o ensino de leitura nos anos iniciais do ensino...

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O ENSINO DE LEITURA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA PROPOSTA PARA O QUARTO ANO Aline Salucci Nunes PROFLETRAS FFP/UERJ Rio de Janeiro Brasil [email protected] Eixo temático: Alfabetização e infância Resumo: O presente relato de experiência expõe uma sequência didática desenvolvida em três turmas de 4º ano com o objetivo de consolidar o processo de alfabetização e aprimorar a competência leitora. Reflete-se sobre o ensino de leitura em séries iniciais e o uso de textos de circulação social na escola. Os resultados da experiência indicam que para formar um leitor competente é preciso haver interação entre o saber prévio do aluno e os recursos linguísticos e extralinguísticos que compõem o texto. Palavras chave: Alfabetização, competência leitora, produção de sentidos. Abstract: This report presents a didactic sequence developed in three groups of 4th year in order to consolidate the literacy process and improve reading competence. We reflect on the teaching of reading in early grades and school-based usage of social texts. The results of the experiment indicate that for the formation of a competent reader there has to be an interaction between student’s previous knowledge and the linguistic and extralinguistic features that build the text. Keywords: Literacy, reading competence, meaning production Introdução Há tempos, o fracasso dos alunos em avaliações escolares tem sido atribuído à falta de competência leitora. Esse discurso, predominante em reuniões e conselhos de classe, a princípio, parece ser contraditório, uma vez que vivemos em uma sociedade textualizada (MARCUSCHI in XAVIER, 2005, p. 15), entretanto, observamos que tal afirmação tem fundamento quando constatamos que o ensino de leitura na escola se dá de forma mecânica, objetivando a decodificação de textos escritos e interpretação e/ou a identificação de informações específicas em fragmentos isolados.

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O ENSINO DE LEITURA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL: UMA PROPOSTA PARA O QUARTO ANO

Aline Salucci Nunes

PROFLETRAS FFP/UERJ

Rio de Janeiro – Brasil

[email protected]

Eixo temático: Alfabetização e infância

Resumo: O presente relato de experiência expõe uma sequência didática desenvolvida

em três turmas de 4º ano com o objetivo de consolidar o processo de alfabetização e

aprimorar a competência leitora. Reflete-se sobre o ensino de leitura em séries iniciais e

o uso de textos de circulação social na escola. Os resultados da experiência indicam que

para formar um leitor competente é preciso haver interação entre o saber prévio do

aluno e os recursos linguísticos e extralinguísticos que compõem o texto.

Palavras chave: Alfabetização, competência leitora, produção de sentidos.

Abstract: This report presents a didactic sequence developed in three groups of 4th year

in order to consolidate the literacy process and improve reading competence. We reflect

on the teaching of reading in early grades and school-based usage of social texts. The

results of the experiment indicate that for the formation of a competent reader there has

to be an interaction between student’s previous knowledge and the linguistic and

extralinguistic features that build the text.

Keywords: Literacy, reading competence, meaning production

Introdução

Há tempos, o fracasso dos alunos em avaliações escolares tem sido atribuído à

falta de competência leitora. Esse discurso, predominante em reuniões e conselhos de

classe, a princípio, parece ser contraditório, uma vez que vivemos em uma sociedade

textualizada (MARCUSCHI in XAVIER, 2005, p. 15), entretanto, observamos que tal

afirmação tem fundamento quando constatamos que o ensino de leitura na escola se dá

de forma mecânica, objetivando a decodificação de textos escritos e interpretação e/ou a

identificação de informações específicas em fragmentos isolados.

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Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN – também admitem que o fracasso

escolar esteja relacionado à questão da leitura e explicam que os baixos índices de

aprovação nas séries iniciais “estão diretamente ligados à dificuldade que a escola tem

de ensinar a ler e a escrever”. (BRASIL, 1997, p.19).

O que é preciso reconhecer é que essa dificuldade está diretamente relacionada à

questão dos métodos de alfabetização, que ao longo da história, foram sendo

incorporados ao processo de escolarização e que têm demonstrado ineficácia no ensino

de leitura e escrita.

Segundo Magda Soares (2004), o fracasso escolar em alfabetização pode ser

explicado pela perda de especificidade desse processo, que pode ser atribuída à

implantação do sistema de ciclos, que trouxe consigo uma diluição dos objetivos

pretendidos para alfabetização, somada à má execução da progressão automática, que

“pode resultar em descompromisso com o desenvolvimento gradual e sistemático de

habilidades, competências e conhecimentos.” (p.9).

Entendemos que o processo de alfabetização, assim como o que propõem os

PCN, “ocorre dentro de um processo mais amplo de aprendizagem da Língua

Portuguesa” e concordamos com o documento quando afirma que “a conquista da

escrita alfabética não garante ao aluno a possibilidade de compreender e produzir textos

em linguagem escrita.” (p.27).

Enquanto em nossa vida diária a leitura serve diferentes finalidades,

determinando assim o que e como lemos, as atividades interpretativas escolares

geralmente têm pouca relevância e significado para a vida do aluno e raramente

propõem desafios que lhe permitam refletir sobre sua realidade e compreendê-la.

Ainda de acordo com os PCN, o ensino de Língua Portuguesa nas escolas deve

estar voltado para a função social da língua e o eixo central do ensino de Língua

Portuguesa deve se instalar no texto, daí a importância de se promover no aluno a

capacidade de compreender textos dos mais diversos gêneros em diferentes situações

comunicativas.

As Matrizes de Referências, Temas, Tópicos e Descritores da Prova Brasil,

responsáveis por definir os moldes desse instrumento de avaliação do IDEB, também

garantem que “os testes de Língua Portuguesa da Prova Brasil estão estruturados com o

foco em leitura, que requer a competência de apreender um texto como construção de

conhecimento em diferentes níveis de compreensão, análise e interpretação.” (Brasil,

2009, p.21). Sabemos que para que essa aptidão seja desenvolvida nos alunos não

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podemos desassociar a aprendizagem do sistema de escrita das práticas sociais de leitura

e escrita.

Se a escola não desempenhar seu papel e continuar tratando a leitura como uma

ferramenta pedagógica desvinculada de sua função social e da realidade da própria

comunidade escolar, o fracasso do aluno se repetirá em outras áreas e não só nas

avaliações escolares.

Justificativa e objetivos da experiência

Entendemos que o ensino de leitura nas aulas de Língua Portuguesa é de

fundamental importância, pois o aluno precisa ser preparado, como afirma Paulo Freire,

para “ler o mundo”, já que

“A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a

posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da

leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente.

A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica

implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.”

(Freire, 1989, p.9)

Para que isso aconteça, “é preciso que ele se torne apto a aprender a significação

profunda dos textos com que se defronta, capacitando-se a reconstruí-los e a reinventá-

los.” (Koch, 2006, p.159) Cabe, então, ao professor a tarefa de preparar o aluno para tal

leitura, despertando nele uma postura crítica diante de sua realidade.

Nessa perspectiva, surgiu o interesse em investigar e discutir as falhas no

processo do ensino de leitura, e propor possíveis sugestões de atividades que

facilitassem e consolidassem o sucesso do trabalho.

A motivação para a aplicação dessa proposta nasceu a partir da constatação da

problemática apresentada anteriormente mostrar-se muito acentuada na escola em que

leciono. A escolha do quarto ano deveu-se ao fato de ser a primeira série após o ciclo de

alfabetização e marcar uma ruptura com o método de ensino de leitura desenvolvido

pelas professoras dos três primeiros anos, que trabalham em sintonia com as propostas

do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC.

A proposta pedagógica desenvolvida especificamente para o 4º ano do ensino

fundamental, fase em que os alunos já deveriam dominar o código escrito, uma vez que,

de acordo com o pacto, os alunos têm até o 3° ano do ciclo para estarem alfabetizados,

considerou a dificuldade que os meninos e meninas apresentaram para ler e

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compreender os textos escolhidos para avaliação diagnóstica realizada na primeira

semana de aula.

O PNAIC prevê que a alfabetização seja pautada em quatro princípios centrais,

dentre eles:

[...] 2. o desenvolvimento das capacidades de leitura e de produção

de textos ocorre durante todo o processo de escolarização, mas deve

ser iniciado logo no início da Educação Básica, garantindo acesso

precoce a gêneros discursivos de circulação social e a situações de

interação em que as crianças se reconheçam como protagonistas de

suas próprias histórias. (BRASIL, s/d.)

Contudo, notamos que a partir do fim dessa etapa, ou seja, quando os alunos são

promovidos para o quarto ano do ensino fundamental, os professores adotam o sistema

de segmentação de conteúdos e a proposta inicial se perde. O trabalho com a leitura

passa a ser mecânico, como uma simples atividade de copia e cola, e desvinculado do

contexto social do aluno. O texto não é visto como uma unidade de ensino e funciona

como um pretexto para o ensino da gramática e, uma vez que o processo de

alfabetização não está concluído, o processo de desenvolvimento da competência leitora

para esses alunos torna-se ainda mais difícil.

Desse modo, a partir da concepção de leitura observada em Koch e Elias (2014)

na qual a leitura é entendida como “uma atividade interativa altamente complexa de

produção de sentidos” (p.11), passamos a desenvolver com as turmas sequências de

atividades pautadas em gêneros textuais, cujo foco de atenção fosse a interação autor-

texto-leitor. Isso permitiu que os alunos trouxessem para o processo de leitura e

compreensão seus próprios saberes e experiências, a fim de imprimir sentido aos textos.

Apresentaremos e discutiremos a seguir as atividades desenvolvidas no período

de fevereiro e março de 2015, que foram aplicadas em três turmas de 4º ano, visando à

consolidação do processo de alfabetização e à continuação do processo de

desenvolvimento da competência leitora.

Sequência didática de gêneros textuais: uma experiência de leitura significativa

Koch e Elias (2014) afirmam que a construção de sentido em uma atividade de

leitura conta com os conhecimentos prévios que o leitor traz consigo.

Se, como vimos, a leitura é uma atividade de construção de sentido

que pressupõe a interação autor-texto-leitor, é preciso considerar

que, nessa atividade, além das pistas e sinalizações que o texto

oferece, entram em jogo os conhecimentos do leitor (p.37).

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O processamento textual depende da relação que leitor faz entre o texto, o

conhecimento linguístico e tipo de interação que a linguagem do texto possibilita. Não

se trata unicamente de processar o significado das palavras, decifrando o código.

Conforme os PCN

“a decodificação é apenas um dos procedimentos que utiliza quando

lê: a leitura fluente envolve uma série de outras estratégias como

seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é

possível rapidez e proficiência. É o uso desses procedimentos que

permite controlar o que vai sendo lido, tomar decisões diante de

dificuldades de compreensão, arriscar-se diante do desconhecido,

buscar no texto a comprovação das suposições feitas, etc.”

(BRASIL, 1997, p.28)

Nesse sentido, acreditamos que a alfabetização, entendida como aquisição do

sistema de escrita, e o letramento, compreendido como aprendizagem das práticas

sociais de leitura e escrita, são processos interdependentes. Assim, quando a atividade

de leitura acontece a partir de textos que circulam socialmente e contribui para a

aprendizagem do código, atuamos para a formação de leitores competentes.

A avaliação diagnóstica realizada na primeira semana de aula nas turmas do 4º

ano da E. M. Promotor Luiz Carlos Caffaro evidenciou que grande parte dos alunos

tinha dificuldade em ler textos escritos e formular hipóteses que contribuíssem para sua

interpretação.

A partir dessa constatação, foi elaborada uma sequência didática para ser

desenvolvida com os alunos durante o período de 23 de fevereiro a 30 de março. A

seleção dos textos e atividades se deu a partir dos temas Dengue, que estava em voga

naquele momento e Água, em virtude do Dia Internacional da Água comemorado em

março, e pela possibilidade de integração e de desdobramentos desses dois assuntos.

O texto motivador da primeira aula foi uma charge que consistia em dois

mosquitos, um adulto e um filhote observando um mapa, enquanto o mais velho dizia

ao menor: “Um dia, filho, isso tudo poderá ser seu.”

Figura 1- Charge de Ivan Cabral: A dengue se alastra

Fonte: Disponível em <http://www.ivancabral.com/2011/03/charge-do-dia-dengue-se-

alastra.html> Acesso em: 10 fev 2015

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A charge foi apresentada em uma versão ampliada para que todos pudessem

observar e especular acerca da gravura, do texto e da relação texto-gravura. Muitos

trouxeram relatos de experiências domésticas ou de informações oriundas de diferentes

meios de comunicação. Esse foi um momento em que os alunos participaram e

interagiram ativamente. Eles conseguiram relacionar a situação exposta a uma cena do

filme O Rei Leão, quando o rei apresenta o reino para o filho, dizendo-lhe que um dia

herdará tudo quilo, compreenderam o efeito de humor e a funcionalidade do gênero

textual, que lhes era desconhecido, até então, e o meio de veiculação.

Sobre a fala da personagem, trabalhamos a pontuação, o uso da vírgula para

separar o vocativo, a palavra “filho”, no masculino, indicando que o filhote era macho e

não fêmea e a o conceito implícito de que tradicionalmente os homens assumiam as

posições de liderança, uma postura que está mudando hoje em dia, dado o fato de que

somos governados por uma Presidente, que muitos têm em casa uma figura feminina

como chefe de família, que nas igrejas que eles frequentam as mulheres atuam como

líderes; observamos também a expressão “um dia” que, nesse caso, foi utilizada para

expressar tempo futuro, podendo ser constatado a partir da forma verbal “poderá”.

Outra charge foi mostrada para fins de comparação. Esta, porém, não continha

texto escrito, apenas a cena em que uma mulher colocava roupas no varal e, ao lado das

roupas, havia três mosquitos pendurados. Dessa vez, a participação dos aprendizes foi

ainda mais efetiva. Chamaram a atenção para o fato de a senhora já estar tão

acostumada com os mosquitos causadores da doença, que não se preocupa mais com os

insetos. Esse texto nos permitiu refletir sobre como a ausência da linguagem verbal não

prejudica a compreensão. Outra discussão riquíssima aconteceu em sala.

Figura 2: Charge de João Bosco: Hora de secar

Fonte: Disponível em < http://jboscocartuns.blogspot.com.br/2008_04_01_archive.html>

Acesso em: 10 fev 2015

Logo na primeira atividade, confirmamos o que afirmam Koch e Elias (2014):

“a leitura é uma atividade altamente complexa de produção de

sentidos que se realiza, evidentemente, com base nos elementos

linguísticos presentes na superfície textual e na sua forma de

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organização, mas requer a mobilização de um vasto conjunto de

saberes.” (p.57)

Apresentou-se então, uma notícia extraída do Jornal do Brasil, de 19 de junho de

2010, que trazia a manchete Dengue: Rio em alerta – tipo 1 reapareceu, mas estado

está preparado e, no corpo do texto, a seguinte informação:

O reaparecimento do tipo 1 da dengue no estado do Rio foi

confirmado ontem pelo Ministro da Saúde, José Gomes Temporão. A

variante da doença estaria erradicada desde 1990, mas foi

reintroduzida na região, de acordo com o ministro. O risco de

disseminação, no entanto, ainda é reduzido.

– O grande desafio é manter a presença do mosquito em níveis baixos.

Não é simples, mas o Rio de Janeiro, ano passado e este ano, teve um

bom desempenho.

O Ministro da Saúde ressaltou que a situação requer atenção:

– Há uma situação suscetível, e isso pode gerar casos mais graves em

crianças e adolescentes.

Antes de enfocarmos o conteúdo da notícia, discutimos sua função, o veículo de

comunicação em que circula, a organização do texto e os aspectos linguísticos. Após a

leitura em voz alta, alguns esclarecimentos sobre termos presentes no texto e uma

discussão sobre a situação exposta, foi lançada uma proposta de reflexão que retomava a

primeira charge trabalhada: “Quem cumpriu o desafio?”.

Para essa atividade, os alunos precisariam reunir as ideias formuladas em ambas

as atividades e analisar a conjuntura atual para construir um conhecimento que seria

confirmado ou não, na próxima aula, com o auxílio de um terceiro texto – uma

reportagem, exibida na TV em 24 de fevereiro de 2015, cujo acesso foi feito pelo site da

própria emissora, que trazia na legenda “2015 será o pior ano”, alerta Ministério da

Saúde.

Os PCN defendem que o ensino da língua deve integrar as três práticas da

linguagem: leitura, produção de textos e análise linguística.

Apesar de o presente relato priorizar a prática de leitura, consideramos

importante ressaltar que a formação de bons leitores inclui mostrar como os elementos

do texto contribuem para a construção dos sentidos e que um ensino produtivo só é

possível quando relacionamos uso-reflexão-uso. (SANTOS, RICHE E TEIXEIRA,

2013).

Por isso, acreditamos que o êxito da atividade é garantido quando damos voz aos

alunos e permitimos que eles leiam, reflitam, analisem,conjecturem, formulem e

verifiquem hipóteses e produzam textos escritos e orais.

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A sequência foi encadeada com um novo texto, dessa vez, um cartaz

informativo, veiculado pelo Ministério da Saúde, que tinha no topo a frase “Para

combater a dengue, você e a água não podem ficar parados”, e abaixo algumas

orientações para o combate ao mosquito: “Feche bem tonéis e barris". “Coloque areia

no pratinho dos vasos de plantas”. “Tampe caixas d’águas”. “Esvazie e guarde

garrafas sem uso de cabeça para baixo”.

Figura 3 – Folheto do Ministério da Saúde sobre o combate à dengue

Fonte: Brasil, 2012

Discutimos a ideia do termo “combater” que remete ao conceito de luta, guerra,

comparando com a gravidade e a dificuldade de exterminar os mosquitos e a

consequência do não extermínio; os diferentes sentidos que termo “parados” apresentou

na chamada e a forma imperativa dos verbos.

Aproveitamos os conhecimentos prévios dos alunos sobre formas de prevenir a

dengue para construir um cartaz utilizando outros verbos no modo imperativo.

Na aula seguinte, utilizamos uma adaptação de uma história em quadrinhos, de

Mauricio de Sousa, em que a Mônica ensinava à Magali maneiras de prevenir a dengue.

Foi possível então comparar os textos dos alunos com as sugestões da personagem.

Conversamos também sobre a diferença de exposição da fala na reportagem – marcada

por travessão – e no quadrinho – apresentada dentro do balão.

Antes de partirmos para a próxima temática, realizamos na sala de vídeo, com o

auxílio de data show e computador, uma simulação de compartilhamento de post no

Facebook, que consistia em uma charge relacionada à problemática da dengue e os

alunos deveriam sugerir comentários que seriam curtidos ou não.

O tema água foi introduzido através da música Águas de março, de Tom Jobim.

Os alunos foram recebidos em sala ao som da canção. E a primeira atividade era ordenar

algumas palavras previamente selecionadas, conforme ouviam. Trabalhamos a questão

da rima, o sentido das palavras no texto, relação com título, o contexto da composição e,

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para a concretização do assunto, como se combinado, naquele momento, e durante o

restante da semana, choveu.

Algumas palavras desconhecidas foram selecionadas para que trabalhássemos o

uso do dicionário, recorremos à internet para a busca de imagens que ajudassem a

entender melhor determinados termos como “caingá”, “cumeeira”, “matita pereira”.

A partir de “matita pereira” trabalhamos alguns termos científicos e os alunos

foram apresentados ao texto enciclopédico, apesar de não termos explorado o gênero. O

nome “matita pereira” nos possibilitou trabalhar com a lenda da Matita Pereira, o

espírito de uma senhora que gostava de mascar tabaco e assustar pessoas e animais na

floresta. Sua história surgiu para explicar o assobio da espécie de pássaro que todos

ouvem, mas ninguém vê. Um parasita que coloca seus ovos nos ninhos de outros

pássaros e desaparece.

Acredito que o encadeamento de conceitos, novos aprendizados e a diversidades

de gêneros possíveis oportunizam ao aluno a construção de conhecimentos muito mais

amplos que poderão ser desenvolvidos e amadurecidos em outras disciplinas em outras

fases de sua vida escolar, por isso, não devemos limitar o contato de nossos estudantes

aos textos para ensinar a ler, assim como postulam os PCN:

“Não se formam bons leitores oferecendo materiais de leitura

empobrecidos, justamente no momento em que as crianças são

iniciadas no mundo da escrita. As pessoas aprendem a gostar de ler

quando, de alguma forma, a qualidade de suas vidas melhora com a

leitura.” (Brasil, 1997, p.29)

Foi pensando assim que não hesitamos diante da incerteza de como os alunos

responderiam à proposta cujo foco era a leitura e da cansativa tarefa que seria planejar

aulas que fossem atrativas e significativas.

O tema da canção foi retomado através de uma reportagem, publicada em 03 de

março de 2003, no jornal Folha de São de Paulo, acessada pelo site

www.1.folha.uol.com.br, que trazia na manchete “Águas de março definem se falta luz

este ano”.

O texto dizia:

“Se não chover em março, já a partir de maio é possível que o governo

seja obrigado a adotar um controle no consumo de energia."

O alerta é de Mário Santos, presidente do Operador Nacional do

Sistema Elétrico (ONS, empresa privada que supervisiona o fluxo de

energia no país). "A situação é preocupante. O racionamento é uma

possibilidade que não se pode eliminar agora."

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Como medida emergencial, o ONS determinou, desde janeiro, que as

usinas termelétricas a óleo combustível gerem mais energia para

poupar os reservatórios de água das hidrelétricas.

A insuficiência de chuvas nas regiões Sudeste e Nordeste em janeiro e

especialmente em fevereiro reduziu a níveis críticos os reservatórios

das hidrelétricas, responsáveis pelo fornecimento de 90% da energia

elétrica no país.

Segundo Santos, tal situação será amenizada apenas caso chova neste

mês o equivalente a 90% da média histórica de chuvas em março

(calculada pelas medidas dos últimos 68 anos) na região Sudeste e

Nordeste.

Em fevereiro, as chuvas atingiram apenas 40% da média histórica dos

últimos 68 anos.

Técnicos ouvidos pela Folha avaliam que, caso chova pelo menos a

média do período até abril, será possível atravessar a época de seca

(maio a setembro), mesmo que nesses meses chova apenas 75% da

média.

Apesar de temporais como os que têm alagado a cidade de São Paulo,

é preciso que chova especificamente nas regiões sul e centro-oeste do

Estado de Minas Gerais, onde ficam os reservatórios de Furnas,

geradora estatal de energia elétrica para o Sudeste e o Centro-Oeste.

O texto acima nos rendeu muitas reflexões não apenas a respeito do assunto em

questão, mas nos permitiu trabalhar siglas, linguagem matemática, gráficos, mapas, a

questão do tratamento e da distribuição da água e a captação e distribuição de energia.

Foram muitos conceitos a partir do mesmo texto.

Começamos, então pela discussão do assunto, fazendo a ligação com a canção

Águas de março e o que era sugerido pela manchete. Refletimos sobre a data da

publicação e a atualidade do tema. Conversamos sobre a crise de energia, o aumento das

contas de luz, os apagões, que estavam sendo noticiados naquele período e como essa

situação não era novidade. Debatemos também o problema da falta de água que alguns

alunos estavam enfrentando e sinalizamos os problemas por excesso de chuva em outras

regiões, alagamentos enchentes que eles viam pelos noticiários de TV.

Seguimos para a análise linguística, observando o discurso direto que inicia o

texto, desta vez marcada pela presença de aspas. Observamos as siglas e como são

formadas. Analisamos as expressões de tempo que o sentido que elas atribuíam ao que

estava sendo dito. Foram selecionadas algumas palavras para a busca de significado no

dicionário.

Em outro momento, ainda com o foco no texto, consideramos necessário

trabalhar noções de porcentagem e, para compreender melhor as variações e os

desníveis, construímos um gráfico que mostrava a média de chuva e quanto seria

necessário chover.

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Com o auxílio do atlas escolar, trabalhamos o mapa do Brasil, suas regiões e

alguns estados. Localizamos os reservatórios de Furnas, no estado de Minas Gerais

observamos as legendas.

Para que os alunos pudessem compreender melhor a questão do fornecimento de

energia elétrica no Brasil, foram exibidos dois vídeos disponibilizados no YouTube:

Kika, de onde vem a energia elétrica? e o vídeo oficial do Governo Federal

Hidrelétrica, a principal fonte de energia do Brasil. E, a partir das discussões

anteriores, propusemos uma produção textual escrita acerca da seguinte

questionamento: Como a falta de chuvas pode atrapalhar o abastecimento de energia?

De acordo com os PCN:

“Ensinar a escrever textos torna-se uma tarefa muito difícil fora do

convívio com textos verdadeiros, com leitores e escritores

verdadeiros e com situações de comunicação que os tornem

necessários. Fora da escola escrevem-se textos dirigidos a

interlocutores de fato. Todo texto pertence a um determinado

gênero, com uma forma própria, que se pode aprender. Quando

entram na escola, os textos que circulam socialmente cumprem um

papel modelizador, servindo como fonte de referência, repertório

textual, suporte da atividade intertextual. A diversidade textual que

existe fora da escola pode e deve estar a serviço da expansão do

conhecimento letrado do aluno.” (Brasil, 1997, p.28)

Percebemos que quando o aluno é exposto a diversos tipos de texto e aprende a

interagir com eles, a atividade de produção de textos escritos se torna mais fluida.

Através dessa tarefa foi possível verificar a prática da leitura influenciando diretamente

a pratica de produção de textos tanto orais, quanto escritos, como é possível observar

nos exemplos abaixo:

Quando não chove muito, os reservatórios de água ficam baixos. E

com pouca água eles produzem pouca energia, por isso, de vez em

quando falta luz na nossa casa. E agora temos que economizar água e

luz, porque vai aumentar o valor da conta de luz. (B. 401)

A falta de chuva pode atrapalhar a energia sim, porque se não chover

o reservatório de água fica baixo e não pode gerar energia para todos

nós. (K. 403)

Porque sem chuva não terá água bastante para ter energia para nossas

casas e não vai poder ver televisão, ligar ventilador, ligar geladeira,

ligar luz, ligar carregador de celular nem do tablet. (N.401)

A última questão abordada pela sequência didática propunha um debate sobre os

problemas causados pela chuva. A importância da chuva e as consequências de um

período de seca já tinham sido exaustivamente discutidas. Naquele instante, os alunos

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deveriam encarar o assunto sob outra perspectiva. Foi-lhes apresentada, então, uma

tirinha que abordava o problema das enchentes, para motivar a participação dos alunos.

Figura 4 – Tirinha de Diogo Salles sobre o problema das enchentes

Fonte: Disponível em < http://blogs.estadao.com.br/tragico-e-comico/2011/01/13/ate-a-tirinha-alagou> Acesso em: 24 mar. 2015

A sequência foi finalizada com uma charge que apresentava um mosquito, na

chuva, encostado em um pratinho de vaso de planta cheio de água, tocando violão e

cantando versos da canção de Tom Jobim “São as águas de março/fechando o verão”

com o objetivo de retomar o assunto inicial da proposta elaborada e foi observado que a

essa altura os alunos já demonstravam mais desenvoltura, segurança e propriedade para

falar e discutir os aspectos textuais e contextuais.

Figura 5- Charge de Rafael Sete sobre o problema da dengue

Fonte: Disponível em < http://www.rafaelsete.com.br/2011_03_01_archive.html> Acesso em:

24 mar. 2015

A última atividade foi uma produção artística com o tema Águas de março

aumentam os casos de dengue. As ilustrações foram expostas no mural da escola, assim

como as produções escritas.

Considerações Finais

Para que a escola cumpra seu papel de alfabetizar, ensinando o aluno a

interpretar e produzir textos terá que abandonar o ensino de leitura focado apenas na

letra, na sílaba, na palavra ou na frase descontextualizada. É preciso atentar para os

textos da vida real, que circulam no meio social e que trarão um conhecimento real para

a vida do leitor.

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Dizer que o aluno construirá seu próprio conhecimento não deve significar

esperar que ele aprenda por conta própria, mas apresentar a ele todas as possibilidades

de aprendizagem e motivá-lo a pensar, a refletir, a deduzir, questionar, supor e ter suas

ideias confirmadas ou não por ele mesmo. Fazer com que ele utilize sua visão de mundo

para ler o texto e a leitura do texto para ver o mundo enquanto esse conhecimento se

constrói.

Ensinar a ler através de textos significa ensinar a ler através de múltiplas

linguagens, pois o texto não é constituído apenas por palavras, seja ele escrito ou oral. É

preciso ensinar a analisar também imagens, sinais, gestos, expressões, ruídos, pausas,

silêncios.

Diante do exposto, conclui-se que o trabalho em torno de uma sequencia didática

planejada com foco em leitura contribuiu para acelerar o processo de alfabetização de

alguns alunos que ainda não o concluíram e desenvolver nesses mesmos alunos e nos

demais habilidades de prática de escrita que a reflexão sobre o uso da língua propicia e

continuar o processo de formação de leitores competentes.

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SEGUNDA dengue tem chance de 15% a 20% maior de evoluir para forma grave.

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