goodwill e o fundo de comércio - roteiro de procedimentos

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  • 8/15/2019 Goodwill e o Fundo de Comércio - Roteiro de Procedimentos

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    FISCOSoftImpresso

    Impressão gerada em 17/03/2016

    Publicado em nosso site em 26/08/2014

    "Goodwill" e o fundo de comércio -

    Contabilidade - Roteiro de Procedimentos

    Roteiro - Federal - 2014/4921

    Sumário 

    Introdução

    I - Conceito

    II - Novas normas contábeisIII - Contabilização do "goodwill"

    IV - Classificação contábil do ágio e deságio

    V - Amortização do ágio

    Introdução 

    Na doutrina, muito se discute sobre o conceito de "goodwill"

    e fundo de comércio. Para alguns, as expressões são

    sinônimas, entretanto, para fins contábeis há distinção,

    tornando-se necessária tal conceituação.Neste Roteiro analisaremos a distinção entre as duas

    expressões e analisaremos os aspectos contábeis do

    "goodwill".

    I - Conceito 

    Na prática, a expressão fundo de comércio tem sido

    constantemente utilizada como o conjunto de ativos de um

    comerciante, incluindo seus estoques, imóveis, marcas,

    nome, clientela, localização etc., independentemente de

    serem ou não ativos, tangíveis ou intangíveis no conceitocontábil.

    Já o conceito de "goodwill" ainda é motivo de discussão pela

    sua subjetividade e dificuldade de mensuração. Torna-se

    necessária a discussão sobre o conceito, pois é uma forma de

    calcular o "valor" de uma empresa, com seus ativos

    intangíveis.

    Uma de suas características é a inseparabilidade, ou seja, não

    é possível separar o "goodwill" da empresa, ou mesmo

    identificá-lo em uma máquina, ou em um imóvel.

    Geralmente, ele é definido como um lucro excessivo, alémdo esperado, sendo que a dificuldade reside na mensuração

    do valor atual dos benefícios futuros esperados, tais como a

    clientela, boa localização e marca.

    Pode-se verificar, portanto, que esses atributos não estão

    relacionados a um ativo em particular, mas a empresa como

    um todo.

    Há dois tipos de "goodwill":

    a) objetivo que é a diferença positiva entre o valor de

    mercado líquido dos ativos e passivos e o custo de aquisição

    da parte líquida dos ativos e passivos pelo investidor, e

    b) subjetivo que é a diferença entre o valor presente dos

    fluxos futuros de caixa menos o valor de mercado dos ativos

    e passivos.

    Dessa forma o "goodwill" não é o mesmo que capitalintelectual e muito menos a expressão legal muito usada no

    Brasil "Fundo de Comércio" (porque essa expressão também

    inclui alguns ativos tangíveis).

    O "goodwill" é composto por vários fatores, que não têm

    vida própria sozinhos e não podem ser alienados

    individualmente a terceiros.

    Exemplo prático: Um empresário regulamente constituído de

    acordo com o artigo 966 do Código Civil (antiga firma

    individual) decide vender sua participação societária, bem

    como todos os ativos tangíveis e intangíveis paradeterminada pessoa juridica. Assim pretende vender todo o

    "fundo de comércio".

    No momento da venda o empresário deve individualizar cada

    bem, a fim de tributar o ganho de capital na pessoa juridica

    sobre cada item (máquinas, equipamentos, móveis,

    utensílios, prédio etc.), bem como apurar o "goodwill" não

    contabilizado internamente (marca, ponto comercial,

    clientela etc.) e, inclusive, apurar o ganho de capital de sua

    própria participação societária que deve ser apurado na

    pessoa física.

    Suponha que no nosso exemplo, após todo o procedimentorelatado, foi identificado na venda um valor pago a maior

    em decorrência da expectativa de lucros futuros. Neste caso,

    o adquirente, registrará contabilmente como "goodwill"

    adquirido, que resulta do valor calculado pela diferença entre

    o valor atual de um negócio como um todo e a soma

    algébrica dos valores justos dos itens patrimoniais

    mensurados individualmente.

    Diante deste exemplo, pode ser verificado claramente que o

    fundo de comércio compreende o total de ativos da empresa,

    independentemente de serem classificado contabilmentecomo ativo imobilizado, ou não. Já o "goodwill"

    compreende, no caso prático apresentado, um ativo

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    intangível que é a expectativa de rentabilidade futura do

    negócio.

    II - Novas normas contábeis 

    A Lei nº 6.404/1976 sofreu uma série de alterações com a

    edição da Lei nº 11.638/2007 e da Medida Provisória nº

    449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009.

    Contudo, muitas questões de ordem prática ainda dependem

    de regulamentação. Nesse sentido, o Comitê de

    Pronunciamentos Contábeis (CPC) emitiu diversos

    Pronunciamentos Técnicos bem como foram publicadas

    várias Resoluções do CFC sobre as mudanças.

    De acordo com a Resolução do CFC 1.350/2011, que deu

    nova redação à NBC TG 15, e considerando o

    Pronunciamento Técnico CPC 15 - Combinação de

    Negócios, explica-se de forma mais aprofundada como se

    chega ao valor do "goodwill".De acordo com essa norma é necessário, quando se adquire

    uma parte ou o todo de uma empresa, efetuar o levantamento

    do valor justo de todos os seus ativos e passivos.

    Além disso, é preciso verificar a eventual existência de ativos

    não contabilizados mas que têm valor justo (valor de

    mercado), se são individualizáveis e ainda se podem ser

    negociados individualmente.

    Observa-se que o "goodwill", quando gerados internamente

    pela empresa não podem ser contabilizados (CPC 04 - Ativo

    Intangível e CPC 15 - Combinação de Negócios) mas devem

    ser registrados quando forem vendidos para terceiros, pois o

    preço interfere na negociação, como por exemplo a marca, o

    ponto comercial, a lista de clientes.

    Assim no momento da aquisição, o "goodwill" adquirido,

    que deriva de uma expectativa de benefício futuro é pago e

    registrado contabilmente no momento do negócio.

    Fundamentação: Resoluções do CFC nº 1.303/2010;

    1.157/2009; 1.350/2011.

    III - Contabilização do "goodwill" 

    É importante ressaltar, entretanto, que o "goodwill" é um

    ativo que muitas vezes pode não estar associado a nenhum

    custo, nem de aquisição nem de formação.

    A contabilidade reconhece duas formas de uma empresa

    adquirir o "goodwill": a) por meio de outra empresa,

    adquirindo-a; b) por meio de uma fusão.

    O "goodwill" somente é reconhecido contabilmente quando

    há uma transação de compra de uma empresa.

    Nesse caso há uma diferença verificável entre o preço pago

    pela empresa e o valor justo de seus ativos líquidos. A

    expressão "valor justo" é utilizada para representar o o preço

    que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago

    pela transferência de um passivo em uma transação não

    forçada entre participantes do mercado na data de

    mensuração (ver NBC TG 46 - Mensuração do Valor

    Justo).Assim, quando houver um excesso do valor pago

    sobre o valor dos ativos individuais é que se reconhecerá a

    existência do "goodwill" como um ativo.

    Nos casos em que acontecer da diferença entre o valor pago e

    o justo valor dos ativos líquidos ser negativa, a

    contabilização dos ativos individuais na entidade que os

    adquire deve ser feita já pelo valor ajustado por essa

    diferença, que no caso representaria um "goodwill" negativo.

    De acordo com as normas internacionais de contabilidade, a

    partir de 2010, caso haja de fato um pagamento por valor

    menor do que o valor justo dos ativos líquidos adquiridos

    (ganho por compra vantajosa é a nova denominação), deve

    esse valor ser reconhecido como ganho imediatamente.

    Porém a empresa deverá rever todos seus cálculos e todas

    suas avaliações.Fundamentação: Resolução do CFC nº 1.303/2010, alterada

    pela NBC TG 04 (R1); Resoluções do CFC nºs 1.157/2009 e

     1.350/2011.

    IV - Classificação contábil do ágio e deságio 

    De acordo com as novas normas internacionais de

    contabilidade, o ágio pago por expectativa de rentabilidade

    futura deve ser classificado no subgrupo Ativo Intangível,

    dentro do grupo do Ativo Não Circulante.

    Todavia os deságios devem permanecer classificados em

    investimentos e se o fundamento econômico assim justificar,

    continuar a serem amortizados, em 2008 e 2009. Os deságios

    sem fundamentação econômica somente podem ser baixados

    quando da baixa do investimento.

    Ressalte-se que nas demonstrações contábeis individuais, o

    ágio por diferença entre valor justo (valor de mercado) e

    valor contábil, apurado na aquisição de investimentos em

    coligadas e controladas, continua classificado no subgrupo

    de Investimentos, também no Ativo Não Circulante.

    Nos balanços consolidados, o ágio pago por diferença entrevalor justo (valor de mercado) de ativos e passivos e valor

    contábil fica agregado aos ativos ou passivos que lhe deram

    origem, e não no subgrupo de Investimentos. Os deságios

    anteriormente classificados nos balanços consolidados como

    resultados de exercícios futuros devem ser reclassificados

    para o passivo não circulante, devido à extinção daquele

    grupo de contas.

    Assim, de acordo com as normas internacionais de

    contabilidade, apenas o ágio por expectativa de rentabilidade

    futura ("goodwill") tem a característica de ser classificável

    no Ativo Intangível.

    Fundamentação: Resolução do CFC nº 1.157/2009.

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    V - Amortização do ágio 

    Há muitas discussões sobre amortizar o "goodwill" adquirido

    por meio de uma transação de compra de uma empresa ou

    não.

    Atualmente, em função dos Pronunciamentos Técnicos CPC

    04 - Ativo Intangível e 15 - Combinação de Negócios, o

    "goodwill" continua sendo definido como a diferença entre o

    valor pago e o valor justo dos ativos líquidos adquiridos, é

    ativado (fica como investimento no balanço individual e

    como ativo intangível no balanço consolidado), não é

    amortizado e é sujeito ao teste de impairment, exatamente

    como na norma internacional.

    A grande novidade foi a obrigação de, ao se determinar seu

    valor, não só tratar os ativos e passivos contabilizados na

    adquirida pelos seus valores justos, mas a obrigação de

    incluir ativos não contabilizados na adquirida (como patentes

    geradas pela própria adquirida e outros intangíveis nessamesma condição) e incluir passivos não contabilizados mas

    que geram redução do valor da operação de compra da

    adquirida (como o caso de passivo contingente que não é

    contabilizado por não ser considerado provável, mas que

    influencia o valor da negociação).

    Entretanto, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC)

    adotou o Pronunciamento Técnico PME - Contabilidade para

    Pequenas e Médias Empresas no qual determina a

    obrigatoriedade dessas entidades amortizarem

    periodicamente o "goodwill", sugerindo 10 anos para o caso

    de não existência de critério objetivo que permita visualizar

    outro prazo como sua vida útil econômica. Desta forma, para

    as pequenas e médias empresas deverá ser adotado um

    procedimento, e para as demais sociedades, outro.

    Fundamentação: itens 18.20 e seguintes da Resolução do

    CFC nº 1.255/2009.

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