o lobisomem, lendas de cabo frio
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O LOBISOMEM
Quem tem sete filhas, uma - a mais velha - é bruxa. Quem tem sete filhos homens, um - o mais velho - é lobisomem.
Pra evitar a sina é preciso que o irmão mais velho batize o mais novo, e a irmã mais velha, a mais nova.
Trata-se de um cachorrão grande, ou lobo, que ataca as pessoas nas quintas-feiras de lua cheia.
A aparição do lobisomem era muito frequente em toda região. Há vários casos relatados em Cabo Frio, Campos Novos e no Arraial. Há inclusive um personagem vivo em Arraial do Cabo que todos dizem tratar-se de lobisomem
Chaco - pescador que percorre as ruas do Arraial apregoando com seu vozeirão tremendo a venda do pescado (geralmente bastante embriagado).
Alguns dizem que ele herdou a tara do pai, S. Martiniano. Sobre ele, lia os seguintes “causos”.
Um homem voltava da pescaria de madrugada, na Praia Grande, quando foi seguido por um lobisomem.
Correu para casa, o lobisomem atrás. Conseguindo chegar cm casa, entrou logo, deixou a porta aberta e escondeu-se atrás dela. Ficou esperando o lobisomem com um porrete na mão. Assim que o bicho entrou, trancou a porta e começou a bater-lhe com o pau. No meio da surra, o lobisomem grita: _ Não me mate que eu sou Chaco! _ O homem (Juvenal Zé Amancio) espantado, largou o pau e o lobisomem fugiu.
No dia seguinte, Chaco estava todo quebrado.
De outra feita, aconteceu que viram o lobisomem mordendo e rasgando algumas roupas esquecidas no varal de uma mulher. Na manhã seguinte, Chaco estava com os dentes cheios de fiapos de linha.
“Diolha”, pescador do Arraial, conta outro caso: Uma noite, estava pescando nas pedras do Pontal, quando Chaco se aproximou. Chegou, ficou lá, olhando o outro pescar. Diolha pescava e jogava o peixe pra trás.
De repente, “cadê” o Chaco? “Cadê” os peixes? Depois de algum tempo, Chaco aparece, com a boca toda ensanguentada e a compostura estranha, como que acabasse de “desencantar” de bicho em homem...
(Recolhido em outubro de 1977). Local: Arraial do Cabo