moojenina'dm inibidor protÉico da trombina isolado...

70
AUTARQUIA ASSOCIADA A UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO DO VENENO DA SERPENTE Bothrops moojeni LEONARDO MUSSI DA SILVA Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Mestre em Ciências na Área de Tecnologia Nuclear-Aplicações. Orientadora: Profa. Dra. Nanei do Nascimento São Paulo 2006

Upload: hoangbao

Post on 09-Dec-2018

225 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

AUTARQUIA ASSOCIADA A UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA

TROMBINA ISOLADO DO VENENO DA SERPENTE

Bothrops moojeni

LEONARDO MUSSI DA SILVA

Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Mestre em Ciências na Área de Tecnologia Nuclear-Aplicações.

Orientadora: Profa. Dra. Nanei do Nascimento

São Paulo 2006

Page 2: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

Instituto de Pesquisas Energéücds e NudearBS ipsn

AUTARQUIA ASSOCIADA À UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Moojenina - UM INIBIDOR PROTÉICO DA

TROMBINA ISOLADO DO VENENO DA SERPENTE

Bothrops moojeni

LEONARDO MUSSI DA SILVA

Dissertação apresentada como

parte dos requisitos para obtenção

do Grau de Mestre em Ciências

na Área de Tecnologia Nuclear -

-Aplicações

Orientadora:

Prof. Dra. Nanei do Nascimento

SÃO PAULO

2005

Page 3: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

Este trabalho é dedicado aos meus amores

Ondina Soares, Murillo Severino da Silva

Filho, minha avó e meu pai {in memorian) e

Sônia Silêda Mussi, minha mãe, por andarem

sempre de mãos dadas comigo e serem os

melhores exemplos de sabedoria, honestidade,

respeito e amor.

Anjos da minha vida

Obrigado por tudo!

Page 4: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

AGRADECIMENTOS

Emocionado, quero deixar registrado que o melhor de ter vindo trabalhar em

São Paulo, no Instituto Butantan e especialmente no IPEN, foi o fato de ter conhecido

pessoas tão especiais, as quais agora agradeço:

Prof . Dra. Nanei do Nascimento que nunca mediu esforços para me ajudar

durante o decorrer deste trabalho. A característica mais marcante da minha querida

orientadora está na sua irreverência e no seu incomparável bom humor. Obrigado

'Nan' por ter me acolhido incondicionalmente e me inserido em seu grupo de

trabalho.

Patrick Jack Speneer, meu amigo e co-orientador.

Certa vez, num congresso da Sociedade Brasileira de Toxinologia - (SBTx)

em São Pedro - SP em 1999, eu conheci um sujeito com pinta de maluco, cabelo

arrepiado, conhecido e querido por todos do congresso. Logo nos primeiros

minutos de conversa com aquele "maluco beleza", já comecei a aprender novidades

com relação ás toxinas. Depois vim a descobrir que se tratava de um certo gênio da

purificação de proteínas e biologia molecular.

Obrigado "três pra um", por ter me trazido para a toxinologia e me ensinado,

dentre inúmeras outras coisas, que para se fazer pesquisa é necessário ser mais

maluco do que eu já era. Obrigado "fi", pela sua notável irreverência, pelas nossas

viagens pro Rio e principalmente pela sua essencial ajuda no laboratório sem a qual

este trabalho não existiria.

Patrick ... 7 feei good" ...!

Obrigado por tudo!

Page 5: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

Obrigado Tânia Rubia e demais integrantes do Laboratório de Hemostasia, do

Hospital das Clínicas de São Paulo que lá, pacientemente, me ajudaram com os

testes de agregação plaquetária e coagulação.

Prof. Dra. Maria Aparecida P. Gamillo. "Cidinha" também é uma pessoa

com um bom humor invejável. Sempre brincava com ela chamando-a de "tia" para

provocá-la, mas ela SEMPRE levava na bhncadeira e nunca se chateou... assim nem

tem graça. Cida saiba que só se brinca assim com quem a gente gosta muito.

Obrigado por ter me dado a chance de ser seu amigo. Obrigado pelos reagentes!

João Ezequiel de Oliveira "Jhonny Boy" - por toda ajuda e paciência com as

purificações e muito mais que isso, pela amizade e todas as conversas de bar as

quais sempre renderam ótimas idéias com relação às novas diretrizes para o meu

trabalho. Obrigado por tantas vezes ter me acolhido em sua casa. Obrigado pelos

conselhos.

Prof. Dr. João Luiz Costa Cardoso que foi quem começou tudo isso quando

no 3 ' Seminário Nacional de Zoonoses e Animais Peçonhentos em Guarapari - ES,

1998, convidou-me a fazer um estágio no Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan,

deixando-me hospedado na enfermana. Graças a ele pude observar e acompanhar

inúmeros casos de acidentes. Doutor João Luiz consegue ser ao mesmo tempo

extremamente simples e uma das maiores autoridades do mundo no tratamento de

acidentes por animais peçonhentos.

Prof. Dr. Francisco Oscar de Siqueira França por me receber sempre tão

bem no Hospital Vital Brazil. "Chico", obrigado pelas nossas conversas no Hospital

as quais me foram muito proveitosas.

Page 6: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

Prof. Dra. Marisa Manzzoncini de Azevedo-Marques por emanar

conhecimento" e passá-lo de forma clara, objetiva, além de conquistar a todos com

seu carisma. Junto com Dr. João Luiz é também um dos maiores nomes da

toxinologia e tratamento dos acidentados por animais peçonhentos que conhecemos.

Uma cientista sem precedentes! Obrigado pela estimulante e belíssima dedicatória

no livro "Animais Peçonhentos no Brasir.

Prof. Dr. José Carlos de Freitas "Zé Freitas" como gosta de ser chamado.

Sinto orgulho em ser seu amigo e poder te encontrar num mercado e ouvir os

conselhos sobre a Austrália de quem tem trinta anos como professor da USP.

Freitas, obrigado por dirigir a melhor disciplina que eu pude cursar em todo o

mestrado! Obrigado por proporcionar á turma, a chance única de conhecer e

mergulhar ao redor da Ilha de Alcatrazes em São Sebastião - SP. Indescritível,

inesquecível!

José Alberto Alves da Silva, carinhosamente chamado por nós do

laboratório de "Troxa". Por ser extremamente tímido, acredito que o Alberto tenha

dificuldade de expressar seus sentimentos por quem ele goste muito, a menos que

seja a IRA! Virei analista agora? Obrigado Alberto por tantas e tantas vezes ter me

defendido quando eu não estava presente! Você é REALMENTE um grande amigo!

Murilo Casare, o químico ocioso (assim denominado pelo Alberto) que de

ocioso não tem nada sendo um dos alunos que mais produz. Quero vê-lo cheio de

alunos (alunas de preferência). Obrigado MOM, por ter sido tão amigo, por ter

compartilhado tantas risadas e ter me ajudado em experimentos no laboratório.

Janaina Baptista Alves por ter ouvido as minhas histórias intennináveis. Para

quem não sabe, a Jana é especialista em "achar" as suas "porcanas" que você

esqueceu na bancada e devolvê-las. Esqueceu na bancada? Vai parar na sua mesa!

Agora, como ela descobre que foi você? Obrigado pela amizade Jana.

Page 7: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

Renan Fernandes Loureiro - "Renan san" ou "oráculo". Poucas pessoas

conhecem o Renan tão bem quanto eu e vice-versa. Esse meu amigo é um guerreiro

e batalhador pelos seus ideais. Renan sempre esteve comigo nas horas mais

divertidas e nas mais tristes também. Acredito ter valido a pena tê-lo "arrastado" para

fazer o mestrado am São Paulo, não? Obrigado Renan por ter sido "meu irmão" por

todos esses anos. Caro "Renanzinho das Candongas", você gosta de jogar "Diablo"?

Porque você não aprende então?

Agradeço a amizade dos meus colegas de trabalho, Solange Gubbelini

(Sol), André Baceti, Rosa M. Chura Chambi, Danielle Borim Rodrigues, Tais L. de

Oliveira, Felipe Lino, Juliana Lully, Willian Sato, Camila Yonamine, Natalia Malavasi,

Lucelia Campos, Fátima Klingbeil, Prof^. Dra. Olga Higa, Prof .Dra. Ligia Morgante F.

Dias, José Maria de Souza, Claudia Cecchi, Fernanda Izilda, Fernanda Mendonça,

Adriana Ozaki, Prof. Dra. Kayo Okazaki, Prof. Dra. Teresa Ribela, Prof. Dr. Carlos

Soares, Prof. Dr. Paolo Bartolini, Prof Dra. Cibele Peroni, Miriam Suzuki, Prof Dra.

Márcia Silva, Dra. Andréa Rodas, Rute Batista, Eduardo Moura, Neide Mascarenhas,

Genivalda, Sr. Longino, Elenice "Nice", Calixto e Cicero e Luis Antonio Lobo "leão

lobo".

Ao amor e carinho dos meus tios Alfredo e Imaculada e meus primos

queridos Beatriz e Neto. Aos primos Alexandre, Patricia e Fernanda Cálvente. Aos

meus irmãos Marcos Pereira {in memorian), Murilo S. Neto e ao amor da minha

vida: minha irmã Lenise!

Agradeço a Elisângela Teixeira por ter sido a melhor companhia em São

Paulo. Obrigado pelo carinho, amizade e por ter permitido que eu fizesse parte de

sua vida para sempre.

Agradeço a Comissão de Pós Graduação, em especial a lize Puglia pela

eficiência em todos os processos burocráticos e pela amizade.

Page 8: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

Aos mineiros (as) ou cariocas

O autor "mineiroca', pelo amor e amizade incondicional, agradece à:

Simone Gomes Nunes, Juliana Vargas (minha melhor amiga), João Rodrigues

(melhor amigo), Victoria e Luciana Schetino, Wladmir B. Barbosa, Stella Silveira

Cunha, Fabiane Brandão Capella, Rodolfo C. Oliveira, Felipe Batalha, Cristina

España, Leila Abboud e Antônio Marmo (meu segundo pai) e à algumas outras

poucas pessoas que acreditaram em mim.

Saibam que depois da minlia família, vocês mineiros (as) ou cariocas,

são algumas das pessoas mais importantes na minha vida!

Obrigado por tudo!

Leonardo Mussi da Silva

0 aluno foi bolsista da CAPES por dois anos do mestrado.

Page 9: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

"... Don't be afraid to be weak

Don't be too proud to be strong

... Don't care wtiat people say

Just follow your own way

Don't give up

And use tfie ctiance

To return to innocence".

Michael Cretu

Page 10: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

Moojenina - UM INIBIDOR PROTÉICO DA

TROMBINA ISOLADO DO VENENO DA SERPENTE

Botiirops moojeni

Leonardo Mussi da Silva

RESUMO

Os venenos das serpentes da família Viperidae são compostos por inúmeras

proteínas com atividade proteolítica. Várias dessas proteínas possuem atividade

sobre a coagulação sangüínea durante o processo de envenenamento de suas

vítimas. Algumas serpentes do gênero Bothrops, distribuídas por todo o Temtório

Nacional, possuem proteínas com atividade anticoagulante por inibirem trombina,

protrombina ou agregação plaquetária. No presente trabalho foi demonstrado que no

veneno da serpente Bothrops moojeni existe uma proteína com atividade

anticoagulante. A nova proteína isolada recebeu o nome de "moojenina" e foi

purificada por cromatografia de afinidade à trombina, seguida de troca iônica Mono Q

ou exclusão molecular. Testes revelaram que a "moojenina" inibe a trombina em sua

atividade pró-coagulante e pró agregante plaquetária e é desprovida de atividade

esterásica sobre substrato TAME. A análise eletroforética mostrou que a "moojenina"

tem massa molecular semelhante àquela descrita para botrojaracina, o mais potente

inibidor da trombina, isolada de veneno da serpente Bothrops jararaca. Foi

demonstrado que proteínas botrojaracina-símile são largamente distribuídas em

venenos botrópicos.

Page 11: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

Moojenin - A PROTEIC THROMBIN INHIBITOR ISOLATED FROM

THE Bothrops moojeni SNAKE VENOM

Leonardo Mussi da Silva

ABSTRACT

Many snakes from the family Vipehdae have enzymes with proteolitic activity,

many of them acting on haemostatic system. Many of these proteins activate the

coagulation cascade. Some snakes from the Bothrops genus display proteins with

anticoagulant activity, inhibiting thrombin, prothrombin and platelet aggregation. In the

present work we purified "moojenin", a new anticoagulant agent from the venom of

the Brazilian pit viper Bothrops moojeni. "Moojenin" was purified from pooled

Bothrops moojeni venom using affinity chromatography on the CNBr 4B Sepharose-

thrombin column followed by ion exchange or size exclusion chromatography.

"Moojenin" was able to inhibit thrombin induced platelet aggregation as well as

coagulation. "Moojenin" did not show esterasic activity on TAME substrate. On SDS-

PAGE analyses, "moojenin" showed similar molecular mass to bothrojaracin, the

most potent thrombin inhibitor from Bothrops jararaca snake venom. It has been

shown that bothrojaracin-like proteins are widely distributed among Bothrops venoms.

Page 12: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

SUMÁRIO

Página

1 - INTRODUÇÃO 1

1.1 - Atividade coagulante 5

1.2 - Inibidores da coagulação sangüínea 8

1.3 - Bothrops moojeni 9

2 - OBJETIVOS 11

3 - MATERIAL E MÉTODOS 12

3.1 - Confecção da coluna de trombina 12

3.2 - Cromatografia por afinidade 13

3.3 - Cromatografia por troca iônica ..14

3.4 - Cromatografia Líquida de Alto Desempenho 15

3.5 - Dosagem protéica 16

3.6 - Eletroforese em gel de poliacrilamida 12% 16

3.7 - Agregação plaquetária 19

3.8 - Atividade esterásica 20

3.9 - Tempo de trombina 20

4 -RESULTADOS 22

4.1 - Confecção da coluna de trombina 22

4.2 - Cromatografia por afinidade 22

4.2.1 - Efeito da temperatura na interação das proteínas do veneno 24

com a resina

4.3 - Cromatografia por troca iônica 25

4.4 - Cromatografia Líquida de Alto Desempenho 27

4.5 - Dosagem protéica 29

4.6 - Eletroforese em gel de poliacrilamida 12% 30

4.7 - Recromatografia do pico referente à "moojenina" 33

Page 13: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

4.8 - Agregação plaquetária 35

4.9 - Tempo de trombina - T T 40

4.10 - Atividade esterásica 42

5 - DISCUSSÃO 43

6 - CONCLUSÕES 50

7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 51

Page 14: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

1 - INTRODUÇÃO

O temor pelas serpentes - bem como a outros animais peçonhentos -

encontra-se impregnado no imaginário popular, muito embora esse medo não tenha

sido suficiente para motivar medidas eficientes no controle dos acidentes por eles

provocados {apud CARDOSO ef al, 2003). Deve-se a José de Anchieta lugar de

destaque pelo registro original e pioneiro, com enfoque de conotações "clínico-

epidemiológicas", na célebre e sempre citada carta de 1560, escrita em São Vicente:

"[...] E em primeiro lugar há diversos gêneros de cobras venenosas. Umas chamam-

se jararaca, muitíssimo freqüentes nos campos, nos matos e nas próprias casas, onde não

raro as encontramos e cuja mordedura mata no espaço de vinte e quatro horas [...] se foram

mordido uma só vez e escapam à morte, mordidos dai por diante, não só não correm risco

de vida, como até sentem menos dor[...Y (ANCHIETA, 1958).

As serpentes são os animais mais mistificados do mundo. Aparecem na Bíblia

como indutoras do pecado original. Surgem daí, inúmeras lendas envolvendo estes

animais. As lendas estendem-se ainda para os acidentes ofídicos. Aplicar folha de

fumo ou estrume de vaca no local da picada, fazer torniquetes, tentar (sem sucesso)

sugar o veneno são práticas quase sempre utilizadas pelos acidentados.Tudo isso

apenas piora a saúde do paciente e atrasa o tratamento correto que é a soroterapia

heteróloga (AZEVEDO-MARQUES, 2001; BRAZIL, 1903; FRANÇA, 1997).

O soro antiofídico é produzido a partir de imunoglobulinas de cavalos

imunizados com venenos. A radiação ionizante com ^°Co atenua ou cessa os efeitos

tóxicos dos venenos não prejudicando a produção nem a eficiência na produção dos

Page 15: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

anticorpos quando estas toxinas são inoculadas enn animais (NASCIMENTO.1995;

NASCIMENTO etal, 1996; SPENCER, 1995).

Os pacientes acometidos, geralmente, são trabalhadores rurais. Medidas de

prevenção tais como calças comphdas e botas poderiam ajudar a diminuir o número

de casos, uma vez que mais de 70% dos acidentes ocorrem abaixo do joelho

(BRASIL, 1998).

Por sua dimensão continental, o Brasil possui uma heterogeneidade de

habitats, o que leva a significativa diversidade de espécies de serpente, aracnídeos,

insetos e peixes, muitos de importância médica por produzirem toxinas (PUORTO,

2005j

Cerca de 20.000 acidentes ofídicos ocorrem todos os anos no Brasil causados

por quatro gêneros de serpentes peçonhentas. O Ministério da Saúde infomna que

90,5% destes acidentes envolvem as serpentes do gênero Bothrops (jararacas),

7,7% dos acidentes são causados por Crotaius (cascavéis). As serpentes do gênero

Lachesis (surucucus) são responsáveis por 1,4% dos acidentes e finalmente 0,4%

dos acidentes correspondem àqueles causados pelas serpentes do gênero Micrurus

(corais verdadeiras). O índice de letalidade no Brasil é de 0,4% (BRASIL, 1998).

Os venenos ofídicos são constituídos por uma grande diversidade de

componentes químicos, tais como proteínas e peptídeos e, em menores

concentrações, carboidratos, lipídeos, nucleotídeos, aminoácidos e componentes

inorgânicos. A toxicidade dos venenos ofídicos é promovida por proteínas e enzimas

que estão diretamente relacionadas com a alimentação e defesa da serpente,

promovendo imobilização, morte e, na maioha das vezes, o início do processo

digestivo da presa (BARRAVIERA, 1994).

Page 16: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

Serpentes do gênero Bothrops, popularmente conhecidas como jararaca,

jararacuçu, urutu, caiçaca, dentre vários outros nomes populares, possuem na

constituição de seus venenos uma gama bastante diversa e complexa de

componentes que atuam no sistema hemostático. Atribuem-se aos venenos dessas

serpentes as atividades proteolítica, hemorrágica e coagulante .

A atividade proteolítica ou inflamatoria (figura 1) provoca manifestações locais

de edema, dor, eritema, equimoses, bolhas e necrose (BRASIL, 1998). A atividade

hemorrágica do veneno botrópico é decorrente da presença de metaloproteases

(enzimas que contém Zn) responsáveis pela degradação da membrana basal das

células endoteliais (QUEIRÓS etal, 1985).

Acidente botrópico

632fl'

Figura 1. Fase evolutiva de acidente botrópico: picada no tornozelo há 2 dias com edema extenso e

equimose. (Gentilmente cedido por Dr. João Luiz C. Cardoso - Hospital Vital Brazil, Instituto Butantan.

Foto: Acen/o Hospital Vital Brazil / Instituto Butantan).

Page 17: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

Inúmeros animais peçonhentos, de diferentes regiões da Terra, possuem, na

composição de seus venenos, substâncias capazes de provocar alterações do

sistema hemostático. Das diversas atividades farmacológicas dos venenos, as que

atuam sobre a hemostasia sempre suscitaram maior interesse nos pesquisadores,

quer pela possibilidade de aplicação terapêutica e diagnóstica, quer pela importância

dos envenenamentos ofídicos (KAMIGUTI & CARDOSO, 1989).

Os mecanismos fislopatológicos pelos quais os venenos causam distúrbios

hemostáticos são variados e complexos. Contudo, os componentes dos venenos

podem ser agrupados segundo as atividades que exercem sobre o mecanismo

hemostático. Assim, aquelas toxinas que atuam na coagulação podem ser

classificadas como coagulantes e anticoagulantes {apud CARDOSO et al, 2003). As

toxinas que agem diretamente sobre as plaquetas podem ser classificadas em

agregantes e antiagregantes plaquetárías. Finalmente, aquelas que causam lesão

vascular são denominadas fatores hemorrágicos ou hemorragínas (MOURA da

SILVA ef al, 1996). Muitas vezes uma mesma toxina pode apresentar mais de uma

atividade sobre a hemostasia.

Page 18: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

1.1 - ATIVIDADE COAGULANTE

Os venenos que possuem a capacidade de ativar fatores da coagulação

sangüínea e de forniar um coágulo visível in vitro (figura 2) são tidos como

coagulantes. Genericamente, os componentes que ativam os fatores da cascata da

coagulação podem ser classificados como afivadores do tipo pró-coagulante ou

como ativadores do tipo trombina-simile (CASTRO et al, 2001).

Entendem-se como ativadores do tipo pró-coagulantes os componentes do

veneno que clivam o fator X ou fator II (protrombina) da cascata de coagulação,

gerando trombina, que por sua vez iiidrolisa o fibrinogênio em fibrina . No entanto, os

ativadores do tipo trombina-simile são aqueles que clivam diretamente o fibrinogênio

em fibrina, sem a necessidade de geração de trombina (BRAUD et al, 2000).

Figura 2: Microfotografia mostrando a rede de fibrina (em verde) e hemácias retidas (em vermelho)

caracterizando o coágulo. Foto: Dennis Kunkel Microscopy, lnc-\ Dennis Kunkel 2001.

Page 19: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

6

A cascata da coagulação pode ser ativada pelos venenos das seguintes

formas: (1) promovendo a conversão do fator X em fator Xa; (2) conversão de

protrombina em trombina, na ausência de fator V (ativação direta); (3) conversão de

protrombina em trombina, na presença de fator V (ativação indireta) e (4) conversão

de fibrinogênio em fibrina (atividade trombina símile) (AMARAL ef al, 1980;

DENSON, 1969; DENSON & ROUSSEAL, 1970; NAHAS eía/,1979; OUYANG et

a/, 1987).

A coagulopatia de consumo ocorre quando o fibrinogênio é olivado em fibrina

pela gradativa absorção do veneno pela circulação sangüínea. A fibrina formada

prontamente ativa o sistema fibrinolítico que promove a degradação da mesma. A

deposição de microtrombos formados pode ocorrer nos capilares glomerulares e

contribuir para o quadro de Insuficiência Renal Aguda (IRA). Dentre os vários fatores

que desencadeiam a Insuficiência Renal Aguda (IRA) estão ainda o seqüestro de

líquidos para o local da picada no acidente botrópico e laquético, substâncias

vasoativas, vômitos, desequilíbrio hidreletrolítico e nefrotoxicidade direta. Este fato

desencadeia os quadros clínicos de oligúria, anúria e postenormente Insuficiência

Renal Aguda (IRA), principal causa mortis dos pacientes (AMARAL ef al, 1986;

AZEVEDO-MARQUES et al, 1985; CARDOSO ef al, 2003 ).

Os distúrbios da coagulação podem, de forma sinérgica, agravar os sintomas

de hemorragias, tanto locais quanto sistêmicas (OUYANG et al, 1987). A

trombocitopenia observada in vivo pode ser decorrente da Batroxobin, uma proteína

com atividade agregante plaquetária na presença de fator de von Willebrand

(KAMIGUTI ef al, 1986; READ ef al, 1978). Os pacientes acometidos por acidentes

ofídicos envolvendo serpentes dotadas de veneno com atividade sobre as plaquetas.

co^ssÃo miom- DÊ EMERSA Í41XI£AR/SP-ÍPE'̂

Page 20: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

geralmente apresentam uma importante queda no número de plaquetas

(plaquetopenia), fato que é revertido após a administração do soro (CARDOSO,

J.L.C.; 2003)

A tabela abaixo mostra algumas proteínas com atividade sobre o fibrinogênio,

isoladas do veneno de serpentes.

Tabela 1: Principais serinoproteases isoladas do veneno de serpentes

Ancrod - Calloselasma hodostoma

Batroxobin - Bothrops atrox

Bilineobin - A. binlineatus

Botlirobin - 6. jararaca

Calobin - C. atrox

Crotalase - C. adamanteus

Flavoxobin - Trimeresurus flavoviridis

Giroxina símile - Lachesis muta

TM-VIG - T. mucrosquamatus

Fibrinogênio (A, [B])*, fator XII

Fibrinogênio (A, [B]), fator Xil

Fibrinogênio (B, [A])

Fibrinogênio (A), fator VIII

Fibrinogênio (A, [B])

Fibrinogênio (A, [B])

Fibrinogênio (A)

Fibrinogênio (A, [B])

Fibrinogênio (A)

* Entre parênteses, principal fibrinopeptídeo liberado do fibrinogênio. Entre colchetes, fibrinopeptideo

liberaco em menor velocidade. Modificada de MATSUI et al, (2000).

Page 21: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

8

1.2 - INIBIDORES DA COAGULAÇÃO SANGÜÍNEA

Inibidores de proteases estão presentes em venenos ou ainda no plasma de

serpentes. Arni e colaboradores (2004) isolaram e cristalizaram uma proteína

denominada BmjMIP, oriunda do plasma de B. moojeni, capaz de neutralizar

algumas atividades enzimáticas, tóxicas e farmacológicas de várias fosfolipases

ácidas e básicas dos venenos de 6. moojeni, B. pirajai e B. jararacussu.

Foi demonstrado por ZlNGALl e colaboradores (1993) que a botrojaracina,

uma proteína de 27 kDa e pertencente à família das lectinas do tipo C, é capaz de

inibir 50% da atividade da trombina em agregar plaquetas, numa concentração

relativamente baixa (0,06 ^ig/mL), sendo o mais importante inibidor da coagulação

sangüínea, proveniente do veneno de serpente estudado até hoje.

A botrojaracina é uma proteína ácida (pl = 4,2) purificada do veneno de

6. jararaca que forma um complexo não covalente com a trombina. A botrojaracina

inibe a atividade da trombina sobre fibrinogênio, fator V, plaquetas, a ativação da

proteína G, a ligação da trombina com a trombomodulina e o complexo antitrombina-

heparina (AROCAS eí al, 1996; ZlNGALl ef al, 1993). A botrojaracina também se liga

à protrombina e inibe a trombina ligada ao coágulo. Diversas isoformas da

botrojaracina foram descritas para o veneno de Bothrops jararaca (MONTEIRO ef al,

1997 e 1998).

CASTRO e colaboradores (1999) isolaram e identificaram, no veneno da

serpente Bothrops alternatus (urutu), um novo inibidor da coagulação. A botralternina

é uma proteína com 95% de homología á botrojaracina nos primeiros 25 aminoácidos

analisados. Com 27 kDa de massa molecular, a botralternina é também uma lectina

Page 22: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

com capacidade de inibir a atividade da trombina, ligando-se ao exositio da mesma.

Contudo, a botralternina mostra-se menos eficiente que a botrojaracina na

capacidade de inibir a trombina com um IC 50 de 0,19|ig/mL (CASTRO etal, 1998).

Componentes ativadores da proteína C foram descritos para os venenos de

Bothrops moojeni e Bothrops pradoi, atuando como agentes anticoagulante, uma vez

que a proteína C ativada inibe os fatores V e VIII ativados e também a trombina

(STOCKER, 1996). Frações isoladas dos venenos de algumas serpentes Bothrops

sp podem inibir a coagulação sangüínea ou agregação plaquetária (ANDREWS eí al,

2004). Algumas proteínas com esta propriedade foram isoladas do veneno de

Bothrops jararaca e Bothrops alternatus, contudo, pouco se conhece sobre qualquer

inibidor da trombina presente no veneno de Bothrops moojeni.

1.3 - Bothrops moojeni

Durante a construção de Brasília (DF), foram capturados inúmeros espécimes

de Bothrops moojeni e remetidos ao Instituto Butantan, propiciando sua identificação

como uma espécie nova. Trata-se da principal espécie de Bothrops dos cerrados do

Brasil central, distribuindo-se desde o Paraná até o Maranhão (FURTADO, M.F.;

1987). É uma das poucas espécies que tem crescido em importância médica, pois

consegue se adaptar bem aos ambientes modificados pelo homem, além de

apresentar comportamento extremamente agressivo e ter um porte avantajado

podendo, os exemplares adultos, superar 1,5 m de comprimento (figura 3).

Page 23: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

10

Figura 3; Bothrops moojeni Foto: L. Mussi Distribuição geográfica da Bothrops moojeni

Sabe-se que a trombina constitui a principal enzima da cascata de coagulação

além de estar envolvida no desenvolvimento de processos patológicos como a

inflamação (SUO ef al, 2004). Distúrbios na produção normal de trombina podem

gerar quadros tromboemboliticos. Como já demonstrado na literatura, algumas

serpentes possuem, na constituição de seus venenos, proteínas capazes de inibir a

atividade da trombina ou mesmo evitar a sua formação a partir da protrombina

(ZlNGALl etal, 1993; MONTEIRO & ZlNGALl, 2000).

É cada vez maior a procura por fánnacos com a propriedade de modular a

formação de trombos, principalmente àqueles que evitam sua formação. Assim

pesquisas que buscam por componentes de venenos, envolvidos no processo de

coagulação, poderá contribuir sobremaneira para uma mudança substancial na

sobrevida dos pacientes vitimas dos acidentes tromboembólicos.

Page 24: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

11

2 - OBJETIVOS

Os objetivos deste trabalho visam:

o Pesquisar, no veneno da serpente Bothrops moojeni, componentes com

capacidade de inibir a atividade da trombina em formar trombos ou agregar

plaquetas.

• Obtenção da proteína pura através de processos cromatográficos.

• Realizar testes de agregação plaquetária e Tempo de Trombina (TT) para

avallar a atividade biológica da proteína.

Page 25: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

12

3 - MATERIAL E MÉTODOS

3.1 - Confecção da coluna de trombina

Para a realização da purificação de um inibidor da trombina optou-se como

primeiro passo, o processo cromatográfico por afinidade àquela proteína. Assim, a

primeira ação foi a de acoplar a trombina à resina adequada, para então dar início ao

processo de purificação.

Para tanto, foram pesados 10g de resina Sepharose 4B CNBr e esta foi

inchada em HCl 1mM por 1 hora rendendo cerca de 12 mL de gel. A resina foi

ativada com uma lavagem da mesma solução de HCl por 1 hora. Uma vez ativada, a

resina foi ambientada em tampão fosfato 50mM, pH 8,0.

Equilibrada a resina, o tampão foi substituído pela solução de trombina. Foram

pesados 65 mg de trombina (Sigma). Em seguida a trombina foi dissolvida em 25 mL

de Phosphate Buffer Saline (PBS). Antes da adição à resina, a solução de trombina

teve sua absorvância mensurada em comprimento de onda a 280 nm para

comparação dos valores antes e após o acoplamento da proteína à resina

Sepharose.

A trombina foi adicionada à resina e incubada durante 12 horas no rotator à

temperatura de 4° C. Para preencher possíveis sítios ativos da resina foi utilizado um

tampão com grupamento amina. Para tanto foi preparado um tampão contendo

50mM de glicina em pH 7,5 e adicionado à solução da resina contendo trombina por

1 hora no rotator (cerca de 20 mL da solução).

Page 26: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

13

Após a adição da glicina e incubação por 1 hora no rotator em geladeira a 4°C,

a solução foi colocada em repouso para a sedimentação da resina e posterior

remoção do sobrenadante e substituição do mesmo por 30 mL de PBS. O

empacotamento ocorreu de forma lenta para evitar o surgimento de bolhas. A

solução com a resina foi elevada para um volume maior (de 30 para 100 mL)

também para evitar a formação de bolhas. Após o empacotamento foram passados 3

vezes o volume da coluna com tampão A: tris HCl 20 mM + 150 mM NaCI pH 7,5,

quando a coluna foi armazenada em geladeira a 4°C.

3.2 - Cromatografia por afinidade

O veneno total de Bottirops moojeni (100 mg) foi solubilizado com tampão A

(tris HCl 20 mM +150 mM NaCI, pH 7,5) e passou por um pré-tratamento com inibidor

de metaloproteases (ácido etilenodiamino tetracético - EDTA 8 mM) e inibidor de

serinoproteases (fenilmetilsulfonil fluoreto - PMSF 5 mM) como descrito por

AROCAS et al (1996) para evitar a clivagem da trombina acoplada à resina pelas

enzimas do veneno. Em seguida a solução foi centrifugada a 14000 RPM a 600g por

5 minutos para retirada de material insolúvel e o sobrenadante aplicado na coluna de

trombina (Sepharose CNBr 4B - trombina). O veneno aplicado permaneceu incubado

na coluna por 2 horas à temperatura ambiente. O produto não retido pela coluna foi

eluído com a adição de tampão A, sendo utilizados 3 vezes o volume da coluna.

Page 27: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

14

As frações com afinidade foram eluidas com uma redução do pH de 7,5 para

pH 2,0 com uma solução HCl 0,01 N e 0,5M de NaCl. As frações foram coletadas em

tubos com volume de 1 mL /tubo e imediatamente neutralizadas com 100 |al de tris

1M pH 8,0. A absorvância a 280 nm foi obtida através da leitura das frações em um

espectrofotômetro (Pharmacia, Ultrospec III). Os tubos contendo a fração inibitória

da trombina foram reunidos e dialisados contra PBS ou contra água por 12 horas a

4°C. Após este processo a fração foi congelada a - 8 0 C° e liofilizado. As amostras

dialisadas contra PBS foram utilizadas para avaliar atividade biológica.

3.3 - Cromatografia por troca iônica

Foram pesadas 30 mg da terceira fração proveniente da cromatografia de

afinidade. Esta massa de proteína foi ressuspendida em 1,2 mL e injetada em uma

coluna de troca iônica Mono Q. A resina possui carga positiva, assim retém proteínas

com carga negativa. O tampão A constituía-se de (Tris HCl 50 mM pH 8,0). Após dez

minutos o tampão B (Tris HCl 50 mM + 1M NaCI pH 8,0) foi introduzido e chegou a

concentração de 50% em 45 mL. O coletor foi programado para 1mL/tubo.

Page 28: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

15

3.4 - Cromatografia Líquida de Alto Desempenho

{High Performance Liquid Chromatography - HPLC)

A coluna CNBr Sepharose-trombina foi utilizada para pré purificar as frações

com afinidade por trombina, onde foram produzidos três picos (figura 3). O terceiro

pico, proveniente daquela coluna, promoveu a melhor atividade biológica ao inibir

trombina. Este pico foi submetido à cromatografia por exclusão molecular em coluna

TSK - 3000 no sistema HPLC. A resina da coluna era constituída de microporos o

que faz com que proteínas com pequena massa molecular e peptídeos entrem em

vários desses poros e sofram assim, atraso. Proteínas com maior massa molecular

não entram nos poros, não sofrem atraso e assim são eluidas mais rapidamente.

Conseqüentemente os primeiros picos do cromatograma são referentes ás proteínas

com maior massa molecular e os últimos picos, às proteínas com menor massa

molecular ou peptídeos.

O tampão utilizado para esta cromatografia foi bicarbonato de amónio 50

mM, pH 7,0. Cerca de 3 mg de massa do terceiro pico da coluna de trombina foram

ressuspendidos em 250 pL do tampão supracitado e aplicados em coluna TSK 3000

no sistema HPLC

Page 29: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

16

3.5 - Dosagem protéica

A concentração protéica das amostras provenientes da cromatografia por

afinidade e troca iônica foi determinada através do método de Bradford (1976). Tal

método baseia-se na capacidade das proteínas de interferir com a absorvância do

corante Coomassie Brilliant Blue (CBB) G-250 em meio altamente ácido, resultando

em modificação proporcional da cor, detectável em 595 nm. O reagente utilizado

nesse método consiste de uma mistura de Coomassie Briiliant Blue (CBB) G-250,

etanol absoluto, ácido fosfórico e H2O destilada.

Para a curva padrão fez-se uma diluição seriada de albumina bovina Img/mL

em solução salina, obtendo as diluições 1:2, 1:4, 1:8, 1:16 e 1:32. Para a realização

da cun/a padrão, foram acrescentados lOO^L das amostras de albumina em 3mL do

reagente, em duplicatas. Os dados da curva padrão foram ajustados por regressão

linear e a equação y = ax + b, foi utilizada para calcular a concentração protéica das

amostras, sendo (y) a densidade óptica, (x) a concentração protéica, (a) o coeficiente

angular da reta e (b) o coeficiente linear.

3.6 - Eletroforese em gel de poliacrilamida 12%

Foi feita uma análise em Sodium Dodecil Sulfato - Poliacrilamide Gel

Electrophoresis (SDS-PAGE) segundo o método descrito por Laemmli (1970) para

determinar o conteúdo protéico dos picos obtidos do fracionamento pela coluna de

trombina e troca iônica e, assim estimar o peso molecular das proteínas das frações.

Page 30: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

17

As amostras e padrões de peso molecular foram desnaturadas em tampão de

amostra (Tris HCl 0,08M, SDS 2%, glicerol 10%, azul de bromofenol 0,001%, 50%

v/v) 5 85=C por aproximadamente 5 minutos. O azul de bromofenol foi utilizado como

traçador e permitiu acompanhar a evolução da eletroforese.

Tabe a 2 - Soluções e reagentes utilizados no preparo do gel de poliacrilamida.

Soluções Resolução Empilhamento

(gel 15%) (gel 3.5%)

Solução A/B 7,5 mL 3,4 mL

"ampão resolução 3,8 mL -

Ta.mpão empilhamento - 0,63 mL

Água destilada 3,5 mL 3,4 mL

Solução PA 10% 0,15 mL 0,05 mL

TEMED 0,006 mL 0,005 mL

SDS 0,15 mL 0,05 mL

Relação dos reagentes utilizados para produção do gel de poliacrilamida com SDS: A/B Acrilamida

30%. í i s a c i a m i d a 0,8%, em água destilada; PA persulfato de amónio a 10% em água destilada.

Reagentes: Tampão de resolução Tris HCl 1,5M, pH 8,8 contendo 1% de SDS; Tampão de

empilhamento Tris HCI 1M, pH 6,8 contendo 1 % de SDS; SDS dodecil sulfato de sódio; TEMED

N.N.N N'-te:'-ametiletilenediamida (Sigma Chemical Co, USA).

Page 31: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

18

Tabela 3 - Padrões proteicos utilizados para a curva de calibração de peso molecular em

SDS-PAGE.

Proteínas

Soro albumina bovina

Anidrase carbônica

Citocromo C

Peso Molecular

(Daltons)

66.000

29.000

12.400

Foram aplicados 20jag de massa protéica em cada poço do gel. Para a corrida

da eletroforese, foi utilizado o tampão Tris 0,025M glicina 0,20M, pH 8,3 e SDS 1%.

Foi aplicada uma voltagem de 80 Volts no gel por aproximadamente 1,5 horas à

temperatura ambiente. Após a corrida o gel foi corado em uma solução contendo

Brilliant Blue (CBB) R-250 0,4% em metanol 50% e ácido acético 7% por 1 hora e em

seguida descorado em uma solução de ácido acético 10% e etanol 30% por 12

horas, à temperatura ambiente.

Page 32: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

19

3.7 - Agregação plaquetária

A agregação plaquetária foi realizada no Laboratório de Hemostasia da

Fundação Pró Sangue (Hemocentro de São Paulo) do Hospital das Clinicas - HC.

Os experimentos visavam avaliar a atividade inibitória da "moojenina" frente a

capacidade da trombina em ativar a coagulação e agregar plaquetas. Para tanto, foi

realizado o experimento onde plaquetas lavadas eram submetidas à agregação

induzida por trombina ou trombina com "moojenina".

Para a obtenção das plaquetas, amostras de sangue, de vinte doadores do

hemocentro, foram coletadas e submetidas à centrifugação por 6 minutos a 1000

RPM e 400g. O plasma rico em plaquetas (PRP) apresentou uma concentração de

560.000 plaquetas/mm^. Uma diluição foi realizada para se obter uma concentração

de 300.000 plaquetas/mm^ como protocolo utilizado pela Fundação Pró Sangue.

Todos os testes com agregação plaquetária foram realizados incubando as

frações das cromatografias com trombina por 5 minutos. Em seguida a solução foi

adicionada às plaquetas lavadas e a agregação assim mensurada. As plaquetas

foram obtidas através da centrifugação de 4 mL de sangue em cada um dos tubos

siliconizados. Cerca de 20 mL de sangue total foram centrifugados a 1000 RPM por 6

minutos. Para impedir a coagulação sangüínea, citrato de sódio 3,2% foi utilizado

uma vez que se trata de um quelante de cálcio, íon fundamental para o processo de

coagulação. Todo o processo ocorreu em tampão de lavagem Tyrode (137 mM NaCI,

2,7 mM KCI, 0,3 mM NaHCOa, 0,42 mM NaH4P04, 2mM MgCb) contendo 1% de

glicose, 0,25% de gelatina e 2 mM de EGTA em pH 6,1. Plaquetas foram

ressuspendidas em um tampão Tyrode modificado contendo 1 mM MgCb, 128 mM

Page 33: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

20

NaCI. pH 7, 4 e sem EDTA. As plaquetas foram mantidas a temperatura ambiente e

utilizadas em menos de 6 horas.

3.8 - Atividade esterásica

Foi realizado um experimento para avaliar uma possível atividade esterásica

da "moojenina" segundo método descrito por NOLAN et al (1976). As frações

provenientes da coluna de afinidade por trombina e frações da coluna Mono Q, bem

como 'moojenina" foram submetidas ao teste. As amostras foram dissolvidas em

tampão tris HCl 8 mM, pH 8,0, contendo 20 mM de CaCla. Tripsina 1 mg/mL, em

solução com ácido clorídrico 1 mM, foi utilizada como padrão positivo. O substrato

Tosil Arginina Metil Ester - TAME (1 mL, 2,5mM) foi incubado com 10 pg das frações

das cromatografias e a densidade óptica mensurada a 247 nM por 5 minutos.

3.9 - Tempo de trombina

O tempo de trombina é utilizado para avaliar, em segundos, o tempo

necessário para aquela enzima olivar o fibrinogênio e formar um coágulo a partir dos

monomeros de fibrina. A trombina tem como alvo principal na cascata de coagulação

a molécula de fibrinogênio. Contudo é uma enzima multifuncional e diva também

fatores X, V, XIII, dentre outras proteínas.

Page 34: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

21

O teste do Tempo de Trombina (TT) foi realizado no Laboratorio de

Hemostasia do Hemocentro de São Paulo - Hospital das Clínicas. Cerca de 10 mL

de Plasma Pobre em Plaquetas (PPP) foram obtidos de 20 doadores de sangue do

hemocentro e centrifugados a 1800 g por 15 minutos. O plasma assim estava livre

das plaquetas, contendo somente os fatores da coagulação. Diferentes

concentrações (0,10pg/mL, 0,20pg/mL, 0,50|jg/mL, Ipg/mL) das frações oriundas

das purificações ou "moojenina" foram incubadas com trombina 2 nM (concentração

final) como descrito por ZlNGALl ef al, 1993 e o complexo trombina e frações ou

trombina e moojenina foi adicionado a 200 pL de plasma pobre em plaquetas e a

coagulação monitorada em um coagulômetro.

Page 35: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

22

4 - RESULTADOS

4.1 - Confecção da coluna de trombina

Os 10g de resina, quando inchados e ativados com HCL 1 mlVi produzem

cerca de 15 mL de gel. A dosagem protéica da solução contendo trombina, antes do

acoplamento, determinou a concentração de 1,335 mg em comprimento de onda de

280 nm. Após a reação o valor foi de 0,391 mg. As amostras de veneno adicionadas

a essa coluna foram pré-tratados com inibidor de sennoproteases como

fenilmetilsulfonil fluoreto e inibidor de metaloproteases como ácido etilenodiamínico

tetracético, como descrito em Material e Métodos.

4.2 - Cromatografia por afinidade

A nova coluna mostrou-se com resolução adequada mesmo depois de 30

cromatografias. A cromatografia por afinidade com trombina resultou em três picos

os quais foram testados para as atividades anticoagulante e antiagregante

plaquetária (figura 4).

Page 36: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

23

100 mg de veneno total de S. moojeni em coluna de trombina

O 20 40 60

Frações

Figura 4; Cromatografia por afinidade em coluna Sepharose CNBr trombina. 100 mg de veneno total

de Botiirops moojeni pré-tratados com inibidores de serinoproteases e metaloproteases (PMSF e

EDTA; respectivamente. As setas indicam os picos com afinidade pela trombina. O pico 3 refere-se à

fração contendo a "moojenina",

Page 37: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

24

4.2.1 - Efeito da temperatura na interação das proteínas do veneno

com a resina

Foi observado que hà uma significativa diferença na interação das proteínas

do veneno com afinidade pela coluna CNBr Sepharose-trombina, quando

considerada a variação de temperatura. Uma média da absorvância em comprimento

de onda de 280 nm entre 20 cromatografias realizadas em temperatura entre 12 e

15 °C (figura 5) e outras 20, em temperatura entre 26 e 29 °C ( igura 4) foi obtida.

Nota-se que o aumento da temperatura promove uma maior interação das proteínas

pela resina de afinidade.

Figura 5; Cromatografia com 100 mg de veneno de Bothrops moojeni pré-tratados, em coluna CNBr

Septiarose-trombina. Temperatura entre 12 e 15 °C.

Page 38: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

25

4.3 - Cromatografia por troca iônica

O veneno de Bothrops moojeni fo\ fracionado em cromatografia por afinidade à

trombina (figura 6). As frações oriundas desta cromatografia eram diaiisadas contra 2

L de PBS ou água destilada, congeladas e finalmente liofilizadas. Foram então

pesados 30 mg de massa da fração 3, aquela com maior atividade inibitória da

trombina, diluída em tampão A e injetada numa coluna Mono Q. A coluna tem o seu

gel carregado com cátions (carga positiva), possui assim, afinidade por proteínas

com carga negativa. A eluição foi realizada com adição de tampão com alta

concentração de sal. O tampão A constituía-se de (Tris HCl 50 mM pH8). Após dez

minutos foi introduzido o tampão B (Tris HCl 50 mM + 1M NaCI pH 8,0) o qual atingiu

50% de sua concentração em 45 mL.

Page 39: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

26

Figura 6: Cromatografia, em coluna de troca iônica, do terceiro pico da coluna de trombina (30 mg) em

coluna Mono Q. A seta indica o D;CO referente à "moojenina". Tampão A (Tris HCl 50 mM pH 8,0).

Após dez minutos foi introduzido o tampão B (Tris HCl 50 mM + 1M NaCI pH 8,0). Absorbance Unit

Full Sca/e (AUFS) = 1. Fluxo 0,5 mL'min. 1 mL/tubo.

Podem ser observados, na figura 6, os três picos da coluna Mono Q, onde o

segundo refere-se à "moojenina". As frações foram coletadas, dialisadas contra 2L

de PBS ou água destilada ;3or 12 horas. Amostras de 1 mL de cada pico toram

coletadas após o processo de diálise e mantidas congeladas até o momento dos

testes de atividade biológica. O restante dos produtos dialisados foi congelado a

- 8 0 C .

Page 40: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

27

4.4 - Cromatografia Líquida de Alto Desempenho

{High Performance Liquid Chromatography- HPLC)

O terceiro pico, oriundo da cromatografia por afinidade a trombina, além de ter

sido submetido à cromatografia por troca iônica em coluna Mono Q (figura 6),

também foi cromatog rafado em uma coluna TSK utilizando sistema HPLC, onde o

sétimo pico daquela cromatografia refere-se à "moojenina" (figura 7). O sétimo pico

da cromatografia supracitada foi liofilizado e recromatografado na mesma coluna,

como mostrando a eliminação da maioria dos contaminantes (figura 10).

Page 41: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

28

Pico 7 - Tempo de retenção moojenina = 25.80 minutos

Figura 7: Cromatografia Líquida de Alto Desempenho - HPLC utilizando coluna TSK 3000. Os traços

em vermelho indicam o começo e o término da coleta do sétimo pico. Tampão: bicarbonato de amonio

50mM, fluxo 0,5 mL/mlnuto.

O penúltimo pico (pico 7) da cromatografia em sistema HPLC (indicado pelos

cortes em vemfielho na figura 7) representa a "moojenina". A f r a ç ^ referente ao pico

7 foi coletada, dialisada contra 2L de PBS ou água destilada por 12 horas. Amostras

de 1 mL desse pico foram coletadas após o processo de diálise, iiofílizada e

Page 42: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

29

mantidas a -20 °C até o momento dos testes de atividade biológica. O restante dos

produtos dialisados foi congelado a -80C.

4.5 - Dosagem proteica

Para a/aliar o conteúdo protéico eluído das cromatografias, foi construida uma

curva padrão utilizando albúmina de soro bovino. A correlação dos resultados foi alta

com = 0,9972. A construção da cun/a com os resultados das D.O. foi feita com o

auxilio do programa ORIGIN.

Page 43: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

30

4.6 - Eletroforese em gel de poliacrilamida 12%

Sodium Dodecyl Sulfate - Poliacrilamida Gel Electrophoresis (SDS-PAGE)

Amostras com cerca de 20 de massa dos picos 2 e 3 da cromatografía por

afinidade, bem como o produto não retido naquela coluna, foram submetidos à

eletroforese em gel de poliacrilamida 12% para verificação do material protéico e

estimativa do peso molecular das proteínas. Amostra do veneno total de B. moojeni

também foi submetida ao mesmo teste.

1 2 3 4 5 6 7 8 9

66 kDa

29 kDa

M 2,4 kDa

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Figura 8: SDS 10% - PAGE com 20 ou 40 |jg de massa em cada lane. A seta indica a fração

contendo "moojenina".

Lane 1 - padrão de peso molecular Lane 5 - pico 2 coluna de trombina

Lane 2 - veneno total de Bothrops moojeni Lane 6 e 7 - vazios

Lane 3 - não retido em coluna de trombina (40 pg) Lane 8 - vazio

Lane 4 - pico 3 coluna de trombina (40 pg) Lane 9 - padrão de peso molecular

Page 44: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

31

Na figura 8 pode-se verificar SDS-PAGE 12% onde nos lanes 1 e 9 os

padrões de peso molecular com soro albúmina bovina (66 kDa), anidrase carbônica

(29 kDa) e citocromo C com 12.400 kDa. No lane 2 pode-se observar a presença de

inúmeras proteínas com variadas massas moleculares no veneno total de Bothrops

moojeni. O produto não retido na coluna de afinidade por trombina foi aplicado no

lane 3 (figura 8) mostrando proteínas que não estão presentes no lane 4 onde foi

aplicado o terceiro pico (figura 4) da coluna de trombina. No lane 5 é observado o

perfil eletroforetico do segundo pico da coluna de trombina e ausência de proteínas

na faixa de 66 küa como aparecem no lane 4. Não foi aplicado material nos lanes 6,7

e 8 .

1 2 3 4 5 6 7 8 1

•- f

66

29

I -2 3 4 5 6 7 8

Figura 9: Eletroforese em gel de poliacrilamida 12% com SDS. Seta indica "moojenina".

Lane 1 - 20 pg padrão de peso molecular Lane 5- 10 pg pico 1 da coluna de trombina

Lane 2 - 1 0 pg veneno total de fi. moojeni Lane 6 -10 pg não retido coluna Mono Q

Lane 3 - 5 pg pico 3 da coluna de trombina Lane 7 - 20 pg "moojenina" - coluna Mono Q

Lane 4 - 1 0 pg pico 2 da coluna de trombina Lane 8 - 1 0 pg pico 3 da coluna Mono Q

Page 45: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

32

A figura 9 mostra SDS-PAGE 12% onde se se observa no lane 1 os padrões

de massa molecular como descrito em Material e Métodos. No lane 2 foram

aplicados 10 pg de veneno total de B. moojeni revelando proteínas com massas

moleculares entre 15 e 66 kDa. No lane 3 foi aplicada uma menor massa (5 pg) do

terceiro pico da coluna de trombina uma vez que 40 pg da mesma amostra, torna-se

difícil a verificação da banda correspondente à "moojenina". Aínda no lane 3 nota-se

uma banda protéica com massa molecular próximo a 30 kDa. O segundo pico da

coluna de trombina (figura 4) foi aplicado no lane 4 e revela proteínas com perfil

eletroforetico semelhantes ao pico 3 da cromatografia. O lane 5 mostra que o

primeiro pico da coluna de trombina possui proteínas com diferentes massas

moleculares variando de 70 a 15 kDa e possui atividade pró-coagulante. No lane 6

foram aplicados 10 pg do produto não retido na coluna de troca iónica Mono Q,

revelando três proteínas com massas moleculares em torno de 60 kDa, 29 kDa e 20

kDa. O lane 7 refere-se à "moojenina" purificada através da cromatografia por troca

iónica em coluna Mono Q.

Page 46: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

33

4.7 - Recromatografia do pico referente à "moojenina"

Tempo de retenção da moojenina = 25.10 minutos

j L

Figura 10: Recromatografia do pico 7 proveniente da cromatografia em coluna TSK 3000 em sistema

HPLC, indicando "moojenina". Tampão: bicarbonato de amónio 50mM, fluxo 0,5 mL/minuto.

O sétimo pico proveniente da cromatografia por exclusão molecular em coluna

TSK 3000 em sistema HPLC (figura 7), foi recromatografado na mesma coluna para

avaliação de sua pureza. A figura 10 mostra a pureza do material coletado no pico

sete daquela cromatografia, com um tempo de retenção (25,1 minutos) próximo

àquele obtido quando se aplicou a terceira fração (pico 3) da coluna de trombina

(25,8 minutos - figura 7).

Page 47: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

34

1 2 3

66 kDa

29 kDa

12,4 kDa

Figura 11: SDS10%-PAGE. Seta indica "moojenina" proveniente da recromatografia por gel filtração

(figura 10) em coluna TSK no sistema HPLC.

Lane 1 - 30 pg do padrão de peso molecular

Lane 2 - 30 pg de veneno total de Bothrops moojeni

Lane 3 - 5 pg da recromatografia do pico 7 da coluna TSK (HPLC)

Foi realizado teste em SDS 10%-PAGE para avaliar a pureza do material

("moojenina") recromatografado por exclusão molecular. A figura 11 mostra no lane

1, padrão de massa molecular como descrito em Material e Métodos. No lane 2 pode

ser observado veneno total de B. moojeni enquanto no lane 3 foram aplicados 7 pg

de "moojenina" oriunda da recromatografia por gel filtração mostrando a eliminação

da maioria dos contaminantes.

Page 48: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

35

4.8 - Agregação plaquetária

Os três picos oriundos da cromatografia por troca iônica em sistema FPLC e

exclusão molecular em sistema HPLC foram testados para as atividades

anticoagulante e antiagregante plaquetária. Os resultados da atividade antiagregante

plaquetária e anticoagulante (tempo de trombina) mostraram que os picos 2 e 3,

provenientes coluna de trombina, assim como o segundo pico gerado pela coluna

Mono Q, são capazes de inibir a trombina em sua atividade pró agregante

plaquetária e pró-coagulante. Os testes de coagulação e agregação plaquetária

revelam que o terceiro pico possui a maior atividade inibitória da trombina.

Oamll C a a r a J a C h a m e l a Cha imeSA

•,m 'rSfi XW 4:0a S:M

100

9Q

89

70

ea

<o

thr 0,7UI 75%

,0 0,07UI 85%

o

Figura 12: Controle positivo nnostrando agregação plaquetária com diferentes concentrações de

trombina (0,7 e 0.07 U/mL), O gráfico refere-se ao tempo decorrido em minutos logo após a adição de

trombina em relação ao percentual crescente da agregação.

Page 49: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

36

O controle positivo foi obtido através da adição de trobina 0,07 Ul

(concentração final) às plaquetas lavadas. No protocolo para agregação plaquetária

do Laboratorio de Hemostasia da Fundação Pró Sangue utiliza trombina 0,7 U/mL

como padrão para controle positivo. Todavia foi utilizada a concentração de 0,07

U/mL conforme descrito por ZlNGALl eí al (1993).

Em contato com plaquetas, a trombina tem a propriedade de ativá-las

(figura 12). Um processo em que a trombina diva a glicoproteína Ib (GPIb) ativando

plaquetas vizinhas. Isso faz com que estas emitam pseudópodes e liberarem

substancias (ADP, tromboxana A2, etc) que atuam na adesão e agregação

plaquetária. Todas as plaquetas envolvidas, assim tornam-se extremamente

viscosas, facilitando a adesão e agregação plaquetária. Um processo que requer

fator de von Willibrand.

CJwmsIl Channel 2 OxtincIS CtmmH

- i -

• l í ^ _i

100

80

«O

M

20

10

ftSQ n « 1.30 IDO 2:30 ; 00 I:JO

Tiro» cmm i iK)

Figura 13: Controle negativo da agregação plaquetária utilizando PBS. O gráfico refere-se ao tempo

decorrido em minutos logo após a adição de PBS em relação ao percentual crescente da agregação.

Page 50: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

37

1;0D ZOÜ 3;03 im S.BO ftW

Figura 14: Atividade pró-coagulante do pico 1 (5 pg) proveniente da coluna por afinidade à trombina.

Indução da agregação oiaquetána de 65%. O gráfico refere-se ao tempo decorndo em minutos logo

após a adição do pico " em relação ao percentual crescente da agregação.

Os resultados dos testes de agregação plaquetária revelam que mesmo

possuindo afinidade pela coluna de trombina, o pico 1 da coluna de trombina não

possui atividade antiagregante plaquetária e revela atividade pró agregante. Isso se

deve ao fato de nem todas as proteínas serem neutralizadas pelos inibidores de

serinoproteases.

No controle negativo pode-se observar que o PBS não é capaz de induzir a

agregação plaquetária. Todas as amostras de toxinas utilizadas encontravam-se em

presença de PBS.

CtiBhrwll Ctm\nH2 ChMnelS CSiam^K

Page 51: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

38

ciiiuinel 1 Cianea ChartniHS Channct <

(l;30 1;3C 2áM 2:30 3:00 3:30 4 . » 5;CiD

Tiiij» {nninrsee)

Figura 15: Atividade antiagregante plaquetária do terceiro pico oriundo da cromatografia por afinidade

em coluna de trombina. Indução de 30% da agregação. O gráfico refere-se ao tempo decorrido em

minutos logo após a adição de trombina e o pico 3 {"!5 pg) da coluna de trombina em relação ao

percentual crescente da agregação (figura 12).

Como a fração do terceiro pico da coluna de trombina não se encontrava

totalmente pura, uma maior massa protéica da terceira fração da cromatografía por

afinidade à trombina foi utilizada pra promover a inibição da agregação plaquetária

induzida por trombina. Neste experimento 15 pg de massa do terceiro pico foram

utilizados para promover apenas 30% de agregação plaquetária.

Page 52: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

39

O a m i l Cnanitel2 CJianneO Ctnm<<4

^:0a 2flO 3:00 *M S:0[)

Time ^imrBBc)

Figura 15: Atividade antiagregante plaquetária da "moojenina". Indução de 12% da agregação

plaquetána. O gráfico refere-se ao tempo decorrido em minutos logo após a adição de trombina e

"moojenina" (1pg) em relação ao percentual crescente da agregação.

Na figura 16 pode-se obsen/ar uma importante inibição da agregação

plaquetária induzida por trombina utilizando 1 ( Ipg) de "moojenina" purificada

através da cromatografia por troca iônica. O mesmo resultado é obtido com

"moojenina" purificada através da cromatografia por exclusão molecular utilizando

coluna TSK- 3000 em sistema HPLC. Dados não apresentados.

Page 53: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

40

4.9 - Tempo de trombina - T T

O teste avalia quanto tempo em segundos é necessário para que a trombina

clive a molécula de fibrinogênio em fibrina formando coágulo. A trombina é a fomria

ativa do zimogênio protrombina (ou fator II) da coagulação. A "moojenina" foi testada

em sua atividade inibitória da trombina. Esta é a principal enzima da cascata de

coagulação tendo como substrato principal, a molécula de fibrinogênio. A trombina

ainda participa de diversos processos moleculares e celulares. A "moojenina" foi

incubada com trombina (0,07 U/mL) por 5 minutos e este complexo adicionado ao

plasma pobre em plaquetas.

Segundo os padrões utilizados pela Fundação Pró Sangue, valores com três

unidades (em segundos) acima do padrão são considerados Tempo de Trombina

(TT) prolongado. O padrão de TT do pool de plasma era de 14 segundos. Resultados

com "moojenina", 1pg/mL mostram TT incoagulável, apresentados aqui somente até

40 segundos.

Page 54: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

41

T e m p o d e T r o m b i n a

45 -.

40 .

35 .

"> 3 0 o

c

(31 O)

CO

2 5

20

15

10

5

O

n

Figura 17: Gráfico do Tempo de Trombina (TT) utilizando diferentes amostras mostrando a

coagulação do plasma pobre em plaquetas em relação ao tempo em segundos. O agente indutor da

coagulação foi trombina 2 nM.

1 - controle (+) com trombina 2 nM

2 - Veneno total de Bothrops moojeni

3 - Pico 1 da coluna Mono Q

4 - Pico 2 da coluna de trombina

5 - Pico 3 da coluna de trombina

6 - "Moojenina" Ipg

Page 55: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

42

4.10 - Atividade esterásica

0 . 2 5 -,

E c 0.2 -

es .ra

0 . 1 5 -

ü c <g 0.1 -1 -

o Vi 0 . 0 5 -

i. 0 . 0 5 - n

— — I I I — I I

1 2 3 4 5 6 7 8

F ra ç91 f

Figura 18; Gráfico da atividade esterásica em diferentes passos cromatográficos na purificação da

moojenina. Amostras com 5 pg do substrato TAME (2,5 Mm) e 10 pg das amostras das frações ou

"moojenina"; 5 minutos, temperatura ambiente.

1 - PBS

2 - Veneno total de B. moojeni

3 - Pico 1 da coluna de trombina

4 - Pico 2 da coluna de trombina

5 - Pico 3 da coluna de trombina

6 - Nao retido da coluna de trombina

7 - "Moojenina"

8 - Controle (+) com tripsina

9 - Trombina 2nM + "moojenina" 10pg

Page 56: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

43

5 - DISCUSSÃO

Os venenos e peçonhas de diversas espécies animais possuem toxinas que

induzem o aparecimento de distúrbios hemostáticos durante o envenenamento de

suas vítimas. Determinados animais desenvolveram toxinas, altamente específicas e

eficientes, muitas vezes complexas, algumas únicas na natureza. O entendimento de

seus mecanismos de ação em diversos sistemas e/ou grupos celulares e

moleculares permite a compreensão de vários processos fislopatológicos, fenômenos

celulares e moleculares ocasionados pelas intoxicações agudas por esses venenos,

trazendo ainda a perspectiva da utilização dessas substâncias como ferramentas

farmacológicas (SANTORO & SANO-MARTINS,1993).

Os venenos ofídicos geralmente possuem uma variedade de substâncias,

dentre as quais estão fatores com atividade pró e anticoagulante, além de indutores

e inibidores da agregação plaquetária (LEE, 1979; STOKER, 1990; BRASIL, 1998;

ALVES DA SILVA, 2004).

Os venenos das serpentes da família Viperidae, distribuídas pelas Améhcas,

África e Europa, possuem na constituição de seus venenos, uma variedade muito

grande de enzimas. Aquelas pertencentes à família das sennoproteases são

hidrolases que possuem um resíduo do aminoácido serina, essencial para o

mecanismo de catálise. As proteínas da cascata da coagulação são, em geral,

sennoproteases e promovem proteolise limitada ao hidrolisarem seu substrato que é

um zimogênio (proteína na sua forma inativa).

A trombina constitui a principal enzima da cascata da coagulação além de

participar de diversos outros processos moleculares e celulares.

Page 57: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

44

Na cascata da coagulação, esta enzima tem como principal substrato á

molécula de fibrinogênio. O fibrinogênio quando clivado, gera monomeros de fibrina,

ainda instáveis. Estes formam a malha disforme, conhecida como coágulo (figuras 2

e 19). A trombina ainda diva fator XIII que estabiliza o coágulo. Posteriomiente, o

coágulo retrai-se e limita o sangramento. Esta enzima também atua na hidrolise dos

fatores V, VIII, XI e plaquetas (MONTEIRO, 2000). A trombina é uma proteina

multifuncional uma vez que participa de processos inflamatórios além de estar

envolvida na cicatrização, anticoagulação quando ativa a proteina C, proliferação e

maturação celular e no desenvolvimento de algumas doenças tais como Acidente

Vascular Cerebral (AVC), Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), coronariopatias, dentre

outras (AMARAL, C.F.S. (1986).; ZlNGALl, R. B. (1993); AZEVEDO-MARQUES,

M.M. (1995); FRANÇA, F. O. S. (1997); CARDOSO, J.L.C. (2003).

Formação do Coágulo

Plaqueta ativada Rbrina

Figura 19; Formação do coágulo no local da injuria mostrando as plaquetas ativadas aderindo-se ao

local do sangramento e a malha disforme de fibrina envolvendo todas as células.

wvw.msd-brazil.com\...\m manual\mm sec14 155.htm

Page 58: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

45

A trombina é a forma ativa do zimogênio protrombina ou fator 11 da

coagulação. Além de clivar o fibrinogênio em fibrina, a trombina ainda atua como um

fator anticoagulante quando ativa a proteina C que inativa a trombina. A proteina C

ainda se liga à trombomodulina e o complexo trombina - trombomodulina (T-TM)

inibe a maioria das ações coagulantes incluindo formação do coágulo, ativação de

plaquetas e do endotélio, além da inibição da ativação do fator V.

Como não se dispunha de uma resina com trombina acoplada para a

cromatografia por afinidade á mesma, foi desenvolvida pelo nosso grupo, uma coluna

com esta propriedade. A resina CNBr 4B Sepharose-Trombina constitui assim uma

nova ferramenta na purificação de compostos com afinidade à molécula de trombina,

uma vez que não era descrita a existência da mesma na literatura. Um resultado

pouco provável no presente trabalho é o fato de proteínas do veneno, ainda que pré-

tratadas com inibidores de proteases se ligam à resina contendo trombina (figuras 4

e 5). Esse dado é corroborado por CASTRO ef al (1999) onde foi verificado que

inúmeras proteínas de vários venenos botrópicos possuem afinidade por trombina

numa resina PPAK-a-thrombin-Sepharose. Ainda no trabalho citado, os venenos de

8. atrox, B. cotiara, B. jararacussu, B. moojeni e B. neuwiedi foram cromatografados

na coluna supracitada e também veneno Crotaius durissus terrificus e Lachesis muta.

Todos venenos possuíam proteínas com afinidade pela coluna de trombina com

massas moleculares variando entre 14 e 70 kDa, contudo, apenas aquelas com

cerca de 27 kDa possuíam atividade inibitóna da trombina.

Com exceção do veneno de Cd. terrificus, todos os venenos analisados

naquele trabalho, possuíam proteínas com massa molecular em torno de 27 kDa

reconhecidas por anticorpos antibotrojaracina em análise por Western blot. Foi

Page 59: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

46

observado ainda no mesmo trabalho que em veneno de 6. moojeni, proteínas com

diferentes padrões de migração em SDS-PAGE, eram reconhecidas por anticorpos

antibotrojaracina. Esse dado sugere que no veneno de Bothrops moojeni, estão

presentes isoformas da "moojenina".

A "moojenina" foi primeiro purificada através de uma cromatografia por

afinidade utilizando uma resina CNBr 4B Sepharose-trombina e o terceiro pico dessa

cromatografia (figura 4) foi aplicado numa coluna de troca iônica (figura 6). O

segundo pico desta cromatografia refere-se a "moojenina".

O produto do terceiro pico da cromatografia por afinidade foi submetido à

eletroforese em gel de acrilamida 12% quando foi verificado que havia uma

significativa diferença entre as massas moleculares das proteínas (figura 8, linha 4).

Fato que levou a uma terceira cromatografia constituída por exclusão molecular com

coluna TSK - 3000 no sistema HPLC (figura 7).

Em gel SDS-PAGE, a banda majoritária correspondia a uma proteína com

cerca de 30 kDa, o que sugeria uma botrojaracina símile. Este dado é confirmado

quando o pico 7 da coluna TSK-3000 foi coletado e submetido à nova eletroforese

mostrando a pureza da proteina e sua massa molecular estimada.

A cromatografia por exclusão molecular constitui uma segunda forma de

purificação da "moojenina" que é eluída no sétimo pico (figura 7). CASTRO e

colaboradores (1999) sugerem que proteínas contendo maior massa molecular e

com afinidade à trombina, possam ser zimogênios (ou precursores) das proteínas

ativas como a botrojaracina, botralternina ou como no presente trabalho,

"moojenina".

Page 60: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

47

A primeira fração eluída na cromatografia por afinidade a trombina,

provavelmente ocorra pela adição de sal com a solução B (0,01 N HCl, 0,5 M NaCI,

pH 2) uma vez que ao final da eluição do pico 1 o pH ainda encontra-se em 7. A

eluição do segundo pico pode ocorrer pela mudança de pH de 7 para 5 e finalmente

o terceiro pico, aquele com maior afinidade pela coluna, começa a ser eluído com

pH 2 (figuras 3 e 4). O terceiro pico da cromatografia por afinidade foi capaz de inibir

a trombina em sua atividade pró agregante plaquetária como observado na figura 15.

Acredita-se que as outras proteínas presentes naquela fração teniiam perdido sua

atividade pela adição dos inibidores de proteases como PMSF e EDTA. Este dado

sugere que a 'moojenina" não é uma enzima, pois mantém sua atividade biológica ao

se ligar à trombina e inibir sua atividade pró agregante plaquetária (figura 16). A

"moojenina" não só inibe a agregação como também a coagulação induzida por

trombina.

Nos testes realizados na Fundação Pró Sangue, pôde-se observar que em

plasma livre de plaquetas, contendo apenas as proteínas da coagulação, a

"moojenina" foi capaz de inibir a atividade pró-coagulante da trombina após uma

incubação por cinco minutos com esta enzima. Segundo protocolo utilizado peia

Fundação Pró Sangue, valores acima de três segundos do tempo normal de

trombina são considerados valores para Tempo de Trombina (TT) prolongados. O

tempo normal para o pool utilizado foi de 14 segundos. Quando a trombina era

incubada com o terceiro pico da coluna de trombina (15 pg), o TT foi prolongado para

cerca de 25 segundos como observado na coluna 5 da figura 17. Quando a

"moojenina" pura (1 pg) foi incubada com trombina (0,07U/mL) o TT foi incoagulável

e apresentado neste trabalho somente até 40 segundos (figura 17).

Page 61: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

48

A "moojenina" ainda foi testada para possível atividade esterásica sobre ¡

substrato TAME que constituí o principal substrato sintético para enzimas

serinoproteases. Os resultados deste experimento mostram que a "moojenina" não

possui atividade esterásica mesmo em altas concentrações (coluna 7, figura 18). Por

outro lado o primeiro pico oriundo da cromatografía por afínidade diva o substrato

TAME tanto quanto o controle positivo com tripsina, mostrando assim uma potente

atividade esterásica (coluna 3, fígura 18). O mesmo pico quando submetido a testes

de agregação plaquetária, ativa plaquetas como mostrado na fígura 14.

Ainda é desconhecido o mecanismo pelo qual a "moojenina" inibe a trombina.

Em caso da "moojenina" ser uma botrojaracina símile, o mecanismo de inibição

poderia se dar através da ligação ao exosítio 1 e II da trombina, bloqueando a região

da trombina que atua no fíbrinogénio e que também é reconhecida pela antitrombina.

A botrojaracina ainda inibe os fatores IX e X e protrombina da cascata da

coagulação, atuando assim como uma possível droga preventiva de doenças como

trombose. Contudo a botrojaracina não é capaz de inibir a atividade proteolífíca da

trombina em olivar substratos sintéticos como S-2238.

Algumas enzimas têm a propriedade de inibir alguns peptídeos com atividade

na coagulação e podem ser reunidas em famílias de acordo com sua seqüência de

aminoácidos quando levado em consideração o ancestral comum (RAWLINGS ef al,

2004).

A descoberta de novos compostos capazes de interfenr e/ou prevenir a

formação de trombos pode representar uma mudança substancial no prognóstico dos

pacientes vítimas de acidentes tromboembólicos, cada vez mais freqüentes em

nossa civilização sendo algumas das doenças que mais levam ao óbito no mundo. O

Page 62: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

49

isolamento de toxinas a partir de venenos ofídicos e de outros animais, bem como o

estudo sistemático dos seus efeitos, constitui uma estratégia de grande importância

para a identificação de novos compostos com potencial uso terapêutico. Este tipo de

abordagem já resultou na identificação de compostos, atualmente utilizados tanto no

tratamento, como no diagnóstico e acompanhamento de váhas doenças como o

composto Captopril, largamente utilizado no tratamento da pressão arterial ou ainda

Ancrod e Reptilase (LONGENEKER, 1991; ZlNGALl, 1993; BRAUD 2000).

Page 63: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

50

6-CONCLUSÕES

O presente trabalho permite concluir que:

• A "moojenina" pode ser purificada em cromatografia por afinidade seguida tanto

por troca iônica quanto por exclusão molecular.

• A resina CNBr 48 Sepharose-trombina retém proteínas capazes de

inibir trombina bem como proteínas trombina-símile, capazes de ativar a

cascata da coagulação e plaquetas.

• A "moojenina" é um inibidor protéico da trombina, presente no veneno da

serpente Bothrops moojeni, com massa molecular de 27 kDa, similar à da

botrojaracina.

• As atividades coagulante e agregante plaquetária, induzidas por trombina, são

inibidas pela "moojenina".

s A "moojenina" é desprovida de atividade esterásica.

• A "moojenina" prolonga o Tempo de Trombina à incoagulabilidade.

Page 64: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

51

7 - REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES DA SILVA, J. A. Aspectos de atividade biológica da giroxina (enzima

trombina-símile) isolada do veneno de Crotaius durissus terrificus. Dissertação

(Mestrado). Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares - IPEN, São Paulo.

(2004).

AMARAL, C.F.S.; SILVA, O.A.; LOPEZ, M.; PEDROSO, E.R.P. Afibrinogenemia

following snakebite. {Crotaius durissus terrificus) Amer.J.Trop. Med.Hyg 29,1453-

1455. (1980).

AMARAL, C.F.S.; da SILVA. O. A.; GOODOY, P.; MIRANDA, D. Renal cortical

necrosis following Botiirops jararaca and Bottirops jararacussu snakebite. Toxicon

23, 877-1985. (1985).

AMARAL, C.F.S.; de RESENDE, N. A. ; da SILVA, O. A. RIBEIRO, M. M.;

MAGALHÃES, R. A. ; do REIS, R. J. ; CARNEIRO, J. G. ; CASTRO, J.R.

Insuficiência renal aguda secundária a acidentes botrópico e crotálico. Análise de 63

casos. Rev. Inst. Med. Trop. 28, São Paulo, 220. (1986).

ANCHIETA, J. Do Ir. José de Anchieta ao P. Diego Laynes, Roma. São Vicente 31

de maio de 1560. In: Leite Serafim, editor. Cartas dos primeiros jesuítas. Coimbra:

Edit. Da Atlântida, 202-36. (1958).

ANDREWS, R. K.; GARDINER, E. E. BERNDT, M. C ; Snake venom toxins affecting

platelet function. Mettiods Mol Biol. 273, 335-48. (2004).

AROCAS, v.; ZlNGALl, R. B.; GUINLLIN M. C ; BOM, C ; JANDROT-PERRUS, M.

Bothrojaracin: A potent two-site-directed thrombin inhibitor. Biocliemistry. 35 (28),

9083-9. (1996).

Page 65: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

52

AZEVEDO-MARQUES, M.M.; CUPO, P.; COIMBRA, T. M.: HERING, S. E.; ROSSI,

M. A. LAURE, C. J. Myonecrosis, myoglobinuria and acute renal failure induced by

South American rattlesnake {Crotaius durissus terrificus) envenomation in Brasil.

Toxicon 23 (4), 631-6. (1985).

AZEVEDO-MARQUES, M.M; Comunicação pessoal. (2001).

BARRAVIERA, B. Venenos Animais - Uma Visão Integrada. Rio de Janeiro: Ed. de

Publicações Científicas. 205 - 251 p. (1994).

BRADFORD, M.M. A rapid and sensitive method for the quantitation of microgam

quantities of protein utilizing the principle of protein-dye binding. Anal Biocliemistry

72, 248-254. (1976).

BRASIL. Manual de Diagnóstico e Tratamento dos Acidentes por Animais

Peçontientos. Brasília: Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde, 131p.

(1998).

BRAUD,S.; BOM, C ; WISNER, A.; Snake venom proteins acting on hemostasis.

Bioctiimie. 82, 851-859. (2000).

BRAZIL, V. Contribuição ao estudo do veneno ofídico: tratamento das mordeduras de

cobras. RevMéd, São Paulo. 13, 265-78. (1903).

CARDOSO, J.L.C.; FRANÇA, F.O.S.; FAN,H.W.; MÁLAQUE, C.S.; HADDAD Jr, V.

In: Sarvier. Introdução ao Ofidismo. São Paulo: Ed. San/ier, 3. (2003). Animais

Peçonhentos no Brasil - Biologia, Clínica e Terapêutica dos Acidentes. São Paulo.

Ed. Sarvier. 3. (2003).

Page 66: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

53

CASTRO, H. C ; DUTRA, D. L. S.; OLIVEIRA-CARVALHO, A. L.; ZlNGALl, R. B.

Bothraltemin, a thrombin inhibitor from the venom of Bothrops alternatus. Toxicon 36

(12), 1903-1912. (1998).

CASTRO, H. C ; FERNANDES, M.; ZlNGALl, R. B. Identification of Bothrojaracin-like

proteins in snake venoms from Bothrops species and Lachesis muta. Toxicon 37,

1403-1416. (1999).

CASTRO, H. C ; SILVA, D. M.; CRAIK, C ; ZlNGALl, R. B.; Structural features of a

snake venom thrombin-like enzyme: thrombin and trypsin on a single catalytic

plataform? Biochim Biophys Acta 1547 (2), 183-95. (2001).

DENSON, K. W. E. Coagulant and anticoagulant action of snake venom. Toxicon 7,

5-11. (1969).

DENSON, K.W.E. & ROUSSEAL, W.E. Separating of coagulant of components of

Bothrops jararaca venom. Toxicon 8, 15-18. (1970).

FRANÇA, F. O. S.; Associação da venenemia e da gravidade em acidentes

botrópicos, no momento da admissão no Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan -

SP, com variáveis epidemiológicas e laboratoriais Tese (Doutorado). Universidade de

São Paulo. (1997).

FURTADO, M.F.; Contribuição ao estudo do veneno de Bothrops moojeni (HOGEM

1965) em função da idade das serpentes. {Tese de Doutorado), Universidade de São

Paulo. (1987).

GUTIERREZ, J.M. & LOMONTE, B. Local tissue damage induced by Bothrops snake

venoms. A review. Mem. Inst. Butantan. 51 (4), 211-223. (1989).

Page 67: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

54

KAMIGUTI, A.S.; MATSUNAGA, S.; SPIR, M.; SANO-MARTINS, I.S.; NAHAS, L.

Alteration of the blood coagulation system after an accidental human inoculation by

Bothrops jararaca venom. Braz. Med. Biol. Res. 19, 199-204. (1986).

KAMIGUTI, A. S. & CARDOSO, J. L. C. Haemostatic changes caused by the venoms

of South America snakes. Toxicon. 27. 955-63. (1989).

LAEMMLI, U.K. Cleavage of structural proteins during the assembly of the head of

bacteriophage T4. Nature. 227, 680-685. (1970).

LARSON, L. Disorders on hemostasis In: Textbool< of Hematology. Mackenzie, SB

Ed. Lea & Febiger. Philadelphia. 417-475. (1988).

LEE C. Y.; Handbook of Experimental Pharmacology, Snake Venom. Springer-

Verlag, Berlin. 1129. (1979).

MAGRO, A. J.; MURAKAMI, M. T.; MARCUSSI, S.; SOARES, A. M.; ARNI, R. K.;

FONTES, M. R.; Crystal structure of an acidic platelet aggregation inhibitor and

hypertensive phospholipids A2 in the monomeric and dimeric states: insights into its

iligomeric state. Biochemical and Biophysical Research Communications. New York,

1, (323), 24-31. (2004).

MATSUI, T. FUJIMURA, Y. TITANI, K. Snake venom proteases affecting hemostasis

and thrombosis. Biochemical et Biophisica Acta. 1477. 146-156. (2000).

MONTEIRO, R. 0. ; CARLINI,C. R. GUIMARÃES, J. A. ; BOM, C ; ZlNGALl, R. B.

Distinct bothrojaracin isoform produced by individual jararaca {Bothrops jararaca)

snakes. Toxicon. 35 (5), 649-57. (1997).

Page 68: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

55

MONTEIRO, R. 0. ; YAMANOEYE, CARLINI, C. R.; GUIMARÃES, J. A. ; BOM, C ;

ZlNGALl, R. B. Variability of bothrojaracin isoform and other venom principles in

individual jararaca {Bothrops jararaca) snakes maintained under seasonally invariant

conditions. Toxicon. 36 (1), 153-63. (1998).

MONTEIRO R. 0 . & ZlNGALl, R. B. Inhibition of prothrombin activation by

bothrojaracin, a C-type lectin from Bothrops jararaca venom. Archives of Biochemistry

and Biophysics 382 (1), 123-128. (2000).

MOURA DA SILVA, THEAKSTON, R. D. G.; CRAMPTON, J. M. Evolution of

Desintegrin Cystein-Rich and Mammalian Matrix-Degrading Metalloproteinases:

Gene Duplication and Divergence of a Common Ancestor Rather Than Convergent

Evolution. Journal of Molecular Evolution 43, 263-269. (1996).

NAHAS, L.; KAMIGUTI, A. S.; BARROS, M. A. R. Thrombin-like and factor X

Activator components of Bothrops snake venoms. Thrombosis and haemostasis

2(41). 314-328. (1979).

NASCIMENTO, N.; Caracterização bioquímica e imunológica dos principais produtos

gerados pela irradiação de crotoxina. Tese (Doutorado). Instituto de Pesquisas

Energéticas e Nucleares - IPEN. São Paulo. (1995).

NASCIMENTO, N; SEEBART, C. S; FRANCIS, B; ROGERO, J. R; KAISER, I. I.,

Influence of ionizing radiation on crotoxin; biochemical and immunological aspects.

Toxicon, 34(1):123-131. (1996).

NOLAN, C ; HALL, L. S.; BARLOW, G. H.; Ancrod. the coagulating enzyme of

Malayan pit viper {Agkistrodon rhodostoma) venom. Methods in Enzimology. 45, 205-

213. M976).

Page 69: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

56

OUYANG, C ; TENG, C. M.; HUYANG, T. F. Characterization of snal<e venom

principles affecting blood coagulation and platelet aggregation. Asian Pacific J.Ptiarm.

2, 169-179. (1987).

PUORTO, G. Comunicação Pessoal. (2005).

QUEIROZ, L. S.; SANTO NETO, H.; ASSAKURA, M. T.; REICHL, A. P. Pathological

changes in muscle caused by haemorrhagic and proteolitic factors from Bottirops

jararaca Snake Venom. Toxicon. 23 (2), 341-5. (1985).

RAWLINGS, N.D.; TOLLE, D. P.; BARRET, A J.; Evolucionary families of peptide

inhibitors. Biochem J. v. 15, n 378 (Pt) 3, p. 705 - 16. (2004).

READ, M. S.; SHERMER, R. W.; BRINKOUS, K. M. Venom coagglutinin: an activator

of platelet aggregation dependent on von Willebrand factor. Proc.Natl. Acad. Sci.

U.S.A. 75,4514-4518. (1978).

SANO-MARTINS, I. S.; FAN, H. W.; CASTRO, S. C ; TOMY, S. C ; FRANÇA, F. 0.;

JORGE, M. T.; KAMIGUTI, A. S.; WARREL, D. A.; THEAKSTON, R. D.; Reliability of

the simple 20 minute whole blood clotting test (WBCT20) as an indicator of low

plasma fibrinogen concentration in patients envenomed by Bottirops snakes. Toxicon.

32 (9), 1045-50. (1994).

SANTORO, M. L. & SANO-MARTINS, I. S. Different clotting mechanism of Bottirops

jararaca venom on human and rabbit plasmas. Toxicon. 31 , 733-42. (1993).

SPENCER, P. J.; Alterações bioquímicas e imunológicas do veneno de Bothrops

jararacussu irradiado com °°Co. Dissertação (Mestrado). Instituto de Pesquisas

Energéticas e Nucleares - IPEN. São Paulo. (1995).

Page 70: Moojenina'DM INIBIDOR PROTÉICO DA TROMBINA ISOLADO …pelicano.ipen.br/posg30/textocompleto/leonardo mussi da silva_m.pdf · em São Pedro - SP em 1999, eu ... Sinto orgulho em ser

57

STOKER, K. F. in: Medicai Use of Snake Venom Proteins (Stoker, K. F. Ed). CRC

Press, Boston. 97 - 160. (1990).

SUO,Z.; CITRON, B. A.; FESTOFF, B. W.; Thrombin: a potential proinflammatory

mediator in neurotrauma and neurodegenerative disorders. Curr Drug Targets

infiamm Aiiergy. 3, 105-14. (2004).

ZlNGALl, R. B.; JANDROT-PERRUS, M.; GUILLIN, M.; BON, C. Bothrojaracin, a new

thrombin inhibitor isolated from Botiirops jararaca venom: characterization and

mechanism of thrombin inhibition. Biociiemistry 32, 10794-10802. (1993).

CCWSSÃO HK.m>L [£ B&uih ^̂ üCEAR/SP-IPEN