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48 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO / SETEMBRO 2014 Tubulações para água quente SOLUÇÕES INOVADORAS A disseminação do uso de sistemas centrais de aquecimento de água, utilizando diversas tecnologias de aquecimento (eletri- cidade, gás e solar), evidenciou a importância da elaboração de um correto projeto e utili- zação de materiais adequados às instalações hidráulicas prediais de água quente. A amplia- ção do mercado fez com que surgissem novos materiais além das tradicionais tubulações de cobre e de CPVC (policloreto de vinila clorado). As tubulações de cobre continuam sendo largamente utilizadas, porém as tubulações plásticas têm aumentado a cada ano a sua participação no mercado. As tubulações de CPVC para água quente são utilizadas deste a década de 80, e atualmente outros materiais plásticos têm se apresentado como soluções para esta aplicação, tais com o PP-R (polipro- pileno copolímero random) e o PE-X (polie- tileno reticulado), cujas respectivas Normas Brasileiras foram publicadas em 2010. Os materiais dos tubos e conexões mais utilizados em sistemas hidráulicos prediais de água quente no Brasil são o cobre, CPVC, PP-R e PE-X. Estes tubos e conexões têm seus requisitos mínimos definidos por Normas Brasileiras. O atendimento às normas repre- senta uma garantia de que apresentarão um desempenho adequado durante sua utilização. Entretanto, também devem ser obser- vados os critérios mínimos de instalação, especificados pela NBR 7198:2003 “Projeto e execução de instalações prediais de água quente”, que se encontra em revisão na ABNT. Adicionalmente, para as tubulações de CPVC, PP-R e PE-X também devem ser observadas as suas respectivas Normas Brasileiras que especificam os requisitos mínimos relacionados aos procedimentos de transporte, armazenamento, manuseio, montagem e instalação. Outro ponto a ser destacado é que a forma de união entre os tubos e conexões apresenta diferenças conforme a alternativa tecnológica escolhida. Segundo a NBR 13206:2010, os tubos de cobre devem conter no mínimo 99,90% de cobre em sua composição química. São fabricados em 3 classes diferentes, sendo a “E” indicada para os sistemas hidráulicos prediais de água quente. Em relação às tubulações plásticas, as normalizações internacional e brasileira das tubulações de CPVC, PE-X e PP-R especifi- cam que os tubos devem ser projetados para uma vida útil de 50 anos para uma tempe- ratura de projeto de 70°C. Esta exigência é por meio do método preconizado pela norma ISO 9080:2012, cujo objetivo é estimar se o tubo irá suportar, sob determinadas condi- ções de temperatura e pressão, os 50 anos de utilização. Além de estabelecer requisitos mínimos para a matéria-prima, as normas vigentes pre- conizam a necessidade de submeter os tubos e conexões a ensaios laboratoriais para a veri- ficação de características físicas, mecânicas e desempenho, tais como: resistência à pressão hidrostática interna de curta e longa duração, resistência a ciclos alternados de temperatura, estabilidade dimensional, entre outros. O atendimento dos critérios mínimos exigidos pelas normas impacta na segurança da utilização desses materiais pelo tempo de vida útil de projeto das instalações. Ressalta- se que a correta execução das instalações também é fundamental para a obtenção do desempenho esperado dos sistemas hidráu- licos prediais. O desenvolvimento de novas tecnologias e materiais é contínuo, tendo sempre como Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: [email protected] [email protected] LUCIANO ZANELLA é engenheiro civil (FEG-Unesp) e professor, mestre e doutor em Engenharia Civil na área de Saneamento e Ambiente (FEC/ Unicamp) e pesquisador do Laboratório de Instalações Prediais e Saneamento do Cetac/IPT SIMONE NAKAMOTO TANINAGA é enge- nheira civil (Poli- USP), mestranda em Tecnologia em Cons- trução de Edifícios (IPT) e pesquisadora do Laboratório de Instalações Prediais e Saneamento do Cetac/IPT

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  • 48 revista notícias da construção / setembro 2014

    tubulações para água quente

    s o l u Ç Õ e s i n o v a D o r a s

    A disseminação do uso de sistemas centrais de aquecimento de água, utilizando diversas tecnologias de aquecimento (eletri-cidade, gás e solar), evidenciou a importância da elaboração de um correto projeto e utili-zação de materiais adequados às instalações hidráulicas prediais de água quente. A amplia-ção do mercado fez com que surgissem novos materiais além das tradicionais tubulações de cobre e de CPVC (policloreto de vinila clorado).

    As tubulações de cobre continuam sendo largamente utilizadas, porém as tubulações plásticas têm aumentado a cada ano a sua participação no mercado. As tubulações de CPVC para água quente são utilizadas deste a década de 80, e atualmente outros materiais plásticos têm se apresentado como soluções para esta aplicação, tais com o PP-R (polipro-pileno copolímero random) e o PE-X (polie-tileno reticulado), cujas respectivas Normas Brasileiras foram publicadas em 2010.

    Os materiais dos tubos e conexões mais utilizados em sistemas hidráulicos prediais de água quente no Brasil são o cobre, CPVC, PP-R e PE-X. Estes tubos e conexões têm seus requisitos mínimos definidos por Normas Brasileiras. O atendimento às normas repre-senta uma garantia de que apresentarão um desempenho adequado durante sua utilização.

    Entretanto, também devem ser obser-vados os critérios mínimos de instalação, especificados pela NBR 7198:2003 “Projeto e execução de instalações prediais de água quente”, que se encontra em revisão na ABNT. Adicionalmente, para as tubulações de CPVC, PP-R e PE-X também devem ser observadas as suas respectivas Normas Brasileiras que especificam os requisitos mínimos relacionados aos procedimentos de transporte, armazenamento, manuseio,

    montagem e instalação.Outro ponto a ser destacado é que a

    forma de união entre os tubos e conexões apresenta diferenças conforme a alternativa tecnológica escolhida.

    Segundo a NBR 13206:2010, os tubos de cobre devem conter no mínimo 99,90% de cobre em sua composição química. São fabricados em 3 classes diferentes, sendo a “E” indicada para os sistemas hidráulicos prediais de água quente.

    Em relação às tubulações plásticas, as normalizações internacional e brasileira das tubulações de CPVC, PE-X e PP-R especifi-cam que os tubos devem ser projetados para uma vida útil de 50 anos para uma tempe-ratura de projeto de 70°C. Esta exigência é por meio do método preconizado pela norma ISO 9080:2012, cujo objetivo é estimar se o tubo irá suportar, sob determinadas condi-ções de temperatura e pressão, os 50 anos de utilização.

    Além de estabelecer requisitos mínimos para a matéria-prima, as normas vigentes pre-conizam a necessidade de submeter os tubos e conexões a ensaios laboratoriais para a veri-ficação de características físicas, mecânicas e desempenho, tais como: resistência à pressão hidrostática interna de curta e longa duração, resistência a ciclos alternados de temperatura, estabilidade dimensional, entre outros.

    O atendimento dos critérios mínimos exigidos pelas normas impacta na segurança da utilização desses materiais pelo tempo de vida útil de projeto das instalações. Ressalta- se que a correta execução das instalações também é fundamental para a obtenção do desempenho esperado dos sistemas hidráu-licos prediais.

    O desenvolvimento de novas tecnologias e materiais é contínuo, tendo sempre como

    envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna:[email protected]@ipt.br

    LuCIano zaneLLaé engenheiro civil (feG-unesp) e professor, mestre e doutor em engenharia Civil na área de saneamento e ambiente (feC/unicamp) e pesquisador do Laboratório de Instalações Prediais e saneamento do Cetac/IPt

    sImone naKamoto tanInaGa é enge-nheira civil (Poli -usP), mestranda em tecnologia em Cons-trução de edifícios (IPt) e pesquisadora do Laboratório de Instalações Prediais e saneamento do Cetac/IPt

  • 49revista notícias da construção / setembro 2014

    Material NorMa Brasileira de requisitos MíNiMos (tuBos)NorMas Brasileiras

    de projeto e iNstalação

    CobreABNT NBR 13206:2010

    Tubo de cobre leve, médio e pesado, sem costura, para condução de fluidos – Requisitos

    ABNT NBR 7198:2003Projeto e execução de instalações prediais de água quente

    CPVC

    ABNT NBR 15884-1:2010Sistemas de tubulações plásticas para instalações

    prediais de água quente e fria — Policloreto de vinila clorado (CPVC)

    Parte 1: Tubos - Requisitos

    ABNT NBR 7198:2003 Projeto e execução de instalações prediais de

    água quente

    ABNT NBR 15884-3:2010Sistema de tubulações plásticas para instalações

    prediais de água quente e fria — Policloreto de vinila clorado (CPVC) Parte 3: Montagem, instalação,

    armazenamento e manuseio

    PP-R

    ABNT NBR 15813-1:2010Sistemas de tubulações plásticas para instalações

    prediais de água quente e fria –Parte 1: Tubos de polietileno copolímero random

    (PP-R) tipo 3 - Requisitos

    ABNT NBR 7198:2003 Projeto e execução de instalações prediais de

    água quente

    ABNT NBR 15813-3:2010Sistemas de tubulações plásticas para instalações prediais

    de água quente e fria – Parte 1: Tubos e conexões de polietileno copolímero random (PP-R) tipo 3 Parte 3: Montagem, instalação, armazenamento e manuseio

    PE-X

    ABNT NBR 15939-1:2011Sistemas de tubulações plásticas para instalações

    prediais de água quente e fria — Polietileno reticulado (PE-X) Parte 1: Requisitos e métodos

    de ensaio

    ABNT NBR 7198:2003Projeto e execução de instalações prediais de

    água quente

    ABNT NBR 15939-2:2011Sistemas de tubulações plásticas para instalações

    prediais de água quente e fria — Polietileno reticulado (PE-X) Parte 2: Procedimentos para projeto

    ABNT NBR 15939-3:2011 Sistemas de tubulações plásticas para instalações prediais de água quente e fria

    — Polietileno reticulado (PE-X)Parte 3: Procedimentos para instalação

    Normas Brasileiras de tuBos e coNexões para sistemas hidráulicos prediais de água queNte – requisitos míNimos e procedimeNtos de projeto e iNstalação

    Material do tubo/conexão tipos de união previstos pelas norMas brasileiras

    Cobre Solda a quente (por capilaridade)

    Dilatação térmica linear (10-3mm/moC) Solda fria (química)

    Ensaio de Flexão (MPa)* Eletrofusão e termofusão

    Impacto de corpo de duro (m) Junta mecânica (crimpagem) e eletrofusão

    Compressão uniaxial (MPa)* Indicador da resistência mecânica e durabilidade da rocha

    Desgaste Amsler (mm/ 1000m) Principalmente quando aplicada empisos de alto tráfego de pessoas

    Forma de uNião eNtre os tuBos e coNexões para sistemas hidráulicos prediais de água queNte

    foco a melhoria do desempenho das tubula-ções, seja em relação às suas características físicas, químicas e mecânicas, como resistên-cia à altas temperaturas e pressões, seja em relação às técnicas de execução, visando, por exemplo, a redução do número de juntas, e a rapidez e facilidade de instalação.

    São exemplos de novas tecnologias para sistemas hidráulicos prediais de água quente os tubos multicamadas e os tubos e conexões em polibutileno.

    Os tubos multicamadas consistem em tubos de paredes interna e externa de polie-tileno ou polietileno reticulado aderidas a um tubo central de alumínio, proporcionando uma tubulação flexível e com boa resistência mecânica.

    Os tubos e conexões em polibutileno também são flexíveis e possuem sistemas de juntas tipo engate rápido, dispensando o uso de ferramentas na instalação.

    O surgimento de novas tecnologias exige o estudo e desenvolvimento de normas que regulem a produção e utilização destes sis-temas e materiais e estabeleçam os métodos de avaliação aos quais os tubos e conexões deverão ser submetidos, de forma a garantir o seu desempenho.

    Ensaio de verificação da resistência à pressão hidrostática interna

    tubo multicamada PEX-al-PEX

    Ensaio em tubos PE-X

    Sistema de tubulações em polibutileno

    Fotos: Cetac/IPT

    Foto: Mexichem Brasil

    Foto: Tigre S.A.