os desafios da escola pÚblica paranaense … · na sequência o professor exibirá o documentário...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica – Turma
2013
Título: Tratamento e destinação de resíduos domésticos: uma proposta didática para alunos da Educação de Jovens e Adultos da cidade de Cornélio Procópio - PR
Autor: Bibiana Maria Bispo Disciplina/Área: Biologia Escola de Implementação do Projeto e sua localização:
CEEBJA Centro de Educação Básica de Jovens e Adultos de Cornélio Procópio
Município da escola: Cornélio Procópio
Núcleo Regional de Educação: Cornélio Procópio Professor Orientador: Lucken Bueno Lucas Instituição de Ensino Superior: Universidade Estadual do Norte do Paraná –
UENP – Cornélio Procópio Relação Interdisciplinar:(indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho)
Resumo: (descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples)
Elaborar e aplicar uma sequência didática com o objetivo de sensibilizar alunos da Educação de Jovens e Adultos da cidade de Cornélio Procópio-PR acerca dos processos de tratamento e destinação dos resíduos sólidos domésticos. A proposta foi desenvolvida a partir dos pressupostos teórico-metodológicos da Pedagogia Histórico-crítica, visando ações concretas para a preservação do ambiente local. Após a aplicação da sequência, espera-se analisar suas contribuições e possíveis limitações e desdobramentos.
Palavras-chave: (3 a 5 palavras)
Educação de Jovens e Adultos - (EJA); sequência didática; resíduos sólidos; Pedagogia Histórico-Crítica.
Formato do Material Didático: Unidade Didática Público: (indicar o grupo para o qual o material didático foi desenvolvido: professores, alunos, comunidade...)
Professores e alunos (Jovens e Adultos da Educação Básica) da rede pública do estado do Paraná.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ
CAMPUS DE CORNÉLIO PROCÓPIO SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
BIBIANA MARIA BISPO
Tratamento e destinação de resíduos domésticos: uma proposta didática para alunos da Educação de
Jovens e Adultos da cidade de Cornélio Procópio – PR.
CORNÉLIO PROCÓPIO 2013
BIBIANA MARIA BISPO
Tratamento e destinação de resíduos domésticos: uma proposta didática para alunos da Educação de
Jovens e Adultos da cidade de Cornélio Procópio – PR.
Produção Didático-pedagógica apresentada ao Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da Secretaria do Estado da Educação (SEED). Orientador: Prof. Me. Lucken Bueno Lucas
CORNÉLIO PROCÓPIO 2013
IDENTIFICAÇÃO
PROFESSOR PDE: Bibiana Maria Bispo;
ÁREA PDE: Biologia;
NRE: Cornélio Procópio;
PROFESSOR ORIENTADOR IES: Lucken Bueno Lucas;
IES VINCULADA: UENP - Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP,
campus de Cornélio Procópio;
ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: CEEBJA – Centro de Educação Básica de Jovens e
Adultos de Cornélio Procópio – PR.
APRESENTAÇÃO
O consumismo da sociedade atual está causando impactos negativos ao
meio ambiente. A necessidade de mudar o comportamento do homem em
relação ao seu meio é fundamental para promover um desenvolvimento
sustentável que vise garantia de vida às gerações futuras.
Assim, ensinar jovens e adultos a desenvolverem um senso de
responsabilidade para com o meio deve ser uma ação constante da prática
pedagógica no ambiente escolar.
Nesse sentido, este projeto tem como objetivos a construção e a
aplicação de uma sequência didáticai para alunos da Educação de Jovens e
Adultos (EJA) do Centro de Educação Básica de Jovens e Adultos de Cornélio
Procópio – PR (CEEBJA), com a temática “lixo doméstico: destino e tratamento
desses resíduos”.
Por meio da implementação dessa sequência, espera-se propiciar
aprendizagem aos alunos participantes sobre a temática abordada bem como
analisar as contribuições, limitações e possíveis desdobramentos da proposta
pedagógica desenvolvida.
A sequência em questão foi organizada para ser trabalhada na
disciplina de Biologia. Deverá ser aplicada em um período aproximado de 32
horas/aula e seu foco temático é “Tratamento e destino de resíduos
domésticos”.
MATERIAL DIDÁTICO
Os materiais didáticos utilizados na implementação da sequência serão:
TV pendrive, laboratório de informática com conexão a internet, textos, quadro
de giz.
ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
A construção da sequência didática teve como base a perspectiva da
Pedagogia Histórico-Crítica, que nos remete a uma escola pensada como um
local de democratização dos conhecimentos. Para Saviani:
[...] com a expressão pedagogia histórico-crítica é o empenho em compreender a questão educacional com base no desenvolvimento histórico objetivo. Portanto, a concepção pressuposta nesta visão da pedagogia histórico-crítica é o materialismo histórico, ou seja, a compreensão da história a partir do desenvolvimento material, da determinação das condições materiais da existência humana (SAVIANI, 2008, p. 88).
A proposta didática detalhada a seguir foi adaptada de uma unidade
didática apresentada por Antoni Zabala no livro “A Prática Educativa: como
ensinar” (1998).
Para Zabala (1998) unidades didáticas, unidades de programação ou
unidades de intervenção pedagógicas ou sequência didática compreendem
atividades estruturadas para a realização de objetivos educacionais.
As etapas adaptadas e configuradas em uma nova sequência são:
Etapa I
Problematização
Inicialmente, são apresentadas imagens fotográficas de um local do município onde são depositados (inadequadamente) resíduos orgânicos domiciliares. O professor questiona os alunos acerca do conhecimento dos mesmos sobre o referido local. Em seguida, apresenta aos alunos o tema que será trabalhado nas aulas: “Tratamento e destinação de resíduos domésticos”, com enfoque nos resíduos gerados nas casas dos próprios alunos e, por conseguinte, na cidade de Cornélio Procópio - PR. Na sequência o professor exibirá o documentário “Sopa
plástica: o lixo do Oceano Pacífico”, apresentado pelo programa Fantástico, da rede Globo, no ano de 2009. O vídeo está disponível no link: http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=XwvYzmk-NjY#t=154 Após a apresentação da problemática e exibição do vídeo o professor deverá questionar os alunos sobre o lixo produzido em suas residências e possíveis destinações/tratamentos. Além disso, o professor busca evidenciar o conhecimento dos discentes quanto à situação da comunidade local (cidade) no que diz respeito ao descarte/tratamento de seus resíduos. Após uma breve discussão, os alunos registram no caderno as respostas aludidas, a partir dos seguintes questionamentos: - Em sua casa é feita a seleção do lixo? Comente.
- Qual é o destino do lixo produzido na sua casa?
- Qual é o tipo de lixo mais produzido pela sua família?
- Como a questão do lixo tem sido tratada em nossa cidade?
- Considere: a sua casa; uma loja que vende frutas, verduras e legumes (quitanda) e uma loja de roupas. Em sua opinião, há diferença(s) na composição do lixo produzido nesses três locais? Explique.
Avaliação: a cargo do professor.
Etapa II
Fontes locais de informação
Por meio de uma entrevista os alunos deverão buscar junto aos responsáveis pela Secretaria do Meio Ambiente no Município a real situação dos resíduos gerados pela comunidade (destinação e tratamento). As questões sugeridas para a entrevista são: 1) Quem é(são) o(s) responsável(eis) pela coleta de lixo no Município? 2) Como é organizada a coleta de lixo no Município? 3) A coleta seletiva é realizada no Município? Se sim, de que maneira? 4) Qual o destino do lixo orgânico e reciclável no Município? 5) O Município desenvolve alguma ação no sentido de incentivar a separação do lixo nas residências? 6) Existe(m) cooperativa(s) de catadores em Cornélio Procópio? Se sim, o Poder Público mantém algum tipo de incentivo? Qual? Avaliação: a cargo do professor.
Atividade 1 – Os alunos deverão fazer leitura e análise dos textos:
Coleta Seletiva no Brasil (Texto I, em anexo, extraído do
Etapa III
Introdução de conceitos científicos
texto Lixo – “Limpeza urbana através dos tempos”, de Emílio Maciel Eigenheer, 2006 – em anexo a esta sequência);
Resíduos Sólidos – sua origem e possível contaminação do ambiente (Texto II, em anexo, extraído da ABNT – NBR 10004:2004).
Atividade 2 – Os alunos devem ser encaminhados ao laboratório de informática da escola, onde farão uma pesquisa direcionada pelo professor, no site: http://planetabio.com/planetabio.html, a partir do acesso aos itens: Ecologia – Poluição – Problemas do lixo. No link serão apresentados:
os tipos de lixo; a Lei 12.305 de 2010 que trata da Política Nacional de
Resíduos Sólidos; informações acerca da composição do lixo brasileiro; noções para a implementação de um aterro sanitário
doméstico. Com essas informações os alunos farão anotações em seus cadernos sobre os principais conceitos de cada tópico abordado. Avaliação: a cargo do professor.
Etapa IV
Atividades
Atividade 1 – Ler e discutir o texto III (em anexo): o artigo “Lixo e impactos ambientais perceptíveis no ecossistema urbano”, de Carlos Alberto Mucelin e Marta Belini (2008). Para essa atividade os alunos serão divididos em cinco equipes e cada equipe receberá uma parte do texto. Após leitura e discussão, propõem-se algumas questões que devem ser respondidas pelos grupos: Grupo 1 – Introdução 1) Na visão do grupo como poderia ser definida a expressão “reforma ecológica”?
2) Como Viola (1987 apud Mucelin e Belini, 2008) sugere a reforma ecológica? 3) Por que o lixo é um dos responsáveis pelos impactos ambientais negativos? 4) Como ocorrem as alterações ambientais na visão de Fernandez
(2004 apud Mucelin e Belini, 2008)? 5) Por que o Brasil é considerado um país urbano? Grupo 2 – Consumo de bens e materiais e o lixo 1) Qual é a origem da palavra “lixo” e qual é o seu significado? 2) Como é composto o lixo no Brasil? 3) De acordo com (IBGE, 2006). Qual é a média de produção de lixo por habitante? 4) A produção de lixo é inevitável em nossa cultura consumista. Como o grupo vê a problemática? 5) De acordo com (IBGE, 2006), de que maneira é feita a disposição final do lixo nos municípios brasileiros? Grupo 3 – Disposição final do lixo: hábitos urbanos visíveis
1) A prática de disposição inadequada do lixo acarreta impactos ambientais negativos. Quais são os principais efeitos decorrentes dessa prática? 2) Qual é a compreensão humana acerca do ambiente?
3) Como os autores Odum (1988 apud Mucelin e Belini, 2008) e
Rickefs (1996 apud Mucelin e Belini, 2008) consideram as cidades? 4) Além dos impactos aos recursos hídricos existem também aqueles causados pela deficiência na infra-estrutura. Quais são essas deficiências? 5) Muitas agressões ambientais no espaço urbano são perceptíveis enquanto outras não são tão evidentes. Como Tuan (1980 apud
Mucelin e Belini, 2008) entende essa percepção? Grupo 4 – Acerca da percepção ambiental 1) Qual é a origem da palavra “percepção”? E qual o seu significado? 2) Como é o padrão comportamentais habituais de um morador urbano? 3) Na pesquisa indicada pelo artigo, quantas pessoas foram investigadas? Quais pessoas participaram? Onde a pesquisa ocorreu? 4) Como foram obtidas as informações da pesquisa? Grupo 5 – A percepção do lixo segundo atores sociais de Medianeira 1) Qual foi o primeiro questionamento feito na pesquisa? 2) Qual foi a reação das pessoas quanto a quantidade de lixo produzido em suas residências? 3) Qual a média de produção de lixo por residência (Kg/dia)? 4) Quanto ao lugar de disposição final do lixo, qual(is) seria(m) apropriado(s) para destinação final do lixo? 5) Quanto aos hábitos de separação do lixo nas residências, como se comportaram os entrevistados? Questão para todos os alunos Elabore considerações finais acerca do estudo desse texto. As respostas serão registradas no caderno.
Atividade 2 – Cada grupo deverá apresentar suas produções (respostas) e o professor será o mediador de um debate sobre as considerações dos alunos. Avaliação: a cargo do professor.
Etapa V
Práticas sociais
Atividade 1 – A sala será dividida em novos grupos e os alunos serão responsáveis por apresentar uma síntese dos dados coletados no município de Cornélio Procópio, por ocasião da entrevista realizada na etapa II; Atividade 2 – Em seguida, deverão produzir um pequeno texto apresentando a atual situação do município em relação ao tratamento de seus resíduos; Atividade 3 – Por fim, deverão apresentar, após o texto, propostas para possíveis soluções de problemas encontrados no âmbito particular (residência de cada aluno) e no âmbito municipal (se forem encontrados). Como sugestão, propõe-se que os grupos façam a apresentação dos trabalhos por meio de paródias, teatro, acróstico ou poesia.
Avaliação: a cargo do professor.
Etapa VI
Divulgação dos resultados
Nesta etapa propõe-se a apresentação do material produzido pelos grupos (na etapa anterior) para as outras turmas da escola. Os comentários, sugestões e críticas devem ser registrados para que ao final do percurso didático seja produzida uma carta a ser entregue aos responsáveis do setor ambiental do município, contendo: um levantamento da situação dos resíduos sólidos na cidade e sugestões dos alunos para a redução do problema, sejam elas voltadas para práticas diretas do serviço público municipal ou para a sistematização de um plano de conscientização dos munícipes. Avaliação: a cargo do professor.
Análise estrutural da sequência:
Tendo por base os estudos de Zabala (1998), ao analisar as etapas da
sequência didática serão observáveis várias atividades factuais, que envolvem
o conhecimento de fatos, acontecimentos e situações; procedimentais, isto é,
ações ordenadas com um objetivo final como, por exemplo, ler, diferenciar,
analisar, observar e, por fim, algumas atividades atitudinais que auxiliam no
desenvolvimento de ideias éticas que permitem reflexões e atitudes.
Textos para serem trabalhados ao longo da sequência Texto I A COLETA DE LIXO NO BRASIL Fonte: síntese extraída do texto Lixo – “Limpeza urbana através dos tempos”, de Emílio Maciel Eigenheer 2006.
No Brasil há dificuldades para se estabelecer um panorama amplo e
sistemático na questão da limpeza urbana.
Diante disso tomamos a cidade do Rio de Janeiro como parâmetro onde
a coleta era feita por escravos, a partir de 1854 a limpeza passa a ser
responsabilidade do Governo Imperial sem apresentar maior sucesso.
Em 1876 a administração pública contrata a firma de Aleixo Gary, que foi
um marco importante para a limpeza urbana do Rio de Janeiro. Daí a
designação até hoje de “Gari” para alguns empregados da limpeza urbana. A
empresa Gary fica até 1891. Depois dela, os serviços de limpeza ficaram a
cargo da Inspetoria de Limpeza Pública que iniciou em 1895 a construção de
um forno para queima do lixo em manguinhos. A experiência fracassou.
A coleta seletiva foi implantada no Brasil a partir de 1985 em Niterói no
bairro de São Francisco. Em 1988 Curitiba se torna a primeira cidade a ter o
sistema de coleta seletiva.
Felizmente, aos poucos, algumas cidades brasileiras vão entendendo
que um sistema adequado de limpeza urbana precisa dispor de um bom
sistema de coleta, varrição adequada das ruas, separação prévia de materiais
para compostagem, reciclagem e finalmente, o aterro sanitário. A incineração é
uma boa alternativa, o que barra esse tratamento é o custo.
Texto II RESÍDUOS SÓLIDOS Fonte: ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 10004 – 2004.
Os resíduos sólidos são todos os restos sólidos ou semi-sólidos das
atividades humanas ou não-humanas, que embora possam não apresentar
utilidade para a atividade fim de onde foram gerados, podem virar insumos
para outras atividades. Exemplos: aqueles gerados na sua residência e que
são recolhidos periodicamente pelo serviço de coleta da sua cidade e também
a sobra de varrição de praças e locais públicos que podem incluir folhas de
arvores, galhos e restos de poda.
Resíduos sólidos até algum tempo atrás (e em alguns lugares você
ainda irá encontrar essa definição), os resíduos eram definidos como algo que
não apresenta utilidade e nem valor comercial. No entanto, este conceito
mudou. Atualmente a maior parte desses materiais pode ser aproveitada para
algum outro fim, seja de forma direta, como, por exemplo, as aparas de
embalagens laminadas descartadas pelas indústrias e utilizadas para
confecção de placas e compensados, ou de forma indireta, por exemplo, como
combustível para geração de energia que é usada em diversos processos.
Para os processos industriais os resíduos são definidos como “matéria-
prima e insumos não convertidos em produto”, logo sua geração significa perda
de lucro para a indústria e, por isso, tecnologias e processos que visem à
diminuição dessas perdas ou reaproveitamento dos resíduos são cada vez
mais visados.
Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (NBR10004:2004).
De acordo com a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas)
NBR 10004:2004 os resíduos são classificados de acordo com sua origem e
quanto aos riscos de contaminação como segue os quadros abaixo.
Quadro 1 – Classificação dos resíduos quanto a natureza e origem
Natureza Origem
Domiciliar
Resíduos gerados na vida diária das residências, constituído por restos de alimentos, jornais e revistas, papel higiênico, garrafas e uma grande diversidade de outros itens.
Comercial Resíduos gerados em estabelecimentos comerciais e de serviços, tais como supermercados, bares, restaurantes, lojas e etc.
Publico Resíduos originados da limpeza pública urbana (limpeza de praias, de galerias, de feiras livres, restos de poda de arvores, varrição e etc).
Serviços de saúde
Constituem os resíduos sépticos (algodão, seringas, luvas descartáveis e etc) ou seja, aqueles que contêm ou potencialmente pode conter germes patogênicos, oriundos de hospitais, laboratórios, farmácias postos de saúde e etc.
Fontes especiais lixo industrial, lixo radioativo, lixo de portos, aeroportos e terminais rodoferroviários.
Fonte: IPT (2004).
Os resíduos podem ser classificados quanto aos riscos potenciais de
contaminação do meio ambiente em três categorias (Quadro 2):
Quadro 2 - Classificação dos resíduos quanto aos riscos potenciais de contaminação.
Categorias Características
Resíduos Classe I Perigosos Possuem como característica a inflamabilidade,
a corrosividade, a reatividade, a toxicidade e a patogenicidade, podendo apresentar riscos à saúde pública e contribuir para um aumento de mortalidade ou incidência de doenças e/ou apresentar efeitos adversos ao meio ambiente, quando manuseados ou dispostos de forma inadequada.
Resíduos Classe II - Não Inertes
Resíduos sólidos ou mistura de resíduos sólidos que não de enquadram na classe I (perigosos) ou na classe II (inertes). Estes resíduos podem ter como características: a combustibilidade, a biodegradabilidade, ou solubilidade em água.
Resíduos Classe III – Inerte
Inerte Resíduos sólidos ou mistura de resíduos sólidos que submetidos a testes de solubilização não tem nenhum de seus constituintes solubilizados, em concentrações superiores aos padrões de potabilidade de águas, executando-se os padrões: aspecto, cor, turbidez e sabor.
Fonte: ABNT (2004).
Texto III LIXO E IMPACTOS AMBIENTAIS PERCEPTÍVEIS NO ECOSSISTEMA URBANO
Carlos Alberto Mucelin Professor Doutor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR.
Líder do Grupo de Pesquisa em Semiótica e Percepção Ambiental – GPSPA. [email protected]
Marta Bellini
Professora Doutora da Universidade Estadual de Maringá – UEM. Pesquisadora e membro do GPSPA
Artigo recebido para publicação em 06/11/2007 e aceito para publicação em 5/02/2008
RESUMO: Este artigo tem como temática o lixo e considerações a respeito de
determinados impactos ambientais perceptíveis que os resíduos sólidos
potencializam em fragmentos do ambiente urbano. Abordamos impactos
ambientais negativos ocasionados pelas formas de uso, costumes e hábitos
culturais perceptíveis em cidades do Brasil. Registramos que o lixo causa
impactos negativos em determinados ambientes urbanos como margens de
ruas e leito de rios, pela existência de hábitos de disposição final inadequada
de resíduos. Apresentamos parte da percepção ambiental de atores sociais da
cidade de Medianeira - Oeste do Paraná, Brasil - a respeito do lixo.
Palavras-chave: Ecossistema urbano. Lixo. Impacto Ambiental.
1 – INTRODUÇÃO
A criação das cidades e a crescente ampliação das áreas urbanas têm
contribuído para o crescimento de impactos ambientais negativos. No ambiente
urbano, determinados aspectos culturais como o consumo de produtos
industrializados e a necessidade da água como recurso natural vital à vida,
influenciam como se apresenta o ambiente. Os costumes e hábitos no uso da
água e a produção de resíduos pelo Lixo e impactos ambientais perceptíveis no
ecossistema urbano Carlos Alberto Mucelin, Marta Bellini exacerbado consumo
de bens materiais são responsáveis por parte das alterações e impactos
ambientais.
Alterações ambientais físicas e biológicas ao longo do tempo modificam
a paisagem e comprometem ecossistemas. Para Fernandez (2004) as
alterações ambientais ocorrem por inumeráveis causas, muitas denominadas
naturais e outras oriundas de intervenções antropológicas, consideradas não
naturais. É fato que o desenvolvimento tecnológico contemporâneo e as
culturas das comunidades têm contribuído para que essas alterações no e do
ambiente se intensifiquem, especialmente no ambiente urbano.
Atualmente a maior parte das pessoas habita ambientes urbanos. Dados
apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2004)
indicam que no Brasil mais de 80% das pessoas são moradores urbanos.
Odum (1988) considera que a acelerada urbanização e crescimento das
cidades, especialmente a partir de meados do século XX promoveram
mudanças fisionômicas no Planeta, mais do que qualquer outra atividade
humana.
É possível observamos que determinados impactos ambientais estão se
acirrando, motivado entre outras coisas pelo crescimento populacional mundial.
Ricklefs (1996) e Fernandez (2004) registraram uma projeção de mais de 6
bilhões de seres humanos na Terra para 2006. Estimativas publicadas pelo
IBGE (2006) em maio de 2006 indicavam que a população mundial era de 6,8
bilhões de pessoas. Destes, segundo Fernandez (2004, p. 177)
aproximadamente 5 bilhões vivem nos países pobres, com sua maioria em um
crescente quadro de pobreza e miséria, especialmente nos arredores das
cidades.
A população do Brasil apresenta a mesma tendência mundial de
ocupação ambiental, ou seja, opta pelo ecossistema urbano como lar. Ott
(2004, p.17) considera que a transformação do Brasil de país rural para urbano
ocorreu segundo um processo predatório em essência, com acentuada
exclusão social de classes da população menos privilegiada que por não terem
condições de aquisição de terrenos em áreas urbanas estruturadas ocupam
“[...] em sua maioria, terrenos que deveriam ser protegidos para preservação
das águas, encostas, fundos de vale entre outros”.
O morador urbano, independentemente de classe social, anseia viver em
um ambiente saudável que apresente as melhores condições para vida, ou
seja, que favoreça a qualidade de vida: ar puro, desprovido de poluição, água
pura em abundância entre outras características tidas como essenciais.
Entretanto, observar um ambiente urbano implica em perceber que o uso, as
crenças e hábitos do morador citadino têm promovido alterações ambientais e
impactos significativos no ecossistema urbano. Essa situação é compreendida
como crise e sugere uma reforma ecológica.
Há mais de vinte anos Viola (1987, p. 129) sugere que a reforma urbana
ecológica aponte para uma cidade mais democrática, mais humana e
respirável: a cidade do ser humano. Não é apenas a cidade onde os aluguéis e
transportes sejam mais acessíveis, na qual cada família tenha direito a um
terreno, mas também um ambiente urbano mais arborizado, mais silencioso e
alegre, menos verticalizado, menos agressivo e com menores índices de
poluição do ar.
A expressão “reforma ecológica” que Viola (1987) usa para reivindicar
um ambiente urbano melhor, sugere, de imediato, que tal ambiente está aquém
de uma cidade ideal como propôs Tuan (1980). No Brasil, acreditamos que tal
“reforma” seja urgente, especialmente no ambiente urbano pelos perceptíveis
impactos ambientais negativos.
O lixo urbano, muitas vezes, é responsável pelos impactos ambientais
que mencionamos. Neste artigo, apresentamos considerações a respeito do
lixo e de fragmentos do ambiente urbano que sofrem impactos negativos pela
disposição inadequada desses resíduos. Apresentamos também a percepção a
respeito do lixo de um grupo de atores sociais de uma pequena cidade da
região Oeste do Paraná, Brasil, que foram investigados.
2 - O CONSUMO DE BENS MATERIAIS E O LIXO
A cultura de um povo ou comunidade caracteriza a forma de uso do
ambiente, os costumes e os hábitos de consumo de produtos industrializados
e da água. No ambiente urbano tais costumes e hábitos implicam na produção
exacerbada de lixo e a forma com que esses resíduos são tratados ou
dispostos no ambiente, gerando intensas agressões aos fragmentos do
contexto urbano, além de afetar regiões não urbanas.
O consumo cotidiano de produtos industrializados é responsável pela
contínua produção de lixo. A produção de lixo nas cidades é de tal intensidade
que não é possível conceber uma cidade sem considerar a problemática
gerada pelos resíduos sólidos, desde a etapa da geração até a disposição final.
Nas cidades brasileiras, geralmente esses resíduos são destinados a céu
aberto (IBGE, 2006).
Lixo é uma palavra latina (lix) que significa cinza, vinculada às cinzas
dos fogões. Segundo Ferreira (1999), lixo é “aquilo que se varre da casa, do
jardim, da rua e se joga fora; entulho. Tudo o que não presta e se joga fora.
Sujidade, sujeira, imundície. Coisa ou coisas inúteis, velhas, sem valor”. Jardim
e Wells (1995, p. 23) definem lixo como “[...] os restos das atividades humanas,
considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis, ou descartáveis”.
Em média, o lixo doméstico no Brasil, segundo Jardim e Wells (1995) é
composto por: 65% de matéria orgânica; 25% de papel; 4% de metal; 3% de
vidro e 3% de plástico. Apesar de atender a legislação específica de cada
município, o lixo comercial até 50 kg ou litros e o domiciliar são de
responsabilidade das prefeituras, enquanto os demais são de responsabilidade
do próprio gerador.
É inevitável a geração de lixo nas cidades devido à cultura do consumo.
Segundo o IBGE, em 2006, o Brasil é constituído por 5.507 municípios e na
última Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, realizada no ano de 2000
pelo IBGE, foi registrado que somente 33% (1.814) dos 5.475 municípios
daquele ano coletavam a totalidade dos resíduos domiciliares gerados nas
residências urbanas de seus territórios. Os dados dessa pesquisa revelaram
que diariamente o Brasil gerava 228.413 toneladas diárias de resíduos sólidos.
Isso implica numa produção de 1,2 kg/habitante (IBGE, 2006).
A problemática ambiental gerada pelo lixo é de difícil solução e a maior
parte das cidades brasileiras apresenta um serviço de coleta que não prevê a
segregação dos resíduos na fonte (IBGE,2006). Nessas cidades é comum
observarmos hábitos de disposição final inadequados de lixo. Materiais sem
utilidade se amontoam indiscriminada e desordenadamente, muitas vezes em
locais indevidos como lotes baldios, margens de estradas, fundos de vale e
margens de lagos e rios.
3 - A DISPOSIÇÃO FINAL DO LIXO: HÁBITOS URBANOS VISÍVEIS
Entre os impactos ambientais negativos que podem ser originados a
partir do lixo urbano produzido estão os efeitos decorrentes da prática de
disposição inadequada de resíduos sólidos em fundos de vale, às margens de
ruas ou cursos d’água. Essas práticas habituais podem provocar, entre outras
coisas, contaminação de corpos d’água, assoreamento, enchentes, proliferação
de vetores transmissores de doenças, tais como cães, gatos, ratos, baratas,
moscas, vermes, entre outros. Some-se a isso a poluição visual, mau cheiro e
contaminação do ambiente.
A vivência cotidiana muitas vezes mascara circunstâncias visíveis, mas
não perceptíveis. Mesmo contemplando casos de agressões ao ambiente, os
hábitos cotidianos concorrem para que o morador urbano não reflita sobre as
conseqüências de tais hábitos, mesmo quando possui informações a esse
respeito.
Considerando o pressuposto de que os seres humanos são
essencialmente ambientais e, como tais, tendem a subjetivamente perceber o
ambiente por meio de signos que engendram a imagem ambiental, como se
processa a percepção ambiental? Para Ferrara (1999, p. 153) percepção
ambiental é “[...] informação na mesma medida em que informação gera
informação: usos e hábitos são signos do lugar informado que só se revela na
medida em que é submetido a uma operação que expõe a lógica da sua
linguagem. A essa operação dá-se o nome de percepção ambiental”.
Mucelin e Bellini (2006) enfatizam que no contexto urbano as condições
apresentadas pelo ambiente “[...] são influenciadas, entre outros fatores, pela
percepção de seus moradores, que estimulam e engendram a imagem
ambiental determinando a formação das crenças e hábitos que conformam o
uso”.
As atividades cotidianas condicionam o morador urbano a observar
determinados fragmentos do ambiente e não perceber situações com graves
impactos ambientais condenáveis. Casos de agressões ambientais como
poluição visual e disposição inadequada de lixo refletem hábitos cotidianos em
que o observador é compelido a conceber tais situações como “normais”.
Andar pela cidade e contemplar os fragmentos habituais – regiões do
ambiente urbano que compõem esse ecossistema – permite observar
paisagem que retrata hábitos edificados temporal e culturalmente. Muitos são
visíveis e se apresentam no mosaico de possibilidades da cena urbana. No
entanto, nem sempre tais circunstâncias são percebidas e o morador local, pela
vivência cotidiana habitual, não reflete sobre o contexto onde vive.
A disponibilidade de água facilita ou contribui para o desenvolvimento
urbano, que leva em conta os recursos hídricos para a edificação das cidades.
No ambiente urbano é fundamental o abastecimento de água e o tratamento de
esgotos e águas pluviais. Por isso, as cidades, geralmente, são fundadas
próximas ou sobre o leito de rios por razões óbvias: facilidade na obtenção de
água. Nas cidades do Brasil é perceptível um padrão de construção de edifícios
junto a leitos de rios. Suas margens, entretanto, deveriam ser preservadas com
a manutenção da mata ciliar ou de galeria. Também é possível observar que na
maioria dos casos, o rio é usado como local de disposição final de lixo, um
hábito cultural existente e condenável
À medida que a cidade se expande, freqüentemente, ocorrem impactos
com o aumento da produção de sedimentos pelas alterações ambientais das
superfícies e produção de resíduos sólidos; deterioração da qualidade da água
pelo uso nas atividades cotidianas, e lançamento de lixo, esgoto e águas
pluviais nos corpos receptores.
Pela relação habitual humana com o ambiente, com hábitos comumente
observáveis no cenário urbano, é que Odum (1988) e Rickefs (1996)
consideram a cidade uma das maiores fontes de agressão ambiental, embora a
poluição dos mananciais na área urbana ocorra de várias outras maneiras.
Constituem fontes poluidoras os esgotos domésticos, comerciais e industriais e
a destinação inadequada de resíduos sólidos em fundos de vale, margens de
rios e monturos.
O manancial hídrico é importante na definição do ambiente para a
construção da cidade. Inevitavelmente, o desenvolvimento urbano tende a
contaminar o ambiente com despejo de esgotos cloacais e pluviais. Os rios são
utilizados como corpos receptores de efluentes e ainda, o lixo, que
inadequadamente também é depositado nas margens e leito.
A disponibilidade de água facilita ou contribui para o desenvolvimento
urbano, que leva em conta os recursos hídricos para a edificação das cidades.
No ambiente urbano é fundamental o abastecimento de água e o tratamento de
esgotos e águas pluviais.
O uso da água na cidade, tipicamente, tem um ciclo característico de
impacto ambiental negativo. A água é coletada de uma fonte local (rio, lago ou
lençol freático), é tratada, utilizada e retorna para um corpo coletor. Nesse
retorno só excepcionalmente ela conserva as mesmas características de
quando foi captada. Ocorrem alterações nas composições de sais, matéria
orgânica, temperatura e outros resíduos poluidores.
Além destes impactos, em relação aos recursos hídricos, ainda existem
aqueles causados pela deficiente infra-estrutura urbana: obstrução de
escoamentos por construções irregulares, obstrução de rios por resíduos,
projetos e obras de drenagem inadequadas.
A poluição dos mananciais na área urbana ocorre de várias maneiras.
No contexto urbano, outro fragmento do ambiente utilizado para a disposição
final inadequada de lixo são os lotes baldios e as margens de ruas e estradas.
A vivência cotidiana nos estimula pragmaticamente à elaboração mental
de idéias das coisas que percebemos. Objetos e fatos observados e
percebidos forçam a construção por associações de idéias que estimulam a
mediação, orientando as ações e determinando as condutas, modo de ação. È
nesse processo dinâmico, dialógico e interativo que desenvolvemos as crenças
responsáveis pelos hábitos, que edificam o nosso modo de viver. Muitas vezes
estes hábitos são condenáveis, como por exemplo, a disposição inadequada
do lixo, em ambientes como margens das ruas.
Nos monturos e mesmo nas ruas das cidades é comum a presença de
grupos de catadores de resíduos sólidos recicláveis que, geralmente munidos
de um carrinho, encontram na separação e comercialização desses resíduos,
um meio de sua sobrevivência. Essa atividade, com raras exceções, ocorre em
condições subumanas, pelos riscos que o lixo representa para a saúde e pelas
condições de materiais e de equipamentos disponíveis nessa atividade.
Muitas agressões ambientais no espaço urbano são perceptíveis,
enquanto outras não são tão evidentes, mesmo que intensas. Tuan (1980, p.1)
entende que o valor da percepção é fundamental quando se busca solução de
determinadas agressões ambientais: “[...] percepção, atitudes e valores –
preparam-nos primeiramente, a compreensão não podemos esperar por
soluções duradouras para os problemas ambientais que, fundamentalmente,
são problemas humanos”.
4 - ACERCA DA PERCEPÇÃO AMBIENTAL
Percepção é uma palavra de origem latina -perceptione - que pode ser
entendida como tomada de consciência de forma nítida a respeito de qualquer
objeto ou circunstância. A circunstância em questão diz respeito a fenômenos
vivenciados. Para Ferreira (1999) a percepção é a elaboração mental e
consciente a respeito de determinado objeto ou fato, quer clarificando,
distinguindo ou privilegiado alguns de seus aspectos, quer clarificando,
distinguindo ou privilegiado alguns de seus aspectos, quer ao associá-la a
outros objetos ou contexto.
A respeito da percepção, Locke (2001, p. 79) considerou-a como “[...] a
primeira faculdade da mente usada por nossas idéias, consiste assim, na
primeira e na mais simples idéia que temos da reflexão, por alguns
denominada pensamento [...] apenas a reflexão pode nos dar idéias do que é a
percepção”.
Del Rio (1999, p. 3) define a percepção como:
[...] um processo mental de interação do indivíduo com o meio ambiente que se dá através de mecanismos perceptivos propriamente ditos e principalmente, cognitivos. Os primeiros são dirigidos pelos estímulos externos, captados através dos cinco sentidos [...]. Os segundos são aqueles que compreendem a contribuição da inteligência, admitindo-se que a mente não funciona apenas a partir dos sentidos e nem recebe essas sensações passivamente.
Tuan (1980) afirma que o mundo é percebido pelos humanos pelo uso
de todos os seus sentidos. Assim, a percepção é uma espécie de leitura de
mundo, na qual os sentidos perceptivos regem a produção cognitiva de cada
um. Sobre essa leitura de mundo, via imagens, Kanashiro (2003, p. 160)
propõe que elas “[...] seriam tipos de estruturas ou de esquemas imaginativos
que incorporariam certos tipos ‘ideais’ e um determinado conhecimento de
como o mundo ‘real’ funciona” [grifos do autor].
A leitura perceptiva do ambiente urbano, tanto individual quanto coletiva,
é produzida nas inter-relações fenomenológicas habituais entre o morador e o
ambiente. O julgamento perceptivo do ambiente e está intrinsecamente
vinculado às crenças e hábitos vigentes.
A abrangência e o caráter inefável dos estudos de percepção ambiental
é tal que concordamos com Tuan (1980, p.2) quando menciona o fato de que o
cientista e o teórico tendem a descuidar da subjetividade e diversidade
humana, dada sua complexidade. Por isso: “[...] numa visão mais
ampla,sabemos que as atitudes e crenças não podem ser excluídas nem
mesmo da abordagem prática, pois é prático reconhecer as paixões humanas
em qualquer cálculo ambiental” (Ibid., p. 2).
A vivência cotidiana molda padrões comportamentais habituais. Neste
sentido, o morador urbano tem, na maioria das vezes, situações diárias
vivenciadas de forma repetitiva, o que produz uma espécie de máscara destas
situações no contexto. Isso forma uma imagem perceptiva em dois vieses: de
um lado o ambiente urbano legível e perceptível vivenciado; de outro, situações
e locais imperceptíveis, ocultos ao julgamento perceptivo.
Apresentamos a seguir parte da percepção a respeito do lixo, que foi
obtida por meio de estudo com 88 profissionais, moradores urbanos
investigados em 2006, da cidade de Medianeira, Oeste do Paraná, Brasil.
Nossa investigação perceptiva do ambiente urbano de Medianeira foi
desenvolvida com profissionais de 11 atividades distintas e atuantes na cidade.
Investigamos quatro homens e quatro mulheres que atuavam como:
funcionários do comércio, comerciantes do centro, dentistas, médicos,
comerciantes de bairros, professores universitários, professores de ensino
médio, universitários, políticos, donos de casa do centro e donos de casa de
bairro.
A exceção ocorreu na atividade de donos de casa, tanto do centro como
de bairros, pois conseguimos entrevistar apenas dois homens. Isso é um
indicativo de que a mulher ainda, muitas vezes, assume o trabalho doméstico
na cidade, geralmente, com dupla jornada, ou seja, trabalha fora e em casa.
As informações perceptivas foram obtidas por meio de entrevistas semi-
estruturadas e as informações sistematizadas pelo método de análise de
conteúdo.
5 - A PERCEPÇÃO DO LIXO SEGUNDO ATORES SOCIAIS DE
MEDIANEIRA
O lixo, quando não tratado adequadamente,pode ser responsável por
impactos ambientais graves ao ambiente. Em nossa pesquisa questionamos o
que a palavra lixo significava para os atores pesquisados. Obviamente não
buscávamos uma definição formal, mas sim como os atores participantes
percebiam ou entendiam o lixo. Registramos dois núcleos sígnicos perceptivos.
De um lado, alguns atores listavam objetos que constituíam o lixo e, de outro, a
maior parte procurava formular uma definição.
O lixo era percebido pela maioria como algo que não tinha mais
utilidade, uma sobra de material descartável, aquilo que as pessoas desejavam
jogar fora, geralmente, vinculado à sujeira, imundície, sujidade e ao mau
cheiro. Não obstante, o lixo também foi percebido e considerado como um
conjunto de materiais com valor econômico agregado.
Observamos que, ao pronunciar a palavra lixo, a maior parte dos atores
deixava transparecer, pela expressão do rosto, sentimento de repúdio,
reprovação e, geralmente, vinculava-o a coisas ruins. Portanto, o lixo era
percebido como um signo ruim. Uma dona de casa de bairro mencionou: “Lixo
é um desrespeito à natureza!”.
Indagamos aos atores sobre se produziam lixo. Todos disseram
produzir. Entre os 88 entrevistados, apenas um proprietário do comércio do
centro e uma dentista afirmaram que a quantidade produzida em suas
residências é pequena.
Questionamos acerca da quantidade diária de lixo produzida em suas
residências. As respostas eram dadas com hesitação, evidenciando que eles
não tinham certeza. Convém mencionar que as médias apresentadas são
valores da produção diária de lixo, por residências, que os atores afirmaram
produzir.
Pareceu-nos que registrar ou controlar a quantidade de lixo produzida
era uma novidade. O estranhamento e dúvidas que esta questão gerou nos
atores sociais de Medianeira indicam que não há hábitos de mensuração.
Apenas seis entrevistados (7%) não sabiam ou não opinaram a respeito dessa
quantidade. Entre os 82 atores que indicaram a quantidade produzida, a menor
foi mencionada por um professor universitário – 0,25 kg, ator que morava
sozinho. A maior foi indicada como 20 kg diários por residências. No quadro 1,
a média em quilos de lixo produzido nas residências dos entrevistados.
Quadro 1 – Percepção da quantidade de lixo diário produzido nas residências dos atores
ENTREVISTADOS MÉDIA PERCEBIDA DA PRODUÇÃO DE LIXO POR RESIDÊNCIAS (kg/dia)
Proprietário do comércio do centro 3,19
Proprietário do comércio do centro 7,19
Professor universitário 3,09
Professor ensino médio 3,71
Aluno universitário 3,42
Trabalhador do comércio 4,75
Políticos 3,57
Médicos 2,19
Dentistas 4,94
Dono de casa do centro 7,07
Dono de casa de bairro 4,44
MEDIA GERAL 4,32
Fonte: dos autores.
Apesar da ampla variabilidade de situações, como o número de
membros em cada família e os valores da produção de lixo ser percebidos e
não mensurados, a média geral da produção foi de 4,32 kg por família. A média
dos membros das famílias investigadas foi de 3,36 pessoas. Portanto, temos
uma média de produção diária per capita de lixo percebido de 1,28kg. Essa
média se aproxima da média nacional brasileira atual que, segundo o (IBGE
2005), oscila em torno de 1,2kg de lixo por habitante/dia.
Nos diálogos ficou evidente que os atores não sabiam exatamente
quantos quilos de lixo as famílias produziam. Suas respostas eram
aproximadas e baseadas no manuseio feito em suas residências pelo volume
que formavam. Ficou evidente que os atores não tinham convicção ou
mecanismo de controle para informar com maior precisão. Acreditamos que
não existia a preocupação com a quantidade produzida, porque o lixo era
coletado e afastado das residências e, portanto, não afetava os membros das
famílias, de forma direta, obviamente.
O tipo de lixo produzido em maior quantidade nas residências dos
entrevistados também suscitou incertezas nas respostas. Registramos que o
tipo de lixo produzido nas residências era percebido segundo dois grupos mais
significativos: o lixo seco, geralmente formado por embalagens de papel,
metais, plástico ou vidro, e o lixo orgânico. Foi indicado ainda o lixo
considerado rejeito - geralmente, lixo de banheiros e fraldas descartáveis.
A maior parte do atores, 51 (58%), mencionou o lixo seco como o que
mais produziam em suas residências. Os demais (37 atores) disseram que era
o lixo orgânico.
Agrupamos as respostas dos atores segundo os tipos de lixo: seco e
orgânico.
Quadro 2 - A crença no tipo de lixo mais produzido nas residências dos atores
ENTREVISTADOS LIXO SECO ORGÂNICO
Proprietário de comércio no centro 5 3
Proprietário de comércio no bairro 7 1
Professor universitário 4 4
Professor ensino médio 4 4
Aluno universitário 6 2
Trabalhador do comércio 4 4
Políticos 4 4
Médicos 4 4
Dentistas 4 4
Dono de casa no centro 4 4
Dono de casa de bairro 5 3
TOTAL 51 37
Fonte: dos autores.
Quanto ao melhor lugar para a população de uma cidade fazer a
disposição final, apenas uma dona de casa disse não saber: “Olha Carlos, eu
disso aí não posso falar que eu não conheço onde que eles botam o lixo daí,
não é? Eu não posso falar nada disso aí!”.
Os demais, 87 (99%), tinham crenças sobre o melhor lugar para a
disposição final do lixo. Identificamos em suas percepções cinco grupos
sígnicos perceptivos para tal disposição: aterro, lixão, buraco, longe da cidade
e reciclar.
Figura 3. A crença dos atores sobre o melhor lugar para a disposição final do lixo
Registramos que 55 (62,5%) atores acreditavam que o aterro sanitário
era o melhor lugar para a disposição final e 20 (23%) que o lixo deveria passar
por um sistema de tratamento adequado, com o reaproveitamento dos
resíduos. Estes dados indicaram que, a maior parte dos atores entrevistados,
tem uma percepção de que o lixo produzido pela cidade deveria ser
adequadamente tratado e disposto.
O entendimento perceptivo dos atores quanto ao melhor lugar para fazer
a disposição final do lixo que uma cidade produz foi variado entre os grupos de
profissionais entrevistados.
Quadro 3. A percepção da disposição final do lixo segundo as profissões
ENTREVISTADOS LIXÃO LONGE CIDADE
RECICLAR
ATERRO BURACO
Proprietário do comércio do
centro
2 1 1 3 1
Proprietário do comércio de
bairro
0 0 4 3 1
Professor universitário 2 1 1 4 0
Professor ensino médio 0 0 1 7 0
Aluno universitário 0 0 1 7 0
Trabalhador do comércio 0 0 1 6 1
Políticos 1 0 2 5 0
Médicos 0 0 2 6 0
Dentistas 0 0 3 5 0
Dono de casa do centro 1 0 3 4 0
Dono de casa de bairro 0 0 1 5 1
TOTAL 6 2 20 55 4
Fonte: dos autores.
Questionamos os atores sobre quais os recipientes, habitual e
cotidianamente, são utilizados em suas residências para acondicionar o lixo
doméstico produzido. Todos disseram ter o hábito de usar sacolas plásticas
para armazenar o lixo, principalmente aquelas fornecidas pelos supermercados
e mercearias. Esse hábito é comum, tanto pelos atores que praticam a coleta
domiciliar seletiva, quanto pelos que misturam os resíduos.
A maior parte do atores, 52 (59%), disse que em suas residências
habitualmente separavam o lixo. Observamos várias formas de separação: a
mais comum é a segregação em lixo seco e em resíduos orgânicos.
Foi observado hábito dos atores em separar o lixo doméstico urbano
41% não tinham o hábito de separar o lixo e 59% tinham o hábito de separar o
lixo.
Registramos que mesmo nas residências onde o lixo era separado não
havia uma destinação adequada. Geralmente o lixo era recolhido pelo
caminhão coletor da Prefeitura. No caminhão, o lixo era todo misturado e
encaminhado ao lixão da cidade. O diálogo de um ator entrevistado ilustra a
idéia do tratamento dado aos resíduos domésticos:
Nós colocamos em lixeiros com tampas. Nós separamos o que é orgânico, digamos assim, em um lixeiro e o que é plástico, papel e embalagens. No outro, o que é orgânico e jogamos na horta. O que é sólido, embalagens, isso vai para o caminhão. (Professor universitário).
Os atores disseram que a prática da coleta domiciliar não seletiva se
devia à forma com que o lixo era coletado nas residências. Segundo eles, a
coleta realizada pelo serviço público municipal de Medianeira desestimulava-
os, pois mesmo aqueles atores que já haviam iniciado a segregação do lixo
observaram que quando o lixo era coletado, tudo era misturado. Na fala de um
professor universitário encontramos a justificativa: “Não é separado [...] Porque
na realidade nós tentamos separar no início, mas a gente percebia que o
caminhão joga tudo no mesmo recipiente, então a gente acabou não
separando mais”. Trata-se do mesmo argumento usado por um trabalhador do
comércio: “A gente já tentou separar, mas daí, o lixeiro vem, joga tudo no
mesmo lixo. Vai tudo para o mesmo lugar. Daí não adianta a gente fazer isso”.
Registramos os hábitos de segregação domiciliar dos resíduos sólidos
em dois núcleos sígnicos perceptivos: os atores que separavam o lixo seco do
lixo orgânico e aqueles que não tinham o hábito de separação.
Quadro 4 - Os hábitos de segregação domiciliar do lixo urbano dos atores
Entrevistados Hábitos com lixo
Separavam Não separavam
Proprietário do comércio do centro 4 4
Proprietário do comércio de bairro 4 4
Professor universitário 3 5
Professor ensino médio 5 3
Aluno universitário 8 0
Trabalhador do comércio 7 1
Político 6 2
Médico 4 4
Dentista 3 5
Dono de casa do centro 2 6
Dono de casa de bairro 6 2
TOTAL 52 36
Fonte: dos autores.
Os hábitos dos atores, no que diz respeito ao tratamento do lixo gerado
em suas residências, são influenciados, entre outras coisas, pela percepção
que têm do serviço de coleta da cidade. Suas percepções desse serviço
público local estimulam as atitudes despreocupadas com a segregação. Acerca
das atitudes, Tuan (1980, p. 4) lembra que, a forma como agimos frente aos
fatos vivenciados, “[...] é primariamente uma postura cultural, uma posição que
se toma frente ao mundo. Ela tem maior estabilidade do que a percepção e é
formada de uma longa sucessão de percepções, isto é, de experiências”.
Indagamos aos atores se acreditavam que o lixo poderia causar algum
tipo de doença. Sem exceção, o lixo foi percebido como algo ruim, mal
cheiroso, nocivo, associado à doença e aos vetores transmissores de doenças,
especialmente ratos e insetos. Nos argumentos de um trabalhador do
comércio, vê-se a percepção dos atores sobre a relação entre lixo e doenças:
“Nossa, acho que várias [...] a leptospirose do rato, acho que em si também,
uma infecção intestinal, uma dor de barriga. Bom, eu acho que transmite todos
os tipos de doenças”.
Perguntamos aos entrevistados que cor escolheriam, se pudessem
determinar uma que representasse o lixo. Escolhidas as cores investigávamos
o que representavam. Sistematizamos dois núcleos sígnicos perceptivos
principais enunciados pelos entrevistados: de um lado as cores preta, marrom,
cinza e vermelha associadas a algo ruim ou perigoso, e as cores branco, azul,
amarelo, verde e rosa associadas a coisas boas.
Núcleos sígnicos perceptivos sobre o lixo Fonte: dos autores.
Segundo Tuan (1980, p. 26): “As cores, que desempenham um papel
importante nas emoções humanas, podem constituir os primeiros símbolos do
homem”. Em nossa investigação, registramos uma grande variedade de cores
escolhidas pelos atores locais para simbolizar o lixo. Porém, as cores escuras
foram utilizadas para representar o lado ruim do lixo e sua problemática,
enquanto as cores claras apontam para o lado bom, o lixo reciclável.
Constatamos que o lixo é percebido e associado como algo negativo
pela maioria dos atores investigados. Entre os aspectos indicados pelos que
associaram o lixo às coisas ruins registramos: a sujeira, a poluição visual, da
água, do solo e do ar, a disposição inadequada e o mau cheiro.
Nossos resultados se alinham ao que Tuan (1980) propõe, ou seja, que
todos os povos distinguem entre o preto e o branco associando estas cores à
escuridão e claridade, respectivamente. Tanto a cor preta como a cor branca,
possui significados positivos e negativos, dependendo da cultura. Apesar disso,
Tuan defende a tese de que o mais se observa é a associação do branco às
coisas positivas e o preto às negativas.
As cores associadas ao lado ruim do lixo foram maioria.
Coisas boas
Coisas ruins
As cores associadas ao lixo como coisas ruins ou perigosas Fonte: dos autores.
Registramos com base na percepção dos atores que as três cores mais
lembradas associadas ao lixo foram a preta, a marrom e a vermelha,
compondo dois núcleos sígnicos perceptivos negativos.
Os resultados da nossa investigação perceptiva coincidem com que
registrou Lynch (1999, p. 48) em seu estudo de percepção ambiental urbana,
ou seja, pessoas se ajustam à região onde habitam e produzem organização e
identidade das coisas de seu contexto. Observamos que os atores sociais
expressavam perspectivamente o ambiente a partir da vivência, moldando-o,
construindo-o e reconstruindo-o na experiência cotidiana. E a experiência,
como disse Peirce, é o próprio curso da vida, vinculada intrinsecamente às
crenças e aos hábitos instituídos na cultura do lugar.
6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
O crescimento populacional, a conseqüente expansão territorial urbana e
a ampliação do sistema de produção e consumo industrial têm contribuído para
agravar as condições ambientais, sobretudo do cenário urbano.
No ambiente urbano, determinados impactos ambientais como a
poluição do solo, da água e do ar, ocupação desordenada e crescimento de
favelas nas periferias, edificação de moradias em locais inapropriados ou áreas
de preservação tais como encostas, margens de rios, mananciais e até regiões
de mangue precisam ser repensados e novos hábitos estimulados.
A ocupação humana de ambientes urbanos mais saudáveis requer do
cidadão a condição de ser agente principal no processo de interação com o
meio. O ser humano precisa estimular a percepção e se compreender como um
constituinte da natureza e não como um ser a parte. Esta forma de
compreensão pressupõe melhorar as condições ambientais, modificando
formas de uso e manutenção do lugar onde habita, pela fixação de hábitos
culturais mais saudáveis.
Registramos a ocorrência de diferentes percepções entre os atores
sociais investigados. A percepção do ecossistema urbano no que diz respeito
aos constituintes ambientais e os impactos negativos - tanto os perceptíveis
quanto os imperceptíveis – varia segundo a profissão dos atores sociais e é
influenciada, principalmente, pelas atividades cotidianas e pelo ambiente onde
vivem os atores.
A percepção e tratamento do lixo e o uso da água em Medianeira são
intrinsecamente relacionado às crenças e aos hábitos locais instituídos. Estes
determinam o uso no ambiente que, por sua vez, reflete os impactos intensos e
gravíssimos para a saúde humana e o ambiente urbano da cidade.
Constatamos que há disposição inadequada de lixo em margens e leito dos
rios e ruas, Fundos de Vale e lotes baldios. Também registramos a crença local
de que o lixo afastado do ambiente urbano não prejudica o morador local, como
é o caso do lixão da cidade.
As questões do lixo em Medianeira são distintamente percebidas,
tratadas e valorizadas pelos atores sociais locais. O acesso a um nível
educacional maior não assegura hábitos mais saudáveis para o ambiente
urbano. Registramos que a percepção ambiental individual se alinha às
percepções dos grupos, formando percepções coletivas que se assemelham.
Estas percepções conformam a imagem ambiental coletiva dos atores.
Situações de poluição pela disposição inadequada de lixo provocam
impactos ambientais negativos em diferentes ecossistemas da cidade como as
margens e leito dos rios, margens de ruas e estradas, Fundos de Vale e lotes
baldios. Caracterizam as práticas locais e as formas de uso intensos do
ambiente urbano de Medianeira e são determinadas pelos valores culturais,
crenças e hábitos instituídos.
A inadequada utilização dos ambientes urbanos nas cidades do Brasil
acena para um comportamento comumente observável e implicam em danos
ambientais graves e inconseqüentes.
Encerramos este diálogo afirmando que a percepção permeia o
conhecimento e que jamais, percepção e conhecimento podem ser
considerados sinônimos. A percepção alimenta o processo de mediação, de
julgamento perceptivo, enquanto que o conhecimento é um processo
epistemológico.
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