universidade candido mendes pÓs … vieira de souza.pdf · assim é que nos voltaremos para as...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
IMPORTÂNCIA DA AUTO-ESTIMANA EDUCAÇÃO INFANTIL
Por: LUCIA VIEIRA DE SOUZA
OrientadorMary Sue
Co-OrientadorFabiane Muniz
Rio de Janeiro2006
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
IMPORTÂNCIA DA AUTO-ESTIMANA EDUCAÇÃO INFANTIL
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Educação
Infantil.
Por: Lucia Vieira de Souza
3
AGRADECIMENTOS
À Mary Sue que me orientou nas
leituras, ao Vitor Franco que soube
esperar meu estudo e à minha família
que sempre contribuiu para minha
auto-estima.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao bebê Matheus que durante o ano adoravelmente observei seu comportamento, ao meu Neto que acabou de nascer e me faz querer saber mais ainda sobre as crianças e a todas as crianças do planeta, para que tornem esse mundo humano e fraterno.
5
RESUMO
Este trabalho fala da Auto-Estima na Educação Infantil, de sua importância, de
quando mais podemos contribuir para que o processo de desenvolvimento da
criança, não seja somente físico e intelectual mas que esteja voltado também
para a formação de um indivíduo feliz consigo próprio e mais que isso acredite
em suas potencialidades, processo esse que se estende desde a fase fetal e
que deixa conseqüências por toda uma vida. Mostra que o mundo moderno
traz grandes avanços, tanto no campo tecnológico como no humano, mas no
dia-a-dia vemos pessoas infelizes consigo mesmas, que sofrem porque não
são magras, não têm o carro do ano, não foram à Europa, por não terem um
tênis de marca, não morarem em determinado bairro ou não terem o seu
“minuto de fama”. Por outro lado, há indivíduos que apesar de enfrentarem
situações de pobreza, necessidades ou doença, acreditam em si próprias e
lutam por um futuro melhor. O que faz a diferença? A educação, não só a
escolar mas a familiar e toda a bagagem que recebemos desde a mais tenra
idade. Grandes estudiosos, já mostraram a importância do social, do afetivo
para as crianças e chegou a hora de revermos a atenção que estamos dando
às nossas crianças: em casa, na escola, na família, na rua, no bairro, na
cidade, no mundo. Esclarecendo a distinção entre a Auto-Estima e outros
conceitos popularmente chamados de auto-ajuda, destacaremos sucintamente
não só as pesquisas recentes como estudos dos grandes pensadores da
educação, da psicologia do desenvolvimento infantil, bem como depoimentos
atuais sobre mídia.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I 10
O QUE É A AUTO-ESTIMA 10
1.1 – Conceitos 10
1.2 – A Importância da Auto-Estima na Educação Infantil 11
1.3 – A Construção da Auto-Estima 14
1.3.1 – A Auto-Estima n Família 15
1.3.2 – A Auto-Estima na Escola 19
1.3.3 – A AutoEstima na Sociedade 22
1.4 – Estimulando a Auto-Estima 24
1.4.1 – No processo Intra-Pessoal 24
1.4.2 – No processo Interpessoal 25
1.4.3 – Na Sociedade 26
CAPÍTULO II 28
TEORIAS PSICOGENÉTICAS 28
2.1 – Os Pensadores 28
2.1.1 – Piaget 28
2.1.2 – Wallon 29
2.1.3 – Vygotsky 30
2.2 – O Desenvolvimento da Criança 32
2.2.1 – O processo de Crescimento 32
2.2.2 – Nos Relacionamentos Sociais 33
2.2.3 – O Apego do Bebê aos Pais 33
2.2.4 – O Apego nos Anos de Pré-Escola e de Ensino Fundamental 34
2.2.5 – As Variações na Qualidade do Apego 35
7
FOLHA DE AVALIAÇÃO 36
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39
ANEXO 1 41
ÍNDICE 44
8
INTRODUÇÃO
Formar pessoas é muito mais que oferecer alimentação, escolas de bom
conteúdo, espaço físico adequado ao seu crescimento. Formar pessoas é
também promover um ambiente propício ao desenvolvimento da auto-estima
das crianças a fim de formar indivíduos confiantes em suas potencialidades.
Ao aprofundar as pesquisas ficou claro que a Educação Infantil não era
somente a educação formal, mas, que sua abrangência partia da vida uterina e
deixava marcas até à velhice.
As crescentes e rápidas mudanças na economia mundial têm exigido
das pessoas uma transformação urgente no seu comportamento, com alto grau
de competitividade, em muitos casos não permitindo aos pais dar a devida
atenção aos seus filhos.
Ao longo do tempo, na escola, foi massificada a formação educacional,
tirando o poder de criar, pensar, questionar, pois na ânsia de passar
conteúdos, os educadores, por vezes, não percebem a individualidade e
especificidade de cada aluno, não notando deficiências que por vezes podem
ser geradas por falta de estímulo, pela linguagem em que o conteúdo é
passado ao aluno ou ainda descaso.
Celso Antunes (2001) em sua análise acerca das pesquisas de Stanley
Coopersmith diz que “a auto-estima, e isso é óbvio demais, não se
circunscreve a equipamentos neurais, características biológicas ou padrões
materiais com que se cerca o crescimento, e sim à educação que se ministra.
Esses estudos trouxeram para as mãos de avós, pais e educadores a certeza
de que somente essas mãos e suas ações, e mais nada, constróem a auto-
estima que pela vida inteira se levará. Podemos com segurança dar adeus a
teorias do passado ou idéias padronizadas de que "alguma coisa", além da
educação, possa influir no valor que atribuímos a nós mesmos e na confiança
com que caminhamos pela vida. A análise de Coopersmith mostra com firmeza
9o papel da família, mas não apenas nesta o circunscreve. Os amigos que se
tem, a escola que se freqüenta e os professores completam o esboço dessa
forma de ser, modelada no lar. Casas e escolas com limites disciplinares
claramente definidos, pais e mestres que evitam punições corporais,
substituindo-as por recompensas por bom desempenho, que estimulam
amizades, que ensinam sociabilidade demonstrando interesse por todos os
assuntos dos filhos ou de seus alunos, não são apenas figuras que se guardam
com paixão, lembranças que se acalentam com saudade, mas, sobretudo,
arquitetos da automotivação e da capacidade de querer bem o próprio eu.”
Pondera ainda, Celso Antunes (2001) que “no lado avesso dessa
formidável construção apareciam lares e escolas injustas, onde padrões
disciplinares flutuavam entre a super-rigidez ou superpermissividade, e pais ou
professores responsáveis por deformações temperamentais incuráveis. A óbvia
verdade é que o cérebro em formação extrai dos outros e interioriza para todo
o sempre o quadro que os adultos fazem dele”.
Isso, por si só, mostra o quanto pode ser problemático para os
educadores formar seres humanos saudáveis e com alto grau de auto-estima.
10
CAPÍTULO I
O QUE É A AUTO-ESTIMA
1.1 – Conceitos
“Auto-estima refere-se ao valor que atribuímos a nós mesmos, é ter uma
visão concreta e realista das nossas limitações e potencialidades. Estimamos
aquilo que conhecemos, toda pessoa que se auto-conhece que identifica sua
singularidade é uma pessoa que quer bem a si mesma e, portanto, tem
desenvolvida essa auto-estima. Quanto melhor eu me conheço maiores as
possibilidades que tenho de desenvolver a auto-estima”. Celso Antunes, 2001.
A Auto-estima é a maneira como nos vemos, é o que sentimos por quem
nos olha quando estamos na frente do espelho, “gostamos de nós mesmos?”,
“acreditamos em nossa capacidade de passar pelos obstáculos?”, “somos
capazes de encarar nossas limitações e buscar soluções para nossos
problemas?” é também a maneira como olhamos para nosso interior, “temos
orgulho de nós mesmos?”, “nos vemos como pessoas amadas, respeitadas e
queridas?”.
Segundo Paula Dely (2006), a auto-estima “É um elemento que se
desenvolve na infância e depende de como e do quanto fomos valorizados
pelas pessoas que amamos. Conhecer nosso valor depende de que alguém o
aponte e nos estimule”.
E o que é mais surpreende é o quanto dependemos de nossos pais,
parentes, professores, amigos para construção dos conceitos que formarão
esse olhar que fazemos sobre nós mesmos, olhar esse que nos norteará por
toda a vida.
11É com o outro que aprendemos o que é gostar de nós mesmos, a
acreditar em nós mesmos e a confiar no próximo quando o desafio é grande e
precisamos de uma mão em nosso auxílio.
Diante da comercialização do mundo atual, todo cuidado é necessário
na abordagem da auto-estima. Recentemente havia um outdoor com a
chamada “desenvolva sua auto-estima e se torne um grande líder”. É preciso
deixar claro que a auto-estima não é uma conquista a base de varinha de
condão, não pode ser tratada como garantia de sucesso ou simplesmente ser
confundida com a tão popular auto-ajuda. A auto-estima é um processo de
formação do indivíduo e se estrutura no seu dia-a-dia.
É precisamos estar atento para que ao estimularmos as crianças com
intuito de desenvolver sua auto-estima, não criemos expectativas que exijam
da criança mais do que ela é capaz de executar ou mesmo o que sua faixa
etária não ainda é capaz de dotá-la. A ansiedade do esforço para agradar, ou
mesmo a frustração da não conquista pode deixá-la com a sensação de que
seus esforços são em vão e de que realmente não é capaz.
Importantíssimo é, também, o amparo e carinho que damos nas horas
difíceis. Passar às crianças que a vida tem momentos difíceis, mas, que têm
em quem confiar e se sentir protegidas é papel de todos para construção da
auto-estima e de uma sociedade mais humana.
1.2 – A Importância da Auto-Estima na Educação Infantil
A par do exposto, cuidaremos neste trabalho de tratar da auto-estima
como um processo. Um processo a ser desenvolvido em nosso dia-a-dia, na
família, na escola, na sociedade.
12Para Celso Antunes (2001), “A baixa auto-estima é um dos principais
problemas médicos, posto que se insinue como o mais importante fator no
desenvolvimento de patologias psicológicas e é, sem dúvida, um dos maiores
problemas educacionais.”
Pais e educadores não podem hoje em dia desconhecer a importância
da auto-estima no desenvolvimento das crianças, formar pessoas confiantes
em suas potencialidades e preparadas para os infortúnios da vida é tarefa de
toda a responsabilidade.
Entretanto, o excesso de trabalho do mundo moderno, ou até mesmo a
preocupação com o desemprego não permitem aos pais uma atenção maior às
crianças, mesmo aos educadores, pois na ânsia de passar conteúdos, os
professores por vezes não percebem que algumas crianças não são capazes
de conhecer suas próprias capacidades por falta de estímulo ou descaso,
ficando apáticas após vivenciar uma história de fracasso.
Somos o animal mais dependente ao nascer, não sobreviveríamos sem
os cuidados dos que nos atenderam e já ao nascer moldamos comportamentos
em resposta ao tratamento que nos é dispensado.
Em nosso olhar, voz, sorrisos e acalentos, transmitimos ao bebê
aceitação e interesse por seu pequeno mundo, e, é esse ambiente que o rodeia
que será responsável pelo processo contínuo de formação de sua auto-estima.
O interesse desprendido às crianças, nas suas conquistas, passado em
nossa satisfação, a farão confiar cada vez mais em si próprias e capazes de ir
mais longe.
É nossa alegria ao observar os primeiros passos do bebê que lhe dá
confiança para caminhar cada vez mais na vida com segurança, a conquistar
degraus mais altos, formando o alicerce de sua auto-estima.
13Pesquisadores e Educadores nos dão ciência de que não são muitos os
trabalhos de pesquisa sérios publicados na área da auto-estima,
particularmente no Brasil.
É verdade, ainda, que o mercado está cheio de pesquisas que não são
de confiança que induzem à crença ou suposições.
Assim é que nos voltaremos para as pesquisas de Stanley Coopersmith
sobre a auto-estima e a maneira de desenvolvê-la no lar e na escola.
Coopersmith acompanhou por anos seguidos um grupo de estudantes,
percebendo neles estágios diferentes de auto-estima que não estavam
determinados por condições intelectuais e emocionais e menos ainda pelo grau
de riqueza ou pobreza em que viviam, ou por serem bonitos e atraentes ou
considerados feios.
Coopersmith pode comprovar que o que torna as pessoas diferentes em
relação à auto-estima não está no que elas possuem mas necessariamente no
lar em que tiveram.
Aqueles que cresceram em lares com pais que os consideravam
interessantes e significativos, com pessoas que demonstravam respeito por
sua opinião, animando-os à curiosidade e ao desafio, mostravam excelente
grau de confiança e serena capacidade para resolução de problemas no
decorrer da vida.
Por outro lado, os crescidos em lares com críticas negativas, limites
disciplinares muito rígidos ou inconstantes e padrões disciplinares irregulares,
haviam desenvolvido um baixo grau de auto-estima.
Coopersmith comprova com firmeza o papel da família, mas não apenas
nesta o circunscreve. Os amigos que se tem, a escola que se freqüenta e os
professores completam o esboço dessa forma de ser, modelada no lar.
Por fim a definição de auto-estima de Coopersmith é: "... a avaliação que
o indivíduo faz, e que habitualmente mantém, em relação a si mesmo.
14Expressa uma atitude de aprovação ou desaprovação e indica o grau em que o
indivíduo se considera capaz, importante e valioso. Em suma, a auto-estima é
um juízo de valor que se expressa mediante as atitudes que o indivíduo
mantém em face de si mesmo. É uma experiência subjetiva que o indivíduo
expõe aos outros por relatos verbais e expressões públicas de
comportamentos. (Coopersmith, 1967, pp. 4-5).”
1.3 – A Construção da Auto-Estima
Em reportagem na revista Veja, Aida Veiga (2000), fala que “Auto-
estima é, numa definição simplificada, o que a pessoa sente em relação a si
mesma. Quando positiva, significa que ela se tem em boa conta, acredita que
os outros gostam dela e confia em sua habilidade de lidar com desafios.
Quando negativa, acha que não merece o amor de ninguém porque não sabe
fazer nada direito, podendo vir a se tornar excessivamente tímida e sem
iniciativa ou, no extremo oposto, se rebelar contra tudo e todos”.
Todas as pesquisas, estudos e conceitos até o momento elencados
reforçam que a formação da personalidade é um processo que se dá desde a
constituição genética do indivíduo.
Processo esse que é influenciado, aliado, somado, aliciado, modificado
por suas experiências de vida com as pessoas e com os objetos do mundo que
o cerca. Tanto no mundo do concreto, do orgânico-fisiológico, como dos
sentimentos, dos sentidos e quem sabe do espírito.
Freud, já no começo do século XX, é o primeiro a teorizar que amor-
próprio, antigo nome da auto-estima, é obrigatório em uma existência
satisfatória; solidificá-lo faz parte do processo de aprendizagem de vida.
151.3.1 – A Auto-Estima na Família
Dorotthy Law Nolte em seu livro “As crianças aprendem o que
Vivenciam” nos dá uma aula de paternidade, seus ensinamentos poderão em
muito nortear os pais na incansável missão de educar seus filhos.
Os pais não devem se ater a passar bons conceitos, pois as crianças,
inevitavelmente, absorverão aquilo que é transmitido através do
comportamento, dos sentimentos e atitudes de seus pais na vida diária. A
maneira como seus pais se expressam e administram seus próprios
sentimentos torna-se um modelo que será lembrado por seus filhos durante
toda a vida deles.
Na maioria das vezes, os filhos querem agradar os pais e estes podem
facilitar as coisas para eles dizendo claramente o que desejam.
É preciso dar informações concretas para que eles possam orientar seu
comportamento. Embora essa abordagem tome algum tempo, permite que
surjam opções e proporciona às crianças um bom treino no processo de tomar
decisões. Ter voz ativa em decisões cotidianas também contribui para que
construam a auto-estima.
Dividir a responsabilidade em pequenas questões ajuda as crianças a se
prepararem para tomar decisões importantes no futuro. Se nossos filhos
crescem sabendo que os escutamos e consideramos suas idéias com respeito,
vão se mostrar mais dispostos a falar conosco e trabalhar em conjunto para
resolver os problemas.
As crianças não sentem a crítica como incentivo. Para elas, é mais
como um ataque e, em geral, as tornam mais defensivas do que cooperativas.
Além disso, ao serem reprimidas por determinado comportamento, as crianças
16pequenas acham difícil compreender que a atitude é que é inaceitável, não elas
próprias.
Certos comportamentos, como bater, chutar, morder e empurrar, não
podem ser tolerados e devem resultar em medidas disciplinares, as crianças
necessitam de nossa ajuda para aprender a expressar seus sentimentos com
palavras em vez de colocá-los em ação. Como pais, precisamos aceitar e
respeitar os sentimentos de frustração de nossos filhos, mantendo, ao mesmo
tempo, regras e limites de comportamento. Encontrar um equilíbrio estável é
um grande desafio.
Sentir pena de si mesmo não é uma boa fórmula para o sucesso. Se
sentimos pena de nossos filhos ou estamos sempre cheios de auto-piedade
estamos ensinando a eles que é certo sentir pena de si mesmo. Não é uma
aula de iniciativa, perseverança ou entusiasmo. Pelo contrário, a auto-piedade
drena a energia pessoal e muitas vezes projeta uma imagem de desamparo e
inadaptação.
Sentir pena dos outros também não ajuda muito porque é uma emoção
que supõe distância. A empatia, por outro lado, é um sentimento de
proximidade, de tentar imaginar como seria se estivéssemos no lugar da
pessoa. Envolve compaixão e leva naturalmente a nos indagarmos como
poderíamos ajudar a outra pessoa.
A exposição diária ao ridículo no meio familiar é muito nociva e deixa a
criança insegura e tímida. Os pais precisam tomar conhecimento de como é o
relacionamento entre irmãos, sobretudo quando não há adultos por perto.
Devem intervir e estabelecer limites claros, explicando quais serão as
conseqüências caso se excedam, de modo que todas as crianças da família se
sintam seguras e confortáveis. Se os lares representarem um porto seguro, as
crianças contarão sempre com um lugar onde poderão ser elas mesmas.
17Os elogios também lhes fornecem um modelo de como observar e
expressar sua opinião sobre os outros e o mundo à sua volta. Será mais um
recurso para estabelecerem relacionamentos saudáveis e serem pessoas que
apreciam a vida, que encaram com uma atitude positiva as situações e as
pessoas que encontram. O elogio prepara-as para serem pessoas mais
agradáveis de se ter por perto. O elogio faz as crianças descobrirem o
verdadeiro significado do apreço e toca sua noção de valor e dignidade natos.
Toda criança merece se sentir assim, e cabe a família colaborar para isso. Isso
faz com que se sinta satisfeita com sua própria pessoa de um modo
fundamental, deixando-a com uma sensação de que sua gentileza é
reconhecida e valorizada.
Numa sociedade de consumo, as crianças são o tempo todo
bombardeadas com a mensagem de que mérito e valor próprios são
determinados pela quantidade e tipo de bens materiais que se possui. Há que
se encontrar meios de contrabalançar os valores consumistas a que nossos
filhos são expostos com os nossos valores pessoais, menos materialistas.
Para começar, fazendo-os saber que são amados acima de tudo por serem
exatamente como são.
Usamos a palavra “amor” para definir a experiência humana mais
dinâmica e vital que existe. O que chamamos de amor é maior do que
qualquer coisa que se possa dizer a respeito. E muita gente concordaria que
não há nada mais importante na vida do que amar e ser amado.
As crianças que são amadas com carinho e aceitas sem condições
desenvolvem-se melhor. O amor é o solo no qual as crianças crescem, a luz
do sol que determina a direção para onde se voltam, a água que as alimenta.
Aceitá-las integralmente é a nascente de onde flui nosso amor.
Ao mesmo tempo que imperativo para uma criança sentir-se querida, o
amor é uma necessidade humana fundamental que nunca pode ser
18dispensado: quando adultos, continuamos querendo ser amados. Ainda
sentimos falta da ligação com os outros seres humanos, da proximidade, do
afeto e calor do contato físico. Todos queremos ser aceitos por ser quem
somos e ter amigos com quem nos sentimos em casa.
Crianças que estão certas de que são aceitas e amadas possuem a
força interior indispensável para perseguir seus objetivos e criar laços com
outras pessoas.
Quando crescem sabendo que merecem ser amadas e esperando ser
amadas, estão preparadas para dar e receber amor, bem como para manter
relacionamento afetivos saudáveis.
As crianças precisam acreditar em si mesmas e na maneira como vêem
as coisas para poder agir. Se não confiarem em suas próprias decisões, é
bastante improvável que se tornem pessoas seguras de si. Para que tenham
fé em si mesmas, temos de acreditar nelas.
Não estaremos presentes para dar apoio a nossos filhos ao longo de
toda a vida deles. No entanto, se conseguirmos incutir neles uma sólida noção
de segurança durante a infância, os benefícios disto os acompanharão até a
idade adulta. A crença em si mesmos vai orientar sua escolha de carreira,
capacitá-los a correr riscos, lidar com responsabilidades e manter suas
decisões. Sua crença nos outros vai fazer com que se apaixonem, assumam
compromissos significativos com outras pessoas e construam famílias.
“Que nossas crianças sejam parte de um futuro que pouco a pouco,
elimine o medo, a fome, o preconceito e a intolerância - um futuro que aceite
cada pessoa de nosso planeta na família da humanidade. Vamos preparar o
caminho para que nossos filhos vejam o mundo sob sua melhor luz, para que o
considerem – e contribuam para fazer dele – um bom lugar para se viver.”
Nolte, 2003.
19
1.3.2 – A Auto-estima na Escola
Na escola a expectativa do professor é altamente importante para o
aluno. “Se um professor assume aulas para uma classe e crê que ela não
aprenderá, então, ele está certo e ela terá imensas dificuldades. Se, ao invés
disso, ele crê no desempenho da classe, ele conseguirá uma mudança porque
o cérebro humano é muito sensível a essa expectativa sobre o desempenho.”
Antunes, 2003.
O papel dos professores é quase tão grande quanto o dos pais, ainda
que em níveis diferentes, todo professor pode ser um construtor da auto-estima
de seus alunos quando os ajuda a estabelecer suas metas e mostra caminhos
para cumpri-las, quando sabe valorizá-los mais como pessoas do que simples
alunos.
Não há maior estímulo para um aluno do que o incentivo de seu
professor, da atenção a seus questionamentos e às suas inseguranças. O
“mestre” sempre foi aquele que guia, que orienta, que mostra os caminhos e
que é capaz de ensinar seus alunos a andarem com suas próprias pernas,
cada um de acordo com sua capacidade, passando confiança e estimulando a
confiança em si próprio.
Uns erram outros acertam, cumprem ou descumprem e, para isso,
necessitam ser notificados, mas pessoas amam, sofrem, esperam, anseiam,
alegram-se, emocionam-se, e esses sentimentos necessitam de percepção e
condução.
Prova disso é a experiência realizada em Nova York, em que uma
professora recebeu alunos normais acreditando estar recebendo uma turma de
superdotados. Preocupada com o resultado, preparou as aulas com muito
carinho e dedicação; depois das aulas, ficava na sala, a fim de esclarecer
20dúvidas e dar as orientações necessárias. O tratamento especial à turma de
crianças normais, propiciou resultados satisfatórios nos testes, bem acima dos
obtidos anteriormente. O fato é que por receberem tratamento de
superdotados, os alunos se comportaram como tais.
Por outro lado há um limite ou a maneira correta de se encaminhar. Na
década de 80, nos Estados Unidos, criaram-se comissões governamentais com
a missão de formular estratégias para aumentar a auto-estima das crianças e
dos adolescentes. Com o exagero, escolas em todo o país passaram a colar
cartazes e adesivos com elogios por toda parte e a orientar os professores a
enaltecer sempre a criança, por qualquer motivo, indiscriminadamente. O que
resultou em uma geração incapaz de enfrentar um não, viciada em elogio.
Agravante ainda à construção da auto-estima são as brincadeiras de
mau gosto que as crianças cada vez menores vem sofrendo nas escola, ao que
se denomina hoje em dia de ”bullying”.
Estudos recentes revelam que esse comportamento, que até a pouco
tempo era considerado inofensivo, pode acarretar sérias conseqüências ao
desenvolvimento psíquico dos alunos, gerando desde queda na auto-estima
até, em casos mais extremos, o suicídio e outras tragédias.
Quem nunca recebeu “apelidos” na escola? “Vara-pau”, “quatro-olhos”,
“rolha de poço”, “bolota” e por aí a fora. Todo mundo já testemunhou uma
dessas “brincadeiras” ou foi vítima delas.
“Bullying é termo em inglês utilizado para designar a prática de atos
agressivos entre estudantes. Traduzido ao pé da letra, seria algo como
intimidação. Trocando em miúdos: quem sofre com o bullying é aquele aluno
perseguido, humilhado, intimidado. E isso não deve ser encarado como
brincadeira de criança. Especialistas revelam que esse fenômeno, que
acontece no mundo todo, pode provocar vítimas... Bullying diz respeito a
21atitudes agressivas, intencionais e repetidas praticadas por um ou mais alunos
contra outro. Portanto, não se trata de brincadeiras ou desentendimentos
eventuais”. Dreyer, s.d.
Os estudantes que são alvos de bullying sofrem esse tipo de agressão
sistematicamente, explica o médico Aramis Lopes Neto (s.d.), coordenador do
primeiro estudo feito no Brasil a respeito desse assunto — Diga não ao
bullying: Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre
Estudantes, realizado pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção
à Infância e Adolescência (Abrapia).
Diversos trabalhos internacionais têm demonstrado que a prática de
bullying pode ocorrer a partir dos 3 anos de idade, quando a intencionalidade
desses atos já pode ser observada, afirma o coordenador da Abrapia.
Segundo Aramis (s.d.), a única maneira de combater esse tipo de prática é a
cooperação por parte de todos os envolvidos: professores, funcionários, alunos
e pais: Todos devem estar de acordo com o compromisso de que o bullying
não será mais tolerado.
Convém sempre lembrar o que diz Celso Antunes (2001): “Traumas
que as pessoas carregam por toda a vida foram adquiridos nos bancos
escolares”.
Ao tratarmos da Auto-Estima na escola, não podemos deixar de falar na
importância que toda sociedade deve demonstrar não só pelo professor mas
pela própria escola, o respeito da sociedade para com a educação escolar
transmitirá à criança o respeito que deve ter pela escola, pelos colegas e acima
de tudo pelos professores.
Para Jacir J. Venturi (s.d.) “Os educadores erram sim! E os pais
também! Pequenas divergências entre a escola e a família são aceitáveis e
quiçá salutares, uma vez que educar é conviver com erros e acertos. O filho
precisa desenvolver a tolerância, a ponderação, preparando-se para uma vida
na qual os conflitos são inevitáveis. No entanto, na essência, deve haver
22entendimento entre pais e educadores. O filho é como um pássaro que dá os
primeiros vôos. Família e escola são como duas asas: se não tiverem a mesma
cadência, não haverá uma boa direção para o nosso querido educando.”
1.3.3 – A Auto-Estima na Sociedade
É contraditório pensarmos que num mundo globalizado, em que quase
tudo é divulgado instantaneamente, os vários meios de comunicação
transmitem informações 24 horas ao dia, haja tanto descaso com o que
realmente importa ao homem: compreender e ser compreendido.
Fato é que chega a ser difícil sabermos a verdade das coisas, formar um
verdadeiro senso crítico, acreditar e não se decepcionar, saber se está no
caminho correto ou se está sendo induzido.
A todo momento temos acesso à informações dolorosas sobre nossas
crianças é o menor abandonado, o menor de rua, o menor delinqüente, o
menor no tráfico, na prostituição infantil, entretanto a sociedade vive atônita
sem saber o que fazer.
Em entrevista pela Jornal do Brasil o psicanalista Antônio Quinet (2005),
fala que “o capitalismo restringe o que podemos querer e gostar. Existe uma
propaganda maciça para dizer o que devemos ter ou não. Já a religião é mais
limitante ainda, porque entrega aos deuses tudo o que deveria ser da alçada do
indivíduo. E a ciência acaba considerando o indivíduo uma máquina, tirando a
responsabilidade até de seus afetos e características pessoais e atribuindo à
genética ou aos hormônios. Fazer suas próprias escolhas é muito difícil, é
preciso coragem e determinação. Ser responsável pelas próprias decisões é
duro.”
Vivemos o mundo do “deixa a vida me levar”, poucos são os que querem
realmente mudar as coisas para o bem do próximo ou são capazes de lutar por
23seus direitos. Algumas pessoas crescem totalmente dependentes, passam a
vida esperando que os outros tomem decisões por elas, permanecem
paralisadas para não correrem riscos.
Parece que a própria sociedade se encontra com baixa Auto-Estima, é
necessário transformar esse quadro, e é preciso urgente começar pelos
pequenos, pelos bebês, pelos que estão nascendo ou por nascer.
“Freud tem várias hipóteses sobre o assunto, sendo a do amor materno
a principal. A criança amada na infância tem mais confiança e, assim, vai
decidir melhor. Problemas na infância geram pessoas com dificuldades de
escolha. Mas uma infância ruim não determina seu futuro. Como você se
posiciona diante da vida vai definir sua história.” Quinet, 2005.
Outro problema de nossa sociedade é o apontado pelo psicanalista,
Jurandir Freire Costa, quando nos fala que “Raras vezes, no Ocidente,
inventamos uma maneira tão leviana de lidar com o corpo humano, contando
com a conivência dos humilhados e ofendidos. São centenas de milhares de
indivíduos correndo às tontas atrás de uma miragem corporal idolatrada às
expensas de tudo mais, e, o que é pior, fabricada para ser desmontada em
pouco tempo. A mídia ...em vez de informar para comprometer, o que importa
é entreter para vender.”
E nossas crianças estão expostas a idealização do corpo seja na TV,
banca de jornal ou até mesmo na internet a qual cada vez mais novos estão
acessando.
“Seja como for, o carro da história não tem marcha à ré. Querendo ou
não, somos todos contemporâneos, e este é o nosso mundo. As novas
experiências corporais fazem parte de nossa identidade, e compete a cada um
fazer delas uma ponte para a autonomia ou uma reserva a mais de sofrimento
e destruição. Apostemos na melhor hipótese. Afinal, a futilidade, a ganância e
24a violência só conseguiram, até hoje, empolgar os tolos, os medíocres e os
arrogantes. E, na maioria dos casos e dos fatos, sempre fomos mais que isso.”
Jurandir Freire, 2004.
1.4 – Estimulando a Auto-Estima
Os estímulos são como a água que regamos as plantas, algumas
precisam de mais, outras se molha uma vez por semana, o importante é a
medida e a vontade da criança em recebê-los.
Podemos estimular a Auto-Estima no processo do trato Intra-pessoal
como também no trato Inter-pessoal.
1.4.1 – No processo Intra-pessoal
O estímulo intra-pessoal, voltado para o desenvolvimento interior da
criança, pode ser utilizado no período gestacional do bebê, com três meses de
gestação o bebê já pode mover pernas, pés, dedos e a cabeça, a partir de
então reage a estímulos.
Hoje sabemos da intensidade da vida intra-uterina e desde os primeiros
meses da gravidez os bebes são receptivos aos nossos sinais de afeto.
Aos seis meses de gestação sua audição está completa, crescendo a
importância dos estímulos verbais, tanto da mãe quanto do pai e com sete
meses já chora, reagindo de maneira acentuada aos estímulos – positivos e
negativos – do ambiente externo.
Ao que tudo indica, começa a desenvolver suas inteligência lingüística e
intra-pessoal, sabendo um pouco, ser o que na realidade é, reage
positivamente a músicas dolentes, cantigas de ninar e sons agudos e graves
da voz materna e paterna.
25
Há bebês tranqüilos e bebês chorões, os que sorriem e os sisudos. Mas
embalá-los com ternura e aconchego são importantes estímulos de afeto.
Até os três anos a criança é essencialmente egocêntrica, o outro não
existe, dar bastante atenção, conversar muito, passando a sensação de
segurança e afeto, permitindo a exposição dos sentimentos sem qualquer
censura, abrirá espaço para o riso e o choro quando podemos fazer atenta
leitura de eventuais situações infelizes.
Aos três anos compreende a existência de outras pessoas fora do
universo paterno e materno, pode aceitar a divisão de afetos. Jogos de
esconde-esconde podem ajudar a alternância da idéia de perda e conquista.
Aos quatro anos percebe seu próprio corpo e associa ocorrências físicas
a seu funcionamento. Ensine a conhecer seu corpo e fale sobre como protegê-
lo. Jogos para a percepção corporal apresentam bons resultados.
A partir dos cinco anos estratégias de sensibilização e jogos que
desenvolvem conceitos de auto-conhecimento podem ser utilizados como
forma de auxiliar na administração das emoções, uma vez que as crianças já
se relacionam com os amigos.
“Quando nasce uma criança, também nasce um pai e nasce uma mãe,
certamente, amando de forma infinita e desinteressada, ainda que nem sempre
a dimensão desse amor seja claramente percebida.” Celso Antunes, 2003.
1.4.2 – No processo Interpessoal
Vivemos em sociedade, e como foi dito acima, aos três anos a criança
percebe a existência do outro, cabendo a todos nós desenvolver na criança a
alegria da troca, o querer bem ao próximo.
A partir dos quatro anos é importante incentivar a criança a conviver com
os amigos, é quando começam os grupos, a turminha, geralmente entre
26companheiros do mesmo sexo. É capaz de perceber que as pessoas podem
interpretar determinada situação de forma diferente da sua. Excelente
momento para classificação de algumas regras grupais. Converse com a
criança sobre outras crianças. Ouça sua interpretação sobre o “certo” ou o
“errado” nas relações sociais. É importante trabalhar a empatia, mostrar com
atividades de sensibilização que não se faz ao outro o que a si não se deseja.
1.4.3 – Na Sociedade
Incentivar as crianças a fazer ligações, desenhos ou cartinhas para a
vovó que mora distante, para a tia idosa que não mais sai de casa, para
parentes que ela não vê sempre, mostre como é bom ouvir ao telefone a voz
das pessoas amigas mesmo quando elas não estão por perto e “o como a vovó
ficou tão feliz com o seu desenho que o pregou no ímã da geladeira dela”.
Conversar é uma arte que poucos nascem sabendo. Você pode ajudar
seu filho a aprender a conversar. Fale coisas que são importantes para você,
anime a criança a conversar, completando e tornando mais explícitas as suas
frases. Sempre que puder, faça-a descobrir o sentido das palavras. Ajude-a
com palavras que talvez expressem com maior clareza as mensagens que
pretende passar.
Faça da conversa um programa estimulante. Mostre que falamos a toda
hora, mas que existem momentos especiais em que conversamos,
expressando sentimentos, idéias, opiniões, etc. Faça-a, enfim, perceber a
diferença entre falar e conversar.
Não economize elogios sinceros. “É uma boa idéia”, “Gostei de sua
opinião”, “Parabéns, você foi muito claro” devem ser usados com freqüência.
Leia, em voz alta, algum trecho interessante do jornal. Peça sua opinião
ou comentário sobre o trecho lido. Faça o mesmo com as notícias da TV.
27Descreva o que pensa de outras pessoas, mesmo que não as conheça
pessoalmente, elogie suas qualidades, ajude a criança a descobri-las.
Sugira maneiras diferentes de dizer a mesma coisa. Invente a
brincadeira de transmitir uma mesma mensagem de diversas formas. Ajude a
criança a descobrir o sentido de algumas palavras empregadas. Mostre-lhe
que existem palavras “ásperas” e palavras “macias” mais acima de tudo escute
nossas crianças que seus sentimentos sejam sagrados.
28
CAPÍTULO II
TEORIAS PSICOGENÉTICAS
Vários foram os teóricos que buscaram e ainda buscam compreender o
funcionamento pelo qual se processa nosso intelecto humano.
Apresentamos uma idéia do pensamento de Piaget, Vygotsky e Wallon,
e, ainda, da conceituação atualmente existente sobre a importância que da
interação da criança com meio para o seu desenvolvimento intelectual.
A importância de todo esse estudo vem aprofundar a certeza de que
toda a formação psicogenética do ser humano se alicercia no contato direto e
indireto a criança com o mundo que a cerca, físico, social e afetivo.
2.1 – Os Pensadores
2.1.1 - Piaget
Piaget era biólogo e observando cuidadosamente seus próprios filhos
concluiu que a base na formação do pensamento está nas estruturas
anatômicas que herdamos através dos genes, combinadas ao conhecimento
sobre coisas e acontecimentos do mundo que nos cerca e ambos formariam as
estruturas mentais.
Piaget descreveu vários estágios de organização mental, cada estágio
seria mais complexo que o estágio precedente. A diferença entre uma criança
e outra mais velha não seria que a mais velha tivesse mais conhecimento mais
sim que seu conhecimento fosse de um outro tipo.
29Piaget deu às estruturas mentais o nome de esquemas. O bebê nasce
com o esquema rudimentar de sugar e agarrar, através de processos que ele
chamou de assimilação e do processo complementar de acomodação são
formados os primeiros esquemas.
Como se processa essa estruturação mental que nos acompanha por
toda a vida? A criança interage com a realidade, formando seu estoque de
esquemas, ao surgir um dado novo, um problema ou uma novidade, assimila o
novo dado (desequilibração) e através da acomodação passa por uma
mudança mental a fim de administrar o novo (equilibração). Os esquemas de
assimilação vão se modificando, configurando os estágios de desenvolvimento.
Piaget também definiu diversos graus de socialização, partindo do “grau
zero” para o “grau máximo. Tal evolução passa por diferenças de qualidade
das trocas intelectuais.
As diversas etapas que definem qualidades diferenciadas do “ser social”
acompanham as etapas do desenvolvimento cognitivo. Para ele, é necessário
fazer uma clara distinção entre dois tipos de relação social: a coação e a
cooperação.
Chamamos de coação social, toda relação entre dois ou mais indivíduos
na qual intervém um elemento de autoridade ou de prestígio.
As relações de cooperação representam justamente aquelas que vão
permitir e possibilitar o desenvolvimento das operações mentais.
2.1.2 – Wallon
Para Wallon, o ser humano é organicamente social, isto é, sua estrutura
orgânica supõe a intervenção da cultura para se atualizar e o afeto ocupa o
lugar central, não só na formação do indivíduo mas também no conhecimento.
30Para ele a atividade emocional é ao mesmo tempo social e biológica,
realiza a transição entre o estado orgânico do ser e sua etapa cognitiva,
racional, que só pode ser atingida através da mediação cultural, isto é, social.
A motricidade humana, descobre Wallon em sua análise genética,
começa pela atuação sobre o meio social, antes de poder modificar o meio
físico. O contato com este, na espécie humana, nunca é direto: é sempre
intermediado pelo social, tanto em sua dimensão interpessoal quanto cultural.
A função simbólica, alimentada pelo meio humano, vem despontando no final
do segundo ano de vida, a fala e as condutas representativas são inegáveis.
Com a função simbólica e a linguagem, inaugurar-se-á o pensamento
discursivo. Suas primeiras manifestações, captáveis em diálogos sustentados,
Wallon as obteve a partir de cinco anos, revestidas de características que
sintetizou com a denominação de sincretismo. Este sincretismo começa por
ser o do sujeito com o objeto do discurso: mistura afetiva, pessoal, que refaz,
no plano do pensamento, a indiferenciação inicial entre inteligência e
afetividade.
As relações que mantém com a linguagem são recíprocas e
extremamente sutis. No início, longe de conduzir a escolha da palavra, o
pensamento é pelo contrário, conduzido por ela em seus níveis mais primitivos:
a musicalidade das assonâncias e rimas, os automatismo da língua. A palavra
carrega a idéia, como o gesto carrega a intenção.
2.1.3 – Vygotsky
Vygotsky tem como um de seus pressupostos básicos a idéia de que o
ser humano constitui-se enquanto tal na sua relação com o outro social. A
cultura torna-se parte da natureza humana num processo histórico que, ao
longo do desenvolvimento da espécie e do indivíduo, molda o funcionamento
psicológico do homem.
31Suas proposições contemplam, assim, a dupla natureza do ser humano,
membro de uma espécie biológica que só se desenvolve no interior de um
grupo cultural. É a cultura que fornece ao indivíduo os sistemas simbólicos de
representação da realidade e, por meio deles, o universo de significações que
permite construir uma ordenação, uma interpretação dos dados do mundo real.
Ao longo de seu desenvolvimento o indivíduo internaliza formas
culturalmente dadas de comportamento, num processo em que atividades
externas, funções interpessoais, transformam-se em atividades internas,
intrapsicológicas.
As funções psicológicas superiores baseadas na operação com sistemas
simbólicos, são, pois, construídas de fora para dentro do indivíduo. O processo
de internalização é, assim, fundamental no desenvolvimento do funcionamento
psicológico humano.
“A aprendizagem desperta processos internos de desenvolvimento que
só podem ocorrer quando o indivíduo interage com outras pessoas. Por
sermos um ser social, tomamos posse e todo material cultural e passamos a
utilizá-lo como instrumento pessoal de pensamento e ação no mundo”,
Oliveira,1992.
“As palavras desempenham um papel central não só no
desenvolvimento do pensamento, mas também na evolução histórica da
consciência como um todo. Uma palavra é um microcosmo da consciência
humana”, Vygotsky, 1989.
Internalizamos formas culturalmente dadas de comportamento, num
processo em que atividades externas, funções interpessoais, transformam-se
em atividades internas, intrapsicológicas, ou seja, são construídas de fora para
dentro do indivíduo. O processo de internalização é fundamental no
32desenvolvimento do funcionamento psicológico humano, é interpessoal e se
torna intrapessoal.
2.2 - O Desenvolvimento da Criança
2.2.1 – O Processo de Crescimento
A própria palavra “desenvolvimento” caracteriza um processo, quando
falamos em desenvolvimento subentendem-se etapas, fase, estágios.
Também se fazem necessários para utilização de estímulos, conceitos de
temperamento, personalidade, apegos e socialização que caracterizam o
processo de crescimento das crianças quanto mais as individualizamos na sua
singularidade.
É evidente que não estamos querendo dizer que é possível precisar o
momento exato em que a criança descobrirá o desenho, utilizará o lápis cera e
por fim a caneta, mas via de regra o ser humano segue algum padrão de
desenvolvimento.
Para que possamos estimular a auto-estima na criança antes é
necessário entender seu processo de desenvolvimento. Falamos
anteriormente que a expectativa que temos da criança, influencia nosso
estímulo, sendo necessário conhecer as etapas de seu desenvolvimento para
não cairmos no contra-senso de solicitar mais do que seu intelecto está
capacitado a realizar, o famoso “pular etapas” que tanto pode prejudicar ao
invés de estimular.
Há que ser considerada ainda, a personalidade que é a forma das
pessoas têm para se relacionarem umas com as outras e com o mundo que as
cerca. É sua maneira de agir: introvertida, extrovertida, tímidas ou autoritárias,
inseguras ou dominadoras. Nas crianças a maior parte das pesquisas tratam
33essas diferenças por temperamento que seria definido como a matriz da
personalidade.
2.2.2 - Nos Relacionamentos Sociais
Característico no desenvolvimentos dos relacionamentos sociais é o
apego. “O apego é uma subvariedade do vínculo afetivo que por sua vez se
traduz por - um laço relativamente duradouro em que um parceiro é importante
como indivíduo único, e não pode ser trocado por nenhum outro -, o apego é
quando o senso de segurança da pessoa está estreitamente ligado ao
relacionamento, sente-se (ou espera sentir) especial segurança e conforto na
presença do outro e pode usá-lo como uma base segura a partir da qual é
capaz de explorar o resto do mundo”. Bee, 2003.
O relacionamento da criança com a mãe é um apego que começa nos
primeiros cuidados no amparo e conforto que recebemos ao nascer sendo
determinante na formação do vínculo afetivo.
Há que se denotar também o importante componente dos
relacionamentos sociais que é o desenvolvimento da Habilidade Interativa.
Não nos mantermos estáticos diante de um bebê, todo ser humano, sorri,
arregala os olhos e erguer sobrancelhas na presença de um bebê, fazemos
ainda uma voz especial quando falamos com um bebê. Apesar disso não
formamos vínculos com todos os bebês, é preciso que se desenvolva a
comunicação entre ambos que este convívio seja prazeroso e que haja
sincronia real entre ambos.
2.2.3 – O Apego do Bebê aos Pais
Estudos estabelecem três fazes do apego dos bebês aos pais: A
Orientação e Sinalização Não-Focadas, Foco em Uma ou Mais Figuras e
Comportamento com Base Segura.
34
Na primeira os comportamentos de apego seriam apenas emitidos, em
vez de serem dirigidos a uma pessoa específica. Contudo é nessa fase que
nós encontramos as raízes do apego. O bebê está construindo expectativas e
esquemas sobre padrões de interação e está desenvolvendo a capacidade de
discriminar a mãe e o pai das outras pessoas.
Na segunda a criança dirige seus comportamentos que são chamados
de “promotores de proximidade” para várias pessoas.
Na terceira o Comportamento com Base Segura, por volta dos seis
meses de idade, quando o bebê forma um apego genuíno e passa a usar a
“pessoa mais importante” como uma base segura a partir da qual ele explora o
mundo que o cerca.
“Aos 10 meses o bebê usa sua capacidade de discriminar entre várias
expressões faciais para orientar seu comportamento com base segura. Ele
verifica a expressão da mãe ou do pai antes de decidir se deve se aventurar
em uma nova situação. Nesta época ou um pouco antes os bebês, muitas
vezes, também manifestam medo de desconhecidos e ansiedade de
separação.” Bee, 2003.
2.2.4 – O Apego nos Anos de Pré-Escola e de Ensino Fundamental
Nessa época a criança ainda quer estar em contato com a mãe, porém,
já não requer mais a presença física constante, pois compreende que a mãe
continua existindo mesmo que ela não esteja lá, isso permitirá que a criança
modifique seu objeto de contato para a figura que será a pessoa de segurança
que substituirá a mãe.
352.2.5 – As Variações na Qualidade do Apego
A qualidade do apego difere nitidamente de criança para criança que já é
formado no final do primeiro ano de vida e torna-se mais complexo e firme ao
longo dos primeiros quatro ou cinco anos.
Por volta dos cinco anos, a maioria das crianças tem um claro modelo
interno da mãe (ou outra cuidadora), um automodelo de self e um modelo dos
relacionamentos.
“Uma vez formados, tais modelos conformam e explicam as
experiências, e afetam a memória e a atenção. Nós percebemos e lembramos
as experiências que se ajustam ao nosso modelo e deixamos de perceber ou
esquecemos as que não se ajustam. De modo mais importante, o modelo
afeta o comportamento da criança: ela tende a recriar, em cada novo
relacionamento, o padrão com o qual está familiarizada.”, Bee, 2003.
36
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação “Lato Sensu”
Título: Importância da Auto-Estima na Educação Infantil
Autor: Lucia Vieira de Souza
Orientador: Prof. Mary SueCo-Orientador: Prof. Fabiane Muniz
Data da Entrega: 26/05/2006
Avaliação: _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Avaliado por: _______________________________ Grau ________________
Rio de Janeiro, ___ de ____________de 2006
37
CONCLUSÃO
Por tudo o quanto foi visto, parece não mais restar dúvidas sobre o papel
que os pais, irmãos, avós, professores e amigos exercem sobre o
desenvolvimento da criança e por conseqüência da auto-estima.
A consciência do mundo em que vivemos nos faz responsáveis pela
educação de damos aos nossos filhos, que ministramos na escola, que
passamos às crianças que encontramos em nossos caminhos da vida.
Nossos filhos, nossos alunos, nossas crianças crescem e rápido, nem
sempre estaremos ao seu lado protegendo-os, criamos nossos filhos para o
mundo e mais que tudo queremos fazer de nossas crianças um ser humano
inteiro, seguro, independente, contente consigo, que acredite na sua
capacidade de ultrapassar os obstáculos que a vida impõe.
Nada disso é possível se de uma vez por todas não tivermos em casa e
também na escola a preocupação com a construção da auto-estima das
crianças.
Cada vez mais um mundo de ilusão é passado pela “sutileza” da mídia,
é subliminarmente incutido nas pessoas e muito mais nas crianças.
É preciso que nossas crianças vejam o mundo com clareza e para tanto
elas devem conhecer a si próprias, terem seus próprios conceitos, terem seu
senso crítico e lutar por seus ideais.
Educação é construção de pessoas, é a formação de seres humanos,
vai muito além de ensinar, de letrar, é construir um mundo melhor.
38Transmitir confiança, segurança, solidariedade aos nossos educandos,
sejam eles nossos filhos, alunos ou vizinhos é papel de todos, é fazê-los
confiar em si e no mundo que os cerca.
A construção da auto-estima é um processo longo, talvez tenha passado
despercebido até então, mas não podemos mais fechar os olhos para ela, seria
o mesmo que aceitar as injustiças e desrespeitos do mundo atual, seria não
querer mudá-lo, seria querer esse mesmo mundo de hoje para nossas crianças
amanhã.
Para construção da auto-estima é preciso amor, empatia, alteridade,
paciência, carinho, atenção e firmeza: nos gestos, nas palavras, nos atos.
Afinal, “Sem o TU, o EU é impossível”. (Matin Buber, 2001).
39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANTUNES, Celso. A construção do Afeto. 5 ed. – São Paulo: Augustus, 2003
BEE, Helen. A criança em Desenvolvimento. trad. Maria Adriana Veríssimo
Veronese. – 9. ed. – Porto Alegre: Arted, 2003.
BARTHOLO JR., Roberto. Você e Eu Martin Buber: presença palavra. - Rio de
Janeiro: Garamond, 2001.
COSTA, Jurandir Freire. O Vestígio e a Aura corpo e consumismo na moral do
espetáculo. – Rio de Janeiro: Garamond, 2004.
MOYSÉS, Lucia Maria Moraes. A Auto-Estima se Constrói Passo a Passo.
Campinas, SP: Papirus, 2001.
NOLTE, Dorothy L. As crianças aprendem o que vivenciam. trad. De Maria
Luiza Newlandes Silveira – Rio de Janeiro: Sextante, 2003.
STALIBRASS, Alison. A criança auto-confiante. Taille, Yves de La, Oliveira,
Martha K. e Dantas H, 2005.
TAILLE, OLIVEIRA, DANTAS, Piaget, Vygotsky, Wallon Teorias Psicogenéticas
em discussão. São Paulo: Summus, 1992.
VÍDEO
ANTUNES, Celso: Auto-Estima na Educação, Série Encontros – São Paulo:
Atta Mídia e Educação, s.d.
PESQUISAS INTERNET
MARTINS, Rua Batista de Albuquerque: Você é um construtor de auto-estima?
– Jornal Cruzeiro do Sul,
VEIGA, Ainda: Cuidado! Imagem em construção. – Revista Veja on-line edição
1663, 23/08/2000.
DELY, Paula: Auto-estima: uma tarefa para pais e educadores. – Portal
Aprende Brasil – Com a palavra a Psicóloga.
RAZOUK JR, Joseph: Auto-estima. - Portal Aprende Brasil – articulistas, 2002.
40ANTUNES, Celso: Auto-estima: Óbvio Demais, Óbvio Demais II e Óbvio III. -
Portal Aprende Brasil – articulistas, 2001.
DREYER, Diogo: A Brincadeira que não tem graça. - Portal Aprende Brasil,
s.d.
VENTURI, Jacir J: Educar um Filho: trabalho de Hércules. – C. Educacional, A
Internet na Educação, s.d.
ARTIGO DE JORNAL
QUINET, Antônio: O poder das decisões. - Jornal do Brasil – Bate Papo
Caderno Vida – Rio de Janeiro: 22/10/2005, por ocasião do II Encontro Latino-
Americano da Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano em
11/2006).
41
Anexo 1
Trechos do “Estudo Inicial do Inventário de Auto-Estima (SEI)” de Mônica
Gobitta e Raquel Souza Lobo Guzzo - Pontifícia Universidade Católica de
Campinas
Abordar cientificamente o tema auto-estima pode não parecer
justificável, pois gera a sensação de que, de tão popularizada por livros de
auto-ajuda, pelo senso comum e por ter se tornado uma palavra fácil na
psicologização das relações humanas, não faz sentido tal empreitada. Porém,
como sugere Mruck (1998), pode-se relacionar pelo menos cinco razões para
justificar a necessidade de um enfoque científico para estudo da auto-estima:
1) é um construto muito mais complexo do que pode parecer, pois está
fortemente associado com outros aspectos da personalidade; 2) está
relacionada à saúde mental ou bem estar psicológico; 3) a sua carência se
relaciona com certos fenômenos mentais negativos como depressão e suicídio.
Para Coopersmith (1967), as pessoas que solicitam ajuda psicológica
expressam com freqüência sentimentos de inadequação, pouco valor e
ansiedade associada à baixa auto-estima; 4) é um conceito relevante às
ciências sociais.
Coopersmith (1967) estudou as condições e experiências concretas que
fortalecem ou debilitam a auto-estima, empregando tradicionais métodos
psicológicos, particularmente mediante a observação controlada. Considerou
que as maiores relevâncias para o seu estudo são as indicações de que
dominação de crianças, rejeição e punição severa resultam em auto-estima
rebaixada. Sob tal condição, as crianças experimentam menos o amor e
sucesso, e tendem a ficar geralmente submissas e passivas (embora mudando
de comportamento, ocasionalmente, para o oposto extremo de agressão e
dominação). Crianças criadas sob tais circunstancias, segundo este autor, têm
menor probabilidade de serem realistas e efetivas no seu dia-a-dia, e têm mais
probabilidade de manifestar padrões de comportamento anticonvencionais.
42Um exemplo de como Coopersmith (1989) encara tais influências é a
seguinte declaração: ... crianças não nascem preocupadas em serem boas ou
más, espertas ou estúpidas, amáveis ou não. Elas desenvolvem estas idéias.
Elas formam auto-imagens... baseadas fortemente na forma como são tratadas
por pessoas significantes, os pais, professores e amigos.
Lembra o autor que estudos clínicos demonstram, repetidamente, que
fracassos e outras condições que ameaçam expor insuficiências pessoais são,
provavelmente, a causa principal de ansiedade. Segundo ele, ansiedade e
auto-estima estão proximamente relacionadas: se for a ameaça que libera
ansiedade, como aparece teoricamente, é a estima da pessoa que está sendo
ameaçada.(p. 4).
Coopersmith (1967) refere-se, também, a estudos que indicam que:
"Uma pessoa com auto-estima alta mantém uma imagem bastante constante
das suas capacidades e da sua distinção como pessoa, e que pessoas
criativas têm alto grau de auto-estima. Estas pessoas com auto-estima alta
também têm maior probabilidade para assumir papéis ativos em grupos sociais
e efetivamente expressam as suas visões. Menos preocupados por medos e
ambivalências, aparentemente se orientam mais diretivamente e
realisticamente às suas metas pessoais" (p. 4).
Finalmente, a definição de auto-estima do autor citado é: "... a avaliação
que o indivíduo faz, e que habitualmente mantém, em relação a si mesmo.
Expressa uma atitude de aprovação ou desaprovação e indica o grau em que o
indivíduo se considera capaz, importante e valioso. Em suma, a auto-estima é
um juízo de valor que se expressa mediante as atitudes que o indivíduo
mantém em face de si mesmo. É uma experiência subjetiva que o indivíduo
expõe aos outros por relatos verbais e expressões públicas de
comportamentos. (Coopersmith, 1967, pp. 4-5).
Uma outra questão importante para Coopersmith era: quais são as
características dos outros significantes que alimentam positiva ou
negativamente a auto-estima? (Bednar & Peterson, 1995). Para avaliar este
43aspecto, Coopersmith (1967) dividiu as auto-avaliações dos sujeitos em quatro
áreas de avaliações subjetivas: pais, amigos, escola e si-mesmo ou eu geral.
Dentro destas áreas o indivíduo pode variar de acordo com sexo, idade e
outras condições de definição de papéis. Alguns fatores que determinam a
auto-avaliação foram elencados por Coopersmith (1967): a) o valor que a
criança percebe dos outros em direção a si, expresso em afeto, elogios e
atenção; b) a experiência da criança com sucessos ou fracassos; c) a definição
individual da criança de sucesso e fracasso, as aspirações e exigências que a
pessoa coloca a si mesmo para determinar o que constitui sucesso; e, d) a
forma da criança reagir a críticas ou comentários negativos.
Coopersmith (1967) realizou estudo correlacional entre variáveis como
condição econômica da família, grau de instrução, localização geográfica,
classe social, ocupação do pai ou mãe, ou presença constante da mãe em
casa. Ele concluiu a respeito disso, que não existem correlações significantes
entre estes fatores. O que ele constatou como significativo para a formação do
"eu" foi o relacionamento entre a criança e os adultos importantes de sua vida.
Ele encontrou cinco condições que contribuem para melhorar a auto-estima da
criança: a) experimentar uma total aceitação de seus pensamentos,
sentimentos e valores pessoais; b) estar inserida num contexto com limites
claramente definidos, desde que sejam justos e não opressores; c) os pais não
usarem de autoritarismo e violência para controlar e manipular a criança, bem
como não humilhar, nem a ridicularizar; d) os pais devem manter altos padrões
e altas expectativas em termos de comportamentos e desempenhos da
criança; e, e) os pais devem apresentar um alto nível de auto-estima, pois eles
são exemplos vivos do que a criança precisa aprender. Baumrind (1967)
estudou atitudes parentais e auto-estima e constatou características similares
às que Coopersmith descreve, ou seja, a correlação entre auto-estima alta nas
crianças e aceitação e respeito à individualidade por parte dos pais, dentro de
uma postura de autoridade e firmeza.
44
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
SUMÁRIO 6
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I 10
O QUE É A AUTO-ESTIMA 10
1.1 – Conceitos 10
1.2 – A Importância da Auto-Estima na Educação Infantil 11
1.3 – A Construção da Auto-Estima 14
1.3.1 – A Auto-Estima n Família 15
1.3.2 – A Auto-Estima na Escola 19
1.3.3 – A AutoEstima na Sociedade 22
1.4 – Estimulando a Auto-Estima 24
1.4.1 – No processo Intra-Pessoal 24
1.4.2 – No processo Interpessoal 25
1.4.3 – Na Sociedade 26
CAPÍTULO II 28
TEORIAS PSICOGENÉTICAS 28
2.1 – Os Pensadores 28
2.1.1 – Piaget 28
2.1.2 – Wallon 29
2.1.3 – Vygotsky 30
2.2 – O Desenvolvimento da Criança 32
2.2.1 – O processo de Crescimento 32
452.2.2 – Nos Relacionamentos Sociais 33
2.2.3 – O Apego do Bebê aos Pais 33
2.2.4 – O Apego nos Anos de Pré-Escola e de Ensino Fundamental 34
2.2.5 – As Variações na Qualidade do Apego 35
FOLHA DE AVALIAÇÃO 36
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39
ANEXO 1 41
ÍNDICE 44