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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA BIANCA BOTELHO ROUSSENQ DESENVOLVIMENTO IN LOCO DE UM INDICADOR BIOLÓGICO CONTROLE DE ESTERILIZAÇÃO DE AUTOCLAVES Tubarão 2017

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

BIANCA BOTELHO ROUSSENQ

DESENVOLVIMENTO IN LOCO DE UM INDICADOR BIOLÓGICO

CONTROLE DE ESTERILIZAÇÃO DE AUTOCLAVES

Tubarão

2017

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

BIANCA BOTELHO ROUSSENQ

DESENVOLVIMENTO IN LOCO DE UM INDICADOR BIOLÓGICO

CONTROLE DE ESTERILIZAÇÃO DE AUTOCLAVES

Relatório Técnico/Científico apresentado ao Curso de

Engenharia Química da Universidade do Sul de Santa

Catarina como requisito parcial à obtenção do título de

Bacharel em Engenharia Química.

Prof. Dr. Jonathan Alexsander Bork (Orientador)

Tubarão

2017

3

Com amor e admiração, dedico este relatório a

minha avó Elisabete.

4

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a energia divina que nos impulsiona diariamente na

jornada da vida.

A todos os meus professores, que possuem o dom de transmitir conhecimento

aqueles que pouco sabem, em especial ao meu orientador Prof. Dr. Jonathan Alexsander Bork.

Ao Rodrigo Batista Souza Farmacêutico-Bioquímico do Laboratório Didático da

Saúde da UNISUL, meu sincero agradecimento, por todas as horas prestadas em prol de me

auxiliar com a metodologia deste trabalho.

A Farmacêutica-Bioquímica Talita Rampinelli Monteiro, minha orientadora na

empresa de análises clínicas, por me transmitir sua paixão pela microbiologia.

A toda minha família, em especial meus avós Adair e Elisabete, e meus pais

Martinho e Josiane, pela dedicação em me ajudar a alcançar meus sonhos.

Ao Cirilo A. Nunes, pelo carinho e paciência.

A todos os meus amigos, que de alguma forma me deram força para eu chegar até

aqui, em especial a minha amiga Bárbara Furlan Hübbe por emprestar um pouco da sua

afinidade com o inglês.

Ao curso de Engenharia Química e a Universidade do Sul de Santa Catarina por

proporcionar o meu desenvolvimento profissional e pessoal ao longo desses anos.

5

“Viver no mundo sem tomar consciência do significado do mundo é como vagar

por uma imensa biblioteca sem tocar nos livros” (Manly P. Hall).

6

RESUMO

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária exige o uso dos indicadores biológicos

para controle do processo de esterilização em empresas que prestam serviços a saúde. Estes

indicadores biológicos tem um alto valor de mercado e seu uso é abundante no país. Ele é

composto por um disco impregnado com uma população de esporos de Geobacillus

stearothermophilus e uma solução contendo um meio de cultura e um indicador de pH. Este

relatório objetivou produzir indicadores biológicos em laboratório de microbiologia a afim de

encontrar o método de fabricação dos mesmos. Realizou-se a inoculação da G.

stearothermophilus em meio de cultura BHI a 60ºC em estufa microbiológica pelo período de

48 horas. Fez-se testes de impregnação da população bacteriana em papel filtro faixa azul, e

utilizou-se uma solução de meio de cultura com o indicador de pH púrpura de bromocresol

com concentração de 0,031 g/L. O teste de validação do método foi realizado utilizando os

dois indicadores biológicos produzidos, passando um deles pelo processo de esterilização em

autoclave, e o outro não. Os dois foram colocados em estufa a 60ºC e pós 48 horas fez-se a

leitura dos resultados. Concluiu-se que o método de produção dos indicadores biológicos é

válido, através da observação da viragem da coloração do indicador que não sofreu o processo

de esterilização. Porém, como a coloração obtida foi muito discreta, estudos devem ser feitos

para melhorar a intensidade da viragem da coloração do indicador de pH e também para

diminuir o tempo de leitura do resultado.

Palavras-chave: Esterilização. Geobacillus stearothermophilus. Indicador Biológico.

7

ABSTRACT

In Brazil, the National Sanitary Surveillance Agency demands the use of biological indicators

to control the sterilization process in companies that provide health services. These biological

indicators have a high market value and their use is abundant in the country. It’s made of a

disk impregnated with a spore population of Geobacillus stearothermophilus and a solution

with a culture medium and a pH indicator. This report aimed to produce biological indicators

in a microbiology laboratory in order to find the method of manufacturing them. An

inoculation of G. stearothermophilus was carried out in a BHI culture medium at 60 ° C was

carried out in a microbiological oven for 48 hours. Bacterial population impregnation tests

were performed on blue band filter paper and a solution of the culture medium was used with

the bromocresol purple pH indicator at a concentration of 0.031 g / L. The validation test of

the method was performed using the two biological indicators produced, where one of them

was autoclaved and the other was not. Both were placed in an oven at 60 ° C and after 48

hours the results were read. It was concluded that the method of production of the biological

indicators is valid by observing the color change of the indicator that did not undergo the

sterilization process. However, as the coloration obtained was very discreet, studies should be

done to improve the intensity of the pH indicator color change and also to decrease the

reading time of the result.

Keywords : Sterilization. Geobacillus stearothermophilus. Biological Indicator.

8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Diferentes formas bacterianas .................................................................................. 16

Figura 2 - Curva de crescimento típica de uma população bacteriana ..................................... 19

Figura 3 - Coloração de Gram – A. Bacillus subtilis Gram positivos e B. Escherichia coli

Gram negativas. ........................................................................................................................ 22

Figura 4 - Exemplos da relação da taxa de crescimento com a temperatura. ........................... 23

Figura 5 - A escala de Ph e os microrganismos. ....................................................................... 24

Figura 6 - Geobacillus Stearothermophilus .............................................................................. 25

Figura 7- Autoclave .................................................................................................................. 28

Figura 8 - Caixa plástica vedada com fita termossensível (A) antes e (B) depois da

autoclavação. ............................................................................................................................ 29

Figura 9 - Indicador biológico Clean-Test. .............................................................................. 30

Figura 10 - Exemplos do comportamento do indicador biológico ........................................... 31

Figura 11 - Fluxograma das etapas da pesquisa ....................................................................... 33

Figura 12 - Estufa microbiológica ............................................................................................ 35

Figura 13 - Reagentes utilizados no Teste de Gram. Da esquerda para a direita: Violeta

Genciana, Lugol Fraco, Ácool Cetona e Fucsina Fenicada. ..................................................... 36

Figura 14 – Frascos de vidro com tampa de rosca ................................................................... 37

Figura 15- Inserindo os papeis filtros na solução bacteriana.................................................... 38

Figura 16 - Fitas de papel filtro faixa azul em solução bacteriana após 96 horas. ................... 38

Figura 17 - Indicador púrpura de bromocresol e balança analítica. ......................................... 39

Figura 18 – Indicadores biológicos produzidos ........................................................................ 40

Figura 19 - Coloração do BHI antes (esquerda) e depois (direita) do crescimento microbiano

.................................................................................................................................................. 41

Figura 20 - Confirmação do crescimento de G. Stearothermophilus após a coloração de Gram.

.................................................................................................................................................. 42

Figura 21 - Solução de BHI e purpura de bromocresol ............................................................ 43

Figura 22 - A esquerda solução preparada e a direta solução do indicador biológico Clean-

Test. .......................................................................................................................................... 43

Figura 23 - Indicadores biológicos após 48 h de incubação ..................................................... 44

9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Métodos físicos e químicos de controle do crescimento microbiano ...................... 26

Tabela 2 - Materiais, reagentes e equipamentos utilizados. ..................................................... 32

Tabela 3- Tempo de permanência dos reagentes na lâmina para o Teste de Gram. ................. 36

10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 12

1.1 JUSTIFICATIVA E PROBLEMA .................................................................................. 13

1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 14

1.1.1.1 Objetivos Específicos ................................................................................................. 14

2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 15

2.1 MICRORGANISMOS ..................................................................................................... 15

2.2 BACTÉRIAS ................................................................................................................... 15

2.3 MEIOS DE CULTURA E CULTIVO ............................................................................. 17

2.4 CRECIMENTO MICROBIANO ..................................................................................... 18

2.5 TURBIDEZ ...................................................................................................................... 21

2.6 COLORAÇÃO DE GRAM ............................................................................................. 21

2.7 EFEITOS DA TEMPERATURA E DO PH NO CRESCIMENTO MICROBIANO ..... 22

2.8 GEOBACILLUS STEAROTHERMOPHILUS .................................................................. 25

2.9 CONTROLE MICROBIOLÓGICO ................................................................................ 26

2.10 TESTE DE VALIDAÇÃO DA AUTOCLAVAGEM – INDICADORES BIOLÓGICOS

29

3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 32

3.1 MATERIAIS .................................................................................................................... 32

3.2 MÉTODOS ...................................................................................................................... 33

3.2.1 Fases de desenvolvimento da pesquisa ...................................................................... 33

3.2.2 Cultivo das células ....................................................................................................... 34

3.2.3 Acompanhamento do crescimento microbiano ........................................................ 35

3.2.4 Escolha dos materiais para a estrutura do protótipo do indicador biológico........ 36

3.2.5 Ensaio de impregnação em papel filtro ..................................................................... 37

3.2.6 Preparo da solução com meio de cultura e indicador de pH ................................... 39

3.2.7 Estudo de validação e comprovação da eficácia do método .................................... 40

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 41

4.1 ANÁLISE DO CRESIMENTO MICROBIANO ............................................................ 41

4.2 COLORAÇÃO DA SOLUÇÃO CONTENDO BHI E PÚRPURA DE

BROMOCRESOL .................................................................................................................... 42

4.3 COMPROVAÇÃO DA EFICÁCIA DO MÉTODO ....................................................... 44

11

5 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 45

6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .......................................................... 46

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 47

12

1 INTRODUÇÃO

Esterilização é o processo de eliminação de microrganismos vivos. O processo de

esterilização é muito importante em empresas de serviços da saúde, como hospitais e

laboratórios de análises clínicas, assim como indústrias farmacêuticas e alimentícias. O rejeito

ou consumo de material infectado por má eficiência do processo de esterilização gera riscos à

saúde humana e ao meio ambiente.

Para assegurar a eficácia do processo de esterilização em autoclaves são utilizados

indicadores biológicos, que fornecem resultado de confirmação de morte de uma população

conhecida de bactérias através da viragem da coloração de um indicador de pH.

Controlar a eficácia de qualquer processo é fundamental por vários motivos,

inclusive a monitoração de muitos processos são exigidas e regulamentadas por lei e/ou

normativas. No caso do indicador biológico é exigido seu uso semanal pela RDC Nº 15, de 15

de março de 2012 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA para monitoração

de esterilização de autoclaves. Visualizando o montante de clínicas, hospitais, laboratórios,

indústrias farmacêuticas e alimentícias existentes, pode-se presumir que este produto é

abundantemente consumido pelo tipo de empresas citadas. O indicador biológico possui uma

tecnologia de funcionamento muito simples, porém seu custo de venda é alto, devido ao

elevado custo de cepas de bactérias como a Geobacillus stearothermophilus – bactéria

formadora de esporos mais utilizadas em indicadores biológicos. A resistência apresentada

por esta bactéria faz da mesma a ideal para controle microbiológico justamente por ser umas

das últimas que irá ser esterilizada em um processo de esterilização em laboratório.

Como parte da formação de Engenheiros Químicos da Universidade do Sul de

Santa Catarina tem-se a valorização do empreendedorismo. A engenharia em geral é razão

importante no desenvolvimento de produtos e cada vez mais a inovação e o desenvolvimento

de produtos de alto valor agregado alteram significativamente a economia mundial. A função

de um engenheiro e de um empreendedor coexistem em muitos momentos, pois ambos são

tomadores de decisões que definem a qualidade de um produto ou serviço. Portanto, estudos

dos processos de produtos ou serviços são importantes para o desenvolvimento da balança

comercial e consequentemente melhor qualidade de vida para população.

13

1.1 JUSTIFICATIVA E PROBLEMA

A Microbiologia, ciência que estuda os microrganismos, é de extrema

importância em diferentes áreas, devido às várias alterações que estes podem causar quando

inseridos em um ser vivo, produto e/ou processo industrial. Seu estudo possibilita minimizar

os efeitos dos microrganismos contaminantes contribuindo para com a humanidade e o meio

ambiente.

No campo de Análises Clínicas a Microbiologia é utilizada para realização de

exames que ajudam no diagnóstico de doenças infecciosas, principalmente causadas por

bactérias. Para que os materiais utilizados nessas análises possam ser reutilizados ou

descartados, sem risco de contaminação, faz-se necessário o processo de esterilização.

Os métodos utilizados são: esterilização por vapor, por calor seco, por óxido de

etileno e por radiação ionizante. Dentre estes, o mais comum é o método de esterilização por

vapor, que se utiliza da pressão reduzida pelo equipamento chamado Autoclave. O processo

de esterilização por Autoclave necessita de um tempo de 15 a 30 minutos à temperatura

mínima de 121°C e tem como principal objetivo promover a eliminação de bactérias

causadoras de esporos.

Independentemente do método de esterilização, é importante que se faça o

controle do equipamento utilizado para garantir a eficácia do processo. Além disso, o

monitoramento do processo de esterilização é exigência de órgãos certificadores e órgãos

fiscalizadores como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, que se baseia na

Resolução - RDC Nº 15, de 15 de março de 2012, que dispõe sobre requisitos de boas práticas

para o processamento de produtos para saúde.

No controle da Autoclave são monitorados os parâmetros físicos (temperatura e

pressão) e biológicos. O método de controle biológico mais aceito atualmente, devido a sua

confiabilidade, é o que utiliza o indicador biológico. Esse indicador é uma ampola teste que

contém um disco impregnado com uma população de esporos de Geobacillus

stearothermophilus e uma solução líquida roxa com indicador de pH e o meio nutriente. Esse

bacilo é utilizado devido a sua capacidade de formar esporos, portanto possui uma alta

resistência e, se o mesmo é eliminado, então todas as outras bactérias também o serão.

Esta ampola teste tem um alto custo de mercado e é abundantemente utilizada,

uma vez que a resolução já citada recomenda a realização semanal do controle biológico.

Basta realizar uma rápida pesquisa na internet para conhecer 11 marcas diferentes de

indicador biológico disponíveis no mercado brasileiro. Dentro destas podemos citar:

14

BIONOVA, Maquira, Medstéril, Clean-up, Sispack, Cristófoli, etc. Há também, pelo menos

13 tipos de indicadores biológicos, formulados para oferecer diferentes tempos de resposta e

para diferentes tipos de esterilização. O mais utilizado é o indicador biológico para verificar o

funcionamento da autoclave à vapor com tempo de leitura final em 24 horas.

Em função do exposto a questão central desta investigação: qual a metodologia

adequada para a fabricação do indicador biológico de controle de esterilização de

autoclaves em estudo descritivo realizado em Tubarão, sul catarinense, no ano de 2017

para o estágio supervisionado em Engenharia Química.

1.1.1 Objetivo Geral

Desenvolver o indicador biológico usado para o controle da esterilização de

materiais autoclavados utilizando materiais e métodos disponíveis em laboratórios de

microbiologia de uma empresa de análises clínicas e da Universidade do Sul de Santa

Catarina.

1.1.1.1 Objetivos Específicos

a) Conhecer os parâmetros de cultivo ótimos da bactéria Geobacillus

Stearothermophilus em consulta e comparação entre bibliografias

especializadas;

b) Cultivar a bactéria Geobacillus Stearothermophilus em meio BHI de

forma a obter suspensão de células adequada para o processo de

impregnação na fibra do teste de esterilização;

c) Acompanhar o crescimento microbiano realizando o monitoramento do

desenvolvimento de microrganismos invasores;

d) Realizar o processo de impregnação da bactéria em um de papel filtro

esterilizado;

e) Adequar o método desenvolvido para ser encapsulado e conservado;

f) Realizar teste de eficácia através de teste de esterilização em comparação

com o produto disponível comercialmente.

15

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 MICRORGANISMOS

Os microrganismos são seres microscópicos, capazes de crescer e se reproduzir.

Podem apresentar variadas formas celulares e são metabolicamente capazes de realizar todos

os tipos de reações bioquímicas que conhecemos.

Eles estão presentes praticamente em todos os ambientes e interagem a todo

tempo com outros seres vivos. Os microrganismos possuem múltiplas funções, podendo

causar consequências negativas ou positivas, em relação à saúde do homem ou ao meio

ambiente.

Responsáveis por contaminações de águas, alimentos e medicamentos, os

microrganismos são capazes de causar doenças em animais, humanos, plantas e outros seres

vivos.

No entanto, segundo Vermelho et al (2006), os micróbios são grandes amigos do

homem, sendo agentes de uma ampla gama de processos que vão desde a produção de

alimentos, incluindo vinhos, pães, queijos e iogurtes, até a manutenção da ciclagem dos

elementos químicos, como por exemplo, o nitrogênio na superfície do globo terrestre. Podem

também ser produtores dos mais diversos compostos de interesses médico, comercial e

ambiental.

Os principais grupos de microrganismos são: as algas, as arqueas, as bactérias, os

fungos, os protozoários e os vírus.

2.2 BACTÉRIAS

São seres unicelulares, que podem apresentar-se de três formas: esféricas (cocos),

cilíndricas (bacilos) ou espiraladas (espirilos ou vibriões).

16

Figura 1 - Diferentes formas bacterianas

Fonte: Fonte: Vermelho et al., 2006, p. 05.

As bactérias apresentam uma organização celular bastante simples,

compreendendo uma parede celular rígida, formada de peptideoglicana, e uma membrana

citoplasmática, composta basicamente de fosfolipídeos e proteínas, mas gliceroglicolipídeos,

hopanóides e outros tipos de lipídeos também podem ser encontrados. O DNA se encontra no

citoplasma, formando a região conhecida como nucleóide. (VERMELHO et al., 2006, p.05).

É importante destacar uma estrutura particular apresentada por alguns grupos

de bactérias: o esporo. Corresponde a uma fase na vida de certas bactérias que se transformam

em esporos, por motivos ainda incompletamente conhecidos. “Além da membrana

citoplasmática, o esporo é envolvido por várias camadas, que lhe confere um revestimento

bastante espesso.” (BORZANI et al., 2001, p.09). A particularidade dos esporos bacterianos é

sua alta resistência a condições externas, principalmente a temperatura. Alguns esporos

resistem por horas a temperaturas maiores que 100°C.

A reprodução das bactérias, normalmente, é feita pelo processo de fissão

binária, no qual uma célula, após atingir um determinado tamanho, se divide em duas. Quanto

a sua nutrição, elas utilizam compostos orgânicos ou inorgânicos como fonte de carbono e

energia, como também a energia luminosa.

Alguns exemplos de grupos de bactérias são: Gram-positivas, Gram-negativas,

espiroquetas, clamídias, micobactérias, cianobactérias, etc.

17

2.3 MEIOS DE CULTURA E CULTIVO

Na natureza os microrganismos se encontram, quase sempre, em conjunto com

diferentes espécies. Sendo assim, para que seja possível estudar as características de um

determinado microrganismo que compõe estas misturas, faz-se necessário realizar seu

isolamento. Para isso, precisamos de um meio de cultura e de condições de incubação que

favoreçam o crescimento da espécie desejada.

As condições necessárias para o crescimento microbiano podem ser divididas

em duas categorias principais: as condições físicas, tais como temperatura, pH e pressão, e as

condições químicas. Dentre as condições químicas, temos a água e as diversas fontes de

carbono (C), nitrogênio (N), fósforo (P), enxofre (S) e sais minerais.

“O meio de cultura consiste em um material nutritivo, preparado em

laboratório, que se destina ao cultivo artificial dos microrganismos, devendo, portanto,

fornecer os nutrientes indispensáveis ao seu crescimento. Pode ser líquido, sólido ou semi-

solido”. (VERMELHO et al., 2006, p.130).

Conforme a espécie que será cultivada, o meio de cultura poderá ser sintético,

também chamado de quimicamente definido. Neste contexto, todos os elementos são

conhecidos, possuindo composição química exata.

No entanto, o meio de cultura também poderá ser complexo e conter ingredientes

complexos, como extrato de carne, rico em vitaminas e outros fatores de

crescimento orgânicos, e cuja composição química exata não é conhecida. Além do

extrato de carne, vários outros extratos também são muito utilizados nos meios de

cultura complexos. Os extratos de levedura e de malte, bem como as peptonas e

outros hidrolisados parciais de proteínas, como a caseína, que é a proteína

encontrada no leite. A grande vantagem dos meios complexos é que a adição de um

ingrediente já garante a presença de uma ampla gama de substâncias necessárias ao

crescimento do microrganismo. (id ibid., p.132).

Há também os meios diferenciais, elaborados para destacar uma característica

fisiológica ou bioquímica do microrganismo em questão, permitindo distinguir suas colônias

das de outros microrganismos que cresçam no mesmo meio. A inclusão de um indicador de

pH ao meio de cultura possibilita evidenciar as colônias de microrganismos que geram ácidos

a partir do uso daquele carboidrato, pois a cor do indicador irá alterar-se em resultado da

acidificação do meio em torno da colônia.

2.3.1 Caldo BHI – Brain Heart Infusion

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária em “Descrição dos meios de

cultura empregados nos exames microbiológicos” - Módulo IV, o meio de cultura BHI é

18

oriundo de peptona e dextrose, que são nutrientes de cérebro e coração respectivamente,

justificando o seu nome. A peptona e a infusão (processo de mergulhar qualquer substância

em água fervente) são fontes de nitrogênio, carbono, enxofre e vitaminas. A dextrose é um

carboidrato que os microrganismos usufruem para a fermentação.

Este meio é adequado para o cultivo de estreptococcos, enterobactérias, não

fermentadores, meningococos, pneumococos, leveduras e fungos. O BHI pode ser utilizado na

preparação do inoculo para teste de susceptibilidade aos antimicrobianos, para a realização de

teste de coagulase em tubo, para teste de crescimento bacteriano e para teste de motilidade em

lâmina.

Sua cor original é amarela clara e límpida, e quando turva é positivo para presença

de crescimento bacteriano. Deve-se conserva-lo a temperatura de 4 a 10°C por no máximo 6

meses.

2.4 CRECIMENTO MICROBIANO

No estudo dos microrganismos, a palavra crescimento significa um aumento do

número de células. O crescimento equivale a um constituinte fundamental da função

microbiana, já que todas as células contêm tempo de vida delimitado na natureza. Nesse

contexto, as espécies apenas são conservadas devido ao crescimento constante das populações

microbianas. A maioria dos casos práticos requer o controle desse crescimento microbiano.

Desta forma, o conhecimento sobre como as populações microbianas podem se multiplicar

aceleradamente é muito importante na elaboração de métodos de controle do crescimento

microbianos.

Na maioria dos procariotos, o crescimento de uma célula individual ocorre até que

esta se divida – processo denominado fissão binária, como já mencionado no item 2.2.

Durante o ciclo do crescimento há um aumento no número de todos os constituintes celulares,

de modo que cada célula filha fique com um cromossomo completo e cópias satisfatórias de

todas as outras macromoléculas, monômeros e íons inorgânicos, assegurando assim sua

sobrevivência como célula independente.

Ao longo do ciclo de divisão celular, todos os integrantes estruturais de uma

célula são duplicados. O período em que uma célula gera duas novas é chamado geração.

19

Desta maneira, o tempo de geração é igual ao tempo necessário para uma população

multiplicar-se. Os tempos de geração são variados nos diversos organismos.

Muitas bactérias têm tempo de geração de 1 a 3 horas, embora sejam conhecidos

organismos que se dividem a cada 10 minutos e outros que levam vários dias para se

dividir. Além disso, o tempo de geração de determinado organismo depende, até

certo ponto, do meio de cultura utilizado e das condições de incubação empregadas. (MADIGAN, MARTINKO e PARKER, 2004, p.132).

O crescimento de microrganismos em batelada possibilita a elaboração de uma

curva de crescimento específica, exemplificada na figura x. Essa curva de crescimento pode

ser separada em diversas fases nomeadas: fase lag, fase exponencial, fase estacionária e fase

de morte (ou de declínio).

Figura 2 - Curva de crescimento típica de uma população bacteriana

Fonte: Madigan, Martinko e Parker, 2004, p.134.

Quando uma população microbiana é inoculada em um novo meio de cultura a

partir de uma cultura antiga, o crescimento não se inicia imediatamente, mesmo que todas as

células do inoculo sejam capazes de se reproduzir. Esse período de inexistente crescimento

microbiano equivale à fase lag, que pode ser longa ou curta, dependendo do estado da cultura

e das condições de cultivo. Isso ocorre porque, normalmente, nessas circunstâncias, as células

do inoculo estão deficientes de vários elementos primordiais e necessitam de tempo para

produzi-los novamente. “Se uma cultura em fase exponencial for inoculada em um mesmo

20

meio, nas mesmas condições de cultivo, a fase lag não ocorrerá, havendo o estabelecimento

imediato de um crescimento exponencial.” (id ibid., p. 134).

A fase exponencial é resultado da divisão binária. Células em crescimento

exponencial em geral encontram-se em estado mais “saudável”. A maior parte dos

microrganismos unicelulares apresenta crescimento exponencial, apesar de taxas de

crescimento bastante variáveis. A fase exponencial define-se por conter inicialmente uma taxa

lenta do aumento do número de células que, mais tarde, é acelerada.

Com isso, observa-se um aumento explosivo no número de células nos estágios

finais. A taxa de crescimento exponencial é influenciada pelas condições ambientais

(temperatura, composição do meio de cultura) e pelas características genéticas do

próprio organismo. (id ibid., p.132).

Em uma cultura em batelada não pode haver o crescimento exponencial

ilimitadamente. Cálculos apontam que, se uma única bactéria, com tempo de geração de 20

minutos, possuir crescimento exponencial constante por 48 horas, renderia uma população

com peso cerca de 4.000 vezes maior que o peso da Terra. Logicamente, algo deve acontecer,

determinando a interrupção do crescimento da população. Geralmente, o que se sucede é (1) o

término de um nutriente fundamental existente no meio de cultura e/ou (2) quando algum

produto de excreção celular impacta uma concentração inibitória e proporciona o fim do

crescimento exponencial. Neste instante, a população alcançou a fase estacionária. Nessa

fase, geralmente, não acontece crescimento do número de células, porém em alguns

organismos, pode decorrer um baixo crescimento; onde algumas células se fracionam, na

mesma proporção que outras morrem e os dois processos se compensam, não ocasionando

modificação no número de células.

Se uma população que entrou na fase estacionária continuar nas mesmas

condições de incubação, notaremos que as células irão morrer, ou seja, alcançaram a fase de

morte. A fase de morte é também exponencial, todavia, a taxa de morte celular é muito menor

do que à taxa de crescimento exponencial.

Existem vários métodos que pode ser empregados para visualizar o crescimento

microbiano em um meio de cultura; posteriormente trataremos de dois métodos: turbidez e

coloração de Gram.

21

2.5 TURBIDEZ

Segundo Madigan, Martinko e Parker (2004), um procedimento rápido e de

grande utilidade para observar o crescimento microbiano é a turbidez. Uma suspensão celular

tem aparência turva porque as células dispersam a luz que penetra a suspensão. Quanto maior

o número de células existentes, maior a quantidade de luz dispersa e, consequentemente, mais

turva a suspensão. A turbidez pode ser visualizada a olho nu e também medida com o auxílio

de um espectrofotômetro, instrumento que proporciona a passagem de luz por uma suspensão

celular, identificando a quantidade de luz emergente não dispersa. Os comprimentos de onda

geralmente usados para medir a turbidez de culturas bacterianas são: 540 nm (verde), 600 nm

(laranja)ou 660 nm (vermelho).

2.6 COLORAÇÃO DE GRAM

Um corante é uma molécula que pode se ligar a uma estrutura celular e conferir-

lhe cor. Os métodos de coloração fazem com que os microrganismos se realcem em relação

ao fundo da placa o qual ele se encontra, ajudando os pesquisadores na identificação da

existência de crescimento microbiano, como também examinar diferenças estruturais e

químicas nas estruturas celulares.

A maioria das bactérias possuem membranas celulares com superfícies

negativamente carregadas, portanto atraem corantes básicos positivamente carregados. Os

corantes mais utilizados são o azul de metileno, o cristal violeta, a safranina e o verde de

malaquita.

Em microbiologia, são utilizados dois tipos principais de coloração: a coloração

simples e a diferencial. A coloração simples utiliza um único corante e revela os formatos

básicos das células e seus arranjos. A coloração diferencial utiliza dois ou mais corantes e

diferencia dois tipos de organismos ou duas partes diferentes de um mesmo organismo.

A coloração de Gram, certamente a coloração diferencial mais utilizada, foi criada

pelo médico dinamarquês Hans Christian Gram em 1884.

Neste método de coloração, as células bacterianas primeiramente absorvem o cristal

violeta, e então acrescenta-se o iodo. O iodo reage age como um mordente, ou seja,

uma substância química que ajuda na retenção do corante em determinadas células.

Aquelas estruturas que não retêm o cristal violeta são descoradas por etanol a 95%

ou por uma solução etanol-acetona; são então lavadas e coradas com safranina. (BLACK, 2002, p.60).

22

Figura 3 - Coloração de Gram – A. Bacillus subtilis Gram positivos e B. Escherichia

coli Gram negativas.

Fonte: Vermelho et al., 2006, p. 95.

Quatro grupos de organismos podem identificados através da coloração de Gram:

1. Gram-positivos, cuja parede celular retém o corante cristal violeta;

2. Gram-negativos, cuja parede celular não retém o corante cristal violeta;

3. Gram-não-reativos, que não se coram ou se coram fracamente e;

4. Gram-variáveis, que se coram de maneira desigual.

2.7 EFEITOS DA TEMPERATURA E DO PH NO CRESCIMENTO MICROBIANO

A temperatura é o fator ambiental mais importante que influencia no crescimento

e sobrevivência dos microrganismos. Ela pode atingi-los de duas formas distintas. À medida

que a temperatura aumenta, as reações químicas e enzimáticas passam a acontecer mais

rapidamente. Porém, acima de certa temperatura, algumas proteínas podem deteriorar-se.

Cada organismo possui três temperaturas chamadas de temperaturas cardeais:

1) Uma temperatura mínima, abaixo da qual é incapaz de crescer;

2) Uma temperatura ótima, em que o crescimento ocorre rapidamente e;

3) Uma temperatura máxima, acima da qual o crescimento torna-se

impossível.

A temperatura ótima encontra-se sempre mais perto da temperatura máxima do

que da mínima. “A temperatura máxima de crescimento equivale ao instante em que uma ou

mais proteínas-chave da célula são inativadas. No entanto, os fatores que controlam a

23

temperatura mínima de crescimento de um organismo são ainda pouco conhecidos.”

(MADIGAN, MARTINKO E PARKER, 2004, p.141.).

As temperaturas cardeais são muito variáveis nos diversos tipos de

microrganismos; alguns possuem temperatura ótima de 4°C, já outros, de 100°C.

Por mais que os microrganismos tenham inúmeras regiões de temperatura ótimas

de crescimento, estes podem ser separados em quatro grupos:

Psicrófilos: com ótimo em baixas temperaturas, encontrados em ambientes

muito frios;

Mesófilos: com ótimo em temperaturas medianas, encontrados em animais

de sangue quente e ambientes terrestres e aquáticos de latitudes tropicais;

Termófilos: com ótimo em altas temperaturas, encontrados em ambientes

muito quentes e;

Hipertermófilos: com ótimo em temperaturas muito elevadas, encontrados

em ambientes extremamente quentes, como fontes termais, gêiseres e

fendas hidrotermais no fundo do mar.

Figura 4 - Exemplos da relação da taxa de crescimento com a temperatura.

Fonte: Madigan, Martinko e Parker, 2004; p.141.

Termófilos e Hipertermófilos são aptos a se reproduzir em altas temperaturas por

conta de suas enzimas e outras proteínas conterem termoestabilidade extremamente maior a

de mesófilos. Mas qual a razão dessa termoestabilidade? Os termófilos, por exemplo,

possuem lipídeos repletos de ácidos graxos saturados, que estabilizam e viabilizam a

24

resistência térmica. Ácidos graxos saturados produzem ambientes mais hidrofóbicos que os

insaturados, que facilitam a estabilidade da membrana.

Esses dois grupos de microrganismos são muito interessantes em processos

industriais e biotecnológicos, pois muitos destes são favorecidos a altas temperaturas.

Um exemplo prático de uma enzima termoestável de grande aplicação corresponde a

DNA polimerase, isolada do termófilo Termus aquaticus. Essa enzima é utilizada na

reação de polimerização em cadeia, um método extremamente importante para a

amplificação de sequencias específicas de DNA. (id ibid., p.147).

Enfim, visando sua utilidade industrial, é importante o estudo e desenvolvimento

sobre a aplicação de enzimas e outros produtos celulares termoestáveis.

É também característica individual de cada microrganismo possuir uma faixa de

pH onde ocorre seu crescimento, e um determinado pH ótimo – ponto de maior velocidade de

reprodução. Os microrganismos mais comuns crescem em pH variando de 5 a 9, pois a

maioria dos ambientes naturais apresenta pH dentro deste intervalo. Apenas certas espécies

podem crescer em pHs menores que 2 ou maiores que 10. Os microrganismos que crescem

em pHs baixos são chamados de acidófilos, enquanto os que crescem em pHs altos são

nominados alcalifílicos.

Figura 5 - A escala de Ph e os microrganismos.

Fonte: Madigan, Martinko e Parker, 2004, p.147.

25

Apesar de os microrganismos possuírem valores de pHs específicos para o seu

crescimento, o pH ótimo é apenas o pH do meio externo. O pH interno da célula permanece

próximo a neutralidade impedindo a exterminação de macromoléculas sensíveis as bases ou

ácidos.

Em culturas em batelada o pH pode alterar durante o crescimento, como

consequência das funções metabólicas que consomem ou produzem elementos básicos ou

ácidos. Por este motivo, soluções tampões são muito utilizadas na produção dos meios de

cultura, com o objetivo de manter o pH constante.

2.8 GEOBACILLUS STEAROTHERMOPHILUS

Geobacillus stearothermophilus é uma bactéria termófila, formadora de esporos,

gram positiva, caracterizada por uma membrana celular interna e uma parede celular espessa.

Ela é anaeróbica, ou seja, não necessita do oxigênio para sobreviver, e possui forma de bastão.

A G. stearothermophilus é encontrada em ambientes muito quentes, como aberturas térmicas

e solos desérticos. Algumas enzimas resistentes ao calor, como a xilanase para tratamento de

polpa e protease tipo termolisina para produção de aspartame artificial, foram isoladas desta

bactéria termófila.

Figura 6 - Geobacillus Stearothermophilus

Fonte: microbewiki, 2017.

A estirpe 10 de Geobacillus stearothermophilus é uma cepa que foi isolada do

material de uma fonte termal no Parque Nacional de Yellowstone, no norte dos Estados

Unidos. Esta bactéria é constantemente utilizada na indústria de biotecnologia para

26

comprovar a eficácia dos ciclos de esterilização a vapor, devido a sua alta resistência ao calor.

(TIMKO, 2010).

2.9 CONTROLE MICROBIOLÓGICO

O controle do crescimento dos microrganismos é importantíssimo e obrigatório na

Medicina e em outras áreas das Ciências da Saúde como Biologia, Enfermagem, Farmácia,

Nutrição e Odontologia. Como exemplos do emprego dos métodos de controle, temos a

prevenção das infecções hospitalares por procedimentos adequados que vão desde o modo

correto de lavar as mãos até as técnicas indicadas, de acordo com normas do Ministério da

Saúde, para limpar, esterilizar e/ou desinfetar instrumentos e superfícies hospitalares. Se

realizado de maneira correta, estes procedimentos garantem devido nível de microrganismos,

o que é indispensável para a segurança dos pacientes e da equipe de trabalho.

Na indústria, diversos métodos de controle microbiológico podem ser utilizados, e

este controle faz parte das fases que asseguram a qualidade dos produtos como alimentos,

cosméticos, medicamentos, água, etc.

Em laboratórios de análises clínicas e também de pesquisa estes métodos são

usados no preparo de meios de cultura, esterilização de vidraria como pipetas, placas de Petri,

ponteiras e outros materiais.

Os microrganismos podem ter seu crescimento controlado por agentes químicos e

físicos, os quais podem eliminar totalmente os microrganismos (esterilização) ou impedir a

sua reprodução, gerando condições nas quais eles não podem se crescer (desinfecção).

Diferentes métodos podem ser utilizados, como por exemplo, calor e radiação ionizante.

Contudo, a forma de controle mais utilizada é a esterilização, que normalmente se dá pela

aplicação de métodos físicos como vapor e calor sob pressão, operado na autoclave.

Tabela 1- Métodos físicos e químicos de controle do crescimento microbiano

MÉTODOS FÍSICOS

Temperatura

Radiação

Filtração

Dessecação

Remoção de O2

27

Vibração ultra-sônica

MÉTODOS QUÍMICOS

Desinfetantes

Anti-sépticos

Preservativos usados em alimentos

Fonte: adaptado de Vermelho et al, 2006, p. 38.

Assim, observamos a relevância do emprego dos métodos de controle dos

microrganismos em diversos campos. A seleção dos métodos depende da finalidade, da

característica do material e do grau de controle almejado. A seguir nos métodos que utilizam a

temperatura no controle microbiano.

2.8.1 Métodos que empregam o calor úmido

2.8.1.1 Autoclave

A autoclave é um instrumento que utiliza o vapor d’agua sob pressão que gera a

temperatura mínima de 121°C. Este método extermina as formas vegetativas e esporuladas de

bactérias e fungos, ocasionando a esterilização.

A autoclavação é um procedimento muito utilizado em laboratórios e hospitais.

Algumas autoclaves contem dispositivos para retirar o ar, pois o mesmo normalmente

impossibilita uma esterilização eficaz, dificultando o contato direto do vapor com o material.

Porém, autoclaves sem mecanismo de remoção do vapor também são muito empregadas.

Neste caso, o material pode ser seco posteriormente em estufa. (VERMELHO; et al, 2006,

p.39 e 40)

A monitoração da eficiência da autoclavação deve ser feita com indicador

biológico diariamente segundo a RDC Nº 15, de 15 de março de 2012 da ANVISA.

Trataremos melhor sobre o monitoramento da esterilização posteriormente no item 2.10.

28

Figura 7- Autoclave

Fonte: da autora, 2017.

2.8.1.2 Pasteurização

Técnica muito utilizada na indústria de alimentos que só devem ser expostos ao

calor em circunstâncias reguladas para não degenerar os nutrientes. Na pasteurização acontece

uma redução do número dos microrganismos pela submissão rápida a uma temperatura

relativamente alta. Este método não esteriliza. Como exemplos de alimentos pasteurizados

podemos citar o leite e a cerveja. Na indústria de laticínios é usual empregar um teste para

verificar se o produto foi pasteurizado, que é o teste da fosfatase alcalina, uma enzima

proveniente do leite que é inativada após a pasteurização.

2.8.2 Métodos que empregam o calor seco

2.8.2.1 Estufas e Fornos

Possui menor capacidade de penetração do que o calor úmido e necessitam altas

temperaturas e tempos maiores. “A característica comum entre os métodos que utilizam o

calor seco é ausência de umidade, o que torna o processo menos eficiente e demorado. Na

estufa o material é aquecido por convecção e por condução.” (id ibid., 2006, p.44). O calor

seco não corrói instrumentos metálicos e não atinge a superfície dos vidros. Para controlar a

29

eficiência, devem ser aplicados testes semanais utilizando o Bacillus subtilis e usadas fitas

termossensíveis específicas para o calor seco.

2.10 TESTE DE VALIDAÇÃO DA AUTOCLAVAGEM – INDICADORES BIOLÓGICOS

Teste de validação são sistemas criados para verificar a confiabilidade do

processo, assegurando resultado fidedigno. A validação testa a eficiência do equipamento, ou

seja, se o mesmo desempenha as especificações para ele exigidas. Existem dois tipos de

indicadores utilizados para a validação, os indicadores químicos (fitas termossensíveis) e os

indicadores biológicos.

As fitas termossensíveis são fabricadas com uma substancia impregnada que

permite o aparecimento de faixas pretas após as mesmas serem expostas a altas temperaturas.

Estas fitas tem menor confiabilidade em relação ao indicador biológico, pois não garantem a

exterminação de bactérias, e as mesmas não podem ser mais utilizadas para teste do

monitoramento da esterilização em autoclaves.

Figura 8 - Caixa plástica vedada com fita termossensível (A) antes e (B) depois da

autoclavação.

Fonte: Vermelho et al., 2006, p.43.

Como já mencionado no item 2.8.1.1, a RDC Nº 15, de 15 de março de 2012 da

Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, dispões sobre requisitos de boas

práticas para o processamento de produtos para saúde, incluindo os de monitoração da

eficiência da autoclavação.

Art. 98 No monitoramento do processo de esterilização dos produtos para saúde

implantáveis deve ser adicionado um indicador biológico, a cada carga. Parágrafo

30

único. A carga só deve ser liberada para utilização após leitura negativa do

indicador biológico. Art. 99 O monitoramento do processo de esterilização com

indicador biológico deve ser feito diariamente, em pacote desafio disponível

comercialmente ou construído pelo CME ou pela empresa processadora, que deve

ser posicionado no ponto de maior desafio ao processo de esterilização, definido

durante os estudos térmicos na qualificação de desempenho do equipamento de

esterilização. (RDC Nº 15, de 15 de março de 2012 – ANVISA).

O indicador biológico é composto por uma fita de esporos de Bacillus

Stearothermophilus, e uma ampola contendo o meio de cultura e um indicador de pH. Abaixo

um exemplo de indicador biológico comercializado atualmente.

Figura 9 - Indicador biológico Clean-Test.

Fonte: da autora, 2017.

Para se verificar se uma autoclave está funcionando apropriadamente, coloca-se

no equipamento o indicador biológico juntamente com os outros materiais a serem

esterilizados. Após a autoclavação, o frasco interno do indicador é quebrado para liberar o

meio de cultura sobre a fita contendo os esporos e coloca-se o mesmo sob suas condições de

incubação. Após algumas horas, se a ampola continuar com a coloração inicial do indicador

de pH, significa que a esterilização foi eficaz, ou seja, não houve crescimento do Bacillus

Stearothermófilus. Caso o meio de cultura tenha alterado a sua cor, significa crescimento

bacteriano, ou seja, esterilização ineficaz.

31

Figura 10 - Exemplos do comportamento do indicador biológico

Fonte: Google imagens, 2017.

O indicador de pH mais utilizado em indicadores biológicos comercializados

atualmente é a púrpura de bromocresol. Este indicador mantém sua coloração roxa em pH

alcalino ou levemente ácidos (entre 6 e 8) e altera para coloração amarela em pHs ácidos

(abaixo de 5,5). Desta forma, o indicador que apresentar coloração roxa indica ausência de

crescimento bacteriano, e amarela presença de crescimento bacteriano.

32

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 MATERIAIS

Segue abaixo a relação de materiais, reagentes e equipamentos utilizados para as

práticas dos métodos realizados.

Tabela 2 - Materiais, reagentes e equipamentos utilizados.

NOME FABRICANTE QUANTIDADE

MATERIAIS

Papel Filtro Unifil 1 disco

Geobacillus

Stearothermofilos ATCC

7953

Plast Labor ----------------

Meio de cultura BHI HiMedia Laboratories 300 mL

Fraco de vidro com tampa Desconhecido 2

Indicador Púrpura de

Bromocresol Vetec 6 mg

Cartucho Plástico

Autoclavável Detrilab 1

Pote de vidro Desconhecido 2

Bico de Bunsen Desconhecido 1

Alça de Níquel-Cromo Desconhecido 1

Lâmina de vidro Desconhecido 2

REAGENTES

Violeta Genciana Laborclin ----------------

Lugol Fraco Laborclin ----------------

Álcool Cetona NewProv ----------------

Fucsina Fenicada Laborclin ----------------

EQUIPAMENTOS

Microscópio Eclipse E 200 Nikon 1

Estufa Microbiológica Soc.Fabbe 1

33

Autoclave Soc.Fabbe 1

Balança Analítica Voyeger 1

Fonte: da autora, 2017.

3.2 MÉTODOS

3.2.1 Fases de desenvolvimento da pesquisa

Para desenvolver o estudo sobre a metodologia de produção do indicador

biológico foram realizadas as etapas descritas no fluxograma abaixo:

Figura 11 - Fluxograma das etapas da pesquisa

Fonte: da autora, 2017.

Levantamento dos dados

bibliográficos

Teste de crescimento da

Geobacillus S. em BHI

Definição da metodologia a ser executada

1ª execução da metodologia

Estudo de ajustes na metodologia

2ª execução da metodologia

Análise dos resultados

34

O levantamento dos dados bibliográficos foi realizado a partir de livros,

dissertações, normativas e legislações disponíveis na biblioteca e base de dados da

Universidade do Sul de Santa Catarina e na internet.

Antes de iniciar qualquer função metodológica, fez-se um teste de crescimento

com a cepa de Geobacillus Stearothermophilus e o meio de cultura BHI disponíveis.

Confirmado o crescimento da cepa no caldo BHI, iniciou-se então o estudo para

definição da metodologia que seria executada a fim de produzir o indicador biológico.

Com a metodologia definida e todos os materiais reunidos, realizou-se o método

em laboratório de microbiologia da empresa concessora do estágio.

Como os resultados da metodologia executada não foram os esperados, ou seja,

não alcançou a viragem da coloração, estudou-se novamente a metodologia a fim de encontrar

os possíveis problemas e soluciona-los. Desta forma, aumentou-se o tamanho do recorte dos

papeis filtros, aumentou-se também o tempo de permanência dos mesmo em solução

bacteriana e também definiu-se a concentração da solução de meio de cultura e indicador de

pH.

Executou-se a metodologia com os ajustes em laboratório de microbiologia da

Universidade do Sul de Santa Catarina, e fez-se a análise dos resultados.

3.2.2 Cultivo das células

A população de Geobacillus Stearothermofilos ATCC 7953 foi cultivada em 100

mL de meio de cultura BHI. O meio de cultura foi preparado pelo Laboratório Didático da

Saúde da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL.

A suspensão bactéria e meio de cultura foi inoculada em estufa microbiológica a

60°C pelo período de 48 horas.

Após este período, a suspensão foi armazenada em temperatura ambiente durante

15 dias.

35

Figura 12 - Estufa microbiológica

Fonte: da autora, 2017.

3.2.3 Acompanhamento do crescimento microbiano

Após o período de 48 horas de incubação da bactéria, verificou-se a existência de

turvação do meio de cultura e realizou-se o Teste de Coloração de Gram (ver item 2.6) para

comprovar a existência de crescimento bacteriano e verificar a possível presença de

microrganismos invasores.

O método do teste de Coloração de Gram consiste em “sujar” uma lâmina de

vidro com uma porção do material onde se quer verificar a existência de crescimento

microbiano. A lâmina foi corada com os regentes da Figura 13.

36

Figura 13 - Reagentes utilizados no Teste de Gram. Da esquerda para a direita: Violeta

Genciana, Lugol Fraco, Ácool Cetona e Fucsina Fenicada.

Fonte: da autora, 2017.

Tabela 3- Tempo de permanência dos reagentes na lâmina para o Teste de Gram.

REAGENTE TEMPO

Violeta Genciana 1 min

Lugol Fraco 1 min

Álcool Cetona 15 s

Fucsina Fenicada 30 s

Fonte: da autora, 2017.

Para cada reagente existe um tempo de permanência do mesmo na lâmina,

expostos na Tabela 3. Entre um reagente e outro lavou-se a lâmina com água corrente. Após,

deixou-se a lâmina secar para posterior análise em microscópio.

3.2.4 Escolha dos materiais para a estrutura do protótipo do indicador biológico

A fim de aproximar o protótipo dos indicadores biológicos já comercializados

atualmente, definiu-se impregnar uma população de Geobacillus Stearothermophilus em

papel filtro faixa azul. A escolha do papel filtro deve-se a porosidade do mesmo que é de 2

µm, estando adequado para reter bactérias que variam de 2 a 6 µm.

37

Figura 14 – Frascos de vidro com tampa de rosca

Fonte: da autora, 2017.

Decidiu-se utilizar frasco de vidro pequenos com tampa de rosca para substituir o

tubo externo do indicador comercial, onde o papel filtro já impregnado é depositado para

posterior contato com o meio de cultura após a autoclavação.

3.2.5 Ensaio de impregnação em papel filtro

Recortaram-se retângulos de papel filtro Faixa Azul no tamanho 2,5 x 0,5 cm,

colocou-se os mesmos em saco plástico autoclavável e esterilizou-se em autoclave. Após a

autoclavagem deixou-se o plástico contendo os retângulos de papel filtro em estufa de

secagem por 5 horas.

38

Figura 15- Inserindo os papeis filtros na solução bacteriana

Fonte: da autora, 2017.

Em bancada de laboratório, ligou-se o bico de Bunsen para criar um ambiente

estéril, pegou-se o frasco contendo a população de Geobacillus Stearothermofilos e com o

auxílio de uma pinça estéril foi-se coletando cuidadosamente os retângulos de papel filtro de

dentro do saco estéril e transferindo os mesmos para o frasco contendo o meio de cultura e

bactérias.

Figura 16 - Fitas de papel filtro faixa azul em solução bacteriana após 96 horas.

Fonte: da autora, 2017.

39

Deixou-se papel filtro e solução bacteriana em contato pelo período de 96 horas a

temperatura ambiente.

3.2.6 Preparo da solução com meio de cultura e indicador de pH

Segundo GUIZELINI (2010), a concentração ideal para o indicador de pH

púrpura de bromocresol é entre 0,016 e 0,031 g/L.

Figura 17 - Indicador púrpura de bromocresol e balança analítica.

Fonte: da autora, 2017.

Desta forma pesou-se em balança analítica 6,2 mg de indicador púrpura de

bromocresol e dilui-se em 200 mL de BHI. Esterilizou-se a solução em autoclave a 121°C

por 40 minutos.

40

3.2.7 Estudo de validação e comprovação da eficácia do método

Com o auxílio de uma pinça, retirou-se 2 (dois) retângulos da solução bacteriana e

colocou-se um em cada frasco - já estéril. Adicionou-se 1 mL da solução meio de cultura +

indicador de pH em cada frasco.

Identificou-se um dos tubos com a letra “P” de padrão, e este tubo foi colocado

em estufa microbiológica a 60 °C. O outro tubo foi esterilizado em autoclave e após, também

foi colocado na mesma estufa microbiológica sob a mesma temperatura.

Figura 18 – Indicadores biológicos produzidos

Fonte: da autora, 2017.

Os tubos permaneceram em estufa pelo período de 48 horas para posterior leitura

de comprovação da eficácia do método de validação.

41

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 ANÁLISE DO CRESIMENTO MICROBIANO

Após as 48 horas de incubação da solução bacteriana percebeu-se turvação do

meio de cultura. A figura 18 demonstra do lado esquerdo um exemplo da coloração original

do meio de cultura e do lado direito a solução bacteriana com aspecto turvo indicando

crescimento microbiano.

Figura 19 - Coloração do BHI antes (esquerda) e depois (direita) do crescimento microbiano

Fonte: da autora, 2017.

Para confirmar o crescimento microbiano e detectar a possível presença de

microrganismos invasores, realizou-se o teste de coloração de Gram.

42

Figura 20 - Confirmação do crescimento de G. Stearothermophilus após a coloração de Gram.

Fonte: da autora, 2017.

Pode-se verificar em análise microscópica a presença dos bacilos Gram positivos,

devido a sua forma alongada e sua coloração roxa. Não foram detectados microrganismos

invasores.

4.2 COLORAÇÃO DA SOLUÇÃO CONTENDO BHI E PÚRPURA DE

BROMOCRESOL

Ao diluir o indicador de pH púrpura de bromocresol no meio de cultura BHI com

base na concentração de 0,031 g/L, primeiramente pensou-se que a coloração estaria muito

forte, diferente da coloração da solução presente no indicador biológico Clean-Test. Porém

como o volume (200 mL) era bem maior do que o presente na ampola referência, a coloração

tende a parecer mais intensa. Por este motivo, a fim de realizar a comparação da coloração da

solução preparada com a solução do indicador biológico Clean-Test, pegou-se

aproximadamente 0,5 mL da solução e colocou-se ao lado da ampola do indicador referência.

43

Figura 21 - Solução de BHI e purpura de bromocresol

Fonte: da autora, 2017.

Figura 22 - A esquerda solução preparada e a direta solução do indicador biológico Clean-

Test.

Fonte: da autora, 2017.

Nota-se que a coloração da solução preparada se aproximou bastante da solução

do indicador referência.

44

4.3 COMPROVAÇÃO DA EFICÁCIA DO MÉTODO

Após 48 horas de incubação os indicadores biológicos apresentaram a seguinte

aparência:

Figura 23 - Indicadores biológicos após 48 h de incubação

Fonte: da autora, 2017.

A esquerda, o indicador biológico autoclavado permaneceu com a coloração roxa

indicando não crescimento microbiano. A direita, nota-se mudança discreta na coloração do

indicador não autoclavado.

A mudança na coloração do indicador foi muito discreta em relação a mudança de

coloração que ocorre nos indicadores biológicos comercializados atualmente. Porém, mesmo

que discreta, pode-se afirmar que há presença de crescimento microbiano neste meio.

Pode-se levantar algumas hipóteses do motivo pelo qual a mudança de coloração

que ocorreu foi discreta.

1. O crescimento microbiano pode estar ocorrendo de forma muito lenta, de

maneira que o tempo de leitura para a validação do método seja longo.

2. O método de impregnação das bactérias na fita de papel filtro pode não ter

sido eficiente ao ponto de reter esporos viáveis o suficiente para realizar a

viragem completa do indicador.

45

5 CONCLUSÃO

Este relatório realizou estudo em várias etapas na produção de um indicador

biológico para teste de esterilização em autoclaves, e pode-se concluir que as condições de

incubação da Geobacillus Stearothermophilus, ou seja, 60°C em estufa em meio BHI pelo

período de 48 horas, fornecem um bom crescimento de células.

O primeiro teste da metodologia não forneceram resultados satisfatórios, ou seja,

não alcançou-se a viragem do pH do indicador padrão. O insucesso da primeira tentativa da

metodologia foi atribuído a não absorção de células pelo papel filtro e pela utilização

incorreta da concentração da solução contendo meio de cultura e indicador de pH. Portanto

mostrou-se importantíssimo para o sucesso da metodologia o tempo de permanência dos

papeis filtros em solução bacteriana e a concentração do indicador de pH.

O segundo teste do método, discutido detalhadamente neste relatório, utilizou

impregnação em fita de papel filtro faixa azul durante 96 horas em contato com a solução

bacteriana, e solução do indicador púrpura de bromocresol com concentração de 0,031 g/L.

Esta metodologia mostrou resultado satisfatório e suficiente para validar o método,

observando a mudança da coloração do indicador biológico não autoclavado.

Contudo, mais estudos devem ser realizados a fim de obter um produto que

apresente mudança de coloração mais estável e em um período menor de resposta.

46

6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

A fim de produzir um indicador biológico a nível de comercializá-lo deve-se

realizar mais estudos para melhorar a leitura do resultado do controle da esterilização e

poder realmente garantir a eficiência do processo. Sugere-se as seguintes ações:

Estudar um método para quantificar o número de esporos viáveis presentes no papel filtro;

Realizar o teste de impregnação em outros tipos de papel filtro com diferentes porosidades;

Realizar o teste de validação com diferentes concentrações da solução de meio de cultura e

indicador de pH.

Estudar a possibilidade de adição de algum produto na solução com o indicador de pH que

auxilie na estabilidade da mudança de coloração;

Realizar o crescimento da G. Stearothermophilus em outro meio de cultura;

Estudar a razão dos tempos de resposta, e como proceder para diminuí-lo.

Realizar estudo de custos e viabilidade econômica.

47

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS-ABNT. NBR ISO 11134.

Esterilização de Produtos Hospitalares - Requisitos para Validação e Controle de Rotina

- Esterilização pelo Calor Úmido. São Paulo, 2001.

BLACK, Jaqueline G. Microbiologia –Fundamentos e Perspectivas. 4. ed. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan S.A., 2002, p 856.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC Nº 15, de 15 de março

de 2012. Regulamento Técnico que estabelece os requisitos de boas práticas para o

processamento de produtos para saúde.

BORZANI, Water. et al. Biotecnologia Industrial. Vol.1. 1. ed. São Paulo: Edgard Blucher,

2001, p. 288.

CORRÊA, E.G.; CASTILHO, A.R.F. de; PEREIRA, C.V. Indicadores químicos e

biológicos da eficácia de esterilização por autoclave ou estufa. Revista Odonto Ciência, v.

24, n.2, p.156-160, 2009.

GUIZELINI, Belquis Palácio. Desenvolvimento de um novo processo de produção de

esporos de geobacillus stearothermophilus e sua utilização em indicador biológico para

esterilização a vapor. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2010.

LEHNINGER, A. L. Bioquímica. 4. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2007.

MADIGAN, Michel T. ; MARTINKO, John M.; PARKER, Jack. Microbiologia de Brock.

10. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004, p. 624.

TORTORA, Gerard J. ; FUNKE, Berdell R. ; CASE, Christine L. Microbiologia. 8. ed. Porto

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TIMKO, Sam. Geobacillus stearothermophilus. 2010.

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novembro de 2017.

VERMELHO, Alane Beatriz. et al. Práticas de Microbiologia. 1. ed. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan S.A., 2006, p. 256.