revista arteria #07

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Revista da Associação Paulista de Medicina Regional SJCampos N 0 07 - Março/2010 os caminhos da saúde NO MêS EM QUE SE COMEMORA O DIA DA MULHER, A ARTéRIA PRESTA SUA HOMENAGEM

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Revista da Associação Paulista de Medicina Regional SJCampos - Edição de Março de 2010

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Page 1: Revista Arteria #07

Revista da Associação Paulista de Medicina

Regional SJCampos

N0 07 - Março/2010

o s c a m i n h o s d a s a ú d e

No mês em que se comemora o Dia Da mulher, a artéria presta sua homeNagem

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mar/20102

Page 3: Revista Arteria #07

Palavra do Presidente

Alegria de Viver

Nes

ta e

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o

Revista da Associação Paulista de Medicina Regional São José dos Campos

www.apmsjc.com.br

• Presidente: Dr. Lauro Mascarenhas Pinto • Vice-presidente: Dr. Sérgio dos Passos Ramos • 10 Tesoureiro: Dr. Gilberto Benevides • 20 Tesoureiro: Dr. Marco Antonio Fioravante • 10 Secretário: Dr. Fernando Martins Soares • 20 Secretário: Dr. Vitor Mercadante Pariz • Diretoria Defesa Profissional: Dr. Alexandre de Souza Muassab • Diretoria Científica: Dr. Gustavo Meneguelli Vieira • Diretoria de Comunicações: Dr. Julio César Teixeira Amado • Dire-toria Social: Dra. Juana Montecinos Maciel, Dr. Carlos Alberto de Queiroz Carvalho, Aniete Carolina Camargo R. Castro • Diretoria Cultural: Dr. Hélio Alves de Souza Lima • Diretoria de Esportes: Dr. Álvaro Vieira de Almeida Junior • Conselho Fiscal: Dr. Pedro Roberto Alves Ribeiro, Dr. Luiz Alberto Siqueira Vantine, Dra. Maria Margarida Fernandes Alves Isaac • Suplentes Conselho Fiscal: Dra. Carmem Thereza Pricoli Quaglia, Dra. Nereusa Martins Barros Moreira Lemos • Delegados: Dr. Francir Veneziani Silva, Dra. Therezinha Veneziani Silva • Diretora da 3a Distrital: Dra. Silvana Morandini • Textos: PontoDoc• Fotos: Carlos Solrac • Projeto Gráfico/editoração: Blessed •Impressão: Resolução Gráfica Toda matéria assinada é de responsabilidade do autor

o s c a m i n h o s d a s a ú d e

Esta primeira edição de 2010 da revista Artéria tem a parti-cularidade de abor-

dar assuntos extremamente prazerosos, que nos dão alegria de viver.

Na página dedicada ao Turismo, vamos curtir a paisagem única de Paraty, uma das mais belas cidades históricas brasileiras. Via-jar é sempre um grande prazer. Quem já co-nhece Paraty ficará com vontade de voltar, e quem nunca esteve lá, com certeza vai ficar muito tentado a conhecer essa maravilha da humanidade, preservada por séculos, escon-dida entre o mar e a serra.

A Gastronomia nos traz a história do

Artigo – Coagulação pág. 5

Dia Mundial do Rim pág. 6

Mulheres maravilhosas págs. 8 e 9

Dicas de livros pág. 10

Chocolate é remédio! pág. 11

Entrevista: Dra. Therezinha Veneziani Silva

pág. 14

chocolate, esse alimento que agrada a praticamente 100% das pessoas (e nós, médicos, que conhecemos a sua composição, sabemos por quê). Quem não tem vontade de comprar uma barra de chocolate, ou um ovo de Páscoa (pode ser pequenininho) toda vez que entre em um supermercado nessa época do ano?

Na reportagem especial desta edição, fazemos uma homenagem a algumas das grandes mulheres da medicina nacional e lo-cal. Quer assunto mais prazeroso do que esse?

Boa leitura!

Lauro Mascarenhas PintoPresidente - APM Regional São José dos Campos

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informe publicitário unep

do exame, realizando-se apenas algumas etapas, que permitem a análise evolutiva da moléstia. Isto se aplica especialmente às doenças pulmonares. Desta forma se evita a radiação desnecessária.

O movimento que recebe o nome de Radiação Segura em Imagem Pediátrica (“As Low As Rea-sonably Achievable ou Image Gently”) tem como foco principal os novos equipamentos de tomo-grafia computadorizada (multislice) que produzem imagens de alta qualidade, mas com excessivo uso de radiação e podem trazer graves conseqüências para as crianças examinadas pelo método.

A grande maioria dos radiologistas e pediatras está conscientizada dos riscos de uma utilização inadequada dos métodos de imagem, porém, ainda existe um contingente de especialistas que desco-nhecem as doses produzidas por estes novos equi-pamentos e seus riscos para os pacientes periátricos.

O movimento “Image Gently” é presidido pela Dra. Marilyn Goske, do Cincinnati Children’s Hospital, em Ohio, Estados Unidos.

Criado nos Estados Unidos, a campanha expan-diu-se globalmente e hoje reúne 43 organizações, representando cerca de 600 mil profissionais do mundo todo, entre radiologistas, físicos, tecnólogos e companhias que desenvolvem equipamentos de imagem diagnóstica, que reconhecem a campanha como um dos passos mais importantes para determi-

nar a boa qualidade de exames diagnósticos.O movimento enfatiza que os exames sejam

realizados somente quando bem indicados. Cabe ao radiologista adequar o exame às necessidades do paciente em idade infantil, se um exame para diagnóstico, ou um exame de acompanhamento evolutivo, incluindo a responsabilidade do clínico para sua solicitação.

O que acontece, tanto no Brasil como em ou-tras localidades, é que muitas crianças são exami-nadas por radiologistas que não têm o treinamento especializado em radiologia pediátrica.

Outro foco da campanha é a família. Os pais devem ser informados sobre os riscos envolvidos. Para atender a todos esses segmentos, a campa-nha desenvolveu informativos impressos, além de disponibilizar na internet (www.imagegently.org) o protocolo ALARA (“As Low as Reasonably Achievable, ou “tão baixas quanto razoavelmente exequíveis”) que estabelece protocolos de exames.

O objetivo deste movimento é levar a todos essa preocupação em reduzir a exposição dos pa-cientes à radiação.

Dr. André Scatigno Neto, Diretor do Serviço de Radiologia – Instituto de Radiologia HCFMUSP

*Modificado de Ponto de Vista INRAD News no 59 set 2009

protocolo alara: meNos raDiação para criaNçasCom o desenvolvimento da Tomografia Com-

putadorizada Multislice aumentaram os exames desta modalidade aplicados à acompanhar deter-minadas moléstias crônicas. Desta forma crianças que são acometidas por estas doenças acabam re-cebendo dosagens de radiação excessiva já que a Tomografia é um método que se utiliza de Raios X.

Essa preocupação atingiu o Colégio America-no de Radiologia que juntamente com a Sociedade Americana de Pediatria desencadeou uma campa-nha mundial de controle do uso de exames com radiação ionizante em crianças, particularmente a Tomografia, através de um protocolo conhecido como ALARA.

Recentemente o Dr. André Scatigno publicou artigo no Jornal do INRAD esclarecendo a po-pulação sobre essa campanha e os propósitos da mesma.

“Por iniciativa do American College of Ra-diology e da American Society of Pediatric Radio-logy teve início um movimento global que preten-de conscientizar os especialistas da área em todo o mundo sobre os riscos do uso de altas doses de radiação ionizante em crianças.

Crianças portadoras de doenças crônicas rea-lizam exames de imagem sempre que necessários, mas muitas vezes em exames seriados podem ser dispensadas algumas fases do protocolo regular

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Iniciado após lesão do vaso sanguíneo e consequente dano às células endoteliais, o processo de coagulação desencadeia a formação do tampão hemostático, que solidifica-se devido a formação de fios de fibrina resultantes da ação dos fatores de coagulação. O coágulo formado no sítio da lesão representa processo crítico para a manutenção da integridade vascular, des-sa forma os mecanismos envolvidos nesse processo são regulados simultaneamente, de modo a contrapor-se à perda excessiva de sangue e evitar a formação de trombos intravasculares.

Caracterizada por uma série de fatores físicos e reações bioquímicas, a hemostasia garante a fluidez sanguínea pela interação dos fatores de coagulação, estes que em meados da década de 1960 foram separa-dos em duas vias, intrínseca e extrínseca, convergindo em um ponto comum. No en-tanto, com o advento de novas pesquisas, atualmente, acredita-se que in vivo essa

distinção não ocorra e que, portanto, atuem de forma interativa. Todavia, a diferenciação do processo hemostático em duas vias ainda é útil no que diz respeito a interpretação la-boratorial de rotina da avaliação hemostática.

Distúrbios no processo hemostático po-dem ser detectados por meio de uma série de determinações laboratoriais, as quais são de particular importância para o diagnóstico clínico e para a monitorização da terapêutica anticoagulante.

Ao longo de muitos anos as determina-ções laboratoriais foram realizadas por tes-tes de screening, como o tempo de sangra-mento e tempo de coagulação, porém, em virtude da inespecificidade, baixa sensibili-dade e baixa reprodutibilidade destes, hoje, não apresentam mais finalidade diagnóstica. Na rotina laboratorial, os exames até então realizados, foram substituídos por outros com maior especificidade e sensibilidade, como tempo de ativação da protrombina (TAP) e tempo de tromboplastina parcial

artigo

COAGULAÇÃOativada (TTPa), os quais avaliam os fatores das vias extrínseca e intrínseca da cascata da coagulação, respectivamente. Dentre os importantes exames laboratoriais envolvi-dos na avaliação do processo de coagulação, cabe ainda mencionar a dosagem de fibrino-gênio, teste este bastante representativo no que se refere a diagnóstico de distúrbios da coagulação como hipofibrinogenemias, dis-fibrinogenemias e coagulação intravascular disseminada (CIVD), além de casos de he-patopatias.

Dessa maneira, testes específicos da co-agulação (TAP, TTPa e contagem de plaque-tas) são indicados e agrupam-se no que labo-ratorialmente denomina-se Coagulograma, o qual já abrangeu uma série de exames, mas atualmente restringe-se àqueles de compro-vada eficácia diagnóstica.

Luciane Loesch de SouzaFarmacêutica Bioquímica

Quaglia Laboratório

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informe publicitário

A preocupação diz respeito a um au-mento do número de pessoas em diálise?

Jerônimo - Exatamente, o que temos nos últimos anos é uma epidemia de doen-ça renal crônica, com um aumento anual que varia de 8 a 10%, dependendo da re-gião, do número de pacientes em Terapia Renal Substitutiva –TRS – que engloba a Hemodiálise, a Diálise Peritoneal e o trans-plante renal. Os dados de pacientes em TRS são relativamente fáceis de estimar, mas temos dificuldade em saber o número exato de pacientes nos estágios de doença renal crônica prévios ao da doença renal dialítica, não há um banco de dados con-solidado. O que fazemos é estimar em 20 pacientes com graus mais leves de doença renal crônica, para cada paciente em TRS; ou seja, considerando que existem aproxi-madamente 90 mil brasileiros em TRS no Brasil, teríamos ao redor de um milhão e oitocentos mil com algum grau de doença renal. Costumamos usar a analogia com um iceberg, a parte visível é a menor, mas a que está oculta não deve ser subestimada.

É realmente um número elevado. E esses pacientes poderiam progredir en-tão para necessidade de TRS?

Jerônimo - Essa é a preocupação, pois esses pacientes com doença renal crônica são grupo de risco para evoluir, ao longo do tempo, para necessidade de iniciar TRS. Uma situação potencialmente complicada pelo número de pacientes, pela gravidade da doença e pelas evidentes implicações financeiras devido ao consumo de recursos

O Dia Mundial do Rim

do orçamento público, considerando que ao redor de 90% dos pacientes em TRS tem seu tratamento coberto pelo SUS.

E como é então essa classificação das doenças renais?

Jerônimo - Classificamos as doenças renais em estágios, começando com o 1, no qual a filtração renal é normal, estágio 2 com disfunção leve, estágio 3 com diminui-ção moderada, estágio 4 diminuição severa da função renal, e o último estágio, o 5, no qual existe a necessidade de iniciar a TRS. O agravante para a detecção da doença re-nal é que o paciente, até atingir o estágio 4, raramente percebe algum sintoma da evo-lução da doença, o que chamamos de do-ença silenciosa. Por isso a importância das campanhas e ações de conscientização da doença, levando à prevenção.

E qual pode ser o papel das outras es-pecialidades, no tema da prevenção?

Jerônimo - É fundamental, pois a maioria dos pacientes portadores de doença renal crônica, nas fases iniciais, está sendo cuidada por médicos clínicos gerais, car-diologistas, endocrinologistas e médicos de saúde da família, além de outras especiali-dades em menor proporção. Esses médicos devem estar alertas para essa possibilidade, e solicitar periodicamente uma dosagem de creatinina e uma pesquisa de microalbu-minúria, para realizar a detecção precoce da doença renal, e intensificar o controle, encaminhando para avaliação nefrológica, quando indicado. Acreditamos que a in-corporação de outras especialidades nessa campanha permanente de prevenção é de suma importância para alcançar bons resul-tados.

E de maneira geral, como a popula-ção pode se prevenir de doenças renais?

Jerônimo - Recomendamos um estilo de vida saudável, dieta com pouco sal, evi-tar excessos de proteína animal e gorduras, ingerir líquido de forma abundante, praticar atividade física regular e os hipertensos e diabéticos, que compõem o grupo de risco, devem comparecer regularmente às consul-tas, utilizar a medicação de forma contínua, seguindo as orientações de seu médico e evitando a auto-medicação.

muNDialmeNte, foi iNstituíDo que a seguNDa quiNta-feira Do mês De março seria um Dia DeDicaDo ao rim. para eNteNDer melhor a iNteNção Da DetermiNação Desta Data, coNversamos com o Dr. JerôNimo ruiz ceNteNo (foto), méDico Nefrologista, sócio Do iNefro – iNstituto De Nefrologia e Diretor regioNal Da soNesp – socieDaDe De Nefrologia Do estaDo De são paulo para a região Do vale Do paraíba:

Dr. Jerônimo, o que é o “Dia Mundial do Rim”?

Jerônimo Ruiz Centeno - O Dia Mun-dial do Rim é uma iniciativa da Sociedade In-ternacional de Nefrologia, para divulgação da situação das doenças renais, do crescimento evidenciado da prevalência e da incidência das doenças renais.

A Sociedade Brasileira de Nefrologia – SBN- aderiu imediatamente a iniciativa, crian-do a campanha permanente no Brasil chamada “Previna-se”, que intensifica suas atividades nessa época, distribuindo material informativo e participando ativamente de contatos com o poder público e os meios de comunicação.

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pesquisa e desenvolvimento

A substituição de comprimidos por pa-tches (adesivos) no tratamento de algumas doenças já é uma realidade, mas ainda exis-tem grandes desafios a serem vencidos no mecanismo de liberação controlada dos ati-vos farmacológicos por esta forma de admi-nistração. Para chegar à solução do proble-ma, pesquisadores do Centro de Tecnologia de Processos e Produtos do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) estão trabalhando em um projeto de preparação de nanofibras para aplicação e liberação controlada de ati-vos por essa nova via de uso dos medicamen-tos – e o novo microscópio eletrônico de var-redura (MEV) está desempenhando um papel fundamental na caracterização da espessura e morfologia dos materiais.

O recém-adquirido microscópio é um dos primeiros alicerces do IPT na capacita-ção para pesquisas e ensaios em escala nano-métrica. Com possibilidade de uso em vários laboratórios, o novo equipamento trabalha com dois tipos de feixes: o feixe principal de elétrons (FEG) é capaz de produzir imagens de alta resolução com uma ampliação de até 300 mil vezes (como comparação, os mode-los convencionais não ultrapassam 15 mil vezes de aumento), enquanto o feixe de íons de gálio executa a usinagem de amostras – agora é possível realizar um corte ortogonal de superfícies, para uma observação em 3D.

O custo total de aquisição do microscó-pio (incluindo os acessórios) foi de 1,46 mi-lhão de euros, em um investimento integral do governo do Estado de São Paulo. Segundo Marcelo Moreira, pesquisador do Laborató-rio de Metalurgia e Materiais Cerâmicos e responsável pelo equipamento, o MEV tem ainda a vantagem de realizar a caracterização de uma ampla gama de materiais nos dife-

Tecnologia em escala nanométrica

rentes modos de vácuo: alto, bai-xo ou ambiental. Ao contrário de modelos mais antigos, a opção de trabalho em baixo vácuo possibili-tará a observação de amostras não-condutoras sem a necessidade de recobrimento condutor, enquanto o modo ambiental irá permitir a caracterização de amostras bioló-gicas e materiais contendo água em sua composição, um recurso importante para estudos em cen-tros de biotecnologia.

Detalhes do corpo de uma aranha de jardim em amostra congelada a -130ºC na câmara criogênica: exemplo de novo recurso do microscópio

Micrografias de micropartículas nanoestruturadas obtidas por spray-drying no novo microscópio do IPT

câmara criogêNica

Em dezembro de 2009, foi instalada no IPT uma câmara criogênica, que permite o congelamento do material a ser analisado, por exemplo, uma gota de líquido com bac-térias ou células. Agora, é possível congelar essa amostra dentro de uma pequena ampola, “quebrá-la” e observar essa fratura dentro do microscópio, uma tarefa impossível em um modelo convencional e pioneira no Brasil.

Fonte: www.ipt.br

Ampliação de mil vezes Ampliação de 10 mil vezes Ampliação de 20 mil vezes Ampliação de 50 mil vezes Ampliação de 500 mil vezes

mar/20107

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Um dos grandes exemplos de dedica-ção e comprometimento com o amor ao próximo foi o da médica Zilda Arns Neu-mann, morta no terremoto do Haiti, aos 75 anos. Fundadora da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, ela colocou sua profissão e sua vida a serviço dos me-nos favorecidos.

Médica pediatra e sanitarista, foi tam-bém representante titular da CNBB, do Conselho Nacional de Saúde e membro do Conselho Nacional de Desenvolvimen-to Econômico e Social (CDES).

Nascida em Forquilhinha (SC), teve

capa

cinco filhos. Escolheu a medicina como missão e enveredou pelos caminhos da saúde pública. Sua prática diária como médica pediatra do Hospital de Crianças Cezar Pernetta, em Curitiba (PR), e pos-teriormente como diretora de Saúde Ma-terno-Infantil, da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná, teve como suporte teó-rico diversas especializações como Saúde Pública, pela Universidade de São Paulo (USP) e Administração de Programas de Saúde Materno-Infantil, pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS).

Sua experiência fez com que, em

Em março se comemora o Dia Inter-nacional da Mulher e, por isso, nesta edição, a revista

Artéria presta sua homenagem às mulheres médicas do Brasil. Para representá-las, escolhemos alguns

ícones no país - exemplos a serem seguidos -, sem esquecer os nossos destaques locais.

A primeira médica brasileira de que se tem notícia foi Maria Augusta Generosa Estrela, natural do Rio

de Janeiro. Como até 1879 o estudo da medicina pelas mulheres era proibido, dirigiu-se aos Estados

Unidos em 1875, com apenas 16 anos de idade, tendo concluído o curso em Nova York em 1881. Retor-

nando ao Brasil em 1882, revalidou o seu diploma na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, passando a

exercer a clínica.A partir de 1881 registraram-se algumas matrí-

culas de mulheres nas duas Faculdades de Medicina existentes no país: a do Rio de Janeiro e a da Bahia. As primeiras mulheres a concluir o curso médico no Brasil

foram três gaúchas: Rita Lobato Velho Lopes, do Rio Grande; Ermelinda Lopes de Vasconcelos, natural de

Porto Alegre, e Antonieta Cesar Dias, de Pelotas.As três se matricularam na Faculdade de

Medicina do Rio de Janeiro, porém Rita Lobato transferiu-se para a Faculdade de Medicina da Bahia,

onde concluiu o curso em 1887. Defendeu tese de doutoramento em 24 de novembro de 1887 versando sobre um estudo comparativo das diferentes técnicas

utilizadas à época nas operações cesarianas. Ermelin-da formou-se em 1888 e Antonieta em 1889, ambas

no Rio de Janeiro.Pouco a pouco os espaços foram sendo con-

quistados e a medicina deixou de ser privilégio dos homens. Figuras notáveis de médicas e pesquisadoras

têm surgido nas últimas décadas. Oito mulheres já foram aquinhoadas com o prêmio Nobel de Fisiologia

e Medicina: Gerty Cori, em 1947, Rosalyn Yallow, em 1977, Barbara McClintock, em 1983, Rita Levi-Montalcini, em 1986, Gertrude B. Elion, em 1988; Christiane Nuesslein-Volhard, em 1995; Linda B.

Buck, em 2004, e Françoise Barré-Sinoussi, em 2008, em parceria com Luc Montagnier, pela descoberta do

vírus da AIDS.Um dado expressivo da mudança de mentalida-

de em nosso país a respeito desta questão pode ser colhido no levantamento realizado, entre 1994 e 1996,

pelo Conselho Federal de Medicina, em parceria com o Instituto Oswaldo Cruz, para avaliação da real

situação do médico no Brasil. Dentre 184.708 médicos pesquisados em todo o território nacional, 124.125 (67,2%) eram homens e 60.583 (32,8%) eram mulheres. Quando se conside-rou a distribuição por sexo e idade, verificou-se que,

com idade inferior a 35 anos, havia 50% de cada sexo.

Em São José dos Campos, a primeira mulher a exercer a medicina foi Therezi-nha Veneziani Silva (veja entrevista na página 14). Filha da famosa parteira D. Nica Veneziani, desde os tempos de ado-lescente já acompanhava a mãe nos aten-

dimentos às gestantes. Depois de formada no Rio de Janeiro, retor-nou à cidade natal, onde implantou as maternidades da San-

o exemplo De zilDa arNs

pratas Da casa

ta Casa de Misericórdia e do Hospital Pio XII.

Atualmente, a diretoria da APM Re-gional conta com a participação ativa das mulheres. Dos 22 membros da Diretoria (incluindo o Conselho Fiscal e os dele-gados), 6 são mulheres (Aniete Carolina Camargo R. Castro, Carmen Quaglia, Ju-ana Montecinos Maciel, Maria Margarida Fernandes Alves Isaac, Nereusa Martins Barros Moreira Lemos e Therezinha Ve-neziani Silva). Reforça o time feminino a diretora distrital Silvana Morandini, que já foi presidente da Regional e participa da Diretoria há várias gestões.

Carmen Quaglia, diretora da APM, e Therezinha Veneziani Silva, delegada da APM

Rita Lobato, a primeira médica formada no Brasil

Silvana Morandini, diretora distrital da APM

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Inglaterra, as primeiras moças que consegui-ram matrícula no curso médico foram vaia-das, insultadas e agredidas pelos rapazes. A Reitoria abriu um inquérito administrativo e decidiu pela expulsão das alunas, conside-rando-as culpadas pelos distúrbios.

Em 1812 formou-se em Edimburgo um médico de nome James Barry, que ingressou no serviço médico do exército inglês, tendo trabalhado durante muitos anos como médi-co militar nas colônias inglesas. Era franzi-no, imberbe e tinha a voz fina. Com a sua morte, em 1865, descobriu-se que se tratava de mulher disfarçada em homem. Para evitar escândalo, foi sepultada como homem e só posteriormente o segredo foi revelado. Segu-ramente inspirada na lenda de Agnodice, foi a maneira encontrada por essa mulher para atender a sua vocação.

Apesar de todas as dificuldades encontra-das, algumas mulheres destemidas consegui-ram pouco a pouco vencer todos os precon-ceitos e todas as barreiras.

Elizabeth Blackwell, ao tentar matri-cular-se em um curso médico nos Estados Unidos, teve o seu pedido recusado por 11 Faculdades e somente foi aceita pelo “Geno-va College” hoje “Hobart College”, em Nova York. Pela manhã, ao se dirigir às aulas, as outras mulheres se afastavam de seu cami-

nho. Diplomou-se em 1849 e a solenidade de sua formatura atraiu uma multidão de curio-sos, que queriam ver a “Doutora”. Sua irmã, Emily Blackwell, por sua vez, conseguiu ma-trícula no “Rusch Medical College”, de Chi-cago, fato que valeu à escola uma censura da Sociedade Médica local.

A Suíça foi o primeiro país europeu a li-berar, em 1876, a matrícula em suas escolas médicas para ambos os sexos e logo outros países fizeram o mesmo.

méDicas No muNDo

Elizabeth Blackwell, que teve seu pedido de matrícula recusado por 11 faculdades de medicina americanas, antes de ser aceita pelo Hobart College, em Nova York

A medicina, assim como a carreira mili-tar e a eclesiástica, sempre foram atividades consideradas próprias do sexo masculino. Embora a Escola de Salerno, na Idade Média, admitisse mulheres no curso médico, houve a partir de então uma dificuldade crescente de acesso às Universidades para o sexo fe-minino.

Em relação à Medicina, havia ainda o preconceito de que se tratava de uma profis-são inadequada à mulher por razões de ordem moral. Quando muito admitia-se a colabora-ção da mulher no cuidado aos doentes como enfermeira, função exercida durante séculos pelas religiosas de várias ordens (Irmãs de Caridade), ou na assistência às parturientes, como parteiras.

Em 1754, para assombro de toda a Eu-ropa, uma alemã, de nome Dorotea Cristina Erxleben, conseguiu o título de Doutor em Medicina na Universidade de Halle, tendo sido a primeira mulher a receber oficialmen-te o diploma de médico, segundo o site wi-kipedia.

Em 1809, nos Estados Unidos, as primei-ras estudantes que se matricularam em um Colégio Médico, na Pensilvânia, foram mo-tivo de chacotas, insultos e desrespeito por parte dos estudantes.

Na mesma época, em Edimburgo, na

1980, fosse convidada a coordenar a campanha de vacinação Sabin para combater a primei-ra epidemia de poliomielite, que começou em União da Vitória (PR), criando um método pró-prio, depois adotado pelo Ministério da Saúde.

Em 1983, a pedido da CNBB, a Dra. Zil-da Arns cria a Pastoral da Criança juntamente com Dom Geraldo Majela Agnello, Cardeal Ar-cebispo Primaz de São Salvador da Bahia, que na época era Arcebispo de Londrina. Foi então que desenvolveu a metodologia comunitária de multiplicação do conhecimento e da solidarieda-de entre as famílias mais pobres, baseando-se no milagre da multiplicação dos dois peixes e cinco

pães que saciaram cinco mil pessoas, como narra o Evangelho de São João.

A educação das mães por líderes comu-nitários capacitados revelou-se a melhor for-ma de combater a maior parte das doenças facilmente preveníveis e a marginalidade das crianças. Após 25 anos, a Pastoral acompa-nha mais de 1,9 milhões de gestantes e crian-ças menores seis anos e 1,4 milhão de famí-lias pobres, em 4.063 municípios brasileiros. Seus mais de 260 mil voluntários levam fé e vida, em forma de solidariedade e conhe-cimentos sobre saúde, nutrição, educação e cidadania para as comunidades mais pobres.

Em 2004, a Dra. Zilda Arns recebeu da CNBB outra missão semelhante, fundar, or-ganizar e coordenar a Pastoral da Pessoa Ido-sa. Atualmente mais de 129 mil idosos são acompanhados todos os meses por 14 mil voluntários.

Pelo seu trabalho na área social, Dra. Zilda Arns recebeu diversas condecorações e homenagens.

Agên

cia

Bras

il

Zilda Arns: uma vida dedicada ao próximo

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viNhos No mar azul – viageNs eNogastroNômicas, do jornalista José Guilherme Rodrigues Ferreira, de São José dos Cam-

pos, foi escolhido o terceiro melhor livro do mundo na categoria “wine literature”, no concurso Gourmand World Cookbook Awards. A cerimônia de premiação foi realizada em fevereiro em Paris.

Considerado uma espécie de Oscar dos livros de vinhos e gastrono-mia, o Gourmand World Cookbook Awards está na sua 15ª edição, que desta feita reuniu mais de 26 mil títulos, de autores de 136 países.

Em primeiro e segundo lugares na categoria “wine literature”, fi-caram os livros Oz and James Drink to Britain (Oz Clarke & Ja-mes May/Pavilion), do Reino Unido, e A Pint of Plain – Tradition, Change and the Fate of the Irish Pub (Bill Barich/Walker), da Irlanda, respectivamente.

Lançado em 2009, Vinhos no Mar Azul reúne 50 crônicas que transitam em território onde vinho e cultura se encontram. “A abor-dagem multifacetada, estabelecendo conexões hedonistas do vinho com outras artes, com a geografia, com a história, com as religiões, com a literatura e a ciência, deve ter pesado na escolha dos jurados”, diz o autor. Ele destaca ainda a qualidade gráfica e editorial da publicação, enriquecida com gravuras do artista George Rembrandt Gutlich.

Manuel da Costa Pinto, jornalista e crítico literário – filho do mé-dico psiquiatra Manuel da Costa Pinto -, escreveu na apresentação da obra: “Os bons escritores sabem como a aparente liberdade de estilo é conquistada graças à lapidação minuciosa e ao cálculo. Da mesma ma-neira, os verdadeiros apreciadores dos prazeres da boa mesa são aqueles que exercem controle sobre a volúpia, disciplinam a dissipação – não por ascetismo, mas para prolongar o prazer. Tais qualidades estão pre-sentes na escrita de Vinhos no Mar Azul – na assemblage que faz com que esse livro apresente equilibradamente humor e informação, meditação e memória, contenção e lirismo”.

Para o escritor Luiz Ruffato, “trata-se de um livro de gênero inclassi-ficável, que tematiza um assunto banalizado pela cultura de massa de uma maneira nova, ao mesmo tempo culta e elegante, simples e sofisticada...”

dicas de leitura

Um bom livro e uma taça de vinho...o viNho e suas circuNstâNcias

O vinho e seu fabuloso ‘entorno’ fazem o interesse desta obra de um experimen-tado conhecedor, o médico Sergio de Paula Santos. Em segunda edição revista e atua-lizada, o livro traz fatos sobre vinho do Porto, vinho da Ma-deira, vinhos brasileiros, vi-nhos galegos, vinhos novos e antigos, champanhe. E muito também sobre circunstâncias que o vinho suscita ou sus-citou - na história, com Tho-mas Jefferson, Tutancâmon e Casanova; na literatura, com Fernando Pessoa; na gastro-nomia, com o vasto elenco de acompanhantes do vinho, como o bacalhau e o caviar, ou mesmo de não-acompa-nhantes que com ele têm uma identidade de fascínio, como o chocolate. E mais, muito mais, porque são múltiplas as circunstâncias para as quais se dirige o olhar, a atenção a pormenores significativos e o bom humor de Paula Santos.

Gravura de George Gutlich, no livro Vinhos no Mar Azul

• Vinhos no Mar Azul – Viagens Enogastronômicas

• Editora Terceiro Nome

• Autor: José Guilherme Rodrigues Ferreira

• Ilustrações: George Rembrandt Gutlich

• Apresentação: Manuel da Costa Pinto

• Projeto gráfico: Carlos Magno da Silveira, Magno Studio

• 228 páginas

• Preço: R$ 56,00

• O Vinho e suas Circunstâncias 2a Edição

• Editora SENAC

• Autor: Sérgio de Paula Santos

• 270 páginas

• Preço: R$ 50,00

mar/201010

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gastronomia

A chegada da Páscoa dá início à tempo-rada do chocolate, quando as temperaturas mais amenas do outono e do inverno no Bra-sil, aumentam a nossa vontade de saborear essa deliciosa guloseima! Já foi considerado remédio, depois virou vilão e, nos últimos anos, vem sendo reabilitado, como alimento saudável – se consumido moderadamente - e que nos dá uma incrível sensação de felicida-de e prazer de viver.

As primeiras referências ao cacau foram registradas pelos descobridores que segui-ram Cristóvão Colombo. Os astecas e e os maias já usavam o chocolate em 1519, quan-do espanhóis em expedição o levaram para a Espanha. Nessa época, o chocolate era um líquido espesso feito com milho e pimentão.

As sementes de cacau eram tão impor-tantes para os nativos da América Central que eram usadas não apenas para alimenta-ção, mas também como elemento de troca em cultos religiosos. As bebidas com choco-late eram servidas em cerimônias sagradas.

Na Espanha, o cacau ganhou novas recei-tas e foi misturado com açúcar e mais tarde com o leite. Como tanto o cacau quanto o açúcar eram importados - e caros -, apenas as pessoas ricas podiam comprar o chocolate. Assim, a bebida se tornou símbolo de status

Chocolate já foi remédiopela elite de toda a Europa. No começo do século XVIII, o chocolate se tornou artigo de moda e a árvore de cacau virou nome de pra-ças e locais públicos.

reméDio Além de ser caro, o chocolate também

foi indicado por médicos como remédio para algumas enfermidades. Há até quem diga que algumas doenças do cardeal Richelieu foram “curadas” com chocolate. No Brasil, o cacau também era considerado pelos índios tupis e guaranis como remédio e estimulan-te. Os colonos portugueses e os missionários jesuítas foram os primeiros a cultivarem os cacaueiros. Nos séculos XIX e XX, Ilheus, na Bahia, se tornou o centro de produção de cacau do mundo. No entanto, não havia mui-to comércio para o produto no Brasil.

proDução

A produção do cacau nos séculos XVI e XVII era feita em plantations (que usavam trabalho escravo) em colônias tropicais. A partir de 1700, novas tecnologias permiti-ram a produção mais rápida do chocolate e, depois, do chocolate sólido. Dessa forma, o chocolate feito a mão deu lugar ao industria-

lizado: mais acessível e com sabor diferente.Atualmente, mais da metade da produção

mundial de cacau vem da África ocidental, especialmente da Costa do Marfim, o maior produtor mundial, seguido de Gana e do Bra-sil.

tipos De chocolate

O chocolate amargo é feito com os grãos de cacau torrados sem adição de leite, e algu-mas versões permitem a sua utilização como base para sobremesas, bolos e bolachas. Deve-se usar um mínimo de 35% de cacau, segundo as normas europeias.

O chocolate ao leite leva na sua confec-ção leite ou leite em pó. As normas europeias estabelecem um mínimo de 25% de cacau.

A couverture é o chocolate rico em man-teiga de cacau, utilizados pelos profissionais chocolateiros, como a Valrhona, Lindt & Sprüngli, Theo Chocolate e outros, com mais de 70% de cacau, e gordura de cerca de 40%.

O chocolate branco é feito com manteiga de cacau, leite, açúcar e lecitina, podendo ser acrescentados aromas como o de baunilha. Inventado na Suíça após a I Guerra Mundial, só foi divulgado nos anos 80 do século XX pela Nestlé.

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capital Da cachaçaA produção de cachaça em terras paratienses

começou por volta de 1600. Foi a mais importante região produtora de pinga no Brasil Colônia. Não apenas na Corte como na Colônia, todos pediam uma dose de paraty quando desejavam uma sim-ples aguardente.

Desde 1983, Paraty organiza, em agosto, o Festival da Pinga, com o objetivo de divulgar o mais famoso produto local, fabricado há mais de 300 anos sempre de modo artesanal.

Das centenas de alambiques de aguardente que funcionaram no município a partir de meados de 1700, a cidade conta hoje apenas com 6, todas de qualidade inigualável e consideradas por peritos em aguardente - como os membros da Academia Brasileira da Cachaça e da Confraria do Corpo Furado, ambas do Rio de Janeiro - como as melhores dentre as milhares de pingas alambicadas da atualidade.

Um dos alambiques mais renomados é o da Coqueiro, aberto à visitação, degustação e venda de suas diversas especialidades de aguardente. O ideal é parar na volta, pois fica no km 583 da BR 101, no lado Paraty-Ubatuba.

Paraty deveria pertencer ao Rio de Janeiro ou a São Paulo? Discussões sobre o tema podem ser ouvidas com frequência nas ruas da pequena cidade carioca, que fica bem próxima dos paulis-tas, a apenas 73 km de Ubatuba.

A polêmica não tem a menor razão de ser, pois Paraty, considerada Patrimônio Histórico Nacional, pertence ao mundo e aos amantes de seus inúmeros encantos naturais e arquitetôni-cos. Milhares de turistas de todo o Brasil e de di-versos países, principalmente da Europa, visitam anualmente a bela cidade colonial.

Passear pelo centro histórico de Paraty é mergulhar em uma outra época, caminhando lentamente pelas suas ruas estreitas, calçadas com pedras “pé-de-moleque”, colocadas uma a uma pelos escravos. A arquitetura de seus casa-rões e igrejas traduzem um estilo de época e o s misteriosos símbolos maçônicos que enfeitam as paredes nos levam a imaginar como seria a vida no Brasil de antigamente. A proibição ao tráfego de automóveis no centro histórico contribui para essa viagem pelo tempo.

fuNDação

Paraty foi fundada em 1667 ao redor da Igre-ja Nossa Senhora dos Remédios, sua padroeira. Teve grande importância econômica devido aos mais de 250 engenhos de cana-de-açúcar ali ins-talados. Nessa época, “Paraty” era sinônimo de boa aguardente.

No século XVIII, destacou-se como im-portante porto por onde se escoava, das Minas

1 Largo em frente ao porto, com Igreja de Santa Rita ao fundo

2 Detalhe de fachada no centro histórico

3 Casario no centro histórico

4 O centro histórico é repleto de ateliês de arte e artesanato

Gerais, o ouro e as pedras preciosas que em-barcavam para Portugal. Porém, constantes in-vestidas de piratas que se refugiavam em praias como Trindade, fizeram com que a rota do ouro fosse mudada, levando a cidade a um grande isolamento econômico.

Após a abertura da Estrada Paraty-Cunha,e principalmente, após a construção da Rodovia Rio-Santos na década de 70, Paraty torno-se pólo de turismo nacional e internacional, devi-do ao seu bom estado de conservação e graças às suas belezas naturais.

Em sua área encontram-se o Parque Nacio-nal da Serra da Bocaina, a Área de Proteção Am-biental do Cairuçu, onde está a Vila da Trindade, a Reserva da Joatinga, e ainda, faz limite com o Parque Estadual da Serra do Mar.

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paratyDistância: 214 km de São José dos Campos, 301 km de São Paulo e 253 km do Rio de JaneiroAcesso: para quem sai de São José dos Campos, via rodovia dos Tamoios até Caraguatatuba e depois pela Rio-Santos em direção a Ubatuba, até Paraty; alter-nativa: seguir pela via Dutra até Tau-baté e seguir até Ubatuba pela rodovia Oswaldo Cruz.Informações: www.paraty.com.br

Mergulho No tempo

4

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saúde pública

O Fundo Global de Luta contra a AIDS a Tuberculose e a Ma-lária divulgou neste mês que o mundo pode alcançar, em 2015, a erradicação virtual (índices inferiores a 1%) da transmissão vertical (durante a gestação, parto ou aleitamento) do HIV. Mas o Ministério da Saúde, diante de um índice aproximado de 6,8% de contaminação de bebês no Brasil, não acredita nessa possibilidade para o país.

Atualmente, pelo menos 10.194 crianças brasileiras com até 5 anos de idade foram infectadas pelo vírus em decorrência da trans-missão vertical. Os dados são de dezembro de 2009 e, de acordo com a pasta, ainda vão passar por uma revisão. Apenas no ano pas-sado, 481 crianças foram infectadas. De 1996 a 2008, 3.758 crianças morreram em decorrência da AIDS.

O assessor técnico do Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais, Marcelo Freitas, explica que o maior desafio brasileiro na erradicação da transmissão vertical é ampliar o diagnóstico de HIV em gestantes. Segundo ele, mais de 90% das grávidas atendidas na rede de atenção básica chegam a fazer pré-natal, mas somente 60% passam pela testagem que detecta o vírus.

Entre as razões para o baixo índice de detecção estão o fato de o médico não oferecer o exame, a recusa da paciente de submeter-se a ele e a fraca estrutura de laboratórios. Nesse último caso, Freitas

afirmou que o exame chega a ser feito, mas o resultado não é devolvido ao paciente ou ao médico. A estimativa é de que

até 12 mil gestantes de um total de 2,5 milhões por ano apresentem o HIV, entre as mulheres diagnostica-

das e não diagnosticadas.“Em menores de 5 anos, de todos os ca-

sos notificados de 1984 a 2009, 94% fo-ram por meio da transmissão vertical.

Não tem para onde correr. No caso de criança, a grande via de transmissão é a vertical”, alertou o especialista.

Sobre a possibilidade de erradi-cação virtual da infecção de mãe para

filho, ele avaliou: “É uma possibilidade muito aberta. Não dá pra dizer, sen-

do que temos todos esses desafios ainda. A gente ainda não pode sinalizar e prometer.”

Entre as medidas consi-deradas eficazes para evitar

o risco de transmissão, segundo o ministério,

estão o diagnóstico pre-coce da gestante

infectada, o uso de drogas anti-retrovirais, o parto cesaria-no programado

e a suspensão do aleitamento

AIDS: o desafio de vencer a transmissão vertical

materno (substituindo-o por leite artificial ou fórmula infantil).

Durante o pré-natal, toda gestante tem o direito e deve realizar o teste para HIV. Quanto mais precoce o diagnóstico da infecção, maiores as chances de evitar a transmissão para o bebê. O tratamento é gratuito e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS).

O Fundo Global de Luta contra AIDS, Tuberculose e Malária ressaltou que a meta só poderá ser alcança-da caso as medidas em progresso e os esforços na área sejam mantidos. Até o final de 2009, de acordo com o órgão, 790 mil grávidas soropositivas de países subde-senvolvidos e em desenvolvimento receberam profila-xia antiretroviral para prevenir a infecção do bebê pela mãe – o índice representa 45% da cobertura do total de mulheres que se encaixam no perfil.

Fonte: Agência Brasil

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entrevista

A sra. se sente privilegiada por ter tido a oportunidade de fazer o curso de medi-cina em uma época em que a maioria das mulheres não trabalhava nem concluía o ensino superior?

Sim, eu me sinto privilegiada. Na minha época de faculdade, em uma turma de 120 alunos, havia somente 7 mulheres, e eu era uma delas. Saí de São José dos Campos para estudar fora, com todo o apoio da minha família. Dediquei minha vida profissional à cidade, venci muitas lutas e até inveja de colegas. Hoje, colho os frutos do que plantei: o reconhecimento por parte dos colegas mais jovens, o respeito que todos têm por mim.

Seu marido, o também médico Dr. Francisco de Paula Carvalho Rodrigues Silva, já falecido, a apoiava na carreira?

Ele foi um grande companheiro, sempre me incentivou. Eu o conheci em um labora-tório no Rio de Janeiro, quando ambos fazía-mos faculdade de medicina, porém em escolas diferentes. Ele sempre dizia que sonhava em se casar com uma mulher dona-de-casa, e eu respondia: “Então é melhor a gente nem conti-nuar o namoro, pois eu não estou fazendo todo o sacrifício de vir para o Rio de Janeiro, ficar longe da minha família e estudar tanto só para ter um diploma pendurado na parede”. Mas, felizmente, ele nunca se opôs ao meu trabalho, pelo contrário, sempre me apoiou.

Como vê a participação da mulher hoje na sociedade, em relação ao seu tempo?

Vem ocupando cada vez mais espaço na sociedade, em todas as áreas. A medicina, que era uma profissão predominantemente masculina no meu tempo, é um exemplo. Há

Nossa DecaNacursos superiores com mais mulheres do que homem atualmente.

E a medicina, mudou muito nessas úl-timas décadas?

Sim, e como mudou! Hoje, se de um lado temos os avanços da tecnologia ajudando a diagnosticar e a curar doenças antes incurá-veis, por outro lado, temos também uma me-dicina super especializada que, muitas vezes, minimiza a importância de se ver o paciente como um todo. Sócrates, na sua sabedoria, já ditava: “Assim como não se deve tentar curar os olhos separados da cabeça ou a cabeça se-parado do corpo, também não se deve tentar curar o corpo separado da alma. É por isso que os médicos desconhecem a cura de muitas doenças. Porque eles não olham para o todo que também deve ser estudado, pois, a parte não poderá estar bem se o todo não o estiver.”

A senhora é participante ativa da APM Regional. Tem também atividades fora da vida profissional. Como consegue energia para tudo isso?

Eu tenho muito pensamento positivo, muita fé. Dou muito valor à parte espiritual, não só para o meu bem individual mas, prin-cipalmente, pensando no próximo. Sou Mi-nistra da Comunhão da Catedral São Dimas e uma vez por semana dou a comunhão aos pacientes da Santa Casa. Essa atividade me dá muito prazer, por estar levando um pou-co de conforto a quem está doente e também porque encontro os colegas e converso com pessoas. Eu organizo o meu tempo de forma que possa participar de tudo e ainda ter tem-po de viajar, que é uma das coisas de que eu mais gosto.

A mais badalada garota-propaganda da Unimed São José dos Campos não é uma modelo contratada, nem uma atriz famosa. A foto que aparece no alto da tela do computador, assim que acessamos o site da cooperativa médica na Internet, e que está nas suas publicidades e publicações institucionais, completará 83 anos no dia 18 de abril. Nascida no bairro Alto da Ponte, região norte de São José dos Campos, Dra. Therezinha Veneziani Silva foi a primeira mulher a exercer a medicina em São José dos Campos. Decana da classe médica, trabalha, dirige seu próprio carro, é Ministra da Comunhão da Catedral São Dimas e tem atuação efetiva na APM. “Eu participo de tudo o que posso”, afirma ela, que nem pensa em aposentadoria. “Enquanto eu tiver saúde, vou continuar trabalhando. É a minha terapia”. A seguir, a entrevista concedida à Artéria:

thereziNha veNeziaNi silva

Formação: médica ginecologista pela antiga Faculdade de Ciências Médicas do Estado da Guanabara, hoje Universidade Estadual do Rio de Janeiro

Nascimento: Fazenda Veneziani, no bairro do Alto da Ponte, em São José dos Campos, em 18/4/1927

Filhos: Francir (médico), Edmir (engenheiro florestal) e Leonir (engenheiro agrônomo atuando na área de Informática da IBM)

Hobby: viajar e ler (literatura médica para se atualizar, e livros dedicados ao bem estar espiritual)

Filosofia de vida: Ter sempre pensamento positivo. “O Senhor é minha luz e minha salvação – nada temerei. O Senhor é meu pastor – nada me faltará.”

(versículos de salmos da Bíblia).

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