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Problemas fitossanitários em musáceas no subtrópico: particularidades para seu manejo. Robert Harri Hinz [email protected] A bananicultura no subtrópico brasileiro sofre limitações decorrentes da amplitude térmica e variação no comprimento dos dias. As maiores limitações decorrem das baixas temperaturas, quando a velocidade de emissão foliar baixa de 0,8 folhas/semana para 1 folha/mês. Essa baixa tem implicações no metabolismo e fisiologia das plantas, interferindo nos mecanismos de defesa, e aumenta o tempo de exposição aos patógenos ao estender o ciclo de produção. O comportamento da sigatoka é influenciado pelas baixas temperaturas com reflexos no período de incubação que alonga, levando à suspensão das aplicações de fungicidas no inverno. O Sistema de Previsão adequado para essas condições, considera que no outono e inverno as folhas 2 e 3 apresentam estágios de manchas mais avançados em decorrência do desenvolvimento mais lento das plantas e do patógeno nesse período. Os programas de controle preveem monitoramento, testes de sensibilidade, aplicação alternada e mistura de fungicidas; cirurgia; manejo de ervas e do bananal, e reforma. As infecções do mal-do-panamá ocorrem com maior intensidade na primavera. Esse fenômeno decorre da baixa atividade metabólica, desequilíbrio nutricional, e prejuízos provocados pelas baixas temperaturas. As bananeiras debilitadas no inverno aceleram o crescimento na primavera, provocando desequilíbrio nutricional que afeta os mecanismos de resistência. O Fusarium é favorecido pela baixa atividade microrgânica no inverno que diminui a supressividade do solo. No combate são utilizados cultivares resistentes; adubações parceladas em área total; compostos orgânicos; Trichoderma; roçadas mecânicas; semeadura de gramíneas e leguminosas consorciadas com mato. O BSV representa risco nessa região. Seus sintomas e prejuízos se intensificam no inverno, ocorrendo em reboleiras. É disseminado por mudas contaminadas, mas vem surgindo em bananais consorciados ou próximos a palmitais infestados de cochonilhas. Mudas de palmeiras de viveiros próximos a bananais contaminados podem disseminar o vírus através de cochonilhas. A ocorrência e disseminação são combatidas com mudas certificadas, eliminação de touceiras contaminadas, evitando o cultivo de palmeiras próximo a bananais, fiscalizando viveiros de palmeiras. Os nematoides Radopholus similis e Pratylenchus sp., iniciam o ataque na primavera quando se intensificam o crescimento das plantas, brotação e crescimento de sistema radicular. Em Santa Catarina a ocorrência de Radopholus similis está abaixo de 300 nematóides/100g de raízes nas áreas roçadas mecanicamente com aplicação de compostos orgânicos. Recomenda-se plantar e renovar bananais utilizando mudas certificadas, e semeadura de gramíneas e leguminosas consorciadas ao mato.

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Problemas fitossanitários em musáceas no subtrópico: particularidades para seu manejo.

Robert Harri Hinz [email protected]

A bananicultura no subtrópico brasileiro sofre limitações decorrentes da amplitude térmica e variação no comprimento dos dias. As maiores limitações decorrem das baixas temperaturas, quando a velocidade de emissão foliar baixa de 0,8 folhas/semana para 1 folha/mês. Essa baixa tem implicações no metabolismo e fisiologia das plantas, interferindo nos mecanismos de defesa, e aumenta o tempo de exposição aos patógenos ao estender o ciclo de produção. O comportamento da sigatoka é influenciado pelas baixas temperaturas com reflexos no período de incubação que alonga, levando à suspensão das aplicações de fungicidas no inverno. O Sistema de Previsão adequado para essas condições, considera que no outono e inverno as folhas 2 e 3 apresentam estágios de manchas mais avançados em decorrência do desenvolvimento mais lento das plantas e do patógeno nesse período. Os programas de controle preveem monitoramento, testes de sensibilidade, aplicação alternada e mistura de fungicidas; cirurgia; manejo de ervas e do bananal, e reforma. As infecções do mal-do-panamá ocorrem com maior intensidade na primavera. Esse fenômeno decorre da baixa atividade metabólica, desequilíbrio nutricional, e prejuízos provocados pelas baixas temperaturas. As bananeiras debilitadas no inverno aceleram o crescimento na primavera, provocando desequilíbrio nutricional que afeta os mecanismos de resistência. O Fusarium é favorecido pela baixa atividade microrgânica no inverno que diminui a supressividade do solo. No combate são utilizados cultivares resistentes; adubações parceladas em área total; compostos orgânicos; Trichoderma; roçadas mecânicas; semeadura de gramíneas e leguminosas consorciadas com mato. O BSV representa risco nessa região. Seus sintomas e prejuízos se intensificam no inverno, ocorrendo em reboleiras. É disseminado por mudas contaminadas, mas vem surgindo em bananais consorciados ou próximos a palmitais infestados de cochonilhas. Mudas de palmeiras de viveiros próximos a bananais contaminados podem disseminar o vírus através de cochonilhas. A ocorrência e disseminação são combatidas com mudas certificadas, eliminação de touceiras contaminadas, evitando o cultivo de palmeiras próximo a bananais, fiscalizando viveiros de palmeiras. Os nematoides Radopholus similis e Pratylenchus sp., iniciam o ataque na primavera quando se intensificam o crescimento das plantas, brotação e crescimento de sistema radicular. Em Santa Catarina a ocorrência de Radopholus similis está abaixo de 300 nematóides/100g de raízes nas áreas roçadas mecanicamente com aplicação de compostos orgânicos. Recomenda-se plantar e renovar bananais utilizando mudas certificadas, e semeadura de gramíneas e leguminosas consorciadas ao mato.

 As doenças de pós-colheita mais comuns são antracnose, podridão de coroa e fumagina. O controle da antracnose depende do controle do trips, do ensacamento precoce dos cachos, uso de sacos plásticos adequados, e gravatas plásticas inseticidas. O manejo é semelhante para fumagina, com aplicação de fungicidas sistêmicos na axila da folha bandeira da inflorescência pendente fechada. O controle da podridão de coroa, intensificado pelo maior tempo de exposição das frutas de outono e inverno, depende do manejo do cacho em campo e na casa de embalagem, com o tratamento e reciclagem de água, e aplicação de fungicidas na coroa. Palavras Chave: Doenças, Manejo, Controle integrado, Subtrópico.