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MBA EM GESTÃO EMPRESARIAL FIA/AFSEBRAE - SP
A Importância da Gestão Estratégica de Negócios nas Empresas de
Pequeno Porte do Segmento de Tecnologia da Informação do Estado
de São Paulo
Samuel Saveiro Santos Viana
Coordenação:
Prof. Dr. Almir Ferreira de Sousa
Prof. Dr. Adelino de Bortoli Neto
Orientação:
Prof. Ângelo Aere
São Paulo - Novembro / 2011
DEDICATÓRIA
Primeiramente a Deus, que foi responsável que
está sempre comigo, minha família que me
apoiou e ajudou, e a todos aqueles que de alguma
forma foram contribuintes para que este trabalho
fosse realizado.
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Prof. Ângelo Aere pelas orientações, idéias, conselhos, indicações e apoio
na realização deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Adelino De Bortoli Neto, pela orientação e idéias.
Ao auxiliar docente Ângelo que auxiliou e apoiou por todo o trabalho.
Aos empresários e colaboradores das empresas pesquisadas.
Ao SEBRAE-SP pela possibilidade de realização do curso e pelos dados utilizados.
EPÍGRAFE
Aquilo que somos hoje provém dos nossos
pensamentos de ontem, e os pensamentos atuais
constroem nossa vida de amanhã, nossa vida é a
criação de nossa mente.
Siddhartha Gautama (Buda)
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo o estudo do uso da gestão estratégica de negócios como
ferramenta de competitividade empresarial em empresas de pequeno porte do setor de
tecnologia da informação. Como objetivos específicos, este estudo verifica se essas empresas
possuem um sistema de informações estratégicas adequado à necessidade dos gestores, a
adoção de uma estrutura formal para planejamento das metas e objetivos, e o modelo aplicado
na elaboração da estratégia da empresa e a avaliação dos gestores sobre o processo de
planejamento estratégico adotado. O referencial teórico apresenta a visão de diversos e
renomados autores e está dividido em três partes. A primeira contempla critérios para
classificação do porte das empresas. A segunda, as particularidades de gestão adotadas nas
empresas de pequeno porte. Em seguida, o planejamento estratégico. A metodologia de
pesquisa adotada foi o estudo de caso múltiplo, com a participação de cinco empresas. Os
dados foram coletados por meio de entrevistas roteirizadas individuais, realizadas pelo
pesquisador, com os gestores e proprietários dessas empresas. A conclusão apresentada neste
trabalho revela que a gestão estratégica de negócios pode ser utilizada como ferramenta de
apoio a gestão empresarial e ao aumento da competitividade empresarial, apesar de muitas
vezes ser realizada de maneira tácita e sem nenhuma estrutura.
Área Temática: Gestão Estratégica de Negócios
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO.............................................................................. 10
1.1 Situação problema............................................................................................... 11
1.2 Objetivos............................................................................................................. 13
1.3 Justificativas....................................................................................................... 14
CAPÍTULO 2: REVISÃO TEÓRICA.................................................................... 14
2.1 A indústria de Tecnologia da Informação............................................................ 14
2.2 O Mercado Brasileiro de Tecnologia da Informação........................................... 16
2.3 Gestão de Micro e Pequenas Empresas............................................................... 19
2.3.1 Critérios para Classificação de Micro e Pequenas Empresas........................... 19
2.3.2 Particularidades de Gestão das Micro e Pequenas Empresas........................... 20
2.4 Planejamento Estratégico..................................................................................... 24
2.4.1 Conceito de Planejamento Estratégico............................................................. 24
2.4.2 Planejamento Estratégico nas Empresas de Pequeno Porte.............................. 27
CAPÍTULO 3: METODOLOGIA.......................................................................... 31
3.1 O Tipo de Pesquisa............................................................................................... 31
3.2 Universo e Amostra.............................................................................................. 32
3.3 Instrumentos de Coletas de Dados....................................................................... 33
3.4 Método de Análise de Dados................................................................................
34
CAPITULO 4: ANÁLISE DOS RESULTADOS................................................... 34
4.1 Apresentação dos Dados Pesquisados................................................................. 34
4.1.1 Empresa I......................................................................................................... 36
4.1.2 Empresa II........................................................................................................ 37
4.1.3 Empresa III....................................................................................................... 38
4.1.4 Empresa IV....................................................................................................... 39
4.1.5 Empresa V........................................................................................................ 40
4.2 Análise dos Dados Pesquisados........................................................................... 41
CAPITULO 5: CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................ 46
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 50
APÊNDICE I ............................................................................................................ 53
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Mercado Mundial de Tecnologia da Informação............................................. 16
Tabela 2 – Principais Indicadores do Mercado Brasileiro de Tecnologia da Informação.. 17
Tabela 3 - Indicadores de Mercado : Evolução 2004 / 2005 / 2006 / 2007/ 2008/2009.... 17
Tabela 4 - As Empresas do Setor de Software e Serviços ................................................. 18
Tabela 5 – Divisão das Empresas de TI por Porte............................................................. 18
Tabela 6 – Classificação das empresas pelo faturamento.................................................. 20
Tabela 7 - Especificidades e problemas da empresa pequeno porte por categoria de
análise.................................................................................................................................
21
Tabela 8 - Quadro Comparativo Entre as Empresas.......................................................... 42
LISTA DE ABREVIATURAS
ABES - Associação Brasileira de Empresas de Software
EPP – Empresa de Pequeno Porte
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MGE – Média e Grande Empresa
MPEs – Micro e Pequenas Empresas
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
ASSESPRO - Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação
TI – Tecnologia da Informação
USP – Universidade de São Paulo
10
1 – INTRODUÇÃO
A constante evolução da economia mundial tem sido a causa de um conjunto de
transformações econômicas, tecnológicas e sociais, num ritmo intenso de mudanças, com
consequências inevitáveis para qualquer tipo de organização. Algumas das características
dessas transformações são bastante visíveis, como as mudanças tecnológicas, que aceleram a
obsolescência técnica e econômica de equipamentos, processos e produtos. Tem-se, ainda, a
globalização e o acirramento da concorrência, as crescentes flutuações nos mercados, a
diluição das fronteiras e o aumento das condições de incerteza e de risco que envolvem o
processo decisório.
Os dirigentes empresariais veem-se, assim, ante a necessidade de adaptarem as empresas às
novas condições impostas por essas alterações, revendo e reformulando suas estratégias para
adquirir flexibilidade e ampliar suas chances de respostas às constantes mudanças do
ambiente. A busca das empresas por flexibilidade implica rever a forma como os recursos
estão sendo aplicados, como são exercidas as atividades empresariais e reavaliar as relações
intra e inter-organizacional, inclusive as relações entre a empresa e os agentes envolvidos em
sua estratégia. O resultado dessas interações e exigências é a nova configuração que pode
assumir as relações entre as empresas (SOUZA, 1995).
As pequenas empresas estão posicionadas na economia, de maneira a desempenhar um papel
de complementação às grandes organizações, preenchendo espaços deixados por estas no que
diz respeito a bens e serviços, cuja execução e distribuição seriam mais vantajosas quando
efetuadas por empresas de menor porte (PINHEIRO, 1996). No entanto, as pequenas
empresas possuem um papel mais relevante do que apenas complementar as lacunas deixadas
pelas funções não exercidas pelas grandes empresas. A existência das pequenas empresas
também auxiliaria na desconcentração espacial das atividades econômicas que
consequentemente auxiliam no desenvolvimento de áreas periféricas, fixando rendas nestas
áreas e amenizando desequilíbrios regionais.
O papel da pequena empresa de promover o desenvolvimento e contribuir para o aumento da
oferta de emprego é hoje reconhecido em todo o mundo. Essas empresas passam, assim, a
desempenhar um novo e importante papel de absorção de mão-de-obra, principalmente para
11
ajudar a enfrentar o desemprego causado pela diminuição da demanda e pelo
desenvolvimento tecnológico promotor de pouco uso de trabalho humano (SEBRAE, 2010).
Além disso, as forças do ambiente externo tendem a causar maiores impactos na pequena
empresa do que na grande, uma vez que esta possui recursos suficientes para desenvolver
dispositivos administrativos que amortecem tais impactos (VIEIRA, 2002). A verificação da
situação da pequena empresa no processo de reestruturação industrial requer também, além do
exame do ambiente e dos aspectos macroeconômicos, uma análise criteriosa sobre o seu
desempenho em relação às próprias atividades, para averiguar se elas contribuem com seu
desenvolvimento e competitividade, ou se estão se transformando em barreiras ao seu
crescimento e progresso. No entanto, essa análise não garante o sucesso da empresa.
Mas, se por um lado as técnicas administrativas, por si só, não asseguram a prosperidade de
um negócio (ALMEIDA, 2001), por outro, o desenvolvimento e progresso das pequenas
empresas não ocorre somente em função de sua dimensão e de suas condições
socioeconômicas, mas em conjunto com um gerenciamento eficaz presente em todos os seus
níveis (PINHEIRO, 1996). Um bom gerenciamento pode, ao menos, como salienta Almeida
(1994), proporcionar ao dirigente da pequena empresa maior probabilidade de acerto e
competitividade empresarial.
1.1- Situação Problema
Alguns empresários defendem que a instável situação econômica do Brasil seria a maior razão
para o fechamento das pequenas empresas no nosso país; dificuldades para aquisição de
financiamentos, juros altos, queda do poder aquisitivo entre outros. Realmente estes fatores
ocorrem e têm grande peso na administração das micro e pequenas empresas. Desta forma,
elas acabam fadadas à incerteza, e os novos empresários à falta de sono em suas noites, uma
vez que o processo de consolidação econômica do Brasil demanda um pouco mais de tempo.
Para que uma empresa se torne competitiva no mercado globalizado, ela deve se aperfeiçoar
continuamente, procurando adaptar seus processos e sua estrutura organizacional à nova realidade
de constantes mudanças, que podem representar ameaças ou oportunidades para a empresa. O
planejamento estratégico é uma importante ferramenta que auxilia uma empresa na tomada de
decisão, a se antecipar às mudanças ou mesmo a se preparar para tal. Sua principal característica
deve ser a flexibilidade para se ajustar face às necessidades do mercado. Apesar da importância
12
crescente e dos avanços na sua aplicação para a tomada de decisões nas organizações, há um
segmento no qual o uso do planejamento estratégico ainda é raro: o das pequenas empresas.
Nota-se que as pequenas empresas apresentam grandes dificuldades no processo de elaboração de
um planejamento estratégico e este contexto remete-nos à questão das particularidades deste
segmento como o pequeno porte das empresas, falta de recursos para a contratação de
profissionais para suprir a falta de conhecimento administrativo, excesso de tarefas operacionais
no dia a dia do empresário, centralização de poder, entre outros.
No Brasil, as pequenas empresas constituem um universo de aproximadamente 3,5 milhões de
unidades, mobilizando um contingente estimado de 60 milhões de pessoas, entre empreendedores,
suas famílias e funcionários, respondendo por 98% dos estabelecimentos industriais, comerciais e
de serviços e praticamente 60% dos empregos urbanos (SEBRAE, 2010). No entanto, através de
estatísticas do SEBRAE (2010), pode-se verificar que 49,4% destas empresas morrem com até
dois anos de existência. Em que o planejamento estratégico poderia contribuir para diminuir este
percentual? Seria a falta de planejamento estratégico, um fator causador deste percentual tão alto?
É o que pretendemos abordar através desta pesquisa, com análise de uma empresa de pequeno
porte do setor de tecnologia da informação, que foi criada em 2002, sem uma estrutura de gestão
especifica e sem nenhuma política de administração.
O autor da presente pesquisa é formado em Administração de Empresas e tem uma forte
motivação pelos estudos organizacionais, principalmente aqueles que envolvem empresas de
pequeno porte. A convivência com tais empresas nos últimos 5 anos, trabalhando como
consultor de negócios pelo SEBRAE-SP faz que este pesquisador tenha um entusiasmo
pessoal com o trabalho que ora desenvolve. Esses problemas, aqui retratados por meio de
teorias e revisões bibliográficas, são, para autor, uma vívida realidade com a qual já se
defrontou diversas vezes. Portanto, é com satisfação que agora ajuda a construir uma teoria
para esse tipo de empresa, e assim, colaborar com o aprimoramento de seu processo
administrativo.
A expectativa, acima de todas, é que se possa contribuir de forma eficaz com o seu
gerenciamento. Assim, acredita-se que, ao lado de uma contribuição teórica, faz-se necessário
também apresentar propostas que surtam efeitos no dia-a-dia dos seus dirigentes, auxiliando-
os a enfrentar o desafio diário de manter a sobrevivência de sua empresa. Essas expectativas e
13
possibilidades formam um conjunto de motivação para o desenvolvimento da presente
pesquisa.
1.2 - Objetivos
O objetivo principal do trabalho é estudar a importância da gestão estratégica para o aumento
da competitividade das empresas de pequeno porte do segmento de tecnologia da informação
do estado de São Paulo, pela análise dos resultados e desempenho das empresas. Em função
do que se apresentou na justificativa e na definição do problema a ser pesquisado, o principal
foco deste estudo é o de verificar se a gestão estratégica é utilizada pelas empresas pequeno
porte e se é considerado uma ferramenta de competitividade no sistema de gestão empresarial.
Mais especificamente, pretende-se responder às seguintes questões:
a) Estudar a contextualização dos obstáculos da gestão estratégica de negócios nas empresas
de pequeno porte;
b) Revisar a literatura sobre planejamento estratégico e gestão de pequenas empresas;
c) Revisar a literatura sobre gestão e especificidades das pequenas empresas;
d) Identificar as particularidades da empresa de pequeno porte no processo de gestão
estratégica;
e) Concluir se a gestão estratégica de negócios pode ser considerada prática de
competitividade empresarial para empresas de pequeno porte do segmento de tecnologia da
informação, através da verificação do desempenho empresarial no setor de atuação e da
rentabilidade alcançada.
Para responder estas perguntas será utilizado o método de pesquisa em 5 empresas do setor de
tecnologia da informação, através de questionário específico, e estudo comparativo entre as
empresas do setor de tecnologia da informação, para verificação do desempenho empresarial
alcançado através das práticas de gestão utilizadas.
14
1.3 - Justificativa
A investigação deste assunto, é justificada, pela grande quantidade de pequenas empresas
existentes no Brasil, 99% das empresas são pequenas (SEBRAE 2010), pela sua fragilidade
em relação ao mercado e pelos escassos estudos bibliográficos voltados a pequena empresa.
Existe também a necessidade de uma nova visão empresarial nas pequenas empresas, onde o
empresário de pequena empresa deve atentar-se a uma nova maneira de ver seu negócio, o
mercado e seu cliente, a importância desta nova consciência deve-se ao advento de diversos
aspectos, como a competição em um ambiente globalizado e competitivo.
O setor de tecnologia da informação foi selecionado em virtude de diversos fatores: crescente
número de empresas, produção e atuação descentralizada, competição global, necessidade de
melhorias das práticas de gestão neste setor, e principalmente pela carência da tecnologia da
informação nos pequenos negócios, representativos da maior parte das empresas no Brasil,
além de ser um tema de interesse dos empresários de pequeno porte e do o segmento
estudado. E, também, pela contribuição ao aumento dos estudos, considerando as
peculiaridades das empresas de pequeno porte.
Também existe o fator pessoal envolvido, pois o autor já desenvolveu trabalhos junto às
pequenas empresas, e tem interesse em contribuir para que estas empresas aumentem sua
competitividade no mercado brasileiro e internacional.
2 - REVISÃO TEÓRICA
2.1 – A Indústria de Tecnologia da Informação
Nas economias modernas, as tecnologias da informação (TI), em geral, vêm assumindo um
papel estratégico crescente, na medida em que a participação dos agentes econômicos em
mercados altamente competitivos depende do uso cada vez mais intensivo dessas ferramentas
tecnológicas. Sendo a informação um patrimônio valioso, a rapidez no seu acesso e a
eficiência no domínio das tecnologias que a envolvem tornam-se um diferencial em termos de
vantagens competitivas.
15
Segundo Santos (2001) as tecnologias da informação encontram-se no centro da chamada
nova economia e configuram-se como dispositivos essenciais para o acesso à informação e à
sociedade do conhecimento. Em uma era baseada na informação, essas tecnologias imprimem
novas dinâmicas econômica, social e cultural no cotidiano de indivíduos e empresas e se
constituem em uma realidade transformadora de hábitos, modos de viver e de produzir, com
ênfase na otimização do uso do tempo e no aumento da produtividade do trabalho. Esta ação
transformadora demanda um constante processo de atualização, que se traduz na busca por
acessos mais rápidos, para quantidades cada vez maiores de informação. Aprender a conviver
com as novas tecnologias é uma tarefa que a sociedade moderna impõe a empresas e pessoas
para que possam enfrentar os novos desafios.
Nos mercados altamente competitivos, a busca por ganhos de produtividade se traduz em
menores custos e preços mais atraentes, o que remete à melhoria constante dos processos de
produção, com maiores níveis de automação, obtendo, como interface, as tecnologias da
informação. Entretanto, mesmo representando uma necessidade indispensável para a
sobrevivência de empresas, escolhas tecnológicas inadequadas podem resultar em gastos
excessivos, subutilização dessas tecnologias ou perdas de competitividade (WALTON 2003).
Assim, o uso de ferramentas de TI adequadas às necessidades das empresas, associado à
atualização e melhoria contínua (upgrades regulares) de equipamentos e sistemas
informáticos são exigências para se aumentar a produtividade, oferecer atendimento de
excelência, ofertar produtos e serviços de qualidade e garantir eficiência no gerenciamento
das empresas. As tecnologias da informação podem ser entendidas como o conjunto de
dispositivos tecnológicos que capacitam os indivíduos a acessar, processar e armazenar
informações. Podem ser consideradas como a ponte entre os indivíduos e a sociedade do
conhecimento. Na literatura disponível, os conceitos de TI são bastante variados.
Segundo Walton (2003), a Tecnologia da Informação (TI) é o conjunto de recursos não
humanos dedicados ao armazenamento, processamento e comunicação da informação, e a
maneira como esses recursos estão organizados num sistema capaz de executar um conjunto
de tarefas. Segundo Santos (2001), Tecnologia da Informação é o termo que engloba toda
tecnologia utilizada para criar, armazenar, trocar e usar informação em seus diversos formatos
(dados corporativos, áudio, imagens, vídeo, apresentações multimídia e outros meios,
incluindo os que não foram criados ainda).
16
Acrescenta-se a esses conceitos que as tecnologias da informação estão relacionadas tanto
com a parte física, ou seja, hardware e periféricos, como com a parte lógica, abrangendo
software básicos (sistemas operacionais, utilitários e software de programação) e software
aplicativos para usos pessoal e profissional (inclusive jogos). Também encontram-se
agrupados no conjunto das tecnologias da informação serviços como gestão de dados e
informações (armazenamento de informações e bancos de dados), tratamento de dados
(digitação, web hosting, digitalização de imagens, georreferenciamento, etc.), integração de
redes, desenvolvimento de sistemas, consultoria e suporte técnico.
2.2 - O Mercado Brasileiro de Tecnologia da Informação
Apesar das turbulências que marcaram a economia mundial a partir do último trimestre de
2008, os anos de 2009 e 2010 foram relativamente estáveis para o setor de TI no Brasil, que
mostrou um crescimento real nestes últimos anos. Segundo a Associação Brasileira de
Empresas de Software (ABES 2010), O mercado brasileiro de software e serviços manteve a
12ª posição no cenário mundial, tendo movimentado 15,3 bilhões de dólares, equivalente a
1,02% do PIB brasileiro daquele ano.
Tabela 1 – Mercado Mundial de Tecnologia da Informação. (ABES 2010)
Deste total, foram movimentado 5,45 bilhões em software, o que representou perto de 1,7%
do mercado mundial, e 9,91 bilhões foram movimentados em serviços relacionados. Em 2009,
a participação de programas de computador desenvolvidos no país atingiu 29 % do total do
17
mercado brasileiro de software e, embora tenha representado uma participação ligeiramente
menor do que no ano anterior, ainda indica a tendência de crescimento que vem sendo
apontada desde 2004 (ABES 2010).
Tabela 2 – Principais Indicadores do Mercado Brasileiro de Tecnologia da Informação (ABES 2010)
Tabela 3 - Indicadores de Mercado: Evolução 2004 / 2005 / 2006 / 2007/ 2008/2009 (ABES 2010)
Segundo a ABES (2010) este mercado é explorado por quase 8.500 empresas, dedicadas ao
desenvolvimento, produção e distribuição de software e de prestação de serviços. Daquelas
18
que atuam no desenvolvimento e produção de software, 94% são classificadas como micro e
pequenas empresas.
Empresas Quantidade Participação
Desenvolvimento e Produção 2.106 24,8 %
Distribuição e Comercialização 4.389 51,8 %
Prestação de Serviços 1.983 23,4 %
Total 8.478 100 %
Tabela 4 - As Empresas do Setor de Software e Serviços (ABES 2010)
Micro Empresa 37,6 %
Pequena Empresa 56,4 %
Média Empresa 5,03 %
Grande Empresa 0,95 %
Tabela 5 – Divisão das Empresas de TI por Porte (ABES 2010)
Os setores industrial e financeiro continuaram representando praticamente 50% do mercado
usuário, seguidos por serviços, comércio, governo e agroindústria. Já em termos de
crescimento, a agroindústria foi o setor que apresentou o maior aumento nos investimentos,
com variação positiva de quase 12% em relação a 2008.
Principais Indicadores do mercado Brasileiro de TI (ABES 2010):
Software:
Mercado Total de Us$ 5,452 bilhões
Representa 1,70 % do mercado mundial
Atendido em 29 % por programas desenvolvidos no país
Exportação de Us$ 92 milhões em licenças
Conta com 6.495 empresas dedicadas à exploração econômica
Serviços:
19
Mercado Total de Us$ 9,914 bilhões
Representa 1,78 % do mercado mundial
Exportação de Us$ 271 milhões
Conta com 1.983 empresas dedicadas à exploração econômica
Indicadores Gerais de TI:
Mercado Total de TI no Brasil Us$ 30,5 bilhões
Representa 2,1 % do mercado mundial e 47,0 % do mercado AL
11,3 milhões de PC’s vendidos em 2009
42 milhões de PC’s compõe a base instalada
65 milhões de usuários da Internet
2.3 - Gestão de Micro e Pequenas Empresas
2.3.1 - Critérios para Classificação de Micro e Pequenas Empresas
Há vários conceitos de MPE´s (Micros e Pequenas Empresas) no Brasil e no Mundo. Em
geral, eles levam em consideração critérios quantitativos, como o número de empregados ou
faturamento anual bruto (para definições internacionais de Micros e Pequenas Empresas). Os
critérios geralmente utilizados para a classificação ou categorização das empresas são de duas
naturezas de acordo com Pinheiro (1996): quantitativo e qualitativo. Existe, ainda, um
terceiro, resultante da combinação dos dois critérios anteriores. Os critérios de natureza
quantitativa (econômicos e/ou contábeis), além de serem mais fáceis de se obter, permitem
análises comparativas entre as empresas. Geralmente, utiliza-se a classificação por número de
empregados, valor do faturamento, patrimônio líquido, lucro, volume de imobilização do
ativo, capital social e/ou estrutura de financiamento, etc.
Já os critérios qualitativos, de caráter mais gerencial e social, embora não sejam tão
mensuráveis como os quantitativos e cuja identificação é mais complexa, apresentam uma
visão mais real, mais íntima da empresa.
A classificação das Micros e Pequenas Empresas aplicada neste trabalho considera o
faturamento anual bruto, de acordo com a definição utilizada pelo Sebrae.
20
Porte da Empresa Faturamento Bruto Anual
Micro Empresa R$ 0 a R$ 240.000,00
Empresa de Pequeno Porte R$ 240.000,00 a 2.400.000,00
Tabela 6: Classificação de Empresas pelo faturamento (Sebrae 2010).
2.3.2 – Particularidades de Gestão das Micro e Pequenas Empresas
Na opinião de Cancellier (2001), a principal característica das empresas de pequeno porte é o
modo empreendedor como são administradas. Segundo esta abordagem, identifica-se um
fundador ou líder forte que toma as principais decisões da organização de forma ousada,
arriscada e intuitiva, são características marcantes deste modelo a incessante busca por novas
oportunidades e os saltos dramáticos frente à incerteza, com decisões arrojadas em momentos
de crise. Leone (1999) afirma que as pequenas e médias empresas podem ser estudadas a
partir de suas especificidades, isto é, de suas características peculiares e, desta forma, foram
agrupadas sob três perspectivas:
a. Quanto aos aspectos organizacionais: buscam estruturas simples e de menor custo.
Possuem menor controle sobre seu ambiente externo e, por isso, são muito dependentes dos
recursos a elas disponíveis. A administração é exercida pelo proprietário, com pouca
delegação de autoridade e racionalidade das formas de controle. Os processos de
planejamento e controle são pouco formalizados e quantificados. A estratégia é intuitiva e
pouco formalizada. Estas empresas operam numa lógica de reação e adaptação ao ambiente ao
invés de antecipação e controle como ocorre nas grandes empresas. A gestão é personalizada
na pessoa do proprietário. O sistema de informação externo é simples, uma vez que o
proprietário discute diretamente com seus clientes;
b. O processo decisório é baseado no julgamento ou intuição do proprietário: ótica
operacional de curto prazo, já que o mesmo não dispõe de tempo para uma atitude mais
analítica e estratégica. O proprietário é o único tomador de decisões e, por isso, o poder de
decisão é localizado e centralizado. Não existem procedimentos formalizados. O sistema de
valores e a política da empresa sé uma extensão da vida do proprietário. Os dados necessários
à tomada de decisão nem sempre estão disponíveis.
21
c. Quanto às características individuais: o proprietário influencia todos os aspectos da
empresa como: estratégia, estrutura, clima organizacional e desempenho. Existe uma
correlação entre o patrimônio social e do proprietário. O perfil do dirigente é mais o de um
estrategista que corre riscos do que um administrador que procura aplicar uma estratégia
minimizando os riscos.
Os componentes que integram cada um desses aspectos se encontram descritos na Tabela 6.
Organizacionais Decisionais Individuais
- Pobreza de recursos
- Gestão centralizadora
- Situação extra-organizacional
incontrolável
- Fraca maturidade
organizacional
- Estrutura simples e leve
- Ausência da atividade de
planejamento
formal
- Fraca especialização
- Estratégia intuitiva e pouca
formalizada
- Sistema de informação
simples
- Tomada de decisão
intuitiva
- Horizonte temporal de
curto prazo
- Inexistência de dados
quantitativos
- Racionalidade política,
econômica e familiar
- Onipotência e influência
pessoal do dirigente
- Identidade entre
pessoas físicas e
jurídicas
- Dependência dos
empregados
- Correlação entre o
patrimônio pessoal e
social
- Propensão a riscos
calculados
Tabela 7 : Especificidades e problemas da empresa pequeno porte por categoria de análise (LEONE,
1999)
Outro aspecto que também merece ser salientado é o tipo de gerenciamento utilizado pelas
pequenas empresas. Segundo Gibb (2003), o modelo de gerenciamento utilizado pelas MPE’s
reflete a personalidade do proprietário, desta forma o autor identificou doze influências chave
na administração destas e desenvolveu algumas importantes generalizações sobre a influência
do tamanho da empresa e do proprietário na administração das mesmas:
1. A equipe administrativa é muito pequena;
2. O gerenciamento é total, isto é, gerentes desempenham papéis multi-funcionais;
3. Há falta de recursos e de pessoal especializado;
4. Os sistemas de controle são informais;
5. O líder tem “poderes” abrangentes;
22
6. Possuem escassez de mão-de-obra;
7. O controle é limitado sobre o ambiente e detêm poucos recursos para explorá-lo;
8. Existe maior intimidade na equipe de trabalho – conflitos são mais facilmente resolvidos;
9. Apresentam pouca influência para obtenção de capital;
10. Detêm processo tecnológico limitado;
11. Têm pouca variedade de produtos embora possuam grande flexibilidade
12. Pertencem a uma fatia de mercado limitado.
Em relação às influências chave do proprietário / gerente na administração da pequena
empresa, Gibb (2003) destaca:
• Os proprietários / gerentes concentram-se em tarefas que eles valorizam mais do que adotam
uma abordagem racional / científica;
• Estilo pessoal de liderança e orientação para as tarefas ou pessoas – maior impacto no
gerenciamento total da empresa;
• Pouca educação formal. O proprietário / gerente aprende fazendo;
• Motivação é reflexo da realização – trabalho / lazer afetam os objetivos da empresa;
• Empresa é muito dependente das características psicológicas do seu proprietário;
• Proprietários / gerentes ficam muito tempo na alta direção;
• Proprietários / gerentes utilizam a empresa para a realização de objetivos sociais;
• Influência da família sobre a estrutura de acionistas, sucessão, oportunidades para gerentes
que não pertençam à família, sistema social (preferência na promoção) e recrutamento;
• Forte laço pessoal com o negócio – críticas ao negócio podem ser tomadas como pessoais;
• Alto valor na independência e aversão à burocracia
• Limitação na disponibilidade de capital.
Fillion (1991) salienta que, normalmente, as pequenas empresas mantêm um relacionamento
mais próximo com os clientes, empregados e fornecedores do que as grandes. Tendem a se
relacionar melhor com os empregados, podem desempenhar um trabalho mais individualizado
junto aos seus clientes e podem atraí-los com base em produtos especializados, qualidade e
serviços pessoais ao invés de fatores impessoais do preço ou produção em massa da grande
maioria dos produtos similares. Por outro lado, Fillion (1991) destaca, algumas desvantagens:
• Habilidades gerenciais inadequadas;
• Financiamento inadequado
23
• Fraca posição competitiva.
Pinheiro (1996) afirma que, apesar de todas as eventualidades de escassez de recursos
financeiros, de mão-de-obra qualificada, de tecnologia, etc., as micros, pequenas e médias
empresas apresentam uma baixa eficácia gerencial em decorrência da falta de uma postura
empreendedora, que é a base de toda a tecnologia gerencial moderna, através da qual se faz
capaz de inovar e de valorizar os recursos disponíveis em toda sua extensão. Seus dirigentes,
de maneira geral, não dispõem de uma consciência administrativa, ou seja, qualidades e
capacidade decisória para assumir riscos em situações diversas. Atributos que requerem, além
de conhecimentos, alto poder de reflexão.
Se de um lado, existem tais problemas ou dificuldades típicas das pequenas organizações, por
outro lado, essas empresas apresentam características que lhes são peculiares e que podem
contribuir positivamente para o seu bom desempenho, quando adequadamente aproveitadas:
• São mais ágeis, mais enxutas em suas estruturas do que as grandes organizações, sendo, por
isso, mais flexíveis e adaptáveis a novas situações ambientais e de mercado – neste caso, por
estarem mais próximas da clientela;
• Pela sua menor dimensão, a proximidade das pessoas, a simplicidade na utilização dos
meios facilitam a comunicação, que, na maioria dos casos, é feita diretamente sem
procedimentos complicados e sem ser alvo de distorções;
Estas empresas tendem a formar seus próprios quadros de pessoal, transformando-se em
campo de treinamento de mão-de-obra, particularmente de especialistas, com grande
expansão da criatividade dos indivíduos, pelas oportunidades que comumente oferecem e
geralmente estão voltadas para seu(s) produto(s) principal(is), podendo, com mais facilidade,
concentrar total atenção à qualidade e aos custos do(s) mesmo(s), especialmente em razão da
produção em menor escala.
Porém, na prática, todos estes fatores não geram benefícios naturalmente para suas atividades
produtivas. Deste modo, torna-se necessário que sejam direcionadas para este fim. Este
objetivo só pode ser alcançado com plena vantagem para a organização através do exercício
da atividade gerencial, exercida de forma eficaz. Na opinião de Pinheiro (1996), uma gerência
24
é eficaz quando os propósitos da atividade empresarial estão voltados para os resultados a
serem obtidos pela organização, não só em termos econômicos, mas, particularmente, em
termos de satisfação da clientela – em razão da qualidade de seus produtos e serviços – bem
como através do equilíbrio harmonioso do seu grupamento de trabalho e, até mesmo, de sua
participação institucional.
2.4 – Planejamento Estratégico
2.4.1 – Conceito de Planejamento Estratégico
Entende-se por planejamento a atividade de se definir um futuro desejado e de se estabelecer
os meios pelos quais este futuro será alcançado. Trata-se essencialmente de um processo de
tomada de decisões, caracterizado por haver a existência de alternativas (OLIVEIRA 2001).
No entanto, nem todo processo decisório é planejamento. Existem algumas características que
fazem do planejamento um processo decisório especial (ACKOFF, 1991, p.1-3):
1. Planejamento é uma atividade realizada anteriormente à ação, isto é, tomada antecipada de
decisão. Decide-se o que fazer e como fazê-lo, antes que se requeira uma ação;
2. Planejamento é necessário quando a consecução do estado futuro que desejamos envolve
um conjunto de decisões interdependentes, isto é, um sistema de decisões;
3. Planejamento é um processo que se destina a produzir um ou mais estados futuros
desejados e que não deverão ocorrer, a menos que alguma coisa seja feita.
Numa síntese destas características, Ackoff (1991) define que planejamento é um processo
que envolve tomada e avaliação de cada decisão de um conjunto de decisões inter-
relacionadas, antes que seja necessário agir, numa situação na qual se acredita que, a menos
que se faça alguma coisa, um estado futuro desejado não deverá ocorrer e que, se se tomar as
atitudes apropriadas, pode-se aumentar a probabilidade de um resultado favorável.
Segundo Porter (2004), estratégia pode ser definida como ações ofensivas e defensivas que
uma empresa empreende para enfrentar com sucesso as forças ambientais visando criar uma
posição defensável em seu setor de atuação e, assim, obter maior retorno sobre seus
25
investimentos. Mintzberg (2000) propôs cinco definições para o termo estratégia, que refletem
as formas como o termo é frequentemente empregado no mundo empresarial e acadêmico.
São elas:
• A estratégia como plano: A primeira definição estabelece que “estratégia é um plano...uma
direção, um guia ou um curso de ação para o futuro, um caminho para ir daqui até ali”. É a
definição que inclui o planejamento deliberado com metas e objetivos claramente definidos;
• A estratégia como padrão: A segunda definição institui, em oposição à primeira, que “a
estratégia é um padrão, isto é, consistência em comportamento ao longo do tempo”. Nem tudo
aquilo que é deliberadamente planejado é implementado. As estratégias emergentes surgem e
convertem-se em padrão de comportamento, o qual não era exatamente o esperado;
• A estratégia como posição: A terceira definição diz que a estratégia pode ser também uma
posição, isto é, “a localização de determinados produtos em determinados mercados”. Refere-
se à posição competitiva única e valorosa que uma empresa pode ocupar dentro de seu setor
de atuação;
• A estratégia como perspectiva: A quarta definição diz que estratégia pode ser uma
perspectiva, isto é, “a maneira fundamental de uma organização fazer as coisas”. Neste
sentido, a estratégia reflete a filosofia e o modo de agir de uma empresa;
• A estratégia como “blefe”: A quinta definição afirma que estratégia pode ser um truque, ou
seja, “uma manobra específica para enganar um oponente ou um concorrente”.
Baseados nestas cinco definições, Mintzberg (2000) classificou os processos de criação de
estratégias que se desenvolveram ao longo das últimas quatro décadas em dez escolas de
pensamento estratégico.
O processo de planejamento estratégico envolve alguns conceitos, por meio dos quais a
empresa empreende uma pesquisa sobre o futuro e formula suas estratégias. Esses conceitos
serão definidos a seguir. No entanto, vale lembrar que alguns desses conceitos possuem
definições ambíguas. Adotaram-se para este trabalho aquelas que, acredita-se, sejam as mais
convencionais.
26
• Visão da empresa: É o conjunto de aspectos intangíveis, mas que servirão de orientação para
os dirigentes da empresa em suas ações e decisões. É formado por sua filosofia, valores,
postura ética, aspirações, desejos e ideologia básica (OLIVEIRA 2001).
• Missão da empresa: É o propósito de existência da organização, ou sua razão de ser. No
processo de planejamento estratégico isto é feito formalmente, por meio da declaração de
missão (OLIVEIRA 2001).
• Análise externa: É a análise que verifica como as forças do ambiente externo poderão afetar
a empresa gerando oportunidades e ameaças à sua sobrevivência. O objetivo da análise
externa é propiciar as informações necessárias que possibilitarão ao estrategista operar
eficazmente, aproveitando as oportunidades e evitando as ameaças oferecidas pelo ambiente.
Esta análise visa também identificar os fatores críticos de sucesso do setor onde a empresa
atua. É possível visualizar o ambiente externo em dois segmentos (OLIVEIRA 2001).
• Macroambiente: É o ambiente mais abrangente composto pelas forças políticolegais,
econômicas, tecnológicas e sociais, as quais afetam todas as organizações. No entanto, esta
influência dá-se de forma irregular, conforme o tamanho e setor em que a empresa atua
(OLIVEIRA 2001); o Ambiente setorial: É o ambiente mais específico de cada empresa,
compreendido pelas forças determinantes da estrutura industrial. São elas: o poder de
barganha dos fornecedores, o poder de barganha dos compradores, a ameaça de novos
entrantes, a ameaça de produtos substitutos e a rivalidade existente entre os concorrentes já
existentes;
• Análise interna: É a análise que tem por fim identificar os pontos fortes e fracos da
organização (OLIVEIRA 2001). A intenção com esta investigação é determinar as
competências essenciais da empresa, um conceito introduzido por Selznick ainda em 1957 e
fortalecido por Hamel e Prahalad, em 1995, como um conjunto de habilidades e tecnologias
que contribuem para que uma empresa ofereça determinados benefícios aos seus clientes;
• Objetivos e metas: São geralmente entendidos como alvos ou fins desejáveis para os quais
as ações da empresa estão direcionadas. Enquanto os objetivos são mais genéricos, as metas
27
são vistas como a quantificação dos objetivos, mais precisas do que os objetivos quanto a
valores e datas (ALMEIDA 2001);
• Estratégias e planos: estratégias são decisões e ações, formuladas para orientar os dirigentes
sobre como atingir os objetivos e cumprir a missão da organização. Os planos são conjuntos
de metas, atividades, recursos a serem utilizados e outras funções necessárias para
implementar um determinado conjunto de ações. As estratégias e planos são apoiadas por
orçamentos e cronogramas (OLIVEIRA, 2001)
• Implementação de estratégias: é um conjunto de atividades voltadas para as operações,
envolvendo gerenciamento de pessoas e processos de negócios, que converte a estratégia em
ação. Algumas vezes, a implementação requer ajustes na estrutura da empresas (OLIVEIRA,
2001)
• Controle estratégico: é um instrumento que permite medir e avaliar, mediante a comparação
com padrões previamente estabelecidos, até que ponto as estratégias implementadas estão
satisfazendo os objetivos e metas da organização. Este processo serve como retorno aos
tomadores de decisões para que reformulem as estratégias e sua implementação, capacitando a
empresa a atingir seus objetivos (OLIVEIRA, 2001).
2.4.2 - Planejamento Estratégico nas Empresas de Pequeno Porte
O planejamento estratégico tornou-se um meio de orientação dos rumos e ações das
organizações no contexto do ambiente globalizado, no qual as pequenas empresas enfrentam
muitas dificuldades para sobreviverem e tornarem-se competitivas (TERENCE 2001).
Para Vieira (2002), o sucesso das empresas de pequeno porte tem uma grande ligação com o
seu nível de planejamento. Essa necessidade ocorre por dois motivos: as pequenas empresas
não têm força para competir com as grandes em todas as frentes e, portanto, precisam escolher
sabiamente todos os seus embates, e não possuem reserva financeira para sobreviver a muitos
dos seus erros. Por estes motivos, devem planejar cuidadosamente seus movimentos.
28
Segundo Bortoli Neto (1980), 81,2% dos problemas apresentados pelas pequenas empresas
são de natureza estratégica e apenas 18,8% resultam da ineficiência de recursos. A falta de
planejamento é percebida pela má utilização dos recursos financeiros decorrente da falta de
uma avaliação mais precisa do futuro do mercado ou da ausência de definição da forma de
atuação do mesmo Terence ( 2001).
Terence (2001), por sua vez, destaca três particularidades inerentes às pequenas empresas e
que influenciam profundamente o processo de elaboração da estratégia:
a. Particularidades contextuais: referem-se ao ambiente externo da pequena empresa.
Produzem reflexos no processo estratégico, porém não são controláveis pela ação do gestor.
Entre elas estão: a carência de informação sobre a evolução do mercado e de seus produtos, a
dificuldade de acesso a processos de treinamento gerencial e a dificuldade de acesso a fontes
de financiamentos para novos projetos. A não utilização de metodologias de planejamento
estratégico é decorrente da carência de informações. O empresário de pequena empresa
demonstra, pela falta de atitude em buscar estas informações, falta de consciência quanto à
importância delas na formulação de uma estratégia competitiva abrangente, que permita o
crescimento e até mesmo a sobrevivência da empresa.
b. Particularidades comportamentais: estão relacionadas aos aspectos pessoais do pequeno
empresário, refletindo seus valores, ambições, ideologias, visão, etc... De maneira geral,
referem-se ao conservadorismo e individualismo, à centralização de poder, a tendência à
obsolescência, à falta de habilidade na gestão do tempo e à utilização da improvisação
caracterizando uma gestão intuitiva. Geralmente, o tempo do pequeno empresário é
direcionado às tarefas do dia-a-dia, não se dedicando ao planejamento para próxima semana,
próximo mês e assim por diante. A sua gestão centralizadora é um fator determinante no
planejamento estratégico já que todas as atividades administrativas dependem dele, inclusive
as tarefas de definição, elaboração e implantação da estratégia.
c. Particularidades estruturais: referem-se aos aspectos internos decorrentes da organização
da pequena empresa. Entre elas estão: a informalidade das relações, administração não-
profissional, a propriedade e a administração exercidas pela mesma pessoa, a estrutura
organizacional não formalizada e reduzida, a falta de recursos, a inadequação ou não
utilização das técnicas gerenciais. A informalidade, decorrente de detalhes imprecisos e
29
comunicações verbais, pode causar transtornos na comunicação interna de metas e estratégias
empresariais. Na maioria dos casos, o pequeno empresário não explicita as estratégias
adotadas pela empresa aos demais funcionários, adotando um comportamento que enfatiza a
subjetividade e intuição em detrimento da formalidade e racionalidade na gestão e tomada de
decisões. Em alguns casos, o pequeno empresário alega que o sigilo é uma razão para não se
discutir o plano com os funcionários. Agindo assim estará assegurando vantagem competitiva
da empresa em relação à concorrência.
Segundo Schindehutte (2001), no contexto das pequenas empresas, frequentemente elas não
possuem afirmações escritas e formais da estratégia, ou se possuem, estão em termos muito
geral. A tendência das micro e pequenas empresas é esquivar-se do planejamento, já que isto
implica na manipulação de incertezas sobre as quais o gestor, geralmente o próprio
proprietário, possui pouco ou nenhum controle (TERENCE 2001). Estas empresas são
eficientes no seu dia-a-dia, porém, ineficazes nas decisões estratégicas. Dificilmente fazem
uma reflexão estratégica e, quando o fazem, descobrem que pequenas mudanças de rumo
podem alterar completamente o resultado (TERENCE 2001). Este segmento é o que mais
necessita de planejamento considerando a limitação dos recursos e que um pequeno erro pode
significar o fracasso do negócio. O planejamento estratégico ajuda o pequeno empresário a
concentrar-se nos fatores-chave de sucesso, nas prioridades e nas oportunidades de longo
prazo (TERENCE 2001).
Deste modo, Bardin (2004), afirma que os empreendedores usam uma abordagem rápida e
barata que representa um meio termo entre a total ausência de planejamento e o
desenvolvimento de planos amplos e minuciosos. Comparando-se com a prática das grandes
organizações, ela é mais econômica e oportuna para as pequenas empresas. Esta abordagem
pode ser resumida em três características, a saber:
• Seleção de oportunidades rapidamente descartando as pouco promissoras;
• Análise e planejamento de idéias “parcimoniosamente” centrando-se o foco apenas em
questões consideradas mais importantes e relevantes para economizar tempo e dinheiro;
• A integração entre ação e análise, formulação e implementação de estratégias.
Sauaia (2000) ressalta três qualidades imprescindíveis ao plano empresarial:
30
a. Objetividade: avaliação honesta dos pontos fortes e fracos da organização e de suas
habilidades empresariais e administrativas;
b. Simplicidade e foco: é preciso concentração de esforços e recursos onde o impacto e o
lucro são maiores;
c. Planejar o futuro: através da formulação de objetivos importantes que imponham desafios
alcançáveis e que se convertam em atividades produtivas.
Apesar das micros e pequenas empresas serem mais numerosas do que as grandes empresas, a
maioria das abordagens estratégicas visa a realidade das empresas de grande porte. Isto ocorre
devido às características e limitações próprias da pequena empresa. Uma das diferenças mais
relevantes entre as empresas de pequeno e grande porte está na falta de planejamento do seu
ingresso no mercado, comum nas pequenas empresas, com a agravante de não existirem
recursos disponíveis suficientes para investir em estratégias de melhorias ou manutenção, uma
vez que todo o capital é aplicado para a constituição da empresa.
Além disso, não existe dentro das micros e pequenas empresas uma cultura voltada para o
planejamento, conceito este que se encontrado bem sedimentado dentro das grandes
empresas.As micros e pequenas empresas enfrentam dificuldades por terem de conviver com
a falta de recursos humanos qualificados, falta de recursos financeiros e até mesmo de
planejamento. Isto, aliado à competitividade no mercado, acaba reduzindo a vida útil destas
empresas.
Como as micros e pequenas estão mais vulneráveis às mudanças ambientais devido às suas
limitações de recursos e de pessoal especializado, o gerenciamento estratégico do
desempenho torna-se uma excelente ferramenta. A adoção do sistema de gerenciamento
estratégico do desempenho possibilita o desenvolvimento de mecanismos de
acompanhamento do desempenho da empresa em relação à estratégia. Para sua implantação é
importante ressaltar que as micros e pequenas empresas devem formalizar o seu planejamento
estratégico. Além disso, é necessário adotar uma metodologia adequada à sua estrutura e
estratégia.
31
3 – METODOLOGIA
3.1 – O Tipo de Pesquisa
A metodologia adotada teve vinculação direta com o objetivo da pesquisa e a escolha das
empresas objeto do estudo esteve vinculada à estratégia para que esse objetivo fosse atingido.
Tendo em vista que o objetivo da pesquisa foi à identificação de como se desenvolvem e quais são
os elementos intervenientes no processo de criação de estratégias a partir de uma amostra formada
por 6 empresas de base tecnológica de pequeno e médio portes, para concluir sobre a população
de empresas de pequeno porte de Tecnologia de informação de São Paulo, a intenção declarada
foi a de um estudo mais profundo acerca do desenvolvimento do processo estratégico.
De acordo com a classificação de Silva e Menezes (2005) a pesquisa pode ser caracterizada pelos
seguintes aspectos: natureza, forma de abordagem dos problemas, objetivos e procedimentos.
Assim, a presente pesquisa tem a seguinte caracterização:
• Natureza – pesquisa aplicada, pois visa gerar conhecimentos úteis, é dirigida a problemas
específicos, no presente caso, o conhecimento do processo de formulação e emersão de estratégias
e tem possibilidade de aplicação futura, além de envolver interesses locais, no caso, gerar
conhecimentos úteis às empresas de pequeno porte do setor de tecnologia da informação de São
Paulo;
• Forma de abordagem do problema – pesquisa qualitativa, cujo conhecimento não pode ser
traduzido em números, o ambiente é a fonte natural de coleta de dados, os quais são obtidos pelo
pesquisador no exercício de papel-chave. Todas essas condições estão presentes no delineamento
do trabalho de campo;
• Objetivos – pesquisa descritiva, visando adquirir maior conhecimento sobre o problema de
forma a torná-lo explicito;
• Procedimentos técnicos – estudo multi casos, pois deverá desenvolver um estudo profundo e
exaustivo do processo de criação de estratégias de forma que sejam adquiridos conhecimentos
detalhados a respeito.
32
Para o desenvolvimento eficaz de uma pesquisa, é necessário um planejamento cuidadoso,
reflexões conceituais sólidas e alicerçadas em conhecimentos estabelecidos. Neste sentido, a
metodologia desempenha o papel de mostrar o caminho adequado a ser seguido, instilando
uma visão curiosa, indagadora e criativa a respeito do mundo (LAKATOS e MARCONI,
2006).
3.2 - Universo e Amostra
A seleção da amostra foi considerada não probabilística e intencional, pois dependeu de
fatores como a disponibilidade do responsável pela empresa em participar da pesquisa.
Segundo Silva e Menezes (2005, p.32), na amostra não probabilística e intencional são
“escolhidos casos da amostra que representem o bom julgamento da população / universo”.
Segundo Lakatos e Marconi (2006), a amostra não probabilística por conveniência pode ser
usada na pesquisa exploratória para gerar ideias, intuições ou hipóteses.
No caso de empresas de pequeno porte, a classificação quanto ao tamanho pode ser feita
através do critério faturamento, segundo o SEBRAE (2010):
0 a 240.000,00 Micro Empresa
240.000,00 a 2.400.000,00 Empresa de Pequeno Porte
O critério a ser utilizado para a seleção das empresas de tecnologia da informação que
participaram desta pesquisa foi o faturamento anual bruto e seu enquadramento como empresa
de pequeno porte. Entre as cinco empresas selecionadas, todas estavam enquadradas nos
limites de empresa de pequeno porte.
Feita a seleção das empresas, esta primeira etapa da pesquisa foi realizada em três fases:
1 - desenvolvimento de um roteiro de entrevista (Apêndice I) baseado na teoria de
planejamento estratégico, especificamente nas três metodologias adaptadas para pequenas
empresas: SEBRAE (2010); Almeida (2001) e Terence (2001);
33
2 - identificação das dificuldades encontradas pelo dirigente da pequena empresa ao formular
estratégias e das especificidades da pequena empresa que influenciam nesse processo;
3 - confronto entre a teoria de planejamento estratégico, e as informações levantadas sobre a
prática estratégica da empresa de pequeno porte de tecnologia da informação;
3.3 - Instrumentos de Coleta de Dados
No processo de pesquisa qualitativa deve ser dada atenção especial ao informante, às
observações e às anotações de campo. Nesta pesquisa, o processo de coleta de dados se dará
por meio de entrevista semiestruturada e observação livre. Segundo Lakatos e Marconi
(2006), a entrevista semiestruturada é um dos principais meios para realizar a coleta de dados,
pois valoriza a presença do pesquisador, proporciona as condições necessárias para que o
informante adquira liberdade e espontaneidade, o que enriquecerá a investigação. Ela parte de
questionamentos básicos, fundamentados em teorias e hipóteses, e, em seguida, possibilita um
vasto campo de interrogativas, decorrentes de novas hipóteses que surgem à medida que a
entrevista se desenvolve. Em consequência, o informante participa da formulação do conteúdo
da pesquisa. Essa entrevista será fundamentada em um roteiro previamente desenvolvido
(Apêndice I).
A observação livre consiste no registro de comportamentos, fatos e ações relacionadas ao
objetivo da pesquisa. Ela pode ser classificada em cinco aspectos (LAKATOS e MARCONI,
2006). São eles:
• Quanto ao grau de estruturação: não estruturada, pois apenas os assuntos a serem observados
estão listados;
• Quanto ao grau de disfarce: não disfarçada, pois permite total transparência ao pesquisado;
• Quanto aos instrumentos utilizados: observação humana e por instrumentos;
• Quanto ao ambiente: natural, pois o fato será observado onde ocorre;
• Quanto ao objeto observado: observação direta, no momento da ocorrência.
O roteiro de entrevista foi testado em uma empresa de pequeno porte de tecnologia da
informação antes de sua aplicação definitiva nas empresas que constituíram a amostra desta
34
pesquisa, a fim de verificar sua eficácia com relação aos propósitos da pesquisa. Esta mesma
empresa também participou da fase final da pesquisa.
3.4 - Método de Análise de Dados
A pesquisa realizada caracteriza-se como qualitativa e, por esta razão, a análise dos dados foi
feita a partir da interpretação dos dados coletados no trabalho de campo e do confronto dos
mesmos com os conceitos levantados na revisão bibliográfica e a comparação entre as
empresas e seu crescimento anual. De acordo com Silva e Menezes (2005), há pesquisas em
que se privilegia a discussão em torno dos dados obtidos, de onde decorre a interpretação de
seus resultados, sendo, muitas vezes, o trabalho interpretativo elaborado com base nos dados
obtidos empiricamente. Lakatos e Marconi (2006) complementam afirmando que, nesta fase,
os dados coletados são submetidos a um estudo aprofundado e orientado, em princípio, pelas
questões de pesquisa e referenciais teóricos.
A pesquisa qualitativa, devido ao tipo de técnica empregada (entrevista semiestruturada e
observação livre), não estabelece separações marcadas entre a coleta de informações e a sua
interpretação, favorecendo a flexibilidade na análise dos dados e o levantamento de novas
questões de pesquisa aspectos (LAKATOS e MARCONI, 2006). A interpretação dos dados
na forma qualitativa visa à formação de categorias de dados que permitam a compreensão de
partes do fenômeno estudado na pesquisa.
4. – ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1 – Apresentação dos Dados Pesquisados
O universo considerado foi o das empresas de pequeno porte do setor de tecnologia da
informação no estado de São Paulo. Este setor, conforme dito está no centro das mudanças
que atingem a Sociedade da Informação, e, portanto, é um setor complexo e dinâmico por
natureza. E os profissionais que atuam nesta área usam a informação e as tecnologias de
informação como ferramentas básicas nas execuções rotineiras de suas tarefas.
35
Estas características fazem com que as empresas deste setor sintam antes e talvez com mais
intensidade os impactos das transformações tecnológicas, e façam com que a gestão
estratégica se torne importante para o sucesso das organizações. E o entendimento do uso da
informação externa e interna para tomada de decisão por parte de executivos deste setor
justifica a presente pesquisa.
As empresas consideradas são as que atuam:
Nas atividades de prestação de serviços na área de tecnologia da informação
Consultoria em Tecnologia da Informação
Na elaboração e customização de software e sistemas
Quanto ao proprietário das empresas pesquisadas, 45% possuem no mínimo formação
superior completa, alguns com especialização, mestrado e doutorado. Estes profissionais
possuem formação bem diversificada, sendo a maior parte proveniente dos cursos de
informática (ciência da computação, sistemas de computação) e engenharia.
Observou-se que um dos problemas que as empresas enfrentam é a pouca capacidade
gerencial, que se reflete nas dificuldades de planejamento, gestão de recursos, entre outras.
Estas empresas desenvolvem software para quase todos os setores, com destaque para o
comércio, educação, gestão, telecomunicação e serviços bancários.
A pesquisa foi feita em um total de 5 (cinco) empresas. A ferramenta de coleta foi entrevista,
baseada em um roteiro previamente elaborado pelo autor da pesquisa. A pesquisa foi realizada
com os proprietários e gerentes. Estes profissionais têm em comum o fato de serem
empreendedores, gerentes, líderes dentro da empresa, que atuam diretamente ou ligados às
atividades de planejamento e tomada de decisões estratégicas.
A pesquisa tem caráter qualitativo, com alguns aspectos quantitativos. Privilegiaram-se
aspectos qualitativos em detrimento dos quantitativos em função da natureza da pesquisa. O
objetivo da pesquisa foi melhor atendido por uma metodologia que permitisse uma análise
mais abrangente, subjetiva, do processo de uso da informação externa para tomada de decisão.
36
O material de apoio, ou seja, o questionário com todas as perguntas e instruções, foi enviado
com antecedência para que os entrevistados tivessem conhecimento das perguntas. Note que,
para algumas perguntas, foi feito um pequeno resumo explanatório do conceito usado, uma
vez que não se pressupõe o conhecimento destes conceitos pelos entrevistados.
Como o entrevistado teve conhecimento prévio das perguntas que foram feitas, entendemos
que este procedimento tenha facilitado o andamento das entrevistas. As perguntas serviram
como base de conversa, sendo que nem todas foram feitas, e, mesmo, não necessariamente
foram feitas na ordem apresentada. De posse deste questionário, o entrevistador pôde decidir
quais assuntos foram abordados em uma resposta, adaptando assim as perguntas feitas.
4.1.1 – A Empresa I
Empresa atuante no segmento de tecnologia da informação, atuante no mercado brasileiro a
quase 10 anos, de capital nacional. O principal administrador da empresa gerencia cerca de 10
funcionários, entre colaboradores efetivos e terceirizados. A empresa obteve um crescimento
de 20% em 2010 obtendo um aumento efetivo desde 2008 e 2009, e suas vendas são voltadas
totalmente para o mercado interno. O contato para a entrevista foi o proprietário e diretor da
empresa, um profissional maduro e com vasta experiência em grandes organizações ligadas ao
mercado de tecnologia.
Gestão Estratégica de Negócios
Na empresa I, segundo o proprietário, o planejamento estratégico desenvolvido na empresa é
informal. As reuniões realizadas, sem datas pré-definidas para ocorrerem, são para discutir
novas ideias e problemas gerais da empresa e não especificamente o planejamento estratégico.
Os planos e decisões tomadas nessas reuniões não são descritos em um documento. Os planos
são divulgados na empresa somente quando necessário. Com relação à análise do ambiente
externo, o proprietário respondeu: “como não fazemos financiamento, sentimo-nos mais
tranquilos quanto ao ambiente”. Quanto aos clientes, são empresas de médio e grande porte,
que dificilmente sentem-se abaladas pelas demandas baixas e recessões.
Os proprietários procuram também conhecer o que os concorrentes estão fazendo, com
relação a preço e qualidade. O empresário procura, também, obter conhecimento sobre os
37
pontos fortes e fracos de sua organização. Afirmou conhecer esses pontos no dia-a-dia, por
meio dos comentários e sugestões dos clientes. O proprietário considera, entretanto, mais
importante para a gestão de seu negócio a capacidade empreendedora dos proprietários e a
estrutura da empresa do que a influência do ambiente externo sobre a organização. Segundo o
proprietário, a empresa não tem missão instituída, declarada e registrada. São estabelecidos
objetivos na empresa e estes são detalhados, mas não são registrados e divulgados aos
funcionários. Os objetivos são fundamentados nas informações internas, vindas dos clientes.
Os meios (estratégias) pelos quais serão alcançados os objetivos são informalmente
detalhados em planos. A empresa possui alguns regulamentos registrados, visando analisar o
desempenho dos funcionários. A última vez em que a empresa desenvolveu uma nova
estratégia foi há seis meses. Essa estratégia envolveu a contratação de três novos
colaboradores. Esta decisão foi tomada devido ao aumento da demanda
O proprietário disse que as novas ideias que surgem sempre estão baseadas em uma
necessidade previamente detectada e, quando sentem a necessidade de mudança, esta
geralmente surge por meio das sugestões dos clientes ou das conversas entre os proprietários.
A partir daí, realizam algumas reuniões informais, ou até mesmo conversas no final do dia,
para detalhar essa necessidade e identificar as ideias que poderiam ser executadas para supri-
las. O controle realizado para verificar se as estratégias estão trazendo os resultados
esperados, segundo o proprietário, ocorre por intermédio da observação de alguns dados como
o retorno financeiro e número de clientes. Geralmente os resultados são visíveis.
4.1.2 – Empresa II
A empresa II foi fundada há seis anos e atua no ramo de tecnologia da informação desde
então, comercializa softwares de automação industrial para pequenas e médias empresas.
Possui 13 colaboradores, terceiros e parceiros. Tem planos de expansão de sua capacidade
para aperfeiçoar o processo produtivo. O Crescimento anual da empresa foi de 8% em 2010,
registrando-se um aumento entre os anos de 2008 e 2009. O crescimento de 2009 para 2010
deve-se ao aumento nas vendas e este aumento é em grande parte devido a um reajuste de
preços, somado a um contrato de licitação. O contato para a entrevista foi o gerente da
empresa, que atua na área administrativa e financeira.
38
Gestão Estratégica de Negócios
Na empresa existe a preocupação em desenvolver o planejamento estratégico. No entanto, não
são realizadas reuniões para discuti-lo, os planos e decisões formulados não são descritos em
um documento e nem divulgados para os funcionários na empresa. Com relação à análise
externa, o gerente respondeu que a questão externa que mais interessa à empresa está
relacionada aos preços que os concorrentes estão cobrando. O entrevistado declara que foi
com base na análise externa que decidiram buscar parcerias no mercado.
A análise interna é feita por meio do que os clientes dizem que gostam e do que não gostam
nos produtos e serviços prestados pela empresa. Segundo o gerente, a empresa não tem
missão instituída, declarada e registrada. O gerente respondeu que não estabelecem objetivos
para a empresa. “Fazemos o que é de extrema necessidade” – esclareceu. Além disso, a
empresa não possui regulamentos, políticas ou normas registradas em documentos.
A última vez em que a empresa desenvolveu uma nova estratégia foi há um ano, quando
desenvolveram parcerias com empresas de design gráfico e web design em São Paulo capital
e interior. “Quando surge uma ideia que trará benefícios para a empresa e os clientes, verifica-
se a disponibilidade de recursos para executá-la. Há algum tempo não temos novas
estratégias. Estão faltando novas ideias”, disse o entrevistado.
4.1.3 – Empresa III
A empresa III atua no setor de tecnologia da informação, desde seu inicio em 2006. Dedica-se
a projetos de softwares de gestão, websites, e automação de escritório em geral. Atualmente, a
empresa está instalada em São Paulo, capital e possui oito colaboradores e três terceirizados.
A empresa possui três proprietários, e a participação dos proprietários é dividida em 33% do
capital da empresa para cada um. O crescimento anual da empresa foi de 11% em 2010, sendo
que em 2009 seu crescimento deu-se em 20% registrando-se uma diminuição de 2009 para
2010. Esta queda deu-se devido ao a diminuição dos projetos executados e perda de dois
clientes corporativos. O contato para a entrevista foram os proprietários que atuam na área de
projetos e novos clientes.
39
Gestão Estratégica de Negócios
Na empresa III, existe a preocupação em se desenvolver o planejamento estratégico. Porém,
não são realizadas reuniões para se discutir especificamente o planejamento estratégico, mas
os problemas do dia-a-dia e o futuro da empresa. Os planos e decisões tomadas nestas
reuniões informais não são descritos em um documento, mas são divulgados na empresa.
Com relação à análise externa, isto é feito por meio da leitura de jornais. Os proprietários
procuram saber se os problemas relacionados à demanda e à economia são locais ou
nacionais. A análise interna é feita por intermédio dos comentários dos clientes s e das
observações dos sócios.
A empresa não tem missão instituída, declarada e registrada. São estabelecidos objetivos na
empresa, que não são registrados em documentos e nem detalhados em planos, mas são
divulgados verbalmente para os funcionários. A empresa não possui regulamentos, políticas
ou normas registradas.
A empresa está desenvolvendo atualmente uma nova estratégia de parceria com alguns
concorrentes indiretos. Os empresários têm como estratégia também participar de reuniões
promovidas pela Associação Comercial, nas quais estão elaborando planos de parcerias com
outras instituições relacionadas ao setor de tecnologia da região.
Quando questionados sobre a forma como as novas estratégias que surgem na empresa e são
colocadas em prática, os proprietários responderam que as novas ideias surgem devido às
necessidades que a empresa tem de enfrentar. A partir daí são analisados os recursos para
avaliar a possibilidade de implantação das novas ideias.
4.1.4 – Empresa IV
A empresa IV foi fundada em 2006 pela proprietária, na cidade de São Paulo com o propósito
de prestar serviços de tecnologia da informação para empresas de pequeno porte, a empresa
oferece hoje serviços na área de consultoria e programação, possui seis colaboradores. O
crescimento anual da empresa foi de 10% em 2009 e 25% em 2010, registrando-se um
aumento de 2009 para 2010. Este aumento deu-se devido ao aumento no número de clientes.
40
O contato para a entrevista foi à proprietária e diretora da empresa, que atua ativamente na
administração do negócio.
Gestão Estratégica de Negócios
Na empresa IV existe a preocupação em se desenvolver o planejamento estratégico, no
entanto, não são realizadas reuniões na empresa para discuti-lo, os planos e decisões tomados
pela proprietária não são descritos em um documento, mas são divulgados para os
funcionários.
A empresária procura obter conhecimento a respeito das oportunidades e ameaças que o
ambiente externo pode oferecer à sua empresa, mas esclarece que faz isso informalmente.
Procura também obter conhecimento sobre os pontos fortes e fracos de sua empresa,
verificando as necessidades da empresa e seus clientes.
A empresa não tem missão instituída, declarada e registrada, mas estabelece objetivos para
sua empresa. Estes objetivos não estão registrados em documentos nem detalhados em planos,
mas são divulgados aos funcionários. A empresa possui somente algumas normas gerais por
escrito.
A última vez que a empresa desenvolveu uma nova estratégia, segundo a proprietária foi no
final de 2009, relacionada à prospecção de novos clientes. Outra estratégia que a empresa
adotou foi às parcerias com empresas de que prestam serviços de web design. Quando tomou
esta decisão não pensava que isso poderia ser uma vantagem frente aos concorrentes, queria
somente atender às necessidades de seu mercado de atuação.
4.1.5 – Empresa V
A empresa V foi fundada no ano de 2007 na cidade de Guarulhos em São Paulo e atua no
ramo de tecnologia da informação desde então, comercializando sistemas de gestão para
empresas. Possui oito colaboradores. O crescimento anual da empresa em 2009 foi de 12% e
em 2010 foi de 25%, registrando-se um aumento de 13%, entre 2009 a 2010. O aumento do
faturamento de 2009 para 2010 deve-se ao crescimento nas vendas devido à busca de novos
41
clientes. O contato para a entrevista foi o gerente da empresa, que atua na área de
desenvolvimento de projetos.
Gestão Estratégica de Negócios
Na empresa V existe a preocupação em se desenvolver o planejamento estratégico, mas não
formalmente. O gerente acredita que o planejamento formal é muito inflexível e isso dificulta
sua utilização. Segundo ele, são realizadas reuniões na empresa para se discutir o
planejamento estratégico. No entanto, os planos e decisões do planejamento não são descritos
em um documento, embora o entrevistado ache que isto seja extremamente importante, ele
não é divulgado na empresa.
Com relação à análise externa, o gerente respondeu que procuram conhecer o desempenho
dos concorrentes para ter parâmetros para suas próprias decisões. O gerente procura obter
conhecimento sobre os pontos fortes e fracos de sua organização por meio das sugestões dos
clientes.
De acordo com o gerente, a empresa não tem missão instituída, declarada e registrada. São
estabelecidos objetivos. No entanto, estes objetivos não estão registrados em um documento e
não são detalhados em planos, mas são divulgados aos setores correspondentes. A empresa
possui regulamentos, políticas ou normas registradas, mas somente para algumas funções. A
última vez que a empresa desenvolveu uma nova estratégia foi há quatro anos, quando houve
a execução de um projeto de implantação da empresa. Segundo o gerente, é o que perdura até
hoje. Ele explica que, atualmente, suas ações são no sentido de atender e buscar novos
clientes, o qual não se utiliza, de nenhum método administrativo.
4.2 – Análise dos Dados Pesquisados
Este capítulo tem por objetivo expor a análise dos dados coletados durante o trabalho de
campo e apresentados no capítulo anterior. Com essa análise, pretende-se mostrar como se
comportam as variáveis de pesquisa, para o conjunto de empresas pesquisadas.
Os dirigentes empresariais entrevistados demonstraram preocupação em elaborar o
planejamento estratégico em suas empresas. No entanto, nenhum deles o desenvolve por meio
42
de um processo formal, ou seja, não fazem reuniões especificas para se pensar a respeito dele,
e raramente escrevem e divulgam aos funcionários seus planos e decisões. Nenhuma das
empresas pesquisadas desenvolve análise formal sobre o ambiente externo. Possuem algumas
preocupações com relação a esse ambiente que, na maioria delas, consiste em conhecer
aspectos relacionados aos concorrentes, tais como os preços cobrados, promoções especiais e
a qualidade dos serviços e atendimento oferecidos aos clientes. “A questão que mais nos
interessa no mercado está relacionada aos preços que os concorrentes estão cobrando”
afirmou um dos entrevistados.
A economia e a política não são alvos de análises desses dirigentes, embora percebam
problemas relacionados a esses aspectos. Dentre as empresas pesquisadas, nenhuma elabora
análise formal de seu ambiente interno. A principal fonte de conhecimento quanto aos fatores
internos da empresa está baseada, em todos os concorrentes pesquisados, nas sugestões e
comentários dos clientes e na percepção do dirigente. “O conhecimento de nossos pontos
fortes e fracos é obtido por intermédio dos comentários dos clientes e de nossa própria
observação” – esclareceu o dirigente de uma das empresas.
Nenhuma empresa pesquisada possui missão instituída e declarada, mas a maioria dos
dirigentes afirmou estabelecer objetivos. Entretanto, esses objetivos não são detalhados,
escritos e divulgados aos funcionários. Para alcançá-los, são formulados planos, que em
alguns casos são detalhados, mas não são escritos. Em algumas empresas, especificamente
três, os planos são divulgados verbalmente aos funcionários.
Com relação à formulação de estratégias, todos os dirigentes estavam envolvidos, no
momento da entrevista, com alguma atividade desse tipo. Segundo se observou essas
estratégias são geradas a partir de uma necessidade percebida na empresa, ou pelos clientes ou
pelos dirigentes. “As novas ideias que surgem sempre estão baseadas em uma necessidade
previamente detectada e quando sentimos a necessidade de mudança, esta geralmente surge
por meio das sugestões dos clientes ou das conversas entre os proprietários” – disse um dos
dirigentes participantes. A constatação de um problema ou necessidade parece desencadear
um processo, o qual gera novas ideias e estratégias. A partir daí, é verificada a
disponibilidade. financeira e, caso seja possível, elas são implementadas na empresa. Segundo
os entrevistados, existe um controle para verificar se as estratégias estão trazendo os
resultados esperados. Este controle ocorre informalmente pela observação de dados
43
financeiros e da variação do número de clientes. Mediante o exposto acima, percebe-se que as
atividades estratégicas dos dirigentes entrevistados permeiam algumas etapas previstas pelo
planejamento estratégico e passam ao largo de outras. Esse comportamento compreende duas
importantes características. Primeiro, eles não têm consciência de que algumas das atividades
que desenvolvem são etapas de um processo de planejamento estratégico. Desta forma,
desenvolvem-nas de modo inconsistente quando analisadas em relação à metodologia de
planejamento estratégico, perdendo uma das contribuições maiores dessa metodologia que é
sua sistematização. Segundo, que ao desenvolverem essas atividades, na verdade, seguem
outra lógica de raciocínio, não prevista por esse processo. Parece que, ao invés de
interpretarem sua realidade por meio de segmentos – macro ambiente, ambiente setorial e
ambiente interno – e assim processarem suas informações, sentem, percebem e interpretam-na
por intermédio de suas necessidades e problemas, que atravessam o segmento.
Mediante o exposto acima, uma das limitações do planejamento estratégico verificadas nesta
pesquisa é que contraria a forma natural e espontânea do dirigente desenvolver a gestão de seu
negócio. Ele procura impor outra forma de processamento de informações, realizada por meio
da decomposição da realidade em segmentos analíticos.
Outra limitação verificada decorre também da forma espontânea de formulação de estratégias
dos dirigentes. Refere-se à preocupação que demonstraram com relação às ações dos outros
atores do setor. Diversos deles atuam junto às entidades de classe, formaram associações e
buscam melhorias para o setor. Nesse processo, ficou claro que eles se preocupam em
conhecer a forma como os outros atores interpretam o setor e como serão suas reações
mediante novas ideias e estratégias.
A seguir, será apresentado um quadro comparativo e analítico das empresas estudadas, o
quadro tem como função a visualização de fatores estratégicos.
44
Empresa
Aumento/Dim
inuição Médio
do
Crescimento
(2009,2010)
Realiza
Planejamento
Estratégico
Formal ou
Informal?
Possui
missão e
visão
definidas?
Analisa pontos fortes
e fracos (Análise
Interna)
Analisa Oportunidades e
Ameaças (Análise
externa)
I 20% Informal Não
Realiza a análise
apenas pelas
reclamações dos
clientes, não busca
conhecimento de seus
pontos fortes e fracos
de maneira estratégica.
Realiza contatos com
Instituições de classe e
auxilio como o SEBRAE,
participa de feiras
especializadas em seu
setor, verifica preços
praticados pelos
concorrentes.
II 8% Informal Não
Verifica apenas as
reclamações de seus
clientes quanto a seus
produtos e serviços
prestados, não busca
conhecer seus pontos
fortes e fracos de forma
proativa.
A empresa verifica seus
concorrentes, em relação a
preços praticados e busca
estabelecer parcerias com
outras empresas de
atividades semelhantes,
como forma de vantagem
competitiva. Realiza
contato esporadicamente
com entidades de classe e
auxilio a empresa
III 11% Informal Não
A análise de seus
fatores internos é
realizada através de
seus clientes, porém
não existe uma análise
de seus pontos fortes e
fracos.
A empresa busca conhecer
seu mercado através de
dados externos, busca
monitorar seus
concorrentes e parcerias
estratégicas, e realiza
contato com entidades de
classe, como a Associação
Comercial e o SEBRAE.
IV 23,8% Informal Não
A empresa busca
conhecer seus pontos
fortes e fracos através
de seus clientes e
análise interna de suas
potencialidades e
fraquezas.
A organização busca
conhecer seu ambiente
externo, mas não observa
seu concorrente, nem
busca informações em
entidades de classe, realiza
a análise informalmente.
45
V 20% Informal Não
A empresa não busca
conhecer seus pontos
fortes e fracos de
maneira estruturada,
realiza reuniões
esporadicamente onde
são tratados problemas
relacionados a seus
clientes.
A empresa busca
monitorar seus
concorrentes para melhor
se posicionar, mas faz isso
de maneira informal e sem
estrutura, busca
informações estratégicas
de seu setor, e contato
com entidades de classe
como o SEBRAE.
Tabela 8 - Quadro Comparativo Entre as Empresas Pesquisadas (Elaborado pelo autor)
Com a análise do quadro pode-se identificar alguns fatores importantes, como o aumento ou
diminuição do crescimento e a relação da empresa em verificar seus pontos fortes e fracos e
oportunidades e ameaças. Assim como dito anteriormente, é possível verificar que a maioria
não realiza planejamento estratégico formal, utilizando-se de uma metodologia específica,
mas procuram realizar uma monitoração de seu ambiente de atuação.
46
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa pretendeu apresentar a importância da gestão estratégica de negócios para as
empresas de pequeno porte do setor de tecnologia da informação no estado de São Paulo. Foi
desenvolvida com o intuito de verificar a utilização e a eficácia da gestão estratégica de
negócios pelas empresas de pequeno porte do setor de tecnologia da informação, a fim de que
este segmento passe a usar esta ferramenta para conhecer melhor seu mercado (clientes,
concorrentes, produtos etc.), definir sua estratégia competitiva e tornar-se mais competitivo.
De acordo com os objetivos propostos inicialmente foi possível chegar as seguintes
conclusões:
a) Estudar a contextualização dos obstáculos da gestão estratégica de negócios nas
empresas de pequeno porte;
Conforme descrito nos capítulos anteriores, as pequenas empresas são um poderoso fator de
promoção econômico-social de uma nação. No caso brasileiro, a atuação das pequenas
empresas no mercado significa geração de empregos, impostos, tecnologia, conhecimento,
renda e desenvolvimento social. A realização de estudos relacionados a instrumentos de
gestão para as pequenas organizações é extremamente relevante, dada à sua carência de
utilização. A competição entre as empresas vem tornando-se cada vez mais acirrada e as
pequenas empresas, para sobreviverem no mercado, precisam utilizar da melhor forma
possível seus recursos e suas habilidades, superar as ameaças ambientais, explorar
oportunidades e estabelecer os melhores meios para atuar no mercado. É possível identificar
ainda, uma grande lacuna entre as teorias desenvolvidas para as grandes empresas e a sua
utilização pelas organizações de pequeno porte.
b) Revisar a literatura sobre planejamento estratégico e gestão de pequenas
empresas;
A partir da definição do problema e dos objetivos, o próximo passo desta pesquisa foi a
realização de um embasamento teórico, a partir de levantamento bibliográfico. Constatou-se,
no entanto, que o segmento das pequenas empresas também é carente em termos de estudos,
pesquisas, dados e principalmente, materiais sobre o processo estratégico. De um modo geral,
47
os autores abordam o processo estratégico na pequena empresa a partir de uma simplificação
da teoria. Assim, o capítulo que aborda o processo estratégico na pequena empresa foi
elaborado analisando-se as particularidades no processo, o planejamento estratégico utilizado
como uma ferramenta de competitividade, o processo de planejamento e uma metodologia
proposta para este segmento.
c) Identificar as particularidades da empresa de pequeno porte no processo de
gestão estratégica;
Os empresários de pequena empresa do setor de tecnologia de informação do estado de São
Paulo são relutantes em se dedicar à elaboração do planejamento estratégico. A centralização
do poder na pequena empresa deve-se à falta de estrutura. Esta centralização, conforme se
verificou nas empresas pesquisadas, deve-se ao fato de o empresário não querer delegar
responsabilidades, pois, tinham, sob sua responsabilidade, diversas atividades que poderiam
ser repassadas a funcionários. Na pequena empresa é mais importante ajudar o pequeno
empresário a operacionalizar o processo que convencê-lo da utilidade da ferramenta.
Verificou-se que a principal razão para o fracasso do planejamento estratégico, na pequena
empresa, é a falta de consciência do empresário quanto à importância da ferramenta e a
consequente falta de seu engajamento no processo.
d) Identificar as particularidades da empresa de pequeno porte no processo de
gestão estratégica;
As características de gestão da pequena empresa influenciam o processo de elaboração do
planejamento estratégico. Apresentadas como particularidades comportamentais, estruturais e
contextuais, de fato interferem no processo, e especialmente, as comportamentais. No entanto,
a partir do momento em que há a conscientização quanto à importância da ferramenta e o
engajamento do pequeno empresário, os obstáculos podem ser vencidos. Para que o processo
tenha sucesso, é fundamental desenvolver uma cultura, na pequena empresa, que valorize o
processo estratégico e a visão de longo prazo do dirigente.
48
Para que o empresário de pequena empresa de tecnologia da informação crie uma visão de
longo prazo, tenha uma visão real da concorrência e do seu mercado de atuação, fatores estes
apontados como razões para o fracasso do processo na pequena empresa, aspectos
comportamentais devam ser considerados e explorados, devido a sua influência na gestão da
pequena empresa. A análise estratégica, na pequena empresa, pode ser vista como uma fonte
de atualização e monitoramento do ambiente. A partir da realização constante desta atividade,
o dirigente terá melhores condições de estabelecer ações condizentes com sua missão, sua
visão e suas potencialidades.
e) Concluir se a gestão estratégica de negócios pode ser considerada prática de
competitividade empresarial para empresas de pequeno porte do segmento de
tecnologia da informação;
Analisando-se os resultados da pesquisa conclui-se que, a elaboração de acordo com um
roteiro formal e intuitivo do planejamento estratégico possa aumentar a competitividade de
uma empresa de pequeno porte do setor de tecnologia da informação, devido à necessidade de
monitoramento de informações internas e externas e para a tomada de decisões empresariais,
porém não se pode determinar a elaboração e execução do planejamento estratégico como
único fator determinante de sucesso nas micro e pequenas empresas. A rigor, percebe-se que o
sucesso é adquirido na forma como o empresário da empresa de pequeno porte realiza suas
atividades de gerenciamento de seu próprio negócio. Pode-se destacar entre essas atitudes,
comportamento proativo e empreendedor na condução de estratégias empresariais e,
sobretudo, liderança. Também é relevante destacar que os empresários entrevistados possuem
um alto espírito de empreendedorismo.
Apesar da gestão estratégica de negócios mostrar-se uma ferramenta administrativa com
inúmeros benefícios para a competitividade das empresas, porém os pequenos empresários
praticamente a ignoram. Assim conclui-se, que processo estratégico na pequena empresa não
precisa estar atrelado à aplicação de uma metodologia. Em muitos casos, um processo
informal ou mesmo uma reflexão podem contribuir para um melhor posicionamento e
desempenho. É preciso, no entanto, ressaltar que a realização de algumas atividades, mesmo
que simplificadamente fornece subsídios para o delineamento da estratégia. É importante
desenvolver um pensamento estratégico para delinear as ações do empresário de pequena
49
empresa. Nota-se, no trabalho empírico, que as metodologias formais auxiliam na
operacionalização das atividades, pois abordam os elementos essenciais da ferramenta,
mesmo considerando as particularidades da pequena empresa no processo.
Assim, é possível concluir que a elaboração do planejamento estratégico em uma empresa de
pequeno porte do setor de tecnologia da informação, através de métodos formais e informais,
constitui-se em uma ferramenta importante e acessível para a transformação da pequena
empresa e da visão do empresário, do curto prazo para uma visão global e de longo prazo,
trazendo para a empresa os benefícios possíveis da melhoria das condições de
competitividade e lucratividade.
Esta pesquisa teve suas limitações por ter trabalhado com um número restrito de empresas,
com informações que refletem em sua grande maioria, o ponto de vista dos proprietários, e
contemplando empresas de um único setor da economia. Além das questões de
impossibilidade de generalização, mesmo tratando-se de estudo de vários casos, foi utilizada
como amostra de estudo empresas no estado de São Paulo. Sugere-se, para trabalhos futuros,
na área de estratégia empresarial, em empresas de pequeno porte, o desenvolvimento de
pesquisas que abordem o comportamento dos proprietários, pois esta é a particularidade que
exerce maior influência na gestão das pequenas organizações. A escolha de empresas de
pequeno porte de um determinado polo de negócios também mostra-se relevante, porque,
assim sendo, podem-se minimizar as diferenças substanciais existentes entre as inúmeras
pequenas organizações. Por fim, a ampliação do número de empresas na amostra poderá
trazer informações importantes e, com isso, contribuir para um melhor entendimento do
processo estratégico em empresas de pequeno porte de tecnologia da informação.
50
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