palestras de 'abdu'l-bahá - paris1911

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    P ALESTRAS DEA BDU L-B AH

    PARIS 1911

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    P ALESTRAS DEA BDU L-B AH

    PARIS 1911

    C OMPILADAS POR L ADY B LOMFIELD

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    Ttulo original:Paris Talks, Addresses given by 'Abdu'l-Bah in Paris in 1911- Edio britnica The Wisdom of Abdul-Bah- Edio norte-americana

    1979 Todos os direitos reservados:

    Editora Bah do BrasilC.P. 19813800-970 Mogi Mirim SPwww.editorabahaibrasil.com.br

    ISBN: 85-320-0118-11a Edio 1924 (Publicada sob o ttulo deDiscursos de Abdul-Bah em Paris )2a Edio 19793a Edio 19974a Edio 2005 (revisada)

    Traduo e Reviso: Coordenao Nacional Bah' de T. e R. do BrasilCapa: Gustavo Pallone de FigueiredoImpresso: R.Vieira Grfica e Editora, Campinas-SP

    Coleo P ALESTRAS DE A BDUL-B AH : Londres 1911

    Paris 1911 Estados Unidos e Canad 1912 / A PROMULGAO DA P AZUNIVERSAL

    Outras Obras de Abdul-Bah:EPSTOLAS DO PLANO DIVINOR ESPOSTAS A A LGUMAS PERGUNTASSEGREDO DA CIVILIZAO DIVINA , OSELEO DOS ESCRITOS DE A BDUL-B AH TRIBUTO AOS FIISLTIMA V ONTADE E TESTAMENTO DE A BDUL-B AH

    Outras Obras com Escritos de Abdul-Bah:COLEO SELEO DE ESCRITOS B AH SORAES B AH SR EVELAO B AH , A

    Ilustrao da Capa: Detalhe do premiado pano Pour decoller - Paris, 1994. Artista Plstica: Ita Andrade.Tcnica: Pintura em Seda.

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    CONTEDO

    Prefcio quarta edio em portugus ix Prefcio primeira edio em ingls xiiiIntroduo edio britnica de 1951 xv

    Primeira Parte1. O DEVER DE BONDADE E SIMPATIA PARA COM

    ESTRANHOS E FORASTEIROS 12. O PODER E O V ALOR DO V ERDADEIRO PENSAMENTO

    DEPENDEM DE SUA M ANIFESTAO EM A O 43. DEUS O GRANDE MDICO COMPASSIVO, O NICO

    QUE D A V ERDADEIRA CURA 54. A NECESSIDADE DE UNIO ENTRE OS POVOS DO

    ORIENTE E DO OCIDENTE 85. DEUS COMPREENDE TUDO. N O PODE SER

    COMPREENDIDO 106. A S DEPLORVEIS C AUSAS DA GUERRA E O DEVER

    DE C ADA UM DE LUTAR PELA P AZ 157. O SOL DA V ERDADE 188. A LUZ DA V ERDADE EST BRILHANDO A GORA SOBRE

    O ORIENTE E O OCIDENTE 219. O A MOR UNIVERSAL 23

    10. A PRISO DE A BDUL-B AH 2711. A M AIOR D DIVA DE DEUS AO HOMEM 29

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    12. A S NUVENS QUE OBSCURECEM O SOL DA V ERDADE 3213. PRECONCEITOS R ELIGIOSOS 3414. OS BENEFCIOS DE DEUS AO HOMEM 3815. BELEZA E H ARMONIA NA DIVERSIDADE 4016. O V ERDADEIRO SIGNIFICADO DAS PROFECIAS

    CONCERNENTES V INDA DE CRISTO 4317. O ESPRITO S ANTO, O PODER MEDIADOR ENTRE

    DEUS E O HOMEM 4618. A S DUAS N ATUREZAS DO HOMEM 4919. PROGRESSO M ATERIAL E ESPIRITUAL 5220. A EVOLUO DA M ATRIA E O DESENVOLVIMENTO

    DA A LMA 5521. A S R EUNIES ESPIRITUAIS EM P ARIS 5822. A S DUAS ESPCIES DE LUZ 6023. A SPIRAO ESPIRITUAL NO OCIDENTE 6224. P ALESTRA EM UM CENTRO DE ESTUDOS EM P ARIS 6525. B AH ULLH 6826. BOAS IDIAS DEVEM SER POSTAS EM A O 7327. O V ERDADEIRO SIGNIFICADO DO B ATISMO PELA

    GUA E PELO FOGO 7628. DISCURSO EM LA LLIANCE SPIRITUALISTE 78

    29. A EVOLUO DO ESPRITO 8330. DESEJOS E PRECES DE A BDUL-B AH 8831. A R ESPEITO DO CORPO, DA A LMA E DO ESPRITO 9132. OS B AH S DEVEM TRABALHAR DE CORPO E A LMA

    PARA CONSEGUIREM MELHORES CONDIES AO MUNDO 94

    33. SOBRE A C ALNIA 97

    34. N O PODE H AVER V ERDADEIRA FELICIDADE NEMPROGRESSO SEM ESPIRITUALIDADE 101

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    35. SOFRIMENTO E TRISTEZA 10436. OS PERFEITOS SENTIMENTOS E A TRIBUTOS HUMANOS 10737. A CRUEL INDIFERENA DAS PESSOAS PELO

    SOFRIMENTO DAS R AAS ESTRANGEIRAS 10938. N O DEVEMOS SER DESENCORAJADOS PELA

    PEQUENEZ DO NOSSO NMERO 11239. P ALAVRAS PRONUNCIADAS NA IGREJA DO P ASTOR W AGNER 115

    Segunda Parte40. OS ONZE PRINCPIOS DO ENSINAMENTO DE

    B AH ULLH 12341. SOCIEDADE TEOSFICA 124

    A BUSCA DA V ERDADE 125 A UNIDADE DO GNERO HUMANO 126 A R ELIGIO DEVE SER A C AUSA DE A MOR E

    A FEIO 126

    UNIDADE ENTRE R ELIGIO E CINCIA 127PRECONCEITOS DE R ELIGIO, R AA OU SEITA DESTROEM O A LICERCE DA HUMANIDADE 128

    IGUAL OPORTUNIDADE DE MEIOS DE E XISTNCIA 128 A IGUALDADE DOS SERES HUMANOS -

    IGUALDADE PERANTE A LEI 129P AZ UNIVERSAL 129N O INTERFERNCIA ENTRE R ELIGIO E POLTICA 129EDUCAO E INSTRUO DAS MULHERES 130O PODER DO ESPRITO S ANTO, MEIO

    NICO DE A LCANAR O DESENVOLVIMENTOESPIRITUAL 130

    42. PRIMEIRO PRINCPIO: A BUSCA DA V ERDADE 13243. SEGUNDO PRINCPIO: A UNIDADE DO GNERO

    HUMANO 13544. TERCEIRO PRINCPIO: A R ELIGIO DEVE SER A C AUSA DE

    A MOR E A FEIO 138

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    VIII

    PREFCIO QUARTA EDIO EM PORTUGUS

    45. Q UARTO PRINCPIO: A A CEITAO DA R ELAO ENTRER ELIGIO E A CINCIA 139

    46. Q UINTO PRINCPIO: A A BOLIO DE PRECONCEITOS 14447. SEXTO PRINCPIO: MEIOS DE E XISTNCIA 14948. STIMO PRINCPIO: IGUALDADE DOS SERES HUMANOS 15249. OITAVO PRINCPIO: P AZ UNIVERSAL 15350. NONO PRINCPIO: N O INTERFERNCIA ENTRE

    R ELIGIO E POLTICA 155

    51. DCIMO PRINCPIO: IGUALDADE ENTRE OS SEXOS 15952. DCIMO-PRIMEIRO PRINCPIO: O PODER DO ESPRITO

    S ANTO 16253. ESTA GRANDE E GLORIOSA C AUSA 16654. A LTIMA R EUNIO 168

    Apndice I55. PERGUNTAS E R ESPOSTASPRECE 175

    PROPSITO DA V IDA 175O M AL 176O PROGRESSO DA A LMA 176SOFRIMENTO 177OBTENDO FELICIDADE 177COMUNICAO COM OS MORTOS 177

    56. A S Q UATRO ESPCIES DE A MOR 17957. DISCURSO EM UMA R EUNIO DE A MIGOS 182

    Apndice II58. EPSTOLA R EVELADA POR A BDUL-B AH 189

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    IX

    PREFCIO QUARTA EDIO EM PORTUGUS

    PREFCIO QUARTA EDIO EM PORTUGUS

    De 1911 a 1913, Abdul-Bah empreendeu Suas audaciosasviagens de ensino ao continente europeu e norte-americano,divulgando incessantemente neles a mensagem curadora de paze unidade da humanidade.

    Com idade avanada (67 anos) e debilitado devido a uma vida inteira de exlio, privao, sofrimento e perseguio,Abdul-Bah faz Seu primeiro discurso a um pblico ocidentalno City Temple, Londres, em 10 de setembro de 1911. Em 3de outubro, Ele deixa a Inglaterra e parte para a Frana, ficandoem Paris por nove semanas. Deixando a Europa em 2 dedezembro de 1911, Abdul-Bah retorna ao Egito at a prxima primavera, quando Ele inicia Sua segunda viagem ao Ocidente,desta vez para a Amrica, onde no curso de oito meses, visita mais de quarenta cidades, do Atlntico ao Pacfico, em ambosos Estados Unidos e Canad. Em Wilmette, Chicago, lana a pedra fundamental do primeiro Templo Bah no Ocidente.Em dezembro de 1912, ele volta a visitar a Inglaterra e procedenovamente para a Frana e subseqentemente visita um grandenmero de cidades europias, incluindo Stuttgart, Viena eBudapeste, antes de embarcar para o Egito, onde permanecepor quase 5 meses Se restabelecendo, e volta para Israel, emdezembro de 1913, nunca mais retornando ao Ocidente, vindoa falecer em Haifa, em 1921.

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    X

    PREFCIO QUARTA EDIO EM PORTUGUS

    Durante estas estadias no Ocidente, proclamando a Mensagem divina de Bahullh a todas as camadas da sociedade ocidental, Ele palestrava em persa e rabe, esimultaneamente elas eram traduzidas ou para o ingls, oufrancs, ou alemo ou para a lngua do pas que estava visitando. Ao mesmo tempo, sempre que possvel, algum tomava notasestenogrficas das palestras no idioma original e s vezes, na lngua do pas. Foram esses apontamentos em ingls e francs,compilados por devotados bahs que deram origem coleoPalestras de Abdul-Bah.O livro Palestras de Abdul-Bah; Londres 1911, uma coletnea de Suas palestras durante Sua primeira estadia naquela cidade, compiladas por E. Hammond1 e publicado em 1912 pelosbons prstimos de lady Blomfield. Ela, tambm, publica trs outraspalestras da segunda passagem de Abdul-Bah em Londres (1912-1913), porm as inclui no final do livro deParis 1911.

    O livroPalestras de Abdul-Bah; Paris 1911, outra coletnea de Suas palestras durante Sua primeira estadia naquela cidade,compiladas por lady Blomfield, com ajuda de suas duas filhas eBeatrice Platt. Elas foram publicadas a pedido de Abdul-Bah.

    O livroPalestras de Abdul-Bah; Estados Unidos e Canad 1912 , o nico a receber um ttulo pelo prprio Abdul-Bah A Promulgao da Paz Universal outra coletnea de

    Suas palestras durante Sua permanncia no continenteamericano, compiladas por Howard MacNutt. Sua publicaofoi estimulada por Abdul-Bah.

    Infelizmente, Abdul-Bah no leu e no autenticou todasas transcries de Suas palestras, algumas destas tendo sidotraduzidas e publicadas em vrias lnguas. Muitas delas,includas nesta coleo, nenhum texto autntico foi ainda

    1 Peter Smith, A Concise Encyclopedia of the Bah Faith. p.20 e 377.

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    XI

    PREFCIO QUARTA EDIO EM PORTUGUS

    achado. No entanto, Shoghi Effendi, o Guardio da F Bah,permitiu que estas compilaes fossem usadas pelos amigos.

    No caso especfico dePalestras de Abdul-Bah; Londres 1911, nenhuma transcrio original existe e Shoghi Effendiesclarece que Abdul-Bah in London no pode ser consideradocomo escritura devido a no haver texto original. Uma gravaoverbal de Suas palestras em persa, seria, claro, mais confivelque em ingls, porque Ele nem sempre era interpretado compreciso. Entretanto, este livro tem valor e certamente temseu lugar em nossa Literatura.1 E a respeito do status daspalestras de Abdul-Bah que esto publicadas noPalestras de Abdul-Bah; Paris 1911 e A Promulgao da Paz Universal algumas transcries originais em persa destas palestras estodisponveis, porm no todas. O Departamento de Pesquisa da Casa Universal de Justia no pode no momento,providenciar uma lista detalhada de quais extratos soautnticos e quais no so, pois at o presente, tal lista no foicompilada. Isto no quer dizer que as no-identificadas tenhamque parar de ser usadas meramente que o grau de autenticaode cada documento ter de ser conhecido e compreendido.2

    No futuro, cada palestra 3 ter de ser identificada e aquelasque no forem identificadas tero que ser claramentediferenciadas daquelas que fazem parte da Escritura Bah.

    Editora Bah do Brasil

    1 Shoghi Effendi.Unfolding Destiny . BPT of U.K., 1981, p.208.2 Trecho da carta da Casa Universal de Justia de 23 de maro de 1987.3 H outras compilaes de Suas palestras. Das que so de conhecimentopblico, uma de Sua segunda passagem por Paris em 1913; compiladas pela sra. I. Chamberlein:Abdul-Bah on Divine Philosophy . Outra uma compilaofeita pela Assemblia Espiritual Nacional dos Bahs do Canad, sobre a passagemde Abdul-Bah no Canad em 1912, intituladaAbdul-Bah in Canada .

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    XII

    PREFCIO QUARTA EDIO EM PORTUGUS

    ITINERRIO DE A BDUL-B AH EGITO E V IAGENS AO OCIDENTE

    EGITO1910 Partida de Haifa, ? Ago.

    Port Said

    Alexandria (Ramlih) at 11/8/1911 A PRIMEIRA V ISITA EUROPA 1911 Londres, 4-23 Set.

    Bristol, 23-25 Set.Londres, 25 Set. 3 Out.Paris, 3 Out. 2 Dez.Retorna para o Egito

    A MRICA DO NORTECOSTA LESTE1912 Partida de Alexandria, 25 Mar.

    Nova York, 11-20 Abr. Washington DC, 20-28 Abr.Chicago, 29 Abr. 6 MaioCleveland, OH, 6-7 MaioPittsburgh, 7-8 Maio Washington DC, 8-11 MaioNova York, 11-14 Maio

    (Montclair, NJ, 12 Maio)Lake Mohawk, NY, 14-16 MaioNova York, 16-22 MaioBoston, 22-26 Maio

    (Worcester, MA, 23 Maio)Nova York, 26-31 MaioFanwood, NJ, 31 Maio 1 Jun.Nova York, 1-3 Jun.Milford, PA, 3 Jun.Nova York, 4-8 Jun.Filadlfia, 8-10 Jun.Nova York, 10-20 Jun.Montclair, NJ, 20-25 Jun.Nova York, 25-29 Jun.

    West Englewood, NJ, 29-30 Jun.Morristown, NJ, 30 Jun.Nova York, 30 Jun. - 23 Jul.

    (West Englewood, NJ, 14 jul.)Boston, 23-24 Jul.Dublin, NH, 24 Jul. -16 Ago.Greenacre, nr. Eliot, ME, 16-

    23 Ago.Malden, MA, 23-29 Ago.Montreal, Quebec, 30 Ago. - 9 Set.

    Buffalo, NY, 9-12 Set.CENTRO-OESTEChicago, 12-15 Set.

    Kenosha, WI, 15-16 Set.Chicago, 16 Set.Minneapolis, 16-21 Set.

    OESTE Omaha, NB, 21 SetLincoln, NB, 23 Set.Denver, CO, 24-27 Set.Glenwood Springs, CO, 28 Set.Salt Lake City, UT, 29-30 Set.So Francisco, 1-13 Out.Pleasanton, CA, 13-16 Out.So Francisco, 16-18 Out.Los Angeles, 18-21 Out.

    So Francisco, 21-25 Out.Sacramento, 25-26 Out.Denver, 28-29 Out.

    V OLTA PARA O LESTEChicago, 31 Out. 3 Nov.Cincinnati, OH, 5-6 Nov. Washington, DC, 6-11 Nov.Baltimore, 11 Nov.Filadlfia, 11 Nov.Nova York, 12 Nov. 5 Dez.

    SEGUNDA V ISITA EUROPA INGLATERRA

    Liverpool, 13-16 DezLondres, 16 Dez 6. Jan. 1913

    (Oxford, 31 Dez.)1913 Edinburgh, 6-11 Jan.

    Londres, 11-15 Jan.Bristol, 15-16 Jan.Londres, 16-21 Jan. (Woking,

    18 Jan.)EUROPA CONTINENTAL

    Paris, 22 Jan. 30 Mar.Stuttgart, 1-8 Abril (BadMergentheim, 7-8 Abr.

    Vienna, 8 Abr.Budapeste, 9-19 Abr.Stuttgart, 25 Abr. 1 MaioParis, 2 Maio 12 Jun.Marselha, 12-13 Jun.

    EGITO NOVAMENTEPort Said, 17 Jun. 11 Jul.

    Ismiliyyah, 11-17 Jul. Alexandria (Ramlih), 17 Jul. 2 Dez.Retorno para Haifa, 5 Dez.

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    XIII

    PREFCIO QUARTA EDIO EM PORTUGUS

    Muito j se tem escrito sobre a visita de Abdul-Bah, AbbsEffendi, Europa. Durante Sua estada em Paris dirigiu brevesPalestras, todas as manhs, queles que se aglomeravam Avenida Cames 4, ansiosos por ouvirem Seu Ensinamento.

    Esses ouvintes eram de diferentes nacionalidades e tipos depensamento, letrados e iletrados, membros de vrias seitas religiosas,teosofistas e agnsticos, materialistas e espiritualistas, etc.

    Abdul-Bah falava em persa e Suas palavras eram vertidaspara o francs.Minhas duas filhas1, minha amiga 2 e eu fizemos anotaes

    dessas Palestras.Diversos amigos pediram-nos que publicssemos essas notas em

    ingls, mas hesitamos. Por fim, quando o prprio Abdul-Bah pediu que o fizssemos, naturalmente consentimos, apesar de

    sentirmos que nossa pena fraca demais para to alta mensagem.Diligenciamos manter, em nossa modesta apresentao emingls, a qualidade de espontnea simplicidade to habilmenteexpressa em francs pelo tradutor.

    Lady Sara Louisa Blomfield (Sitarih)3Mont Plerin, Vevey Janeiro de 1912

    1 Rose Ellinor Cecilia Blomfield (Nuri); Mary Esther Blomfield (Parvine)2 Beatrice Marion Platt (Verdiyeh)3 Sitarih Khnum: Ttulo dado a ela por Abdul-Bah, que quer dizer estrela. n.e.

    PREFCIO PRIMEIRA EDIO EM INGLS

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    XIV

    PREFCIO QUARTA EDIO EM PORTUGUS

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    XV

    PREFCIO QUARTA EDIO EM PORTUGUS

    Este volume contm palestras proferidas por Abdul-Bah,a terceira e ltima das grandes Figuras Centrais da F Bah, ea nica a visitar o Ocidente. Foram dirigidas informalmente a pequenos auditrios durante Sua estada em Paris, de outubroa dezembro de 1911. Pessoas de todas as classes O escutavam umas, dispostas a morrer por Sua Mensagem e outras,tramando Seu assassinato. Suas palavras foram anotadas poralguns amigos e hoje esto publicadas em vrias lnguas.

    A Revelao Bah surgiu na cidade de Shrz, Ir, em maiode 1844, quando dezoito almas sinceras, da mesma forma queos Reis Magos, descobriram e reconheceram indepen-dentemente Siyyid Mrz Al Muhammad como o Mensageirode Deus.

    Esses discpulos, aps curto perodo de iniciao, foramenviados por seu Lder para proclamarem em lugares distantesa aurora de uma nova Revelao na terra e o prximo adventode um Mensageiro ainda maior. Alguns meses aps a proclamao destas Boas-Novas o pas inteiro inflamou-se deviolento dio e tornou-se o palco das mais cruis perseguiesda histria, enquanto o movimento, espalhando-se com a rapidez de um raio, conseguia adeptos tanto entre as pessoasmais importantes quanto entre as mais humildes e ocasionava alarme entre as autoridades que, por sua vez, procuravam atiar

    INTRODUO EDIO BRITNICA DE 1951

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    XVI

    INTRODUO EDIO BRITNICA DE 1951

    a chama da resistncia do povo. Viajantes ocidentais referem-se, em seus escritos, s terrveis cenas testemunhadas no Ir,nessa poca. Mas as torturas e os martrios, a despeito de sua crueldade, no conseguiram intimidar os seguidores do Profeta,os quais demonstraram desejo sempre crescente de sacrificar a vida pelo seu Mestre. Vinte mil pessoas morreram jubilosamente no perodo de alguns anos. A primeira etapa da perseguio culminou com o martrio de Al Muhammad,que assumira o ttulo de Bb, ou Porta, fuzilado na praa domercado de Tabrz em 9 de julho de 1850.Em 1863, num jardim chamado de Ridvn (Paraso), emBagd, um nobre persa, chamado Mrz Husayn Al,conhecido como Bahullh ou a Glria de Deus, proclamou-se Mensageiro de Deus, Aquele cujo advento o Bb anunciara a Seus seguidores. Ele prprio, um dos primeiros discpulosdo Bb, havia sido despojado de todos os bens e confinadonuma masmorra em Teer, at o banimento para Bagd.Cumprindo-se incidentalmente algumas profecias dasEscrituras, seguiram-se outros desterros: Constantinopla, Adrianpolis e, finalmente, Akk, de cuja priso Eleproclamou-Se e promulgou Sua mensagem por cartas aosgovernantes da terra, instando-os a que abandonassem seuspreparativos blicos e se voltassem para Ele, e vaticinando sua

    runa se no atentassem a Seu pedido. A queda de vintemonarquias, da em diante, foi testemunho inexorvel do poderde Sua palavra. Seus escritos totalizaram aproximadamente cemvolumes, muitos dos quais em resposta perguntas individuais.Faleceu em 1892, ainda virtual Prisioneiro, tendo designadoSeu filho mais velho, conhecido como Abdul-Bah , o Servoda Glria, para Seu sucessor e intrprete de Sua palavra.

    Abdul-Bah nasceu em 1844; acompanhou Seu Pai emtodas as viagens, participando, em companhia de outros

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    XVII

    INTRODUO EDIO BRITNICA DE 1951

    membros da famlia, de Suas privaes, exlio eencarceramento. Permaneceu preso aps a morte deBahullh, recebendo no exlio muitos peregrinos doOcidente, at que a revoluo turca de 1908 O libertou. Atento no havia sido possvel ao reconhecido Lder da F viajar,a fim de proclamar a Mensagem.

    Abdul-Bah partiu para a Europa em 1911, com a idadede 67 anos, fazendo Seu primeiro discurso a um pblicoocidental no City Temple, Londres, em 10 de setembro de1911. Em 3 de outubro Ele deixa a Inglaterra e parte para a Frana, ficando em Paris por nove semanas, durante as quaisSuas palestras so aqui publicadas. Deixando a Europa em 2de dezembro de 1911, Abdul-Bah retorna ao Egito at a prxima primavera, quando Ele inicia Sua segunda viagem aoOcidente. Desta vez para a Amrica, onde no curso de oitomeses, visita mais de quarenta cidades, do Atlntico ao Pacfico,em ambos os Estados Unidos e Canad. Em Wilmette,Chicago, lanou a pedra fundamental do primeiro TemploBah no Ocidente. Em dezembro de 1912, ele volta a visitara Inglaterra. Trs destas palestras constam no Apndice destelivro, como tambm, uma Epstola revelada por Ele em agostode 1913 (provavelmente enquanto estava no Egito, em Seu

    retorno Haifa, Israel). Da Inglaterra, Abdul-Bah procedenovamente para a Frana e subseqentemente visita um grandenmero de cidades europias, incluindo Stuttgart, Viena eBudapeste, antes de embarcar para o Porto Said, no Egito.

    Os jornais da poca muito comentaram a Seu respeito enumerosas pessoas se aglomeravam para v-Lo onde quer queEle fosse. Relembrando aqueles dias, nossos ouvidos esto

    cheios do som dos passos delas, escreveu Sua anfitri emLondres, pois vinham de todos os pases do mundo. Um

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    XVIII

    INTRODUO EDIO BRITNICA DE 1951

    fluxo constante, uma interminvel procisso, ao longo de todosos dias! Homens cultos prestaram-Lhe ardoroso preito.

    Em 1913, Ele voltou Terra Santa, onde faleceu em 1921. A rapidez da propagao, por toda a parte, das idiaspromulgadas por Bahullh um dos mais singularesfenmenos dos tempos modernos. Poucas pessoas sensatas hojese opem a princpios como igualdade de sexos, unidade dasnaes (muito auxiliada por novas descobertas), constituiode uma lngua internacional auxiliar e de um parlamentomundial para solucionar pendncias de soberania nacional,estabelecimento da segurana coletiva, reconhecimento da unidade da raa humana e da conseqente impossibilidade deresolver seus problemas em termos locais.

    Realmente, embora estes e outros princpios fossemproclamados numa poca em que pareciam absurdamenteirrealizveis, seu triunfo, afinal, nunca foi questionado; apenasna maneira de sua execuo foi dada humanidade uma opo:o processo seria fcil ou penoso, na medida da aceitao ourejeio do Expositor Divino. As terrveis conseqncias desua escolha so hoje to evidentes, como inevitvel a aceitaode cada um dos ideais que preferiu desprezar.

    A F Bah tem sido definida como a religio renovada,mas tambm oferece algo de novo entre as religies. Prov

    um dispositivo para uma ordem mundial fundamentada nosprincpios que a F enuncia, delineada para assegurar a unidadedo homem, assim como um sistema administrativo j funcionando com sucesso, em forma embrionria, em muitaspartes do mundo. Ela esclarece muitas questes tais como: osignificado da Criao e o lugar do homem no universo. Almdisso, prov uma explanao de todo o curso da histria at o

    caos dos dias presentes, integrando-a com um Desgnio cuja gradativa realizao, em momento algum, postergada.

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    XIX

    INTRODUO EDIO BRITNICA DE 1951

    Identificar-se com isso traz supremo contentamento e intensodesejo de auxiliar na sua concretizao. A rainha Maria, da Romnia, neta da rainha Vitria, escreveu: O EnsinamentoBah traz compreenso e paz. Assemelha-se a um vasto abrao,reunindo simultaneamente todos aqueles que h muito tempovm ansiando por palavras de esperana. Aceita todos os grandesProfetas anteriores, no destri nenhuma outra crena e deixa abertas as portas. Contristada com a contnua discrdia entreseguidores de muitos credos e entediada com a intolerncia entre eles, descobri no Ensinamento Bah o verdadeiro espritode Cristo, to freqentemente negado e mal-interpretado:Concrdia em vez de discrdia, Esperana em vez decondenao, Amor em vez de dio e uma grande afirmaopara todos os homens.

    No passamento de Abdul-Bah iniciou-se a IdadeFormativa da F a idade destinada a v-la estabelecida atravsdo mundo inteiro. At 1921 a F alcanara trinta e trs pasese, desde ento, vem se disseminando ao redor do mundo. Atualmente est representada em centenas de pases e principaisilhas; h milhares de centros locais e as Escrituras Bahs j foram traduzidas em quase mil lnguas diferentes.

    Aqueles que se encontraram com Abdul-Bah e com Eleconversaram no se surpreenderam com o sucesso e a rpida

    propagao da F Bah. Experimentaram a sensao de estaremelevados a um plano onde seus problemas pareciam dissipar-se. Ele irradiava to maravilhoso esprito de amor e concrdia,que todas as diferenas eram esquecidas em Sua presena. Se a menor das Trs Figuras Centrais da F Bah podia produzirtal efeito, como poderiam admirar-se de que a fora desta Fatrasse as almas e unisse os coraes?

    Fechamos esta introduo mencionando as palavras de umingls ilustre, sir Ronald Storrs, que se encontrou com Abdul-Bah e sentiu a fora do Seu grande esprito:

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    INTRODUO EDIO BRITNICA DE 1951

    Encontrei-me com Abdul-Bah pela primeira vez em1900... Viajei num veculo ao longo da praia, de Haifa a Akk, e passei uma hora muito agradvel com o pacientemas insubjugvel prisioneiro e exilado... A guerra nosseparou novamente, at que lorde Allenby, aps sua triunfante investida atravs da Sria, a enviou-me para estabelecer o governo em Haifa e em todo o seu distrito.Fiz uma pequena visita a Abbs Effendi no dia em que

    cheguei e tive o prazer de O encontrar inalterado.Nunca deixei de O visitar enquanto estive em Haifa.

    Sua conversao era, realmente, de nvel notvel,semelhante a de um antigo profeta, muito distante dasperplexidades e mesquinharias da poltica da Palestina,exaltando todos os problemas dentro de princpios bsicos.

    Rendi meu pesaroso e ltimo tributo de afetuosa

    homenagem quando, em 1921, acompanhei sir HerbertSamuel ao funeral de Abbs Effendi. Subimos pelasencostas ao alto do Monte Carmelo, frente de umnumeroso sqito de vrias religies e eu nunca conhecera unnime demonstrao de pesar e respeito maior do queaquela, suscitada pela simplicidade absoluta da cerimnia.

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    PRIMEIRA P ARTE

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    P ALESTRAS DE A BDUL-B AH P ARIS 1911

    O DEVER DE BONDADE E SIMPATIA PARA COM ESTRANHOS E FORASTEIROS

    16 E 17 DE OUTUBRO DE 1911

    uando o homem volve sua face para Deus, encontra a luz do Sol em toda a parte; todos so seus irmos. Nodeveis permitir que o convencionalismo vos faa parecerfrios e antipticos a indivduos estranhos de outros

    pases. Evitai olh-los sob a suspeita de malfeitores, ladres egrosseiros. Julgais que necessrio muito cuidado a fim deque o relacionamento com tais pessoas, possivelmenteindesejveis, no seja perigoso.

    Peo que o egosmo no ocupe vosso pensamento. Sedebondosos com os estrangeiros, quer venham da Turquia, do Japo, da Prsia, da Rssia, da China ou de qualquer outro

    pas do mundo. Ajudai-os a sentirem-se como em suas casas; procurai saberonde esto hospedados, perguntando se podeis auxili-los emalguma coisa; tentai tornar suas vidas um pouco mais felizes.

    Assim, mesmo que acontea ser verdade o que suspeitastesde incio, procurai, no obstante, ser bondosos para com eles esta bondade ajuda-los- a se tornarem melhores.

    Afinal de contas, por que povos estrangeiros devem sertratados como estranhos?

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    P ARIS 1911 P ALESTRAS DE A BDUL-B AH

    Deixai que aqueles que se encontrarem convosco saibam,sem proclamardes o fato, que sois realmente bahs.

    Praticai o Ensinamento de Bahullh, o da benevolncia a todas as naes. Que a demonstrao de amizade unicamentecom palavras no vos satisfaa; deixai vosso corao incendiar-se de afetuosa bondade por todos aqueles que cruzarem vossocaminho.

    vs, das naes ocidentais, sede bondosos para comaqueles que procedem do mundo oriental para permanecerementre vs. Esquecei vosso formalismo na interlocuo; no estoacostumados a isso. s pessoas do Oriente esse comportamentoparece frio, inamistoso. Mostrai-vos, antes, simpticos. Deixaitransparecer que estais plenos de amor universal.

    Quando encontrardes um persa, ou qualquer outroestrangeiro, falai-lhe como a um amigo; se ele se mostrarsolitrio, tentai ajud-lo, auxiliai-o prontamente; se estivertriste, consolai-o; se pobre, socorrei-o; se oprimido, defendei-o; se aflito, confortai-o. Assim fazendo, podeis manifestar que,no apenas com palavras, mas de fato e verdadeiramente,considerais todos os homens como vossos irmos.

    Que proveito h em concordar que boa a amizade universale em falar da solidariedade da raa humana como um grandeideal? A no ser que estes pensamentos sejam transportadospara o plano da ao, eles so inteis.

    Continua a existir o erro no mundo, precisamente porqueas pessoas falam somente de seus ideais e no se esforam emp-los em prtica. Se as boas palavras fossem convertidas emaes, muito cedo a desgraa do mundo seria transformada em conforto.

    O homem que faz um grande bem e no fala nele, est nocaminho da perfeio.

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    Aquele que pratica uma pequena boa ao e a exagera emsua conversa, vale muito pouco. Se vos amo, no necessitoestar falando constantemente do meu amor sabereis mesmosem quaisquer palavras. Por outro lado, se no vos amo, issotambm sabereis e no acreditareis em mim, mesmo que euprofira mil vezes que vos amo.

    As pessoas fazem muitas afirmaes de bondade,multiplicando lindas palavras, porque desejam ser consideradasas maiores e as melhores entre as demais, buscando fama aosolhos do mundo. Aqueles que fazem o maior bem usampouqussimas palavras concernentes s suas aes.

    Os filhos de Deus executam suas obras sem ostentao,obedecendo s Suas leis.

    Minha esperana que estejais sempre livres da tirania e da opresso; que vosso trabalho seja incessante at que a justia reine em toda a terra; que guardeis pureza em vossos coraese que vossas mos estejam livres de iniqidade.

    Isto o que o prximo acesso a Deus exige de vs e o quede vs espero.

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    realidade do homem o seu pensamento, no o seucorpo material. A fora do pensamento e a fora fsica so associadas. Embora o homem seja parte do reinoanimal, possui poder de pensamento superior a das

    demais criaturas.Se o pensamento de um homem est constantemente

    voltado para os assuntos celestiais, ento este homem tornar-se- santo; se, ao contrrio, ele no eleva seu pensamento, masdirige-o para baixo, concentrando-se sobre as coisas destemundo, cada vez mais se materializa at que chega a um estadopouco superior ao de um simples animal.

    Os pensamentos podem ser divididos em duas classes:1. Pensamentos que pertencem unicamente ao terreno do

    pensamento;2. Pensamentos que se expressam em ao.

    Algumas pessoas vangloriam-se em seus pensamentos

    exaltados, mas, se esses pensamentos nunca atingem o planoda ao, permanecem inteis; a fora do pensamento depende

    O PODER E O V ALOR DO V ERDADEIROPENSAMENTO DEPENDEM DE SUA

    M ANIFESTAO EM A O

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    de sua manifestao em ao. O pensamento de um filsofopode, todavia, no campo do progresso e da evoluo,transformar-se em aes de terceiros, mesmo que ele seja incapaz ou sem disposio de realizar os grandes ideais em sua prpria vida. A maioria dos filsofos pertence esta classe;seus ensinamentos elevam-se acima de suas aes. Esta a diferena entre os filsofos que so Instrutores Espirituais eaqueles que so meros filsofos: o Instrutor Espiritual oprimeiro a seguir Seu prprio ensinamento, pondo em prtica Seus ideais e concepes espirituais. Seus pensamentos Divinosmanifestam-se ao mundo. Seu pensamento Ele prprio, doqual inseparvel. Quando encontramos um filsofoenfatizando a importncia e a grandeza da justia e, em seguida,encorajando um monarca voraz na opresso e tirania,prontamente compreendemos que pertence primeira classe,porque tem pensamentos celestiais e no pratica as virtudescorrespondentes.

    Essa condio impossvel aos Filsofos Espirituais porqueSeus altos e nobres pensamentos so sempre expressos emaes.

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    oda a cura verdadeira vem de Deus! H duas causaspara a doena: uma material, a outra, espiritual. Se a doena est no corpo, necessrio um remdiomaterial; se da alma, um remdio espiritual.

    Somente poderemos ficar sos se a bno dos cus viersobre ns quando estamos sendo tratados, porque a medicina apenas o veculo visvel e exterior por meio do qual recebemosa cura divina. A no ser que o esprito seja curado, de nada valea cura do corpo. Tudo est nas mos de Deus e sem Ele,nenhuma sade podemos ter.

    Houve muitos homens que morreram da doena sobre a

    qual fizeram estudos especiais. Aristteles, por exemplo, quefez estudo especfico sobre a digesto, morreu de enfermidadedo estmago. Aviseu foi especialista do corao, mas faleceude molstia cardaca. Deus o nico e grande Mdicocompassivo que tem o poder de dar a verdadeira cura.

    Todas as criaturas so dependentes de Deus, por maioresque possam parecer seu conhecimento, seu poder e sua

    independncia.

    DEUS O GRANDE MDICOCOMPASSIVO, O NICO QUE D A

    V ERDADEIRA CURA

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    Vede os poderosos reis da terra: possuem todo o poder queo mundo tem a oferecer e, no entanto, quando a morte chama,devem obedecer, da mesma maneira que os camponeses.

    Olhai tambm para os animais: quo indefesos em sua fora aparente! Pois o elefante, o maior de todos os animais, perturbado pela mosca, e o leo no pode escapar irritaodo verme! Mesmo o homem, a mais alta forma dos serescriados, necessita de inmeras coisas para a prpria subsistncia;primeiro, precisa de ar, sem o qual morre em poucos minutos.Tambm depende da gua, alimento, roupa, calor e de muitasoutras coisas. Por todos os lados est cercado de perigos edificuldades, contra os quais o seu corpo sozinho no poderesistir. Se o homem olhar para o mundo ao seu redor, observar quanto as criaturas dependem das leis da natureza e a elas estosujeitas.

    Somente o homem, por meio de sua fora espiritual, temsido capaz de libertar-se, de sobrepujar o mundo da matria,fazendo-o seu servo.

    Sem a ajuda de Deus, o homem precisamente como osanimais que perecem; mas Deus concedeu-lhe poder toadmirvel, a fim de que olhasse sempre para o alto e recebesse,entre outras ddivas, a cura de Sua divina Generosidade.

    Mas, ah! O homem no grato por este supremo bem;dorme o sono da negligncia, sendo indiferente grande graa que Deus destinou-lhe, voltando-se contra a luz e prosseguindono seu caminho de trevas.

    Minha prece fervorosa para que no sejais assim, mas que,ao contrrio, vossas faces conservem-se firmemente voltadaspara a luz, de modo que possais ser como tochas iluminadas

    nos lugares sombrios da vida.

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    o passado, como no presente, o Sol Espiritual da Verdadetem sempre resplandecido no horizonte oriental. Abrao apareceu no Oriente. No Oriente ergueu-seMoiss para instruir e guiar o povo. Do horizonte

    oriental surgiu o Senhor Cristo. Muhammad foi enviado para uma nao do Oriente. O Bb nasceu numa regio oriental, a Prsia. Bahullh viveu e ensinou no Oriente. Todos osgrandes Instrutores Espirituais nasceram no mundo oriental.Embora, entretanto, o Sol de Cristo tivesse despontado noOriente, seu resplendor atingiu o Ocidente, onde a radincia de sua glria foi vista mais claramente. A divina luz do Seu

    Ensinamento brilhou com maior intensidade no mundoocidental, onde fez mais progresso do que na terra de sua origem.

    Atualmente, o Oriente necessita de progresso material e oOcidente precisa de um ideal espiritual. Seria bom que oOcidente buscasse a iluminao do Oriente e desse, em troca,seu conhecimento cientfico. Deve haver esse intercmbio de

    ddivas.

    A NECESSIDADE DE UNIO ENTRE OSPOVOS DO ORIENTE E DO OCIDENTE

    SEXTA -FEIRA , 20 DE OUTUBRO

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    O Oriente e o Ocidente devem unir-se para permutarem oque est faltando a ambos. Esta unio ocasionar uma verdadeira civilizao, em que o espiritual expresso e realizadono material. Recebendo, assim, um do outro, prevalecer a maior harmonia, todos os povos sero unidos, um estado degrande perfeio ser atingido, haver uma slida cimentaoe este mundo tornar-se- um espelho reluzente para refletir osatributos de Deus.

    Todos ns, as naes orientais e ocidentais, devemos lutardia e noite, de corpo e alma, para conseguirmos este alto ideal,para concretizarmos a unio entre todas as naes da terra.Todos os coraes sero, ento, reanimados, abrir-se-o todosos olhos, manifestar-se- o mais maravilhoso poder e a felicidade dos homens ser assegurada.

    Devemos orar para que, pela Generosidade de Deus, a Prsia seja capaz de receber a civilizao material e intelectual doOcidente e, pela Divina Graa, dar-lhe, em troca, sua luzespiritual. O devotado e vigoroso trabalho dos povos unidos,ocidentais e orientais, ser bem sucedido na consecuo desseresultado, pois a fora do Esprito Santo os ajudar.

    Os princpios dos Ensinamentos de Bahullh devem sercuidadosamente estudados, um por um, at que sejamconhecidos e compreendidos pela mente e pelo corao; assimtornar-vos-eis fortes seguidores da luz, verdadeiramenteespirituais, celestiais soldados de Deus, atingindo e propagandoa verdadeira civilizao na Prsia, na Europa e no mundointeiro.

    Isso ser o paraso que h de vir sobre a terra, quando toda a humanidade estiver reunida sob a tenda da unidade no Reino

    da Glria.

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    ealizam-se todos os dias em Paris numerosas reuniescom diferentes propsitos: para discutir poltica,comrcio, educao, arte, cincia e muitos outrosassuntos.

    Todas essas reunies so boas: masesta assemblia noscongrega para volvermos nossas faces em direo a Deus, para aprendermos a melhor maneira de trabalhar para o bem da humanidade, para pesquisarmos de que modo podem serabolidos os preconceitos e como pode ser implantada nocorao do homem a semente do amor e da fraternidadeuniversal.

    Deus aprova o motivo de nossa reunio e nos d Sua bno.Lemos no Velho Testamento que Deus disse: Faamos ohomem Nossa prpria imagem. No Evangelho, Cristo disse:Eu estou no Pai e o Pai est em Mim.* No Alcoro, Deusdisse: O homem Meu Mistrio e Eu sou o seu. Bahullhescreve que Deus disse: Teu corao Minha morada; purifica-o para Minha descida. Teu esprito meu lugar de revelao;

    limpa-o para Minha manifestao.

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    DEUS COMPREENDE TUDO;N O PODE SER COMPREENDIDO

    NOITE DE SEXTA -FEIRA , 20 DE OUTUBRO

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    * Joo 14:11.

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    Todas estas palavras sagradas nos mostram que o homem feito imagem de Deus; todavia a Essncia de Deus incompreensvel ao pensamento humano, pois o conhecimentolimitado no pode ser aplicado a este infinito Mistrio. Deuscontm tudo: Ele no pode ser contido. O que contm superiorao contedo. O todo maior que suas partes.

    As coisas que so compreendidas pelo homem no podemestar fora de sua capacidade de entendimento, e assim impossvel que o corao do homem entenda a natureza da Majestade de Deus. Nossa imaginao pode apenas retratar oque capaz de criar.

    O poder de entendimento difere em grau nos diversos reinosda criao. As espcies mineral, vegetal e animal todas elasso incapazes de compreender qualquer criao alm da prpria.O mineral no pode imaginar o poder de crescimento da planta. A rvore no pode compreender o poder de movimento doanimal, nem pode entender o que significa possuir o sentidodo olfato, da vista ou da audio. Todos eles pertencem criao fsica.

    O homem tambm participa desta criao; mas no possvel a nenhum dos reinos inferiores compreender o que sepassa na mente do homem. O animal no pode compreendera inteligncia de um ser humano; conhece apenas o que percebido pelos sentidos animais, no pode imaginar algo deabstrato. Um animal no pode aprender que o mundo redondo, que a terra gira em torno do sol; no pode concebera construo do telgrafo sem fio. Estas coisas so possveissomente ao homem. O homem a mais elevada obra da criao de todas as criaturas, a mais prxima de Deus.

    Todos os reinos superiores so incompreensveis aosinferiores; portanto, como seria possvel que a criatura, ohomem, entendesse o Onipotente Criador de tudo?

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    O que imaginamos no a Realidade de Deus; Ele, oIncognoscvel, o Inconcebvel, est muito alm da maisavanada concepo do homem.

    Todas as criaturas existentes dependem da Divina Bondade. A Divina Providncia confere a prpria vida. Assim como a luz do sol ilumina o mundo inteiro, a Misericrdia do DeusInfinito irradia-se sobre todas as criaturas. Assim como o solamadurece os frutos da terra e d vida e calor a todos os seresvivos, do mesmo modo o Sol da Verdade cintila sobre todasas almas, enchendo-as com a chama da compreenso e amordivino.

    A superioridade do homem sobre o resto das criaturas novamente observada nisto: o homem possui uma alma na qual habita o esprito divino; as almas das criaturas inferioresso inferiores em sua essncia.

    No h dvida, portanto, de que, entre todas as criaturas,o homem est mais prximo da natureza de Deus, e,conseqentemente, recebe maior ddiva da GenerosidadeDivina.

    O reino mineral possui o poder de existncia. A planta temo poder de existir e de crescer. O animal, alm da existncia edo crescimento, tem a capacidade de se locomover e o uso dasfaculdades dos sentidos. Na espcie humana encontramostodos os atributos dos reinos inferiores, com o acrscimo demais amplas caractersticas. O homem a soma de todas asespcies, pois contm todas elas.

    Ao homem concedida a ddiva especial do intelecto, pormeio do qual capaz de receber maior parcela da luz Divina.O Homem Perfeito um espelho polido refletindo o Sol da

    Verdade, manifestando os atributos de Deus.O Senhor Cristo disse: Aquele que Me tem visto, temvisto o Pai Deus manifestado no homem.

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    O sol no deixa sua posio nos cus, no desce para oespelho, pois as aes de subir e descer, de ir e vir, no pertencemao Infinito, so mtodos das coisas finitas. No Manifestantede Deus o Espelho perfeitamente polido aparecem asqualidades do Divino numa forma que o homem capaz decompreender.

    Isto to simples que todos ns podemos entend-lo, eaquilo que podemos compreender, temos necessariamente deaceitar.

    Nosso Pai no nos considerar responsveis pela rejeio dedogmas que no somos capazes de entender ou neles acreditar,pois Ele sempre infinitamente justo para com Seus filhos.

    Este exemplo , porm, to lgico que pode ser facilmentecompreendido por todas as mentes inclinadas a consider-lo.

    Que cada um de vs se transforme em uma lmpada reluzente, cuja chama seja o Amor de Deus! Que vossos coraesse inflamem com o fulgor da unidade! Que vossos olhos seiluminem com o resplendor do Sol da Verdade!

    A cidade de Paris muito bela; no mundo atual seria difcilencontrar cidade mais civilizada e mais bem organizada nodesenvolvimento material. Mas a luz espiritual no tembrilhado sobre ela h longo tempo; seu progresso espiritualest muito aqum de sua civilizao material. necessrio umpoder supremo para despert-la realidade da verdade espiritual,para insuflar o sopro da vida em sua alma adormecida. Vstodos deveis unir-vos neste trabalho de acord-la, reanimandoseu povo com a ajuda daquela Fora Superior.

    Quando uma doena simples, um pequeno remdio ser suficiente para cur-la, mas quando um ligeiro mal se transforma

    numa terrvel doena, ento um remdio muito forte deve seraplicado pelo Mdico Divino. H certas rvores que floresceme frutificam num clima fresco, outras h que necessitam de

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    raios de sol mais quentes para lev-las perfeita maturidade.Paris uma dessas rvores para cujo desabrochar espiritual necessrio um grande e flamejante Sol do Divino Poder deDeus.

    Peo a todos vs, a cada um de vs, que sigais devotamentea luz da verdade nos Ensinamentos Sagrados, e Deus vosfortalecer por Seu Esprito Santo, para que assim sejais capazesde sobrepujar as dificuldades e de destruir os preconceitos quecausam separao e dio entre o povo. Que vossos coraes seencham do grande amor de Deus, a tal ponto que seja sentidopor todos; pois cada homem servo de Deus e todos tmdireito de participar da Divina Generosidade.

    Especialmente queles cujos pensamentos so materiais eretrgrados demonstrai o mximo de amor e pacincia,conquistando-os, desse modo, para o convvio comunitrio,pela irradiao de vossa bondade.

    Se fordes fiis em vosso intenso trabalho, seguindo oSagrado Sol da Verdade, sem desvio, ento despontar nesta bela cidade o abenoado dia da fraternidade universal.

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    spero que vs todos estejais bem e felizes. Eu no estoufeliz, e sim, muito triste. A notcia da batalha de Bengaziaflige meu corao. Surpreende-me a selvageria humana que ainda existe neste mundo! Como possvel que

    seres humanos lutem de manh noite, matando-se uns aosoutros e derramando o sangue de seus semelhantes? E para que finalidade? Para se apossarem de uma parte da terra! Mesmoos animais, quando lutam, tm uma causa imediata e maisrazovel para seus ataques. Como terrvel que os homens,criaturas superiores, possam descer chacina e causar aflioaos semelhantes, pela posse de um trato de terra!

    Criaturas superiores combatendo a fim de obterem a forma mais baixa da matria, a terra! A Terra no pertence a um s povo, mas sim a todos os

    povos. No o lar, e sim o tmulo do homem. por seustmulos que esses homens esto brigando. Nada h to horrvelneste mundo quanto o tmulo, a morada dos corposdecompostos dos homens.

    Por maior que seja o conquistador e inmeros sejam ospases que possa reduzir escravido, ele incapaz de reter

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    A S DEPLORVEIS C AUSASDA GUERRA E O DEVER DE C ADA

    UM DE LUTAR PELA P AZ

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    qualquer parte dessas terras devastadas, a no ser uma pequenina poro sua sepultura! Se, para melhorar as condies do povo,para propagar a civilizao (pela substituio de costumes brutaispor leis justas), houver necessidade de mais terra, certamenteser possvel conseguir-se pacificamente a extenso de territrioindispensvel.

    Mas a guerra feita para satisfazer a ambio dos homens;para proveito material de alguns, terrvel sofrimento atingeinmeros lares, partindo os coraes de centenas de homens emulheres! Quantas vivas pranteiam seus maridos, quantashistrias de selvagem crueldade ns ouvimos! Quantospequeninos rfos esto chorando por seus pais falecidos,quantas mulheres esto derramando lgrimas pelos seus filhosmortos!

    Nada h to terrvel e de cortar o corao quanto a explorao da selvageria humana!

    Eu vos exorto, a cada um de vs, que concentreis o ntimodos vossos pensamentos no amor e na unio. Quando surgirum pensamento de guerra, fazei-lhe oposio com umpensamento mais forte de paz. Um pensamento de dio deveser destrudo por um mais poderoso pensamento de amor.Pensamentos de guerra trazem destruio da harmonia, dobem-estar, da tranqilidade e do contentamento.

    Pensamentos de amor constroem a fraternidade, a paz, a amizade e a felicidade. Quando os soldados do mundo sacamdas espadas para a carnificina, os soldados de Deus apertam asmos, uns aos outros. Que assim desaparea a selvageria doshomens, pela Graa de Deus atuando atravs dos puros decorao e dos sinceros de alma. No julgueis que a paz do

    mundo seja um ideal impossvel de se realizar!Nada impossvel Sublime Benevolncia de Deus.

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    P ALESTRAS DE A BDUL-B AH P ARIS 1911

    Se, de todo o corao, desejais amizade com todas as raasda Terra, vosso pensamento, espiritual e positivo, propagar-se-; vir a ser o desejo dos outros, tornando-se cada vez maisforte, at atingir as mentes de todos os homens.

    No desanimeis! Trabalhai firmemente. A sinceridade e oamor conquistaro o dio. Quantos eventos aparentementeimpossveis estamos presenciando nestes dias! Fixai vossas facesfirmemente na direo da Luz do Mundo. Manifestai amor a todos. O amor o sopro do Esprito Santo no corao dohomem. Tende coragem! Deus nunca abandona Seus filhosque lutam, se esforam e oram! Que vossos coraes se enchamdo ardoroso desejo de que a tranqilidade e a harmonia envolvam todo este mundo belicoso. Assim, o sucesso coroar vossos esforos e, com a fraternidade universal, sobrevir oReino de Deus em paz e boa vontade.

    Hoje nesta sala esto membros de diversas raas franceses,americanos, ingleses, alemes, italianos irmos e irms,reunindo-se em amizade e harmonia!

    Que esta reunio seja o prenncio do que realmenteacontecer neste mundo quando todos os filhos de Deuscompreenderem que so folhas de uma s rvore, flores deum s jardim, gotas de um s oceano e filhos e filhas de ums Pai, cujo nome amor!

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    dia est agradvel, o sol brilha resplandecente sobrea terra, dando luz e calor a todas as criaturas. O Solda Verdade tambm est brilhando, dando luz ecalor s almas dos homens. O sol vivifica os corpos

    de todas as criaturas sobre a terra; sem o calor do sol, seucrescimento seria atrofiado, seu desenvolvimento seria

    paralisado, elas viriam a declinar e morrer. Da mesma maneira,as almas dos homens necessitam que o Sol da Verdade espalheseus raios sobre elas, para desenvolv-las, para educ-las eencoraj-las. Como o sol para o corpo do homem, assim oSol da Verdade para sua alma.

    Um homem pode ter alcanado alto grau de progressomaterial, mas sem a luz da verdade sua alma se atrofia e

    enfraquece enquanto outro pode no ter dotes materiais e podepertencer mais baixa escala social, mas sua alma se engrandecee sua compreenso espiritual se ilumina porque receberam ocalor do Sol da Verdade.

    Um filsofo grego, contemporneo da adolescncia da cristandade, convencido dos princpios cristos, embora nofosse praticante, assim escreveu: Creio que a religio o

    prprio fundamento da verdadeira civilizao.

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    O SOL DA V ERDADE22 DE OUTUBRO

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    Pois a civilizao somente estar solidamente alicerada quando forem aperfeioados os predicados morais e intelectuaisdas naes.

    Como a religio incute a moralidade, , conseqentemente,a mais real de todas as filosofias e sobre ela constri-se a nica civilizao duradoura. Como exemplo, ele salienta os cristosde ento, cuja moralidade era de altssimo nvel. A crena destefilsofo condiz com a verdade, pois a civilizao da cristandadefoi a melhor e a mais esclarecida do mundo. A Doutrina Crist foi iluminada pelo Divino Sol da Verdade e, por isso, seusseguidores foram instrudos para amarem todos os homenscomo irmos, para nada temerem, nem mesmo a morte! Para amarem o prximo como a si mesmos e esquecerem seusprprios interesses egosticos, esforando-se pelo maior bemda humanidade. O grande propsito da religio de Cristo foiatrair os coraes de todos os homens para mais perto da resplandecente Verdade de Deus.

    Se os adeptos do Senhor Cristo tivessem continuado a seguirestes princpios com slida fidelidade, nenhuma necessidadeteria havido da renovao da Mensagem Crist, nenhuma necessidade de um novo despertar do Seu povo, pois uma grande e gloriosa civilizao estaria agora dominando o mundo,e o Reino do Cu teria vindo para a terra.

    Mas, em vez disso, que aconteceu? Os homens rejeitaramos preceitos divinamente iluminados do seu Mestre, e oinverno desceu sobre os seus coraes. Pois, como o corpo dohomem para viver depende dos raios do sol, assim as virtudescelestiais no se desenvolvem na alma sem o fulgor do Sol da Verdade.

    Deus no abandona Seus filhos, mas, quando as sombrasdo inverno os obscurecem, envia outra vez Seus Mensageiros,

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    os Profetas, com renovao da abenoada primavera. O Solda Verdade aparece novamente no horizonte do mundo,brilhando nos olhos daqueles que dormem, despertando-ospara contemplarem o esplendor de uma nova aurora. Ento a rvore da humanidade reflorescer, produzindo o fruto da virtude para a cura das naes. Porque o homem se negou a ouvir a Voz da Verdade e fechou seus olhos Luz Sagrada,negligenciando a Lei de Deus, a Terra tem sido desolada pela escurido da guerra e do tumulto, pela inquietao e pela misria. Eu peo que todos vs vos esforceis para que cada filho de Deus ilumine-se com o Sol da Verdade, para que a escurido seja dissipada pelos raios penetrantes do seu resplendore para que o rigor e o frio do inverno sejam anulados pelocalor misericordioso do seu brilho.

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    uando um homem encontra a alegria de viver em certolugar, retorna quele mesmo lugar para obter maisalegria. Quando um homem encontra ouro em uma mina, retorna mais vezes a essa mina para cavar mais

    ouro.Isto demonstra a fora interna e o instinto natural que Deus

    deu ao homem, e o poder de energia vital que nasce nele.O Ocidente tem sempre recebido iluminao espiritual do

    Oriente. A Cano do Reino ouvida primeiramente noOriente, mas o maior volume do som repercute no Ocidente,nos ouvidos atentos.

    O Senhor Cristo ergueu-Se como uma fulgurante Estrela no cu oriental, mas a luz de Sua Doutrina reluziu maisintensamente no Ocidente, onde Sua influncia radicou-se maissolidamente e Sua Causa atingiu mais ampla difuso do quena terra do Seu nascimento.

    O som da Cano de Cristo ecoou por sobre todas as terrasdo mundo ocidental e penetrou nos coraes do seu povo.

    Os povos do Ocidente so firmes e os alicerces sobre osquais eles constroem so de rocha; eles so constantes e no seesquecem facilmente.

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    A LUZ DA V ERDADEEST BRILHANDO A GORA SOBRE

    O ORIENTE E O OCIDENTE

    SEGUNDA -FEIRA , 23 DE OUTUBRO

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    O Ocidente semelhante planta forte e robusta; quandoa chuva cai brandamente para nutri-la e o sol brilha sobre ela,refloresce no devido tempo e produz bom fruto. J faz muitotempo desde que o Sol da Verdade refletido pelo Senhor Cristoespalhou sua irradiao sobre o Ocidente, pois a face de Deustem sido velada pelo pecado e pela negligncia do homem.Mas novamente agora, louvado seja Deus, o Esprito Santofala ao mundo! A constelao do amor, da sabedoria e do poderest mais uma vez brilhando no Horizonte Divino, para alegrartodos aqueles que volvem suas faces Luz de Deus. Bahullhrasgou o vu do preconceito e da superstio que estava sufocando as almas dos homens. Oremos a Deus para que osopro do Esprito Santo possa novamente dar esperana erevigoramento ao homem, despertando nele o desejo de fazera Vontade de Deus. Que os coraes e as almas de todos oshomens sejam vivificados; assim regozijar-se-o em um novonascimento.

    Ento a humanidade vestir nova roupagem no esplendordo amor de Deus e haver a aurora de uma nova criao! Entoa Misericrdia do Mais Clemente manifestar-se- sobre toda a humanidade e os homens levantar-se-o para uma nova vida.

    Meu mais ardente desejo que vs todos vos esforceis etrabalheis para este glorioso fim, tornando-vos leais e afetuososobreiros na edificao da nova civilizao espiritual, os eleitosde Deus, em espontnea e alegre obedincia, realizando Seusupremo desgnio! O sucesso est realmente prximo, pois oEstandarte da Divindade foi desfraldado nas alturas e o Sol da Justia de Deus apareceu sobre o horizonte vista de todos oshomens.

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    m indiano disse a Abdul-Bah: Meu propsito na vida transmitir, o mximo

    que puder, a mensagem de Krishna ao mundo.Abdul-Bah disse:

    A mensagem de Krishna a mensagem do amor. Todos osprofetas de Deus trouxeram a mensagem do amor. Nenhum deles

    jamais pensou que a guerra e o dio so bons. Todos so unnimesem dizer que o amor e a bondade so o melhor de tudo.Em aes o amor manifesta sua realidade, no apenas em

    palavras estas, sozinhas, no tm efeito. A fim de que o amorpossa manifestar seu poder, deve haver um objetivo, uminstrumento, um motivo.

    H muitas maneiras de expressar o princpio do amor: h o

    amor pela famlia, pelo pas, pela raa, h o entusiasmo poltico,h tambm o amor da comunidade e o interesse em servir.Todos estes so modos e meios de demonstrar o poder doamor. Sem tais meios, o amor no poderia ser visto, ouvido,sentido seria inteiramente inexpressivo, invisvel! A gua mostra seu poder de vrios modos: saciando a sede, fazendo a semente crescer, etc. O carvo expressa um dos seus princpios

    por meio da luz do gs, enquanto que um dos poderes da eletricidade demonstrado pela luz eltrica. Se no houvessegs nem eletricidade, as noites do mundo tornar-se-iam escuras!

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    O A MOR UNIVERSAL24 DE OUTUBRO

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    Assim, necessrio haver um instrumento, um objetivo, ummodo de expresso.

    Devemos encontrar um meio de espalhar o amor entre osfilhos da humanidade.

    O amor ilimitado, imenso, infinito! As coisas materiaisso limitadas, circunscritas, finitas. No se pode exprimirapropriadamente amor infinito por meio de coisas limitadas.

    O perfeito amor necessita de um instrumento generoso,absolutamente livre de grilhes de toda a sorte. O amor da famlia limitado; o lao da consanginidade no o maisforte dos vnculos. Freqentemente, membros da mesma famlia discordam e chegam a odiar-se uns aos outros.

    O amor patritico finito; amar um pas e provocar dioaos demais no perfeito amor! Os compatriotas tambmno esto livres de disputas entre si.

    O amor da raa limitado; h alguma unio aqui, mas issono suficiente. O amor deve ser livre de fronteiras!

    Amar nossa prpria raa pode significar averso a todas asoutras; at pessoas da mesma raa, freqentemente,antipatizam-se mutuamente.

    O amor poltico tambm envolvido pelo dio entre ume outro partido; este amor muito limitado e incerto.

    O amor da comunidade pelo interesse em servir igualmente flutuante; muitas vezes surgem as competies,levando inveja e, por fim, o dio substitui o amor.

    H alguns anos, a Turquia e a Itlia mantinham um acordopoltico amistoso; hoje esto em guerra!

    Todos esses laos de amor so imperfeitos. claro quevnculos materiais so insuficientes para expressarem, com

    propriedade, o amor universal.O grande e generoso amor pela humanidade no est presoa nenhum desses liames imperfeitos e interesseiros; este o

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    nico amor perfeito, possvel a toda a humanidade, e somenteser conseguido atravs do poder do Esprito Santo. Nenhuma fora na terra pode realizar o amor universal.

    Que todos se unam neste poder Divino do amor! Quetodos se esforcem para crescer na luz do Sol da Verdade e,refletindo este luminoso amor entre todos os homens, queseus coraes tornem-se to unidos que possam habitareternamente no esplendor do amor infinito.

    Recordai estas palavras que vos falo, durante o curto espaode tempo que estou passando em Paris, entre vs. Eu vos exortofervorosamente: no deixeis que vossos coraes prendam-ses coisas materiais deste mundo; recomendo-vos que no vosdeiteis prazerosamente nas camas da negligncia, prisioneirosda matria, mas sim que vos levanteis e livreis de suas correntes!

    A criao animal escrava da matria; Deus deu liberdadeao homem. O animal no pode escapar lei da natureza, aopasso que ao homem possvel control-la, pois ele, contendoa natureza, a sobrepuja.

    O poder do Esprito Santo, iluminando a inteligncia dohomem, tem-no capacitado a descobrir os meios de submetermuitas leis naturais sua vontade. Ele voa atravs do ar, flutua no mar e tambm se move debaixo dgua.

    Tudo isso prova como a inteligncia do homem tem sidocapaz de livr-lo das limitaes da natureza e de solucionarmuitos de seus mistrios. O homem, at certo ponto, temquebrado os grilhes da matria.

    O Esprito Santo dar ao homem maiores poderes do queestes, se ele apenas buscar diligentemente as coisas do espritoe harmonizar seu corao com o Divino amor infinito.

    Quando amardes um membro de vossa famlia ou umcompatriota, que o seja com um raio do Amor Infinito! Queo seja em Deus e por Deus. Se em qualquer um encontrardes

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    os atributos de Deus, amai essa pessoa, seja ela de vossa famlia ou de outra. Derramai a luz de um amor ilimitado sobre todosos seres humanos que encontrardes, sejam eles de vosso pas,da vossa raa, do vosso partido poltico, ou de qualquer outra nao, cor ou matiz de opinio poltica.

    O Cu vos sustentar enquanto estiverdes nesta obra dereunir os povos dispersos do mundo sombra da poderosa tenda da unio.

    Vs sereis servos de Deus, habitando prximo a Ele, Seusauxiliares divinos em servio, ajudando a toda a humanidade.Toda a humanidade! Todos os seres humanos.Nunca vos esqueais disto!

    No digais: ele italiano, ou francs, ou americano, ouingls; lembrai-vos somente de que um filho de Deus, umservo do Altssimo, um homem! Todos sohomens ! Esqueceinacionalidades;todos so iguais vista de Deus!

    No considereis vossas prprias limitaes; Deus vos ajudar.Esquecei a vs prprios. A ajuda de Deus certamente vir!

    Quando invocardes a Graa de Deus que est vossa espera,para vos fortalecer, vossa fora ser decuplicada.

    Olhai para mim: eu sou to fraco, contudo foi-me concedida energia para vir at vs; um pobre servo de Deus, que foicapacitado para vos dar esta mensagem! No estarei convoscopor muito tempo! Nunca devemos atentar para a nossa prpria debilidade; a fora do Esprito Santo do Amor que nos d opoder de ensinar. O pensar em nossa prpria fraqueza s nospode trazer desespero. Devemos olhar mais alto do que todosos pensamentos terrenos; desprendamo-nos de todas as idiasmateriais e ansiemos por coisas do esprito; fixemos o olhar

    sobre a perptua e generosa Graa do Onipotente, que encher nossas almas da felicidade da jubilosa obedincia ao Seumandamento Amai-vos uns aos outros.

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    amento muito que vos tenha feito esperar esta manh,mas tenho tanto a fazer em curto tempo pela Causa do amor de Deus.

    No vos incomodareis pela pequena espera para meverdes. Esperei anos e anos na priso a fim de que vos pudessever agora.

    Acima de tudo, louvado seja Deus, nossos coraes estosempre em unssono e com o propsito nico de receber oamor de Deus. Pela Generosidade do Reino, nossos desejos,nossos coraes, nossos espritos, no esto unidos num sliame? No so nossas preces pela reunio de todos os homensem harmonia? Por conseguinte, no estamos sempre juntos?

    Ontem noite, quando voltei da casa do senhor Dreyfus,

    eu estava muito cansado, contudo no dormi; fiquei acordado,pensando.Eu disse: Deus! Aqui estou, em Paris; que Paris, e eu,

    quem sou? Jamais sonhei que, da escurido do meu crcere,pudesse vir a vs, embora, quando foi lida minha sentena,nela no pudesse acreditar.

    Contaram-me que Abdul-Hamid havia ordenado minha

    priso perptua, e eu disse: Isto impossvel. No serei sempreprisioneiro. Se Abdul-Hamid fosse imortal, tal veredictopossivelmente seria realizado. certo que um dia serei livre.

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    A PRISO DE A BDUL-B AH A VENUE DE C AMONS, 4

    QUARTA -FEIRA , 25 DE OUTUBRO

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    Meu corpo pode ser cativo por certo tempo, mas Abdul-Hamid no tem poder sobre meu esprito livreeste devepermanecer porque ningum pode aprision-lo.

    Libertado da priso pelo Poder de Deus, encontro aqui osSeus amigos e dou graas a Ele.

    Propaguemos a Causa de Deus, pela qual sofri perseguio.Que privilgio o nosso de nos encontrarmos aqui em

    liberdade! Que felicidade a nossa, haver Deus assim decidido,a fim de podermos trabalhar juntos para a vinda do Reino!

    Agrada-vos receber tal convidado, liberto de sua priso para vos trazer a gloriosa Mensagem? Ele que nunca imaginou serpossvel tal encontro! Agora, pela Graa de Deus, pelo Seumaravilhoso Poder, eu, que fui condenado priso perptua numa longnqua cidade do Oriente, aqui estou em Paris falandoconvosco!

    Doravante estaremos sempre juntos, com o corao, a alma e o esprito trabalhando insistentemente at que todos oshomens estejam reunidos sob a tenda do Reino, entoando ascanes da paz.

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    maior de todas as ddivas de Deus ao homem a dointelecto, ou entendimento.

    O entendimento o poder pelo qual o homemadquire conhecimento dos diversos reinos da criao

    e dos vrios perodos da existncia, assim como de grande partedo que invisvel.

    Possuindo esse dom, ele , em si mesmo, a soma dasprimeiras criaturas; pode entrar em contato com esses reinose, por meio desse dom, pode, freqentemente, atravs do seuconhecimento cientfico, discorrer com viso proftica.

    O intelecto , na verdade, o dom mais precioso concedido

    ao homem pela Generosidade Divina. Somente o homem,entre os seres criados, tem este maravilhoso poder.Toda a criao anterior ao Homem est ligada severa lei

    da natureza. O grande sol, a multido de estrelas, os oceanos eos mares, as montanhas, os rios, as rvores e todos os animaisgrandes ou pequenos nenhum deles pode fugir da obedincia lei da natureza.

    Unicamente o homem tem liberdade e, pelo seuentendimento ou intelecto, tem sido capaz de controlar e

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    A M AIOR D DIVA DE DEUS AO HOMEMQUINTA -FEIRA , 26 DE OUTUBRO

    !

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    adaptar algumas dessas leis naturais s suas prpriasnecessidades. Com o poder do intelecto, tem descoberto meiospelos quais no s atravessa grandes continentes em trensexpressos e cruza vastos oceanos em navios, como, semelhanteao peixe, viaja debaixo dgua em submarinos e, imitando ospssaros, voa atravs do ar em avies.

    O homem tem conseguido usar a eletricidade de vriasmaneiras para luz, para fora motriz, para enviar mensagensde uma outra extremidade da terra e, com a eletricidade,pode at ouvir uma voz a muitas milhas de distncia!

    Por meio desse dom de entendimento ou inteligncia, tempodido usar os raios do sol para retratar pessoas e coisas e atpara captar a forma de corpos celestes distantes.

    Percebemos de que numerosas maneiras o homem temconseguido subjugar as foras da natureza sua vontade.

    Quo doloroso verificar que esse dom que Deus lhe deuo homem tem utilizado para construir instrumentos de guerra,quebrando o Mandamento de Deus No matars eafrontando a recomendao de Cristo Amai-vos uns aosoutros.

    Deus deu este poder ao homem a fim de que fosse usadopara o progresso da civilizao, para o bem da humanidade,para aumentar o amor, a concrdia e a paz. Mas o homemprefere usar este dom para destruir em vez de construir, para a injustia e a opresso, para o dio, a discrdia e a devastao,para a destruio dos seus semelhantes, aos quais Cristorecomendou que ele amasse como a si prprio!

    Espero quevosso entendimento seja usado para promover a unio e a tranqilidade do gnero humano, para dar

    esclarecimento e civilizao ao povo, para produzir amor emtodos ao redor de vs e para realizar a paz universal.

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    Estudai as cincias, adquiri cada vez mais conhecimento.Seguramente pode-se aprender at o fim da vida! Usai semprevosso conhecimento para benefcio do prximo; a fim de quea guerra cesse na face desta bela terra e um glorioso edifcio depaz e concrdia seja levantado. Esforai-vos para que vossosaltos ideais sejam realizados no Reino de Deus sobre a terra,como sero no Cu.

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    dia est lindo, o ar, puro; o sol brilha, nenhuma neblina ou nuvem obscurece seu esplendor.

    Estes raios brilhantes penetram em todas as partesda cidade; assim possa o Sol da Verdade iluminar as

    mentes dos homens.Cristo disse: Eles vero o Filho do Homem vindo sobre

    as nuvens do Cu.1 Bahullh disse: Quando Cristo veiopela primeira vez, Ele veio sobre as nuvens.2Cristo disse quetinha vindo do firmamento, do Cu que procedia de Deus embora nascesse de Maria, Sua me. Mas quando declarouter vindo do Cu, claro que no quis dizer o firmamento

    azul, e sim falou do Cu do Reino de Deus, e deste Cu desceusobre as nuvens. Como as nuvens so obstculos ao brilho dosol, assim as nuvens do mundo da humanidade esconderamdos olhos dos homens o esplendor da Divindade de Cristo.

    Os homens diziam: Ele de Nazar, nascido de Maria;ns O conhecemos e a Seus irmos. Que pretende? Que est dizendo? Que Ele procedeu de Deus?

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    A S NUVENS QUE OBSCURECEMO SOL DA V ERDADE

    A VENUE DE C AMONS, 4MANH DE SEXTA -FEIRA , 27 DE OUTUBRO

    1 Mateus 24: 30 16: 272 Joo 3:13.

    !

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    O corpo de Cristo nasceu de Maria de Nazar, mas oEsprito era de Deus. A capacidade de Seu corpo humano era limitada, mas a fora do Seu esprito era vasta, infinita,incomensurvel.

    Os homens perguntavam: Por que ele diz que de Deus? Setivessem compreendido a realidade de Cristo, teriam sabido queo corpo de Sua natureza humana era uma nuvem que encobria Sua Divindade. O mundo viu apenas Sua forma humana e, porisso, se admirou de como pudesse descer do Cu.

    Bahullh disse: Do mesmo modo como as nuvensescondem de nosso olhar atento o sol e o firmamento,igualmente as caractersticas humanas de Cristo ocultaram doshomens Seu real carter Divino.

    Espero que vossos olhos desanuviados sejam dirigidos para o Sol da Verdade, no contemplando as coisas da terra, para que vossos coraes no sejam atrados pelos desprezveis epassageiros prazeres do mundo; deixai esse Sol dar-vos de Sua fora e ento as nuvens do preconceito no ocultaro Seu brilhodos vossos olhos! Ento o Sol ser lmpido para vs.

    Respirai o ar da pureza. Que cada um de vs participe dasGenerosidades Divinas do Reino do Cu. Que o mundo noseja para vs nenhum obstculo, ocultando de vossa vista a verdade, assim como o corpo humano de Cristo ocultou Sua Divindade do povo de Sua poca. Que recebais a clara visodo Esprito Santo, de forma que vossos coraes sejamiluminados e capazes de reconhecer o Sol da Verdade brilhandoatravs de todas as nuvens materiais, Seu esplendor inundandoo universo.

    No deixeis que as coisas do corpo obscuream a luz celestial

    do esprito, a fim de que, pela Generosidade Divina, possaisentrar com os filhos de Deus no Seu Reino Eterno.Esta minha prece para todos vs.

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    profetas, todos eles, eram da vossa raa. Foi por vs que Deusquebrou o poder do fara e obrigou o Mar Vermelho a secar;Ele tambm vos enviou do alto o man para ser vosso alimentoe da rocha tirou gua e deu a vs, para saciar vossa sede. Soisrealmente o povo eleito de Deus, estais acima de todas as raasda terra! Portando todas as outras raas so abominveis Deuse por Ele condenadas. Na verdade, governareis e subjugareis omundo e todos os homens tornar-se-o vossos escravos. Noprofaneis a vs mesmos pelo consrcio com pessoas que noso de vossa prpria religio, no vos torneis amigos de taispessoas.

    Quando o rabino terminou seu eloqente discurso, seusouvintes ficaram cheios de alegria e satisfao. impossveldescrever-vos sua felicidade!

    Ah! Indivduos desencaminhados como esses, so a causa da diviso e do dio sobre a terra. Hoje h milhes de pessoasque ainda adoram dolos e as grandes religies do mundo estoem guerra entre si. Durante 1300 anos, cristos e muulmanosvm disputando, quando, com um pequenino esforo, suasdiferenas e disputas poderiam ser eliminadas, a paz e a harmonia poderiam existir entre eles e o mundo estaria emrepouso!

    Lemos no Alcoro que Muhammad dirigiu-se a Seusadeptos, dizendo: Por que no acreditais em Cristo e noEvangelho? Por que no desejais aceitar Moiss e os Profetas,pois certamente a Bblia o Livro de Deus? Em verdade, Moissfoi um Profeta sublime e Jesus era pleno do Esprito Santo.Ele veio ao mundo atravs do Poder de Deus, nascido doEsprito Santo e da abenoada Virgem Maria. Maria, Sua me,

    foi uma santa do Cu. Ela passava seus dias no templo emorao e o alimento lhe era enviado de cima. Seu pai, Zacarias,aproximando-se dela, perguntou-lhe de onde vinha o alimento

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    e Maria respondeu: Do alto. Certamente Deus fez Maria para ser exaltada acima de todas as mulheres.

    Isto o que Muhammad ensinou ao Seu povo relativamentea Jesus e Moiss, e Ele o reprovou por sua falta de f nestesgrandes Mestres e lhe ensinou as lies da verdade e da tolerncia. Muhammad foi enviado por Deus para atuar entreum povo to selvagem e inculto quanto os animais ferozes.Esse povo era inteiramente destitudo de compreenso, nemtinha quaisquer sentimentos de amor, simpatia e amizade. Asmulheres eram to degradadas e desprezadas que um homempodia sepultar sua filha com vida e tinha tantas esposas comoescravas, quantas escolhesse.

    A essa gente semi-animalizada Muhammad foi enviado comSua Divina Mensagem. Ele ensinou que a idolatria era errada,mas que Cristo, Moiss e os Profetas deviam ser reverenciados.Sob Sua influncia, esse povo tornou-se mais esclarecido ecivilizado e ergueu-se da condio aviltante em que Ele oencontrara. No foi esta uma grande obra, digna de todo oelogio, respeito e amor?

    Observai o Evangelho do Senhor Cristo e vede quoglorioso ! Contudo, ainda hoje os homens falham na compreenso de sua inestimvel beleza e desvirtuam suaspalavras de sabedoria!

    Cristo proibiu a guerra! Quando o discpulo Pedro,imaginando defender seu Senhor, decepou a orelha do criadodo Sumo Sacerdote, Cristo disse-lhe: Mete a tua espada na bainha.1 Porm, apesar de recomendao direta do Senhor a Quem eles professam servir, os homens ainda disputam, fazemguerra e matam-se uns aos outros, e Seus conselhos e

    ensinamentos parecem inteiramente esquecidos.1 Joo, 18:11.

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    Mas no se atribua aos Mestres e aos Profetas, por isso, osatos nocivos dos seus adeptos. Se os sacerdotes, os instrutorese o povo tm comportamento contrrio religio queprometem seguir, ser isso a culpa de Cristo ou dos outrosMensageiros?

    O povo do Isl foi instrudo para compreender como Jesusveio de Deus e nasceu do Esprito, e que Ele deve ser glorificadopor todos os homens. Moiss foi um profeta de Deus erevelou, na Sua poca, ao povo para o qual foi enviado, oLivro de Deus.

    Muhammad reconheceu a sublime magnificncia de Cristoe a magnitude de Moiss e dos Profetas. Se o mundo inteiroapenas reconhecesse a grandeza de Muhammad e de todos osInstrutores enviados pelo Cu, a luta e a discrdia cedodesapareceriam da face da terra, e o Reino de Deus viria aoshomens.

    Os aderentes do Isl que glorificam Cristo no sohumilhados por faz-lo.

    Cristo foi o Profeta dos cristos, Moiss, dos judeus; porque os adeptos de cada profeta no devem tambm reconhecere honrar os outros profetas? Se os homens aprendessem apenasa lio da mtua tolerncia, da compreenso e do amor fraternal,a unidade do mundo no demoraria a ser um fato consumado.

    Bahullh passou Sua vida ensinando esta lio de Amore Unidade. Afastemo-nos inteiramente do preconceito e da intolerncia e esforcemo-nos, com todos os nossos coraes ealmas, no sentido da compreenso e da unidade entre cristose muulmanos.

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    omente Deus ordena todas as coisas e Onipotente.Por que, ento, Ele envia provaes aos Seus servos? As provaes do homem so de duas espcies:

    [1]A conseqncia de seus prprios atos. Se um homem comedemasiadamente, prejudica sua digesto; se bebe veneno,fica doente e morre. Se uma pessoa jogar, perder seudinheiro; se beber demais, perder seu equilbrio. Todosestes sofrimentos so causados pelo homem a si mesmo; ,portanto, perfeitamente claro que certas tribulaes soresultantes dos nossos prprios atos.

    [2]H outros sofrimentos, os quais recaem sobre os Fiis deDeus. Considerai os grandes padecimentos suportados porCristo e Seus apstolos!

    Aqueles que mais sofrem alcanam a maior perfeio. Aqueles que expressam o desejo de muito sofrer pelo amor

    de Cristo devem provar sua sinceridade; os que proclamam

    sua aspirao de fazer grandes sacrifcios, somente podem provarsua veracidade atravs de suas aes. J provou a fidelidade deseu amor a Deus, sendo leal na sua grande adversidade tanto

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    OS BENEFCIOS DEDEUS AO HOMEM

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    quanto na prosperidade de sua vida. No demonstraram sua fidelidade os apstolos de Cristo, que firmemente suportaramtodas as provaes e sofrimentos? No foi sua resistncia a melhor prova?

    Estes padecimentos agora esto terminados.Caifs viveu uma vida confortvel e feliz, ao passo que Pedro

    teve uma vida cheia de sofrimento e provao; qual dos dois mais invejvel? Seguramente escolheramos a condio dePedro, pois ele possui vida imortal, enquanto que Caifs obteveignomnia eterna. As provaes de Pedro demonstraram sua fidelidade. As provaes so favores de Deus, pelo que devemosdar graas a Ele. Padecimentos e infortnios no nos chegampor acaso; so enviados pela Providncia Divina para nossoprprio aperfeioamento.

    Enquanto o homem feliz, pode esquecer-se de Deus; masquando vem a aflio, e as mgoas o oprimem, ento lembrar-se- de seu Pai que est no Cu e pode livr-lo de suashumilhaes.

    Os homens que no sofrem no alcanam a perfeio. A planta mais podada pelo jardineiro a que, quando chega overo, ter as mais belas flores e o fruto mais abundante.

    O lavrador sulca a terra com seu arado e da terra vem rica eabundante colheita. Quanto mais o homem castigado, maior a colheita de virtudes espirituais por ele produzida. Umsoldado no um bom general enquanto no tenha estado na frente do mais violento combate e recebido os mais profundosferimentos.

    A prece dos profetas de Deus tem sido sempre e ainda : Deus, desejo ardentemente dar minha vida na Tua senda!

    Desejo derramar meu sangue por Ti e fazer o sacrifcio supremo!

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    Criador de tudo o Deus nico.Deste mesmo Deus, toda a criao originou-se, e

    Ele a nica meta para onde se dirigem s aspiraesde toda a natureza. Esta concepo foi corporificada

    nas palavras de Cristo, quando Ele disse: Eu sou o Alfa e omega, o princpio e o fim. O homem a soma da Criaoe o Homem Perfeito a expresso do pensamento integral doCriador - a Palavra de Deus.

    Considerai o mundo dos seres criados: quo variados ediferentes so em espcie, embora sejam de uma s origem.Todas as diferenas que apresentam so de cor e forma exteriores.

    Essa diversidade de tipos evidente em toda a natureza.Contemplai um lindo jardim cheio de flores, arbustos ervores. Cada flor tem um encanto diferente, uma beleza peculiar, sua linda cor e delicioso perfume prprio. Igualmenteas rvores, quo variadas so em tamanho, em crescimento,em folhagem e que diferentes frutos produzem! Contudo,todas as flores, arbustos e rvores brotam da mesmssima terra,

    o mesmo sol brilha sobre eles e as mesmas nuvens lhes dochuva.

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    BELEZA E H ARMONIA NA DIVERSIDADE

    28 DE OUTUBRO

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    Assim com a humanidade. composta de diversas raas,e seus povos so de cores diferentes brancos, pretos, amarelos,pardos e vermelhos mas todos eles provm do mesmo Deuse todos so Seus servos. Esta diversidade entre os filhos doshomens no tem, infelizmente, o mesmo efeito que entre oreino vegetal, onde as caractersticas so mais harmoniosas.Entre os homens existe mltipla animosidade, e isto o queorigina a guerra e o dio entre as diversas naes do globo.

    Diferenas unicamente de sangue tambm fazem com quese destruam e matem uns aos outros. Ah! Que isto ainda deva ser assim! Observemos preferencialmente a variao da beleza,a beleza da harmonia, e aprendamos uma lio do reino vegetal.Se contemplsseis um jardim cujas plantas fossem da mesma forma, cor e perfume, absolutamente no vos pareceria belo,mas, ao contrrio, montono e tedioso. O jardim que agradvel vista e que alegra o corao aquele onde estocrescendo, lado a lado, flores de todos os matizes, formas eperfumes, e o alegre contraste da cor que produz encanto ebeleza. Assim com as rvores. Um pomar repleto de rvoresfrutferas uma delcia; assim uma plantao com muitasespcies de arbustos. precisamente a diversidade e a variedadeque constituem seu encanto; cada flor, cada rvore, cada fruta,alm de sua beleza prpria, ressalta, pelo contraste, as qualidadesdas demais e mostra apropriadamente a graa especial de cada uma delas.

    Assim deveria ser entre os filhos dos homens! A variedadena famlia humana deveria ser a causa do amor e da harmonia,como na msica, em que muitas notas diferentes seharmonizam na composio de um perfeito acordo. Se

    encontrardes pessoas de raa e cor diferentes das vossas, novos encerreis em vosso invlucro de convencionalidade; ao

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    contrrio, sede alegres e mostrai-lhes bondade. Imaginai-ascomo diferentes rosas coloridas crescendo no belo jardim da humanidade, e regozijai-vos por estardes entre elas.

    Do mesmo modo, quando encontrardes aqueles cujasopinies difiram das vossas, no lhes vireis vossas faces. Todosesto procurando a verdade, e h muitos caminhos queconduzem a isso. A verdade tem muitos aspectos, maspermanece sempre e perpetuamente nica.

    No permitais que a diferena de opinio, ou a diversidadede pensamento, vos separe dos vossos semelhantes ou seja a causa de disputa, dio e conflito em vossos coraes.

    Ao contrrio, buscai diligentemente a verdade e fazei detodos os homens vossos amigos.

    Todos os edifcios so feitos de muitas pedras diferentes,todavia existe mtua dependncia entre elas, de tal maneira que, se uma for deslocada, o edifcio inteiro sofrer; se uma for defeituosa, a estrutura ser imperfeita.

    Bahullh delineou o crculo da unidade; ele fez um planopara a unio de todos os povos e para a reunio de todos sob a proteo da tenda da unidade universal. Esta a obra da Generosidade Divina e todos ns devemos esforar-nos, decorpo e alma, at que tenhamos a realidade da unidade nonosso meio e, assim trabalhando, a fora nos ser concedida. Abandonemos todo o pensamento egostico e empenhemo-nos somente na obedincia e submisso Vontade de Deus.Somente deste modo tornar-nos-emos cidados do Reino deDeus e alcanaremos a vida eterna.

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    a Bblia h profecias sobre a vinda de Cristo. Os judeusainda esperam a vinda do Messias e oram a Deus, dia enoite, para apressar Seu advento.

    Quando Cristo veio, eles O denunciaram emataram, dizendo: Este no Aquele a Quem ns esperamos.Observai! Quando o Messias vier, sinais e prodgios testificaroque, em verdade, Ele o Cristo. Conhecemos os sinais e ascondies, e eles no apareceram. O Messias proceder de uma cidade desconhecida. Sentar-se- no trono de Davi, e vede, Elevir com uma espada de ao, e com um cetro de ferro Elereinar! Cumprir a lei dos Profetas, conquistar o Leste e o

    Oeste e glorificar o Seu povo eleito, os judeus. Estabelecer um reinado de paz, durante o qual at os animais deixaro deser inimigos do homem. Vede! Pois o lobo e o cordeiro beberoda mesma fonte, o leo e a cora deitar-se-o no mesmo pasto,a serpente e o rato partilharo do mesmo ninho, e todas ascriaturas de Deus repousaro.

    Segundo os judeus, Jesus, o Cristo, no preencheu nenhuma

    dessas condies, porque seus olhos estavam fechados e elesno podiam ver.

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    O V ERDADEIRO SIGNIFICADODAS PROFECIAS CONCERNENTES

    V INDA DE CRISTO

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    Ele veio de Nazar, um lugar no desconhecido. Nocarregou nenhuma espada em Sua mo, nem mesmo uma vara.No se sentou no trono de Davi; foi um homem pobre.Reformou a Lei de Moiss e no observou o Sbado. Noconquistou o Leste e o Oeste, mas sim, sujeitou-se LeiRomana. No exaltou os judeus; ao contrrio, ensinouigualdade e fraternidade e repreendeu os escribas e os fariseus.No inaugurou nenhum reinado de paz, pois durante Sua vida a injustia e a crueldade chegaram a tal extremo que Ele prpriofoi vitimado e sofreu morte ignominiosa sobre a cruz.

    Assim os judeus pensavam e falavam, pois no entendiamas Escrituras nem as gloriosas verdades nelas contidas. A letra eles sabiam de cor, mas do esprito vivificante nada compreenderam.

    Escutai, e eu vos explicarei o significado disso. Embora tivesse vindo de Nazar, que era um lugar conhecido, Ele veiotambm do Cu. Seu corpo nasceu de Maria, mas Seu Espritoveio do Cu. A espada que Ele carregava era a espada da Sua lngua, com a qual separou o bom do mau, o verdadeiro dofalso, o fiel do infiel e a luz da treva. Sua Palavra era realmenteuma espada afiada! O trono no qual Cristo se sentou o TronoEterno de onde Ele reina para sempre, um trono celestial, noterreno, pois as coisas da terra passam, mas as coisas celestiaisno passam. Ele reinterpretou e completou a Lei de Moiss ecumpriu a Lei dos Profetas. Sua palavra conquistou o Leste eo Oeste. Seu Reino eterno. Ele exaltou aqueles judeus que Oreconheceram. Eram homens e mulheres de nascimentohumilde, mas o contato com Ele os fez grandes e deu-lhesdignidade perptua. Os animais que haviam de viver reunidos

    significavam as diferentes seitas e raas que, outrora em estadode guerra, agora conviveriam em amor e caridade, bebendoconjuntamente a gua da vida da Fonte Eterna Cristo.

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