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Faculdade de Economia do Porto Ano Lectivo de 2005/2006 LEC 201 Macroeconomia I A Macroeconomia no Curto Prazo: Modelo Keynesiano Simples

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Faculdade de Economia do PortoAno Lectivo de 2005/2006

LEC 201 Macroeconomia I

A Macroeconomia no Curto Prazo:Modelo Keynesiano Simples

Introdução

Introdução• No curto prazo, a Macroeconomia preocupa-se com as causas e as “curas” dos ciclos económicos.

• Objectivo deste capítulo: início do desenvolvimento da teoria dos ciclos económicos e da explicação do papel potencial da política macroeconómica na redução das suas amplitudes.

• Nos modelos que iremos estudar, encontramos:• nº limitado de variáveis a explicar: variáveis endógenas• nº alargado de variáveis assumidas como dadas e não explicadas pelomodelo: variáveis exógenas• elementos fixos nas funções que descrevem as relações entrevariáveis: parâmetros

Introdução

• Sequência da análise:

• início com um nº muito limitado de variáveis endógenas (Modelo Keynesiano Simples explica o nível de output/rendimento, assumindo dados a taxa de juro e o nível geral de preços)

• passagem gradual de variáveis exógenas a endógenas, tornando a teoria “mais realista”

Introdução

Variáveis de pol. econ.: M,

G, [e’]

Y, C, I, i, P, [e]4. Modelo AD/AS

P, variáveis de pol. econ.: M,

G, [e’]

Y, C, I, i[e]

3.2. e 3.3.Modelo IS-LM

I, i, P, (variáveis de

política económica)

Y realC

3.1. Modelokeynesiano

simples

Variáveis pré-determinadas

Variáveis endógenas

Matéria

Hipóteses essenciais do modelo keynesiano

• Contexto

• há capacidade de produção por aproveitar• uma vez que os preços são relativamente fixos, as flutuações da procura de bens e serviços explicam as flutuações da oferta de bens e serviços (PIB, rendimento)

• Características teóricas

• modelização da procura / despesa agregada (não da oferta)• análise estática comparada (não dinâmica)• especificação directa das equações macroeconómicas(“sem” fundamentos microeconómicos)

Despesa Planeada e Não Planeada

Despesa Planeada e Não Planeada

• Despesa agregada efectiva: E = C + I + G + NX• NX = X – Q

• Ponto de partida essencial do modelo (e da teoria dos cicloseconómicos): a despesa efectiva nem sempre corresponde à que foi planeada ou desejada

• Simplificação: só o investimento pode diferir face ao planeado• Duas componentes do investimento: planeado (Ip) e não planeado (Iu)• Iu corresponde à variação não planeada/desejada de stocks• Quando as empresas produzem mais que aquilo que os agentes desejamadquirir, há acumulação de stocks (Iu > 0); o contrário quando produzem menos(Iu < 0)• Como “não gostam” de investimento não planeado, as empresas ajustam a produção quando Iu ≠ 0

Despesa Planeada: Conceito e Componentes

• Despesa planeada agregada: valor total da despesa que os agentes económicos desejam fazer (inclui apenas a parte planeada)

• Ep = C + Ip + G + NX

• Consumo privado: C = f (Yd, i, P, preferências, …)

•Assumindo tudo o resto como constante, C = f(Yd)

R R t.Y T

R T - Y Yd :com

c.Yd, C C

=

=+=

+=

Despesa Planeada: Conceito e Componentes

• Investimento: Ip = f (i, expectativas, ...)

• Consumo público de bens e serviços

• Exportações: X = f (YRM, Tx. Câmbio Real, ...)

• Importações: Q = f (Y, Tx. Câmbio Real, ...)

•Ep é função de Y:

G G =

XX =

q.Y Q Q +=

( )[ ]Q - X G pI Rc. C Ap :com

Y*qt-1c Ap Ep++++=

−+=

II =

Equilíbrio da Economia

Equilíbrio da Economia

• A despesa agregada efectiva é sempre igual ao nível de produto/rendimento: Y = E• O mesmo não se pode dizer para a relação entre Y e Ep:

• só quando a economia está em equilíbrio é que Y = Ep

• só neste caso os agentes económicos estarão a gastar exactamente o montante de rendimento que é gerado pelo nível corrente de produto

• só neste caso as empresas estarão a vender exactamente a quantidadede produto agregado que produzem, não havendo variação involuntáriade stocks

Equilíbrio da Economia

• Por definição, o equilíbrio é uma situação em que todos os agentes estão satisfeitos e não há pressões para alteração:

• tal só acontece quando o produto e a despesa planeada se igualam: nesse caso, Iu = 0 e as empresas mantêm o nívelde produção para os próximos períodos (logo também se mantêm o rendimento e a despesa planeada)

• de outro modo, as empresas são “obrigadas” a ajustar o nível de produção, porque terão variações involuntárias de stocks

Equilíbrio da Economia

•Determinação analítica e gráfica da situação de equilíbrio:

• Y = Ep

• S = Ip

• O que sucede fora do equilíbrio?

Equilíbrio da Economia

• Por definição, Y é sempre igual a E:

• Y (produto/rendimento) = E (despesa agregada)= Ep (despesa planeada) + Iu (despesa não planeada)

• Só em equilíbrio se verifica Y = E = Ep

• Só nesse caso, Iu = 0

O Efeito Multiplicador

Efeito Multiplicador

• Y depende do valor da despesa agregada autónoma:

• Uma variação na despesas agregada autónoma induz uma variação no nível de produto/rendimento

• Mais relevante: uma variação de Ap induz uma variação de Y de montante superior

• Este facto é conhecido como efeito multiplicador

• Verificação do efeito multiplicador (exemplo) e determinaçãoanalítica e gráfica do multiplicador

Efeito Multiplicador

• Porque se “esgotam” os efeitos indirectos? De quedepende o valor do multiplicador?

• propensão marginal à poupança (s = 1-c)• taxa de imposto sobre o rendimento (t)• propensão marginal a importar (q)

• Há “fugas” ao circuito: efeitos indirectos esgotam-se

• Quanto maior a “taxa marginal de fuga” (marginal rate of leakage), menor é o valor do multiplicador

Ciclos Económicose Intervenção do Governo

Objectivos e Instrumentos• Em determinadas circunstâncias, o governo pode tentar“corrigir” / “atenuar” os efeitos de uma dada fase do cicloeconómico (sobretudo recessão)

• o produto efectivo pode estar aquém do produto potencial

• por motivo de uma quebra em alguma componente da despesaautónoma (com particular ênfase no investimento: papel das expectativas), o nível de produto pode reduzir-se

• No contexto deste modelo, o governo pode intervir mediante a utilização de instrumentos de política fiscal / orçamental:

• via da despesa pública: aumento de G / R

• via da receita fiscal: diminuição de t

Efeitos da Intervenção

• Efeitos sobre o nível de produto/rendimento

• Efeitos sobre o saldo orçamental

• a ocorrência de défice orçamental e o seu financiamento• as consequências da necessidade de financiamento do défice

• A existência de estabilizadores automáticos• na presença de impostos sobre o rendimento, o saldo orçamentaldiminui automaticamente quando Y se reduz e aumentaautomaticamente quando Y aumenta, por via das variações no montante de impostos cobrados