memorial tfg unicamp 2014
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Memorial TFG Unicamp sobre requalificação urbana da área do Parque do Gato no bairro do Bom Retiro.TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASTRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO
REQUALIFICAÇÃO URBANAPARQUE DO GATO
ALUNA: RENATA UNGARO VENITUCCI | 073666ORIENTADOR: SIDNEY PIOCHI BERNARDINI
Foto 1. Fonte: www.revivarte.com
ÍNDICE1| INTRODUÇÃO 5
2| LOCAL, SITUAÇÃO BREVE 7
3| OBJETIVOS 9
4| JUSTIFICATIVAS 11
4.1| CONCEITOS TEÓRICOS 11
4.1.1| OS ESPAÇOS RESIDUAIS 11
4.1.2| MORADIA 13
4.1.3| MEIO AMBIENTE 14
4.1.3.1| ÁGUA 15
4.1.3.2| MOBILIDADE 16
4.2| CONCLUSÃO 17
5| LOCAL 19
5.1| LOCALIZAÇÃO 19
5.2| O LOCAL 20
5.2.1| HISTÓRICO BOM RETIRO 21
5.2.2| BREVE HISTÓRICO RIO TIETÊ E TAMANDUATEÍ 24
5.2.2.1| RETIFICAÇÃO DOS RIOS PLANO DE AVENIDAS
PRESTES MAIA 24
5.2.3| HISTÓRICO FAVELA DO GATO 26
5.2.4| PROJETO PARQUE HABITACIONAL PARQUE DO GATO
28
5.2.5| PROJETO REVIVARTE 32
5.2.6| OCUPAÇÕES ATUAIS 34
5.3| ESTÁDIO DE BASEBALL MIE NISHII 36
6| LEVANTAMENTO: 38
6.1| METODOLOGIA: 38
6.2| MORFOLOGIA URBANA 38
6.2.1| CRESCIMENTO 38
6.2.2| LEVANTAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO 39
6.2.2.1| SÉ: 39
6.2.2.2| BOM RETIRO: 39
6.2.2.3| DIVISÃO SETORES DO TRABALHO (BOM RETIRO) 39
6.2.2.4| GRÁFICO RENDIMENTO (BOM RETIRO) 39
6.2.2.5| RENDA PER CAPITA MÉDIA (BOM RETIRO) 40
6.2.3| LEVANTAMENTO FÍSICO 40
6.2.3.1| MAPA CHEIOS X VAZIOS (MAPA DE NOLLI) 41
6.2.3.2| MAPA USOS 42
6.2.3.3| MAPA GABARITOS 43
6.2.3.4| MAPA DE FLUXOS 44
6.2.3.5| MAPA TRANSPORTES 45
6.2.3.6| MAPA TRANSPORTES - ÔNIBUS 46
6.2.3.7| MAPA EQUIPAMENTOS DIVERSOS 47
6.2.3.8| MAPA INFLUÊNCIA EMEI 48
6.2.3.9| MAPA INFLUÊNCIA EMEF 49
6.2.3.10| MAPA INFLUÊNCIA EE 50
6.2.3.11| MAPA INFLUÊNCIA UBS 51
6.2.4| LEVANTAMENTO GEORGE CULLEN 52
6.2.4.1| A SENSAÇÃO DO PEDESTRE: 52
ÍNDICE6.2.4.1.1| FÍSICA: 52
6.2.4.1.2|SENSORIAL: 53
6.2.5| LEVANTAMENTO - KEVIN LYNCH 59
6.2.5.1| MAPA MENTAL: 59
6.2.6| LEVANTAMENTO SOCIOECONÔMICO - PARQUE DO
GATO 61
6.2.6.1| PROFISSÕES 61
6.2.6.2| FAIXA ETÁRIA 61
6.2.6.3| MEMBROS POR FAMÍLIA 61
6.2.6.4| TEMPO DE MORADIA NO CONJUNTO 62
6.2.6.5| ESCOLARIDADE 62
6.2.7| LEVANTAMENTO LEGISLATIVO: 62
6.2.7.1| PLANO DIRETOR SIMPLIFICADO 63
6.2.7.2| MAPA APP 64
7| PROJETO 66
7.1| PROCESSO DE PROJETO - EVOLUÇÃO DA ESCALA
66
7.2| PROBLEMÁTICAS X PONTECIALIDADES: 67
7.3| PROPOSTAS: 68
7.3.1| HABITAÇÃO 70
7.3.2| MOBILIDADE 75
7.3.3| PARQUE 78
7.4| REFERÊNCIAS PROJETUAIS: 81
7.4.1| KRONSBERG: 81
7.5| HAFENCITY 83
7.6| DOCKSIDE GREEN 84
7.7| HIGH LINE PARK 85
7.8| BORNEO 86
7.9| PRAÇA VICTOR CIVITÁ: 87
8| BIBLIOGRAFIA 89
8.1| BIBLIOGRAFIA VIRTUAL: 90
8.2| VÍDEOS: 91
01INTRODUÇÃO
“É neste espaço dialectizado (conflitual) que se realiza a reprodução das relações
de produção. É este espaço que produz a reprodução das relações de produção,
introduzindo nela contradições múltiplas, vindas ou não do tempo histórico”.
- Henri Lefebvre
5TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|
1| INTRODUÇÃO
Com a maior parte da população sendo urbana não existe hora melhor
de se pensar as cidades e a forma como fazemos urbanismo do que agora.
Nunca houve na história da humanidade um aglomerado tão grande de
seres humanos vivendo em condições tão diversas do que era até então
considerado natural.
Grandes metrópoles em desenvolvimento, como São Paulo, sofrem
com o desenfreado mercado imobiliário. O capital privado se mostra
frequentemente mais importante que os compromissos éticos de direito com
os cidadãos. Como sintoma, ocupações clandestinas se espalharam pelos
centros urbanos mais importantes do país, que enfrentam o grave problema
das favelas e ocupações em áreas de risco.
A urbanização das favelas e a produção pública de moradias para a
população de baixa renda realizadas pelo Estado na década de 80 e 90
muitas vezes fracassou com a falta de assistencialismo pós ocupação e de
um planejamento de desenvolvimento sócioeconômico com as comunidades
alvo. Como resultado, a população local enfrenta uma diversidade
de problemas que compromete a qualidade de vida dessas pessoas
principalmente na questão da segurança.
É sobre esta discussão que este trabalho se desenvolve, buscando
resolver as complexas problemáticas encontradas no Conjunto Habitacional
Parque do Gato - SP.
Figura 1. Fonte: http://www.anf.org.br/wp-content/uploads/2013/10/faces_of_the_favelas.jpg
02LOCAL, SITUAÇÃO BREVE
“(...) arquitetura é a expressão física do desenvolvimento cultural e das preocupações
sociais de uma sociedade urbana”
- Richard Rogers
7TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|
2| LOCAL, SITUAÇÃO BREVE
O projeto localiza-se na área central da cidade de São Paulo,
extendendo-se para o bairro do Bom Retiro. Desenvolve-se pelo quarteirão
análogo ao Conjunto Habitacional do Parque do Gato, onde encontram-se
o campo de baseball Mie Nishi, a nova ponte Orestes Quércia (conhecida
como Estaiadinha), a Marginal Expressa do Tietê, a Av Presidente Castelo
CIDADE SÃO PAULO
SAMBÓDROMO ZONA OESTE
ZONA OESTE
ZONA NORTE
ZONA LESTE
CONJ HAB PQ DO GATO
ANHEMBI
BOM RETIRO
CAMPO BASEBALL
REGIÃO CENTRAL
BOM RETIRO
1 1
4
4
22
5
33
1 2
34
5
AV. C
RU
ZEIR
O D
O S
UL
RIO TAMANDUATEÍ AV ESTADO
RIO TIETÊ
AV. PRES.CASTELO BRANCO
MARG. TIETÊ
AV. S
AN
TOS
DU
MO
NT
1
2
3
4
Branco, a margem do Rio Tietê, a margem e a foz do rio Tamanduateí e a
conexão com a Av do Estado.
Convém apontar que inicialmente, a proposta se limitava a revitalização
do conjunto habitacinal Parque do Gato, porém com o estudo da área fez-se
necessária a ampliação da escala de atuação para os quarteirões adjacentes
do bairro Bom Retiro.
Figura 2. maps.google.com (editado)
03OBJETIVOS
“(...) a arquitetura é uma arte aplicada e lida com a moldura da vida das pessoas.
Os edifícios emolduram nossas vidas.”
- Jan Ghel
9TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|
3| OBJETIVOS
Propor um projeto de requalificação urbana que vise, principalmente:
- Reforçar conexões entre a população e a área de entorno
Devido a fortes barreiras físicas, a área se encontra isolada,
consolidando o local como uma ilha viária que prejudica o uso da população
das áreas ao redor.
- Resgate do contato entre da cidade e do cidadão com o rio
Mesmo com a importância inquestionável da água na vida do ser
humano, a urbanização brasileira, principalmente paulistana, tem sua
característica mais presente, em relação aos rios, a canalização.
- Revitalização do conjunto habitação
A degradação do local é evidente, mostrada tanto em seus aspectos
físicos quanto nas entrevistas realizadas com os moradores.
- Requalificação urbana do local
A ideia inicial era fazer propostas somente para o conjunto habitacional,
porém a necessidade de sugestões no entorno é iminente, mesmo que essas
intervenções não sejam o foco deste trabalho nesse momento
- Integrar fragmentos degradados e espaços residuais
O intuito de se propor especificamente para espaços residuais tem
como premissa demonstrar as possibilidades não vistas desse tipo de local.
- Reforçar e concretizar a memória do local
O bairro do Bom Retiro é de suma importância para a cidade de São
Paulo e representa a celebração da diversidade e imigração tanto para a
população brasileira, quanto paulistana.
Figura 3. Fonte: vídeo revivarte
04JUSTIFICATIVAS
“Não importa se são pequenas ou grandes, independentemente da localização
geográfica, do poder econômico, as cidades são delicados ecossistemas que devem
ser desenhadas para serem sustentáveis”
- Richard Rogers
11TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|
04
4| JUSTIFICATIVAS
O projeto do Parque do Gato apresenta uma complexidade sem igual.
O local escolhido é um espaço residual de importantes vias para a cidade
de São Paulo, sendo ao mesmo tempo isolado e participante dos fluxos
metropolitanos. Sua localização tem outro diferencial: é um dos únicos locais
da cidade onde é possível encontrar-se com a margem do rio, no caso, a foz
do rio Tamanduateí, sem a barreira de uma marginal entre o cidadão e o rio.
Sendo assim, é um local estratégico para restabelecer a conexão entre as
pessoas e o meio ambiente.
A concepção do programa foi pioneira na implantação do aluguel
social, que devido ao alto índice de vendas ilegais, demonstra que se não
houver uma presença frequentemente atuante do Estado a opção pode não
ser válida. É importante ressaltar que os problemas decorrentes de trocas
de inquilinos e inadimplência dos moradores não é devido a locação social,
porém, ao ainda muito presente problema de déficit de moradia de interesse
social.
Graças a sua localização e pioneirismo - em relação a implatação do
aluguel social, o conjunto demonstra uma importância para a cidade e para
o estudo urbanístico sem igual. A população enfrenta diversos problemas
de pós ocupação que seu entendimento e propostas feitas podem também
servir como base para outros empreendimentos desse tipo.
4.1| CONCEITOS TEÓRICOS
Propõe-se separar as problemáticas principais da região em três
aspectos principais: os espaços residuais, o déficit de moradia, o conflito do
meio-ambiente com a urbanização. Pretendo, que, ao analisar estes tópicos
da problemática presente na área de estudo, seja possível apresentar a
problemática dessa forma:
4.1.1| OS ESPAÇOS RESIDUAIS
Resultado das premissas modernistas, a funcionalização extrema da
cidade resultou em locais nem sempre explorados em suas potencialidades.
São espaços residuais, sobras entre os caminhos, entre funções que acabam
por não auxiliar na contrução da cidadania dos habitantes. Segundo Marc
Augé, essa é a definição dos não-lugares.
“Se um lugar pode se definir como identitário, relacional e histórico, um espaço que não pode se definir nem como identitário, nem como relacional, nem como histórico definirá o não-lugar. A hipótese aqui defendida é a de que a supermodernidade é produtora de não-lugares, isto é, de espaços que não são em si lugares antropológicos e que, contrariamenteà modernidade baudelairiana, não integram os lugares
Déficit de Moradia
EspaçosResiduais
ConflitoMeio
Ambiente
Proble-máticas
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antigos: estes, repertoriados, classificados e promovidos a “lugares de memória” ocupam aí um lugar circunscrito e específico” AUGÉ p. 73 (2012)
Para Certau existe a diferença entre lugares e espaços. Os espaços
seriam os locais físicos da cidade, já os lugares são os usos abstratos dos
mesmos. Um espaço pode se tornar um lugar somente com a vivência e
mudança através das ocupações do local. “[...] uma história múltipla, sem
autor nem espectador, formado em fragmentos de trajetórias e em alterações
de espaços”. CERTAU p. 171 (1998).
Definidos por Koolhas como junkspace (KOOLHAS 2002), os espaços
residuais da cidade são tão importantes quanto os edificados, são as
possibilidades inexploradas de um território cada vez mais adensados e
de valores cada vez mais altos, que merece tanto atenção dos habitantes
quanto dos teóricos do assunto.
“Junkspace is the body double of space, a territory of impaired vision, limited expectation, reduce earnestness. Junkspace is a Bermuda Triangle of concepts, an abandoned petri dish: it cancels distinctions, undermines resolve, confuses intention with realization. It replaces hierarchy with acumulation, composition ith addition. More and more, more is more. Junkspace is overripe and undernourishing at same time, a security blancket that covers the earth in a stranglehold of seduction.”KOOLHAS (2002)
Outro autor que tratou desse assunto foi o arquiteto catalão Ignasi Solà-
Morales com o termo ‘terrain vague’. (SOLÀ-MORALES, 2002) foi utilizado
em francês para representar os múltiplos significados de um conceito que é
ao mesmo tempo abstrato e paupável.
“Os espaços vazios, abandonados, nos que já sucederam uma série de acontecimentos parecem subjugar o olho dos fotógrafos urbanos.São os lugares urbanos, que queremos denominar com a expressão francesa terrain vague, os que parecem se converter em fascinantes pontos de atenção, nos indícios mais solventes para poder se referir à cidade, para indicar com as imagens o que as cidades são, a experiência que temos dela. Como em todo produto estético, a fotografia comunica não só as percepções que desses espaços podemos acumular, mas também as afeições, ou seja, aquelas experiências que do físico passam ao psíquico convertendo o veículo das imagens fotográficas no meio através do qual estabelecemos com esses lugares, vistos ou imaginados, um juízo de valor. (...)Em definitiva, lugares estranhos ao sistema urbano, exteriores mentais no interior físico da cidade que aparecem como contraimagem da mesma, tanto no sentido de sua crítica como no sentido de sua possível alternativa.” SOLÀ-MORALES, I. p. 125 (2002).
Mesmo com diferentes pontos de vistas e nomenclaturas, estes
autores concordam que os espaços residuais são análogos ao processo de
urbanização modernista. Com o intenso adensamento das metrópoles e a
cartacterização da população mundial como predominantemente urbana, os
espaços residuais se tornam além de necessários para a compreensão da
cidade e da vida urbana totalmente. Potenciais para utilização e celebração
do espaço urbano e de toda sua complexidade.
Assim nasceu o interesse no estudo da área do Parque do Gato.
Nascido no encontro entre os fluxos intensos e ininterruptos do tráfego
paulistano e das águas de dois dos três rios mais importantes da capital
paulistana. A área demonstra espacialmente potenciais explorados, quanto
outros ainda esquecidos.
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4.1.2| MORADIA
O espaço urbano nada mais é do que a espacialização de relações
sócio-econômicas que entrelaçam-se temporal e fisicamente. O déficit
de moradia e as grandes ocupações de áreas ociosas da metrópole só
demonstram o aspecto mais brutal do capitalismo, onde o direito a moradia
é exclusivo de quem pertence no topo da hierarquia social.
Através de formas de legislação que priviliegiavam as camadas mais
abastadas da população o déficit de moradia não somente cresceu como se
espalhou por todo o território nacional.
Os primeiros registros de favelas na cidade de São Paulo remota-se
desde de antes de 1940, porém as mesmas não eram tão significativas até
a déc 1970. (TASCHNER , 2000).
A partir das décadas de 1970 e 1980 esse movimento de ocupação
de território tornou-se característica marcante da paisagem da cidade.
Localizadas em áreas geralmente de risco ambiental, encostas de rios,
morros, áreas de proteção ambiental, essa população fica à margem não
somente do sistema econômico mas sofrem com toda e qualquer intempérie
possível, sem contar com o estigma da violência e do preconceito com o sua
habitação. Ou seja, a exclusão se dá de forma total: econômica, urbanística,
social e territorial. (MARICATO, 1996).
A legislação com relação a financiamentos habitacionais é igualmente
excludente revelando parâmetros de um Estado que, mesmo indiretamente,
se mostrou por muito tempo conivente com as mazelas causadas pela
disparidade social.
“Ao definir formas de apropriação e utilização do espaço permitidas ou proibidas no contexto de uma economia de mercado extremamente hierarquizada e marcada por profundas desigualdades de renda, a legislação urbana brasileira termina por se- parar a“cidade legal”– ocupada pelas classes médias, grupos de alta renda e apenas por parte dos setores populares – da“cidade ilegal”destinada à maior parte das classes de baixa renda. Assim, a legislação “acaba por definir territórios dentro e fora da lei, ou seja, configura regiões de plena cidadania e regiões de cidadania limitada” - ROLNIK, 1997, p. 13
Com a aprovação da Constituição 1988, as várias gestões municipais
começaram os movimentos políticos de urbanização de várias favelas
juntamente com a intensa participação de movimentos sociais das
comunidades. Assim, importantes aspectos da infraestrutura urbana,
principalmente saneamento básico, foram levados para favelas em vários
municípios, melhorando, mesmo que em parte, a vida dos participantes
dessas comunidades. (MARQUES, SARAIVA 2007).
É importante ressaltar que as melhorias conquistadas nas favelas no
âmbito espacial resolvem somente a superfície de um problema muito mais
complexo e amplo. São necessárias medidas em vários âmbitos, de formas
interdisciplinares, onde o urbanismo é somente um dos agravantes e/ou raíz 1973
1,1%
Gr fico Porcenta e Po i endo e Fa ela
1980
4,4%
1987
8,8%
1991
9,2%
2000
11,2%
Gráfico 1. Gráfico feito pela autora - fonte dados: http://revistas.pucsp.br/index.php/pensamentorealidade/article/viewFile/8306/6179
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e a solução vem, primordialmente, da construção de uma consciência social,
onde a falta da mesma é o gerador dos condicionantes antes citados.
4.1.3| MEIO AMBIENTE
Devido ao intenso descaso com o meio ambiente o processo de
urbanização brasileiro construiu cidades/espaços onde a conexão do ser
humano com a natureza se enfraqueceu muito. As novas premissas do
urbanismo visam reverter esse quadro, a fim de melhorar as condições de
vida do cidadão metropolitano. Premissas que buscam a conexão de locais
através de massa vegetal de qualidade e locais públicos, em sua maioria
residuais, que possibilitem esse contato há muito perdido.
Como apontado anteriormente, as ocupações ilegais ocorrem,
principalmente, em locais com alto risco ambiental e/ou zonas de proteção
ambiental. Desde locais que sofrem com enchentes, deslizamentos de
terras, encostas de morros, risco de soterramento. Essas áreas não são
escolhidas por acaso, são áreas ignoradas pelo mercado imobiliário que
sem possibilidade de produção com alto lucro sobre a terra, sobram nas
cidades e se tornam focos de ocupações. (MARICATO 1996). Portanto, a
solução desses dois paradigmas devem ser integrados e complementares
As ocupações em áreas ilegais não formam o único motivo pelo qual
essas duas esferas devem andar juntas. As novas formas de se pensar a
cidade devem compreender a crise ambiental da atualidade e responsabilizar
o antigo modelo urbanístico, por ser também ser gerador de altas demandas
de consumo, bens materiais, resíduos sólidos (ROMERO, SILVA 2010)
“A sustentabilidade urbana tem como foco, antes de tudo, a esfera social e de comunidade, já que os principais problemas urbanos têm sua origem nas relações humanas. Por outro lado, a expansão urbana nega os limites naturais impostos aos recursos finitos do planeta, colocando em conflito o sistema econômico vigente que promulga o desenvolvimento ilimitado do capital.“ROMERO, SILVA, 2010
Outro aspecto a ser observado é a relação do cidadão com o meio.
Uma cidade que possui um tecido urbano realmente integrado com o meio
ambiente apresenta melhores características para sua população e vivência
cívica e física do habitante. (FALCÃO 2006)
“O desenho urbano carece de representação do espaço e do meio ambiente, e esta deve expressar suas características intrínsecas quanto à apropriação do território, do ambiente e da edificação. A expressão do lugar nasce desse confronto de forças espaciais (naturais e artificiais) associadas à apropriação e uso pelo homem em âmbito social. Por outro lado, a expressão qualitativa do lugar se dá através da equidade socioambiental, no qual a cultura ambiental está inserida no processo de produção da paisagem urbana, dos espaços públicos, dos equipamentos urbanos, da diversidade morfológica edificada, mobiliário qualitativo, etc. “ROMERO, SILVA p.7 (2010)
Grafite obre oradia - cu ação taidin a
Figura 4. Grafite da ocupação estaidinha - artista Mundano
15TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|
4.1.3.1| ÁGUA
“A água tem o curioso poder de estimular a imaginação e de nos conscientizar sobre as possibilidades da vida. É uma matéria monocromática, aparentemente pigmentada, mas de fato incolor: um mundo monocromático em que se distinguem gradações infinitas de cor que a própria água reflete, fazendo as vezes de espelho. Acredito que exista uma ligação profunda entre a água e o espírito humano.”
ANDO, TADAO, p.72 (1991)
A história da humanidade sempre esteve ligada com rios e suas
encostas. Todas as grandes civilizações que já existiram tiveram um rio
como aliado ou principal desenvolvedor, seja para agricultura, quanto para
transporte e/ou lazer. Como a civilização egípcia com o rio Nilo, ou os
mesopotâmios com o encontro do Rio Tigre e Eufrates, o ser humano tem
sua vida e história ligação profunda e inexorável com a água.
Não seria diferente com São Paulo. A metrópole de São Paulo nasceu
das expedições de bandeirantes ao longo do Rio Tietê e Tamanduateí.
Atualmente, suas margens bloqueadas e suas águas impróprias para
qualquer tipo de uso, os cidadãos não só ignoram as suas presenças, mas os
veem como impecilho tanto na formação da paisagem como não percebem
os grandes ganhos de se ter um curso d’água dessa magnitude cortando
todo o território. Os rios são fonte de vida, lazer, podem ser usados como
transporte, atributo paisagístico, são instrumentos que ajudam a amenizar e/
ou controlar a temperatura, servem como pontos turísticos.
Há muitos exemplos de rios tratados ao redor do mundo, destaca-se
aqui dois, pois demonstram volume d’água e comprimento similar aos rios
Tietê e Tamanduateí. O rio Sena em Paris e o rio Han na Coréia do Sul. Ambos
apresentavam níveis de poluição e descaso similares aos rios paulistanos,
porém com intensa vontade política, tempo gasto, ambos elevaram-se como
pontos turísticos e a população da cidade retomou a sua afinidade com o rio.
Ambos possuem margens canalizadas, o Sena, apresenta em sua orla
ruas e avenidas importantes, o rio Han, por sua vez, tem novos parques e
ciclovias em suas margens. O importante a ser destacado é que mesmo
depois de perdida a sua função como atrativo dentro de uma cidade graças
a sua poluição, o rio pode retornar com seu intuito inicial e fazer parte tanto
da melhora da paisagem quanto um condicionante para elevar os potenciais
ambientais do local.
Rio an - or ia do ul
Rio ena - FrançaFigura 5. Fonte: http://en.wikipedia.org
Figura 6. Fonte: http://en.wikipedia.orgre
16Renata Ungaro Venitucci | 073666 |
4.1.3.2| MOBILIDADE
É impossível discutir os problemas ambientais apresentados
atualmente sem se discutir a questão da mobilidade urbana. A urbanização
muitas vezes sem estratégia de muitas cidades brasileiras combinadas
com o monopólio do modal rodoviário proporcionaram cidades divididas em
centros e periferias cujas únicas ligações são os automóveis. Estes, por sua
vez, apresentam diversos problemas, poluição, grande quantidade de água
para sua fabricação, consumo de bens naturais elevados sem contar nos
grandes congestionamentos.
Considerando que a margem do Tietê em quase sua totalidade tem as
barreiras das marginais e do intenso trânsito, o local de estudo apresenta a
chance única do encontro do cidadão com a margem do rio sem os impecílios
encontrados em outros locais.
No movimento moderno a apropriação de um automóvel era tida como
algo não só necessário a todos os cidadãos mas como um meio de vida.
Esse tipo de pensamento serviu de influência para moldar os investimentos
governamentais por décadas no país resultando na herança automobilística
que encontramos atualmente: descaso com o transporte público e com outros
modais, investimentos em sua máxima totalidade em ligações rodoviárias
pelo território. Com isso a intensa automobilização dos cidadãos torna-se um
problema no nível nacional. As relações entre a quantidade de automóveis
por pessoa é sempre crescente, por todo território brasileiro
Não somente perdas ambientais e urbanísticas, a qualidade de vida de
um cidadão que depende quase que exclusivamente do automóvel indivisual
para se locomover tende a ser baixa. O exercício físico é comprovadamente
uma forma de se prolongar e melhorar a vida de qualquer pessoa,
possibilitando que o cidadão utilize a bicleta como meio de transporte permite
que se observe uma população mais saudável.
O stress no trânsito é algo facilmente observado, o que gera aumento
de acidentes e brigas, elevando o risco de vida de todos os cidadãos ao
participar do tráfego. A lentidão do trânsito é apontada como 31% das
respostas em relação aos fatores responsáveis por acentuar a agressividade.
[fonte revista http://www.apatru.org.br/arquivos/%7B2A8F9EAD-10B9-
4B92-9AB2-2594D4496AE9%7D_32.pdf]
O congestionamento de São Paulo em 2013 bateu recorde mundial
de lentidão, com 300 km de vias congestionadas. Isso demonstra a falha do
transporte viário como solução única e ainda , a circulação de uma capital
sendo comprometida por causa do excesso de carros.
O espaço urbano perde sendo sua parte majoritária transformada em
Fa ela do Gato - li ação co o rio
Figura 7. Fonte: PowerPoint de Apresentação do projeto Conjunto - arq Wagner Germano
17TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|
on e tiona ento Record
Tr n ito ar inal Tiet
ECOSSISTEMA SAUDÁVEL
ECONOMIASAUDÁVEL
PESSOAS SAUDÁVEIS
CIDADERESILIENTE
Pre i a Urbani o u tent el
ruas e avenidas. Numa cidade cada vez mais densa e cara, os locais públicos
devem ser mais exaltados e utilizados. Além da grande imperbeabilização de
terra perdida, o encontro com o diferente deve ser feito em locais apropriados
e em geral na escala física e temporal do pedestre, sendo assim o automóvel
deve ficar numa hierarquia abaixo da dos automóveis.
“A cidade é um fluxo, um movimento.” a frase do jornalista Heródoto
Barbeiro exprime exatamente os desafios de se criar e pensar a cidade
contemporânea. Não somente os fluxos estão prejudicados com a grande
quantidade de carros, como a diminuição dos mesmos só trazem benefícios
para os cidadãos, portanto, a questão da mobilidade urbana não é além de
necessária, urgente.
4.2| CONCLUSÃO
Os problemas de mobilidade, déficit de moradia e ambientais são
interligados e exigem medidas compatíveis, complementares assim
conseguirão solucionar simultaneamente e conseguirão se alinhar de forma
satisfatória a melhorar a cidade como um todo.
Figura 8. Fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/07/sao-paulo-registra-congestionamento-recorde-com-300-km-de-filas.html
Figura 9. Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/36665-apos-chuva-sp-tem-o-recorde-de-transito-do-ano.shtmlcom/2011/04/pl-av.jpg
05LOCAL
“(...) atribuo um grande valor para as especificidades do lugar, ao clima, às condições
atmosféricas e ao background histórico e cultural de cada contexto. Todo o conjunto
de circustâncias constitui o ponto de partida da arquitetura (...)”
- Tadao Ando
19TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|
a a erde
t ec lia o Retiro
l Guil er eantana
Pari
5| LOCAL
5.1| LOCALIZAÇÃO
A área de intervenção estudada neste presente trabalho abrange os
quarteirões laterais do Conjunto Habitacional do Parque do Gato. A região
situa-se entre a Marginal Tietê e Av Presidente Castelo Branco que apesar
de ligarem a região a todos os pontos de São Paulo, limitam a locomoção de
pedestres e ciclistas da região. O fluxo intenso de carros na Av Presidente
Castelo Branco é um perigo constante para os habitantes do conjunto, que
ilhados dentro do local só contam com um semáforo para atravessar a
avenida e o local isolado do restante da comunidade do bairro é dominado
pelo tráfico de drogas.
Figura 10. maps.google.com
20Renata Ungaro Venitucci | 073666 |
5.2| O LOCAL
Há uma diversidade de problemáticas apresentadas nesse local. Dentro
do conjunto habitacional há uma atmosfera de medo criada pelos traficantes,
os moradores se sentem aprisionados e constantemente observados, com
isso, o sentido de comunidade foi enfraquecido quase que completamente
e os espaços de lazer não são usados por medo. Há uma crescente
descrença sobre o poder público e a sua influência, que piora ainda mais
as condições do local, uma vez que a sua manutenção e organização é de
poder municipal. Há lixo e despejos espalhados por todas as áreas públicas,
falta iluminação externa e presença mais marcante de trabalho social para
auxílio e reintegração dessa população.
Nos arredores, o tráfego de carros das duas marginais que limitam o
conjunto auxiliam a perder a relação tanto com o bairro quanto a comunidade
local. A segurança do conjunto seria mais presente se o mesmo estivesse
num local mais permeável com maior participação da comunidade dos
arredores. É possível perceber como as observações de Jane Jacobs1 a
respeito de segurança e permeabilidade são perfeitos para caracterizar-se.
Ilhados no complexo do Parque do Gato, os meliantes tornaram-se donos do
espaço, os habitantes do conjunto não podem reagir por medo e a população
do bairro ao redor não interfere por causa da barreira da Avenida Castelo
Branco.
Na lateral leste, há um local de despejo e triagem de materiais para
serem reciclados - é importante ressaltar a fragilidade desse trabalho num
local despreparado sem infraestrutura adequada. Uma série de ocupações
na praça lateral por catadores e moradores de rua. A construção da
ponte Orestes Quércia (Estaiadinha) representa a continuação do modal
rodoviário sobre o restante dos meios de transporte. O campo de baseball
encontra-se ao lado, é proibida a entrada de pessoas no campo, porém as
no a ocu aç e
Foto do ocal e radado
tria e ee aração
de ateirai
recicladoFigura 11. Fonte: vídeo Revivarte 2013Figura 12. Fonte: vídeo Revivarte 201
Foto 2. acervo autora
21TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|
suas extremidades são bem utilizadas pelos habitantes locais. O córrego é
quase esquecido e os rios que margeiam representam as históricas decisões
urbanísticas de ignorar a hidrologia da cidade.
5.2.1| HISTÓRICO BOM RETIRO
A região do Bom Retiro – hoje bairro do município de São Paulo –
localizada entre os rios Tietê e Tamanduateí, tem sua origem como área
de lazer para a população abastada da cidade. Os sítios e chácaras,
propriedades das elites paulistanas que formavam a região – como a
“Chácara do Bom Retiro”, que nomeou o bairro – eram usadas como “retiros”
de fim de semana. Os limites da região foram formados ao norte pela várzea
do rio Tietê, em uma das pontas, pelo antigo Horto Botânico, que vira Parque
da Luz no final do século XIX, e ao sul, pela ferrovia, inaugurada em 1867.
No ano de 1883 alguns bairros, se nucleavam completamente isolados
nos campos, servidos apenas por longos caminhos pontuados, de longe em
longe, de chácaras verdes e solitárias. Assim, a Luz, o Bom Retiro, a Lapa, o
Brás, a Penha, Santana e outros se enquadraram nessa situação.
Durante o século XIX a região era considerada área intermediária entre
a zona rural e urbana e dava acesso do centro da cidade ao rio. Porém a área
era considerada inapropriada para investimentos imobiliários por ser região
de inundações constantes da várzea do rio. Com a chegada de olarias na
região, que se instalam a partir da metade do século XIX, o Bom Retiro perde
um pouco de sua caracteristica de área de lazer, mas é a inauguração da
Estrada de Ferro São Paulo Railway (hoje Santos-Jundiaí), que transforma
de vez a região, trazendo depósitos e indústrias, assim como a primeira
Hospedaria dos Imigrantes, que foi construída para atender a grande
Marquês e Marquesa Três Rios - Bom Retiro
Manfred Mayer
Dulley
Outros
a a cara que ri inara o airro
a a Terreno cara ulle - 1 04ori inou o bairro
Figura 13. Fonte: Arquivo Aguirra do Museu Paulista da USP IN: MANGILI, L. Fig I.2 p.52
Figura 14. Fonte: MANGILI, L. mapa 12, p. 87
22Renata Ungaro Venitucci | 073666 |
Truzzi as ruas região também abrigavam alguns pequenos estabelecimentos
de serviço especializado, como sapatarias, e pontos de encontro entre a
população. Em “A indústria no estado de São Paulo em 1901”, Antonio Bandeira
Jr descreve também a existencia de “tendas de sapatarias, marcenarias,
fábricas de massas, de graxa, de óleos, de tintas de escrever, fundições,
tinturarias, fábricas de calçados, manufaturas de roupas e chapéus, que
funcionam em estalagens, em fundos de armazéns, em resumo: em lugares
que o público não vê. É incalculável o número de pequenas marcenarias,
nas quais às vezes trabalha um só homem (...) e das fábricas de bebidas e
de massas, vulgarmente conhecidas por macarrão” .
O bairro, majoritariamente italiano, abrigava também atividade
comerciais que ainda segundo Truzzi, não eram exercidas pelos italianos e
sim por imigrantes portugueses e, às vezes, por turcos, sírios ou libaneses.
“A antiga rua dos Imigrantes era passagem obrigatória para quem vinha do
centro da cidade, o que propiciou o estabelecimento deste tipo de atividade
na rua.” Truzzi lembra ainda a fundação do Sport Club Corinthians Paulista,
em 1910 na mesma rua, por operários, tendo como primeiro presidente o
alfaiate Miguel Bataglia.
A partir de 1900, a implementação de algumas obras públicas, tais
como a nova Estação da Luz, criou condições para que o bairro se expandisse
comercialmente. A partir dos anos 20, muitos judeus começaram a chegar
ao bairro e passaram a exercer aqui o comércio. No final dos anos 30 o
número de imigrantes judeus aumenta, em decorrência da 2ª Guerra Mundial.
Os italianos abandonam o bairro preferindo se instalar em outras regiões
da cidade, e o bairro do Bom Retiro passa a ter a maioria dos moradores
de origem judaica, abrigando uma grande comunidade que contava com
quantidade de imigrantes que chegava à cidade vindos do Porto de Santos.
Segundo o Inventário de Referências Culturais “Pode-se dizer que o
Bom Retiro estava no coração de uma rede mundial de comércio na segunda
metade do século 19, pois era pela ferrovia Santos-Jundiaí e por meio da
Estação da Luz que o café era transportado do interior paulista para o porto
de Santos e de lá para os mercados mundiais (Projeto IPHAN, 2005, p.03).
Essa concentração de indústrias e imigrantes, que acabavam
permanecendo no bairro pela possibilidade de emprego e pelos preços
baixos dos terrenos recém loteados, moldou a identidade do bairro. Nas
últimas décadas do século XIX, este processo de loteamento e urbanização
se intensificou, e o bairro chega ao século XX já essencialmente operário.
A própria cidade estava se transformando. Com o desenvolvimento das
lavouras de café, a população de cerca de 65 mil habitantes praticamente
quadruplica, dez anos depois, para 240 mil. Junto com a Luz e o Brás,
o Bom Retiro forma o primeiro conjunto de bairros operários da capital, e
assim a zona urbana se desdobra, incorporando o cinturão de chácaras do
período anterior.
A ocupação com construções fabris, ao longo das linhas férreas,
provocou o estreitamento das margens do Tamanduateí, ampliando no
século XX a dimensão das inundações, já comuns, na região. Em 1929
ocorre uma grande enchente, “as chuvas de fevereiro fizeram os córregos
e rios transbordarem, inundando as ruas situadas nas áreas baixas.” A
ocupação urbana, nesta época já se estendia entorno dos rios Pinheiros e
Tietê, amplificou a dimensão das enchentes demandando uma nova escala
de resgate e atendimento às vítimas.
A maior parte das casas era simples ou mesmo cortiços. Segundo,
23TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|
sinagogas e escolas judaicas.
Foi observado em um estudo sobre as as características da emigração
polonesa a partir dos anos 20, que “uma porção significativa de judeus
polacos dirigiu-se a áreas urbanas, enquanro polacos não-judeus (que
também emigraram) rumaram para áreas agrícolas. Dos primeiros, boa parte
acabou se dirigindo ao Bom Retiro.” Além do comércio, ainda tímido na
região, esses novos moradores iam principalmente para a indústria textil,
trabalhando em oficinas ou a prestação, isto é, algum comerciante lhes dava
uma quantidade de tecido que deveria ser vendida de casa em casa e paga
posteriormente.
A cidade continuou passando por tranformações, e as enchentes
constanstes da área dos rios Tietê e Tamanduateí foram motivo de atenção
para as administrações da cidade.
O plano embrionário da retificação e canalização do Rio Tietê,
desenvolvido pela Comissão de Saneamento das Várzeas, surgiu no século
XIX, sendo posteriormente assumido pela Comissão de Saneamento
do Estado. Sucederam vários estudos e projetos até 1923, quando foi
criada a Comissão de Melhoramentos do Rio Tietê. Após 1940, o projeto
de retificação do Tietê foi associado ao plano viário de Prestes Maia, que
previa a interligação das regiões norte e sul por meio de grandes avenidas. A
construção da Ponte das Bandeiras marca o início da implantação do projeto
de retificação que se estendeu até a década de 1960, com a abertura das
vias expressas marginais.
Na década de 60 se inicia outra mudança na identidade da região com a
chegada de coreanos ao Bom Retiro. Se instalando em outras áreas centrais
da cidade para morar (como a Vila Coreana, no bairro da Liberdade, onde se
o Retiro 1 4
praticavam aluguéis baratos e eles podiam se misturar ao já consolidado grupo
de imigrantes japoneses, diminuindo assim o choque cultural), os imigrantes
coreanos buscam trabalho na região do Bom Retiro, em confecções, como
costureiros, seja em oficinas, seja em trabalhos domiciliares realizados sob
encomenda, ou ainda como vendedores de roupas. Aos poucos, à medida
que alguns coreanos prosperavam, acabavam transitando para um negócio
próprio, seguindo um caminho parecido com o dos judeus
Hoje o bairro é tido como exemplo de bairro multicultural por essas
diversas levas de imigrantes de diferentes origens que tomaram a região
transformando a identidade do bairro de tempos em tempos, mas sempre
deixando marcas de sua participação na formação do Bom Retiro
Bom Retiro, Bó Ritiro dos italianos, o “pequeno shtetl” dos judeus,
bairro dos letreiros em coreano, do foot-ball dos ingleses, dos sinos da igreja
Figura 15. Fonte:http://noticias.r7.com/sao-paulo/fotos/exposicao-em-sao-paulo-mostra-enchentes-do-seculo-passado-20100818-11.html#fotos
24Renata Ungaro Venitucci | 073666 |
armênia, da identidade sul-americana dos bolivianos, da “Acrópole” dos
gregos, dos nordestinos, dos comerciantes e dos sacoleiros, do café e da
ferrovia que tornaram São Paulo uma metrópole – o Bom Retiro é um mapa-
mundi encravado na cidade de São Paulo.
Esta característica multiétnica do bairro tem sido valorizada pela mídia,
sempre associada à imagem de um lugar de vivência harmônica entre os
povos, como sugere o título da matéria publicada no Diário Popular em
02/08/1996: “O Bom Retiro se identifica com a trajetória dos imigrantes” . As
marcas de múltiplas identidades/etnicidades presentes no bairro são vistas
como sinais claros da “‘São Paulo dos mil povos’, a metrópole que acolhe a
todos aqueles que venham em busca do trabalho feito com dedicação.” Não
podemos, porém, ignorar a ideologia implícita de valorização do trabalho,
que é típica de um bairro operário de origens imigrantes.
5.2.2| BREVE HISTÓRICO RIO TIETÊ E TAMANDUATEÍ
A colonização da cidade de São Paulo está intrinsecamente ligada a
aos rios Tietê e Tamanduateí, assim faz-se necessário um breve panorama
da colonização para compreensão da importância histórica e geográfica dos
mesmos para a cidade.
Em São Vicente os colonizadores chegavam e se deparavam com as
nascentes do Rio Tamanduateí, sendo o mesmo utilizado para comércio e
transporte ao longo dos anos.
Com o tempo foi feito um caminho que seguia o trajeto do rio até o
córrego Anhangabaú onde foi fundado Pátio do Colégio pelos jesuítas, que
deu início a colonização da cidade e um secundário na serra pelo Padre
Anchieta.
Os dois caminhos, abasteciam a cidade de pessoas e mercadorias e
com o passar do tempo essas pequenas vilas e fazendas deram origem à
cidade de São Paulo.
P tio do ol io
5.2.2.1| RETIFICAÇÃO DOS RIOS PLANO DE AVENIDAS PRESTES MAIA
Com o intuito de higienização da cidade, especulava-se retificar os rios
desde o início do século XX, pois ambos apresentavam os mesmos regimes
de cheias - o rio transbordava, causava enchentes e depois mudava-se o
curso. Em 1849 inicia-se as obras no rio Tamanduateí, enquanto os registros
de drenagem das várzeas remontam desde de 1866. (FALCÃO 2006).
Figura 16. revelafacilpb.blogspot.com
25TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|
a a Rio Ta anduateRio retificado eito ori inal
Figura 17. Fonte: DPH
Foto Rio Ta anduate Retificado d c 1 0
Figura 18. Fonte: DPH
Foto Rio Tiet Retificado co ar inal 1
Figura 19. Fonte: DPH
É importante ressaltar que essas obras eram mais de conveniência
para a Light (empresa de energia elétrica da época) do que para a cidade.
A legislação do momento juntamente com a alta carga tributária acabavam
por inviabilizar acúmulo de terrenos não edificados pelo mesmo proprietário.
Com a retificação das margens e drenagem das várzeas os terrenos lindouros
tornaram-se altamente valorizados e a Light além de ganhar com um curso
mais veloz - na produção hidroelétrica de energia - adquiriu vários terrenos
de encostas. A Prefeitura utilizou a encosta do Rio Tietê para equipamentos
urbanos, comprando os terrenos novamente, beneficiando a Light de mais
uma maneira. (FALCÃO 2006)
26Renata Ungaro Venitucci | 073666 |
lu tração Plano de enida Pre te aia
As obras de retificação do rio Tietê iniciaram somente na déc de
1950, porém a questão de insalubridade da área já eram críticas há muito
mais tempo. Durante as obras já se fizeram necessárias o processo de
desassoreamento em seu leito, pois havia um grande volume de sólidos no
rio.
Juntamente com o processo de retificação dos rios, iniciou-se o plano
de avenidas Prestes Maia, onde a ligação da cidade seria feita por largas
avenidas tendo como principal modal o rodoviário.
A industrialização do país acabou por ser tardia, desordenada e
concentrada em São Paulo, tendo como principal forma de escoamento
o transporte rodoviário feito através das avenidas. (FALCÃO 2006)
A consequência é que atualmente a cidade enfrenta engarrafamentos
quilométricos que batem recordes e o rio num traçado retilíneo não natural é
sufocado e ignorado por causa disso.
5.2.3| HISTÓRICO FAVELA DO GATO
A ocupação teve início na década de 1990 com aproxidamente 350
barracos sustentados por palafitas numa área de risco, tanto por ser na beira
de rios já poluídos, quanto por encontrarem-se exatamente no caminho de
um gasoduto da Comgás que chegou a causar um incêndio no começo dos
anos 2000.
Com o incêndio, a prefeitura construiu um alojamento que abrigava
aproximadamente 145 unidades, servindo também para os que estavam em
cima do gasoduto.
Diferente de outras ocupações, a favela do gato não apresentava
liderança formal, era somente um aglomerado de pessoas, em sua maioria
Figura 20. Fonte:http://tetomodarock.files.wordpress.com/2011/04/pl-av.jpg
27TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|
i ta a rea ocu ação
Foto ocu ação
catadores de materiais reciclados, sem infraestrutura para achar local melhor
para se abrigar e recolhiam materiais pela região. Dentre tantos problemas,
o local apresentava uma boa localização para se arranjar trabalho e se
locomover pro mesmo.
Após intensa disputa entre a Compainha de Engenharia de Trânsito e a
Secretaria de Habitação foi decidida que a favela do gato não teria remoções
forçadas e o conjunto habitacional seria feito no local da ocupação mesmo.
Corresponde a 9 blocos residenciais com 486 unidades no total.
O projeto inicial não foi completamente implantado não contemplando
a construção do parque linear na margem do rio Tietê. O aluguel social no
conjunto não foi tão bem recebido quanto idealizado, houve muitas vendas
ilegais das propriedades e o nível de inadimplência é alto. Existe um conflito
latente entre prefeitura e um projeto de reintegração de posse e atual
moradores ilegais que não faziam parte do programa inicial. Estima-se que
pelo menos 40% dos moradores são ilegais dentro dos termos estabelecidos
incialmente.
Figura 21. Fonte: Apresentação Projeto Pq do Gato - Acervo: Arq Wagner Germano
Figura 22. Fonte: Apresentação Projeto Pq do Gato - Acervo: Arq Wagner Germano
28Renata Ungaro Venitucci | 073666 |
5.2.4| PROJETO PARQUE HABITACIONAL PARQUE DO GATO
Em vista de abrigar os ocupantes da favela do Gato, o projeto foi
concebido pelo arquiteto Wagner Germano, até então funcionário da
COHAB, feito para ocupar 594 unidades em 3 tipologias diferentes (inserir
dimensões). As tipologias são dispostas lateralmente, contando com um
corredor de acesso pequeno entre as unidades. Os prédios são em fita,
levemente deslocados, procurando mostrar a preocupação do arquiteto com
o uso e apropriação do espaço público do conjunto.
Nesse conjunto de dois prédios, um deles tem o térreo sem tipologias
de habitação, um deles tem o térreo sem habitação para permitir a formação
de uma praça interna.
O conjunto conta com uma creche, quadras abertas e playground.
É importante ressaltar a falta de cuidados com o espaço ali apresentados.
A manutenção fica a cargo da prefetitura que não consegue dar conta da
frequencia dos pedidos abertos.
O tráfico talvez seja o problema mais devastador da área, todos os
moradores entrevistados se dizem com medo dos traficantes que permanecem
nas áreas públicas constantemente observando a movimentação. O
isolamento do conjunto ajuda nesse quesito, uma vez que a participação
popular ativa com uma comunidade forte ajudam a inibir a predominância
no tráfico.
roqui Pro eto
Figura 23. Fonte: Apresentação Projeto Pq do Gato - Acervo: Arq Wagner Germano
Figura 24. Fonte: Apresentação Projeto Pq do Gato - Acervo: Arq Wagner Germano
29TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|
Ti olo ia
itnet 1 dor it rio
2 dor it rio
aquete Pro eto
Figura 25. Fonte: Fonte: Relatório Diagonal 2010
Figura 26. Fonte: Apresentação Projeto Pq do Gato - Acervo: Arq Wagner Germano
30Renata Ungaro Venitucci | 073666 |
lantação
Figura 27. Fonte: acervo autora
31TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|
Parque do Gato
Fonte: Apresentação Projeto Pq do GatoAcervo: Arq Wagner Germano
Figura 28. Figura 29. Figura 30.
Figura 31. Figura 32. Figura 33.
Figura 34. Figura 35. Figura 36.
32Renata Ungaro Venitucci | 073666 |
Figura 37. Figura 38. Figura 39. facebook.com/projetorevivarte
5.2.5| PROJETO REVIVARTE
Nas empenas dos prédios do conjunto habitacional encontram-se
painéis de grafite realizados pelos artistas do projeto Revivarte. Através da
arte, esses grafites transformaram os prédios do conjunto em verdadeiros
marcos urbanos, tanto para a cidade de São Paulo, quanto para o grafite
como forma de arte. Assim, torna-se necessário um breve histórico do grafite
para a melhor compreensão do poder transformador da arte urbana.
O consenso sobre o nascimento do grafite não é definido. As duas
hipóteses apresentadas são: que os humanos pintando em cavernas sobre
as várias formas de vida que os cercavam já podem ser consideradas uma
forma primitiva de grafite (LARA 1996). Porém, outra hipótese apresentada é
que essas primeiras representações são somente uma forma de comunicação
do ser primitivo, não se caracterizando como grafite, mas como arte em geral,
sendo assim, o grafite se inicia por volta dos anos 70 nos EUA onde era mal
visto tanto pelas autoridades, quanto pela população como ainda uma forma
de pixação. Atualmente, o grafite já ganhou status de movimento artístico. É
estudado por quem é teórico do assunto e a população em geral já consegue
compreender melhor as expressões artítiscas.Pain i de Grafitte
Pain i de Grafitte
O grafite se consolida como uma expressão quase totalmente urbana
mostrando que não somente uma cidade necessita de espaços cuja sua
urbanidade seja planejada e digna, mas também formas de apropriação do
cidadão com o local e a como a cultura urbana tem a sua própria expressão
individual. “(...) a cidade é o habitat natural do homem civilizado. Por essa
razão ela é uma área cultural caracterizada pelo seu próprio tipo cultural
específico peculiar. (...)” (PARK 1967). O grafite faz esse intermédio
transpassando as diversas dimensões no qual uma cidade está subjulgada;
a dimensão temporal, física, movimento e a artística.
33TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|
O projeto Revivarte busca através do grafite transformação social e
do espaço urbano (retirado do site Revivarte) e a primeira edição foi feita no
Parque do Gato. Os painéis constituíram-se das paredes laterais dos prédios
do conjunto com 15 m de altura cada uma se tornando uma galeria a céu
aberto com temas do cotidiano urbano. Representam não somente um ganho
para a cidade de São Paulo mas uma caracterização única do conjunto em
que foi realizado. Isso ajuda na construção de identidade da população ali
residente, retirar o estigma negativo de favela valorizar o espaço e seus
cidadãos.
Os artistas participantes foram Fel, Rmi, Subtu e Mundano, com
idealização inicial do Subtu. Realizaram as pinturas em conjunto oficinas
de arte e de recreação junto com outro projeto que ali acontecia, o Oásis
do Gato em meados do ano 2013. O resultado foi bem recebido tanto pela
população quanto pela comunidade artística.
Nesse ano os artistas voltaram com novos painéis, novamente bem
vistos pela população e pela crítica artística.
Pain i de Grafitte
Figura 40. Figura 41. Figura 42.
Figura 43. Figura 44. facebook.com/projetorevivarte
34Renata Ungaro Venitucci | 073666 |
cu ação taiadin a e ocu ada
ituação atual - terreno e barraco
5.2.6| OCUPAÇÕES ATUAIS
Na confluência formada entre a foz do Tamanduateí e a união das
marginais Tietê e Av do Estado, encontrava-se uma ocupação iniciada
durante a mesma época da ocupação da Favela do Gato. No projeto esse
quarteirão seria feito mais moradias, porém com a construção da ponte
Estaiadinha, em 2013 as famílias foram forçadas a se removerem ocupando
novamente o leito do Tietê, onde inicialmente era a Favela do Gato. Depois
muitas famílias dispersaram-se em outros assentamentos com ajuda do
MTST. Estima-se a quantidade de 200 famílias, atualmente restantes dessa
ocupação, encontram-se no fim da Av Estado, sem abrigo decente, contando
somente com o auxílio de programas como bolsa-aluguel.
Essa remoção não só representa um retrocesso na luta por moradia
como demonstra que o setor imobiliário, assim como de mobilidade, não
apresenta nenhum apreço ético pelos cidadãos que ali constavam. Demonstra
que o capital privado ainda é mais importante do que compromissos éticos
de direito com os cidadãos ali locados.
Em novembro houve um protesto, pouco divulgado na mídia, entre
moradores e polícia. É importante ressaltar a agressividade da polícia mesmo
com um problema tão delicado.
Outra ocupação ocorre aonde era a ocupação inicial do Parque
do Gato, e nas praças ao redor. Essa ocupação possui menos pessoas,
aproximadamente de 20 a 30 núcleos (é difícil ver núcleos familiares ali,
há mais pessoas sozinhas ou em casais - o registro fotográfico dessa área
também foi comprometido devido a advertências de segurança feitas a
autora). Essa ocupação possui outra raíz, é de catadores que trabalham em
Figura 45. maps.google.com - foto aprox 2013
Foto 3. foto tirada sob ângulo similar - Fonte: acervo pessoal - 2014foto tirada sob ângulo similar - Fonte: acervo pessoal - 2014
35TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|
Fonte: Acervo Pessoal - 2014
cu ação de alo ada 201
nte rante re ane cente aca ado 201
cu aç e recente - atadore de ateriai recicl ei
Pq do Gato
no a ocu aç e
tria e ee aração de ateirai reciclado
conjunto com o depósito de materiais recicláveis da orla do Parque do Gato.
Os barracos encontram-se na margem do Tietê e oferecem riscos a saúde e
as barracas das praças ao redor não oferecem abrigo real contra intempéries.
No local é possível perceber o intenso uso de drogas dos ocupantes e a
degradação em que os mesmos encontram-se. Os habitantes do Parque do
Gato deixam de usufruir das praças por causa dessa população.
Figura 46. www.facebook.com/Ocupação-EstaiadinhaFigura 47. www.facebook.com/mtstbrasil?fref=photo
Figura 48. www.facebook.com/mtst
36Renata Ungaro Venitucci | 073666 |
Gin io de u
a o de a eball5.3| ESTÁDIO DE BASEBALL MIE NISHII
Inaugurado em meados da déc de 50 nas comemorações do
Cinquentenário da Imigração Japonesa no Brasil, o campo abrigou os jogos
Pan-Americanos de 1963 e a vinda do time da Universidade de Keio em 1988
- no ano de comemoração dos 80 anos da imigração japonesa. Em 1998, os
dois times universitários disputaram no estádio entre si, pela primeira vez,
fora do Japão.
O campo também abriga um pequeno campo de Gateball, utilizado
pelos imigrantes orientais do bairro , um campo de softball e um ginásio de
sumô - o primeiro ginásio exclusivo para prática de sumô fora do Japão.1
Figura 49. Figura 50. Figura 51. Figura 52. www.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/esportes_mie_nishi
Figura 53. Figura 54. Figura 55. Figura 56. Figura 57. Figura 58. www.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/esportes_mie_nishi
06LEVANTAMENTO
“A arquitetura é ligada à situação. Diferente da música, da pintura, da escultura,
do cinema e da literatura, uma construção (imóvel) se entrelaça com a experiência
de um lugar
- Steven Holl
38Renata Ungaro Venitucci | 073666 |
6| LEVANTAMENTO:
6.1| METODOLOGIA:
O presente trabalho foi feito através de visitas realizadas no local,
acompanhadas da assistente social dentro do conjunto Parque do Gato e no
bairro Bom Retiro sozinha. É importante ressaltar que o registro fotográfico
ficou comprometido pela segurança do local. Tanto moradores quanto
a assistente social foram enfáticos em proibir as fotos do local temendo
represálias dos meliantes do conjunto que se encontram nas áreas públicas
e constantemente observam os movimentos das pessoas, principalmente
pessoas de fora, nessas áreas. O mesmo ocorreu no depósito de materiais
para triagem e nos arredores onde o raio de influência é exercido.
6.2| MORFOLOGIA URBANA
6.2.1| CRESCIMENTO
Como dito anteriormente, o bairro do Bom Retiro estruturou-se como
um bairro tipicamente industrial com intensa imigração. Como o bairro do
Bom Retiro foi um dos primeiros de São Paulo a sofrer loteamento, seus
lotes tem testada menor e são mais cumpridos. Apresentam características
similares até os dias atuais.
Os maiores condicionantes para o crescimento do crescimento do
Bom Retiro foram a ferrovia e o Rio. Enquanto a ferrovia atraía população e
se adensava, o rio com as suas enchentes ‘expulsavam’.
Área mais próxima do centro Maior adensamento
Área mais próxima da várzeaMenor adensamento
Área ocupada pós retificação
1
2
3
Rio
Ferrovia
a a etore do o Retiro - 1 0
Figura 59. Sara Brasil IN: MANGILI, L. Mapa 7, p.63
39TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|
Rio
6.2.2| T T -
6.2.2.1| SÉ:
Dados Habitacionais Sé:
Cortiços 1357
Favelas 2
Loteamentos Irregulares: 0
Núcleos Urbanizados: 1
6.2.2.2| BOM RETIRO:
Dens. Demográfica: 44hab/Ha
Média de moradores por domicílio: 3,25
Dimensão: 140,91 Ha
População Absoluta: 6.202
Número de domicílios: 1910
Fonte: Habisp
6.2.2.3| T R TR R T R
*SM
= S
alár
io M
ínim
o
Gráfico 2. Dados IBGE
Gráfico 3. Dados IBGE
6.2.2.4| GR F R T R T R
40Renata Ungaro Venitucci | 073666 |
6.2.2.5| R P R P T R T R
Gráfico 4. Dados IBGE
Através dos dados apresentados é possível concluir que o bairro
do Bom Retiro é um bairro central de renda baixa, com grande número
de cortiços e quase totalmente no setor secundário e terciário, com alta
densidade demográfica e economicamente homogêneo.
6.2.3| LEVANTAMENTO FÍSICO
A seguir serão apresentados mapas dos levantamentos físicos da
região, feitos através de visitas da autora ao local. Com os mesmos a intenção
é apresentar uma compreensão profunda de todos os aspectos que a região
possui, contribuindo assim para um projeto completo e completamente
embasado na realidade.
SéLapa
Mooca
Santana
6.2.3.1| P P
0 100
Legenda:vaziocheio
Através desse mapa é possível notar a intensa ocupação da área, as poucas áreas vazias encontram-se próximas ao conjunto estudado.
SéLapa
Mooca
Santana
6.2.3.2| MAPA USOS
0 100
Legenda:residencialres + comérciocomércio
Legenda:institucionallazer
Através desse mapa é possível notar que a maior parte das ocupações tem seu uso comercial e/ou misto, caracterizando a área com boa oferta comercial.
SéLapa
Mooca
Santana
6.2.3.3| MAPA GABARITOS
Legenda:térreo2 pav3 a 5 pav
Através desse mapa é possível notar que a maior parte dos gabaritos encontrados estão entre 3 a 4 pav.
Legenda:6 a 7 pav8 a 10 pav> 10 pav
0 100
SéLapa
Mooca
SantanaLegenda:fluxo intensofluxo médiofluxo baixo
Através desse mapa é possível notar as intensidades dos fluxos, a Castelo Branco junto com a Av do Estado e a marginal apresentam os maiores fluxos da região.
6.2.3.4| MAPA DE FLUXOS
Legenda:fluxo locallocal de estudodireção
0 100 200
CLUBE DE REGATAS
GAVIÕES DA FIEL
ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA SP
ESTÁDIO OSWALDO TEIXEIRA DUARTE
ESTÁDIO PACAEMBU
Marginal Tietê
Av Santos D
umont
Av do Estado
Radial Leste
SéLapa
Mooca
Santana
6.2.3.5| MAPA TRANSPORTES
Mapa na escala da cidade para a região do Bom Retiro.A região encontra-se bem servida de modais de transporte e é ligada por principais avenidas para todas as regiões de São Paulo.
0 500
Legenda:bairroestação metrôconexão linha azul + vermelha
Legenda:vias marginaisvias estruturais
SéLapa
Mooca
Santana
M
6.2.3.6| P TR P RT - U
0 100 200
Legenda:linhas existentesmetrô magenta metrô azul
A região apresenta-se com boa oferta de transporte público. armêniaponto de ônibuscorredor ônibusplanejado
M
HOSPITAL SANTA ISABELSANTA CASA DE SP
HOSPITAL SAMARITANO
HOSPITAL ALBERT
EISNTEIN
INST. TRATAMENTO DO CÂNCER INFANTIL
UBS BOM RETIRO
UBS BORACÉIAUBS VILA ROMANA
UBS BOM RETIROINTER HOSPITAL PARI
HOSPITAL MILITAR
PA NS. SENHORA DO PARI
SENAI
SENAC
INST. NACIONAL DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
INST. FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SP
ETE CARLOS DE CAMPOS
SENAI
SENAI
FACULDADE PAULISTA DE PESQUISA E ENSINO SUPERIOR
INSTITUTO MACKENZIE
FAAP
FACULDADE SANTA MARCELINA
PUC
SUMARÉ FACULDADE
UNIVERSIDADE ANHEMBI MURUMBI
SENAC
LIGA DAS ESCOLAS DE SAMBA
SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA
TEATRO MUNICIPAL
PINACOTECA
DESINFETÓRIO CENTRAL
OFICINA CULTURAL OSWALD DE ANDRADE
CLUBE DE REGATAS
GAVIÕES DA FIEL
ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA SP
ESTÁDIO OSWALDO TEIXEIRA DUARTE
ESTÁDIO PACAEMBU
SéLapa
Mooca
Santana
6.2.3.7| MAPA EQUIPAMENTOS DIVERSOS
0 500
Mapa na escala da cidade para a região do Bom Retiro.A região encontra-se bem servida de equipamentos diversos.
Legenda: ens. superior
saúde
cultura
lazer/esporte
patrimônio tombado
SéLapa
Mooca
Santana
0 500
Mapa mostrando as EMEIs por perto e seu raio de influência, é possível perceber a falta desse equipamento na região.
Legenda:
EMEI
6.2.3.8| MAPA INFLUÊNCIA EMEI
SéLapa
Mooca
Santana
6.2.3.9| MAPA INFLUÊNCIA EMEF
Mapa mostrando a quantidade de EMEFs pelo bairro, a região encontra-se bem servida desse equipamento.
Legenda:
EMEF
0 500
SéLapa
Mooca
Santana
6.2.3.10| MAPA INFLUÊNCIA EE
Mapa na escala da cidade para a região do Bom Retiro.A região encontra-se bem servida de modais de transporte e é ligada por principais avenidas para todas as regiões de São Paulo.
Legenda:
0 500
HOSPITAL SANTA ISABELSANTA CASA DE SP
HOSPITAL SAMARITANO
HOSPITAL ALBERT
EISNTEIN
UBS BOM RETIRO
UBS BORACÉIAUBS VILA ROMANA
UBS BOM RETIRO
HOSPITAL MILITAR
PA NS. SENHORA DO PARI
INTER HOSPITAL PARI
PA PAULO RIBAS BRAGA
SéLapa
Mooca
Santana
6.2.3.11| MAPA INFLUÊNCIA UBS
0 500
Mapa mostrando somente os equipamentos de saúde da região, demonstra boa quantidade desse tipo de equipamento
Legenda:
UBS Hospital
52Renata Ungaro Venitucci | 073666 |
6.2.4| LEVANTAMENTO GEORGE CULLEN
O levantamento do bairro foi feito através dos moldes do Gordon Cullen
- “A Paisagem Urbana”. Foi percorrido um caminho a pé (mostrado pela linha
vermelha no mapa abaixo) documentando a experiência através de fotos,
escrita e croquis.
O passeio pelo bairro do Bom Retiro permite-nos observar com precisão
um bairro antigo se modernizando. Apesar do restante de São Paulo apresentar
uma alta verticalização, no Bom Retiro o gabarito é majoritariamente entre 2 e
4 pavimentos. O maior uso das tipologias é mista, com térreo comercial e/ou
industrial e segundo pavimento voltado para habitação.
Apesar do gabarito ser praticamente constante, as tipologias apresentam-
se de forma heterogênea. As cores, os padrões, as formas não são uniformes
não caracterizando o bairro com uma estética própria. É possível perceber
vários imóveis vazios, abandonados ou para locação, sugerindo que mesmo
sendo um bairro central, a procura por locações ali não é tão grande.
6.2.4.1| A SENSAÇÃO DO PEDESTRE:
6.2.4.1.1| FÍSICA:
As calçadas são precárias em todos os percursos, são poucos os
locais que apresentam espaço suficiente para uma pessoa passar e muitas
vezes as árvores encontram-se quebrando a calçada existente. Cadeirantes
e pessoas com mobilidade reduzida são obrigados a se locomover pelas
ruas, pois é impossÌvel fazer esse percurso pelas calçadas.
A vegetação não é abundante, não exerce sua função de proteger o
pedestre, são insconstantes e plantadas em locais inóspitos, muitas vezes
Figura 60. Mapa de percurso - metodologia George Cullen
53TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|
atrapalham mais do que ajudam. Em sua maioria são árvores há pouco
tempo plantadas que não fazem sombra.
É possÌvel ver um pouco de ciclistas próximos ao Parque do Gato,
porém o restante do bairro as ruas pertencem aos carros, percebe-se poucos
ciclistas que andam ao lado das bicicletas demonstrando a insegurança que
sentem. Em todas as ruas foram observados carros estacionados em ambos
os lados, um trânsito além de confuso, que serve para expulsar qualquer outro
meio de transporte, sem contar que a maior frequencia de estabelecimentos
comerciais serem estacionamentos.
O mobiliário urbano é ineficiente e esteticamente indesejável, as ruas
são mal iluminadas, a fiação é externa e demonstra várias ligações indevidas.
A sinalização urbana é deficiente, porém acaba por cumprir o seu papel. A
pixação é algo constante na região mostrando o descaso com o sentido de
lugar. Há muitos dejetos e lixos espalhados pelas calçadas, além da falta de
lixeiras.
6.2.4.1.2|SENSORIAL:
Percebe-se que é um bairro com muita história, apesar de serem pouco
cuidadas. O bairro tem sua configuração populacional bem diversificada, é
possível andar pela rua e ouvir vários idiomas falados. Dentre os quais mais
se nota atualmente é o espanhol. Pessoas de diversas etnias convivem
juntas mostrando que a maior riqueza do bairro È exatamente a diversidade.
O trânsito é caótico, amedontrador, mesmo porque a sinalização
do bairro é precária e confusa. Sendo um bairro comercial é de extrema
importância a melhoria dos percursos para os pedestres. Não existe uma
única rua onde isso acontece.
Há muitos catadores de materiais reciclados pelo bairro e moradores
de rua, apesar do indício d favelização ser quase nulo.
A sensação é de um bairro nem um pouco atraente que necessita
uma revitalização urgente.Há muitos catadores de materiais reciclados pelo
bairro e moradores de rua, apesar do indício de favelização ser quase nulo.
A sensação é de um bairro nem um pouco atraente que necessita uma
revitalização urgente.
0 100
A
01
01
02
02
03
03
04
04
05
05
06
06
07
07
11
11
10
10
09
09
08
08
12
12
13
13
14
14
15
15
B
C
D
posto
transpostadora
conserto
móveis
escola
infantil
loja tecidos
*
*
*
*
**
**
**
****
******
************
******
****
****
****
****
****
**
**
****
**
**
**
**
**
**
**
**
**********
**
****
****
****
****
**************
**
****
**********
**************
********
******
**
****
******
************
*
marmo-raria oficinaestaciona-
mento
AV DO ESTADO
R BARRA DO TIBAGI
AV PRES CASTELO BRANCO
R MATARAZZO
R IRRADIAÇÃO
R ADORAÇÃO
R CARMO
ZACCUR
R ANTONIO
HAJJAR
-CALÇADAS:péssimas, quebradas, pequenas demais, poucos lugares possuem passeio contínuo
- VEGETAÇÃO:dispersa, não protegem o pedestre do sol
-MOBILIÁRIO URBANO:esparço, em locais inade-quados, descuidados, a ão aparente
-PADRÕES OBSERVADOS:Visão serial, conceito de lugar nas ruas Carmo Zaccur, Adoração, Irradiação
Legenda:* imóvel industrial e/ou comer-cial sem uso determinado ** residencial& imóvel residencial abando-
nado
CORTE A
CORTE B
CORTE C
CORTE D
0 100
01
01
02
02
03
03
04
05 06
06
07
07
10
11
11
12
12
08
08
04
09 10
09
C
B
A
R JAVAÉS
R GEN FLO
RES
R JARAGUÁ
R NEWTON PRADO
AV PRES CASTELO BRANCO
R MATARAZZO
R BARRA DO TIBAGI
*
*
* *
**
*
*
*
**
**
***
*
***
*
*
*
**
****
lojapeças
mercado
****
****
****
****
****
******
**
*
*
*
******
****
borra-
chariateatro
serra-lheria misto
mercado
estac
ionam
entoestacionam
ento
estacionamento
estacionamento
polícia
civil
****
********
**
**
******
******
****
**
M
&&
*****
**
****
***
****
****
***
*****
*
*
madeireira
bar
mercado
oficina
borracharia
indústria
têxtil
oficinaoficina
oficin
a
bar
indústria
têxtiltransporta-
dora
lojatecidos
**
***
***
**
** **** **
** ****
****
** ** ******
**
**
** **
**
lojacaixas
lojateci-dos
oficina
oficina
oficina
oficina
-CALÇADAS:medianas, caminhos muitas vezes quebra-dos, porém com taman-hos bons de calçadas
- VEGETAÇÃO:dispersas, não prote-gem o pedestre das intempéries
-MOBILIÁRIO URBANO:esparço, em locais inad-equados, descuidados,
a ão aparente
-PADRÕES OBSER-VADOS:visão serial em alguns locais, mas em geral, o caminho se apresenta de forma muito heterogêna
Legenda:* imóvel industrial e/ou comercial sem uso determi-nado ** residencial& imóvel residencial aban-donado
CORTE A
CORTE B
CORTE C
0 100
01
02
07
08
06
01
05
0302
06 07
04
04
08
08
09
09
10
10
11
11
12
12
13
13
AV PRES CASTELO BRANCO
AV PRES CASTELO BRANCO
R SÉRGIO TOMÁS
R JARAGUÁ
R CRISTINA TOMÁS
R DOS ITALIANOS
quadras esportivas
ferramentas
industriais
oficinaoficina
boliche
gaviões
fiel
gaviões
fiel
gaviões
fiel
desentu-
pidora
gaviões fiel
*
** **
****
**
**
*
*
*
*
*
**
**
** *
*
*
* depósito de materiaisrecicláveis esta-ciona-mento
MM
bar
& &&&
*
-CALÇADAS:medianas, caminhos muitas vezes quebra-dos, porém com taman-hos bons de calçadas
- VEGETAÇÃO:dispersa, não protegem o pedestre do sol
-MOBILIÁRIO URBANO:esparso, em locais inad-equados, descuidados,
a ão aparente
-PADRÕES OBSER-VADOS:justaposição, no começo das ruas Cristi-na e Sérgio Tomás, há encontro com vege-tação e “elementos ligados ao campo”.
Legenda:* imóvel industrial e/ou comercial sem uso determi-nado ** residencial& imóvel residencial aban-donado
0 100
01
01
07
07
08
0808
09
09
06
06
02
02
03 04
04
05
05
10
1010
AV PRES CASTELO BRANCO
PONTE ORESTES QUÉRCIA
-CALÇADAS:péssimas, muitas vezes inexistentes, local mais impróprio para pedes-tre do passeio inteiro
- VEGETAÇÃO:quase nula
-MOBILIÁRIO URBANO:esparso e somente es-pecializado para carros
-PADRÕES OBSER-VADOS:nenhum
Legenda:* imóvel industrial e/ou comercial sem uso determi-nado ** residencial& imóvel residencial aban-donado
0 100
06
06
02
02
03
03
04
04
05
05
08
08
07
07
01
01
AV PRES CASTELO BRANCO
RIO TIETÊ
CAMPO BASEBALLMENOR
CAMPO BASEBALLMAIOR
GATEBOL
RIO TAMANDUATEÍ
CRECHE
QUADRAS
USINA DE TRIAGEMMATERIAISRECICLADOS
CENTR
O
COM
ERCIA
L
SUMÔ
CÓR
REG
O
-CALÇADAS:medianas, apresentam caminhos descontínu-os, porém de todos os locais observados são as melhores calçadas
- VEGETAÇÃO:razoável
-MOBILIÁRIO URBANO:esparço, descuidados
-PADRÕES OBSER-VADOS:aqui e além, dentro do campo de baseball, há a contraposição de um local esparso e da cidade no entorno.
Legenda:* imóvel industrial e/ou comercial sem uso determi-nado ** residencial& imóvel residencial aban-donado
59TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|
6.2.5| T T -
O segundo levantamento, mais sensorial, teve como conceito o passeio
do pedestre pelas vias seguindo as premissas contidas no livro “A Imagem
da Cidade” do autor Kevin Lynch. O mapa mental, apresentado na próxima
página, foi desenvolvido através de passeios pela área e observando aonde
acontecem encontros, marcos do local, etc.
6.2.5.1| MAPA MENTAL:
É possível notar as barreiras muito presentes, no caso, as vias de
tráfego intenso, a Marginal Tietê e a Castelo Branco. Os nós acontecem,
geralmente nos encontros das mesmas com outras ruas, e no caso no
encontro das ruas Sólon, com a Rua da Graça, Rua Leonardo Pinto e Rua
do Areal.
A área não apresenta uma arquitetura muito distinta, portanto, os
marcos assinalados são os grafittes feitos nas empenas do conjunto Parque
do Gato que chamam atenção tanto dos motoristas da marginal, quanto da
Castelo Branco.
O “setor” assinalado é um quarteirão que apresenta uma estética bem
diferente das demais, sendo assim, necessário o seu destaque. É formado
por um conjunto de casas de dois pavimentos, estritamente residencial, com
calçadas estreitas e ruas sem saída.
SéLapa
Mooca
SantanaMapa mental na escala do bairro. Legenda: nós barreiras percursos
Legenda: marcos setor
0 500
MAPA MENTAL
61TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|
6.2.6| T T - P R U DO GATO
O levantamento socioeconômico do conjunto é feito pela Diagonal de
2010. É possível observar que a população encontra-se fragilizada por falta
de oportunidades tanto de estudos, quanto de trabalho, As famílias não são,
em sua maioria, numerosas, apresentam renda baixa e com membros em
distribuição similares entre as faixas etárias.
6.2.6.1| PROFISSÕES
6.2.6.2| FAIXA ETÁRIA
6.2.6.3| MEMBROS POR FAMÍLIA
62Renata Ungaro Venitucci | 073666 |
6.2.6.4| TEMPO DE MORADIA NO CONJUNTO
6.2.6.5| ESCOLARIDADE
6.2.7| LEVANTAMENTO LEGISLATIVO:
Como apontado anteriormente, a legislação paulistana é muito
conhecida por privilegiar, indireta e diretamente, o espaço privado sobre
o público e a negação de diretrizes que procurem aliviar as mazelas da
desigualdade social no território (MARICATO 2006). Tem no seu novo
plano diretor diretrizes que busquem a reversão de algumas consequencias
que estão caracterizadas no território. É possível perceber diretrizes com
premissas do novo urbanismo, como diversificação de espaços, várias
centralidades, privilegiar o transporte público, entre outras.
É importante ressaltar, que as diretrizes do antigo plano diretor foram
bastante ignoradas, com uma nova administração e um novo plano ressurge
a esperança de se reverter processos para a criação de uma cidade mais
participativa onde o direito ao urbano seja realmente universal.
Embora o plano diretor estratégico de São Paulo de 2014 ainda não
esteja vigente é importante ressaltar as modificações presentes na área
para futuras modificações. O local pertence a macroárea de reestruturação
e requalificação, ou seja, parcelamentos, edificação e utilização de
compulsórios, IPTU progressico no tempo, desapropriação com pagamento
em títulos, transferência do direito de construir. A ZEIS 3, estabelece a
prioridade com habitação de interesse social no local. O Ecoponto é um local
para entrega voluntária de pequenos volumes de entulho e há a central de
processamento de coleta seletiva de materiais secos próximo a Av Estado,
ambos demonstram uma preocupação crescente do Estado para melhorar
as questões de resíduos do local. Toda a área estudada está projetada para
continuar com CA 4, permanecendo a característica de gabarito baixo da
área. (Fonte: www.prefeitura.sp.gov.br).
SéLapa
Mooca
Santana
6.2.7.1| PLANO DIRETOR SIMPLIFICADO
0 300
Mapa mostrando as intervenções do plano diretor para a área. Percebe-se a preocupação com a parte ambiental do local com o ecoponto previsto junto da central de processamento de coleta seletiva secos.
Legenda:ZEIS 3 (HIS)EcopontoCorredor de ônibus
Central de proces. coleta seletiva secos.
RIO TIETÊ
RIO TIETÊ
RIO TAMANDUATEÍ
RIO TAMANDUATEÍ
RIO TIETÊ
SéLapa
Mooca
Santana
6.2.7.2| MAPA APP
Mapa mostrando as faixas de APP que pegam o local. Apesar de apresentar muita área contemplada pela APP, todas encontram-se completamente comprometidas.
Legenda:
APP
0 500
07PROJETO
“Arquitetura é arte, mas arte bastante contaminada por muitas outras coisas.
Contaminada no melhor sentido da palavra - alimentada, fertilizada por muitas
outras coisas.”
- Renzo Piano
66Renata Ungaro Venitucci | 073666 |
01
02
03
04
7| PROJETO
Através de todo o estudo anteriormente apresentado nesse memorial,
foi desenvolvido uma série de propostas para multiplicidade de problemas
apresentados.
7.1| PR PR T - U
Inicialmente a ideia do projeto era propor melhorias somente para o
local que atualmente serve de triagem para materiais recicláveis, porém foi
necessária essa expansão em vista das complexidades apresentadas pela
área. O info-gráfico ao lado ajuda a ilustrar o processo de desenvolvimento.
1 - Área incial - Usina de coleta de materiais recicláveis - Propor um
projeto que desse mais condições para o desenvolvimento dessa atividade
tão necessária e subjulgada.
2 - O conjunto habitacional foi adicionado a área de intervenção para a
recuperação e reconexão do mesmo com o bairro.
3 - Adiciona-se a ponte estaidinha e as quadras laterais ao campo de
baseball. Ambas áreas encontram degradadas demais, a ponte pelo fato de
expulsão do acampamento que ali acontecia, as quadras laterais ao campo
de baseball pelo abandono do bairro (pelo menos dessa parte).
4 - As partes lindouras da área escolhida foram adicionadas para
melhor conectar todos os locais, quebrando a barreira da Av Castelo Branco.
67TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|
7.2| PROBLEMÁTICAS X PONTECIALIDADES:
A partir de todo o diagnóstico levantado anteriormente é possível
levantar algumas características da área que servem como potencialidades
e problemáticas a serem solucionadas e assim serviram de guia para as
propostas apresentadas:
68Renata Ungaro Venitucci | 073666 |
7.3| PROPOSTAS:
As propostas em escala macro são:
Ligação dos pontos diversos do bairro tornando-o mais unido e diverso,
celebração da diversidade encontrada
Aumento da segurança da área com aumento da densidade
esportes
habitação
mobilidade
cultu
rareciclagem
meio ambiente natureza
educação
sust
enta
bilid
ade
lazer
69TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|
Desenho novo das vias preocupando-se com desenho universal
Parque conectando as áreas completamente e aumentando a área de
lazer, área verde e espaço público e reconectando os habitantes com o rio.
As propostas se dividem na nível físico da seguinte forma:
parque
habitação
barreira
70Renata Ungaro Venitucci | 073666 |
7.3.1| HABITAÇÃO
Devido ao local do bairro encontrar-se muito inóspito e abandonado,
alguns lotes foram escolhidos para desapropriação e criação de lotes para
habitação de interesse social. Essa proposta engloba tanto as famílias
expulsas da ocupação estaiadinha quanto o déficit de moradia que existe na
cidade de Sâo Paulo.
Com essas áreas livres, foi pensado o desenho novo das quadras
seguindo uma forma de se ocupar o espaço sem destinar muita área aos
automóveis.
Inicialmente o tipo de ocupação das HIS foi pensado no tipo de edifícios
em fita, porém, viu-se que com a densidade desejada e com o desenho das
quadras o ideal seria outro tipo de implantação, no caso de forma a respeitar
os lotes existentes e propiciando maior diversidade arquitetônica.
DO GATO -
Lotes desapropriados
quadras que sofreram intervençãoeixos novos
tual
Pro o ta
71TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|
Pq do Gato2 hab/ m2
200 hab/ha
Proposta3,5 hab/ m2
350 hab/ha
Partido abitação
Recuo aioreenor cone ão co a ruaenor e ibilidade
Ti olo ia não condi ente co entorno
au a ro eita ento do e aço
Recuo enoreel or cone ão co a rua
aior e ibilidadeTi olo ia condi ente co entorno
o a ro eita ento do e aço
72Renata Ungaro Venitucci | 073666 |
4
1217
12
4
1217
12
410
128
ote co rido ti olo ia e i tente
uintal Te tada enorGabarito bai o
n o ti olo ia lote
ote ara obrado uni a iliare - 2 a 1 unidade
ote ara ca a obre o ta t rreo co ercial - a 1 lote - 2 0 ca a
ote ara ca a obre o ta - 2 a 2 lote - ca a
Foram pensados 3 tipos de lotes, com testadas menores para condizer
com a realidade existente do bairro.
73TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|
i er idade de ti olo ia di er idade de o ulação
uintalcone ão nature a
bertura o o taentilação cru ada
bertura enitaiilu inação natural
74Renata Ungaro Venitucci | 073666 |
Com o aumento da densidade são necessários equipamentos urbanos
para a população nova e melhora dos que já existem na região:
Moradia: HIS casas sobrepostas + comércio térreo HIS sobrabos HIS casas sobrepostas Equipamentos Públicos: Creches Escola Ensino Fundamental Centro de Apoio Morador de Rua Centro de Triagem de Materiais Recicláveis Parque: Parque Barreira Acústica: Barreira Vegetal Barreira Vegetal + Barreira Mecânica Barreira Mecânica
TOTAL:
27.000 m2
4.300 m2
125.000 m2
6.300 m2
162.600 m2
75TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|
7.3.2| MOBILIDADE
As modificações na parte de mobilidade se deram, primordialmente,
com a transposição de fluxo da Castelo Branco para uma nova alça na Av
Santos Dumont deixando a Castelo Branco livre para se ter um novo desenho
privilegiando outros modais e com trânsito mais leve, tirando-a de caráter de
barreira entre o bairro e o conjunto habitacional.
Tran er ncia do u o
tual Pro o ta
76Renata Ungaro Venitucci | 073666 |
A Av. Castelo Branco foi redesenhada de modo que possua 3 faixas
principais, 1 corredor exclusivo para ônibus, 1 para automóveis e a última
faixa destinada para a ciclofaixa. Com seu novo desenho, os diversos tipos
de modais tiveram seu local apropriado. O pedestre possui local propício e
seguro para poder caminhar em paz. Os pisos e caminhos foram pensados
para que portadores de dificuldades locomotoras pudessem seguir livremente
sozinhos.
A ciclofaixa possui 2 sentidos e em trechos onde não há canteiro entre
a pista de automóveis e a ciclofaixa há uma distância generosa impedindo
quaisquer tipos de acidentes.
O corredor de ônibus possui pontos de ônibus distribuídos livremente
com acessos através de faixas de pedestres que possibilitam a ligação entre
os dois lados de forma segura.
ia
oo a telo ranco
ciclofaixa
ciclofaixa
faixa automóvel
faixa de ônibus
faixa automóveis
faixa ônibus
77TFG 2014 | Requalificação Urbana - Parque do Gato|
Rua ParticulareComo o bairro apresenta quadras maiores do que o comum, o desenho
permitiu um uso um pouco diferenciado e, para que as distâncias percorridas
não sejam muito maiores do que os pedestres possam caminhar, ruas
particulares foram criadas. As mesmas servem de apoio para as casas e
para os comércios e possibilitam ocupação arborizada com mobiliário urbano
que possibilita a integração social da área.
n o r fico - Rua Particulare
78Renata Ungaro Venitucci | 073666 |
01
02
03
05
0406
07
01 - mesinhas02 - bicicletário03 - vagas PNE04 - jardim de chuva05 - mesinhas06 - floreiras07 - quintal compartilhado
oo - oorne
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7.3.3| PARQUE
O parque foi pensado como forma de ligação entre os dois extremos
do local unindo as necessidades de integração do Conjunto Habitacional,
conservar o que resta da APP, reconectar os habitantes com a orla dos rios
e projetar um local apropriado para reciclagem de materiais aproveitando a
temática com o meio ambiente.
Teve como partido, além da ligação com o bairro, a natureza envolver
o cidadão de várias formas para que o caráter de sustentabilidade seja não
só algo abstrato, mas vivido na ambiência do parque.
conexões propostas principais maciços vegetais
APP
eixos propostas
n o r fico - one e Parque
n o r fico - i o Pro o to
n o r fico - aciço e etai
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BARREIRA ACÚSTICADevido ao intenso barulho vindo da Marginal Tietê foi pensado uma
barreira acústica que privilegia tanto a visão do motorista quanto de quem se
encontra no parque.
Pensada de modo que seja como um “gradiente” vegetal, a barreira
tem 3 divisões, a primeira, somente vegetal, onde o raio da vegetação tem
15 metros, a segunda, mista entre barreira mecânica e vegetal e a terceira,
pela falta de espaço, somente vegetal.
tual
n o r fico - arreira e etal
barreira somente vegetalbarreira mecânica + vegetalbarreira somente mecânica
01
01
02
02
lantação Geral
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7.4| REFERÊNCIAS PROJETUAIS:
7.4.1| KRONSBERG:
O distrito de Kronsberg é um ótimo exemplo de planejamento urbano e
construtivo visionarios. O distrito possui padrão ecológico excepcionalmente
alto, edifícios com padrão de moradia acima da média, com design em
espaço aberto, semi-natural. O distrito representa um dos maiores e mais
avançados planos diretores deste tipo na Europa. [1]
• A idéia do projeto é criar um distrito ecologicamente amigável,
sustentando em três bases principais:
• Casas de baixo gasto energético, com métodos construtivos de
garantida qualidade;
• Aquecimento fornecido por usinas de cogeração descentralizadas,
aliadas a um programa de economia de energia elétrica;
• Fontes renováveis de energia (solar e eólica) e tecnologias
inovadoras
As diversas medidas aliadas geraram como resultado uma diminuição
de 45% no consumo energético (com sistemas de aquecimento) e redução
de 74% em emissões de CO2
Área Total: 12 km2
Localização: Hannover - Alemanha
Arquiteto - Grupo: uma rede de parceiros foi desenvolvida, consistindo
de:
• Municipalidade de Hannover;
• Departamento da Baixa Saxonia ;
• Comite Consultivo de Kronsberg ;
• Kronsberg Environmental Liaison ;
• Centro de Meio Ambiente e Energia ;
• Intituto de Pesquisas em Construções ;
• Associação dos Consumidores ;
• Centro de Proteção Ambiental ;
• Diversos investidores como agências imobiliárias, arquitetos locais
e a sociedade civil;
Pontos Positivos:
Transporte: o transporte é bem planejado, sendo que há linhas de
trem expresso até o centro da cidade (Hannover), com curto tempo de
viagem (17 min). Na área residencial o acesso a carros é proibido, exceção
feita a moradores, mas, apesar disto, o acesso a pontos de transporte
public localizam-se de modo que ninguém deva andar mais de 600m para
acessá-los.
Energia: o projeto é sustentável, apresentando prédios com
Figura 61. Fonte: www.quazoo.com
Rua de ron ber
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característica de consume baixa. Como exemplo, podemos citar que mais
de 5000 lâmpadas de baixa potência foram subsidiadas, representando uma
economia de mais de 350MWh/ano.
Água: todas as áreas pavimentadas possuem sistema de absorção
de água, liberando-a gradualmente posteriomente; além disso todos os
apartamentos contam com dispositivos de economia de água.
Tratamento Resíduos: sistemas de coleta inovadores foram
implementados; assim, o bairro atinge indices de reciclagem de Dockside.
lantação que tica
Figura 62. Fonte: www.ecobine.de
Figura 63. Fonte: www.quazoo.com
Figura 64. Fonte: www.quazoo.com
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7.5| HAFENCITY
O projeto HafenCity é bastante peculiar, pois ocupa a area portuária de
Hamburg, na Alemanha, valendo-se da reduzida importância que os portos
possuem atualmente.
A criação da area HafenCity gerou um aumento de 40% na área da
cidade de Hamburg, aumentando significativamente a oferta residencial no
local.
Área Total: 1,5 km2
Localização: Hamburg, Germany
Arquiteto / Grupo: ASTOC, Kees Christiaanse, and Hamburgplan
Pontos Positivos:
• Sistema de aquecimento ecológico;
Pontos Negativos:
__
Figura 65. Fonte: www.haffencity.com
Figura 66. Fonte: www.haffencity.com
Figura 67. Fonte: www.haffencity.com
Figura 68. Fonte: www.haffencity.com
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7.6| DOCKSIDE GREEN
Dockside Green é um bairro multiuso localizado em Victoria, Canadá, e
é reconhecido por sua estrita aderência a princípios de arquitetura sustentável
e construção verde – a certificação LEED é uma de suas grandes conquistas.
Área Total: Aproximadamente 47mil m2
Localização: Victoria, British Columbia - Canada
Arquiteto / Grupo: VanCity Credit Union, Windmill West, Three Point
Properties
Busby Perkins+Will Architects
Conquistas: mais de 30 prêmios em design
Pontos Positivos:
Certificado LEED;
50% da primeira fase (Synergy) é dedicada a espaços abertos;
Synergy é o projeto com pontuação mais alta (63 pontos) na certificação
LEED;
Como o projeto contempla um gerador elétrico por biomassa, há uma
redução de emissão de gases equivalente a 3460 toneladas;
Com sistemas para uso eficiente de água, o projeto pode economizar
aproximadamente 270 m3 nas áreas públicas, uma redução de 65% em
relação aos projetos convencionais;
O projeto também tem seu lado social: ao menos 10% das unidades
serão destinadas a pessoas com renda de até $15.000 (a renda média no
Canadá é superior a $27.000);
Sistema de tratamento de resíduos com bioreactor de membrane;
A água tratada retorna as residencies para ser utilizada em descargas
e para irrigação de jardins;
Pontos Negativos:
--
Figura 69. Fonte: www.docksidegreenenergy.com
Figura 70. Fonte: www.docksidegreenenergy.com
Figura 71. Fonte: www.docksidegreenenergy.com
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7.7| HIGH LINE PARK
O HighLine é um parque linear urbano implantado sobre uma linha
férrea elevada (construída em 1930 e posteriormente desativada), no lado
oeste de Manhattan. É um dos espaços públicos mais visitados na cidade
nos últimos tempos, tornando-se uma referência mundial pela qualidade do
desenho urbano e pelas suas estratégias de renovação de áreas centrais
degradadas.
A idéia do Parque surgiu em 1999 diante ameaças de empreendedores
que pretendiam demolir o elevado. Para evitar esta ameaça, a comunidade
local criou a ONG Friends of the High Line, com a missão de transformar a
estrutura elevada e até então abandonada, em um espaço público repleto de
áreas verdes e passeios.
A intenção dos projetistas era que a natureza recuperasse um pedaço
vital na infra-estrutura urbana, transformando um espaço degradado pela
vida pós-moderna em uma área de lazer, vida e crescimento.
Assim, o elevado foi transformado em um espaço público para a
circulação de pedestres, repleto de verde.
Área Total:
Localização: Manhattan / New York City - USA
Arquiteto / Grupo: Diller Scofidio + Renfro
Ano: 2008
Pontos Positivos:
Reuso de espaço residual
Aumento de espaço público
Pontos Negativos:
--
Figura 72. Fonte: www.archdaily.com Figura 73. Fonte: www.archdaily.com
Figura 74. Fonte: www.archdaily.comFigura 75. Fonte: www.archdaily.com
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7.8| BORNEO
O plano de Borneo-Sporenburg consiste em um dos mais compactos
da década de 90, consiste de um conjunto de bairros planejados na zona
portuária de Amsterdã que propõe diversidade cultural, arquitetônica e de
programas.
As casas com testadas estreitas são marcos arquitetônicos
consolidados. Com suas plantas bem resolvidas, procurando maximizar o
uso da luz solar e de pavimentos intermediários, demonstram que é possível
ambientes bem aproveitados mesmo com espaço limitado.
Área Total: 0,25 km2
Localização: Amsterdã, Holanda
Arquiteto / Grupo: MVRDV
Pontos Positivos:
Diversidade arquitetônica
Conexão com construções locais
Pontos Negativos:--
Figura 76. Fonte: http://www.mvrdv.nl/
Figura 77. Fonte: http://www.mvrdv.nl/Figura 78. Fonte: http://www.mvrdv.nl/Figura 79. Fonte: http://www.mvrdv.nl/
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7.9| PRAÇA VICTOR CIVITÁ:
Por 40 anos o incinerador Pinheiros funcionou incinerando boa parte
do lixo de São Paulo, na década de 90 passou a abrigar 3 cooperativas de
de triagem de materiais reciclados, uma delas se tornou a sede do Centro
de Integração, Informação e Preparação para o Envelhecimento, ainda hoje
ativa no local.
Em 2001 a prefeitura de São Paulo firmou um acordo com a Abril para
recuperação da área transformando-o num local para arborizado com lazer
e atividades físicas e culturais.
O projeto foi premiado pelo prêmio Greenbest em 2012 como um dos
melhores projetos de arquitetura que englobam sustentabilidade, mostrando
o reconhecimento da população para o projeto.
Área Total: 13.648 m2
Localização: São Paulo, Brasil
Arquiteto / Grupo: Levisky Arquitetos e Julia Dietzsch
Pontos Positivos:
Recuperação de uma área contaminada e degradada
Invesimento em conhecimento para repensar questões sustentáveis
Aumento de área pública e degradada
Pontos Negativos:
--
Figura 80. www.archdaily.com.brFigura 81. www.archdaily.com.brFigura 82. www.archdaily.com.br
08BIBLIOGRAFIA
“A arquitetura deve permanecer experimental e se abrir a novas ideias e aspirações.
Diante das forças conservadorasque constantemente a empurram para aquilo que
já foi experimentado, construído e pensado, a arquitetura deve explorar o que não
foi testado ainda(...) é preciso manter-se aberto e experimental, e talvez marginal.“
- Steven Holl
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8| BIBLIOGRAFIA
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92Renata Ungaro Venitucci | 073666 |
8.2| VÍDEOS:
http://vimeo.com/73727596
http://vimeo.com/69638300#at=89
https://www.youtube.com/watch?v=w6wX_8nOXNk
https://www.youtube.com/watch?v=iiMuW63n1Tw