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FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA

Título: HISTÒRIA DA COMUNIDADE DE MORENINHA DÈCADA DE 60

Autor MARINES DOBRANTZ

Escola de Atuação COLÉGIO ESTADUAL SANTOS DUMONT

Município da escola SANTA HELENA

Núcleo Regional de Educação TOLEDO

Orientador ANTÔNIO DE PADUA BOSI

Instituição de Ensino Superior UNIOESTE

Disciplina/Área (entrada no PDE) HISTÓRIA

Produção Didático-pedagógica UNIDADE DIDÁTICA

Relação Interdisciplinar

(indicar, caso haja, as diferentes

disciplinas compreendidas no

trabalho)

PORTUGUES, ARTE

Público Alvo

(indicar o grupo com o qual o

professor PDE desenvolveu o

trabalho: professores, alunos,

comunidade...)

ALUNO

Localização

(identificar nome e endereço da

escola de implementação)

COLÉGIO ESTADUAL SANTOS DUMONT, AVENIDA PRINCIPAL

S/N, MORENINHA, SANTA HELENA PARANÁ

Apresentação:

(descrever a justificativa, objetivos

e metodologia utilizada. A

informação deverá conter no

máximo 1300 caracteres, ou 200

palavras, fonte Arial ou Times

New Roman, tamanho 12 e

espaçamento simples)

A presente produção Unidade Didática fala da história

dos migrantes da região oeste do Paraná, destacando o

Município de Santa Helena, com depoimentos de migrantes

de Moreninha a partir de 1960. É nesse, processo de

colonização nos faz repensar o quanto o homem é importante

na construção da história.

No contexto histórico, estudar a história da

2

comunidade é compreender experiências sociais no presente

e no passado em suas diferentes dimensões, valorizando a

cultura local.

Dessa forma, o conhecimento não é um dado pronto e

acabado, mas uma contínua construção que se dá a partir de

necessidades e problemas encontrados no cotidiano, sendo

um processo ininterrupto, com finalidade de conhecer o

passado para compreender o presente.

Através de estudos, depoimentos, fotografias e

entrevistas que visam discutir a história do Distrito de

Moreninha, na década de 60, no município de Santa Helena –

Paraná, para criar um espaço de conhecimento, valores e

atitudes democráticas na formação de cidadãos críticos de

sua própria história. Também nortear o estudo da sociedade

no tempo e no espaço, procurando perceber seus sentidos e

significados da ação do homem, refletindo e interagindo para

a construção da história.

Assim, propomos um processo educativo que será

aplicado aos alunos do Colégio Estadual Santos Dumont da

Comunidade de Moreninha – Santa Helena, de forma a

priorizar os conhecimentos sobre história, cultura e cidadania.

Tornando as aulas de história um espaço de produção de

conhecimento histórico pela prática da pesquisa.

Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) História, migrante, comunidade, cultura, Moreninha

3

SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO – SEED UNIVERSIDADE

ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE CAMPUS DE MARECHAL

CÂNDIDO RONDON – PARANÁ PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL – PDE

MARINÊS DOBRANTZ

PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA

ÁREA DE HISTÓRIA

UNIDADE PEDAGÓGICA

PROFESSOR- PDE

ORIENTADOR: ANTÔNIO DE PADUA BOSI

IES: UNIOESTE – MARECHAL CÂNDIDO RONDON

TOLEDO

2010

4

COLÉGIO ESTADUAL SANTOS DUMONT - ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

UNIDADE DIDÁTICA – 2011

História da comunidade de Moreninha na década de 60

Ocupação do oeste do Paraná

Introdução a formação do espaço santahelenense

Formação dos distritos de Santa Helena

Depoimento dos Primeiros migrantes de Moreninha

Mapas, fotos.

TOLEDO

2010

5

SUMÁRIO

APRESENTAÇÂO ................................................................................................................ 6

1. PROCEDIMENTOS/ MATERIAL DIDÁTICO CONTEÚDOS ........................................ 9

1.2 Ocupaçâo Oeste Paraná .................................................................................................... 9

1.3 A Região Oeste: Limites de Fronteiras ............................................................................. 9

1.4 O povoamento na região oeste ........................................................................................ 11

1.5 A companhia Domingos Barthe: um exemplo da organização do trabalho obragero em

Santa Helena ........................................................................................................................ 11

1.6 O universo comunitário: vida religiosa, festas e lazeres .................................................. 14

1.7 Festas e lazeres ............................................................................................................... 16

1.8 A formação do espaço santahelenense ............................................................................ 20

1.9 A emancipação política- administrativa .......................................................................... 21

1.10 Principais mudanças ..................................................................................................... 23

1.11 Formação dos distritos .................................................................................................. 24

2. DEPOIMENTOS TRANSCRITOS .................................................................................. 26

2.1 Depoimento de Nelson Marchiotti .................................................................................. 26

2.2 Depoimento de Antenor Federizzi um dos primeiros migrantes de Moreninha. ............... 30

2.3 Depoimento de Manuel Garcia ....................................................................................... 36

2.4 Depoimento de Nilto Alievi ........................................................................................... 41

APÊNDICE A...................................................................................................................... 43

APÊNDICE B ...................................................................................................................... 46

Referências Bibliográficas ................................................................................................... 49

6

Lista de figuras

Figura 1. Sr. Nelson Marchiotti 16/05/2011......................................................................... 26

Figura 2. Casamento do Sr. Nelson Marchiotti e sua esposa Maria Cristina Marchiotti em

Alecrim – RS em 1957. ........................................................................................................ 26

Figura 3. Google. Mapa do PR localizando o município de Planalto. ................................... 27

Figura 4. A esquerda: Aniversário de casamento em 1990. A direita: Sr. Nelson M. fumando

criolo e recordando os tempos. ............................................................................................. 29

Figura 5. Antenor Federizzi nos dias atuais. ........................................................................ 30

Figura 6. Google. Mapa do RS representando Tenente Portela. ........................................... 30

Figura 7. Sr. Antenor Federizzi e sua esposa Sra. Geni Federizzi ........................................ 31

Figura 8. Trilhadeira, em 1968. Na foto (1) Miro Zanatta. ................................................... 32

Figura 9. Puxirão, em 1968. Na foto (1) Aristedes Padilha, (2) Célio Machado e (3) Mabelino

Rech. ................................................................................................................................... 32

Figura 10. Após puxirão, o almoço – 1967. Na foto (1) Nelson Turra, (2) Geni Federizzi e (3)

Valmir Federizzi. ................................................................................................................. 33

Figura 11. Primeiro filho no sertão de Moreninha. Na foto (1) Geni Federizzi e (2) Valmir

Federizzi. ............................................................................................................................. 33

Figura 12. Construção da casa de Antenor Federizzi, em 1968, com a ajuda dos amigos. Na

foto (1) Antenor Federizzi, (2) Valério Federizzi, (3) Arlindo Rech e (4) Ilo Hoffman. ........ 34

Figura 13. Transporte para jogo de futebol de Pacuri para Moreninha. Na foto (1) Mendonça,

(2) Barroni, (3) Romilda Chepa, (4) filho do Mendonça e (5) Freiberguer. ........................... 34

Figura 14. À esquerda: Festa da comunidade católica – em 1967. À direita: Inauguração do

campo de futebol “Água Verde” – em 1967, na foto (1) Claudio Souza, (2) Raimundo

Albuquerque e (3) Luiz do Seco. .......................................................................................... 35

Figura 15. Sr. Manuel Garcia Alves 16/05/2011 ................................................................. 36

Figura 16. Família do Sr. Manuel – 1974, (1) Izaura, (2) tia de Izaura, (3) Valdenor, (4)

Rosane e (5) Claudete. ......................................................................................................... 36

Figura 17. Time de futebol. Da direta para a esquerda: Professor Romeu Wagner, Evar de

Souza, Juarez de Souza, Vande Preste, Pedrinho Correia, Ié Ié Correia, Genésio Correia e

outros. .................................................................................................................................. 39

Figura 18. Primeiro torneio de Moreninha, em 1965. Na foto (1) Manuel Garcia e (2) Arlindo

Barcelo. ............................................................................................................................... 39

Figura 19. Sr. Nilto Alievi 16/05/2011 ................................................................................ 41

Figura 20. Avenida principal de Moreninha – em 1969. Na foto (1) casa do Manuel Garcia e

(2) Posto de gasolina. ........................................................................................................... 43

Figura 21. Hotel dormitório de Moreninha do Sr. Klesner – em 1966. ................................. 43

7

Figura 22. Primeira colheitadeira da região – Santa Matilde (1964), do Sr. Lourenço

Mendonça. ........................................................................................................................... 43

Figura 23. Churrasqueiros do primeiro torneio de futebol (1965), nos espetos de pau. Da

esquerda para a direita: Sr. Oliveirinha, Ivo Menegari (açogueiro), Ilmar Tim, Arthur Correia,

Nelci Preste e Manuel Garcia. .............................................................................................. 44

Figura 24. Meio de locomoção dos jovens, (1) Filho de João Chagas e (2) Filho do Sr. Mario

Angelin. ............................................................................................................................... 44

Figura 25. Festa Junina em Moreninha (1979), (1) Valdir Garcia. ....................................... 45

8

APRESENTAÇÂO

A presente produção unidade didática fala da história dos migrantes da região oeste do

Paraná, destacando o Município de Santa Helena, com depoimentos de migrantes de

Moreninha a partir de 1960, nesse processo de colonização leva a nos repensar o quanto o

homem faz parte da construção da história.

No contexto histórico, estudar a história da comunidade é compreender experiências

sociais no presente e no passado em suas diferentes dimensões, tornando-se interessante para

a cultura e a valorização de um povo.

Desta forma, o conhecimento não é um dado pronto e acabado, mas uma contínua

construção que se dá a partir de necessidades e problemas encontrados no cotidiano, sendo um

processo ininterrupto, havendo a necessidade de conhecer o passado para compreender o

presente.

Através de estudos, depoimentos, fotografias e entrevistas visam-se discutir a história

do Distrito de Moreninha na década de 60, do município de Santa Helena – Paraná, com o

objetivo de criar um espaço de conhecimento, valores e atitudes democráticas na formação de

cidadãos críticos construídores de sua própria história. Isso permite nortear o estudo da

sociedade no tempo e no espaço, procurando perceber seus sentidos e significados da ação do

homem, refletindo e interagindo para a construção da história.

Assim, a partir desta Unidade Didática propomos um processo educativo que será

aplicado aos alunos do Colégio Santos Dumont da Comunidade de Moreninha – Santa

Helena, de forma a priorizar os conhecimentos históricos, cultura e cidadania desta

comunidade de forma evolutiva e educativa para o aluno, para tornar as aulas de história um

espaço de produção de conhecimento histórico pela prática da pesquisa.

9

1. PROCEDIMENTOS/ MATERIAL DIDÁTICO CONTEÚDOS

1.2 Ocupação Oeste Paraná

A história do Oeste paranaense não se encerra em si mesma. Ela não se auto-

determina isoladamente, indiferente a toda uma vastíssima rede de fatores que a

condicionaram e a condicionam indefinidamente. Ela é, pois, o resultado contraditório e

processual de toda uma série de realizações pessoais e simultaneamente coletivas. São os

homens os produtores da sua própria história e sobre os seus ombros recaem as possíveis

determinações do vir-a-ser. Assim, não podemos compreender a história dessa Região por si

só. (COLODEL, 1988 pg.19)

1.3 A Região Oeste: Limites de Fronteiras

A Região Oeste do Estado do Paraná compreende o espaço abrangido pelas cidades

de Foz do Iguaçu, Guaíra e Cascavel. As duas primeiras cidades estão localizadas em

perímetro de fronteira entre Brasil e Paraguai, e Brasil e Argentina.

Descrevendo desta forma, não se evidenciam as dificuldades que ocorreram para

chegar-se aos atuais limites territoriais. A história inicia-se por volta de 1777 quando da

assinatura do Tratado de Santo Ildefonso, que estabeleceu segundo “Wachowicz,” que a

fronteira passaria pelos rios Peperi-Guaçu (afluente do Uruguai) e Santo Antônio (afluente do

Iguaçu) (STECA & FLORES apud WACHOWICZ, 1995, p.181)

Na época, foram elaborados mapas para registrar a fronteira, porém, como as

expedições de desbravamento, tanto portuguesas como espanholas, cruzavam o território, a

fronteira acabou ficando indefinida na prática. Essa indefinição não parecia incomodar os

portugueses ou os espanhóis, e nem depois os brasileiros tão pouco, pois por 80 anos ninguém

questionou os limites do referido Tratado. Em 1857, o governo imperial brasileiro foi

“despertado” para esse descaso, devido a uma guerra civil que ocorreu na Argentina. O

governo brasileiro não via possibilidades de contestação das fronteiras por parte de seus

vizinhos. Desde 1853, a Província do Paraná (nome do rio homônimo) havia se desligado de

São Paulo, entretanto, não dispunha de recursos humanos ou financeiros para ocupar todo o

seu território. A necessidade de apoio do governo imperial era evidente. (STECA & FLORES,

2002 pg.89).

10

Naquela época, o que valia como direito de contestação territorial era a tese Uti-

possidets- a terra pertence por direito a quem a ocupa- por isso, os governos referidos trataram

de organizar expedições de reconhecimento visando futuro assentamento de uma colônia

militar na fronteira.

Mesmo existindo a cidade de Palmas, 1857, duas colônias ”agro-militares” foram

fundadas. Eram a Chapecó e Chopim.

Segundo Colodel, foi o engenheiro militar Capitão Bellarmindo Augusto de

Mendonça Lobo quem chefiou a expedição, e a descoberta da foz do Rio Iguaçu, foi feita pelo

engenheiro militar e 2º tenente José Joaquim Firmino, isto em 15 de julho de 1889. A região

não era desabitada. Pedro Martins da Silva, brasileiro e Manoel Gonzaga, espanhol, viviam ali

desde 1881 (STECA & FLORES, 2002 pg.91).

Naquela época, o Brasil passava por sérias dificuldades no plano político. O fim da

guerra do Paraguai havia causado sério desequilíbrio ao império,seja pela questão militar¹,

seja pela propaganda abolicionista que se desencadeou no país, e pelos próprios soldados, que

se recusavam a ir à “caça de negros fugitivos”.

Foi de membros desse mesmo exército que surgiu a pressão para a fundação de uma

colônia militar na Foz do Iguaçu, como estratégia de defesa do território contestado. Entre as

atribuições dadas a esses militares, estava a de construção de estradas entre Porto União e

Palmas; entre Palmas e Guarapuava, além de ligações com a Província do Mato Grosso

(STECA & FLORES, 2002 pg.93).

A questão militar ocorria pelo descontentamento dos soldados brasileiros com o

andamento e desfecho da guerra, entre outros¹.

A liderança militar comandou a colônia de Foz do Iguaçu somente até 1892. Logo

percebeu-se seu desvirtuamento: fundada para desenvolver agricultura, justamente para evitar

depredação dos recursos naturais da região9mate e madeira), não demorou e toda a sua

população praticamente encontrava-se praticamente encontrava-se vivendo exatamente da

exploração desses recursos. A distância do governo do Estado, e o descaso das autoridades

locais, incentivavam a ação de atividades ilícitas como o contrabando (STECA & FLORES,

2002 pg.94).

11

1.4 O povoamento na região oeste

Região de difícil acesso. A penetração, para o Oeste, era feita através do Rio Paraná,

da Estrada de Ferro Guaíra- Porto Mendes, e da “estrada” que levava de Guarapuava à Foz do

Iguaçu. Porém, a geografia do lugar não era o maior problema para o povoamento da região:

ali prevaleciam os interesses dos obrageros que dominavam e controlavam as vias de acesso,

como forma de garantir numerosa mão-de-obra- em regime de Trabalho Compulsório- para

extração do mate e da madeira (STECA & FLORES, 2002 pg.106).

O processo histórico encarregou-se de trazer mudanças para a Região Oeste. As duas

Grandes Guerras Mundiais enfraqueceram economicamente as Empresas atuantes na região.

Também, a crise no comércio da erva mate; o Movimento Tenentista; e principalmente a

política nacionalista adotada pelo Governo de Getúlio Vargas, que aumentou sua atuação na

região criando o Território do Iguaçu e iniciando a Marcha para o Oeste.

A colonização e o povoamento no Oeste foram resultados da confluência de diversos

fatores, mas a crise no comércio da erva mate diminuiu o poderio das Obrages na região. Para

compensar os prejuízos, com a queda nas exportações, frente a concorrência da produção

argentina, as empresas obrageras tentaram a exploração da madeira e para isso, recorreram a

empréstimos dando como garantia suas propriedades. A sucessão desses empréstimos acabou

por impossibilitar o resgate das mesmas. Muitas propriedades foram liquidadas, renegociadas

ou retomadas pelo Estado (STECA & FLORES, 2002 pg.108).

1.5 A companhia Domingos Barthe: um exemplo da organização do trabalho obragero

em Santa Helena

Durante toda a conjuntura em que se processou a exploração da erva-mate e da

madeira no Oeste do Paraná por companhias estrangeiras, a maioria quase absoluta da mão-

de-obra empregadas nessas atividades exploratória era composta por trabalhadores

paraguaios, os chamados guaranis modernos: mensus¹ou peões.

Para que melhor possamos compreender os mecanismos que regiam a vida desses

peões nesses sertões, faz-se necessário que entendamos, inicialmente, de que maneira eram

organizados esses vastos domínios rurais, que nas margens do rio Paraná apresentava

características bastante peculiares, e que passaram a ser conhecidos como obrages.

O termo, retirado do castelhano, passou a designar as propriedades e/ ou explorações

instaladas em regiões onde predominava a existência de uma flora tipicamente adequada ao

12

clima subtropical nos Estados vizinhos da Argentina e no Paraguai. Foi nesses países, desde o

inicio do século XIX, que esses tipos de exploração desenvolveram suas características

norteadoras, fixaram seus objetivos e dimensionaram seus espaços de atuação.

A vida útil dessas propriedades estava diretamente ligada á extração maciça de

produtos que se faziam abundantes nessas regiões. Para tanto, o seu funcionamento se dava à

margem de qualquer tentativa de povoamento ou de colonização nos espaços onde haviam se

fixado.

A idéia principal era exploração intensiva, indiferente ao esgotamento dessas reservas

nativas. Assim, os capitais aplicados nas obrages não eram de monta e nem em longo prazo, já

que se pretendia um retorno quase que imediato.

A maximização dos lucros se acentuava à medida em que a mão-de-obra empregada

recebia salários baixíssimos e os produtos explorados tinham excelentes aceitação nos

mercados consumidores, sendo vendidos a um bom preço. Seguindo esta linha de raciocínio,

as obrages assentaram seus interesses econômicos na exploração dos produtos que

compunham o binômio mate/madeira, abundantes em toda a região Oeste e no Estado do

Mato Grosso, e com mercados consumidores já bem definidos e em expansão.

Foi a existência desses produtos que atraiu a atenção dos capitalistas argentinos para

o Oeste do Paraná e também para o Estado do Mato Grosso. Vastas porções do território

paranaense e do sul do Mato Grosso estavam cobertas dessas reservas vegetais (COLODEL,

1988 pg.53-54).

A penetração argentina em território brasileiro, em busca das riquezas nativas da

região Oeste, começa a concretizar-se já desde meados do século XIX.

No caso específico de Santa Helena, às margens do rio Paraná, a companhia

Domingos Barthe instala-se no ano de 1858. A confirmação desta data é considerada à medida

que havia um letreiro gravado na pedra e que dizia o seguinte: ”Puerto de Santa Helena fue

abierto dia 18-8-1858 pela Companhia Domingos Barthe”. E ele pôs esse nome de Santa

Helena dizendo por ser o dia de Santa Helena. ¹²

¹Designação dada ao individuo que se propunha a trabalhar braçalmente numa obrage. O termo equivale-se a

peão. O seu trabalho era pago mensalmente, ou pelo menos sua conta era assim movimentada.

Etimologicamente, a expressão vem do espanhol: mensual, ou seja, mensalista.

13

Quando se acentua o desgaste das reservas nativas em terras argentinas, os obrageros

passam a procurar com insistência cada vez maior, novas áreas onde pudessem dar

continuidade ao rentável negócio da extração da erva-mate e da madeira. Por condicionantes

citados anteriormente, o seu eixo de interesses passa a ser direcionado para o Oeste

paranaense e também para o Mato Grosso. Os rios Uruguai e Paraná servem como rotas

naturais de penetração para essas recém-descobertas frentes de exploração.

É no espaço temporal que vai desde fins do século XIX até as duas primeiras décadas

do século XX que as investidas dos obrageros argentinos no Território Oeste do Paraná

ganham todo o seu impulso, e se estabelecem de forma contundente.

Ao iniciar-se a década de 1920, quando começaram a chegar os primeiros colonos

gaúchos na região de Santa Helena, a presença argentina na região fazia-se de modo

marcante. Em Santa Helena, especificamente, a Companhia Domingos Barthe desenvolvia as

suas atividades a todo vapor (COLODEL, 1988 pg. 64).

A erva-mate e a madeira que eram retiradas das matas seguiam o seu longo e penoso

percurso até a margem do rio Paraná e ao passarem por tais lugarejos tinham a sua quantidade

contada e contabilizada em uma primeira instância.

O porto de Santa Helena, sendo o ponto terminal da obrage de Domingos Barthe,

possuía uma organização bastante específica já que era deste local que boa parte da produção

de madeira e de erva-mate era explorada em direção à Argentina.

À época em que começavam a chegar os primeiros colonos gaúchos- em 1920-

,trazidos por intermédio da Colonizadora Alegretti, a Companhia Barthe operava de maneira

intensa no porto de Santa Helena. Além de escoar pelo rio Paraná os produtos provenientes do

interior da obrage, no porto eram efetuados todas as operações de contabilização do montante

exportado. (COLODEL, 1988 pg.66-67).

¹² BORTOLINI,Antônio Francisco. Entrevista gravada,concedida a José Augusto Colodel em 23 mar. 1988 em

Santa Helena.

14

1.6 O universo comunitário: vida religiosa, festas e lazeres

Para os colonos que chegaram em Santa Helena nas primeiras décadas do século XX,

a religião era um fator proeminente da sua vida em comunidade. Como os colonos gastavam a

maioria do seu tempo útil no preparo da terra e no cultivo de suas lavouras, durante os

primeiros anos de colonização italiana em Santa Helena, não houve a possibilidade de

construir-se uma igreja ou capela. Durante este tempo, as celebrações religiosas eram

normalmente realizadas nas casas de alguns colonos.

A partir de 1923, alguns padres vinham a cavalo desde Foz do Iguaçu para ministrar

cultos em Santa Helena. A sua viagem era extremamente demorada e, por isso, havia um

longo intervalo de tempo entre um culto e outro. Além disso, como não existisse, igreja o altar

era improvisado nas casas dos colonos, onde toda a população da colônia se reunia. Estes

padres eram pertencentes à CONGREGAÇÃO DO VERBO DIVINO e, além de Santa

Helena, peregrinavam por toda a margem do rio Paraná e pelo interior celebrando casamentos,

batizados e crismas (COLODEL, 1988 pg.241-242).

O padre Wingger,uns dos padres que permaneceu em Santa Helena, este clérigo,

além de suas atividades estreitamente religiosas, propiciou outros tipos de benefícios para a

comunidade. Dava aulas para as crianças, servia como médico em casos de enfermidades,

além de cultivar uma pequena horta para a sua sobrevivência. As aulas eram ministradas no

salão da casa paroquial, sendo basicamente ensinadas as primeiras letras e um pouco de

aritimética básica; além de ensino religioso (COLODEL, 1988 pg.248).

Uma data certa para se contar com a presença de um padre era no dia da padroeira de

Santa Helena: 18 de agosto. Era a festa religiosa mais importante para a comunidade, e todos

os moradores se reuniam – mesmo os mais distantes-, para dela participarem (COLODEL,

1988 pg.249).

A festa contava com a colaboração de toda a comunidade. Os colonos se reuniam e

contribuíam com o que podiam. Alguns, mais abastados, doavam uma vaca; outros, doavam

porcos, galinhas e prendas diversas (COLODEL, 1988 pg.250).

Em Santa Helena, durante todo o espaço temporal que antecedeu a entrada do Brasil

na segunda Guerra Mundial, em 1942, os seus moradores não puderam contar com segurança

com a vinda de religiosos. Os meios de comunicação eram precários e, além disso, o grande

território que estava sob a jurisdição da Prelazia de Foz do Iguaçu impedia que os padres

dessem uma assistência mais regular às comunidades por ela englobada (COLODEL, 1988

pg.251).

15

O padre Germano Hornig prestou assistência religiosa para a comunidade de Santa

Helena durante os anos de 1937 até 1941 quando foi afastado da paróquia de Foz do Iguaçu

por determinações superiores para servir como coadjutor em Laranjeiras.

Se a vinda de representantes religiosos para Santa Helena estava condicionada a toda

uma série de dificuldades até o ano de 1941, o ano seguinte se faria marcar por um profundo

agravamento.

Em 1942, após ter-se mantido neutro desde 1939 quando começou a Segunda Guerra

Mundial, o Brasil declarou guerra aos países do Eixo. Nesse mesmo ano, entrou em vigor a

Lei da Fronteira e do Litoral, que obrigava os súditos das potências do Eixo a se afastarem

100 quilômetros dessas faixas territoriais. Essa medida, que afetaria sobremaneira a vida dos

colonos de origem estabelecidos nas zonas fronteiriças, também se faria sentir com a mesma

intensidade sobre o trabalho da Prelazia de Foz do Iguaçu (COLODEL, 1988 pg. 253).

Com o término da Segunda Guerra Mundial, o Estremo Oeste do Estado do Paraná é

alvo de uma intensa movimentação demográfica. Os primeiros anos da década de 50

marcaram o início da retomada de seu efetivo povoamento. É o período onde se intensifica a

marcha de contingentes populacionais provenientes do Estado do Rio Grande do Sul em

direção às grandes extensões de terras aqui localizadas, que ainda se encontravam

praticamente despovoadas e economicamente inaproveitadas. Toda essa imensa região sofrerá

os efeitos das ondas migratórias que continuamente aqui se assentarão e provocarão grandes

modificações e distúrbios na estrutura fundiária até então estabelecida. A redescoberta da

Região Oeste servirá como um elemento redefinidor e fortalecedor de características culturais

e econômicas de toda área atingida por esses novos contingentes migratórios.

Inevitavelmente, Santa Helena também será atingida por todo esse processo de reestruturação

sócio-econômico (COLODEL, 1988 pg.256).

Após ter instalado o seu núcleo de colonização em Santa Helena e já com o afluxo de

colonos para a região sendo considerável, a Imobiliária Agrícola Madalozzo Ltda. Resolveu

iniciar a construção de uma capela que possibilitasse assistência religiosa à população que

aqui havia se fixado.

Coube a João Marcelino Madalozzo, contando com a ajuda dos moradores, o inicio

da empreitada. Era uma construção de madeira e foi batizada com o nome de Santo Antônio.

A sua inauguração oficial deu-se em 13 de junho de 1959 e a primeira missa foi celebrada

pelo padre Angelo Bortolini.

16

Construída no ano de 1959, esta igreja foi o palco da criação da Paróquia de Santa

Helena no ano de 1961. Finalmente, após mais de trinta anos era finalmente criada a tão

desejada Paróquia instalada modestamente numa pequena igreja de madeira. O primeiro

pároco escolhido para administrar a vida religiosa do lugar, em nome da igreja Católica, foi o

padre Martinho Seitz (COLODEL, 1988 pg.259-260).

Em Santa Helena, a pequena igreja que fora edificada em 1959 na praça Rui Barbosa

funcionou regularmente até o ano de 1962 quando foi derrubada por uma forte ventania. No

ano seguinte uma nova igreja foi construída no terreno onde atualmente se encontra a igreja

matriz, inaugurada em 25 de outubro de1981.

O empreendimento colonizador efetuado em Santa Helena pela Imobiliária Agrícola

Madalozzo Ltda., iniciado em fins da década de 50, começou a canalizar para a região

colonos de descendência alemã que professavam as religiões evangélicas e luteranas.

No início de seu estabelecimento em Santa Helena, os colonos de descendência

alemã começaram a sentir dificuldades para levar adiante a sua vida religiosa dada a

inexistência de um pastor e de um local apropriado para que pudessem realizar de maneira

regular os seus cultos. O núcleo colonial de Santa Helena Nova estava nos seus primeiros dias

de vida e isso acarretava o aparecimento diário de inúmeras dificuldades para todos os

colonos que aqui havia decidido se fixar. A Madalozzo era alvo diário de críticas severas,

notadamente pelo fato de não providenciar a infra-estrutura necessária, por mais elementar

que fosse, para que os colonos ficassem mais bem acomodados.

Assim mesmo, alguns meses depois de aqui construir suas residências, a comunidade

evangélica tratou de providenciar junto aos administradores da Madalozzo a vinda de um

pastor que lhes ministrasse seus ofícios religiosos. O primeiro pastor que efetivamente

trabalhou em Santa Helena foi Jochen Pawelke que era religioso responsável pela paróquia de

Marechal Cândido Rondon, e pertencente a I.E.C.L.B (Igreja Evangélica de Confissão

Luterana no Brasil). (COLODEL, 1988 pg.261).

1.7 Festas e lazeres

Durante todo o período em que permaneceram em Santa Helena, á vida dos colonos

que para cá se deslocaram não foi marcada unicamente pelo trabalho, embora este ocupasse

quase todo o seu tempo útil. Muita coisa precisava ser feita nos seus lotes para que eles

pudessem tornar-se aptos para a produção da sua subsistência. Trabalhava-se de manhã até o

17

anoitecer e nenhum braço da família poderia ficar ocioso. Mesmo as crianças tinham tarefas

que, apesar de leves, contribuíam para o aumento da renda familiar.

No entanto havia a necessidade da comunicação com outras pessoas; famílias que

moravam próximas. No início, poucos eram os recursos materiais que tinham esses colonos

para serem empregados em suas atividades recreativas. Mas o lazer era importante para que se

aprofundassem os laços de convivência entre os membros da comunidade.

Num primeiro momento, as pessoas procuraram reunir-se em encontros familiares,

onde participavam os seus vizinhos mais próximos. Essas reuniões apresentavam a

importância de abrir um espaço que possibilitava que essas famílias ficassem juntas durante

algum tempo. Durante essas poucas horas procurava-se esquecer todas as dificuldades

encontradas, ao mesmo tempo em que se recordavam os momentos mais felizes que haviam

passado em suas comunidades de origem. A aventura da migração para as terras do Oeste do

Paraná era constantemente lembrada e a insatisfação com as condições materiais aqui

existentes era superada por um imenso desejo de viver e progredir. Esses colonos tinham em

mente o fato do seu isolamento da própria região em relação a outros centros populacionais.

Assim, as oportunidades que apareciam para que acentuasse a aproximação dessas famílias

eram aproveitadas imensamente.

Uma das primeiras formas de diversão encontradas pelos colonos que se

estabeleceram na região de Santa Helena, nas primeiras décadas do século XX, foram as

caçadas. A caça surgiu como uma necessidade de alimentação suplementar e propiciava o

encontro social de diversos moradores. Nem todos participavam das caçadas em si, mas após

a sua realização todos participavam (COLODEL, 1988 pg.263).

Quando falamos em caçadas não podemos nos esquecer que para esses colonos a

que mais dava prazer eram as passarinhadas. Os caçadores se distribuíam em áreas

determinadas, com alguns até usando apitos especiais para atrair os pássaros. Quando se

aproximava a hora do almoço eles retornavam ao ponto de encontro para,pela parte da tarde

limparem a caça. Então, era combinado o local onde seria feita a passarinhada, da qual

participavam todos os caçadores com suas famílias e outros convidados. Em Santa Helena

Velha, na casa dos Noro tinha muita passarinhada

Uma outra forma de se caçar aves era através de arapucas. Estas se revelavam como

sistemas mais práticos e muitos mais eficientes. Como houvesse grandes quantidades de

pombas, elas eram as preferidas para o uso das arapucas.

18

Para se fazer uma passarinhada tudo deveria ser combinado com antecedência e os

preparativos movimentavam a vizinhança. Geralmente eram escolhidas datas especiais, como,

por exemplo, no Dia das Mães, e a reunião era feita na hora do almoço de domingo. Os

homens ficavam encarregados de assar as aves abatidas e as mulheres cuidavam do preparo

dos outros pratos, dentre os quais a polenta e saladas.

As carnes mais apreciadas pelos colonos para a sua alimentação eram as de veado,

paca, anta, porco do mato (tateto). Algumas vezes, quando se caçava em excesso, uma parte

da carne era distribuída entre os moradores vizinhos, principalmente quando se conseguia

abater uma anta de grande porte.

O porco do mato também era morto porque ele, além de ser uma carne bastante

apreciada por ser rica em proteínas e de onde poderiam ser tirados e aproveitados vários

subprodutos, também se apresentava como uma ameaça para as plantações de milho feitas

pelos colonos (COLODEL, 1988 pg. 264-266).

O milho, desde quando migraram para a região de Santa Helena os primeiros colonos

gaúchos, sempre foi um produto agrícola muito importante para a unidade de produção

econômica familiar. Ele era a matéria-prima para o preparo da polenta e também servia como

base alimentar para a criação de porcos, graças aos quais os colonos faziam diversas

variedades de salames e também retiravam a banha.

As pescarias geralmente eram feitas no rio Paraná e os colonos que moravam mais

para o interior se utilizavam de outros rios como o rio São Francisco Verdadeiro, São

Francisco Falso, Dois Irmãos, Pacuri, Morena e Ocuí. Posteriormente, a partir da década de

50, as pescarias passaram a ser encaradas como esporte e mobilizavam um bom número de

participantes.

Sem dúvida alguma, o divertimento mais apreciado pelos colonos que se

estabeleceram nas áreas de colonização em Santa Helena desde os seus primórdios eram os

bailes. Eram os motivos maiores para reunião e confraternização e todos os colonos faziam o

possível para não faltar. Os bailes já eram uma tradição arraigada nas regiões colonizadas por

italianos no Rio Grande do Sul e no extremo oeste paranaense continuaram a ter a mesma

importância social.

Os primeiros bailes realizados em Santa Helena tinham como local habitual a casa

dos administradores da Companhia Domingos Barthe, no porto. Embora sendo uma

propriedade particular, os administradores argentinos faziam questão de convidar todos os

moradores para que dele tomassem parte. A animação dos bailes ficava por conta de

19

conjuntos paraguaios, especialmente convidados para a ocasião, munidos de instrumentos

musicais característicos da sua cultura musical e que dentre os quais se sobressaíam as harpas

e violões. Já no início da noite, a casa encontrava-se toda iluminada por lampiões e a

movimentação era grande com pessoas afluindo para o lugar por meio de carroças e mesmo a

pé. Do lado de fora, os mensus cantavam e faziam serenatas, tomando cachaça e jogando o

carteado.

Para os colonos, o dia de sábado estava reservado para este entretenimento. Era certo

que nesses bailes eles se encontrariam com seus vizinhos e conhecidos e também era a

oportunidade de que se usufruir a Companhia Domingos Barthe para deles se aproximar e

angariar a sua simpatia.

Além dos bailes realizados no porto, era habitual que eles também fossem feitos nas

casas dos colonos (COLODEL, 1988 pg.266-267).

Quando os bailes tinham como local as casas dos colonos, a música era também

tocada por paraguaios, mas, na maioria das vezes, quem delas se encarregavam eram

moradores da própria colônia. Líbero Ferri era sempre requisitado para encarregar-se da

animação desses bailes; com sua inseparável acordeona da marca Somenza. Como os dias de

segunda à sexta-feira eram dedicados aos trabalhadores na lavoura e de conservação da

propriedade, abrindo roças e limpando os terrenos, restavam as noites de sábado para esse tipo

de diversão (COLODEL, 1988 pg.267-268).

Na casa onde seria realizado o baile de sábado à noite, os preparativos tinham que ser

feitos com uma certa antecedência. Tinha-se que entrar em contato com os músicos, além de

deixar reservada uma boa quantidade de querosene para os lampiões. O pão, algumas vezes

também bolachas, tinha que ir ao forno cedo. Os convidados tinham que ser avisados com

antecedência porque muitos deles moravam bastantes distanciados da casa onde seria

realizado o baile.

Para essas ocasiões, os colonos não tinham o costume de convidar os mensus, mesmo

que alguns desses peões estivessem fazendo empreitadas em suas propriedades. Isto se devia

ao fato de os colonos considerarem os paraguaios muitos beberrões e brigões e temessem que

a sua presença atrapalhasse a festa.

Quando as obrages se retiraram do oeste paranaense, essa mão-de-obra passou a ser

empregada pelos colonos para ajudarem no desmate dos lotes para o cultivo das suas

plantações. O sistema de pagamento mais comum que era usado era o que chamava de

empreitada (COLODEL, 1988 pg. 269).

20

Em Santa Helena, o mês de junho era reservado para as festas juninas. No dia 13 de

junho era a festa de Santo Antônio e no dia 24 a de São João. A comunidade se reunia e todo

o ano, invariavelmente, estas festas eram realizadas. Assim como no caso dos bailes, as festas

eram feitas nas casas de algum colono (COLODEL, 1988 pg. 272).

Para as festas juninas, o acesso dos peões paraguaios era permitido, principalmente

por causa das crianças que queriam ver de perto as grandes fogueiras que eram feitas. Se, por

um lado, estas festas eram momentos de diversão e confraternização, por outro, reservavam

um espaço para manifestações de fé como as que eram observadas quando alguns colonos

passavam pelas brasas que eram espalhadas pelo chão. O fato de não queimarem os pés era

encarado por essas pessoas como uma demonstração da sua fé religiosa (COLODEL, 1988

pg.273).

Para os colonos que migraram para Santa Helena, o carteado era uma das diversões

preferidas entre os homens. Reunidos em pequenos grupos jogavam a bisca, que sempre foi

um jogo de muita tradição entre os colonos de descendência italiana. Os jogos de carta,

apostados a dinheiro ou não, eram geralmente realizados nos domingos e tinham como locais

de maior freqüência as bodegas.

As casas comerciais também consistiam em locais de reuniões entre os homens que,

entre um aperitivo e outro, passavam algum tempo proseando e jogando baralho. Para as

mulheres, o acesso a esses lugares só se dava nos momentos em que precisavam adquirir

alguma mercadoria que estivesse faltando e que precisasse ser comprada com urgência

(COLODEL, 1988 pg.276).

1.8 A formação do espaço santahelenense

Lugar de sonhos, onde muitos causos, histórias de pioneiros que a partir de 1960 são

ouvidos e registrados para que Moreninha tenha sua memória.

Santa Helena, nome dado a este maravilhoso Município de muita riqueza, gene

hospitaleira, desbravadores, terras cultiváveis, água boa, ilha, animais, plantas.

Moreninha, nome que chama atenção e causa curiosidade a todos. Segundo

informações de moradores a história inicia-se aproximadamente por volta de1960.

A partir de 1920, com a chegada de agricultores provenientes principalmente dos

estados do Rio Grande do Sul e de santa Catarina, a forma de ocupação do espaço

santahelenense passou por mudanças. Com a formação do núcleo de povoamento inicial, na

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localidade de Santa Helena Velha, o solo que até então estava ocupado por madeira e erva

mate passou a ser destinado as práticas da agricultura de subsistência. Mas foi somente numa

terceira etapa a partir de meados da década de 1950, com a chegada da colonizadora

Imobiliária Agrícola Madalozzo Ltda., que a ocupação do município Santa Helena passou a

ser uma realidade. O início de um loteamento planejado da atual sede do Município e do

distrito de Sub Sede São Francisco permitiram o surgimento de importantes áreas urbanas.

1.9 A emancipação política- administrativa

Neste período, Santa Helena não existia como município dependia politicamente de

Foz do Iguaçu. No ano de 1960, grande parte do que era o Município de Foz do Iguaçu foi

desmembrada e foi criado o Município de Medianeira. A partir desta data, devido a

proximidade, Santa Helena passou a pertencer ao município de Medianeira e foi transformada

em um importante Distrito.

Sete anos mais tarde, no dia 2 de fevereiro de1967, foi criado, através da lei n 597\67,

o Município de Santa Helena. Para constituir o seu território foram desmembradas terras de

dois municípios Marechal Cândido Rondon ao norte, e Medianeira ao sul. No mesmo ano

também foi criado o primeiro Distrito de São Clemente; e, no final do ano seguinte, no dia 29

dezembro de 1968, foi empossado o primeiro prefeito eleito, o senhor Arnaldo

Weissheimmer. A partir de então, Santa Helena passou a ser reconhecida como mais um

município do Estado do Paraná. Observe o mapa como era o espaço santahelenense durante a

década de 1970.

22

Fonte: Prefeitura Municipal de Santa Helena Secretaria municipal de Educação, Cultura e Esportes Coordenação

de História e Geografia pg.08

23

1.10 Principais mudanças

Na década de 1980, este mesmo espaço passou por grandes transformações. Uma delas

ocorreu em 1983, com o represamento das águas do Rio Paraná, em virtude da construção da

Hidrelétrica de Itaipu. Uma parte das terras produtivas do Município foi alagada e se

transformaram no Lago de Itaipu, fazendo com que fosse mudada a forma de uso do solo: de

terras agrícolas para fundo de lago.

A outra grande mudança ocorreu em 1985 quando um dos Distritos se emancipou. Foi

o Distrito de São José das Palmeiras que se transformou em Município. Observe o mapa de

1970 com o mapa atual, como essas mudanças modificaram o território santahelenense

(ZAAR, 2007).

Fonte: Prefeitura municipal de Santa Helena, Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes

Coordenação de História e Geografia pg.10

24

1.11 Formações dos distritos

Em 1967, lei nº 5697 cria no município de Santa Helena, o Distrito Administrativo e

Judiciário de São Clemente, com sede na mesma localidade. Palácio do Governo em Curitiba,

13 de novembro de 1967. Prefeito municipal nomeado de Santa Helena, através do decreto nº

4.041, de 31 de julho de 1973, Francisco Antonio Muniz. Através da lei nº 147 artigo 3º Esta

lei entrará em vigor a partir da sua publicação. Artigo 4º revoga-se as disposições em

contrário. Gabinete do prefeito municipal de Santa Helena, em 10 de fevereiro de 1975.

Registra-se e publica-se em 10 de fevereiro de 1975, Francisco Antonio Muniz.

Lei nº 1.207-99 data 30 de março de 1999. Súmula: define o perímetro do Distrito de

São Clemente.

A Câmara Municipal de Santa Helena, Estado do Paraná, aprovou e Eu, prefeito

municipal Silom Schimidt, sanciono a lei. Artigo 2º - Esta lei entra em vigor na data da sua

publicação, revogadas as disposições em contrário. Gabinete do Prefeito Municipal, aos trinta

dias do mês de março de 1999.

Segundo a lei nº 1.203/99 cria o distrito administrativo de Moreninha. A câmara

municipal de Santa Helena, Estado do Paraná, aprovou e eu, Silom Schimidt, Prefeito

Municipal, sanciono a seguinte: Art. 2º - fica criado o Distrito Administrativo de Moreninha,

neste município, que terá como sede a vila de Moreninha. Art 4º - a instalação do Distrito

Administrativo de Moreninha dar-se-á em 03 de julho de 1999. Art. 5º - esta lei entra em

vigor na data de sua publicação.

Fonte: Prefeitura municipal de Santa Helena, Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes

Coordenação de História e Geografia (Lei nº 1.203, 1999).

25

A lei nº 1.204/99 cria o Distrito Administrativo de São Roque. A câmara municipal de

Santa Helena, Estado do Paraná, aprovou e eu, Silom Schimidt, Prefeito Municipal, sanciono

a seguinte: Art. 2º - fica criado o Distrito Administrativo de São Roque, neste município, que

terá como sede a vila de São Roque. Art 4º - a instalação do Distrito Administrativo de São

Roque dar-se-á em 10 de julho de 1999. Art. 5º - esta lei entra em vigor na data de sua

publicação.

A lei nº 1.205/99 cria o Distrito Administrativo de Sub-Sede São Francisco. A câmara

municipal de Santa Helena, Estado do Paraná, aprovou e eu, Silom Schimidt, Prefeito

Municipal, sanciono a seguinte: Art. 2º - fica criado o Distrito Administrativo de Sub-Sede

São Francisco, neste município, que terá como sede a vila de Sub-Sede São Francisco. Art 4º -

a instalação do Distrito Administrativo de Sub-Sede dar-se-á em 17 de julho de 1999. Art. 5º -

esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

A lei nº 1.421/2002 cria o Distrito Administrativo de Vila Celeste. A câmara

municipal de Santa Helena, Estado do Paraná, aprovou e eu, Silom Schimidt, Prefeito

Municipal, sanciono a seguinte: Art. 3º - a instalação do Distrito Administrativo de Vila

Celeste dar-se-á no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da publicação desta lei. Art.

4º - esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário

(Lei nº 1.203, 1999).

Com a destruição da mata subtropical ocorreu a partir da década de 1960, quando no

município de Santa Helena, assim como nos outros municípios paranaenses e do sul do Brasil

houve a introdução do cultivo da soja, do trigo acompanhados da mecanização agrícola.

Os agricultores derrubaram a mata que ainda existia em suas propriedades e, nestas

terras, as cultivavam.

Durante a formação do lago de Itaipu, alem das terras produtivas, as áreas de matas

que estavam próxima ao rio Paraná também foram “afogadas”.

Com conseqüência deste processo, as áreas de mata foram reduzidas e, atualmente, são

encontradas apenas em alguns pontos do Município.

Podemos conhecer o passado e construir a história do Município através de

depoimentos de moradores que ainda residem na região.

26

2. DEPOIMENTOS TRANSCRITOS

2.1 Depoimento de Nelson Marchiotti

Figura 1. Sr. Nelson Marchiotti 16/05/2011.

Morava no Município de Alecrim no Rio Grande do Sul.

Saindo de lá em 1960 para morar no município de Planalto no Estado do Paraná, em

1957.

Figura 2. Casamento do Sr. Nelson Marchiotti e sua esposa Maria Cristina Marchiotti

em Alecrim – RS em 1957.

Este lugar era cheio de pedras e morros, enxergava-se sol lá pelas 11 horas da manhã.

Vivemos alguns anos ali, muitos dificuldades enfrentamos para viver, tudo era manual, desde

a preparação da terra, plantar e colher era assim.

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Figura 3. Google. Mapa do PR localizando o município de Planalto.

Foi em 1966 quando um dos vizinhos nossos que já havia passado por uma região e

que tinha um pouco de conhecimento, Alvino Correia, através de uma prosa (conversa)

contando sobre essa região, que era plana, tinha muito mato, e que iria sair de Planalto para

essa região.

Alguns dias depois deixamos Planalto, era no ano de 1966, sai para melhorar a vida,

cada vez melhor. Viemos de caminhão, na mudança levava, uma chapa de fogão e 5 animais

dos quais, uma junta de boi e 3 vacas e outras coisas de uso, “pouco mais trouxe”. Lembro

que ao passar um rio de barca teve que tocar a manivela do caminhão para que funcionasse.

Estrada de chão, só mato. Levamos mais de dois dias para chegar aqui. Chegamos,

descarregamos à mudança num rancho feito de pau a pique feito com coqueiro. Diziam os que

já estavam aqui que o lugar se chamava Pau do Carroço, porque ali havia uma madeira grossa

com carroço tão grande que dava para sentar duas ou três pessoas num dos carroço. Daí o

nome Pau do Carroço. Ali era a rodoviária, circulava na região o ônibus Cattani, depois era a

Rainha do Sertão.

Então voltando um pouco com a historia, vendi minha terra em Planalto por 1400

conto. Motivo, havia escassez de água, para os animais, pedra, morro, não se enxergava sol

até 11 horas da manhã, e já tinha conhecido este lugar que vim junto com Arlindo Correia

como já te disse me agradei das terras a mulher concordou e viemos.

Trabalhava cortando mato no serrote e no machado, se fazia uma armação que ficava

uma na parte de cima e outro na parte de baixo para serrar as pranchas, que se usava para a

construção das casas. As casas eram cobertas de tabuinhas. Tu tinhas que ver quando nós

abríamos as picadas, era um sertão. Nós usávamos espingarda pra saber onde, em que direção

28

estava, dava tiro de um lado e do outro do rio. Assim dava continuidade a abertura da picada

para passar.

Os filhos pequenos atravessavam o mato e as picadas, não era fácil.

Era um sertão.

A escola era de madeira todos que moravam aqui ajudaram a construir. A escola como

também as casas eram cobertas de tabuinhas serradas manual. Escola de madeira, espaço

pequeno dava mal apenas para um numero pequeno de crianças. Na medida em que

aumentava os moradores foi se construindo uma escola maior, onde a mesma servia nos

primeiros anos de igreja.

As crianças ao irem à escola tinham que acompanhá-las, pois havia cobras no caminho

e nós tínhamos receio de mandá-las sozinhas. Acompanhá-las e depois na volta íamos ao

encontro das crianças.

As mulheres participavam, além das atividades de casa, cuidar dos filhos, fazer

comida, também ajudavam na roça, amontoar galhos para a queima e depois o plantio dos

produtos.

Também havia safras que se passava por dificuldades devido o clima, o que se colhia

tinha de agüentar a sobrevivência até a próxima safra. Comia o que se tinha batata, feijão,

mandioca e arroz, que nós mesmo plantamos, carne de vez em quando um frango e outro, ou

carne de porco, quando se tinha porco criado para matar, não tinha energia elétrica, tinha que

comer em alguns dias ou guardar em baixo da banha.

É também se falava muito em Moreninha, vamos aos botecos em Moreninha. Havia

pelo menos 10 botecos.

Foi quando este lugar recebeu o nome de Moreninha, pois segundo havia uma família

de cor negra com moças bonitas daí se dizia lá nas moreninhas, indicando o local. Muito se

pronunciava este nome e daí o nome Moreninha até hoje.

Então de 1966 a 1967 era um sertão, o trabalho era braçal, carroças puchadas por bois,

ou no lombo se levava os produtos.

A partir de 1967 começa vir o destoque de tratores e de lá pra cá só cresceu.

Para ir ao moinho era distante, na Esquina Rosa, a pé ou à cavalo passava-se por

dentro do rio, não havia estrada, levava o milho para fazer a farinha e depois era distribuído.

As compras também se levavam na carroça um ia e trazia para todos.

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Eu enfrentei, trabalhei, só foi para frente mesmo com sofrimento. Fazia estrada à

picão, a enxada e enxadão, cada um doava-se alguns dias para fazer as estradas, um ajudava o

outro na colheita, e em todas as atividades.

Hoje tem máquinas que faz tudo. Tudo mudou, era bom, era muito bom, até se usava

vela de querosene e hoje a energia elétrica.

Hoje tem facilidade de locomover tem asfalto, carro e ônibus.

A nova tecnologia fez com que as terras, a produção, o povo, a cultura, enfim as coisas

mudaram muito.

Figura 4. A esquerda: Aniversário de casamento em 1990. A direita: Sr. Nelson M.

fumando criolo e recordando os tempos.

30

2.2 Depoimento de Antenor Federizzi um dos primeiros migrantes de Moreninha.

Figura 5. Antenor Federizzi nos dias atuais.

Meu nome é Antenor Federizzi, venho de Tenente Portela no ano de 1963.

Figura 6. Google. Mapa do RS representando Tenente Portela.

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Figura 7. Sr. Antenor Federizzi e sua esposa Sra. Geni Federizzi

Diziam que havia terra boa, bom pra morar. Como nos enfrentava dificuldade de

sobrevivência, terra com elevações, um grande número de irmãos, e também estava

namorando, precisava pensar numa perspectiva de vida.

Vim junto com um amigo conhecido até essa região que muitos falavam.

Chegamos nessa região, hoje Moreninha, tomei posse de uma área de 4 alqueires, pela

direita de quem vem de Missal à Moreninha.

Fiquei seis meses, construí um barraco, neste construí a cama de pau com a madeira

do mato, tinha o colchão que trouxe na viagem. Fiquei seis meses cortava mato, no serrote e

machado, cortava árvores grossas.

Foi quando voltei para Tenente Portela, me casei com Geni, minha esposa, e alguns

dias depois voltamos para cá.

Viemos com um caminhão, levamos três dias para chegar na estrada de chão. Na

mudança trouxemos além dos pertences, uma trilhadeira e alguns animais.

32

Figura 8. Trilhadeira, em 1968. Na foto (1) Miro Zanatta.

Juntos, nós trabalhávamos, serrando e cortando, formando a lavoura, queimando

árvores grossas como grevilhas e lapacho, se pensava em construir uma vida melhor.

Plantava-se milho, soja, feijão, e miudeza como mandioca, batata, cebola, alho e outros.

Faziam-se puxirões (reunia-se famílias vizinhas para ajudar mutuamente para o

trabalho render) era muito bom, a foice, o machado e o serrote funcionava o dia todo.

Figura 9. Puxirão, em 1968. Na foto (1) Aristedes Padilha, (2) Célio Machado e (3)

Mabelino Rech.

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Figura 10. Após puxirão, o almoço – 1967. Na foto (1) Nelson Turra, (2) Geni Federizzi e

(3) Valmir Federizzi.

Construímos um galpão que servia também de casa. Tivemos cinco filhos: Valmir,

Valmor, Preto (Valdecir), Roseli e o Nenê (Valdemir).

Figura 11. Primeiro filho no sertão de Moreninha. Na foto (1) Geni Federizzi e (2)

Valmir Federizzi.

Nós comia o que produzia, comi tanto feijão bichado. Para as crianças muitas vezes

torrava a farinha de milho e misturava com leite para comer.

O comércio era distante, só se ia até lá de vez em quando de carroça.

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As estradas eram barrentas passava somente carros pequenos quando dava

possibilidade de passar. O uso do cavalo era constante. Havia empresa de ônibus “Cattani”, só

passava no estradão. A rodoviária era no Pau do Carroço, perto do Pacuri.

Os filhos foram crescendo onde houve necessidade da construção da escola, todos

construíram, fizemos um puxirão. A escola servia de igreja perto do Rio Moreninha. Não sei

certo por que Moreninha, uns diziam por causa da água turva, parda, daí Rio Moreninha.

Onde passou através do Rio Moreninha o nome da Comunidade que é até nos dias atuais.

Figura 12. Construção da casa de Antenor Federizzi, em 1968, com a ajuda dos amigos.

Na foto (1) Antenor Federizzi, (2) Valério Federizzi, (3) Arlindo Rech e (4) Ilo Hoffman.

Perto da escola e da igreja, tinha o campo de futebol, onde hoje é a ponte, o aterro em

Moreninha.

Havia torneios de futebol e festas da igreja, todos participavam, tanto para ajudar,

como para se divertir. Tanto que o nome Esporte Clube Água Verde, veio porque o Rio ficava

perto do campo e criava limo verde daí o nome surgiu.

Figura 13. Transporte para jogo de futebol de Pacuri para Moreninha. Na foto (1)

Mendonça, (2) Barroni, (3) Romilda Chepa, (4) filho do Mendonça e (5) Freiberguer.

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Figura 14. À esquerda: Festa da comunidade católica – em 1967. À direita: Inauguração

do campo de futebol “Água Verde” – em 1967, na foto (1) Claudio Souza, (2) Raimundo

Albuquerque e (3) Luiz do Seco.

A construção da igreja também foi importante, fez-se puxirão, a comunidade foi

crescendo, as crianças participavam da catequese, e o Padre vinha rezar missas.

Retornando a história sobre a posse de terra, foi nos anos de 1965, quando não se sabia

de quem era realmente as terras, sendo paga três vezes até ser minha. Por graça de Nossa

Senhora Aparecida, como te dizia. Um grupo de homens armados, com certeza mandada por

alguém, nos despejou das terras, assim como os vizinhos também foram despejados. Levaram

a mudança até a comunidade de Esquina Céu Azul perto de um barranco, quando Mabelino

Rech ficou sabendo foi buscar a mudança. Nelson Turra, um dos moradores da comunidade,

cedeu o galpão para morar. Com muita fé tirei o chapéu da cabeça ergui para o céu azul

limpo, e pedi a Nossa Senhora Aparecida que me ajudasse a voltar para a minha terra com a

esposa e os filhos, e que ninguém mais viesse atrapalhar a nossa vida. Nós queríamos era

trabalhar e viver em paz.

Antenor se emocionava de tudo o que passou tempos bons, tempos difíceis, mas diz: -

Gosto do lugar, gosto da região tudo se produz. Moreninha cresceu, se desenvolveu. Quando

começa a entrar trator para o destoque tudo começa mudar. A quantidade maior do uso de

sementes, trator e ceifas fez com que a produção crescesse, e os comércios desenvolvem-se a

própria cultura do povo. Com certa mudança, a trilhadeira, as juntas de animais, a foice, o

serrote, a enchada, o arado deixaram de ser usados e viraram peças de museu.

36

2.3 Depoimento de Manuel Garcia

Figura 15. Sr. Manuel Garcia Alves 16/05/2011

Morava com minha família em Tenente Portela no Rio grande do sul.

Figura 16. Família do Sr. Manuel – 1974, (1) Izaura, (2) tia de Izaura, (3) Valdenor, (4)

Rosane e (5) Claudete.

Resolvi conhecer o Paraná quando tinha apenas 16 anos.

37

Meu primo falava muito das terras do Paraná, inclusive de Santa Helena. Depois de

um ano voltei para Portela, meu pai estava muito mal de vida, eu era o filho mais velho,

agarrei e falei para o meu pai:

- Vamos vender essas terras e vamos para Santa Helena, lugar novo.

Agarremos, eu e meu pai e viemos. Quando chegamos meu pai ficou “louco” pelas

terras. O pai voltou para vender a terra em Portela.

Mas era sertão, sertão de mato. Fiquei sozinho, isso em 1963, fiquei morando na casa

de Mabelino Rech, cuidando das terras, roçando mato e fazendo galpão.

Em outubro de 1963 fomos cortando cada vez mais a mata alcançando uma área

maior. O Sr. Mabelino Rech era quem me ajudava.

Já era perto do natal, uma seca, mata derrubada, colocamos fogo, pois meu Deus

queimou até o chão, não sobrou nada.

Foi daí que meu pai chegou para ajudar, mas a mudança ficou para traz de novo. Pois

precisava abrir, roçar, construir e plantar. Era no final do ano de 1963, trabalhamos, cortamos

tanto mato, derrubamos tantas árvores, era um sertão.

Meu pai voltou para Portela, fiquei sozinho durante alguns meses, mas continuei

morando na casa de Mabelino Rech.

Voltei para Portela por alguns dias, e retornei junto com meu pai, foi quando

trouxemos mais ferramentas de uso no ônibus.

Na época a empresa de ônibus da região era a Cattani. A rodoviária era lá no “Pau do

Carroço”, este lugar tinha umas árvores grandes com muitos, muitos carroços daí o nome

“Pau do Carroço” (hoje seria em frente ao secador do Sr. Alberto Alegretti).

As estradas era um picadão (picadas). Juntos, nós abríamos estradas.

Compramos uma colônia e meia, meia colônia para mim e uma colônia para meu pai.

Foi quando eu e meu pai voltamos para Tenente Portela buscar a mudança. Só sei que

foi muito sofrido, sofrido mesmo. Levamos alguns dias para chegar, quando chegamos a

Santo Antonio do Sudoeste tivemos que trocar de caminhão o mesmo deu problemas.

No outro caminhão não cabia toda a mudança, então deixamos os animais ali mesmo

nessa região. Seguimos a viagem, sei que quando chegamos á Moreninha, já estava no

entardecer. Ao subir a estrada barrenta de Moreninha o caminhão não deu conta, não teve

jeito, atolou. Dormimos ali mesmo onde tinha algumas tábuas empilhadas, onde coloquemos

os colchões de palha e ali ficamos durante a noite.

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Então sai para a redondeza onde consegui cinco carrroças com cinco juntas de bois

para levar a mudança que estava no caminhão para o lugar destinado. Foi tudo nas carroças.

Sai de lá tocando o gado, sofri muito sozinho. No caminho tinha muito morcego, eles

sugavam o sangue do gado. Sai de Santo Antonio do Sudoeste 5 horas da manhã e cheguei a

Capanema ao meio dia, onde almocei. Segui em frente, fiz pouco trajeto até a noite, pousei na

balsa, do Rio Iguaçu, sai às 5 horas da manhã, passei pelo Parque do Iguaçu e cheguei a

Medianeira, deixei o gado numa baixada e fui almoçar. Sai de Medianeira 13 horas e ao

passar a Serra do Mico tinha umas onças, o gado não queria andar tinha medo das onças.

Fiquei umas três horas, o gado ia e voltava correndo. Mas, eu preocupado queria chegar em

casa.

Tinha um revolver velho junto, dei três tiros, foi quando aquietou, ai é que o gado

veio, pois a onça havia escapado devido ao barulho. Ai vim bater em casa era às 02h30min

horas da madrugada, dormi o resta da noite.

Foi sofrido, me lembro que não havia comércio para comprar. Nós quando viemos de

mudança trouxemos tudo, como banha, salame, feijão, farinha e carne, isso durou quase um

ano. Até nós plantar para produzir, pois o que plantava colhia, pois a terra era boa.

Trabalhamos alguns anos nessa terra. Na safra os produtos eram vendidos para Alberto

Alegretti e Arno Naves. Depois começou entrar mais comércio em Moreninha, então Lindolfo

Dobrantz também comprava o nosso produto.

As famílias foram ocupando as terras e os filhos precisavam estudar aprender ler e

escrever. Foi quando construímos a escola que serviu de igreja até essa ser construída. João

Pedro, dono de muitas terras foi quem doou o terreno para a construção. Fizemos mutirão e

pronto, por alguns anos na escola se rezava. Mas logo, também foi construída a igreja e o

sino, pois as badaladas eram importantes para avisar as pessoas da reza. Isto é impressionante,

pois até hoje a Comunidade de Moreninha costuma puxar o sino certos horários do dia como,

11h30min horas e 18 horas, virou tradição.

O futebol era o divertimento, jogavam-se pelotas (bolas de meia). Foi quando seis

homens deram o início ao jogo de futebol. Eu (Manuel Garcia), Mabelino Rech, Pedro o nenê

do Vergilino, Antenor Federizzi e o Luizinho. Miro e Cassiano, meus irmãos mais novos

também passaram a ajudar.

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Figura 17. Time de futebol. Da direta para a esquerda: Professor Romeu Wagner, Evar

de Souza, Juarez de Souza, Vande Preste, Pedrinho Correia, Ié Ié Correia, Genésio

Correia e outros.

Foi bonito, damos início ao campo ai em baixo da baixada perto rio (hoje é o aterro de

Moreninha). Era num sábado à tarde, juntos um arrancava toco com a cavadeira outros faziam

a limpeza, arrancavam pequenas árvores, e no domingo também se fazia puxirão, até o campo

ficar pronto. Assim, formamos um time, o nome foi escolhido como Esporte Clube Caxias,

porque o Caxias era famoso no RS.

Lembro-me que o primeiro torneio de futebol foi em 1964, a bebida era colocada num

buraco feito por nós para ficar fresca e se servia dali mesmo.

Figura 18. Primeiro torneio de Moreninha, em 1965. Na foto (1) Manuel Garcia e (2)

Arlindo Barcelo.

Pois nós calculávamos que nunca ia comprar um terreno para o campo, ninguém tinha

tanto dinheiro.

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Com a chegada de Celeste Menegari na região de Moreninha, homem de muito poder,

nos tornamos amigos. Eu e ele conversando sobre o futebol resolvemos fazer uma promoção e

comprar uma área de terra para a construção do campo. Resolvi coroar uma das minhas irmãs

fazendo um baile, mas como em Moreninha em 1964 ainda não tinha salão de baile, e no

Pacuri tinha um galpão coberto de tabuinha e que servia de salão do Sr. Arnoldo, este cedeu o

salão para fazer o primeiro baile para o Esporte Caxias.

A música era Gaiteiros da região, o Arlindo, meu irmão, ajudou a tocar. Quem estava

ai e que sabia um pouco de musica subia ao palco e ajudava a tocar. Lembro que havia um

ceguinho que tocava tão bem, não lembro o nome dele, ele era da região e era muito famoso.

Quem dançou a primeira marca (música) com minha Irmã foi o João Schuans, ele pagou 15

mil conto para dançar com a rainha.

Esse baile deu tanto dinheiro. O preço do terreno foi de 400 conto. Pois com o

dinheiro do baile compramos o terreno, e ainda sobrou muito dinheiro.

Em 1966 ao legalizar, então o nome passou a ser Esporte Clube Água Verde

Guilherme Menegari.

O time só foi pra frente, o futebol era uma diversão. Daí mais promoções surgiram

como o baile da Ramada ao ar livre no campo mesmo, mas era lindo mesmo. Nós

organizávamos Gaiteiros, eram da região mesmo, deu muito dinheiro.

A bebida, que eu me lembre era posta em um buraco feito na terra, para gelar.

Comprava sacas de sal grosso, e daí uma camada de sal e outra de bebida e assim colocava

um pouco de água em cima, pois não existia energia elétrica.

Passaram-se alguns anos, Moreninha nome já existente desde que cheguei, dizia que

segundo moradores esse nome foi dado porque morava caboclos na região que cuidava das

terras. Daí o nome Moreninha, e Morenão, comunidade próxima.

Em 1968, eu, um rapaz que já havia namorado algumas meninas, encontrou o amor da

vida “Izaura” de uma família da comunidade próxima do Pacuri. Então me casei em 18 de

junho de 1968, trabalhamos bastante, o sofrimento era bastante, colhia-se as coisas e às vezes

não tinha para quem vender. Algumas vezes perdia-se o produto, por causa das chuvaradas,

ou então por causa de doença.

Todos nos trabalhávamos, se “escolhambava” tudo. Naquela época tinha muito

puxirão.

Eu gostava muito de “brique” (negócio), então resolvi vender minhas terras, e coloquei

uma sapataria e foto. Mas tarde comprei novamente as terras e estou aqui.

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Moreninha, a partir de 1975, foi crescendo, foi chegando gente do Rio Grande do Sul e

Santa Catarina, desenvolvendo-se, houve o destoque da lavouras, plantios mais intensos com

uso de tratores, plantadeiras e colheitadeiras, tudo foi mudando.

O comércio começou a crescer as estradas que eram “picadão”, foram transformadas

em largas estradas. O transporte tornou-se mais intenso com caminhões, truques e carros

começaram a circular pela região.

A região foi aumentando, tornando-se cada vez mais mecanizada.

2.4 Depoimento de Nilto Alievi

Figura 19. Sr. Nilto Alievi 16/05/2011

Quando eu vim morar em Santa Helena em 1970 a nossa região tinha 70% da área era

mato. Contava com duas grandes madeireiras que empregava 60 pessoas em cada uma e duas

madeireiras de porte menor que também empregava 15 empregos em cada uma. Tinha três

grandes ferrarias, um hospital, vinte um pequenos comércios além de mão-de-obra na

agricultura.

Nessa época Santa Helena contava com mais de 60.000 habitantes, havia muito

emprego, isso foi até o ano de 1977 daí em diante começou a preocupação dos trabalhadores,

porque entrou o destoque das terras e foi despedindo os trabalhadores que trabalhavam nas

madeireiras. A mão-de-obra foi substituído pelas máquinas, a madeira foi diminuindo e as

madeireiras foram para outros lugares,os trabalhadores perderam seu emprego. Tiveram que ir

a busca de um meio de sobrevivência. O comércio foi diminuindo cada vez mais.

Uma grande decepção em 1979 e 1980 com a construção da Usina de Itaipu, as

indenizações que levou os trabalhadores deixarem suas terras na ribeirinha do Rio Paraná,

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Santa Helena perdeu 30% das terras do Município, as terras ficaram debaixo das águas. Os

primeiros colonos a ser indenizados receberam um valor baixo pelas suas propriedades, os

últimos a serem indenizados que era a minoria receberam um valor um pouco maior. Porque

fizeram manifestos, trancaram a construção da barragem e com isso receberam um valor

maior pela suas terras.

Aqueles agricultores que foram indenizados poucos conseguiram comprar área de

terra como tinham antes.

Hoje Moreninha não tem madeireira, nem hospital, nem ferraria. Apenas tem dois

mercados, um posto de combustível, um posto de saúde, uma farmácia, uma escola com

alunos do Ensino fundamental e Médio, uma Creche, uma Agropecuária, duas cabeleireiras e

três pequenas lojas, três bares e uma lanchonete, uma mecânica de carro, uma eletrônica, uma

farmácia, uma refrigeração, uma marcenaria.

Moreninha conta com dois conjuntos habitacionais, um PR 495, estradas com calçamento

e asfaltada, uma subprefeitura que dá suporte para todo o Distrito com máquinas.

Os royalties que dá suporte ao município com uma população atual de aproximadamente

23.000 habitantes.

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APÊNDICE A

Figura 20. Avenida principal de Moreninha – em 1969. Na foto (1) casa do Manuel

Garcia e (2) Posto de gasolina.

Figura 21. Hotel dormitório de Moreninha do Sr. Klesner – em 1966.

Figura 22. Primeira colheitadeira da região – Santa Matilde (1964), do Sr. Lourenço

Mendonça.

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Figura 23. Churrasqueiros do primeiro torneio de futebol (1965), nos espetos de pau. Da

esquerda para a direita: Sr. Oliveirinha, Ivo Menegari (açogueiro), Ilmar Tim, Arthur

Correia, Nelci Preste e Manuel Garcia.

Figura 24. Meio de locomoção dos jovens, (1) Filho de João Chagas e (2) Filho do Sr.

Mario Angelin.

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Figura 25. Festa Junina em Moreninha (1979), (1) Valdir Garcia.

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APÊNDICE B

ATIVIDADES/ TÉCNICAS

Atividade 01

Leitura do texto recortes de Steca & Flores, 2002.

Local: sala de aula

Fazer a leitura individual sobre a ocupação oeste paranaense. Promover discussão e reflexão

dos recortes abordados.

Enfatizar processos históricos que encarregou-se de trazer mudanças para a região oeste.

Atividade 02

Reflexão do texto

Local: sala de aula

Formado os grupos da turma do 2º ano do Ensino Médio. Estabelecer um debate sobre o

conteúdo aborado:

a) organização do trabalho obragero em Santa Helena;

b) o universo comunitário;

c) festas e lazer

Avalie as ações dos obrageros na região

Compare as festas e o lazer retratados no texto com sua realidade vivida em Moreninha

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Atividade 03

Produção de Texto

Local:sala de aula

A partir da leitura coletiva sobre a formação e as mudanças santahelenense, procuramos

entender como as mudanças aconteceram no tempo e no espaço.

Escrever um texto, relatando as mudanças ocorridas no Município de Santa Helena a partir de

1960.

Atividades 04

Depoimentos dos migrantes

Local; sala de aula

A partir dos depoimentos abordados, fazer uma reflexão do mesmo para que o aluno perceba

as diferenças da maneira de vivência dos primeiros migrantes desta comunidade.

A partir dos depoimentos identifique e compare os aspectos sociais e culturais da época com a

realidade atual de Moreninha.

Atividade 05

Fotografias

Local: sala de aula

A partir das fotografias em apêndice observe as mesmas comparando a situação do passado

com a atualidade. Relate para que a turma possa ouvir também sua atividade.

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Atividade 06

Pesquisa e trabalho de campo

Local: Moreninha zona urbana

Perceber o quanto é importante conhecer a história dos moradores de Moreninha.

Em pequenos grupos. Criar um roteiro de entrevista. Com a máquina fotográfica os alunos

irão tirar fotografias da quadra indicada pelo professor.

Os alunos do grupo escolherão três famílias para a entrevista, seguido do roteiro de entrevista

já elaborado.

Reveladas as fotografias colocarão em um painel. Um dos alunos vai ler a entrevista

indicando no painel onde mora o entrevistado.

Recursos/materiais

Os recursos materiais utilizados: máquina fotográfica, fotografias,depoimentos

escritos, unidade didática xerocada para os alunos, gravador para as entrevistas.

Avaliação

Avaliar o aluno de forma diagnóstica e não classificatória. Avaliar de forma pela qual

o aluno no decorrer do ensino aprendizagem do conteúdo desenvolvido na Unidade Didática

apresenta interesse e participação pelo assunto destacado. A participação momentânea como

debate, trabalho em grupo e individual é muito importante no decorrer das atividades

desenvolvidas dentro e fora da sala de aula.

Avaliar a partir daquilo que é básico e fundamental, pois o aluno traz para a sala de

aula suas vivências sociais e culturais para que o conhecimento e a participação do aluno se

processem cada vez mais no seu aprendizado.

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Referências Bibliográficas

COLODEL, Augusto. Obrages & companhias colonizadoras - Santa Helena na história

do oeste paranaense até 1960. Santa Helena: Prefeitura Municipal, 1988.

COLODEL, José Augusto. História de Santa Helena: Descobrindo e Aprendendo. Santa

Helena: Prefeitura Municipal, Secretaria de educacao e cultura, 2000.

LE GOFF, Jacques. História e Memória: tradução Bernardo Leitão... [et.al], 5º ed.,

Campinas, SP. Editora UNICAMP, 2003.

Lei nº 1.203 de 10 de março de 1999. Cria o Distrito Administrativo de Moreninha,

Prefeitura Municipal de Santa Helena, 1999.

LEROI- GOURHAN, André. O gesto e a palavra: memórias e ritmos. Editora Almedina,

Ed. 70, 2002.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica

História. Curitiba: SEED, 2008.

STECA, Lucinéia Cunha, FLORES, Mariléia Dias. História do Paraná: Do século XVI à

década de 1950. Londrina: Ed. UEL, 2002.

ZAAR, Miriam Hermi. Trabalhando com mapas do município de Santa Helena. Secretaria

municipal de educação, cultura, esportes e lazer – Geografia, 2007.