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Gestão do tempo na construção civil e sua relação com as demais áreas da gestão de projetos
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ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015
Gestão do tempo na construção civil e sua relação com as demais
áreas da gestão de projetos
Marcos Vinícius Belizário Silva – [email protected]
Gestão de Projetos em Engenharias e Arquitetura
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Cuiabá, MT, 07 de Outubro de 2014
Resumo
Na última década a Gestão de Projetos ganhou notoriedade em grande parte de construtoras
e empresas ligadas diretamente à construção civil brasileira devido ao aquecimento do
mercado imobiliário nacional. Um dos atrativos para abrir vantagem em relação aos
concorrentes neste mercado é o prazo rigoroso de entrega das obras. No entanto, controlar o
tempo é um desafio enorme e uma vez perdido, é impossível recuperá-lo. É na Gestão do
Tempo (uma das 9 áreas de conhecimento da Gestão de Projetos) que fornece algumas
alternativas de como administrar melhor o cronograma. O objetivo deste artigo é destacar a
importância da Gestão do Tempo e sua relação com as demais áreas do conhecimento. Para
isso, foram abordados cada relação entre as áreas de conhecimento com o tempo e a
influência que este último exerce sobre as demais. Percebeu-se que entregar uma obra no
prazo é uma das características intrínsecas para o sucesso de um projeto. Concluiu-se que
gerir o tempo é o melhor medidor visual de um projeto para antecipar a resolução de
quaisquer problemas ligados a este garantindo excelência em qualidade e mantendo boa
relação entre o construtor e o cliente.
Palavras-chave: Gestão de Projetos. Gestão do Tempo. Cronograma. Construção Civil.
1. Introdução
A indústria da construção civil tem sofrido alterações nos últimos anos devido ao
aquecimento do mercado imobiliário nacional. Por conta deste aquecimento, houve um
aumento considerável tanto na quantidade de novas construtoras atuantes neste mercado
quanto na quantidade de novos empreendimentos de construtoras já consolidadas.
Devido ao aumento de oferta do produto, os clientes passaram a ser mais exigentes quanto à
qualidade dos imóveis, funcionalidade, preço e principalmente ao prazo de entrega dos
mesmos.
Neste contexto percebe-se redução do investimento em projetos na maioria das construtoras.
Isso gerou a necessidade do investimento no planejamento deste produto, pois gerenciando o
ciclo de vida do projeto, consegue-se controlar os principais indicadores de desempenho do
sucesso almejado: qualidade, custo e prazo.
É neste último indicador que se concentra a produção deste artigo, de forma a verificar a
importância do planejamento para a construção civil e sua relação com as demais áreas de
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conhecimento da gestão de projetos, tema este que vem ganhando espaço nas construtoras
com investimento em equipes de planejamento como parte do quadro técnico.
Ao planejar uma obra, o gestor detém um bom grau de detalhamento do empreendimento e
pode assim identificar situações desfavoráveis antecipadamente, agindo imediatamente na
correção ou prevenção destas situações minimizando o prejuízo de custo ou tempo da obra.
Portanto, deve-se gastar energia suficiente para realizar um bom planejamento, garantindo
sucesso no empreendimento. Esta garantia se dá através do monitoramento do cronograma de
obra.
O tempo é o principal indicador, pois se não for administrado de forma correta poderá
interferir no desempenho global do projeto. Uma vez deficiente a gestão do tempo, abre a
possibilidade para frustração de prazo, sobrecusto no orçamento, levando desgaste entre o
construtor e o cliente, ocorrendo até processos judiciais.
Este artigo tem como objetivos demonstrar a importância da gestão do tempo na construção
civil e sua relação com as demais áreas de gestão de projetos. São elas: escopo, qualidade,
custo, comunicações, riscos, recursos humanos e aquisições.
2. Gestão do tempo
As empresas e os gerentes de projetos têm investido no treinamento, processos,
ferramentas e estruturas para aumentar a maturidade de um ambiente de
gerenciamento. Contudo, é possível observar vários problemas ligados a essa
prática. Muitos deles estão ligados a uma das variáveis mais imponderáveis e
implacáveis de todas: o tempo. (BARCAUI apud PANIGAS, 2010:5)
De todos os recursos disponíveis em um projeto, o único recurso impossível de ser recuperado
é o tempo. A alocação dos demais recursos do projeto dependem da quantidade de tempo
destinada para cada atividade, fazendo com que o limitador tempo predomine no
sequenciamento interdependente de atividades.
De acordo com o PMBOK (2008) os principais processos de gestão de tempo do projeto são:
1. Definir as atividades – o processo de identificação das ações específicas a serem
realizadas para produzir as entregas dos projetos.
2. Sequenciar as atividades – o processo de identificação e documentação dos
relacionamentos entre as atividades do projeto.
3. Estimar os recursos da atividade – o processo de estimativa dos tipos e quantidades de
material, pessoas, equipamentos ou suprimentos que serão necessários para realizar
cada atividade.
4. Estimar as durações da atividade – o processo de estimativa mais próxima possível no
número de períodos de trabalho que serão necessários para terminar atividades
específicas com os recursos estimados.
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5. Desenvolver o cronograma – o processo de análise das sequências das atividades, suas
durações, recursos necessários e restrições do cronograma visando criar o cronograma
do projeto.
6. Controlar o cronograma – processo de monitoramento do andamento do projeto para
atualização do seu progresso e gerenciamento das mudanças feitas na linha de base do
cronograma.
O cronograma é um medidor visual do tempo. Trata-se da forma mais clara de enxergar o
atraso ou adiantamento do projeto. Um atraso só é causado quando há interferência na sua
execução. Com o gerenciamento do projeto, é possível atuar rapidamente no problema
corrigindo-o ou tomar uma ação preventiva para amenizar este desvio.
É muito importante a gestão do tempo como principal indicador da execução da obra, pois
estão gestão interfere diretamente nas demais áreas do conhecimento. A seguir será abordada
a relação da gestão do tempo com estas respectivas áreas: riscos, escopo, comunicações,
aquisições, recursos humanos, custo e qualidade.
2.1 Relação gestão do tempo x risco
Risco do projeto é um evento ou condição incerta que, se ocorrer, tem um efeito positivo ou
negativo no objetivo do projeto. Um risco tem uma causa e, se esta ocorrer, uma
consequência. Incluem tanto ameaças para os objetivos do projeto quanto oportunidades para
aprimorá-los. Riscos conhecidos são aqueles que têm sido identificados, analisados e
passíveis de planejamento. Riscos desconhecidos não podem ser gerenciados, podendo os
gerentes de projetos tratá-los através de uma contingência genérica (MIELKE, 2003).
No gerenciamento de riscos é de grande importância identificar os riscos dos stakeholders
(partes interessadas) no projeto, detalhando a probabilidade dos mesmos ocorrerem, bem
como seus impactos e os planos de contenção ou contingência.
Os primeiros stakeholders imaginados no projeto são: o gerente de projeto, o patrocinador do
projeto, a equipe de projeto e o cliente. (PAIVA, 2007).
No início do projeto, os stakeholders não são plenamente conhecidos, então é necessário um
maior gerenciamento de risco. Durante o andamento do projeto, o relacionamento com os
stakeholders aumenta e passa-se a conhecer mais os riscos advindos da influência direta das
decisões destes, podendo o gestor de projetos minimizar os imprevistos nesta área, conforme
o gráfico 1.
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Gráfico 1 – Relação Risco x Tempo
Fonte: Adaptado de Vargas (2000)
2.2 Relação gestão do tempo x escopo
Segundo Neves (2009), a falta de controle do e má definição do escopo do projeto são
grandes causas históricas de fracasso no gerenciamento de tempo do projeto. Esta má
definição do objetivo, abrangência e detalhamento do escopo no empreendimento ocasiona
um mau controle de tempo.
Quanto mais definido o escopo, menor será o tempo gasto nas escolhas de produtos,
facilitando também o controle e manutenção do tempo relacionado às alterações de escopo
que por ventura ocorrerem. De posso de um memorial descritivo, por exemplo, há tempo
hábil para replanejamento caso ocorra algum imprevisto relacionado ao escopo do projeto,
pois já se tem uma referência e um objetivo pré definido no memorial.
Se uma pessoa desejar comprar uma casa pronta e estabelece como escopo para a sua procura
uma casa que tenha dois andares, três quartos, duas vagas de garagem, haverá uma grande
possibilidade de encontrar diversas casas que atendam este escopo. Já se ele procurar por
apenas uma casa, possivelmente várias casas serão encontradas, mas a possibilidade de
nenhuma dessas casas agradarem é muito grande. Quando se tem um escopo genérico demais,
o processo de escolha se torna demorado devido à grande quantidade de opções, diminuindo a
qualidade da escolha do seu produto e aumentando o prazo para a escolha conforme pode ser
visualizado no gráfico 2 (VARGAS, 2000).
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Gráfico 2 – Relação Escopo x Tempo
Fonte: Adaptado de Vargas (2000)
2.3 Relação gestão do tempo x comunicações
A comunicação está presente em boa parte do tempo do gestor de projeto, pois trata-se de um
elo de ligação entre o gestor de projetos e os fornecedores, stakeholders, equipe de projeto. É
através dela que se passa informações e ideias para todos os envolvidos no projeto.
A comunicação no projeto acontece com ou sem criação de um canal oficial para o
estabelecimento desta comunicação, porém na ausência deste canal a informação do
empreendimento fica dispersa na empresa, dificultando ou inviabilizando a criação do
histórico do empreendimento (NEVES, 2009).
A má comunicação pode levar ao caos na execução do projeto, pois as informações devem ser
transmitidas igualmente para todos os envolvidos no projeto. Senão uma simples alteração no
escopo do projeto pode ser entendida de diversas maneiras por todos os envolvidos. Se a
comunicação não for padronizada, cada um interpretará a alteração de uma maneira diferente,
e até que se uniformize o que o cliente queria alterar, por exemplo, demanda gasto de tempo
desnecessário na execução do projeto. A figura 1 demonstra de forma humorada o problema
de comunicação dentro de um projeto.
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Figura 1 – Problema de comunicação no projeto
Fonte: Baroni (2012)
A comunicação possui três elementos básicos: o emissor, a mensagem e o receptor. A figura 2
representa a interligação entre esses elementos:
Figura 2 – Diagrama da comunicação
Fonte: Rezende (2011)
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Segundo Rezende (2011), na comunicação é preciso definir um nível de entendimento. O
receptor deve possuir conhecimento necessário para interpretar e entender a mensagem, a
linguagem e o contexto.
O processo Planejamento das Comunicações determina as necessidades de
informações e comunicações das partes interessadas; por exemplo, quem precisa de
qual informação, quando precisarão dela, como ela será fornecida e por quem.
Embora todos os projetos compartilhem a necessidade de comunicar as informações
sobre o projeto, as necessidades de informações e os métodos de distribuição variam
muito. Um fator importante para o sucesso do projeto é identificar as necessidades
de informações das partes interessadas e determinar uma maneira adequada para
atender a essas necessidades. (PMBOK, 2004:225)
2.3 Relação gestão do tempo x aquisições
O gerenciamento das aquisições interfere diretamente no prazo final da obra, porque sem
planejamento e aquisições dos insumos necessários, torna-se impossível a execução da obra.
Para que o sucesso do projeto seja atendido, a equipe de aquisições necessita conhecer de
logística, engenharia civil, administração e economia. São quatro profissionais em um. É
preciso entender a obra, ter uma boa base financeira e saber onde estão os fornecedores que
vão render boas parcerias, com isso quando o projeto for entregue ao cliente possuirá preço
competitivo e qualidade que é a meta perseguida entre as organizações (MARQUES, 2009).
Quando se faz um planejamento determina-se qual a duração de uma atividade. De posse
dessa informação, pode-se estimar os insumos necessários para a execução da atividade
naquele determinado período de tempo.
Ainda é importante salientar que a definição de recursos financeiros e materiais deve ser feita
de maneira cuidadosa, sendo preferencialmente realizada tarefa por tarefa para que se evitem
erros ou distorções de planejamento (FRAME, 2003).
Uma maneira de representar se a relação tempo x aquisições está sendo executada conforme o
planejado é através da curva S. A figura 3 ilustra uma curva S genérica de um projeto.
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Figura 3 – Curva S de um projeto
Fonte: Frame (2003)
Analisando a figura 3 percebe-se que as despesas planejadas diferem com as despesas reais.
Fato este que pode estar diretamente relacionado ao atraso de aquisições de insumos fazendo
com que haja um gasto com mão de obra parada, consequentemente atrasando o prazo da
obra.
2.4 Relação gestão do tempo x recursos humanos
Esta interface é o fator que mais causa desvios durante a execução do cronograma, pois possui
vários fatores que influenciam no desempenho, como falta de mão de obra ou desqualificação
da mesma, dificultando o gerenciamento (NEVES, 2009).
Os recursos humanos são fator de grande importância na relação entre gestão de tempo e
recursos humanos. Eles podem impactar tanto positivamente quanto negativamente no projeto
em termos de prazo, custo, qualidade e demais fatores.
Entre os principais fatores que afetam os recursos humanos na gestão do tempo em projetos
está o fato de que os trabalhadores estão sujeitos ao estresse, motivação e satisfação. Isto
interfere diretamente na produtividade de cada indivíduo, ocasionando atrasos ou
adiantamentos em um projeto.
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Nascimento (2008), exemplifica graficamente duas empresas que estão trabalhando em um
projeto de lançamento de um produto onde na empresa A o lançamento foi adiantado em
relação ao planejado, enquanto na empresa B a execução segue conforme o planejado:
Figura 4 – Esforço x Tempo da empresa A
Fonte: Nascimento (2008)
Figura 5 – Esforço x Tempo da empresa B
Fonte: Nascimento (2008)
Analisando as figuras acima, percebe-se que o menor tempo investido no projeto pela
empresa A aumentou o esforço da equipe em adiantar o projeto, causando estresse e
insatisfação, gerando possíveis alterações na produtividade.
2.5 Relação gestão do tempo x qualidade
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A qualidade de uma obra está ligada à qualificação da mão de obra, à própria qualidade dos
insumos utilizados, mas também ao prazo que se tem como meta para a conclusão da obra em
si. Prazos muito curtos apressam a velocidade de execução da obra, dificultando obter um
produto que boa qualidade. É preciso determinar um prazo ideal para que a obra seja
executada com qualidade.
Neves (2009:09) considera que “a gerência do tempo é interferida quando a execução do
projeto possui não conformidade afetando a qualidade e gerando um retrabalho aumentando o
prazo para a execução da tarefa”.
Em um projeto com a duração muito curta a qualidade tende a cair devido à pressa na
conclusão do projeto. Projetos com a duração ideal já possuem a qualidade máxima. Após
esse ápice, a qualidade do projeto pode até cair devido à ineficiência do projeto, conforme
ilustrado no gráfico 3.
É impossível construir uma casa de alvenaria de qualidade em dez dias. Se a obra
dispõe de dez a doze meses para a construção, será encontrado o ponto ideal de
qualidade, porém se levar 50 anos para construir uma casa relativamente simples,
isso resultará em perda de qualidade por ineficiência, uma vez que a estrutura da
casa, a alvenaria e os outros componentes estarão expostos às intempéries e à
destruição durante todo o período do projeto. (VARGAS, 2000:25)
Gráfico 3 – Relação Tempo x Qualidade
Fonte: Adaptado de Vargas (2000)
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2.6 Relação gestão do tempo x custo
A relação do tempo com o custo é a mais importante dentre todas as áreas do conhecimento,
pois dependendo do custo necessário para concluir um projeto num curto período de tempo,
pode até inviabilizar o empreendimento.
Um projeto com tempo muito reduzido eleva o custo fortemente devido à quantidade de horas
extras e grande volume de mão de obra para executá-lo no prazo. Se adequar o tempo ideal
para a execução do projeto, este atinge seu custo ótimo. Mas se o tempo for demasiadamente
longo, o custo volta a subir, pois o projeto torna-se ineficiente.
Uma pessoa ao construir uma casa de alvenaria em dois meses, o custo do projeto
será elevado devido à grande quantidade de pessoas trabalhando em horários
alternativos (horas-extras) e devido ao aumento nos custos das matérias-primas da
obra, uma vez que não se dispõe de tempo para aguardar a entrega normal desses
materiais (pedidos de urgência). Se a pessoa dispões de dez a doze meses de
construção, encontrará um valor mínimo de custo (ideal). Porém se demorar vários
anos para construir a casa, seu custo voltará a aumentar devido a perdas de material
e retrabalho (ineficiência). (VARGAS, 2000:24)
Gráfico 4 – Relação Tempo x Custo
Fonte: Adaptado de Vargas (2000)
Os custos do projeto em relação ao tempo vão diminuindo até chegarem ao valor mínimo de
custo, onde a alocação de todos os recursos é feita de forma adequada às necessidades do
projeto.
As estimativas de tempo e recursos portanto são fundamentais para obter a melhor relação
custo-duração de um projeto, permitindo que a execução seja eficiente durante o decorrer do
tempo.
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Para Bruzzi (2008), todo projeto deve inter-relacionar os fatores relativo ao custo, tempo e
também à qualidade. O escopo do projeto define o que será ou não executado dentro de certos
limites determinados por exemplo pelo tempo. É importante trabalhar com cada um destes
fatores, dando peso para cada um.
Um projeto com prazo curto pode diminuir a qualidade e aumentar o custo, devido compras
de materiais urgentes, utilização de grande quantidade de mão de obra trabalhando com horas
extras, exemplificados na figura 6.
Figura 6 – Projetos com restrições de tempo
Fonte: Bruzzi (2008)
Já um projeto com maior tempo para execução, requer mais quantidade de horas trabalhadas,
aumenta assim o custo e não ter mais qualidade na execução.
Figura 7 – Tempo x Custo x Qualidade
Fonte: Bruzzi (2008)
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3. Conclusão
A gestão de projetos tornou-se cada vez mais necessária nas empresas ligadas à construção
civil fornecendo ótimas ferramentas para garantir o sucesso de um projeto. Dentro as 9 áreas
do conhecimento que formam a gestão de projetos, a gestão do tempo é a única impossível de
recuperá-la. Por isso, ela é a área fundamental que o gestor de projetos precisa dominar.
Funcionando como o principal medidor de desempenho, o cronograma permite agir
antecipadamente diante de imprevistos do projeto corrigindo-o ou amenizando o impacto.
Mas apenas gerir o tempo não é suficiente para garantir um projeto bem sucedido. É preciso
interrelacioná-lo com as demais áreas. Ou seja, não basta identificar o problema. Tem que
identificar onde ele ocorreu para assim corrigi-lo.
A gestão do tempo eficiente é aquela que integrada às demais áreas do conhecimento da
gestão de projetos identifica antecipadamente os atrasos no prazo de entrega do
empreendimento através do cronograma, interage com a área deficiente causadora do atraso e
age para corrigir o problema ou amenizá-lo a fim de garantir o prazo final da obra.
4. Referências
BARONI, Marcos. Apostila Gestão de Processos. Goiânia: Instituto de Pós Graduação –
IPOG, 2012.
BRUZZI, Demerval. Gerenciamento de Projetos. Distrito Federal: Editora SENAC, 2008.
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MIELKE, Eduardo. Fatores de Risco em Administração de Projetos: Visão e Ações no
Desenvolvimento de Software. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2003.
Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/4276/000409443.pdf?...1
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NEVES, Rodrigo. Gerenciamento do Tempo em Projetos. Rio de Janeiro: FGV, 2009.
PMBOK® - Um Guia do Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos.
EUA: PMI – Project Management Institute, 2004.
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PMI – Project Management Institute, 2008.
PAIVA, Luis de. O que é um stakeholder? O gerente, 2007. Disponível em:
http://ogerente.com/stakeholder/2007/02/23/o-que-e-um-stakeholder/
Acessado em: 25 de Setembro de 2014.
PANIGAS, Ismar. Apostila Gestão do Tempo. Cruz Alta: Instituto de Pos Graduação –
IPOG, 2012.
REZENDE, Rogério. Por que gerenciar comunicação nos projetos? Disponível em
http://egestaodeti.blogspot.com.br/2011/10/por-que-gerenciar-comunicacao-nos.html
Acessado em: 02 de Outubro de 2014.
VARGAS, Ricardo. Gerenciamento de Projetos: Estabelecendo diferenciais competitivos.
Rio de Janeiro: FGV, 2000.