Jesus: Verbo que se fez Carne

João 1.1-14

A Igreja existe como o corpo de Cristo (1 Co 12.27), do qual o próprio Cristo é a

cabeça (Ef 4.15). O que muitas vezes não entendemos é o significado disto. Como

corpo de Cristo, a Igreja é a representação temporal de Cristo na terra, dando

continuidade à missão por ele delegada (Mt 28.19,20; Mc 16.15; At 1.8). Mas, com que

autoridade e com que poder Jesus constituiu para si um corpo e o comissionou nesse

mundo? Esta talvez seja uma das questões mais importantes para os cristãos: quem é

Jesus?

O apóstolo João respondeu esta questão diferente dos demais evangelistas,

que iniciaram sua narrativa falando sobre o nascimento de Jesus (Mt 1-2), ou dos seus

primeiros milagres (Mc 1) ou ainda dos eventos que antecederam o seu nascimento (Lc

1-2). João enfatizou a eternidade de Cristo e o descreveu como o verbo que se fez

carne (Jo 1.14). Portanto, o propósito do quarto evangelho é que creiamos que Jesus é

o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhamos vida em seu nome (Jo 20.31).

Lendo o texto de Jo 1.1-14, percebemos que João enfatiza algumas

características da pessoa de Cristo, que creio ser fundamentais se queremos crer

corretamente em Cristo e viver corretamente como seu corpo. Em primeiro lugar, João

descreve Jesus como Deus (v.1-2). Cristo é mais que um mero homem, ele é e sempre

foi Deus. Não acreditamos num profeta mais graduado ou em um ser espiritualmente

evoluído. Nossa fé está em um Deus que assumiu a nossa natureza, por amor a nós.

Em segundo lugar, João descreve Jesus como o criador de todas as coisas (v.3-

4). Ele é a razão da existência de tudo o que há, incluindo cada um de nós. Para nós,

Jesus não é um mero homem com poderes maravilhosos, ele é o criador por excelência

de tudo o que existe, e que por seu poder executa a sua vontade sobre toda a criação.

Em terceiro lugar, João descreve Jesus como a luz (v.5-9). Luz tem a ver com

conhecimento, sabedoria e verdade. Portanto, Jesus não foi um mero sábio ou um

guru que ensinou um conjunto de regras filosóficas ou religiosas. Jesus é a própria

verdade acerca de Deus e de sua vontade para o homem.

Em quarto lugar, Jesus é descrito como o salvador da humanidade (v.10-13). Ele

não veio para dizer como as pessoas poderiam se salvar. Jesus era o salvador, aquele

que de maneia ativa toma a iniciativa e salva a todos quanto ele deseja salvar.

Por fim, Jesus é um homem (v.14). Mas por que ele é um homem? Por que ele

como Deus decidiu assumir a nossa natureza e de maneira prática nos mostrar que ele

realmente nos ama. Quando em sua misericórdia e amor Deus decidiu nos salvar, ele

se colocou em nosso lugar e o fez por meio de Cristo. Portanto, pela pessoa de Jesus

aprendemos quem Deus é e o que ele deseja de nós e para nós.

Este é o Cristo que morreu por nós e que ressuscitou para nos salvar. Ele é o

Senhor da Igreja, a cabeça do Corpo e o que nos transmite a verdadeira vida.

Gladston Cunha