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O USO DE PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS PARA APOIAR A ADOÇÃO DE SISTEMAS ERP PROPRIETÁRIOS E DO TIPO SL/CA EM EMPRESAS DE SINALIZAÇÃO VIÁRIA Ricardo Villarroel Davalos (UNISUL) [email protected] Optar por um Sistema Integrado de Gestão (Enterprise Resources Planning - ERP) significa mapear uma estratégia para torná-lo parte integrante do negócio e sob esta ótica a empresa deve, cuidadosamente avaliar quais serão os impactos da impplementação dos processos de negócio e estabelecer critérios para a melhor adoção deste sistema. Este artigo apresenta um estudo de aplicação de um procedimento metodológico baseado na proposta de Tonini e outro fundamentado na norma ISO/IEC 9126, para selecionar um sistema ERP proprietário e outro do tipo Software Livre e de Código Aberto (SL/CA), para uma empresa de industrialização e comercialização de produtos de sinalização viária. A principal contribuição deste trabalho é apresentar alternativas de escolha que propiciem uma maior segurança para a adoção de uma solução que demande investimento com fornecedores ou com o próprio setor de Tecnologia de Informação (TI) da empresa. Palavras-chaves: Sistemas ERP, Metodologias de avaliação e seleção, SL/CA, TI XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

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O USO DE PROCEDIMENTOS

METODOLÓGICOS PARA APOIAR A

ADOÇÃO DE SISTEMAS ERP

PROPRIETÁRIOS E DO TIPO SL/CA EM

EMPRESAS DE SINALIZAÇÃO VIÁRIA

Ricardo Villarroel Davalos (UNISUL)

[email protected]

Optar por um Sistema Integrado de Gestão (Enterprise Resources

Planning - ERP) significa mapear uma estratégia para torná-lo parte

integrante do negócio e sob esta ótica a empresa deve,

cuidadosamente avaliar quais serão os impactos da impplementação

dos processos de negócio e estabelecer critérios para a melhor adoção

deste sistema. Este artigo apresenta um estudo de aplicação de um

procedimento metodológico baseado na proposta de Tonini e outro

fundamentado na norma ISO/IEC 9126, para selecionar um sistema

ERP proprietário e outro do tipo Software Livre e de Código Aberto

(SL/CA), para uma empresa de industrialização e comercialização de

produtos de sinalização viária. A principal contribuição deste

trabalho é apresentar alternativas de escolha que propiciem uma

maior segurança para a adoção de uma solução que demande

investimento com fornecedores ou com o próprio setor de Tecnologia

de Informação (TI) da empresa.

Palavras-chaves: Sistemas ERP, Metodologias de avaliação e seleção,

SL/CA, TI

XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no

Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

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1. Introdução

As empresas de diversos segmentos procuram Sistemas Integrados de Gestão (Enterprise

Resources Planning - ERP) para melhorar suas atividades de gestão, dar maior agilidade a

seus processos de negócio, apoiar o seu relacionamento com o mercado e capacitar seus

recursos humanos.

Para tal finalidade, estas empresas adotam diferentes formas de suprir essa necessidade, pois

algumas delas optam por desenvolver um sistema próprio, outras escolhem sistemas baseadas

em tecnologias livres e outras ainda, preferem os sistemas produzidos e comercializados por

empresas desenvolvedoras de sistemas.

A opção da escolha de sistemas ERP se dá por alguns motivos que podem ser definidos como:

sistemas da atual gestão não fornecem o desejado ou são incompatíveis, profissionais

despreparados para oferecer as integrações necessárias ou até mesmo descontentamento com

outros fabricantes de softwares (PADILHA & MARINS, 2005).

Entretanto a empresa que tem optado por utilizar um sistema de gestão nem sempre tem

mensurado o tamanho do investimento, em tempo e dinheiro, da tão sonhada informação

rápida, segura e estratégica.

A partir de observações realizadas em várias empresas, muitos casos de insucesso se dão por

desconhecimento a respeito do assunto por parte de gestores, sejam eles executivos ou

técnicos, que encaram a escolha ou implantação de um sistema como algo rápido, de baixo

custo e que poderá resolver todos os problemas.

O que se pode perceber é a falta de uma clara metodologia de escolha, preparação e

implantação de tais sistemas, podendo ocasionar investimentos acima do orçado e prazos

quase sempre além do esperado, sem mencionar que o resultado final, nem sempre será o

esperado pela empresa.

Em grande parte dos casos de aquisição de sistemas ERP, não se têm as suas necessidades

bem definidas, tampouco uma clara definição dos processos de negócio e se têm uma idéia

errônea de que num curto espaço de tempo (logo após as primeiras fases de parametrização),

o sistema já terá plena funcionalidade. Parte deste problema pode ser atribuído a falta de

comprometimento da alta direção no que se refere ao acompanhamento das atividades de

escolha de um sistema ERP (DIAS, 2009).

Existem várias metodologias para apoiar a avaliação e seleção de sistemas ERP proprietários

que consideram procedimentos agrupados por etapas e que respeitam a prioridade das

dimensões de avaliação. Essas etapas funcionam como se fossem filtros, uma vez que ao final

de cada situação algumas das alternativas avaliadas são abandonadas, restando para a situação

seguinte sempre àquelas que forem mais aderentes às expectativas da empresa.

Daí o conceito de “múltiplos filtros”, e com isto a empresa direciona mais adequadamente o

tempo e o custo do processo, para aqueles sistemas que realmente possam agregar mais valor

realizando as atividades que demandam mais esforço somente (SOUZA & SACCOL, 2003).

Este trabalho apresenta um estudo de dois procedimentos metodológicos baseados na proposta

de Tonini (2003) e na norma ISO (International Organization for Standardization) / IEC

(International Electrotechnical Comission) 9126, para selecionar um sistema ERP

proprietário e outro do tipo SL/CA, para uma empresa de industrialização e comercialização

de produtos de sinalização viária.

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2. Sistemas ERP

Pode-se definir um sistema ERP como um banco de dados único, que interage com um

conjunto integrado de aplicativos e que consolida todas as operações da organização em um

único ambiente computacional.

De forma geral, estes sistemas fornecem suporte às atividades administrativas (finanças,

recursos humanos, contabilidade e tributário), comerciais (pedidos, faturamento, logística e

distribuição) e produtivas (projeto, manufatura, controle de estoques e custos)

(HABERKORN, 2003).

Os sistemas ERP integram informações e processos entre as diversas áreas funcionais da

organização, proporcionando recursos e procedimentos aos usuários, para um gerenciamento

eficiente das informações. Estes sistemas abrangem uma gama de funcionalidades e a

Figura 1 ilustra a sua estrutura típica de funcionamento.

Figura 1 - Estrutura típica de funcionamento de um Sistema ERP

Os sistemas ERP podem ser encontrados como proprietários e do tipo Software Livre e de

Código Aberto (SL/CA). O primeiro tipo representa sistemas que possuem seus direitos de

comercialização pertencentes a seus desenvolvedores e para sua aquisição é necessário pagar

pelos seus direitos. Algumas destas soluções mais utilizadas no país são os sistemas: Baan,

Benner, Cigam, Microsoft Dynamics, PeopleSoft, Platanus, SAP, Senior Sistemas, TOTVS

(Microsiga, Datasul, RM sistemas e Logocenter), etc.

Os sistemas ERP do tipo SL/CA encontram-se disponibilizados, gratuitamente ou

comercializados, com as premissas de liberdade de instalação; plena utilização; acesso ao

código-fonte; possibilidade de modificações/aperfeiçoamentos para necessidades específicas;

distribuição na forma original ou modificada, com ou sem custos.

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As soluções do tipo SL/CA representam um novo modelo de negócios que propõe a ruptura

de paradigmas tradicionais e bastante incorporados à cultura corporativa, como por exemplo,

a propriedade intelectual e o trabalho formalmente organizado (CHRISTOPH, 2005).

Numa rápida pesquisa no repositório sourceforge.net constatou-se a existência de um grande

número de sistemas ERP e apesar do número de projetos ser relativamente grande, o

crescimento acontece de forma rápida, quase pouco mais de um terço deles se encontra no

estágio “não categorizado”, o que significa que, na prática, o projeto é ainda uma idéia.

Também, pouco mais de um terço destes projetos se encontram em estágio de planejamento,

12% se encontram em fase de testes (Beta) ou “quase prontos” e “aprovados” para seu uso, e

apenas 9% está “maduro” ou suficiente para utilização em “produção estável”.

A Tabela 1 apresenta as características principais dos sistemas ERP do tipo SL/CA (todos em

estágio de produção estável) pesquisados no repositório sourceforge.net e destaca-se que estas

soluções já estão sendo usadas em muitas empresas de diferentes países, mas seu uso no

Brasil ainda é limitado (FERNANDES & VARELA, 2006).

Sistema

ERP

Principais

módulos

Sistema

operacional

Banco de

dados Linguagem Site

Nível de

Produção

FacturaLux CRM e

Gestão

Financeira

Múltiplas

plataformas

(Windows, Linux,

Unix, Mac OS,

Solaris)

PostgreSQL C ++ www.facturalux.org 6 – Maduro.

Freedon Todos Múltiplas

plataformas Interbase Java www.freedom.org.br

5 –

Produção

estável.

Compiere Todos Múltiplas

plataformas

JDBC,

Oracle,

PostgreSQL

Java, PL/SQL www.compiere.org

5 –

Produção

estável

Tiny ERP Todos Múltiplas

plataformas PostgreSQL Java e Python www.tinyerp.com

5 –

Produção

estável

WebErp CRM e

Gestão

Financeira

Múltiplas

plataformas MySQL PHP www.weberp.org

5 –

Produção

estável.

OpenBravo

ERP Todos

Múltiplas

plataformas

Oracle e

PostgreSQL

Java,

JavaScript,

PL/SQL

www.openbravo.com

5 –

Produção

estável.

Tabela 1 – Sistemas ERP do tipo SL/CA pesquisados

3. Procedimentos metodológicos utilizados

Os procedimentos metodológicos propostos por Tonini (2003) e pela norma ISO/IEC 9126

serão utilizados para a seleção do sistema ERP proprietário e de outro do tipo SL/CA. A

seguir são descritos estes procedimentos.

3.1 Procedimento metodológico proposto por Tonini

Além de reafirmar os estudos que considerem a adequação das funcionalidades sistêmicas e as

necessidades da empresa, este método considera outros aspectos importantes como

usabilidade, tecnologia, fabricante do sistema e, também, a operação comercial envolvida na

aquisição do sistema ERP proprietário.

Tonini (2003) apresenta uma clara proposta de seleção de um sistema ERP, analisando o fato

de que o uso de uma proposta pode contribuir para o sucesso da implantação, minimizando

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tempo e dinheiro, garantindo a satisfação da organização. Para tanto, ele define alguns

procedimentos que serão utilizados como base na seleção do sistema e seu fabricante.

O procedimento utilizado foi dividido em três blocos e propiciou a construção de uma página

na internet para realizar consultas de todos os passos e tabelas abordados nesta metodologia.

A Figura 2 ilustra as principais etapas utilizadas na seleção do sistema ERP proprietário.

Figura 2 - Fluxograma do procedimento metodológico de Tonini (2003)

Dessa forma, Tonini (2003) prescreve um conjunto sistemático de atividades fundamentais e

iniciais, com o objetivo de avaliar e classificar o sistema e seu respectivo fornecedor. Essa

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metodologia é baseada em um modelo de seleção de múltiplos filtros, no qual os avaliadores

determinam um sistema de pontuação para cada uma das atividades na fase de seleção.

Esses pontos devem representar o grau de importância de cada item verificado em cada uma

das etapas, tendo em vista que os próprios avaliadores determinam o que é mais ou menos

relevante no seu ramo de negócio. A decisão final será baseada no ranking de pontos somados

das avaliações dos sistemas, baseados nas aderências ou não aderências do sistema ERP.

3.2 Procedimento metodológico baseado na norma ISO/IEC 9126

As normas ISO são criadas com base no trabalho de especialistas do mundo todo. Essas

normas tornaram-se a base para especificar produtos, organizar fornecimento de serviços e,

mesmo, para elaborar legislação em vários países (KOSCIANSKI & SOARES, 2007).

Para a finalidade deste trabalho são considerados os requisitos de qualidades externas

(visíveis aos usuários) e internas (funcionalidade) definidos pela ISO/IEC 9126 e, também a

metodologia MEDE-PROS desenvolvida no CENPRA - Centro de Pesquisas Renato Archer.

(ANJOS & MOURA, 2009)..

A norma ISO/IEC 9126 diz que software nunca executa sozinho, mas sempre como parte de

um sistema maior, tipicamente formado por outro produto de software com o qual ele tem

interfaces, hardware, operadores humanos e fluxo de trabalho. É recomendado que, para a

avaliação de qualidade de um produto de software, seja definido um modelo de qualidade e

que este seja usado na definição das metas de qualidade para os produtos de software final e

intermediários.

Recomenda que a qualidade do produto de software seja decomposta hierarquicamente em um

modelo composto de características e sub-características, as quais podem ser usadas como

uma lista de verificação de tópicos relacionados com a qualidade.

As definições das características e sub-características foram escolhidas de modo a evitar

sobreposições. Dessa maneira, quando uma característica como "funcionalidade" é avaliada,

não se consideram fatores relativos à outra característica, como "confiabilidade". As

definições também se distinguem da noção de requisito funcional ou não funcional. Cada sub-

característica deve ser dividida em atributos, que são elementos presentes no software, como,

uso ou não de interface gráfica (FERNANDES & VOSTOUPAL, 2008).

De acordo com Anjos e Moura (2009) o processo de avaliação de produtos de software do

MEDE-PROS é baseado na ISO/IEC 9126 que visa a prover exigências e recomendações para

a implementação prática de avaliação de produtos de software, desenvolvidos ou em

desenvolvimento, como uma série de atividades definidas e acordadas entre o cliente e o

avaliador.

A Figura 3 ilustra o processo do modelo MEDE-PROS e a parte selecionada desta apresenta

quais características serão usadas na avaliação dos sistemas ERP do tipo SL/CA, definidos

aqui.

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Fonte: Adapatado de Anjos e Moura (2009).

Figura 3 – Processo do modelo MEDE-PROS

As características dos modelos de composição utilizados para a avaliação dos sistemas

propostos aqui encontram-se descritos a seguir:

Funcionalidade: conjunto de atributos que evidenciam a existência de um conjunto de

funções e suas propriedades especificadas;

Confiabilidade: conjunto de atributos que evidenciam a capacidade do software de

manter seu nível de desempenho sob condições definidas durante um período de

tempo estabelecido;

Eficiência: conjunto de atributos que evidenciam o relacionamento entre o nível de

desempenho do software e a quantidade de recursos usados, sob condições

estabelecidas;

Portabilidade: conjunto de atributos que evidenciam a capacidade do software ser

transferido de um ambiente para outro.

As questões definidas terão o peso em porcentagem para cada característica e

subcaracterística, sendo o que elas representam dentro do processo de avaliação. Cada questão

valerá uma pontuação de (0 á 100) e ao final do processo é feita a medida dos resultados e a

elaboração do relatório, obtendo-se a soma das pontuações dividida pela soma dos pesos

definindo qual sistema ERP do tipo SL/CA apresenta melhor qualidade com base nas normas

apresentadas.

4. Seleção dos sistemas ERP

Pelas características específicas dos sistemas ERP proprietários e do tipo SL/CA, optou-se por

selecioná-los separadamente, a fim de respeitar o princípio destes sistemas. A seleção

respectiva destes, seguindo os procedimentos definidos na seção anterior, encontram-se

descritas a seguir.

4.1 Seleção do sistema ERP proprietário

Aplicando as primeiras fases (Bloco 1) do procedimento definido por Tonini (2003), foram

definidas as áreas e pessoas (Comitê) que farão parte do processo de escolha do sistema ERP

proprietário para a empresa aplicada, bem como o levantamento de necessidades e possíveis

fornecedores de três sistemas atuantes no mercado e implantados em muitas empresas do país

(DIAS, 2009).

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Considerando o Bloco 2 da Figura 2, foram coletados dados a respeito dos fornecedores e

produtos oferecidos, baseados em uma série de quesitos, previamente especificados pelo

Comitê de decisores e por exemplo na Tabela 2 foram analisadas os requisitos concorrentes.

Fornecedores Sistema ERP 1 Sistema ERP 2 Sistema ERP 3 Sistema ERP 4

Requisitos concorrentes

Compras 80 80 80 80

Controle de Produção 70 80 70 80

Contas a pagar 90 90 80 70

Vendas 80 80 80 80

Contas a receber 90 90 90 70

Total 410 420 400 380

Tabela 2 - Avaliação dos requisitos concorrentes

Da mesma forma que o apresentado na tabela anterior foram analisados: requisitos futuros;

requisitos de implementabilidade; requisitos de suportabilidade; avaliação tecnológica;

avaliação de investimento; avaliação dos clientes dos fornecedores e a avaliação da proposta

comercial, ilustrada na Tabela 3 a seguir.

Fornecedores Sistema ERP 1 Sistema ERP 2 Sistema ERP 3 Sistema ERP 4

Avaliação da proposta

comercial

Quanto à discriminação dos

módulos a adquirir 80 80 70 70

Quanto à discriminação dos

serviços a adquirir 80 90 70 70

Quanto à discriminação das

licenças a adquirir 70 70 70 70

Quanto à discriminação das

evoluções dos produtos 80 80 70 70

Quanto à discriminação do

suporte prestado 70 70 70 70

Quanto à discriminação dos

valores e prazos a contratar 70 80 70 70

Total 450 470 420 420

Tabela 3 - Requisitos para a avaliação da proposta comercial

Dando continuidade, no Bloco 3, foram aplicadas as fases finais do procedimento para a

escolha do sistema ERP proprietário. A Tabela 4 apresenta toda a pontuação das etapas

anteriores, seguindo os pesos diferenciados atribuídos pela organização.

Resumo Geral

Critérios Peso dado pela

Empresa

Pontuação

Sistema ERP 1 Sistema ERP 2 Sistema ERP 3 Sistema ERP 4

Requisitos

Concorrentes 30% 24,60 25,20 24,00 22,80

Requisitos Futuros 15% 12,37 13,12 11,25 10,87

Requisitos de

Implementabilidade 10% 8,25 8,25 8,00 7,50

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Requisitos de

Suportabilidade 15% 13,5 13,5 12,75 11,62

Avaliação

tecnológica 10% 8,00 9,00 7,80 7,40

Avaliação de

investimento 10% 7,00 7,50 8,00 7,50

Avaliação dos

clientes dos

fornecedores

5% 3,75 4,12 4,00 3,75

Avaliação da

proposta comercial 5% 3,75 3,91 3,50 3,50

Escore Total 100% 81,22 84,60 79,3 74,94

Tabela 4 - Tabela de avaliação da pontuação

Após a apuração da pontuação e os possíveis descartes (não atingiram a pontuação mínima

exigida pela organização), poderão acontecer empates, ou diferenças sutis entre os finalistas,

cabendo o consenso entre os membros do Comitê para que se tome a decisão final. O Comitê

então analisa todos os dados coletados e pontuados na Tabela 4 e, caberá a este decidir pela

escolha do sistema ERP 2.

4.2 Seleção do sistema ERP SL/CA

Foram inicialmente definidos os sistemas ERP do tipo SL/CA: OpenBravo, Compiere e

WebErp, para serem avaliados conforme critérios da norma ISO/IEC 9126. A Tabela 5

apresenta um resumo sucinto das questões, respostas e pontuação dos requisitos da

funcionalidade do sistema OpenBravo (SANTOS & VILLARROEL DÁVALOS, 2010).

Funcionalidades Q = Questão R = Resposta N = Nota

Adequação

Q: Presença das funções especificadas?

R: Demonstrou apresentar todas as funções especificadas em seu site.

N: 100

Interoperbilidade

Q: Interage com os sistemas especificados?

R: Sim por exemplo faz a exportação de dados para Excel e PDF e alguns módulos há

possibilidade de importação dos dados.

N: 90

Segurança de acesso

Q :Evita (ou ao menos previne) acesso não autorizado aos dados?

R : O sistema demonstrou-se seguro nas configurações de acesso, permissões e grupo.

N : 100

Confiabilidade Q = Questão R = Resposta N = Nota

Maturidade

Q : Com que freqüência apresenta falhas?

R : Segundo teste aos módulos do sistema ele apresenta ligeiras falhas.

N : 95

Recuperabilidade

Q: É capaz de recuperar dados em caso de falha?

capacidade do produto para re-estabelecer o nível de desempenho desejado e recuperar

dados em caso de ocorrência de falha.

R: Sim pois possui um agendador de tarefas que são executadas automaticamente

segundo configuração obtendo-se por exemplo backups diários ou de hora em hora

N :100

Eficiência Q = Questão R = Resposta N = Nota

Tempo

Q : Qual é o tempo de resposta, a velocidade de execução? medida do tempo de

resposta e de processamento ou taxas de processamento, ao executar a funções

prescritas

R: Demonstrou boas taxas de processamento apesar de ser desenvolvido em Java o

software responde bem

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N: 80

Recursos

Q : Quanto recurso usa? Durante quanto tempo? medida da quantidade de recursos

necessários (CPU, disco e memória) e a duração do seu uso ao executar as funções

prescritas.

R:Na versão de servidor instalado em um PC ele utiliza no mínimo

50 /% da CPU, 512 de memória e 2GB de disco a taca da CP?U varia conforme a

utilização das funções

N: 80

Portabilidade Q = Questão R = Resposta N = Nota

Adaptabilidade

Q : É fácil adaptar a outros ambientes?

R : Sim pois ele é multiplataforma aceitando todos os principais sistemas operacionais

N : 100

Capacidade para ser

instalado

Q :É fácil instalar em outros ambientes?

R : Sim pois ele possui pacotes específicos para instalação em diversos ambientes

dependendo do nível de conhecimento do instalador

N : 100

Tabela 5 – Questionário do sistema Openbravo para avaliação da qualidade

O questionário também foi aplicado de forma análoga para os demais sistemas e a Tabela 6

apresenta um resumo comparativo destes para a caracterítica funcionalidade.

Critério Pontuação

Sub-característica Peso Openbravo WebERP Compiere

Adequação 25% 25 20 20

Acurácia 25% 20 20 20

Interoperabilidade 10% 9 7 8

Segurança de acesso 40% 40 32 34

Total 100% 94 79 82

Tabela 6 – Resultados da característica funcionalidade

As características confiabilidade, eficiência e portabilidade também foram avaliadas

analogamente a tabela anterior. A Figura 4 apresenta os resultados gerais das quatro

características avaliadas.

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Figura 4 - Resultado final dos sistemas ERP do tipo SL/CA

A aplicação da norma ISO/IEC 9126 definiu a seguinte classificação dos sistemas: Openbravo

(93.55 pontos), Compiere (88.75 pontos) e WebERP (84.85 pontos).

5. Conclusões e recomendações

Este trabalho apresentou a aplicação de dois procedimentos metodológicos baseados na

proposta de Tonini (2003) e na norma ISO/IEC 9126, para selecionar um sistema ERP

proprietário e outro do tipo SL/CA, para uma empresa de industrialização e comercialização

de produtos de sinalização viária.

Estes procedimentos foram aplicados separadamente para respeitar a natureza de cada tipo de

sistema, pois o primeiro considera a parte comercial envolvida na sua aquisição e o outro

procedimento considera melhor nas características técnicas dos sistemas ERP.

Os resultados apresentados neste artigo servem como referência para a adoção de um sistema

ERP (sistema ERP 2 e Openbravo) e cabe aos gestores decidir por qual solução optar. Se for

pelo primeiro, deverão realizar um considerável investimento e como retorno poderá ter um

sólido apoio para sua manutenção e, se optar pelo outro sistema deverá investir no pessoal do

setor de TI (Tecnologia de Informação) para ter sucesso na sua manutenção.

Uma grande vantagem do procedimento baseado na proposta de Tonini (2003) é que

incorpora a parte comercial e a expertise do fabricante. A desvantagem é que as características

técnicas não ficam muito aprofundadas, pois os fabricantes não disponibilizam em sua

integridade estes sistemas.

Conclui-se também que este procedimento norteia o acompanhamento da solução juntamente

com a evolução negócio, pois considera a preocupação por parte da empresa em reconhecer os

requisitos futuros e qual a periodicidade de atualização da solução pelo fornecedor do sistema

ERP frente as novidades do mercado.

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No procedimento baseado na norma ISO/IEC 9126 a grande vantagem é que as características

técnicas podem ser bem aprofundadas, pois os sistemas encontram-se disponibilizados e a

desvantagem é que pouco aprofunda nas características de mercado.

A avaliação dos sistemas baseados neste procedimento (ISO/IEC 9126) é importante para a

adoção, pois respeita sua natureza e se baseia em características técnicas. Esta avaliação pode

ser de grande importância para as pequenas empresas que desejam implantar um sistema de

baixo custo e com padrões elevados de qualidade.

Contudo, para empresas que optarem por qualquer tipo dos sistemas ERP estudados aqui e

que sejam de outros segmentos, há a necessidade de adequação das propostas metodológicas

abordadas aqui.

Referências

ALBERTÃO, S. E. Sistema de Gestão Empresarial – Metodologia para avaliação, seleção e implantação para

pequenas, médias - Edição Revisada e Ampliada. 2ª. ed. São Paulo: Iglu, 2005. v. 01. 01 p.

ALMEIDA, F. G & GIUSEPPE B. B. Qualidade dos Sistemas Integrados de Gestão - Um estudo de caso.

Disponível em:< http://magnum.ime.uerj.br/cadernos/cadinf/vol16/CadernosIME-INF-V16-3-ARojas.pdf>.

Acesso em: 23/10/2009.

ANJOS, L. A. M. & MOURA, H. P. Um modelo para avaliação de produtos de software. Disponível em:

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CHRISTOPH, R. H. Engenharia de Software Livre para Software Livre. Pontifícia Universidade Católica de

Rio de Janeiro - PUC-RJ. 2005, 110 p. (Dissertação de mestrado).

DIAS, A. J. Metodologia para apoiar a seleção de sistemas ERP. Palhoça: UNISUL, 2009, 111 p. (Projeto de

Conclusão de Curso em Sistemas de Informação).

FERNANDES, A. P. & VARELA, M. Estudo de viabilidade de implantação de um sistema ERP do tipo SL/CA

para uma micro empresa. Palhoça: UNISUL, 2006, 168 p. (Projeto de Conclusão de Curso em Sistemas de

Informação).

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(ISO 9126) na CELEPAR. Disponível em:

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