trotskismo x leninismo - parte vii

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  • 8/2/2019 Trotskismo x Leninismo - Parte VII

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    H a r p a l B r a r

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    Harpal Brar

    Trotskismo x LeninismoLies da Histria

    Traduo dePedro Castro

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    Parte VII

    Sobre a Mecnica da Luta de Classes na Ditadura do ProletariadoC ap tu l o 2 0

    Sobre a M ecn ica da Luta de Classes na Ditadura do Proletariado 411

    C a p t u l o 2 1Classes e Luta de Clas ses 413

    Cap tu lo 2 2Intensificao da Luta de Classes sob o Socia lismo 423

    C ap tu lo 2 3

    O Comun ismo em um S Pas 437 C a p t u l o 2 4

    'Degenerao Nacional is ta ' 443

    Ca p t u lo 25Ausn cia de um a Linha de Ma ssa 469

    Ca p t u lo 26

    Stal in e a Intell igentsia 479

    C a p t u l o 27

    Concluso 483

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    Parte VII

    Sobre a Mecnica da Lutade Classes na Ditadura

    do Proletariado

    " necessrio desbaratar e descartar a detestvelteoria de que, a cada passo do progresso que

    alcanamos, a luta de classes aqui estdestinada a desaparacer cada vez mais..."

    Stalin, 1937

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    Captulo 20

    Sobre a Mecnica da Luta deClasses na Ditadura do Proletariado

    (A ma neira de prefc io aos escritos de Stalin sobre amecnica da luta de classes na ditadura do proletariado)

    Desde o 20 Congresso do PCUS(B), em 1956, o revisionismo tem triunfa-do na Unio So vitica. Muitos assim-cham ados anti-revisionistas consideram Stalinresponsvel pela vitria do revisionismo na URSS.

    "Embora seja verdade que a plataforma anti-Stalin tenha sido vital para aadoo de uma abrangente plataforma revisionista, no se pode dizer que orevisionismo s ganhou ascendncia aps a morte de Stalin..."Assim disse MF no

    Marxist-Leninist Quarterlyn 2, p. 8.Eles acusam-no, primeiro e principalmente, de manter uma viso "err-nea" sobre a questo das classes e da luta de classes np socialismo e sobre a ques-to do Estado. Para ser mais especfico, eles acusam-no de dizer, em 1936, que asclasses, em todos os sentidos da expresso, tinham sido elimin adas na Uni o Sovi-tica; da"suposio de que a restaurao poderia ocorrer apenas atravs de umainterveno de fora",j que, supostamente de acordo com Stalin,"a luta de classesinterna estava no fim na Unio Sovitica em 1937";acusam-no tambm de difun-dir uma viso sobre a questo do Estado que"se afastava radicalmente do marxis-mo-leninismo".Isso, ento, em resum o, a primeira e princip al acus ao levanta-da contra Stalin.

    Por muito tempo esta acusa o tem sido disseminada, ainda que vagam en-

    te e geralmente e s pelo mexerico, no movimento anti-revisionista. E enquantoisso acontecia apenas sob a forma de rumores, era muito difcil combater a disse-min ao, pois ningum sabia quem tinha dito o qu, ou onde e quando tinha sidodito. Agora, entretanto, uma organizao autodenominada anti-revisionista, masconsisten teme nte m anifestando a ideologia do revisionism o, tem posto em letra deforma a maioria das acusaes que at ento tinham circulado apenas p rivadamente,pela intriga, maneira de mexericos. Essa organizao chamada Federao Co-mu nista da Inglaterra (Marx ista-Leninista) (CF B). No nm ero 2 de seu jornal teri-co, oMarxist-Leninist Quarterly,pub licou um artigo de um certo ME O artigo con-tm a maioria - quase todas - das acusaes acima citadas, assim como outrasacusaes contra o camarada Stalin. Trataremos das acusaes acima, bem como

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    de outras; ao faz-lo, necessariamente seremos forados a mencionar este senhorMF, bem como a organizao a que ele pertence, no porque valha a pena perdertempo com eles, como indivduo e como organizao, respectivamente, mas por-que representam uma das mais perigosas tendncias semimencheviques1,semitrotskistas no movimento an ti-revisionista, mascarado como marxista-leninistae iludindo e enganando as pessoas no movimento da classe operria com o uso dafraseologia marxista.

    As segunda e terceira acusaes tambm vm de MF, do CFB. A segundaacusao que, durante a direo de Stalin na URSS, teve lugar"a degeneraonacionalista";que Stalin e o Partido tinham perdido a perspectiva internacionalista;que eles consideravam a construo do socialismo na URSS como um fim em simesmo; que, no considerando a revoluo sovitica como parte integral da revo-luo proletria mundial, eles subordinavam os interesses da ltima primeira.

    A terceira acusao era que, durante o perodo de Stalin, o Partido tinha setornado"crescentemente divorciado das massas";que estava ausente"uma linhade massas",resultando na"degenerao do Partido e do Estado",no mau tratamen-to das contradies sociais e no"controle completo"da burguesia. De acordo comMF, esse terceiro erro de Stalin foi responsvel pelos dois primeiros.

    A quarta acusao contra Stalin vem dos anti-revisionistas da FinsburyCommmunist Association fFCA). De acordo com a FCA, foi"a atitude de Stalin ede Zhdanovpara com a intelligentsia sovitica, expressa no 18 Congresso do Par-tido e subseqentemente escrita nas Normas Partidrias",responsvel pelo fato deque "a Unio Sovitica degenerou".

    Tendo especificado acima as vrias acusaes contra Stalin, elas agora se-ro tratadas uma a uma. O fato de essas notas terem sido publicadas como umPrefcio coleo de escritos do camarada Stalin no permitiu um tratamentoexaustivo das questes levan tadas e poderemos, portanto, ser obrigados em algumtempo no futuro prximo a retornar a esse tema. Nesse meio tempo, algo deve serdito para contrariar os ataques burgueses anteriores, para contrariar os inventoresdos 'erros' de Stalin.

    Notas1. Os mencheviques eram uma tendncia pequeno-burguesa no movimento da classe

    operria na Rssia,que se opunha ao bolchevismo-leninismo revolucionrio. Eles se opu-nham e revisavam o marxismo, expurgando-o de sua essncia revolucionria.

    2. O fato de que ocasionalmente pessoas da CFB empreenderam uma batalha de pala-vras contra o trotskismo no as exime de serem trotskistas. Como este prefcio mostrou,todos os ataques da CFB a Stalin foram tomados de emprstimo do arsenal trotskista.

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    Captulo 21

    Classes e Luta.de ClassesStalin disse em 1936, em seu discurso sobre o Projeto de

    Constituio da URSS, que as classes, em todos ossentidos da expresso, tinhamj chegado ao fim na URSS?

    No, ele no disse. O camarada Stalin estava falando das mudanas navida da URSS no perodo de 1924 a 1936. Ele contrasta o atraso de 1924 com oavano socialista realizado entre ento e 193 6. Tendo tratado do avano regis-trado durante aqueles anos pela indstria socialista, a coletivizao da agricul-tura, o monoplio estatal do comrcio, a eliminao doskulakse dos capitalistas,Stalin disse:

    "Assim,a vitria completa do sistema socialista em todas as esferas da eco-nomia nacional agora um fato.

    E o que isso significa?Significa que a explorao do homem pelo homem foi abolida, eliminada,

    enquanto a propriedade socialista dos implementos e meios de produo foiestabelecida como fundamento inabalvel de nossa sociedade sovitica.

    Como resultado de todas essas mudanas na esfera da economia nacionalda URSS, agora temos uma nova, econom ia socialista, que no conhece crises nemdesemprego, que no conhece pobreza nem runa, e que prov nossos cidadoscom toda oportunidade para levarem uma vida prspera e culta.

    Tais, no principal, so as mudanas que tiveram lugar na esfera da nossaeconomia durante o perodo de 1924 a 1936.

    Em conformidade com essas mudanas na vida econmica da URSS, aes_-trutura de classes de nossa sociedade tambm mudou. ,

    A classe dos proprietrios de terra, como vocs sabem, j foi eliminadacomo resultado da concluso vitoriosa da Guerra Civil. Quanto a outras classesexploradoras, elas compartilharam do destino da classe dos proprietrios de terra.A classe capitalista na esfera da indstria cessou de existir. A classe doskulaksnaesfera da agricultura cessou de existir. E os comerciantes e exploradores na esferado comrcio cessaram de existir. Assim, todas as classesEXPLORADORASforamagora eliminadas.

    Permanece a classe operria.Permanece a classe camponesa.

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    Permanece a intelligentsia"[maisculas minhas].A citao anterior deixa perfeitamente claro que, quando fala da elimina-

    o de classes, o camarada Stan n o est falando da eliminao das classes emgeral, mas da eliminao das"classes exploradoras".E perfeitamente verdadeiroque, a 25 de novembro de 193 6, a data em que o camarada Stalin fez seu discursosobre o Projeto da Con stituio da URS S, as classes - no sentido estritamen te eco-

    ' nmico de serem classes exploradoras e classes exploradas - tinham sido elimina-das na URSS. Uma vez que as classes capitalistas, dos proprietrios de terra e doskulakstinham sido eliminadas, era muito legtimo falar, como fezo camarada Stalin,acerca das classes que tinham tido um fim.

    Porm, justamente p orque o camarada Stalin sustentava, corretamente aonosso ver, que as classes, no sentido an terior de classe s exploradoras e'exploradas,

    tinham sido eliminadas, isso significava que. ele sustentava que as classes em to-dos os outros sentidos da expresso tivessem sido eliminadas tambm? No, nosignificava isso. Ao contrri, o camarada Stalin declarou muito claramente quehaviam permanecido na Unio Sovitica duas classes. Para repetir, ele disse:

    "Permanece a classe operria.Permanece a classe camponesa."E, adiante, esboando o significado das mudanas na estrutura de classes

    da Unio Sovitica no perodo de 1924 para 1936, o camarada Stalin continuava:"E o que significam essas mudanas(na estrutura de classe da U RSS )?Primeiro, elas significam que a linha divisria entre a classe operria e o

    campesinato e entre estas classes e a intelligentsia ESTA SENDOOBLITERADAeque os velhos privilgios de classes esto desaparecendo. Isso significa que A DISTNCIAENTRE ESSES GRUPOS SOCIAIS ESTDIMINUINDO FIRMEMENTE.

    Em segundo lugar, significam que ASCONTRADIESECONM ICAS EN-TRE ESSES GRUPOS SOCIAIS ESTODECLINANDO,ESTO SEOBLITERANDO.

    E, por ltimo, significam que ASCONTRADIESPOLTICASENTREELASESTODECLINANDOE SEOBLITERANDO"(nfase m inha).

    Como pode ser visto muito claramente, o camarada Stalin no estava di-zendo que as classes, em todos os sentidos da expresso, tinham sido eliminadas;muito menos sustentava que todas as contradies econm icas e polticas estavamcaminhando para um fim na URSS. Longe disso: O camarada Stalin disse que asclasses exploradoras tinham sido eliminadas, mas ainda permaneciam na URSS

    duas classes, a classe operria e o camp esinato,"cujos interesses - longe de seremhostis - so, ao contrrio, amistosos".A linha divisria entre a classe operria e ocampesinato e entre as duas classes e a intelligentsia, NO tinha sido aindaobliterada, mas estava a caminho de s-lo; a contradio econmica entre as clas-ses e estratos remanescentes NO tinha sido abolido, porm estava sendo abolido;as contradies polticas entre esses grupos sociais NO tinham sido abolidas,mas estavam caminhando rumo abolio dessas contradies. Pode-se negar algodas declaraes anteriores? No, no se pode. Em outras palavras, o que o camara-da Stalin disse foi que, em 1936, no havia classes ANTAGNICAS na Unio So-vitica, havia somente duas classes, a classe operria e o campesinato, cujos inte-resses, longe de serem hostis, eram ao contrrio amistosos.

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    Tratando dos aspectos especficos principais do Projeto de Constituio, ocamarada Stalin teve a dizer o seguinte, que tem referncia direta questo dasclasses ora em discusso:

    "Aocontrrio das Constituies burguesas, o projeto da nova Constituioda URSS procede do fato de que no existem classesANTAGNICASna sociedade;essa sociedade consiste de DUAS classes amistosas, de operrios e camponeses;que so essas classes as classes trabalhadoras que esto no poder; que a direo dasociedade peloESTADO(ADITADURA)est nas mos da classe operria, a classemais avanada na sociedade; que uma Constituio necessria para o propsitode consolidar a ordem social desejada pela classe operria e benfica a ela.

    Tal o aspecto especfico do projeto da nova Constituio"(nfase m inha).Assim, de acordo com S talin, a sociedade sovitica NO era sem classes;

    era apenas SEM C LASSES ANTAGNICAS; ela consistia de DUAS classes amisto-sas, a classe operria e o campesinato. Existia tambm o Estado (ditadura), queestava nas mos da classe operria, a classe m ais avanada na sociedad e. Tudo issomostra a falsidade da afirmao de que, de acordo com Stalin, as classes, em todosos sentidos da expresso, tinham sido eliminadas na Unio Sovitica. Se Stalintivesse dito algo assim, no faria muito sentido que ele falasse acerca da preserva-o do Estado (a ditadura) e da direo da sociedade por esse Estado nas mos daclasse operria, a classe mais avanada, pois no faz sentido falar acerca da classemais avanada a menos que exista tambm uma classe atrasada, comparada com aqual essa classe pode ser chamada de classe avanada. O projeto de C onstituioSovitica e Stalin partiam da premissa de que havia duas classes.

    Se o que foi dito acima ainda for considerado insuficiente p or aqueles que

    fazem a alegao caluniosa contra o camarada Stalin de que ele acreditava que asclasses, em todos os sentidos da expresso, tinham sido abolidas, que no haveriamais classes na Unio Sovitica, fazemos uma tentativa final para ajudar essaspessoas a verem com o esto equivocadas e ajud -las a aceitarem a razo - se isso possvel. bem conhecido que o Artigo Io do Projeto de Constituio tratava dacompo sio de classes da sociedade sovitica; falava do Estado como o"Estado dosoperrios e camponeses".Quatro emendas foram propostas para esse artigo. Umaemenda propunha que as palavras"Estado dos operrios e camponeses"fossemsubstitudas pelas palavras"Estado do povo trabalhador".De acordo com a segun-da emenda, as palavras"Estado dos operrios e camponeses"deveriam ser segui-das pelas palavras"e intelligentsia operria".A terceira emenda propunha que oArtigo Io, em lugar de referir-se ao"Estado dos operrios e camponeses"deveriafalar do"Estado de todas as raas e nacionalidades habitando o territrio da URSS".E a quarta emenda propunha que as palavras"fazendeiros coletivos"ou "trabblha-dores da agricultura socialista"substitussem a palavra"camponeses".

    O camarada Stalin se ops adoo de todas essas emendas. Alguns deseus argumentos em oposio s quatro emendas acima, que eram relevantes parao tema em discusso, so reproduzidos a seguir. Aqui est parte do que o camaradaStalin teve a dizer em oposio quelas emendas:

    "De que fala o Artigo Io do Projeto de Constituio? Ele fala da composiode classes da sociedade sovitica. Podemos ns marxistas ignorar a questo dacomposio de classes d nossa sociedade na Constituio?NO, NAOPODEMOS.COMO SABEMOS,ASOCIEDADE SOVITICACONSISTE EMDUASCLASSES, OPE-

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    fRIOS ECAMPONESES.E disto que o Artigo Io

    do Projeto de Constituio feda.Conseqentemente, o Artigo Io do Projeto de Constituio reflete apropriadamentea composio de classes de nossa sociedade ..."

    E adiante:"Seria errado tambm substituira palavra 'campons' pelas palavras 'fa-

    zendeiro coletivo' ou 'trabalhador da agricultura socialista'. Em primeiro lugar, ao' lado dos fazendeiros coletivos, h ainda cerca de um milho de domiclios de fa-

    zendeiros no coletivos entre o campesinato. O que se deve fazer deles? Os autoresdessa emenda propem que os risquemos dos livros? Isso seria tolice. Em segundolugar, o fato de que na sua maioria os camponeses comearam a ser fazendeiroscoletivos no significa que eles j tenham cessado de ser camponeses, que eles nomantenham sua economia pessoal, sua prpria casa, etc. Em terceiro lugat, tera-

    mos de substituir pela palavra 'operrio' as palavras 'trabalhador da indstria soci-alista', o que, entretanto, os autores da emenda por alguma razo no propuseram.Finalmente, a classe operria e a classe camponesa j desapareceram de nossopas? E se elas no tiverem desaparecido, vale a pena riscar denosso vocabulrioos nomes estabelecidos para elas? Evidentemente, o que os autores da emenda tmem mente no a sociedade atual mas a sociedade futura, quando as classes noexistiro mais e quando os operrios e camponeses tero sido transformados emtrabalhadores de uma sociedade com unista homognea. Conseqentemente, elesesto obviamente se adiantando. Mas em um projeto de uma Constituio no sedeve partir do futuro, mas do presente, do que j existe. Uma Constituio nodeveria e no deve correr frente."

    Em outras palavras, as classe s no tinham sido eliminadas, em bora as clas-

    ses exploradoras tivessem sido descartadas; conseqentemente, a sociedade sovi-tica estava ainda na fase mais baixa do comunismo, que caracterizada p ela no-existncia de classes exploradoras, a no-existncia da explorao do homem pelohomem; ela tinha ainda de alcan ar a fase mais elevada do comunismo,"quandoas classes sociais no mais existiro e quando os operrios e camponeses tero sidotransformados em trabalhadores da sociedade comunista homognea",em cujasociedade prevalecer a frmula:"De cada um de acordo com sua capacidade, acada um de acordo com sua necessidade."

    Est claro, seria de se pensar.Se, aps tudo que foi dito acima, os caluniadores dessa questo ainda per-

    sistem con tra o camarada Stalin, se os caluniadores se recusam a tomar nota dosfatos inescapveis acima, simplesmente teremos de respond-los nas palavras do

    famoso provrbio russo:"Asleis no so feitas para os tolos".

    Stalin disse que o comunismo completotinha sido construdo na URSS?

    Alguns crticos com uma imaginao frtil (imaginao adubada seria umaexpresso melhor) - e da uma grande habilidade para produzir asneiras sem sen-tido - passam a afirmar que desde que, de acordo com Stalin , as classes explorado-ras tinham sido eliminadas e no havia mais classes a suprimir, isso significava,portanto, que o comun ismo com pleto tinha sido construdo e, conseqentemen te,no havia necessidade da existncia do Estado na URSS. Mas o Estado na URSS

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    ainda ex istia. O resultado lquido de tudo isso, de acordo com esses 'crticos' -escribas burgueses, seria mais correto - que Stalin teria cometido um 'erro'; eleno teria compreendido que a sociedade sovitica estava longe do objetivo final deuma sociedade comunista sem classes. Ao fazerem essa afirmao, os vulgaresescribas burgueses mostram no somente sua paixo pela calnia e distoro mastambm sua ignorncia completa. No prprio discurso sobre o Projeto de Consti-tuio no qual supostamente, de acordo com esses 'crticos', ele cometeu o citadoerro ilusrio, o camarada Stalin teve o que se segue a dizer sobre o nvel do desen-volvimento da sociedade sovitica:

    "Nossa sociedade sovitica j, de modo geral, realizou com sucesso o soci-alismo; ela criou um sistema socialista, isto , produziu aquilo que os marxistas, emoutras palavras, chamam de primeira ou mais baixa fase do comunismo. Assim, demodo geral, realizamos a primeira fase do comunismo, o socialismo. O princpiofundamental dessa fase do comunismo , como vocs sabem, a frmula: 'De cadaum de acordo com sua capacidade, a cada um de acordo com seu trabalho". Deve-ria nossa Constituio refletir esse fato, o fato de que o socialismo foi realizado?Inquestionavelmente, deveria. D everia, porque para a URSS o socialismo algo jrealizado e conquistado.

    Mas a sociedade sovitica no alcanou ainda a fase mais elevada do co-munismo, na qual o principio dominante ser a frmula: "De cada um de acordocom sua capacidade, a cada um de acordo com sua necessidade", embora se esta-belea o objetivo de realizar a fase mais elevada do comunismo no futuro. Podenossa Constituio basear-se na fase mais elevada do comunismo, que no existeainda e que ainda tem de ser realizada? No, no pode, porque para a URSS afasemais elevada do comunismo algo que no foi ainda realizado e que tem de serrealizado no futuro. No o ser se no for convertido em um programa ou declara-o de realizaes futuras. Tais so os limites de nossa Constituio no atual mo-mento histrico."

    Est claro, pensamos."

    Pode-se, sem deixar de ser um marxista-leninista,falar de classes exploradoras tendo sidoabolidas enquanto o Estado ainda existe?

    Agora, surge a questo: uma vez as classes exploradoras tendo sido elimi-nadas, oskulaksderrotados no campo de batalha aberto e alcanada a fase maisbaixa do comunismo, isto , o socialismo, com sua frmula 'de cada um de aordocom sua capacidade e a cada um de acordo com seu trabalho', nessas circunstnci-as seria legitimo para Stalin dizer, como ele realmente disse, acerca das classescaminhando para um fim e no restando nenhum a classe a suprimir? Acreditamosque era muito legtimo para o camarada S talin falar de classes tendo chegado a umfim. As classes tinham chegado a um fim na URSS no sentido econmico da ex-presso, em que no haveria m ais exploradores e explorados; em que a classe ope-rria, tendo ascendido ao poder, tinha j usado sua"supremacia poltica"para"arrancar... todo o capital da burguesia"e aumentado"o total das foras produti-vas"muito rapidamente, de fato. Assim, tnhamos um Estado proletrio que erasem classes, que no tinha classes no sentido de essas serem classes exploradoras

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    e exploradas. Ma s se podia falar, com o um m arxista-leninista, d e um Estado que sem classes no sentido que temos falado antes? Sim, certamente se podia. Porm,os 'crtic os' burgueses, tais como M F do CFB , professor George Tho ms on1, e outrosdizem: No, certamente no se pode falar de um Estado em que no h classes nosentido aqui referido. Eles nos informam que no se pode falar de um Estado noqual no h classes exploradoras. Eles juram pelo marxismo -leninismo (pobre Marx!pobre Ln in!) que esto certos, e esto plenos de alegria maliciosa p or terem 'pro-vado' o que se dispuseram a provar com zelo digno de um causa maior, a saber,que Stalin estava afirmando contra-sensos antimarxistas, antileninistas quando,em seu discurso sobre o Projeto de Constituio em 1936, bem como em seu dis-curso no 18 Congresso, disse que as classes exploradoras tinham sido elipiinadasna UR SS. H um pequeno problema, aqui, entretanto. Nossos 'crticos', M Fb emcomo o ilustre professor Thomson, negligenciaram um pequeno detalhe - a saber,

    o pensamento de Lnin, diferente do desses 'leninistas', os MFs, os Thomsons eoutros cretinos burgueses (com sa licena, 'm arxistas') deste mund o. Que Vladim irIlich certamente reconheceu que o Estado deveria existir por um perodo conside-rvel de tempo SEM CLASSES, fica perfeitamente claro no seguinte tratamentoque ele deu ao tema. No Captulo V de seu LivroO Estado e a Revoluo,Lnindiscute"AsBases Econmicas do Definhamento do Estado".Tendo tratado da"Apre-sentao da Questo por Marx"e da "Transio do Capitalismo para o Comunis-mo",Lnin segue tratando da questo da"Primeira Fase da Sociedade Comunista".Nessa primeira fase da sociedade comunista, diz Lnin:

    "Osmeios de produo no so mais de propriedade privada dos indivdu-os. Os meios de produo pertencem a toda a sociedade. Cada membro da socieda-de realiza uma certa parte do trabalho socialmente necessrio, recebe um certifica-

    do da sociedade no sentido de que fez tal e tal quantidade de trabalho. E com estecertificado ele recebe do armazm publico de artigos de consumo uma quantidadecorrespondente de produtos. Depois de feita uma deduo da quantidade de traba-lho que vai para o fundo pblico, cada trabalhador, portanto, recebe da sociedadetanto quanto deu a ela.

    A 'igualdade', aparentemente, prevalece de maneira absoluta."Mas "direi-to igual"aqui ainda um"direito burgus",que ainda no foi abolido em sua intei-reza; assim, a desigualdade ainda prevalece.

    Continua Lnin:"O 'direito igual', diz Marx, de fato temos aqui; m as aindn um 'direito

    burgus', que, como todo direito, pressupe a desigualdade. Todo direito umaaplicao de uma medida igual para diferentes pessoas que, de fato, no so seme-

    lhantes, no so iguais umas s outras; por isso que o " direito igual" umaviolao da igualdade e uma injustia. D e fato, todo homem , tendo realizado tantode trabalho social quan to u m outro, recebe uma parte igual do produto social (apsas dedues acima mencionadas).

    Mas as pessoas no so semelhantes: uma forte, outra fraca; uma casada, outra no ; uma tem muitos filhos, outra tem menos; e assim por diante. Ea concluso a que Marx chega :

    ' . . .com u ma rea liza o de trabalho igual e dai uma parte igual do fundode consumo so cial, um recebe r de fato mais do que outro, um ser m ais rico doque outro e assim por diante. Para ev itar todos estes problemas, o direito, pa raser igual, deveria ser desigual'.

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    Captulo 21 - Classes eLuta de Classes

    Da a primeira fase do comun ismo no poder ainda produzir justia e igual-dade: diferenas e diferenas injustas, em riqueza, ainda existiro, porm aexplo-ragodo homem pelo homem ter se tomado impossvel, porque ser impossvelapoderar-se dos meios de produor as fbricas, as mquinas, a terra, etc., comopropriedade privada. Ao mesmo tem po que esmaga as frases confusas pequeno-burguesas de Lassalle, sobre 'igualdade' e 'justia' em geral. Marx mostra o cursodo desenvolvimento da sociedade comunista, que compelida a abolir primeiroapenas a 'injustia' dos meios de produo que tinham sido apoderados pelos indi-vduos; eque incapaz de eliminar deuma vez asoutras injustias, que consistemna distribuio dos artigos de consumo de acordo com a quantidade da realizaode trabalho" (e no de acordo com as necessidades).

    Os economistas vulgares, incluindo os professores burgueses e o 'nosso' Tugan

    entre eles, constantemente acusam os socialistas de terem esquecido a desigualda-de das pessoas e de 'sonharem' em eliminar essa desigualdade. Tal enfoque, comovimos, s prova a extrema ignorncia dos senhores idelogos burgueses.

    Marx no apenas leva em conta, da maneira mais escrupulosa, a desigual-dade inevitvel dos homens, mas tam bm leva em conta o fato de que a mera con-verso dos meios de produo em propriedade comum do total da sociedade(comum ente chamada 'socialismo') no remove os defeitos da distribuio e a desi-gualdade do 'direito burgus' que continua a prevalecer, enquanto os produtos sodivididos 'de acordo com a quantidade de trabalho realizado'.

    Continuando, Marx diz:'Ma s esses defeitos so inevitveis na prim eira fase da sociedade comu-

    nista, como ela assim que emerge, depois de prolongadas dores do parto, dasociedade ca pitalista. O direito nun ca pode ser maior do que a estrutura econ-m ica d a sociedade e o desenvolvimento cultural q ue desse modo condicion ado.'

    E assim, na primeira fase da sociedade comunista (usualmente chamadasocialismo), o 'direito burgus' no abolido em sua inteireza, mas apenas emparte, somente em proporo revoluo econmica at ento alcanada, isto ,somente a respeito dos meios de produo. O 'direito burgus' reconhece-os comopropriedade privada dos indivduos. O socialismo converte-os em propriedade co-mum. Nessa medidae apenas nessa medida- o 'direito burgus' desaparece.

    Entretanto, continua a existir na medida em que h outras partes a envol-vidas; continua a existir na capacidade de regulador (fator determinante) na distri-buio dos produtos eno loteamento do trabalho entre os membros da sociedade. O

    princpio socialista: 'Aquele que no trabalha no comer' est j realizado; ooutro princpio socialista: 'Um a quantidade igual de produtos para uma quanti-dade igual de trabalho' est tambm J realizada. Mas isso no ainda o comun is-mo e no abo le ainda o 'direito burgus', que d a indivduos desigifais, em retorno

    'por quantidades desiguais (realmente desiguais) de trabalho, quantidades iguaisde produto.

    Esse um defeito, diz Marx, porm inevitvel na primeira fase do comu-nismo; pois se no queremos recair no utopismo, no devemos pensar que, tendoderrubado o capitalismo, o povo instantaneamente aprender a trabalhar para asociedade sem qualquer padro de direito: e, de fato, a abolio do capitalismo nocria imediatamente a premissa econmica para tal mudana.

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    Trotskismo x Leninismo

    E no h outro padro seno aquele do 'direito burgus'. Nessa medida,portanto, ainda permanece a necessidade de um Estado, que, enquanto salvaguar-da a propriedade pblica dos meios de produo, deveria salvaguardar igualmenteo trabalho e a igualdade na distribuio dos produtos."

    Aps a anlise acima notavelmente profunda, esse gigante, Lnin, pfocedea estabelecer as seguintes concluses, que fluem das an lises precedentes. O pro-fessor Thomson, MF e diletantes burgueses semelhantes no movimento da classeoperria deveriam anotar bem cuidadosamente tais concluses e compreender (isto, se eles so capazes de tal coisa) o real significado dessas concluses profundas.

    Eis as concluses de Lnin:"O Estado definhar na medida em que no houver maisnenhum capita-

    lista, nenhum a c lasse e, conseqentemente, nenhum a classpossa ser suprimida.

    Mas o Estado no definhar completamente, enquanto permanecer a sal-vaguarda do 'direito burgus', que santifica a desigualdade real. Para o Estado de-finhar completamente, o comunismo completo necessrio."

    Assim, est perfeitamente clar que Lnin tinha firmemente a viso de queo Estado continuar a existir aps a primeira fase do Com unismo ter sido realiza-da, mesmo no havendo"nenhum capitalista, nenhum a classe e, conseqentemente,nenhuma classe"que "possa ser suprimida".Vejamos o professor Thomson e ou-tros que concordam com ele agora dizerem:"Aqui as classes exploradoras tm deser eliminadas; a luta de classes, pareceria, est no fim."Devemos supor que MF eo professor Thomson esto bem conscientes do contedo deO Estado e aRevoluo,em particular das concluses acima citadas, que aparecem na pgina113. O prprio MF citaO Estado e a Revoluode Lnin, e uma das citaes queusa em seu artigo est separada das concluses acima p or no mais do que um parde pginas; deve-se presumir que ele foi realm ente cap az de ler at a pgina 113. E,como o professor Thom son, cu jo livrFrom Marx to Mao Tse-tungconsiste de nadamais que uma coleo de citaes de M arx, Engels, Lnin, Stalin e Mao , intercala-das com algum as distores, estas distores sendo sua nica con tribuio ao es-tudo da 'dialtica revolucionria', devemo s presumir que ele, Thomso n,o leninista,tambm tenha lido a pgina 113 de OEstado e a Revoluo,de Lnin. Contudo,ambos atacam Stalin por afastar-se do leninismo quando, de fato, Stalin estavaapenas seguindo os passos de Lnin. Realmen te, se esses com panheiros corajososdevem atacar algum po ter uma viso antimarxista na questo das classes e daluta de classes sob o socialismo, eles devem atacar o camarada Lnin tambm,cujas pegadas o camarada Stalin seguiu. Estamos esperando tal demo nstrao decoragem de vocs, senhores 'crticos'!

    Pode-se ver assim que ou nossos 'crticos' - que so crticos meram ente porcausa da qua ntidade de cavalos-vapor que usam , ma is do que pela profundidadede suas anlises - no leram a pgina 113 de OEstado e a Revoluo,de Lnin, ouleram mas no entenderam, ou leram e entenderam o que aparecia nessa pginamas estavam guardando silncio e dirigindo seus golpes contra Stalin, enquantorealmente queriam atingir Lnin. Pois, se sua "crtica' de Stalin est correta, ento,como mostrado acima , essa mesma 'crtica' se torna igualmente verdadeira de Lnin.Pode-se ver agora claramente que essas pessoas no so apenas inimigas de Stalin,so inimigas tambm de Lnin; no so propriamente antistalinistas, so de fatoantileninistas. Esta a verdade, e nenhuma quantidade de cavalos-vapor pode des-cartar esta verdade.

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    Captulo 21 -Classes e Luta de Classes

    Assim, revela-se que quando Stalin dizia que as classes exploradoras ti-nham sido eliminadas, ele se encontrava em m uito boa com panhia, a do camaradaLnin . Assim e st claro que Stalin no estava dizendo nada de novo; estava ap enasrepetindo o que Lnin tinha dito no comeo de 19 17. Stalin estava apenas regis-trando o estabelec imen to na Unio Sovitica de um fato do qual Lnin tinha falado maneira de antecipao. Se os Thomsons e os MFs deste mundo pensam queStalin estava sendo antimarxista na questo das classes, com toda a justia elesdevem dirigir suas alegaes contra o camarada Lnin. Com toda a justia, devemdizer que, sobre a questo das classes na sociedade socialista, Lnin era justamen-te to antimarxista quanto Stalin. Com toda a justia, eles devem estender a lgicade seu argumento em sua aplicao de Stalin para Lnin, de tal modo que todospossam claramente ver o absurdo 'lgico' desses 'aniquiladores' antileninistas deStalin. Quem sabe, ao atacarem Stalin, os Thomsons, MFs e outros 'comunistas'cheios de conversa fiada deste mundo estejam indiretamente m as intencionalm en-te dirigindo seus golpes contra Lnin? Nesse caso, por que no tm a coragem dediz-lo? O que lhes impede de fazer uma afirmao aberta? S podemos supor que seu desejo de no serem detectados como inimigos do leninismo que os imped ede atacar Lnin abertamente. Eles querem fazer o trabalho sujo de 'aniquilar' oleninismo, enquanto ritualmente prestam seus respeitos ao nome do camaradaLnin. Eles at chamam a si mesmos de leninistas. Isto realmente 'amotinao dejoelhos', para usar uma expresso de Lnin,

    Assim, est claro que ou essas pessoas esto inconscientes da completacoincidncia, do completo acordo, entre a viso de Lnin e a de Stalin sobre aquesto das classes em uma sociedade socialista, ou esto conscientes disso m asno tm a coragem e a honestidade para lanar contra Lnin as mesmas acusaesque lanam con tra Stalin, ou, pior ainda, esto fazendo uma tentativa m alconceb idade atacar o leninismo sobre uma questo terica importante - uma questo que de significado prtico de longo alcance para o mov imento proletrio mund ial. Comisso esto apenas seguindo o rastro aberto pelos trotskistas que, sempre que que-rem atacar o leninismo (e isso eles fazem todos os dias), em parte por covardia eem parte por consideraes diplomticas, isto , um desejo de no serem detecta-dos como os trotskistas contra-revolucionrios antileninistas que eles so, atacamo 'stalinismo' - e invariavelmente em nom e de Lnin.

    Nota1. Os ataques do professor George Thomson foram tratados com mais detalhes no

    prefcio aos trabalhos de Stalin sobre a coletivizao, qu e est reproduzido mais acim a nopresente volume.

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    Captulo 22

    Intensificao da Lutade Classes sb o Socialismo

    Stalin aderiu teoria da cessao da luta de classes no socialismo? Ele feza "suposio de que a restaurao s poderia ocorrer atravs de intervenoestrangeira"?

    Justamente porque Stalin disse que as classes antagnicas no existiam naURSS, isso significa que deste modo ele afirmava que a luta de classes em si teriachegado ao fim e que da em diante o povo da Unio Sovitica poderia deitar-sesobre os louros da vitria? No, no significa isso.

    De acordo com os crticos burgueses, entretanto, Stalin acreditava que aluta de classes tinha chegado ao fim na Unio Sovitica. Portanto, eles afirmam,Stalin acreditava que a restaurao do capitalismo na Unio Sovitica poderia terlugar SOMENTE atravs da interveno externa.

    O professor Thomson, por exemplo, cita os seguintes extratos do discursode Stalin sobre o Projeto de Constituio:

    "A classe dos proprietrios de terra, como vocs sabem, tinha j sido elimi-nada como um resultado da concluso vitoriosa da guerra civil. Quanto s outrasclasses exploradoras, elas compartilharam do declnio da classe dos proprietriosde terra. A classe capitalista na esfera da indstria cessou de existir. A classe doskulaksna esfera da agriculturacessoude existir. Assim, todas as classes explorado-ras foram agora eliminadas."

    E: "O projeto da nova Constituio da URSS parte do fato de que no hmais quaisquer classes antagonsticas na sociedade."

    Thomson passou ento a fazer o seguinte estranho comentrio, guisa decrtica a Stalin: t '"Aquias classes exploradoras foram eliminadas; a luta de classe, pareceria,

    est no fim."(p. 131).Estaria mesmo? Desde quando a eliminao das classes exploradoras, no

    sentido mencionado acima, equivalente eliminao da luta de classes? Se considerada equivalente, isso inteiramente arte dos professores burgueses taiscomo o professor Thomson, e no dos marxistas-leninistas como Stalin. Nunca ocamarada S talin disse que a luta de classes na Unio Sovitica tinha chegado aofim; tudo que ele disse foi que as classes exploradoras tinham sido eliminadas.

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    Trotskismo x Leninismo

    Porm, a eliminao das classes exploradoras, por um lado e a eliminao da lutade classes, por outro, so duas coisas diferentes. Em relao primeira, j se mos-trou acima que elas tinham sido eliminadas; no que diz respeito ultima, serresumidamente mostrado que, longe de ser eliminada, a luta de classes no apenascontinuou mas se tornou mais feroz. Que essa era a viso de Stalin, ficar plena-mente depionstrado nas pginas que se seguem.

    Para retornar a outro 'crtico', a saber, MF. Escrevendo no MLQ, o jornalterico do CFB, MF assinala a seguinte passagem deFundamento do Leninismo,do camarada S talin:

    "Porm, derrubar o poder da burguesia e estabelecer o poder do proletaria-do no garante a vitria completa do socialismo. Aps consolidar seu poder e tomara frente do campesinato, o proletariado do pas avanado pode e deve construiruma sociedade socialista. Mas isso significa que dessa frma o proletariado assegu-rar uma vitria completa e uma vitria final para o socialismo, isto , significa quecom as foras de um pas isolado possvel finalmente consolidar e garantir plena-mente esse pas contra a interveno, o que significa contra a restaurao? Certa-mente no. Isso requer a revoluo ao menos em vrios pases. E portanto tarefaessencial da revoluo vitoriosa em um pas desenvolver e apoiar a revoluo emoutros. Assim, a revoluo em um pois vitorioso no deve se considerar uma unida-de em si prpria, mas como um auxiliar e meio de apressar a vitria do proletaria-do em outros pases."

    Tendo citado o pargrafo anterior, MF comenta:"Consideraremos mais adiante qual o significado da vitria 'final' do so-

    cialismo e vincularemos isso SUPOSIO DE STALINDEQUE ARESTAURAOPODERIA OCORRER SOMENTEATRAVS DA INTERVENO ESTRANGEIRA"(n-fase minha).

    Som ente as pessoas que perderam todo o sentido de vergonha e hon estida-de podem interpretar as notas anteriores do camarada S talin da forma como M F asinterpretou. Som ente pessoas que romperam com o marxismo-leninismo, que per-deram os ltimos vestgios da lgica humana ordinria, para no falar no pensa-mento marxista-leninista, podem dar s notas anteriores do camarada Stalin o sig-nificado dado a elas por MF.

    Para voltar s notas do camarada Stalin, qual exatamente o significadocontido na passagem anterior? O que est dizendo exatamente o camarada Stalin?

    O camarada Stalin estava enfatizando, primeiro, a necessidade de cons-truir o socialismo na URSS, o nico pas socialista naquela poca. Em segundo

    lugar, ele estava enfatizando que o socialismo na URSS no poderia ser consolida-do, nem poderia o territrio do socialismo ser plenam ente garan tido contra a inter-veno, a menos que a revoluo em um nico pas (a URS S) fosse conjugada coma revoluo vitoriosa"em ao menos vrios pases".O camarada Stalin estavaenfatizando, em terceiro lugar, que uma interveno vitoriosa contra a URSS pode-ria significar apenas uma coisa , a saber, a restaurao do capitalismo , pois a inter-veno dos estados burgueses no abrigaria outro interesse. E, finalmen te, ele esta-va enfatizando que, por todas as razes anteriores, se no por outras razes, arevoluo na URSS deveria considerar-se parte integral da revoluo em outrospases,"como um auxiliar e um meio de apressar-a vitria do proletariado emoutros pases" eno "como uma unidade em si prpria".

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    Captulo 22 -Intensificao da Luta de Classes sob oSocialismo

    Em resumo, era necessrio construir o socialismo na U RSS ; por si, a UnioSovitica podia construir o socialismo com sucesso; era improvvel que a URSSfosse deixada sozinha; uma interveno vitoriosa significaria a restaurao do ca-pitalismo; e a nica garantia contra a interveno e para a consolidao do socialis-mo na URSS seria"a vitria da revoluo ao menos em vrios pases".

    Onde, ento, estava a alegada"suposio de que a restaurao poderiaocorrer somente atravs da interveno estrangeira",de Stalin? Em lugar nenhu m.

    Est claro que essa 'suposio' pura fabricao da imaginao de MEStalin disse que uma interveno, se vitoriosa, inevitavelmente significaria a res-taurao do capitalismo - o que estava correto. MF distorce esse registro e acusaStalin da"suposio de que a restaurao SOM ENTE poderia ocorrer atravs deuma interveno estrangeira",o que estava incorreto e era algo que Stalin nuncadisse. Contudo, tudo isso nos apresentado como uma anlise da"origem e desen-volvimento do revisionismo na Unio Sovitica"!O tipo de embuste burgus per-feito empregado por MF em sua 'anlise' est claro para qualquer um ver.

    Antes de seguir adiante, necessrio enfatizar um ponto, a saber, que adistoro de MF acerca da"suposio de Stalin de que a restaurao poderia ocor-rer somente atravs de uma interveno estrangeira"est baseada, como se mos-trou acima, em uma m interpretao deliberada de uma nota dosFundamentosdo Leninismo,de Stalin, que uma coleo de leituras proferidas por Stalin naUniversidade de Sverdlov, no comeo de abril de 1924. Esta data muito impor-tante. Dizer com base do discurso de 1924 de Stalin, como fez MF, que de acordocom Stalin a"a restaurao poderia ocorrer somente atravs da interveno es-trangeira" dizer que de acordo com Stalin a luta de classes interna tinha che-gado ao fim em 1924. Isso precisamente o que MF est de fato dizendo. Estaacusa o corre com o uma linha carmesim.por todo seu artigo. Tendo atribudo aStalin, com base numa passagem dosFundamentos do Leninismo,a "suposio deque a restaurao poderia ocorrer somente atravs da interveno estrangeira",MF segue dizendo que"a posio de Stalin estava em acordo com as visesexpressas por Lnin j em 1915".Somente uma concluso pode ser extradadesse comentrio de MF, a saber, que desde 1915 era de Lnin a"suposio deque a restaurao poderia ocorrer somente atravs da interveno estrangeira"!Que estranho!

    MF continua repetindo na pgina 16 de seu artigo essa acusao contra ocamarada Stalin, nos seguintes termos:

    "Emerge disso(a sesso do discurso do camarada Stalin ao 18 Congresso

    do PCUS(B).citada por MF)que a luta de classes interna estava no fim na UnioSovitica em 1939".O ano de 1939 acrescentado para reforar, como forma deastc ia militar, o propsito de fazer o leitor acreditar que MF est acusand o Stalinda "suposio de que a restaurao poderia ocorrer somente atravs da interven-o estrangeira"apenas a partir de 193 9. Q uando de fato, como mostramos ac ima,a acusao de MF data do ano de 1924 . A acusao sem base em qualquer caso,mas muito importante considerar o perodo de 1924 a 1939. Eis alguns fatosdesse perodo relacionados questo da luta de classes (e sua intensificao) nosocialismo.

    Se Stalin tivesse acreditado em 1924, como alegam MF e criaturas comoesta, que a"a luta de classes interna estava no fim na U nio Sovitica"e que a

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    "restaurao poderia ocorrer somente atravs da interveno estrangeira",ento,sua luta contra as tendn cias burguesas - tendn cias que, se se permitisse ganharascend ncia, teriam levado restaurao do capita lismo contrao bukharinismoe o trotskismo seriam comp letamente inexplicveis.

    A luta de Stalin contra o trotskismo e o bukharinismo explicvel apenas com base em ter Stalin aderido

    teoria da intensificao da luta de classes no socialismoQuais so os fatos? Os fatos so que Stalin empreendeu uma luta ser tr-

    guas contra a tendncia oportunista de 'esquerda', do trotskismo. Tivesse sido otrotskismo vitorioso na luta contra a poltica do Partido Bolchevique, o resultado

    inevitavelmente teria sido a restaurao do capitalismo. Mostramos isso em nos-sos panfletos sobre o trotskismo1.

    Stalin tambm levou o Partido a empreender uma luta feroz e impiedosacontra a tendn cia oportunista de direitado bukharinismo. Tivesseo bukharinismosido vitorioso em sua luta contra a poltica do Partido Bolchevique, o resultadotambm inevitavelmente teria sido a restaurao do capitalismo.

    O bukharinismo, que defendia que a luta de classes no socialismo estavadestinada a se extinguir, sustentava a teoria dos capitalistas da "conversopacficaao socialismo".A teoria de Bukharin era uma forma disfarada e sofisticada deadvogar a restaurao do capitalismo na UR SS.

    Stalin empreendeu luta feroz contra a teoria doskulaksde Bukharin. Eis

    algumas citaes - citaes que mostram no somente que Stalin n o defendeu aviso de que"a restaurao do capitalismo poderia ocorrer somente atravs deuma interveno estrangeira",como tambm que ele aderiu firmemente teoriamarx ista-leninista de intensificao da luta de classes no socialismo - de d iscursosdo camarada Stalin em sua luta rdua, feroz, consistente e inclemente contra obukharinismo:

    "Uma vitria do desviode direita em nosso Partido significaria um fortale-cimento enorme dos elementos capitalistas em nosso pas. E o que significaria ofortalecimento dos elementos capitalistas em nosso pas? Significaria enfra-quecimento da ditadura do proletariado e aumento das chances de restaurao docapitalismo.

    Conseqentemente, uma vitria do desvio de direita em nosso Partido signi-ficaria um desenvolvimento das condies necessriasPARAA RESTAURAOdocapitalismo em nosso pas" (Collected W orks,Vol. 11, p. 235 - nfase minha).

    Pode algum que no tenha ainda perdido o senso encarar as citaes aci-ma como significando que Stalin defendia a viso de que a"restaurao poderiaocorrer somente atravs da interveno estrangeira"?No, tal concluso no podeser derivada por alguma pessoa sadia. Se MF extraiu essas concluses, ele dificil-mente necessitar dizer que sua cabea precisa ser examinada.

    A nica concluso que se pode extrair das afirmaes acima de Stalin que a restaurao poderia tambm ter lugar atravs dos elementos capitalistas naUR SS, que seria ao que uma vitriado desvio de direita inevitavelmente teria levado. .

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    Alm disso, comparando o desvio de direita com o desvio de 'esquerda"(trotskista) no PCUS(B) e enfatizando que ambos conduziam, embora por direesdiferentes, ao mesm o resultado, a saber, a restaurao do capitalism o, o cam aradaStalin disse isto:

    "Em que repousa o perigo do desvio de direita, francamente oportunista,em nosso Partido? No fato de que ele subestima a fora de nossos inimigos, a forado capitalismo; ele no v o perigo da restaurao do capitalismo; ele no entendeo mecanismo da luta de classes na ditadura do proletariado. E, portanto, concordato radicalmente em fazer concesses ao capitalismo, propondo uma reduo dataxa de desenvolvimento de nossa indstria, propondo concesses aos elementoscapitalistas na cidade e no campo, propondo que a questo das fazendas coletivase fazendas estatais seja relegada ao atraso, propondo que o monoplio do comrcioexterior seja relaxado, etc., etc.

    No h duvida de que o triunfo do desvio de direita em nosso Partido abri-ria caminho s foras do capitalismo, minaria as posies revolucionrias do pro-letariado e aumentaria as chances da restaurao do capitalismo em nosso pas.

    Em que repousa o perigo do desvio de 'esquerda' (trotskista) em nosso Par-tido? No fato de que ele superestima a fora de nossos inimigos, a fora do capitalis-mo, mas no consegue ver a possibilidade de construo do socialismo pelos esfor-os de nosso pas; abre caminho para o desespero e obrigado a se consolar com ofalatrio sobre tendncias de Termidor em nosso Partido.

    Das palavras de Lnin de que'enquanto vivermosem um pas de peque-nos camponeses, h uma base econ m ica ma is segura na Rssia para o capitalis-mo do que para o comunismo',o desvio de 'esquerda' extrai a falsa concluso deque totalmente impossvel construir o socialismo na URSS; que no chegaremos alugar algum com o campesinato; que a idia de uma aliana entre a classe operriae o campesinato uma idia obsoleta; que, a menos que uma revoluo vitoriosano Ocidente venha em nosso auxilio, a ditadura do proletariado deve cair ou dege-nerar; que, a menos que adotemos o fantstico plano de superindustrializao,mesmo ao custo de uma ruptura com, o campesinato, a causa do socialismo naURSS deve ser considerada perdida.

    Da o aventurirismo na poltica do desvio de 'esquerda'. Da seus saltos'super-humanos' na esfera da poltica.

    No h duvida de que o triunfo do desvio de 'esquerda' em nosso Partidolevaria a classe operria a separar-se de sua base camponesa, a vanguarda daclasse operria a separar-se do resto das massas operrias e, conseqentemente, derrota do proletariado e a facilitar as condies para restaurao do capitalismo.

    Vocs vem, portanto, que ambos os perigos, o de 'esquerda' e o de direita,ambos os desvios da linha leninista, o de direita eode 'esquerda', levam ao mesmoresultado, embora por caminhos diferentes" (Collected W orks,Vol. 11, pp. 240-241).

    No fica claro no texto acima que Stalin era firmem ente da viso de que arestaurao do capitalismo poderia tambm ter lugar atravs da vitria dobuk harinism o ou do trotskismo, isto , sem interv eno e strangeira? Est perfeita-mente claro. Onde, ento, apoiar-se a"suposio de Stalin de que a restauraopoderia ocorrer somente atravs da interveno estrangeira"?

    Alm disso:

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    Stalin:"Atagora, ns, marxistas-leninistas, ramos da opinio de que en-tre os capitalistas da cidade e do campo, por um lado, e a classe operria, por outro,h um antagonismo de interesses inconcilivel. Isso o que sustenta a teoria mar-xista da luta de classes. M as agora, de acordo com a teoria de Bukharin da conver-so pacfica dos capitalistas ao socialismo, tudo isto virado de ponta-cabea,, oantagonismo irreconcilivel dos interesses de classes entre os exploradores e osexplorados desaparece, os exploradores se convertem ao socialismo".

    Rosit:"Isso no verdadeiro, a premissa a ditadura do proletariado."Stalin:MAS ADITADURADOPROLETARIADOAFORMAMISAGUDA DA LUTADE CLASSES" (Collected Works,Vol. 12, p. 32 - nfase em maiscu las m inha).

    Continuando, o camarada Stalin perguntava:"Podem os capitalistas ser expropriados e as razes do capitalismo ser des-

    trudas sem uma luta de classes feroz?"Ele respondia:"No,no podem"(Ibid.p. 34)."Podem as classes ser abolidas se a teoria e a prtica da converso dos

    capitalistas ao socialismo prevalecer? No, no podem. Tais teoria e prtica podemapenas cultivar e perpetuar as classes, pois e$sas teorias contradizem a teoria mar-xista da luta de classes" (Ibid.,pp. 34-35).

    "O que pode haver em comum entre a teoria de Bukharin do converso doskulaksao socialismo e a teoria de Lnin da ditadura como uma luta de classesferoz? Obviamente, no h e nem pode haver nada em comum entre elas.

    Bukharin pensa que na ditadura do proletariado a luta de classes devese rabrandada e chegar no fim de tal forma que a abolio das classes possa ser levadaa cabo. Lnin, ao contrrio, ensinou-nos que as classes s podem ser abolidas pormeio de uma luta de classes obstinada, que na ditadura do proletariado se topiamaisffm7. do que era antes da ditadura do proletariado" (Ibid.,p. 35).

    Mesm o antes da luta contra o desvio de direita - Bukharinism o - come arpara valer, o camarada Stalin tinha tido ocasio de assinalar que o avano total dosocialismo ocorria atravs da luta de classes feroz. Pois o socialismo em desenvol-vimento, que estava imprensando os inimigos cap italistas da classe operria, nopodia seno trazer tona a resistncia das classe s moribundas. Eis o que o camara-da Stalin teve a dizer em seu discurso de 9 de julho de 1928 na Plenria do ComitCentral do PCUS(B):

    "Ns muitas vezes dizemos que estamos promovendo formas socialistas daeconomia na esfera da indstria. M as o que isso implica? Implica que, pelo nossoavano do socialismo, estamos imprensando e arruinando, talvez sem que perce-bamos, milhares e milhares de produtores capitalistas pequenos e mdios. E de seesperar que essas pessoas arruinadas guardem silncio e no tentem organizarresistncia? Certamente no.

    Ns muitas vezes dizemos que necessrio restringir a propenso explora-dora doskulaksno campo, que eles devem ser duramente taxados e o direito aoarrendamento da terra limitado, que aoskulaksno deve ser permitido o direito devoto na eleio dos sovietes e assim por diante. Porm, o que isso implica? Implicaque ns estamos gradualmente pressionando e imprensando os elementos capita-listas no campo, algumas vezes levando-os runa. E de se presumir que oskulakssero gratos a ns por isso e no se esforaro para organizarem parte dos campo-neses pobres ou camponeses mdios contra a poltica do governo sovitico? Certa-mente no.

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    No bvio que todo nosso movimento adiante, todo nosso sucesso de algu-ma importncia na esfera da construo socialista, uma expresso e resultado daluta de classes em nosso pas?

    Contudo, segue-se de tudo isso que, quanto mais avanarmos, maior ser aresistncia dos elementos capitalistas e mais dura a luta de classes, enquanto ogoverno sovitico, cuja fora aumentar firmemente, perseguir uma poltica deisolar esses elementos, uma poltica de desmorcdizar os inimigos da classe oper-ria, uma poltica, finalmente, de quebrar a resistncia dos exploradores, portantocriando uma base para o avano maior da classe operria e da principal massa docampesinato.

    No se deve imaginar que a formas socialistas se desenvolvero,imprensando os inimigos da classe operria, enquanto nossos inimigos se retiraroem silncio e abriro cam inho para o nosso avano, que ento ns avanaremosoutra vez e eles outra vez se retiraro at que, 'inesperadamente', todos os grupossociais sem exceo,kulakse camponeses pobres, trabalhadores e capitalistas, en-contrar-se-o 'repentinamente' e 'imperceptivelmente', sem luta ou comoo, noseio de uma sociedade socialista. Tais contos de fadas no acontecem e no podemacontecer em geral e nas condies da ditadura do proletariado em particular.

    Nunca aconteceu e nunca acontecer que as classes agonizantes rendam-se de suas posies voluntariamente, sem tentarem organizar a resistncia. Nuncaaconteceu e nunca acontecer que a classe operria possa avanar para o socialis-mo em uma sociedade de classes sem luta ou comoo. Ao contrrio, a avano parao socialismo no se d seno fazendo com que os elementos exploradores rejsistamao avano, e a resistncia dos exploradores no se d sem levar ao inevitvel endu-recimento da luta de classes.

    Da que a classe operria no deve iludir-se com a conversa fiada da lutade classes desempenhando um papel secundrio" (Collected Works,Vol. 11 pp.179-180).

    No contente com a distorp j aqui comentada, MF segue (pgina 15)citando a seguinte passagem do Relatrio de Stalin ao 18 Congresso do PCUS(B),como 'prova' de sua afirmao de que Stalin acreditava"que a luta de classes in-terna chegara ao fim na Unio Sovitica em 1939".

    "A segunda fase foi o perodo da eliminao dos elementos capitalistas nacidade e no campo, para completar a vitria do sistema econm ico socialista e aadoo da nova Constituio. A tarefa principal nesse perodo era estabelecer osistema econmico socialista em todo o pas e eliminar os ltimos elementos capi-

    talistas remanescentes, realizar uma revoluo cultural e formar um exrito com-pletamente moderno para a defesa do pas. E as funes denossoEstado soviticoalteradas adequadamente. A funo da supresso militar dentro do pas cessara,morrera; a explorao tinha sido abolida, no restaram mais exploradores, e as-sim, no havia mais o que suprimir. Em lugar dessa funo de supresso o Estadoadquiria a funo de proteger a propriedade socialista de ladres e saqueadores dapropriedade do povo. A funo de defender o pas dos ataques estrangeiros perma-neceu plenamente; conseqentemente, o Exrcito Vermelho e a Marinha tambmpermaneceram plenamente, assim como os rgos punitivos e o servio de inteli-gncia, que so indispensveis para a deteco e punio dos espies, assassinos etraidores mandados ao nosso pas por servios de espionagem estrangeiros. A fun-

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    Trotskismo x Leninismo

    o da organizao econmica e da educao cultural pelos rgos do Estado tam-bm permaneceram e foram desenvolvidos em sua plenitude. Agora, a principaltarefa de nosso Estado dentro do pas o trabalho da organizao econmica pac-fica e a educao cultural. Quanto ao nosso Exrcito, rgos punitivos e servio deinteligncia, suas finalidades no esto mais voltadas para o interior do pas maspara o exterior, contra os inimigos externos.

    Como vocs vem, temos um Estado inteiramente novo, socialista, sem pre-cedentes na histria e consideravelmente diferente em forma e funes do Estadosocialista da primeira fase."

    Das citaes anteriores do discurso de Stalin, MF conclui:"Emerge disso que a luta de classe interna tinha chegado ao fim na Unio

    Sovitica em 1939."

    Em nossa viso, nenhuma concluso como a extrada por MF legtima.Os seguintes pontos so relevantes para entender o significado contido nas cita-es anteriores do camarada Stalin:

    Primeiro, essencial entender o contexto no qual o camarada Stalin feztais observaes. Havia certas pessoas no Partido que estavam propondo que oEstado sovitico fosse relegado"ao museu das antiguidades",visto que as classesexploradoras j tinham sido abolidas. Stalin, em sua exposio, estava PRINCI-PALMENTE interessado em mostrar a natureza equivocada de tais propostas,enfatizando a necessidade de manter a ditadura do proletariado. E"a ditadura doproletariado a forma mais aguda da luta de classes". -

    "A ditadura do proletariado a continuao da luta de classes em novascondies. A ditadura do proletariado uma luta obstinada - sangrenta e sem san-gue, violenta epacfica, militar e econmica, educacional e administrativa - contraas foras e tradies da velha sociedade, contra os inimigos capitalistas externos,contra os remanescentes das classes exploradoras no pas, contra os rebentos deuma nova burguesia que surgem no solo da produo de mercadorias que aindano foi eliminada"(do Programa do Comintern).

    Como, en to, podemos dizer, como faz MF, que"conclui-se disso que a lutade classes interna tinha chegado av fim na Unio Sovitica em 1939?"Stalin afir-mou que a ditadura do proletariado - esta"forma mais aguda da luta de classes -jtinha se tornado em 1939 desnecessria e antiquada? Ele disse que o terreno daproduo de mercadorias tinha j em 1939 sido eliminado na Unio Sovitica?No, ele nun ca disse. Ao contrrio, ele enfatizou a necess idade de man tera ditadu-ra do proletariado em 1939, em seu discurso ao 18 Congresso do PCUS(B). E arespeito da eliminao da produo de mercad orias - isto estava longe de ser rea-lizado mesm o em 19 52, nun ca pensado em 19 39. Tm -se apenas de ler o panfletoProblemas Econm icos do Socialismo naURSS,do camarada Stalin, para fazer esta'descoberta' que se mostrou to difcil para MF e criaturas como ele.

    Stalin, contrariando as distores oportunistas sobre os escritos de Lnin,certa vez disse:

    "Mas tomar Lnin em parte, sem desejar tomar Lnin comoum todo, deturpar Lnin" (Collected Works,Vol. 11, p. 171).

    Deve-se agora acrescentar: Mas tomar Stalin em parte, sem desejar tom-locomo um todo, deturpar S talin.

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    Captulo 22 -Intensificao da Luta de C lasses sob oSocialismo

    Isso precisamente o que fazem M F e pessoas como ele, cuja profisso encontrar trechos dos escritos de Stalin, cit-los fora de contexto, ligar fragmentosque no admitem ligaes e chegar a asneiras eclticas. Eles tomam Stalin em par-te, sem desejarem tom-lo como um todo, precisamente porque querem distorc-lo- deturp-lo. E todas essas deturpaes fraudulentas eles apresentam ao movi-mento em nome de 'anlise' daOrigem e Desenvolvimento do Revisionismo naUnio Sovitica!

    Segundo, ao enfatizar a necessidade de manter o Estado sovitico, o cama-rada Stalin caracterizou as fases do seu desenvolvimento, caracterizou as mudan-as na FORMA da luta de classes na URSS. nesse contexto que as passagenscitadas antes do discurso de Stalin n o 18 Congresso do PCUS(B) aparecem ; e soessas passagens que nosso deturpador, MF, tem feito tudo o que pode para d istorcer.Nessas passagens, o camarada Stalin n'o estava fazendo mais do que dar expres-so mudana real nas posies externa e interna da URSS; estava enfatizandoque NAQUELA POCA o principal perigo para a Unio Sov itica vinha do exterior,isto , da Alemanha fascista, enquanto internamente a classe operria soviticatinha temporariamente emergido vitoriosa em sua luta contra os remanescentesdas antigas classes exploradoras, o que levava de fato a um abrand amen to TEMP O-RRIO, no obstante real, da luta de classes INTERNAM ENTE, isto , na UR SS. Omesmo, entretanto, no era Verdadeiro da situao externa - a internacional - daUR SS, que de fato apresentava um quadro de efervescente intensificao da lutade classes. Conseqentem ente, Stalin estava absolutamente justificado em enfatizara luta de classes EXTERNAM ENTE, cuja nfase, nas circunstncias, estava desti-nada a dar a impresso de ter sido feita s expensas da luta de classes inte rnamen-te. Mas ela no era feita s expen sas da luta de classes intername nte. Stalin e stavaabsolutamente certo em sustentar que, NAS CONDIES QUE PREVALECIAMNAQUELA POCA, o cam inho para tratar-da luta de classes EXTERNAM ENTE erapreparao militar por parte da Unio Sovitica, enquanto INTERNAMENTE omelhor mtodo de tratar dela era a priso, julgamento e punio dos inimigos doregime sovitico - espies, assassinos, destruidores, etc . Stalin de fato teria come-tido um erro se tivesse deixado de mudar a nfase da luta de classes internam entepara a luta de classes externamente.

    Justamen te porque Stalin en fatizou as mudanas que tiveram lugar na FOR-MA da luta de classes, isso significava que ele, portanto, esposou a teoria doabrandamento da luta de classes no socialismo? No, certamente no significavaisso. Nem uma vez o camarada Stalin, du rante todo o seu discurso no 18 Congres-so, ou em qualquer oportunidade em que tratou do assunto, sustentou que nascondies do socialismo, isto , nas condies da ditadura do proletariado, a lutade classes" estava cam inhando para se abrandar. Era justam ente o oposto. Sta lintodas as vezes enfatizava a teoria marxista-leninista da intensificao da luta declasses nas condies da ditadura do proletariado. As formas de luta podem mu-dar, mas a luta como tal perman ece pe la poca histrica in teira dessa ditadura. Eis,por exemplo, o que o camarada Stalin dizia em 1937 - apenas poucos meses apsa adoo da Constituio de 1936, isto , o perodo sob exame do discurso deStalin no 18 Congresso:

    " necessrio desbaratar e descartar a teoria podre que diz que a cadapasso do progresso que fazemos a luta de classes est destinada a se abrandar cadavez mais, que em proporo ao crescimento de nossos sucessos o inimigo da classeficar cada vez mais dcil.

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    Isso no apenas uma teoria podre, tambm uma teoria perigosa, poisapazigua o nosso povo, conduz-no a uma armadilha, enquanto permite ao inimigoda classe a possibilidade de unir-se contra o poder sovitico.

    Ao contrrio, quanto maior o nosso progresso, quanto maiores os nossossucessosj mais angustiados os remanescentes das esmagadas classes exploradorasse tornaro e mais rapidamente eles recorrero s formas mais agudas de luta,mais eles tentaro prejudicar o Estado Sovitico, m ais eles recorrero a meios de-sesperados de luta como o ltimo recurso dos condenados.

    Devemos ter em mente que os remanescentes das classes derrotadas naURSS no esto sozinhos. Eles tm apoio direto de nossos inimigos alm das fron-teiras da URSS. Seria um erro supor que a esfera da luta de classes est limitada sfronteiras daURSS.Enquanto uma extremidade da luta de classes opera dentro daURSS, a outra extremidade se estende aos Estadosburguesesquenos circundam.Osremanescentes das classes derrotadas no podem estar inconscientes disso. E justa-mente porque esto conscientes disso, seguiro com suas investidas desesperadas.

    E isso que a histria nos ensina. isso que o leninismo nos ensina. Deve-mos recordar tudo isso e estarmos em guarda" (Sobre os Defeitos no Trabalho doPartido e as Medidas para Liquidar os Trotskistas e Outros Charlates).

    E adiante:" necessrio desbaratar e descartar uma quinta teoria podre, que alega

    que os traidores trotskistas no tm mais reservas, que alega que eles esto reunin-do seus ltimos quadros. u

    Isso no verdade, camaradas. Esta teoria pode ser inventada apenas porpessoas ingnuas. Pois os traidores trotskistas tm suas reservas. Elas consistemACIMA DE TU DO DOS REMANESCENTES DAS CLASSESEXPLORADORASDER-ROTADASNA URSS. Elas consistem de grupos e organizaes alm dos limites daURSS que so hostis Unio Sovitica" (Ibid. -nfase minha).

    Agora, mesmo os cegos podem ver que Stalin m anteve firmemente a teoriada continuao e intensificao da luta de classes no socialismo. Essa teoria foicolocada na prtica pelo PCUS no perodo de Stalin, que foi anterior e posterior a1937. Em 1937-38 foi adotada contra o Bloco dos Direitistas e Trotskistas. Foirestabelecida muitas vezes nos perodos apropriados em 1 92 0, 19 30 e 1940, e con-tinuou a ser a posio bsica do PCU S(B) at aps a morte de Stalin. Som ente no20 Congresso do Partido foram os modernos revisionistas kruchevistas capazes depr em prtica a"teoria podre ... de que a cada passo do progresso ... a luta declasses est destinada a se abrandar ...",Eles necessitavam de sua teoria podre e

    perigosa a fim de apaziguar o povo sovitico, a fim de lev-lo a uma armadilha,enquanto seguem na sua tarefa de restaurar o capitalismo na UR SS.Assim, est perfeitamente claro que Stalin no defendeu a viso de que a

    luta de classes DENTRO da URSS estava no fim; ao contrrio, ele aderiu firmem en-te teoria marxista-leninista da intensificao da luta de classes no socialismo. Oque mais, ele tinha profundo entendimento da relao da luta de classes dentroda URSS e da"extenso desta luta nos Estados burgueses circundantes"da URSS;da luta de classes interna e externa. Ele en tendeu m uito bem que a esfera da luta declasses no tinha limites;"seria um erro",ele disse,"supor que a esfera da luta declasses est limitada s fronteiras daURSS".E os reman escentes das classes explo-radoras no podiam seno estar conscientes disso.

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    de uma sociedade transitional - tornou-se amplamente aceita no comeo de 19302

    ,e, embora no houvesse disjuntura3 explcita entre os dois conceitos, a realidadeobjetiva da sociedade sovitica foi teorizada por Stalin de uma forma confusa econtraditria[sic].Nosso principal interesse no determinar se ele reconheceu aexistncia das classes e das contraes[sic]de classed entre as classes (s vezes eleescreveu com o se tivesse reconhecido; outras vezes, como se no tivesse reconhecido), mas se as polticas perseguidas por Stalin e a direo sovitica eram consisten-temente polticas proletrias perseguidas por direes proletrias.em luta contra aclasse inimiga. No podemos nos ocupar de questes de poltica desligadas dasrealidades do poder de classe. Quo real era o poder poltico da classe operria naUnio Sovitica entre a morte de Lnin e a morte de Stalin?"5

    Aqui se tem uma formulao com pletamente oportunista da questo - umaformulao que, em todos os aspectos, 'perfeita' no sen tido de que fala sobre tudpe ainda tem a 'vantagem' de no comprometer seu autor com nenhum ponto devista especfico, de deix-lo com espao para manobras de forma a esquivar-se dequaisquer dificuldades possveis. MF um homem que fala muito e, todavia, nodiz nada. Por um lado, ele diz, no pargrafo acilna, que impossvel entender otriunfo do revisionismo na Unio S ovitica"a menos que seja reconhecido que operodo de transio para a sociedade de classes... um perodo de intensa luta declasses";por outro lado, um par de.sentenas mais adiante no mesmo pargrafo, omesmo MF diz:"nosso principal interesse no determinar se ele[Stalin]reconhe-ceu a existncia das classes e das contradies entre as classes[notemos como MFdesespe radamente est ten tando aqui ev itar o uso da expresso 'luta de classes']...",,No estamos m esmo interessados na questo das classes e das"contradies entreas classes",Mr. MF? Como, ento, possvel entender"revisionismo na Unio

    Sovitica"quando, de acordo com a sua prpria receita,"Nenhum entendimento[do revisionismo] possvel a menos que seja reconhecido que o perodo de transi-o para a sociedade sem classes ... um perodo de intensa luta de classes"?Porque, ento, tanto espalhafato acerca das classes e da luta de classes?

    Tendo espalhado suas caln ias no nmero 2 do MLQ, MF, trotskista que ,trota maneira tpica dos trots*, para mudar a nfase no numero 4 do MLQ dasclasses e da luta de classes para se as polticas de S talin e do PCU S(B) foram ouno "consistentemente polticas revolucionrias proletrias".Isso o que se cham a'dialtica'! E esta a nica ap licao da 'dialtica ' com que MF e outros oportunis-tas esto familiarizados, na qual, com suas necessrias mudanas oportunistas,so forados a irem sempre mudando em suas alegaes e posies que adotam. Oespetcu lo dessas acrobacias 'dialticas' desses oportunistas muito divertidode fato.

    E a confuso completa na qual MF se mete no impede de forma algumaque MF afirme, com a audaciosa ignorncia caracterstica d ele, que"a realidadeobjetiva da sociedade sovitica foi teorizada por Stalin de uma forma confusa econtraditria".No engraado? Deixemos ao leitor julgar sobre quem est teori-zando"arealidade objetiva"de uma"forma confusa e contraditria"-MFou Stalin?

    A maneira completame nte ilusria, difusa - e completamente oportunista- das formulaes acima de MF traz memria a caracterizao de Lnin dos opor-tunistas em g eral. Esta caracterizao importante para ns no som ente por cau-sa de seu significado geral, mas tambm porque se ajusta perfeitamen te aMF. Eis o

    *No ta do tradutor: Os seguidores de Trotsky desde ento eram apelidados de "tro ts"

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    Captulo 22 - Intensificao da Luta de Classes sob o Socialismo

    que o camarada Lnin disse sobre os aspectos especficos do oportunismo e dosoportunistas:

    "Quando falamos de oportunismo na luta, no devemos esquecer os aspec-tos caractersticos de todo o oportunismo dos dias atuais[e igualmente muitoverdadeiro em nosso tempo]em todas as esferas, a saber, indefinidamente,difusamente, ilusoriamente. Um oportunista, por sua prpria natureza, sempre fogede formular um acontecimento decisivamente, ele busca um curso mdio, ele semove com o uma serpente entre dois pontos de vista mutuamente excludentes, ten-tando 'concordar' com ambos e reduzir suas diferenas de opinio a emendas trivi-ais, dvidas, sugestes virtuosas e inocentes e assim por diante." (One Step Forward,Two Steps Back).

    Aqui se tem a caracterizao do oportunista que teme uma formulaoclara e definida dos acontecimentos, pois clareza e definio significam a derrotapara os oportunistas e para o seu oportunismo. Ind efinies, d ifuso e ilusionism o,por outro lado, fornecem precisamente o terreno e o clima para o crescimentoluxuriante do oportunismo. dever dos revolucionrios proletrios lutarem nosomente contra o oportunismo do presente, mas tambm contra a forma que esseoportunismo assume em sua aparncia, nominalm ente, em sua difuso, ilusionismoe indefinio. Devemos continuar a insistir em u ma form ulao cla ra e definida dedesacordos, tem as e questesde princpio. Somente tal insistnc ia pode vir em ajudado movimento na tarefa de erradicar a confuso e esclarecer os acontecimentos.

    Notas1. Ver a srieAlgumas Questes Relativas Luta do Trotskismo Contra-Revolucionrio

    Contrao Leninismo Revolucionrio,que aparece neste livro imediatamente apso Prefcio.2. Esta calnia"no impediu MF de dizer em M LQ 2 que Stalin"acreditava que erapossvel construir o comunismo em um s pas".O que isso, Mr. MF? Ou Stalin acredi-tava que a sociedade sovitica estava caminhando na direo do comunismo, em cujo casoera uma sociedade transicional - estava em um estado de transio - ou ele acreditava queela no estava caminhando nssa direo, isto , era um"establishment socialista" - "umsistema completo, em contraste com uma sociedade transicional"?

    3. O dicionrio no contm esta palavra*. Isto apenas mostra que Mr. MF no estapenas enriquecendo e .desenvolvendo o marxismo, ele est tambm enriquecendo e de-senvolvendo a lngua inglesa.

    4. Como MF, no estamos de todo seguros se Stalin reconheceu 'contraes' de classeem todos os sentidos da expresso. Se, entretanto, MF pretende dizer contradies de clas-se, isso o camarada Stalin certamente reconheceria, como se viu acima.

    5. Quanto ao poder poltico da classe operria ser menos real na Unio Sovitica entrea morte de Lnin e a morte de Stalin, por um lado,e entre a Revoluo de Outubroe amorte de Lnin, por outro, deixamos ao leitor, que no pode ser, por mais longe que alcan-ce a imaginao, mais ignorante do que MF com respeito histria do perodo sob conside-rao, julgar por si. De nossa parte, apenas dizemos isto: nosso entendimento que o poderpoltico da classe operria maior aps a eliminao das classes exploradoras do que an-tes;e esta eliminao teve lugar"entrea morte de Lnin e a morte de Stalin".Agoramesmo, MF deve, com toda a justia, ser capaz de juntar 2 e 2 e encontrar 4, isto , que opoder poltico da classe operria era mais real entre a morte de Lnin e a morte de Stalin.

    *Nota do tradutor: em ingls, "disjuncture".

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    Captulo 23

    O Comunismo em um S Pas

    MF elevou o nvel da controvrsia em torno dosocialismopara "o comu-nismo em um s pas".Eis o que ele tem a dizer sobre isso na contin ua o:

    "E, voltando-se para o futuro, Stalin declarou:'Maso desenvolvimento no pode pa rar a. Estamos seguindo adiante, pa ra

    o comunismo. Nosso Estado permanec er tambm no perodo do com unismo?'E respondeu:'Sim, a menos que o cerco capitalista seja liquidado e a menos que o

    perigo do ataque militar estrangeiro tenha desaparecido.'"Eis o comentrio de M F sobre as citaes acima dp camarada Stalin:"Depreende-se dessa parte do relatrio de Stalin, acima citada, que ele acre-

    ditava ser possvel construir o comun ismo em um s pas. Tal proposio divergeradicalmente de toda a discusso sobre o 'socialismo em um s pas' que tinha sidoconduzida pelos trotskistas nos anos 1920. Tambm diverge do marxismo-leninismo.Falar de um Estado perdurando em uma sociedade comun ista um absurdo, torna-do ainda m ais absurdo pelas condies a respeito da possibilidade do cerco hostil.A sociedade comun ista pressupe o fim das classes e o definhamento do Estado e como disse Mao, dependente da 'abolio do sistema de explorao do homem pelohomem em todo o niundo'. S possvel falar da vitria final uma vez que se tenharealizado o comun ismo"(p. 16).

    No se pode seno rir do espetculo absu rdo de um dos 'tericos' - um d osluminares dirigentes - da CFB semimenshevique, semitrotskista (no se deve es-quecer de acrescentar - MF) presumivelmente para ensinar ao camarada Stalinque "a sociedade comunista pressupe o fim das classes e o definhamento do Esta-do".Esta frmula n o descoberta da CFB . Marx foi o n ico a fazer esta descober-ta.. E Stalin, h longo temp o, mesm o sem o cuidad o patern alstico da CFB, tinha seorientado pela essncia dessa frmula - no simplesmente decorada como fez aCFB , o que no a imp ediu de fazer um esforo para converter Stalin ao seu mtodode decorar frases e frmulas.

    O que dizia exatamente Stalin nas citaes acima? Stalin estava ali levan-tando a questo puram ente abstrata, terica, da POSSIBILIDA DE da constru o docomunismo na URSS, enquanto o cerco capitalista no tivesse sido ainda liquida-do. Em abstrato, tal formulao da questo era muito possvel e legtima. Em 193 9,conforme mencionado acima, as classes exploradoras tinham sido abolidas, mas o

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    desenvolvimento no tinha parado a. A sociedade sovitica estava seguindo adi-ante para o comunismo, como de fato deve fazer qualquer sociedade socialistadesde o dia da revoluo. E se o desenvolvimento fosse continuar sem que ospases capitalistas atacassem militarmente a URS S? E se a UR SS fosse continuar "sozinha por dcadas - talvez por sculos - no caminho para o comunismo sem tersido seguida pela revoluo vitoriosa em outros pases? E se no curso de seu de-senvolvimento fossem alcanadas as condies materiais e culturais cuja realiza-r o a capac itaria a levar a efeito a frmula: 'de cada um de acordo com sua capaci-dade e para cada um de acordo com suas necessidades'? Em tal caso, a sociedadesovitica teria se tornado uma sociedade comunista, mas o Estado no poderiaainda ser abolido, por causa do cerco capitalista. E no seria til tentar aplicar nica situao anterior, que temos descrito como correta, seno nessa situaoinaplicvel, a frmula"a sociedade comunista pressupe o fim das classes e o

    definhamento do Estado",pois esta frmula no considera a situao que acabarade ser postulada.Simplesmente por que Stalin levantou a questo abstrata, puramente te-

    rica, da possibilidade de construir o comunismo na URSS enquanto ainda existia ocerco capitalista, isso significa que era assim que ele pensava que aconteceria?No, certamente no. O reino da possibilidade muito mais amplo do que o darealidade. A possibilidade no .nem probabilidade, que d izer da realidade. En-quanto possvel pensar no abstrato, e isso foi o que o camarada Stalin fez, de umasituao em que um pas alcanasse o estgio comunista enquanto o cerco capita-lista ainda estava em volta, na prtica as coisas so diferentes. Muito antes quequalquer pas alcance a fase mais elevada da sociedade comu nista, o ma is provvel que a revoluo se espalhe para outros pases ou, EVENTUALMENTE, no ha-

    vendo revoluo em outras partes, o socialismo ser destrudo naquele dado pastambm pelo cerco dos Estados capitalistas, pois"com as foras isoladas de um spas" muito d ifcil de fato para o proletariado"assegurar uma vitria final e com-pleta para o socialismo",para "finalmente consolidar o socialismo e garantir ple-namente este pas contra a interveno, o que significa contra a restaurao",comoStalin assinalou nosFundamentos do Leninismo,muito antes de se ter pensado naCFB; pois"seria insensato pensar que o capital internacional nos deixaria em paz"(Collected Works,vol. 11, p. 58).

    No h dvida de que, numa-dada sociedade socialista, o desenvolvim entosegue na direo de uma sociedade comp letamente com unista, mas o desenvolvi-mento segue nessa direo atravs de tais contradi es - externas e internas - que,ANTES que se realize o comunismo completo, haver a revoluo mundial ou o

    avano da sociedade na direo do comunism o se estancar.Portanto, embora no se negue no abstrato, embora se adm ita no abstrato ese pense de tal situao como co ncebida p elo camarada S talin, no se deve contarque acontea, no se deve rejeitar as tarefas da luta de classes enfrentada pelasociedade socialista, no se deve abstrair-se - desligar-se - da vida real em nomedos sonhos. No h nenhuma sombra de evidncia para sugerir que o camaradaStalin tenha rejeitado as tarefas da luta de classes com que se defrontava ento asociedade sovitica, em nome de sonhos. Ao contrrio, no se deve esquecer quesuas citaes foram tomadas daquela parte do seu discurso ao 18 Congresso noqual ele censurava alguns camaradas do Partido, que estavam en to propondo queo Estado sovitico fosse relegado ao"museu de antiguidades";no se deve esque-

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    Captulo 23 - O Comunismo em um S Pas

    cer que, nessa parte do seu discurso, como mostrado acima, ele estava PRINCIPAL-MEN TE interessado em enfatizar a necessidade da manuteno do Estado. As cita-es sobre as quais MF fez tanto espalhafato tiveram a forma de uma formulaoabstrata, terica, da questo, e no a forma de rejeio dos problemas da luta declasses. Ele estava simplesmente dizendo aos camaradas que erroneamente propu-nham a abolio do Estado: camarad as, de uma forma ou de outra, o Estado sovi-tico est destinado a perman ecer por um perodo considervel; a tarefa de aboliodo Estado pertence ao futuro; continuemos mais com os problemas da luta declasses e o combate aos inimigos externos e internos da sociedade sovitica e me-nos com o da abolio do Estado, por agora.

    Antes de deixar a questo do 'comunismo em um nico pas', pensamosque seria frutfero aqui fazer referncia viso de Lnin sobre a teoria de Kautskydo 'ultra-imperialismo', pois ela tem alguma relao com a questo que estamos

    tratando, a saber, a relao entre a possibilidade e a probabilidade. Rara que nosejamos incom preendidos, rep etimos que apenas para revelar a relao da possi-bilidade com a probabilidade que comparamos a teoria contra-revolucionria deKautsky do ultra-imperialismo com as referncias do camarada Stalin possibili-dade do comunism o na UR SS. Afora isso, no h similaridade entre as duas coisas.

    A hostilidade im placvel de Lnin teoria de Kautsky do ultra-imperialis-mo 'pacfico' bem conhecida. Lnin defendia, de forma absolutamente correta,que somente'o rompimento aberto com o marxismo'de Kautsky podia ter levadoeste a"sonhar com um 'capitalismopacfico'".Lnin atribuiu o ultra-imperialismode Kautsky ao desejo pequeno-burgus deste de recusar-se a enfrentar - de fugir -dos "conflitos polticos, convulses e transformaes que caracterizavam a pocaimperialista"e procurar refugiar-se em sonhos essencialmente pequeno-burguesese "contemplaes inocentes a respeito do ultra-imperialismo 'pacfico'".Em outraspalavras, a base da teoria de Kautsky do ultra-imperialismo 'pacfico' nada era se-no o desejo reacionrio de um filisteu de eliminar os conflitos que so mais desa-gradveis, mais perturbadores e ofensivos aos pequeno-burgueses, tais como asguerras, as convulses polticas, etc.,"um desejo de dar as costas poca imperia-lista j presenteuma poca plena de conflitos, catstrofes, convulses, guerras erevoluese voltar-se para "sonhos inocentes de um ultra-imperialismo compara-tivamente pacfico, comparativamente sem conflitos, comparativamente no catas-trfico".Na prtica, a teoria do"ultra-imperialismopacfico"significava o abando-no das cansativas tarefas revolucionrias impostas pela poca do imperialismo e acolocao em seu lugar de iluses sonhadoras acerca da morte da poca atual, im-perialista, e sua substituio por uma"poca comparativamente 'pacfica' do ultra-imperialismo que no propunha tais tticas 'duras'"por parte do proletariado.

    Assim, pode-se ver que o leninismo irreconciliavelmente oposto teoriainconseqente de Kautsky do"ultra-imperialismopacfico",porque esSa teoria em-balava as massas proletrias para o sono, com sonhos essencialmente pequeno-burgueses em torno do enfoque do"ultra-imperialismo"que, alega-se, compara-tivamente pacfico, comparativamente livre de conflitos, comparativamente livrede convulses e dos levantes caractersticos da poca atual - precisamente um apoca em que necessrio preparar as massas para enfrentar as tarefas impostaspelo presente imperialista, poca que est longe de ser pacfica. Da incompatibili-dade do leninismo com o entulho contido na teoria de Kautsky do"ultra-imperia-lismo",no obstante, encontram os o seguinte pargrafo no mesmo artigo do cama-

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    rada Lnin, denominadoPrefcio a O Imperialismo e a Economia Mundial (NI) deBukharin,do qual as frases e expresses que aparecem nas citaes no pargrafoimediatamente p recedente so extradas:

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    "Pode-se negar, entretanto, que uma nova fase abstrata do capitalismo se-gue-se ao imperialismo, a saber, uma fase do ultra-imperialismo 'imaginvel'?No. No abstrato, pode-se pensar uma tal fase. Na prtica, aquele que rejeita as

    , tarefas duras do presente em nome dos sonhos acerca de tarefas fceis do futuro setorna um oportunista. Teoricamente, significa deixar de basear-se nos aconteci-mentos que tm lugar hoje, na vida real, distanciar-se deles em nome dos sonhos.No h dvida de que os acontecimentos esto seguindo na direo de um nicomonoplio mundial, que absorver todas as empresas e todos os Estados sem exce-o. Mas o desenvolvimento nessa direo ocorre sob tal tenso, em tal ritmo, comtais contradies, conflitos e convulses - no apenas econmicas, mas tambmpolticas, nacionais, etc., etc.- que antes que se chegue a um nico truste internaci-onal, antes que os respectivos capitais financeiros nacionais tenham formado umaunio mundial do 'ultra-imperialismo', o imperialismo inevitavelmente explodir,o capitalismo gerar o seu oposto."

    Em outras palavras, NO ABSTRATO, Lnin no estava preparado para ne-gar MESMO uma nova fase do capitalismo a seguir-se ao imperialismo, a saber,uma fase do ultra-imperialismo. Tal fase, disse Ln in, era conceb vel, po is o desen-volvimento p rocedia"na direo de um nico truste mundial que absorveria todasas empresas e todos os Estados, sem exceo".Se tal fase era pensvel, com o Lnindefendeu corretamente, porque seria ento impensvel NO AB STRATO que o co-munismo em um s pas (a URSS) era possvel de acontecer (sem a abolio doEstado, por causa do cerco capitalista), quando o desenvolvimento naquele pas

    estava se desenvolvendo"na direodo comunismo? Na prtica real, entretanto,com toda a PROBABILIDADE, nem o estgio do ultra-imperialismo nem aquele do"comu nismo em um s pas" era alcanvel. M uito antes, o capitalismo em todasas partes chegaria ao seu oposto, o socialismo.

    A questo do ultra-imperialismo foi assim resgatada para mostrar a relaoentre a possibilidade e a probab ilidade; para mostrar que a relao en tre a possibi-lidade e a probabilidade a mesma nos dois casos, isto , o ultra-imperialismo e ocomunismo em um s pas. A nogso ver, o ultra-imperialismo, embora imaginvelno abstrato, impossvel na PRTICA de realizar-se, como 'o com unism o em umnico pas', que tambm imaginvel no abstrato.

    H, entretanto, um aspecto significativo em que o abstrato da formulaode Stalin da possibilidade do 'comun ismo em um nico pas' difere da formulaode Kautsky do ultra-imperialismo, a saber, enquanto Kautsky estava levando adi-ante sua teoria no sentido de embalar o proletariado para o sono com sonhos es-sencialmente pequ eno-buigueses sobre o vindouro ultra-imperialismo pacfico, afim de escapar s tarefas da luta de classes, Stalin, por seu turno, ao enfatizar anecessidade de no somente manter, seno fortalecer a ditadura do proletariado,estava preparando o proletariado da U RSS, assim como de todo o mundo, para aluta de classes de hoje, enquanto, ao mesmo tempo, p ermitia-se pen sar e, portanto,no negar NO ABSTRATO a possibilidade do comunismo na URSS. Alm disso,Stalin, ao levantar a possibilidade terica de construo do comunismo n a U RSS ,estava ajudando a marcha adiante do povo sovitico para o comunismo. Na situa-o em que a Unio So vitica se encontrava, quando ela tinha eliminado as classes

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  • 8/2/2019 Trotskismo x Leninismo - Parte VII

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    Captulo 23 - O Comunismo em um S Pas

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