos químicos conforme contrato

Fonte: Elaborado pela autora

Com relação ao setor de Operação A, este possui 24 empregados, sendo: dois

operadores de balança, sete operadores de painel e volante, sete volantes

(ciclo/bombas/caldeira), dois operadores de quadro elétrico, seis operadores de laboratório

químico, onde o cargo e as funções exercidas por estes trabalhadores são apresentadas na

Figura 55.

Figura 55 - Cargo e função a ser desempenhada pelo trabalhador no setor de Operação A Cargo do trabalhador Função a ser exercida pelo trabalhador

Operadores de balança Emissão de ticktes de balança e planilha de controle mensal das saídas de cinza úmida e pesada para bota fora; controle de pesagem de caminhões de cinza, carvão, fuel-oil, sucata, entre outros.

Volantes (Ciclo/Bombas/Caldeira)

Volante de caldeira: revisão de equipamentos, inserir disjuntores, manuseio de válvulas, manuseio de tampas, limpeza de equipamentos, manuseio de combustíveis (fuel oil, diesel e carvão); Volante de ciclo térmico: inserir disjuntores, manuseio de equipamentos co-relacionados a turbina e alternador, manuseio dos pré- aquecedores (hidrogênio) e válvulas; Volante de bombas: inserir disjuntores, manuseio de válvulas, bombas, tanques de condensados, torre de resfriamento, manobras no gerador de emergência.

Operadores de Quadro Elétrico Inserir e extrair disjuntores

74

Operadores de Painel Supervisionar e operar equipamentos (moinhos, turbinas, ventiladores, bombas e gerador).

Operadores do Laboratório Químico: SPTA (Sistema de Pré-Tratamento da Água)

Efetuar leituras e registrar na planilha; efetuar o controle sobre a operação de todos os equipamento do setor; efetuar lavagem dos filtros; controle do nível dos tanques; controle nível de água na torre de refrigeração; controle de dosagem de produtos químicos na água de refrigeração; controle de dosagem de sulfato e cal no decantador; controle de pH da água da torre de refrigeração e da água do decantador; controle de nível do lago de água bruta; controle de operação das bombas de água bruta na tomada da água; controle de preparo de soluções de cal, sulfato, hipoclorito e polieletrólito; controle de descarga de lama dos decantadores; controle de operação das bombas de água potável; controle de operação das bombas injeção de hipoclorito; controle de adição de hipoclorito na torre de refrigeração; controle analítico de alumínio residual na água clarificada do decantador e; limpeza dos equipamento e da área do pré-tratamento da água.

Operadores do Laboratório Químico: SHY (Sistema de Hidrogênio)

Controle sobre a operação de todos equipamentos do setor; controle de nível dos cilindros de armazenagem; controle de fornecimento de hidrogênio aos grupos em operação; controle de leitura dos equipamentos com registro de anormalidades no livro de ocorrências; e; limpeza dos equipamento e da área do setor.

Operadores do Laboratório Químico: SDA-A (Sistema Desmineralização da Água Fase “A”)

Controle de produção das linhas; controle analítico de pH, sílica, fosfato, hidrazina, amônia e condutividade da água das caldeiras de do sistema de desmineralização; controle de saturação das linhas através de análise da água na saída da desmineralização; efetuar regeneração das linhas saturadas; controle de injeção de ácido e soda para as regenerações das linhas; controle de injeção de hidrazina e fosfato na água das caldeiras; controle de preparo de solução de fosfato, hidrazina e soda cáustica; controle operacional das amostragens de água das caldeiras; controle do nível dos tanques de injeção de produtos químicos e; limpeza dos equipamentos e piso.

Operadores do Laboratório Químico: SDA-B (Sistema Desmineralização da Água Fase “B”)

Controle de produção das linhas; controle analítico de sílica das linhas e leito misto; controle de saturação das linhas através do controle analítico; controle de regeneração das linhas; controle de injeção de amônia após a desmineralização; controle de preparo de soluções de soda e amônia; controle do nível dos tanques de soda e ácido; controle de neutralização dos efluentes da regeneração no tanque de neutralização; controle do nível do tanque do SER - estocagem de água desmineralizada e tanque reserva.

Operadores do Laboratório Químico: ATE (Planta de Polimento de Condensado)

Controle analítico com a realização das análises de pH, sílica, hidrazina e ferro da água das caldeiras 3 e 4; controle de preparo de soluções de amônia e hidrazina; controle operacional de injeção de produtos químicos na água das caldeiras; controle do nível dos tanques; controle de operação das estações de Polimento de Condensado 3 e 4; controle de empastamento das unidades polidoras; controle das amostragens de água das caldeiras 3 e 4.

Operadores do Laboratório Químico: Salas de Análise de carvão, cinza e gases.

Controle analítico do carvão com as análises de umidade, cinza, incombusto, granulometria; controle análise de gases das caldeiras; carregamento de produtos químicos; coleta de amostras de carvão e cinzas.

Fonte: Elaborado pela autora

O setor de Operação B possui 27 empregados sendo: quatro operadores de balança,

dez operadores de painel e volante, oito volantes (ciclo/bomba/caldeira), cinco operadores de

laboratório químico. Com relação ao setor de Operação C, este possui 26 empregados: dois

operadores de balança, sete volantes, dez volantes/operador painel, sete operadores de

laboratório químico. Já o setor de operação D possui 27 empregados: quatro operadores de

75

balança, sete operadores painel e volante, nove volantes, sete operadores de laboratório

químico.

Por fim o setor de operação E, que possui 27 empregados, exercendo as seguintes

funções: dois operadores de balança, nove operadores painel e volante, sete volantes, um

operador de quadro elétrico e nove operadores de laboratório químico. Vale destacar que as

funções a serem exercidas são as mesmas para todos os setores B, C, D e E apresentados, com

exceção do setor de Operação E possuir operadores de quadro elétrico. Assim, essa relação é

apresentada na Figura 56.

Figura 56 - Cargo e função a ser desempenhada pelo trabalhador no setor de Operação B Cargo do trabalhador Função a ser exercida pelo trabalhador

Operadores de Balança Emissão de ticktes de balança e planilha de controle mensal das saídas de cinza úmida e pesada para bota fora; controle de pesagem de caminhões de cinza, carvão, fuel-oil, sucata, entre outros

Volantes (Ciclo/Bombas/Caldeira)

Volante de caldeira: revisão de equipamentos, inserir disjuntores, manuseio de válvulas, manuseio de tampas, limpeza de equipamentos, manuseio de combustíveis (fuel oil, diesel e carvão); Volante de ciclo térmico: inserir disjuntores, manuseio de equipamentos co-relacionados a turbina e alternador, manuseio dos pré- aquecedores (hidrogênio) e válvulas; Volante de bombas: inserir disjuntores, manuseio de válvulas, bombas, tanques de condensados, torre de resfriamento, manobras no gerador de emergência

Operadores de Painel Supervisionar e operar equipamentos (moinhos, turbinas, ventiladores, bombas e gerador)

Operadores do Laboratório Químico

Mesmas atribuições do Operador do Laboratório Químico do setor de Operação A

Operador de Quadro Elétrico

Inserir e extrair disjuntores

Fonte: Elaborado pela autora

Assim, foi realizada a identificação dos procedimentos de trabalho, isto é, dos cargos

e suas respectivas funções a serem exercidas pelos trabalhadores. Por fim esta análise ainda

procurou investigar como a empresa tratava aspectos organizacionais e sociais do trabalho.

No setor da operação, conforme descrito anteriormente, este possui 145 funcionários, destes

95 trabalham sob regimes de turnos rotativos, ou seja, de acordo com sua escala. As Figuras

57 e 58 apresentam a relação de funcionários do setor de operação que trabalha sob regime de

turno rotativo.

76

Figura 57 - Número de trabalhores sob regime de turnos referente a Fase A Fase Trabalhadores sob regime de turnos

Fase A

2 operadores de quadro elétrico

1 operador de ciclo

1 operador de bombas 2 operadores de caldeiras 1 coordenador

Total 7 * 5 (turnos) = 35 funcionários Fonte: Elaborado pela autora

Figura 58 - Número de trabalhores sob regime de turnos referente a Fase B

Fase Trabalhadores sob regime de turnos

Fase B

4 operadores de quadro elétrico

1 operador de ciclo

1 operador de bombas 4 operadores de caldeiras 1 coordenador 1 supervisor

Total 12 * 5 (turnos) = 60 funcionários Fonte: Elaborado pela autora

Desta maneira, para os operadores que trabalham sob regime de turnos rotativos,

estes são definidos pelo inciso XIV, do Artigo 7° da Constituição Federal vigente, onde é

estabelecido que o turno deve ser ininterrupto de revezamento para fixação da jornada de seis

horas por dia, sendo que deve ser executado em condições que ocorram concominatemente os

seguintes fatores: revezamento para todos os empregados de escalas de forma que cada um

deles, ao longo de um período determinado, atue em cada um dos horários definidos na

escala; e que o regime de trabalho em turnos ininterruptos com jornadas de 6 (seis) ou 8 (oito)

horas diárias, sendo a 7° (sétima) e 8° (oitava) horas, compesadas em folga, entendendo-se

por folga, o descanso compensatório concedido com a escala de revezamento.

Já o restante dos funcionários trabalham em regimes de turno fixo, onde possuem

horários fixos de trabalho, sendo estes das 8 horas até as 16 horas, possuindo uma hora de

intervalo para almoço. Com relação ao trabalho em turnos com rotativos, estes são divididos

em cinco grupos diferentes (A, B, C, D e E), e trabalham durante 08 horas de trabalho diárias,

durante 7 dias por semana, e folga de 2 dias no fim da terceira e última escala.

Posteriormente, conforme previsto pela metodologia, foi realizada de fato a

investigação nos locais selecionados, que buscou identificar as condições sociais, ambientais e

posturais no setor da operação. Os estudos ambientais conteram análises e avaliações de

ruído, calor e iluminação, que é apresentado na análise da atividade.

77

4.3 Análise da atividade

Esta fase objetivou avaliar de forma qualitativa e quantitativa aspectos relacionados

ao trabalho dos funcionários da organização em estudo. Na primeira delas foi avaliado

aspectos psicofisiológicos e organizacionais do trabalho, já na segunda análise foram

avaliados dois aspectos: posturais e físico-ambientais do trabalho (ruído, iluminação e

temperatura).

Foram utilizadas técnicas como a observação direta, entrevistas dirigidas e informais

com os empregados. Acrescentado a isso, foi também necessário o uso de aparelhos

específicos para coletar informações a respeito do ambiente físico, como dosímetro,

decibelímetro, luxímetro e medidor de estresse térmico.

Com relação à análise qualitativa, para os aspectos organizacionais procurou-se

avaliar através de entrevistas semi-estruturadas com os trabalhadores, como estava organizada

a empresa, que conforme apresentado anteriormente esta se caracteriza por trabalhar em

regime de turnos fixos e rotativos. Sendo que foram relatadas pelos operadores entrevistados

as vantagens e desvantagens do trabalho rotativo, que será apresentada na próxima etapa.

Os trabalhadores destacaram que um dos problemas causados pelo trabalho em turno

rotativo, e principalmente pelo trabalho noturno é com relação aos fatores psicofisiológicos,

ou seja, problemas relacionados ao estresse, fadiga e monotonia. E que assim, o trabalho

noturno é a causa muitas vezes de cansaço, mesmo após períodos de sono, irritabilidade

mental, tendência para depressão, pouca atenção e interesse no trabalho.

4.3.1 ASPECTOS POSTURAIS

Nesta análise foi escolhida uma atividade realizada pelo setor da operação, isto é, a

abertura e fechamento de válvulas, esta foi realizada através de técnicas como a observações

in loco e entrevistas informais com os operadores da empresa. Sendo assim, pela característica

desta atividade optou-se por utilizar o método OWAS, adaptado para uso no software editor

de planilhas Excel. Durante as observações foram consideradas as posturas relacionadas às

costas, braços, pernas, fases do trabalho e uso da força muscular, seu processo foi descrito em

cinco fases, conforme Figura 59.

Figura 59 - Fases da atividade de a

Fase

Fase Fase Fase

Fonte: Elaborado pela autora

Posteriormente, foram avaliadas 36 posturas durante o processo de abertura e

fechamento de válvulas, e de acordo com a análise dos resultados referente a tais posturas

através da aplicação do método OWAS foi possível identificar o nível de gravidade adquir

durante a execução da atividade e a urgência das ações que deverão ser tomadas.

Neste contexto, as posturas adotadas durante o processo de abertura e fechamento de

válvulas, respectivamente com relação as suas fases

Figura 60 - Alguns exemplos de pfechamento de vávulas

Fonte: Elaborado pela autora

A partir da análise

operador permanece na categoria 3, que corresponde a posturas com efeitos prejudiciais para

o sistema músculo-esquelético, devendo assim ser tomadas medidas de ações corretivas em

um curto prazo. Observa-se também que o funcionário permanece 33% do seu tempo na

categoria 2, postura esta que tem possibilidade de causar prejuízos ao trabalhador e requer

Fases da atividade de abrir e fechar válvulas Fases Atividade

Fase 1 Abrir o volante com a “Chave F”

Fase 2 Abrir o volante com as mãos Fase 3 Fechar volante com as mãos Fase 4 Fechar volante com a “Chave F”

Posteriormente, foram avaliadas 36 posturas durante o processo de abertura e

fechamento de válvulas, e de acordo com a análise dos resultados referente a tais posturas

através da aplicação do método OWAS foi possível identificar o nível de gravidade adquir

durante a execução da atividade e a urgência das ações que deverão ser tomadas.

as posturas adotadas durante o processo de abertura e fechamento de

, respectivamente com relação as suas fases estão apresentadas na Figura

lguns exemplos de posturas adotadas durante o processo de fechamento de vávulas

A partir da análise verificou-se através dos resultados que durante 58% do tempo o

operador permanece na categoria 3, que corresponde a posturas com efeitos prejudiciais para

esquelético, devendo assim ser tomadas medidas de ações corretivas em

se também que o funcionário permanece 33% do seu tempo na

categoria 2, postura esta que tem possibilidade de causar prejuízos ao trabalhador e requer

78

Posteriormente, foram avaliadas 36 posturas durante o processo de abertura e

fechamento de válvulas, e de acordo com a análise dos resultados referente a tais posturas

através da aplicação do método OWAS foi possível identificar o nível de gravidade adquirido

durante a execução da atividade e a urgência das ações que deverão ser tomadas.

as posturas adotadas durante o processo de abertura e fechamento de

estão apresentadas na Figura 60.

adotadas durante o processo de abertura e

se através dos resultados que durante 58% do tempo o

operador permanece na categoria 3, que corresponde a posturas com efeitos prejudiciais para

esquelético, devendo assim ser tomadas medidas de ações corretivas em

se também que o funcionário permanece 33% do seu tempo na

categoria 2, postura esta que tem possibilidade de causar prejuízos ao trabalhador e requer

79

uma revisão nos seus métodos de trabalho. Para a categoria 4, o operador permanece

aproximadamente 8% do seu tempo, postura esta que requer atenção imediata. Também foi

verificado que o operador não permanece em nenhum momento na categoria 1, postura esta

que é considerada normal, ou seja, sem efeitos prejudiciais ao sistema músculo-esquelético.

Figura 61 - Observação geral realizada através do método OWAS

Fonte: Elaborado pela autora

Através da Figura 61 foi possível observar ao realizar a análise geral dos dados que

durante esta atividade o operador permanece 58% do seu tempo com o dorso inclinado e

torcido, correspondente a categoria 3, já com relação a postura dos braços, este permanece

50% com os braços para cima, principalmente na fase que corresponde a abertura e

fechamento das válvulas com a “Chave F”, pois o trabalhador despende grande força

muscular para realizar tal fases. Quanto à posição das pernas, foi observado que durante 75%

do tempo o operador permanece com as duas pernas flexionadas, e 17 % do tempo com

apenas uma perna flexionada. Por fim, quanto ao peso das cargas transportadas, observou-se

que durante 100% do tempo em que o funcionário foi observado, esta foi inferior a 10 kg, pois

é somente do peso da ferramenta utilizada, que possui aproximadamente 6 kg.

0%

17%

25%

58%

25%

25%

50%

0%

8%

75%

17%

0%

0%

0%

100%

0%

0%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Dorso reto

Dorso inclinado

Dorso reto e torcido

Inclinado e torcido

Dois braços para baixo

Um braço para cima

Dois braços para cima

Duas pernas retas

Uma perna reta

Duas pernas flexionadas

Uma perna flexionada

Uma perna ajoelhada

Deslocamento com as pernas

Duas pernas suspensas

menor que 10kg

entre 10kg e 20kg

maior que 20kg

1

2

3

4

dados de análise

80

4.3.2 ASPECTOS FÍSICO-AMBIENTAIS: RUÍDO

Com relação ao segundo aspecto analisado, avaliação do ruído, foram utilizados três

equipamentos: dosímetro de ruído, marca QuestSuite Professional, modelo Q-400, número de

série QDE030019, que foram calibrados antes das avaliações em campo; delibelímetro, marca

Instruterm, modelo DEC-490; e um calibrador, marca Quest, Modelo QC/10, Número de

Série QIE030168.

O nível de ruído equivalente ou TWA (Time Weighted Average) é a média ponderada

do nível de pressão sonora no tempo avaliado. É uma função de integração, utilizando os

parâmetros da legislação, onde a NR 15 usa a taxa de duplicidade (q) = 5 dB e a NHO 01 usa

q = 3. Pode ser considerado como o nível de pressão sonora contínuo, em regime permanente,

que apresentaria a mesma energia acústica total que o ruído real, flutuante, no mesmo período

de tempo. O TWA é representativo para uma determinada função avaliada e deve ser

comparado com os dados da Tabela LT (Limite de Tolerância), de modo a identificar o tempo

máximo de exposição sem o uso do EPI. Já o LEQ (Equivalent Level) é o nível equivalente

contínuo referente à energia acústica que o indivíduo fica exposto.

Com relação às avaliações com o dosímetro foram utilizados os seguintes parâmetros

para medição, de acordo com a Figura 62 e Apêndice C, que apresenta o roteiro que foi

utilizado para a abordagem em campo.

Figura 62 - Parâmetros para medição utilizando o dosímetro Parâmetros Dosimetria 1 Dosimetria 2

Critério 85 dB 85 dB

Taxa de troca 3 dB 5 dB

Limite 80 dB 80 dB Limite superior 115 dB 115 dB Ponderação A A Constante do tempo

Lento Lento

Fonte: Elaborado pela autora

Os locais aferidos foram: o piso intermediário da Unidade IV, em um local

específico chamado pré-aquecedor de alta pressão; e a turbina/alternador, todos da Fase B.

Tais avaliações estão descritas nas Figuras 63 e 64 respectivos aos locais citados

anteriormente.

81

Figura 63 - Medição de dosimetria no pré-aquecedor de alta pressão Pré-aquecedor de alta pressão Dosimetria 1 Dosimetria 2

Nível do pico 113,6 dB 113,6 dB

Nível máximo 94,7 dB 94,7 dB

LEQ 93,9 dB 94,0 dB TWA 77,8 dB 67,2 dB TWA [8:00] 93,9 dB 94,0 dB Dose 19,2 % 8,5 % Dose [8:00] 783,6 % 347,6 %

Fonte: Elaborado pela autora

Figura 64 - Medição de dosimetria na turbina IV/alternador IV Turbina IV/

Alternador IV Dosimetria 1 Dosimetria 2

Nível do pico 122,7 dB 122,7 dB

Nível máximo 102,1 dB 102,1 dB

LEQ 101,2 dB 101,2 dB TWA 84,9 dB 74,1 dB TWA [8:00] 101,2 dB 101,2 dB Dose 97,8 % 22 % Dose [8:00] 4.218,3 % 947,2 %

Fonte: Elaborado pela autora

Ao comparar os níveis de ruído na NR-15, é possível perceber que para uma jornada

de trabalho, com duração de oito horas diárias, o nível de ruído máximo permissível é de 85

dB, bem ao contrário do que se percebe nestes dois setores avaliados com o dosímetro. Assim,

para o nível de ruído de 94 dB (pré-aquecedor de alta pressão), o trabalhador pode ficar

exposto ao máximo 2h e 15min. para não ser prejudicial a sua saúde. Já na turbina

IV/alternador IV, com aproximadamente 102 dB é permitido pela norma apenas 45min. de

exposição.

Quanto às análises sonoras, com a utilização do decibelímetro, estas ocorreram em

três locais: sala de análise de água, sala de análise de carvão e escritório da operação. Para tais

análises, foram utilizados os parâmetros apresentados na Figura 65, e estas análises foram

gravadas durante o período de 1h em cada setor.

Figura 65 - Parâmetros para medição utilizando o decibelímetro Parâmetros Características

Intervalo para medição 1s

Escala 30 – 130 dB

Precisão ± 1,4dB Ponderação A Constante do tempo Lento Alimentação 1 Bateria de 9V

Fonte: Elaborado pela autora

82

As medições com o decibelímetro estão apresentadas na Figura 66, e foram

realizadas para a coleta das doses instantâneas de ruído. Tais leituras foram realizadas a cada

segundo de operação, durante 1 hora, sendo os valores obtidos em dB(A).

Figura 66 - Medição utilizando o decibelímetro Local Medição 1 Medição 2 Medição 3 Média

Escritório da operação 77,3 dB 79,6 dB 80,1 dB 79,6 dB

Sala de análise da água 78 dB 78 dB 78 dB 78 dB

Sala de análise do carvão 76,1 dB 79,4 dB 82 dB 79,4 dB Fonte: Elaborado pela autora

Conforme observado, ao comparar os níveis de ruído na NR-15 com as medições

utilizando o decibelímetro, é possível perceber que para uma jornada de trabalho de oitos

horas diárias, as mesmas encontram-se dentro dos limites de tolerância, sendo que em nenhum

momento ultrapassou os 85 dB permitidos.

4.3.3 ASPECTOS FÍSICO-AMBIENTAIS: ILUMINAMENTO

Quanto às análises de iluminamento, estas foram realizadas com o luxímetro digital

portátil, modelo MLM-1010 onde foram utilizados os seguintes parâmetros para medição, de

acordo com a Figura 67.

Figura 67 - Parâmetros para medição utilizando o luxímetro Parâmetros Características

Faixa de Medição 2000 lux

Intervalo para medição 20 min.

Interferência da Temperatura

± 0,1% / ºC

Alimentação 1 Bateria de 9V Fonte: Elaborado pela autora

Esta análise foi realizada em três locais: sala de análise da água, sala de análise do

carvão e no escritório da operação. Tais locais foram escolhidos pelo fato de demandarem

uma análise mais profunda, pois se sabe que os níveis mínimos de iluminamento a serem

observados nos locais de trabalho são os valores de iluminâncias estabelecidos na NBR 5413.

De acordo com a NR 17, esta medição deve ser feita no campo de trabalho onde se realiza a

tarefa visual, utilizando-se de luxímetro com fotocélula corrigida para a sensibilidade do olho

humano e em função do ângulo de incidência.

83

As medições foram feitas por amostragem, visando recolher dados de alguns pontos

de tarefas visuais para avaliar a eficiência e adequação do sistema de iluminação. Assim,

foram realizadas as medições por um período de uma hora, com intervalo de 20 minutos,

totalizando quatro medições, em cada um dos locais avaliados. Tais análises estão

apresentadas na Figura 68, 69 e 70 respectivamente as salas de análise do carvão, análise da

água e escritório da operação. Este período foi estipulado, pois as salas analisadas não sofrem

variações de intensidade luminosa, pois suas estruturas impedem que a iluminação natural

adentre o ambiente de trabalho, fato que prejudica muito a iluminação destes.

Para a realização destas análises, foi seguido um roteiro, conforme é apresentado no

Apêndice D. Também é importante ressaltar que para uma melhor análise, as salas avaliadas

foram divididas em quatro pontos estratégicos. Na primeira avaliação, ou seja, sala de análise

do carvão, a primeira medição corresponde ao ponto da sala ao lado dos computadores; a

segunda, próximo a pia e a uma lâmpada; a terceira próxima a porta de entrada/saída; e a

última próxima ao balcão de amostras.

Figura 68 - Medição de iluminação na sala sala de análise do carvão Sala de análise do carvão (valores apresentados em Lux)

Horário Medição 1 Medição 2 Medição 3 Medição 4

10:08 250 290 402 438

10:28 268 329 412 453 10:48 271 305 407 440 11:08 306 319 417 487 Média 273,75 310,75 409,5 454,5

Fonte: Elaborado pela autora

Com relação a sala de análise da água, a primeira medição foi realizada próxima a

uma lâmpada, ao fundo; a segunda próxima a porta de entrada/saida; a terceira próxima aos

computadores; e a quarta próxima a pia.

Figura 69 - Medição de iluminação na sala de análise da água Sala de análise da água (valores apresentados em Lux)

Horário Medição 1 Medição 2 Medição 3 Medição 4

13:20 302 100 220 256

13:40 388 99 220 322 14:00 396 101 226 292 14:20 391 102 240 287 Média 369,25 100,5 226,5 289,25

Fonte: Elaborado pela autora

84

Por fim, foi feito a avaliação da iluminação no escritório da operação, onde a

primeira medição foi realizada próxima ao fundo da sala; a segunda próxima a uma mesa; a

terceira próxima a porta de entrada/saída; e a quarta próxima a outra mesa, perto da porta.

Figura 70 - Medição de iluminação no escritório da operação Escritório da operação (valores apresentados em Lux)

Horário Medição 1 Medição 2 Medição 3 Medição 4

14:35 105 297 150 164

14:55 102 275 150 169 15:15 103 286 149 157 15:35 105 300 149 168 Média 103,75 289,5 149,5 164,5

Fonte: Elaborado pela autora

De acordo com a norma NBR 5413 para os setores analisados, o nível de iluminância

por classe de tarefas visuais, é a classe B (iluminação geral para a área de trabalho),

apresentado anteriormente na Figura 36, pois enquadra-se dentro de tarefas com requisitos

visuais normais. Com relação a iluminância por tipo de atividade, Figura 38, os setores

enquadram-se nas centrais elétricas, com a atividade de laboratório químico; salas de controle;

e salas grandes de controle centralizado.

O nível de iluminância requerido para estes locais deveria estar entre 300, 500 e 750,

que conforme explicado pela norma NBR 5413, para cada tipo de local ou atividade, três

iluminâncias são indicadas, sendo a seleção do valor recomendado feita da seguinte maneira:

das três iluminâncias, considerar o valor do meio, devendo este ser utilizado em todos os

casos.

Para a utilização do valor mais alto, somente ocorre se a tarefa apresentar refletâncias

e contrastes bastante baixos; erros são de difícil correção; o trabalho visual é crítico; alta

produtividade ou precisão são de grande importância; a capacidade visual do observador está

abaixo da média. Já a utilização do valor mais baixo, das três iluminâncias, pode ser usado

quando: refletâncias ou contrastes são relativamente altos; a velocidade e/ou precisão não são

importantes; a tarefa é executada ocasionalmente.

Assim, o valor a ser utilizado deve ser o do meio, mas pode-se perceber que na

análise da primeira sala, isto é, análise do carvão, em todos os pontos analisados os valores

encontrados estão fora do valor médio, ou seja, abaixo de 500 lux. O mesmo ocorreu nos

outros locais avaliados, onde todos os pontos medidos ficaram abaixo do estabelecido pela

norma.

85

4.3.4 ASPECTOS FÍSICO AMBIENTAIS: CONFORTO TÉRMICO

Com relação à análise de temperatura, foi utilizado um termômetro de globo com

medidor de stress térmico, digital portátil com RS-232, da marca Instruterm, que possui a

função data logger que permite armazenar as leituras em sua memória, com os seguintes

parâmetros, apresentados na Figura 71.

Figura 71 - Parâmetros utilizados para medição com o medidor de estresse térmico Parâmetros Características

Escala 5 a 60ºC

Duração da medição 1h

Precisão 0,5ºC

Alimentação 1 Bateria de 9V

Fonte: Elaborado pela autora

Conforme explicado anteriormente a avaliação da temperatura foi realizada de modo

a caracterizar a exposição dos trabalhadores e ocorreu através do índice chamado IBUTG

(Índice de Bulbo Úmido - Termômetro de Globo), considerando-se ambientes internos, sem

carga solar. Tais análises ocorreram em quatro locais, sendo estes: sala de controle, sala de

análise de água, sala de análise do carvão e escritório da operação. Sendo mostradas na Figura

72.

Figura 72 - Medições com o medidor de estresse térmico Local Tempo de análise Índice IBUTGi Índice IBUTGf

Sala de Análise de Água 60min. 06s 20,20 19,87

Sala de Análise do Carvão 62min. 66s 22,01 21,88

Sala de Comando 60min. 58s 15,81 15,65 Escritório da Operação 59min. 83s 29,62 29,59

Fonte: Elaborado pela autora

Para que tais medições fossem representativas, seguiu-se o roteiro apresentado no

Apêndice E, sendo que o período considerado para a amostragem foi de aproximadamente 60

minutos, conforme é indicado pela Norma de Higiene Ocupacional (NHO 06). Com relação à

montagem e posicionamento do equipamento de medição, este foi colocado a altura do tórax

do trabalhador, sendo que as leituras só foram iniciadas após a estabilização do equipamento.

É importante destacar que os locais avaliados não sofrem a presença de carga solar, pois são

ambientes totalmente isolados, assim a temperatura é considerada constante.

86

Posteriormente, levou-se em consideração o tipo de atividade desenvolvida pelos

trabalhadores que conforme apresentado anteriormente nas Figuras 41 e 42, estas foram

consideradas atividades leves, com regime de trabalho contínuo. Mais especificamente nas

salas de comando e no escritório da operação o trabalho é realizado sentado, com movimentos

moderados dos braços e tronco, correspondendo a 125 Kcal/h. Já nas salas de análise de água

e análise do carvão, o trabalho é realizado em pé, sobre uma bancada, e principalmente com

os braços, o que corresponde a 150 Kcal/h.

De acordo com a Figura 41, o limite de tolerância para exposição ao calor em regime

de trabalho contínuo num tipo de atividade leve é de até 30,0°C. Assim, pode ser percebido na

Figura 68, que esses índices ficaram abaixo deste limite, não necessitando de medidas de

controle. No entanto, no momento das medições in loco, os empregados relataram diversos

desconfortos com relação ao conforto térmico, pois muitas vezes acontece do ar condicionado

estar danificado.

4.4 Diagnóstico

Durante esta fase buscou-se diagnosticar de uma forma geral os postos de trabalhos

foco deste estudo, e posteriormente relatar de uma maneira mais específica cada um deles,

realizando um diagnóstico laboral. Quanto ao aspecto organizacional do trabalho, procurou-se

focar nos regime de trabalho rotativo, pois um caso particular que demanda certa atenção é o

trabalho noturno. Percebeu-se assim, existem diversas vantagens e desvantagens em se

trabalhar sob regimes de turnos.

Em um primeiro momento, segundo os trabalhadores este regime é bom,

principalmente pelo fato de receberem adionais noturnos em seus salários, como também

possuir um maior tempo para descansar, e ficar junto das suas famílias, pois trabalham dois

dias em cada horário e após folgam dois dias. Outra vantagem apontada por eles é a

possibilidade de trocar o turno de trabalho, possiblitando maior tempo para realizarem outras

atividades, entre outras.

Por outro lado, os operadores relataram que o trabalho em turnos rotativos gera ao

longo do tempo diversos problemas principalmente relacionados com a adaptação ao ritmo

biológico, causado pelas inversões dos períodos de trabalho e repouso, como também as

pertubações com relação ao sono, e aos fatores sociais e domésticos. Ressaltaram que muitas

vezes acabam tendo prejuízo no desempenho do trabalho, onde a redução do alerta pode

87

muitas vezes pode aumentar o risco de acidentes no trabalho, acarretando também problemas

relacionados a fadiga e monotonia no trabalho, vindo a comprometer suas vidas sociais, como

com filhos e esposo(a). Estes trabalhadores, também relatam a dificuldade de concentração, e

que muitas vezes o trabalho noturno é a causa de estresse no mesmos.

Quanto aos aspectos posturais foi observado que a atividade avaliada, ou seja,

abertura e fechamento de válvulas acontecem eventualmente, entretanto pode ocorrer durante

várias vezes ao dia, pois dependem do processo de funcionamento da usina como um todo. No

local foi presenciado que este processo é realizado totalmente de forma manual, e apenas por

um operador. Neste contexto, quando avaliada através do método OWAS, foi observado que

durante a análise geral dos resultados que esta atividade durante a maior parte do seu tempo

apresenta-se na categoria de risco 3, merecendo assim uma atenção imediata. É relevante

destacar que entre as posturas observadas, encontra-se a postura de codificação [4141] na qual

o operador encontra-se com o dorso inclinado e torcido, um braço para cima, uma perna

flexionada e sustentando um peso inferior a 10 kg, sendo esta a que mais se repetiu durante a

análise dos dados.

Quanto às análises físico-ambientais, a avaliação realizada para o ruído com a

utilização do dosímetro, foi realizada em locais próximos a turbina (fonte de ruído), e

verificou-se que os valores realmente estão bem acima do permitido pela norma, no entanto,

os trabalhadores não permanecem diariamente nestes locais.

Já quanto à avaliação com o decibelímetro, constatou-se uma média de 79,6 dB, nos

locais aferidos, sendo esta não prejudicial de acordo com os limites de tolerância

estabelecidos pela NR15, que destaca que para uma jornada de trabalho diária de 8h não deve

ultrapassar a 85 dB. Embora a média encontrada esteja de acordo com a norma, alguns

funcionários relataram durante o estudo que vêm perdendo gradualmente a audição, quando

estes realizam seus exames periódicos de um ano para outro.

Para a iluminação, encontrou-se uma média de aproximadamente 360 lux para a sala

de análise do carvão, 258 lux na sala de análise da água e 157 lux no escritório da operação.

De acordo com a NBR 5413, estes valores estão completamente abaixo do valor adequado,

que é 500 lux. Sendo assim, os próprios operadores mencionaram que nunca houve um

projeto adequado quanto à iluminação na empresa estudada. Desta forma, este é um fator

extremamente prejudicial aos trabalhadores, e que requer uma proposta de melhoria o mais

rápido possível.

Por fim, com relação à análise da temperatura, todos os postos estudados não

excederam a 30°C, que é o limite estabelecido pela NR15. Mesmo assim, não sendo superior

88

ao limite de tolerância, mais uma vez os funcionários destacaram um grande desconforto

quanto a este aspecto, pois frequentemente ocorrem problemas na central responsável pela

geração da temperatura.

4.5 Proposição de melhorias

A última etapa da Análise Ergonômica do Trabalho (AET) objetivou minimizar ou

até mesmo eliminar os problemas encontrados durante as fases anteriores, através do

diagnóstico apresentado. Assim, foram realizadas algumas recomendações e proposições de

melhorias para a empresa, pois há possibilidades da administração desta verificar a relação

entre os custos para tomar as medidas corretivas encontradas e mencionadas no diagnóstico

ergonômico.

Para começar na Figura 73, é apresentada uma síntese entre os aspectos analisados,

principais problemas encontrados, as potenciais ações de melhoria e o grau de complexidade

estimado para as ações a serem tomadas.

Figura 73 - Síntese quanto aos aspectos analisados na empresa Aspectos analisados Problemas Potenciais ações Grau de complexidade

Aspectos Posturais Posturas com efeitos prejudiciais ao trabalhador

Revisão dos métodos de trabalho

Mediano

AET com vistas a desenvolver ferramentas ergonômicas

Mediano

Estudo de custo benefício para a compra de válvulas pneumáticas

Difícil

Aspectos Psicofisiológicos

Turno de trabalho rotativo (problemas como fadiga, monotonia, pouca atenção, estresse, entre outros)

Evitar jornada superior à 8h diárias

Mediano

Realizar análise individual do trabalhador

Difícil

Aspetos Organizacionais

Trabalho noturno (problemas como adaptação ao ritmo biológico, perturbação no sono, entre outros)

Limitar dias consecutivos de trabalho

Mediano

Implementar ginástica laboral

Mediano

Aspectos Físico-ambientais: Ruído

Nível de ruído acima do permitido

Realizar AET específica para solucionar problemas de ruído

Difícil

Enclausuramento das fontes primárias do ruído

Mediano Queixas por parte dos funcionários sobre perda gradual da audição

Utilização permanente do protetor auricular

Fácil

89

Aspectos Físico-ambientais: Iluminação

Valor do iluminamento abaixo do recomendado pela norma

Aumentar iluminação através da refletância

Mediano

Realizar novo projeto para iluminação

Difícil

Aspectos Físico-ambientais: Temperatura

Desconforto por parte dos trabalhadores com relação à refrigeração

Realizar manutenção preditiva periódica

Mediano

Fonte: Elaborado pela autora

Assim, conforme apresentado, quanto aos aspectos organizacionais à empresa deve

evitar jornadas superiores a 8 horas diárias e limitar dias consecutivos de trabalho noturno.

Quanto aos aspectos psicofisiológicos do trabalho, a organização deve manter a cultura da

prática da ginástica laboral, que ajuda na amenização dos riscos de doenças ocupacionais,

além de preparar seus funcionários fisicamente melhor, e motivando-os no início do período

de trabalho.

Sugere-se também para a organização realizar periodicamente uma análise individual

dos trabalhadores para motivá-los, buscando conhecer suas habilidades, seus problemas,

assim como seu convívio social. Através dessas informações pode-se conseguir uma maior

motivação, assim como um melhor desempenho por parte dos trabalhadores. Também é

recomendado para trabalhos futuros um levantamento e discussão sobre as possibilidades de

melhorias nos trabalhos em turnos, sugere-se assim, a aplicação de um levantamento

qualitativo, usando formulários específicos, que pode ser realizado por alunos em seus

trabalhos de conclusão de curso, devido à complexidade do tema.

Quanto aos aspectos posturais foi observado que durante a atividade analisada o

funcionário encontra-se na maior parte do tempo em uma categoria de risco, e que este fator

necessita de uma atenção imediata, entretanto, não significa que ele permanece todo o tempo

de sua jornada de trabalho realizando tal atividade. Aconselha-se assim, uma segunda AET

mais aprofundada com vista a desenvolver produtos (ferramentas) que minimizem tal esforço,

como também pode ser realizado um estudo de custo benefício a partir da AET para justificar

financeiramente a compra de válvulas pneumáticas, pois estas possuem diversas vantagens,

entre elas que são acionadas de forma muito mais leve, possuem uma alta eficiência, baixa

manutenção, e são duráveis.

Já para os aspectos físico-ambientais analisados, especificamente sobre o ruído, este

é advindo de fontes secundárias, ou seja, de diversos maquinários presentes na empresa. É

importante destacar, que esta organização possui instalações e equipamentos muito antigos, e

que para extinguir com as fontes de ruído, somente se todo o maquinário fosse substituído por

outros mais novos, mas sabe-se que isso é praticamente inviável, pois isso demandaria a

90

construção de praticamente uma nova usina. Recomenda-se assim, uma nova AET ou

discussões em grupos participativos específicos para levantar soluções viáveis para redução

dos problemas associados à exposição ao ruído.

Assim, um projeto para controle acústico seria extremamente caro, e demandaria um

tempo muito longo, uma proposta de melhoria seria o enclausuramento dos equipamentos

fontes de ruído. Recomenda-se também que os operadores estejam sempre providos e

utilizando o equipamento de proteção individual, ou seja, o protetor auricular de forma

permanente, pois este fator evitaria casos como a perda gradual da audição.

Já para uma iluminação adequada em um posto de trabalho, e para que esta seja

eficiente e eficaz, não se deve apenas fixar um maior número de lâmpadas ou uma maior

potência. Mas sim, para uma boa adequação, este processo deve resultar da combinação de

diversos fatores, como: tipo de lâmpada, tipo de luminária, quantidade de luminárias,

distribuição, manutenção e cores.

Aconselha-se assim, a aumentar a iluminação através da reflexão, ou seja, com

painéis e paredes claras e limpas, pois são soluções ecologicamente corretas e atrativas. Outra

sugestão de melhoria é que a empresa poderá também alterar tais condições de iluminação dos

setores avaliados através de um novo projeto de iluminação, pois tal fator resultará em um

melhor aproveitamento dos trabalhadores na execução de suas atividades.

O conforto térmico apresentou-se dentro dos limites de tolerância, entretanto, a

refrigeração ocorre através de uma central, que aciona todos os ares-condicionados da

empresa, assim para que esta funcione corretamente, é necessária que ocorra uma manutenção

preditiva periódica, podendo ser mensal ou bimestral.

91

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

A realização de investimentos em ergonomia dentro das empresas é importante, visto

que ao efetuar intervenções nesta área, a organização não está gerando novos dispêndios, mas

sim, otimizando seus recursos produtivos. Assim, a aplicação da Análise Ergonômica do

Trabalho pode contribuir para ações eficazes no sentido de indicar meios para melhorar as

condições de trabalho não desviando da redução de custos e otimização dos processos.

Quantos aos objetivos pode-se afirmar que o presente estudo atingiu suas metas e

relativamente ao objetivo de realizar um levantamento quanto às principais demandas

ergonômicas em uma usina termelétrica, foi um dos maiores desafios, pois se constatou que a

empresa estudada possui diversos locais e processos de trabalho como potenciais fontes para

implantação de melhorias ergonômicas.

No se refere o objetivo de investigar o local mais crítico quanto aos aspectos

posturais, físico-ambientais, psicofisiológicos e organizacionais do trabalho, foram realizadas

ora análises quantitativas, ora qualitativas. Relativamente aos aspectos posturais, observou-se

que a atividade analisada requer atenção imediata. Quanto aos aspectos físicos, foi observado

à necessidade de realizações de estudos específicos para cada fator analisado. Por seu turno,

dentro dos aspectos psicofisiológicos e organizacional do trabalho, notou-se que tais aspectos

estão inter-relacionados devido aos problemas gerados pelo trabalho em turnos. Percebeu-se

que a organização precisa rever diversos métodos de trabalho, e que este estudo ergonômico é

o primeiro passo para outros trabalhos a serem realizados nesta empresa.

Observou-se ainda que a metodologia utilizada em campo durante este trabalho

serviu adequadamente para os fins a que se propunha, contribuindo para a realização da

intervenção ergonômica nos locais estudados. Sendo assim, foram propostos meios para

minimizar ou até mesmo eliminar os problemas encontrados. Sabe-se que somente através de

um bom planejamento ergonômico será possível proporcionar maior bem estar do trabalhador

e alcançar melhores índices de produtividade.

É importante ressaltar que a experiência e o contato direto na rotina diária da

empresa durante a realização deste trabalho foi importante para o autor deste trabalho, tanto

em termos de aprendizado quanto em termos de aquisição dos pré-requisitos para obtenção do

grau de bacharel em Engenharia de Produção.

92

Como proposta para trabalhos futuros, sugere-se que as análises e avaliações

realizadas neste trabalho, especificamente no setor da operação, sejam também feitas em

outros setores da empresa, fato que não se pôde realizar no presente trabalho, tendo em conta

que isso dependeria de prazos além dos disponíveis durante o último ano de graduação.

93

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APÊNDICE A – Formulário OWAS

96

97

APÊNDICE B – Formulário RULA

Passo 4: Torção do pulso

Se o pulso está girando próximo da postura neutra: +1Se o pulso está girando distante da postura neutra: +2

Passo 8: Determinar a pontuação final na Tabela C

Se carga <2 Kg (intermitente): +0Se carga estiver entre 2 e 10 Kg (intermitente): +1

Se carga estiver entre 2 e 10 Kg (estática ou repetitiva): +2

Se carga for maior que 10 Kg (estática ou repetitiva, ou com movimentos bruscos): +3

Adicionar os valores dos passos 5-7 para obter a pontuação final para o pulso e braço

Passo 1: Localizar a posição dos braços

Passo 2: Localizar a posição dos braços

Passo 3: Localizar a posição dos pulsos

Passo 5: Procurar a pontuação para postura na Tabela A:

Se o ombro esta levantado: +1Se o ombro esta abduzido: +1

Se o braço estiver apoiado ou a pessoa está inclinada: -1

Se qualquer um dos braços está trabalhando na linha mediana do corpo ou para o lado de fora do corpo: +1

Se os pulsos estão girando além da linha média : +1

Adicionar os valores dos passos 1-4 para obter as pontuações na Tabela A

Passo 7: Adicionar pontuação para força ou carga

A. Análise de braços e pulsos Pontuação

BraçoAnte-

braço

Tabela A:

Pulso

1 2 3 4

Torção

do Pulso

Torção do

Pulso

Torção

do Pulso

Torção

do Pulso

1 2 1 2 1 2 1 2

1

1 1 2 2 2 2 3 3 3

2 2 2 2 2 3 3 3 3

3 2 3 3 3 3 3 4 4

2

1 2 3 3 3 3 4 4 4

2 3 3 3 3 3 4 4 4

3 3 4 4 4 4 4 5 5

3

1 3 3 4 4 4 4 5 5

2 3 4 4 4 4 4 5 5

3 4 4 4 4 4 5 5 5

4

1 4 4 4 4 4 5 5 5

2 4 4 4 4 4 5 5 5

3 4 4 4 5 5 5 6 6

5

1 5 5 5 5 5 6 6 7

2 5 6 6 6 6 7 7 7

3 6 6 6 7 7 7 7 8

6

1 7 7 7 7 7 8 8 9

2 8 8 8 8 8 9 9 9

3 9 9 9 9 9 9 9 9

Po

ntu

ação

do

bra

ço

, a

nte

bra

ço

e

pu

lso

sTabela C: Pontuação do pescoço, tronco

e pernas

1 2 3 4 5 6 7+

1 1 2 3 3 4 5 5

2 2 2 3 4 4 5 5

3 3 3 3 4 4 5 6

4 3 3 3 4 5 6 6

5 4 4 4 5 6 7 7

6 4 4 5 6 6 7 7

7 5 5 6 6 7 7 7

8 5 5 6 7 7 7 7

Passo 9: Posição local do pescoço

Passo 11: Pernas

Passo 14: Adicionar pontuação caso houver força ou carga

Passo 15: Encontrar a coluna na Tabela C

Pesc

oço

Tabela B : Tronco

1 2 3 4 5 6

Pernas Pernas Pernas Pernas Pernas Pernas

1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2

1 1 3 2 3 3 4 5 5 6 6 7 7

2 2 3 2 3 4 5 5 5 6 7 7 7

3 3 3 3 4 4 5 5 6 6 7 7 7

4 5 5 5 6 6 7 7 7 7 7 8 8

5 7 7 7 7 7 8 8 8 8 8 8 8

6 8 8 8 8 8 8 8 9 9 9 9 9

Se o pescoço está torcido: +1.Se o pescoço está curvado lateralmente: +1.

Se o tronco está torcido: +1.Se o tronco está curvado lateralmente: +1.

Se as pernas e os pés:

estão

suportados: +1

Se não: +2.

Usando os valores das etapas 9-11 acima, localize a pontuação na tabela B.

Se a postura é principalmente estática (isto é, por mais de 10 minutos), ou se a ação repetida ocorre 4x por minuto: +1.

Se carga <2 Kg (intermitente): +0Se carga estiver entre 2 e 10 Kg (intermitente): +1

Se carga estiver entre 2 e 10 Kg (estática ou repetitiva): +2

Se carga for maior que 10 Kg (estática ou repetitiva, ou com movimentos bruscos): +3

Adicionar valores aos passos 12-14 para obter a pontuação do pescoço, tronco e pernas. Encontrar na coluna da Tabela C.

20° 20°20°a 45°

+90°

20°

+1 +2 +2 +3 +4

45°a 90°

60°a 100°0°a 60°

100° ++ 1

+ 2

+ 1+ 1

+ 1+ 1

0°15°

15°15° +

15° +

+ 1 + 1

+1

+20° a 20°

20° a 60°

+3 +4

60° +

Passo 6: Adicionar pontuação para esforço muscular

Se a postura é mantida principalmente estática (mais que 10 minutos), ou se movimentos similares ocorrerem mais que quatro vezes por minuto: +1

B. Análise de pescoço, tronco e perna

Passo 10: Posição local do tronco

Passo 13: Adicionar pontuação se houver esforço

muscular

Passo 12: Procurar a pontuação para postura na Tabela B.

98

APÊNDICE C – Roteiro para abordagem em campo para utilização do dosímetro e

decibelímetro

Tópico Pontos de verificação

1. Planejamento e preparativos

• Baterias; • Acessórios (cabos de extensão, carregadores de baterias, calibradores); • Ferramentas; • Folhas de campo;

2. Calibração

• Nível de calibração; • Freqüência – 1.000 Hz; • Intercambiabilidade de calibradores x medidores; • Ruído de fundo; • Adaptadores conforme diâmetro; • Cuidados na calibração automática;

3. Avaliação com dosímetros e decibelímetros

• Posição de microfone; • Ajuste do dosímetro; • Controle de interferências do usuário; • Verificação dos parâmetros úteis;

4. Cuidados de montagem / avaliação / situação de campo

• Interferências: calor, eletromagnétismo, chuva; • Ocorrência de ruído contínuo e de impacto;

5. Dados de campo e detalhamento da amostragem

• Registrar a calibração de campo; • Vincular dado ao quipamento e ao trabalhador; • Dosímetros x hora de almoço; • Anotar uso de rádio; • Anotar condições anormais; • Antecipar interferência do operador ; • Calibração final; • Julgamento sobre a confiabilidade das medições;

6. Dados para folhas de campo

• Nome do avaliador; • Dia, hora, turno; • Equipamento com número de série; • Registro de calibração pré e pós; • Registro de ajuste do equipamento; • Registro de horas de início e fim das medições; • Registros de medição, com compensação, resposta dinâmica, valor do sinal; • Registro de atividade e tarefa; • Registro – nível instantãneo ou equivalente; • Registro de condições anormais; • Função do amostrado; • Registro do epi, estado de conservação, tempo real de uso • Julgamento de confiabilidade dos dados;

Fonte: Modelo adaptado de SESI (2007)

99

APÊNDICE D – Roteiro para abordagem em campo para utilização do luxímetro

Tópico Pontos de verificação

1. Planejamento e preparativos

• Baterias; • Acessórios; • Ferramentas; • Folhas de campo;

2. Calibração • Não há calibração de campo, apenas verificação simples;

3. Abordagem do ambiente

• Reconhecimento de tarefas visuais (por função); • Verificação de condições de iluminação típicas (de acordo com usos e costumes dos usuários); • Anotar condições anormais (variação de insolação, luminárias apagadas, lâmpadas queimadas);

4. Revisão do instrumental • Baterias, escalas • Aclimatação (o sensor deve se aclimatar por 15 minutos);

5. Cuidados de avaliação

• Posição de sensor; • Interferências: eletromagnética; • Adequação (resposta de cor igual à do olho humano); • Ofuscamento em exteriores (evitar insolação direta);

6. Dados para folhas de campo

• Dia, hora, turno; • Ambiente com uso noturno ou não; • Interior ou exterior; • Equipamento com número de série; • Registrar o estado normal aparente do equipamento; • Registro de atividade e tarefa visual; • Registro de medição com unidade; • Registro de condições anormais; • Condições dos equipamentos de iluminação, limpeza de luminárias, lâmpadas queimadas; • Cores de teto e paredes, superfícies de trabalho; • Registro de confiabilidade das medições;

Fonte: Modelo adaptado de SESI (2007)

100

APÊNDICE E – Roteiro para abordagem em campo para utilização do medidor de

estresse térmico

Tópico Pontos de verificação

1. Planejamento e preparativos

• Baterias; • Acessórios; • Ferramentas; • Folhas de campo;

2. Calibração •Registro de calibraçãoexterna; • Sensor de verificação de campo;

3. Revisão do intrumental (em campo)

• Verificação de campo (sensor); • Condições de sensores; • Carga de baterias; • Comportamento geral;

4. Avaliação ( montagem, posicionamento e cuidados)

• Posição do conjunto de sensores; • Alinhamento horizontal e vertical; • Condições de sensores; • Cabo de extensão; • Sombreamento infravermelho; • Proteção do leitor;

5. Abordagem do ambiente

• Reconhecimento de funções; • Reconhecimento de fontes; • Reconhecimento de tarefas e ciclos de trabalho; • Identificação de possíveis pontos de descanso térmico;

6. Outros cuidados de campo

• Interferências: eletromagnética; • Exatidão do ponto de medição; • Permanência do operador; • Verificação de dia típico; • Verificação de condições anormais;

7. Dados para folhas de campo

• Dia, hora, turno; • Equipamento com número de série; • Registro de calibração; • Registro da função amostrada; • Definição do ciclo de trabalho, com registro de tarefas e de tempos por tarefa; • Registro de condições anormais; • Registro do epi, estado de conservação; • Registro de confiabilidade das medições;

Fonte: Modelo adaptado de SESI (2007)