tcc sustentabilidade - versão final roberta
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8/17/2019 TCC Sustentabilidade - Versão Final Roberta
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UNI VERSIDADE FEDERAL DO ACRE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
ROBERTA SILVA DE OLIVEIRA DANTAS
ENTENDENDO A SUSTENTABILIDADE:
O NOVO SEGMENTO DA CONSTRUÇÃO
Orientador: Msc. Ricardo Ribeiro
Trabalho de Conclusão de curso – TCC elaborado
junto ao curso de Bacharelado em Engenharia
Civil, como requisito parcial da avaliação da
disciplina Estágio Supervisionado.
Trabalho de Conclusão de Curso – TCC
Rio Branco-Acre
2010
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COMISSÃO EXAMINADORA
Prof.º Msc. Ricardo Ribeiro (Orientador)
UFAC – Rio Branco / AC
Prof.º ________________________________
UFAC – Rio Branco / AC
Prof.º _________________________________
UFAC – Rio Branco / AC
Roberta Silva de Oliveira Dantas
Resultado:____________________
Rio Branco, 10 de Dezembro de 2010.
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DEDICATÓRIA
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DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Raimundo Alves e Maria Célia,
que são para mim exemplos como pessoas, como
profissionais, como pais, como casal, e pelo amor e
paciência a mim dedicados. Ao meu marido, que
pacientemente auxiliou-me em outras atividades para
que eu pudesse dedicar-me à este trabalho. À minha
irmã, Maria Cristina, por também ter me ajudado para
que eu tivesse tempo disponível. Ao meu filho, que
me deu uma direção, e um porquê. E principalmente a
Deus, que me restaurou e me trouxe de volta à luz!
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ÍNDICE
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ÍNDICE
DEDICATÓRIA ..........................................................................................................................I
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................... V
LISTA DE GRÁFICOS ......................................................................................................... VIII
LISTA DE QUADROS ......................................................................................................... VIII
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS E SÍMBOLOS...................................................... IX
RESUMO.................................................................................................................................. XI
1 – INTRODUÇÃO: ............................................................................................................. 1
1.1 – GENERALIDADES: ...................................................................................................... 1
1.2 – ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO:.......................................................................... 2
2 – OBJETIVOS: .................................................................................................................. 3
2.2 – OBJETIVOS GERAIS: .................................................................................................. 3
2.3 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS: ........................................................................................ 3
3 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: ...................................................................................... 4
3.1 – ENTENDENDO A SUSTENTABILIDADE: ................................................................ 4
3.1.1 – O que é o desenvolvimento sustentável: .................................................................... 4
3.1.2 – Histórico da sustentabilidade: ..................................................................................... 4
3.1.3 – O problema dos resíduos sólidos: ............................................................................... 7
3.1.4 – Resolução do Conama nº 307: .................................................................................... 8
3.1.5 – Normas Técnicas: ....................................................................................................... 9
3.1.6 – Os resíduos sólidos e a construção civil: .................................................................. 11
3.2 – A CONSTRUÇÃO E A SUSTENTABILIDADE: ...................................................... 13
3.2.1 – Conceito restrito à construção: ................................................................................. 13
3.2.2 - A construção sustentável e os pilares da sustentabilidade: ....................................... 14
3.2.3 - Os princípios da construção sustentável: .................................................................. 153.2.4 – O empreendimento sustentável:................................................................................ 18
4 – METODOLOGIA:........................................................................................................ 21
5 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS:.................................................................. 22
5.1 – O CICLO DE VIDA DO EMPREENDIMENTO – APLICAÇÃO DA
SUSTENTABILIDADE: .......................................................................................................... 22
5.1.1 – Atividades preliminares – a agenda do empreendimento: ........................................ 22
5.1.2 – Fase 1 - Concepção: .................................................................................................. 245.1.3 – Fase 2 – Planejamento/projeto:................................................................................. 26
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ÍNDICE
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5.1.4 – Fase 3 – Construção/implantação: ............................................................................ 40
5.1.5 – Fase 4 – Uso/ocupação: ............................................................................................ 45
5.1.6 – Fase 5 – Requalificação/ desconstrução/ demolição: ............................................... 46
5.2 – QUALIFICAÇÃO QUANTO À SUSTENTABILIDADE: ............................................ 47
5.2.1 – LEED – Green Building Council Brasil ................................................................... 48
5.2.2 – AQUA – Processo Aqua ........................................................................................... 49
5.2.3 – Sustentax:.................................................................................................................. 50
5.2.4 – Procel Edifica: .......................................................................................................... 51
5.2.5 – Selo Casa Azul: ........................................................................................................ 52
6 – ESTUDO DE CASO: ................................................................................................... 54
6.1 – EMPREENDIMENTOS SUSTENTÁVEIS NO MUNDO:......................................... 546.1.1 – Sidwell Friends School: ............................................................................................ 54
6.1.2 – Centers for Disease Control and Prevention (CDC):................................................ 55
6.1.3 – Casa Z6: .................................................................................................................... 56
6.1.4 – Centro Adam Joseph Lewis: ..................................................................................... 57
6.2 – EMPREENDIMENTOS SUSTENTÁVEIS NO BRASIL: ............................................ 58
6.2.1 – Loja Leroy Merlin – Niterói (RJ): ............................................................................ 58
6.2.2 – Rochaverá Corporate Towers – São Paulo: ............................................................. 596.2.3 – Ventura Corporate Towers – Rio de Janeiro: .......................................................... 60
6.2.4 – Escritório do Grupo Ecoplano: ................................................................................. 61
6.3 - ALGUNS EMPREENDIMENTOS COM MEDIDAS SUSTENTÁVEIS NA CIDADE
DE RIO BRANCO: .................................................................................................................. 63
6.3.1 – Edificio Residencial West Amazon: ......................................................................... 63
6.3.2 – Centro de Saúde do Calafate: ................................................................................... 63
6.3.3 – INTO:........................................................................................................................ 647 – RESULTADOS E DISCURSÕES: .................................................................................... 67
7.1 – SUGESTÃO DE MEDIDAS SUSTENTÁVEIS EM UM EMPREENDIMENTO: ....... 67
7.1.1 – Sobrado geminado: ................................................................................................... 68
7.1.2 – Casa geminada: ......................................................................................................... 70
7.1.3 – Edifício multifamiliar: .............................................................................................. 71
8 – CONSIDERAÇÕES FINAIS, CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS
PESQUISAS: ............................................................................................................................ 84
8.1 – CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES: .......................................................... 84
8.2 – SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS: ............................................................ 84
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: .................................................................................... 86
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LISTA DE FIGURAS
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Os três pilares do desenvolvimento sustentável .......................................................... 6
Figura 2: Disposição de resíduos sólidos em locais em desacordo com a legislação ................ 7
Figura 3: Disposição de resíduos sólidos em locais em desacordo com a legislação ................ 8
Figura 4: Recicladora URBEM Tecnologia Ambiental, Sao Bernardo do Campo .................. 10
Figura 5: Os entulhos gerados em uma obra ............................................................................ 12
Figura 6: Resíduos gerados pelas embalagens de produtos ...................................................... 12
Figura 7: Concregama, utilizado para aumentar a área permeável ........................................... 28
Figura 8: Configurações para sistemas de medição individualizadas ...................................... 30
Figura 9: Sistema de aproveitamento de águas pluviais e o dispositivo de descarte ................ 30
Figura 10: Torneiras com fortes jatos d'água ........................................................................... 31
Figura 11: Estatísca de perda de água com gotejamento de torneiras ...................................... 31
Figura 12: Classificação de um equipamento quanto e seu consumo de energia/gás .............. 33
Figura 13: Selo Procel de Eficiência Energética ...................................................................... 33
Figura 14: Comparativo das despesas com energia do Projeto Contagem ............................... 34
Figura 15: Casa Eficiente com incorporação de painéis fotovoltaicos para produção de energia
elétrica funcionando como sistema integrado à rede ................................................................ 36
Figura 16: Desenho esquemático de uma instalação de painéis solares fotovoltaicos em
residência, interligado à rede elétrica ....................................................................................... 36
Figura 17: Sombreamento por meio de vegetação. Projeto Bedzed, Inglaterra. Arquiteto Bill
Dunster...................................................................................................................................... 37
Figura 18: Proteção por meio de pergolado com vegetação na parede leste. Projeto Casa
Eficiente, Florianópolis ............................................................................................................ 37
Figura 19: Teto jardim na cobertura do salão de festas de condomínio. Projeto terra domus, daSphera Quattro, Florianópolis................................................................................................... 37
Figura 20: Laje jardim com acesso fácil e para uso frequente - varanda - como alternativa de
cobertura. Projeto Bedzed, Inglaterra. Arquiteto Bill Dunster ................................................. 37
Figura 21: Planta de elevação de alvenaria projetada de acordo com os conceitos de
coordenação modular ................................................................................................................ 38
Figura 22: Pré-moldados de concreto ....................................................................................... 39
Figura 23: Vedação em placas de gesso acartonado................................................................. 39
Figura 24: Vedação com placa OSB......................................................................................... 39
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LISTAS DE GRÁFICOS E QUADROS
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Figura 25: Steel frame .............................................................................................................. 39
Figura 26: Wood frame............................................................................................................. 39
Figura 27: Coleta de resíduos utilizando recipientes, tipo bombona ........................................ 40
Figura 28: Organização do canteiro.......................................................................................... 41
Figura 29: Dispositivo de triagem – bombona ......................................................................... 42
Figura 30: Dispositivo de triagem - bags.................................................................................. 42
Figura 31: Dispositivo de triagem - baias ................................................................................. 42
Figura 32: Dispositivo de triagem - caçamba estacionária ....................................................... 42
Figura 33: Resíduos de construção e demolição, depositados na malha urbana ...................... 44
Figura 34: Selo LEED – Brasil ................................................................................................. 48
Figura 35: Selo Aqua ................................................................................................................ 49
Figura 36: Selo Sustentax ......................................................................................................... 50
Figura 37: Selo Procel Edifica .................................................................................................. 51
Figura 38: Selo Caixa ............................................................................................................... 52
Figura 39: Sidwell Friends School ........................................................................................... 54
Figura 40: Centers for Disease Control and Prevention ........................................................... 55
Figura 41: Casa Z6 ................................................................................................................... 56
Figura 42: Centro Adam Joseph Lewis .................................................................................... 57
Figura 43: Loja Leroy Merlin ................................................................................................... 58
Figura 44: Rochaverá Coorporate Towers................................................................................ 59
Figura 45: Ventura Corporate Towers ...................................................................................... 60
Figura 46: Escritório do Grupo Ecoplano................................................................................. 61
Figura 47: Logo West Amazon Residence ............................................................................... 63
Figura 48: Manta sob cobertura ................................................................................................ 63
Figura 49: Veneziana de madeira ............................................................................................. 63
Figura 50: Foto geral do INTO do Ceará ................................................................................. 64
Figura 51: Sistemas do INTO ................................................................................................... 65
Figura 52: Corte transversal demonstrando ventilação ............................................................ 66
Figura 53: Corte longitudinal demonstrando o sistema de ventilação...................................... 66
Figura 54: Planta do Loteamento.............................................................................................. 68
Figura 55: Planta baixa do sobrado - Pav. Térreo .................................................................... 69
Figura 56: Planta baixa sobrado - Pav. superior ....................................................................... 70
Figura 57: Planta baixa da casa geminada ................................................................................ 71
Figura 58: Planta baixa dos pavimentos térreo e superiores do edifício multifamiliar ............ 72
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LISTAS DE GRÁFICOS E QUADROS
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Figura 59: A construção convencional não sustentável............................................................ 73
Figura 60: Telhas onduline ecológicas ..................................................................................... 74
Figura 61: Estrutura das casas e sobrados em Steel Frame ...................................................... 75
Figura 62: Residencial Villa Alpina, em Steel Frame .............................................................. 75
Figura 63: Condomínio Colina das Pedras - SP, Construtora US Home – 1 Prédio a cada 90
dias ............................................................................................................................................ 75
Figura 64: Fechamento externo em placas OSB ...................................................................... 75
Figura 65: Laje do sobrado e do edifício em placa OSB .......................................................... 75
Figura 66: Vedações internas em chapas de gesso acartonado ................................................ 76
Figura 67: Acabamento com siding vinílico............................................................................. 76
Figura 68: Fechamento com placas cimentícias ....................................................................... 76
Figura 69: Tubulação elétrica na estrutura do Drywall ............................................................ 76
Figura 70: Instalação de Placas Fotovoltaicas nos telhados ..................................................... 77
Figura 71: Esquema de funcionamento da energia solar .......................................................... 77
Figura 72: Clarabóia a ser instalada na cobertura..................................................................... 77
Figura 73: Tubo solar que auxilia a clarabóia .......................................................................... 77
Figura 74: Iluminação adquirida pela claraboia e tubo solar .................................................... 78
Figura 75: Sistema de distribuição com tubos PEX ................................................................. 78
Figura 76: Caixa para abrigos dos relógios individuais ........................................................... 79
Figura 77: Esquemático de captação e reaproveitamento de águas pluviais ............................ 79
Figura 78: Fossa Séptica e Filtros Anaeróbios prontos para instalação ................................... 80
Figura 79: Chuveiro com crivo ................................................................................................. 80
Figura 80: Torneira com temporizador com fechamento automático ...................................... 81
Figura 81: Revitalização da Rua XV de Novembro com blocos de concreto - Blumenau – SC
.................................................................................................................................................. 81
Figura 82: Calçadas com blocos intertravados de concreto ..................................................... 82
Figura 83: Piso Concregrama ................................................................................................... 82
Figura 84: Esquemático de distribuição das galerias................................................................ 83
Figura 85: Coletores de lixo grandes ........................................................................................ 83
Figura 86: Coletores de Lixo Médios ....................................................................................... 83
Figura 87: Coletores de Lixo Pequenos .................................................................................... 83
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LISTAS DE GRÁFICOS E QUADROS
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Características das Fases do Empreendimento Comercial Tradicional .................. 19
Gráfico 2: Participação dos eletrodomésticos no consumo de energia elétrica, no setor
residencial brasileiro – 2007 ..................................................................................................... 32
Gráfico 3: Vantagens identificadas no programa ..................................................................... 42
Gráfico 4: Vantagens identificadas no programa ..................................................................... 43
Gráfico 5: Vantagens identificadas no programa ..................................................................... 43
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Participação da Construção Civil da Geração de Resíduos Sólidos Urbanos ......... 11
Quadro 2: A Construção Sustentável e os pilares da sustentabilidade ..................................... 15
Quadro 3: Pontos a serem observados na análise do terreno .................................................... 23
Quadro 4: Perdas de materiais de construção medidas na construção brasileira (valores
expressos em porcentagem) ...................................................................................................... 38
Quadro 5: Tempo estimado de decomposição dos materiais que são despejados em rios,
lagoas e oceanos ....................................................................................................................... 45
Quadro 6: Cores para separação de recipientes de resíduos ..................................................... 46
Quadro 7: Legenda do loteamento............................................................................................ 67
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LISTAS DE ABREVIATURAS E SIMBOLOS
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS E SÍMBOLOS
FIEMG – Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais
CIC – Câmara da Indústria da Construção
AsBEA – Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura
CBCS – Conselho Brasileiro de Construção Sustentável
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
CIB – Conselho Internacional para a Pesquisa e Inovação em Construção
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
PROCEL – Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica
PBQP-h – Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat
ONU – Organização das Nações Unidas
CO2 – Dióxido de Carbono
t – tonelada
hab – habitante
NBR – Norma Brasileira
PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos
ATT – Área de Transbordo e Triagem
Sinduscon-MG – Sindicato da Industria da Construção Civil de Minas Gerais
Sinduscon-SP – Sindicato da Industria da Construção Civil de São Paulo
BREEAM – Building Research Establishment Environmental Assessment Method
CASBEE – Comprehensive Assessment System for Building Environmental Efficiency
LEED – Leadership in Energy and Environmental Design
PCA – Plano de Conservação de ÁguaW – Watts
h – horas
% – Por cento
l – litro
BEM – Balanço Energético Anual
PBE – Programa Brasileiro de Etiquetagem
Inmetro - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade IndustrialProcel – Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica
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LISTAS DE ABREVIATURAS E SIMBOLOS
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PUC/MG – Pontífica Universidade Católica de Minas Gerais
Eletrobras – Centrais Elétricas Brasileiras
LED – Light Emitting Diodo
cm – centímetros
OSB - Oriented Strand Board
BEPAC – Building Environmental Performance Assessment Criteria
AQUA – Alta Qualidade Ambiental
IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas
USGBC – United States Green Building Council
R$ - Reais
EUA – Estados Unidos da AméricaCDC – Centers for Disease Control and Prevention
RJ – Rio de Janeiro
VRV – Volume de Refrigeração Variável
GNV – Gás Natural Veicular
INTO - Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia
PEX - Polietileno Reticulado
PVC - Policloreto de Vinilam – metro
http://hsw.uol.com.br/framed.htm?parent=edificios-sustentaveis.htm&url=http://www.cdc.gov/http://hsw.uol.com.br/framed.htm?parent=edificios-sustentaveis.htm&url=http://www.cdc.gov/
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RESUMO
xi
RESUMO
Roberta Silva de Oliveira Dantas
A insistente preocupação dos ambientalistas quanto à degradação do meio ambiente
vem surtindo efeito. Todas as áreas de produção, desde a coleta de matérias primas, a
transformação destas, até a utilização e eliminação de resíduos gerados pela utilização dos
produtos dessas, vêm se preocupando com os impactos ambientais que podem ser causados
pela sua indústria. Estudos passaram a ser feitos e metodologias começaram a ser adotadas
com o objetivo de diminuir tais impactos. Foi iniciado o movimento da sustentabilidade, que
busca atender as necessidades da população atual, mas que busca a preservação para as
gerações vindouras.
Tal preocupação chegou à indústria da construção. O mais importante deixou de ser
apenas o custo final do empreendimento construído, mas também passou a pensar-se nos
custos de uso e impactos gerados por esse período.
Com isso, um empreendimento deixou de ter apenas as fases de projeto e construção.
Foi incluída a fase de concepção, anterior ao projeto, para os estudos do local a ser
implantado o empreendimento; a fase de projeto passou ter novos pontos a serem
considerados; a construção também passou a necessitar de medidas de preservação para
diminuição dos impactos ambientais; e incluíram-se as fases de ocupação no estudo, que
procura estudar os impactos da ocupação, e a fase de readequação, onde são considerados os
impactos a serem causados durante a readequação/reforma do empreendimento.
Assim, este trabalho falará sobre a sustentabilidade, principalmente na construção,
analisando cada uma das fases citadas, e mostrando as medidas que podem ser adotadas em
cada etapa, para se alcançar uma construção sustentável, contribuindo assim para um futuromenos poluído.
Palavras chave: sustentabilidade, construção, gestão de resíduos, gestão de água, gestão de
energia, gestão no canteiro de obras.
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1 - INTRODUÇÃO
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1 – INTRODUÇÃO:
1.1 – GENERALIDADES:
O cuidado com o meio ambiente vem desde os tempos bíblicos. No livro de Levíticos,
da Bíblia Sagrada, Deus disse: Seis anos semearás a tua terra, e seis anos podarás a tua
vinha, e colherás a sua novidade. Porém ao sétimo ano haverá sábado de descanso para a
terra, um sábado ao Senhor; não semearás o teu campo nem podarás a tua vinha. O que
nascer de si mesmo da tua sega não segarás, e as uvas da tua vide não tratada não
vindimarás; ano de descanso será para a terra.
Com a vinda da sociedade industrial, depois da Revolução Industrial a expectativa de
vida do ser humano dobrou, aumentou o conforto, mas o crescimento continuado da produção
de bens de consumo levou o planeta a uma crise. A vida moderna depende de uma grande
quantidade de bens: estradas, hospitais, casas, casas na praia, automóveis, eletrônicos, e a
produção destes bens está baseada em um fluxo constante de materiais. Recursos naturais são
extraídos, transportados, processados, utilizados ou consumidos e descartados. Cada etapa do
ciclo gera impactos ambientais, por meio de poluentes e resíduos. O consumo atual de
recursos naturais vem aumentando com o desenvolvimento econômico e o crescimento
populacional, e pode chegar a 80t/hab por ano em países desenvolvidos. Não é possível
aumentar indefinidamente o consumo de matérias-primas se a fonte – o planeta Terra – é um
mundo finito. (CAIXA_SCA, 2010)
É necessário que a humanidade entenda que a questão da sustentabilidade não é
apenas um problema florestal. Ações do dia a dia são as mais nocivas. Como a não coleta
correta de lixo, a compra de madeira ilegal, o carro velho que libera vários poluentes, a luz
ligada sem necessidade, o desperdício de água, o esgoto não tratado, a casa construída sem
planejamento.Alguns setores de produção vem fazendo sua parte, adotando, por exemplo, a adoção
de fontes alternativas de combustível e geração de energia. Mas ainda há muito a ser feito.
Em Rio Branco algumas medidas já foram adotadas. Alguns empreendimentos já
construídos tomaram algumas medidas sustentáveis. Alguns em construção estão também têm
se preocupado com a sustentabilidade.
Este trabalho vem apresentar, a partir de uma breve revisão da literatura, alguns
problemas causados por falta conscientização da população e da não adoção de métodos degestão na industria da construção, além de algumas medidas que podem ser adotadas por este
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1 - INTRODUÇÃO
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setor, que é considerado um dos maiores consumidores de recursos, e grande gerador de
resíduos sólidos.
1.2 – ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO:
Para que os objetivos expostos sejam alcançados, o trabalho foi estruturado em oito
capítulos. No primeiro e segundo capítulos, estão a introdução e descrição dos objetivos.
O Capítulo 3 apresenta a revisão bibliográfica, falando sobre a sustentabilidade de um
modo geral, justificando a necessidade de adoção desse novo conceito. Serão apresentados
históricos e conseqüências para que se chegasse ao ponto atual. Normas e leis que regem o
tratamento de resíduos sólidos. No Capítulo 4, encontra-se a metodologia.
No Capítulo 5 será iniciada a explanação da Sustentabilidade na construção.
Apresentando-se conceitos, meios e justificativas da implantação desse novo segmento,
vantagens e benefícios na adoção dos métodos sustentáveis.
O Capítulo 6 apresenta estudos de casos, mostrando empreendimentos no mundo e no
Brasil, as medidas que foram adotadas e os benefícios adquiridos.
O Capítulo 7 apresentará os resultados e discussões. Nele será montado umempreendimento sustentável, apontado algumas medidas que podem ser adotadas.
O Capítulo 8 será as conclusões finais e sugestões para futuras pesquisas,
respectivamente.
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2 – OBJETIVOS
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2 – OBJETIVOS:
2.2 – OBJETIVOS GERAIS:
O objetivo deste trabalho é abordar o tema da sustentabilidade, mostrando como ela
pode se relacionar com a construção civil, e o que deve ser feito para que uma construção
torne-se sustentável. Serão apresentadas algumas medidas que podem ser adotadas, para que
haja uma diminuição no impacto da habitação de um empreendimento ao meio ambiente.
2.3 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Este trabalho tem três objetivos específicos:1) Divulgar as boas práticas que podem ser adotadas, nas fases de concepção, projeto,
execução/canteiro e ocupação de um empreendimento, para diminuir as conseqüências
do crescimento desprogramado e despreocupado do habitat.
2) Mostrar alguns empreendimentos sustentáveis, as mudanças adotadas, e os benefícios
adquiridos por isso.
3) Montar um empreendimento com algumas medidas para atingir sustentabilidade.
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3 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
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3 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA:
3.1 – ENTENDENDO A SUSTENTABILIDADE:
3.1.1 – O que é o desenvolvimento sustentável:
O conceito mais utilizado da sustentabilidade foi criado no ano de 1987, quando a ex-
primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, que presidia a Comissão Mundial
sobre Ambiente e Desenvolvimento, definiu-a como sendo:
Desenvolvimento sustentável é o tipo de desenvolvimento que atende às necessidades
da geração atual sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem suas
próprias necessidades.
Assim, a sustentabilidade busca o desenvolvimento preocupado com a continuidade da
existência do ser humano e da sociedade, buscando integrar todos os aspectos da sociedade
humana (econômicos, sociais, culturais e ambientais), preocupando-se com a preservação, de
modo que os limites do planeta e as gerações futuras não fiquem comprometidas. Ou seja, as
políticas, os sistemas de produção, a transformação, o comércio, os serviços - agricultura,
indústria, turismo, mineração - e o consumo têm de existir preservando a biodiversidade.
3.1.2 – Histórico da sustentabilidade:
Em 1948, depois das evidências sobre a existência da degradação do ambiente,
autoridades reconheceram formalmente os problemas ambientais, na reunião do Clube de
Roma1, onde percebeu-se o problema com o fornecimento dos recursos naturais.
Solicitou-se, então, o estudo intitulado Limites do Crescimento, liderado pelo cientista
Dennis Meadows, onde se mostrou o principal fator gerador de degradação, o descontrolado
crescimento populacional e da superexploração dos recursos naturais. Além disso, tambémevidenciou-se que se não houver estabilidade populacional, econômica e ecológica, os
recursos naturais chegariam ao fim. Esses estudos, então, lançaram subsídios para a idéia
desenvolvimento aliado a preservação.
Foi então promovida, pela Organização das Nações Unidas (ONU), a Conferência de
Estocolmo, no ano de 1972, com a intenção de discutir os problemas ambientais, e encontrar
soluções para eles. O principal resultado dessa Conferencia foi a criação da Declaração sobre
1 Clube de Roma, criado em 1968, era composto por cientistas, industriais e políticos, que tinha como objetivodiscutir e analisar os limites do crescimento econômico levando em conta o uso crescente dos recursos naturais.
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3 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
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o Ambiente Humano, que introduziu na agenda política internacional a dimensão ambiental
como condicionadora e limitadora do modelo tradicional de crescimento econômico e do uso
dos recursos naturais. Ela determinou ao mundo que "tanto as gerações presentes como as
futuras tenham reconhecido como direito fundamental a vida num ambiente sadio e não
degradado".
Em 1983, a ONU criou a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, que passou a ser presidida por Gro Harlem Brundtland, e tinha como
objetivos principais:
Reexaminar as questões críticas relativas ao meio ambiente e reformular propostas
realísticas para abordá-las;
Propor novas formas de cooperação internacional nesse campo de modo a orientar as
políticas e ações no sentido das mudanças necessárias, e dar a indivíduos,
organizações voluntárias, empresas, institutos e governos uma compreensão maior
desses problemas, incentivando-os a uma atuação mais firme. (Resende, 2008)
No ano de 1987, a Comissão recomendou a criação de uma nova carta ou declaração
universal sobre a proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável, que foi então chamadode Relatório Brundtland, (pu blicado com o título “Nosso Futuro Comum”), que propôs
integrar o desenvolvimento econômico à questão ambiental, surgindo não apenas um novo
termo, mas uma nova forma de progredir.
Determinou-se a necessidade das seguintes medidas:
Limitar o crescimento populacional;
Garantir os recursos básicos (água, alimentos e energia) em longo prazo; Preservar a biodiversidade e os ecossistemas;
Diminuir o consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias que admitem o uso
de fontes energéticas renováveis;
Aumentar a produção industrial nos países não-industrializados à base de tecnologias
ecologicamente adaptadas;
Controlar a urbanização selvagem e integração entre campo e cidades menores.
Controle da urbanização desordenada e integração entre campo e cidades menores; Atendimento das necessidades básicas (Resende, 2008)
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Em 1992, foi realizada pela Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, a “Cúpula da Terra de 1992-Eco92”, no Rio de Janeiro, onde foram
definidas um conjunto de estratégias e medidas para o combate a degradação do meio
ambiente, promovendo o desenvolvimento econômico compatível com este. Tais informações
deram origem à “Agenda 212”, onde 178 países selaram o conceito de sustentabilidade,
implantando uma política comunitária, para um mundo ecologicamente responsável e
equilibrado.
Dez anos depois, em 2002, foi realizada em Joanesburgo, a Cúpula Mundial Sobre o
Desenvolvimento Sustentável, também no Rio de Janeiro, onde foi afirmado os três pilares da
Sustentabilidade – o desenvolvimento econômico, social e ambiental (Figura 1).
Figura 1: Os três pilares do desenvolvimento sustentávelFonte: (Pereira, 2009)
Depois disso, ficou prevista a realização de um Plano de Implementação Internacional
(PII), que trazia o desafio da implementação das estratégias para o desenvolvimento
sustentável à nível mundial, em uma década (2005-2015). Este Plano apresentava quatro
fatores primordiais do Desenvolvimento Sustentável:
A Sociedade, através de um conhecimento das instituições sociais e a sua atribuição
na mudança e no desenvolvimento;
2 A Agenda 21 é um documento composto por 40 capítulos, 2500 recomendações e responsabilidades a curto,médio e a longo prazo, constituindo um documento de referência dos governos e das organizaçõesinternacionais, tendendo numa proposta de estratégia destinada a contribuir para um planejamento estratégico eque deveria ser adaptado, no espaço e no tempo, às características peculiares de cada país.
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O Ambiente, a conscientização da fragilidade do ambiente físico e os efeitos sobre a
atividade humana e as decisões;
A Economia, sensibilidade aos limites e ao potencial do crescimento econômico e o
seu impacto na sociedade e no ambiente, com o compromisso de reavaliar os níveis de
consumo pessoais e da sociedade;
A Cultura,é um dos pilares do Desenvolvimento Sustentável. A cultura representa os
valores, a diversidade, o saber, as línguas, as visões do mundo. (Pereira, 2009)
3.1.3 – O problema dos resíduos sólidos:
A não conscientização do poder público e da população quanto à necessidade demedidas de coleta e tratamento dos resíduos, geram conseqüências extremamente prejudiciais
não só no “hoje”, mas principalmente no “amanhã”. A falta de efetividade ou, em alguns
casos, a inexistência de políticas públicas que disciplinam e ordenam os fluxos da destinação
dos resíduos nas cidades (Figura 2), associadas ao descompromisso dos geradores no manejo
e, principalmente, na destinação dos resíduos (Figura 3), provocam os seguintes impactos
ambientais:
degradação das áreas de manancial e de proteção permanente;
proliferação de agentes transmissores de doenças;
assoreamento de rios e córregos;
obstrução dos sistemas de drenagem, tais como piscinões, galerias, sarjetas, etc.
ocupação de vias e logradouros públicos por resíduos, com prejuízo à circulação de
pessoas e veículos, além da própria degradação da paisagem urbana;
existência e acúmulo de resíduos que podem gerar risco por sua periculosidade.(SindusconSP, 2005)
Figura 2: Disposição de resíduos sólidos em locais em desacordo com a legislaçãoFonte: (SindusconSP, 2005)
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Figura 3: Disposição de resíduos sólidos em locais em desacordo com a legislaçãoFonte: (CAIXA_SCA, 2010)
3.1.4 – Resolução do Conama nº 307:
A Resolução CONAMA nº 307, define, classifica e estabelece os possíveis destinos
finais dos resíduos da construção e demolição, além de atribuir responsabilidades para o poder
público municipal e também para os geradores de resíduos no que se refere à sua destinação.
Ela leva em consideração as definições da Lei de Crimes Ambientais, de fevereiro de 1998,
que prevê penalidades para a disposição final de resíduos em desacordo com a legislação e
exige do poder público municipal a elaboração de leis, decretos, portarias e outrosinstrumentos legais como parte da construção da política pública que discipline a destinação
dos resíduos da construção civil. Os principais aspectos dessa resolução são:
a) Definição:
Resíduos da construção e demolição são os provenientes da construção, demolição,
reformas, reparos e da preparação e escavação de solo.
b) Princípios:
Priorizar a não-geração de resíduos e proibir disposição final em locais inadequados,
como aterros sanitários, em bota-foras, lotes vagos, corpos-d’água, encostas e áreas protegidas
por lei.
c) Classificação:
Classe A – alvenaria, concreto, argamassas e solos.
Classe B – madeira, metal, plástico e papel.
Classe C – produtos sem tecnologia disponível para recuperação.
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Classe D – resíduos perigosos (tintas, óleos, solventes etc.), conforme NBR 10004:2004
(Resíduos Sólidos – Classificação)
d) Destinação:
Classe A – reutilização ou reciclagem com uso na forma de agregados, além da disposição
final em aterros licenciados.
Classe B – reutilização, reciclagem ou armazenamento temporário.
Classe C – conforme norma técnica específica.
Classe D – conforme norma técnica específica.
e) Responsabilidades:Municípios - elaborar Plano Integrado de Gerenciamento, que incorpore:
Programa Municipal de Gerenciamento (para geradores de pequenos volumes);
Projetos de Gerenciamento em obra (para aprovação dos empreendimentos dos
geradores de grandes volumes).
Geradores – elaborar Projetos de Gerenciamento em obra (caracterizando os resíduos e
indicando procedimentos para triagem, acondicionamento, transporte e destinação).
(SindusconSP, 2005)
3.1.5 – Normas Técnicas:
Existem também normas técnicas para orientação quanto à gestão dos resíduos sólidos.
Estas normas dividem-se em grupos, de classificação, manejo e utilização:
a) Classificação:
NBR 10004/04 – Classificação: Classifica os resíduos como Classe I – Perigosos, e
Classe II – Não Perigosos, e estes em Inertes e Não Inertes;
NBR 10005/04 – Obtenção de Lixiviado: determina procedimentos para obtenção de
extrato lixiviado de resíduos sólidos;
NBR 10006/04 – Obtenção de Solubilizado: determina procedimentos para obtenção
de extrato solubilizado;
NBR 10007/04 – Amostragem: determina procedimentos para amostragem de
resíduos.
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b) Manejo:
NBR 15.112:2004 - Resíduos da construção civil e resíduos volumosos. Áreas de
Transbordo e Triagem. Diretrizes para projeto, implantação e operação: define
procedimentos para o manejo na triagem dos resíduos das diversas classes, inclusive
quanto à proteção ambiental e controles diversos. Têm importante papel na logística
da destinação dos resíduos e poderão, se licenciados para esta finalidade, processar
resíduos para valorização e aproveitamento.
NBR 15.113:2004 - Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes. Aterros.
Diretrizes para projeto, implantação e operação: define procedimentos para o preparo
da área e disposição dos resíduos classe A, de acordo com a Resolução CONAMA nº
307, proteção das águas e proteção ambiental, planos de controle e monitoramento.
NBR 15.114:2004 - Resíduos sólidos da construção civil. Áreas de Reciclagem.
Diretrizes para projeto, implantação e operação: estabelece procedimentos para o
isolamento da área e para o recebimento, triagem e processamento dos resíduos Classe
A. Possibilita a transformação dos resíduos em agregados reciclados destinados à
reinserção na atividade da construção (Figura 4).
Figura 4: Recicladora URBEM Tecnologia Ambiental, Sao Bernardo do CampoFonte: (SindusconSP, 2005)
c) Uso:
NBR 15.115:2004 - Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil.
Execução de camadas de pavimentação. Procedimentos: define as características dos
agregados e as condições para uso e controle na execução de reforço de subleito,
subbase, base e revestimento primário (cascalhamento).
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NBR 15.116:2004 - Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil.
Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural. Requisitos:
define condições de produção, requisitos para agregados para uso em pavimentação e
em concreto, e o controle da qualidade do agregado reciclado. (SindusconSP, 2005)
3.1.6 – Os resíduos sólidos e a construção civil:
A construção civil é considerada a indústria que maior geradora de impactos
ambientais, seja pelo consumo de recursos naturais, pela modificação da paisagem ou pela
geração de resíduos. Por isso, também, que se busca implantar a sustentabilidade nesse setor.
No Quadro 1, é mostrado a participação dos resíduos da construção em relação aos resíduos
urbanos.
Quadro 1: Participação da Construção Civil da Geração de Resíduos Sólidos UrbanosFonte: (SindusconSP, 2005)
Este ano foi sancionada em agosto, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS),
que junto com a Resolução 307 do CONAMA, em vigor desde o ano de 2003, reforça a tese
da sustentabilidade na Construção Civil.A PNRS promove a destinação correta de todo tipo de resíduo, seja doméstico,
industrial, agrosilvopastoril, etc., definindo mais claramente as responsabilidades de todos os
envolvidos na cadeia de produção da construção (Figura 5 e Figura 6). Com ela, torna-se
explícita a responsabilidade compartilhada, por todos envolvidos no ciclo de vida do produto,
desde os fabricantes até os consumidores e os responsáveis pela limpeza urbana e manejo de
resíduos sólidos.
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Figura 5: Os entulhos gerados em uma obraFonte: (TÉCHNE164, 2010)
Figura 6: Resíduos gerados pelas embalagens de produtosFonte: (TÉCHNE164, 2010)
Com a PNRS cada um terá que assumir sua responsabilidade na destinação final dos
resíduos. Os governantes, a partir dela, deverão elaborar suas políticas estaduais e municipais,
que ajudem a disciplinar essa “nova” atitude na construção civil, além de criar canais eestruturas que permitam a correta destinação dos resíduos e, quando possível, a
reciclagem/reutilização destes. Ao setor empresarial cabe a correta coleta dos resíduos, e uma
política para que se produza mais com muito menos.
Outro ponto reforçado pela PNRS é a logística reversa, que é o processo de retirar
produtos novos ou usados de seu ponto inicial na cadeia de suprimento, como devoluções de
clientes, inventório excedente ou mercadoria obsoleta, e redistribuí-los usando regras de
gerenciamento dos materiais que maximizem o valor dos itens no final de sua vida útiloriginal. Com ela são prevista uma série de ações com o objetivo de facilitar o retorno dos
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resíduos para serem tratados ou reaproveitados em novos produtos. Como é o caso do gesso,
que antes era classificado como um produto não reciclável, e a partir de pesquisas e estudos
entre Sinduscons e fornecedores. Algumas ATTs (Áreas de Transbordo e Triagem) em São
Paulo recebem o gesso a granel, concentram o material em uma baia e semanalmente a carga
é destinada a algumas cimenteiras. A reutilização dos resíduos de gesso na fabricação de
cimento é feita na fase final de moagem do clínquer (em substituição à gipsita "in natura")
para retardar a pega do cimento. No caso do gesso acartonado, as aparas também podem ser
recebidas para reutilização em meio à massa de gipsita, que é utilizada na produção das placas
acartonadas. (TÉCHNE164, 2010). A PNRS instituiu a logística reversa, de imediato, para
seis tipos de materiais: lâmpadas fluorescentes, pilhas e baterias, óleos lubrificantes e suas
embalagens, pneus, agrotóxicos e produtos eletroeletrônicos.
3.2 – A CONSTRUÇÃO E A SUSTENTABILIDADE:
3.2.1 – Conceito restrito à construção:
A sustentabilidade, na construção civil, é composta por sistemas construtivos que
promovam integração com o meio ambiente, adaptando-os para as necessidades de uso,
produção e consumo humano, sem esgotar os recursos naturais, preservando-os para as
gerações futuras; além da adoção de soluções que propiciem edificações econômicas e o bem-
estar social. (CAIXA_SCA, 2010)
Assim, as construções sustentáveis devem ser concebidas e planejadas a partir de
várias premissas, como a escolha de materiais ambientalmente corretos, de origem certificada
e com baixas emissões de CO2; com menor geração de resíduos durante a fase de obra; o
cumprimento das normas, principalmente as de desempenho; que suprimam menores áreas de
vegetação; que demandem menos energia e água em todas as fases - construção e uso - e que
possam ser amplamente reaproveitadas no fim de seu ciclo de vida. (CIC/FIEMG, 2008)
Para a execução do projeto, a construção sustentável deve prever também o
atendimento às normas de segurança e a formalidade das contratações. Tudo isso culminará
em benefícios ambientais, sociais e econômicos, que compõem a sustentabilidade em seu
conceito mais amplo. (CIC/FIEMG, 2008)
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3.2.2 - A construção sustentável e os pilares da sustentabilidade:
Sendo a economia, a sociedade e o meio ambiente os pilares da sustentabilidade,
entende-se que estes três devem desenvolver-se juntos para se obter uma “estrutura
sustentável”.
O termo “construção sustentável” por sua vez, caracteriza uma construção mais
durável, mais confortável, com menor consumo energético e hidráulico e socialmente correta,
diminuindo os impactos causados na habitação.
No ano 2000, o CIB (International Council For Research And Innovation In Building
And Construction), criou a Agenda 21 para a Construção Sustentável para Países em
Desenvolvimento, apresentando os principais aspectos e desafios que a industria daconstrução precisa superar para o desenvolvimento sustentável. Os principais desafios citados
foram:
falta de capacitação tanto nas indústrias quanto no governo;
falta de autoridade das agências ambientais, financiamento e ambiente econômico
incerto;
pobreza e o subseqüente baixo investimento urbano e a baixa capacidade de pagar porserviços;
falta de interesse por parte dos envolvidos no empreendimento;
inércia e dependência tecnológica;
falta de dados em geral, falta de padronizações e normas para contribuir com o
estabelecimento de índices nacionais;
baixo nível de preocupação ambiental entre os cidadãos;
falta de instituições para facilitar políticas apropriadas. (Gehlen, 2008)
A construção sustentável é a aplicação harmoniosa das questões ambientais,
econômicas e sociais (educação e cultura). Assim, no quadro a seguir (Quadro 2), teremos a
abordagem da construção sustentável, aplicados a estes três aspectos:
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CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL E RESPONSÁVEL
ECONÔMICO
Aumento da lucratividade e produtividade;
Melhor qualidade dos produtos;
Uso mais eficiente e racional dos recursos, incluindo mão deobra, materiais, água e energia;
AMBIENTAL
Minimizar os impactos ambientais e acidentes ambientais potencialmente irreversíveis;Uso racional dos recursos naturais;
Redução e gestão de resíduos;
Proteção da fauna e flora;
Melhoria do meio ambiente.
SOCIAL(EDUCAÇÃO ECULTURA)
Responder às necessidades de pessoas e grupos sociais
envolvidos em qualquer estágio do processo de construção(do planejamento à demolição)
Promover a alta satisfação do cliente e do usuário;
Trabalhar em parceria com clientes, fornecedores,funcionários e comunidades locais;
Promoção da educação ambiental;
Incentivo ao avanço tecnológico e da transmissão deconhecimentos adquiridos;Implantação de ferramentas que fortalecem o sistema deaprendizagem na cadeia produtiva;
Transmissão de valores;
Respeito aos valores locais;
Respeito ao próximo;
Entendimento da necessidade de agir de modoambientalmente correto, socialmente justo, economicamenteviável e promover a disseminação dos conhecimentos demaneira contínua
Quadro 2: A Construção Sustentável e os pilares da sustentabilidadeFonte: (Gehlen, 2008)
3.2.3 - Os princípios da construção sustentável:
A aplicação da sustentabilidade na construção é uma tendência cada vez mais
forte. Assim sendo, as empresas devem se programar, e estudar formas e mudar o
modo de gerenciar suas obras.
Qualquer empreendimento, para ser considerado sustentável, deve atender a
quatro princípios básicos (CIC/FIEMG, 2008):
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Adequação ambiental;
Viabilidade econômica;
Justiça social;
Aceitação cultural.
Além desses, a AsBEA - Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura, e o
Conselho Brasileiro de Construção Sustentável - CBCS3 e outras instituições apresentam
outros princípios básicos da construção sustentável:
Aproveitamento de condições naturais locais.
Utilizar mínimo de terreno e integrar-se ao ambiente natural.
Implantação e análise do entorno.
Não provocar ou reduzir impactos no entorno – paisagem, temperaturas e
concentração de calor, sensação de bem-estar.
Qualidade ambiental interna e externa.
Gestão sustentável da implantação da obra.
Adaptar-se às necessidades atuais e futuras dos usuários.
Uso de matérias-primas que contribuam com a eco-eficiência do processo.
Redução do consumo energético.
Redução do consumo de água.
Reduzir, reutilizar, reciclar e dispor corretamente os resíduos sólidos.
Introduzir inovações tecnológicas sempre que possível e viável.
Educação ambiental: conscientização dos envolvidos no processo.
É necessário o resgate de antigas tecnologias, adaptadas às novas para a aplicação da
sustentabilidade. Pequenas mudanças podem trazer grandes benefícios, sem grande impacto
ao custo final da obra. Assim sendo, é importante que o conceito da sustentabilidade esteja
presente em todas as fases da obra, sejam elas construção, reforma, demolição. É necessário o
detalhamento do que pode ser feito em cada fase, assim como a demonstração dos aspectos e
impactos ambientais, assim como apresentadas os modos de como devem ser trabalhados cada
3 Com o objetivo de induzir o setor da construção a utilizar práticas mais sustentáveis que venham melhorar a qualidade de vida dos usuários,dos trabalhadores e do ambiente que cerca as edificações, foi constituído, em agosto de 2007, o CBCS - Conselho Brasileiro deConstrução Sustentável, resultado da articulação entre lideranças empresariais, pesquisadores, consultores, profissionais atuantes eformadores de opinião.
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ponto observado, para que assim se chegue no objetivo final: uma idéia sustentável, uma
implantação sustentável e uma moradia sustentável (CIC/FIEMG, 2008).
O início da implantação da sustentabilidade na construção se dá com o compromisso
das empresas, criando as bases para o desenvolvimento de projetos efetivamente sustentáveis.
Então, são três as pré- condições para que um empreendimento se torne sustentável
(CIC/FIEMG, 2008):
1 – Um projeto de sustentabilidade tem que ter qualidade
A qualidade garante que níveis de excelência sejam atingidos, mantidos e
disseminados nos processos das empresas. A gestão da qualidade, especialmente a busca por
melhoria contínua, é um pré-requisito para a sustentabilidade porque estimula a melhoriaconstante dos processos empresariais, que estão ligados ao consumo de recursos naturais,
produtividade, desperdício, durabilidade, entre outros.
2 – Sustentabilidade não combina com informalidade
É fundamental selecionar fornecedores, tanto de materiais e serviços, assim como a
equipe da mão-de-obra. As empresas que trabalham com fornecedores informais também se
tornam informais, alimentando este ciclo nocivo. É preciso garantir a legalidade de toda aempresa e de todos os seus processos. Além de garantir a legitimidade da empresa, a seleção
de fornecedores formais estimula o aumento da profissionalização na cadeia produtiva e
conseqüente eliminação de empresas com baixa produtividade que só se mantêm no mercado
por economias advindas de atividades ilícitas.
3 – Busca constante pela inovação
Utilizar novas tecnologias, quando possível e adequado. Caso inviáveis, buscarsoluções criativas respeitando o contexto. É importante que as empresas tenham relações
estreitas com agentes promotores de inovação na cadeia produtiva, tanto na oferta de novos
materiais e equipamentos, quanto na capacitação da mão-de-obra. A base para a
sustentabilidade na construção é alinhar ganhos ambientais e sociais com os econômicos, daí
a necessidade e importância de inovações.
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3.2.4 – O empreendimento sustentável:
Os principais sistemas de avaliação de sustentabilidade e certificação voluntária de
edifícios, que são BREEAM (Reino Unido), CASBEE (Japão), GBTool (Internacional),LEED (EUA), destacam os principais pontos relacionados à sustentabilidade na construção de
um empreendimento (CIC/FIEMG, 2008):
Qualidade da implantação.
Gestão do uso da água.
Gestão do uso de energia.
Gestão de materiais e (redução de) resíduos. Prevenção de poluição.
Gestão ambiental (do processo).
Gestão da qualidade do ambiente interno.
Qualidade dos serviços.
Desempenho econômico.
O empreendimento sustentável traz uma série de benefícios nos três pilares quecompõem a sustentabilidade (CIC/FIEMG, 2008):
Benefícios sociais: a sustentabilidade desenvolve a economia local através da geração
de emprego e renda, gera benefícios através dos impostos pagos e promove a
integração de ocupantes (do empreendimento) com sua vizinhança e uma adequação
arquitetônica com seu entorno.
Benefícios ambientais: observa-se que empreendimentos sustentáveis podem serconcebidos e planejados para que suprimam menores áreas de vegetação, otimizem o
uso de materiais, gerem menos emissões de resíduos durante sua fase de construção;
demandem menos energia e água durante sua fase de operação; sejam duráveis,
flexíveis e passíveis de requalificação e possam ser amplamente reaproveitados e
reciclados no fim de seu ciclo de vida. Muitos dos benefícios ambientais se traduzem
em ganhos econômicos, com a redução de custos de construção, uso e operação e
manutenção das edificações.
Benefícios econômicos: aumento da eficiência no uso de recursos financeiros na
construção, a oferta de um retorno financeiro justo aos empreendedores e acionistas,
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indução de aumento da produtividade de trabalhadores por encontrarem-se em um
ambiente saudável e confortável.
As edificações são peças importantíssimas na sustentabilidade. Pois empregam um
aglomerado de materiais e mão-de-obra em sua produção, e depois de prontas abrigam o ser
humano, que será responsável pela utilização da água, esgoto e energia que alimenta o
edifício. E também são bens de longa vida útil, passando por diversas manutenções e
reformas, no decorrer de sua vida útil. Assim sendo, para ser sustentável, as edificações
devem passar por um grande planejamento, para diminuir ou ate evitar os impactos que
possam ser causados pela construção e no decorrer da vida útil desse bem.
Com isso, identificados os pontos que influem para uma edificação ser sustentável,cabe agora entender como estes podem variar significantemente no decorrer do ciclo de vida
do empreendimento. Para isso, o CIC apresentou um gráfico (Gráfico 1) em seu Guia da
Sustentabilidade na Construção:
Gráfico 1: Características das Fases do Empreendimento Comercial TradicionalFonte: (CIC/FIEMG, 2008)
Através do gráfico é possível perceber que as fases iniciais, de concepção e
planejamento, são as que têm os menores custos e também as maiores possibilidades de
intervenção na implantação da sustentabilidade. Também é possível perceber que as empresas
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podem buscar a minimização de custos somente até a fase de construção, mesmo que isso
traga maiores custos para os usuários.
É possível acreditar que projetos que incluem focados na sustentabilidade podem ter o
potencial de venda maior e podem ser mais valorizados pelo mercado. Isso porque ações
sustentáveis, como por exemplo, adoção da energia solar e/ou reaproveitamento da água da
chuva, podem influenciar significativamente nos custos de uso do empreendimento.
Com tudo isso que foi mostrado é possível perceber a importância de uma visão ampla
do empreendimento, devendo ser considerada toda sua vida útil e todos os aspectos que o
envolvem, para que se consiga efetivamente buscar uma redução completa nos impactos
negativos sociais e ambientais em todo o ciclo de vida das edificações.
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4 – METODOLOGIA
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4 – METODOLOGIA:
Para a apresentação das boas práticas que podem ser realizadas, foram utilizadas
pesquisas em sites eletrônicos, teses, trabalhos de conclusão de curso, artigos e revistas que
abordavam o assunto.
Foi utilizado o Guia de Sustentabilidade na Construção, organizado pela Câmara da
Indústria da Construção – CIC. Também se baseou no Guia Caixa de Sustentabilidade
Ambiental – Casa Azul Caixa, Selo Casa Azul.
Os estudos de caso apresentados, (os empreendimentos sustentáveis) foram
pesquisados em revistas e sites eletrônicos.
Para o modelo de empreendimento sustentável, utilizou-se projetos de umempreendimento não lançado da empresa Construtora Ágape Ltda, além disso foram
pesquisados materiais, em sites e revistas, que são classificados como ecológicos.
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5 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
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5 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS:
5.1 – O CICLO DE VIDA DO EMPREENDIMENTO –
APLICAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE:
Todos os aspectos que se manifestam no ciclo de vida do empreendimento devem ser
levados em consideração na concepção do produto. O ciclo de vida nada mais é que todas as
etapas ligadas a um produto, desde a extração de suas matérias-primas até sua disposição
final. Ilustrado como processo do nascimento ao túmulo. Este ciclo é dividido em cinco partes
principais (CIC/FIEMG, 2008):
1.
Concepção
2. Planejamento/Projeto
3. Construção/Implantação
4. Uso/Ocupação
5. Requalificação/Desconstrução/Demolição
5.1.1 –
Atividades preliminares –
a agenda do empreendimento:
Segundo o Guia da Sustentabilidade na Construção, antes mesmo de iniciar a
concepção, é necessário fazer a “Agenda do Empreendimento”, que nada mais é que um
estudo do local onde será implantado o empreendimento. Esta Agenda o empreendedor deverá
prever e classificar os impactos econômicos e socioambientais que podem ser geradas com o
empreendimento, e assim, definir ações prioritárias alinhadas com os recursos disponíveis
para a implantação. O planejamento buscará eliminar ou minimizar os impactos
socioambientais do empreendimento.
Outro ponto importante para a elaboração da Agenda do Empreendimento é que os
futuros projetistas façam parte dela, permitindo a inclusão de diferentes pontos de vista e
planejamento conjunto, buscando soluções integradas e antecipando a compatibilização dos
projetos, com benefícios sociais, econômicos e ambientais integrandos, tornando o
empreendimento sustentável em todo seu ciclo de vida.
As informações constantes na Agenda não necessariamente implicarão em aumento de
custo do empreendimento, pois a maioria dos estudos já fazem parte de um empreendimentocomum, como por exemplo:
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Relatório de Controle Ambiental;
Estudo de Impacto Ambiental (EIA);
Relatório de Impacto Ambiental (RIMA);
Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV).
O Guia cita ainda, do Manual Levantamento do Estado da Arte: Canteiro de Obras, de
Cardoso e Araújo (2007), dez pontos importantes que devem ser levados em consideração no
estudo do terreno, para que estes sejam estudados pela equipe executora dos estudos, e assim
possam ser utilizados como ferramenta de planejamento e gestão do empreendimento (Quadro
3):
Identificadas as ações práticas que podem ser tomadas no empreendimento, estas
devem ser incluídas na “Agenda”, finalizando a elaboração desta. A inclusão das ações devem
seguir a estimativa do custo de implantação e do retorno social ou ambiental, priorizando
aquelas com maior relação benefício/custo.
Aspectos relevantes para Análise do terreno
1.Condições do terreno, como natureza do solo e do subsolo e sua permeabilidade;declividades; presença de cursos d'água no terreno ou nas suas divisas; nível do lençolfreático, principalmente se este for próximo da superfície;
2.
Informações precisas sobre as vegetações existentes, principalmente as de porte, e osecossistemas a proteger; essas informações devem ser mais precisas no caso de obras emregiões com ecossistemas complexos (próximas a mangues, cursos d'água, áreas de
preservação ambiental etc.);
3.Condições da vizinhança da obra (níveis de ruídos, circulação de veículos, dificuldadesde estacionamento, presença de edifícios de uso especial como escolas e hospitais etc.) ehábitos dos vizinhos;
4.Presença de fontes externas de riscos, como linhas elétricas ou de alta tensão no terrenoou na vizinhança;
5.Informações sobre ventos dominantes (freqüências, velocidades e direções e sentidosdominantes), condições do relevo e construções vizinhas que influenciem os ventos;
6.Nível de poluição do subsolo, devendo a empresa, se constatado um nível elevado,comunicar imediatamente o fato ao empreendedor da obra;
7. Riscos naturais a que está sujeito o terreno, como desmoronamentos e inundações;8. Possíveis fornecedores locais de materiais e serviços;
9.Expectativas das demais partes interessadas, como trabalhadores da obra,subcontratados, fornecedores de materiais, empreendedor, projetistas, vizinhos etc.;
10.Áreas para disposição dos resíduos e as possíveis formas de reaproveitamento dos
mesmos.Quadro 3: Pontos a serem observados na análise do terreno
Fonte: (CIC/FIEMG, 2008)
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5.1.2 – Fase 1 - Concepção:
É a fase composta por todos os estudos preliminares, de viabilidade econômica,
legislações, condições naturais e entorno. Para a sustentabilidade do empreendimento é a fase
mais importante, por ser a fase que permite total liberdade ao empreendedor e aos
profissionais envolvidos, permitindo ações que busquem aumentar o desempenho
socioambiental, minimizando os custos.
É necessário lembrar que um empreendimento sustentável, deve ser economicamente
viável, atender as necessidades do usuário, e ser produzido com técnicas que reduzam o
trabalho degradante.
A. Implantação e análise do entorno – Qualidade da implantação.
Deve haver uma análise criteriosa do local escolhido para implantação do
empreendimento. A observação do entorno e seus condicionantes físicos ambientais, assim
como as considerações críticas sobre os marcos legais adotados, devem ser pesadas pelo
empreendedor, para tornar em uma atitude sustentável. Devem ser considerados os efeitos de
uma ação no meio, de médio e longo prazo.
Adensamento, verticalização, impermeabilização, alteração da paisagem natural pelo
desmatamento, desvio de cursos d’água, ocupação excessiva e intensiva nos grandes centros
urbanos, alteração de lençóis, poluição e formação de barreiras arquitetônicas ao local,
alterando o clima, a performance de ventos dominantes, a produção de espaço artificial em
abundância, a alteração do comportamento das espécies vegetais etc. são fatores que estão
ligados à maneira como administramos o espaço construído em nossas cidades.
(CIC/FIEMG, 2008)
B. Utilizar mínimo de terreno e integrar-se ao ambiente natural.
É muito comum na construção civil projetos planejados em áreas totalmente planas.
Muitas vezes, o terreno não condiz com a realidade do projetista. Isso traz a necessidade de
adaptação do terreno, originando movimento de terra. Essa ação, além de aumentar os gastos
com transporte de bota-fora ou importação de material e contenção de erosão, afeta
seriamente a fauna e flora do local. Assim, algumas ações podem ser tomadas para melhorar o
desempenho deste quesito:
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Projetar o empreendimento seguindo a declividade do terreno. Para isso, é indicada a
assessoria de um geólogo.
Substituição dos muros de arrimo por taludes.
Utilização de biomantas para evitar erosões, que protegem o solo e são
biodegradáveis.
Utilizar a própria terra cortada para preenchimento de outras áreas. Deve-se lembrar
que há um aumento de aproximadamente 30% no volume de terra após sua retirada do
solo e que a compactação reduz em 10% o volume de terra utilizado para
preenchimento.
Utilizar Banco de Terra (BOLSA DE RECICLÁVEIS SISTEMA FIEMG4) para
destinação e compra de terra, antes de buscar no mercado ou destinar para aterro.
(CIC/FIEMG, 2008)
C. Aproveitamento de condições naturais locais.
Uma medida de aproveitamento seria avaliar a disponibilidade hídrica da área a ser
implantada o empreendimento, verificando o regime de chuvas e sua periodicidade, alem de
considerar:
Falta de água ou enchentes.
Problemas de erosão decorrentes das chuvas.
Carência de saneamento ou abastecimento na região. (CIC/FIEMG, 2008)
Também é necessário avaliar e alinhas as variáveis climáticas, humanas e
arquitetônicas, na tentativa de encontrar soluções que viabilizem econômica e ambientalmente
o empreendimento, atendendo as necessidades humanas de conforto, reduzindo a necessidade
de equipamentos que consumiriam energia para obtenção de conforto.
No estudo do entorno do empreendimento deve-se pesquisar a proximidade de água,
barreiras de montanhas e correntes oceânicas, umidade do local no decorrer do ano, de modo
a aproveitar as vantagens climáticas fornecidas por esses fatores. A arquitetura deve
selecionar as alternativas que junto às características climáticas possam oferecer conforto no
4 A Bolsa de Recicláveis é um serviço gratuito e tem como objetivo promover o intercâmbio de resíduos e ofortalecimento do setor de reciclagem através de informações em meio eletrônico sobre: oferta, procura, doaçãoe troca de resíduos. Site: http://residuosindustriais1.locaweb.com.br/
http://residuosindustriais1.locaweb.com.br/http://residuosindustriais1.locaweb.com.br/http://residuosindustriais1.locaweb.com.br/http://residuosindustriais1.locaweb.com.br/
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empreendimento com eficiência energética. As variáveis arquitetônicas são, forma, função,
tipo de acabamento e sistemas de condicionamento.
Com esses dados é possível criar medidas estratégicas que contribuam com a
sustentabilidade, podendo reduzir custos em toda vida útil do empreendimento.
D. Desempenho econômico.
Quanto maior o aproveitamento de recursos naturais, maior o desempenho econômico.
Aproveitar as águas das chuvas, ou reaproveitar as águas de tanques e chuveiros, passados por
pequenos tratamentos, para fins não potáveis, reduzem o consumo de água da rede de
abastecimento, e assim a conta de água no fim do mês. Além disso, medidas que aumentem aeficiência energética do empreendimento, também diminuem o consumo do fornecimento
publico. Em ambientes que utilizam ar condicionado, por exemplo, utilizando vidros especiais
que diminuem a incidência dos raios solares no ambiente interno, assim como a utilização de
vegetação para diminuir a temperatura nas paredes, e conseqüente transmissão de calor para o
interior do ambiente, podem obter melhor rendimento do ar condicionado, e
conseqüentemente redução do consumo de energia.
5.1.3 – Fase 2 – Planejamento/projeto:
Esta fase é composta por todas as atividades entre o pré-projeto e o início da
construção do empreendimento. Com todas as informações coletadas na fase da concepção é
elaborado o projeto. Apesar de ser uma fase curta, deve avaliar e planejar todas as ações da
fase de implementação buscando otimizar o desempenho do empreendimento em toda sua
vida útil.
Como todo projeto de edificações, deve estar incluída a acessibilidade, oferecendo a
todos os usuários acesso e utilização com igualdade, autonomia e segurança.
O Arquiteto Iberê M. Campos entende como princípios do design universal:
Uso igualitário.
Flexibilidade de uso.
Uso simples e intuitivo.
Informações facilmente perceptíveis.
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Tolerância ao erro (lembra-se do comando “Desfazer” existente nos programas?).
Baixo esforço físico.
Tamanho e espaço adequados ao uso pelos deficientes. (CIC/FIEMG, 2008)
A. Gestão do uso da água - Redução do consumo de água.
Também se faz necessário o estudo de iniciativas que podem ser tomadas para se fazer
uso eficiente da água, revertendo-se em benefícios para a edificação ao longo de sua vida útil.
Esse uso racional se faz com adoção de sistemas hidráulicos eficientes, que resultem:
Redução da quantidade de água extraída em fontes de suprimento.
Redução do consumo e do desperdício de água.
Aumento da eficiência do uso de água.
Aumento da reciclagem e do reuso de água. (CIC/FIEMG, 2008)
Uma ferramenta importante para a Gestão do uso de água, é a adoção de um PCA
(Plano de Conservação de Água), que traz soluções para atendimento das necessidades dos
ocupantes. O PCA5 permite que o empreendedor otimize os custos e resultados da
implantação de sistemas hidrossanitários. Isso gera maior retorno econômico, com aumento
do valor do empreendimento, e economia para os futuros ocupantes, com a redução dos custos
de operação, ganhos sociais e ambientais. Principais sistemas/ações/pontos a serem avaliados
(CIC/FIEMG, 2008):
Utilizar tecnologias que proporcionem economia, reduzindo o consumo de água e,
conseqüentemente, gerando menos efluentes;
Sistema de medição individualizada de consumo;
Sistema com baixo custo de manutenção e alta durabilidade;
Sistema de reuso de água em edificações;
Sistema de uso de água de lençóis freáticos;
Sistema de infiltração de água de chuva em edificações;
Sistemas de aproveitamento de água de chuva em edificações;
5 Uma exposição detalhada de como construir e gerir um PCA encontra-se na Cartilha Conservação e reúso daágua em edificações da FIESP. Outra referência sobre conservação de águas é o manual – Levantamento doestado da arte: Água (http://www.habitacaosustentavel.pcc.usp.br/pdf/D2-1_agua.pdf).
http://www.habitacaosustentavel.pcc.usp.br/pdf/D2-1_agua.pdfhttp://www.habitacaosustentavel.pcc.usp.br/pdf/D2-1_agua.pdf
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Sistema hidrossanitário com facilidade de detecção de vazamentos;
Telhados de cobertura verde;
Sistema de tratamento de efluentes gerado;
Sistemas que privilegiem a garantia de saúde e da qualidade da água;
Sistemas construtivos que não destruam as vedações, evitando a produção de resíduos,
e facilitem inspeções.
Aqui algumas medidas que podem ser adotadas, para melhor gestão de água, nos
empreendimentos:
i.
Áreas permeáveis:
É necessário manter o ciclo de água com o reabastecimento do lençol freático. As
áreas permeáveis ajudam nesse objetivo, além de reduzir o risco de inundações em áreas de
alta impermeabilização e diminuir a solicitação das redes de drenagem urbana. Os sistemas de
infiltração mais simples é o pavimento permeável, podendo ser blocos vazados, intertravados
ou “concregrama”, assentados sobre uma camada de brita ou areia , quando em terrenos
naturais compactados, ou diretamente sobre o solo natural de boa permeabilidade.
Bloco vazado: Seu preenchimento pode ser feito com grama que auxilia a retenção do
escoamento superficial e a infiltração da água da chuva.
Concregrama: Semelhante ao bloco vazado, quando preenchido com grama auxilia a
retenção do escoamento superficial e a infiltração da água da chuva (Figura 7).
Figura 7: Concregama, utilizado para aumentar a área permeávelFonte: (CAIXA_SCA, 2010)
Bloco intertravado: alternativa intermediária entre os pavimentos rígido e flexível
possui alta resistência mecânica e grande facilidade de execução e manutenção. Pode
ser aplicados em vias urbanas, paradas de coletivos, estradas, pátios de manobras e
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estacionamento, pisos de áreas industriais, galpões, calçadas, praças e jardins, faixas
demarcatórias e de sinalização, pisos rurais (currais, bebedouros, etc.), depósitos de
mercadorias, postos de Gasolina, áreas de exposições e feiras e rampas íngremes.
(Interpavi)
ii. Medição individualizada:
A medição individualizada, contribui para a redução do consumo, reduzindo as perdas
de água por vazamentos ou por usos excessivos. Pode apresentar diversas configurações em
função do sistema de medição e da forma de leitura dos dados, tendo-se como premissa a
instalação do medidor na horizontal e em local acessível. Dentre as configurações possíveis,
citam-se as apresentadas abaixo (Figura 8):
com os medidores agrupados no piso térreo (a);
com os medidores agrupados no barrilete (b);
com os medidores nos halls dos pavimentos (c);