redalyc. ice e ecstasy : os estimulantes do final do milénio

29
Revista Portuguesa de Psicossomática ISSN: 0874-4696 [email protected] Sociedade Portuguesa de Psicossomática Portugal Silva Gomes da, Joana; Tavares, Maria Amélia Ice e Ecstasy: Os estimulantes do final do milénio. Perspectivas Clínica e Experimental Revista Portuguesa de Psicossomática, vol. 1, núm. 2, jul/dez, 1999, pp. 31-58 Sociedade Portuguesa de Psicossomática Porto, Portugal Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=28710204 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

Upload: hacong

Post on 08-Jan-2017

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

Revista Portuguesa de Psicossomática

ISSN: 0874-4696

[email protected]

Sociedade Portuguesa de Psicossomática

Portugal

Silva Gomes da, Joana; Tavares, Maria Amélia

Ice e Ecstasy: Os estimulantes do final do milénio. Perspectivas Clínica e Experimental

Revista Portuguesa de Psicossomática, vol. 1, núm. 2, jul/dez, 1999, pp. 31-58

Sociedade Portuguesa de Psicossomática

Porto, Portugal

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=28710204

Como citar este artigo

Número completo

Mais artigos

Home da revista no Redalyc

Sistema de Informação Científica

Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal

Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

Page 2: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

RevistaPortuguesa

Psicossomáticade

Vol. 1, nº 2, Jul/Dez 99

31 "Ice" e "Ecstasy": Os estimulantes do final do milénio

“Ice” e “Ecstasy”: Os estimulantesdo final do milénio. PerspectivasClínica e Experimental1

Joana Gomes da Silva*, Maria Amélia Tavares**

RevistaPortuguesa

Psicossomáticade

ResumoO consumo de análogos metilados da

anfetamina – metanfetamina/"ice" e 3,4-metilenedioximetanfetamina/"ecstasy" -tem tido considerável aumento nos últi-mos anos na população dos adultos jovens.Neste trabalho, referem-se os aspectos his-tórico e epidemiológico do consumo de me-tanfetamina e 3,4-metilenedioximetanfe-tamina, o metabolismo e os efeitos neuro-químicos, comportamentais, patológicose teratogénicos associados à exposição aestes psicoestimulantes, quer em situaçõesclínicas, quer experimentais. A utilizaçãorepetida destas drogas por uma popula-ção muito jovem, fundamenta a preocu-pação relativa aos efeitos a longo prazo,não só para os consumidores mas tambémpara os seus descendentes.

Palavras-chave: Metanfetamina,MDMA, 3,4-metilenedioximetanfe-tamina, "Ecstasy", Serotonina, Dopa-mina, Efeitos sistémicos, Efeitos centrais.

INTRODUÇÃO

A anfetamina e seus análogos sãosubstâncias com a capacidade de pro-duzir sentimentos ou sensaçõesaprazíveis naqueles que as utilizam,sendo classificadas como drogas deabuso ("drugs of abuse") psicoes-timulantes(1-3). Os efeitos psicoestimu-lantes das anfetaminas assemelham--se aos provocados pela cocaína e tra-duzem-se por uma reacção de tipoorgasmático, violenta e imediata("rush" ou "flash"), desencadeada du-rante o consumo, seguida de excita-ção física e psíquica(4). Os efeitos físi-cos incluem, entre outros, bronco-di-latação, hipertermia, taquicardia,trismus, náusea, ataxia, hipersudo-rese, mialgias, insónia e anorexia(3-5).Psiquicamente, são descritos váriosefeitos, designadamente aumento daacuidade mental e melhoria do hu-mor, diminuição da fadiga e sensação(subjectiva) de aumento da energia eforça muscular, autoconfiança e eufo-ria, a que se segue sensação de cansa-ço. O "rush" é a sensação procuradapelos anfetaminómanos que, numafase de consumo compulsivo, não in-gerem alimentos, têm ausência desono, e desenvolvem um quadro de-

1 Este trabalho foi subsidiado pelo pro-jecto PECS/C/SAU/87/95, pelo pro-grama de Financiamento Plurianual doIBMC e pela BD9279/96 atribuída aJoana Gomes da Silva.

Page 3: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

Joana Gomes da Silva, Mª Amélia Tavares 32

Revista Portuguesa de Psicossomática

pressivo, que pode evoluir para umquadro psicótico irreversível, seme-lhante ao da esquizofrenia paranói-de(3-5).

O consumo de análogos daanfetamina aumentou de modo sig-nificativo nos últimos anos, espe-cialmente nas formas de metanfeta-mina (MA, "ice") e 3,4-metilenedioxi-metanfetamina (MDMA, "ecstasy").As evidências clínicas e experimentaisda toxicidade da anfetamina e seusanálogos, aliadas à recente populari-zação do consumo nas camadas jo-vens da população, especialmente nafase reprodutiva, impõem que se pro-ceda à análise da situação, no que res-peita aos análogos da anfetaminamais consumidos, i.e., a MA e aMDMA.

PERSPECTIVA HISTÓRICAE EPIDEMIOLÓGICA

As propriedades estimulantes dasfenilisopropilaminas, grupo que in-clui a efedrina, a anfetamina e seusanálogos, são desde há muito conhe-cidas. Há cerca de 5 milénios, as pro-priedades estimulantes da efedrina,alcalóide extraído da Ephedra vulgaris("ma huang"), eram reconhecidas edescritas pela medicina chinesa(5,6).No fim do século XIX, os efeitos dautilização da efedrina em asmáticoslevaram à popularização da sua pres-crição no mundo ocidental e à cres-cente utilização e procura desta subs-tância; levantou-se então o problemade possível escassez da oferta deEphedra vulgaris no mercado. Esta hi-pótese levou ao desenvolvimento devárias linhas de investigação com o

Fig. 1 - Estrutura química da anfetamina e de alguns dos seus análogos metilados: metanfetamina(MA), MDMA e MDA.

CH3

NH2

O

O

CH3

NH2

N

H

CH3

CH3

O

O

N

H

CH3

CH3

Metanfetamina 3,4-Metilenedioximetanfetamina (MDMA)

3,4-Metilenedioxianfetamina (MDA)Anfetamina

Page 4: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

RevistaPortuguesa

Psicossomáticade

Vol. 1, nº 2, Jul/Dez 99

33 "Ice" e "Ecstasy": Os estimulantes do final do milénio

objectivo de sintetizar laboratorial-mente a efedrina. Em meados dosanos 30, Gordon Alles (4) tentou sinte-tizar efedrina a partir da d-anfeta-mina (Figura 1), substância previa-mente sintetizada (final do séculoXIX) (5). As tentativas de Alles foraminfrutíferas, mas este reconheceu aspropriedades estimulantes da d-anfe-tamina que testou em animais de la-boratório e, posteriormente, em sipróprio. Paralelamente, no Japão,Ogata tentou também a síntese deefedrina, mas com resultados diferen-tes: obteve hidrocloreto de d-fenil-isopropilmetilamina, ou MA (Figura1), um análogo metilado da anfetami-na, com acção psicoestimulante maispotente do que a da anfetamina (5).

A partir de 1932, a anfetamina eseus análogos (MA, d,l-anfetamina)começaram a substituir a efedrinacomo broncodilatadores (Methe-drine©, Hiropon©, Benzedrine© e ou-tros) revelando-se eficazes descon-gestionantes nasais. A gama de apli-cações passou a incluir o tratamentode convulsões e da esquizofrenia,sobredosagens de barbitúricos, taba-gismo, esclerose múltipla, miastenia,lesões cerebrais, enxaqueca, urticária,enjôo, dismenorreia, cólica ureteral,colite e falta de desejo sexual(5,6). Nosanos 40, as anfetaminas eram tambémusadas para tratar a dependência damorfina (!)(7). Durante a II GuerraMundial foram distribuídas doses deanfetaminas quer às tropas Japonesas,quer às dos Aliados, para aumentar aresistência, o desempenho e estado dealerta dos soldados. No final, o exce-dente de produção foi colocado à dis-

posição da população civil e só emmeados dos anos 40 surgiram dispo-sições legais limitando a distribuiçãodeste psicoestimulante. Entretanto, aanfetamina continuava a ser comer-cializada sob várias formas acessívelaos "anfetaminómanos".

Nos anos 50, condutores de longocurso e estudantes em época de exa-mes utilizavam anfetaminas, numaperspectiva mais funcional do querecreativa(8). As características anore-xiantes destas substâncias levaram àsua prescrição em dietas de emagre-cimento, bem como no tratamento dafadiga e depressão. Divulgadas assuas propriedades estimulantes, aanfetamina começou a ser consumidaem grande escala, sobretudo nos Es-tados Unidos, no Reino Unido e nospaíses do Norte da Europa, principal-mente com fins recreativos. O abusode anfetaminas, em fase de consumocompulsivo, foi estimado em cerca de30 g/dia (8).

Desde o final da década de 50, aprogressiva substituição da anfetami-na por outras substâncias, levou àqueda da produção legal, mas a pro-dução ilegal inundou o mercado. Des-de os anos 70, a produção ilegal deMA foi assegurada recorrendo a di-versos reagentes – fenil-2-propanona(P2P), ácido fenilacético, anidridoacético e acetato de sódio, metilamina,folha de alumínio, cloreto de mercú-rio, dietileter e isopropanol, cristais deiodo e, mais recentemente (-)efedrinaou (+)pseudoefedrina, em processoscujo resultado final é uma misturaracémica de qualidade variável, norespeitante à potência dos efeitos, e

Page 5: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

Joana Gomes da Silva, Mª Amélia Tavares 34

Revista Portuguesa de Psicossomática

dependente dos contaminantes, quepodem per se ter forte efeito tóxico oumesmo estimulante(5,7,9). Nestes pro-cessos de síntese, os contaminantesestão presentes e influenciam o pro-duto final (por exemplo, mercúrio e2-fenilmetil-fenetilamina são conta-minantes tóxicos), embora este factotenha sido alvo de pouca atenção(9-11).

A síntese de MDMA foi patentea-da no início do século (em 1915), massó na passada década surgiu interes-se por esta substância, que começoupor ser empregue em psicofarmaco-terapia para reduzir a ansiedade e ati-tudes de defesa (para revisão, ver 12).O uso recreativo desta droga cresceunos últimos dez anos, associado a"acid-house parties" que, tendo sur-gido em Ibiza, se disseminaram paraos países do Centro e Norte da Euro-pa. A composição dos comprimidos,inicialmente correspondendo de fac-to a MDMA, adulterou-se com a ge-neralização do consumo e o aumentoda procura. A análise de vários tiposde comprimidos de "ecstasy" ("dove","rhubarb and custard", "strawberrymilkshake", "white lighting") reveloua presença de vários contaminantese/ou substâncias psicoactivas (13). Nal-guns destes comprimidos (C) foi de-tectada a presença, conjunta ou isola-da, de MDMA (2-105 mg/C), cafeína(0,02-39 mg/C), anfetamina (até 0,8mg/C), MA (até 1,8 mg/C), 3,4-metilenedioxietanfetamina (MDEA,94-125 mg/C), paracetamol (55-216mg/C) e também de cetamina (185-197 mg/C) (13). Esta última substânciaé um antagonista dos receptoresNMDA (N-metil-D-aspartato) cujos

efeitos colaterais consistem, entre ou-tros, em alucinações, "sonhos vívidos"e delírio, sintomas que lembram vá-rios aspectos de síndromos psicóticos(14). Neste contexto, é evidente a impre-visibilidade dos efeitos decorrentesdo consumo de comprimidos de"ecstasy", uma vez que a sua compo-sição é extremamente heterogénea.

No início dos anos 80, a utilizaçãoilícita de "ice" (forma cristalizada dehidrocloreto de MA) difundiu-se nospaíses do sudeste asiático, a partir dopaís de síntese, o Japão. O reforço docombate à produção levou à transfe-rência dos laboratórios para a Coreia,que actualmente é o maior produtormundial. A produção de "ice" era ini-cialmente destinada a Taiwan (For-mosa), Japão e Filipinas; deste últimopaís, passou para o Hawai, e no fimdos anos 80 espalhou-se aos EstadosUnidos, especialmente a partir doOregon e Califórnia (Los Angeles).Em 1990, a DEA (Drug EnforcementAdministration) encerrou, só na Ca-lifórnia, 7 laboratórios; em 1997, fo-ram encerrados em Los Angeles 52laboratórios. Durante vários anos oconsumo de "ice" manteve-se em ní-veis reduzidos, mas recrudesceu sig-nificativamente a partir de 1994, sen-do agora considerado um grave pro-blema de saúde pública nos EUA (5, 7).

Na Europa, até aos anos 80, o abu-so de anfetamina e seus análogos erararo, com a excepção, já mencionada,dos países nórdicos e do Reino Uni-do. Entretanto, no final da década de80 e nos anos 90, vários países euro-peus relataram o aumento da popu-laridade das anfetaminas e do

Page 6: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

RevistaPortuguesa

Psicossomáticade

Vol. 1, nº 2, Jul/Dez 99

35 "Ice" e "Ecstasy": Os estimulantes do final do milénio

"ecstasy" nas camadas jovens da po-pulação, associada à frequência dediscotecas e festas, explorando as suascaracterísticas estimulantes e de indu-ção de euforia. Dados de 1997, doEuropean Monitoring Centre for Drugsand Drug Addiction (EMCDDA) (15),mostram que cerca de 10% da popu-lação inglesa com 15-16 anos admitemjá ter experimentado anfetaminas(Quadro 1). Na Comunidade Euro-peia, na faixa etária dos 18-20 anos,estes valores oscilam entre 3-4% e 9--10% da população; as mais altas fre-quências de experimentação de"ecstasy" encontram-se na Bélgica,Holanda, Espanha e Reino Unido.

Estes valores podem ser melhor inter-pretados sabendo que, na mesma pes-quisa, entre 5-8% e 11-16% (depen-dendo do país) da população adultada Comunidade Europeia admite terconsumido uma droga de uso ilícito,mas que quando se consideram ape-nas os adultos jovens, a percentagemsobe para 10-20%.

O aumento da mortalidade asso-ciada ao consumo destas drogas tematraído a atenção dos meios de comu-nicação social. Em 1993, o grupo dasanfetaminas era responsável, nos Es-tados Unidos, por 7,7% das mortesrelacionadas com consumo de dro-gas(17); destas, 341 estavam ligadas ao

Quadro 1 - Prevalência do consumo de anfetaminas (pelo menos uma vez na vida),em estudantes de 15-16 anos de países europeus, em pesquisas alargadas nas escolas(a, b)

Países Ano Qualquer droga ilícita Anfetaminas "Ecstasy"

Áustria 1994 9,9 - -

Bélgica 1994 - 4(e) 4-5(e)Dinamarca 1995 - 2 1.5

Espanha 1994 22,1 3,5 2,9

Finlândia 1995 5,5 0,5(e) 0,2(e)

França 1993 15,3 2,5 -Grécia 1993 4,5 4 -

Holanda 1992 - 3,3 5,2(e)

Luxemburgo 1992 15 10,6 0,9

Portugal 1995 4,7 -Reino Unido 1994 33,3 10 4

1995 37 >10 >4(e)

Suécia 1995 5,8 0,4 0,4

1996 7,5 0,6 0,5

(a) adaptado das referências 15 e 16; (b) As metodologias seguidas variam, pelo que não é lícitaa comparação directa dos resultados; (e) valor estimado

Page 7: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

Joana Gomes da Silva, Mª Amélia Tavares 36

Revista Portuguesa de Psicossomática

consumo de MA, enquanto que 3566mortes foram causadas por consumode cocaína.

Embora os valores divulgados pa-reçam sugerir que a exposição à MAe MDMA não apresenta grande riscomortal, uma vez que o consumo é es-timado em vários milhões de doses eo número de mortes é inferior ao daheroína, a preocupação mantém-se noque se refere a possível morbilidadea longo prazo decorrente do uso re-petido da droga por uma populaçãomuito jovem. Em 1995, a EMCDDA(16)

recomendava como área de interesseprioritário o esclarecimento da natu-reza, causa e extensão dos riscos ine-rentes ao consumo de drogas, dada anecessidade de obter informação maissistemática, que permita o adequadoplaneamento das respostas, no con-texto comunitário europeu.

MODO DE ACÇÃO EMETABOLISMO DAMETANFETAMINA E MDMA

As anfetaminas são substânciaslipofílicas que atravessam facilmenteos tecidos, incluindo a barreirahemato-encefálica, e os seus efeitossão detectáveis alguns segundos apósa administração endovenosa (i.v.) (2).A inalação leva a condensação nospulmões, rápida entrada na correntesanguínea, e daí a passagem para océrebro e outros orgãos-alvo. A elimi-nação da anfetamina do plasma im-plica a acção de enzimas de distribui-ção e actividade relativamente limi-tadas (2,18), o que resulta numa semi-

vida longa, quando comparada, porexemplo, com a da cocaína.

A anfetamina e seus análogos(MA, MDMA, fenfluramina e outros),embora tenham efeito psicoestimu-lante comum, produzem efeitos neu-roquímicos e funcionais distintos(19).

Os efeitos produzidos pelas anfe-taminas têm uma componente enan-tioselectiva: o isómero d-MA ou(+)MA é cerca de 5 vezes mais poten-te do que o isómero l-MA ou (-)MA,na sua acção sobre o sistema nervosocentral (SNC) (20); relativamente aosulfato de anfetamina e à MDMA,estudos experimentais no rato verifi-caram que, nas duas drogas, oisómero d- também produz efeitomais marcado e duradouro sobre aactividade neuronial do SNC, do queo isómero l- (21-23).

A MA pode ser consumida sob di-versas formas: ingerida, injectada,fumada ou inalada ("snifada"); con-tudo, a MA pode ser fumada indepen-dentemente do tamanho dos seuscristais, já que tem ponto de fusãoentre 170-175°C (24). As vias de admi-nistração preferenciais são a intrave-nosa ou oral, ao contrário da imagemgerada pelos meios de comunicaçãosocial, de que o "ice" é preferencial-mente fumado (25). Os cristais de MAsão solúveis em água, álcool, clorofór-mio e fréon, o que facilita a adminis-tração i.v.. A MDMA ("ecstasy") éconsumida quase exclusivamente porvia oral.

No Homem, foi estudada a inala-ção de MA (30mg MA-HCl, testadaem 6 adultos do sexo masculino, comcontacto prévio com anfetaminas)(26),

Page 8: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

RevistaPortuguesa

Psicossomáticade

Vol. 1, nº 2, Jul/Dez 99

37 "Ice" e "Ecstasy": Os estimulantes do final do milénio

verificando-se que esta substância édetectável no plasma menos de 4 mi-nutos após o início da exposição. Osníveis de MA no plasma aumentamaté 2 horas após a exposição, mantêm-se elevados durante 2 horas, e dimi-nuem progressivamente ao longo das48 horas seguintes.

A ingestão de MA não parece tergrande efeito sobre os seus níveismetabólicos nem sobre os valores san-guíneos; a concentração de MA nasaliva parece ser muito mais elevadado que no plasma(27), e os valores per-manecem detectáveis cerca de 48 ho-ras(28). Por outro lado, Suzuki et al(29)

mediram a concentração de MA em25 consumidores e detectaram níveisde MA no cabelo (73% dos casos), nasunhas (65%) e no suor (50%); a MAfoi detectada na saliva apenas em 16%dos sujeitos, pelo que esta não parecepoder constituir uma referência mui-to fiável para a detecção da presençadesta substância.

Sabe-se ainda que há marcadasvariações entre diferentes espéciesanimais no metabolismo da MA (30,31):a principal reacção no rato é a hidroxi-lação aromática, na cobaia é a desme-tilação seguida de desaminação, nocão é a desaminação em d-anfetami-na, enquanto no Homem grande par-te da droga é excretada sem alteração.No Homem, o tempo de semi-vida daMA é longo, cerca de 11 a 12 horas, eesta substância é eliminada do sanguede vários modos:

– cerca de 20% perde o grupometilo ligado ao azoto terminal,formando vários derivados daanfetamina e efedrina que são

também psicoactivos(30). Estescompostos sofrem desaminação,hidroxilação e conjugação. Apresença de anfetamina na de-tecção física confirma a utiliza-ção da (+)MA, pois só quantida-des muito restritas de (-)MA sãoconvertidas deste modo, e aefedrina e compostos relaciona-dos não seguem esta via(32-34);

– entre 35 e 45% da MA, na formaoriginal, é excretada pelo rim, aolongo de alguns dias(35). Se a uri-na é ácida, a excreção renal sobeaté aos 75%, mas se for básica,este valor desce até cerca de 2%(3,

36);– outros metabolitos, como a 4-

-hidroxiMA (cerca de 15%),norefedrina e 4-hidroxinorefe-drina são também eliminadospelo rim(31).

Shindler et al(37) avaliaram os me-canismos farmacológicos dos efeitoscardíacos da MA-HCl, usando o ma-caco (Saimiri sciureus, 8 machos adul-tos) como modelo animal. Nas dosesestudadas, a administração i.v. de MAaumentou a pressão sanguínea, comefeitos distintos sobre o ritmo cardía-co: 0,1-0,3 mg/kg provocaram taqui-cardia, enquanto 1-3 mg/kg levarama bradicardia. Os autores verificaramque os efeitos taquicardizantes da MAsão mediados por α1-adrenoceptorese os efeitos pressores via α1-adreno-ceptores; os efeitos cardiovascularesenvolvem também mecanismosdopaminérgicos (DA), nomeada-mente agindo a nível dos receptoresD1 e D2, efeito também verificado norato(38). Estudos experimentais no rato

Page 9: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

Joana Gomes da Silva, Mª Amélia Tavares 38

Revista Portuguesa de Psicossomática

e no coelho indicam que os efeitoscardiovasculares da MDMA eanfetamina são mediados por meca-nismos simpatomiméticos semelhan-tes(39). No rato adulto (Sprague--Dawley, macho), a administração deMA (20 mg MA-HCl/kg/dia, duran-te 10 dias, por via intraperitoneal) nãoprovocou alterações detectáveis nometabolismo das arteríolas cerebrais,nomeadamente nas localizadas nonúcleo caudado, área tegmental ven-tral (ATV) e substância negra (SN)(40).Estes resultados estão de acordo comobservações prévias de que o aumen-to do fluxo sanguíneo cerebral indu-zido pela anfetamina não é modula-do prioritariamente por cateco-laminas (dopamina (DA), adrenalina(E), noradrenalina (NE)) (41).

Usando a ovelha como modeloanimal para avaliar os efeitos da ex-posição à MA na gravidez, Burchfieldet al (42) verificaram que esta substân-cia (MA, 0,6 e 1,2 mg/kg, i.v.) atra-vessa a placenta 30 segundos após aadministração. A mais longa semi--vida de eliminação fetal leva a que,2 horas após a administração, a con-centração de MA no feto seja superi-or à da mãe em vários tecidos anali-sados: pulmões, placenta, rim, intes-tino, fígado, cérebro e coração. Tam-bém se registou aumento da pressãosanguínea na mãe (54-63%) e no feto(20-34%), enquanto que a saturaçãoda oxi-hemoglobina e o pH arterial dofeto diminuíram. Os autores conside-raram que os efeitos detectados suge-riam que o consumo de MA na gravi-dez poderia alterar o desenvolvimen-to do feto(42).

EFEITOSCOMPORTAMENTAIS

No Homem, os efeitos da anfeta-mina e seus análogos têm marcadaexpressão a nível comportamental(3,43);esses efeitos têm vindo a ser mimeti-zados em vários modelos animais,sobretudo no macaco e no rato (pararevisão, ver 44,45), tendo sido identifi-cadas algumas alterações como dimi-nuição da ingestão de alimento, dimi-nuição da actividade em animaishiperactivos e desenvolvimento deestereotipias (para revisão, ver44).Neste contexto, verificou-se que aadministração repetida de MA nomacaco produz alterações comporta-mentais típicas, semelhantes às daanfetamina, tais como hiperactivida-de e aumento da agressividade, acom-panhadas por diminuição de peso(46).Sabe-se que, no rato, a exposição cró-nica a anfetaminas resulta na diminui-ção do efeito anoréctico (tolerância) eno agravamento dos efeitos hiperlo-comotores (sensibilização ou tolerân-cia reversa) (2,47).

No Homem, estas alterações inclu-em, numa primeira fase de estimula-ção comportamental, aumento da ac-tividade de locomoção, da comunica-ção (e eventualmente da irritabilida-de) e do interesse sexual; encontra-setaquicardia, hiperreflexia, boca seca,e midríase; podem surgir palpitaçõese tremor dos membros, o discursopassar de rápido a arrastado; podeocorrer ataxia, cefaleias e náusea; como tempo, surge sensação de fadiga,sintomas depressivos e tonturas, se-guindo-se usualmente uma fase de

Page 10: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

RevistaPortuguesa

Psicossomáticade

Vol. 1, nº 2, Jul/Dez 99

39 "Ice" e "Ecstasy": Os estimulantes do final do milénio

sono, de duração anormal(2,3,8). A ad-ministração crónica de anfetamina ouMA leva a comportamento de auto--mutilação no Homem, tambémreprodutível experimentalmente norato, ratinho e macaco (para revisão,ver 48), que se supõe estar relaciona-do com hiper-sensibilidade dos recep-tores dopaminérgicos D1(48).

Em modelos experimentais foramseleccionados alguns testes compor-tamentais para avaliar possíveis alte-rações a nível da função neuronial.Verificou-se que a administração agu-da de MA provocava diminuição noconsumo de bebidas açucaradas norato (o que está relacionado com alte-rações funcionais a nível dos circui-tos de recompensa), em animais cu-jos neurónios dopaminérgicos eserotoninérgicos estão intactos(49). Nomacaco rhesus (3 machos adultos)verificou-se que a administração re-petida e crescente de MA, durante 8ou 14 dias, afectou o desempenho deexercícios, nomeadamente o acompa-nhamento de movimentos com osolhos(46), função ligada ao sistema ex-tra-piramidal dos gânglios da base docérebro; neste caso, as respostas cor-rectas variaram inversamente com adose.

EFEITOS NEUROQUÍMICOSDA MA E MDMA

Os efeitos neuroquímicos e regio-nais da exposição a anfetaminas de-pendem de vários factores, nomeada-mente dose, duração da exposição,espécie tratada, idade dos sujeitos,

análogo da anfetamina, via e modo deadministração e história prévia deexposição/abuso de substânciaspsicoactivas (para revisão ver 5, 12, 50).Os vários paradigmas experimentaisde administração da anfetamina eseus análogos (administração aguda,subcrónica e crónica, com diversosprotocolos experimentais) levaram àexistência duma panóplia de dadosdificilmente comparáveis, referentesa efeitos da exposição a estas drogas,mantendo-se no entanto a hipótese daexistência de vários síndromes deneurotoxicidade das anfetaminas. Atítulo de exemplo, refira-se que a ex-posição experimental sistemática adoses elevadas de d-anfetamina pro-duz efeitos específicos no sistema DA,em particular na via nigroestriada.Estes efeitos traduzem-se na alteraçãode vários marcadores da actividadedopaminérgica, como sejam, deplec-ção de DA e seus metabolitos noestriado, redução da actividade datirosina hidroxílase (TH) enzimalimitante da síntese da DA e de recep-tores DA do estriado (para revisão,ver 45). A diminuição da recaptura daDA conduz à redução dos seusmetabolitos formados pós-recaptura,o que leva à redução da actividade damonoamina oxídase(51,52), enzima quepromove a degradação da DA ametabolitos inactivos. A actividade daTH aumenta(53), o que leva ao acrésci-mo da produção de DA bem como dasua libertação. Na administração cró-nica de anfetamina, o consequenteaumento da DA extracelular leva adessensibilização dos receptores pós--sinápticos, que se traduz por dimi-

Page 11: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

Joana Gomes da Silva, Mª Amélia Tavares 40

Revista Portuguesa de Psicossomática

nuição do número e densidade dos re-ceptores DA; instala-se, assim, umfenómeno de tolerância, compensadopor aumento na frequência de expo-sição à droga(2).

No caso específico da MA, os efei-tos tóxicos parecem ser menos selec-tivos e mais graves do que os da d-anfetamina, sendo atingidos váriossistemas neurotransmissores bemcomo várias áreas cerebrais (para re-visão, ver 50). A MA actua, directa ouindirectamente, sobre os sistemasneurotransmissores DA, 5-HT e NE(19, para revisão, ver 50) e afecta a

reactividade à substância P e àsendorfinas(54-58); no animal adulto, oSNC não é afectado de modo unifor-me: o corpo estriado, córtex e bolboolfactivo parecem ser mais atingidosdo que o hipotálamo, núcleoaccumbens (NAcc) e eminência me-diana(51,54,59). No Quadro 2 estão resu-midos os efeitos neuroquímicos maissignificativos da exposição repetida adoses moderadas de MA no rato, aespécie mais estudada a nível experi-mental, acompanhados pelas respec-tivas referências bibliográficas.

As primeiras descrições dos efei-

Quadro 2 -Sinopse das referências bibliográficas relativas aos efeitos neuroquímicosmais marcantes associados à exposição repetida a doses moderadas de MA no rato.

Efeitos neuroquímicos Exposição aguda Exposição crónica

Efeitos agudos (<24 horas)· Diminuição do conteúdo e recaptação

de DA, e DOPAC e HVA secundários àdeplecção da DA 19, 47, 60 - 65 47, 49, 61, 75 - 80

· Diminuição do conteúdo e recaptaçãode 5-HT e 5-HIIA 19, 60, 63, 66 - 69 61, 70, 77, 78

· Diminuição da actividade da TH 69 - 72 70, 82, 83· Diminuição da actividade da

triptofano hidroxílase (TrH) 67, 72 - 74 70· Recuperação dos níveis de DA 19

Efeitos crónicos· Diminuição persistente da DA, DOPAC

e HVA (após recuperação inicial) 54, 60, 67, 70, 75 49, 69, 76, 77· Diminuição persistente da actividade

da TH 61, 69, 70 70, 74, 81, 86· Diminuição persistente da 5-HT e

5-HIIA (após recuperação inicial) 69, 77· Diminuição persistente da actividade

da TrH 67, 69, 72 - 74 70, 75, 85, 86· Diminuição da densidade dos

terminais DA 69 49, 84, 87, 88· Diminuição da densidade dos

terminais 5-HT 72

Page 12: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

RevistaPortuguesa

Psicossomáticade

Vol. 1, nº 2, Jul/Dez 99

41 "Ice" e "Ecstasy": Os estimulantes do final do milénio

tos da exposição aguda à MA sobre osistema DA do SNC do rato datam jáde 1973(89); esse trabalho refere deplec-ção da DA do estriado 36-48 horasapós a exposição e aumento da acti-vidade da TH, com retorno aos valo-res normais ao fim de 48 horas. A ex-posição aguda à MA diminuiu a acti-vidade desta enzima na SN dois diasapós exposição, com normalizaçãoapós 3 dias(90). Trabalhos mais recen-tes realizados no ratinho adulto ex-posto de forma aguda à MA, tambémdescreveram redução do número determinais nervosos TH positivos naSN, 5 a 8 dias após a exposição(91), paraalém de diminuição dos níveis de DAno estriado. A deplecção da DA é umefeito comum na exposição à MA,observado no estriado, bolbo olfacti-vo, claustro, núcleo endopiriforme,amígdala, córtex entorrinal eNAcc(69,75,81,92,93). Este efeito é heterogé-neo entre as diferentes áreas: pareceser mais duradouro no estriado, NAcce bolbo olfactivo do que na ATV eSN(94). Fukui et al(95) verificaram aheterogeneidade de resposta noestriado, que Hirata et al caracteriza-ram(96): os terminais dopaminérgicosdo estriado lateral são mais atingidosdo que os do medial. Pu e Vorhees(97)

verificaram que os efeitos da exposi-ção aguda à MA dependiam do esta-dio de desenvolvimento do animal:em ratos com 40-60 dias, provocou re-dução do número de terminais ner-vosos imunorreactivos à TH e aumen-to da imunorreactividade à proteínaglial fibrilar acídica (GFAP) emastrócitos do caudado-putamen 3 diasapós a exposição; contudo, em ani-

mais mais jovens estes efeitos não severificaram.

A administração de dose única eelevada de MA (100 mg/kg) produzefeitos prolongados (eventualmentepermanentes), destruindo os termi-nais DA do sistema nigroestriado,sem perda de corpos celulares da par-te compacta da SN e ATV(93). Tambémfoi demonstrada a destruição de ter-minais sinápticos 5-HT(49) e a diminui-ção da densidade de varicosidades nocórtex parietal, hipotálamo, NAcc,neostriado, globo pálido, amígdala,bolbo olfactivo, hipocampo e áreapré-óptica(98). Sete dias após a admi-nistração de dose mais moderada deMA (5 doses de 17,5 mg/kg, de 6 em6 horas), há redução da ligação deradioligandos aos locais de captaçãode NE, DA e 5-HT, sendo afectadosobretudo o neurópilo, enquanto oscorpos celulares são poupados(95). Aadministração de dose mais modera-da (37,5 ou 75 mg/kg, divididas em 4tomas) leva à diminuição da ligaçãoa locais de captação da DA, cuja ex-tensão e duração depende da dose eregião cerebral(99).

A TH parece ser permanentemen-te afectada na exposição crónica àMA; no rato adulto, a administraçãocrónica de MA (em doses equivalen-tes às do consumo humano), resultouem redução da marcação da TH a lon-go prazo (2 meses) na ATV, parte com-pacta da SN, NAcc, em axónios e ter-minais pré-sinápticos no núcleocaudado e córtex frontal (100,101). É desalientar a variação da distribuição damarcação nas diferentes áreas cere-brais: na ATV é uniforme em toda a

Page 13: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

Joana Gomes da Silva, Mª Amélia Tavares 42

Revista Portuguesa de Psicossomática

célula, enquanto na parte compactada SN os corpos celulares são menosreactivos (101). A heterogeneidade daresposta também se aplica ao sistemaserotoninérgico. Axt e Molliver (102)

verificaram que, no rato, a exposiçãoaguda de MA provocava deplecçãorápida, a curto e longo prazo, dosaxónios 5-HT não-mielinizados;acresce que 30% dos animais apresen-tavam desinervação, com lesão dasfibras amielínicas, apontando paraacção selectiva numa classe de neu-rónios, e apenas em parte dos ani-mais. Se bem que a MDMA seja maispotente na promoção da saída de 5--HT dos sinaptossomas (103,104), a MAtambém provoca deplecção dos níveisde 5-HT e seus metabolitos (69,71,74,105) ediminui a actividade da enzimalimitante da síntese da 5-HT, atriptofano hidroxílase (TrH), eventu-almente por acção da DA (ou de seusmetabolitos) (71,106).

Recentemente, a análise necró-psica de 12 utilizadores crónicos deMA(107) revelou diminuição de váriosmarcadores de terminais nervososDA (nível de DA, TH e transportadorde dopamina (DAT)) em áreas doestriado, como o NAcc, caudado eputamen; os autores sugeriram que adeplecção de DA pode explicar osefeitos disfóricos da MA, enquanto adessensibilização do DAT poderiaestar subjacente à tolerância (e esca-lada do consumo de droga). Nos mes-mos sujeitos também se verificou ha-ver deplecção dos níveis de 5-HT nasáreas corticais de Brodmann 11 e 12,correspondentes ao córtex pré-frontal.

Trabalhos experimentais, no rato

e no macaco (108-112), demonstraram quedoses crónicas ou elevadas de MDMAsão neurotóxicas para uma subpopu-lação de neurónios com terminaçõesno prosencéfalo, e que estão associa-das a alterações a longo prazo naneurotransmissão DA e 5-HT noNAcc (o que poderá ser associado, noHomem, a situações de depressão epsicopatologia). No macaco, as dosesque provocam estas alterações sãosemelhantes às utilizadas no consu-mo humano (111,112).

Foi demonstrada recentemente aneurotoxicidade in vivo da MDMApara o Homem (113), tendo sido com-provada por tomografia de emissãode positrões ("PET scanning") adessensibilização do transportador de5HT em 10 de 12 áreas cerebrais estu-dadas em 14 consumidores crónicosde MDMA (em abstinência há pelomenos 3 semanas), quando compara-dos com o grupo controlo.

Tendo-se verificado a produção demetabolitos neurotóxicos da DA (6--hidroxidopamina) e da 5-HT (5,6-di--hidroxitriptamina) no cérebro de ani-mais expostos à MA ou a MDMA foisugerido que o "stress" oxidativo te-ria papel (mais ou menos) impor-tante no desenvolvimento da neuro-toxicidade da MA sobre estes sistemasneurotransmissores(68,96,114-118). Sabe-seque aminoácidos excitatórios estãoenvolvidos na acção neurotóxi-ca daMA no sistema nigroestriado(94), sen-do reconhecido o seu papel nahiperactividade locomotora norato(119); também tem sido alvo de es-tudo o papel da resposta hipertérmicaenquanto factor subjacente à neuro-toxicidade(85,118,120).

Page 14: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

RevistaPortuguesa

Psicossomáticade

Vol. 1, nº 2, Jul/Dez 99

43 "Ice" e "Ecstasy": Os estimulantes do final do milénio

A cocaína, tal como as anfe-taminas, produz activação comporta-mental, desencadeia estímulos carac-terísticos e auto-administração(121), etem grande afinidade para os trans-portadores de noradrenalina, DA e 5--HT(72,122). Estudos experimentais norato (Sprague-Dawley, machos adul-tos) demonstraram que a injecção pré-via de cocaína (20 mg/kg/dia, i.p.,durante 15 dias) potencia os efeitos daMA (6,25-50 mg/kg/dia, s.c., 2 vezes/dia durante 4 dias) na deplecção a lon-go prazo da DA do estriado(123), levan-tando a hipótese de os consumidoresde cocaína poderem ter maior suscep-tibilidade para os efeitos neu-rotóxicos dos análogos da anfetami-na.

No rato macho adulto, a adminis-tração repetida de MA, MDMA ouveículo salino, produz efeitos distin-tos sobre os sistemas neurotransmis-sores DA e 5-HT(63). A MA actua sobreos neurónios DA e 5-HT por acçãodirecta ou indirecta no efluxo deglutamato, enquanto a toxicidade in-duzida pela MDMA, principalmentesobre os neurónios 5-HT, é mediadapelo aumento da libertação de DA(62).Schmidt et al 63), por seu turno, verifi-caram que a libertação de DA (poracção da L-DOPA) potencia os efei-tos de deplecção da 5-HT mediadapela MA. Abekawa et al(59) corrobora-ram a opinião de que o glutamatodeve agir em sinergia com a DA nalesão dos neurónios DA, embora res-salvem que a sua presença não é es-sencial para esse dano.

Resumindo, os mecanismos subja-centes à neurotoxicidade de análogos

metilados da anfetamina parecem es-tar dependentes de: a) produção demetabolitos neurotóxicos, envolven-do processos oxidativos; b) efeitosdecorrentes da resposta hipertérmica;c) excitotoxicidade do glutamato, sen-do provável que estes efeitos possamcontribuir sinergisticamente para osefeitos verificados(118).

PATOLOGIA ASSOCIADA ÀEXPOSIÇÃO ÀSANFETAMINAS

As primeiras mortes relacionadascom as anfetaminas surgiram poucosanos após o reconhecimento do seuconsumo(7). Sendo os orgãos-alvo ocoração e o cérebro, as complicaçõesgraves assemelham-se às encontradasna cocaína, e incluem morte por ar-ritmia súbita, enfarte, psicose e rab-domiólise(124-127). Já em 1967, Zalis etal(128) descreveram no cão os efeitos daadministração i.v. letal de sulfato deanfetamina (10 mg/kg), sulfato de d-anfetamina (2,5 mg/kg) ou MA--HCl (2,5-5mg/kg), relacionando oefeito letal com um estado marcada-mente hipermetabólico, traduzidopor hiperpirexia, acidémia láctica,acidose, choque, taquicardia, hemóli-se intravascular, anóxia e redução dofluxo ventricular; o exame necrópsicoevidenciou a presença de fenómenoshemorrágicos generalizados, comefeito marcado no endocárdio, bemcomo necrose das células neuroniaisdos gânglios do SNA, necrose do mi-ocárdio e congestão vascular renal,pulmonar e hepática. É de destacar

Page 15: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

Joana Gomes da Silva, Mª Amélia Tavares 44

Revista Portuguesa de Psicossomática

que os efeitos patológicos eram com-partilhados pelas 3 drogas.

Embora a MDMA seja geralmenteconsiderada uma droga inofensiva,tal como a MA pode induzir reacçõesde toxicidade aguda que incluem ahipertermia maligna, convulsões, rab-domiólise, coagulação intravascu-lardisseminada, insuficiência renal agu-da, hepatite, enfarte cerebral e mortepor causa cardiovascular (129,130, pararevisão, ver105). No rato, a hipertermiaé modulada pelos receptores 5-HT2(131), que também estão envolvi-dos nos efeitos neurotóxicos a curtoprazo. A temperatura ambiente eleva-da agrava o quadro de hipertermia ea perda de água por evaporação, masa administração de MDMA a baixatemperatura ambiente (10°C) leva àinstalação de um quadro dehipotermia(132); estes resultados suge-rem que, na primeira situação, aMDMA estimula o sistema 5-HT, au-menta a taxa metabólica e a vasocons-trição periférica, aumentando perigo-samente a temperatura corporal, aponto de poder provocar a morte.

A maior parte dos casos descritosde comportamento psicótico e as car-diomiopatias são antigos, mas com oaparecimento do "ice" os relatos detoxicidade recrudesceram. Os meca-nismos de acção e toxicidade da MAsão partilhados por compostos estru-turalmente relacionados: "ice", afenfluramina e a fenilpropanolamina.O consumo de MA por via intranasalou fumado foi associado à ocorrênciade hipertermia(133), enfarte do miocár-dio(134), cardiomiopatia associada aedema pulmonar ou choque cardio-génico(135) e morte súbita(136).

Os efeitos sobre o músculo cardí-aco do rato (Wistar macho) expostocronicamente a baixa dose de MA (1mg/kg peso/dia, via i.p., durante 4,8 ou 12 semanas) foram caracteriza-dos por técnicas morfológicas, entre1 a 4 semanas após o fim da exposi-ção(137). A microscopia óptica reveloua existência de hipertrofia e atrofiacelulares, miólise, fibrólise, infiltraçãocelular e sinais de degenerescência. Apartir das 3 semanas após a cessaçãoda exposição, começou a evidenciar-se recuperação do miocárdio, mesmoapós a exposição mais prolongada (12semanas). Trabalhos recentes suge-rem que a protecção relativa do mús-culo cardíaco pode ser asseguradapela presença de "heat shock proteins"(138), proteínas que são produzidas emsituação de elevação anormal da tem-peratura e que se pensa contribuirempara a minimização dos danos resul-tantes da elevação anormal da tem-peratura corporal (dentro de certoslimites – no rato, o valor crítico pare-ce ser 41,3° C119).

Iwasa et al(139) verificaram que aadministração aguda de MA (25mg/kg, i.p.) induz morte celular porapoptose em linfócitos do timo e baçodo rato, e sugeriram que este efeitodeveria ser incluído na lista de efei-tos da toxicidade aguda da MA. Maisrecentemente, foi demonstrado que aexposição crónica à MA (coelhoJapanese White, 10 mg MA/kg peso,2 em 2 dias, 7 a 14 vezes, i.v.) induzalterações genéticas a nível do ADN,traduzidas por delecção e ampliaçãode "spots" e bandas (140).

Na forma fumável de "ice", o

Page 16: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

RevistaPortuguesa

Psicossomáticade

Vol. 1, nº 2, Jul/Dez 99

45 "Ice" e "Ecstasy": Os estimulantes do final do milénio

hidrocloreto de MA cristaliza a partirde uma solução saturada, podendo osolvente ficar retido nos cristais, doque resultam diversas complicações.A inalação (por vezes associada a ad-ministração i.v.) de MA tem sido re-lacionada com complicações oculares,nomeadamente queratite (141), úlcerascorneanas recorrentes (142), e hemorra-gias intraretinianas (143); este últimosinal clínico poderá estar relacionadocom a estimulação noradrenérgica,subjacente à hipertensão.

EFEITOS DECORRENTES DAEXPOSIÇÃO À MA DURANTEA GESTAÇÃO

Nos Estados Unidos, estima-seque a mortalidade devida ao consu-mo de MA seja cerca de 1/10 da asso-ciada ao consumo de cocaína(7). Po-rém, o consumo de MA parece sersuperior ao da cocaína em mulheresgrávidas, sobretudo fumadoras e cau-casianas(136).

A observação de efeitos teratogé-nicos da anfetamina e seus análogoslevou ao registo de eventuais efeitosdecorrentes da exposição à MA du-rante o desenvolvimento. Em 1971,Kasirski e Tansy (144) avaliaram os efei-tos teratogénicos da MA.HCl no rati-nho (5 ou 10 mg/kg peso corporal/dia), entre os dias de gestação (DG) 9a 15 e no coelho (New Zeland White,1,5 mg/kg peso corporal/dia), entreos DG 12-15, 15-20 ou 12-30. Os fetosde ratinho foram examinados no DG19 e a incidência de anomalias atin-giu os 13,6% (10 mg/kg/dia, DG 9-

15); os fetos de coelho analisados noDG 30 revelaram 12, 4 e 15,5% de in-cidência de anomalias, respectiva-mente, nos 3 períodos de exposiçãomencionados. As anomalias encontra-das incluíam exencefalia, microftal-mia, malformação de vértebras e/oucostelas, que podiam ser supranume-rárias. No ratinho também foi detec-tada anoftalmia e fenda palatina emvários animais, e no coelho ciclopia eformações herniárias do tubo diges-tivo(144).

Yamamoto et al(145) examinaram osefeitos da exposição directa de embri-ões de rato Wistar a d-MA.HCl in vitro(DG 10,5, durante 24 horas, d-MA.HCl 0, 0,1, 0,2, 0,4, 0,6 e 0,8 mM).A viabilidade dos embriões não foiafectada, verificando-se porém que osembriões tratados com 0,4-0,8 mMMA tinham menor teor de proteínacorporal, menor comprimento("crown-rump") e menor número desómitos. Nos grupos tratados com asdoses mais elevadas de MA (0,6-0,8mM) o diâmetro do saco vitelino eramenor e mais elevada a frequência demalformações, destacando-se a ocor-rência de microcefalia, malformaçõesno tubo neural, rotação incompleta doeixo corporal e dismorfia da espinalmedula; o exame histológico do teci-do neuroepitelial revelou anomaliasno desenvolvimento e presença denecrose(145).

No rato (Sprague-Dawley) expos-to prenatalmente à d-MA foram tam-bém descritas alterações oculares (20,

146). Estas alterações estão relacionadascom a dose e período de exposição(146):20 mgMA/kg/dia, entre os DG 7-12

Page 17: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

Joana Gomes da Silva, Mª Amélia Tavares 46

Revista Portuguesa de Psicossomática

ou DG 13-18, ocasionam, respectiva-mente, aumento de incidência deanoftalmia ou pregueamento da reti-na. No mesmo trabalho são referidasoutras alterações, designadamente,diminuição do ganho de peso na ges-tação, aumento da mortalidade, en-tre os dias pós-natal 1 e 3, das criasexpostas a 10 mgMA/kg/dia nos DG13-18 ou a 20 mgMA/kg/dia nos 2períodos considerados. A exposiçãomais tardia resultou em aumento damortalidade da grávida e das crias, ediminuição do crescimento das crias,que também apresentavam atraso nodesenvolvimento da locomoção. Ascrias expostas no período mais pre-coce a dose elevada de MA apresen-tavam perturbações a nível da memó-ria.

Estão ainda descritas malforma-ções cardiovasculares no pinto(147) eratinho(148) expostos a sulfato de d--anfetamina no período pré-natal. AMA administrada prenatalmente nãoparece provocar malformações a estenível (para revisão, ver 20), emboraseja sabido que o coração é um dosorgãos-alvo desta droga, o que apon-taria para a possibilidade de ocorrên-cia de alterações no feto.

Num trabalho recente(149), são re-vistos 7 casos de morte fetal ou peri-natal associados a consumo maternode MA. Os fetos, com 5 a 8 meses degestação, e os 2 lactentes teriam apa-rentemente 1 mês de idade pós-natal.Nos casos em que foram recolhidasamostras de plasma do feto e da mãe,a concentração de MA era 2 a 6 vezessuperior no feto. Os autores discutema causa de morte em função dos efei-

tos cardiovasculares da MA na mãe(resultando em "abruptio placenta")e no feto (aumento da pressão sanguí-nea, diminuição do aporte de oxigé-nio e eventual alteração da activida-de do sistema nervoso simpático).

A identificação de efeitos neurotó-xicos e teratogénicos em modelos ex-perimentais levou ao desenvolvimen-to de estudos de índole epidemioló-gica, abordando a possível ocorrên-cia de efeitos similares nos filhos demulheres consumidoras de MA. Oroe Dixon(150) avaliaram 104 pares mãe--filho com análise positiva da urinapara a presença de MA, cocaína oucocaína e MA, comparando-os com 45pares sem história de consumo dedroga, com etnia, idade de materni-dade e cuidados pré-natais similares.As crianças dos 3 grupos com histó-ria de consumo de droga, apresenta-vam alterações comportamentais, ca-racterizadas por padrões de sonoanormais, pouco apetite, tremores ehipertonia; nestes grupos, a taxa deprematuridade era mais elevada, ocrescimento intra-uterino estava atra-sado e o perímetro cefálico era menor,quando comparado com o grupo con-trolo. O grupo cocaína+MA apresen-tava maior número de hemorragiasplacentárias e a associação das duasdrogas correlacionava-se negati-vamente com a idade de gestação,peso à nascença, comprimento e pe-rímetro cefálico(150).

Noutro estudo, Dixon e Bejar(151)

examinaram 74 recém-nascidos ex-postos prenatalmente à cocaína, MAou cocaína e narcótico (grupo D),comparando-os com dois grupos de

Page 18: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

RevistaPortuguesa

Psicossomáticade

Vol. 1, nº 2, Jul/Dez 99

47 "Ice" e "Ecstasy": Os estimulantes do final do milénio

controlo – ND – não exposto a drogasmas em risco de doença hipóxica-is-quémica (n=87) e N – normal semcomplicações perinatais (n=19). A in-cidência de anomalias intracranianasnas crianças expostas a drogas (35,1%)não diferia da encontrada no grupoND e em ambos os grupos eram sig-nificativamente maiores do que nogrupo N (5,3%). As lesões das crian-ças do grupo D incluíam hemorragiaintraventricular, densidades ecográfi-cas consistentes com a presença denecrose e lesões cavitárias (sobretu-do nos gânglios da base, lobos fron-tais e estruturas da fossa posterior), econsistentes com as lesões encontra-das no adulto consumidor de cocaí-na e MA(151).

CONCLUSÃO

Dos resultados clínicos e experi-mentais publicados na literatura, res-saltam as discrepâncias existentes nacaracterização dos efeitos (directos ouindirectos) das drogas psicoactivassobre o desenvolvimento. Desde 1989têm sido realizadas numerosas inves-tigações de índole experimental natentativa de discriminar os efeitosdestas substâncias de outros factoresque, no Homem, estão sistematica-mente associados ao consumo de dro-gas de abuso, especialmente da cocaí-na e anfetaminas. Estes estudos, paraos quais investigadores do Institutode Anatomia da Faculdade de Medi-cina do Porto deram notável contri-buição(152-160), demonstraram que ospsicoestimulantes afectam o desen-

volvimento do SNC de roedores e doHomem, causando atraso da matura-ção de diferentes áreas do sistemanervoso, o que condiciona marcadasalterações da organização morfológi-ca, neuroquímica e do funcionamen-to delas dependentes.

Tendo por base os trabalhos pré-vios de Acuff-Smith (20,146) está em de-senvolvimento no Instituto de Ana-tomia da Faculdade de Medicina doPorto um modelo experimental quetem por objectivo avaliar no rato osefeitos da exposição pré- e neonatalao hidrocloreto de metanfetamina,nos períodos de desenvolvimento doSNC mais susceptíveis de serem afec-tados(161). A discriminação destes efei-tos constituirá importante ferramen-ta na compreensão dos mecanismossubjacentes à dependência, tolerânciae habituação a substâncias psicoac-tivas, conhecimento que constituiimperativo ético na conjuntura actu-al de consumo destas substâncias. Nomodelo animal desenvolvido, é pos-sível o estabelecimento de paralelis-mo temporal nos períodos utilizadosno modelo animal e o que se passano Homem; em termos gerais podeconsiderar-se que, no rato, o desen-volvimento do SNC no período pré--natal corresponde aos dois primeirostrimestres de gestação no Homem eo período pós-natal precoce (1º mês),ao último trimestre de gestação (162).

Os objectivos destes trabalhos con-sistem na: (i) caracterização da expres-são morfológica da acção da MA nosneurónios dopaminérgicos, pela de-terminação da sua distribuição topo-gráfica e densidade em áreas muito

Page 19: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

Joana Gomes da Silva, Mª Amélia Tavares 48

Revista Portuguesa de Psicossomática

particulares do SNC do rato, que sesabe serem afectadas no seu desenvol-vimento ontogenético por estas subs-tâncias – o córtex cerebral e o mesen-céfalo; (ii) caracterização da expres-são neuroquímica dos sistemascatecolaminérgicos do SNC do ratoexposto à MA, pela determinação dosníveis de monoaminas e seus metabo-litos.

É possível que a alteração domicroambiente das áreas do SNC ri-cas em neurónios dopaminérgicos, e/ou áreas de projecção destes gruposcelulares possam constituir parte im-portante dos mecanismos subja-centes à tolerância, dependência ehabituação às drogas psicoestimu-lantes. Apesar de, até à data, seremnumerosos os trabalhos que abordamos efeitos biológicos das drogas deuso ilícito na estrutura e função docérebro, ainda não está esclarecidoqual o nível de atingimento anatómi-co das vias neurotransmissoras doSNC mais vulneráveis a estas subs-tâncias.

Os resultados obtidos com este tra-balho poderão contribuir para o es-clarecimento de duas questões funda-mentais nas áreas da Neurotoxicolo-gia Experimental e da Neurobiologiado Desenvolvimento: como interferemas drogas psicoactivas no microambientedos grupos neuroniais afectando o desen-volvimento ontogenético de vias neuro-transmissoras específicas e quais os me-canismos de actuação das substânciasneuroactivas no desenvolvimento dos sis-temas catecolaminérgicos no SNC dosvertebrados?

SummaryConsumption of methylated deriva-

tives of amphetamine – methampheta-mine/"ice" and 3,4-methylenedioxyme--tamphetamine/"ecstasy" – has beengrowing recently among young adults. Inthis paper, the historic and epidemiolo-gical aspects of the consumption ofmethamphetamine and 3,4-methylenedio-xyme-tamphetamine are reviewed.Metabolism and neurochemical, behavio-ral, pathological and teratogenic effectsassociated with exposure to these psychos-timulants are described, both in clinicaland experimental situations. The repeatedexposure to these drugs by young peoplesupports the concern of long-term effectsarising both in the consumers and theiroffspring.

Key-words: Methamphetamine,MDMA, 3,4-methylenedioxyme-tham-phetamine, “ecstasy”, serotonin, dopami-ne, systemic effects, central effects.

BIBLIOGRAFIA

1. Finnegan KT. Clinical neurotoxicol-gical concerns on drugs of abuse. InNeurotoxicology: Approaches andMethods. Louis W Chang e WilliamSlikker Jr. (ed). Academic Press 1995;641-655.

2. Jaffe JH: Drug addiction and drug abu-se. In The Pharmacological Basis ofTherapeutics. AF Goodman Gilman,TW Rall, AS Nies, P Taylor (eds.) 8ªed, Pergamon Press 1990; 522-573.

3. McKimWA: Psychomotor stimulants.In Drugs and Behavior. An Introductionto Behavioral Pharmacology: William A.McKim (ed.), 2ª ed, New Jersey.Prentice Hall 1991; 201-226.

Page 20: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

RevistaPortuguesa

Psicossomáticade

Vol. 1, nº 2, Jul/Dez 99

49 "Ice" e "Ecstasy": Os estimulantes do final do milénio

4. Hoffman BB, Lefkowitz RJ: Catechola-mines and sympathomimetic drugs.In The Pharmacological Basis ofTherapeutics. AF Goodman Gilman,TW Rall, AS Nies, P Taylor (eds.) 8ªed, Pergamon Press 1990; 187-220.

5. Cho AK: Ice: a new dosage form of aold drug. Science 1990; 249: 631-634.

6. Bett W: Benzedrine sulphate in clinicalmedicine: a survey of the literature.Post Grad Med J 1946; 22: 205.

7. Karch SB: Synthetic stimulants. In ThePathology of Drug Abuse, Steven B.Karch (ed.); 2ª ed, Boca Raton. CRCPress 1996; 199-240.

8. Hofmann FG, Hofmann AD: Centralnervous system stimulants. In Hand-book on Drug and Alcohol Abuse. TheBiomedical Aspects. F.G. Hoffman (ed.).Oxford Medical Publications 1975;223-243.

9. Cantrell TS, John B, Johnson L, et al: Astudy of impurities found in metham-phetamine synthesized from ephedri-ne. Forensic Sci Int 1988; 39: 39--53.

10. Soine W: Contamination of clandes-tinely prepared drugs with syntheticby-products. NIDA Res Mon 1989; 95:44-50.

11. Moore KA, Mirshahi T, Comptons DRet al: Pharmacological characterisationof BNMPA ((-benzyl-N-methylphene-thylamine), an impurity of illicitmethamphetamine synthesis. Eur JPharmacol 1996; 311: 133-139.

12. McKenna DJ, Peroutka SJ: Neuroche-mistry and neurotoxicity of 3,4-methylenedioxymethamphetamine(MDMA, “Ecstasy”). J Neurochem1990; 54: 14-22.

13. Wolff K, Hay Awm, Sherlock K et al:Contents of "ecstasy". Lancet 1995; 346:1100-1101.

14. Krystal JH, Karper LP, Seibyl JP et al:Subanesthetic effects of the noncom-petitive NMDA antagonist ketamine

in humans. Arch Gen Psychiatry 1994;51: 199-214.

15. European Monitoring Centre for DrugAddiction (EMCDDA), 1997. In An-nual Report on the State of the DrugsProblem in the European Union. MikeAshton (ed).

16. European Monitoring Centre for DrugAddiction (EMCDDA), 1995. InAnnual Report on the State of the DrugsProblem in the European Union. MikeAshton (ed).

17. Substance abse and Mental HealthAdministration. Increased morbidityand mortality associated with abuseof methamphetamine – United States,1991-1994. Morb Mortal Wkly Rep 1995;44: 882-886.

18. Baba T, Yamada H, Oguri K et al. Par-ticipation of cytochrome P450 isozy-mes in N-demethylation, N-hydroxy-lation and aromatic hydroxylation ofmethamphetamine. Xenobiotica 1988;18: 475-484.

19. Kuczenski R, Segal DS, Cho AK et al.Hippocampus norepinephrine, cau-date dopamine and serotonin, andbehavioral responses to the stereoiso-mers of amphetamine and metham-phetamine. J Neurosci 1995; 15: 1308--1317.

20. Acuff-Smith KD. Neurobehavioral,neurochemical, and ocular effects ofprenatal methamphetamine exposure inrats as a function of dose and gestationalstage. Tese de Doutoramento, Univer-sity of Cincinnati. 189 p., 1993.

21. Rebec GV, Groves PM. Differentialeffects of the optical isomers ofamphetamine on neuronal activity inthe reticular formation and caudatenucleus of the rat. Brain Res 1975; 83:301-318.

22. Schechter MD. MDMA as a discrimi-native stimulus: Isomeric compari-sons. Pharmacol Biochem Behav 1987; 27:41-44.

Page 21: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

Joana Gomes da Silva, Mª Amélia Tavares 50

Revista Portuguesa de Psicossomática

23. Taylor KM, Snyder SH. Differentialeffects of D- and L-amphetamine onbehavior and on catecholamine dispo-sition in dopamine and norepinephri-ne containing neurons of rat brain.Brain Res 1971; 28: 295-309.

24. Sekine H, Nakahara Y. Abuse ofsmoking methamphetamine mixedwith tobacco: I. Inhalation efficiencyand pyrolysis products of metham-phetamine. J Forensic Sci 1987; 32: 1271-1280.

25. Hall W, Hando J. Illicit amphetamineas a public health problem inAustralia. Med J Aust 1993; 159: 643-644, 1993.

26. Perez-Reyes M, White WR, McDonaldAS et al. Clinical effects of metham-phetamine inhalation. Life Sci 1991; 49:953-959.

27. Cook C, Jeffcoat A, Sadler B, et al. Phar-macokinetics of oral methamphe-tamine and effects of repeated dosingin humans. Drug Metab Disp 1992; 20:856-861.

28. Wan S, Matin S, Azarnoff D. Kinetics,salivary excretion of amphetamineisomers, and effect of urinary pH. ClinPharmac Ther 1978; 23: 585-590.

29. Suzuki S, Inoue T, Hori V, et al. Analy-sis of methamphetamine in hair, nail,sweat and salive, by mass fragmento-graphy. J Anal Toxicol 1989; 13: 176-178.

30. Axelrod J. Studies on sympathomime-tic amines II. The biotransformationsand physiological disposition of D-amphetamine, D-P-hydroxyampheta-mine and D-amphetamine. J PharmacolExp Ther 1954; 110: 315-326.

31. Caldwell J, Dring LG, Williams RT:Metabolism of [14C]methampheta-mine in Man, the guinea pig and therat. Biochem J 1972; 129: 11-22.

32. Hornbeck CL, Czarny RV. Retrospecti-ve analysis of some L-methampheta-mine/L-amphetamine urine data. JAnal Toxicol 1993; 17: 23-33.

33. Cooke BJA: Chirality of methampheta-mine and amphetamine from work-place urine samples. J Anal Toxicol1994; 18: 49-51.

34. Paul BD, Past MR, McKinley KM, etal. Amphetamine as an artifact ofmethamphetamine during periodatedegradation of interfering ephedrine,pseudoephedrine, and phenylpropa-nolamine: an improved procedure foraccurate quantitation of amphetaminein urine. J Anal Toxicol 1994; 18: 331--336.

35. Cook C, Jeffcoat A, Hill J, et al: Phar-macokinetics of methamphetamineself-administered to human subjectsby smoking s(+)-methampheta-minehydrochloride. Drug Metab Disp 1993;21: 717-723.

36. Beckett A, Rowland M. Urinary excre-tion kinetics of methamphetamine inman. J Pharm Pharmac 1965; 17: 109s--114s.

37. Schindler CW, Zheng JW, Tella SR, etal. Pharmacological mechanisms inthe cardiovascular effects of metham-phetamine in conscious squirrel mon-keys. Pharmacol Biochem Behav 1992; 42:792-796.

38. Shishido T, Watanabe Y, Suzuki H, etal. Effects of repeated methampheta-mine administration on dopamine D1receptor, D2 receptor and adenylatecyclase type V mRNA levels in the ratstriatum. Neurosci Lett 1997; 222: 175--178.

39. Fitzgerald JL, Reid JJ. Sympathomi-metic actions of methylenedioxymethamphetamine in rat and rabbitisolated cardiovascular tissue. J PharmPharmacol 1994; 46: 826-834.

40. Cannon MS, Kapes ED, Trulson ME.Effects of methamphetamine onarterioles of rat caudate nucleus andmidbrain. Acta Anat 1986; 127: 226-229.

41. Norberg K, Scatton B, Korf J. Ampheta-mine-induced increase in rat cerebral

Page 22: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

RevistaPortuguesa

Psicossomáticade

Vol. 1, nº 2, Jul/Dez 99

51 "Ice" e "Ecstasy": Os estimulantes do final do milénio

blood flow: apparent lack of catecho-lamine involvement. Brain Res 1978;149: 165-174.

42. Burchfield DJ, Lucas VW, Abrams RMet al. Disposition and pharmacody-namics of methamphetamine in preg-nant sheep. JAMA 1991; 265: 1968--1973.

43. Connell PH. Clinical manifestationsand treatment of amphetamine typeof dependence. JAMA 1966; 196: 718.

44. Eiden LS, Sabol KE, Ricaute GA. Am-phetamine: effects on cathecolaminesystems and behavior. Ann RevPharmacol Toxicol 1993; 32: 639-677.

45. Robinson TE, Becker JB. Enduringchanges in brain and behavior pro-duced by chronic amphetamine ad-ministration: a review and evaluationof animal models of amphetaminepsychosis. Brain Res Rev 1986; 11: 157--198.

46. Ando K, Johanson CE, Schuster CR.Effects of dopaminergic agents on eyetracking before and after repeatedmethamphetamine. Pharmacol BiochemBehav 1986; 24: 693-699.

47. Schmid CJ, Gehlert DR, Peat MA et al.Studies on the mechanism of toleranceto methamphetamine. Brain Res 1985;343: 305-313.

48. Lara-Lemus A, Pérez-de-La-Mora M,Méndez-Franco J et al. Effects of REMsleep deprivation on the d-ampheta-mine-induced self-mutilating beha-vior. Brain Res 1997; 770: 60-64.

49. De Vito MJ, Wagner GC. Functionalconsequences following metham-phetamine-induced neuronal chan-ges. Psychopharmacol 1989; 97: 432-435.

50. Seiden LS, Ricaurte GA. Neurotoxici-ty of methamphetamine and relateddrugs. In Psychopharmacology: TheThird Generation of Progress. Herbert YMetzer (ed.) Raven Press, New York:359-366, 1987.

51. Mantle TJ, Tipton KF, Garrett NJ. Inhi-bition of monoamine oxidase by am-phetamine and related compounds.Biochem Pharmacol 1976; 25: 2073-2077.

52. Miller HH, Sore PA, Clarke DE. In vivomonoamine oxidase inhibition by d-amphetamine. Biochem Pharmacol1980; 29: 1347-1354.

53. Kumer SC, Vrana KE. Intricate regula-tion of tyrosine hydroxylase activityand gene expression. J Neurochem1996; 67: 443-462.

54. Abekawa T, Ohmori T, Koyama T. Ef-fects of repeated administration ofhigh doses of methamphetamine ondopamine and glutamate release in ratstriatum and nucleus accumbens.Brain Res 1994; 643: 276-281.

55. Hanson GR, Ritter JK, Schmidt CJ etal. Response of the mesolimbic sub-stance P systems to methampheta-mine treatment. Eur J Pharmacol 1986;128: 265-268.

56. Hanson GR, Merchant KM, Letter AAet al. Characterization of metham-phetamine effects on the striatal-nigraldynorphin system. Eur J Pharmacol1988; 155: 11-18.

57. Ujike H, Okumura K, Zushi Y et al.Persistent supersensitivity of recep-tors develops during repeated me-thamphetamine treatment. Eur JPharmacol 1992; 211: 323-328, 1992.

58. Letter AA, Merchant K, Gibb JW et al.Effect of methamphetamine on neuro-tensin concentrations in rat brain re-gions. J Pharmacol Exp Ther 1987; 241:443-447.

59. Abekawa T, Ohmori T, Koyama T. Tol-erance to the neurotoxic effect of meth-amphetamine in rats behavio-rallysensitized to methamphetamine oramphetamine. Brain Res 1997; 767: 34--44.

60. Stephans S, Yamamoto B. Metham-phetamine pretreatment and the vul-

Page 23: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

Joana Gomes da Silva, Mª Amélia Tavares 52

Revista Portuguesa de Psicossomática

nerability of the striatum to metham-phetamine neurotoxicity. Neuroscience1996; 72: 593-600.

61. Cass WA. GDNF selectively protectsdopamine neurons over serotoninneurons against the neurotoxic effectsof methamphetamine. J Neurosci 1996;16: 8132-8139.

62. Nash JF, Yamamoto BK. Methampheta-mine neurotoxicity and striatal gluta-mate release: comparison to 3,4-methylenedioxymethamphetamine.Brain Res 1992; 581: 237-243.

63. Schmidt CJ, Black CK, Taylor VL. L-DOPA potentiation of the serotonergicdeficits due to a single administrationof 3,4-methylenedioxymethampheta-mine, p-chloroamphetamine or meth-amphetamine to rats. Eur J Pharmacol1991; 203: 41-49.

64. Sonsalla PK, Gibb JW, Hanson GR.Nigrostriatal dopamine actions on theD2 receptors mediate methampheta-mine effects on the striatonigral sub-stance P system. Neuropharmacol 1986;25: 1221-1230.

65. Bowyer JF, Davies DL, Schmued L etal. Further studies of the role of hyper-thermia in methamphetamine neuro-toxicity. J Pharmacol Exp Ther 1994; 268:1571-1580.

66. Commins DL, Seiden LS. (-Methylty-rosine blocks methylamphetamine-induced degeneration in the rat soma-tosensory cortex. Brain Res 1986; 365:15-20.

67. Peat MA, Warren PF, Bakhit C et al.The acute effects of methampheta-mine, amphetamine and p-chloroam-phetamine on the cortical serotonergicsystem of the rat brain: evidence fordifferences in the effects of metham-phetamine and amphetamine. Eur JPharmacol 1985; 116: 11-16.

68. Commins DL, Axt KJ, Vosmer G, et al.5,6-Dihydroxytryptamine, a seroto-

nergic neurotoxin is formed endoge-nously in the rat brain. Brain Res 1987;403: 7-14.

69. Ricaurte GA, Schuster CR, Seiden LS.Long-term effects of repeated methy-lamphetamine administration ondopamine and serotonin neurons inthe rat brain: a regional study. BrainRes 193: 153-163, 1980.

70. Hotchkiss AJ, Gibb JW. Long-termeffects of multiple doses of metham-phetamine on tryptophan hydroxyla-se and tyrosine hydroxylase activityin the rat brain. J Pharmacol Exp Ther1980; 214: 257-262.

71. Johnson M, Stone DM, Hanson GR, etal. Role of the dopaminergic nigros-triatal pathway in methamphetamineinduced depression of the neostriatalserotonergic system. Eur J Pharmacol1987; 135: 231-234.

72. McCabe RT, Gibb JW, Wamsley JK etal. Autoradiographic analysis of mus-carinic cholinergic and serotonergicreceptor alterations following me-thamphetamine treatment. Brain ResBull 1987; 19: 551-557.

73. Stone DM, Johnson M, Hanson GR etal. Acute inactivation of tryptophanhydroxylase by amphetamine analogsinvolves the oxidation of sulfhydrylsites. Eur J Pharmacol 1989; 172: 93-97.

74. Bakhi C, Gibb JW. Methamphetamine-induced depression of tryptophanhydroxylase: recovery following acutetreatment. Eur J Pharmacol 1981; 76:229-233.

75. Wagner GC, Ricaute GA, Seiden LS, etal. Long lasting depletions of striataldopamine uptake sites following re-peated administration of metham-phetamine. Brain Res 1980; 181: 151--160.

76. Bennett BA, Hollingsworth CK, Mar-tin RS et al. Methamphetamine-in-duced alterations in dopamine trans-porter function. Brain Res 1997; 782:

Page 24: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

RevistaPortuguesa

Psicossomáticade

Vol. 1, nº 2, Jul/Dez 99

53 "Ice" e "Ecstasy": Os estimulantes do final do milénio

219-227.77. Schmidt CJ, Ritter JK, Sonsalla PK et

al. Role of dopamine in the neurotoxiceffects of methamphetamine. JPharmacol Exp Ther 1985; 233: 539--544.

78. Hanson GR, Matsuda LA, Gibb JW.Effects of cocaine on methampheta-mine-induced neurochemical chan-ges: characterisation of cocaine as amonoamine uptake blocker. J Phar-macol Exp Ther 1987; 242: 507-513.

79. Stephans SE, Yamamoto BK. Effect ofrepeated methamphetamine adminis-trations on dopamine and glutamateefflux in rat prefrontal cortex. Brain Res1997; 700: 99-106.

80. Arai I, Shimazoe T, Shibata S et al. En-hancement of dopamine release fromthe striatum through metabotropicglutamate receptor activation in meth-amphetamine sensitized rats. BrainRes 1996; 729: 277-280.

81. McCabe RT, Hanson GR, Dawson TM,et al. Methamphetamine-induced re-duction in D1 and D2 dopaminereceptors as evidenced by autoradio-raphy: comparison with tyrosine hy-droxylase activity. Neuroscience 1987;23: 253-261.

82. Higashi H, Inanaga K, Nishi S et al.Enhancement of dopamine actions onrat nucleus accumbens neurones invitro after methamphetamine pre-treatment. J Physiol 1989; 408: 587--603.

83. O’Dell SJ, Weihmuller FB, Marshall JF.Multiple methamphetamine injectionsinduce marked increases in extracel-lular striatal dopamine which corre-late with subsequent neurotoxicity.Brain Res 1991; 564: 256-260.

84. Pu C, Fisher JE, Cappon GD, et al. Theeffects of amfonelic acid, a dopamineuptake inhibitor, on methampheta-mine-induced dopaminergic terminaldegeneration and astrocytic response

in rat striatum. Brain Res 1994; 649:217-224.

85. Fleckenstein AE. Effect of metham-phetamine on tryptophan hydroxy-lase activity: role of hyperthermia. EurJ Pharmacol 1997; 332: 263-265.

86. Fleckenstein AE, Beyeler ML, JacksonJC et al. Methamphetamine-induceddecrease in tryptophan-hydroxylaseactivity: role of 5-hydroxytryptami-nergic transporters. Eur J Pharmacol1997; 324: 179-186.

87. Nakayama M, Koyama T, Yamashi I.Long-lasting decrease in dopamineuptake sites following repeated ad-ministration of methamphetamine inthe rat striatum. Brain Res 1993; 601,209-212.

88. Ricaurte GA, Seiden LS, Schuster CR.Further evidence that amphetaminesproduce long-lasting dopamine neu-rochemical deficits by destroyingdopamine nerve fibers. Brain Res 1984;303: 359-364.

89. Koda LY, Gibb JW. Adrenal and stri-atal tyrosine hydroxylase activity af-ter methamphetamine. J Pharmacol ExpTher 1973; 185: 42-48.

90. Kogan FJ, Nichols WK, Gibb JW. In-fluence of methamphetamine onnigral and striatal tyrosine hydroxy-lase activity and on striatal dopaminelevels. Eur J Pharmacol 1976; 36: 363-371.

91. Sonsalla PK, Jochnowitz ND, ZeevalkGD, et al. Treatment of mice with me-thamphetamine produces cell loss inthe substantia nigra. Brain Res 1996;738: 172-175.

92. Ricaurte GA, Guillery RW, Seiden LS,et al. Dopamine nerve terminals de-generation produced by high doses ofmethylamphetamine in the rat brain.Brain Res 1982; 235: 93-103.

93. Sonsalla P-K, Riordan DE, Heikkila RE.Competitive and noncompetitive an-tagonists at N-Methyl-D-aspartate

Page 25: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

Joana Gomes da Silva, Mª Amélia Tavares 54

Revista Portuguesa de Psicossomática

receptors protect against metham-phetamine-induced dopa-minergicdamage in mice. J Pharmacol Exp Ther1991; 256: 506-512.

94. Brunswick DJ, Benmansour S, Tejani-Butt SM, Hauptmann M: Effects ofhigh-dose methamphetamine onmonoamine uptake sites in rat brainmeasured by quantitative autoradiog-raphy. Synapse 1992; 11: 287-293.

95. Fukui K, Kariiyama H, Kashiba A, etal. Further confirmation of heteroge-neity of the rat striatum: differentmosaic patterns of dopamine fibersafter administration of methampheta-mine or reserpine. Brain Res 1986; 382:81-86.

96. Hirata H, Ladenhein B, Carlson E etal. Autoradiographic evidence ofmethamphetamine-induced striataldopaminergic loss in the mouse brain:attenuation in CuZn-superoxydedismutase transgenic mice. Brain Res1996; 714: 95-103.

97. Pu C, Vorhees CV. Developmental dis-sociation of methamphetamine-in-duced depletion of dopaminergic ter-minals and astrocyte reaction in ratstriatum. Dev Brain Res 1993; 72: 325--328.

98. Fukui K, Nakajima T, Kariiyama H, etal. Selective reductions of serotoninimmunoreactivity in some forebrainregions of rats induced by acute meth-amphetamine treatment: quantitativemorphometric analysis by serotoninimmunocytochemistry. Brain Res 1989;482: 198-203.

99. Kovachich GB, Aronson CE, Bruns-wick DJ. Effects of high-dose metham-phetamine administration on serot-onin uptake sites in rat brain meas-ured using [3H]cyanoimipra-mine au-toradiography. Brain Res 1989; 505:123-129.

100. Trulson ME, Cannon MS, Faegg TS,et al. Tyrosine hydroxylase immuno-chemistry and quantitative lightmicroscopic studies of the mesolim-bic dopamine system in rat brain:effects of chronic methamphe-tamine administration. Brain Res Bull1985; 18: 267-277.

101. Trulson ME, Cannon MS, Faegg TS,et al. Effects of chronic metham-phetamine on the nigral-striataldopamine system in rat brain:tyrosine hydroxylase immunoche-mistry and quantitative lightmicroscopic studies. Brain Res Bull1987; 15: 569-577.

102. Axt KJ, Molliver ME. Immunocy-tochemical evidence for metham-phetamine-induced serotonergicaxon loss in the rat brain. Synapse1991; 9: 302-313.

103. Berger UV, Gu XF, Azmitia EC. Thesubstituted amphetamines 3,4-methylenedioxy-methamphetami-ne, methamphetamine, p-chloroam-phetamine and fenfluramine induce5-hydroxytryptamine release via acommon mechanism blocked byfluoxetine and cocaine. Eur J Pharma-col 1992; 215: 153-160.

104. Schechter MD. Serotonergic-dopami-nergic mediation of 3,4-methylene-dioxy-methamphetamine (MDMA,"Ecstasy"). Pharmacol Biochem Behav1988; 31: 817-824.

105. Green AR, Cross AJ, Goodwin GM.Review of the pharmacology andclinical pharmacology of 3,4-methylenedioxymethamphetamine(MDMA or "Ecstasy"). Psychopharma-col 1995; 119: 247-260.

106. Johnson M, Hanson GR, Gibb JW.Effects of dopaminergic and seroto-nergic receptor blockade on neuro-chemical changes induced by acuteadministration of methamphetami-

Page 26: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

RevistaPortuguesa

Psicossomáticade

Vol. 1, nº 2, Jul/Dez 99

55 "Ice" e "Ecstasy": Os estimulantes do final do milénio

ne and 3,4-methylenedioxymetham-phetamine. Neuropharmacology 1988;27: 1089-1096.

107. Wilson JM, Kalasinsky KS, Levey A,et al. Striatal dopamine nervemarkers in human, chronic metham-phetamine users. Nature Med 1996;2: 699-703.

108. Battaglia G, Yeh SY, O’Hearn E et al:3,4 - Methylenedioxymethamphe-tamine and 3,4 - methylenedioxyam-phetamine destroy serotoninterminals in rat brain: quantificationof neurodegeneration by measure-ment of [3H]paroxetine-labeledserotonin uptake sites. J PharmacolExp Ther 1987; 243: 911-916.

109. Mamounas LA, Mullen CA, O’HearnE, et al. Dual serotonergic projectionsto forebrain in the rat: morphologi-cally distinct 5-HT axon terminalsexhibit differential vulnerability toneurotoxic amphetamine derivati-ves. J Comp Neurol 1991; 314: 558-586.

110. O’Hearn E, Battaglia G, De Souza EB,et al: Methylenedioxyamphetamine(MDA) and methylene-dioxyme-thamphetamine (MDMA) causeselective ablation of serotonergicaxon terminals in forebrain: Immu-nocytochemical evidence for neuro-toxicity. J Neurosci 1988; 8: 2788-2803.

111. Ricaurte GA, De Lanney LE, WienerSE, et al. 5-Hydroxyindolacetic acidin cerebrospinal fluid reflects seroto-nergic damage induced by 3,4-methylenedioxy-methamphetaminein CNS of non-human primates.Brain Res 1988; 474: 359-363.

112. Ricaurte GA, Forno LS, Wilson MA etal: (±)3,4-methylenedioxyme-tham-phetamine selectively damages cen-tral serotonergic neurons in nonhuman primates. JAMA 1988; 260:51-55.

113. McCann UD, Szabo Z, Scheffel U etal. Positron emission tomographic

evidence of toxic effect of MDMA("Ecstasy") on brain serotoninneurons in human beings. Lancet1998; 352: 1433-37.

114. Marek GJ, Vosmer G, Seiden LS.Dopamine uptake inhibitors blocklong-term neurotoxic effects ofmethamphetamine upon dopami-nergic neurons. Brain Res 1990; 513:274-279, 1990.

115. Marek GJ, Vosmer G, Seiden LS. Theeffects of monoamine uptakeinhibitors and methamphetamine onneostriatal 6-hydroxydopamine (6-OHDA) formation, short-termmonoamine depletions and locomo-tor activity in the rat. Brain Res 1990;516: 1-7.

116. Finnegan KT, Karler R. Role forprotein synthesis in the neurotoxiceffects of methamphetamine in miceand rats. Brain Res 1992; 591: 160-164.

117. Bowyer JF, Clausing P, Gough B, et al.Nitric oxide regulation of me-thamphetamine-induced dopaminerelease in caudate/putamen. BrainRes 1995; 699: 62-70.

118. Fleckenstein AE, Wilkins DG, Gibb JWet al. Interaction between hy-perthermia and oxygen radicalformation in the 5-hydroxytryptami-nergic response to a single me-thamphetamine administration. JPharmacol Exp Ther 1997; 283: 281--285.

119. Fukumura M, Cappon GD, BroeningHW et al. Methamphetamine-indu-ced dopamine and serotonin reduc-tions in neostriatum are not genderspecific in rats with comparablehyperthermic responses. NeurotoxicolTeratol 1998; 20: 441-448.

120. Hashimoto A, Nishikawa T, Oka T, etal: D-alanine inhibits methamphe-tamine-induced hyperactivity inrats. Eur J Pharmacol 1991; 202: 105--107.

Page 27: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

Joana Gomes da Silva, Mª Amélia Tavares 56

Revista Portuguesa de Psicossomática

121. Woolverton WL, Balster RL. Behavio-ral pharmacology of local anesthe-tics: reinforcing and discriminativestimulus effects. Pharmacol BiochemBehav 1982; 16: 491.

122. Ritz MC, Lamb RJ, Goldberg SR, etal. Cocaine receptors on dopaminetransporters are related to self-administration of cocaine. Science1987; 237: 1219-1223.

123. Kleven MS, Seiden LS. Repeatedinjection of cocaine potentiatesmethamphetamine-induced toxicityto dopamine-containing neurons inrat striatum. Brain Res 1991; 557: 340--343.

124. Call TD, Hartneck J, Dickinson WA,et al: Acute cardiomyopathy secon-dary to intravenous amphetamineabuse. Ann Int Med 1982; 97: 559-560.

125. Rothrock JF, Rubenstein R, Lyden PD.Ischemic stroke associated with me-thamphetamine inhalation. Neurolo-gy 1988; 38: 589-592.

126. Imanse J, Vanneste V. Intraventricularhemorrhage following amphetamineabuse. Neurology 1990; 40: 1318-1319.

127. Kaku DA, So YT. Acute femoral neu-ropathy and iliopsoas infarction inintravenous drug abusers. Neurology1990; 40: 1317-1318.

128. Zalis EG, Lundberg GD, Knutson RA.The pathophysiology of acuteamphetamine poisoning withpathologic correlation. J PharmacolExp Ther 1967; 158: 115-127.

129. Squier MV, Jalloh S, Hilton-Jones D,et al. Death after "ecstasy" ingestion:neuropathological findings. J NeurolNeurosurg Psychiatr 1995; 58: 756-764.

130. Hanyu S, Ikegushi K, Imai H, et al.Cerebral infarction associated with3,4-methylenedioxymethampheta-mine ("ecstasy") abuse. Eur Neurol1995; 35: 173.

131. Schmidt CJ, Black CK, Abbate GM, etal: Methylenedioxymethamphe-

tamine-induced hyperthermia andneurotoxicity are independentlymediated by 5-HT2 receptors. BrainRes 1990; 329: 85-90.

132. Gordon CJ, Watkinson WP, O’Callghan JP, et al. Effects of 3,4-methylenedioxymethamphetamineon autonomic thermoregulatoryresponses of the rat. PharmacolBiochem Behav 1991; 38: 339-344.

133. Katsumata S, Sato K, Kashiwade H,et al. Sudden death due presumablyto internal use of methamphetamine.Forensic Sci Int 1993; 62: 209-215.

134. Furst SR, Fallon SP, Reznik GN, et al.Miocardial infarction after inhalationof methamphetamine. N Eng J Med1990; 323: 1147-1148.

135. Hong R, Matsuyama E, Nur K. Car-diomyopathy associated with thesmoking of crystal methamphetami-ne. JAMA 1991; 265: 1152-1154.

136. Vega W, Kolody B, Hwang J, et al.Prevalence and magnitude of peri-natal substance exposure inCalifornia. N Engl J Med 1993; 329:850-854.

137. Islam MN, Kuroki H, Hongcheng B.Cardiac lesions and their reversibili-ty after long-term administration ofmethamphetamine. For Sci Int 1995;75: 29-43.

138. Kuperman DI, Freyaldenhoven TE,Schmued LC et al. Methamphetami-ne-induced hyperthermia in mice:examination of dopamine depletionand heat-shock protein induction.Brain Res 1997; 771: 221-227.

139. Iwasa M, Maeno Y, Inoue H et al.Induction of apoptotic cell death inrat thymus and spleen after a bolusinjection of methamphetamine. Int JLegal Med 1996; 109:23-28.

140. Sawagughi T, Wang X, Sawaguchi A.Changes in DNA induced by toxicagents. For Sci Int 1996; 78: 169-178.

141. Poulsen EJ, Mannis MJ, Chang SD:

Page 28: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

RevistaPortuguesa

Psicossomáticade

Vol. 1, nº 2, Jul/Dez 99

57 "Ice" e "Ecstasy": Os estimulantes do final do milénio

Keratitis in methamphetamineabusers. Cornea 1996; 15: 477-482.

142. Chuck RS, Williams JM, GoldbergMA, et al. Recurrent corneal ulcera-tions associated with smokeablemethamphetamine abuse. Am JOphthalmol 1996; 121: 571-572.

143. Wallace RT, Brown GC, Benson W, etal. Sudden retinal manifestations ofintranasal cocaine and methamphe-tamine abuse. Am J Ophthalmol 1992;114: 158-159.

144. Kasirsky G, Tansy MF. Teratogeniceffects of methamphetamine in miceand rabbits. Teratology 1971; 4: 131--134.

145. Yamamoto Y, Yamamoto K, Abiru Het al. Effects of methamphetamine onrat embryos cultured in vitro. BiolNeonate 1995; 68: 33-38.

146. Acuff-Smith KD, Schilling MA, FisherJE, et al. Stage-specific effects ofprenatal d-methamphetamine expo-sure on behavioral and eye develop-ment in rats. Neurotoxicol Teratol 1996;18: 199-215.

147. Cameron RH, Kolesari GL, Kalb-fleisch JH. Pharmacology of d-amphetamine-induced cardiovascu-lar malformations in the chickembryo. Teratology 1983; 27: 253-259.

148. Fein A, Shviro Y, Manoach M, et al:Teratogenic effect of d-amphetaminesulphate: histodifferentiation andelectrocardiogram pattern of mouseembryonic heart. Teratology 1987;35:27-34, 1987.

149. Stewart JL E Meeker JE. Fetal andinfant deaths associated with mater-nal methamphetamine abuse. J AnalToxicol 1997; 21: 515-517.

150. Oro AM, Dixon SD. Perinatal cocaineand methamphetamine exposure:maternal and neonatal correlates. JPediatr 1987; 111: 571-578.

151. Dixon SD, Bejar R: Echoencephalo-graphic findings in neonates asso-

ciated with maternal cocaine andmethamphetamine use: inciden-ceand clinical correlates. J Pediatr 1989;115: 770-778.

152. Silva-Araújo A, Salgado-Borges J,Cardoso V, et al. Changes in retinalganglion cell layer and optic nervein neonatal rats exposed to cocaine.Exp Eye Res 1993; 56: 199-206.

153. Silva-Araújo A, Abreu-Dias P, Salga-do-Borges J, et al. Retinal changesinduced by neonatal cocaineexposure in the rat. Graefe’s Arch ClinExp Ophthalmol 1994; 232: 162-166.

154. Silva-Araújo A, Abreu-Dias P, SilvaMC, et al. Effects of prenatal cocaineexposure in the photoreceptor cellsof the rat retina. Mol Neurobiol 1995;11: 77-86.

155. Silva-Araújo A, Silva MC, Abreu-DiasP, et al. Effects of prenatal cocaineexposure in the retinal ganglion celllayer in the rat. Mol Neurobiol 1995;11: 87-97.

156. Silva-Araújo A, Tavares MA.Expression of glial fibrillary acidicprotein in the rat retina afterexposure to psychostimulants. Reti-na 1995; 15: 241-245.

157. Silva-Araújo A, Tavares MA, PatacãoMH, Carolina RM. Retinal hemor-rhages associated with in uteroexposure to cocaine. Experimentaland clinical findings. Retina 1996; 16:411-418.

158. Xavier MR, Tavares MA, Machado J,et al. Effects of prenatal exposure tococaine in the prefrontal cortex of therat. A morphometric evaluation. MolNeurobiol 1995; 12: 99-110.

159. Silva-Araújo A, Silva MC, Simon A,et al. The effects of prenatal exposureto cocaine on the dopaminergic cellsin the rat retina. An immunocytoche-mical and neurochemical study. ExpEye Res 1996; 62: 696-708.

160. Tavares MA, Silva MC, Silva-Araújo

Page 29: Redalyc. Ice e Ecstasy : Os estimulantes do final do milénio

Joana Gomes da Silva, Mª Amélia Tavares 58

Revista Portuguesa de Psicossomática

A, et al. Effects of prenatal exposureto amphetamine in the prefrontalcortex of the rat. An evaluation ofgrowth, morphometric and neuro-chemical parameters. Internat JDevelop Neuroscience 1996; 14: 585--596.

161. Gomes-da-Silva J, Silva MC, TavaresMA. Developmental exposure tomethamphetamine: a neonatalmodel in the rat. Ann NY Acad Sci1998; 844: 310-313.

162. Dobbing J, Sands J. Comparativeaspects of the brain growth spurt.Early Brain Dev 1979; 3: 79-83.

Informação sobre os autores * Investigadora do grupo de Neurocom-

portamento do Instituto de BiologiaMolecular e Celular (IBMC).

** Professora Catedrática da Faculdade deMedicina do Porto.

Abreviaturas:ATV – área tegmental ventral; DA –

dopamina; DOPAC – ácido dihidroxi-fenilacético; E – epinefrina; 5-HT – 5-hidroxitriptamina, serotonina, serotoni-nérgico; 5-HIIA – ácido hidroxindolacé-tico; HVA – ácido homovanílico; i.p. –intraperitoneal; i.v. – endovenoso; MA –metanfetamina; MDA – metilenedioxian-fetamina; MDEA – 3,4-metilenedioxietan-fetamina; MDMA – 3,4-metilenedioxime-tanfetamina, "ecstasy"; NAcc – núcleoaccumbens; s.c. - subcutâneo; SN – subs-tância negra; SNC – sistema nervoso cen-tral; TH – tirosina hidroxílase; TrH –triptofano hidroxílase.