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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIRURGIA
MANUEL BONFIM BRAGA NETO
Genótipos da membrana externa, homA e homB, do
Helicobacter pylori em pacientes com gastrite, úlcera
péptica câncer gástrico do Nordeste do Brasil
FORTALEZA
2013
2
MANUEL BONFIM BRAGA NETO
Genótipos da membrana externa, homA e homB, do
Helicobacter pylori em pacientes com gastrite, úlcera
péptica e câncer gástrico do Nordeste do Brasil
Orientador: Dr. Paulo Roberto Leitão de Vasconcelos
Dissertação de Mestrado apresentada
ao Programa de Pós-Graduação em
Cirurgia, da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal do Ceará, como requisito
parcial para obtenção do Título de Mestre em
Ciências médico-cirúrgicas.
Área de concentração: Estresse celular em pacientes
infectados com H. pylori. .
FORTALEZA
2013
3
MANUEL BONFIM BRAGA NETO
Genótipos da membrana externa, homA e homB, do
Helicobacter pylori em pacientes com gastrite, úlcera
péptica e câncer gástrico do Nordeste do Brasil
Dissertação de Mestrado apresentada
ao Programa de Pós-Graduação em
Cirurgia, da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal do Ceará, como requisito
parcial para obtenção do Título de Mestre em
Ciências médico-cirúrgicas.
Área de concentração: Estresse celular em pacientes
infectados com H. pylori. .
Aprovada em: ___/___/______.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________________
Universidade Federal do Ceará (UFC)
_________________________________________________________________
Universidade Federal do Ceará (UFC)
__________________________________________________________________
Universidade de Fortaleza (UNIFOR)
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“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre
aquilo que todo mundo vê.”
Arthur Schopenhauer
5
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. PAULO ROBERTO LEITÃO DE VASCONCELOS, Professor
Titular do Departamento de Cirurgia e coordenador do Programa de Pós-Graduação
em Cirugia da Universidade Federal do Ceará (UFC), pela orientação, dedicação,
apoio, competência e amizade.
À Prof. LUCIA LIBANEZ BESSA CAMPELO, Professora Titular do
Departamento de Clínica Médica da Universidade Federal do Ceará, pelo apoio
incondicional, amizade e exemplo de profissional.
Aos membros da banca, pela avaliação deste estudo.
Ao CÍCERO IGOR SIMÕES MOURA SILVA, doutorando em Cirurgia, pela
contribuição dada nas técnicas moleculares e para conclusão do estudo.
A MARIA APARECIDA ALVES DE OLIVEIRA, doutoranda em Cirurgia,
pela contribuição dada nas técnicas moleculares.
Às Sras. MARIA LUCIENCE VIEIRA DE OLIVEIRA e MAGDA MARIA
GOMES FONTELES, secretárias do Programa de Pós-Gradução em Cirurgia da
UFC, pelo carinho dispensado.
À todos que, de alguma forma, participaram e contribuíram para a realização
deste trabalho.
6
“Agradeço a Deus por todas as minhas vitórias e, principalmente, as minhas
derrotas, pois me ensinaram a persistir e a não desistir diante das dificuldades.
Ao meu pai e à minha mãe, por todo o apoio e por me ensinarem o valor do
trabalho árduo e da humildade”.
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RESUMO
Genótipos da membrana externa, homA e homB, do Helicobacter pylori em pacientes com
gastrite, úlcera péptica e câncer gástrico do Nordeste do Brasil. MANUEL BONFIM BRAGA
NETO. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Cirurgia.
Universidade Federal do Ceará. Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto Leitão de Vasconcelos.
Recentemente, a família Hom de proteínas da membrana externa do Helicobacter pylori
vêm sendo estudadas como potenciais marcadores de virulência. A maioria dos estudos
evidenciou forte associação do gene homB com doença ulcerosa péptica (DUP) e do gene homA,
com doença não ulcerosa péptica. Além disso, demonstrou-se que a proteína HomB contribui para
o propriedade pró-inflamatória e para adesão do H. pylori. No entanto, a associação clínica e a
função do gene hom ainda não foi completamente elucidada. O objetivo do estudo foi determinar
a distribuição dos genótipos homA e homB e avaliar a associação dos mesmos com patologias
gástricas. Foram avaliados, prospectivamente, 183 pacientes (48 com câncer gástrico, 71 com
DUP e 64 com gastrite) positivos para H. pylori e submetidos à endoscopia digestiva alta ou
cirurgia no Hospital Universitário Walter Cantídio, Universidade Federal do Ceará. Realizou-se
extração de DNA, seguida de PCR e eletroforese para os genes ureA, vacA, homA e homB. Dos
183 pacientes estudados, 47 foram positivos para homB (25.7%), 85 para homA (46.4%), 42
positivos para homA e homB (22.9%) e 9 pacientes foram negativos para os gene homA e homB
(4.9%). As amostras positivas para ambos homA e homB foram excluídas das análises. Houve
associação inversa significativa entre o genótipo homA e DUP (O.R=0.353; p=0.005) e úlcera
gástrica (O.R=0.304; p=0.032). Houve associação significativa entre o genótipo homB e DUP
(O.R=2.974; p=0.004). Não houve associação entre os genótipos homA ou homB em relação ao
gênero ou idade. Dos 183 pacientes, 71% (131/183) dos apresentaram genótipo vacAs1 e 87.9%
(160/183) genótipo vacAm1, consideradas cepas mais virulentas. Não houve associação entre o
genótipo vacAs1m1 e homB (p=0.441). Esse estudo sugere que na amostra populacional estudada
a presença do gene homB pode ser um preditor para DUP.
Palavras-chave: H. pylori, vacA, homA, homB, câncer gástrico, doença ulcerosa péptica, gastrite.
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ABSTRACT
Helicobacter pylori homA and homB genotypes in patients with gastritis, peptic ulcer and
gastric cancer from Northeastern Brazil. MANUEL BONFIM BRAGA NETO. Dissertation
(Master Degree). Postgraduate Stricto Sensu in Surgery. Federal University of Ceará. Advisor:
Prof. Dr. Paulo Roberto Leitão de Vasconcelos.
Recently, the Hom family of Helicobacter pylori outer-membrane proteins have been
studied as novel virulence markers. Most studies have found that the homB gene is strongly
associated with peptic ulcer disease (PUD) and the homA gene with non-ulcer disease.
Furthermore, it has been shown that the HomB protein plays a role in the proinflammatory
properties and adherence of Helicobacter pylori. However, the clinical association and the
function of the hom gene remains unclear. This study aimed to determine the prevalence of homA
and homB genes and evaluate the association with gastric disease. We evaluated, prospectively,
183 H. pylori-positive patients (48 with gastric cancer, 71 with PUD and 64 with gastritis)
undergoing upper digestive endoscopy or surgery at the Hospital Universitário Walter Cantídio,
Federal University of Ceará. DNA was extracted, followed by PCR and electrophoresis for genes
ureA, vacA, homA e homB. Of the 183 patients evaluated, 47 were homB-positive (25.7%), 85
were homA-positive (46.4%), 42 positive for both homA e homB (22.9%) e 9 patientes were
negative for homA and homB. Samples positive for both homA and homB were excluded from the
analysis. There was no association between homA and gastric disease. A significant inverse
association between homA and PUD (O.R=0.353; p=0.005) and gastric ulcer (O.R=0.304;
p=0.032) was found. The homB genotype was significantly associated with PUD (O.R=2.974;
p=0.004). Of the 183 patientes, 71% were vacAs1 and 87.9% were vacAm1, considered more
virulent strains. The homB genotype was not associated with the vacAs1m1 genotype
(p=0.441).These data suggest that in this population the presence of homB gene may be a good
predictor for PUD.
Keywords: H. pylori, vacA, homA, homB, gastric cancer, peptic ulcer disease, gastritis.
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LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
cagA – gene associado à citotoxina A do Helicobacter pylori
CagA – citotoxina A do Helicobacter pylori
Cag PAI – ilha de patogenicidade Cag
hom – gene da membrana externa do Helicobacter pylori
Hom – proteína da membrana externa do Helicobacter pylori
C13
- Carbono 13
C14
- Carbono 14
et al - e outros
H. pylori - Helicobacter pylori
vacA – gene da citotoxina vacuolizante
VacA – citotoxina vacuolizante
IL-1- Interleucina-1
IL-1R - Receptor da Interleucina-1
dupA – Gene A promotor da úlcera duodenal
OipA – proteína externa pró-inflamatória
oipA- gene externa pró-inflamatório
MUC1 – Mucina ligada a membrana de células epiteliais gástricas
IL-8 – Interleucina-8
rpm – rotações por minuto
PCR – Reação em Cadeia da Polimerase
DUP – Doença Ulcerosa Péptica
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LISTA DE FIGURAS E TABELAS
TABELA 1 : Primers para amplificação dos genes ureA, homA, homB e vacA...........................26
GRÁFICO 1 : Distribuição dos indivíduos quanto à faixa etária.................................................28
TABELA 2: Distribuição dos alelos vacA na amostra estudada...................................................29
GRÁFICO 2 : Distribuição dos genes homA e homB na amostra estudada..................................30
FIGURA 1. Gel de agarose com os genótipos hom A e homB de 6 pacientes.............................31
GRÁFICO 3: Distribuição dos genes homA e homB nas afecções gástricas.................................32
GRÁFICO 4: Distribuição dos genes homA e homB quanto à faixa etária...................................32
TABELA 3: Variáveis associadas com genótipos homA e homB do H. pylori ............................33
TABELA 4: Relação não-ajustada entre genótipo homA e as afecções gástricas.........................34
TABELA 5: Relação ajustada entre o genótipo homA e as afecções gástricas.............................35
TABELA 6 : Relação não-ajustada entre o genótipo homB e afecções gástricas.........................35
TABELA 7: Relação ajustada entre o genótipo homB e afecções gástricas.................................36
TABELA 8: Relação entre o genótipo homB e grupos de afecções gástricas...............................37
TABELA 9: Associação entre os genótipos homA e homB e genótipo vacA................................38
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SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS
LISTA DE FIGURAS E TABELAS
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 13
1.1. Histórico do Helicobacter pylori .............................................................. 13
1.2. Microbiologia do Helicobacter pylori ...................................................... 13
1.3. Epidemiologia do H. pylori ......................................................................
1.4. Patogênese do H. pylori............................................................................
14
15
1.4.1. Fatores do hospedeiro e ambientais ................................................ 16
1.4.2. Fatores de virulência do H. pylori ...................................................
1.4.3. Fatores de virulência da membrana externa do H. pylori ................
17
19
2. OBJETIVOS ................................................................................................... 22
2.1. Objetivo geral ........................................................................................... 22
2.2. Objetivos específicos ................................................................................ 22
3. CASUÍSTICA E MÉTODOS ........................................................................ 23
3.1. Casuística .................................................................................................. 23
3.2. Desenho do Estudo .................................................................................... 23
3.3. Seleção dos pacientes ................................................................................ 23
3.4. Procedimentos ............................................................................................ 24
3.4.1. Colheita de fragmentos de mucosa gástrica ...................................... 24
3.4.2. Extração de DNA e PCR..................................................................... 24
3.4.3. Genotipagem para ureA e vacA .......................................................... 25
12
3.4.4. Genotipagem para homA e homB ....................................................... 26
3.4.5. Análise estatística ............................................................................... 27
4. RESULTADOS .................................................................................................. 28
4.1. Caracterização da amostra estudada ............................................................ 28
4.2. Distribuição dos alelos do gene vacA nas cepas estudadas ......................... 29
4.3. Distribuição dos genes homA e homB nas cepas estudadas.......................... 30
4.4. Associação entre os genótipos homA e homB e afecções gástricas..............
4.5. Associação entre os genótipos homA e homB e genótipo vacA....................
34
37
5. DISCUSSÃO ...................................................................................................... 39
6. CONCLUSÃO .................................................................................................... 43
7. REFERÊNCIAS
.................................................................................................
44
8. APÊNDICE.........................................................................................................
9.
ANEXOS..............................................................................................................
53
65
13
1. INTRODUÇÃO
1.1. Histórico do Helicobacter pylori
O Helicobacter pylori foi isolado e cultivado pela primeira vez em 1983 por Robin Warren
e Barry Marshall a partir de amostras da mucosa gástrica de pacientes com úlcera. Em 1984,
Marshall ingeriu um concentrado da bactéria isolada, e desenvolveu uma gastrite transitória
demonstrando que o H. pylori coloniza o epitélio humano gástrico e desencadeia processo
inflamatório no mesmo (MARSHALL et al., 1985). Esses achados estimularam diversas
pesquisas científicas que demonstraram que a infecção por H. pylori está envolvida no
desenvolvimento de várias doenças gastrointestinais como gastrite crônica, úlcera péptica,
linfoma MALT (tecido linfóide associado a mucosa) e câncer gástrico. O manejo das doenças
gastrointestinais foi significantemente alterado após a comprovação do papel da infecção por H.
pylori.
O impacto dessa descoberta foi tão importante que, em 2005, Warren e Marshall foram
agraciados com o Prêmio Nobel da Medicina pela descoberta do Helicobacter pylori e pela
compreensão do seu papel na patogênese da gastrite e da úlcera péptica.
1.2. Microbiologia
Helicobacter pylori (H. pylori) é uma bactéria Gram negativa, flagelada, espiralada,
microaerofílica, produtora de urease, catalase, oxidase, protease e fosfolipase, enzimas
importantes para adaptação no epitélio gástrico. A uréase é de fundamental importância uma vez
que converte uréia em amônia e CO2. Os íons de hidrogênio presentes no meio ácido do
estômago são transferidos para amônia, gerando um ambiente neutro na região pericelular e
permitindo a sobrevivência da bactéria (MOBLEY et al., 2001).
A cultura de H. pylori é realizada a 37C em meio contendo sangue e suplementos tais
como vitamina B12 e aminoácidos (L-gluatmina e L-cisteína) e em ambiente atmosférico
contendo 5 a 15% de O2 e 5 a 10% de CO2 em presença de agentes antimicrobianos (HOLTON et
al 1999). As colônias formadas circulares e convexas e não apresentam hemólise. Após a cultura,
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a identificação é realizada observando-se a morfologia da colônia, coloração Gram e provas
bioquímicas para urease, catalase e oxidase (NDIP et al., 2003).
1.3. Epidemiologia
O Helicobacter pylori infecta aproximadamente 50% da população mundial
(MARSHALL BJ et al., 1984; MATYASIAK-BUDNIK et al., 1997) e é considerado um agente
etiológico importante da úlcera péptica (75% das úlceras gástricas e 90% úlceras duodenais),
gastrite ativa crônica, adenocarcinoma gástrico e linfoma MALT (BLASER et al., 1995
PARSONNET et al., 1991).
A prevalência de Helicobacter pylori no contexto mundial tem uma tendência de queda
tanto nos países desenvolvidos como nos subdesenvolvidos (TONKIC A et al., 2012). O principal
método diagnóstico usado nos estudos epidemiológicos tem sido o teste sorológico, apesar de
alguns estudos terem usado outros métodos como teste respiratório e detecção nas fezes.
Recentemente, estudo realizado nos EUA, envolvendo 4145 adultos de 1999 a 2000,
evidenciou uma queda significativa na prevalência de H. pylori somente no grupo de brancos não-
hispânicos, quando comparado com os dados de 1988 a 1991. Já no grupo de negros não-
hispânicos e mexicanos não houve queda, sendo a prevalência de H. pylori de 21,2%, 52% e 64%,
respectivamente (GRAD YH et al., 2012). Na Europa, a prevalência de H. pylori permanece mais
elevada em países da Europa Oriental em relação a Europa Ocidental. Um estudo realizado em
hospital na Alemanha Oriental, envolvendo 2318 pacientes demonstrou um prevalência de H.
pylori de 44% e evidenciou ainda uma queda significante na prevalência em indivíduos nascidos
após 1980, período em que houve mudanças significante nas condições socioeconômicas (WEX T
et al., 2011). Um cohort realizado na Bélgica durante 20 anos (1988-2007) incluindo 22.615
pacientes evidenciou uma proporção global de 37,7% de pacientes H. pylori positivos e uma
queda significativa na prevalência ao decorrer dos anos (MIENDJE DEYI et al., 2011). Na China,
um estudo demonstrou uma prevalência de 54,5% de H. pylori (GUO et al., 2011). Essa noção de
tendência a diminuição de prevalência globalmente, foi confirmada em estudo retrospectivo
realizado na Argentina (2002-2009) envolvendo 1030 crianças, onde encontraram que a
prevalência caiu de 41,2% entre 2002-2004 para 26% entre 2007-2009 (JANJETIC MA et al.,
2011).
15
No Brasil, estudo realizado em Minas Gerais envolvendo 66 famílias, sendo 673 pacientes
ao todo, demonstrou uma prevalência geral de 69,7%, aumentando significativamente com idade.
Positividade da mãe e dos irmãos foi um fator de risco importante (ROCHA et al., 2003). Em
Fortaleza, trabalho realizado numa comunidade de baixo perfil socioeconômico, encontrou
prevalência de 30% nas crianças aos 2 anos de idade, atingindo 74% de infectados aos 20 anos
(RODRIGUES et al., 2004). Outro estudo realizado em pacientes dispépticos atendidos no
Hospital Universitário evidenciou prevalência de H. pylori em torno de 80% (MOTTA et al.,
2008). Recentemente, estudo cohort em Fortaleza acompanhou 133 crianças e evidenciou que a
prevalência de H. pylori foi de 53,4% no início do estudo e de 64,7% oito anos depois. Fatores de
risco associados com a infecção foi número de pessoas por residência e sexo masculino
(QUEIROZ DM et al., 2012).
Atualmente, existem fortes evidências de que a infecção pelo H. pylori é adquirida na
infância (MENDALL et al., 1992), em domicílio ou fora deste, sendo importante o agrupamento
familiar, além de outros fatores, como baixo nível sócio econômico e precárias condições de vida
na infância (PEREZ, et al., 2004) para um maior risco de transmissão. Porém, ainda não está bem
compreendida a dinâmica de transmissão desse microorganismo em membros de uma mesma
família e dentro da comunidade. As principais razões para a escassez de informações sobre o
modo de transmissão do H. pylori incluem a dificuldade de isolamento da bactéria, que exige
amostragem do conteúdo gástrico, além de ser considerada uma bactéria de difícil cultivo
(SUERBAUM et al., 2007).
1.4. Patogênese
Apesar de atualmente haver uma diminuição da incidência de câncer gástrico, ele
permanece a quarta neoplasia mais comum e a segunda causa de morte relacionada a câncer
[International Agency for Research on Cancer. The Globocan Project [online],
http://globocan.iarc.fr/(2010)]. Interessantemente, na África e no Sudeste asiático a incidência de
câncer gástrico é muito baixa quando comparada a do Leste Asiático, apesar de todas essas
regiões apresentarem elevada prevalência de H. pylori. Outro ponto importante é o fato da
infecção por H. pylori estar envolvida tanto na patogênese da úlcera duodenal como do câncer
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gástrico, que são consideradas doenças de mecanismos distintos. Tais fatos podem ser explicados
por fatores relacionados ao hospedeiro, duração da infecção e fatores ambientais.
1.4.1. Fatores do hospedeiro e ambientais
Fatores genéticos do hospedeiro desempenham papel importante na interação entre o
hospedeiro e H. pylori. Polimorfismos de genes inflamatórios humanos também estão envolvidos
na patogênese do câncer gástrico tais como os genes da IL-1 e do antagonista endógeno do
receptor da IL-1 (IL-1R). Estudo recente evidenciou que o H. pylori desregula a proteína
claudina-4 (uma das proteínas da junção de oclusão do epitélio gástrico), por meio da ativação do
IL-1R que ativa a Rho kinase (PERSSON et al., 2011; LAPOINTE et al., 2010).
A mucina ligada a membrana de células epiteliais gástricas (MUC1) é considerada uma
barreira protetora do estômago contra a infecção por H. pylori. Estudos recentes avaliaram de
forma detalhada o papel dessa mucina durante o processo inflamatório ocasionado pela infecção.
GUANG et al (2010), utilizou camundongos knockout (com deleção do gene necessário para a
expressão de MUC1), para avaliar a repercussão do mesmo no processo inflamatório. Quando
comparados com camundongos normais, os camundongos knockout, apresentaram níveis
elevados de TNF- e IL-8 e induziram a expressão de NF-B. H. pylori também interage com
antígeno sanguíneo de Lewis tipo b. A expressão de Lewis b na mucina gástrica ajuda a ligação
da bactéria a mucina, diminuindo a infecção já que menos bactérias se encontram disponíveis para
interagir com células epiteliais (LINDÉN S et al., 2010).
A mucosa gástrica sofre intensa modificação epigenética durante o desenvolvimento de
gastrite induzida por infecção. Em pacientes infectados por H. pylori, o gene MGMT, que
codifica a proteína de reparo de DNA O-6-metilguanina metiltransferase, se encontra
hipermetilado, diminuindo sua expressão e aumentando a mutagênese em células epiteliais
gástricas (SEPULVEDA et al., 2010).
O papel do H. pylori na inibição de genes de supressão tumoral também foi recentemente
avaliado. O fator trefoil (TFF1) do antro gástrico funciona como um gene de supressão tumoral e
sua deleção em camundongos aumentou de forma significativa o desenvolvimento de
adenocarcinoma gástrico (TOMITA et al., 2011). Em humanos, a infecção de H. pylori induziu a
repressão desse fator. Outro fator de supressão tumoral membro da família trefoil, o TFF2 tem sua
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expressão diminuída no câncer gástrico do tipo intestinal. Trabalhos experimentais demonstraram
que a infecção por H. pylori reduz a expressão do TFF2, pela metilação da região promotora do
gene, e de genes como p53 e p27 (PETERSON AJ et al., 2010).
Fatores ambientais que protegem contra câncer gástrico incluem alimentação com frutas e
verduras e consumo de alimentos refrigerados. Fatores que estão relacionados com câncer gástrico
incluem elevado consumo de sal e de nitratos (GRAHAM DY et al., 2009). É sabido que a H.
pylori tem co-evoluido com os humanos há pelo menos 58.000 anos, quando eles imigraram da
África, sendo portanto considerada uma bactéria extremamente heterogênea e os fatores de
virulência da mesma também mudaram geograficamente (LINZ et al., 2007).
1.4.2. Fatores de virulência do Helicobacter pylori
CagA
Atualmente, o melhor marcador bacteriano de patogenicidade é cagA. O gene cagA é um
marcador da ilha da patogenicidade cag, que codifica os componentes do sistema secretório do
tipo IV, o qual é responsável por inserir a proteína CagA no citoplasma da célula. A proteína
CagA é posteriormente fosforilada, formando um complexo com SHP-2 (região homóloga Src
contendo fosfatase 2), iniciando uma cascata de sinalização celular. Estudos recentes
demonstraram que a quando o cagA está fosforilado, ele ativa preferencialmente a via de
sinalização celular ERK1/2 e quando cagA não está fosforilado ativa a via STAT3 (LEE et al.,
2010).
No Ocidente, vários estudos evidenciaram que indivíduos infectados por cepas de H.
pylori cagA-positivas têm risco mais elevado de desenvolver ulcera péptica e câncer gástrico
(VAN DOORN LJ et al., 1998; YAMAOKA Y et al., 2002). No Oriente, no entanto, a maioria
dos indivíduos são colonizados por cepas cagA-positivas independentemente de doença
(YAMAOKA Y et al., 1999).
O cagA é um gene polimórfico. Em particular, existem números distintos de sequências
repetitivas localizadas na região 3´ em cepas de H. pylori (YAMAOKA Y et al., 1998;
YAMOAKA et al., 2002). As regiões repetidas foram inicialmente classificadas em dois tipos: a
primeira repetição e a segunda repetição. Interessantemente, observou-se que as cepas do
Ocidente e Oriente diferem na sequência da segunda repetição.
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Cada região repetida da proteína CagA contém motifs Glu-Pro-Ile-Tyr-Ala (EPIYA),
incluindo sítio de fosforilação de tirosina. Atualmente, denomina-se a primeira sequência de
repetições EPIYA-A e EPIYA-B. A segunda sequência de repetição é denominada EPIYA-C ou
EPIYA-D para cepas Ocidentais ou Orientais, respectivamente. As cepas Ocidentais podem ser
classificadas de acordo com o tipo de sequência ABC, ABCC ou ABCCC. Já as cepas Orientais
só possuem um tipo de sequência ABD (HATAKEYAMA M et al., 2004).
Estudos in vitro demonstraram ainda que as cepas Orientais EPYIA D induziram maior
produção de IL-8, uma citocina pró-inflamatória ativadora de neutrófilos, comparados com cepas
Ocidentais EPYIA C (KIM SY et al., 2006). Vários estudos clínicos têm sugerido que o número
dessas repetições C está associado com o desenvolvimento de câncer gástrico. Estudo realizado
no Brasil, por Batista et al (2011), confirmou tais achados e encontrou que o número de repetições
C estava associado com o câncer gástrico e gastrite atrófica, mas não com úlcera duodenal.
Recentemente, estudo do nosso grupo, avaliando o perfil de cepas EPIYA em familiares de
pacientes com história de câncer gástrico em Fortaleza, demonstrou que esses indivíduos são
colonizados por cepas de H. pylori contendo maior número EPYIA com mais repetições C
(QUEIROZ et al., 2012).
VacA
O segundo fator de virulência de H. pylori mais estudado é a proteína VacA (citoxina A
vacuolizante), que além de acarretar vacuolização citoplasmática em células gástricas epiteliais,
pode induzir diversas alterações celulares como formação de um canal de membrana celular,
liberação de citocromo c da mitocôndria (causando apoptose celular) e ligação a receptores de
membrana que iniciam a cascata pró-inflamatória (ATHERTON et al., 2006). VacA pode ainda
inibir a ativação e proliferação de linfócitos T (GEBERT et al., 2003).
Praticamente todas as cepas de H. pylori possuem um gene funcional vacA (COVER et al.,
1992, LEUNK et al., 1991). A produção da citoxina está associada com a ilha de patogenicidade,
mas depende de variações na estrutura do gene vacA localizados principalmente na região de sinal
(s1 e s2) e na região média (m1 e m2) (ATHERTON et al, 1995). Estudos in vitro demonstraram
que a cepas mais citotóxicas são as s1m1, seguidas das cepas s1m2 e que as cepas s2m2 não
possuem citotoxidade (LETLEY et al., 1999).
19
DupA
Como descrito anteriormente, a maioria dos marcadores de virulência descritos como
VacA e CagA estão envolvidos tanto na patogênese do câncer gástrico como da úlcera duodenal.
Recentemente, foi descrito o primeiro marcador de virulência de H. pylori específico em induzir
ulcera gástrica e inibir o câncer gástrico, o gene A promotor da úlcera duodenal (DupA) (LU et
al., 2005). Um estudo envolvendo amostras de pacientes do Japão, Coréia do Sul e Colômbia
demonstrou que a presença do gene dupA é mais alta em pacientes com úlcera duodenal
comparados aos com câncer gástrico (LU et al., 2002). No entanto, tais resultados não são
consenso. Vários estudos foram conduzidos no Mundo a fim confirmar a correlação entre dupA e
úlcera duodenal. Estudos da Índia, China e Iraque confirmaram essa hipótese (ARACHCHI et al.,
2007, ZHANG et al., 2008, HUSSEIN et al., 2008). No entanto, estudos do Iran, Brasil,
Cingapura, Malásia e Japão não evidenciaram correlação entre o gene dupA e a doença
(DOURAGHI et al., 2008, SCHIMDT et al., 2009).
1.4.3. Fatores de virulência da membrana externa no H. pylori
Aproximadamente 4% do genoma de H. pylori codifica proteínas de membrana externa
que podem funcionar como adesinas (YAMAOKA et al., 2006; FIGUEIREDO et al., 2005).
Diversas proteínas da membrana externa foram identificados como fatores de virulência do H.
pylori, dentre elas BabA/BabB, OipA, HopZ, HopQ, SabA e HomB (CAO et al., 2003,
MAHDAV et al., 2002).
OipA
A proteína da membrana externa do H. pylori, OipA, foi descrita em 2000 (YAMAOKA et
al., 2000). O status funcional dessa proteína é regulada by slipped strand mutation que é
determinada pelo número de repetições do dinucleotídeo CT na região 5´do gene (OipA funcional
= switch on. OipA não-funcional = switch off). O gene oipA é um gene relacionado ao processo
inflamatório, localizado a 100kb da ilha de patogenicidade Cag PAI do H. pylori (YAMAOKA et
al., 2000). OipA funciona como uma adesina e está envolvida na adesão do H. pylori na mucosa
gástrica (YAMAOKA et al., 2004). Do ponto de vista de relevância clínica, interessantemente, as
20
cepas de H. pylori cagA, vac s e babA positivas estão relacionadas ao status de OipA “on”
(YAMAOKA et al., 2002). Interessantemente, todas as cepas do Leste Asiático foram descritas
como oipA “on” e como cepas produtoras de OipA (YAMAOKA et al., 2000).
Hom
As moléculas de adesão da membrana externa do Helicobater (Hom), constituem uma
pequena família de proteínas que contem motifs hidrofóbicos e sinal de sequências alternantes no
terminal C (ALM et al., 2000). O gene homB e o gene muito semelhante homA (90% de
similaridade de nucleotídeos) são membros dessa família. Ambos os genes podem estar presentes
em dois loci conservados como uma cópia única ou como cópia dupla. Portanto, as cepas de H.
pylori podem ter somente um gene homA ou homB, com o outro locus vazio (homA/- ou homB/-),
duas cópias de homA (homA/homA) ou homB (homB/homB); uma cópia única de cada gene
(homA/homB) ou nenhum desses genes ( -/- ). O estudo citado demonstrou in vitro, por um
modelo de cultivo de H. pylori com diferentes cepas para homB (nenhuma, uma ou duas cópias do
gene homB) e posterior modelo de transformação bacteriana com knockout do gene através de
plasmídio suicida, o efeito da proteína HomB e presença do gene homB sobre a adesão bacteriana
em células gástricas e produção de IL-8 (citocina envolvida no processo inflamatório associada a
recrutamento de neutrófilos). Os resultados in vitro demonstraram que a deleção de uma cópia do
gene homB diminuiu adesão bacteriana e a deleção de dois genes, nas cepas portadoras de duas
cópias do mesmo (homB/homB) diminuiu, de forma ainda mais expressiva, a adesão bacteriana.
No entanto, como não houve inibição completa da adesão, postulou-se que outros genes estariam
envolvidos também nesse processo. Além disso a deleção de uma ou duas cópias do gene homB
promoveu redução ainda mais acentuada dos níveis de IL-8. (OLEASTRO et al., 2008).
Estudos clínicos e epidemiológicos realizados em países do Oriente e Ocidente, a fim de
determinar se a presença de homB está associada a aumento da severidade de doenças
gastrointestinais, encontraram resultados distintos, evidenciando a diversidade geográfica de
cepas de H. pylori e do impacto das mesmas do ponto de vista clínico. A presença de homB foi
significantemente associada ao desenvolvimento de doença ulcerosa péptica em crianças e adultos
jovens (< 40 anos) de Portugal (OLEASTRO et al., 2006, 2008) e com câncer gástrico e presença
de cagA nos EUA e Colômbia (JUNG et al., 2009). Em discordância, estudo realizado na Coréia
21
do Sul envolvendo 260 pacientes, não demonstrou associação de homB com câncer gástrico ou
úlcera e presença de cagA (KANG et al., 2012).
A determinação dos genótipos das cepas circulantes H. pylori na comunidade local faz-se
necessária para identificar populações com elevado risco de desenvolvimento de doenças
gastrointestinais mais graves, tais como úlcera e câncer gástrico. No Brasil, atualmente, só
existem dados de prevalência de genótipo homB numa amostra populacional muito pequena de
cepas provenientes de Minas Gerais, como parte de um estudo mundial (OLEASTRO et al.,
2009). Portanto, torna-se importante determinar a relevância do genótipo homB para o
desenvolvimento de afecções gástricas na população local, consideradas de risco elevado para
desenvolvimento de adenocarcinoma gástrico.
22
2. OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
Avaliar os genótipos da membrana externa, homA e homB, do Helicobacter pylori em
pacientes portadores de gastrite, doença ulcerosa péptica e câncer gástrico em amostra
populacional do Nordeste do Brasil.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Avaliar a prevalência dos genótipos homA e homB e vacA do H. pylori na amostra geral de
pacientes.
Avaliar a prevalência dos genótipos homA e homB do H. pylori em pacientes com doença
ulcerosa péptica, gastrite e câncer gástrico.
Determinar se há associação do gene homB ou homA com idade ou gênero dos pacientes.
Determinar se há associação do gene homB ou homA com câncer gástrico, doença ulcerosa
péptica e gastrite.
23
3. MÉTODOS
3.1. Casuística
Foram incluídos nesse estudo pacientes dispépticos acompanhados no Hospital
Universitário Walter Cantídio Universidade da Federal do Ceará – UFC portadores de gastrite,
doença ulcerosa péptica e câncer gástrico não-cárdia registrados durante internação hospitalar. O
diagnóstico foi devidamente comprovado por análise histopatológica e confirmado em caso de se
tratar de pacientes portadores de adenocarcinoma gástrico. Foi aplicado questionário padronizado
onde foram contemplados vários aspectos relacionados à idade, gênero procedência, dentre outros
para os pacientes com câncer (APÊNDICE A) e dispépticos (APÊNDICE B).
O estudo foi submetido à análise e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa – Hospital
Universitário Walter Cantídio Universidade Federal do Ceará – UFC, protocolo n 023.04.12
(ANEXO A). Todos os participantes receberam informações sobre o estudo em questão,
fornecendo consentimento por escrito para realização do mesmo (APÊNDICE C).
3.2. Desenho do estudo
Estudo prospectivo, transversal e analítico.
3.3. Seleção dos pacientes
Foram critérios de inclusão:
Idade mínima de 18 anos e máxima de 80 anos de ambos os sexos.
Pacientes portadores de câncer gástrico confirmado pela histopatologia e H. pylori
positivos
Pacientes portadores de úlcera péptica ou gastrite H. pylori positivos
Pacientes que assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido.
Foram critérios de exclusão:
Gravidez ou lactação.
Cirurgia prévia de ressecção gástrica ou vagotomia.
24
Insuficiência renal, insuficiência hepática, insuficiência cardíaca congestiva ou
instabilidade hemodinâmica que contra-indique a investigação endoscópica.
3.4. Procedimento
3.4.1. Colheita de fragmentos de mucosa gástrica
Fragmentos de mucosa gástrica foram obtidos durante a esofagogastroduodenoscopia, ou
durante procedimento cirúrgico. Os exames de endoscopia foram realizados no Serviço de
Endoscopia do Hospital Universitário Walter Cantídio da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal do Ceará –UFC.
Para o diagnóstico de gastrite endoscópica, foi utilizada a classificação de Sydney,
considerando os achados de edema, enantema, friabilidade, exsudato, erosões planas e elevadas,
nodosidade ou micronodularidade, hiperplasia ou atrofia de pregas, aumento da trama vascular
submucosa ou presença de sangramento intramural (MISIEWICZ et al., 1990). Foram coletados
fragmentos seguindo um mapa de biópsia previamente descrito. Os locais da coleta dos espécimes
foram os seguintes: (IA): 2 fragmentos da Incisura Angularis; (A1): 2 fragmentos da pequena
curvatura do antro; (A2): 2 fragmentos da grande curvatura do antro; (B1) : 2 fragmentos da
pequena curvatura do corpo; (B2) : 2 fragmentos da grande curvatura do corpo gástrico. Obtendo-
se 10 fragmentos em frascos separados com as seguintes especificações a depender do local da
coleta (IA, A1, A2, B1, B2), ANEXO B. Para este estudo foi utilizado um fragmento do antro. O
estadiamento das úlceras obedeceu à classificação de Sakita (1973), onde A = ativa, H = em
cicatrização e S = cicatrizada (SAKITA et al., 1973).
Os fragmentos dos portadores de câncer gástrico foram colhidos no momento do
procedimento cirúrgico de ressecção do tumor (gastrectomia parcial ou total). Foram coletados,
após a retirada do estômago, 10 fragmentos da peça cirúrgica, sendo 6 fragmentos de tecido distal
ao tumor e 4 fragmentos da região da borda tumoral.
Os fragmentos de tecido gástrico coletados, obtidos quer seja na cirurgia ou na endoscopia,
foram transportados ao laboratório a 4°C e devidamente armazenados em freezer a -70°C graus até
o seu processamento e análise.
A análise histopatológica foi realizada no Departamento de Patologia e Medicina Legal da
Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará – UFC
25
O status do H. pylori foi avaliado por detecção indireta pelo teste da urease ( URETESTE ®
(Renylab Minas Gerais) seguindo o protocolo do fabricante, associado à pesquisa direta pela
análise histopatológica após coloração pela hematoxicilina-eosina e giemsa e por PCR (ureA). A
amostra foi considerada positiva quando H. pylori foi detectado por pelo menos dois métodos.
3. 4. 3. Extração DNA e PCR
DNA da mucosa gástrica foi extraído usando o QIamp (QIAGEN, Hilden, Germany) kit de
acordo com o fornecedor com pequenas modificações. A concentração de DNA foi determinada
por espectofotometria usando o NanoDrop 2000 (Thermo Scientific, Wilmington, NC) e
armazenado a -70˚C ate o uso.
O DNA do H. pylori extraído das biópsias gástricas foi utilizado para a amplificação dos
genótipos ureA, hom e vac e alelos, a partir das sequências de nucleotídeos (primers) específicos
(TABELA 1). Resumidamente, foram colocados 5,0μL do DNA extraído em tubos específicos e
adicionados os reagentes: 12,5μL da enzima Taq-DNA polimerase GoTaq green®, que catalisa as
reações; 2,5μL dos “primers” específicos para cada gene.
A amplificação do DNA extraído foi realizada em termociclador, GeneAmp PCR System
9700 (Applied Biosystems, Foster City, CA), obedecendo o protocolo de ciclos específicos para
cada gene estudado.
Após extração e amplificação do DNA, foi feito um gel de agarose a 2%, corado com
Brometo de Etídio. O gel foi submerso em tampão TAE (Promega®), e as amostras de DNA
foram adicionadas ao gel para observação das bandas de nucleotídeos do DNA de H. pylori. O gel
foi submetido à corrida eletroforética a 100V por 40 minutos. Após a corrida, o gel foi revelado
em máquina fotográfica reveladora eletrônica de ultravioleta (Bio-Rad, CA. - USA®) para
visualização dos pares de bases, sendo o resultado considerado positivo ou negativo para os genes
em questão de acordo com a presença ou ausência dos pares de bases. Além do peso molecular,
em cada gel foi colocado um controle positivo e negativo.
26
3. 4. 3. Genotipagem para ureA e vacA
A presença do gene ureA de H. pylori foi avaliada de acordo com a metodologia descrita
por Clayton (1992) et al. A cepa padrão Tx30a de H. pylori foi usada com controle positivo e uma
cepa de E. coli e água destilada foram usados como controle negativo.
A sequência sinal (alelo s1) do gene vacA foi amplificada da seguinte forma: 1 ciclo inicial
de desnaturação a 95ºC, 34 ciclos com desnaturação a 95ºC por um minuto; anelamento a 52ºC
por um minuto e extensão a 72ºC por um minuto, seguido de mais um ciclo de extensão final de
sete minutos a 72ºC. Para os alelos da região média do gene vacA (m1 e m2), a amplificação deu-
se da seguinte maneira: 1 ciclo inicial a 95ºC de um minuto e trinta segundos, seguido de 34 ciclos
com desnaturação de trinta segundos a 95ºC; anelamento a 56ºC por um minuto; extensão por um
minuto e trinta segundos a 72ºC e um último ciclo de cinco minutos a 72ºC para extensão final.
3. 4. 4. Genotipagem para homA e homB
A identificação da presença do gene homA e/ou homB foi detectada por PCR usando os
primers F1-jhp0870/jhp0649 e R1-jhp0870/jhp0649, que resultou num produto de pares de base
de 128, denotando a presença de homA gene, e de 151 a 161, denotando a presença do gene homB.
Os genes homA e homB foram amplificados da seguinte forma: 1 ciclo inicial de desnaturação por
5 minutos a 95°C; 35 ciclos de desnaturação a 95°C por 30 segundos, anelamento a 50°C por
30segundos e extensão a 72°C por 2 minutos; e um ciclo final de extensão a 72°C por 7 minutos.
Tabela 1: Primers usados na amplificação dos genes, ureA, homA, homB e alelos do de vacA
Primer Sequência (5' - 3') Pares de base
128
161
411
259
286
290
352
jph0870/jhp0649- F AGAGGGTGTTTGAAACGCTCAATA
jph0870/jhp0649- R GGTGAATTCTTCTGCGGTTTG
UreA – F GCCAATGGTAAATTAGTT
UreA – R CTCCTTAATTGTTTTTAC
VacA s1 - F ATGGAAATACAACAAACACAC
VacA s1 - R CTGCTTGAATGCGCCAAAC
VacA s2 - F ATGGAAATACAACAAACACAC
VacA s2 - R CTGCTTGAATGCGCCAAAC
VacA m1 - F GTAATGGTGGTTTCAACACC
VacA m1 - R TAATGAGATCTTGAGCGCT
VacA m2 – F GGAGCCCCAGGAAACATTG
VacA m2 – R CATAACTAGCGCCTTGCAC
27
3. 4. 5. Análise estatística
Foi utilizado o software SPSS for Windows,versão 16.0; SPSS Inc., Chicago, Ill. Os
resultados foram analisados pelo teste exato de Fisher, e do teste do qui-quadrado de Pearson. O
nível de significância considerado foi p<0,05. O risco foi estimado utilizando-se Odds ratio (OR) e
intervalo de confiança de 95%. Modelos de regressão logística foram construídos e ajustados para
potenciais fatores de confusão, tais como vacs1m1, genêro, e idade.
28
4. RESULTADOS
4.1. Caracterização da amostra estudada
Foram avaliados 183 pacientes positivos para H. pylori, sendo 48 com câncer gástrico, 71
pacientes com úlcera péptica (49 duodenal, 22 gástrica) e 64 com gastrite. Do total, 88 eram do
sexo masculino (48,4%) e 95 do sexo feminino (51,6%) e idade variou entre 18 e 80 anos, com
média de idade de 52.6. O grupo foi distribuído em faixas etárias (Gráfico 1) onde, 14 pacientes
tinham de 18 a 30 anos (7,6%), 40 de 31 a 45 anos (21,8%), 49 de 46 a 55 anos (26,7%), 43 de 56
a 65 anos (23,5%) e 37 acima de 65 anos (20,2%).
Gráfico 1. Faixa etária da amostra estudada
18-3
0
31-4
5
46-5
5
56-6
565
+
0
10
20
30
40
Idade (anos)
% d
a a
mo
str
a
7,6%
21,8%
26,7%
23,5%
20,2%
29
4.2. Distribuição dos alelos do gene vacA nas cepas estudadas
Com relação à combinação alélica do gene vacA (Tabela 2) foi encontrado o seguinte
perfil nos 183 pacientes estudados: 131 vacA s1 (71,6%), 29 vacA s2 (15,8%), 20 vacA s1/s2
(10,9%) e 3 amostras negativas para o alelo s (1,6%). Em relação a alelo m, 160 pacientes foram
vacA m1 (87,9%), 10 foram vacA m2 (5,5%), 10 foram vacA m1/m2 (5,5%), e 2 pacientes foram
negativos para o alelo m (1,1%).
Tabela 2. Distribuição dos alelos vacA na amostra estudada
Genótipos N %
vacA s
s1
183
131
100%
71,6%
s2 29 15,8%
s1/s2 20 10,9%
s*
vacA m
m1
m2
m1/m2
m*
3
183
160
10
10
2
1.64%
100%
87,9%
5,5%
5,5%
1,1%
*s = ausência do alelo s; m* = ausência do alelo m
30
4.3. Distribuição dos genes homA e homB nas cepas estudadas
Dos 183 pacientes positivos para H. pylori, 47 foram positivos para homB (25,7%), 85 para
homA (46,4%), 42 positivos para homA e homB (22,9%) e 9 pacientes foram negativos tanto para
o gene homA como gene homB (4,9%), Gráfico 2. As amostras positivas simultaneamente para
homA e homB foram excluídas das análises, portanto o tamanho da amostra passou a ser 141
pacientes. A Figura 1 ilustra o padrão molecular dos genótipos mencionados em gel de agarose
seguido de eletroforese de 6 pacientes.
Gráfico 2. Prevalência de homA e homB na amostra estudada.
Total=183
homA
homB
homA/homB
- homA e - homB
46,4% (85/183)
25,7% (47/183)
22,9%(42/183)
4,9%(9/183)
31
Figura 1. Gel de agarose com os genótipos hom A e homB de 6 pacientes.
1 2 3 4 5 6 7
1- Ladder 100 pares de base
2- homB
3- homA/homB
4- homA
5- homB
6- homB
7- homA/homB
O gene homA estava presente em 69.4%, 45.76% e 72.7% nas amostras de pacientes com
gastrite, DUP e câncer gástrico, respectivamente. O gene homB estava presente em 24.4%, 47.4%,
21.2%, respectivamente (Gráfico 3).
32
Gráfico 3. Distribuição dos genes homA e homB nas afecções gástricas.
Dentre o grupo de 47 pacientes com genótipo homB, 29 (61,7%) tinham mais de 45 anos e
18 (38,3%) 45 anos ou menos. No grupo de 85 pacientes com genótipo homA, 63 (74,1%) tinham
mais de 45 anos e 22 (25,9%) tinham 45 anos ou menos (Gráfico 4).
Gráfico 4. Distribuição dos genes homA e homB por idade.
G DUP CG - G DUP CG0
20
40
60
80
%
homA homB
Gastrite (G)
Doença Ulcerosa Péptica (DUP)
Câncer Gástrico (CG)
69,4%
45,7%
72,7%
24,4%
47,4%
21,2%
homA homB0
20
40
60
80
%
£45anos
>45 anos61,7%
38,3%
74,1%
25,9%
33
Não houve associação significativa entre os genótipos homA ou homB com gênero e faixa
etária. Houve associação significante entre o genótipo homB e as afecções gástricas estudadas
(p=0,010), como descrito na Tabela 3.
Tabela 3. Variáveis associadas com genótipos homA e homB do H. pylori (141 pacientes)
homB
N p
homA
N p
Gênero
Masculino (N=69)
Feminino (N=72)
Faixa Etária
45 (N= 42)
> 45 (N= 99)
Afecções Gástricas
Gastrite (N=49)
DUP (N=59)
Úlcera gástrica (N=18)
Úlcera duodenal (N=41)
Câncer gástrico (N=33)
27 0,153
20
18 0,118
29
0,010
12
28
10
18
7
37 0,114
48
22 0,620
63
0,011
34
27
6
21
24
34
4.4. Associação entre os genótipos homA e homB e afecções gástricas
O gene homA estava presente em 27 pacientes dos 59 pacientes com DUP. Destes, 18
pacientes do grupo de ulcera gástrica, sendo 6 pacientes positivos para o gene homA, e 41
pacientes do grupo de úlcera duodenal, sendo 21 pacientes positivos para o gene homA. A relação
não ajustada entre o genótipo homA e afecções gástricas evidenciou associação inversa
significante entre o genótipo homA e DUP (O.R=0,556; p=0,003) e úlcera gástrica (O.R= 0,329;
p=0,012). (Tabela 4). Não houve associação significante entre o genótipo homA e úlcera duodenal
e câncer gástrico e gastrite.
Tabela 4. Relação não-ajustada entre o genótipo homA e afecções gástricas (141 pacientes)
Após análise multivariada, ajustando para idade, gênero e vacAs1m1, o genótipo homA
permaneceu associado inversamente com úlcera péptica (O.R=0,353; p=0,005) e gástrica
(O.R=0,304; p=0,032). Não se evidenciou associação significante entre o genótipo homA e câncer
gástrico (OR=2,154; p= 0,087) e gastrite (OR= 1,685; p=0,172), Tabela 5.
homA (N)
OR
IC 95% p
DUP
Úlcera gástrica
Úlcera duodenal
Câncer Gástrico
Gastrite
27
6
21
24
34
0,556
0,329
0,692
1,757
1,493
0,378 – 0,817 0,003
0,131 – 0,827 0,012
0,415 – 1,153 0,159
0,883 – 3,495 0,095
0,901 – 2,475 0,107
35
Tabela 5. Relação ajustada entre o genótipo homA e as afecções gástricas (141 pacientes).
A relação não ajustada (Tabela 6) demonstrou associação significativa entre o genótipo
homB e DUP (O.R= 1,806; p = 0,003). O genótipo homB também representou risco no subgrupo
de pacientes com ulcera gástrica (OR= 2,500; p= 0,032). Não houve associação significativa entre
o genótipo homB e câncer gástrico e gastrite.
Tabela 6. Relação não-ajustada entre genótipo homB e as afecções gástricas (141 pacientes).
OR
IC 95% p
DUP
Úlcera gástrica
Úlcera duodenal
Câncer Gástrico
Gastrite
0,353
0,304
0,571
2,154
1,685
0,171 – 0,731 0,005
0,103 – 0,902 0,032
0,265 – 1,229 0,152
0,894 – 5,190 0,087
0,797 – 3,565 0,172
homB (N)
OR
IC 95% p
DUP
Úlcera gástrica
Úlcera duodenal
Câncer Gástrico
Gastrite
28
10
18
7
12
1,806
2,500
1,565
0,538
0,649
1,245 – 6,178 0,003
1,057 – 5,915 0,032
0,942 – 2,601 0,088
0,252 – 1,149 0,091
0,375 – 1,123 0,104
36
O gene homB estava presente em 7 das 33 amostras de câncer gástrico. No grupo de
gastrites, dos 49 pacientes, 12 tinha a presença do gene homB. Após análise multivariada (Tabela
7), ajustando para idade, gênero e vacAs1m1, o genótipo homB permaneceu associado com DUP
(O.R = 2,974; p = 0,004), quando comparou-se o grupo de pacientes com câncer gástrico e
gastrite.
Tabela 7. Relação ajustada entre o genótipo homB e as afecções gástricas (141 pacientes).
O genótipo homB foi significativamente associado com DUP (Tabela 8), quando
comparado individualmente com o grupo de gastrite (O.R=1,535; p=0,014) e com o grupo de
câncer gástrico (O.R=1,471; 0,013). Não houve diferença estatística em relação ao genótipo homB
e entre o grupo de gastrite e câncer gástrico. Após análise multivariada, o genótipo homB
permaneceu associado com DUP quando comparado com o grupo de gastrite (O.R=2,650;
p=0,026) câncer gástrico (O.R= 3,239; p= 0,024).
OR
IC 95% p
DUP
Úlcera gástrica
Úlcera duodenal
Câncer Gástrico
Gastrite
2,974
2,880
1,871
0,458
0,559
1,426 – 6,208 0,004
0,996 – 8,323 0,051
0,852 – 4,111 0,110
0,178 – 1,178 0,105
0,252 – 1,243 0,154
37
Tabela 8. Associação dos genótipo homB e afecções gástricas.
4.5. Associação entre os genótipos homA e homB e genótipo vacA
Evidenciou-se prevalência de 64,5%, 3,5%, 16,3% 2,8% e 12,7% do genótipo vacAs1m1,
vacAs1m2, vacAs2m1, vacAs2m2 e vacA misto, respectivamente, na amostra geral estudada. Não
houve associação significante entre os genótipos homA ou homB e as diferentes combinações
alélicas vacA, como descrito na Tabela 9.
UNIVARIADA
OR IC 95% p
MULTIVARIADA
OR IC 95% p
DUP vs Gastrite
homB
Câncer gástrico vs gastrite
homB
DUP vs Câncer Gástrico
homB
1,535 1,104 – 2,35 0,014
0,893 0,462 – 1,724 0,730
1,471 1,101 – 1,965 0,013
2,650 1,121 – 6,264 0,026
1,187 0,400 – 3,522 0,758
3,239 1,167 – 8,991 0,024
38
Tabela 9. Associação dos alelos vacA com os genótipos homA e homB
Alelos homB homA
n p n p
vacA s1m1 (N=91) 28 0,246 57 0,277
vacA s1m2 (N= 5) 3 0,206 1 0,081
vacA s2m1 (N=23) 7 0,080 15 0,388
vacA s2m2 (N=4) 1 0,593 2 0,521
vacA misto (N=18) 8 0,209 10 0,423
39
5. DISCUSSÃO
O presente estudo buscou esclarecer a significância clínica da presença de um novo
candidato a marcador de virulência do Helicobater pylori, o gene homB, que codifica a expressão
de proteína da membrana externa da bactéria, no desenvolvimento de doença ulcerosa péptica,
gastrite e câncer gástrico em pacientes do Hospital Universitário Walter Cantídio, Universidade
Federal do Ceará. Foi evidenciado que o gene homB estava associado com doença ulcerosa péptica
quando comparado com os grupos de câncer gástrico e gastrite. Além disso, não foi evidenciada
associação entre o gene homB e câncer gástrico. O gene homA não foi fator de risco para nenhuma
afecção gástrica estudada. No entanto, houve associação inversa do mesmo com ulcera péptica e
gástrica. O genótipo vacA mais prevalente na amostra estudada foi o alelo vacAs1m1. Não houve
associação entre os alelos vacA com o genótipo homB.
Existem poucos estudos na literatura avaliando o papel do gene homB no
desenvolvimento de afecções gástricas. Um dos primeiros estudos foi realizado por Oleastro et al
(2008) em Portugal envolvendo 84 crianças e 106 adultos. Em crianças, a presença dos genes
homB, cagA e vacs1 foi significantemente associado com DUP e os genes homA e sabA “on”
foram associados à gastrite. Em adultos, o gene cagA foi o único associado com DUP. Somente
no subgrupo com pacientes abaixo de 40 anos houve correlação significante entre o gene homB e
DUP. Globalmente, o genótipo homB está associado significantemente com o genótipo vacAs1.
Estudo envolvendo pacientes com gastrite, DUP e câncer gástrico no Ceará evidenciou que a
combinação alélica mais prevalente foi vacAs1m1, considerada a mais virulenta (CAVALCANTE
et al., 2012), principalmente nos grupos de DUP e câncer gástrico. Similarmente, no presente
estudo o genótipo vacAs1m1 foi o mais prevalente na amostra geral. Os genótipos vacA foram
utilizados na análise multivariada como possível fator de confusão. No entanto, não houve
associação significante entre o genótipo vacA e combinações alélicas com o genótipo homB ou
homA. Além disso, não se evidenciou associação do genótipo homA com gastrite.
No presente estudo evidenciou-se associação significante do gene homB com DUP em
adultos independentemente da idade. No entanto, o gene homB não estava associado com os
subgrupos de DUP, úlcera gástrica e úlcera duodenal, sendo este o primeiro estudo no Brasil a
avaliar esta associação.
Em contraste, estudo envolvendo biópsias gástricas de 70 e 64 adultos com DUP ou
40
dispepsia não ulcerosa péptica do Iran e da Turquia, respectivamente, não evidenciaram diferença
significante entre os grupos em relação a prevalência de homA ou homB, demonstrando que, na
população estudada, o gene homB não foi um marcador importante para diferenciar gastrite de
DUP (HUSSEIN et al., 2011).
No Brasil, somente um estudo avaliou a associação de homA e homB com DUP e
gastrite (OLEASTRO et al., 2009). Esse estudo avaliou 415 amostras de pacientes de diversos
países Orientais e Ocidentais (37 amostras do Brasil). Dessas 37 cepas , 15 foram positivas para
homA e homB (40,5%) as quais foram excluídas das análises estatísticas. Portanto, foram
analisadas 22 cepas, sendo 10 pacientes com doença ulcerosa não péptica e 12 DUP. O gene
homB estava presente em 27,3% das amostras brasileiras de gastrite e em 70% das amostras de
DUP, não tendo sido encontrada diferença estatística significante entre os grupos. O estudo
citado, concluiu que as cepas homB positivas provenientes de países Ocidentais, quando
analisadas em conjunto, foram significantemente associadas com DUP, confirmando achados
anteriores, e que as cepas homB de países Orientais não foram associadas a DUP, apesar da
elevada prevalência do mesmo nessa região. No presente estudo, 22,9% das amostras foram
positivas para homA e homB, sendo tal prevalência maior do que a relatada na Coréia do
Sul (0,4%) e no Irã (0,4%) e menor do que a prevalência de 40,5% encontrada no Sudeste do
Brasil (ORLESTRO et al., 2009; ABADI et al., 2011; KANG et al., 2012). Além disso, quando as
cepas positivas para homA e homB foram excluídas, foi encontrada uma prevalência para o gene
homB de 24,5% em pacientes com gastrite, de 47,4% em pacientes com DUP.
O presente estudo, após consulta a literatura atual, é o primeiro no Brasil a avaliar os
genes do H. pylori homA e homB em pacientes com câncer gástrico. Não se evidenciou
associação significante entre presença do gene homB e câncer gástrico, estando este gene
associado somente com DUP. A prevalência de homB foi de 47,4% no grupo de DUP e de 21,2%
em pacientes com câncer gástrico. Similarmente, estudo em Portugal não evidenciou uma
associação significante do gene homB com câncer gástrico quando comparado com o grupo de
DUP e prevalência de 33,3% e 65,6% , respectivamente (OLEASTRO et al., 2006).
Em contraste, Jung et al avaliaram a relevância da presença do gene homB nas cepas de
H. pylori em 286 pacientes com úlcera duodenal, gastrite e câncer gástrico provenientes dos EUA
(173 pacientes) e Colômbia (113 pacientes). A prevalência dos genes homA, homB e cagA foi de
61,9%, 61,2% e 82,2%, respectivamente. A presença de homB foi significativamente associada
41
com câncer gástrico quando comparada a encontrada no grupo de úlcera duodenal (71,9% vs
52,1%). Não houve diferença significante em relação a prevalência de homA. Similarmente,
estudo realizado no Iran, envolvendo 138 amostras de pacientes com gastrite (35 pacientes), DUP
(62 pacientes) e câncer gástrico (41 pacientes) encontrou associação significante entre o genótipo
homB com câncer gástrico quando comparado ao grupo de gastrite e de úlcera péptica. Nesse
estudo não foram encontradas amostras de cepas mistas (homB e homA simultaneamente). A
prevalência de cagA não foi significativamente diferente entre os grupos estudados, evidenciando
a importância clínica do status homB nessa população a fim de diferenciar as patologias gástricas
citadas.
Estudo envolvendo amostras de 225 pacientes da Coréia do Sul com gastrite, DUP e
câncer gástrico, não evidenciou diferença significante entre os grupos em relação a prevalência de
homB, postulando que a origem geográfica de H. pylori pode influenciar na associação desse gene
com câncer gástrico. Os autores postularam a existência de uma hierarquia dos fatores de
virulência e que nas cepas do Sudeste Asiático a presença de EPIYA-ABD CagA parece ser o
principal fator determinante para o desenvolvimento de câncer gástrico (KANG J et al., 2012).
Vale ressaltar que a distribuição de homA e homB varia entre regiões geográficas
distintas bem como a associação dos mesmo com afecções gástricas e que na maioria dos países
Orientais o gene homB não está associado com DUP, enquanto que no ocidente existe essas
associação (OLEASTRO et al., 2009).
Alguns estudos avaliaram de forma mais detalhada utilizando seqüenciamento genético,
a importância do número de cópias dos genes homA e homB para o desenvolvimento de afecções
gástricas. Estudo in vitro demonstrou que a presença de duas cópias do gene homB induziu
processo inflamatório mais acentuado em células gástricas, quando comparada com a presença de
somente uma cópia de homB. Em concordância, ao avaliar 58 das 190 amostras, evidenciou-se que
as cepas com duas cópias homB estavam significantemente associadas com DUP e cepas com uma
cópia homA com doença ulcerosa péptica. Possivelmente, o número de cópias do genes homA e
homB podem ser uma das explicações para a diferença entre cepas ocidentais de orientais já que
as cepas Orientais possuem um baixo percentual de cópias duplas quando comparadas com as
Ocidentais. O presente estudo não teve como objetivo avaliar o número de cópias dos genes homA
e homB.
Tendo em vista a associação, no presente estudo, do genótipo homB com DUP, é
42
importante avaliar em estudos posteriores detalhadamente o gene homB, levando em consideração
o número de cópias do gene por meio de sequenciamento genético.
43
6. CONCLUSÃO
Foi demonstrado que, na amostra geral estudada, dentre os genótipos da família
Hom de proteínas da membrana externa do Helicobacter pylori, o genótipo homA foi o mais
prevalente, seguido do genótipo homB e finalmente, cepas consideradas mistas (positivas para
homA e homB).
Dentre os grupos estudados, o grupo de DUP apresentou a maior prevalência de
homB. Em relação ao fator de virulência vacA, a combinação alélica mais prevalente foi s1m1,
consideradas cepas mais virulentas.
Não houve diferença significante entre os genótipos homA, homB em relação ao
gênero ou idade dos pacientes em estudo. Houve uma associação significante entre o genótipo
homB e DUP, mesmo após análise estatística multivariada. O gene homA não foi fator de risco
para nenhuma afecção gástrica estudada. No entanto, houve uma associação inversa com ulcera
péptica e úlcera gástrica.
Os dados do presentes estudo sugerem que, na amostra populacional estudada, a
presença do gene homB pode ser um preditor para DUP.
44
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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GRAHAM DY. Importance of Helicobacter pylori oipA in clinical presentation, gastric
inflammation, and mucosal interleukin 8 production. Gastroenterology., v.123, p. 414–424, 2002.
YAMAOKA, Y.; KUDO T.; LU H.; CASOLA A.; BRAISER A.R.; GRAHAM D.Y. Role of
interferon-stimulated responsive element-like element in interleukin-8 promoter in Helicobacter
pylori infection. Gastroenterology., v.126, p. 1030–1043, 2004.
YAMAOKA, Y.; OJO O.; FUJIMOTO S.; ARNQVIST A.; GRAHAM D.Y. Helicobacter pylori
outer membrane proteins and gastroduodenal disease. Gut., v. 55, p. 775–781, 2006.
YAMASAKI E.; WADA A.; KUMATORI A.; NAKAGAWA I.; FUNAO J.; NAKAYAMA M.;
HISATSUNE J.; KIMURA M.; MOSS J.; HIRAYAMA T. Helicobacter pylori vacuolating
cytotoxin induces activation of the proapoptotic proteins Bax and Bak, leading to cytochrome c
release and cell death, independent of vacuolation. J. Biol. Chem., v.281: p.11250-11259, 2006.
53
8. APÊNDICES
APÊNDICE A
Genótipos homA e homB da membrana externa do Helicobacter pylori em pacientes com gastrite,
úlcera péptica e câncer gástrico
Questionário para pacientes com câncer gástrico
CÓDIGO:________________ DATA:_____/_______/________
Preenchido por: ___________________
1.IDENTIFICAÇÃO
1.1 Paciente:__________________________________________ 1.2 Prontuário:______________
1.2 Sexo: 1.|__| Masculino 2.|__| Feminino 1.3 Idade: ________
1.4 Data de Nascimento ___/___/___
1.5 : Naturalidade__________________________ 1.6 Procedência __________________________
1.7 Endereço: ______________________________________________________________________
1.8 Fones contato: _______________________________ 1.9 Referência: ______________________
1.10 Cidades: ___________________________________ 1.11 Estado: ________________________
1.12 N º Lâmina da peça cirúrgica ____________________
2.HISTÓRIA CLÍNICA
2.1) Queixa Principal: _______________________________________________________________
2.2)Data do início dos sintomas:_________________ 2.3) 1ª Consulta:__________________
2.4) Anemia: 1.|__|S Sim 2. |__| Não Hemoglobina:________ Hemácias:_________
Hematócrito:_______
2.5) Dor: 1.|__| Queimação 2.|__| Pontada 3.|__|”Roendo” 4. |__| Tipo “fome”
5. |__| Outra: _________________________________________
2.6) Localização: 1.|__| Epigástrica 2.|__|Hipocôndrio direito 3.|__| Costas
54
4.|__| Outra:________________________________________
2.7) Dor noturna: : 1.|__| Freqüente 2.|__| Rara 3.|__| Nunca
2.8)Relação com o estresse: 1. |__| Sim 2.|__| Não
2.9)Alívio da Dor: 1. |__| Alimentação 2. |__| Antiácidos 3. |__| Antagonista H2
4. |__| Inibidor de bomba de próton 5. |__| Outros: __________
2.10) Hematêmese : 1. |__| Sim 2. |__| Não. 2.11) Melena: 1. |__| Sim 2.|__| Não
2.12) Perda de peso: 1. |__| Sim 2. |__| Não Quantos quilos? _______ Há quanto tempo?
_________
2.13) Saciedade precoce: 1. |__| Sim 2. |__| Não 2.14) Azia: 1. |__| Sim 2. |__| Não
2.15) Disfagia: 1. |__| Sim 2. |__| Não 2.16) Vômito: 1. |__| Sim 2. |__| Não
2.17) Ascite: 1. |__| Sim 2. |__| Não 2.18) Icterícia: 1. |__| Sim 2. |__| Não 2.19) Outro:
_______________
2.20)
Comorbidades:___________________________________________________________________
2.21) Tipo sanguíneo: _____ 2.22) Transfusões sanguíneas: 1. |__| Sim _____________________ 2.
|__| Não
2.23) Cirurgia gástrica anterior: 1.|__| Sim Qual?_________________ Há quanto tempo?_______
2.|__| Não
2.24) Endoscopia; TC; US : 1. |__| Sim 2. |__| Não
Resultados:__________________________________________________________________________
________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
___________________________
2. 25) Infecção por H. pylori: 1. |__| Sim 2.|__| Não 3.|__| Não informa
2.26)Doença de Ménétrier: 1.|__| Sim 2. |__| Não 3.|__| Não informa
2.27) Uso freqüente de AINES (Anti-inflamatórios Não-Esteroidais)?
1.|__|Sim. Qual? _________________________ 2.|__| Não
2.28) Em uso atual (Últimos 30 dias)? 1. |__| Sim 2. |__| Não
55
2.29) Fumante (atual) 1.|__| Sim Idade de início:______ Quantos maços/dia:________________
O que fuma?___________ Há quanto tempo?__________ Se parou, há quanto tempo?___________
2.|__| Não
2.30) Etilista? 1.|__| Sim Idade de início:_________ Quantidade: ___________
O que bebe? _______________ Há quanto tempo?__________ Se parou, há quanto tempo?_________
2.|__| Não
2.31) Uso freqüente de antibióticos? 1. |__| Sim 2.|__| Não
2.32) Em uso atual (Últimos 30 dias)? 1. |__| Sim Qual _____________ 2.|__| Não
2.33) Uso freqüente de anti-secretores? 1. |__| Sim Qual:_____________ 2.|__| Não
2.34) Em uso atual (Últimos 30 dias)? 1. |__| Sim Qual:_____________ 2.|__| Não
3. HISTÓRIA FAMILIAR
3.1) História de úlcera na família? 1. |__| Sim; Qual o parentesco? _________________________
2. |__| Não
3.2) Câncer gástrico na família? 1. |__| Sim; Qual o parentesco?
1.1|__| Irmão (ã); 1.2 |__| Tio/Tia; 1.3|__| Pai; 1.4|__| Mãe; 1.5|__| Avô/Avó;
1.6 |__| Filho(a); 1.7 |__|Pai e Mãe Qual a idade de aparecimento do Câncer?_____________
2. |__| Não
3.3) Câncer na família em outros sítios? 1.|__| Sim Quem?_________Local __________________
2.|__| Não
4.CONDIÇÕES PSICO-SOCIAIS
4.1 Tipo de moradia: 1.|__| Alvenaria; 2. |__|Taipa; 3.|__| Madeira; 4.|__|Papelão; 5.|__| Outro
4.2 Quantos cômodos? _________________ 4.3 Quantas pessoas residem? __________________
4.4 Possui rede de esgoto? 1.|__| Sim 2.|__| Não
4.5 Possui água encanada? 1.|__| Sim 2.|__|Não
4.6 Possui banheiro na casa? 1.|__| Sim 2.|__| Não
4.7 Tipo de ingesta da água? 1. |__| Sem tratamento 2.|__| Filtrada 3.|__| Fervida
4. |__| Ozonizada 5.|__| Mineral 6.|__| Outros_________
4.8 Formação escolar: 1.|__| Analfabeto 2 |__|Semi-analfabeto 3.|__| 1º grau incompleto
56
4.|__| 1º completo 5.|__| 2º incompleto 6.|__| 2º completo 7.|__| 3º incompleto 8.|__| Nível Superior
4.9 Estado civil: 1.|__| Solteiro 2.|__| Casado 3.|__| Divorciado 4.|__| Outros___________
4.10 Profissão: _______________________________________________________________
4.11 Renda mensal 1.|__| < 1SM 2.|__| 1SM a 2 SM 3.|__| 2SM a 3SM
4. |__| 3SM a 5SM 5. |__| > 5 SM
Números de irmãos ______ Número de irmãos mais novos __________
Posição na família: ___________
5.HÁBITOS ALIMENTARES
5.1 Ingesta frequente de defumados? 1.|__| Sim Freqüência:____________ 2.|__| Não
5.2 Ingesta frequente de carnes secas/salgadas? 1. |__| Sim Freqüência:__________ 2.|__| Não
5.3 Ingesta frequente de farináceos? 1.|__| Sim Freqüência:_____________ 2. |__| Não
5.4 Ingesta frequente de verduras/frutas cítricas? 1.|__| Sim Freqüência:__________ 2.|__| Não
5.5 Forma de armazenamento/estocagem dos alimentos? __________________________________
5.5.1 Geladeira/Freezer: 1. |__| Sim Uso habitual?__________ 2.|__| Não
5.5.2 “Salga” e “Seca” as carnes 1.|__| Sim Freqüência:__________ 2.|__| Não
5.5.3 Outros: 1. |__| Sim Qual? _________________ 2.|__| Não
6. CIRURGIA, ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA E ACOMPANHAMENTO
6.1 Data da cirurgia: _______/______/_______ 6.2 Idade na cirurgia: _________
6.3 Sobrevida no pós-operatório (meses) ___________ 6.4 Data da última consulta:
_____/_____/______
6.5 Gastrectomia: 1.|__| Curativa 2.|__| Paliativa / 1. |__| Total 2. |__| Subtotal
6.6 Outras: __________________________
6.7 Invasão da parede gástrica: 1.|__|Até a mucosa 2.|__|Até a submucosa 3.|__| Até a muscular
4.|__|Até a serosa
6.8 Metástase para linfonodo regional: 1. |__| Sim Quantos?___________ 2. |__| Não
57
6.9 Metástase à distância: 1. |__| Sim _____________________________________________ 2. |__|
Não
6.10 Tipo histopatológico: ____________________________________ 6.11 T _____
N______M_____
6.12 Tipo de Lauren: 1. |__| Difuso 2. |__| Intestinal 3. |__| Misto 6.13 Bohrmann:
______________
6.14 Diferenciação: 1.|__| Bem diferenciado 2. |__| Moderadamente 3. |__| Pouco 4. |__| Indiferenciado
6.15 Invasão de vasos sanguíneos: 1. |__| Sim 2. |__| Não
6.16 Invasão de órgãos adjacentes: 1. |__| Sim Qual (is) _____________________________ 2.|__| Não
6.17 Invasão peritoneal: 1. |__| Sim 2.|__| Não
6.18 Recidiva: 1. |__| Sim 2. |__| Não
58
APÊNDICE B
Genótipos homA e homB da membrana externa do Helicobacter pylori em pacientes com gastrite,
úlcera péptica e câncer gástrico
Questionário para dispépticos
CÓDIGO:________________ DATA:_____/_______/________
Preenchido por: ___________________
IDENTIFICAÇÃO CASO INDEX
-NOME:_____________________________________________________
- PRONTUARIO: __________________________
1.IDENTIFICAÇÃO
1.3 Paciente:______________________________________________
1.4 Sexo: 1.|__| Masculino 2.|__| Feminino 1.3 Idade: ________
1.4 Data de Nascimento ___/___/___
1.5 : Naturalidade__________________________ 1.6 Procedência __________________________
1.7 Endereço: ______________________________________________________________________
1.8 Fones contato: _______________________________ 1.9 Referência: ______________________
1.10 Cidades: ___________________________________ 1.11 Estado: ________________________
1.12 Qual parentesco como caso índex:______________________
2.HISTÓRIA CLÍNICA
2.1) Queixa Principal: _______________________________________________________________
2.2) Dor: 1.|__| Queimação 2.|__| Pontada 3.|__|”Roendo” 4. |__| Tipo “fome”
5. |__| Outra: _________________________________________
2.3) Localização: 1.|__| Epigástrica 2.|__|Hipocôndrio direito 3.|__| Costas
4.|__| Outra:________________________________________
2.4) Dor noturna: : 1.|__| Freqüente 2.|__| Rara 3.|__| Nunca
59
2.5)Relação com o estresse: 1. |__| Sim 2.|__| Não
2.6)Alívio da Dor: 1. |__| Alimentação 2. |__| Antiácidos 3. |__| Antagonista H2
4. |__| Inibidor de bomba de próton 5. |__| Outros: __________
2.7) Hematêmese : 1. |__| Sim 2. |__| Não. 2.8) Melena: 1. |__| Sim 2.|__| Não
2.9) Perda de peso? 1. |__| Sim 2. |__| Não Quantos quilos? _____ Há quanto tempo? ______
2.10) Empachamento? 1. |__| Sim 2. |__| Não 2.11) Azia: 1. |__| Sim 2. |__| Não
2.12) Disfagia? 1. |__| Sim 2. |__| Não
2.13) Endoscopia prévia? 1. |__| Sim Quantas:_____ 2. |__| Não
Resultados:__________________________________________________________________________
2.14) História de úlcera na família? 1. |__| Sim; Qual o parentesco? __________________
2. |__| Não
2.15) Câncer gástrico na família? 1. |__| Sim; Qual o parentesco?
1.1|__| Irmão (ã); 1.2 |__| Tio/Tia; 1.3|__| Pai; 1.4|__| Mãe; 1.5|__| Avô/Avó;
1.6 |__| Filho(a); 1.7 |__|Pai e Mãe Qual a idade de aparecimento do Câncer?_____________
2. |__| Não
2.16) Câncer na família em outros sítios? 1.|__| Sim; Local __________________
2.|__|Não
2.17) Uso freqüente de AINES (Anti-inflamatórios Não-Esteroidais)?
1.|__|Sim. Qual? _________________________ 2.|__| Não
2.18) Em uso atual (Últimos 30 dias)? 1. |__| Sim 2. |__| Não
2.19) Fumante (atual) 1.|__| Sim Idade de início:______ Quantos maços/dia:________________
O que fuma?___________ Há quanto tempo?__________ Se parou, há quanto tempo?___________
2.|__| Não
2.20) Etilista? 1.|__| Sim Idade de início:_________ Quantidade: ___________
O que bebe? _______________ Há quanto tempo?__________ Se parou, há quanto tempo?_________
2.|__| Não
2.21) Uso freqüente de antibióticos? 1. |__| Sim 2.|__| Não
2.22) Em uso atual (Últimos 30 dias)? 1. |__| Sim Qual _____________ 2.|__| Não
60
2.23) Uso freqüente de anti-secretores? 1. |__| Sim Qual:_____________ 2.|__| Não
2.24) Em uso atual (Últimos 30 dias)? 1. |__| Sim Qual:_____________ 2.|__| Não
3.CONDIÇÕES PSICO-SOCIAIS
3.1 Tipo de moradia: 1.|__| Alvenaria; 2. |__|Taipa; 3.|__| Madeira; 4.|__|Papelão; 5.|__| Outro
3.2 Quantos cômodos? _________________ 3.3 Quantas pessoas residem? __________________
3.4 Possui rede de esgoto? 1.|__| Sim 2.|__| Não
3.5 Possui água encanada? 1.|__| Sim 2.|__|Não
3.6 Possui banheiro na casa? 1.|__| Sim 2.|__| Não
3.7 Tipo de ingesta da água? 1. |__| Sem tratamento 2.|__| Filtrada 3.|__| Fervida
4. |__| Ozonizada 5.|__| Mineral 6.|__| Outros_________
3.8 Formação escolar: 1.|__| Analfabeto 2 |__|Semi-analfabeto 3.|__| 1º grau incompleto
4.|__| 1º completo 5.|__| 2º incompleto 6.|__| 2º completo 7.|__| 3º incompleto 8.|__| Nível Superior
3.9 Estado civil: 1.|__| Solteiro 2.|__| Casado 3.|__| Divorciado 4.|__| Outros___________
3.10 Profissão: _______________________________________________________________
3.11 Renda mensal 1.|__| < 1SM 2.|__| 1SM a 2 SM 3.|__| 2SM a 3SM
4. |__| 3SM a 5SM 5. |__| > 5 SM
Números de irmãos ______ Número de irmãos mais novos __________
Posição na família: ___________
4.HÁBITOS ALIMENTARES
4.1 Ingesta frequente de defumados? 1.|__| Sim Freqüência:____________ 2.|__| Não
4.2 Ingesta frequente de carnes secas/salgadas? 1. |__| Sim Freqüência:__________ 2.|__| Não
4.3 Ingesta frequente de farináceos? 1.|__| Sim Freqüência:_____________ 2. |__| Não
4.4 Ingesta frequente de verduras/frutas citricas? 1.|__| Sim Freqüência:__________ 2.|__| Não
4.5 Forma de armazenamento/estocagem dos alimentos? __________________________________
4.5.1 Geladeira/Freezer: 1. |__| Sim Uso habitual?__________ 2.|__| Não
4.5.2 “Salga” e “Seca” as carnes 1.|__| Sim Freqüência:__________ 2.|__| Não
61
4.5.3 Outros: 1. |__| Sim Qual? _________________ 2.|__| Não
5.CASO INDEX: 5.1 Data do Diagnóstico: _______/_______/_______
5.2 Evolução
__________________________________________________________________________
5.3: Data do último acompanhamento _______/________/________
OBS:_______________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
________________________________________
5.4: Número de irmãos na família:________________ 5.5:Posição na família:__________________
62
APÊNDICE C
DOCUMENTO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título: Avaliação do papel das proteínas HomA/HomB do H. pylori e do estresse oxidativo em
pacientes com câncer gástrico e seus familiares.
Introdução: Antes de aceitar participar desta pesquisa, é necessário que você leia e compreenda
as explicações sobre os procedimentos propostos. Esta declaração esclarece o objetivo,
procedimentos, benefícios, riscos, desconfortos e precauções do estudo. Também descreve os
procedimentos alternativos que estão disponíveis para você e o seu direito de se retirar do estudo a
qualquer momento.
Objetivo: Esse trabalho tem como objetivo investigar o papel de determinados tipos (cepas) da
bactéria Helicobacter pylori nas alterações encontradas na mucosa do estômago de pacientes com
sintomas de dispepsia (azia, desconforto abdominal, dor epigástrica, etc.), através de biópsias
(pequenos fragmentos) colhidas durante o exame endoscópico, de forma totalmente indolor,
permitindo identificar a presença de alterações na mucosa gástrica. As biópsias também serão
utilizadas para se avaliar, através de técnica de biologia molecular (extração do DNA da bactéria),
os determinados tipos fenotípicos (cepas) de Helicobacter pylori.
Resumo: O H. pylori é uma bactéria que causa gastrite e úlcera péptica. A dispepsia é um dos
sintomas mais comuns de problemas gastrointestinais e está relacionada a doenças como gastrite e
úlcera. O Helicobacter pylori apresenta características distintas entre suas populações (cepas) que
podem torná-lo mais ou menos perigoso à saúde humana, dentre elas, está a produção de proteínas
que danificam a mucosa gástrica denominadas HomA e HomB, que são alvo deste estudo, por isso
procuramos identificar e estudar as cepas desta bactéria. Como a infecção pelo Helicobacter
pylori acomete cerca de 50% das pessoas no mundo, é muito importante esclarecer o papel desta
bactéria no desenvolvimento das doenças gástricas e também procurar alternativas de tratamento
para essa infecção.
63
Procedimento: Serão realizadas biópsias da mucosa gástrica, por ocasião desse estudo, nos
pacientes com sintomas dispépticos. Essa coleta nos permitirá identificar a presença ou não de
Helicobacter pylori, bem como avaliar mais detalhadamente as alterações microscópicas, após
análise complementar de um médico patologista.
Com relação à punção venosa para a colheita de sangue, pode haver dor local e ocasionar a
formação de hematomas no local da punção. Risco de gravidade mínima para o paciente. A
colheita de sangue será feita por profissionais devidamente treinados, o que certamente tende a
minimizar o desconforto causado e evitar a formação de hematomas no local da punção.
Não há benefício direto, tratando-se de estudo experimental, com a finalidade de testar a hipótese
de que o Helicobacter pylori se relaciona com algumas patologias gástricas. Somente ao final do
estudo poderemos concluir a presença de algum benefício.
Despesas: Não há despesas pessoais do paciente para a realização do estudo em qualquer uma de
suas fases, incluindo exames e consultas. Também não há compensação financeira relacionada à
sua participação. Se existir qualquer despesa adicional, ela será absorvida pelo orçamento da
pesquisa. Em caso de dano pessoal, diretamente causado pelos procedimentos ou tratamentos
propostos neste estudo (nexo de causa comprovado), o paciente tem direito a tratamento médico,
bem como às indenizações legalmente estabelecidas.
Benefícios: A sua participação será muito importante para o conhecimento médico da infecção
pelo H. pylori e poderá contribuir no futuro para a melhoria do controle da infecção em nosso país.
Vale ressaltar que ao participar da pesquisa não haverá nenhum tipo de prejuízo para você e seu
filho assim como não haverá nenhum tipo remuneração.
Confidencialidade: Os seus resultados serão fornecidos individualmente e mantidos em sigilo.
Nenhum paciente será identificado quando da exposição ou divulgação dos resultados finais deste
estudo. A equipe de profissionais da saúde responsável pelo estudo o manterá informado(a) quanto
ao progresso da pesquisa, de acordo com suas solicitações.
Desligamento: Você poderá se afastar a qualquer momento sem prejuízo para o seu
acompanhamento médico. O seu médico poderá finalizar a sua participação neste estudo em
qualquer ocasião sem prejuízo para o seu acompanhamento.
64
Contato com o pesquisador Dr. Paulo Roberto Leitão de Vasconcelos pode ser feito pelo telefone
(085) 3366-8063. Caso tenha alguma dúvida sobre os seus direitos como paciente de pesquisa,
você poderá ligar para o Comitê de Ética em Pesquisa da UFC no número (085) 3366-8338.
Consentimento Livre e Esclarecido:
Li e entendi as informações precedentes. Tive oportunidade de fazer perguntas e todas as
minhas dúvidas foram respondidas. Este formulário está sendo assinado voluntariamente por mim,
indicando o meu consentimento para que participe do estudo, até que eu decida o contrário.
Receberei uma cópia assinada deste consentimento.
Assinatura do Paciente:
______________________________________________________________________,
__________anos, RG: _______________________, órgão expedidor: _____________ Data:
_______________
Assinatura da testemunha:
_____________________________________________________________________
Data: ______________
Assinatura do responsável pelo estudo:
______________________________________________________________________
Data: ______________
65
9. ANEXOS
ANEXO A
66
ANEXO B
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ-UFC
Faculdade de Medicina
Projeto de Pesquisa: Estudo clínico e epidemiológico do câncer gástrico e sua associação com
Helicobacter pylori
MAPA DE BIÓPSIAS