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UNIVERSIDADE IGUAÇU FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA. ÓBITOS RELACIONADOS A TUBERCULOSE PULMONAR NO MUNICÍPIO DE MESQUITA - RJ . AUTOR: LEONARDO MIGUEZ LIMA DE SOUZA

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Page 1: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

UNIVERSIDADE IGUAÇU

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA.

ÓBITOS RELACIONADOS A TUBERCULOSE PULMONAR NO MUNICÍPIO DE

MESQUITA - RJ

.

AUTOR: LEONARDO MIGUEZ LIMA DE SOUZA

NOVA IGUAÇU-RJ/ 2011

Page 2: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

UNIVERSIDADE IGUAÇU

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA.

ÓBITOS RELACIONADOS A TUBERCULOSE PULMONAR NO MUNICÍPIO DE

MESQUITA - RJ

AUTOR:LEONARDO MIGUEZ LIMA DE SOUZA

Orientação de

Leonardo Guimarães de Andrade

Co-Orientação de

Ms. Ana Paula C. M. Cardozo.

Monografia submetida como

requisito parcial para obtenção do

grau de Bacharelado em Ciências

Biológicas, que obteve conceito

em de de 2011.

Nova Iguaçu, RJ Junho/ 2011

Page 3: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

A minha mãe Regina Helena que conduziu minha educação no caminho do bem, dando-me as bases morais que me guiam e permitiram que eu chegasse até aqui, a ela minha eterna gratidão.

A minha esposa e filho, Ana Paula e Victor Miguez, por me apoiarem e incentivarem durante todos os dias, desde o início de meu ingresso na universidade, a eles meu amor, pois são a razão de minha vida.

Page 4: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

“Só o amor salva a família do egoísmo, do

abandono, da miséria. Sendo pobre, o amor

socorre na solidariedade; sendo rica, o amor

sensibiliza e a convence de que as coisas

preciosas da vida não se compram com moedas da

sociedade, por isso a necessidade de uma escola

que ensine a amar”.

(Ivone Boechat)

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Agradecimentos

A Deus, acima de tudo.

A Jesus, luz que ilumina meus caminhos e me ajuda a seguir

A meus pais, que não pouparam esforços para conduzir minha educação.

Aos meus “pais-tios” que também tiveram grande importância e referencial em

minha educação.

Aos colegas de Universidade, que passaram a fazer parte da história de minha vida.

Ao departamento de Vigilância em Saúde do Município de Mesquita.

Ao Coordenador de Programas da Vigilância em Saúde Marcos Thadeu Fernandes

Lagrotta.

A todos aqueles lembrados, porém, não citados.

Aos mestres que buscaram despertar em nós o desejo do saber.

Page 6: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

Sumário

1 Introdução-----------------------------------------------------------------------------------04

2 Revisão de literatura----------------------------------------------------------------------07

2.2 A tuberculose---------------------------------------------------------------------------07

2.3 Histórico----------------------------------------------------------------------------------07

2.4 AS GRANDES QUESTÕES MUNDIAIS DE SAÚDE----------------------------------------------12

2.5 PRINCÍPIOS DAS POLÍTICAS PARA CONTROLE DA TUBERCULOSE NO MUNDO E NO BRASIL----------------------------------------------------------------------13

3 A Tuberculose no município de Mesquita ------------------------------------------16

4 A Co-infecção TB/HIV--------------------------------------------------------------------17

5 Discussão ----------------------------------------------------------------------------------- 18

6 Referências Bibliográficas -------------------------------------------------------------- 20

Page 7: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

1

RESUMO

A humanidade padece de tuberculose desde a Antiguidade. Ela converteu-se

num imenso flagelo na Europa durante a Revolução Industrial, quando as cidades se

povoaram de forma descontrolada e representou, então, mais de 30% dos óbitos. Com

o desenvolvimento da antibioticoterapia, a partir dos anos 40, iniciou-se a batalha

contra a tuberculose; contudo, nos anos 80, o número de casos em alguns países

começou a aumentar. A AIDS, juntamente com o excesso populacional e as más

condições sanitárias das zonas urbanas, os albergues para desabrigados e os

presídios, fizeram com que a tuberculose voltasse a ser um grave problema de saúde

pública. O presente projeto tem por objetivo verificar a incidência de infecção por TB e

casos de evolução para óbito em indivíduos residentes no município de Mesquita,

demonstrando que fatores como pobreza, baixo grau de escolaridade, e o surgimento

do vírus HIV aliados a falta de políticas públicas eficientes, são fatores preponderantes

no recrudescimento da tuberculose e seus altos índices de morbi-mortalidade quando

comparados com a média nacional.Segundo dados coletados junto à Coordenação de

Vigilância Epidemiológica deste município, cujos dados demonstraram que entre os

anos de 2006 e 2008 a taxa de incidência de tuberculose variou de 66 casos/100 mil

habitantes no primeiro e 76 casos/100 mil habitantes no último ano, nos casos que

evoluíram para óbito pode-se destacar o ano de 2007 onde essa taxa foi de 39

casos/100 mil habitantes, e teve uma média de 6,1 óbitos/100 mil habitantes contra 1,1

óbitos/100 mil habitantes em 2006, estes números se apresentam acima da média

nacional.

(Palavra Chave – Tuberculose)

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2

ABSTRACT

Mankind suffers from tuberculosis since antiquity. She has become a huge scourge in

Europe during the Industrial Revolution, when cities are populated in an uncontrolled

manner and represented, then, over 30% of deaths. With the development of antibiotics,

from the '40s, began the battle against tuberculosis, yet in the 80s, the number of cases

in some countries began to increase. AIDS, along with overcrowding and poor sanitary

conditions in urban areas, homeless shelters and prisons, have caused tuberculosis to

return to be a serious public health problem. This project aims to determine the

incidence of TB infection and cases of progression to death among residents in the

municipality of Mesquita, demonstrating that factors such as poverty, low education

level, and the emergence of HIV coupled with lack of efficient public policies are

important factors in the resurgence of tuberculosis and its high morbidity and mortality

when compared with the average nacional.Segundo data collected with the Coordination

of Epidemiological Surveillance of this council, whose data showed that between the

years 2006 and 2008 the incidence rate tuberculosis ranged from 66 cases/100

thousand in the first and 76 cases/100 thousand last year, in cases who died can

highlight the year 2007 where the rate was 39 cases/100 thousand inhabitants, and had

an average of 6.1 deaths/100 deaths/100 thousand against 1.1 thousand in 2006, these

numbers are presented above the national average.

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3

INTRODUÇÃO

A tuberculose é uma doença infecciosa que, embora antiga na história da

humanidade, constitui ainda um importante problema de saúde pública em boa parte do

mundo, atingindo, principalmente os países em desenvolvimento, como é o caso do

Brasil. Mesmo sendo uma doença grave quando não tratada, é curável em

praticamente 100% dos casos sensíveis ao tratamento habitual. Além disso, seu

tratamento é de baixo custo ou gratuito pela rede pública e o diagnóstico é fácil, na

maioria dos casos observados. Hoje, ela se apresenta como um dos problemas que

mais têm preocupado as autoridades sanitárias em todo o mundo, devido à sua

crescente incidência em diferentes grupos populacionais.

O Brasil está incluído entre os 22 países de maior índice de tuberculose e o

Estado do Rio de Janeiro apresenta os maiores coeficientes de incidência e de

mortalidade por tuberculose dentre todas as Unidades da Federação.

Baixo índice de detecção de casos, longo intervalo entre o início do tratamento e

a confirmação de diagnóstico, não realização de procedimentos diagnósticos

complementares, baixa pesquisa de co-infecção pelo vírus da imunodeficiência

humana, altas taxas de abandono de tratamento, esquemas terapêuticos inadequados,

hospitalização imprópria, letalidade elevada e elevadas taxas de subnotificação de

casos com subseqüente falta de controle de contactantes, em área de alta densidade

populacional e condição socioeconômica desfavorável, são fatores responsáveis por

deficiências nas atividades de prevenção e tratamento da tuberculose no Estado do Rio

de Janeiro e pelo fracasso ocorrido no programa de controle para interromper a

progressão da doença.

O Município de Mesquita, localizado na Região da Baixada Fluminense, no

Estado do Rio de Janeiro, se insere como área de expansão da capital, apresentando

uma proliferação de loteamentos de baixo custo e carência de infra-estrutura, em sua

grande maioria. Esta região experimentou um processo de ocupação intenso após

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1950, em função do grande fluxo de imigrantes. Entretanto, não houve planejamento e

recursos suficientes para absorver esse contingente populacional adicional. O Município

é habitado, majoritariamente, por uma população de baixa renda e é caracterizado

como cidade-dormitório.

Apesar da incidência da tuberculose no município não haver registrado alteração

significativa nos últimos anos, é verificado um aumento abrupto da mortalidade e

letalidade geral no ano de 2007.

Este trabalho, cujo método de pesquisa foi realizado através de levantamento

bibliográfico e pesquisa de campo junto à Vigilância em Saúde do Município de

Mesquita, e teve por objetivo verificar os índices de tuberculose e a evolução destes

casos para óbito neste município.

O Brasil é um dos 22 países priorizados pela OMS, o que representam 80%

da carga mundial de TB. Em 2007, o Brasil notificou 72194 casos novos,

correspondendo a um coeficiente de incidência de 38/100.000 hab. Destes 1117

casos novos foram bacilíferos (casos com baciloscopia de escarro positiva),

apresentando um coeficiente de incidência de 41/100.000 hab. Estes Indicadores

colocam o Brasil na 19ª posição em relação ao número de casos e na 104ª posição

em relação ao coeficiente de incidência (BRASIL, 2010).

A distribuição dos casos está concentrada em 315 dos 5564 municípios do país,

correspondendo a 70% da totalidade dos casos. O estado de São Paulo detecta o

maior número absoluto de casos e o estado do Rio de Janeiro apresenta o maior

coeficiente de incidência (BRASIL, 2010).

É importante destacar que anualmente ainda morrem no Brasil cerca de 4.500

pessoas por tuberculose, doença curável e evitável. Em sua maioria, os óbitos ocorrem

nas regiões metropolitanas e em unidades hospitalares. Em 2008 a TB foi a 4ª causa de

morte por doenças infecciosas e a 1ª causa de morte dos pacientes com AIDS

(BRASIL, 2010).

As principais metas globais e indicadores para o controle da TB foram

desenvolvidos na perspectiva das metas do desenvolvimento do milênio, bem como no

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STOP TB Partnership e na Assembléia Mundial da Saúde. Foram consideradas metas

de impacto reduzir, até o ano de 2015, a incidência para 25,9/100.000 habitantes e a

taxa de prevalência e de mortalidade à metade em relação a 1990. Além disso, espera-

se que até 2050 a incidência global de TB ativa seja menor que 1 / 1.000.000

habitantes por ano (WHO, 2009).

A tuberculose é um problema social resultante de vários elementos

intervenientes como renda familiar baixa, educação precária, habitação ruim ou

inexistente, famílias numerosas, adensamentos comunitários, desnutrição alimentar,

alcoolismo, e doenças infecciosas associadas (Fundação Nacional de Saúde, 2002).

, atingindo, principalmente os países em desenvolvimento, como é o caso do

Brasil. Mesmo sendo uma doença grave quando não tratada, é curável em

praticamente 100% dos casos sensíveis ao tratamento habitual. Além disso, seu

tratamento é de baixo custo e o diagnóstico é fácil, na maioria dos casos observados

(MURRAY et al., 1993; PAIXÃO & GONTIJO, 2007). Hoje, ela se apresenta como um

dos problemas que mais têm preocupado as autoridades sanitárias em todo o mundo,

devido à sua crescente incidência em diferentes grupos populacionais (BARATA

BARRADAS, 1999).

A partir do início do século XX, as taxas de morbi-mortalidade por TB

apresentaram declínio constante e acentuado nos países desenvolvidos, antes mesmo

do advento da quimioterapia (MCKEOWN & LOWE 1996; RIEDER et al.;1989;

LILIBAEK et al.;2002). Tal declínio provavelmente ocorreu devido a melhorias das

condições de trabalho, de moradia e padrões nutricionais (RIEDER et.al.; 1989;

MURRAY at. al.; 1993).

Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), um terço da

população mundial, ou 2 bilhões de pessoas, está infectada de forma latente pelo

Mycobacterium tuberculosis e, aproximadamente 8 milhões de casos sejam notificados

ao ano (OPS, 1998). Dos 8 milhões de casos anuais, 95% ocorrem em países em

desenvolvimento. A tuberculose é um problema social resultante de vários elementos

intervenientes como renda familiar baixa, educação precária, habitação ruim ou

inexistente, famílias numerosas, adensamentos comunitários, desnutrição alimentar,

alcoolismo, e doenças infecciosas associadas (Fundação Nacional de Saúde, 2002;

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6

Rouquayrol, Veras & Façanha, 1999). No Brasil, estima-se que de 35 a 45 milhões de

pessoas estejam infectadas pelo M. tuberculosis, com 100 mil novos casos ao ano. O

número de óbitos pela doença é de 4 a 5 mil pessoas ao ano. Os pacientes em

tratamento, as notificações de tuberculose pulmonar e os óbitos diminuíram

consideravelmente entre os anos de 1976 e 1990 (HAGGSTRÄM; TONIETTO, 1998).

O agente mais freqüente causador da tuberculose pulmonar é o

Mycobacterium tuberculosis,também conhecido como Bacilo de Koch, em homenagem

ao seu descobridor, o médico alemão Heinrich Hermann Robert Koch.É uma bactéria

aeróbia, de crescimento lento, a qual se divide a cada 16 a 20 horas, o que é bastante

lento comparado a outras bactérias cuja divisão ocorre em minutos. Não se cora pelo

método de Gram, portanto a classificação Gram (+/-) não se adequa a ela; sendo uma

bactéria álcool-ácido resistente é utilizada a coloração de Ziehl-Neelsen. É um bacilo

que pode resistir a desinfetantes fracos e podem sobreviver em meio seco durante

semanas, porém, só consegue se desenvolver no organismo de um hospedeiro

(Hospital Santa Lúcia. com). O complexo Mycobacterium é constituído por outras

espécies como M. tuberculosis, M. bovis, M. africanum e M. microti, que também podem

causar infecções em humanos (BRASIL, 1999).

A tuberculose se dissemina através de gotículas no ar que são expelidas

quando indivíduos bacilíferos tossem, espirram, falam ou cantam. A probabilidade de

transmissão depende do grau de infecção e da quantidade expelida, forma e duração

da exposição ao bacilo, e à sua virulência (Hospital Santa Lúcia. com).

A transmissão da infecção pelo M. tuberculosis ocorre mais comumente a partir

de um paciente com TB pulmonar ou laríngea que, ao tossir e/ou espirrar, seja capaz

de eliminar e disseminar secreções oronasais contendo o bacilo de Koch (BK) para

outro indivíduo susceptível a este agente. A maioria das fontes de infecção humana são

indivíduos com baciloscopia de escarro positiva (MURRAY et al., 1993), cuja

interpretação é feita de acordo com a quantidade de bacilos encontrados por campo

(tabela 1) após coloração do esfregaço pelo método de Ziehl-Neelsen.

Além dos pulmões, que representa, aproximadamente, 75% dos casos, a

tuberculose pode infectar qualquer órgão do corpo, denominando-se tuberculose extra-

pulmonar, mas a principal incidência é a da tuberculose pulmonar bacilífera. Em 1992,

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foram registrados no Brasil 85.955 casos, dos quais 86% eram pulmonares. Entre as

formas extra-pulmonares, que correspondem a 15%, as mais comuns são as pleurais e

ganglionares periféricas, seguidas pelas genito-urinárias, ósseas e oculares, em

menores percentuais; sendo mais comuns em indivíduos imunossuprimidos e crianças

(Hospital Santa Lúcia). Outras formas extra-pulmonares, como a tuberculose-meningite

e miliar, contribuem com 5% e 6%, respectivamente (RAVIGLIONE et al., 1995).

Apenas 10% dos indivíduos com TB infecciosa evoluem para o quadro da doença, uma

porcentagem bem reduzida (Hospital Santa Lúcia).

O Município de Mesquita, localizado na Região da Baixada Fluminense, no

Estado do Rio de Janeiro, se insere como área de expansão da capital, apresentando

uma proliferação de loteamentos de baixo custo e carência de infra-estrutura, em sua

grande maioria (MESQUITA, 2007).

Esta região experimentou um processo de ocupação intenso após 1950, em

função do grande fluxo de imigrantes. Entretanto, não houve planejamento e recursos

suficientes para absorver esse contingente populacional adicional. O Município é

habitado, majoritariamente, por uma população de baixa renda e é caracterizado como

cidade-dormitório (MESQUITA, 2007).

Apesar da incidência da TB no município não haver registrado alteração

significativa nos últimos anos, é verificado um aumento abrupto da mortalidade e

letalidade geral no ano de 2007 (MESQUITA, 2007).

Este trabalho, cujo método de pesquisa foi através de consulta bibliográfica e

pesquisa de campo junto a Vigilância em Saúde do Município de Mesquita, teve por

objetivo verificar os índices de tuberculose e a evolução destes casos para óbito nesse

município.

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2 – Revisão de literatura

2.2 - A tuberculose.

A tuberculose é uma doença infecciosa que, embora antiga na história da

humanidade, constitui ainda um importante problema de saúde pública em boa parte do

globo (RAVIGLIONE, 1995)

É transmitida através de um bacilo que pode resistir a desinfetantes fracos e

podem sobreviver em meio seco durante semanas, porém, só consegue se desenvolver

no organismo de um organismo hospedeiro (Hospital Santa Lúcia. com).

Mesmo sendo uma doença grave quando não tratada, é curável em

praticamente 100% dos casos sensíveis ao tratamento habitual. Além disso, seu

tratamento é de baixo custo e o diagnóstico é fácil, na maioria dos casos observados

(MURRAY et al., 1993; PAIXÃO & GONTIJO, 2007).

A tuberculose é um problema social resultante de vários elementos

intervenientes como renda familiar baixa, educação precária, habitação ruim ou

inexistente, famílias numerosas, adensamentos comunitários, desnutrição alimentar,

alcoolismo, e doenças infecciosas associadas (Fundação Nacional de Saúde, 2002).

2.3 - Discussão

2.1 – Histórico

A tuberculose é uma das doenças transmissíveis mais antigas do mundo, e tem

afetado o homem desde a pré-história (ROSEN, 1994).

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Existem registros arqueológicos da doença entre diversos povos da

Antigüidade, como nas múmias egípcias, onde foram encontradas lesões que sugeriam

a doença na coluna, conhecida como Mal de Pott (ROSEN, 1994).

Nas Américas, apesar de alguns autores sugerirem que esta doença já existia

antes da colonização, é de consenso geral que foram os europeus que a trouxeram

durante as suas expedições, causando milhares de mortes nas populações indígenas,

sem contato prévio com o Mycobacterium tuberculosis, o agente causal da doença

(LEITE & TELAROLLI Jr., 1997).

No Brasil, alguns colonizadores jesuítas chegavam doentes, mantinham contato

permanente com os índios e infectavam dezenas de nativos. Acredita-se que o padre

Manuel da Nóbrega, que chegou ao Brasil em 1549, tenha sido o primeiro morador

ilustre do país a morrer da doença (HIJAR, 1994; LEITE; TELAROLLI Jr., 1997).

Sendo a tuberculose uma doença infecciosa, a disseminação foi muito rápida

nas grandes cidades européias durante a urbanização e Revolução Industrial no século

XIX. Assim como na Europa, no Brasil não foi diferente. A epidemia se tornou muito

comum nas maiores cidades brasileiras. Estimativas apontam que a mortalidade por

tuberculose no Brasil, em 1855, era de 1/150 habitantes (LEITE; TELAROLLI Jr., 1997).

Durante o século XIX, os serviços de saúde ainda eram muito precários e os

problemas de higiene e urbanização nas grandes cidades ficavam sob responsabilidade

de autoridades locais. A saúde pública dava prioridade aos interesses econômicos e

políticos das classes dominantes. A população carente ficava aos cuidados de

entidades filantrópicas ligadas à Igreja Católica. As práticas sanitárias visavam ao

controle de doenças que poderiam afetar somente a força de trabalho e a expansão

econômica capitalista (COSTA, 1983), limitando-se ao Rio de Janeiro até 1920

(COSTA, 1983).

No campo institucional, foram as Santas Casas de Misericórdia que assistiram

aos tuberculosos desde a colonização do Brasil até a fundação de sanatórios e

dispensários (figuras 1 e 2) (HIJJAR, 1994).

A partir de 1927, sob o monitoramento da Liga Brasileira Contra a Tuberculose,

começava a vacinação de recém-nascidos nas maternidades do Rio de Janeiro. Em

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seguida, o Bacilo de Calmette e Guèrin (BCG) despertaria interesse em outros centros

nacionais (BRASIL, 1993).

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Figuras 1 e 2 – Dispensário Viscondessa de Moraes fundado pela Liga Brasileira Contra a TB, em 1910,

e seu dormitório principal.

Fonte:

Acervo da Fundação Ataulfo de Paiva

O tratamento da doença era feito com medicamentos pouco eficazes. Algumas

descobertas no campo científico e assistencial na Europa repercutiram amplamente no

Brasil, motivando a criação de organizações para o combate da tuberculose (BRASIL,

1993).

Os primeiros métodos de profilaxia foram: a aeração, a dieta alimentar, o

internamento em dispensários, os sanatórios e os abrigos ou colônias agrícolas.

Evitava-se o convívio familiar do paciente. A família era regularmente visitada por

agentes da saúde, para averiguar outro possível contágio (BRASIL, 1993).

Em 1946, o índice de mortalidade de tuberculose no Rio de Janeiro estava em

torno de 1.000/100.000 habitantes. Algumas capitais brasileiras contabilizavam um

índice de mortalidade da doença de 246/100.000 habitantes (BRASIL, 1993).

Com a perspectiva de ser erradicada até 1970, a doença recrudesceu em todo

o mundo a partir da década seguinte, constituindo hoje uma das principais causas de

morte por doenças infecciosas (LEITE & TELAROLLI Jr., 1997). Em 1970, a saúde

pública começou a desenvolver planos de vigilância epidemiológica, fazendo

levantamento de prevalência da infecção em escolares, para implantação nacional da

vacina BCG por via intradérmica. Nessa época, foi criada também a Rede Nacional de

Laboratórios de Tuberculose, integrada aos Laboratórios de Saúde Pública de cada

Estado (HIJJAR, 1994).

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12

Em 1975, o Estado do Rio Grande Sul firmou o primeiro convênio com o

Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) para o

controle e vigilância da epidemia, padronizando e introduzindo o tratamento de

antibióticos tuberculostáticos (BRASIL, 1993).

Em 1978, foi criada a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT),

a partir da fusão de dois órgãos importantes: a Federação das Sociedades Brasileiras

de Tuberculose e Doenças Respiratórias e a Sociedade Brasileira de Pneumologia

(BRASIL, 1993).

Em 1984, foi criado, no Rio de Janeiro, o Centro de Referência Professor Hélio

Fraga, que ainda hoje é o mais importante centro de referência para o controle da

tuberculose nas áreas de diagnóstico, ensino especializado e pesquisa científica e

epidemiológica para os demais centros do país. Hoje, a tuberculose é uma doença

totalmente curável, que só leva o paciente à morte se não for tratada com seriedade.

Entretanto, com a emergência da AIDS, na década de 1980, mudaram as

características da doença, agravando a situação epidemiológica, constituindo um dos

principais fatores para a deterioração do quadro da doença em países com alta taxa

das duas infecções, como o Brasil (BRASIL, 1993).

No início dos anos 1990, foram relatados surtos de transmissão nosocomial de

tuberculose multirresistente (TBMR) em hospitais de Nova York, todos caracterizados

por diagnóstico tardio, utilização de esquemas terapêuticos inadequados, alta

mortalidade e alta taxa de transmissão, especialmente por se tratar de população

hospitalizada e portadora de imunodeficiência por AIDS (DALCOLMO, ANDRADE &

PICON, 2007).

Em 1993, a OMS declarou a tuberculose uma emergência mundial e passou a

recomendar a estratégia DOTS como resposta global para o controle da doença. Esta

estratégia pode ser entendida como um conjunto de boas práticas para o controle da

tuberculose e fundamenta-se em cinco componentes (WHO, 2009):

Page 19: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

13

2

2.4. - As grandes questões mundiais da saúde

As guerras em vários continentes, como as do Afeganistão e a do Iraque, na

Ásia, os conflitos civis armados, especialmente na África, e a violência urbana e no

campo, fenômenos históricos do século XXI – são agravantes da deterioração da saúde

mundial (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2008).

A concentração da renda, o desemprego, a ausência de redes de proteção

social, as grandes migrações, a redução do papel dos Estados Nacionais e a

globalização estão entre as causas dos conflitos armados, como se associam

diretamente à fome, ao desequilíbrio ecológico e à rápida difusão de doenças. Esses

fatores, além da resposta insatisfatória dos sistemas públicos de saúde de muitos

países, da mercantilização da saúde e da decadência de sistemas organizados, são

responsáveis pelas epidemias e pela persistência de endemias clássicas em razão do

reaparecimento de antigas doenças e do surgimento e disseminação de novas

(FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2008).

A redução do investimento social implicou desordenamento das estruturas

urbanas, com deficiência dos serviços essenciais (moradia, água, esgoto, transporte

etc.), falência das políticas de segurança pública, ineficiência das políticas de educação

e pouca atuação dos sistemas de saúde pública (HIJJAR, 2006).

2.5 - Princípios das políticas para controle da tuberculose no mundo e no Brasil

(FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2008).

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Diagnosticar e tratar precocemente os doentes.

Prevenir a tuberculose primária com a vacinação BCG.

Priorizar populações mais vulneráveis, como as de países e municípios de maior

carga e grupos populacionais com maior potencial social ou com risco biológico

de adoecer.

No desenvolvimento das ações planejadas, a atividade de acompanhamento e

monitoramento é contínua e fundamental para corrigir rumos, ajustar os padrões

em uso e ampliar a qualidade das ações realizadas, e deve ocorrer durante todo

o processo.

A avaliação é feita com base na relação entre os resultados atingidos e os

previstos, ou mediante comparação com padrões previamente definidos.

A estimativa do número de casos é o ponto de partida para a programação das

atividades de controle da tuberculose. Existem diversos métodos para calcular

esse número.

A adoção de um ou outro dependerá do tamanho do município, da

disponibilidade de dados populacionais e dos coeficientes, confiáveis e recentes,

de incidência de tuberculose no estado ou na região.

2.6 - Acompanhamento e monitoramento

O acompanhamento das atividades de controle da tuberculose é um processo

contínuo e deve ocorrer desde o início da execução das mesmas, por meio de métodos

de assessoramento e supervisão. A supervisão é um processo de aperfeiçoamento das

atividades e pode ser realizada de forma indireta ou direta (BRASIL, 2002).

Page 21: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

15

2.7 - Indicadores epidemiológicos da tuberculose

Avaliação epidemiológica é um dos tipos possíveis de avaliação de impacto.

Sobre a etiopatogenia da tuberculose devem-se reconhecer três situações principais

que geram indicadores epidemiológicos úteis. São elas: a de infectado, de doentes e as

mortes (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2008).

O principal indicador no campo dos infectados é o chamado risco de infecção,

ou seja, probabilidade de ser infectado pelo agente etiológico, que tem uma grande

utilidade, uma vez que não depende da capacidade de acesso da sociedade aos

serviços de saúde (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2008).

Outro indicador muito importante é o de morbidade, que demonstra o número

de doentes e trabalha com os dados de doentes como o número de mortes pela doença

(FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2008).

A notificação dos casos diagnosticados de tuberculose gera os indicadores de

morbidade. Uma vez diagnosticado, o caso continua sendo de interesse em saúde até

que o mesmo se cure, e como isto leva um tempo, existem dois tipos principais de tais

indicadores (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2008).

2.7.1 - Incidência da tuberculose

Se a idéia é mensurar o tamanho do problema da tuberculose e sua tendência ao

longo de períodos distintos, teremos, assim, a incidência da tuberculose, que se

refere ao total de casos novos diagnosticados num determinado período (FUNDAÇÃO

OSWALDO CRUZ, 2008).

Page 22: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

16

2.7.2 - Prevalência da tuberculose

Somados aos os novos casos do período ao total de casos ainda em

tratamento, que vieram do período anterior mensura-se a prevalência da tuberculose

(FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2008).

Da mesma forma que o indicador de mortalidade, os indicadores de morbidade

podem se desdobrar segundo o local de ocorrência, a forma da tuberculose, idade,

gênero, profissão e assim por diante. É calculado segundo a população (FUNDAÇÃO

OSWALDO CRUZ, 2008).

Outro aspecto importante é a definição de caso novo, pois nela podem incluir-se

casos positivos ao exame direto do escarro, casos positivos somente à cultura, casos

sem confirmação bacteriológica e casos sem exame bacteriológico. Apesar disso, é de

grande utilidade epidemiológica, quando se alcança elevada cobertura de busca,

acompanhada de uma extensa e adequada utilização do exame bacteriológico para o

diagnóstico (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2008).

Para contornar essa dificuldade, procura-se examinar a tendência da

notificação de casos bacilíferos por grupos etários, especialmente nos grupos adultos

mais jovens; é um bom indicador da evolução do problema. A incidência da tuberculose

bacilífera no grupo etário de 15 a 29 anos tende a refletir melhor a verdadeira situação

Page 23: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

17

da tuberculose em um país, pois traduz melhor a ocorrência de casos derivados de

infecções recentes. Entretanto, nos países onde a cobertura com a vacina BCG é alta,

devido ao efeito direto da vacinação, a incidência da tuberculose contagiosa, nesse

grupo etário, não é um indicador confiável da tendência do problema da tuberculose,

porque superestima a diminuição real da situação da doença (FUNDAÇÃO OSWALDO

CRUZ, 2008).

A contagem do número de mortes por tuberculose ocorridas numa dada região,

num determinado período, é importante para dimensionar o problema, principalmente

no que diz respeito à capacidade de se tratar os doentes corretamente. Para que se

possa comparar dois períodos ou duas regiões, a melhor maneira é fazer a relação do

número de mortes com o tamanho da população em que elas ocorreram. Como o

numerador da fração dessa operação aritmética é muito pequeno em relação ao

denominador, que é a população, para facilitar o entendimento costuma-se multiplicar o

resultado por um número derivado de dez, mais comumente 100 mil. Dessa maneira o

indicador de mortalidade por tuberculose é calculado (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ,

2008).

Essas mortes poderão ser mais bem caracterizadas se forem associadas às

formas da tuberculose, à idade, ao local, ao gênero. Quando o indicador se referir à

idade e gênero, o denominador da população deverá ser a população específica da

mesma faixa etária e de gênero. Por exemplo, a mortalidade específica por meningite

tuberculosa, na faixa menor de 5 anos, é calculada usando a população menor de 5

anos de idade (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2008).

Os indicadores de mortalidade revelam que antes do advento das drogas

específicas, a mortalidade era o principal indicador utilizado, tanto para avaliar a

tendência da endemia de tuberculose como para fazer estimativas de morbidade − a

Page 24: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

18

incidência de casos era o dobro da mortalidade e a prevalência de casos o dobro da

incidência (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2008).

O sucesso do tratamento na era quimioterápica, com enorme diminuição do

número de óbitos, rompeu essas equivalências e este indicador de mortalidade não tem

mais as antigas funções, porém permanece como uma alerta sobre a qualidade das

ações de controle, visto que a morte de um caso, novo ou de recidiva, deveria ser

excepcional nos dias de hoje (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2008).

2.8 - Determinantes sociais, econômicos e culturais ligados ao risco de

adoecimento por TBtuberculose

A interferência nos determinantes do processo saúde–doença, com a finalidade

de promover a saúde e a melhoria da qualidade de vida, pressupõe a participação de

diferentes áreas de profissionais da saúde e o desenvolvimento de ações integradas

(FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2008).

Além dessas, outras atuações são fundamentais: a interação das várias

disciplinas do conhecimento humano, na busca de solução para os problemas que

agravam a saúde, e a ação dos setores responsáveis pelas políticas públicas,

possibilitando melhores condições de moradia e transporte, controle da poluição

ambiental (LORENZO, 2006).

Como a nossa área de interesse é a tuberculose, é necessário que saibamos

conhecer como se desenvolve o “processo saúde–doença” em relação a ela, bem como

as relações com o sistema de serviços de saúde e a atuação dos profissionais (MUNOZ

SANC et.al. 2007).

Observando o comportamento da transmissão da doença e as características

individuais associadas à tuberculose, é possível entender por que ela permanece em

nosso meio quase como um indicador social. A lista a seguir indica alguns fatores

intimamente ligados ao adoecimento por tuberculose: (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ,

2008).

Page 25: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

19

Renda familiar baixa;

Educação precária;

Habitação ruim/inexistente;

Famílias numerosas;

Adensamentos comunitários;

Desnutrição alimentar;

Alcoolismo;

Doenças infecciosas associadas;

Dificuldade de acesso aos serviços de saúde;

Fragilidade da assistência social.

A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa que, embora antiga na história da

humanidade, constitui ainda um importante problema de saúde pública em boa parte do

globo (RAVIGLIONE, 1995), atingindo, principalmente os países em desenvolvimento,

como é o caso do Brasil. Mesmo sendo uma doença grave quando não tratada, é

curável em praticamente 100% dos casos sensíveis ao tratamento habitual. Além disso,

seu tratamento é de baixo custo e o diagnóstico é fácil, na maioria dos casos

observados (MURRAY et al., 1993; PAIXÃO & GONTIJO, 2007). Hoje, ela se apresenta

como um dos problemas que mais têm preocupado as autoridades sanitárias em todo o

mundo, devido à sua crescente incidência em diferentes grupos populacionais

(BARATA BARRADAS, 1999).

A partir do início do século XX, as taxas de morbi-mortalidade por TB apresentaram

declínio constante e acentuado nos países desenvolvidos, antes mesmo do advento da

quimioterapia (MCKEOWN & LOWE 1996; RIEDER et al.;1989; LILIBAEK et al.;2002).

Tal declínio provavelmente ocorreu devido a melhorias das condições de trabalho, de

moradia e padrões nutricionais (RIEDER et.al.; 1989; MURRAY at. al.; 1993).

Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), um terço da população

mundial, ou 2 bilhões de pessoas, está infectada de forma latente pelo Mycobacterium

Page 26: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

20

tuberculosis e, aproximadamente 8 milhões de casos sejam notificados ao ano (OPS,

1998). Dos 8 milhões de casos anuais, 95% ocorrem em países em desenvolvimento. A

tuberculose é um problema social resultante de vários elementos intervenientes como

renda familiar baixa, educação precária, habitação ruim ou inexistente, famílias

numerosas, adensamentos comunitários, desnutrição alimentar, alcoolismo, e doenças

infecciosas associadas (Fundação Nacional de Saúde, 2002; Rouquayrol, Veras &

Façanha, 1999).

O Brasil tem ocupado a 16ª posição entre os 22 países responsáveis por 80% do

total de casos de TB no mundo (WHO, 2004). Com 179.108.134 habitantes (IBGE,

2006), a TB é a 9ª causa de internações por doenças infecciosas, ocupa o 7º lugar em

gastos com internações pelo Sistema Único de Saúde (SUS), além de ocupar a 4ª

posição como causa de mortalidade por doenças infecciosas.

No Brasil estima-se que de 35 a 45 milhões de pessoas estejam infectadas pelo M.

tuberculosis, com 100 mil novos casos ao ano. O número de óbitos pela doença é de 4

a 5 mil pessoas ao ano. Os pacientes em tratamento, as notificações de tuberculose

pulmonar e os óbitos diminuíram consideravelmente entre os anos de 1976 e 1990

(HAGGSTRÄM; TONIETTO, 1998)

No entanto, nos meados da década de 80, assistiu-se o recrudescimento da TB

inclusive em países mais desenvolvidos. Acredita-se que essa reversão da tendência

resultou de um conjunto de fatores, onde se pode destacar: o surgimento da Síndrome

de Imunodeficiência Adquirida (AIDS), o aumento da prevalência de cepas de

Mycobacterium tuberculosis multidroga-resistente (MDR), o agravamento das condições

sócio-econômicas, a desestruturação dos programas de controle da doença e os

processos migratórios de indivíduos oriundos de regiões em desenvolvimento, com alta

prevalência de TB (RAVIGLIONE et al., 1995; FANNING et al., 1988; WHO, 1999;

DORMAN e CHAISSON, 2007).

2.9- Etiologias, transmissão e patogênese

Page 27: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

21

A tuberculose é uma doença infecciosa e contagiosa, causada por um

microorganismo denominado Mycobacterium tuberculosis, também denominado de

bacilo de Koch (BK), que se propaga através do ar, por meio de gotículas contendo os

bacilos expelidos por um doente com tuberculose pulmonar ao tossir, espirrar ou falar

em voz alta (figura 3). Quando estas gotículas são inaladas por pessoas sadias,

provocam a infecção tuberculosa e o risco de desenvolver a doença (BRASIL, 2008).

Figura 3 – A tuberculose é transmitida de pessoa a pessoa pelo ar

Page 28: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

22

A propagação da tuberculose está intimamente ligada às condições de vida da

população. Prolifera, como todas as doenças infecciosas, em áreas de grande

concentração humana, com precários serviços de infra-estrutura urbana, como

saneamento e habitação, onde coexistem a fome e a miséria. Por isto, a sua incidência

é maior nas periferias das grandes cidades, podendo, porém, acometer qualquer

pessoa mesmo em áreas rurais (BRASIL, 2002).

A infecção pelo bacilo da tuberculose pode ocorrer em qualquer idade, mas no

Brasil geralmente acontece na infância. Nem todas as pessoas expostas ao bacilo da

tuberculose se tornam infectadas. A probabilidade que a tuberculose seja transmitida

depende de alguns fatores como: contagiosidade do caso índice (doente bacilífero fonte

da infecção); tipo de ambiente em que a exposição ocorreu; duração da exposição

(BRASIL, 2008).

Quando uma pessoa inala as gotículas contendo os bacilos de Koch, muitas

delas ficam no trato respiratório superior (garganta e nariz), onde a infecção é

improvável de acontecer. Contudo, quando os bacilos atingem os alvéolos a infecção

pode se iniciar (figura 4) (BRASIL, 2008).

Figura 4: Os pulmões e os alvéolos - O trajeto feito pelo bacilo ate atingir os alvéolos

Page 29: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

23

A maioria das fontes de infecção humana são indivíduos com baciloscopia de

escarro positiva cuja interpretação é feita de acordo com a quantidade de bacilos

encontrados por campo (tabela 2) após coloração do esfregaço pelo método de Ziehl-

Neelsen (MURRAY et. al., 1993).

Page 30: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

24

Tabela 2: Exame de Baciloscopia - Interpretação microscópica.

REGISTRO / INFORME Nº DE BAAR - RESULTADO

Negativo ( - ) Não foram encontrados BAAR em 100

campos microscópicos.

Nº de BAAR encontrados 1 a 9 BAAR em 100 campos microscópicos

Positivo ( + ) 10 a 99 BAAR em 100 campos

microscópicos

Positivo ( ++ ) 1 a 10 BAAR em 50 campos microscópicos

Positivo ( +++ ) Mais de 10 BAAR em 20 campos

microscópicos

Fonte: Adaptação do Manual de Normas Técnicas e Procedimentos para o Diagnóstico da tuberculose

por microscopia Direta. Equador.

A infecção geralmente se inicia no parênquima dos lóbulos pulmonares

inferiores, passando em seguida para os nódulos linfáticos da região hilar, de onde é

levado para vários órgãos e tecidos, pela corrente sanguínea. A infecção do

parênquima pulmonar e dos nódulos linfáticos é chamada de complexo primário e este

junto com possíveis focos em diferentes órgãos e tecidos de infecção primária

(RAVIGLIONE et al., 1995).

Os bacilos multiplicam-se nos alvéolos e um pequeno número entra na

circulação sangüínea disseminando-se por todo o corpo. Dentro de 2 a 10 semanas, no

entanto, o sistema imune usualmente intervém, impedindo que os bacilos continuem a

se multiplicar, prevenindo disseminação posterior (BRASIL, 2008).

Estes focos são encontrados principalmente em órgãos e tecidos onde uma

tensão apropriada de O2 favorece a proliferação do M. tuberculosis, principalmente nos

ápices pulmonares ou rins e extremidades de ossos longos (RAVIGLIONE et al., 1995).

Page 31: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

25

Embora a bactéria esteja viva nestes focos, ela encontra-se em estado de

latência, uma vez que não se multiplica ou se multiplica de maneira insignificante e

irregular (RAVIGLIONE et al., 1995).

A infecção tuberculosa, sem doença, significa que os bacilos estão no corpo da

pessoa, mas o sistema imune os está mantendo sob controle. O sistema imune faz isto

produzindo macrófagos que fagocitam os bacilos e formam uma barreira, o granuloma,

que mantém os bacilos sob controle. A infecção tuberculosa é detectada apenas pela

prova tuberculínica. As pessoas infectadas e que não estão doentes não transmitem o

bacilo (BRASIL, 2008).

Uma vez infectada, a pessoa pode desenvolver tuberculose doença em

qualquer fase da vida. Isto acontece quando o sistema imune não pode mais manter os

bacilos sob controle e eles se multiplicam rapidamente (BRASIL, 2008).

Todos os órgãos podem ser acometidos pelo bacilo da tuberculose, porém, a

infecção ocorre mais freqüentemente nos pulmões, gânglios, pleura, rins, cérebro e

ossos (figura 5). Apenas em torno de 10% das pessoas infectadas adoecem, metade

delas durante os dois primeiros anos após a infecção e a outra metade ao longo de sua

vida (BRASIL, 2008).

Figura 5: Órgãos mais freqüentemente acometidos pela tuberculose doença.

Fonte: BRASIL, 2008.

Page 32: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

26

Esta estimativa está correta se não existirem outras infecções ou doenças que

debilitem o sistema imunológico da pessoa, tais como:

Diabetes Mellitus (DM);

Infecção pelo HIV;

Tratamento prolongado com corticosteróides;

Terapia imunossupressora;

Doenças renais crônicas, entre outras;

Desnutrição calórica protéica.

Nestes casos, o risco de progressão da infecção para a doença aumenta.

Uma característica proeminente do M. tuberculosis é que os focos de infecções

latentes podem ser reativados, transformando-se em tuberculose pulmonar, esta forma

é também conhecida como tuberculose secundária (RAVIGLIONE et al., 1995).

2.14 - Identificação2.15 - Identificações do bacilo de Kock exame microscópico

direto - baciloscopia direta

.

O agente mais freqüente causador da tuberculose pulmonar é o Mycobacterium

tuberculosis, também conhecido como Bacilo de Koch, em homenagem ao seu

descobridor, o médico alemão Heinrich Hermann Robert Koch. É uma bactéria aeróbia,

de crescimento lento, a qual se divide a cada 16 a 20 horas, o que é bastante lento

comparado a outras bactérias cuja divisão ocorre em minutos. Não se cora pelo método

de Gram, portanto a classificação Gram +/- não se adéqua a ela; sendo uma bactéria

álcool-ácido resistente é utilizada a coloração de Ziehl-Neelsen. É um bacilo que pode

resistir a desinfetantes fracos e podem sobreviver em meio seco durante semanas,

porém, só consegue se desenvolver no organismo de um hospedeiro (Hospital Santa

Lúcia. com). O complexo Mycobacterium é constituído por outras espécies como M.

tuberculosis, M. bovis, M. africanum e M. microti, que também podem causar infecções

Page 33: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

27

em humanos (BRASIL, 1999).Por ser um método simples e seguro, deve ser realizado

por todo laboratório público de saúde e pelos laboratórios privados tecnicamente

habilitados. A pesquisa do bacilo álcool-ácido resistente (BAAR) pelo método de Ziehl-

Neelsen é a técnica mais utilizada (BRASIL, 2010).

A baciloscopia do escarro, desde que executada corretamente em todas as

suas fases, permite detectar de 60% a 80% dos casos de tuberculose pulmonar, o que

é importante do ponto de vista epidemiológico, já que os casos bacilíferos são os

responsáveis pela manutenção da cadeia de transmissão (BRASIL, 2010).

A baciloscopia direta deve ser solicitada aos pacientes que apresentem:

Critérios de definição de sintomático respiratório (exame de escarro);

Suspeita clínica e/ou radiológica de TB pulmonar, independentemente do tempo de

tosse (exame de escarro);

Suspeita clínica de tuberculose extrapulmonar (exame em materiais biológicos

diversos).

A baciloscopia de escarro deve ser realizada em, no mínimo, duas amostras:

uma, por ocasião da primeira consulta, e outra, independentemente do resultado da

primeira, na manhã do dia seguinte, preferencialmente ao despertar (BRASIL, 2010).

Nos casos em que há indícios clínicos e radiológicos de suspeita de tuberculose

e as duas amostras de diagnóstico apresentem resultado negativo, podem ser

solicitadas amostras adicionais (BRASIL, 2010).

2.15.1 - Coloração de Ziehl-Neelsen

A técnica de Ziehl-Neelsen possui três fases:

1ª fase: Coloração

Colocar o conjunto de lâminas fixadas sobre o suporte de coloração, com o

esfregaço voltado para cima;

Page 34: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

28

Cobrir a totalidade da superfície do esfregaço com fucsina fenicada, previamente

filtrada;

Aquecer o esfregaço suavemente com a chama de uma mecha de algodão

umedecida em álcool (ou com a chama do bico de Bunsen, passando-a

lentamente por debaixo das lâminas, até que se produza emissão de vapores.

Repetir esta operação ate que se completem três emissões sucessivas,

assegurando-se de que a fucsina não ferva e que o esfregaço esteja

permanentemente coberto por fucsina durante o aquecimento. A operação deve

durar no máximo cinco minutos;

Eliminar a fucsina, lavando a lâmina com um jato d’água de baixa pressão sobre

a película corada, cuidando para que o mesmo não se desprenda.

Page 35: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

29

2ª fase: Descoramento

Cobrir toda a superfície do esfregaço com uma solução de álcool-ácido 3%;

Segurar a lâmina entre o polegar e o indicador e fazer movimentos de vaivém,

para que o álcool vá descorando e arrastando a fucsina;

Eliminar o álcool-ácido quando adquire coloração vermelha, tal como se fez com

a fucsina;

O esfregaço estará descorado quando suas partes mais grossas conservarem

apenas um ligeiro tom rosado.

3ª fase: Coloração de fundo

Cobrir toda a superfície do esfregaço com azul de metileno;

Lavar as lâminas exatamente do mesmo modo como se fez para a fucsina, e

deixá-las secar a temperatura ambiente.

Observação microscópica:

As bactérias álcool-ácido resistentes (BAAR), após a coloração de Ziehl-

Neelsen, apresentam-se como bastonetes delgados, ligeiramente curvos, mais ou

menos granulosos, isolados, aos pares ou em grupos, e corados em rosa/vermelho

num fundo azul (figura 6). A observação microscópica deve verificar a existência e a

quantidade aproximada de BAAR por campo, num total de 100 campos microscópicos.

Page 36: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

30

Figura 6: Visualização microscópica dos BAAR após coloração de Ziehl-Neelsen

2.16 - Culturas para micobactéria, identificação e teste de sensibilidade

A cultura é um método de elevada especificidade e sensibilidade no diagnóstico

da tuberculose. Nos casos pulmonares com baciloscopia negativa, a cultura do escarro

pode aumentar em até 30% o diagnóstico bacteriológico da doença (BRASIL, 2010).

Os métodos clássicos para cultura de micobactérias utilizam a semeadura da

amostra em meios de cultura sólidos. Os meios de cultura mais comumente utilizados

são meios sólidos a base de ovo, Löwenstein-Jensen e Ogawa-Kudoh. Têm a

vantagem de serem os de menor custo e de apresentarem um índice de contaminação

menor. A desvantagem do meio sólido é o tempo de detecção do crescimento

bacteriano que varia de 14 a 30 dias podendo se estender por até 8 semanas (BRASIL,

2010).

Os métodos disponíveis para o teste de sensibilidade pelos laboratórios do país

são: o método das proporções que utiliza meio sólido e, portanto, tem seu resultado

após 42 dias de incubação e os métodos que utilizam o meio líquido, com resultados

disponíveis após 5 a 13 dias. Os antimicobacterianos testados em geral são

Estreptomicina, Isoniazida, Rifampicina, Etambutol e Pirazinamida (BRASIL, 2010).

Page 37: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

31

A cultura para micobactéria é indicada nos seguintes casos:

Suspeita clínica e/ou radiológica de tuberculose com baciloscopia repetidamente

negativa;

Suspeitos de tuberculose com amostras paucibacilares (poucos bacilos);

Suspeitos de tuberculose com dificuldades de obtenção da amostra (por exemplo,

crianças);

Suspeitos de tuberculose extrapulmonar;

Casos suspeitos de infecções causadas por micobactérias Não Tuberculosas (MNT) -

nestes casos o teste de sensibilidade pode ser feito com MIC.

Cultura com identificação e teste de sensibilidade, independentemente do

resultado da baciloscopia está indicada nos seguintes casos:

Contatos de casos de tuberculose resistente;

Pacientes com antecedentes de tratamento prévio independentemente do tempo

decorrido;

Pacientes imunodeprimidos, principalmente portadores de HIV;

Paciente com baciloscopia positiva no final do 2º mês de tratamento;

Falência ao tratamento anti-tuberculose.

Em investigação de populações com maior risco de albergarem cepa de M. tuberculosis

resistente (profissionais de saúde, população de rua, privados de liberdade, pacientes

internados em hospitais que não adotam medidas de biossegurança e instituições de

longa permanência) ou com difícil abordagem subseqüente (indígenas).

Page 38: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

32

2.17 – Co-infecção tuberculose/HIV

A estimativa mundial da OMS é que exista mais de 1 bilhão e 900 milhões de

infectados com o bacilo de Kock (BK) e 14 milhões de infectados com o HIV. Estariam

co-infectados cerca de 5,6 milhões de pessoas. O impacto da infecção pelo HIV na

morbidade da tuberculose em uma determinada região depende da prevalência e da

tendência da infecção pelo HIV; da prevalência da infecção por M. tuberculosis entre os

indivíduos da faixa etária de 15 a 49 anos; da taxa de conversão de

tuberculose/infecção para tuberculose/doença nessa população; da taxa de detecção

de cura, de abandono e de recidiva da doença em indivíduos bacilíferos e infectados ou

não pelo HIV (DALCOLMO; KRITSKI, 1993).

O Brasil registrou mais de 71 mil casos de AIDS entre o início da década de 80

e agosto de 1995. Nesse mesmo período, o país apresentou em média 90 mil casos de

tuberculose por ano (BRASIL, 1993; JOB et al., 1986). Estimativas preliminares do

Ministério da Saúde indicam que existem mais de 400 mil pessoas infectadas pelo HIV

no Brasil e que 30%, ou seja, mais de 120 mil pessoas, apresentam também a infecção

pelo BK. A importância da AIDS reflete-se nos maiores coeficientes encontrados para a

mortalidade por tuberculose como causa associada que como causa básica (SANTO

2006).

As últimas décadas foram marcadas por enormes desigualdades sociais Nos

países em desenvolvimento, como o Brasil. Essas desigualdades são traduzidas em

aumento das condições de pobreza e falta de acesso a serviços, crescimento

populacional e concentração urbana. Isto repercute negativamente nas doenças

endêmicas, como a tuberculose, e a pandemia de infecção pelo vírus da AIDS

(DALCOLMO, ANDRADE & PICON, 2007).

Diversos estudos comprovam que as dificuldades para controlar a tuberculose

aumentaram com o advento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA/AIDS),

por meio da co-infecção M. tuberculosis/HIV, tanto nos países desenvolvidos quanto

naqueles em desenvolvimento. A infecção pelo HIV constitui o maior fator de risco para

adoecer por tuberculose em indivíduos previamente infectados pelo bacilo. Por outro

Page 39: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

33

lado, a tuberculose é uma das primeiras complicações entre os infectados pelo HIV,

seguido antes de outras infecções freqüentes, em razão da maior virulência do bacilo

associadas (Fundação Nacional de Saúde, 2002).

Nestes indivíduos, o risco aumenta em 10% ao ano, ao invés de 10% por toda a

vida. Outras situações de risco incluem: abuso de drogas injetáveis; infecção recente de

tuberculose nos últimos 2 anos; raio-X de tórax que sugira a existência de tuberculose

(lesões fibróticas e nódulos); diabetes mellitus; terapia prolongada com corticóides e

outras terapias imunossupressivas; câncer; doenças hematológicas, como leucemia e

doença de Hodgkin); doenças renais graves; síndromes de má absorção crônicas, ou

baixo peso corporal (≥10% de peso abaixo do ideal) (Hospital Santa Lúcia).

A co-infecção tuberculose/HIV constitui, atualmente, um sério problema de

saúde pública em muitos países (BRASIL, 1999). A tuberculose pulmonar era utilizada

como indicador de desenvolvimento periférico, mas hoje, com a disseminação da

pandemia de AIDS, tornou-se a terceira doença oportunista mais freqüente em

pacientes HIV positivos (JOB et al., 1998).

A AIDS está sendo um fator determinante nas mudanças epidemiológicas da

tuberculose, modificando o caráter da doença de uma evolução crônica para aguda,

podendo levar os pacientes ao óbito em poucas semanas. A conseqüência mais

alarmante da co-infecção é a capacidade do HIV tornar o paciente tuberculoso

multidroga-resistente (MDR), ou seja, sem opção de tratamento quimioterápico (LEITE;

TELAROLLI Jr., 1997).

2.18 - A tuberculose no município de Mesquita

A população afetada pela tuberculose atualmente é caracterizada em sua

grande maioria como de baixa renda, que enfrenta o estigma pela doença e o acesso

restrito a assistência a saúde. O Município de Mesquita na Região da Baixada

Fluminense, Estado do Rio de Janeiro, se insere como área de expansão da capital,

apresentando uma proliferação de loteamentos de baixo custo e carência de infra-

Page 40: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

34

estrutura, em sua grande maioria. Esta Região experimentou um processo de ocupação

intenso após 1950, em função do grande fluxo de migrantes. Entretanto, não houve

planejamento e recursos suficientes para absorver esse contingente populacional

adicional (MESQUITA, 2007).

O Município é habitado, majoritariamente, por uma população de baixa renda,

caracterizado como cidade-dormitório e cortado pelas três principais vias de acesso da

região da Baixada fluminense a capital com um intenso fluxo de pessoas em seu

pequeno território (Figura 6) (MESQUITA, 2007).

Apesar de possuir uma área total de 41,6 Km2, a maior parte é caracterizada

como sendo de área verde e de preservação ambiental que ocupa 27,47 Km2 de seu

território, ficando destinada a sua população atual de 190.057 habitantes, uma pequena

área de 14,13 Km2, o que lhe confere uma densidade demográfica muito alta (Figura 7)

(MESQUITA, 2007).

Figura 6:Visualização por satélite da localização do Município de Mesquita cortado pelas principais vias

de acesso a capital.

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35

Figura 7: Densidade e distribuição da população residente de Mesquita-RJ por setores censitários e projeção por bairros em 2006.

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE), Resultado do Censo Demográfico 2000 Malha Setorial Digital dos Municípios 2000.

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36

A localidade dos bairros Coréia, Santa Terezinha e Chatuba caracteriza-se não

só pela baixa escolaridade como pela baixa renda e densidade de domicílios

improvisados. O bairro Chatuba também registra a maior densidade populacional do

Município. A população de Mesquita é predominantemente feminina, jovem, e em

idade produtiva. O crescimento populacional do município (1,98% ao ano) é maior que

a média nacional (1,7% ao ano). A taxa de analfabetismo (pessoas com 15 anos ou

mais) na Baixada Fluminense é de 7,3%, no Estado é de 6,3%. A taxa de crescimento

anual da Baixada Fluminense é de 2,0%, superior ao do Estado que é de 1,3%. Já o

município apresenta taxa de crescimento de 1,67%. A densidade demográfica é de

3,963 habitantes/Km2 (MESQUITA 2007).

Apesar da incidência da doença não haver registrado alteração significativa nos

últimos anos é verificado um aumento abrupto da mortalidade e letalidade geral em

2007. Os bairros de Chatuba e Edson Passos são áreas historicamente de alta

incidência e mortalidade pela doença (MESQUITA, 2007).

Apesar da taxa de detecção da doença não haver registrado alteração

significativa nos últimos anos é verificado um aumento abrupto da mortalidade e

letalidade geral em 2007 (MESQUITA, 2007).

Na analise espaço-temporal foi identificada uma região compreendida

majoritariamente pelos bairros de Chatuba e Edson Passos como área que

historicamente vem registrando altas taxas de detecção concorrentes a altos

coeficientes de mortalidade por tuberculose (MESQUITA, 2007).

A análise espaço temporal da letalidade pela doença não apresentou nenhum

padrão temporal, não indicando a associação entre esta e o acesso do usuário a rede

(MESQUITA, 2007).

Na análise espaço-temporal dos números absolutos de casos e óbitos pela

doença são observadas áreas com baixa densidade de casos notificados e elevado

número de óbitos (Bairros de Jacutinga e Banco de Areia e nas proximidades das

localidades de Coréia e Caixa D’água), o que sugere a baixa detecção ou detecção

tardia dos casos de tuberculose nestas, endossada pela proximidade entre as datas

das notificações e dos óbitos ocorridos nestas áreas (MESQUITA, 2007).

Page 43: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

37

Tabela 3: Resumo (Serie Histórica) da ocorrência de tuberculose em Mesquita, incidência por 10.000

habitantes, letalidade e mortalidade por 100.000 habitantes por bairros (período 2003 a 2007).

Fontes:* Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), **Sistema de Informação de Agravos de Notificações – SINAN/CVS/SEMUS-Mesquita;***Sistema de Informação de Mortalidade SIM.Observações: 1. Taxa de incidência calculada considerando o total de casos por 1000 habitantes sobre população estimada segundo dados do IBGE; 2. Taxa de letalidade, percentual de óbitos sobre casos notificados; 3. Dados sujeitos a revisão.

Page 44: Monografia final-Obitos relacionados a Tuberculose Pulmonar no Municipio de Mesquita RJ.doc

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3 – Discussão

A tuberculose é uma doença infecto contagiosa de relato antigo na História da

humanidade e uma das que mais óbitos gerou. Seu principal agente causador é o

Mycobacterium tuberculosis, e a infecção ocorre, em geral, a partir de um paciente com

tuberculose pulmonar ou laríngea que, ao tossir ou espirrar, elimina secreções

oronasais contendo o BK, para outros indivíduos susceptíveis a este agente.

Fatores econômicos, demográficos e sociais, falta de políticas públicas são

preponderantes na disseminação da tuberculose. Embora seja uma grave doença

quando não tratada, pode se obter a cura em praticamente 100% dos casos sensíveis

ao tratamento. Com a evolução das políticas públicas sociais, a doença teve grande

declínio no início do século XX, porém, em meados da década de 80, assistiu-se ao

recrudescimento da doença, inclusive em países desenvolvidos; possivelmente pelo

surgimento do HIV, o aumento da prevalência de cepas de M. tuberculosis multidroga-

resistênte (MDR), dentre outros.

A população atualmente afetada é em sua grande maioria, de baixa renda,

pouca escolaridade e com difícil acesso aos serviços de saúde.

A estratégia DOTS que tem como uma de suas metas a descentralização do

tratamento, foi um dos grandes avanços adotados a nível mundial a fim de minimizar o

problema da tuberculose.

Este sistema repensa a tuberculose a nível local, fator que favorece as

necessidades específicas de cada região, sendo debatidas medidas em conjunto com a

sociedade, o poder público e agentes de saúde, visando à redução do abandono do

tratamento da doença.

O município de Mesquita, na Baixada Fluminense, tem apenas 10 anos de

emancipação e ainda sofre conseqüências da época em que era distrito de Nova

Iguaçu, apresentando proliferação de loteamentos de baixo custo, carência de infra-

estrutura e políticas públicas ainda em formação, fatores estes que facilitam a

disseminação da tuberculose

.

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O sistema DOTS foi adotado no ano de 2007 e encontra-se em fase de

implantação, tal medida tem se mostrado favorável, embora ainda não tenha

apresentado resultados expressivos, tendo em vista que não tem ocorrido grandes

variações do ponto de vista epidemiológico.

Segundo dados da Vigilância Epidemiológica do município os casos de infecção

por tuberculose entre os anos de 2003 a 2007 variam de 139 casos/100 mil habitantes

no primeiro e 115 casos/100 mil habitantes no último, nos casos que evoluíram para

óbito podemos destacar o ano de 2007 que teve uma média de 12 óbitos/100 mil

habitantes contra 4,5 óbitos/100 mil habitantes em média entre o período 2003/2006.

Embora estes indicativos demonstrem uma variação siguinificativa em relação

aos óbitos ocorridos no ano de 2007 a média dos anos anteriores tem se mantido

constante.

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40

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