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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Geraldo Claro dos Santos ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS: uma aplicação de caso Taubaté – SP 2005

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Geraldo Claro dos Santos

ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS:

uma aplicação de caso

Taubaté – SP

2005

UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Geraldo Claro dos Santos

ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS:

uma aplicação de caso

Monografia apresentada para obtenção do Certificado de

Especialização pelo Curso de MBA - Gerência Financeira

e Controladoria do Departamento de Economia,

Contabilidade e Administração da Universidade de

Taubaté.

Orientador: Prof. Dr. Edson Aparecida de Araújo Querido

Oliveira

Taubaté – SP

2005

S237e Santos, Geraldo Claro dos

Estratégia de desenvolvimento de negócios internacionais: um estudo de caso / Geraldo Claro dos Santos. - 2005.

84f. : il.

Monografia (especialização) - Universidade de Taubaté, Departamento de Economia, Contabilidade e Administração, 2005.

Orientação: Prof. Dr. Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira, Departamento de Economia, Contabilidade e Administração .

1. Importação. 2. Exportação. 3.Negócio global. 4.

Estratégias. 5. Embraer. I. Título.

Geraldo Claro dos Santos

Monografia apresentada para obtenção do Certificado de

Especialização pelo Curso de MBA - Gerência Financeira

e Controladoria do Departamento de Economia,

Contabilidade e Administração da Universidade de

Taubaté.

Data: ____________________

Resultado: ________________

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira Unitau

Assinatura _________________________________

Profª Mestranda Vilma da Silva Santos Unitau

Assinatura _________________________________

Prof. Mestre Mário Celso de Felippe Unip

Assinatura _________________________________

À memória de meu pai

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Doutor Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira, que com

paciência e conhecimento soube orientar com precisão todo o trabalho.

A todos os professores do curso, que com muita dedicação, sempre

trouxeram para a sala de aula assuntos peculiares à disciplina e incentivaram a

vantajosa troca de pontos de vista entre os colegas.

A todos os colegas, hoje amigos, que ajudaram a tornar os encontros de

sábados uma atividade prazerosa.

Ao Paulo Ferreira, da área de relações com o mercado e investidores da

EMBRAER, pessoa a que elegi para representar todos os amigos e colegas de

trabalho, pela ajuda, apoio e fornecimento de dados necessários à execução desse

trabalho.

À minha mulher Zélia e à minha filha Nathália que sempre me incentivaram e

ajudaram ao longo do curso, sobretudo na fase de elaboração desse trabalho.

Jamais uma nação foi arruinada pelo comércio.

Benjamin Franklin, 1706-1790.

Resumo

Este trabalho pretende avaliar como a estratégia de negócios internacionais

contribuiu para a movimentação da Balança Comercial Brasileira no período de

1997 a 2000. O comércio supõe compra e venda de mercadorias cultivadas e

colhidas na natureza, ou dela extraídas, ou manufaturadas. O sucesso desse

comércio encontra-se no equilíbrio capaz de manter os termos de troca e de

satisfação das necessidades do consumidor. O funcionamento do mercado global

está relacionado com a abertura dos mercados locais. A proteção de mercado

interno inibe as condições de desenvolvimento de um ambiente favorável para o

progresso tecnológico e para o melhor aproveitamento da intensidade de recursos

disponíveis das nações. O mercado local não sobrevive em si mesmo. A capacidade

de negociar com o mundo, buscando sempre oferecer produtos cada vez mais

aprimorados, é que promoverá o desenvolvimento e crescimento econômico e o

bem estar da nação.

Palavras-chave: Importação, Exportação, Negócio Global, Estratégia, EMBRAER.

Abstract This job intends to evaluate as the strategy of international businesses it contributed

to the movement of the Brazilian Trade Balance in the period of the year from 1997

to the year of 2000. The trade supposes purchase and sale of cultivated goods and

picked in the nature, or it extracted, or the manufactures. The success of that

commerce is in the break even ability to maintain the change terms and of

satisfaction of the consumer's needs. The operation of the global market is related

with the opening of the local markets. The protection of internal market inhibits the

conditions of development of a favorable atmosphere for the technological progress

and for the best use of the intensity of available resources of the nations. The local

market doesn't survive by itself. The capacity to negotiate with the world always

looks for offering products more and more perfect, it is that will promote the

development and economical growth and the welfare on the nation.

Keywords: Import, Export, Strategies of Global Business, EMBRAER.

Lista de Quadros

Quadro 1 – Índice de liberdade econômica, classificações de 2000..........................

Quadro 2 – Estágio de desenvolvimento de mercado................................................

Quadro 3 - Hipótese simplificada de Produção..........................................................

Quadro 4 – Produção Total Possível (sem especialização).......................................

Quadro 5 – Produção Total Possível .........................................................................

Quadro 6 – Disponibilidade Total com Especialização Máxima.................................

Quadro 7 – Investimento Direto Estrangeiro..............................................................

Quadro 8 – Evolução de Aeronaves Entregues.........................................................

Quadro 9 – Carteira de Pedidos 145, por cliente.......................................................

Quadro 10 – Carteira de Pedidos 140, por cliente.....................................................

Quadro 11 – Carteira de Pedidos 135, por cliente.....................................................

Quadro 12 – Perspectiva do Mercado Aeronáutico....................................................

Quadro 13 - Perspectiva do Mercado Aeronáutico, por região..................................

Quadro 14 – Investimento em Treinamento e Capacitação (2000-2004)..................

Quadro 15 – Lucro Líquido da EMBRAER (US GAAP)..............................................

Quadro 16 – Exportações da EMBRAER...................................................................

Quadro 17 – Balança Comercial de 1997 a 2000, por setores..................................

Quadro 18 – Exportações do setor de Aviação, Veículos Ferroviários,

Embarcações e Motocicletas (1997-2000)...........................................

Quadro 19 – Exportações Brasileiras e participação do setor (1997-2000)...............

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Lista de Figuras

Figura 1 – Produtos para a área de defesa...........................................................

Figura 2 – Cabine de passageiros das versões Executiva e Shuttle do Legacy...

Figura 3 – Família PHENOM da EMBRAER..........................................................

Figura 4 – Unidades da EMBRAER no mundo......................................................

Figura 5 – Evolução do número de empregados da EMBRAER...........................

Figura 6 – Versão básica do EMB-145 e EMB-170...............................................

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................

1.1 Objetivo............................................................................................................

1.2 Delimitação do Estudo.....................................................................................

1.3 Relevância do Estudo......................................................................................

1.4 Organização do Trabalho.................................................................................

2 COMÉRCIO INTERNACIONAL..........................................................................

2.1 Os Sistemas Econômicos................................................................................

2.2 Teorias do Comércio Internacional..................................................................

2.2.1 Modelo Ricardiano........................................................................................

2.2.2 Modelo Heckscher-Ohlin...............................................................................

2.2.3 Teoria da Concorrência.................................................................................

2.3 Mercado Internacional......................................................................................

3 ESTRATÉGIAS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS.........................................

3.1 Mecanismos de Apoio aos Negócios Internacionais........................................

3.1.1 Fundo Monetário Internacional – FMI...........................................................

3.1.2 Banco Interamericano de Reconstrução e Desenvolvimento.......................

3.1.3 Organização Mundial do Comércio – OMC...................................................

3.1.4 Cooperação Econômica................................................................................

3.2 Variáveis Determinantes dos Negócios Internacionais....................................

3.2.1Risco Político..................................................................................................

3.2.2 Tendências Econômicas Mundiais................................................................

4 ESTUDO DE CASO: A EMBRAER.....................................................................

4.1 As Estratégias de Negócios da EMBRAER.....................................................

4.1.1 Tecnologia e Capacitação de Pessoas.........................................................

4.1.2 Atuação Global..............................................................................................

4.1.3 Resultados da Estratégia de Negócios adotadas.........................................

4.1.4 Os efeitos na Balança Comercial Brasileira..................................................

5 CONCLUSÃO......................................................................................................

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA.........................................................................

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1 INTRODUÇÃO

Os negócios internacionais não se resumem apenas ao que envolve a

balança comercial, importação e exportação de mercadorias e serviços. O comércio

internacional é o resultado da aplicação de estratégias de negócios globais, as quais

envolvem observação das capacidades das nações e reconhecimento das

oportunidades e ameaças.

As importações e exportações de mercadorias e serviços fazem parte dos

Negócios Internacionais e tornam realidade um importante canal de prosperidades

para muitas empresas e países, via desenvolvimento industrial e agrícola, porém

trata-se de mais um elemento dos Negócios Globais.

O Mercado Internacional de Capitais também constitui importantes formas de

atuação nos Negócios Internacionais, quer seja pelo lançamento de papéis no

exterior, quer seja pelo investimento direto de capitais estrangeiros.

1.1 Objetivo

O Mercado Global oferece, como em uma grande exposição, produtos para a

satisfação de primeiras necessidades ou apenas para a comodidade e ostentação.

Cabe ao comprador avaliar as vantagens e desvantagens da oferta dos produtos

que poderá variar em função da tecnologia agregada e dos subsídios oferecidos, ou

ainda decidir se ele mesmo produzirá a oferta para a sua própria demanda.

As decisões econômicas tomadas por uma nação ou por um bloco econômico

afetam diretamente as economias de outros países, podendo variar apenas a

velocidade que isso ocorrerá. São os efeitos da Globalização.

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O objetivo desse trabalho é observar o resultado da aplicação de estratégias

de desenvolvimento de negócios internacionais utilizadas pela indústria aeronáutica

brasileira e as suas implicações na Balança Comercial Brasileira.

1.2 Delimitação do Estudo

O cenário econômico brasileiro é relativamente jovem e cheio de experiências

mal sucedidas e outras de sucesso parcial. Contudo, não importa aqui a avaliação

do grau de sucesso de cada ciclo econômico, muito embora o resultado de cada um

deles tenha o seu efeito no atual panorama econômico.

Para a conquista de um saldo positivo na Balança Comercial, autoridades

econômicas brasileiras decidiram algumas vezes por evitar a importação de bens

similares produzidos no Brasil, como o que ocorreu na Era Vargas, quando foi

adotada uma política de expansão industrial voltada para a substituição das

importações.

No início da segunda metade da década de 1950, no governo de Juscelino

Kubitschek, a política nacionalista, que avançava sob a liderança do capital próprio e

de empresas nacionais, foi abandonada, e a economia brasileira passou a ser

orientada pelo objetivo de expansão acelerada da indústria de bens de consumo

duráveis subsidiada pelos investimentos estrangeiros.

Durante o período governado pelo Regime Militar, de 1964 até março de

1985, o Brasil foi beneficiado com a implantação de Planos e Políticas que

incentivaram a instalação de infra-estruturas a qual favoreceu o crescimento da

indústria automobilística, de eletrodomésticos e de bens duráveis.

13

Ao final do ano de 1992, a abertura de mercado para produtos importados

promoveu uma reestruturação interna das atividades industriais com aumento da

automação industrial e da produtividade brasileira.

No governo Itamar Franco, em julho de 1994, foi implantado o Plano Real

que, após sucessivos planos e pacotes econômicos que continham medidas de

choques, apresentava, dessa vez, medidas de estabilização econômica. A partir daí

o país se livrou das altas taxas inflacionárias.

A abertura do mercado permitiu o rápido barateamento dos produtos

importados e a ampliação da oferta permitiu conter os aumentos abusivos dos

preços domésticos. Por outro lado, forçou a indústria nacional a capacitar o seu

parque produtivo, com foco no cliente, utilizando-se de criatividade e capacidade

tecnológica, descartando, desta vez, as gordas margens de lucro sobre o custo final

do produto que, na maioria das vezes, era cheio de ineficiências.

1.3 Relevância do Estudo

A decisão de substituir as importações envolve um grande número de

variáveis que podem impactar a estratégia do negócio, quer seja ela em função da

incapacidade tecnológica ou dos altos investimentos demandados, incompatíveis

com o benefício que a substituição poderá proporcionar, quer seja em função dos

riscos inerentes ao fornecimento.

No escopo das estratégias de negócios internacionais, o fator global nos

relacionamentos com os fornecedores necessita ser considerado, bem como

reconhecer os riscos e incertezas que esse relacionamento pode trazer.

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A tendência global aponta para as especializações de fornecimento de bens e

serviços, e daí perguntar-se – Por quê desenvolver a fabricação de um determinado

componente do produto se no mercado alguém pode produzi-lo melhor?

As vantagens e os benefícios de “se produzir em casa” o que não faz parte da

missão central ou o que não é o foco do negócio podem estar relacionados ao custo

de alinhamento de objetivos entre a empresa compradora e o fornecedor, ou ainda

em perda de propriedade intelectual de desenvolvimento.

A resposta para a questão da melhora do desempenho da balança comercial

não deve ser tão aparentemente óbvia como: “aumentar as exportações ou reduzir

as importações”.

1.4 Organização do Trabalho

No primeiro capítulo, a Introdução engloba os objetivos, as delimitações, as

relevâncias e a organização do trabalho.

O segundo capítulo trata da revisão bibliográfica e resgata os aspectos

teóricos do mercado internacional e dos sistemas econômicos e alguns conceitos da

estratégia dos mercados internacionais.

O terceiro capítulo descreve os tipos de comércio e os novos modelos

introduzidos após a Segunda Guerra Mundial. Citará também alguns mecanismos de

apoio ao funcionamento do mercado global.

No quarto capítulo é avaliada a aplicação de estratégias de desenvolvimento

de negócios e os efeitos na Balança Comercial Brasileira.

Na conclusão será apresenta as observações feitas durante a execução do

trabalho.

15

2 COMÉRCIO INTERNACIONAL

O Comércio Internacional é o mecanismo estratégico para o desenvolvimento

econômico de uma nação ou de uma região. Exige capacidade técnica e

especialização comercial para poder atuar com sucesso na área.

Com o advento da rapidez dos efeitos da globalização, notadamente após os

anos de 1990, vive-se atualmente radicais mudanças, como o comércio eletrônico

que imprime cada vez mais velocidade aos negócios e as padronizações mundiais

de procedimentos e processos.

A Internet e as novas tecnologias de informação transformaram os antigos

conceitos de tempo de comunicação, tornando-a quase que instantânea e a

disposição por custos relativamente baixos.

As normas do ISO-9000 representam o entendimento do padrão de

qualidade, dispensando minuciosas inspeções do produto, dado que a certificação

do fornecedor garante a conformidade do seu processo produtivo. Reconhecido

internacionalmente como confiabilidade de produto, facilita a entrada em mercados

estrangeiros. (KEEGAN; 2005, p. 243-244)

O Comércio Internacional nasceu da limitação dos países de suprirem todas

as suas necessidades de consumo. Desde a era mercantilista, esse comércio já era

praticado, embora de maneira não regulamentada, mas já com um traço de

especialização na produção em função das desigualdades da disponibilidade de

recursos naturais e divergências culturais. As nações passaram a comprar de outras

o que não conseguiam produzir ou produziam de maneira insatisfatória.

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“Quando os romanos conquistaram o Egito, perceberam que era mais barato

comprar trigo egípcio do que produzir em Roma. Isso devido a maior fertilidade das

terras egípcias.” (MAIA; 2001, p. 28)

2.1 Os Sistemas Econômicos

Os sistemas econômicos subdividem-se em três tipos, conforme a alocação

de recursos. Podem ser: capitalista, socialista ou misto. São chamadas de sistemas

capitalistas as economias em que a alocação dos recursos é ditada pelos

consumidores, ou seja, pelo mercado que, na medida em que decide o que comprar

e de quem comprar conforme o seu orçamento e preferência, determina também o

que produzir e quem o fará. O papel do Estado é assegurar a livre e justa

concorrência e proteger o mercado consumidor.

No regime socialista, o consumidor tem o direito de gastar o seu dinheiro no

que desejar, desde que se encontre disponível. Porém, a decisão do que estará

disponível é do Estado. Os planejadores do Estado é que decidem o que será

produzido e o composto de marketing (produto, preço, distribuição e promoção) não

faz sentido nesse sistema econômico, uma vez que a demanda supera a oferta.

O conceito de diferenciação de produto, propaganda e promoção têm pouca

importância e a distribuição é controlada pelo Estado com a finalidade de se evitar

explorações de atravessadores. (KEEGAN; 2005, p. 25-26)

O sistema econômico misto de capitalista e socialista, na verdade, é o regime

que comanda todas as economias. Na realidade, não há sistemas puros de alocação

de recursos por mercado sem a interferência do Estado. A interferência do Estado

não se dá sem a orientação de alocação de recursos por mercado.

17

Nos sistemas capitalistas, regidos pela economia de mercado, parte da

produção é consumida pelo Estado, que não deixa de ser uma forma de controle

econômico. O que aproxima o sistema econômico ao Capitalismo ou ao Socialismo é

a proporção de consumo da produção econômica pelo Estado.

O grau de liberdade econômica de um país é dado pela equação de dez

variáveis: além do consumo estatal, também as políticas comerciais; as políticas

fiscais; a política monetária; os fluxos de capitais e os investimentos estrangeiros; a

política bancária; os controles sobre preços e salários; os direitos de propriedade; os

regulamentos; e o mercado negro. (KEEGAN; 2005, p. 25-26)

O Quadro 1 apresenta o nível de liberdade econômica de 161 países no ano

2000, classificados em Livre, Grande Parte Livre, Grande Parte não Livre e

Reprimido.

Livre Grande Parte Livre Grande Parte não Livre Reprimido

1 Hong Kong 2 Cingapura 3 Nova Zelândia Luxemburgo EUA 7 Irlanda 8 Austrália Suíça Grã-Bretanha

11 Canadá Chile El Salvador Taiwan 15 Áustria Holanda 17 Argentina Bélgica 19 Islândia Japão Emirados Árabes 22 Bahamas Rep. Tcheca Estônia Finlândia Alemanha 27 Dinamarca 28 Itália Noruega Portugal 31 Suécia Trinidad Tobago 33 Coréia do Sul Panamá Espanha 36 Peru 37 Barbados França Jamaica Kuait 41 Chipre Hungria Uruguai

44 Bolívia Letônia 46 Guatemala Malásia Tailândia 49 Grécia Israel Marrocos Turquia 53 Belize Omã Paraguai Polônia Samoa 58 Costa Rica Maurício Filipinas 61 Benin Colômbia República Dominicana Jordânia Lituânia Mali Namíbia África do Sul Sri Lanka Zâmbia 71 Botsuana Malta Arábia Saudita

74 Camboja

México Eslováquia Estovênia Suazilândia

Tunísia Uganda 81 Quênia Qatar

Senegal 84 Armênia Equador Gabão Gana Guiné 89 Mongólia 90 Guiana Líbano Madagascar Moldava 94 Fiji

Nigéria Papua-Nova Guiné Romênia Venezuela 99 Honduras 100 Bulgária

Burkina Fasso Camarão China Djibuti Gâmbia Paquistão Tanzânia

108 Argélia Costa do Marfim 110 Brasil Croácia

Egito Etiópia Indonésia

115 Lesoto 116 Quirguistão

Nepal Nicarágua Ucrânia

120 Geórgia Malaui

121 Albânia Cabo Verde Cazaquistão Rússia

126 Bangladesh Chade Índia Mauritânia Moçambique Nigéria Serra Leoa Togo

134 Sudão Iêmen

135 Congo Suriname Zimbábue

139 Burundi

Haiti Ruanda Síria Tadjiquistão

144 Guiné Equatorial 145 Belarus

Myanmar 147 Azerbaijão 148 Guiné Bissau

Turcomenistão Vietnã

151 Bósnia Uzbequistão

153 Angola 154 Irã 155 Laos 156 Congo 157 Cuba 158 Somália 159 Líbia 160 Iraque 161 Coréia do Norte

Quadro 1 – Índice de liberdade econômica, classificações de 2000. Fonte: Keegan; 2005, p. 27

18

Os mercados globais encontram-se em diferentes estágios e o Produto

Interno Bruto (PIB) per capita é uma ferramenta que facilita os seus agrupamentos

por países que apresentam características similares, demonstradas no Quadro 2.

Quadro 2 – Estágios de desenvolvimento de mercado Fonte: Keegan; 2005, p. 28

Países de renda alta apresentam renda per capita superior a US$ 9.655 e,

com exceção de alguns países exportadores de petróleo, são países que

apresentam crescimento sustentado e representam 16% da população mundial,

porém, detêm 82% do PIB mundial. Também se pode encontrar denominações para

as nações nesse estágio de desenvolvimento, como: países ricos; avançados;

industrializados ou de primeiro mundo. (KEEGAN; 2005 p. 28)

O setor de serviços, nesses países, representa 50% do PIB, o que caracteriza

a fundamental importância da troca de informação e a superioridade do

conhecimento sobre o capital como recurso econômico para o desenvolvimento

intelectual dos cientistas e dos profissionais, orientados para o futuro e para a

relevância dos relacionamentos interpessoais para o funcionamento da sociedade.

(KEEGAN; 2005 p. 28)

Os países de renda média alta apresentam adiantada fase de

industrialização. A renda per capita varia entre US$ 3.126 e US$ 9.655

representando apenas 7% da população global e quase 7% do PIB mundial.

A massa populacional dedicada à agricultura é reduzida e à medida que migra

para as atividades industriais aumenta também o índice de urbanização, os salários,

Grupo de Renda PIB (US$ Milhões)

PIB per capita(US$) % do PIB Mundial População

(Milhões) Renda Alta 24.259 24.722 81 981 Renda Média Alta 2.031 4.503 7 451 Renda Média Baixa 3.148 1.302 10 2.418 Renda Baixa 812 356 3 2.284

19

o índice de alfabetização e do ensino superior; porém o custo com a mão-de-obra

ainda apresenta vantagens competitivas em relação a países avançados. Os países

com desenvolvimento nesse estágio são fortes competidores e passam por um

processo de crescimento econômico que favorece as exportações. (KEEGAN; 2005,

p. 29)

Os países de renda média baixa apresentam renda per capita entre US$ 786

e US$ 3.125; constituem 39% da população mundial e representam 11% do PIB

mundial. Encontram-se nos primeiros estágios da industrialização de produtos para

consumo interno como: roupas, alimentos industrializados, pilhas, pneus e materiais

de construção.

Outro aspecto a considerar é que os países de renda média baixa também

são explorados por indústria de outros países para produção de artigos já

consagrados para exportação, como calçados esportivos ou vestuário, apresentando

assim ameaças crescentes para os competidores mundiais pela disponibilidade de

mão-de-obra barata. (KEEGAN; 2005, p. 29)

Finalmente, países de renda baixa são aqueles que apresentam renda per

capita inferior a US$ 786 e são 57% da população mundial, porém representam

menos que 3% do PIB mundial. Assemelham-se quanto:

• industrialização limitada e alta população dedicada à agricultura;

• altas taxas de natalidade;

• reduzido índice de alfabetização;

• dependência acentuada da ajuda externa;

• instabilidades políticas e constantes distúrbios; e

• concentração na África sub-Saariana.

Além dessa classificação dos estágios de desenvolvimento econômico dos

países, ainda é possível se encontrar países com renda per capita tão reduzida e

20

questões políticas e sociais tão sérias que os tornam incapazes de atrair

investimentos que tendem a se distanciar cada vez mais.

São exemplos dos chamados casos perdidos, países como a Etiópia e

Moçambique que se arrastam de uma crise à outra com renda cada vez mais

decadente oferecendo grande perigo para a população e com alta dependência da

benevolência de outros países. (KEEGAN; 2005, p. 29)

2.2 Teorias do Comércio Internacional

O sucesso do Comércio Internacional não é o resultado da aplicação de uma

receita pronta ou de uma teoria econômica previamente estudada que explica os

padrões comportamentais de uma política econômica de um governo ou está

relacionada com as suas mudanças.

Alguns aspectos do Comércio Internacional, no entanto, é de fácil

compreensão e explicam, por exemplo, porque o Brasil exporta café e a Arábia

Saudita exporta petróleo. Neste caso, são os fatores climáticos e recursos naturais

que justificam a especialização no comércio desses produtos.

Por outro lado, a complexidade do entendimento do por quê o Japão exportar

automóveis e os Estados Unidos exportarem aviões, demonstra que o mercado

internacional é muito mais talentoso e criativo do que se possa prever.

No início do século XIX, o economista inglês David Ricardo apresentou a

teoria que influencia as relações comerciais nas diferenças de produtividade de cada

país.

Desenvolvida por dois economistas suecos, Eli Heckscher e Bertil Ohlin, esse

último ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1977, a Teoria das Proporções

21

dos Fatores enfatiza a distinção da disponibilidade e abundância dos fatores de

produção em diferentes países.

Porém, ambas as teorias são aplicáveis em um cenário de mercados de

concorrências perfeitas no qual as diferenças entre os países é o único motivo para

o comércio. Quando os rendimentos de um mercado se mostram crescentes e

apresentam vantagens sobre os demais mercados, o primeiro tende a dominar o

restante e caracteriza-se o monopólio. (KRUGMAN; OBSTFELD, 2001, p. 5)

2.2.1 Modelo Ricardiano

As nações mantêm o comércio internacional por duas razões básicas:

primeiro porque apresentam diferenças entre si e a tendência é a especialização no

desenvolvimento do que o seu talento permite; e segundo que, por poder produzir

mais de um determinado produto, a economia de escala permite mais eficiência do

que se produzisse tudo o que necessitasse.

No Quadro 3, é ilustrada a hipótese simplificada das vantagens absolutas

entre dois países, evidenciando o resultado de possível produção. Na hipotética

situação, o Brasil possui capacidade instalada para extração de 0,5 tonelada de

minério de ferro ou 0,2 tonelada de minério de carvão por dia de um trabalhador; ou

seja, o custo brasileiro para extração de carvão é 2,5 vezes do custo da extração de

ferro.

Produção por trabalhador-dia Países Toneladas de Ferro Toneladas de Carvão Brasil

Inglaterra 0,5 0,1

0,2 0,8

Quadro 3 – Hipótese simplificada de produção Fonte: Rossetti; 1994, p. 759

22

A Inglaterra tem capacidade para extração de 0,1 tonelada de minério de ferro

ou 0,8 tonelada de minério de carvão por dia de um trabalhador, indicando que o

custo da extração de ferro inglês e 8 vezes o custo da extração de carvão.

Caso cada um dos países resolva empregar 10 mil trabalhadores e dividi-los

em 5 mil dedicados à extração do minério de ferro e os outros 5 mil dedicados à

extração de carvão, a produção diária possível estará demonstrada no Quadro 4.

(ROSSETTI; 1994, p. 758-760)

Produção diária de 10 mil trabalhadores Países Toneladas de Ferro Toneladas de Carvão Brasil

Inglaterra Total

2.500 500

3.000

1.000 4.000 5.000

Quadro 4 - Produção Total Possível (sem especialização) Fonte: Rossetti; 1994, p. 760

Por outro lado, se cada um dos países empregarem 10 mil trabalhadores para

a atividade extrativa e decidirem especializar-se na atividade que apresenta maior

vantagem absoluta, conforme demonstrado no Quadro 5, o Brasil teria um custo de

oportunidade na extração de carvão de cinco para dois; ou seja, para cada 200

toneladas adicionais de carvão extraído custaria 500 toneladas de ferro.

Na Inglaterra, ao mesmo tempo, a melhor situação é a especialização na

extração do carvão mineral, com um custo de oportunidade de oito para um; isto é,

para cada tonelada adicional de ferro extraída, o país deixaria de extrair oito

toneladas de carvão.

Estabelecendo-se, por exemplo, uma relação de troca de uma tonelada de

minério de ferro do Brasil por duas toneladas de minério de carvão da Inglaterra,

ambos os países terão vantagens econômicas. No Quadro 6, a disponibilidade total

dos dois produtos aumentaria nos dois países. O Brasil aumentaria sua

23

disponibilidade de minério de ferro de 2,5 mil para 4 mil toneladas, e a Inglaterra

aumentaria suas disponibilidades de carvão mineral de 4 mil para 6 mil toneladas.

(ROSSETTI; 1994, p. 761-762)

Produção Diária de 10.000 trabalhadores Países

Trabalhadores empregados na

produção Brasil Inglaterra

Total Ferro Carvão Ferro Carvão Ferro Carvão Ferro Carvão

-

10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%

100%

100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10%

0

-

500 1.0001.5002.0002.5003.0003.5004.0004.5005.000

2.000 1.800 1.600 1.400 1.200 1.000 800 600 400 200

0

0

100 200 300 400 500 600 700 800 900

1.000

8.000 7.200 6.400 5.600 4.800 4.000 3.200 2.400 1.600 800

0

0

600 1.200 1.800 2.400 3.000 3.600 4.200 4.800 5.400 6.000

10.000 9.000 8.000 7.000 6.000 5.000 4.000 3.000 2.000 1.000

0

Quadro 5 – Produção Total Possível Fonte: Rossetti; 1994, p. 761

Disponibilidade após as trocas Países Toneladas de Ferro Toneladas de Carvão Brasil

Inglaterra Total

4.000 1.000 5.000

2.000 6.000 8.000

Quadro 6 – Disponibilidade Total com Especialização Máxima Fonte: Rossetti; 1994, p. 762

O dia dos namorados nos Estados Unidos é comemorado no dia 14 de

fevereiro (Valentine’s Day) e nesse dia a demanda por rosas é da ordem de 10

milhões de unidades, que são importadas da América do Sul, uma vez que a

produção de rosas no inverno norte americano é impraticável, pois seria preciso

grande investimento para suprir os escassos recursos necessários ao cultivo da flor.

24

Supondo que os investimentos necessários fossem possíveis ser aplicados na

produção de 100 mil computadores, poder-se-ia afirmar que o custo de oportunidade

da produção das 10 milhões de rosas seria de 100 mil computadores. Muito

provavelmente o custo da produção de rosas na América do Sul seja inferior ao

custo da produção de computadores, pois as rosas florescerão com facilidade no

verão do Hemisfério Sul, e os trabalhadores da América do Sul são menos eficientes

na produção de computadores. Assim sendo, é mais economicamente vantajoso

produzir computadores nos Estados Unidos e rosas na América do Sul. (KRUGMAN;

OBSTFELD, 2001, p 14)

2.2.2 Modelo Heckscher-Ohlin

A Teoria de Heckscher-Ohlin consiste na análise das razões e dos ganhos do

comércio internacional considerando as diferenças estruturais dos seus recursos

necessários para a produção de diferentes produtos.

Assim como no modelo Ricardiano, aqui também será admitida a produção de

dois bens. Porém, para que isso se realize, cada bem requer o uso de dois fatores

de produção. Por exemplo: o país poderá produzir tecidos ou trigo utilizando-se da

mão-de-obra e da terra.

O que influenciará a decisão de produzir tecido ou trigo será a disponibilidade

dos fatores utilizados. Se a disponibilidade de terras for abundante e,

conseqüentemente, o aluguel da terra menor que os salários da mão-de-obra, a

tendência será a produção de trigo que utilizará mais terra e menos mão-de-obra. Ao

contrário, se a disponibilidade de terra for escassa, o aluguel da terra será maior que

os salários, provocando a tendência da produção de tecido.

25

A distinção nas disponibilidades de recursos também envolve, além dos

fatores terra e mão-de-obra, um terceiro fator, o capital. Portanto, é possível que

uma grande quantidade de produtos agrícolas, produzidos em países ricos em terra,

mova-se em troca de produtos manufaturados ou de outros produtos produzidos em

países onde a mão-de-obra ou capital sejam abundantes.

O preço do produto final de um bem depende do custo da intensidade do fator

envolvido, ou seja, se a produção de tecido demanda mais mão-de-obra que

ocupação da terra, será natural que o aumento do custo da mão-de-obra cause

grandes efeitos sobre o preço do tecido (ROSSETTI, 1994, p. 767-773)

2.2.3 Teoria da Concorrência

O mercado perfeitamente competitivo é composto por muitos compradores e

muitos vendedores, sem que nenhum deles domine o segmento. Os vendedores

acreditam que podem vender o quanto desejarem, ao preço de mercado, sem que

isso interfira no preço pago pelo produto.

Um produtor de trigo, por exemplo, pode vender o quanto desejar e puder,

sem que isso afete o preço do produto. Isso porque o fornecimento do produto está

pulverizado por diversos produtores e o aumento da venda de um produtor

individualmente não causará impacto ao mercado. Tanto os produtores quanto os

consumidores são tomadores de preço, ou seja, eles decidirão o quanto produzir ou

comprar a partir do preço determinado pelo mercado.

O estilo de concorrência perfeita sugere que algumas premissas sejam

observadas:

26

homogeneidade do produto: os compradores são indiferentes à

qualidade ou à apresentação do produto e darão preferência sempre

ao produto com o preço mais baixo;

perfeita informação no mercado: os produtores e compradores têm

conhecimento do preço de mercado do produto.

Os produtores têm o conhecimento exato dos seus custos e têm a

orientação para o seu lucro máximo e os compradores têm o

conhecimento da utilidade do produto; e

acessibilidade ao mercado: qualquer empresa terá acesso à

produção do bem, tendo como único obstáculo os custos de produção.

Já no mercado de aviões comerciais a jato de grande porte, os fabricantes

são restritos. A Boeing compartilha o mercado com a fabricante Airbus. Se um

fabricante de aviões de grande porte elevar a sua produção, conseqüentemente fará

com que o preço do produto se reduza no mercado.

Na concorrência imperfeita, os produtores podem influenciar os preços de

mercado dos seus produtos. Portando, para aumentar as vendas só será possível

com redução de preço. A concorrência imperfeita é caracterizada por um reduzido

número de produtores, ou quando o produto é considerado pelos seus consumidores

como um produto com grande diferencial.

Quando uma única empresa é a produtora de uma mercadoria, sem possíveis

substitutos, é chamada de empresa monopolista. É protegida por barreiras que

impedem a entrada no mercado de outras empresas que se sintam atraídas pelo

lucro econômico do negócio.

O monopólio pode se dar por força de lei, como foi o caso da Petrobrás até

1997, que era a única empresa autorizada a extrair e refinar petróleo em território

27

brasileiro; ou no caso de patentes de invenções em que as leis, da maioria dos

países, concedem o monopólio temporário como incentivo para novas invenções.

O fornecimento exclusivo de matéria prima fundamental para um setor

também pode caracterizar o monopólio. Exemplo: a Alcoa detinha a exploração da

maioria das minas de bauxita nos Estados Unidos. Podendo controlar a matéria

prima básica para a produção de alumínio, também podia controlar o mercado desse

produto, caracterizando-se em uma empresa monopolista no fornecimento de

alumínio.

Os rendimentos crescentes, decorrentes de uma produção de escala de um

produto, poderão caracterizar um monopólio natural. Uma única empresa, capaz de

suprir a demanda de um mercado, conseguirá atingir o seu custo mínimo tão

rapidamente que terminará por expulsar do mercado as tentativas de concorrência

que apresentarão custos mais elevados. (VASCONCELLOS; OLIVEIRA; 2000,

p.179)

2.3 Mercado Internacional

A Economia Mundial apresentou profundas mudanças após a Segunda

Guerra Mundial, e os mercados globais surgiram da identificação de nichos de

mercados antes insuficientemente explorados que permitiram a substituição por

concorrentes globais.

A probabilidade de sucesso empresarial torna-se maior quando apoiada em

planos estratégicos da atual realidade econômica: nos movimentos de capitais e não

no comércio local; na produção desvinculada do emprego; na economia mundial; e

no crescimento do comércio eletrônico. (KEEGAN; 2005, p. 24)

28

As negociações mundiais alcançaram, no ano de 2000, cifras de US$ 6,6

trilhões, dos quais, somente o Brasil teve participação de 0,89% desse total,

representado por US$ 59,1 bilhões de importação (valor FOB) e US$ 55,1 bilhões de

exportações (valor CIF), representando 0,88% das exportações mundiais.

Porém, o fluxo de Investimento Direto Estrangeiro para o Brasil, neste mesmo

ano de 2000, foi de US$ 29,3 bilhões, representando 1,95% do fluxo mundial de US$

1,5 trilhão. A análise desses dados dá conta de que do fluxo de capitais no mundo

no ano de 2000, foi composto por 18,52% de investimentos, conforme demonstrado

no Quadro 7.

Brasil Mundo Import (FOB) Partic Export (CIF) Partic IDE Partic Import (CIF) Export (FOB) IDE Total Part IDE Ano ( A ) (A/D) ( B ) (B/E) ( C ) (C/F) ( D ) ( E ) ( F ) (D+F) (F/(D+F)) 1994 36,0 0,81% 43,5 1,03% 1,6 0,67% 4.430,0 4.204,0 238,7 4.668,7 5,11%1995 53,8 1,02% 46,5 0,92% 3,5 1,11% 5.267,4 5.042,0 316,5 5.583,9 5,67%1996 56,8 1,03% 47,7 0,90% 10,7 2,77% 5.534,2 5.308,0 386,1 5.920,3 6,52%1997 63,3 1,13% 53,0 0,96% 17,2 3,57% 5.592,7 5.518,0 481,9 6.074,6 7,93%1998 61,0 1,10% 51,1 0,95% 25,9 3,75% 5.524,4 5.386,0 689,8 6.214,2 11,10%1999 51,8 0,89% 48,0 0,86% 27,1 2,49% 5.818,6 5.581,0 1086,9 6.905,5 15,74%2000 59,1 0,89% 55,1 0,88% 29,3 1,95% 6.613,3 6.293,0 1503,0 8.116,3 18,52%2001 58,7 0,91% 58,2 0,97% 20,1 2,59% 6.438,8 6.030,0 775,6 7.214,4 10,75%2002 49,9 0,75% 60,4 0,96% 14,7 2,13% 6.680,1 6.302,0 689,6 7.369,7 9,36%2003 51,0 0,65% 73,1 0,99% 10,1 1,98% 7.793,1 7.352,0 511,0 8.304,1 6,15%2004 66,4 0,70% 96,5 1,08% 18,1 2,96% 9.436,1 8.902,0 612,0 10.048,1 6,09%

Quadro 7 – Investimento Direto Estrangeiro Valores em bilhões de US Dólares Fonte: Franco (adaptado pelo autor); 2005

A segunda realidade econômica é a desvinculação do emprego à produção.

Apesar do emprego na indústria ter se mantido estável ou em algumas situações ter

se reduzido, a produção industrial tem mantido o seu crescimento. Na agricultura

esse efeito também é percebido. Quando se reduz o número de empregados com a

implantação de novas tecnologias, a produtividade agrícola é aumentada. (KEEGAN;

2005, p. 25)

29

A terceira realidade econômica veio com o surgimento da economia mundial

com mais intensidade e transformou-se em importante variável no sucesso

empresarial. Os resultados empresariais não são controlados pela macroeconomia

de países individualizados. As atividades empresariais reconhecem a importância da

concentração do foco na economia e nos mercados mundiais para a conquista e

manutenção da posição competitiva no mundo, sob pena de declínio e falência dos

negócios. O final da Guerra Fria, na década de 1990, derrubou o comunismo como

um sistema econômico e político e apontou para o êxito do sistema capitalista.

Por fim, a quarta realidade é a utilização do computador e do comércio

eletrônico que têm mudado o panorama econômico mundial, reduzindo a

importância das barreiras nacionais.

Com a utilização da Internet, é possível operar o comércio mundial ou

apresentar ao mercado mundial inovações de produtos e receber respostas

interativas do consumidor com muita rapidez, podendo adaptá-las às novidades,

reduzindo os riscos do investimento de desenvolvimento. Todavia, é necessário que

os executivos entendam o potencial das inovações com base em sistemas

informatizados e como administrá-los eficientemente. (KEEGAN; 2005 p. 25)

Os governos têm sido, metaforicamente, descritos como os “roteiristas” de

uma peça de teatro, enquanto as empresas desempenham o papel dos “atores”.

Nesse palco, os diversos roteiristas procuram enaltecer os valores dos seus atores e

proteger as suas fraquezas; enquanto, em caminho contrário, os atores procuram

influenciar os roteiros, de forma que venha beneficiar o seu desempenho.

No entanto, essa descrição simples agora é questionada em função das

acentuadas mudanças provocadas pela Globalização nos embates das arenas de

políticas econômicas.

30

Pelo menos até quatro décadas que sucederam a Segunda Guerra Mundial, a

divisão econômica foi orientada pelo mercado dos países que aderiram ao GATT

(General Agreement on Tariffs and Trade) e pelas economias socialistas de

planejamento central. Uma outra divisão conhecida era a de países do norte, os

industrializados, e os países do sul, também chamados de países do Terceiro

Mundo. (LEHMANN; 2001, p. 250)

Até o final da Guerra Fria, os países abaixo da Linha do Equador buscavam

políticas de protecionismo e substituição de importação. Não se conveniaram ao

GATT e o encaravam com suspeita e hostilidade. O final da Guerra Fria também

apontou para a transformação da geopolítica em geoeconomia, que substitui o

poderio convencional das nações (militar, território, influência política e ideologia)

para outras fontes de poder como a tecnológica e as habilidades gerenciais, as

bases industriais, o fluxo de capital e as relações entre o Estado e a indústria.

Os governos continuam sendo os “roteiristas”, porém os roteiros têm sido

ditados por muitas fontes e são essas forças que têm criado enormes divergências

entre os governos nacionais e as empresas multinacionais. Grandes empresas

suecas e japonesas têm apresentado sucesso nos seus negócios, apesar da

economia de seus países de origem não estarem bem, por conta de terem

conseguido relativa independência do seu ambiente nacional. (LEHMANN; 2001, p.

250)

Não é totalmente verdadeiro afirmar que, no mercado global são as empresas

que competem entre si; na prática são os países que o fazem. Os esforços podem

não se mostrar bem sucedidos se a nação buscar a competitividade somente

criando meios para o lançamento de suas melhores empresas nacionais em direção

ao domínio das suas melhores qualidades com investimentos na tecnologia,

exportações, base industrial ou na combinação delas. (LEHMANN; 2001, p. 252)

31

A distinção entre os interesses nacionais e os empresariais tem sido a

capacidade de estimular e atrair investimentos estrangeiros que podem ser

estimulados e atraídos. As regulamentações exageradas, o reduzido mercado

comercial e a rigidez do mercado de trabalho são exemplos de restrições internas

que expulsam os investimentos em busca de melhores condições no exterior.

Dessa maneira, da mesma forma que os investimentos empresariais correm o

mundo em busca de melhores condições de aplicação, os países também competem

entre si para reter e aumentar a parcela dos investimentos nacionais e externos.

Atualmente, o investimento estrangeiro é bem recebido na maioria das

nações, ao contrário do paradigma existente nos anos de 1950 a 1970, quando as

corporações multinacionais eram tidas pelos países do hemisfério sul,

pejorativamente, como agentes capitalistas exploradores. (LEHMANN; 2001, p. 252-

253)

Quando uma empresa deseja investir no exterior, muitas investigações são

feitas para que os negócios internacionais sejam bem sucedidos. Envolvem a

observação do país em estudo: as vantagens, desvantagens, custos e os riscos que

podem ameaçar o investimento.

O Risco Político ou o risco de mudança repentina nas políticas

governamentais podem comprometer o investimento com conseqüências negativas

para a operacionalidade e a lucratividade do negócio. O Risco Político de um país é

de complexa avaliação; porém quanto menos desenvolvido for o país, maiores serão

as imprevisibilidades dos seus riscos. Em geral, quanto maior for a renda per capita,

mais baixo será o risco político. (KEEGAN; 2005, p. 173)

O acesso ao mercado de um país ou de uma região, que por qualquer razão

impeça ou dificulte a importação, poderá justificar a instalação de uma unidade

produtora dentro dos limites desse próprio país ou região e dar continuidade ao

32

acesso a tais mercados, planejado inicialmente, para serem supridos com

exportações diretas. (KEEGAN; 2005, p. 173-174)

A busca do equilíbrio entre o custo da mão-de-obra e as condições dos outros

fatores de produção também é um importante aspecto para avaliação e decisão de

empreender em um determinado negócio internacional. O custo da mão-de-obra é

parte dos custos de produção e, muitas vezes, em pequena proporção ao custo total

associado ao produto.

A consideração apenas do custo da mão-de-obra pode levar à decisão de se

produzir apenas em países menos desenvolvidos que, em geral, apresentam o

menor custo desse fator. A mão-de-obra pode variar, em média, de 0,5 até 20

dólares dos Estados Unidos por hora, conforme o desenvolvimento do país. Quanto

maior for o seu desenvolvimento maior será o custo da mão-de-obra. (KEEGAN,

2005, p. 174)

No entanto, há que se analisar as condições de disponibilidade e abundância

da oferta de insumos e de capital, eficácia da equipe de produção, capacidade

tecnológica e infra-estruturas.

O tempo que os produtos demandam para serem transportados também tem

o seu custo; e, na maioria das vezes, quanto maior a distância entre a sua origem e

o mercado que o utilizará, maior será, não só o tempo gasto, como também o custo

financeiro, agravado com os burocráticos desembaraços alfandegários.

Muitas empresas líderes no seu mercado têm buscado focar os recursos no

seu negócio principal e terceiriza o que é possível. Com o advento da globalização,

compreenderam que a aquisição de matéria prima e mão-de-obra apenas no

mercado interno pode ser restritiva.

Essas empresas passaram a pesquisar, no mundo, melhores condições

comerciais e técnicas. Basicamente, a decisão pela aquisição se concentra sobre

33

quatro objetivos principais: Custo; Qualidade; Entrega; e Flexibilidade. (PYKE, 2001,

p. 94)

Os custos dos fatores mundiais de produção podem ser divididos em três

níveis: os custos de países industrializados, os custos de países em fase de

industrialização e os custo de países que ainda não apresentam muita importância

para as atividades industriais.

Nos países industrializados os custos dos fatores de produção tendem a

igualar-se. Os países em industrialização oferecem importantes vantagens

econômicas como infra-estrutura cada vez mais desenvolvida e estabilidade política.

Os países do terceiro nível apresentam custos de fatores de produção mais baixos,

principalmente o de mão-de-obra; porém, o desenvolvimento da infra-estrutura é

limitado e os riscos políticos são maiores. (KEEGAN, 2005, p. 175)

Qualidade é a propriedade de um produto que o distingue dos demais e são

tais propriedades que permitem a sua aceitação ou a sua rejeição. Os fatores de

qualidade se baseiam em preferências, custo de operação, leis e regulamentos e

compatibilidade, que podem modificar o produto sem alterar a essência funcional.

Na década de 1960, a Olivetti, fabricante de máquinas de escrever, lançou

uma máquina de linhas modernas e com grande sucesso no mercado europeu,

porém foi forçada a adaptá-la para o mercado dos Estados Unidos. Os

consumidores norte americanos preferiam máquinas de escrever que fossem mais

pesadas e volumosas, pois essas características eram consideradas por eles

evidência de qualidade. (KEEGAN; 2005, p. 258)

Os mercados globais, ao mesmo tempo em que revelam distinções culturais,

apresentam universalidades da natureza humana que permitem o surgimento de

mercados e os seus abastecimentos.

34

Nesse sentido, o marketing e as campanhas de propaganda e publicidade

impulsionam a mudança de comportamento dos consumidores e são crescentes as

evidências de que os desejos e as necessidades tem convergido, criando

oportunidades para as empresas de atuação global e possibilitando ganhos que

ultrapassem empresas de atuação regional que procuram atender consumidores

locais. (KEEGAN; 2005, p. 16)

O custo da operacionalidade de um produto também caracteriza a qualidade

do produto. Os ingleses conceberam aeronaves com o motor dentro da asa, como

forma de redução da resistência ao vento, quando em operação, e conseqüente

economia de combustível. Contudo, essa aerodinâmica demanda mais horas para

reparo e manutenção do motor, uma vez que o acesso ao equipamento apresenta

maior dificuldade.

A solução americana para a instalação do motor foi sob as asas, que embora

oferecesse maior resistência ao vento, a manutenção e reparo de motor tornaram-se

facilitados e economicamente mais baratos.

A consideração do custo de manutenção e reparo inglês foi baseada no baixo

custo da mão-de-obra. Os americanos consideraram o relativo custo da mão-de-obra

mais alto e as horas de operação paralisadas para o trabalho.

As leis e regulamentos de diferentes países consideram a qualidade do

produto de formas distintas. As indústrias de alimentos, por exemplo, podem sofrer

rigorosos controles sanitários e proibições de utilização de determinados

ingredientes, exigências específicas para os rótulos e embalagens em determinados

países. Outro exemplo, são os países islâmicos que mantêm fortes controles nos

processos das aves congeladas que importam.

A compatibilidade do produto afeta diretamente a qualidade. A não

observação desse fator, além de reduzir a qualidade, pode oferecer perigo aos

35

consumidores; mesmo que seja a falta de tradução do manual técnico para o idioma

local onde o produto será vendido, ou a desconsideração do sistema elétrico local;

os sistemas de transmissão de sinais de TV, vídeos e telefonia; ou os padrões de

pesos e medidas. (KEEGAN; 2005, p. 258-259)

O sistema de entrega envolve uma estrutura que integra várias atividades

organizacionais para que o produto se torne disponível para o consumidor no

momento e no lugar que ele desejar.

A aceitação e processamento do pedido proporcionam entrada de

informações importantes que envolvem as atividades de manuseio, localização,

montagem, movimentação, distribuição e entrega do produto.

Os armazéns são projetados para estocagem e movimentação dos produtos

que serão vendidos ou distribuídos, de forma eficiente e segura. O gerenciamento

adequado do estoque garante que não haverá acúmulos excessivos de produtos,

sujeitos aos prazos de validade e tomada de espaço físico; e, por outro lado, que

também não haverá falta de itens para a fabricação ou de produtos acabados.

O transporte dos produtos varia em função do local e do produto, podendo ser

utilizadas as ferrovias, as rodovias, via aérea, via fluvial ou marítima, ou tubos. A

determinação do melhor sistema de transporte será o resultado do equilíbrio dos

custos de operação e do atendimento dos prazos de entrega contratado. (KEEGAN;

2005, p. 313-315)

A flexibilidade é a capacidade de rápida adaptação às mudanças que por sua

vez é o resultado das incertezas, ou seja, dos possíveis riscos que podem ser

oferecidos para as decisões, quer sejam de caráter endógeno ou exógeno.

A flexibilidade de um fornecedor é um fator importante na decisão de compra,

uma vez que os negócios estão sujeitos a radicais e rápidas mudanças de rumo que

36

exigem reavaliações, correções e adaptações que afetam toda a cadeia de

suprimentos.

O fornecedor flexível esta envolvido com a produção de mercadorias de alta

qualidade e inovação, aceita a concorrência de qualidade, tem uma linha de

produção variada com pequenas unidades produzidas, fraca divisão do trabalho,

intenso investimento em pesquisa e desenvolvimento, parque industrial

multifuncional e programável e empregados qualificados. (PAIVA, 2005)

Se um comprador se sente inseguro e desconfortável no relacionamento e no

cumprimento de objetivos de um fornecedor, este deve rever os seus conceitos de

custos, qualidade, entrega e flexibilidade, pois esses aspectos básicos devem

manter harmonia entre si. A preocupação exagerada com os custos pode

comprometer a qualidade, por exemplo.

A decisão estratégica de comprar envolve também a estrutura de

relacionamento com os fornecedores, sob o ponto de vista da importância do

componente comprado, da disponibilidade do produto ou do serviço, da

complexidade da ligação entre o componente comprado e o produto final, da

logística envolvida e das incertezas da continuidade de fornecimento.

Na hipótese de compra de um item crítico, que compromete o desempenho

do produto final ou que sugere prejuízos à propriedade intelectual do projeto, a

alternativa mais apropriada é a produção interna desse item. Contudo, se a empresa

é impedida de produzi-lo, é recomendável o estreitamento no relacionamento com os

possíveis fornecedores e a formação de alianças estratégicas.

No caso de exclusividade de fornecimento do componente ou da prestação de

serviços, é importante o estabelecimento de parcerias e o envolvimento do

fornecedor nos negócios, de forma que os interesses sejam mútuos.

37

A alta complexidade de ligação de um componente ao produto final exige

intensa comunicação entre fornecedor e comprador, tanto em relação aos aspectos

técnicos que podem exigir configuração ao produto final, quanto em relação à

observação dos prazos de entrega que, se descumpridos, podem comprometer

ambas as empresas.(PYKE; 2001, p. 97)

Na verdade, a procura e compra global causam grandes incertezas, em

função da volatilidade das taxas de câmbio, aumento dos prazos de entrega e do

relativo período de criação de confiança, o que pode causar impacto no

desenvolvimento de novos produtos.

Contudo, o fornecimento global não é um erro, pelo contrário, os benefícios

são muitos e o seu diferencial é poderoso, desde que as condições e regras sejam

suficientemente claras para todos os envolvidos. (PYKE; 2001, p. 99)

Uma vez compreendido os conceitos genéricos da estratégia global, a

relevância se volta para o país ou países que são estratégicos para a atuação

global.

No passado, grande parte das empresas se preocupava em manter presença

estratégica em países do primeiro mundo. Porém, atualmente a preocupação voltou-

se também para os chamados países emergentes.

Novas estratégias globais estão reformando os critérios de seleção de

mercados. Estabilidade econômica, crescimento, consumo per capita e outros

indicadores de qualidade não são mais suficientes para definir as oportunidades de

negócio. O critério que mais influencia a decisão do investimento é a importância

econômica para o segmento empresarial. Se o número populacional é indicador útil

para uma indústria de alimentos, para os negócios de uma empresa de transportes

rodoviários o indicador importante é a capacidade da malha rodoviária que serve o

país. (JEANNET; 2001, p. 25-26)

38

3 ESTRATÉGIAS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS

Após a Segunda Guerra Mundial até os anos de 1970, muitos países

tentaram acelerar o seu desenvolvimento industrial para atendimento do mercado

doméstico, limitando a importação de bens manufaturados. Essa estratégia

protecionista, por muitas razões, tornou-se popular e exerceu importante papel para

o crescimento da indústria.

Um importante argumento para o sucesso dessa estratégia de substituição de

importação é o de proteger a indústria nascente. As novas indústrias manufatureiras

de países em desenvolvimento podem apresentar vantagens potenciais para o

mercado, porém não conseguem concorrer com outras indústrias já estabelecidas.

Para que se tornem indústrias competitivas no mercado internacional, os governos

podem apoiá-las temporariamente, até que estejam suficientemente estabelecidas

para suportar a concorrência internacional.

Contudo, o argumento da indústria nascente sugere cuidado, pois nem

sempre é recomendável investir hoje em indústria que poderá ter vantagens no

futuro. Por exemplo: nos anos de 1980, a Coréia do Sul tornou-se exportadora de

automóveis; provavelmente, isso não teria sido uma boa idéia nos anos de 1960,

quando o país apresentava escassez de mão-de-obra e de capital.

Esse tipo de protecionismo não garante benefícios se não for destinado à

competitividade da indústria. O Paquistão e a Índia têm protegido há décadas os

seus setores industriais; entretanto, recentemente iniciaram exportações

significativas de bens manufaturados leves, como os têxteis, e não as manufaturas

pesadas que sempre foram protegidas. É possível também que as atuais

exportações ocorressem mesmo que não houvesse nenhum tipo de protecionismo.

39

São necessários rigorosos critérios para a análise de uma possível indústria

nascente, que inicialmente é protegida e posteriormente torna-se competitiva por

razões não relacionadas ao protecionismo. Neste caso, embora a indústria tenha se

tornado um sucesso, o protecionismo foi desnecessário e pode ter significado custo

e desperdício para a economia.

O reconhecimento de que um projeto industrial é oneroso e de longa

maturação, em geral, não justifica o protecionismo governamental, a não ser que

haja algum tipo de falha estrutural no mercado interno. Se, supostamente, a indústria

vier a ser competitiva no futuro e obtiver rendimentos que venham compensar os

investimentos, é natural também que atraia o capital privado.

Na prática, é complexa a análise para a avaliação de quais indústrias

justificam um tratamento especial; existe o risco de uma política de desenvolvimento

protegido ser utilizada para outros interesses. As falhas de mercado interno,

basicamente se resumem em imperfeições no mercado de capitais e no problema de

apropriabilidade.

Se o país não tem um sistema de financiamentos eficientes, como mercado

de ações e bancos de desenvolvimento, que permita o financiamento do

investimento com as poupanças internas, os baixos lucros iniciais da indústria

restringirão a capacidade de sobrevivência do projeto, uma vez que não terão

capacidade para novos investimentos, mesmo que no futuro as perspectivas de

ganho sejam grandes.

Essa hipótese demanda uma adequação das políticas econômicas para a

criação de um mercado de capitais maior, capaz de suprir as necessidades de

capital, ou cria argumento para justificar a proteção da indústria nascente,

promovendo o aumento dos lucros iniciais e o crescimento mais rápido.

40

O argumento da apropriabilidade para a proteção de uma indústria nascente,

em geral se baseia nos benefícios sociais que serão gerados, para os quais ela não

será compensada. Se uma indústria nascente é pioneira em um segmento, arcará

com todos os custos iniciais de abertura de mercado ou de adaptação tecnológica às

condições locais. Uma outra indústria que venha a se instalar no país não terá tais

custos iniciais e a pioneira será impedida de receber qualquer rendimento sobre

aqueles investimentos iniciais.

Os países em desenvolvimento têm promovido o apoio especial a indústrias

manufatureiras, em princípio, com subsídios à produção ou incentivos à exportação.

Estes países, na maioria das vezes, têm utilizado a estratégia de incentivar as

indústrias orientadas para o consumo doméstico e restringido as importações com

estabelecimento de cotas e ou tarifas, substituindo as importações por produtos

domésticos.

A aplicação simultânea da política de redução de importação e aumento de

exportação é impraticável, pois reduzir as importações significa necessariamente a

redução das exportações também. A proteção de uma indústria que pretende

substituir bens importados desvia recursos de outras indústrias de setores

exportadores, desencorajando-as a se manterem no crescimento.

Quando se reduz a oferta, a tendência mercadológica indica o aumento da

procura e, por conseqüência, também o aumento natural dos preços. Se isso for

agravado com majoração das tarifas alfandegárias, o protecionismo descontrolado

poderá tornar-se um evento que promoverá o caos econômico e sensível redução do

poder de troca interna.

O motivo que levou muitos países em desenvolvimento a optarem pela

estratégia de substituição de importação, em vez de crescimento da exportação, foi

a mistura de política e economia. Até os anos de 1970, as autoridades

41

governamentais, principalmente as da América Latina, não acreditavam na

possibilidade de um dia poderem exportar mercadorias manufaturadas; que a

economia mundial estava estruturada de forma tão protegida que jamais os países

em desenvolvimento seriam capazes de penetrar; e que o sistema internacional

funcionava contra os interesses dos países em desenvolvimento.

Por outro lado, os subsídios à exportação de produtos domésticos podem

oferecer efeitos inversos aos desejados. Supondo que um país que produza

somente dois bens, tecido e trigo, por exemplo. Se o país conceder um subsídio de

20% para a exportação de tecido estará aumentando os preços do mercado interno

e promoverá um deslocamento dos produtores de trigo para a produção de tecido. A

demanda interna pelo trigo também será aumentada.

No mercado internacional haverá aumento da oferta de tecido e a redução da

demanda provocará prejuízo aos termos interno de troca e valorizará os termos de

troca do estrangeiro. (KRUGMAN; OBSTFELD, 2001, p. 262-267)

3.1 Mecanismos de Apoio aos Negócios Internacionais

Para a realização de Negócios Internacionais vários agentes estão

disponíveis para a estruturação e viabilização dos negócios. São caracterizados por

instituições, países, associações, câmaras de comércio, associações e órgãos

regulamentadores do mercado internacional que, entre outros, agem como

facilitadores e incentivadores financeiros, normativos, fiscais e comerciais.

42

3.1.1 Fundo Monetário Internacional – FMI

O Fundo Monetário Internacional foi criado em 1944 na Conferência de

Bretton Woods, inspirado na depressão econômica do início dos anos de 1930, para

ajudar o desenvolvimento de países com problemas deficitários na Balança

Comercial.

Seus principais objetivos são: Promover a cooperação monetária entre as

nações e colaborar na solução de problemas monetários internacionais; facilitar a

expansão e o desenvolvimento do comércio internacional contribuindo para o

emprego e a renda, desenvolvendo fontes de fornecimentos com o foco principal na

política econômica; e promover a estabilidade cambial entre as nações.

O início das suas operações ocorreu em maio de 1946, com sede em

Washington e com 39 países membros. Atualmente são 183 países membros e suas

principais exceções são Cuba e Coréia do Norte.

É organizado por representantes de cada país membro, geralmente pelo

Ministro de Finanças ou Presidente do Banco Central. A administração diária é feita

por 24 representantes nomeados pelos representantes dos países membros

(FORTUNA; 1998, p. 496)

3.1.2 Banco Interamericano de Reconstrução e Desenvolvimento - BIRD

Também conhecido como Banco Mundial, o Banco Interamericano de

Reconstrução e Desenvolvimento - BIRD foi criado juntamente com o FMI, com a

finalidade de promover o crescimento de regiões e países menos desenvolvidos,

43

fornecendo créditos de médio e longo prazo, captados internacionalmente ou de

recursos próprios, para financiamento de projetos de programas para contribuição do

desenvolvimento econômico que não atraem o capital privado.

Os empréstimos do Banco Mundial são feitos de governo para governo ou

garantidos por ele; isso o caracteriza como uma instituição intergovernamental. O

capital constituído do Banco Mundial é integralizado pelos países membros, sendo

parte a vista e o restante quando for necessário e solicitado pela instituição, com

revisão periódica dos valores. (KUAZAQUI, 1999, p. 154)

3.1.3 Organização Mundial do Comércio – OMC

A Organização Mundial do Comércio (OMC) surgiu em 1º de janeiro de 1995,

com sede em Genebra, oferece um fórum de negociações e mediações em disputas

comerciais internacionais.

As negociações, em geral, envolvem conflitos de interesses contrários entre

compradores ou entre os vendedores. Os acordos comerciais internacionais são

aqueles oriundos de longas negociações entre países em que ambas as partes

desejam efetuar uma troca comercial e que, geralmente, são incentivados,

subsidiados, intermediados ou acompanhados por um organismo internacional.

Existem muitas estratégias de negociação para convencimento de uma parte

a concordar com os interesses da outra. No entanto, empresas de grande porte, na

maioria das vezes instaladas em países industrializados com maior poder de

barganha, têm maior poder de negociação frente a empresas menos

representativas. Portanto, critérios e controles do comércio internacional são

44

necessários, a fim de reduzir os conflitos das relações de troca e preservar os

interesses do comércio internacional. (KUAZAQUI, 1999, p. 156)

A nação que se julgar prejudicada por barreiras comerciais ou por ações

desleais de outros países membros tem a intermediação da OMC para negociar a

reclamação por um período de 60 dias e chegar a uma solução amigável. Caso isso

não ocorra, o país reclamante poderá solicitar a nomeação de um conselho formado

por três peritos em comércio, que terá nove meses para emitir o seu parecer.

A parte perdedora tem ainda a chance de apelar da decisão do conselho e

recorrer a um órgão de apelação formado por sete membros. Mantida a decisão

inicial, o país perdedor deverá alterar as suas políticas comerciais, sob pena de ser

penalizado comercialmente.

3.1.4 Cooperação Econômica

A cooperação econômica pode se dar em quatro níveis: Livre Comércio,

União Alfandegária, Mercado Comum e União Econômica. Uma área de livre

comércio caracteriza-se por um grupo de países que acordaram entre si a queda das

barreiras internas do seu comércio, mantendo políticas comerciais independentes

para o comércio com países que não fazem parte do bloco.

O bloco econômico de livre comércio mantém mecanismos de fiscalização e

controle que procuram evitar que o acordo de livre comércio entre os países

participantes do acordo seja desrespeitado, desencorajando a importação de bens

produzidos por país participante do acordo, portanto com preços e tarifas mais

baixas, e desviando-os, por exportação, para outro país não participante do bloco a

preços maiores.

45

Uma união alfandegária é o estágio seguinte ao estabelecimento de um

acordo de livre comércio. Após terem acordado a eliminação de barreiras internas ao

comércio, os países membros de uma união alfandegária concordam em estabelecer

barreiras externas comuns ao mercado.

O mercado comum, além da remoção das barreiras internas ao comércio e ao

estabelecimento de barreiras externas comuns ao restante dos países, elimina

também as barreiras ao fluxo de fatores de produção, mão-de-obra e capital, com a

orientação de coordenar as políticas econômica e social dentro do bloco, permitindo

o livre fluxo de mão-de-obra e capital, além do comércio de mercadorias.

A união econômica é o estágio mais evoluído das cooperações econômicas,

envolvendo a criação de um banco central único, utilização de uma única moeda e

políticas de desenvolvimento econômico e social comuns, de forma que seria muito

próxima de uma grande nação com políticas abrangentes e um governo central

unindo os Estados independentes numa única estrutura. (KEEGAN; 2005, p. 42)

A União Européia é o bloco econômico mais próximo desse estágio, embora

existam algumas barreiras importantes para serem derrubadas e dar surgimento a

uma união econômica plena. (KEEGAN; 2005, p. 42)

Os acordos econômicos multilaterais têm promovido a aceleração do ritmo da

integração e o desenvolvimento econômico entre nações. O Acordo Geral sobre

Tarifas e Comércio, ratificado por mais de uma centena de países em 1994, tem

garantido a promoção e proteção do livre comércio.

O Mercado Comum Europeu, em adiantada fase de integração, tem

derrubado barreiras do comércio na região, com elevadas reduções de custo de

operacionalização do comércio, causadas não só pelo livre comércio, mas também

pela moeda unificada e padronização de procedimentos e processos de produção.

46

3.2 Variáveis Determinantes dos Negócios Internacionais

A decisão de empreender internacionalmente, além da análise da combinação

de estratégias de suprimentos, exportação e investimento, também envolve a

observação das condições do país em que se deseja operar, levando em

consideração as vantagens, desvantagens, incertezas e os riscos para os

investimentos naquele país alvo.

3.2.1 Risco Político

A mudança nas regras estabelecidas e conhecidas das políticas

governamentais pode inviabilizar a capacidade de uma empresa operar com eficácia

e lucro, impedindo-a de expandir-se e pode levá-la a decisão de não prosseguir com

o negócio.

O nível do risco político de um país é inversamente proporcional ao seu nível

de desenvolvimento econômico. Em geral, quanto mais alta a renda per capita do

país mais desenvolvido será o seu estágio econômico e mais baixo será o nível de

risco político. Países com menor nível de risco político atraem mais investimentos,

ao passo que países sujeitos a grandes riscos políticos os expulsam. (KEEGAN;

2005, p.83, 173)

As atividades do mercado global acontecem dentro de um ambiente político

de instituições governamentais, partidos políticos e organizações que exercem a

vontade e o poder do povo. A empresa que deseja atuar fora dos limites do país de

origem deve analisar a estrutura governamental e as questões emergentes do seu

ambiente político, entre elas a atitude do partido governista, em relação à soberania,

47

aos riscos políticos, aos impostos, à ameaça de diluição do capital investido e às

expropriações. (KEEGAN; 2005, p.86)

As ações governamentais assumidas em nome da soberania ocorrem em

função do seu estágio de desenvolvimento econômico e do seu sistema político e

econômico. Países em desenvolvimento, em geral, incentivam e protegem as suas

indústrias emergentes ou consideradas estratégicas até que estas consigam o

estágio avançado de desenvolvimento para aí declararem o livre comércio com a

criação de leis e estabelecimento de regulamentos para promoção da concorrência

justa.

A maioria dos países tem, na sua economia, a combinação do sistema de

comando e de mercado, porém, países que mantém a administração da economia

voltada somente para o sistema soberano de comando do governo têm o seu

desenvolvimento afetado. Nos países de democracia capitalista, a interferência do

governo tende a ser mais restrita e orientada pelo mercado. (KEEGAN; 2005, p.82)

Um fenômeno global observado atualmente tem sido a tendência às

privatizações, o que demonstra ações dos governos na direção da redução do seu

envolvimento direto na economia atuando como fornecedor de bens e serviços.

(KEEGAN; 2005, p.82)

Alguns estudiosos acreditam que a soberania econômica nacional pode estar

sendo prejudicada pelo mercado global. Neal Soss, consultor econômico, observa:

“O recurso supremo de um governo é o poder, e estamos vendo, com freqüência, que a vontade dos governos pode ser sobrepujada por ataques persistentes do mercado.” (KEEGAN; 2005, p.83)

Contudo, as nações podem estar dispostas a abrir mão de parte da sua

soberania em troca de um aumento da sua participação no mercado global e da

renda nacional.

48

Embora não exista o estabelecimento de leis tributárias universais sobre as

empresas que operam internacionalmente, muitos governos têm tentado acordos

bilaterais de tributação.

Muitos países tendem a exercer forte controle nas transferências de bens e

serviços, financeiras, tecnológicas e de direitos autorais. O objetivo era gerar receita

econômica pela cobrança de tarifas e impostos. Atualmente, as autoridades

responsáveis pelo estabelecimento desses controles visam, basicamente, proteger a

indústria local e o desenvolvimento de novos projetos regionais.

O preço desse protecionismo pode se tornar alto ao se considerar dois

aspectos: O primeiro é o custo para o consumidor, pois quando o produto

estrangeiro se depara com barreiras que dificultam o acesso ao mercado, o

resultado se reflete em aumento de preços e redução do padrão de vida do

consumidor; e o segundo aspecto se reflete na competitividade das empresas locais,

que, uma vez protegidas, acabam perdendo a motivação para o desenvolvimento de

novos produtos de qualidade capazes de conquistar novos mercados.

Quando uma empresa deseja se lançar no mercado internacional, necessita

trabalhar para atender o mercado alvo melhor do que qualquer outra empresa do

mundo, e um grande incentivo para essa competitividade é o livre comércio onde a

tributação tarifária e de impostos não seja uma ferramenta para desestimular novos

negócios sob a bandeira protecionista e do nacionalismo econômico. (KEEGAN;

2005, p.83)

A maior ameaça que uma empresa global pode sofrer é o risco de

expropriação pelo governo local, ou seja, o governo retira a posse da empresa ou do

investidor. Geralmente, os investidores são compensados por essa ação, mas nem

sempre de forma rápida e justa.

49

A expropriação acontece quando a autoridade local decide pela

nacionalização dos bens e ativos da empresa, transferindo a sua propriedade para o

governo. Se não houver nenhuma ação compensatória, configura-se confisco.

A expropriação também pode se dar de forma gradual com severas limitações

sobre as atividades econômicas da empresa estrangeira, incluindo cotas sobre as

remessas de lucros, dividendos, royalties, honorários de assistência técnica de

investimentos locais ou de fornecimento de novas tecnologias.

Outras medidas de caráter discriminatório também podem ser impostas às

empresas estrangeiras e podem afetar o retorno sobre o investimento; tais como:

exigência de contratação de mão-de-obra local; controle de preços; taxas

diferenciadas e barreiras não tarifárias e restrições para a entrada de insumos

industriais. (KEEGAN; 2005, p.85-86)

A atividade industrial, em outro país, tem o custo de produção, em grande

parte, determinado pela taxa de câmbio da moeda do país. Tanto que muitas

empresas têm na estratégia global de suprimento a forma de reduzir os riscos

relacionados com a volatilidade das taxas de câmbio.

A produção que hoje é atraente aos negócios poderá não ser amanhã, em

função da flutuação da taxa de câmbio. A crise financeira da Rússia em 1998, por

exemplo, provocou uma repentina queda no valor da moeda russa de seis rublos

para 25 rublos por dólar norte americano.

A empresa que tem como estratégia a previsão da volatilidade da moeda

incorporada ao planejamento dos seus negócios estará preparada para reagir diante

de uma variedade de paridades cambiais. Assim, se o dólar, o iene ou o euro

apresentarem uma supervalorização, a empresa com capacidade de produção em

outros países poderá apresentar vantagens competitivas, transferindo a produção

para outros locais. (KEEGAN; 2005, p.177)

50

Na hipótese de enfraquecimento de uma moeda de um país em relação à

moeda do país de um parceiro comercial, o produto do país de moeda mais fraca

poderá diminuir os preços de exportação e aumentar a participação no mercado

comprador, ou mantê-los e obter maiores margens de lucro. (KEEGAN; 2005, p.276)

3.2.2 Tendências Econômicas Mundiais

A busca pela globalização de mercados tem sido uma necessidade quando o

desenvolvimento do produto requer longos períodos e grandes investimentos. A

indústria farmacêutica é um bom exemplo.

A demanda por novas drogas é crescente, e o custo de pesquisas demanda

grandes capitais em investimentos, os quais precisam ser recuperados em mercados

globais, que, por natureza, são maiores e podem absorvê-los com menores impactos

no preço. (KEEGAN; 2005, p.16)

A estratégia de atuação em mercado global pode gerar maiores receitas e

mais lucros; por isso, podem sustentar mais investimentos na qualidade do produto.

Uma empresa regional, com mercado restrito, e uma empresa global podem

igualmente direcionar 5% das receitas para a pesquisa e desenvolvimento. Contudo,

além de, 5% das receitas de uma empresa regional pode ser inferior aos 5% de

uma empresa global, certamente que esse custo será mais bem absorvido pela

empresa de atuação global. (KEEGAN; 2005, p.17)

O crescimento da economia global nos últimos 50 anos tem apresentado uma

dinâmica da interação de várias forças motrizes e restritivas. A tendência para o

crescimento econômico mundial é uma força motriz baseada em três motivos

principais:

51

• cria oportunidades e incentiva a expansão global das empresas. O

crescimento lento de uma empresa no mercado regional pode indicar a

busca de novas oportunidades em outros países e regiões com

maiores crescimentos;

• o crescimento econômico pode reduzir resistências à entrada de

empresas estrangeiras em território nacional. Um país em crescimento

corresponde a um mercado em expansão, onde, em geral, há

oportunidades para todos; a entrada de uma nova empresa estrangeira

não subtrairá as vendas de outra empresa e colaborará para o

crescimento econômico da região. Entretanto, obrigatoriamente o

mercado terá que apresentar crescimento econômico para que os

empreendimentos globais não tirem faturamento das empresas locais e

não haja intervenção governamental para proteção do mercado; e

• a desregulamentação e a privatização de mercados antes fechados

têm criado ótimos ambientes para o desenvolvimento global. Uma

empresa privada procurará a melhor oferta e qualidade,

independentemente da nacionalidade do fornecedor. (KEEGAN; 2005,

p.17)

A empresa que mantém negócios com outras empresas, em mais de um país,

tem a oportunidade de desenvolver a alavancagem, um tipo de vantagem que

empresas que atuam somente nos mercados locais não têm. Quatro importantes

tipos de alavancagem são: transferência de experiência, economia de escala,

utilização de recursos e estratégia global:

• Transferência de experiência: colocar em prática as experiências

vividas e testadas em outros mercados, com reduzido risco de

insucesso;

52

• Economia de escala: empresas globais podem tirar vantagens do seu

maior volume de venda, aproveitando a produção com os recursos

disponíveis fabricados em outras unidades. A economia pode se dar

também com o pessoal, eliminando os cargos duplicados e

centralizando as atividades funcionais, com melhoria da competência

da administração corporativa;

• Utilização de recursos: uma das forças de uma empresa global é a

capacidade de identificar, no mundo inteiro, os fatores de produção

necessários: matéria prima, mão-de-obra e capital. Para a empresa

global não importa a paridade cambial da moeda interna, pois ela capta

os recursos financeiros onde as condições lhe são mais favoráveis e os

aplica onde a oportunidade de lucro for maior; e

• Estratégia global: a atuação global permite a empresa colecionar

informações do seu ambiente de negócios no mundo inteiro; identificar

com rapidez as oportunidades, tendências, ameaças e recursos; e

fazer o melhor uso das três vantagens anteriores, com criação de valor

para o cliente e conquista de vantagem competitiva. (KEEGAN; 2005,

p. 17-19)

Nos Negócios Internacionais, a hipercompetição tem se tornado uma norma.

Empresas flexíveis, criativas e rápidas têm sido bem sucedidas pela inovação de

produtos; reduzidos ciclos de projeto e de produção; competição agressiva baseada

no preço e na qualidade; e diferentes abordagens para atendimento das

necessidades dos clientes.

Uma maneira de participar dessa concorrência é se livrar das fraquezas e não

somente aproveitar as próprias competências. (D’AVENI; 2001, p. 54-55)

53

O aproveitamento das competências pode levar à uma situação de sucessos,

que pode tornar-se prejudicial para o empreendimento global, com tendências à

acomodação. O entendimento do mercado global e o reconhecimento das ameaças

e fraquezas de uma empresa é o grande passo para superá-las.

54

4 APLICAÇÃO DE CASO: A EMBRAER

O desfecho da Segunda Guerra Mundial despertou as autoridades

governamentais para a necessidade de projeto estratégico nacional na área

aeronáutica, originando a criação do Centro Técnico Aeroespacial (CTA) e Instituto

Tecnológico de Aeronáutica (ITA), ambos sediados em São José dos Campos no

Estado de São Paulo.

O CTA e o ITA foram os berços de criação para a indústria aeronáutica. Em

agosto de 1969, foi fundada a EMBRAER, em São José dos Campos, para a

fabricação do EMB-110 Bandeirante, avião para transporte de passageiros e cargas

leves.

A plataforma do projeto pôde ser configurada para utilização militar, com

instalação de radares, amplamente utilizada pela Força Aérea Brasileira (FAB), no

Brasil, e diversos operadores militares de outros países como: Chile, Gabão,

Uruguai, Cabo Verde e Colômbia. A empresa desenvolveu outras aeronaves para

utilização civil e militar que sempre tiveram aceitação e sucesso no mercado.

Porém, com a retração do mercado brasileiro a partir do ano de 1985, as

autoridades governamentais promoveram forte redução dos gastos públicos,

inclusive na área de defesa, o que afetou diretamente a EMBRAER que tinha a

Força Aérea Brasileira como seu principal cliente.

A declaração de moratória da dívida externa em 1987 afastou qualquer

possibilidade de investimentos estrangeiros. A guerra do Golfo em 1991 causou

elevação do preço do petróleo e grandes dificuldades aos operadores da aviação.

A empresa parou de investir e passou a sobreviver com empréstimos

bancários com altos custos, agravados pelo descontrole inflacionário e cambial. A

55

companhia, financeiramente debilitada, e a política de desestatização indicava a

privatização.

4.1 As Estratégias de Negócios da EMBRAER

O sucesso do EMB-145 foi reflexo da engenharia, técnica e suporte dos

parceiros e fornecedores. O compromisso da empresa com o sucesso estava

baseado na lealdade com o cliente e na herança da engenharia dedicada à indústria

aeronáutica.

Para este programa de jatos regionais, a EMBRAER desenvolveu diversas

parcerias com fornecedores fundamentais para redução do risco e do custo de

desenvolvimento de uma nova aeronave. Os parceiros de risco compartilhado

incluem as empresas:

Gamesa (Espanha), para a produção das asas, naceles,

carenagem da asa-para-fuselagem e portas de passageiros;

Sonaca (Bélgica), para produção da fuselagem de centro,

fuselagem traseira, pilones dos motores e porta de bagagem;

C&D Interiors (Estados Unidos), para cabina de passageiros e

compartimento de bagagem; e

Enaer (Chile) para leme, estabilizador horizontal e elevador.

A EMBRAER também é fabricante de aeronaves de uso e treinamento militar.

O posicionamento estratégico da EMBRAER, no mercado de defesa, evoluiu durante

os anos que construiu as aeronaves militares EMB-326 de treinamento e ataque ao

solo, denominadas Xavante, sob licença da empresa italiana Aermacchi.

56

Para desenvolver os seus próprios projetos, a empresa trabalhou juntamente

com governo brasileiro para planejar uma aeronave tecnologicamente avançada

para missões específicas de patrulhamento da Amazônia, o ALX (EMB-312H) -

Super Tucano. O EMB-312 Tucano, versão original do Super Tucano, detém 35% do

mercado mundial de aeronaves de treinamento básico militar, com mais de 600

desta aeronave em operação.

Com duas companhias aeroespaciais italianas, Alenia e Aermacchi, a

EMBRAER desenvolveu o avião AMX, um jato subsônico de ataque ao solo, que

está em uso pelas forças aérea italiana e brasileira.

Os programas de defesa da EMBRAER incluem o programa de aeronaves de

vigilância aérea, vigilância submarina, patrulha marítima e aeronave de transporte,

que derivaram da plataforma do EMB-145. Estas aeronaves são equipadas com

avançados sistemas de sensoriamento remoto de comando e controle e inteligência

de comunicações eletrônica de dados.

A versão AEW&C (Airborne Early Warning & Control) é equipada com radar

de vigilância, sistema de comando, controle e comunicação e interface de dados,

avançado recurso capaz de fornecer imagens em tempo real e inteligência eletrônica

de objetos terrestres.

O EMB-145 RS/AGS (Remote Sensing, Air to Ground), de sensoriamento

remoto e vigilância ar-terra possui um radar conhecido por SAR (Syntetic Aperture

Radar) para transmissão de imagens, durante o dia ou a noite e em qualquer

condição climática, de grandes áreas terrestres, entre outros sensores.

A versão P-99 é uma geração de aeronaves para missões de patrulhamento

marítimo e operações de vigilância de navios e submarinos; entre outros

equipamentos, destaca-se o radar de vigilância marítima e de solo, um sensor FLIR

(Forward Looking Infrared) infravermelho de visão avançada, equipamento de

57

interceptação de comunicações, satélite tático e comunicação de voz e dados. Na

Figura 1, alguns produtos oferecidos ao mercado de defesa.

Figura 1 – Produtos para a área de defesa

A plataforma do EMB-145, originalmente desenvolvida para o transporte

comercial de até 50 passageiros, teve como derivação, além das versões militares,

também o EMB-135, versão “encurtada” com 37 assentos; o EMB-140 com 44

assentos; e o EMB-145-XR também com 50 assentos, porém com autonomia de até

2000 milhas náuticas. (3700 quilômetros)

O Quadro 8 demonstra a evolução das aeronaves entregues no período de

1996 a 2000. Inclui a entrega, em 1996, de uma aeronave EMB-110 Bandeirante

que deixou de ser produzida dada a saturação do mercado nesse segmento. O

Brasília - EMB-120, turboélice para 30 passageiros, continua sendo produzido na

unidade de Botucatu conforme a exigência da demanda do mercado para esse

segmento de aeronaves.

Sistemas e Serviços

Treinamento Inteligência, Vigilância e Reconhecimento

Combate Transporte

58

1996 1997 1998 1999 2000

Aviação Comercial 22 42 73 103 157

EMB-145

EMB-135

EMB-120

EMB-110

4

0

17

1

32

0

10

0

60

0

13

0

80

16

7

0

112

45

0

0

Defesa 18 5 17 3 2

EMB-120

EMB-135

EMB- 312 Tucano

AMX

0

0

15

3

0

0

0

5

1

0

6

10

0

0

0

3

0

1

0

1

Aviação Corporativa 0 0 0 0 2

EMB-135 0 0 0 0 2

Aviação Leve 24 24 26 17 17

Total 64 71 116 123 178

Quadro 8 - Evolução de Aeronaves Entregues Fonte: EMBRAER Relatório Anual 2000

Em 2000 a empresa havia entregado 349 aeronaves da família EMB-145 e

contava com uma carteira de pedidos para mais 479 unidades, conforme

demonstrado nos Quadros 9, 10 e 11.

Quadro 9 - Carteira de Pedidos 145, por cliente Fonte: EMBRAER Relatório Anual 2000

Cliente País Ordens Firmes Opções Entregas Ordens FirmesAir Caraíbes Air Moldova

Alitalia Express American Eagle

Axon Airlines British Midland

British Regional Airlines Brymon Cirrus

Continental Express Crossair

ERA KLM Exel

LOT Polish Airlines Luxair

Mesa Airlines Portugália Airlines Proteus Airlines Regional Airlines

Rheintalflug Rio Sul

Sichuan Airlines Skyways AB

Trans States Airlines Wexford

Guadalupe Moldávia

Itália EUA

Grécia Grã-BretanhaGrã-BretanhaGrã-Bretanha

Alemanha EUA Suíça

Espanha Holanda Polônia

Luxemburgo EUA

Portugal França França Áustria Brasil China Suécia EUA EUA

2 2 8

56 4

10 23 7 1

225 25 2 3

16 9

36 8

13 15 3

15 5 4

12 45

0 2 13 17 2 6 3 14 0

100 15 0 2 0 2 64 0 0 0 5 15 0 11 0 45

2 0 6

50 0 6

17 6 1

79 9 2 2

10 7

12 8 6

11 3

15 3 4

11 18

0 2 2 6 4 4 6 1 0

146 16 0 1 6 2

24 0 7 4 0 0 2 0 1

27 Total 549 316 288 261

59

Quadro 10 - Carteira de Pedidos 140, por cliente Fonte: EMBRAER Relatório Anual 2000 Cliente País Ordens Firmes Opções Entregas Ordens Firmes

American Eagle British Midland

City Airline Continental Express

Proteus Airlines Regional Airlines

Regional Air Lines South African Airlink

EUA Grã-Bretanha

Suécia EUA

França França

Marrocos África do Sul

40 4 2

50 10 5 5

30

0 0 1 0 15 0 5 40

33 0 1

18 6 3 0 0

7 4 1

32 4 2 5

30 Total 146 61 61 85

Quadro 11 - Carteira de Pedidos 135, por cliente Fonte: EMBRAER Relatório Anual 2000 Uma nova família de jatos comerciais foi desenvolvida pela empresa para

atender o mercado de 70 a 118 passageiros. Esta família é composta pelos:

• EMBRAER-170 de 70 a 78 assentos;

• EMBRAER-175 de 78 a 86 assentos

• EMBRAER-190 de 98 a 106 assentos; e

• EMBRAER-195 de 108 a 118 assentos.

O EMBRAER-170 obteve, em fevereiro de 2004, o certificado de

homologação dos órgãos responsáveis do Brasil (CTA – Centro Técnico

Aeroespacial), dos Estados Unidos (FAA – Federal Aviation Administration) e da

União Européia (EASA – European Aviation Safety Agency); e, em março do mesmo

ano, entregou as primeiras unidades para clientes da Itália, Polônia e Estados

Unidos. Em 31 de dezembro de 2004, as entregas totalizavam 46 unidades e uma

carteira de pedidos firmes de 112 aeronaves.

Cliente País Ordens Firmes Opções Entregas Ordens Firmes

American Eagle EUA 133 31 0 133

Total 133 31 0 133

60

4.1.1 Tecnologia e Capacitação de Pessoas

No período de 1995 e 2001, a empresa investiu US$ 1,2 bilhão na aquisição

de tecnologias estratégicas para auxiliar no desenvolvimento de novos produtos e

otimizar a linha de produção.

Segundo Hugo Borelli Resende, Gerente de Processo de Desenvolvimento

Tecnológico da EMBRAER, a aplicação de novos conceitos de metodologia de

desenvolvimento de projeto e a competitividade dos produtos está relacionada com

a utilização de modernas tecnologias.

Sistemas informatizados de inteligência artificial, baseados em conhecimentos

armazenados, podem mapear os processos e aumentar a automação

proporcionando ao engenheiro a diminuição do tempo de cálculos para o

desenvolvimento de novos projetos. Esse sistema reduziu o ciclo de

desenvolvimento de algumas partes do avião de 200 para 20 dias.

O processo de engenharia e de manufatura também é gerenciado pelo

sistema CATIA (Computer Aided Tridimentional Interactive Aplication), aplicativo

informatizado que projeta todo o produto e seus componentes em três dimensões.

Segundo Resende, esse aplicativo reduziu o ciclo de projeto de aeronaves de 60

para 38 meses.

Na fase de desenvolvimento do produto, a empresa conta com o apoio do

CRV (Centro de Realidade Virtual), que é equipado com computadores gráficos e

que possibilita a visualização de uma aeronave, ainda em projeto, em três

dimensões, com detalhes de toda a estrutura. (SILVEIRA, 2002, p.4)

A instalação do Centro de Realidade Virtual demandou investimento de US$

1,6 milhão e beneficiou principalmente as áreas de engenharia, manufatura e de

suporte ao cliente. Eventuais falhas podem ser identificadas e corrigidas antes que

61

qualquer componente seja produzido. Muito embora a concepção do CRV tenha sido

para auxiliar os projetos, o desenvolvimento de produtos e as atividades ligadas à

produção, também tem servido a atividades ligadas ao treinamento, manutenção e

marketing.

O ITA, inaugurou em maio de 2003, um novo túnel de vento para emprego

nos ensaios de desenvolvimento de produtos, dotado de sistemas digitais de

medição, com financiamento de US$ 2,8 milhões, divididos em partes iguais entre a

EMBRAER e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

(FAPESP), constituindo, segundo Mauricio Botelho, presidente da EMBRAER,

“um eloqüente exemplo dos bons resultados que parcerias eficazes entre indústria, universidade e instituições de fomento à pesquisa e o desenvolvimento podem proporcionar”.

Em junho de 2000, a empresa anunciou a decisão de investimento de US$

150 milhões na implantação de uma nova unidade industrial no estado de São

Paulo, em Gavião Peixoto, município da região de Araraquara, ocupando uma área

de 17 milhões de metros quadrados. Esta seria a quarta unidade fabril em São

Paulo, pois já existiam duas em São José dos Campos e uma em Botucatu.

A decisão foi tomada tendo em vista que a expansão dos negócios

internacionais atingiria os limites dos parques industriais em curto prazo. A região foi

a escolhida pela sua baixa densidade demográfica e a ampla disponibilidade de

espaço aéreo, que proporcionaria condições ideais para os ensaios com aeronaves

militares, dada às velocidades e manobras necessárias; também para os testes de

controlabilidade em baixa velocidade, que necessitam ser feitos em pistas especiais,

com maior comprimento e maior largura, existentes, até então, somente em países

do Hemisfério Norte.

A pista de testes de Gavião Peixoto iniciou as operações em outubro de 2001.

Esta situada a 608 metros acima do nível do mar, com cinco mil metros de

62

comprimento e 95 metros de largura, considerada a maior de toda a América Latina,

permitindo a realização de testes antes efetuados somente no exterior.

Além da pista de testes, da torre de controle, do ambulatório, do corpo de

bombeiros, dos escritórios, da portaria e do hangar da área de ensaios em vôo, a

unidade de Gavião Peixoto também tem a instalação preparada para o suporte de

serviços ao cliente, fabricação de aviões militares e a linha de montagem do Legacy,

primeiro avião executivo da empresa, fabricado em três versões: Executivo, Shuttle e

Transporte de Autoridades. Na Figura 2 a cabine de passageiros, o que distingue as

versões, dos modelos Executivo e Shuttle.

Figura 2 – Cabine de passageiros das versões Executiva e Shuttle do Legacy

Em convênio com o Governo do Estado de São Paulo, Prefeitura de

Araraquara e o Serviço de Aprendizagem Industrial (SENAI), a empresa investiu R$

3 milhões em equipamentos para estruturação de cursos e R$ 300 mil em materiais

para alunos aprendizes de chapeamento de estruturas aeronáuticas e eletricidade

aeronáutica.

Um programa de especialização aeronáutica para engenheiros foi iniciado em

março de 2001, como a iniciativa de capacitar e aperfeiçoar profissionalmente 165

engenheiros recém formados, ou que tivessem até dois anos de experiência no ramo

Legacy Versão Executive Legacy Versão Shuttle

63

aeronáutico. O programa contou com orçamento da ordem de US$ 5,8 milhões no

primeiro ano para as instalações, equipamentos e pessoal.

Para as 165 vagas, candidataram-se mais de dois mil engenheiros, que se

submeteram aos testes iniciais de aptidão, dos quais foram pré-selecionados 300. A

fase seguinte aplicação de testes técnicos definiu as contratações. Os alunos

tiveram direito à salários e direitos garantidos pela legislação trabalhista durante o

curso com duração de 18 meses, além de receberem todo o material de ensino

necessário, incluindo computadores portáteis e acesso irrestrito à Internet.

A primeira turma do Programa de Especialização em Engenharia Aeronáutica

formou-se em agosto de 2002 com 164 engenheiros que passaram a compor a

equipe de engenharia integrando as equipes de desenvolvimento dedicadas aos

novos programas da empresa. A segunda turma iniciou o curso em março de 2002,

com 139 estudantes; e a terceira turma, com 85 alunos, em julho do mesmo ano.

4.1.2 Atuação Global

A EMBRAER apresentou, no 6º Encontro Anual de Analistas e Investidores, o

EMBRAER Day, evento realizado em 17 e 18 de novembro de 2005, na cidade de

São José dos Campos, no Estado de São Paulo, a sua estimativa da demanda

mundial por aviões comerciais a jato com capacidade de 30 a 120 passageiros e

aviação executiva para os próximos 20 anos. A expectativa da empresa é de 7950

aeronaves para um mercado estimado em US$ 180 bilhões, conforme apresentado

no Quadro 12.

64

Mercado (Assentos) 2006 – 2015 2016 – 2025 2006 – 2025

30 – 60

61 – 90

91 – 120

Total

500

1.300

1.550

3.350

1.050

1.650

1.900

4.600

1.550

2.950

3.450

7.950 Quadro 12 - Perspectiva do Mercado Aeronáutico O estudo realizado pela empresa indica que a demanda do segmento do

mercado de aviação comercial concentra-se nos EUA, Canadá e Região do Caribe,

conforme Quadro 13.

Região Entregas (30 – 120 assentos) Porcentagem

EUA, Canadá e Caribe

Europa

China

Rússia

América Latina

Ásia Pacífico

África e Oriente Médio

Total

4.230

1.450

590

525

465

410

280

7.950

53%

18%

7%

7%

6%

5%

4%

Quadro 13 - Perspectiva do Mercado Aeronáutico, por Região

O cenário econômico mundial, segundo estudos da EMBRAER, é positivo e

indica crescimento de demanda de passageiros, expansão das empresas Low Cost

Carriers (LLC), otimização da frota, eficiência e flexibilidade das operadoras.

Os mercados dos EUA, Canadá e Caribe apresentarão nos próximos 20 anos,

forte expansão das empresas LLC, criação de novas rotas, substituição da frota e

demanda por jatos de 70 a 110 assentos.

As previsões para o mercado europeu indicam uma forte regulamentação

visando principalmente a preservação ambiental, também um crescimento das

65

operadoras LLC, grande competitividade dos transportes ferroviários, e também a

substituição da frota e demanda por jatos de 70 a 110 assentos.

A China, com um mercado altamente regulamentado, ampliará a demanda

pela utilização de jatos de 50 assentos, principalmente na sua região oeste. As

oportunidades pelo surgimento de novas rotas aumentará a competitividade,

contudo as operadoras poderão ter dificuldades pela escassez de pilotos na região.

O mercado russo demandará jatos de 30 a 50 assentos para a renovação da

frota. A melhoria da economia russa terá em contrapartida a regulamentação do

mercado e fortes barreiras tarifárias.

Os aviões da América Latina, muito antigos, demandarão substituições e

revitalizações, contudo a continuidade pelas dificuldades promovida pela escassez

de financiamentos promoverá o aumento do comércio de aeronaves usadas e

turboélice.

A crescente abertura do mercado asiático aumentará a competitividade entre

os fornecedores do mercado, porém a região ainda apresenta grande escassez de

pilotos para operar as aeronaves nessa região.

As rotas aéreas africanas são basicamente exploradas por companhias

aéreas nacionais que recebem forte influência política, contudo surgirão

oportunidades de expansão de mercado em países com economia baseada no

turismo e na infra-estrutura.

O Oriente Médio apresentará desenvolvimento da rede regional para os jatos

de 70 a 110 assentos com alto padrão de conforto, contudo, mantendo a competição

reduzida pela forte regulamentação do mercado.

Para a aviação executiva, nos próximos dez anos, a empresa estima uma

demanda de mercado para 9.680 aeronaves. Essa estimativa inclui o segmento VLJ

(very light jet), aeronaves com capacidade para seis a oito ocupantes, porém

66

desconsidera a demanda pelo novo potencial do mercado de táxi aéreo. O segmento

VLJ deverá atingir 26% desse total, ou seja, 2.500 aeronaves nos próximos dez

anos.

O segmento LJ (light jet), aeronaves para sete a nove ocupantes, deverá

alcançar 1.750 unidades na próxima década. No segmento VLJ e LJ, a EMBRAER

lançou a família Phenom, (Figura 3) com início de entregas previsto para o ano de

2008.

Figura 3 – Família Phenom da EMBRAER

Para o atendimento e suporte aos clientes, a EMBRAER mantém escritórios

de representação e unidades para o fornecimento de peças de reposição e oficinas

de reparos e serviços, espalhados por pontos estratégicos para facilitar e agilizar o

atendimento ao cliente, além de unidades fabris no Brasil e na China. Conforme

Figura 4, nos Estados Unidos, em Nashville e Fort Laderdale; na França em Le

Bourget e Villepinte; em Portugal, na cidade de Alverca; na China em Beijing e em

Cingapura.

No Brasil são duas unidades fabris em São José dos Campos, além da

ELEB, joint-venture responsável pelo desenvolvimento e produção dos trens de

Embraer Very Light Jet (6 a 8 ocupantes)

Embraer Light Jet (7 a 9 ocupantes)

67

pouso e sistemas hidráulicos das aeronaves produzidas pela EMBRAER, uma

unidade fabril em Botucatu para produção dos aviões leves e agrícolas e uma

unidade fabril em Gavião Peixoto que além dos testes das aeronaves e prestação de

suporte e serviços ao cliente, também está capacitada para a fabricação de aviões

militares e montagem da linha executiva.

Figura 4 – Unidades da EMBRAER no mundo

Na China, em Harbin, a EMBRAER mantém uma joint-venture, denominada

HEAI Harbin Embraer Aircraft Industry Co. Ltd., com duas empresas chinesas, HAI –

Harbin Aircraft Industry Co. Ltd. e a Hafei Aviation Industry Co. Ltd. para a

fabricação do EMB-145.

Em fevereiro de 2004, a HEAI anunciou o primeiro contrato de venda de seis

aeronaves EMB-145, de fabricação chinesa, para a China Southern Airlines,

Base Global

Unidades no Brasil, EUA, Europa e Ásia

França Le Bourget

Villepinte

China Beijing e Harbin

Cingapura

EUA

Nashville Fort Lauderdale

Brasil Gavião Peixoto

Botucatu São José dos Campos

Portugal Alverca

68

detentora de 38% do mercado chinês, aumentando assim a frota do EMB-145,

naquele mercado, para 11 aeronaves. Desde 2000, cinco destes aviões já vinham

sendo operados pela Sichuan Airlines, da China. A EMBRAER estima que a

demanda para o mercado chinês até o ano de 2023 seja de 635 aeronaves no

segmento de 30 a 120 assentos.

As unidades de suporte e centros de serviços ao cliente estão

estrategicamente instaladas pelo mundo buscando a proximidade às operadoras dos

produtos EMBRAER para oferecer rápido atendimento e redução do tempo da

aeronave parada no solo (AOG – Aircraft on Ground), para as manutenções

corretivas ou preventivas, o que significa perda de receitas para o cliente.

Quando a EMBRAER foi privatizada, no final de 1994, o quadro de

empregados contava com 6.087 empregados. A estrutura funcional foi adaptada

para a realidade da empresa à época, e em abril de 1997 tinha 3.200 empregados. A

partir daí, a gradativa recuperação justificou novas contratações e planejados

aumentos do número de empregados.

Em setembro 2001, por força de reprogramação de entregas de aeronaves

para clientes, a EMBRAER reduziu o seu quadro funcional de 12.700 para 10.900

empregados. Retomada a cadência das entregas, novas contratações e

recontratações foram feitas. Em junho de 2005, a empresa contava com o total de

16.878 empregados diretos, espalhados pelo mundo, conforme Figura 5.

Do efetivo total da EMBRAER, 22% é composta por profissionais formados

em engenharia, considerando inclusive os engenheiros dedicados a outras

atividades não voltadas diretamente para o produto. Nenhum dos empregados tem

nível de escolaridade inferior ao 2º grau; 26% tem formação universitária em

diversas áreas; 6% são pós-graduados; e 2% do efetivo é formado por doutores ou

mestres.

69

Figura 5 – Evolução do número de empregados da EMBRAER

Para o treinamento e a capacitação dos seus profissionais a EMBRAER

investiu quase US$ 1 milhão entre os anos de 2000 e 2004 conforme Quadro 14, ou

seja, mais de US$ 1,6 mil por empregado ao ano.

Valores em US$ milhões Quadro 14 – Investimento em Treinamento e Capacitação (2000-2004)

6.0874.319 3.849 4.494

8.302

11.04812.227 12.941

14.658

16.878

6.737

10.334

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Junho 05

Abril/ 97: mínimo de 3.200 pessoas

BRASIL 14.466

EUA 428 CHINA 185

FRANÇA 176 CINGAPURA 13

PORTUGAL 1.610

2124,5

13,5

22,6

18

2000 2001 2002 2003 2004

70

Além dos investimentos em treinamento e capacitação profissional dos

empregados, a empresa procura motivá-los com uma Política de Remuneração

diferenciada, de programa de benefícios essenciais e reconhecimento individual pela

conquista de metas.

4.1.3 Resultados da Estratégia de Negócios adotadas pela EMBRAER

A acentuada crise financeira do início dos anos de 1990 forçou a EMBRAER a

reduzir o seu quadro de empregados e abandonar o projeto do CBA-123 Vector, em

consórcio com a Argentina, e retardar o desenvolvimento do projeto do EMB-145,

culminando com a efetivação do processo de privatização em 1994.

A partir daí, juntaram-se duas culturas, a engenharia e indústria, construída

durante décadas e a empresarial, que promoveu a retomada do crescimento,

impulsionada pelo programa EMB-145.

Com o lançamento da família do EMBRAER-170/190; de aeronaves da linha

executiva; dos produtos de defesa na área de inteligência, vigilância e

reconhecimento; e do projeto ALX, (Super Tucano), a empresa aumentou a atuação

no mercado aeronáutico e ampliou as receitas e diversificou o seu mercado.

A indústria aeronáutica tem como característica o emprego simultâneo de

múltiplas tecnologias de ponta no produto e nos métodos e processos de

desenvolvimento e fabricação; mão-de-obra qualificada; atendimento das exigências

de uma indústria global; e flexibilidade para reação rápida às mudanças de cenários,

que apresentam imediatos reflexos nesse segmento e exigência de grandes volumes

de capital para as suas operações.

71

Dado os baixos volumes de produção e aos elevados custos envolvidos, a

viabilização dos negócios da indústria aeronáutica necessita de uma atividade

exportadora acentuada e de ação global com base nos clientes, parceiros,

fornecedores e instituições financeiras. Portanto, todas essas características e os

longos ciclos para desenvolvimento e maturação dos produtos tornam a indústria

aeronáutica dependente de grandes volumes de capital.

A EMBRAER busca o crescimento das suas operações pelo lançamento de

novos produtos e aumento da sua presença no mercado sob criteriosa análise das

oportunidades e do retorno sobre o capital investido.

A empresa tem, como estratégia para a conquista de novos mercados, o

crescimento, a consolidação da sua marca, e a presença física nesses mercados

alvo. Não considera que a internacionalização das suas operações signifique um

afastamento das origens, mas o fortalecimento da EMBRAER e a criação de mais

empregos de qualificação, no Brasil e em subsidiárias e controladas fora do país.

(EMBRAER Relatório Anual 2004)

Atualmente, o mercado da aviação comercial enfrenta dificuldades e

transformações devido à redução do preço das tarifas médias, ao crescimento das

companhias aéreas de baixo custo (LCC – Low Cost Carriers) e ao aumento do

preço dos combustíveis. O aumento do número de passageiros e o esforço para

redução de custos não têm se traduzido em recuperação do setor.

As dificuldades financeiras das principais operadoras têm resultado em

escassez de crédito para o mercado de capitais e bancos comerciais para

financiamento de novas vendas; e, em função dessa situação, as agências de

crédito à exportação têm apresentado importante papel na viabilização de negócios.

A empresa tem investido no crescimento de sua participação no mercado de

aviação corporativa, dominado por fabricantes consagrados, mas que tem dado

72

sinais de crescimento e aponta para taxas significativas de crescimentos para os

próximos 10 anos. No ano de 2004, entregou 13 unidades da aeronave Legacy.

No mercado de defesa, a empresa investe no constante aperfeiçoamento de

suas aeronaves para atendimento a esse segmento, considerando que os gastos em

defesa e segurança, em especial nos Estados Unidos, têm aumentado.

O orçamento norte americano para a defesa atingiu US$ 400 bilhões ao ano.

O crescimento das atividades ilícitas, como o narcotráfico e o esgotamento e uso

indevido de recursos naturais, em muitos países do mundo, também são grandes

problemas enfrentados pelos governos, o que exige grandes investimentos nos

sistemas de segurança, inteligência, vigilância e reconhecimento, além de outras

ações militares.

Em 2004, a EMBRAER apresentou o lucro líquido recorde US$ 380 milhões,

conforme Quadro 15, alavancado pelas primeiras entregas do EMB-170 e um maior

número de entregas de aeronaves da família 145; associados ao desempenho do

mercado de defesa, da aviação corporativa e de serviços ao cliente.

Quadro 15 - Lucro Líquido da EMBRAER (US GAAP)

As exportações, em 2004, totalizaram US$ 3.347,8 milhões, demonstrado no

Quadro 16. A aplicação das estratégias de negócios da EMBRAER tem se traduzido

(US$ milhões)

3

145

235

321 328

223

136

380

97

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 1T05

73

em exportações de produtos de alta tecnologia agregada, tendo respondido pelo

primeiro lugar das exportações brasileiras efetuadas nos anos de 1999, 2000 e

2001.

Exportações da EMBRAER(US$ Milhões)

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

1998 1999* 2000* 2001* 2002 2003 2004

Quadro 16 - Exportações da EMBRAER

Os anos de 2002 e 2003 apresentaram sucessivas quedas no valor das

exportações em razão das dificuldades econômicas das operadoras, causadas pela

alta dos combustíveis e agravadas pelos efeitos dos ataques terroristas nos Estados

Unidos em 11 de setembro de 2001, envolvendo o World Trade Center em Nova

Iorque.

A EMBRAER levou em consideração o impacto desse acontecimento sobre a

demanda das operações dos seus clientes e embora não tivesse ocorrido nenhum

cancelamento de pedidos, observou-se a necessidade de reprogramar as entregas

planejadas.

Foi necessária a adequação da empresa frente ao novo cenário, e em 28 de

setembro de 2001, anunciou que os investimentos para os serviços de suporte ao

cliente e para a unidade industrial de Gavião Peixoto seriam mantidos, bem como o

desenvolvimento dos programas nas áreas de aviação comercial, corporativa e de

defesa.

Contudo, os orçamentos planejados para máquinas e equipamentos foram

ajustados para a nova realidade. O quadro de empregados também foi reduzido de,

74

aproximadamente, 12.700 para 10.900 empregados a partir de 1º de outubro de

2001.

A recuperação das exportações se deu em 2004 promovidas, basicamente

pelas primeiras entregas das novas aeronaves de 70 a 78 assentos, o EMB-170, e

maiores entregas do EMB-145 (Figura 6).

Figura 6 – Versão básica do EMB-145 e EMB-170

Os esforços da EMBRAER para a ampliação da participação de mercados já

consagrados, como os Estados Unidos, Canadá e Europa, e a conquista de

mercados ainda inexplorados totalmente, como o da China, Rússia, América Latina,

Ásia, África e Oriente Médio, promoverá maiores exportações brasileiras, e

conseqüentemente, novos investimentos em pesquisas e desenvolvimentos

tecnológicos, de forma a agregar, cada vez mais, valores aos produtos brasileiros.

4.1.4 Os efeitos na Balança Comercial Brasileira

A movimentação da Balança Comercial Brasileira em 2000 indicou déficit de

US$ 0,6 milhão; redução de 91,68% do déficit de US$ 8,3 bilhões apresentado em

75

1997. O maior crescimento das exportações se deu no setor de aviação, ferroviário,

embarcações e motocicletas. O aumento das exportações nesse segmento foi de

US$ 2.665 milhões, 236,9% a mais que em 1997.

O crescimento das exportações se deu nos setores menos intensivo em

tecnologia, com exceção do setor de aviação, e os que mais importaram foram os

setores com maior intensidade em tecnologia, com exceção do petróleo e álcool.

O Quadro 17, resume a movimentação da Balança Comercial Brasileira por

setores, no período de 1997 a 2000, com a demonstração dos valores das

importações e das exportações dos setores, bem como o seu percentual de

participação no total brasileiro.

O setor de aviação, veículos ferroviários, embarcações e motocicletas

apresentou no período de 1997 a 2000 exportações que somaram US$ 8.569

milhões contra US$ 7.244 milhões de importação, resultaram em superávit de US$

1.325 milhões no período, com reversão do déficit de US$ 399 milhões em 1997

para US$ 1.735 milhões de superávit em 2000.

As exportações apresentaram crescimento de 236,9% e as importações

cresceram 35%. O Quadro 18 indica que o item aeronave representou 93% das

exportações e 83% das importações do setor. Esse item é representado pela única

produtora brasileira desse item, a EMBRAER, que em 1999, 2000 e 2001 foi a maior

exportadora do país.

A indústria aeronáutica contribuiu para a redução do déficit da Balança

Comercial Brasileira nesse período, com 3,84% do total exportado pelo país. O total

das exportações brasileiras foi de US$ 207.223,5 milhões. Embora, por outro lado,

também tenha sido a responsável por 2,69% das importações do país, que no

período somou US$ 224.138,8 bilhões, a indústria conquistou a condição

superavitária de 31,85% (US$ 1.920,0 milhões).

Balança Comercial Brasileira por Setores da Economia (1997 / 2000) (US$ Milhões)

1997 1998 1999 2000

Exportação Importação Saldo Exportação Importação Saldo Exportação Importação Saldo Exportação Importação Saldo Setores Valor (%) Valor (%) Valor (%) Valor (%) Valor (%) Valor (%) Valor (%) Valor (%) Total da Agropecuária 6.789,0 12,8% 3.023,0 4,9% 3.766,0 5.938,0 11,6% 3.081,0 5,3% 2.857,0 5.111,0 10,6% 2.211,0 4,5% 2.900,0 5.002,0 9,1% 2.207,0 4,0% 2.795,0 Extração de Carvão Mineral 0,2 0,0% 663,4 1,1% (663,2) 0,0 0,0% 614,3 1,1% (614,3) 0,1 0,0% 529,3 1,1% (529,2) 0,2 0,0% 521,8 0,9% (521,6) Extração Petróleo e Gás 6,0 0,0% 3.213,0 5,2% (3207,0) 10,0 0,0% 2017 3,5% (2.007,0) 2,0 0,0% 2.180,0 4,4% (2.178,0) 159,0 0,3% 3.304,0 5,9% (3.145,0) Extração Min. Metálicos 3.029,0 5,7% 399,0 0,7% 2630,0 3439,0 6,7% 259 0,4% 3.180,0 2.905,0 6,1% 309,0 0,6% 2.596,0 3.222,0 5,8% 356,0 0,6% 2.866,0 Extração de Min. Não Metálicos 194,0 0,4% 585,0 1,0% (391,0) 206,0 0,4% 567 1,0% (361,0) 244,0 0,5% 524,0 1,1% (280,0) 313,0 0,6% 702,0 1,3% (389,0) Total da Indústria Extrativa 3.229,2 6,1% 4.860,4 7,9% (1.631,2) 3.655,0 7,1% 3.457,3 6,0% 197,7 3.151,1 6,6% 3.542,3 7,2% (391,2) 3.694,2 6,7% 4.883,8 8,8% (1.189,6) Alimentos e Bebidas 9.407,0 17,8% 3.302,0 5,4% 6.105,0 8.945,0 17,5% 3.337,0 5,8% 5608,0 8.833,0 18,4% 2.286,0 4,6% 6.547,0 8.047,0 14,6% 2.091,0 3,7% 5.956,0 Fumo 713,0 1,3% 56,0 0,1% 657,0 753,0 1,5% 48,0 0,1% 705,0 212,0 0,4% 9,0 0,0% 203,0 167,0 0,3% 7,0 0,0% 160,0 Têxtil 967,0 1,8% 1.100,0 1,8% (133,0) 852,0 1,7% 923,0 1,6% (71,0) 774,0 1,6% 718,0 1,5% 56,0 853,0 1,5% 787,0 1,4% 66,0 Vestuário 205,0 0,4% 360,0 0,6% (155,0) 171,0 0,3% 301,0 0,5% (130,0) 158,0 0,3% 161,0 0,3% (3,0) 261,0 0,5% 140,0 0,3% 121,0 Couro e Calçados 2.331,0 4,4% 420,0 0,7% 1.911,0 2.067,0 4,0% 308,0 0,5% 1759,0 1.968,0 4,1% 229,0 0,5% 1.739,0 2.395,0 4,3% 265,0 0,5% 2.130,0 Madeira 1.179,0 2,2% 121,0 0,2% 1.058,0 1.076,0 2,1% 112,0 0,2% 964,0 1.367,0 2,8% 63,0 0,1% 1.304,0 1.472,0 2,7% 76,0 0,1% 1.396,0 Papel e Celulose 1.978,0 3,7% 1.054,0 1,7% 924,0 1.968,0 3,8% 1.054,0 1,8% 914,0 2.135,0 4,4% 825,0 1,7% 1.310,0 2.518,0 4,6% 962,0 1,7% 1.556,0 Edição e Impressão 57,0 0,1% 448,0 0,7% (391,0) 61,0 0,1% 376,0 0,7% (315,0) 65,0 0,1% 240,0 0,5% (175,0) 73,0 0,1% 240,0 0,4% (167,0) Petróleo e Álcool 1.076,0 2,0% 3.324,0 5,4% (2.248,0) 915,0 1,8% 2.533,0 4,4% (1618,0) 1.213,0 2,5% 2.727,0 5,5% (1.514,0) 1.787,0 3,2% 4.486,0 8,0% (2.699,0) Química 3.615,0 6,8% 9.430,0 15,4% (5.815,0) 3.393,0 6,6% 9.567,0 16,6% (6174,0) 3.201,0 6,7% 9.294,0 18,9% (6.093,0) 3.719,0 6,8% 9.997,0 17,9% (6.278,0) Borracha e Plástico 870,0 1,6% 1.416,0 2,3% (546,0) 869,0 1,7% 1.437,0 2,5% (568,0) 851,0 1,8% 1.169,0 2,4% (318,0) 943,0 1,7% 1.341,0 2,4% (398,0) Prod Min não Metálicos 764,0 1,4% 558,0 0,9% 206,0 757,0 1,5% 507,0 0,9% 250,0 767,0 1,6% 383,0 0,8% 384,0 852,0 1,5% 419,0 0,8% 433,0 Metalurgia 6.214,0 11,7% 1.974,0 3,2% 4.240,0 5.547,0 10,8% 1.965,0 3,4% 3582,0 5.229,0 10,9% 1.511,0 3,1% 3.718,0 6.088,0 11,1% 1.829,0 3,3% 4.259,0 Produtos de Metal 612,0 1,2% 932,0 1,5% (320,0) 591,0 1,2% 963,0 1,7% (372,0) 519,0 1,1% 735,0 1,5% (216,0) 556,0 1,0% 711,0 1,3% (155,0) Máq. e Equipamentos 3.468,0 6,5% 8.816,0 14,4% (5.348,0) 3.213,0 6,3% 7.883,0 13,7% (4670,0) 2.782,0 5,8% 6.414,0 13,0% (3.632,0) 3.047,0 5,5% 5.868,0 10,5% (2.821,0) Máq. Escrit e Informática 345,0 0,7% 1.728,0 2,8% (1.383,0) 354,0 0,7% 1.735,0 3,0% (1381,0) 471,0 1,0% 1.539,0 3,1% (1.068,0) 490,0 0,9% 1.951,0 3,5% (1.461,0) Materiais Elétricos 813,0 1,5% 2.298,0 3,7% (1.485,0) 765,0 1,5% 2.458,0 4,3% (1693,0) 699,0 1,5% 2.239,0 4,5% (1.540,0) 815,0 1,5% 2.121,0 3,8% (1.306,0) Mat. Eletrônico e Comunicação 842,0 1,6% 5.644,0 9,2% (4.802,0) 833,0 1,6% 4.907,0 8,5% (4074,0) 1.000,0 2,1% 4.814,0 9,8% (3.814,0) 2.010,0 3,6% 6.640,0 11,9% (4.630,0) Instr. Médicos e Ópticos 223,0 0,4% 2.060,0 3,4% (1.837,0) 272,0 0,5% 2.083,0 3,6% (1811,0) 322,0 0,7% 1.714,0 3,5% (1.392,0) 360,0 0,7% 1.932,0 3,5% (1.572,0) Veículos Automotores 5.526,0 10,4% 6.227,0 10,1% (701,0) 5.922,0 11,6% 6.403,0 11,1% (481,0) 4.510,0 9,4% 4.159,0 8,4% 351,0 5.366,0 9,7% 4.385,0 7,9% 981,0 Aviação, Ferrov., Embarc. E Motos 1.125,0 2,1% 1.524,0 2,5% (399,0) 1.617,0 3,2% 1.757,0 3,0% (140,0) 2.037,0 4,2% 1.908,0 3,9% 129,0 3.790,0 6,9% 2.055,0 3,7% 1.735,0 Móveis 642,0 1,2% 678,0 1,1% (36,0) 602,0 1,2% 534,0 0,9% 68,0 636,0 1,3% 384,0 0,8% 252,0 781,0 1,4% 388,0 0,7% 393,0 Total da Indústria Transformação 42.972,0 81,1% 53.470,0 87,2% (10.498,0) 41.543,0 81,2% 51.191,0 88,7% (9648,0) 39.749,0 82,8% 43.521,0 88,3% (3.772,0) 46.390,0 84,2% 48.691,0 87,3% (2.301,0) Total do Brasil 52.990,2 100,0% 61.353,4 100,0% (8.363,2) 51.136,0 100,0% 57.729,3 100,0% (6593,3) 48.011,1 100,0% 49.274,3 100,0% (1.263,2) 55.086,2 100,0% 55.781,8 100,0% (695,6)

Quadro 17 - Balança comercial de 1997 a 2000 por setores Valores em US$ milhões Fonte: Piccinini, Puga; 2001

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Exportações Importações Porcentual Aeronaves 7.949,0 6.029,0 75,85% Motocicletas 183,0 376,0 205,46% Veículos Ferroviários 65,0 530,0 815,38% Embarcações 344,0 73,0 21,22% Bicicletas e Triciclos 24,0 225,0 937,50% Outros 4,0 11,0 275,00% Total 8.569,0 7.244,0 84,54%

Quadro 18 – Exportações do Setor Aviação, Veículos Ferroviários, Embarcações e Motocicletas (1997-2000) Valores em US$ milhões Fonte Piccinini, Puga; 2001

Conforme demonstrado no Quadro 19, o setor manteve crescente a

participação nas exportações brasileiras para os países do Nafta (Estados Unidos,

Canadá e México) e União Européia (Bélgica, França, Holanda, Itália, Luxemburgo,

Alemanha Ocidental, Grã-Bretanha, Dinamarca, Irlanda, Grécia, Espanha, Portugal,

Finlândia, Suécia, Áustria, Polônia, Letônia, Lituânia, República Tcheca, Eslováquia,

Hungria, Estônia, Eslovênia, Malta e Chipre).

1997 1998 1999 2000

Região Brasil Setor Part

Setor Brasil Setor Part Setor Brasil Setor Part Setor Brasil Setor Part Setor

Demais Países 6.389,0 208,0 3,26% 6.282,0 168,0 2,67% 5.928,0 188,0 3,17% 6.366,0 433,0 6,80%

Ásia 7.730,0 0,00% 5.613,0 0,00% 5.735,0 0,00% 6.329,0 212,0 3,35%

União Européia 14.512,2 183,0 1,26% 14.738,0 298,0 2,02% 13.731,1 463,0 3,37% 14.778,2 916,0 6,20%

Nafta 10.819,0 455,0 4,21% 11.411,0 1.077,0 9,44% 12.430,0 1.314,0 10,57% 15.644,0 2.159,0 13,80%

América Latina (-México) 13.541,0 279,0 2,06% 13.092,0 74,0 0,57% 10.187,0 72,0 0,71% 11.969,0 70,0 0,58%

Total 52.991,2 1.125,0 2,12% 51.136,0 1.617,0 3,16% 48.011,1 2.037,0 4,24% 55.086,2 3.790,0 6,88%

Quadro 19 – Exportações Brasileiras e participação do Setor (1997-2000) Valores em US$ milhões Fonte Piccinini, Puga; 2001 Em 2000 iniciou operações de exportações para o mercado asiático e

recuperou a participação nos “demais países” (Oriente Médio, África, Oceania e

países europeus não participantes da União Européia). Em 1997 as exportações

brasileiras para a América Latina, menos o México, teve importante significado pelas

vendas de US$ 178 milhões em embarcações efetuadas para o Panamá. Após esse

78

evento, a região apresentou pouca representatividade para as exportações

brasileiras. (PICCININI, PUGA; 2001, p. 36)

A EMBRAER anunciou em 23 de julho de 2002, a assinatura de proposta

comercial pela Jet Airways, da Índia, para compra firme de dez aeronaves EMB-175,

com opções de outras dez unidades do mesmo modelo. O valor das encomendas

firmes foi de US$ 260 milhões, podendo chegar a US$ 520 milhões.

A companhia aérea Indiana, Jet Airways, é a maior operadora aérea

doméstica privada, operando em média 245 vôos diários para 41 destinos dentro do

país. Num período de nove anos a empresa conquistou 46% do mercado doméstico

indiano e desde a sua inauguração, em 5 de maio de 1993, transportou 31,5

milhões passageiros.

A EMBRAER investe no desenvolvimento do mercado latino-americano. Entre

os dias 26 e 29 de abril de 2005, a empresa participou do LAAD 2005 (Latin América

Aero & Defense), evento que aconteceu no Riocentro, na cidade do Rio de Janeiro,

com a mostra de aeronaves comerciais, corporativas e de defesa.

No dia 18 de abril de 2005, a EMBRAER anunciou a assinatura de contrato

para a venda de três aviões da família EMB-170, dois jatos EMB-170 de 76 lugares e

um EMB-190 de 104 lugares, para TAME Línea Aérea Del Ecuador, importante

companhia aérea do Equador, com 42 anos de operação tendo já transportado mais

de 28 milhões de passageiros.

Na área de defesa, a empresa divulgou em 08 de dezembro de 2005, a

assinatura de contrato com o Governo da Colômbia para o fornecimento de 25

aeronaves Super Tucano no valor total de US$ 235 milhões. A Força Aérea

Colombiana irá operar o Super Tucano em missões de segurança interna e

patrulhamento de fronteiras.

79

A EMBRAER participou de 16 a 20 de março da IDEX 2003, 6ª Exposição

Internacional de Defesa em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. A exposição é

um dos grandes eventos aeronáuticos internacionais no setor de defesa na região

do Golfo Pérsico e Oriente Médio.

No Oriente Médio, representantes da Saudi Arabian Airlines assinaram em 27

de abril de 2005, contrato para a compra de 15 aviões EMB-170 no valor de US$

400 milhões. A Saudi Arabian Airlines, com 60 anos de operação, pretende utilizar

as novas aeronaves nos mercados domésticos e regionais, aumentando a

freqüência das rotas já existentes.

80

5 CONCLUSÃO

A globalização dos negócios encerrou a grande rivalidade entre os sistemas

capitalista e comunista que dividia o mundo e imprimia maior pobreza aos países

subdesenvolvidos os quais, ao mesmo tempo em que procuravam proteger o seu

mercado interno das invasões de produtos importados, também se tornavam mais

pobres e tecnologicamente incapazes de competir.

As indústrias de produtos intensivos em mão-de-obra, por exemplo, as de

calçados esportivos buscam transferir a sua produção para países de baixa renda,

proporcionando oportunidades de trabalho e de desenvolvimento para essas regiões

e desafia os países de renda mais alta a alocarem a mão-de-obra na elaboração de

produtos menos intensivo desse fator, concentrando as energias na capacitação e

no desenvolvimento tecnológico.

O comércio internacional não se limita mais aos simples fornecimentos de

produtos escassos em alguma região, mas promove a competição com grande

oferta de produtos cada vez mais elaborados e capazes de atender às

necessidades, muitas vezes, nem percebidas pelo consumidor.

No cenário brasileiro, o comportamento do comércio global tem demonstrado

bons desempenhos, tendo conseguido reduzir o déficit de US$ 8,3 bilhões em 1997

para US$ 0,6 bilhões em 2000.

A competência tecnológica e o foco no cliente global são os principais

instrumentos de desenvolvimento econômico de um negócio. A capacidade

tecnológica oferece condições empresariais para a rápida concepção,

desenvolvimento e lançamento de produtos com valor agregado para o cliente,

agente motivador do funcionamento dos mercados, sempre em busca de produtos

81

com soluções imediatas e eficientes. Contudo, tal desenvolvimento tecnológico exige

constantes investimentos que somente o retorno sobre o capital investido pode

proporcionar.

O caso do êxito da EMBRAER, foi promovido pela integração da capacidade

técnica e industrial com a capacidade empresarial. O aporte de capital dos novos

acionistas, as negociações com os parceiros, fornecedores, instituições financeiras e

clientes capacitaram a continuidade do projeto do EMB-145.

O sucesso do programa permitiu a modernização tecnológica e a capacitação

dos seus profissionais, que corresponderam com o desenvolvimento de novas

versões da plataforma do EMB-145, tanto para operacionalidade mais eficiente dos

seus clientes da aviação comercial e executiva, quanto nas configurações militares

na área de defesa.

A atuação global facilitou as vendas que se traduziram em entradas de

moedas estrangeiras e contribuíram para a recuperação do déficit da Balança

Comercial Brasileira.

As exportações mundiais, nos últimos cinco anos, se mantiveram em

crescimento e o Brasil, praticamente, acompanhou tal evolução. A EMBRAER, em

1999, apresentou aumento de 42% em relação às exportações do ano anterior que

havia sido de US$ 1,2 bilhões, e 60% em 2000. No ano de 2001 o crescimento foi

7,5%, tendo atingido US$ 2,9 bilhões.

O ano de 2001, em decorrência do grande aumento do preço do petróleo, as

companhias aéreas sofreram grandes prejuízos nas suas operações. Com ataques

terroristas de 11 de setembro, a situação se agravou ainda mais.

82

A EMBRAER não recebeu nenhuma solicitação de cancelamento de pedido,

porém muitas entregas foram reprogramadas. Em conseqüência, as exportações de

2002 e 2003 apresentaram crescimentos negativos da ordem de 16%.

No ano de 2004, retomadas as entregas e com o lançamento de uma nova

aeronave, o EMB-170, a empresa encerrou o ano com US$ 3,3 bilhões de

exportações.

O lançamento das novas aeronaves da família EMB-170, nas versões para 70

a 78, 78 a 86, 98 a 106 e 108 a 118 passageiros, foi no momento em que o mercado

indicou demanda para 7.950 aparelhos desse segmento para os próximos vinte

anos.

A família do EMB -170, somada à consagrada família do EMB-145, projetadas

e fabricadas sob alta tecnologia, concorrerá com grande superioridade à fatia do

mercado avaliado em US$ 180 bilhões.

Para a demanda de mercado da aviação executiva, estimado em 9.680

aeronaves nos próximos dez anos, a EMBRAER concorrerá com a família Phenom

para seis a oito ocupantes na versão VLJ (very light jet), e sete a nove ocupantes na

versão LJ (light jet) e o Legacy, em três versões: Shuttle, transporte de autoridades e

executivos.

A oferta de produtos e serviços, capazes de concorrer para atendimento das

exigências do mercado global, favorece o ambiente para negócios internacionais e

para a conquista de clientes e de novos mercados.

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Geraldo Claro dos Santos

Taubaté, dezembro de 2005.