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Prática de Ensino nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental

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Prática de Ensino nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental

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Material Teórico

Responsável pelo Conteúdo:Profa. Dra. Julia de Cassia Pereira do Nascimento

Revisão Textual:Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco

Oralidade e produção textual, alfabetização e letramento na Educação de jovens e adultos e arte e lúdico

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• Introdução

• Oralidade e produção textual

• Alfabetização e letramento na educação de jovens e adultos

• A arte e o lúdico

· Organizar informações e produzir saberes que possibilitem a crítica e discussões na disciplina Prática de ensino nos anos iniciais do Ensino Fundamental, com propostas pedagógicas voltadas aos focos oralidade e produção textual, alfabetização e letramento na Educação de Jovens e Adultos e arte e lúdico, a partir das observações em campo de estágio.

OBJETIVO DE APRENDIZADO

Caro(a) aluno(a),

Nesta Unidade veremos um pouco mais sobre a prática de ensino nos anos iniciais do Ensino Fundamental, ressaltando o trabalho nesse nível de ensino com a oralidade e produção textual, alfabetização e letramento na Educação de Jovens e Adultos e arte e lúdico.

Então, procure ler, com atenção, o conteúdo disponibilizado e o material comple-mentar. Não se esqueça! A leitura é um momento oportuno para formular suas dúvidas; por isso, não deixe de registrá-las e transmiti-las ao professor-tutor.

Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra em um ambiente mais interativo possível, permitindo a reflexão e discussão necessárias à sua formação, participe da atividade de aprofundamento desta Unidade.

Cada material disponibilizado é mais um elemento para seu aprendizado, de modo que estude todos com atenção!

Lembre-se: você é responsável pelo seu processo de estudo. Por isso, aproveite ao máximo esta vivência digital!

ORIENTAÇÕES

Oralidade e produção textual, alfabetização e letramento na Educação de Jovens e Adultos e arte e lúdico

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UNIDADE Oralidade e produção textual, alfabetização e letramento na Educação de jovens e adultos e arte e lúdico

Contextualização

Fonte: Mauricio de Sousa Produções Ltda.

Você pode nos contar esta história? Percebeu que mesmo sem a escrita é possível nos comunicarmos e contarmos algo a alguém?

Nesta Unidade você saberá mais sobre a oralidade e a produção textual, além da utilização da arte e do lúdico nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

E se você estiver trabalhando com a Educação de Jovens e Adultos? Poderá utilizar as mesmas estratégias e recursos?

Aprenda sobre esses importantes focos de seu trabalho nesse nível de ensino.

Bom estudo!

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IntroduçãoRefletir sobre a prática de ensino do professor que atua nos anos iniciais do

Ensino Fundamental deve nos levar a discussões sobre os aspectos de seu trabalho e situações que serão vivenciadas por esse profissional nas diferentes disciplinas sob sua responsabilidade.

Assim, nesta Unidade conheceremos e refletiremos sobre três importantes focos do trabalho docente.

Oralidade e produção textualTanto a oralidade quanto a produção textual são importantes bases para a

alfabetização e podem ser trabalhadas nas diferentes disciplinas.

Ambas são manifestações de nossa língua, devendo caminhar juntas no processo de alfabetização, permitindo que a criança aumente sua capacidade de ler, escrever e se comunicar; porém, suas características são diferentes entre si.

É importante que ao observar a prática do professor nos anos iniciais do Ensino Fundamental, o graduando faça considerações que auxiliem suas discussões e contribuições na disciplina Prática de ensino, mas que também permitam a construção de sua própria prática pedagógica.

No que diz respeito à oralidade e produção textual, o aluno poderá observar:

· Se – e como – os professores incentivam seus alunos a desenvolverem a oralidade;

· Se – e de que forma – os professores solicitam aos seus alunos que realizem produções textuais;

· Se a produção textual é trabalhada em diferentes áreas do conhecimento ou apenas em Língua Portuguesa; e

· Analisar as práticas dos professores, buscando perceber as diferentes estratégias utilizadas para o trabalho com produção textual.

Os processos de produção se desdobram em atividades de fala e escrita, enquanto os de compreensão em atividades de leitura e escuta.

Quando se afirma, portanto, que a finalidade do ensino de Língua Portuguesa é a expansão das possibilidades do uso da linguagem, assume-se que as capacidades a serem desenvolvidas estão relacionadas às quatro habilidades lingüísticas básicas: falar, escutar, ler e escrever (BRASIL,1997b, p. 33).

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UNIDADE Oralidade e produção textual, alfabetização e letramento na Educação de jovens e adultos e arte e lúdico

Portanto, os conteúdos de Língua Portuguesa a serem trabalhados pelos professores no Ensino Fundamental devem ser selecionados levando-se em conta a necessidade de desenvolvimento dessas quatro habilidades, tomando por base dois eixos essenciais, conforme nos mostra o seguinte Quadro dos blocos de conteúdos:

Língua oral: usos e formas

Língua escrita: usos e formas

Análise e reflexão sobre a língua

Fonte: Brasil (1997b, p. 35).

Refletiremos sobre a língua oral e a língua escrita.

Oralidade

Partindo do pressuposto de que nossos alunos sabem falar, muitas vezes não se dá a devida importância ao ensino e ao desenvolvimento da oralidade nas escolas, mesmo com a indicação pedagógica desse trabalho em sala de aula. Isso acontece porque muitos professores não se atentam ao fato de que a fala é diferente da oralidade.

É preciso que se saiba que o gênero oral tem a função de promover a comunicação entre as pessoas, o que nem sempre o simples falar pode favorecer.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para Língua Portuguesa (BRASIL, 1997b, p. 28), quando nos comunicamos oralmente, criamos um texto, uma vez que “[...] o produtor do texto é aquele que cria o discurso, independentemente de grafá-lo ou não”.

Assim, a oralidade pode ser trabalhada de diversas formas, mas depende muito da postura do professor, este que deve favorecer o desenvolvimento dessa competência pelos alunos, dando voz aos quais, ouvindo suas colocações, favorecendo críticas, debates e opiniões.

Pode-se também sugerir assuntos interessantes e atuais para que os alunos falem sobre, utilizando recursos como teatro, seminários, contação de histórias, enfim, permitir que as crianças se expressem oralmente. Tais ações pedagógicas permitem que a criança desenvolva a oralidade, ou seja, falar com expressividade, aprendendo a utilizar essa linguagem em diferentes situações.

O que observamos muitas vezes nas escolas é o professor utilizar o recurso de “chamada oral”, entendendo, assim, que está desenvolvendo a oralidade. Conforme já observamos, a oralidade pressupõe comunicação e nesse momento há apenas uma resposta formal, de acordo com o esperado, com a fala traduzindo o que o aluno escreveria na prova.

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Não basta deixar que as crianças falem; apenas o falar cotidiano e a exposição ao falar alheio não garantem a aprendizagem necessária. É preciso que as atividades de uso e as de reflexão sobre a língua oral estejam contextualizadas em projetos de estudo, quer sejam da área de Língua Portuguesa, quer sejam das demais áreas do conhecimento. A linguagem tem um importante papel no processo de ensino, pois atravessa todas as áreas do conhecimento, mas o contrário também vale: as atividades relacionadas às diferentes áreas são, por sua vez, fundamentais para a realização de aprendizagens de natureza linguística (BRASIL, 1997b, p. 39).

O professor deve entender, na constituição de sua prática pedagógica, que é preciso ensinar as crianças a ler e escrever, sem esquecer o foco de tais ações, que é a comuni-cação. E nesse sentido, diferentes gêneros devem ser trabalhados e desenvolvidos pelos alunos para que possam estar preparados para assumir seus papéis na sociedade.

A sociedade está cada vez mais exigente e o mercado de trabalho mais competitivo, razões pelas quais os alunos devem aprender a se expressarem oralmente desde o início de sua escolaridade.

Expressar-se oralmente é algo que requer confiança em si mesmo. Isso se conquista em ambientes favoráveis à manifestação do que se pensa, do que se sente, do que se é. Assim, o desenvolvimento da capacidade de expressão oral do aluno depende consideravelmente de a escola constituir-se num ambiente que respeite e acolha a vez e a voz, a diferença e a diversidade (BRASIL, 1997b, p. 38).

Produção textual

Entende-se que a produção textual é a comunicação escrita da produção oral.

Para que os alunos possam desenvolver a competência da escrita, é preciso que aprimorem paralelamente a capacidade de leitura.

O trabalho com leitura tem como finalidade a formação de leitores competentes e, conseqüentemente, a formação de escritores, pois a possibilidade de produzir textos eficazes tem sua origem na prática de leitura, espaço de construção da intertextualidade e fonte de referências modelizadoras. A leitura, por um lado, nos fornece a matéria-prima para a escrita: o que escrever. Por outro, contribui para a constituição de modelos: como escrever (BRASIL, 1997b, p. 40).

Além disso, apresenta a necessidade de se compreender que leitura e escrita são atividades que se completam e se relacionam.

É nesse contexto — considerando que o ensino deve ter como meta formar leitores que sejam também capazes de produzir textos coerentes, coesos, adequados e ortograficamente escritos — que a relação entre essas duas atividades deve ser compreendida (BRASIL, 1997b, p. 40).

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É importante que o professor apresente aos alunos diferentes gêneros textuais e sua utilização, respeitando os interesses de cada faixa etária no Ensino Fundamental. Assim, se os estudantes menores se interessam e se motivam mais com histórias em quadrinhos, desenhos ou contos, por exemplo, os maiores se envolvem mais com entrevistas, notícias e outras atividades.

As estratégias a serem utilizadas para o trabalho com produção textual dependem da ação pedagógica do professor. Contudo, é importante que, no ensino da produção de um texto, o aluno seja orientado a refletir sobre o que escreverá, quem lerá e a forma como esse texto chegará ao leitor. Isso permite que o estudante aprenda sobre os diferentes gêneros textuais e suas utilizações específicas (BRASIL, 1997b, p. 48).

O trabalho com produção de textos tem como finalidade formar escritores competentes capazes de produzir textos coerentes, coesos e eficazes. Um escritor competente é alguém que, ao produzir um discurso, conhecendo possibilidades que estão postas culturalmente, sabe selecionar o gênero no qual seu discurso se realizará escolhendo aquele que for apropriado a seus objetivos e à circunstância enunciativa em questão (BRASIL, 1997b, p. 47).

Percebe-se que a escrita e a oralidade caminham juntas no processo de desenvolvimento da criança. Na sala de aula, o professor estimula a comunicação verbal, mas em conjunto, ensina à criança a forma de comunicar sua própria oralidade por meio da escrita.

Normalmente, verificamos nas escolas uma utilização mais frequente da produção textual na Língua Portuguesa, mas os professores podem recorrer a esse recurso nas diferentes disciplinas, empregando, por exemplo, uma entrevista para trabalhar conteúdos de História, um texto descritivo para desenvolver aspectos da região nas aulas de Geografia, ou até mesmo a elaboração de enunciados de problemas na Matemática.

Tal prática pode e deve ser trabalhada por professores desde o início do Ensino Fundamental, mesmo que as crianças não estejam ainda alfabetizadas.

Para aprender a escrever, é necessário ter acesso à diversidade de textos escritos, testemunhar a utilização que se faz da escrita em diferentes circunstâncias, defrontar-se com as reais questões que a escrita coloca a quem se propõe produzi-la, arriscar-se a fazer como consegue e receber ajuda de quem já sabe escrever. Sendo assim, o tratamento que se dá à escrita na escola não pode inibir os alunos ou afastá-los do que se pretende; ao contrário, é preciso aproximá-los, principalmente quando são iniciados “oficialmente” no mundo da escrita por meio da alfabetização. Afinal, esse é o início de um caminho que deverão trilhar para se transformarem em cidadãos da cultura escrita (BRASIL, 1997b, p. 48).

Portanto, a utilização da produção textual propicia o desenvolvimento da criança, estimulando seus interesses pela leitura, ampliando seu vocabulário e fortalecendo a alfabetização.

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Alfabetização e letramento na educação de jovens e adultos

Em sua Seção V, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) determina o conceito e legisla sobre a Educação de Jovens e Adultos (EJA):

Art. 37 – A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no Ensino Fundamental e Médio na idade própria.

§ 1º – Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames (BRASIL, 1996).

Atualmente temos muitos alunos em nossas escolas que, por não a terem frequentado na idade própria, procuram a modalidade EJA para iniciarem ou concluírem seus estudos. Nessa modalidade encontramos muita diversidade, pois alguns estudantes objetivam complementar o conhecimento já adquirido, enquanto outros precisam de um certificado de conclusão do nível de ensino procurado, mas muitos buscam desenvolver minimamente a leitura e a escrita, seja para melhorar a qualidade de vida, ou ainda para atender à demanda do mercado de trabalho.

O professor que trabalha nessa modalidade é aquele cuja formação permite atuação no Ensino Fundamental e Médio. Assim, o pedagogo, professor polivalente que exerce suas atividades nas diferentes disciplinas dos anos iniciais do Ensino Fundamental, é o profissional que atuará também na EJA.

Essa modalidade é muito importante para a educação. Fato é que o Ministério da Educação dedicou um volume dos PCN (RIBEIRO, 2001) especialmente para as discussões e orientações sobre a EJA. O documento assim coloca a importância desse trabalho:

O objetivo deste trabalho é oferecer um subsídio que oriente a elaboração de programas de educação de jovens e adultos e, consequentemente, também o provimento de materiais didáticos e a formação de educadores a ela dedicados.

Na reflexão pedagógica sobre essa modalidade educativa, tem especial relevância a consideração de suas dimensões social, ética e política. O ideário da Educação Popular, referência importante na área, destaca o valor educativo do diálogo e da participação, a consideração do educando como sujeito portador de saberes, que devem ser reconhecidos. Educadores de jovens e adultos identificados com esses princípios têm procurado, nos últimos anos, reformular suas práticas pedagógicas, atualizando-as ante novas exigências culturais e novas contribuições das teorias educacionais (RIBEIRO, 2001, p. 13).

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As discussões sugeridas nesse documento trazem orientações para o trabalho do professor em três grandes áreas, a saber: Língua Portuguesa, Matemática e Estudos da Sociedade e da Natureza. Para cada uma dessas áreas são oferecidos os respectivos fundamentos e objetivos, além de blocos de conteúdos e objetivos didáticos.

Conheça tais orientações acessando o documento de propostas curriculares para a EJA no Ensino Fundamental, disponível em: http://goo.gl/vnaVFu.Ex

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O que se percebe nas escolas e deve ser atentamente observado pelos graduandos na realização dos estágios e discutido na disciplina Prática de ensino, é que a maioria dos alunos da EJA aí está para ser alfabetizada. Tratam-se de pessoas que almejam embarcar em ônibus sem auxílio, ler uma receita de bolo, um recadinho em um bilhete etc.

Por esses motivos, nossas discussões serão focadas na alfabetização e letramento na EJA.

De acordo com os próprios professores, um dos maiores desafios enfrentados ao colocarem em prática os processos de alfabetização e letramento na EJA, é a questão de que não foram devidamente preparados para tal.

Os métodos e estratégias de ensino para alfabetização são voltados para o trabalho com a faixa etária de seis a dez anos, exigindo que o professor reveja esses métodos para adaptá-los no trabalho com jovens e adultos.

A primeira providência é conhecer os alunos, os quais não chegam à EJA desprovidos de pensamentos ou aprendizagens, uma vez que trazem suas experiências pessoais, seus conhecimentos adquiridos formal ou informalmente. Tal conhecimento ajudará o professor a construir sua ação pedagógica. A referência nesse trabalho é o educador Paulo Freire.

O pensamento pedagógico de Paulo Freire, assim como sua proposta para a alfabetização de adultos, inspiraram os principais programas de alfabetização e educação popular que se realizaram no país no início dos anos 60. Esses programas foram empreendidos por intelectuais, estudantes e católicos engajados numa ação política junto aos grupos populares (RIBEIRO, 2001, p. 22).

Paulo Freire elaborou uma proposta conscientizadora à alfabetização de adultos, cujo princípio pode ser traduzido em uma frase sua que ficou célebre: “A leitura do mundo precede a leitura da palavra”. A leitura do mundo significa a possibilidade de conhecê-lo, compreendê-lo e agir sobre o qual, por isso a necessidade de partir da realidade do aluno.

O conjunto de procedimentos pedagógicos elaborados por Freire ficou conhecido como método Paulo Freire.

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Não eram utilizadas cartilhas. O trabalho era feito a partir das “palavras geradoras”, extraídas da realidade existencial do grupo a ser alfabetizado. Eram propiciadas discussões, denominadas diálogos educativos, os quais sobre cultura, sociedade e cidadania. O objetivo era que, antes de aprender a escrita, o aluno se assumisse como sujeito de sua aprendizagem, ser capaz e responsável.

Era apresentado um quadro com as famílias silábicas das palavras geradoras para que montassem novas palavras. A partir daí, as palavras geradoras eram substituídas por temas geradores, que permitiam o aprofundamento da análise dos problemas, preparando os alunos para um engajamento em atividades comunitárias ou associativas.

Quer saber mais sobre Paulo Freire e a alfabetização de adultos? Acesse o site do Instituto Paulo Freire, disponível em: http://www.paulofreire.org e leia sobre seu trabalho e legado.Ex

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Entendemos então que o professor dos anos iniciais do Ensino Fundamental, especificamente aquele que esteja atuando na EJA, deve entender que a aprendizagem se constrói na relação com o outro, relação essa ética e responsável, devendo, portanto, saber que professor e aluno ensinam e aprendem juntos.

Os graduandos que estagiam e se preparam para assumir seus papéis de educadores, costumam perguntar se alfabetizar um adulto é mais fácil do que alfabetizar uma criança.

Alguns professores consideram mais fácil alfabetizar as crianças, pelo motivo de estarem na escola no período correto e também pelos métodos e técnicas de ensino, os quais disponibilizados e aprendidos no curso de formação, serem direcionados para a faixa etária de seis a dez anos, ou seja, para crianças.

Outros se sentem estimulados a ensinar aos adultos, pois o processo de ensino e aprendizagem do adulto deve ir além das propostas contidas nos livros, exige mais atenção, preparo e pesquisa por parte do professor, além de entendimento das diferenças entre adultos e crianças para poder determinar a ação pedagógica a ser desenvolvida. Ressaltam que percebem mais motivação e vontade de aprender nos alunos da EJA; embora muitos trabalhem durante todo o dia e cheguem cansados à aula, dedicam-se e querem aprender rápido.

Assim, cremos que não existe o mais ou o menos fácil. O que há é o comprome-timento do professor em qualquer faixa etária na qual esteja trabalhando.

A EJA tem características próprias e, portanto, exige do professor competências e habilidades diferenciadas, conhecendo as necessidades, especificidades e competências de seus alunos. Em sala de aula, o docente deve analisar as diferentes situações trazidas por seus estudantes, conduzindo a aula de modo a garantir a motivação, permitindo que os alunos participem com dúvidas, troca de informações, enfim, com diálogo.

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O trabalho na EJA deve permitir ao professor e aos alunos uma constante troca, porque os estudantes contribuem muito com suas experiências e vivências. Por sua vez, o docente deve entender que seu papel não é simplesmente preparar o aluno para o futuro, como destacam alguns autores no que diz respeito ao Ensino Fundamental regular, mas sim olhar para seus estudantes da EJA de forma diferenciada, valorizando o que é relevante para os quais, seja em termos de conhecimento, crenças, valores ou afetividade.

A arte e o lúdicoDesde pequena, a criança vivencia experiências de aprendizagem por meio

de brincadeiras, essas ligadas à arte que, por sua vez, está apresentada em diferentes nuances.

Por esse motivo, discute-se a arte e o lúdico no trabalho com as crianças, ligando esses dois focos de ensino e aprendizagem como instrumentos de formação infantil, conhecimento cultural e base para as aprendizagens futuras.

Aprender arte é desenvolver progressivamente um percurso de criação pessoal cultivado, ou seja, alimentado pelas interações significativas que o aluno realiza com aqueles que trazem informações pertinentes para o processo de aprendizagem (outros alunos, professores, artistas, especialistas), com fontes de informação (obras, trabalhos dos colegas, acervos, reproduções, mostras, apresentações) e com o seu próprio percurso de criador (BRASIL, 1997a, p. 35).

Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, os professores devem se utilizar do fato de que as crianças aprendem a partir de suas vivências e das influências do meio no qual cada uma vive. Por esse motivo, é preciso considerar a psicomotricidade e a afetividade em tal processo.

O Ensino Fundamental configura-se como um momento escolar especial na vida dos alunos, porque é nesse momento de seu desenvolvimento que eles tendem a se aproximar mais das questões do universo do adulto e tentam compreendê-las dentro de suas possibilidades. Ficam curiosos sobre temas como a dinâmica das relações sociais, as relações de trabalho, como e por quem as coisas são produzidas.

No que se refere à arte, o aluno pode tornar-se consciente da existência de uma produção social concreta e observar que essa produção tem história (BRASIL, 1997a, p. 36).

Assim, os PCN nos orientam não apenas sobre o aprender arte, mas também quanto ao papel do professor em ensinar arte. De acordo com esse documento (BRASIL, 1997a, p. 35), a escola deve permitir que o aluno imagine e construa propostas artísticas, individuais ou em grupo, integrando aspectos lúdicos e prazerosos que a atividade artística proporciona.

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Nesse sentido, a arte e o lúdico andam de mãos dadas no trabalho dessa disciplina no Ensino Fundamental. O lúdico não está apenas no ato de brincar, manifesta-se também na ação de ler, escrever, compreender o mundo, desenvolver e construir atividades artísticas.

Esses dois focos podem ser explorados pelo professor em suas aulas, não apenas na disciplina específica de Artes, mas nas demais disciplinas desenvolvidas pelo docente. Podem ser utilizados diferentes recursos lúdicos e artísticos para a aprendizagem e desenvolvimento discente.

O professor pode, por exemplo, utilizar desenhos, pinturas, teatro, brincadeiras variadas, músicas etc., quando da abordagem de diferentes conteúdos para facilitar a construção do conhecimento dos alunos.

Dessa forma, percebe-se que devemos valorizar o momento do brincar no Ensino Fundamental. Muitos professores confundem brincadeira com indisciplina e falta de ordem na sala de aula, perdendo a chance de utilizar esse importante momento para a própria prática pedagógica.

O brincar na área da educação proporciona não apenas um meio real de aprendizagem, como também permite que os educadores desenvolvam a percepção e aprendam um pouco mais sobre as crianças e suas necessidades, tornando-se capazes de compreender como os pequenos se encontram em sua aprendizagem e desenvolvimento geral, obtendo um ponto de partida para, de forma cognitiva e afetiva, a promoção de novas aprendizagens.

O ensino da arte deve trazer aos alunos, de forma lúdica e prazerosa, a possibilidade de se expressarem por meio da qual, desenvolvendo diferentes capacidades, como coordenação motora, noção de combinação de cores, concentração, afetividade etc.

Podemos concluir então que a arte e o lúdico desenvolvem a expressão, a criatividade e a percepção de mundo por parte dos alunos, permitindo sua aprendizagem e desenvolvimento integral.

Para finalizar, cabe aqui uma reflexão muito necessária:

Vimos que a arte é muito importante no desenvolvimento infantil. Sabe-se também que o lúdico pode ser utilizado no trabalho dos conteúdos dessa disciplina, pois se constitui em importante recurso pedagógico; mas também precisamos refletir sobre a forma como a arte é trabalhada pelos professores, a fim de que se desdobre em atividades significativas, que permitam a participação dos alunos, seus avanços e aprendizagens.

Percebemos nos anos iniciais do Ensino Fundamental que, embora o pedagogo seja habilitado a atuar nesse nível de ensino, muitas vezes não recebeu em sua formação inicial o preparo adequado para atuar com os conteúdos da disciplina de Artes. Dessa forma, para superar a necessidade de ensinar e aprender, é necessário que seja construída uma prática pedagógica por parte do professor, pautada na pesquisa, no envolvimento e na participação dos alunos, ou seja, que possa promover a utilização do lúdico no conhecimento e na aprendizagem da arte, em suas diferentes expressões propostas nos PCN, a saber: artes visuais, dança, música e teatro.

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Considerações finaisNesta Unidade desenvolvemos importantes temas para o trabalho do professor

nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

Percebemos a importância da Prática de ensino e das discussões propiciadas nessa disciplina para a formação docente, destacando sua contribuição para que as observações da prática pedagógica do professor, as quais propiciadas nos estágios, possam reforçar tal formação.

Foram destacados três focos relacionados ao trabalho do professor que atua nesse nível de ensino, assim como à aprendizagem dos alunos, os quais:

· Oralidade e produção textual, questões relacionadas à Língua Portuguesa que são importantes reflexões se levarmos em conta a responsabilidade de alfabetizar seus alunos;

· Alfabetização e letramento na EJA, ambos relacionados ao trabalho de alfabetização junto a jovens e adultos que não tiveram acesso à educação na idade própria;

· Arte e lúdico, os quais se apresentam como conhecimentos para os alunos e importantes recursos didáticos para o professor.

Ser professor dos anos iniciais do Ensino Fundamental, especialmente na qualidade de professor polivalente, pede comprometimento com seus alunos e consigo, em ações constantes de pesquisa e aprendizagem, na constituição da própria prática e de seus saberes relacionados às diferentes disciplinas e no crescimento de seus estudantes.

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Material ComplementarIndicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

LeituraEm arte, é preciso ensinar a ler textos sem palavrasLeia o texto de Michele Silva, quem orienta o professor a trabalhar para explorar fotografias, pinturas, ilustrações e charges. Silva mostra que é preciso saber a gramática própria que rege a linguagem visual e contextualizar as condições de produção de cada obra estudada:Disponível em: http://goo.gl/a1VMuR

SitesInstituto Paulo FreireAcesse o site do Instituto Paulo Freire, o qual traz importantes informações sobre a vida e o legado desse pedagogo, quem atuou na construção de uma educação cidadã e libertadora. Disponível em: http://www.paulofreire.org

DICAS para um professor novato na EJAFinalmente, leia o seguinte texto, o qual traz dicas interessantes para o professor que está iniciando sua atuação na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/blogs/eja/2014/02/19/dicas-para-um-professor-novato-na-eja

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ReferênciasBRASIL. Lei n.° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Fixa as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF, 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: dez. 2015.

______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: arte. Brasília, DF, 1997a. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro06.pdf>. Acesso em: dez. 2015.

______. Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa. Brasília, DF, 1997b. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro02.pdf>. Acesso em: dez. 2015.

RIBEIRO, V. M. M. (Coord.). Educação para jovens e adultos: Ensino Fundamental: proposta curricular – 1º segmento. São Paulo; Brasília, DF: Ação Educativa; MEC, 2001. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/eja/propostacurricular/primeirosegmento/propostacurricular.pdf>. Acesso em: dez. 2015.

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