o pioneiro século 21

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O PIONEIRO 2 1 Brasília-DF, abril de 2012 Número 13 A revista com conteúdo

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Publicação anual do Clube dos Pioneiros de Brasília editada por Márcia Mossmann e Lisbela Editora

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O PIONEIROBraslia-DF, abril de 2012 Nmero 13

A revista com contedo

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Ajudando a construir a casa

DOS SEUS SONHOS

Editorial

Por Mrcia Mossmann [email protected]

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izem que tudo o que se faz com prazer rende bons frutos, e ser responsvel pela 13 Edio da Revista O Pioneiro Sculo 21, alm de prazeroso, considero o reflexo de uma jornada que empreitei h exatos onze anos, quando decidi mergulhar no mundo editorial, levada por minha experincia como fotgrafa, por minha curiosidade jornalstica e por meu esprito empreendedor. Conheci o Clube dos Pioneiros de Braslia e seu Presidente Roosevelt Dias Beltro, em 2002, ano em que produzi um livro de artes sobre os Drages da Independncia e fui gentilmente convidada a colaborar com as publicaes dessa instituio que promove o resgate e a preservao da memria daqueles que para o Planalto Central vieram compor a orquestra de JK e concretizar o proftico sonho de Dom Bosco, o qual previu a mudana da Capital Federal para c. E da poeira ao concreto, pelas linhas de Oscar Niemeyer, os precisos projetos de Lcio Costa, o esprito desbravador de Bernardo Sayo e a administrao de Israel Pinheiro, no menosprezando a atuao de tantos outros personagens indispensveis nessa histria, Braslia ergueu-se em seu esplendor e aqui abriga pessoas de todos os cantos do mundo. Como tantos que saram de suas terras, vim do Rio de Janeiro para Braslia com meus pais e irmos. No sabia ao certo o que estava acontecendo por ter apenas quatro anos de idade. Mas aqui cresci, e passei minha adolescncia at chegar maturidade que hoje me permite enxergar o quo importante foi minha trajetria acompanhando o desenvolvimento dessa cidade mpar. Nesse um pouco mais de meio sculo de existncia, as largas e desabitadas avenidas no incio de Braslia, rapidamente foram sendo preenchidas por prdios comerciais e residenciais, condomnios e muitos, muitos automveis que encurtam as distncias enormes entre os pontos principais do Plano Piloto e as Regies Administrativas, que nem de longe, na projeo de seus criadores, previu tamanho crescimento populacional. Independente dos problemas tpicos das grandes metrpoles que j atingem nossa Capital Federal, alm de ser o ncleo da poltica nacional, ela mantm seu charme nico e continua amanhecendo vermelha na imensido do cu que no precisa ser apreciado de baixo para cima, por estar gentilmente disposio dos olhares mais sensveis ao nvel do horizonte. Quem quiser relaxar, acorde cedo e aproveite a beleza gratuita que a natureza oferece todas as manhs, mas se perder a hora, programe-se para um fim de tarde mgico admirando o pr-dosol mais bonito do Brasil. Isso e muito mais Braslia, terra que abrigou os candangos que jamais podero ser esquecidos por sua coragem, dedicao e fora de trabalho e lugar escolhido por muitos para escreverem suas histrias de vida, construindo famlias e contribuindo para o desenvolvimento do pas. Nesta edio, homenageamos o mestre do trao - Oscar Niemeyer que aos 104 anos mantm absolutamente ativa sua habilidade de criar belssimas obras arquitetnicas, projetando sua arte, nacional e internacionalmente, em retas e curvas perfeitamente traadas com a leveza de uma alma sensvel e a firmeza de um talento inquestionvel. Alm da matria de capa, nossos ilustres colaboradores presenteiam os leitores da Revista O Pioneiro - Sculo 21 com artigos sobre a importncia de Braslia manter o ttulo de Patrimnio Cultural da Humanidade conquistado h 25 anos; homenagem ao Mestre Teodoro do Boi, que partiu no incio do ano, para colorir o cu com a beleza do Bumba-meu-boi; um pouco da histria de Joaquim Cardozo, o poeta, engenheiro e calculista parceiro de Oscar Niemeyer em diversos monumentos como a Catedral de Braslia, a Cmara Federal dentre outros e matrias sobre sade, comportamento e meio ambiente que fazem o link entre o passado e o presente de nossa amada cidade em conexo com o mundo.

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Mrcia MossmannEditora Chefe

O Pioneiro Sculo 21

A revista com contedo

Futura Sede do Clube dos Pioneiros de Braslia

CLUBE DOS PIONEIROS DE BRASLIA TRINIO 2012-2015

Hezir Espndola Gomes Moreira e Roosevelt Dias Beltro em frente obra inicial da futura sede do Clube

NESTA EDIO

Silvestre Gorgulho faz uma cronologia dos fatos que garantiram o ttulo Capital Federal

Editora Chefe: MRCIA MOSSMANN Jornalista Responsvel: MRIO DE ALMEIDA Reviso de textos: GUSTAVO SOUTO MAIOR Projeto Grfico e Diagramao: LISBELA EDITORA FALE CONOSCO (61) 8170 9555 [email protected] Impresso: GRFICA CHARBEL (61) 2105 4500

Revista O PIONEIRO SCULO 21 Uma publicao: CLUBE DOS PIONEIROS DE BRASLIASDN - Conjunto Nacional - Sala 5024 Braslia - DF CEP: 70077-900 (61) 3328 6516 / 3326 8615 / 9657 9486 Email: [email protected] www.clubedospioneiros.org.br

Presidente ROOSEVELT DIAS BELTRO Vice- Presidentes lvaro Alberto de Arajo Sampaio Alzir Leopoldo do Nascimento Frederico Monteiro Hezir Espndola Gomes Moreira Itamar Sebastio Barreto Jupyra Barbosa Ghedini Lincoln Magalhes da Rocha Luiz Carlos Atti Luiz Cludio de Almeida Abreu Silvio Guilherme Beltro Breckenfeld Secretrio Geral Mrio de Almeida 1 Secretrio Alberto Fernandes de Souza 2 Secretrio Pedro Soares Vieira Diretor de Relaes Pblicas Antonio Carlos de Melo Diretor Cultural Jose Adirson de Vasconcelos Diretor de Esporte Jos Cavalcante de Souza Diretor de Comunicao Social Celson Carlos Baptista de Oliveira Diretor Social Luis Guilherme Moreira Baptista Conselho Consultivo Alarico Ottoni Verano Aluzio Jos Rufino Amauri Jos de Aquino Milton de Melo Antonio Jos Matias de Souza Clio Menecucci Christos Aristide Rodopoulos Dario de Sousa Clementino lson Casco Ennius Marcus de Moraes Muniz Geraldo Silva Graciomrio de Queiroz Hely Walter Couto Iguatimozy Fernandes de Souza Linderberg Asis Cury Luiz Cludio Nasser Silva Luzitano Abrantes Malheiros Lucia Batista Garfallo Marinaldo Guimares Mauricio Gomes de Lemos Salete de Souza Vasconcellos Raimundo Roberto da Silva Wanda Neusa Fracari Suplentes Norma Pujetti de Faria Paulo Honesko Wellington Baltazar Caetano Conselho Fiscal Jose Higino de Azevedo Geraldo Nascimento Suplentes do CF Benoni Dias Beltro Jorge D'arc de Cerqueira Saulo Cortes Conselho Superior Affonso Heliodoro dos Santos Alberto Peres Helio Lobato de Almeida Jos Carlos Gentili Marcelino Federal Hermida In Memoriam Newton Egidio Rossi In Memorian Carlos Rodrigues InMemorian Mestre de Cerimnias Galeb Balfaker Diretoria Executiva Dbora Banchieri Jacqueline Lemos Gustavo Miranda

Palavra do PresidenteNo o nguloreto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexvel, criada pelo homem. O que me atrai a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do m e u p a s , n o curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas feito todo o universo, o universo curvo de Einstein". No me sinto importante. Arquitetura meu jeito de expressar meus ideais: ser simples, criar um mundo igualitrio para todos, olhar as pessoas com otimismo. Eu no quero nada alm da felicidade geral. Essas so declaraes do nico brasileiro eleito entre os dez maiores gnios vivos do planeta: Oscar Niemeyer. Declaraes que sintetizam o gnio da arquitetura e o gnio como ser humano. E a essa figura mpar no cenrio da arquitetura mundial, Oscar Niemeyer, que dedicamos essa edio da Revista do Clube dos Pioneiros. Sua arquitetura transcende toda e qualquer lgica da prancheta. uma arquitetura nascida do sonho, e sempre inspirada na Natureza, como ele mesmo afirmava. Segundo o grande poeta Ferreira Gullar, se certo - como acredito - que ns, homens, inventamos a vida, o mundo imaginrio em que habitamos, Oscar Niemeyer um dos que mais contriburam para isso, inventando uma arquitetura que parece nascida do sonho e, com isso, nos ajuda a viver. Dizem que Iuri Gagarin, o pioneiro astronauta russo, ao conhecer Braslia, comparou a experincia com aterrissar em um planeta diferente. E este sentimento de muitos quando vem pela primeira vez a cidade projetada por Niemeyer, junto com Lcio Costa. Braslia audaciosa, escultural, colorida, livre - e no se compara a nada que se tenha feito antes. E s um gnio como Oscar Niemeyer podia ter a ousadia e teve de projetar uma cidade absolutamente diferente em termos arquitetnicos. No toa que Braslia a nica

Por Roosevelt Dias Beltro [email protected]

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cidade moderna a ostentar o ttulo de Patrimnio Cultural da Humanidade, justamente pela genialidade da sua arquitetura e de seu urbanismo. A trajetria de Niemeyer teve incio com a Obra do Bero, seu primeiro projeto individual, construdo em 1937, no bairro da Lagoa, Rio de Janeiro. J nesse primeiro projeto nota-se a presena dos elementos defendidos na arquitetura moderna e a influncia do arquiteto francs Le Corbusier: o pilotis, a planta livre, a fachada livre, possibilitando a abertura total de janelas na fachada, o terrao-jardim e o brise-soleil, pela primeira vez utilizado na vertical. Em 1957, abre-se o concurso pblico para o plano piloto da nova capital, Braslia. O projeto vencedor o apresentado por Lcio Costa. Niemeyer, arquiteto escolhido por Juscelino, seria o responsvel pelos projetos dos edifcios, enquanto Lcio Costa desenvolveria o plano da cidade. Braslia foi um grande desafio; a cidade, construda no tempo de um mandato presidencial, obrigou Niemeyer a projetar uma srie de edifcios em poucos meses. Entre os de maior destaque esto a residncia do Presidente (Palcio da Alvorada), o edifcio do Congresso Nacional (Cmara dos Deputados e Senado Federal), a Catedral de Braslia, os prdios dos ministrios, a sede do governo (Palcio do Planalto) alm de prdios residenciais e comerciais. Mas Niemeyer no projetou apenas os palcios e edifcios imponentes da Capital. Seu jeito simples e sua vontade, nas suas prprias palavras, de querer criar um mundo igualitrio para todos, levou-o a projetar, por exemplo, a Casa do Cantador, em Ceilndia, uma edificao para homenagear a comunidade nordestina que vive em Braslia. A Casa a sede do cantador repentista, do poeta cordelista e de um sem-nmero de artistas do improviso e da literatura de cordel, legtimos representantes da cultura popular. Inaugurada em 9 de novembro de 1986, a Casa do Cantador tem sido palco de grandes manifestaes culturais, a exemplo dos Festivais Nacionais de Cantadores Repentistas e Poetas Cordelistas. Nestes eventos a Casa recebe de bom grado toda a mistura de brasileiros, fazendo jus a uma das mximas do genial arquiteto: Eu no quero nada alm da felicidade geral. Parabns e muito obrigado, Oscar Niemeyer !

Capa

Por Adirson Vasconcelos [email protected]

OSCAR NIEMEYER104 anos de genialidade

Foto: Arquivo Pblico do DF

xistem quatro nomes de nossa Histria que so quase sinnimos de Braslia, tanta a identificao que tm com a cidade-Capital: Juscelino, Israel, Lcio e Niemeyer. Juscelino Kubitschek a concebeu e deu-lhe sopro de vida, numa viso estadstica que o consagrou perante o povo brasileiro e o mundo todo; Israel Pinheiro, frente de uma epopia desafiadora, comandou uma grande equipe de construtores e operrios candangos que edificou a nova Capital brasileira no ento desrtico Planalto Central do Brasil e a consagrou, perante o conceito universal, como a obra do Sculo XX; Lcio Costa a projetou, esboando o seu urbanismo num Plano Piloto, que revela o gesto primrio de quem assinala um lugar ou dele toma posse, isto , dois eixos cruzando-se e representando, simbolicamente, o prprio sinal da cruz, retrato do cristianismo e da prpria histria brasileira. A par disso, o feliz aproveitamento de cinco elementos naturais que fazem da urbs uma civitas: ar, luz, espaos, jardins e horizontes; Oscar Niemeyer, o arquiteto que projetou os palcios e os principais edifcios pblicos e residenciais de Braslia, dando, a todos, uma forma clara e bela de estrutura, dentro de um critrio de simplicidade e nobreza, ao inventar formas novas e fugir da rotina em que a arquitetura moderna, de ento, ia melancolicamente se estagnando.

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O GNIO E SUAS OBRAS NA CAPITAL FEDERALDo Catetinho Ermida de Dom Bosco, da Igrejinha de Ftima ao Palcio da Alvorada, dos edifcios minister i ais d a E spl anad a aos p a l cios monumentais da Praa dos Trs Poderes, do Teatro Nacional Catedral de Braslia, dos prdios residenciais ao Memorial JK, do Museu da Repblica Torre Digital. So Oscar Niemeyer. E tantas e tantas outras realizaes inovadoras que se integram, todas, beleza e praticidade urbanstica de Lcio Costa, bem como se completam, na paisagem artstica, com as atraentes artes plsticas concebidas por Bruno Giorgi, Cheschiatti, Jos Pessoa, Athos Bulco e Burle Max, principalmente. A natureza as contempla e as valoriza, iluminando-as, de dia, por um sol irradiante, e, noite, pela iluminao ferica da cidade. Tudo em um museu a cu aberto em que se observa embevecidamente, no alto, uma abboda de azul celestial com lindas nuvens brancas bailando, lenta e harmoniosamente, de Norte a Sul, de Leste a Oeste, at, numa hora, sumirem num horizonte de 360 graus que revela, a quem o observa e o contempla, a anteviso do infinito, do porvir.

HOMENAGEANDO OSCAR Hoje, neste ms de abril de 2012, o Clube dos Pioneiros de Braslia, por iniciativa de sua diretoria, frente o presidente Roosevelt Dias Beltro, edita esta revista-memorial sob os cuidados editoriais de Mrcia Mossmann. E mais: rene os candangos pioneiros que edificaram a cidadeCapital de todos os brasileiros para, juntos, com seus descendentes e toda a sociedade hodierna brasiliense, recordar e celebrar, num encontro de solidariedade, a figura humana, a vida e a obra deste grande pioneiro da primeira hora de Braslia, que o arquiteto Oscar Niemeyer. Recentemente, em 25 de dezembro ltimo, Oscar completou 104 anos de vida, exemplo de longevidade e boa sade, fsica e mental, o que encanta e alegra a grande multido de brasilienses, de seus amigos e admiradores que vivem em Braslia, no Brasil e no mundo. No cotidiano, Niemeyer uma criatura simples, humilde, bem humorada, muito amiga dos amigos e da gente humilde (que defende, humana e filosoficamente), atencioso, autntico, de respostas inteligentes (s vezes, inusitadas) enfim, um perfil prprio dos gnios, dos sbios. A fama no lhe subiu cabea... O Arquiteto de Braslia tem obras em 27 pases e em 124 cidades fora de nossa cidade.

Durante a epopia da construo de nossa Capital, no perodo de 1956 a 1 9 6 0 , Ni e m e y e r chefiou o Departamento de Urbanismo e Arquitetura da Novacap, o DUA, sendo seu principal arquiteto projetista. Seu primeiro trabalho de projeo ocorreu em 1936, quando integrou o grupo chefiado pelo urbanista Lcio Costa para, sob a orientao do arquiteto francs Le Corbusier, projetar o Edifcio do Ministrio da Educao, no Rio de Janeiro. Antes de Braslia, atuou em Pampulha, a convite do Prefeito Juscelino, de quem se fez amigo e que, no final dos anos 50, voltou a convid-lo, agora para projetar os edifcios de Braslia. Com Braslia, Niemeyer ganhou projeo internacional. Oscar Niemeyer tem realizado trabalhos em quase todo o mundo, chegando a ter escritrios em Paris, Beirute, Argel, Milo, Argel, Berlim e tantas outras cidades de projeo mundial, a fim de cumprir seus compromissos internacionais. No Concurso para escolha do Plano Piloto de Braslia, foi membro da Comisso Julgadora, junto com William Holford, Stamo Papadaki, Andr Silva, Israel Pinheiro e Luiz Hildebrando Barbosa. No certame, saiu vencedor o Projeto Lcio Costa. O PROJETO BRASLIA Ao planejar os edifcios de Braslia, o arquiteto Oscar Niemeyer procurou colocar diante de si trs problemas diferentes e encontrar, para eles, uma soluo. Estes problemas foram, conforme ele prprio confessou, os seguintes: do

prdio isolado, livre a toda imaginao, conquanto exigindo caractersticas prprias; o do edifcio monumental, onde o pormenor plstico cede lugar grande composio; e, finalmente, a soluo de conjunto, que reclama, antes de tudo, unidade e harmonia. Joaquim Cardoso foi o seu engenheiro calculista. Simplesmente notvel. O ponto culminante de Braslia, no aspecto urbanstico e arquitetnico, est na Praa dos Trs Poderes, onde se situa o conjunto de edifcios destinados aos Poderes fundamentais do Brasil, que, segundo Lcio Costa, sendo em nmero de trs e autnomos, encontram-se situados num tringulo eqiltero, localizando, em cada ngulo, um edifcio. O Palcio do Planalto (Executivo) e o Palcio da Justia (Supremo Tribunal Federal) ficaram na base, e o Palcio do Congresso no vrtice, este com frente para uma ampla esplanada disposta num segundo terrapleno, de forma retangular e nvel mais alto, de acordo com a topografia local. Essa disposio mereceu de Amncio William, arquiteto argentino, a seguinte observao: A Praa dos Trs Poderes possui um grande encanto pela simplicidade como foram colocados os seus edifcios. E so edifcios que no se parecem com nenhum outro que tenha se construdo antes. No Palcio do Congresso, Niemeyer teve a inteno de dar ao edifcio um carter monumental em contraste com a imensa superfcie plana (tapete verde) da Esplanada dos Ministrios, permitindo, ao mesmo tempo, uma viso ampla dos outros edifcios baixos (o Palcio do Planalto e o da Justia) que compem a Praa.

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Foto: Divulgao

Nos plenrios da Cmara dos Deputados e do Senado Federal, em forma de cpula, no edifcio do Congresso, ao projet-los, o artista procurou dar-lhe um objetivo plstico de maior nfase, situando-os em monumental esplanada, onde suas formas se destacam como verdadeiros smbolos do Poder Legislativo. Niemeyer quis, neste edifcio, aplicar todos os elementos fundamentais do seu estilo. possvel que tenha sido o prdio que construiu com maior carinho. Algumas pessoas tm visto nas duas cpulas, smbolos iniciticos: a concha cncova (a da Cmara) a receber as energias do cu e a concha convexa (a do Senado) a ter as energias da terra. Todavia, muitos parlamentares criticaram o arquiteto, no passar do tempo, por certas deficincias de espaos, quer no plenrio quer nas salas das duas Casas. Compreensvel, pois, no passar das legislaturas, houve aumento do nmero de parlamentares. Mas, tais questes foram acomodadas e resolvidas com solues oferecidas pela prpria arquitetura dos espaos. Intermediando as duas cpulas (e um pouco recuado), um edifcio de 28 andares. No passar dos anos, face ampliao do nmero de parlamentares e para atender suas atividades, foram encontradas solues por meio dos Anexos em reas laterais s duas Casas legislativas. O 28, como era chamado pelos candangos no tempo da epopia de sua construo, um prdio com a forma de H, que os maons e outros iniciados interpretam como smbolo do homem em p o homem portador de honra -, contrapondo-se ao H deitado que simboliza a Rodoviria, representao dos passos perdidos do Templo de Salomo.

O famoso arquiteto Richard Neutra, austraco naturalizado americano, observando o edifcio do Congresso disse que quando olhamos para o edifcio alto e as duas cpulas, o que temos no uma impresso meramente visual; o que importante a impresso de equilbrio, que vem do centro de nossos ouvidos. O Palcio do Planalto e o Palcio da Justia muito se assemelham pela repetio dos elementos estruturais as colunas -, que caracterizam a nova arquitetura criada com Braslia. Contudo, distinguem-se um do outro, porque, no Palcio do Planalto, as colunas se mostram de frente para a Praa, enquanto no Palcio da Justia elas ficam de perfil, ou seja, situadas nas laterais, esquerda e direita, do edifcio. Esta simples modificao enriqueceu o aspecto plstico que se tornou mais variado. O Planalto destina-se aos despachos presidenciais. Tambm chamado de Palcio dos Despachos do Presidente da Repblica. Funcionam, no mesmo edifcio e nos anexos, os servios burocrticos e as Casas Civil e Militar da Presidncia. O Palcio da Justia que abriga a mais alta Corte de Justia do Pas, o Supremo Tribunal Federal oferece uma diversificao de aspectos, sempre que observado de novo ngulo. Niemeyer desejou, na construo dos prdios ministeriais, que estes se sucedessem numa repetio disciplinada como sentido de unidade e igualdade, ao longo de uma esplanada que termina numa praa a Praa dos Trs Poderes rica de formas e, ao mesmo tempo, sbria e monumental.

Foto: Divulgao

OBSERVANDO A OBRA E O ARTISTA noite, a iluminao ferica destaca a arquitetura branca dos prdios monumentais, como que flutuando na imensa escurido do Planalto, tornando, assim, mais ntidas a leveza e a originalidade da criao de Oscar, que a desejou funcional, mas antes de tudo, bela e criadora para permitir uma atmosfera de xtase, sonho e poesia. A arquitetura branca dos palcios se harmoniza com as nuvens tambm muito brancas do cu brasiliense, este sempre muito azul. Contrastando com o azul celestial e este branco da arquitetura e das nuvens, a terra vermelha do cerrado de onde brota, aparentemente sem tocar no solo pela leveza das colunas de sustentao, toda a arte arquitetnica de Oscar. Ao contemplar o conjunto de edifcios da Praa dos Trs Poderes, o arquiteto alemo Will Grohmann disse: Aqui se encontram arte e arquitetura; Niemeyer mais romntico aqui do que nunca foi. A Catedral de Braslia um smbolo mundial do Cristianismo. Uma concepo inusitada e plena de simbolismo. Inova toda a tradio da arquitetura templria milenar, marcada por muitos estilos de muita massa e muito peso, inclusive o gtico. Um testemunho de f, embora o arquiteto diga no t-la, pois se revela de ideais simpatizantes do socialismo marxista, de doutrina comunista. Quem v a Catedral de Braslia, de perto ou de longe, logo a define como duas mos juntas e para o alto, em orao. Quem adentra no templo, passa, primeiro, por um pequeno tnel de acesso relativamente escuro, sequer com iluminao artificial. E quando ingressa na nave, toda uma luminosidade natural, durante o dia, clareia feericamente o ambiente pela passagem dos raios solares, atravs de uma cpula toda de vidro temperado. Fiat! Fez-se a luz, como nos fala a linguagem bblica da criao do mundo. Na grande Esplanada, duas outras obras monumentais de expanso cultural, o Teatro Nacional e o Museu da Repblica com a Biblioteca Nacional, anexa. A Rodoviria projeto de Lcio Costa. No setor urbano das Asas Sul e Norte, Niemeyer procurou evitar a repetio das formas que representam os prdios governamentais da Praa dos Trs Poderes. Para os prdios residenciais, criou novas formas e disciplinou-as para preservar a unidade do conjunto. Outros edifcios projetados por outros arquitetos, quer

na Asa Sul quer na Asa Norte, seguiram o estilo Niemeyer. Quer nos prdios governamentais quer em outros da cidade-Capital, Niemeyer, muito embora tenha dado sua criao formas prprias e inditas, revela-se algo que faz lembrar o nosso passado histrico ao qual adaptada a originalidade do seu estilo. Tm feies da arquitetura do Brasil Colnia. Nos alpendres e nas colunas do Planalto, da Justia e do Alvorada, recordam-se as caractersticas tpicas da nossa arquitetura colonial, do que nos fala Gilberto Freyre ao descrever as construes residenciais e religiosas do Brasil do Sculo XVII. Os alpendres das casas-grandes deixaram de ser de telhas, com acentuado caimento, para ganhar, nos palcios de Braslia, a estrutura de concreto-armado e em sentido horizontal quase sem caimento em virtude dos recursos das tnicas modernas. Exemplos de grandes alpendres, encontramos em todos os palcios brasilienses: no Alvorada, no Planalto e na Justia. Grandes alpendres, em Braslia, temos, tambm, at em igrejas, como acontecia nos sculos dezessete e dezoito, segundo o testemunho do Mestre de Apipucos ao relatar a existncia de igrejas do interior com alpendre na frente ou nos lados como qualquer casa residencial da poca. Esta prova est principalmente na Igrejinha de Ftima, Avenida W1, na Entrequadra 307-308 Sul. Temos no Palcio da Alvorada outro costume prprio das casas-grandes do Brasil Colonial, quando a capela era uma puxada da casa, segundo, ainda, o socilogo pernambucano. O Alvorada tem uma capelaanexa. E o alpendre outra caracterstica do Alvorada, ocupando todas as suas reas oriental e ocidental.

Foto: Divulgao

Os arcos do Palcio do Itamaraty, projetados tambm por Niemeyer, so uma lembrana dos Arcos de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, construdos h mais de dois sculos. Uma prova da vivncia de Niemeyer com o nosso passado colonial, no campo da arquitetura, reflete-se no seu gesto construindo, na dcada de 60, sua residncia no Park Way com os mesmos traos das casas-grandes. Esta fonte de reminiscncia e de inspirao de Niemeyer deu arquitetura de Braslia, com suas linhas reconhecidamente modernas e avanadas, um toque de tradio com lembranas leves do Brasil de antigamente. As colunas palacianas, que hoje so smbolo de uma Nova Arquitetura e identificam Braslia em todo o mundo, perderam as formas cilndricas e retangulares que possuam nas casas-grandes e depois nas construes at nossos dias, para ganhar aspectos novos e inesperados com as extremidades em vrtice e sequencia de curvas harmoniosas. Essas colunas perderam aquele sentido inerte e esttico de sustentculos do prdio ao solo, para emprestar ao edifcio maior leveza, situando-o como que solto ou apenas suavemente pousado no solo. Vendo-as, Le Corbusier exclamou: - Aqui h inveno. Ao projetar as Colunas de Braslia, Oscar Niemeyer dedicou a elas a maior ateno, estudando-as cuidadosamente nos seus espaamentos, forma e proporo, dentro das convenincias da tcnica e dos efeitos plsticos que confere construo leveza e elegncia. Andr Malraux, filsofo francs e ministro da Cultura de De Gaulle, quando as viu em 1959, fez muitos elogios. A construo das Colunas do Palcio da Alvorada (as primeiras construdas) nasceu do desejo de Niemeyer de adotar, no palcio residencial, princpios de pureza e simplicidade que, no passado, caracterizaram grandes obras de arquitetura. Para isso, procurou evitar as solues ricas de forma e de elementos construtivos para conceber uma beleza

que decorresse das propores da prpria estrutura do Palcio. A decorao do Alvorada, principalmente o mobilirio, de Ana Maria Niemeyer, que ao planificar os elementos decorativos, teve como preocupao bsica harmonizlos com a arquitetura. Assim como os Muros foram a caracterstica da Arquitetura do Renascimento, as Colunas de Niemeyer so um smbolo da modernidade de Braslia e, mais que isto, um smbolo da Nova Arquitetura no mundo. Os segredos da arte de Niemeyer so, no entender de Lcio Costa, a habilidade e a clareza com que organiza as linhas gerais da composio, seja na planta, no corte ou na fachada, e a segurana com que seleciona, purifica e leva sua forma final cada parte do edifcio. Niemeyer revelou seu talento artstico aps ter trabalhado trs meses, em 1936, sob a orientao direta do arquiteto francs Le Corbusier, registrado Charles Eduard Jeanneret. A partir desta experincia, o arquiteto brasileiro passou a imprimir, segundo Lcio Costa, as formas bsicas com um novo e surpreendente significado, criando variantes e novas solues com o uso de elementos plsticos locais, cuja graa e requinte eram at ento desconhecidos na Arquitetura Moderna. Uma pliade de arquitetos e engenheiros brasileiros seguiu a nova concepo arquitetnica lanada por Niemeyer e que culminou com os seus trabalhos em Braslia, onde encontrou colaboradores que integraram o que chamamos de a sua equipe, assim constituda: talo Campofiorito, Glauco Carneiro, Nauro Steves, Sabino Barroso, Glauss Estelita, Jos de Sousa Reis. De perto, teve Paulo Magalhes. Quando Jean Paul Sartre esteve no Brasil e ao contemplar os trabalhos de arquitetura de Niemeyer, deteve-se para admirar as Colunas que lhe deram a impresso de que os edifcios eram sustentados e envolvidos pelo jogo plstico de um leque que os situava suspensos, leves, sem pousar no cho. Quem descobriu Oscar Niemeyer foi o Presidente Juscelino Kubitschek convidando- para fazer Pampulha, quando Prefeito de Belo Horizonte, e os palcios brasilienses, quando Presidente da Repblica.

Adirson VasconcelosHistoriador de Braslia e autor de dezenas de livros publicados, dentre os quais: Os Pioneiros da Construo e Brasil, Capital Braslia

Opinio

Por Jupyra Barbosa Ghedini [email protected]

O MEIO AMBIENTEE A PRESERVAO DA VIDA NO PLANETApreservao do meio ambiente um tema de abrangncia global, pois a garantia da sobrevivncia e a qualidade de vida de todos os seres humanos! At os anos setenta, tanto nos pases considerados de Primeiro Mundo, as grandes metrpoles brasileiras, no demonstravam uma preocupao na divulgao dos problemas ambientais. No final do sculo XX foi criada uma Comisso Nacional, para as comemoraes dos Descobrimentos Portugueses e em funo do Projeto da Editora Index e da Associao Promotora da Instruo, foi preparada uma expedio chefiada pelo brasileiro Alexandre Rodrigues Ferreira e ele foi o primeiro a explorar a regio Amaznica, com a preocupao de relacionar e divulgar os problemas ligados conservao do meio ambiente em funo da contaminao dos peixes e nas guas onde habitavam populaes ribeirinhas, pelo uso do mercrio nos garimpos de extrao do ouro. O Brasil possui a maior biodiversidade do mundo, a maior Floresta do Planeta e o rio mais caudaloso, ambos na Amaznia e a maior reserva de gua doce, cerca de 12% do total mundial. Em funo das diversidades regionais e do contingente populacional com contrastes culturais de etnias, hbitos e costumes diferentes, vem demandando um sistema de comunicaomais atuante para atingir resultados positivos e garantir uma sobrevivncia com melhor qualidade de vida e diminuio do impacto ambiental, sem prejudicar os hbitos dirios. Vale destacar alguns procedimentos que j esto ao alcance da populao, conscientizada no meio familiar, quanto separao do lixo, por espcie e o reciclvel, aes favorveis conservao do meio ambiente que consequentemente estaro valorizando a prpria vida. Para evitar a degradao do meio ambiente vale destacar alguns procedimentos que esto ao

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alcance da populao: sempre que possvel adquirir produtos que so postos venda utilizando embalagens biodegradveis, pois elas se decompem com grande facilidade, no mximo 12 meses aps o uso. Elas so feitas com material de uso vegetal, como cana-de-acar, milho, arroz, batata e leos

Foto: Mrcia Mossmann

vegetais e o plstico comum depende dos derivados do petrleo e levam centenas de anos para atingir a decomposio. Entre os produtos com verses biodegradveis, destacamos os sacos e embalagens plsticas, materiais de limpeza, higiene e os solventes. Quanto aos veculos eles so os grandes responsveis pela poluio ambiental, entretanto seguindo orientao tcnica, o problema pode ser amenizado se os proprietrios dos mesmos cuidarem do bom funcionamento de todas as peas, principalmente do catalisador porque ele reduz a poluio do ar, neutralizando a emisso de gases txicos produzidos pelos motores. Quanto ao leo do carro, deve ser trocado em postos de gasolina, pois eles retornam s refinarias onde sero processados para gerar outros produtos como a graxa. O leo de cozinha pode ser armazenado em garrafas e ser doado s instituies para fazer biodiesel ou sabo. Cada litro de leo jogado no ralo da pia deve degradar um milho de litros de gua equivalente ao consumo de uma pessoa durante 14 anos.

13 a 20 de Junho de 2012 - Rio de Janeiro http://www.rio20.gov.brSegundo previses da Organizao das Naes Unidas (ONU), a populao mundial dever ultrapassar 9,2 bilhes de habitantes em 2050, portanto, cada cidado deve encontrar uma maneira de fazer algo de bom para o meio ambiente e essas sugestes devero ser divulgadas aos amigos e vizinhos. Ao fazermos compras devemos questionar a necessidade do consumo de energia, de gua, de roupas, de celulares, de carros ou se podemos nos contentar com o que j temos, pois nessa era industrial quase todos os tipos de produo de bens materiais tem impacto ambiental, at as bandejinhas de isopor dos supermercados so nocivas ao meio ambiente. A gua utilizada no tanque ou mquina de lavar roupa pode ter utilidade, ser usada para lavar o quintal, o piso, a calada e a gua da chuva armazenada poder aguar a horta e o jardim; os copos descartveis podem ser substitudos por canecas lavveis. Devemos ter em mente que um ambiente saudvel um direito garantido pela Constituio Federal de 1988, segundo o Artigo 225, todos tm o direito do meio ambiente ecologicamente equilibrado, cabendo a cada indivduo e ao poder pblico o dever de preserv-lo e defend-lo para as presentes e futuras geraes e o Artigo 23 define que competncia da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios a proteo do meio ambiente e o combate poluio em qualquer de suas formas, preservando as Florestas, Fauna e Flora. Cabe ao pas e educadores a responsabilidade de orientar as crianas e os adolescentes sobre a importncia da preservao do meio ambiente e torn-los cidados conscientes para exercitar a cidadania contribuindo com a melhora de toda a comunidade. O homem aprendeu a ter pressa para desenvolver cada vez mais seus conhecimentos, capacidade e tecnologia para produzir riquezas, mas a natureza me tem uma capacidade limitada para se recompor ou absorver resduos. Atualmente o homem vem fazendo maior uso dos recursos naturais, desequilibrando o ecossistema, pressionando a capacidade da natureza aos mximos limites e o planeta inteiro est ameaado e est gritando. O homem primitivo no interferia no funcionamento dos ecossistemas, retirava da natureza apenas o necessrio para sua sobrevivncia. O desenvolvimento industrial aumentou o impacto do homem sobre o Planeta, o aquecimento global vem sendo acompanhado desde 1860 pelas estaes meteorolgicas. Durante o sculo XX aumento mdio da temperatura foi de 0,5 c, e a comunidade cientfica vem alertando que a temperatura global pode atingir nveis catastrficos em poucas dcadas. A Petrobrs, Empresa Estatal, iniciou suas atividades na dcada de 50 e se consolidou como primeira grande empresa do Estado brasileiro, com objetivo principal de atuar na rea de energia,petrleo e gs natural. Atualmente decidiu investir em recursos naturais a favor do meio ambiente, aplicando alguns bilhes na construo do primeiro Parque Elico de energia natural que entra em operao comercial no Rio Grande do Norte nas usinas Potiguar, Cabugi, Juriti e Mangue Seco, oito meses antes do compromisso assumido com a Aneel Agncia Nacional de Energia Eltrica, com contratos firmados por 20 anos, um exemplo a seguir!

Jupyra Barbosa GhediniComendadora e Chanceler Nacional da Soberana Ordem do Empreendedor Juscelino Kubistcheck

Sade

Por Simone Lima [email protected]

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IMPLANTE DENTRIOAuto-estima renovadaFoto: Divulgao

implante dentrio atualmente a forma mais precisa e segura para repor dentes perdidos e fazer com que o paciente recupere com naturalidade as funes mastigatrias, alm de reestruturar o formato do rosto dando suporte correto aos lbios e uma adequada harmonia facial. O procedimento considerado um dos mais seguros e eficientes entre os pacientes que aderiram tcnica como forma de ter um sorriso esteticamente favorvel, em pouco tempo de cirurgia. So vrios os fatores que contribuem para a valorizao do implante dentrio no pas, mas estudos comprovaram que, alm de toda a satisfao dos pacientes com a sade bucal e esttica, o implante dentrio atinge outro ponto importante no bem-estar dos pacientes: a autoestima. Muitos pacientes que sofrem perda dentria ou tem a disposio dos dentes desfavorvel a ponto de no ser corrigido com aparelhos ortodnticos, perdem parte do convvio social por vergonha e insegurana. Os problemas causados por essa esttica desfavorvel levam o indivduo a perder a habilidade de sorrir com confiana e a

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no ter um convvio social adequado. Aps a cirurgia de implante dentrio, o paciente naturalmente volta para o meio social e recupera a autoestima perdida nos anos em que se exclua da sociedade por conta do constrangimento em deixar os outros perceberem a disposio incorreta dos dentes ou a falta deles. Como qualquer outro processo cirrgico, o implante dentrio recupera a socializao do paciente no atuando somente na funo esttica. Outros fatores relacionados sade bucal que podem vir a interferir em diversos aspectos da sade do paciente tambm so solucionados com a aplicao do implante dentrio.

Dra. Simone LimaCirurgi Dentista

Maiores informaes:

CLNICA SIMONE LIMA(61) 3327-6529 33284692

CulturaTODO CARINHO, HONRA E GLRIA AO

Por Luis Guilherme Baptista [email protected]

MESTRE TEODORO

ano de 2012 especial para vrias lembranas da vida cultural brasileira : 30 anos sem Elis Regina, 40 anos sem Leila Diniz, 50 anos sem Cndido Portinari, 100 anos de nascimento de Jorge Amado, Luiz Gonzaga e Nelson Rodrigues. Porm toda a saudade dessas estrelas de primeira grandeza no deixa meu corao mais triste do que a morte de Teodoro Freire, ocorrida em janeiro desse ano. Teodoro Freire. Seu Teodoro. Teodoro do Boi. Seu Teodoro de Sobradinho. Mestre Teodoro. 91anos. Nascido no povoado de Castanho Claro, no Maranho. Um homem-paixo. Amor incondicional pela sua companheira D. Maria Jos, pela famlia, pelo Maranho, pelo Flamengo, pela Mangueira, por Braslia, pelo Bumba-meu-Boi e pela vida. E que vida, quase uma lenda; pois o prprio das lendas a verdade. Todos que beberam (e foram muitos) das sbias palavras do Mestre, que viajaram em suas histrias contadas quase ao p do ouvido e com incomparvel alegria, aprenderam muito. Aprendemos muito com sua suavidade, aprendemos a pacincia com perseverana, aprendemos a coragem da humildade, aprendemos a g rande za da simplicidade, aprendemos a certeza do amor e a f inabalvel no esprito humano. Sua obra maior no o CTP - Centro de Tradies Populares, criado em 1972, ou a Sociedade Brasiliense de Folclore, fundada em 1963. Sua principal obra sempre foi e ser sempre fazer-nos ver a alegria desfraldada nas nossas almas, fazernos sentir a pulsao do corao

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brasileiro na batida do pandeiro de Foto: respeitado onde quer que se apresenDivulgao couro, nos emocionar com as te, do Maranho ao Chu, de Planaltievolues, dana, suor e lgrimas na ao Gama. Recebedor de prmios e dos brincantes que so o povo comendas, o Boi e seu criador ganhaencarnado. Encarnado, cor de ram a ordem do mrito cultural pelo sangue, quente e vivo. Essa e ser ento Ministro da Cultura Gilberto sempre a grande obra desse mestre Gil na gesto do presidente Lula. O de mltiplos saberes. Boi de Sobradinho do Seu Teodoro, O Boi de Seu Teodoro, vindo do Rio que se apresenta no estilo (so vrios) de Janeiro, a convite do poeta de boi de baixada, tambm patrimFerreira Goulart, dana em Braslia nio imaterial da cultura brasiliense. em 1961. Em 1962 desembarca com Braslia deve muito a seus pioneiros; e toda a famlia por aqui, iniciando um agora nessa longa lista, brilha o nome pico feliniano. Ah se Felini tivesse de Teodoro Freire. No so apenas sua conhecido Teodoro. famlia, que hoje tem a frente do Boi Comea sua carreira de funcionrio seu filho Guarapiranga Freire, e seus da UnB - Universidade de Braslia, seguidores e brincantes que devem onde construiu amizades e vivencihonrar o Mestre. Todos ns devemos. ou intensamente a vida de Braslia, Todos ns responsveis por essa cidainclusive ajudando professor a escade, amantes dessa cidade, preocupapar da perseguio da ditadura; hisdos em enaltecer a cultura, a educao tria que nos contou em algumas das e a memria de Braslia, temos que mais belas tardes que passamos estimular, fortalecer e colaborar com embevecidos pela sua graa e expea obra que o Mestre nos deixou de rincia. herana. O Bumba-meu-Boi uma das mais Ns, homens e mulheres de boa vonricas manifestaes da cultura tade temos que ter a coragem de criar popular brasileira, fruto direto da as condies necessrias para que esse miscigenao das etnias formadoras trabalho continue rendendo os mais povo brasileiro; e o Boi do Seu Teobelos frutos pelas ruas da capital, aledoro, distante do Maranho, acabou grando nossas vidas, refinando nosso salvaguardando algumas caractersolhar, engrandecendo nossos espriticas originais que o fazem ser to tos.

Eu sou festeiro do Bumba-meu-boi por causa talvez do sangue do meu av, de ser neto de escravo; essas danas esto no sangue da gente

Com sete anos de idade eu ia escondido noite pra ver o ensaio do Boi. Eu achava aquilo uma beleza, aquele pessoal esquentando aqueles pandeiros na beira da fogueira, aqueles maracs, aquelas matracas, aquilo pr mim era tudo.

Teodoro Freire

Fotos: Eraldo Peres

Coragem com a qual seu Teodoro pautou toda a sua vida, como quando sofreu o processo de expropriao do terreno, onde est o CTP, movido pela Terracap, e que terminou com vitria do Boi. Quem ganhou foi Braslia. Devo pessoalmente muito ao Mestre. Em outubro de 2004 estava a frente de um grupo de 80 pessoas que acampou no CTP, ramos alunos e professores do Projeto Re(vi)vendo xodos, acompanhados de militares do Exrcito, policiais, bombeiros e do Grupo de Escoteiros Joo de Barro, de Sobradinho. Estvamos realizando uma Caminhada de 120 km por trilhas entre Brazlndia e Planaltina durante 7 dias. No quinto dia pousamos no terreiro do Boi. Na hora da chegada estvamos todos extenuados, quando olhei o Mestre caminhando em minha direo; no agentei a emoo e comecei a chorar, foi quando ele me deu um abrao paternal dizendo Coragem! Seja firme! Seja homem! Aprendi mais naquele dia do que em meses e anos como aluno ou professor. Mais tarde naquele mesmo dia, acompanhado do grande Chico Simes e do msico Marimbondo Chapu, Seu Teodoro proferiu uma aula para todos ns sentados na sombra, na grama a seus ps. (...) Um povo que no respeita sua cultura, sua lida, no pode querer ser muita coisa no! (...) A gente de vez em quando pensa que isso tudo vai acabar... Mas a a gente v esse bando de jovens caminhando de Brazlndia at aqui (pr ter aula de cultura popular) e percebe que isso no vai acabar nunca (...)

Devo muito ao Mestre Teodoro, aprendi com ele naquele dia que preciso coragem para seguir em frente; e desde ento no parei mais. Teodoro Freire quis ser de tudo, de cangaceiro a militar. Trabalhou em bar, na feira, em oficina, dentro do mar no Maranho, estudou, amou e viveu. Teodoro antropofagicamente comeu o Maranho e o Boi; e acabou por decifrar o enigma da esfinge: era ele a resposta; ele era o homem, o criador, o brincante e o prprio Boi. E ns, todos ns somos (temos que ser) o eco, os herdeiros, o aplauso para sua vida e obra. SALVE O BOI ! SALVE A CULTURA POPULAR ! SALVE O POVO BRASILEIRO ! SALVE MESTRE TEODORO, agora e para sempre na alma de Braslia e do Brasil.

Professor de Histria Coordenador Geral do Projeto Re (vi) vendo xodos

Luis Guilherme Baptista

Moda

Da redao

L. LEONARDOAlfaiate o profissional especializado que exerce o ofcio da Alfaiataria, arte que consiste na criao de roupas masculinas (terno, costume, cala, colete, etc.) de forma artesanal e sob medida, ou seja, exclusivamente de acordo com as medidas e preferncias de cada pessoa, sem o uso padronizado de numerao preexistente.

O arteso da moda criando peas exclusivasbom gosto caminha de mos dadas com o poder aquisitivo de cada cidado na diversidade de suas funes. O alfaiate tem contribudo largamente h sculos com o universo da moda, retratando com fidelidade a silhueta esguia do homem de negcios, desafiando com inteligncia crises e obstculos e vencendo, por assim dizer, a barreira do tempo. A opinio do mestre da tesoura merece reflexo se levarmos em conta seus cinqenta anos de dedicao em assuntos voltados para o universo da moda. A voz serena e os gestos leves abrandam o estresse de quem se chega a Luiz Leonardo na correria do dia a dia. Com sua calma peculiar e feies orientais que no sabe de onde herdou, o alfaiate que se intitula

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L. Leonardo atende de 2 a 6 feira em seu atelier. Agende sua visita: (61) 9279 2104 ou 9988 4746

condizentemente ao dom que possui, ouve os desejos de seus clientes e sutilmente vai dando as coordenadas e uma prvia da obra que ir criar. Vindo de So Paulo a pouco mais de dois anos, seu atelier est localizado no centro de Braslia, no Conjunto Nacional, provisoriamente, como ele prprio afirma. Desde que aportou na Capital Federal conseguiu nesse curto espao de tempo selecionar uma clientela de alto nvel, arrancando deste a nota mxima em matria de caimento e acabamento singular. L. Leonardo como ficou conhecido e transformou-se em sua marca registrada, veste os homens do poder de Braslia e principais capitais do pas com qualidade e tradio, mas sempre atento modernidade.

Comportamento

Por Antonio Marcio Junqueira Lisboa

AS RAZES DA VIOLNCIAH mais de meio sculo inmeras medidas vm sendo tomadas para diminuir os episdios de violncia: promulgao de leis, implantao do Estatuto da Criana e do Adolescente. Criao de Varas, Delegacias Especializadas, Escritrios de Defensoria, Conselhos Municipais e Tutelares. Comisses Nacionais, Estaduais e Municipais de Defesa de Direitos; combate pobreza, s desigualdades sociais, ao trfico de drogas, ao contrabando de armas, impunidade, corrupo; desarmamento da populao; construo de centros de ressocializao para adolescentes infratores (FUNABEM, FEBEM), delegacias, penitencirias, presdios de segurana mxima; conscientizao da populao, distribuio cartilhas com recomendaes para evitar os diferentes tipos de violncia; criao de ONGs que se dedicam a promover a paz; promoo de cultos, protestos, passeatas pela paz e contra a violncia. A PRISO DE CRIANAS O medo transbordou os limites da racionalidade, em grande parte devido s notcias veiculadas pela mdia. Em lugar de se procurar as causas determinantes e atac-las, tentam baixar a idade de responsabilidade penal. As pessoas que defendem esta idia no esto pensando em uma soluo para o problema, e sim uma forma de conseguir dormir com tranqilidade, andar nas ruas com segurana, diminuir suas preocupaes com a escola e o lazer dos filhos, garantirem seu patrimnio pessoal e a sua vida. Para pacificar suas conscincias, fingiro acreditar que a priso ser boa para os adolescentes, que de l sairo cidados honestos. Assim pensando, esto na contramo dos penalistas que acreditam na falncia pedaggica e de recuperao de nossas FEBEM e penitencirias, e de que o sistema carcerrio existente como produtor e reprodutor da violncia, esteja contribuindo para o aumento e no para a diminuio da criminalidade. A reduo da idade penal mais uma medida que em nada contribuir para prevenir ou diminuir a criminalidade. Ao contrrio, permitindo a restrio da liberdade pela colocao de adolescentes em centros de recuperao ou presdios, aumentaro os j graves problemas consequentes superpopulao carcerria, e poderemos assistir, estupefatos, o contrrio do esperado, um aumento da criminalidade, pela formao de mais delinqentes.

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Foto: Divulgao

governo, diante de uma guerra civil no declarada, do crime organizado infiltrado nas diferentes esferas do Estado e nos trs poderes, refm de uma polcia despreparada e temida pela populao, com polticas de combate violncia com resultados pfios, e sem praticamente nenhuma idia de como prevenir a formao acelerada de delinquentes, sente-se perdido. Combate os brinquedos marciais, promove manifestaes pela paz, tenta controlar programas de televiso, distribui cartilhas, faz apelos, tenta desarmar os cidados honestos, e implantar aes de cunho punitivo e repressivo. Considero que a preveno violncia principalmente um problema peditrico, o que exigir, para ser resolvido, o concurso de profissionais conhecedores das necessidades emocionais das crianas pediatras, psiquiatras infantis, psiclogos, educadores, assistentes sociais, socilogos, antroplogos. J o combate ou o tratamento da violncia responsabilidade do Estado, da Justia e dos rgos de segurana. Sem programas para a preveno dos comportamentos anti-sociais, o que s poder ser conseguido se houver uma atuao sobre as crianas, principalmente nos seis primeiros anos de vida, durante o processo de formao de seus valores, a violncia continuar aumentando. O QUE VEM SENDO FEITO - Em termos de poltica de defesa dos direitos humanos, o Brasil um dos pases mais avanados. signatrio de vrios tratados internacionais, leis tm sido promulgadas, e a Constituio Brasileira considerada uma das que mais assegura direitos s pessoas, s crianas e aos adolescentes. O artigo 227 da Constituio visa a garantir s crianas e aos adolescentes, com absoluta prioridade, alimentao, educao, proteo, sade, segurana. Infelizmente, na prtica, no funciona, pois o que est prescrito no vem sendo cumprido.

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O RESULTADO - As pessoas esto em pnico, inseguras, impotentes, acuadas, aprendendo a usar armas ou recebendo lies de defesa pessoal. A mdia relata, em um crescendo, episdios e cenas terrveis de violncia. Cresce o nmero de empresas de segurana. Aumenta a violncia domstica, roubos, assaltos, sequestros, homicdios e a corrupo, inclusive entre parlamentares, governantes, magistrados e policiais. As pessoas se defendem construindo grades, muros, compram armas, no saem de casa. Em 2007, as operaes Themis, Hurricane e Navalha, feitas pela Polcia Federal, prenderam e indiciaram centenas de pessoas acusadas de corrupo e formao de quadrilhas. Entre elas, magistrados, procuradores, policiais, parlamentares, governadores, funcionrios pblicos, empresrios. Curiosamente, todos tinham emprego, bom rendimento, no estavam drogados; eram considerados cidados de bem. De 1994 a 2004, foram assassinadas 476.255 pessoas. 175.548 tinham de 15 a 24 anos. Estudo de organismo das Naes Unidas feito em ocorrncias policiais registradas nas duas maiores capitais do pas, Rio de Janeiro e So Paulo, concluiu que o rigor da legislao no reduziu os ndices da violncia, inclusive a prtica de crimes hediondos. No Rio, os homicdios aumentaram 162%, no perodo de 1984 a 2003 e, e, So Paulo. 292%. O trfico de drogas, 950%, segundo estudos da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Todos os tipos de violncia vm aumentando, o que significa que as medidas adotadas no tm contribudo, em nada, para a melhoria das condies de segurana.. POR QU? - Os planos de combate violncia no visam prevenir os desvios de conduta, da personalidade, do carter, responsveis pelo aumento do nmero de delinquentes, e sim, combater os crimes, usando para isso de medidas punitivas e restritivas, enchendo os presdios, tentando recuperar portadores de graves distrbios de conduta, boa parte deles irrecuperveis. CAUSAS DA VIOLNCIA Enquanto a violncia aumenta, continua-se a culpar a pobreza, as desigualdades sociais, o narcotrfico, a impunidade, a proliferao de armas de fogo, a falta de policiais, a falta de polticas pblicas, at o prprio Estatuto da Criana e do Adolescente. Em sntese, para a reduo dos ndices de violncia tm sido propostas: a implantao de polticas sociais para diminuir a pobreza e promover uma justa distribuio de renda; o controle ou a proibio do uso de armas de fogo pela populao; o combate ao contrabando de armas e ao narcotrfico; a melhoria do aparato policial; a agilizao da justia; a criao de presdios.

poderamos perguntar: por qu? A resposta est na sua causa determinante, a mais importante na gnese da maioria dos casos de violncia. Endgena, interna, dependente do comportamento do ser humano. No centro de todos os casos de violncia, quaisquer que eles sejam, onde e como sejam perpetrados, encontra-se um ser humano, na maioria das vezes algum criado por uma famlia desestruturada, que no lhe deu a ateno, o amor e a segurana necessrios ao seu bom desenvolvimento; que no lhe ensinou a importncia da disciplina, dos limites, dos princpios e valores; que violentou a sua autoestima, que o submeteu a episdios de violncias fsica, mental, emocional e social. . Atrs de cada criminoso existe, quase sempre, uma personalidade doentia, Na ndia, pas com altos ndices de misria e pobreza, a criminalidade baixa. Religio e sistema de castas mantm a violncia longe das favelas. Nelas no h tenso e medo. No existe trfico de drogas e armas. Pode-se caminhar em suas ruas durante a noite. Na Sua e Canad, pases onde quase toda a populao possui armas, a criminalidade baixa. Qualquer pediatra ou psiclogo, mesmo os menos preparados, sabe que o temperamento violento pode ser herdado ou adquirido. A herana pode ser responsabilizada por um pequeno contingente de indivduos com comportamento antissocial. Hoje, est comprovado que a qualidade dos cuidados parentais que as crianas recebem nos primeiros anos de vida, desde a concepo, de fundamental importncia para sua sade mental futura. necessrio que elas tenham a vivncia de uma relao ntima, contnua, gostosa, com suas mes biolgicas ou substitutas, para o desenvolvimento do apego. o apego, nos primeiros anos de vida, e a convivncia com os pais, irmos, avs, que os psiquiatras infantis, psiclogos e pediatras julgam estar na base do desenvolvimento da personalidade, do carter e da sade mental. A falta do aprendizado de valores, limites, disciplina, a baixa auto-estima, os maus-tratos e a privao materna so os fatores que mais contribuem para a formao de comportamentos antissociais e, consequentemente, para o aumento da delinquncia. Na origem da delinqncia e da criminalidade juvenil encontra-se uma personalidade instvel ou perversa, mais raramente um distrbio mental. Em outubro de 2005 tramitavam na Cmara dos Deputados 153 projetos de lei que tinham como objetivo promover alteraes na segurana pblica. Nenhum dos projetos e nenhuma das medidas neles preconizadas pretendiam melhorar o carter, a personalidade, o comportamento, das pessoas. Assim,

continuaro as denncias: de venda de sentenas pelos juzes; de corrupo dos polticos; do aumento crescente de policiais torturadores, venais, corruptos, assaltantes, homicidas; de acordos de representantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judicirio com o crime organizado; de atos de violncia contra as mu l h e re s , c r i a n a s e adolescentes; do aumento da violncia sexual e da prostituio infantil; do aumento crescente da violncia urbana roubos, estupros, pedofilia, sequestros, assaltos, homicdios. Continuaro as mortes estpidas, absurdas, por motivos fteis sem uma explicao lgica, que comovem a populao que se indaga: por qu? Todas as pessoas continuaro a ser e a agir de acordo com normas, certas ou erradas, que aprenderam na infncia. Nossos ancestrais tinham razo quando diziam fulano tem bero, para designar cidados de conduta ilibada. As causas externas corrupo, impunidade, misria, desigualdades socais, contrabando de armas, narcotrfico, embora importantes para explicar o aumento da criminalidade, devem ser consideradas como causas predisponentes ou desencadeantes. Em resumo, as causas determinantes da formao de comportamentos anti-sociais, de delinquentes, so: a criana no desejada; a m convivncia familiar e o mau exemplo dos pais; os lares desestruturados; a falta de limites, de disciplina, e principalmente de valores; a baixa autoestima; a privao materna; a violncia domstica; a sade mental precria. As causas predisponentes so: a misria, as desigualdades sociais, o trfico de drogas e de armas. As causas desencadeantes so: o uso de drogas; do lcool; do porte de qualquer tipo de arma; as emoes adversas (raiva, cimes, vingana, cobia, etc.). COMO PREVENIR? - As seguintes aes ou medidas so indispensveis para prevenir os comportamentos antissociais, a violncia: paternidade responsvel; boa assistncia pr-natal (feto); a amamentao; o apego; a boa convivncia familiar (amor, ateno, segurana) e o bom exemplo dos pais. O ensino da disciplina, dos limites e, principalmente dos valores, na famlia e nas escolas; promoo da autoestima; preveno da privao

materna desde o nascimento, adoo; preveno da violncia domstica; papel dos professores ateno, amor, segurana, ensino da disciplina, valores, limites, cidadania, educao moral e cvica; cumprimento pelas autoridades, com absoluta prioridade, do que preceitua o artigo 227 da Constituio Federal. PROGRAMAS DESTINADOS A PREVENIR A F O R M A O D E C O M P O R TA M E N T O S ANTISSOCIAIS PATERNIDADE RESPONSVEL, FAMLIAS PARA TODAS AS CRIANAS, LARES SUBSTITUTOS. ENSINO PELAS FAMLIAS E PROFESSORES DE DISCIPLINA, LIMITES, VALORES. PROMOO DA AUTO-ESTIMA. EDUCAO MORAL E CVICA. PROMOO DA SADE MENTAL. CENTROS I N T E G R A D O S D E D E S E N V O LV I M E N T O INFANTIL. CENTROS DE APOIO PSICOLGICO A CRIANAS E AD OLESCENTES. CENTROS EDUCACIONAIS PARA INFRATORES COM DESVIOS LEVES DE CONDUTA. CENTROS DE REINTEGRAO SOCIAL PARA INFRATORES COM GRAVES DESVIOS DE CONDUTA. A violncia uma doena psicossocial. No causa e sim, na maioria das vezes, consequncia da ao de indivduos portadores de srios distrbios comportamentais, derivados, principalmente, de transtornos afetivos graves com suas razes na primeira infncia. A semente da violncia implantada na criana em seus primeiros anos de vida.

Prof. Antonio Marcio Junqueira Lisboa

Membro da Academia Brasileira de Pediatria;Membro Honorrio da Academia Nacional de Medicina; ex-presidente da Academia de Medicina de Braslia, da Sociedade Brasileira de Pediatria e da Sociedade de Pediatria de Braslia; Professor titular de pediatria da Universidade de Braslia

Foto: Gideoni Maran

Aprender a viver na cidade tombadaPor: Hamilton Pereira

misso da UNESCO nos visita neste maro. Passados vinte e cinco anos do tombamento de Braslia como Patrimnio Cultural da Humanidade, iniciativa audaciosa do Governador Jos Aparecido, a Capital do Brasil tem a oportunidade de voltar-se para si mesma e interrogarse: no sculo XXI, o que ser da cidade imaginada, que assombrou o mundo com a ousadia de suas linhas urbansticas e arquitetnicas? E com a insuspeitada capacidade de realizao de homens e mulheres os candangos que puseram de p em cinco anos os elementos fundamentais do mais delirante sonho de um povo? O conglomerado urbano que, em apenas cinquenta anos, se constituiu em torno do polgono tombado apresenta, nesse incio de sculo, a conta medida por uma dvida social gigantesca e complexa. Espelho de um pas fraturado, a Capital do Brasil se v frente a desafios colossais no que toca infraestrutura, acessibilidade fsica e social, aos servios de transporte, abastecimento de gua e energia, aos servios de sade, educao e cultura. consolidao das conquistas obtidas pelos setores organizados da sociedade ao longo de quase trs dcadas de transio entre a Ditadura Militar e a imperfeita Democracia que vamos construindo. Entre os mltiplos desafios que a sociedade e o governo do Distrito Federal devem enfrentar neste mandato liderado pelo Governador Agnelo Queiroz

A

est o desafio dos valores. O desafio do simblico. Recuperar a dimenso fecunda do significado dessa cidade para nosso povo. E do que ela representa para

Foto: Arquivo Pblico do DF

as demais culturas do mundo como afirmao das nossas identidades culturais e da capacidade de realizao dos brasileiros. possvel afirmar que Braslia, nos ltimos anos, veio perdendo a percepo de que a Capital do Brasil, e por outro lado, que o Brasil veio perdendo a percepo de que Braslia a sua Capital. A imagem de Braslia oferecida sociedade brasileira diariamente pelos meios de comunicao acentuadamente negativa. Justa ou injustamente associada ao poltica, num perodo histrico em que, para as empresas produtoras de contedo informativo, a Poltica se converteu em sinnimo de palavro.

Foto: Divulgao

A experincia histrica das grandes democracias nos ensina que o seu exerccio inseparvel da Poltica, dos Partidos, dos sindicatos e de uma forte sociedade civil. E que ela a democracia no prospera quando submetida aos monoplios de comunicao, pbicos ou privados. A tarefa de reerguer a autoestima de Braslia passa por recuperar perante o pas e o mundo a fisionomia daquela que materializa a mais avanada e significativa experincia urbanstica e arquitetnica do sculo XX. Para lembrar Lcio Costa, Braslia merece respeito. preciso acabar com esse jogo de 'gosto-no gosto', e com essa mania intelectual de fazer frases pejorativas. O que preciso agora compreendla. Chego a sentir saudades do tempo daquela 'mania intelectual' que Lcio Costa menciona. Hoje, a crtica rasteira e a submisso aos interesses da especulao imobiliria exercitam uma espcie de 'renncia ao pensamento', capacidade de analisar e de projetar as solues que Braslia exige para o novo sculo, ocupada em dimensionar os lucros da prxima incorporao.

As exigncias da cidade contempornea, com seus dilemas e suas perspectivas para o poder pblico vo adquirir as dimenses de uma presso permanente, considerando-se os grandes eventos do calendrio esportivo mundial que sero recebidos pela cidade a partir de meados de 2013. Mirar-se no exemplo de Barcelona para utilizar as magnficas oportunidades que esse calendrio nos apresenta, sem perder a perspectiva de tratar Braslia no como uma empresa que atender os turistas que nos visitaro durante os jogos, mas como a cidade que onde vivem permanentemente pessoas portadoras de direitos que aqui os exercitam na sua vida quotidiana.

Hamilton Pereira

Secretrio de Estado de Cultura do Distrito Federal

Foto: Divulgao

Braslia Ano 52Como foi comemorado o primeiro aniversrio de Braslia

AtualidadesO arquiteto Carlos Magalhes da Silveira, responsvel pela construo da Catedral de Braslia, projeto de Oscar Niemeyer, mostra ao jornalista Silvestre Gorgulho detalhes das 16 colunas que Ferreira Gullar chamou Catedral de perna fina. raslia chega ao Ano 52. Praticamente a terceira cidade brasileira em populao, com 2.606 mil habitantes. Os brasilienses se orgulham de sua cidade, mas nem sempre comemoraram o aniversrio de Braslia como a data merece. O primeiro ano, em 1961, foi comemorado com um simples coquetel. Nos anos seguintes, s vezes tinha alguma tmida celebrao e, outras, apenas uma lembrana na mdia, com anncios ou entrevistas. Para falar a verdade, a partir de 2007 quando a Capital fez 47 anos - que se plantou um grande megafesta na Esplanada dos Ministrios para se comemorar a data. Mais de um milho de pessoas passou a participar das celebraes com cavalgadas, cultos ecumnicos, cultura, esporte, shows e queima de fogos. Este ano, alm das festas tradicionais, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, inaugura a Torre de TV Digital. Assinada por Oscar Niemeyer, a Torre tem 182 metros de altura (sendo 122m em concreto e outros 60m de estrutura metlica) equivalente a um edifcio de 60 andares. O monumento est localizado na regio do 'Grande Colorado', em Sobradinho e foi concebido em formato de curvas que lembram uma flor. Da o nome 'Flor do Cerrado'. A base cilndrica funciona como um 'caule' que exibe duas 'ptalas' para abrigar duas cpulas de vidro com vista em 360 graus. Na mais alta, a 80m do cho, est um caf-cultural com vista panormica. A outra, de 60m, vai abrigar uma galeria para exposies. O terceiro nvel dar lugar a um mirante circular. A partir do final de 2012, a Torre reunir todas as emissoras que transmitiro sinais digitais em Braslia em um mesmo espao. Mas voltemos no tempo. E como foi comemorado o primeiro aniversrio de Braslia, em 21 de abril de 1961? Evidente, com todas as dificuldades de uma cidade ainda na placenta da histria. O que ficou da festa alm de um singelo coquetel no gabinete do

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23prefeito Paulo de Tarso, foi a poesia que nasceu da pena do encarregado de fazer as comemoraes: o diretorexecutivo da Fundao Cultural, poeta Ferreira Gullar. A verdade que com seus cento e poucos mil habitantes, Braslia teve mais poesia do que festana, no seu primeiro aniversrio. Sem nenhum tipo de conduo e sem nenhum apoio logstico para celebrar o primeiro ano de vida, Ferreira Gullar foi buscar a soluo no bravo Exrcito Nacional. Marcou audincia. Um major o recebeu mui educadamente. Depois de muita conversa, o oficial se saiu com essa: - Dr. Gullar, tudo bem, mas o problema viatura e gasolina. - Eu sei, mas qual a soluo? - Dr. Gullar, no tem soluo! Sem soluo, sem apoio, com bastante poeira e muita inspirao, Ferreira Gullar aproveitou o vinho comemorativo no final de tarde do dia 21, na sala do prefeito Paulo de Tarso, sacou do bolso um poema em forma de embolada e discursou para os convivas: No adianta seu prefeito abrir estrada. No adianta Carnaval na Esplanada. No adianta Catedral de perna fina Rebolado de menina Que o problema viatura e gasolina. E todo mundo riu muito, mas ningum perdeu o ritmo: O problema viatura e gasolina. Bons tempos aqueles, quando o astral era altssimo e o problema era s viatura e gasolina.

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Silvestre Gorgulho

Atualidades

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Braslia Patrimnio Cultural da Humanidade - 25 ANOSNo h como educar e preservar se no se contar a histria da mobilizao nacional para a transferncia da Capital do Brasil para o Brasil Central. E, tambm, no h como defender e cuidar, se no se contar a herica saga que foi a construo de Braslia. A primeira idia veio do patrono do jornalismo brasileiro, Hiplito Jos da Costa, fundador do Correio Braziliense, na edio de setembro de 1818: que a capital fosse no centro do Pas. A primeira proposta veio do Patriarca da Independncia, Jos Bonifcio de Andrada e Silva, na Constituinte de 1823: que a capital fosse no Planalto Central e se chamasse Braslia. A primeira deciso foi de Juscelino Kubitschek, reunindo a Nao em torno de um sonho, uma meta sntese. O primeiro risco foi de Lucio Costa, criando a cidade como quem traa o sinal da Cruz. A primeira coluna foi de Oscar Niemeyer, desenhando curvas para sustentarem a beleza e o futuro. Braslia, desde o incio, foi fonte de discusses e debates. At hoje tema de pesquisas, artigos, livros e ensaios. a primeira cidade que nasceu fotografada e filmada. Participar e ser cmplice dos primeiros anos da Capital privilgio instigante que inspira pesquisadores em todas as reas do conhecimento. Braslia laboratrio vivo de urbs e civitas que cresce com todos os desafios arquitetnicos, sociais, urbansticos e culturais.

Como se realizou um sonho mudancista e como nasceu a Capital

CRONOLOGIA HISTRICA 1892 Floriano Peixoto constitui a Comisso Exploradora do Planalto Central do Brasil, sob a chefia do cientista Luiz Cruls, com a misso de estudar e demarcar a rea do futuro Distrito Federal. 1894 A Misso Cruls apresenta seu relatrio, indicando uma rea retangular em Gois 14.400 km2. 1920 O presidente Epitcio Pessoa assina um decreto legislativo que prev o inicio da construo da nova capital. 1922 Dia 7 de setembro, como parte das comemoraes do Centenrio da Independncia do Brasil, lanada a pedra fundamental da nova capital, em Planaltina. Toniquinho [Antnio Soares Neto] indaga ao ento 1934 candidato Juscelino Kubitschek se eleito iria cumprir a Constituio, que manda a transferncia da Capital Federal, A Constituio prev a construo da nova capital. do Rio de Janeiro para o Brasil Central. 1937 A nova Constituio prev a transferncia da sede do governo. 1955 Em 4 de abril, na cidade goiana de Jata, Juscelino Kubitschek promete - em seu primeiro comcio como candidato Presidncia da Repblica - que, se eleito, cumpriria a Constituio e construiria a nova capital do Brasil.

1956 Em 31 de janeiro, JK assume a presidncia da Repblica para um mandato de cinco anos. Em 1 de fevereiro, cria comisses para administrar cada uma de suas metas, entre elas a construo da nova Capital do Brasil. Em 18 de abril, envia ao Congresso Nacional a chamada 'Mensagem de Anpolis' - na verdade um projeto de Lei referente mudana da capital - assim batizada pois foi no aeroporto daquela cidade goiana que Juscelino assinou esse ato administrativo. aprovada a Lei n. 2874, de 19 de setembro de 1956, que delimita oficialmente o territrio do novo Distrito Federal (com 5.814 km), cria a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (NOVACAP) e define o nome 'Braslia' para a nova capital federal. A NOVACAP, presidida por Israel Pinheiro, elabora o 'Edital do Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil', publicado no Dirio Oficial da Unio em 30 de setembro de 1956. Em 2 de outubro, JK chega ao Planalto Central pela primeira vez para conhecer a regio onde seria construda a nova capital. 1957 So entregues 26 projetos comisso julgadora do 'Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil' Em 16 de maro, escolhido o vencedor: Lcio Costa, que define assim seu projeto: Nasceu de um gesto primrio de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se em ngulo reto, ou seja, o prprio sinal da cruz. Em 3 de maio, Juscelino encomenda missa em Ao de Graas pelo incio das obras, no ponto mais elevado do Plano Piloto - hoje Praa do Cruzeiro, prximo ao Memorial JK. Em 1 de outubro, realiza-se no Palcio do Catete (Rio de Janeiro) a cerimnia que sanciona o projeto de Lei n. 3273, que fixa para 21 de abril de 1960 a mudana da capital da Repblica para Braslia.

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1960 O Presidente JK realiza seu sonho e inaugura - em 21 de abril de 1960, aps 1112 dias de obras - uma cidade a partir do plano urbanstico de Lcio Costa e do conceito arquitetnico de Oscar Niemeyer. Na instalao do Congresso Nacional, o deputado Ranieri Mazzilli proclama: Mais que um milagre da vontade humana, Braslia um milagre da f. 1962 empossado o primeiro conselho da Universidade de Braslia, e o campus batizado com o nome de seu primeiro reitor: o antroplogo Darcy Ribeiro. inaugurada a Catedral de Braslia, erguida a partir de uma planta circular de 70m de dimetro e sustentada por 16 pilares que se unem prximo ao teto. As embaixadas e o Ministrio das Relaes Exteriores so transferidos para Braslia. 1980 O Presidente da Fundao Nacional Pro-Memria (atual IPHAN), Alosio Magalhes, institui o Grupo de Trabalho (GT) para a Preservao do Patrimnio Histrico, Cultural e Natural de Braslia. Os estudos do GT fundamentam a proteo histrica da cidade e o dossi da candidatura de Braslia Lista do Patrimnio Mundial da UNESCO. 1981 Em setembro, inaugurado o 'Memorial JK', que abriga os restos mortais do ex-presidente, sua biblioteca particular, objetos pessoais e acervo relacionado s suas vida e obra. 1986 Em 7 de setembro, inaugurado o Panteo da Ptria, na Praa dos Trs Poderes. Por iniciativa do ento Ministro da Cultura, Jos Aparecido de Oliveira, encaminhada UNESCO a proposio da inscrio de Braslia como Patrimnio Cultural da Humanidade. "Considerando que Braslia j nasceu capital e dentro de uma concepo monumental de espao, o papel do testemunho histrico de seu tempo lhe inerente. A preservao dessa evidncia baseia-se tanto sobre sua condio de cidade inteiramente nova quanto sobre o fato de que ela traduz plenamente os princpios do Movimento da Arquitetura Moderna expressa na Carta de Atenas.

Sobretudo, a participao das comunidades na preservao do patrimnio uma exigncia crescente e suas reivindicaes e seus interesses so uma doao altamente subjetiva, condio sine qua non de aceitao e da eficcia da preservao." (Trecho do dossi para a inscrio de Braslia) 1987 Em outubro, o Comit Internacional de Monumentos e Stios (ICOMOS), ao lado do Centro do Patrimnio Mundial da UNESCO, realiza anlise tcnica da proposta: "Devido ao tamanho do desafio, escala extravagante do projeto e aos recursos massivos investidos nela, a criao de Braslia inquestionavelmente um fato marcante na histria do urbanismo." (Trecho da anlise tcnica do ICOMOS) Em 7 de dezembro, durante a '11 Reunio do Comit do Patrimnio Mundial', a inscrio de Braslia analisada e aprovada por todos os 21 membros do Comit. A relatoria do ICOMOS feita por Lon Pressouyre, professor de Arqueologia da Universidade de Paris, que defendeu a proteo de uma obra singular e moderna, a nica cidade construda no sculo XX para ser capital de um pas, constituindo-se assim em magnfico exemplo histrico. Aos 27 anos, Braslia reconhecida pela UNESCO como 'Patrimnio Cultural da Humanidade' A delegao brasileira foi composta pelo embaixador brasileiro junto UNESCO, Josu Montello, pelo ministro Luiz Felipe de Macedo Soares, e pelo diretor tcnico do IPHAN, Augusto Carlos da Silva Telles. Temos preservado, para o presente, monumentos do passado. Agora, ao contrrio, pensamos em preservar para o futuro um monumento do presente. (Josu Montello, ao final da reunio) Em 11 de dezembro, a UNESCO confere o Diploma que oficializa o ttulo e confirma o valor excepcional e universal de um stio cultural ou natural que deve ser protegido para o benefcio da humanidade. Comunicao oficial da inscrio de Braslia: Representa uma obra-prima do gnio criativo humano e exemplo destacado de um tipo de edifcio, conjunto arquitetnico ou tecnolgico ou paisagem que ilustra um ou mais estgios significativos da histria da humanidade.

SILVESTRE GORGULHO

Jornalista formado em Comunicao Social pela UFMG, foi professor visitante na University of Minesota (EUA) e antes de criar seu prprio jornal Folha do Meio Ambiente, em 1989, foi reprter do Dirio do Comrcio (Belo Horizonte); redator das revistas VEJA, QUATRO RODAS e ESCOLA, da Editora Abril e colunista do JORNAL DE BRASLIA por 10 anos.

Memria viva

Por Luis Guilherme Baptista [email protected]

Projeto Re(vi)vendo xodos - 11 anosIdentidade, Patrimnio e Meio Ambiente

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Projeto Re(vi)vendo xodos em parceria com o Clube dos Pioneiros de Braslia, mantm o propsito de trazer para os alunos da rede pblica, uma formao intelectual e emocional que possibilite a transformao de todos em cidados crticos, participativos e sensveis. Atualmente o Projeto desenvolvido no Centro de Ensino Mdio Setor Leste, no Centro de Ensino Fundamental 104 Norte, na Escola Nova Betnia em So Sebastio e no CEMSO Centro de Ensino Mdio Setor Oeste; e est sendo levado a outras escolas pblicas do Distrito Federal. O Projeto e o Clube dos Pioneiros, juntos a outros parceiros, tem buscado articular diversas propostas e aes nas reas de educao, ecoturismo, pesquisas histricas, polticas de preservao, registro de manifestaes, desenvolvimento sustentvel, entre outras. Nos ltimos anos estabelecemos slidas parcerias com algumas das instituies pblicas mais respeitadas, como o Exrcito Brasileiro, o IPHAN - Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional, o Instituto Chico Mendes, alm de governos estaduais e do DF, administraes municipais e diversas empresas colaboradoras, alm de outras instituies que comungam com nossos propsitos. Para esclarecermos o que pode significar esse Projeto e suas aes no cotidiano dos jovens dessas escolas, colocaremos a seguir alguns depoimentos de ex-alunos participantes e que atualmente so monitores do Projeto.

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Vivncia O meu amor pelo Projeto Revivendo xodos comeou na Caminhada. Eu participei dela no ano de 2008 quando estava no primeiro ano do Ensino Mdio. Eu j tinha tido contato com o Projeto no decorrer do ano letivo, no entanto somente com a Caminhada eu atentei para o real significado do Projeto; o que ele proporciona para os alunos, o seu valor, no s acadmico, mas, tambm de crescimento pessoal para quem acredita e participa. A Caminhada de 2008 foi uma das experincias mais marcantes que j tive na vida. Proporcionou-me uma gama de aprendizados que jamais vou esquecer. Com ela vi que realmente a felicidade est em coisas simples e no necessitamos de muito para se viver; comecei a valorizar as peculiaridades de cada pessoa, inclusive as minhas; todos tm muito o que acrescentar um ao outro e essa troca de experincias importante; vi o quo bom ajudar aos outros quando precisam e ser ajudado quando se sente fraco; comecei a ver o quo bela essa natureza e temos que cuidar dela; comecei a reverr muitos conceitos, a dar um novo significado e valor s coisas a minha volta; vi que aulas, aprendizado, educao no se resume apenas em uma escola, muito mais. Cada momento com o projeto foi nico e especial. Momentos de reflexo, emocionantes e algumas vezes, mgicos. Eu amo participar disso tudo. Por isso nunca deixo esse projeto, faz parte da minha histria. (Pmela Rafaela Alencar Borges Pedagogia - UnB)

Confesso que Vivi! Confesso que v iv i momentos inesquecveis da minha vida em um projeto pedaggico de uma escola pblica do DF. Alis, um projeto de vida. Mais do que visitas a cidades e estados diversos (at pases, quem diria), uma viagem a outros mundos, a outros 'Brasis': um mundo de cultura popular, dos saberes brasileiros. Ah! No podemos esquecer-nos do Mestre Teodoro e do seu Boi-Bumb! E assim o homenagear. Quantos mestres tive o prazer de conhecer. E eu, um estudante de ensino mdio, um universitrio, um jovem sonhador, que levado por esse projeto de vida, comeou a caminhar, passo a passo, em meios a todos os obstculos e todos esses aprendizados. No paramos! Sempre em frente! Nada de buraco! Coragem turma, eis o que a vida nos exige... Coragem. Sempre uma mo ao seu lado para ajudar! Afinal, no conseguimos seguir adiante sozinhos... Acorda Braslia! Eis muito mais do que a capital, do que uma cidade moderna. Alvorada!!! Preparem para caminhar por trajetrias inesquecveis, conhecer pessoas que marcaro sua vida, gritar, sorrir, chorar, caminhar, vencer nossos limites, ajudar, demonstrar, em resumo: SER HUMANO. Sujo, cheio de poeira, (tudo bem, um banho, mas de apenas 30 segundos), comida do Accio e do Divino, um dia com a comunidade local, uma realidade to prxima e ao mesmo tempo to distante para ns, terminar o dia escutando um poema com o LG, ou um debate, a catarse do dia- a dia, todos escutam, todos falam, ... Confesso que vivi! Opa! Mas ainda viverei e sonharei muito mais, pois uma coisa que estes mestres me ensinaram foi a caminhar

e a sonhar; pois um dia vamos chegar! Bravo, Bravo, Bravssimo! (Rafael Nascimento Gomes Histria UnB) Experincia do Projeto O primeiro contato com o Re(vi)vendo xodos foi logo na atividade do projeto mais impactante e forte - a Caminhada. No sei como eu decidi participar desta 'aventura' (vista por mim desta forma naquele momento) mas fui, mais por impulso dos colegas do que por vontade prpria. Comeamos a caminhar e eu no entendia o sentido daquilo tudo, eu me encontrava num imenso turbilho de sensaes e questionamentos que mexiam com minha cabea. O tempo foi passando, as cidades foram chegando e chegaram tambm as emoes que a cada momento eu vivenciava. Apertos de mo, abraos, danas, cheiros, calos, dores, alegrias, choros, olhares felizes...sofridos; tudo de uma forma que ainda no havia visto ou vivenciado, nem sequer imaginado nos meus sonhos. Quando percebi j estava dominado, encantado, amarrado por tudo e todos naqueles dias. Nunca tinha percebido a beleza de um bom dia, a delicadeza do Ip Amarelo e do belo sorriso do meu colega de classe. Nem observava as minhas prprias atitudes nas dificuldades encontradas ao caminhar. A partir da as coisas comearam a fazer um pouco mais de sentido para mim, comecei a olhar o sorriso do colega todos os dias e dizer bons dias como nunca havia feito; a estender a mo quando meu colega dizia no mais aguentar caminhar e a ouvir e sentir os sons do vento, das guas, o sabor do dia e das noites. Mas quando dei por mim a Caminhada tinha acabado, deixando aquele n no estmago e um desespero enorme. No tinha muita

certeza do que iria acontecer dali para frente, mas j sabia qual caminho eu iria seguir: acompanhar este projeto. Na esperana de R e ( v i ) v e r aqu el es mome ntos inesquecveis, de tentar contribuir/construir com aqueles que proporcionaram a melhor experincia da minha vida. (Joo Carlos M. Pereira Engenharia Florestal - UnB) A caminhada buscar o seu limite, chegar at ele... e ir alm! (Prof. Accio) Vivncias Esse relato abaixo foi o meu primeiro relatrio sobre a experincia que tive em uma pesquisa de campo em Arinos/Sagarana no ano de 2008. O projeto Re(vi)vendo xodos juntamente com seus parceiros proporcionam aos alunos de Ensino Mdio e tambm aos universitrios que par ticipam do projeto (atualmente somos mais, somos Fundamental, Mdio e Superior) a exper incia de v ivenciar ou revivenciar o contato com outras culturas, vises e realidades. A princpio essa realizao soa de forma sutil. Porm, para quem participa ativamente ou mesmo de forma indireta, a sensao intensa. Pois um plano de ato que transcende a cincia pedaggica. uma interao com vrias outras cincias visando o conhecimento das coisas pela prtica da observao e pela troca de informaes adquiridas ou j existentes. Alm de montar ou redescobrir sua viso sobre cultura, comidas, msicas, costumes, etc. das regies estudadas. A parte de maior significncia alm do aprendizado a sensao de poder entrar em contato com pessoas e se surpreender consigo mesmo sentindo

29um conflito interno vendo realidades de valores to diferentes. se perceber fazendo coisas que no seu cotidiano voc jamais ousaria ou at ousaria, mas no daria tanta importncia como naquele momento. O que posso concluir (se que tem concluso) com essa experincia que s vezes somos egocntricos e etnocntricos demais para se deixar conhecer e se permitir ter a noo da existncia e da importncia do outro. Ou melhor, esse outro que se parece tanto conosco e ao mesmo tempo to distinto. Hoje, no ano de 2012, Vejo que o projeto est se expandindo e tomando propores que perpassam os sentidos, as percepes e se constroem a cada instante como uma interao coletiva de mentes e mundos diferentes que se interligam com um objetivo comum, a vida (e os tipos de experincias que ela permite). A palavra que aparenta ser pequena to vasta que o caminhar do aprendiz se torna somente um pedao de tantos caminhos que possivelmente ir percorrer no tracejar das estradas. Bem, como j esperado a no definio se mantm ao longo dos anos. Mas o saber e o sentir se reconstroem a cada tempo. Sendo essas umas das maiores engrenagens para que a roda da vida se mantenha alinhada a coragem de querer permanecer em tempos distintos (ou no) dos ponteiros do relgio. (Ticiana Torres Psicologia - UnB) da fiar, o processo para fazer a rapadura, um carro de boi, como se faz farinha, um CTG, a Dana de So Gonalo, a Catira, a Sussa e tantas outras coisas que provavelmente sem as pesquisas de campo e a Caminhada dificilmente teria conhecido e vivenciado. Posso dizer que o Revivendo me possibilitou acesso a um mundo com o qual no tinha contato, apresentou um pouquinho do Brasil. Hoje falo com orgulho que sei um pouquinho e valorizo o conhecimento que est fora da universidade o conhecimento guardado em uma boa prosa, o conhecimento guardado nas rugas de um rosto, as aulas dadas por grandes mestres e doutores que no possuem ttulos acadmicos, o conhecimento popular guardado no jeito de ser e na forma de fazer que passado de me para filha de av pra n e t o s e m ant m v iv o e e m movimento. (Rodrigo da Silva Soares - Cincias Sociais UnB) Gois-GO; Olhos D'gua-GO, Alexnia-GO; e a regio administrativa do Catetinho-DF. Consideramos vital nessa nova dcada do sculo XXI, adentrarmos ainda mais profundamente a riqussima rea de pesquisas ligadas cultura brasileira, suas expresses, seus patrimnios, seu d e s e nv o l v i m e nt o c i e nt f i c o, histrico, geogrfico, sociolgico e filosfico. Essa a misso do Projeto, mergulhar no Brasil profundo e buscar entender as ligaes de nossas manifestaes culturais com os valores polticos e ticos constitudos pelo povo brasileiro ao longo de nossa histria. Uma histr ia linda e cr uel, com realizaes magnficas e grandes esquecimentos, com a nossa cara, feita de carinho e fria.

Coragem O que a vida quer da gente coragem, essa a primeira coisa que vem a minha cabea quando penso no Re(vi)vendo xodos. So tantas lembranas, a primeira vez que vi um tear manual, uma roda

Em outubro de 2012, a Caminhada contar com o apoio dos municpios e distritos de Juscelndia-GO, Natinpolis-GO, Santa Izabel-GO; Cirilndia-GO, Goiansia- GO; Pirenpolis-GO; Corumb de

Prof. Luis Guilherme BaptistaCoordenador do Projeto Re (vi) Vendo xodos cercado por sua equipe de monitores/2011

Memria viva

Por Tadeu Gonalves [email protected]

RESTAURANDO MEMRIASo silencioso trabalho de um mestre

150 km de Braslia, no municpio goiano de Pirenpolis, mestre Isaas( Isaas Franklin da Silva) vem h dois anos trabalhando na concretizao de um sonho: legar para a posteridade um trabalho de escultura como se fazia nos idos do sculo XVIII. A histria comea com um projeto de revitalizao das tradies das festas juninas na zona rural de Gois, em particular da festa de So Joo. Foram realizadas pesquisas para a recuperao da tradio das rezas, hinos, comidas, brincadeiras etc. que se relacionavam aos festejos juninos, e a cada ano novas descobertas so incorporadas festa, organizada na forma de mutiro pelos moradores da localidade conhecida como Contendas. Surge ento a ideia de se construir uma Capela em homenagem a S. Joo Menino, padroeiro da festa, e com o projeto j sendo desenvolvido comea-se a construo, fazendo uso das tcnicas construtivas do sculo XVIII, aproveitando-se ainda da obra para capacitar alvanis e carpinas na recuperao desta tecnologia. A obra erguida toda em adobe, no estilo de nossas capelas do perodo colonial, e chega ento o momento de trabalhar o seu interior. Mestre Isaas, nascido no Maranho de pai portugus e me brasileira, e que ainda menino aprendeu com o pai a extravasar na madeira sua criatividade mpar, se apaixona pela ideia e projeta o altar em cedro, repleto de elementos artsticos no melhor estilo barroco. Isaas se muda para Pirenpolis e d inicio aos trabalhos, garantindo sua continuidade mesmo quando os parcos recursos advindos da colaborao dos moradores e dos amigos mnguam a ponto de comprometer o seu sustento. Foram tentados patrocnios, inclusive atravs das leis de incentivo a cultura, mas aos empresrios o projeto no lhes pareceu merecedor deste pequeno investimento, e s mesmo o apoio dos amigos que vem garantindo a manuteno do artista e a continuidade da feitura do altar. Isaas no desiste, afinal, como diz ele: esta a minha oportunidade de deixar para as geraes futuras, para meus filhos e seus descendentes, o testemunho da minha arte. No projeto da obra est embutida em cada fase a capacitao de jovens para uso destas tecnologias

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construtivas: confeco de adobes, escultura em madeira pintura dos elementos artsticos, confeco de vitrais, ladrilhos hidrulicos etc. As prximas etapas a serem executadas so a instalao do forro em estilo gamela, sua pintura, a ser realizada por um jovem pintor pirenopolino, que vem realizando estudos para reproduzir no teto da Capela de S. Joo o medalho de N. Senhora do Rosrio, que ornamentava a nave da Igreja Matriz da cidade, destruda por um incndio em 2002. Alm disto, a construo das seteiras com vitrais, e as pinturas nas paredes internas, o piso de ladrilho hidrulico e o paisagismo externo completam o proposto no projeto. Hoje, uma ONG voltada para projetos de valorizao do Patrimnio Cultural IDECO- Instituto de Desenvolvimento Educacional e Comunitrio, associa-se ao mestre Isaas para buscar formas de viabilizar recursos que garantam a ele, alm da sua manuteno, uma remunerao digna do artista que . O IDECO pretende buscar patrocinadores para a concluso do projeto e, numa grande festa junina, entregar a obra comunidade das Contendas, que a verdadeira guardi deste patrimnio.

Tadeu GonalvesSocilogo, excoordenador de Educao Patrimonial do Iphan- Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional, membro do Ideco Instituto de Desenvolvimento Educacional e Comunitrio

assista o vdeo: www.youtube.com/watch?v=hXCG_rPzOvA Informaes: [email protected]

Memria viva

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Da Redao

120 anos da chegada da Comisso Cruls ao Planalto Centraluiz Carlos Natureza, ex-Secretrio de Cultura de Pirenpolis GO e Representante do Roteiro Misso Cruls, entrevista o Dr. Olmpio Jayme, atual proprietrio da casa localizada Rua Direita, Centro Histrico de Pirenpolis, Gois, casa esta que foi sede da Misso Cruls, nos idos de 1892, e pertenceu a famlia de Benjamim Goulo. Natureza O Senhor foi Presidente da Unio Goiana de Estudantes nos idos de 1950, tendo estudado no mesmo municpio, onde adquiriu os ensinamentos que o fariam lder estudantil, vereador, deputado estadual, presidente da Assemblia Legislativa do Estado de Gois e advogado. A Unio Goinia dos Estudantes Secundrios, em 30 de julho de 1948, realizou uma excurso ao Planalto Central, saindo de Goinia at o obelisco construdo pela Comisso Cruls onde hoje est Braslia; eram estudantes do Liceu Goinia. Como foi essa excurso? Olimpio Foi uma comisso estudantil constituda pelos estudantes Liceu de Goinia e pela Unio dos Estudantes Secundrios, que era presidida por mim. N Quem os recebeu na ocasio, na futura Braslia? O Ns partimos de Goinia e o primeiro pernoite foi em Corumb, o segundo em Luzinia, que era Santa Luzia e no terceiro dia, chegamos a Formosa, que era o local final da caminhada.

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Comisso Cruls em Pirenpolis - GO

Foto tirada do alto do Pico dos Pirineus

N Qual meio de transporte foi utilizado e quantos dias demoraram a chegar ao destino? O - nibus e trs dias de viagem. N - Quem eram os responsveis pela Comitiva? O - Havia dois responsveis: na rea estudantil Leopoldo Vieira Prudente e eu, e ainda contvamos com a colaborao dos professores Luis Faria, historiador; Joo Joaquim de Almeida e Ary Demstenes de Almeida. N Vocs trouxeram algum material da viagem para o Liceu de Goinia? O Sim, trouxemos. Ns fizemos levantamentos, ouvimos pessoas da localidade, inclusive uma senhora que na poca tinha 99 anos e ainda se lembrava da Comisso Cruls. Esse material foi exposto no Liceu e acho que ainda est l at hoje. N - A comisso de estudantes levou alguma reivin