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INTERVENÇÃO EDUCATIVA COM ALUNOS COM TRISSOMIA 21 Trabalho realizado no âmbito de especialização em educação especial no domínio cognitivo e motor Fundação Bissaya Barreto Formanda: Maria Gorete Menezes Franco Pêgo Dezembro de 2005

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Page 1: trissomia 21

INTERVENÇÃO EDUCATIVA COM ALUNOS COM TRISSOMIA 21

Trabalho realizado no âmbito de especialização em

educação especial no domínio cognitivo e motor

Fundação Bissaya Barreto

Formanda: Maria Gorete Menezes Franco Pêgo

Dezembro de 2005

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INTERVENÇÃO EDUCATIVA COM ALUNOS COM TRISSOMIA 21

• Parte I - Trissomia 21

• Parte II - Trissomia 21 - Intervenção Educativa

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TRISSOMIA 21

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A TRISSOMIA 21

• Os portadores de trissomia 21 possuem um cromossoma suplementar em cada célula (47 em vez de 46).

• Os cromossomas agrupam-se em 23 pares excepto o número 21 que apresenta 3 cromossomas

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A TRISSOMIA 21.

Maior causa de deficiência mental;

Proporção de 1/700 ou 1/800 nascimentos

Pode ocorrer em todas as populações humanas

DIFERENTES DESIGNAÇÕES Mongolismo

Baseada nas características similares do povo da Mongólia. Designação discriminatória.

Síndrome de DownHomenagem ao médico inglês John Langdon Down, que em 1866 caracterizou esta síndrome pela primeira vez.

Trissomia 21Baseada na presença de um terceiro cromossoma no par 21.

Trissomia 21

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CAUSAS Factores hereditários

Mãe com trissomia 21, família com crianças trissómicas, translocação num dos pais ou um dos pais portador de mosaicismo.

Idade da mãeMães com idade superior a 35 anos.

Factores externosExposição prolongada dos pais a radiações, vírus e agentes químicos.

TIPOS Regular ou Homogénea (90%)

presença de um cromossoma extra no par 21 em todas as células. Mosaicismo (5%)

presença de um cromossoma extra no par 21 numa proporção das células.

Translocação (5%)presença do cromossoma extra do par 21, noutro cromossoma.

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DIAGNÓSTICO

Neo-natal:

Amniocentese; Biopsia das vilosidades coriónicas; Dosagem de alfa-feto proteína; Rastreio triplo; Ecografia.

Pré-natal:

Análise ao sangue do bebé - estudo do cariótipo;

Observação de traços físicos do bebé.

PREVENÇÃO Aspectos fundamentais na prevenção da trissomia 21:

Idade da mãe: As mulheres com mais de 35 anos têm maiores probabilidades;

Idade do pai: Em homens a partir de 45-50 anos há maior risco;

Estudo genético: O estudo cromossómico aos pais permite calcular o risco.

Trissomia 21

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CARACTERÍSTICAS FÍSICAS O código genético vai

determinar os traços físicos; Nenhum portador apresenta

todas as características em simultâneo.

Trissomia 21

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CARACTERÍSTICAS FÍSICAS Cabeça pequena e

arredondada; Face achatada e inclinada

para trás; Olhos com fendas palpebrais

obliquas; Orelhas pequenas e

arredondadas; Nariz pequeno e arrebitado; Boca pequena, língua grande

e dentes irregulares; Cabelo fino e pouco

abundante; Pescoço curto e largo; Membros curtos;

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CARACTERÍSTICAS FÍSICAS Pés com dedos curtos e

grande separação entre 1º e 2º dedos;

Mãos pequenas com dedos curtos e grossos e dedo mínimo curvado;

Pele clara, relaxada e ressecada;

Tronco recto e abdómen volumoso;

Genitais nos rapazes: testículos e pénis pequenos e pêlos púbicos horizontais;

Genitais nas raparigas: lábios e clitóris aumentados

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CARACTERÍSTICAS MOTORAS

As capacidades motoras deficitárias são muito comuns.

Resultam da Hipotonia muscular generalizada

que provoca:

Baixa força muscular Lassidão dos ligamentos

resultando em:

Dificuldade de: Equilíbrio

Motricidade global

Motricidade fina

Coordenação dos membros inferiores

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CARACTERÍSTICAS COGNITIVAS Percepção:

- Dificuldades em assimilar o mundo que o rodeia;

- Dificuldades de abstracção.

Atenção:- Baixa capacidade de concentração;

- Reduzido tempo de concentração;

- Facilidade de dispersão.

Memorização:- Baixa capacidade de memorização.

Linguagem:- Atraso no desenvolvimento da compreensão e produção verbal.

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CARACTERÍSTICAS COGNITIVAS E APRENDIZAGEM

Dificuldades nas funções de captar, integrar e reunir informação;

Baixo empenhamento nas actividades;

“Evitamento cognitivo”, evita algumas actividades, por vezes, como fuga ao insucesso;

Insistência na realização de actividades onde já obteve sucesso;

Apresenta, com alguma frequência, comportamentos de “teimosia” e obstinação.

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PATOLOGIAS ASSOCIADAS

Hipotonia muscular;

Cardiopatias congénitas;

Défice auditivo;

Problemas oftalmológicos;

Mau funcionamento da tiróide;

Problemas gastrointestinais;

Apneia do sono;

Espasmos e convulsões;

Problemas dentários;

Problemas ortopédicos;

Leucemia;

Depressão nervosa;

Autismo;

Doença de Alzheimer;

Infecções diversas.

Trissomia 21

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TRISSOMIA 21 INTERVENÇÃO EDUCATIVA

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PORQUÊ A FREQUÊNCIA DE UMA ESCOLA REGULAR ?

Os alunos com necessidades educativas especiais têm direito a interagir com os seus pares, a utilizar os mesmos espaços e a realizar as mesmas actividades, sempre que possível. - escola inclusiva ( preconizado na declaração de Salamanca 1994).

Vantagens:

Convivência diária com comportamentos “normalizados”;

Maior facilidade de Integração social e familiar;

Sensibilização dos colegas para as diferenças, tornando-os mais solidários;

Maiores progressos no desenvolvimento geral;

Aumento da auto-estima;

Partilha de experiências com os colegas.

Trissomia 21: Intervenção Educativa

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ADAPTAÇÃO DA ESCOLA A inclusão de um aluno com trissomia 21 na escola regular exige:

A Caracterização do aluno: Das competências curriculares nas diferentes áreas; Pedagógica (motivação, ritmo de aprendizagem, etc.; Da personalidade (auto-estima, autonomia, resistência à fadiga, etc.

Um currículo adequado às características e capacidades do aluno: Dadas as características cognitivas usufruem, normalmente, de currículo alternativo

de acordo com as medidas de REE do DL 319/91; Elaboração de um plano educativo individual (PEI) e de um programa educativo (PE); Currículo flexível, de modo a permitir reajustes sempre que se justifique; Currículo funcional, com o objectivo de desenvolver competências académicas e não

académicas numa perspectiva funcional: - As actividades deverão ser tão próximas quanto possível da vida real e permitir

desenvolver a autonomia e a capacidade de integração familiar e social;- A transição para a vida adulta, para alunos próximo do fim da escolaridade, deve contemplar a integração no meio laboral.

Trissomia 21: Intervenção Educativa

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ADAPTAÇÃO DA ESCOLA A inclusão de um aluno com trissomia 21 na escola regular exige:

Um professor de apoio educativo: Presta apoio directo ao aluno; Planifica e implementa os programas; Coordena, orienta e supervisiona a implementação dos programas.

Trabalho de cooperação: Entre os diferentes intervenientes no processo (professor do ensino regular,

professor de apoio educativo, técnicos especializados, família, etc; Entre os professores e os colegas da turma para melhorar a auto-estima do aluno e o

seu desenvolvimento global.

Formação dos docentes: Aos professores deve ser dada formação de modo a tomarem conhecimento das

principais dificuldades destes alunos e das estratégias que permitam uma intervenção educativa adequada.

Envolvimento da família: A escola e a família deverão ser co-responsáveis na partilha de informações,

experiências e decisões.

Trissomia 21: Intervenção Educativa

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PERCEPÇÃO

As estruturas cognitivas dificultam a organização e análise das informações provenientes do mundo exterior.

Intervenção:

Possibilitar que a aprendizagem perceptiva se realize através do maior número de vias sensitivas;

Apresentar actividades motivadoras, sistemáticas e sequenciadas;

Permitir ao aluno verbalizar aquilo que se encontra a realizar para que possa interiorizar a aprendizagem de um modo mais facilitado.

Trissomia 21: Intervenção Educativa

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ATENÇÃO Apresentam défices de fixação, focalização e mudança da atenção.

Intervenção:

Possibilitar um ambiente de trabalho simples e com ausência de estímulos exteriores;

Dar instruções verbais claras e objectivas e acompanhadas por gestos se necessário;

Adaptar o nível de exigência às suas dificuldades;

Mudar com frequência de tarefa para evitar o desinteresse;

Intercalar tarefas com diferentes níveis de exigência e interesse para evitar a fadiga;

Exigir tempos curtos de atenção;

Recompensar os esforços e os êxitos realizados.

Trissomia 21: Intervenção Educativa

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MEMÓRIA Dificuldades específicas de memorização e organização do

material memorizado.

Intervenção:

Recorrer à repetição;

Desenvolver a memória imediata antes de reforçar a memória sequencial;

Dar a informação pelo maior número de vias sensitivas possível;

Relacionar a aprendizagem nova com as anteriores, de modo a favorecer memória e, por sua vez, a assimilação da nova aprendizagem;

Trabalhar a memória de uma forma graduada para facilitar o desenvolvimento da memória sequencial (visual, auditiva, táctil…).

Trissomia 21: Intervenção Educativa

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LINGUAGEM

As dificuldades de aquisição da linguagem relacionam-se com as funções intelectuais complexas que esta exige.

Intervenção:

Estimular a linguagem no ambiente familiar e escolar de modo a tornar-se espontânea;

Exigir que o aluno se expresse correctamente ;

Informar os pais dos objectivos pretendidos e solicitar o seu contributo no ambiente familiar.

Se necessário recorrer ao uso de gestos ou mímica;

Trabalhar a linguagem nos diferentes domínios (semântico, morfo-sintáctico, fonológico e pragmático).

Trissomia 21: Intervenção Educativa

Page 23: trissomia 21

LINGUAGEM ORALIntervenção:

Nível semântico:

Levar o aluno a perceber a relação entre as pessoas e as coisas que o rodeiam;

Trabalhar noções de objectos e acções manipulando e verbalizando o material à frente do aluno;

Realizar exercícios de discriminação e manipulação através da mímica, desenho e jogo;

Trabalhar a palavra por meio de exercícios de classificação, categorização e generalização;

Evitar actividades que apelem à capacidade de análise.

Nível morfo-sintáctico:

Trabalhar a palavra de modo a que o aluno interiorize a forma interna;

Trabalhar depois a expressão, inicialmente com duas palavras e progressivamente aumentar a complexidade.

Trissomia 21: Intervenção Educativa

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Intervenção:

Nível fonológico:

O professor deve articular os sons da fala isoladamente e em combinação, como modelo;

Solicitar ao aluno a articulação dos sons isoladamente e em combinação;

Recorrer à leitura quando o aluno já adquiriu esta capacidade.

Nível pragmático, ensinar o aluno a:

Usar a linguagem oral para comunicar;

Estabelecer contacto visual quando comunica;

Abordar assuntos;

Adequar o discurso e as expressões ao contexto.

LINGUAGEM ORAL

Trissomia 21: Intervenção Educativa

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LINGUAGEM ESCRITA(leitura e escrita)

A aprendizagem da leitura e da escrita é lenta por envolver as áreas da percepção (visual e auditiva), da memória, da atenção e da motricidade.

Leitura:

Dificuldade em relacionar os sinais com a representação gráfica e os sons escutados;

• Escrita:

Dificuldades de motricidade fina;

Dificuldades em interiorizar e produzir movimentos em simultâneo.

Trissomia 21: Intervenção Educativa

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LEITURA E ESCRITA

Leitura:

Dar ênfase à compreensão;

Utilizar textos adaptados aos interesses e capacidades do aluno;

Trabalhar a aquisição de vocabulário novo;

Utilizar como base a informação visual e gestual.

Escrita:

Recorrer a actividades que facilitem a assimilação e automatização dos padrões gráficos. ex: letras de lixa, letras desenhadas no chão, picar letras no papel com a direcção correcta.

Intervenção:

Adequar o método às características de cada aluno;

Trabalhar a generalização com recurso a actividades variadas;

Iniciar a leitura antes da escrita.

Trissomia 21: Intervenção Educativa

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LÓGICO - MATEMÁTICA O raciocínio matemático exige grande participação da actividade

cognitiva nas diversas áreas.

Intervenção: Avaliar a fase de desenvolvimento em que se encontra o aluno;

Motivar o aluno para descobrir que os conteúdos básicos da matemática estão presentes no seu dia-a-dia;

Desenvolver a percepção espacial de modo a adquirir a noção de quantidade;

Empreender o desenvolvimento do pensamento lógico e do raciocínio;

Recorrer a um ensino funcional para permitir resolver situações práticas de cálculo como a utilização de dinheiro etc.

Trissomia 21: Intervenção Educativa

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PSICOMOTRICIDADE Objectivos da educação psicomotora:

Melhorar a motricidade (geral e fina), o equilíbrio, a coordenação de movimentos e as relações espacio-temporais;

Melhorar o tónus muscular; Evitar inactividade e obesidade; Favorecer as relações com os seus pares.

Intervenção: Partir das experiências anteriores do aluno; Dar a informação através do máximo de canais sensoriais possível; Respeitar a sequência de:

1º. manipulação e/ou vivência do movimento;2º. verbalização do movimento realizado;3º. representação gráfica ou simbolização do movimento.

Nota: O exercício físico deve ser supervisionado, em caso do aluno apresentar instabilidade atlantoaxial, por risco de lesão da medula.

Trissomia 21: Intervenção Educativa

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USO DO COMPUTADOR Vantagens:

A apresentação final do documento é igual ao dos colegas;

Progressos no conteúdo da comunicação;

Progressos ao nível da estrutura frásica e vocabulário;

Permite a correcção antes de imprimir;

Ultrapassa a barreira motora de escrever à mão concentrando-se mais na mensagem;

A aprendizagem de manuseamento do computador aumenta a auto-estima;

Permite o recurso a software para trabalhar a atenção, a percepção, a orientação espacial; a linguagem, o cálculo, etc.

Trissomia 21: Intervenção Educativa

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USO DO COMPUTADOR Cuidados e adaptações:

Adaptar o mobiliário que permita comodidade ao manejar o teclado e o rato;

Destacar as teclas mais importantes com etiquetas;

Seleccionar um tamanho de letra suficiente para evitar cansaço;

Seleccionar letra de impressa ou manuscrita de acordo com o objectivo pretendido;

Escolher programas que conduzam aos objectivos educativos definidos;

Evitar que o aluno permaneça sozinho em frente ao computador, a presença do professor ajuda a melhorar o seu desempenho;

Familiarizar o aluno com o computador o mais precocemente possível para aprender a manusear bem o teclado e o rato.

Trissomia 21: Intervenção Educativa

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS “Currículos funcionais”. Ana Maria Bénard da Costa e outros, 1996. IIE.

“Caminhos para escolas inclusivas”, 1997, Ministério da Educação.

“Necessidades educativas especiais”. Rafael Bautista, 1997. Dinalivro.

“A criança com síndrome de Down: Características e intervenção educativa”. Maria Vinagreiro e outro, 2000. APPACDM Braga.

“Deficiência mental e aprendizagem”. Pedro Morato, 1995. S. N.Reabilitação.

“Sindroma de Down: leitura e escrita”. Maria Troncoso e outro, 2005. Porto editora.

“Declaração de Salamanca”, 1994. I IE.

“Alunos com necessidades educativas especiais nas classes regulares”. Luís Miranda Correia,1997. Porto editora.

Cadernos de apoio ao DL 319/91 de 23 de Agosto. ME.

Decreto-Lei 319/91 de 23 de Agosto.

Despacho nº 10856/05 de 13 Maio.

Trissomia 21: Intervenção Educativa