epamig ia 206-maracuja

92

Upload: senarsp

Post on 28-Nov-2014

7.921 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

Cultivo do Maracujá

TRANSCRIPT

Page 1: Epamig ia 206-maracuja
Page 2: Epamig ia 206-maracuja
Page 3: Epamig ia 206-maracuja

I n fo rme Agropecuár io , Be lo Hor i zon te , v .21 , n .206 , p .1 -2 , se t . /ou t . 2000

1A cultura do maracujazeiro

IA - Quais são as perspectivas do ma-

racujá para indústria e para mesa?

Carlos Augusto - Para os dois seg-

mentos de mercado as perspectivas para

o maracujá são promissoras por se tra-

tar de uma cultura nova com demanda

crescente nos mercados de fruta fresca,

industrialização de sucos concentrados,

sucos prontos para beber e polpas.

IA - O Brasil é competitivo na produção

de maracujá ou pode perder espaço

para outros países?

Carlos Augusto - O Brasil destaca-

se como o maior produtor mundial de

maracujá. Perdeu o domínio do merca-

do internacional por enfrentar forte con-

corrência com países produtores, que

Carlos Augusto Rodrigues LourençoGerente Agrícola Fleischmann Royal Nabisco

Maracujá: perspectivas promissorascom mercado crescente

praticam preços e fretes subsidiados ou

com isenção de taxas alfandegárias.

No mercado interno o Brasil tem domínio

absoluto, porém sofre com a tentativa

desses outros países forçarem a colo-

cação de sucos a preços mais baixos,

afetando drasticamente a cadeia pro-

dutiva. Para não perdermos nossa com-

petitividade devemos estar atentos às

novas tecnologias, aumentar a produ-

tividade e a qualidade e, conseqüente-

mente, trabalhar com menores custos.

IA - O consumo do suco de maracujá

no varejo está caindo?

Carlos Augusto - Os dados compro-

vam que o consumo de suco de maracu-

já no varejo não está caindo.

Carlos Augusto Rodrigues Lourenço

é engenheiro agrônomo da

Fleischmann Royal Nabisco, em

Araguari (MG), trabalha há mais de 15

anos com o gerenciamento do sistema

de integração empresa x produtor,

pesquisas, orientação técnica e

comercialização do maracujá e

outras fruteiras. A Fleischmann Royal

Nabisco trabalha no processamento

de frutas e é produtora dos sucos da

marca Maguary.

IA - Como estão os estoques de suco

concentrado? As indústrias estão

operando com ociosidade por uma

questão de baixo consumo, preço

baixo no varejo ou sazonalidade

de oferta, ou será que o mercado

está saturado?

Carlos Augusto - Os estoques estão

normais para o período. As indústrias

estão sempre preparadas para um

crescimento e a ociosidade, em parte, é

uma conseqüência da característica do

próprio agronegócio que convive com

a sazonalidade das matérias-primas e

o perfil do mercado.

IA - A competição por matéria-prima,

pela indústria de sucos, tende a

aumentar?

Page 4: Epamig ia 206-maracuja

I n fo rme Agropecuár io , Be lo Hor i zon te , v .21 , n .206 , p .1 -2 , se t . /ou t . 2000

2 A cultura do maracujazeiro

Carlos Augusto - A cultura do ma-

racujá tem apresentado historicamen-

te características cíclicas quanto a sua

produção, com grandes variações nos

últimos anos, influenciadas por nossos

vizinhos Peru, Colômbia e Equador. Veri-

ficamos assim uma oscilação nos últimos

dez anos, entre 22 mil e 33 mil hectares

plantados, que reflete diretamente na

competição entre as indústrias, sendo

nada mais que o resultado da equação

oferta e procura.

IA - O preço histórico do maracujá para

indústria está com tendência de que-

da. Isto não inviabilizará a cultura a

médio e a longo prazos?

Carlos Augusto - Os preços da sa-

fra 1999/2000 caíram em relação ao

histórico dos últimos anos, influenciados

pelos estoques de concentrados oriundos

do Equador, safra 1998/1999, e a ofer-

ta destes em grandes volumes nesta safra

a preços muito baixos, aliada a uma boa

safra brasileira. Esperamos que haja

uma reação nos preços para safra 2000/

2001, considerando as variações cíclicas

historicamente ocorridas.

IA - O que o produtor de maracujá deve

fazer para manter uma margem de

retorno compensatória nos próxi-

mos anos?

Carlos Augusto - Para manter uma

margem de retorno compensativa, ou

seja, que viabilize o negócio, é impor-

tante buscar novas tecnologias, maiores

produtividades, qualidade contínua,

redução dos custos e tornar-se mais com-

petitivo na comercialização. Para que isso

aconteça é preciso contar com a garantia

das indústrias, com uma comercialização

mais estável e procurar adequar-se ao

mercado de fruta fresca, melhorando

assim o seu preço médio.

IA - Existe uma percepção de que, den-

tro da cadeia do agronegócio do ma-

racujá, a indústria, o atacado e o

varejo ficam com mais de 70% dos

recursos gerados. Será que esta dis-

tribuição é justa, diante do valor que

cada elo da cadeia agrega ao pro-

duto?

Carlos Augusto - A cadeia como

um todo existe em função de um consu-

midor, que busca cada vez mais produtos

de excelente qualidade a baixo custo. Os

elos desta cadeia vêm realizando um

grande trabalho nos últimos anos no

sentido de satisfazer esta exigência,

implicando diretamente em investimen-

tos, cada qual dentro do seu porte, de

forma que reduza os seus custos e agre-

gue valor a seus produtos.

IA - A Ceagesp tem liderado um progra-

ma nacional de padronização de

classificação e embalagens de pro-

dutos hortifrutícolas, um deles o ma-

racujá. Você acredita que o merca-

do aceitará e remunerará a adoção

destes padrões?

Carlos Augusto - A padronização

de classificação e embalagens de pro-

dutos hortifrutícolas tornou-se uma ne-

cessidade e acredito que, com o tempo

e com o trabalho desenvolvido, o mer-

cado aceitará e remunerará estes pa-

drões.

IA - É um bom negócio para a indústria

e para o produtor fazer contrato de

fornecimento/produção?

Carlos Augusto - Não conheço atual-

mente no setor de maracujá �contrato

formal� entre produtores e indústrias

para fornecimento de matéria-prima com

volumes e preços fixados. A Maguary,

empresa do grupo Freischmann Royal

Nabisco, trabalha no sistema de parceria

com os produtores na assistência técnica,

transporte e garantia de comercialização

para aqueles cadastrados. As grandes

mudanças econômicas e outros fatores

alheios a nossa vontade pelas caracterís-

ticas do agronegócio dificultam a elabo-

ração de um contrato. O mais importante

é o respeito mútuo das partes nesta

relação de parceria e suas responsabili-

dades para a manutenção de um negó-

cio saudável e duradouro.

IA - Se você tivesse capital disponível,

aplicaria na produção, comerciali-

zação ou industrialização do ma-

racujá?

Carlos Augusto - Esta é uma ques-

tão complexa, mas, com capital dispo-

nível, as três possibilidades são viáveis

tendo em vista que temos pessoas de

sucesso nos setores de produção, co-

mercialização e industrialização. Para

alcançar o �sucesso� tem que conhecer

do negócio, mercado, tecnologias de

ponta e profissionalizar-se na atividade

que escolher.

Page 5: Epamig ia 206-maracuja

In f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 1 , n . 2 0 6 , s e t . / o u t . 2 0 0 0

3A cultura do maracujazeiro

REVISTA BIMESTRALISSN 0100-3364

INPI: 1231/0650500

COMISSÃO EDITORIALMárcio Amaral

Marcos Reis AraújoMarcelo Franco

Antônio M. S. AndradeLuthero Rios Alvarenga

José Braz FaçanhaVânia Lúcia Alves Lacerda

EDITORVânia Lacerda

COORDENAÇÃO TÉCNICAJaime Duarte Filho e Marcelo Fidelis Braga

COORDENAÇÃO EDITORIALMarlene A. Ribeiro Gomide

AUTORIA DOS ARTIGOS

Alessandra Pereira da Silva, Bolivar Morroni de Paiva, Carlos Ruggiero,Celi de Paula Silva, Édio Luiz da Costa, Elliot W. Kitajima, FranciscoLopes Cançado Júnior, Gisela Ferreira, Heloísa Mattana Saturnino, HérculesJosé de Oliveira, Jaime Duarte Filho, Jorge A. M. Rezende, José FernandoDurigan, José Rafael da Silva, Lenira Viana Costa Santa-Cecília, Luís CarlosNogueira, Magali Leonel, Marcelo Fideles Braga, Marco Antônio da Sil-va Vasconcellos, Marcos Antonio Matiello Fadini, Maria de FátimaSilva-Almeida, Maria Letícia Líbero Estanislau, Mário Sérgio CarvalhoDias, Nilton Tadeu Villela Junqueira, Quelmo S. Novaes, Sarita Leonel eValdemício Ferreira de Sousa

REVISÃO LINGÜÍSTICA E GRÁFICAMarlene A. Ribeiro Gomide, Rosely A. Ribeiro Battista Pereira

NORMALIZAÇÃOFátima Rocha Gomes e Maria Lúcia de Melo Silveira

PRODUÇÃO E ARTEDigitação: Maria Alice Vieira e Rosangela Maria Mota Ennes

Formatação: Maria Alice Vieira e Rosangela Maria Mota Ennes

Capa: Lamounier Lucas Pereira Júnior

Programação visual: Lamounier Lucas Pereira Júnior

IMPRESSÃOGráfica e Editora Cultura - Rua Magnólia, 505 - Bonfim

PUBLICIDADEMiguel Talini Marques Filho

Assessoria de MarketingAv. José Cândido da Silveira, 1.647 - Cidade Nova

Caixa Postal, 515 - CEP 31.170-000 - Belo Horizonte-MGFone: (31) 3488-8473 - Fax: (31) 3488-8473

Copyright © - EPAMIG - 1977É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios,

sem autorização escrita do editor. Todos os direitos sãoreservados à EPAMIG.

ASSINATURAS: SETA/EPAMIGAv. José Cândido da Silveira, 1.647 - Cidade Nova - Caixa Postal, 515

CEP 31.170-000 - Belo Horizonte-MG - Fone: (31) 3488-8473 - Fax: (31) 3488-8473CGC(MF) 17.138.140/0001-23 - Insc. Est.: 062.150146.0047

Informe Agropecuário. - v.3, n.25 - (jan. 1977) - . -Belo Horizonte: EPAMIG, 1977 - . v.: il.

BimestralCont. de Informe Agropecuário: conjuntura e estatística. -

v.1, n.1 - (abr.1975).

ISSN 0100-3364

1. Agropecuária - Periódico. 2. Agricultura - AspectoEconômico - Periódico. I. EPAMIG.

CDD 630.5 Márcio Amaral

Presidente da EPAMIG

A produção mundial de maracujá concentra-se nos países da

América do Sul e África, com o Brasil ocupando o primeiro lugar na

produção de maracujá-amarelo. Todavia, a produtividade média de

9,2 t/ha é considerada baixa, diante do potencial brasileiro para

esta cultura. Nos últimos anos, tem havido um decréscimo no montante

das exportações, especialmente de suco concentrado. Isto se deve à

concorrência de países como Equador e Colômbia, que, atualmente,

detêm cerca de 50% e 30% desse mercado, respectivamente.

As exportações brasileiras de suco de maracujá ainda são pouco

expressivas para um mercado já relativamente grande e em expan-

são. Segundo estimativas da FAO, este mercado vem apresentando

um movimento anual da ordem de 1 bilhão de dólares. Já as expor-

tações de fruta fresca são consideradas insignificantes. Portanto, as

perspectivas de uma maior participação do Brasil nesses mercados

são enormes.

Somente através de tecnologias que favoreçam a diminuição dos

custos de produção e a melhoria da qualidade do fruto, bem como a

elaboração de novos produtos derivados, o Brasil poderá aumentar

sua participação nesses mercados e até mesmo em outros, como o

medicinal. E a pesquisa tem importância fundamental para a solução

dos problemas fitossanitários, com vistas à obtenção de um fruto de

melhor qualidade e aumento da vida útil da cultura. É essencial

também o crescimento do consumo interno e o apoio por parte do

governo, através de investimentos no desenvolvimento de novas

cultivares que apresentem características que atendam às exigências

de cada mercado.

Não menos importante que a Engenharia de Produção é a

Engenharia de Mercado. As constantes flutuações de preços no

mercado interno têm provocado grandes frustrações, decepcionando

os novos produtores e colocando em dificuldades os produtores

tradicionais. Nesta edição do Informe Agropecuário, buscou-se levar

informações e novas tecnologias que possam ajudar o produtor a

trabalhar de forma mais profissional e competitiva a cultura do

maracujá.

Novas tecnologias:imprescindíveis no desenvolvimento

da cultura do maracujazeiro

Page 6: Epamig ia 206-maracuja

Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.21, n.203, mar./abr. 2000

4

O Informe Agropecuário é indexado nasBases de Dados: CAB INTERNATIONAL e AGRIS.

Os nomes comerciais apresentados nesta revista são citados apenas para conveniência do leitor,não havendo preferências, por parte da EPAMIG, por este ou aquele produto comercial. A citação de termos técnicos seguiu a

nomenclatura proposta pelos autores de cada artigo.

Informe Agropecuário Belo Horizonte v. 21 n.206 p.1-88 set./out. 2000

EdiçãoNesta

Situação da cultura do maracujazeiro no BrasilCarlos Ruggiero .................................................................................................................................................. 5

Aspectos econômicos da cultura do maracujáFrancisco Lopes Cançado Júnior, Maria Letícia Líbero Estanislau e Bolivar Morroni de Paiva .................................... 10

Propagação do maracujazeiroGisela Ferreira ....................................................................................................................................................... 18

Ecofisiologia do maracujazeiroMarco Antônio da Silva Vasconcellos e Jaime Duarte Filho ...................................................................................... 25

Manejo integrado de pragas do maracujazeiroMarcos Antonio Matiello Fadini e Lenira Viana Costa Santa-Cecília ........................................................................ 29

Principais doenças fúngicas e bacterianas do maracujazeiroMário Sérgio Carvalho Dias .................................................................................................................................... 34

Doenças causadas por vírus e fitoplasma em maracujazeiroQuelmo S. Novaes, Jorge A. M. Rezende e Elliot W. Kitajima ................................................................................ 39

Nutrição e adubação do maracujazeiroJosé Rafael da Silva e Hércules José de Oliveira ..................................................................................................... 52

Irrigação da cultura do maracujazeiroÉdio Luiz da Costa, Valdemício Ferreira de Sousa, Luís Carlos Nogueira e Heloísa Mattana Saturnino ..................... 59

Colheita e conservação pós-colheita do maracujáAlessandra Pereira da Silva e José Fernando Durigan .............................................................................................. 67

Uso potencial de outras espécies do gênero PassifloraMarcelo Fideles Braga e Nilton Tadeu Villela Junqueira ........................................................................................... 72

Maracujazeiro doce: sistema de produçãoMarco Antônio da Silva Vasconcellos ..................................................................................................................... 76

Principais produtos e subprodutos obtidos do maracujazeiroSarita Leonel, Magali Leonel e Jaime Duarte Filho .............................................................................. .................... 81

O uso medicinal do maracujáCeli de Paula Silva e Maria de Fátima Silva-Almeida .............................................................................................. 86

Sumário

Minas Gerais é um dos principais Estados produtores de maracujá do país, com suas

áreas de produção concentradas nas regiões Norte e Triângulo Mineiro. Entretanto, apesar da sua

grande importância socioeconômica como geradora de divisas e do fato de ser grande absorvedora

de mão-de-obra, a cultura apresenta-se estagnada nos últimos anos, devido aos baixos preços

pagos pela indústria. Dessa forma, um melhor aproveitamento dos produtos e subprodutos desta

cultura e a utilização de outras espécies da família Passifloraceae como alternativas para o mercado

de frutas in natura e para indústria são necessários.

A EPAMIG, através do Informe Agropecuário, aborda, pela primeira vez, a cultura do ma-

racujazeiro e coloca à disposição dos produtores várias informações técnicas. Dentre os temas

apresentados estão as principais pragas e doenças, aspectos nutricionais, principais produtos e

subprodutos, irrigação, maracujá-doce, pós-colheita e os aspectos fisiológicos da cultura do ma-

racujazeiro.

A Coordenação Técnica

Page 7: Epamig ia 206-maracuja

I n fo rme A gr opecuár io , B e lo Hor i zon te , v . 21 , n . 206 , p . 5 -9 , se t . / ou t . 2000

5A cultura do maracujazeiro

1Engo Agro, Dr., Prof. UNESP-FCAV – Depto de Horticultura, Campus de Jaboticabal, CEP 14870-000 Jaboticabal-SP.

CONSIDERAÇÕES GERAIS

Nos últimos 25 anos ocorreram, no Bra-sil, cinco simpósios brasileiros sobre a cul-tura do maracujazeiro, tendo sido realiza-do o primeiro no Instituto Agronômico deCampinas (IAC), em Campinas (SP), em1974; o segundo na Unesp de Jaboticabal,em 1977, o terceiro e quarto, realizados naUniversidade Estadual do Sudoeste da Ba-hia, Vitória da Conquista, em 1991 e 1994, eo último na Unesp de Jaboticabal (SP), em1998.

A evolução da cultura do maracujá po-de-se resumir em vários pontos, ou seja,no grande número de pesquisas realizadasno Brasil neste período, que faz da culturauma grande destinatária de trabalhos paraos congressos de fruticultura, promovi-dos pela Sociedade Brasileira de Fruti-cultura, a cada dois anos, e no crescentenúmero de pesquisadores engajados nacultura. Só no encontro realizado no Ins-tituto Agronômico do Paraná (Iapar), emjunho de 1998, registraram-se mais de 80pesquisadores de diferentes Estados bra-sileiros.

A grande evolução registrada na propa-gação da cultura, associada a esse fato, foi

Situação da cultura do maracujazeiro no BrasilCarlos Ruggiero1

Resumo - O Brasil é hoje o principal produtor mundial de maracujá, com uma área de33 mil hectares destinados à cultura, o que gera em torno de 200 mil empregos diretose indiretos. A cultura do maracujazeiro possui um histórico recente e passou a ganharimportância a partir de 1970, quando o Brasil iniciou as primeiras exportações de sucoda fruta para outros países. Nos últimos anos, vem ganhando significativo impulso,através do aumento da área plantada e de novas tecnologias geradas, por um númerocada vez mais crescente de pesquisadores engajados na cultura. Entretanto, aindaexistem inúmeros problemas que a acometem, os quais podem ser divididos emquatro grupos: a) os relacionados com as pragas, doenças e propagação, como, porexemplo, a falta de produtos fitossanitários registrados para a cultura, a falta de umprotocolo para produção de mudas sadias etc., b) os relacionados com a qualidade dosfrutos; c) os relacionados com o mercado; d) os relacionados com a baixa produtividadeverificada na lavoura.

Palavras-chave: Maracujá; Produção; Pesquisa.

o lançamento de materiais para os fruti-cultores.

Uma mudança marcante no destino daprodução refere-se ao mercado de frutasfrescas, com uma participação significativano volume comercializado, que chega, nosdias de hoje, a representar 60% a 70%.

Estes fatores fazem do Brasil o principalprodutor mundial de maracujá, com umaárea de 33 mil hectares destinados à cultura.Isto representa, entre empregos diretos eindiretos, um contingente aproximado de200 mil pessoas envolvidas com a cultura.

Mas, por outro lado, tem-se uma sériede desafios a ser conquistada, neste mer-cado cada vez mais globalizado da eco-nomia mundial, em que novos conceitos,como o da rastreabilidade, ganham impor-tância e precisam ser incorporados ao sis-tema produtivo.

Qualidade

O conceito de qualidade precisa estarsempre presente com o fruticultor. Valedestacar que, em 1998, do volume comer-cializado pela Companhia de Entrepostose Armazéns Gerais do Estado de São Pau-lo (Ceagesp), as frutas importadas repre-

sentavam 10% do volume comercializadoque, em contrapartida, correspondiam a30% do montante auferido. Isso mostra queé preciso, no Brasil, para equilibrar a balan-ça de pagamento, produzir frutas de altaqualidade, para que, em primeiro lugar, seconsiga diminuir o grande avanço daquelasimportadas que têm um ponto alto na qua-lidade apresentada ao consumidor.

No caso específico do maracujá, é pre-ciso melhorar a qualidade externa dos frutosdestinados ao mercado in natura. Os re-sultados de pesquisa mostram claramentea necessidade de colher frutos na plantacom um pequeno pedúnculo, e abolir devez o hábito de colher frutas no chão. É ne-cessário, não só melhorar os procedimen-tos utilizados nas casas de embalagensque, de modo geral, apenas encaixotam osfrutos sem nenhum tratamento, mas tam-bém adotar o transporte frigorificado, paraaumentar sua vida na prateleira.

Comercialização

Muitas vezes a comercialização é pra-ticada por pessoas ou entidades que nadatem a ver com o sistema produtivo.

Analisando a compra de frutas nos

Page 8: Epamig ia 206-maracuja

I n fo rme Agropecuár io , Be lo Hor i zon te , v . 21 , n .206 , p .5 -9 , se t . / ou t . 2000

6 A cultura do maracujazeiro

últimos anos, verifica-se que sua concen-tração inside sobre grandes redes de super-mercados, com 80% do volume comer-cializado, o que, por si, promove um efeitoconcentrador, alijando os pequenos pro-dutores do sistema.

Como, no geral, a cultura do maracuja-zeiro é praticada por pequenos produtores,existe a absoluta necessidade de eles seorganizarem, para, além de participaremdesse novo modelo de comercialização,agregarem valor ao produto.

Vale destacar o eficiente trabalho desen-volvido pela Associação dos Fruticulto-res da Região de Vera Cruz (Afruvec), cujosintegrantes precisam estar cientes de suaimportância, para superar dificuldades e,seguramente, irradiar este modelo paraoutras regiões.

Padrões bem definidos paracomercialização

A Ceagesp está realizando um excelentetrabalho no que se refere à padronizaçãode frutas, para que elas possam ser comer-cializadas através do correio, telefone,internet etc. e também, para que o modelode comercialização representado pelo mer-cado de leilões realizado pela Holambra II,para frutas com caroço, possa ser incorpo-rado a outras frutas. Este projeto já está sen-do utilizado em Petrolina (PE), na comercia-lização, principalmente, de manga e uva.

Segundo o engenheiro agrônomo HélioWatanabe, Ceagesp, um dos membros daequipe liderada pela Dra. Anita Gutierrez, oprojeto da padronização de maracujá estáem andamento. Foi realizada uma reuniãoem 19/05/00 e já se encontram definidas asnormas para pêssego, ameixa, nectarina,caqui, goiaba, banana, uvas finas, uvaniágara, manga, citros e abacaxi. As normaspara o kiwi e o maracujá encontram-se emestudo. Essa padronização faz-se necessá-ria com urgência, para que a comunicaçãoseja homogênea, como, por exemplo, o ma-racujá, comercializado pela Afruvec, quedeve ter a mesma classificação na Bahia eem Minas Gerais. Somente a padronizaçãoirá definir e garantir isso.

Campanhas promocionais

O homem quer viver mais e melhor. Con-

forme constatado na revista Time, na edi-ção de outubro de 1999, a média de vidanos Estados Unidos, em 1900, era de 47anos e, em 1999, esse número já alcançava77 anos. Em 2100, provavelmente, será de90 anos, com uma gama considerável dapopulação vivendo bem com 110-120 anos.

Nesta campanha de viver mais e melhor,a fruticultura se faz maciçamente presentee é necessário que os setores organiza-dos invistam neste filão que, seguramente,ampliará significativamente a demanda porfrutas. O Brasil apresenta-se como um gran-de privilegiado neste sistema produtivo. Omaracujá, particularmente, terá um impor-tante papel, quando o valor nutricional desucos deverá ser bastante explorado nãosó com relação ao teor de vitamina A, mastambém com relação ao potencial nutricio-nal e farmacológico que as inúmeras espé-cies, dentro da família das Passifloráceas,podem apresentar (Fig. 1, p.42).

Qualificação profissional

Este é um ponto crítico da fruticultu-ra brasileira e o maracujá não foge à regra.É preciso que se desenvolvam cursos emtodos os níveis para melhorar a qualificaçãoprofissional das pessoas e de técnicos que,direta e indiretamente, estejam envolvi-dos com o sistema produtivo. A título deexemplo, podem ser mencionadas duasgraves deficiências notadas para com omaracujá e que poderiam ser objetos decursos:

a) reconhecer, com segurança, em con-dições de campo, os sintomas dasdoenças nas suas diferentes fases;

b) possibilitar a aplicação correta dosdefensivos, contemplando, de um la-do um bom controle das pragas edoenças e, de outro, a segurança aotrabalhador no que se refere à saúde.

Projetos agrícolas

É absolutamente necessário que o pro-dutor, ao iniciar o plantio do maracuja-zeiro em uma determinada região, contem-ple todas as etapas do projeto dentro deum sistema integrado, não olvidando de-talhes importantes como, a polinização(Fig. 2, p.42), a calagem, a adubação e comose processará a comercialização.

Os alunos dos cursos de agronomiadevem ser motivados a pensar na livre ini-ciativa, onde a cultura do maracujá se ofe-rece como uma boa opção.

A simples mudança de posicionamento,seguramente, possibilitará a formação deprofissionais que o mercado da fruticultu-ra está exigindo.

Tratamento fitossanitário

Quanto ao tratamento fitossanitário hánecessidade de evolução. Muitas proprie-dades não alcançam os resultados espe-rados nesse tratamento, devido a fatorescomo: bicos desregulados com vazamen-tos, pressão e bicos deficientes, produtose misturas inadequados etc.

Aproveitamento integral

Vale destacar que o suco do maracujá-amarelo, principal espécie plantada noBrasil, representa 40% da massa do fruto,sendo o restante representado pela cascae sementes que precisam ser melhor apro-veitadas. A biodiversidade do número deespécies nativas do Brasil apresenta umgrande potencial a ser utilizado na indústriafarmacêutica e na produção de defensi-vos, dentre outros fins.

Qualidade das mudasproduzidas

Um problema bem sério na fruticulturabrasileira, em especial para com o maracujá,pode-se afirmar que é, seguramente, a dis-seminação da bacteriose que se fez pre-sente nas mudas comercializadas semcritério, de uma região para outra.

No entanto, são registrados bons vi-veiros, como o evidenciado pela Figura 3(p.42), em Araguari (MG), onde obtêm-semudas muito boas.

Barreiras protecionistas

As barreiras protecionistas são utili-zadas, alegando esse ou aquele argumento,para, em certos casos, impedir a expansãodas exportações brasileiras. Por exemplo,já foi detectado em outras frutas a exis-tência de um determinado nível de resíduode agrotóxico, o qual a pesquisa ainda nãoestipulou o mínimo tolerado para o ma-racujá. Nesse caso, a tolerância será zero,

Page 9: Epamig ia 206-maracuja

I n fo rme A gr opecuár io , B e lo Hor i zon te , v . 21 , n . 206 , p . 5 -9 , se t . / ou t . 2000

7A cultura do maracujazeiro

o que já motivou o embargo da exportaçãobrasileira de mamão.

Na conquista de novos mercados, pre-cisa-se, a qualquer tempo, saber respondero que aconteceu com a cultura em um deter-minado momento do processo produtivo.

PROJETOS A SEREMDESENVOLVIDOS COM ACULTURA

Serão enumerados em grupos os pro-jetos a serem desenvolvidos com a cultu-ra do maracujá, onde vários problemasocorrem e têm motivado duas grandespreocupações:

a) poder garantir tecnicamente o plan-tio aos produtores, o que, no entan-to, nem sempre tem sido possível;

b) para outras regiões, possibilitar umaumento na vida útil da cultura, asquais têm-se constituído em lavou-ras anuais.

Os projetos serão divididos em quatrogrupos:

Grupo 1 - Garantir tecnicamente a produ-ção e/ou possibilitar um aumen-to na sobrevida da cultura

Grupo 2 - Melhorar a qualidade da fruta

Grupo 3 - Ampliar o mercado

Grupo 4 - Possibilitar aumento na produ-tividade

Grupo 1

Neste grupo, serão enumeradas novelinhas de atuação que, se desenvolvidasadequadamente, poderão representar impor-tante conquista nesta área, bem como ga-rantir ao fruticultor que utilizar uma deter-minada tecnologia, a segurança em obterboas colheitas e/ou aumento na sobrevi-da da cultura até a terceira colheita (Fig. 4,p.42).

Identificação dos agentes causais

Especificamente com a cultura do ma-racujá-amarelo ocorrem problemas, taiscomo, morte precoce de plantas, em algunscasos em pomares jovens, cujas causas nãoestão definidas, o que precisa ser esclare-cido com brevidade, bem como apontadoscaminhos para o seu controle.

Obtenção devariedades resistentes

Aproveitando os bancos de germo-plasmas existentes, há necessidade deconduzir trabalhos integrados, a princípioprocurando transferir resistência ao ma-racujá-amarelo, atualmente o mais impor-tante.

Ampliação dos estudosde enxertia

Inúmeros trabalhos realizados mostramo comportamento diferenciado de váriasespécies que poderão ser utilizadas comoporta-enxertos, tornando-se alternativa nasolução de alguns problemas e possibili-tando, pelo uso de matrizes adequadas, aperpetuação de melhores clones. É neces-sário que estes estudos sejam aceleradosem várias regiões brasileiras e que se obte-nham respostas práticas a serem oferecidasaos produtores. Para isso, torna-se neces-sário o envolvimento da iniciativa privadanestes estudos (Fig. 5).

Treinamento de mão-de-obra

O treinamento de mão-de-obra reveste-se de máxima importância, pois capacitapessoas a trabalharem nos diferentes elosda cadeia produtiva da cultura do maracuja-zeiro.

Ampliação do registrode defensivos

Devem ser despendidos esforços pa-ra ampliar o leque de produtos registradospara a cultura do maracujazeiro. Assim,

pode-se produzir com segurança, incor-porando o conceito de rastreabilidade, tãoimportante, quando se pensa em atrairnovos mercados.

Ampliação dos estudos de poda

Trabalhos realizados mostram ser omaracujá uma planta que produz em ramosnovos, e a poda se faz tecnicamente neces-sária, pois ela possibilita:

a) diminuir o peso no sistema de sus-tentação;

b) melhorar a eficiência dos tratamentosfitossanitários;

c) diminuir a ocorrência de doenças, oque conseqüentemente aumenta aprodução.

Apesar de registrados pequenos avan-ços, estudos devem ser acelerados, pa-ra que se tenham lavouras bem podadas.A Figura 6 (p.42) mostra uma lavoura con-duzida em T, onde se praticava a poda emcortina com ótima produção, em Durban,na África do Sul.

Estabelecimento deum protocolo para produzirmudas sadias

Mesmo para a propagação sexuada, naqual foram realizados avanços considerá-veis, e que é o processo predominante,precisa-se estabelecer um protocolo paraorientar produtores, com segurança, sobreas técnicas a serem obedecidas. Neste pro-tocolo, algumas linhas de trabalho deverãoser contempladas:

Figura 5 - Resultados obtidos com enxertia

E N X E R T A D O S SEMENTE

P. edulis P. edulis

P. coerulea P. flavicarpa P. edulis

1 2 3

Produção: 1 > 2 em 41%1 > 3 em 74%

Mortalidade: 1 = 8%2 = 66%3 = 58%

Page 10: Epamig ia 206-maracuja

I n fo rme Agropecuár io , Be lo Hor i zon te , v . 21 , n .206 , p .5 -9 , se t . / ou t . 2000

8 A cultura do maracujazeiro

a) eficiência da solarização;

b) funcionalidade e economicidade dotratamento térmico do substrato.

Enfim, estabelecer os procedimentos aserem obedecidos para produzir uma mudarigorosamente sadia.

Elaboração de boletins

Embora tenham registrado progressosconsideráveis nesta área, sente-se aindaa necessidade de publicações e divulga-ção nos diferentes níveis de envolvimen-to dentro da cadeia produtiva do maracujá.Como exemplos, boletins fotográficos dasprincipais pragas e doenças em diferentesfases da cultura seriam muito úteis.

Realização de dias de campo

Atividades deste tipo revestem-se demáxima importância, pois possibilita, deforma rápida, eficiente e barata, a transfe-rência de tecnologia. A poda do maracu-jazeiro é um exemplo em que os produtorespoderiam observar vantagens e desvan-tagens em seus diferentes tipos.

Grupo 2

Neste grupo, serão concentradas ativi-dades a ser desenvolvidas, tentando obterfrutos de qualidade que é uma exigênciado mercado globalizado, onde se fazemnecessários os projetos relacionados aseguir.

Definição de padrões paraclassificar o maracujá

É necessário que os padrões para clas-sificar o maracujá sejam rapidamente defi-nidos, para que novos procedimentos decomercialização sejam adotados e que alinguagem, com relação ao tipo, seja a mes-ma em todo o Brasil. É necessário que oprojeto em desenvolvimento, liderado pelaCeagesp, possa ter o apoio necessário eque, a padronização seja aplicada na comer-cialização brasileira do maracujá.

Manuseio das frutas nascasas de embalagem

Observa-se, de modo geral, que os fru-tos são acondicionados sem nenhumtratamento. É importante que o correto deta-lhamento dos procedimentos necessáriosseja rapidamente estabelecido.

Aumento do transportefrigorificado

Com o transporte frigorificado, aliado aoutras técnicas de manejo das frutas nascasas de embalagens, conseguem-se ga-nhos significativos com o aumento da vidade prateleira dos frutos.

Aumento do uso de paletes nacomercialização

A adoção de paletes no sistema de co-mercialização seguramente contribuirá paraganhos na qualidade do produto a ser for-necido ao consumidor, bem como baratea-mento no carregamento e descarregamentode caminhões, que deverão estar adequa-dos para esta modalidade de transporte.

Ampliação dos estudos para ocontrole de pragas e doenças

O controle de pragas e doenças deveser feito tendo como premissa fundamentalo conceito de rastreabilidade, em que todasas informações a respeito podem ser forne-cidas, tais como: níveis de resíduos, carên-cia dos produtos, cuidados com relação aomeio ambiente (desmatamento, pulve-rização em horários inadequados etc.), que,se não forem atendidos, poderão compro-meter possíveis exportações e até mesmovendas internas de uma para outra região.

Grupo 3

As linhas de atuação, a seguir, podemcontribuir para a ampliação de mercadosdo maracujá, quer seja quanto ao consumode sucos e derivados do maracujá-amarelo,quer seja quanto ao leque de opções,aproveitando o potencial representado pelagrande diversidade das Passifloráceas.

Marketing

As atividades a serem desenvolvidasnesta área são muito grandes, sendo neces-sário, em alguns casos, coletar informa-ções, tais como:

a) Qual a elasticidade-renda para o ma-racujá nas diferentes regiões bra-sileiras?

b) Qual o consumo per capita nas di-ferentes regiões brasileiras?

Estas informações, seguramente, muitoauxiliarão no desenvolvimento do marketingdentro da cultura.

Além disso, deve-se ampliar a propa-ganda sobre o valor nutricional e sobre aspossibilidades farmacológicas apresenta-das pelas diferentes espécies de maracujá.

Novas variedadesFaz-se necessário, com urgência, o lan-

çamento de novas variedades, que ampliemo leque de opções a ser oferecido aos produ-tores, para o mercado de frutas frescas.

Novas opções deaproveitamento integral

Há necessidade de as associações searticularem para possibilitar um aprovei-tamento integral da produção, agregandovalores ao produto, respondendo aos se-guintes questionamentos:

a) Compensaria a essas associações pro-duzir polpas congeladas?

b) Poder-se-ia diversificar o leque deopções para o aproveitamento desucos?

c) As grandes firmas que atuam no mer-cado poderiam aproveitar economica-mente os subprodutos, como cascae sementes, resultantes do processode industrialização, ao invés do pro-cedimento utilizado atualmente?

Grupo 4No grupo 4, serão apresentadas algu-

mas linhas de atuação que, associadas aoutras mencionadas nos grupos prece-dentes, podem representar aumentos con-sideráveis na produtividade, para que,regularmente, haja lavouras produzindo40 t/ha de maracujá-amarelo.

PolinizaçãoEstudos nesta área devem ser desen-

volvidos para a obtenção de materiais auto-compatíveis, que poderão aumentar signi-ficativamente a auto-polinização, bem comoo desempenho de outros insetos na polini-zação atualmente restritos apenas às ma-mangavas. Quanto a estas, estudos devemser agilizados para permitir a criação arti-ficial, fornecendo aos produtores os inse-tos, bem como todos os procedimentos pa-ra possibilitar sua manutenção, tais como:evitar desmatamentos, fazer a pulverizaçãoem horários adequados etc. Com isso, esta-rá sendo incorporado o conceito de rastrea-bilidade do produto que poderá nos auxiliarem exportações futuras.

Page 11: Epamig ia 206-maracuja

I n fo rme A gr opecuár io , B e lo Hor i zon te , v . 21 , n . 206 , p . 5 -9 , se t . / ou t . 2000

9A cultura do maracujazeiro

Adubação

Procurar, nestes estudos, correlacionarmelhoria da aubação com controle de pra-gas e doenças, bem como, se a adubaçãofor adequadamente executada, possibilitaraumentos consideráveis na produtividade.

Treinamento de mão-de-obra

O treinamento da mão-de-obra, nos di-ferentes níveis da cadeia produtiva do ma-racujá, faz-se necessário. É preciso, também,que as universidades, cooperativas, asso-ciações, institutos de pesquisa e o Sebraeestejam engajados e articulados para ofe-recer cursos de bom nível.

Ensino integrado

O desenvolvimento da cultura do ma-racujá, seguramente, passa por uma novapostura nos cursos de agronomia, pois afruticultura é lecionada em compartimentosseparados, o que dificulta a visão integradaaos jovens estudantes. A adoção de umensino integrado deve ser procurado detodas as formas.

Estudos da iluminação artificial

Para algumas regiões, estudos sobre afloração revestem-se de grande importân-cia, incluindo-se dentre eles, a suplemen-tação artificial da iluminação, para possi-bilitar a ampliação do período de colheita,principalmente para a Região Sudeste.

Estudos do cultivo protegido

O cultivo protegido merece dos pes-quisadores uma maior atenção, e respostaa algumas perguntas:

a) Diminuirá a ocorrência de pragas edoenças?

b) No cultivo protegido associado, ailuminação artificial possibilitaráampliação do período produtivo,principalmente para a Região Su-deste?

c) Haverá possibilidade de ter colheitaem outras épocas?

Melhoria na comercializaçãoA melhoria na comercialização é o “cal-

canhar de Aquiles” da fruticultura brasi-leira, em que têm-se registrado diferençasextravagantes entre o preço pago na por-teira da fazenda e o preço final pago peloconsumidor.

Elaboração de boletins técnicos

Também, no grupo 4, ressente-se dafalta de boletins técnicos que, em muito,poderiam possibilitar aumentos signifi-cativos da produtividade e melhoria na co-mercialização. Pode-se mencionar, a títulode exemplo, a necessidade de um boletimsobre técnicas para o correto manuseio dasfrutas na colheita e seu processamento nascasas de embalagens, aproveitando ostrabalhos já existentes sobre o assunto.

Atuação política

A atuação política e eficiente é necessá-ria em diferentes áreas. Podem ser mencio-nados alguns fatos ocorridos e que pode-riam ser evitados, realçando a necessidadede uma atuação mais efetiva de todos ossegmentos envolvidos com a cultura domaracujá, como a seguir:

a) ocorrência de produtos importadossem restrições, quando uma atuaçãomais efetiva, seguramente iria pro-porcionar um tratamento equânimeentre o produto nacional exportadoe o importado quando aqui chegam;

b) envio de representantes brasileirospara reuniões, principalmente aque-las ocorridas na esfera do Mercosul,desarticulados com o assunto empauta, motiva a aprovação de nor-mas prejudiciais aos interesses dafruticultura brasileira;

c) impostos diferenciados, em que osprodutores brasileiros pagam emcontrapartida ao que pagam seuscompetidores em seus respectivospaíses.

Enfim, o que se espera é uma políticade atuação mais enérgica, incorporando-se o conceito de multifuncionalidade, quemuitos países utilizam, para garantir o em-prego no meio rural.

Criação do maracujá news

Criação de um boletim anual, que po-deria conter as seguintes informações:

a) variações das áreas plantadas porregião;

b) produtividade nos diferentes anos;

c) origem das mudas;

d) canais de comercialização (contendoinformações sobre o número das pe-

quenas indústrias existentes, a quan-tidade de quitandas etc.);

e) pesquisas em desenvolvimento;

f) pesquisas realizadas.

Com isso, espera-se criar um mecanis-mo eficiente de aglutinação dos pesqui-sadores, bem como difundir os conheci-mentos gerados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Verifica-se que as sugestões apresen-tadas nesses quatro grupos muitas vezesinteragem-se, mas espera-se que elas, sejamdesenvolvidas isoladamente, sejam emconjunto, possam representar um signifi-cativo aporte ao desenvolvimento da cul-tura do maracujá no Brasil, possibilitando:

a) ampliar o leque de opções dessa fru-tífera que, por ser originária do Brasil,faz de seus técnicos os principaisresponsáveis pelo seu desenvolvi-mento;

b) contribuir na formação e/ou no ro-bustecimento de grupos integradosde pesquisa.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADAMEDINA, J.G.; GARCIA, J.L.M.; LARA, J.C.C.;

TOCCHINI, R.P.; HASHIZUME, T.;MORETTI, V.A.; CANTO, W.L. do.Maracujá: da cultura ao processamento ecomercialização. Campinas: ITAL, 1980.207p. (ITAL. Frutas Tropicais, 9).

RUGGIERO, C. (Ed.). Cultura do maracuja-zeiro. Jaboticabal: UNESP-FCAV, 1980.147p.

RUGGIERO, C.; SÃO JOSÉ, A.R.; VOLPE, C.A.;OLIVEIRA, J.C. de; DURIGAN, J.F.;BAUMGARTNER, J.G.; SILVA, J.R. da;NAKAMURA, K.; FERREIRA, M.E.;KAVATI, R.; PEREIRA, V. de P. Maracujápara exportação: aspectos técnicos daprodução. Brasília: EMBRAPA-SPI, 1996.64p. (FRUPEX. Publicações Técnicas, 19).

SÃO JOSÉ, A.R. (Ed.). A cultura do maracujáno Brasil. Jaboticabal: FUNEP, 1991. 247p.

SÃO JOSÉ, A.R. (Ed.). Maracujá: produção emercado. Vitória da Conquista-BA: UESB-DFZ, 1994. 255p.

SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE A CULTURADO MARACUJAZEIRO, 5, 1998, Jaboticabal.Anais... Jaboticabal: FUNEP, 1998. 338p.

TEIXEIRA, C.G.; CASTRO, J.V.; TOCCHINI,R.P.; NISIDA, A.L.A.C.; HASHIZUME, T.;MEDINA, J.C.; TURATTI, J.M.; LEITE,R.S.S.F.; BLISKA, F.M.M.; GARCIA, A.E.B.Maracujá: cultura, matéria-prima, processa-mento e aspectos econômicos. 2.ed. Campi-nas: ITAL, 1994. 267p. (ITAL. Frutas Tro-picais, 9).

Page 12: Epamig ia 206-maracuja

I n fo rme Agropecuár io , Be lo Hor i zon te , v .21 , n .206 , p .10 -17 , se t . /ou t . 2000

10 A cultura do maracujazeiro

1Economista, M.Sc. Economia Rural, Pesq. EPAMIG-DPAD, Caixa Postal 515, CEP 31170-000 Belo Horizonte. E-mail: [email protected], Doutoranda em Economia Rural, Pesq. EPAMIG-DPAD, Caixa Postal 515, CEP 31170-000 Belo Horizonte. E-mail: [email protected]. Empresas, M.Sc. Extensão Rural, Pesq. EPAMIG-DPAD, Caixa Postal 515, CEP 31170-000 Belo Horizonte. E-mail: [email protected]

INTRODUÇÃO

A primeira referência ao maracujá, noBrasil, foi em 1587, no Tratado Descritivodo Brasil, como “erva que dá fruto”. Noentanto, foi Nic. Monardis quem, em 1569,descreveu a primeira espécie do gêneroPassiflora, a saber P. incarnata L., mas sobo nome de Granadilla (Maracujá..., 2000).

O maracujá é originário da América Tro-pical, com mais de 150 espécies nativas doBrasil. Entre tantas espécies diferentes,nem todas produzem frutos comestíveis eaproveitáveis e apenas um pequeno núme-ro consegue ocupar espaços nos grandesmercados fruteiros nacionais e internacio-nais. As mais conhecidas e de maior apli-cação comercial são basicamente duas: omaracujá-amarelo e o maracujá-roxo. Atual-mente, vários maracujás nativos do Brasilsão cultivados em outros países tropicais,tais como o Havaí, a Venezuela, a África do

Aspectos econômicos da cultura do maracujáFrancisco Lopes Cançado Júnior1

Maria Letícia Líbero Estanislau2

Bolivar Morroni de Paiva3

Resumo - A produção brasileira de maracujá apresentou, na última década, compor-tamento crescente. O estado do Pará, que chegou a responder por quase a metade dototal produzido no país, perdeu a hegemonia para a Bahia e São Paulo, que passa-ram à liderança. Minas Gerais ocupa a quinta posição, tanto em termos de produçãocomo em área plantada com a cultura. A produção mineira cresceu significativamentea partir de 1990, apresentando incrementos da ordem de 268% e 365% para a produçãoe área colhida, respectivamente, resultados bastante relevantes quando confronta-dos com o comportamento dos principais Estados produtores. As exportações desuco de maracujá apresentaram no período de 1990-1996 crescimento de 82% e 290%no volume e valor comercializado. Os estados da Bahia, Minas Gerais e Pará são osmaiores exportadores de suco. Atualmente, o grande mercado para o suco de maracujábrasileiro é o da Comunidade Européia, que consome cerca de 60% de nossas expor-tações. Entretanto, os Estados Unidos, Canadá e Japão são mercados altamente pro-missores. É evidente que a permanência brasileira nesses mercados está condicionadaà continuidade do fornecimento, aliada à qualidade do produto.

Palavras-chave: Comércio; Exportação; Preço.

Sul e a Austrália, onde alcançam conside-rável importância econômica.

Devido as suas propriedades terapêu-ticas, tem valor medicinal: as folhas e o sucocontêm passiflorina, um sedativo natural,e o chá preparado com as folhas tem efeitodiurético. Possui valor ornamental, hajavista suas belas flores. Em virtude da be-leza e da característica física de suas flores,a planta foi relacionada com a “Paixão deCristo”. Desse detalhe surgiu o nome doseu gênero botânico, passio o equivalentea paixão e flos oris que equivale a flor. Noentanto, seu valor, tanto econômico quantosocial, está associado à alimentação huma-na na forma de sucos, doces, geléias, sor-vetes e licores.

Na década de 70, a comercialização doproduto baseava-se apenas no mercado innatura. Nos anos 80, as indústrias extra-toras de suco estimularam a expansão da

cultura e do mercado do produto industria-lizado. Na década de 90, a cultura do maracu-já apresentou sua maior expansão em terraspaulistas e baianas, já que tem sido a alter-nativa agrícola mais atraente para a peque-na propriedade cafeeira e cacaueira. Repre-senta uma boa opção econômica, pois oretorno do capital investido é rápido e per-mite ao produtor dispor de um capital degiro durante quase o ano todo. Esse períodovaria de acordo com o local de produção,podendo ser de 12 meses no estado do Pa-rá, dez meses na Bahia, sete a nove mesesem São Paulo.

Quanto aos aspectos sociais, verifica-se que a cultura do maracujazeiro carac-teriza-se por ser uma atividade predomi-nantemente desenvolvida em pequenaspropriedades, com tamanho entre 3 e 5hectares e mão-de-obra eminentemente fa-miliar. Tais fatos demonstram que a cultura

Page 13: Epamig ia 206-maracuja

I n fo rme Agropecuár io , Be lo Hor i zon te , v .21 , n .206 , p .10 -17 , se t . /ou t . 2000

11A cultura do maracujazeiro

do maracujazeiro, como a maior parte dasculturas frutíferas, pode ser uma boa al-ternativa para os pequenos proprietários,contribuindo sobremaneira para valori-zar o trabalho dos agricultores familiares(Ruggiero et al., 1996).

PANORAMA INTERNACIONAL

Com aproximadamente 30 mil hectares,o Brasil é o maior produtor mundial domaracujá, entretanto ainda não explora todaa potencialidade econômica desse exóticofruto tropical.

Os maiores produtores de maracujáestão localizados na América do Sul, ondeo Brasil, a Colômbia, o Peru e o Equadorsão os maiores exportadores. O Brasil temperdido espaço no mercado mundial desuco de maracujá , enfrentando concorrên-cia desleal de países que praticam preços efretes subsidiados ou com isenção de taxasalfandegárias. Dentre os principais concor-

rentes, destacam-se a Colômbia, o Peru, oEquador, a África do Sul e o Quênia.

No comércio mundial de suco de ma-racujá, no período de 1987 a 1992, a Colôm-bia aparece como principal país exporta-dor, seguido pelo Equador. Embora sendoo primeiro produtor mundial, o Brasil deteveapenas uma pequena parcela do mercadomundial (Quadro 1).

A União Européia é o maior importa-dor do suco de maracujá, consumindo de60% a 70% do mercado. Os Estados Uni-dos absorvem cerca de 20% do mercadomundial. Estes países utilizam o suco con-centrado de maracujá na fabricação de bebi-das à base de frutas tropicais, um segmentoascendente nos últimos anos (Mercado...,2000).

De maneira geral, o maracujá brasilei-ro é utilizado tanto na produção de suco,como na comercialização de frutas fres-cas, numa proporção de 50% para cada

segmento.De acordo com Ruggiero et al. (1996),

as exportações brasileiras de fruta frescasão insignificantes. Os maiores exporta-dores da fruta, principalmente do maracujá-roxo, são o Quênia, Austrália, Fiji, Taiwan,Venezuela e África do Sul, que vendem emsua maior parte para a Europa. Ainda, se-gundo estes autores, a Colômbia tem expor-tado fruto in natura de Passiflora liguraris,uma espécie adaptada a altitudes elevadas,especialmente para a França.

As exportações brasileiras de suco demaracujá apresentaram, no período de 1990a 1996, crescimento da ordem de 82% novolume comercializado e 290% em termosfinanceiros (Quadro 2). De acordo com aSecex/Decex, após 1996, as exportações desuco de maracujá não foram mais contabi-lizadas separadamente, tendo sido incluí-das na categoria de sucos em geral. Assim,no período considerado, verificaram-segrandes oscilações, tanto em relação ao vo-lume exportado como em relação aos preçosno mercado internacional.

O mercado internacional de suco con-centrado de maracujá apresenta caracte-rística de instabilidade de preços e é con-siderado o mais imprevisível dentre osmercados de concentrados de frutas tropi-cais. Deve-se considerar que os preços nomercado internacional apresentaram ten-dência decrescente na primeira metadeda década de 90. A partir desta época, os

Colômbia 2.487 3.286 2.068 1.889 5.069 7.000

Equador 800 1.100 1.200 1.485 1.267 2.100

Brasil 1.800 3.275 4.007 1.653 658 1.850

Peru 1.029 1.171 1.667 1.234 946 900

Total 6.116 8.832 8.942 6.261 7.940 11.850

QUADRO 1 - Quantidade de suco de maracujá exportada pelos principais países exportadores, no

período 1987 – 1992 (em toneladas)

País 1987 1988 1989 1990 1991 1992

FONTE: Fruitrop (1995), citado por Ruggiero et al. (1996).

Países Baixos (Holanda) 1.466.558 2.328.636 826.318 1.704.040 2.842.481 5.073.674 2.968.854 3.431.588 1.708.791 2.093.395 101.320 179.478 2.773.351 8.285.068

Estados Unidos 150.040 379.334 243.976 1.305.491 971.527 2.080.669 186.275 288.849 106.300 171.128 57.716 71.381 1.123.333 3.729.253

Alemanha 773.215 762.603 _ _ 123.480 338.387 239.340 213.484 17.640 35.280 48.240 191.904 _ _

África do Sul _ _ _ _ 139.460 209.388 113.029 198.100 112.315 306.891 _ _ 116.200 460.772

Porto Rico _ _ 13.780 31.219 61.172 63.296 72.697 121.067 86.400 138.531 _ _ 167.926 462.163

Canadá 360 690 17.580 55.036 33.660 64.017 660 1.138 360 1.163 11.030 16.952 71.360 246.910

Martinica _ _ _ _ 10.920 12.558 27.300 24.570 68.250 72.345 _ _ _ _

Australia _ _ 6.250 28.125 17.280 46.656 9.600 24.960 _ _ 294 896 68.290 275.215

Portugal 6.960 17.290 614 588 42.668 117.570 8.820 22.936 _ _ 1.920 5.267 _ _

Japão 12.480 17.888 _ _ 240 976 7.651 14.850 62 273 6.405 8.739 20.707 77.811

Demais países 59.088 92.735 5.109 17.009 51.257 142.621 10.310 49.607 26.086 65.087 21.079 65.234 146.819 534.738

Total 2.468.701 3.599.176 1.113.627 3.141.508 4.294.145 8.149.812 3.644.536 4.391.149 2.126.204 2.884.093 248.004 539.851 4.487.986 14.071.930

País

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996

Quantidade(kg)

Quantidade(kg)

Quantidade(kg)

Quantidade(kg)

Quantidade(kg)

Quantidade(kg)

Quantidade(kg)

US$ US$ US$ US$ US$ US$ US$

FONTE: Dados básicos: SISCOMEX.Elaboração: EPAMIG-DPAD.

QUADRO 2 - Quantidade, valor e destino das exportações brasileiras de suco de maracujá

'

Page 14: Epamig ia 206-maracuja

I n fo rme Agropecuár io , Be lo Hor i zon te , v .21 , n .206 , p .10 -17 , se t . /ou t . 2000

12 A cultura do maracujazeiro

preços começaram a se recuperar, devido àredução dos estoques e da oferta de sucoconcentrado, que já não supriam a deman-da mundial. Esta recuperação também foisentida no Brasil, e, em 1996, o valor dasexportações cresceu 2.500% em relaçãoao ano anterior. Naquele mesmo ano, o pre-ço do suco de maracujá no mercado in-ternacional chegou a US$ 3.100/t, o maiorpraticado no período (Quadro 2).

Como pode ser observado também noQuadro 2, aproximadamente 85% do sucode maracujá exportado pelo Brasil, no anode 1996, destinou-se à Holanda e aos Esta-dos Unidos, na proporção de 59% e 26%,respectivamente.

Em relação à origem das exportaçõesbrasileiras de suco de maracujá, convémdestacar que elas foram oriundas, prin-cipalmente, dos estados da Bahia, MinasGerais e Pará, conforme pode ser verificadoatravés dos dados do Quadro 3.

PANORAMA NACIONAL

A produção brasileira de maracujá apre-sentou, na última década, um compor-

tamento crescente até o ano de 1996, quan-do registrou um aumento de 29% em rela-ção ao ano de 1990. Os anos de 1997 e 1998foram marcados por redução do total pro-duzido, fato que pode estar relacionadocom a queda na produção, no estado doPará, que, até o ano de 1995, ocupou a pri-meira posição entre os Estados maioresprodutores.

A liderança do Pará na produção dafruta foi marcante no início da década de90, chegando a responder por quase 50%do total produzido no ano de 1992. A partirde 1996 o estado da Bahia passou a respon-der pela maior parte da produção brasileira,seguido de perto por São Paulo. Tanto aperda da hegemonia do Pará quanto o des-taque destes dois Estados foram resultadodo comportamento das indústrias proces-sadoras e exportadoras de suco de maracu-já. Na primeira metade da década, o estadodo Pará possuía as maiores empresas dosetor, que passaram a enfrentar proble-mas para permanecerem no mercado. Nestecontexto, Bahia e São Paulo passaram aresponder pela liderança, estimulados pelo

aumento da demanda de indústrias de sucoe polpa nos dois Estados. Convém destacarque é grande a concentração na indústriade suco de maracujá no Brasil, haja vistaque apenas três empresas respondem por92% do mercado, sendo elas a Maguary(45%), a Parmalat (27%) e a Dafruta (20%)(Mercado..., 2000).

O Quadro 4 apresenta a produção na-cional de maracujá entre os anos de 1990 e1998, distribuída entre os principais Estadosprodutores. Observa-se que juntos elesresponderam, em 1998, por aproximada-mente 90% da produção nacional. Atravésda análise deste quadro pode-se tambémconfirmar o comportamento mencionadoanteriormente, relativo à transferência daprimeira posição do Pará para a Bahia.

Em termos de área plantada a décadade 90 também apresentou um comporta-mento bastante satisfatório, chegando aatingir crescimento de cerca de 75% entreos anos de 1990 e 1996. Considerando-sea redução verificada nos anos de 1997 e1998, o saldo do período foi um aumen-to da área plantada com a cultura da ordem

FONTE: Dados básicos: SISCOMEX.

Elaboração: EPAMIG-DPAD.

NOTA: n.d. – Não declarado.

Alagoas 172.960 523.397 8.820 22.936 17.640 35.280 _ _ 355.766 1.283.748

Bahia 1.140.342 3.101.339 883.173 1.114.607 746.863 975.756 111.583 326.474 1.803.606 6.641.972

Ceará 24.623 29.614 32.783 39.110 27.642 32.284 40.992 47.824 36.960 64.680

Goiás 166 175 3.018 6.934 4.929 11.533 _ _ _ _

Mato Grosso do Sul _ _ _ _ _ _ 2 15 _ _

Minas Gerais 784.311 890.251 1.283.752 1.262.533 1.204.204 1.616.352 8.225 24.675 790.699 1.734.590

Pará 1.702.120 3.057.091 1.064.130 1.664.977 94.020 145.056 20.120 14.917 1.089.800 3.287.160

Paraíba 114.000 7.896 11.400 20.634 17.880 28.866 85.500 96.547

Paraná 240 976 207 248 1.991 1.933

Pernambuco _ _ _ _ _ _ 18.044 28.600 _ _

Rio de Janeiro 540 3.002 625 1.950 694 3.053 384 1.291 288 1.173

Rio Grande do Norte 12.000 36.000 _ _ _ _ 340 1.000 _ _

São Paulo 135.828 212.349 6.440 40.372 5.778 18.625 19.404 49.237 112.988 165.868

Sergipe 207.015 287.722 361.570 237.416 12.650 24.547 11.030 16.952 210.388 794.259

n.d. _ _ 18 66 384 973 _ _ _ _

Total 4.294.145 8.149.812 3.644.536 4.391.149 2.126.204 2.884.093 248.004 539.851 4.487.986 14.071.930

QUADRO 3 - Quantidade e valor das exportações brasileiras de suco de maracujá, por Unidade da Federação - 1992-1996

Unidade da Federação

1992 1993 1994 1995 1996

Quantidade

(kg)

Quantidade

(kg)

Quantidade

(kg)

Quantidade

(kg)

Quantidade

(kg)

Valor

(US$ FOB)

Valor

(US$ FOB)

Valor

(US$ FOB)

Valor

(US$ FOB)

Valor

(US$ FOB)

Page 15: Epamig ia 206-maracuja

I n fo rme Agropecuár io , Be lo Hor i zon te , v .21 , n .206 , p .10 -17 , se t . /ou t . 2000

13A cultura do maracujazeiro

de 30% (Quadro 5).Os dados apresentados nos Quadros 4

e 5 permitem constatar que os dois anosfinais do período analisado contrariam,ligeiramente, uma tendência de crescimentoesboçada desde o início da década. Mesmoque tal oscilação não tenha apresentadouma alteração brusca no comportamentodo setor, deve-se considerar que os últi-mos anos da década foram marcados poraumento dos custos de produção, conse-qüência das mudanças na política cam-

bial, pela prática de preços reduzidos e peloaumento da exigência dos compradores(Mercado..., 2000).

Embora o estado da Bahia tenha con-quistado a posição de primeiro produtornacional de maracujá e de maior área plan-tada, quando se considera a produtividadeda cultura, esta posição não prevalece. Osdados do ano de 1998 indicam que SãoPaulo apresenta o maior rendimento dacultura, cerca de 16 t/ha, contra, aproxima-damente, 9 toneladas da produtividade

nacional (Quadro 6). Além de São Paulo,outro Estado que merece destaque, em ter-mos de rendimento da cultura, é o Rio deJaneiro que, apesar de não se destacar emtermos de produção ou de área, apresentaelevada produtividade.

PANORAMA EM MINAS GERAIS

Minas Gerais ocupa a quinta posição,tanto entre os Estados maiores produtoresde maracujá, quanto em termos de área

Bahia 55.715 67.372 56.682 46.356 38.265 69.915 90.599 78.674 63.632

São Paulo 38.870 52.884 53.108 52.394 58.291 68.514 79.527 69.926 63.545

Sergipe 48.529 39.230 41.476 45.674 56.736 46.506 45.074 39.462 34.737

Pará 113.468 162.634 200.185 130.407 138.091 128.610 76.727 46.633 31.791

Minas Gerais 4.924 6.015 10.148 18.461 25.312 21.602 12.088 20.771 18.131

Ceará 15.494 17.304 19.676 24.122 27.530 25.105 19.803 29.434 15.393

Rio de Janeiro 37.799 29.672 25.917 26.171 3.676 4.103 28.182 22.069 15.096

Alagoas 141 131 1.384 1.349 14.943 15.011 14.497 14.576 11.673

Goiás 323 348 3.434 4.309 3.944 7.507 13.178 7.393 10.211

Subtotal 315.263 375.590 412.011 349.244 366.789 386.874 379.676 328.938 264.210

Outros Estados 1.974 4.853 6.227 11.246 13.085 18.661 29.821 28.495 34.045

Brasil 317.236 380.444 418.237 360.490 379.875 405.535 409.497 357.433 298.255

QUADRO 4 - Produção brasileira de maracujá, por Unidade da Federação (em toneladas(1))

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998Unidade

da Federação

FONTE: Produção... (2000b).(1) Fator de conversão: 1 fruto = 0,12 kg [todos os Estados, exceto em SC (0,10 kg)].

Bahia 6.686 8.058 6.907 6.103 5.598 9.441 12.003 10.252 8.404

Sergipe 5.684 4.976 4.939 4.901 4.538 4.862 4.971 4.566 4.452

São Paulo 1.703 2.752 3.214 3.248 3.359 3.851 4.706 4.094 3.880

Pará 6.663 9.538 10.748 10.524 10.552 9.705 7.846 4.811 3.452

Minas Gerais 525 1.143 1.705 2.073 2.117 2.069 2.817 3.253 2.444

Ceará 1.095 1.221 1.382 1.738 1.938 1.771 2.720 2.967 2.149

Alagoas 94 100 174 173 1.930 1.937 1.959 1.992 1.600

Rio de Janeiro 1.932 1.796 1.851 1.807 1.347 1.563 1.610 1.306 1.083

Goiás 213 243 255 310 328 649 1.379 784 1.032

Subtotal 24.595 29.827 31.175 30.877 31.707 35.848 40.011 34.025 28.496

Outros Estados 734 981 1.442 1.662 1.780 2.674 4.451 4.318 4.516

Brasil 25.329 30.808 32.617 32.539 33.487 38.522 44.462 38.343 33.012

QUADRO 5 - Área colhida de maracujá no Brasil, por Unidade da Federação (em hectares)

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998Unidade

da Federação

FONTE: Produção... (2000a).

Page 16: Epamig ia 206-maracuja

I n fo rme Agropecuár io , Be lo Hor i zon te , v .21 , n .206 , p .10 -17 , se t . /ou t . 2000

14 A cultura do maracujazeiro

plantada com a cultura. A produção mineiracresceu significativamente a partir de 1990,chegando a atingir em 1994 um aumentosuperior a 400%, em comparação ao volu-me produzido no início da década. Em con-trapartida, o ano de 1996 foi marcado poruma produção que correspondeu a menosda metade da verificada em 1994. Em re-lação à evolução da área plantada tal fatonão foi verificado, embora o ano de 1998também tenha apresentado redução, quan-

do comparado com o anterior.De acordo com os dados apresentados

nos Quadros 4 e 5 , Minas Gerais apresen-tou crescimentos da ordem de 268% e 365%para a produção e a área colhida de maracu-já, respectivamente. Estes resultados sãobastante relevantes, quando confronta-dos com o comportamento dos principaisEstados produtores e do Brasil, cujas taxasde crescimento mantiveram-se bem aquémdestes valores. No tocante ao rendimentoda cultura, a produtividade mineira situou-se, em 1998, abaixo da nacional, porém bempróxima da verificada na Bahia, primeiroEstado produtor nacional (Quadro 6).

Os dados apresentados no Quadro 7diferem um pouco daqueles fornecidos pe-lo IBGE (Produção..., 2000ab), porque sereferem a levantamentos da Emater-MGjunto aos municípios produtores assistidospor essa empresa. Independente de algu-mas diferenças quanto aos totais anuais, aanálise do quadro é bastante relevante vistoque ele fornece a distribuição da produçãomineira de maracujá entre as regiões de pla-nejamento do Estado.

Pode-se constatar que as principaisregiões, em termos de produção e área, são,pela ordem, a do Alto Paranaíba, do Nor-te de Minas e do Triângulo. As regiões doTriângulo e Alto Paranaíba, além da reco-

nhecida aptidão agrícola, têm a seu favoruma boa localização em relação às princi-pais indústrias processadoras de suco. Aregião Norte de Minas, por sua vez, com-preende vários projetos agrícolas com usode irrigação, alguns voltados basicamen-te para a produção frutícola, como é o casodo Perímetro Irrigado de Pirapora, mas, alémdele merecem destaque os Perímetros Irri-gados do Gorutuba e Jaíba.

A análise do Quadro 7 permite, ainda,constatar que todas as regiões do Estadoapresentam uma elevada produtividade,com destaque para a do Norte de Minas,que para o ano 2000 atingiu um rendimen-to equivalente a quase o dobro da médiamineira. A resposta altamente positiva daregião, em termos de produtividade, certa-mente está relacionada com os projetos irri-gados de fruticultura.

Deve-se destacar que, de maneira geral,as principais regiões produtoras apresen-tam uma tendência crescente em termos deprodução, durante os anos considerados,mas deve-se salientar principalmente oincremento observado nas suas produti-vidades.

Comercialização e preços

A quantidade de maracujá comercializa-da no atacado nas Unidades da Ceasa-MG,

FONTE: Produção... (2000 ab).

Elaboração: EPAMIG-DPAD.

QUADRO 6 - Produtividade média da cultura domaracujá nos principais Estadosprodutores em 1998

Unidade da FederaçãoProdutividade

(kg/ha)

São Paulo 16.378

Rio de Janeiro 13.939

Goiás 9.894

Pará 9.209

Sergipe 7.803

Bahia 7.572

Minas Gerais 7.419

Alagoas 7.296

Ceará 7.163

Brasil 9.035

Central 132 1.419 10.750 112 1.530 13.656 180 3.220 17.889 431 6.923 16.063

Zona da Mata 208 2.134 10.261 147 1.686 11.469 101 1.082 10.711 141 2.095 14.816

Sul de Minas 34 319 9.368 42 398 9.464 34 332 9.750 22 182 8.349

Triângulo 444 4.679 10.538 251 3.674 14.637 283 4.532 16.014 350 7.032 20.120

Alto Paranaíba 689 8.486 12.316 793 10.878 13.718 886 11.005 12.420 1.164 15.295 13.140

Centro-Oeste de Minas 7 35 5.000 7 23 122 5.283 59 806 13.661

Noroeste de Minas 223 2.415 10.830 195 2.560 13.128 204 2.696 13.216 250 2.962 11.872

Norte de Minas 565 8.439 14.936 340 6.176 18.163 302 6.399 21.187 363 11.581 31.904

Jequitinhonha/Mucuri 122 1.788 14.656 103 1.254 12.175 79 1.146 14.506 128 2.336 18.250

Rio Doce 103 978 9.495 74 1.035 13.986 101 1.321 13.079 150 1.814 12.069

Minas Gerais 2.527 30.692 12.146 2.064 29.190 14.142 2.193 31.853 14.525 3.058 51.026 16.689

QUADRO 7 - Produção, área e produtividade da cultura do maracujá por Região de Planejamento em Minas Gerais, no período 1997-2000

FONTE: Acompanhamento... (1997, 1998, 1999) e Safra... (2000).(1) Dados referentes ao relatório de ago. 2000.

Regiãode

Planejamento

1997 1998 1999 (1)2000

Área(ha)

Área(ha)

Área(ha)

Área(ha)

Produção(t)

Produção(t)

Produção(t)

Produção(t)

Produti-vidade(kg/ha)

Produti-vidade(kg/ha)

Produti-vidade(kg/ha)

Produti-vidade(kg/ha)

_ _

Page 17: Epamig ia 206-maracuja

I n fo rme Agropecuár io , Be lo Hor i zon te , v .21 , n .206 , p .10 -17 , se t . /ou t . 2000

15A cultura do maracujazeiro

no período de 1990 a 1999, pode ser visua-lizada no Quadro 8. Observa-se que o volu-me comercializado do produto no mercadoapresentou oscilações nas quantidades, noentanto, prevaleceu uma tendência cres-cente. Quando se relaciona a quantidadecomercializada no ano de 1999 (9.020 t) com1990 (2.280 t) verifica-se aumento na ordemde 295,7%. A média mensal das entradasno mercado atacadista, no referido período,mostrou que as maiores quantidades ofer-tadas foram entre os meses de dezembro emaio, atingindo o pico em março. A partir

de maio, a quantidade começa a reduzir atin-gindo a menor parcela em outubro (Grá-fico 1), mês em que foi registrado o maiorpreço do produto, ocasionado pelo baixonível da oferta.

Dentre as Unidades da Ceasa-MG, a daGrande Belo Horizonte comercializou, noano de 1999, 71,06% do volume registradono Estado. As demais responderam pelasseguintes parcelas do volume comerciali-zado: Uberlândia 9,55%, Uberaba 6,05%,Caratinga 5,36%, Juiz de Fora 4,10% e Go-vernador Valadares 3,88% (Quadro 9).

Quando se analisa a procedência domaracujá comercializado nas Unidades daCeasa-MG, no ano de 1999, verifica-se queo estado de Minas Gerais participou com7.308 t, representando 81,0% do total. Oproduto oriundo de São Paulo (543 t), re-presentou 6%; o da Bahia (503 t), 5,6%; odo Espírito Santo (197 t), 2,2%; o do Riode Janeiro (168 t), 1,9%; o de Santa Cata-rina (154 t), 1,7%; o do Pará (95 t), 1,1%; eo de outros Estados como Goiás, Pernam-buco e Paraná, menos de 1% (Origem...,2000).

1990 195.337 249.848 308.421 239.160 414.323 243.875 209.931 170.519 63.635 31.063 40.661 112.789 2.279.562

1991 139.426 142.259 201.756 255.013 167.023 147.819 214.929 96.081 76.427 52.484 32.766 167.971 1.693.954

1992 292.579 256.423 394.476 520.466 559.130 441.795 434.357 323.071 236.954 134.182 203.444 352.064 4.148.941

1993 479.812 507.775 607.700 456.636 514.624 444.821 418.580 418.895 272.000 217.870 287.001 427.383 5.053.097

1994 383.214 448.173 631.039 513.969 470.816 559.256 425.286 420.998 315.654 220.957 349.944 294.923 5.034.229

1995 439.037 585.138 436.129 438.022 598.401 422.924 491.640 424.803 342.359 423.167 524.873 545.275 5.671.768

1996 641.203 798.661 861.584 641.481 697.007 603.967 528.646 521.866 413.270 450.730 562.410 633.696 7.354.521

1997 699.343 970.902 702.465 715.938 573.937 621.538 576.079 411.041 361.254 537.042 498.411 648.705 7.316.655

1998 490.244 672.260 737.438 633.570 752.896 544.880 540.265 597.942 487.508 433.501 493.178 602.207 6.985.889

1999 891.661 863.964 1.044.157 757.507 737.401 836.126 638.333 603.128 582.912 539.845 563.436 961.554 9.020.024

Média 465.186 549.540 592.517 517.176 548.556 486.700 447.805 398.834 315.197 304.084 355.612 474.657 5.455.864

QUADRO 8 - Quantidade de maracujá comercializada nas Unidades da Ceasa-MG(1), no período 1990-1999 (em quilogramas)

Ano Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Total

FONTE: Ceasa-MG. Departamento Técnico. Seção de Informação de Mercado.(1) Unidade Grande Belo Horizonte, Uberlândia, Juiz de Fora, Governador Valadares, Caratinga e Uberaba.

Gráfico 1 - Quantidade mensal de maracujá comercializada nas Unidades da Ceasa-MG(1), no período 1990-1999 (em quilogramas)FONTE: Ceasa-MG. Departamento Técnico. Seção de Informação de Mercado.

NOTA: Unidade Grande Belo Horizonte, Uberlândia, Juiz de Fora, Governador Valadares, Caratinga e Uberaba.

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

700.000

jan. fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez.

Page 18: Epamig ia 206-maracuja

I n fo rme Agropecuár io , Be lo Hor i zon te , v .21 , n .206 , p .10 -17 , se t . /ou t . 2000

16 A cultura do maracujazeiro

De acordo com dados da Ceasa-MG(Origem..., 2000), os dez municípios minei-ros que mais contribuíram para o abasteci-mento foram Curvelo com 726 t; Taiobeirascom 642 t; Bonfim com 610 t; Araguarí com512 t; Ubaporanga com 465 t; Montes Cla-ros com 347 t; Uberaba com 336 t; Inhapimcom 287 t; Engenheiro Caldas com 280 t eIgarapé com 248 t.

Variação estacionalde preços

A variação estacional dos preços demaracujá praticados no atacado, nas Unida-des da Ceasa-MG, foi estimada atravésde uma série histórica de 1990 a 1999 (Grá-fico 2 e Quadro 10). Através de análise,visualiza-se o movimento esperado dos pre-ços de maracujá durante o ano, se as condi-ções da oferta e demanda permaneceremsemelhantes às dos anos em estudo.

A análise da variação estacional per-mite observar que há, durante o ano, umperíodo em que os preços em nível de ata-cado nas Unidades da Ceasa-MG (GrandeBelo Horizonte, Uberlândia, Juiz de Fora,Governador Valadares e Caratinga) são maisaltos, compreendendo os meses de setem-

bro a dezembro. Nesse período, os índicesapresentam valores superiores a 100, queé o índice médio anual. No mês de outu-bro, observam-se valores mais elevados,72,29% acima do preço médio anual, po-dendo situarem-se no mínimo 41% maiorque a média e no máximo 109% acima.

Por outro lado, há um período, entre ja-neiro e agosto, em que são praticados me-

nores preços de maracujá durante o ano eos índices apresentam valores inferiores àmédia anual. O preço mais baixo ocorre nomês de junho, 27,32% abaixo da média,podendo esse índice atingir até 37% abaixoda média e um máximo de 16% abaixo damédia.

Ao analisar a diferença entre o preçomais alto que ocorre no mês de outubro, e

1990 1.181.319 841.863 106.820 93.458 56.102 2.279.562

1991 923.685 514.385 108.460 52.422 88.122 6.880 1.693.954

1992 3.054.684 670.946 175.980 98.017 93.814 55.500 4.148.941

1993 3.779.489 666.426 273.380 105.302 168.860 59.640 5.053.097

1994 3.851.479 512.434 243.249 136.552 175.855 114.660 5.034.229

1995 4.468.031 580.444 215.340 176.897 159.900 71.156 5.671.768

1996 5.717.942 579.155 387.080 341.848 201.180 127.316 7.354.521

1997 5.212.613 723.996 456.650 384.784 190.646 347.966 7.316.655

1998 4.886.345 729.251 352.525 325.664 234.815 457.289 6.985.889

1999 6.409.073 861.274 369.915 350.348 483.510 545.904 9.020.024

QUADRO 9 - Quantidade de maracujá comercializada nas Unidades da Ceasa-MG, no período 1990 a1999 (em quilogramas)

Ano

Unidades da Ceasa-MG

GrandeBelo

HorizonteUberlândia

Juizde Fora

GovernadorValadares

Caratinga Uberaba Total

FONTE: Ceasa-MG. Departamento Técnico. Seção de Informação de Mercado.

_

Gráfico 2 - Variação estacional dos preços médios de maracujá nas Unidades da Ceasa-MG(1), no período 1990-1999FONTE: Ceasa-MG. Departamento Técnico. Seção de Informação de Mercado.

(1) Unidade Grande Belo Horizonte, Uberlândia, Juiz de Fora, Governador Valadares e Caratinga.

0

50

100

150

200

250

Limite de confiança S uperior Índice de variação es tacional Limite de confiança inferior

jan. fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez.

Limite de confiança superior Índice de variação estacional Limite de confiança inferior

Page 19: Epamig ia 206-maracuja

I n fo rme Agropecuár io , Be lo Hor i zon te , v .21 , n .206 , p .10 -17 , se t . /ou t . 2000

17A cultura do maracujazeiro

o mais baixo, no mês de junho, observa-seque a amplitude de preço durante o ano éde 99,61%.

CONCLUSÃO

A cultura do maracujazeiro no Brasilevoluiu significativamente nos últimosanos. Apesar de o produto brasileiro terperdido espaço no mercado internacional,a segunda metade da década de 90 foimarcada pelo crescimento das exportaçõesde suco. Estimativas apontam, atualmen-te, para um volume de 5 mil toneladas nasexportações de suco de maracujá. O quemerece destaque é que o Brasil dispõe decondições para incrementar as exportaçõesneste segmento da fruticultura tropical,inclusive de frutas frescas, uma vez queestes mercados se interagem.

O mercado do maracujá in natura bra-sileiro apresenta grande potencial para cres-cimento. Entretanto, para que isso ocorra,há necessidade de abrir espaço para outrascultivares como o maracujá-roxo e doce,de boa aceitação pelos consumidores euro-

peus, norte-americanos e canadenses.Atualmente o grande mercado para o

suco de maracujá brasileiro é o da Comu-nidade Européia, que consumiu cerca de60% de nossas exportações no ano de 1996.Entretanto, os Estados Unidos, Canadá eJapão são mercados altamente promisso-res. É evidente que a permanência brasilei-ra nesses mercados está condicionada àcontinuidade do fornecimento, aliada àqualidade do produto.

Neste contexto, Minas Gerais, que jávem-se destacando como um dos principaisEstados exportadores, também apresentacondições de crescimento, principalmenteconsiderando-se a potencialidade de re-giões específicas, em especial àquelas aten-didas por projetos de irrigação.

Crescimento e estabilidade na oferta doproduto são metas perfeitamente possíveise que podem repercutir em menores oscila-ções nos preços. Paralelo a isto, a qualidadedo produto mineiro ou nacional certamentepoderá significar em conquista e alarga-mento de mercados.

Janeiro 82,27 74,13 91,31

Fevereiro 82,93 72,95 94,26

Março 89,75 80,32 100,30

Abril 87,62 76,75 100,02

Maio 82,19 75,84 89,06

Junho 72,68 62,80 84,10

Julho 74,28 63,44 86,98

Agosto 91,06 77,97 106,35

Setembro 152,24 126,20 183,65

Outubro 172,29 141,48 209,82

Novembro 164,35 139,01 194,32

Dezembro 107,01 89,02 128,65

QUADRO 10 - Índices estacionais e limites de confiança relacionados com os preços médios cons-tantes(1) de maracujá nas Unidades da Ceasa-MG(2), no período 1990-1999

Superior

FONTE: Ceasa-MG. Departamento Técnico. Seção de Informação de Mercado.

Elaboração: EPAMIG-DPAD.

(1) Valores corrigidos pelo IGP-DI/FGV (maio 2000 = 100). (2) Unidade Grande Belo Horizonte,

Uberlândia, Juiz de Fora, Governador Valadares e Caratinga.

MêsÍndice de variação

estacional

Limite de confiança

Inferior

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACOMPANHAMENTO de safra agrícola.

Relatório analítico 25/09/00: maracujá.

EMATER-MG. Belo Horizonte, dez. 1997.

Arquivo eletrônico.

ACOMPANHAMENTO de safra agrícola.

Relatório analítico 25/09/00: maracujá.

EMATER-MG. Belo Horizonte, dez. 1998.

Arquivo eletrônico.

ACOMPANHAMENTO de safra agrícola.

Relatório analítico 25/09/00: maracujá.

EMATER-MG. Belo Horizonte, jul. 1999.

Arquivo eletrônico.

MARACUJÁ - a fruta da paixão: história.

Disponível: site Maracujá . URL: http://

www.maracuja.com.br. Consultado em 6

out. 2000.

O MERCADO de maracujá. ed.atual. Belo Ho-

rizonte: FAEMG, 2000. 14p. (FAEMG/

INFOAGRO. Série Fruticultura).

ORIGEM e oferta da produção agrícola.

Disponível: site Agridata (15 ago. 2000).

URL: http://www.agridata.mg.gov.br/Ceasa/

owa/procedência. Consultado em 9 out.

2000.

PRODUÇÃO agrícola municipal: área colhida

de maracujá. Disponível site IBGE (15 ago.

2000). URL: http://www.sidra.ibge. gov.br.

Consultado em 25 set. 2000a.

PRODUÇÃO agrícola municipal: quantida-

de produzida de maracujá. Disponível si-

te IBGE (15 ago. 2000). URL: http://

www.sidra.ibge. gov.br. Consultado em 25

set. 2000b.

RUGGIERO, C.; SÃO JOSÉ, A. R.;

VOLPE,C.A.; OLIVEIRA, J. C. de;

DURIGAN, J. F.; BAUMGARTNER, J.

G.; SILVA, J. R. da; NAKAMURA, K.;

FERREIRA, M. E.; KAVATI, R.; PEREI-

RA, V. de P. Maracujá para exportação:

aspectos técnicos da produção. Brasília:

EMBRAPA-SPI, 1996. 64p. (FRUPEX.

Publicações Técnicas, 19).

SAFRA agrícola. Relatório analítico para fruti-

cultura 25/09/00: maracujá. EMATER-MG.

Belo Horizonte, ago. 2000. Arquivo ele-

trônico.

Page 20: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .18 -24 , se t . /ou t . 2000

18 A cultura do maracujazeiro

1Enga Agra, Dra, Profa Adj. UNIOESTE – Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus de Marechal Cândido Rondon, CEP 85960-000Marechal Cândido Rondon-PR. E-mail: [email protected]

INTRODUÇÃO

O maracujazeiro pode ser propagado deforma sexuada, através de sementes, e asse-xuada, pela utilização da estaquia, enxertia,alporquia e cultura de tecidos in vitro. Ape-sar de tantas opções, os produtores nor-malmente realizam a propagação através desementes.

A semeadura tem preferência em relaçãoaos métodos assexuados devido à facili-dade do processo e ao tempo de formaçãodas mudas, que é menor. Além disso, deve-se ter em mente que, mesmo quando serealiza estaquia ou enxertia, o início daformação das mudas ocorre a partir da ger-minação de sementes, para obtenção dematrizes.

A propagação assexuada realizada atra-vés de estaquia e enxertia apresenta todasas vantagens da propagação vegetativa,tais como plantas-filhas iguais à planta-mãe e o controle de doenças, o que assegu-ra elevado potencial produtivo. Dentre osdiferentes fatores para o sucesso desta pro-pagação, um dos mais importantes é o usode diferentes matrizes para o fornecimentode material propagativo, devido às caracte-rísticas de auto-incompatibilidade e incom-patibilidade cruzada presentes nas espéciesde maracujá.

Além de se conhecerem os métodos deestaquia e/ou de enxertia, outras questões

Propagação do maracujazeiroGisela Ferreira1

Resumo - A propagação do maracujazeiro pode ser realizada através de mudasprovenientes de sementes, do enraizamento de estacas, da enxertia ou da micro-propagação in vitro. A maioria das mudas é produzida utilizando-se sementes e estassão a base de toda a propagação do maracujazeiro, uma vez que o porta-enxerto éproduzido também a partir de sementes. Assim, as particularidades do processogerminativo são imprescindíveis para se trabalhar com propagação e, conseqüente-mente, ter êxito, inclusive na estaquia e na enxertia.

Palavras-chave: Maracujá; Germinação; Estaquia; Enxertia.

deverão ser respondidas, como a possibi-lidade de dormência das sementes de algu-mas espécies que poderão ser empregadascomo porta-enxerto, o tempo que levam asmudas para atingir o ponto de enxertia equais as taxas de pegamento que as espé-cies proporcionam, pois somente a partirde algumas respostas é que se pode garan-tir a viabilidade do processo de propagaçãovegetativa.

Conforme pode-se observar, embora apropagação assexuada (vegetativa) sejaexcelente ferramenta para a melhoria daqualidade na produção de mudas, há pou-cas informações de forma concreta e mui-tas perguntas a serem respondidas. Assim,o objetivo deste trabalho é o de compilaralgumas informações em relação à propa-gação através de sementes, estacas e en-xertia, estimulando a busca de respostas.

PROPAGAÇÃO SEXUADA

A propagação sexuada é o processoem que ocorre a fusão dos gametas mascu-linos e femininos para formar uma só céluladenominada zigoto, no interior do ovário,após a polinização. A partir do desenvolvi-mento desta célula é produzida uma se-mente, a qual originará uma nova plantacom características totalmente distintas dosprogenitores, devido à troca de informa-ções genéticas na fecundação.

É o principal mecanismo de multipli-cação das plantas superiores, entretanto,na fruticultura em nível comercial este so-mente é usado quando os meios de pro-pagação vegetativa não são possíveis, co-mo no caso do mamoeiro (Meletti, 2000),ou são antieconômicos, como no caso domaracujazeiro.

Produção de sementesO fruto do maracujazeiro é uma baga

globosa. No seu interior são encontradas,em média, 250 sementes ovais e achatadas,com 5mm a 6mm de comprimento e 3mm a4mm de largura, de aspecto reticulado (Car-valho, 1974). A semente é envolvida pelapolpa (arilo), possuidora de reguladores decrescimento (Morley-Bunker, 1980), e osuco é aromático e de coloração amarela(Piza Júnior, 1991).

No Brasil, os produtores retiram semen-tes de frutos de seus pomares ou de frutosadquiridos no comércio ou de empresas quecolocam no mercado sementes selecio-nadas, como é o caso da Imperial Seeds eFleishmann Royal, por exemplo (São José,1994). Atualmente, existe alternativa pa-ra produtores de maracujá-amarelo, quepodem solicitar sementes selecionadas emelhoradas ao Instituto Agronômico deCampinas (IAC), que vem desenvolvendocultivares nos últimos cinco anos.

Na possibilidade de o produtor produzir

Page 21: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .18 -24 , se t . /ou t . 2000

19A cultura do maracujazeiro

sua própria semente, o ideal é que selecionematrizes sadias, vigorosas e produtivas,com frutos de elevado teor de suco (acimade 33%), alto teor de sólidos solúveis to-tais, coloração alaranjada intensa, tama-nho e formato de acordo com as exigênciasdo mercado, e realizem polinização cruzadaentre elas. Os botões oriundos do cruza-mento deverão ser protegidos com saco-las de papel permeável, para evitar o con-tato do estigma da flor escolhida com opólen de plantas indesejadas (São José,1991).

Quando não houver possibilidade de oprodutor realizar o cruzamento, deveráentão utilizar sementes de frutos grandes,maduros, de casca fina, bem-conformados,com elevada porcentagem de suco e origi-nados de plantas vigorosas, produtivas,precoces, resistentes a doenças e a pragas(Manica, 1981).

Germinação

Grande parte dos problemas das se-mentes das Passifloráceas está relacionadacom a qualidade delas. Na literatura, existemdiversas informações quanto à germinaçãodo maracujazeiro, porém é unânime aafirmativa de que o início e o término dagerminação de sementes de Passifloráceasocorrem de forma irregular, podendo esteperíodo ser de dez dias a três meses, o quedificulta a formação de mudas, devido àgrande desuniformidade (Kuhne, 1968,Akamine et al., 1956 e Luna, 1984).

A germinação de sementes das Passiflo-ráceas envolve uma série de fatores quedeve ser levada em consideração, pois aqualidade das sementes é imprescindível.Há necessidade de conhecer o processoda extração e do armazenamento destassementes, bem como as embalagens nasquais deve-se realizar a semeadura, ossubstratos a serem empregados e tambémpossíveis relatos de dormência.

Extração

As sementes devem ser retiradas defrutos maduros de diversas plantas, a fimde diminuir problemas de incompatibili-dade que podem surgir no campo, ou, ain-da, secar no interior dos frutos (Ruggiero,1987). Pode-se promover a semeadura ime-

diatamente, porém a remoção da polpa e alavagem das sementes aceleram a germi-nação (São José, 1991).

Dentre os vários métodos de extraçãoda semente, podem-se citar a fermentaçãodelas por dois a seis dias, com posteriorlavagem e secagem à sombra (Luna, 1984),o uso de liquidificador funcionando embaixa rotação, com hélices protegidas comfita adesiva, para não danificar as sementes(Ruggiero & Correa, 1978), e o método dedesarilação manual, com a adição de calextinta ou areia, que devem ser esfregadasàs sementes sobre uma peneira, lavadasem seguida e secadas à sombra (Manica,1981).

Armazenamento e conservação

O armazenamento de sementes pode-rá ser feito após a secagem, caso não sejarealizada a semeadura. Colocam-se as se-mentes recém-secadas dentro de uma saco-la de polietileno, amarrada de forma quedeixe a menor quantidade de ar junto a elas.Em seguida, são colocadas em câmara friaem temperatura de 5oC a 10oC. Por este pro-cesso, as sementes de Passiflora edulis f.flavicarpa (maracujá-amarelo) podem serarmazenadas por, aproximadamente, umano, conservando sua qualidade em relaçãoà germinação e ao vigor (São José, 1991).Por outro lado, Pope (1936) e Giacometti(1954) relatam que a duração do podergerminativo de Passiflora sp. não é maiordo que um ano. Costa et al. (1974) suge-rem que o armazenamento de sementes dePassiflora edulis f. flavicarpa não ultra-passe oito meses, para que o poder germi-nativo não seja inferior a 50%. Para Thai(1977), a conservação de sementes de ma-racujá-amarelo (P. edulis f. flavicarpa), com9,1% de umidade em ambiente com arcondicionado e em embalagem hermética,proporcionou 72% de germinação, após 12meses de armazenamento, enquanto se-mentes com umidade de 5,2%, armazenadasem local com temperatura ambiente, veda-das ou não , perderam toda a viabilidadeem dez meses.

Quanto às sementes de P. alata, San-chez (1980) observou que estas perdem aviabilidade muito rapidamente. Ao colocarpara germinar sementes sem armazena-

mento, obteve-se germinação de 14%quando degomadas com soda cáustica, e22%, sem soda cáustica. Após seis mesesde armazenamento obteve-se germinaçãode 0 a 5%.

Almeida et al. (1988a), estudando oefeito do armazenamento na germinação desementes de maracujá-amarelo em dife-rentes estádios de maturação, concluíramque houve melhoria na germinação desementes após seis meses de armazena-mento, que as sementes conservadas emcondições naturais após 12 meses de arma-zenamento apresentaram germinação iguala zero, não havendo, porém, diferençasentre o armazenamento em câmara fria ouseca, sendo ambos satisfatórios e que osmelhores resultados foram obtidos comsementes retiradas de frutos com 70 e 77dias de idade.

Semeadura, substratos eembalagens

A semeadura poderá ser efetuada emqualquer época do ano, desde que hajairrigação e que as mudas estejam prontaspara plantio em local definitivo em épocaadequada para a região, onde será insta-lado o pomar.

Os recipientes destinados a semeadurasão as sacolas de polietileno preto (10cm x25cm ou 18cm x 30cm), as bandejas deisopor e os tubetes, embora possa tambémser realizada em canteiros ou diretamen-te no campo. As mudas estarão aptas aoplantio em local definitivo, após, aproxima-damente, 60 a 80 dias da semeadura.

Tem sido observado, na prática, que asplântulas de maracujazeiro doce (Passifloraalata Dryander) não se desenvolvem muitobem em bandejas, atrasando seu cresci-mento e conseqüentemente o plantio nocampo. Neste caso, torna-se mais indicadaa semeadura de duas a três sementes dire-tamente em sacolas de polietileno,composterior desbaste, o que mantém a plân-tula mais vigorosa, garantindo o plantio dasmudas no campo, em menor tempo.

O substrato a ser utilizado também exer-ce grande influência sobre a emergênciade plântulas e formação das mudas. Demodo geral, São José (1994) recomenda ouso, em sacolas, de três partes de terra fértil

Page 22: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .18 -24 , se t . /ou t . 2000

20 A cultura do maracujazeiro

para uma parte de esterco curtido, adicio-nando de 3,0kg a 5,0 kg de superfosfatosimples e 0,5kg a 1,0 kg de cloreto de potás-sio por metro cúbico. Porém, atualmente,tem havido grande aceitação aos substra-tos comerciais. As sacolas são acomo-dadas em canteiros de 1,20m de largura e15,0m de comprimento, aproximadamente.As sementes, de duas a três por sacola,recebem cobertura morta para manutençãoda umidade no meio. Quando as plântulasatingirem de 3cm a 5cm de altura realiza-seo desbaste, cortando-se as mudas menosvigorosas rente ao solo.

Os substratos mais utilizados para ban-dejas e tubetes têm sido os comerciais, com-postos por vermiculita, nutrientes e/ououtros materiais inertes ou orgânicos, comofibra de coco. Porém, deve-se ter muito cui-dado com os substratos comerciais, poissua composição deverá ser adequada àespécie com a qual se está trabalhando.

Lima et al. (1994), trabalhando com mu-das de P. edulis f. flavicarpa e P. alata emcasa de vegetação, verificaram que as me-lhores proporções de solo:esterco, para odesenvolvimento da altura das plântulasde ambas as espécies, foram 2:1, 1:1 e 3:1 e,para o teor de matéria seca, foram 1:1, 1:0 e4:1. Porém, estes autores verificaram que amatéria seca de raiz de P. alata apresentoumelhores respostas nas proporções 1:0 e1:1, enquanto P. edulis f. flavicarpa mos-trou-se indiferente nesta variável.

Em pesquisa realizada por Ferreira(1996), foi possível verificar que as espéciesPassiflora alata, P. edulis f. flavicarpa, P.giberti e P. caerulea apresentam comporta-mentos distintos nos diversos substratosestudados. Considerando os parâmetrosestudados de forma geral, através da aná-lise de componentes principais e de agru-pamento, foi possível verificar que P. edulisf. flavicarpa apresentou a melhor adapta-ção nos diversos substratos, com melhordesenvolvimento no esterco de curral, em-bora nenhum substrato tenha sido preju-dicial. A espécie P. alata demonstrou bomdesenvolvimento nos substratos estercode curral, húmus de minhoca e mistura 3:1.Porém, o elevado teor de boro existente nosubstrato comercial empregado prejudicouo desenvolvimento das mudas, o que não

ocorreu com P. giberti, cujo desenvol-vimento apresentou-se mais favorávelneste substrato e no esterco de curral. Paraa espécie P. caerulea, o substrato comer-cial foi benéfico na velocidade de emer-gência de plântulas, porém, durante odesenvolvimento das mudas, a mistura 3:1,o esterco de curral e o húmus de minhocapassaram a promover as melhores respos-tas, inclusive em relação à possibilidadede utilizar tais mudas para enxertia emmenor tempo.

Dormência

Deve-se considerar a dormência de se-mentes de Passifloráceas, uma vez queautores, como Almeida et al. (1988b), rela-tam a baixa germinação encontrada emsementes consideradas fisiologicamentemaduras, sugerindo a existência de outrosfenômenos interferindo no processo.

Para Morley-Bunker (1980), o mecanis-mo de dormência que ocorre na família dasPassifloráceas é o de controle de entradade água para o interior da semente, devidoà dureza do tegumento. Este observou quea germinação aumentou com a escarificaçãomecânica, sob temperatura alternada, emalgumas espécies do gênero Passiflora.

Pereira & Andrade (1994) relatam queas sementes de P. edulis Sims. não neces-sitam de tratamentos pré-germinativos,devido à elevada porcentagem de germi-nação da espécie. Porém, estes autoresobtiveram 46,80% de germinação aos 22dias após a semeadura.

Ferreira (1998) observou que as semen-tes de Passiflora edulis f. flavicarpa, P.alata, P. giberti e P. caerulea não apre-sentam impedimentos para a entrada deágua no interior delas, embora o tempo deembebição seja diferente para cada uma dasespécies. Além disso, este autor verificouque as sementes destas espécies respon-dem de forma diferenciada à utilização defitorreguladores.

Segundo Ferreira (1998), as sementesde Passiflora edulis f. flavicarpa, P. alataestudadas não demonstraram problemasde dormência, uma vez que as porcentagenstotais de germinação, obtidas nos melhorestratamentos com fitorreguladores, asseme-lharam-se aos resultados obtidos com a

testemunha. Porém, pode-se verificar que,com o uso de ácido giberélico, atingiram-se até 100% de sementes germinadas naespécie Passiflora edulis f. flavicarpa e85% na espécie P. alata. E ainda, quan-do se utilizou giberelina com citocininatambém obtiveram-se bons resultados,especialmente em relação à velocidade degerminação. No mesmo experimento,observou-se que o uso de etileno e misturasde etileno com citocinina e ácido giberélicoforam prejudiciais para ambas as espécies.

Ainda, segundo Ferreira (1998), pode-se observar que a espécie P. caerulea apre-sentou problemas com a germinação, poisembora as sementes tenham conseguidoembeber água no início do processo germi-nativo, não atingiram a fase III da germi-nação, que seria verificada com a emissãodo eixo embrionário. Portanto, acredita-seexistir algum mecanismo de dormência nassementes desta espécie, pois nenhum dostratamentos foi capaz de promover a ger-minação satisfatoriamente.

Em relação à espécie Passiflora gibertiestudada por Ferreira (1998), verifica-se queo emprego de etileno foi benéfico no pro-cesso germinativo, bem como a mistura decitocinina e ácido giberélico, embora so-mente o etileno tenha promovido germina-ção superior àquela obtida na testemu-nha. Porém, para esta espécie, concentra-ções isoladas de ácido giberélico, citocini-nas ou mesmo concentrações elevadas deetileno foram prejudiciais às sementes,inibindo a germinação.

Conforme o exposto, conclui-se que a ger-minação de espécies do gênero Passifloradeve ser alvo de muitas pesquisas, a fim deelucidar os possíveis mecanismos de dor-mência existentes em algumas espécies.

PROPAGAÇÃO ASSEXUADA

A propagação assexuada, também de-nominada de vegetativa ou agâmica, é oprocesso de multiplicação que ocorre atra-vés de mecanismos de divisão e diferen-ciação celular, por meio da regeneração departes da planta-mãe. Desse modo, umvegetal é regenerado a partir de célulassomáticas sem alterar o genótipo, devido àmultiplicação mitótica.

A via vegetativa de propagação de

Page 23: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .18 -24 , se t . /ou t . 2000

21A cultura do maracujazeiro

plantas é a mais recomendada para frutí-feras, porque possibilita a perpetuação dascaracterísticas mais desejadas das plantasque se pretende multiplicar.

Dentre os métodos possíveis de serutilizados na cultura do maracujazeiro têm-se a estaquia e a enxertia.

Estaquia

O enraizamento de estacas de mara-cujazeiro é uma técnica de fácil realização econsiste em colocar para enraizar pedaçosdo ramo, contendo diversas gemas e fo-lhas inteiras ou parte delas, sob condiçõesde elevada umidade relativa, em substratopreviamente preparado. Sabe-se, porém,que existem diversos fatores que devemser levados em consideração para o suces-so desse método de propagação. Ruggiero(1987) cita alguns deles, como a época daretirada das estacas, umidade, temperatura,luminosidade e qualidade do substrato.

Chapman (1963) e Fouqué (1972), ci-tados por Torres et al. (1976), relatam queas estacas usadas para o enraizamento eformação das mudas do maracujazeirodevem ser obtidas de regiões maduras daplanta, apresentando dois a três entrenós.Ruggiero (1987) obteve para a espéciePassiflora giberti 75,5% de enraizamento,utilizando estacas com dois nós e duasmeias folhas, e para Passiflora alata 90,5%em estacas com um nó e meia folha, ambascolocadas em vermiculita, sob nebulizaçãoem ripado com 50% de luminosidade. SãoJosé (1991) conseguiu bons resultados deenraizamento com estacas contendo doisa quatro nós, meia folha ou folhas inteiras,sem uso de fitorreguladores em estufimplástico.

Verifica-se, portanto, que as espéciesrespondem de modo diferenciado ao en-raizamento, porém, com o preparo adequa-do quanto ao número de gemas e folhas, épossível obter enraizamento satisfatório emvárias espécies, devendo salientar a ques-tão da maturidade fisiológica.

As estacas deverão apresentar reservassuficientes para que ocorra o enraizamen-to, portanto partes mais maduras do ramoapresentam maior facilidade de enraizamen-to, por apresentarem maior quantidade dereservas. Estas observações foram com-

provadas por Thimba & Itulya (1982a), queao estudarem os níveis de carboidrato so-lúvel endógeno e proteína total, puderamconcluir que estes exercem influência diretana porcentagem de enraizamento, númerode raízes e peso seco de raiz por estacade maracujazeiro roxo (Passiflora edulisSims.).

A lavagem das estacas em água cor-rente é técnica sugerida por Torres et al.(1976), pois estes autores observaram que,embora estacas lavadas e não lavadas de-senvolvam raízes, e que estas originam-seno calo formado na base da estaca e endo-genamente no prolongamento dos raioslenhosos, a lavagem promove desenvolvi-mento mais rápido e pronunciado das raí-zes.

O uso de auxinas auxilia no enraiza-mento de estacas de maracujazeiro, mas,segundo São José (1994), não é técnicaessencial, pois utilizando-se somente estu-fim plástico, este autor obteve enraiza-mentos superiores a 90% durante todo oano, com maracujá-amarelo. As estacasenraizam, em média, após 20 a 30 dias doenterrio no leito, podendo ser transferidaspara recipientes contendo substrato con-vencional, composto por solo e esterco decurral curtido, e aclimatadas tornando-seaptas ao plantio no campo.

As concentrações de fitorreguladoresempregadas variam de espécie para espé-cie. Thimba & Itulya (1982b) avaliaram ainfluência do ácido indolbutírico (AIB) noenraizamento de estacas de maracujazeiroroxo e os resultados demonstraram que oAIB a 300 mg.L-1 aumentou a porcentagemde enraizamento e o peso das raízes, e con-centrações maiores provaram ser inibidorasdo desenvolvimento radicular. Por outrolado, Cereda & Figueiredo (1988), traba-lhando com maracujazeiro azedo (P. edulisf. flavicarpa) e variando as concentraçõesde auxinas, o tamanho de estacas e a pre-sença/ausência de folhas, observaram quea auxina de melhor resultado foi o AIB a1.000 mg.L-1. Além disso, observaram queas estacas com melhores resultados foramoriginadas da parte mediana dos ramos,com folhas ou parte delas e com dois a trêsnós.

As espécies apresentam respostas dife-

rentes também a outras técnicas de esta-quia, como a aplicação de zona escura queé feita com fita escura na base da estacaainda presa à planta-mãe. Tal fato pode sercomprovado pela comparação do enrai-zamento de estacas de maracujá-amarelo(Passiflora edulis f. flavicarpa) e doce(Passiflora alata), sob condições de ne-bulização. Cereda & Papa (1989) relatam que,para o maracujá-amarelo, a aplicação dezona escura superou o uso do fitorregu-lador e, para o doce, os tratamentos nãoforam significativos.

Enxertia

A enxertia é um processo que apresentainúmeras vantagens, tais como a conser-vação das características da planta-mãe, ocontrole de nematóides, a resistência à se-ca, à Phitophthora e à morte prematura dasplantas, a longevidade e a qualidade dosfrutos (Ruggiero, 1991).

Antes mesmo de se pensar em qual por-ta-enxerto poderá ser usado para o controledesta ou daquela doença, deve-se saberse aquele a ser empregado tem compatibi-lidade com o enxerto, pois, se a incompa-tibilidade for observada, de nada adiantaráo porta-enxerto apresentar níveis de tole-rância ou resistência a doenças.

Tipos de enxertia

Cereda (1994) afirma, em relação ao tipode enxertia, que os melhores resultados sãoobtidos por garfagem do tipo fenda cheia,realizada de 15cm a 20cm de altura do cavalo,com 85% a 90% de pegamento, quando noinício da brotação das plantas. Manica(1981) e Pace (1984) citam que bons resul-tados também foram obtidos com o mesmoprocesso na Austrália.

Souza Corrêa et al. (1986) utilizaram gar-fagem em fenda cheia e à inglesa, com garfosde plantas jovens e adultas sobre porta-enxertos de cinco meses de idade, e obtive-ram 66,3% e 95% de pegamento com fendacheia, 82,5% e 50% de pegamento comgarfagem à inglesa, considerando plantasjovens e adultas respectivamente, e con-cluíram que o uso de garfos de plantasadultas pode ser recomendado para “esca-par” à juvenilidade.

Pace (1984) comparou quatro métodos

Page 24: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .18 -24 , se t . /ou t . 2000

22 A cultura do maracujazeiro

de enxertia (garfagem à inglesa, garfagemlateral, de topo e borbulhia em “T” inver-tido), para o maracujazeiro amarelo (P.edulis f. flavicarpa), em porta-enxertos demaracujazeiros mirim (P. caerulea). Os re-sultados demonstraram que garfagem àinglesa foi o pior método, com 0% de pe-gamento, seguido pela garfagem de topo,com 25%. Entre a garfagem lateral e bor-bulhia não houve diferenças nos índicesde pegamento (96,42% e 100%, respectiva-mente), quando da retirada da fita plástica,porém, após dez dias, a garfagem lateralapresentou diferenças significativas, mos-trando-se o melhor método.

Comparando métodos de enxertia pa-ra maracujá-doce (P. alata), Ferreira et al.(1998) observaram que o método de enxertiacom melhores resultados foi o de fendacheia, independente do amarrio utilizadoser fita crepe ou fitilho plástico. Estes auto-res salientam o pegamento de 99%-100% eatribuem tal resposta às condições ade-quadas de temperatura e controle preven-tivo de fungos no viveiro, pois os métodosde enxertia, por si, não interferiram no pe-gamento da enxertia para maracujá-doce.Desta forma, o método sugerido por estesautores é o de fenda cheia, por ser de maiorfacilidade de execução e, se o número deenxertos a ser realizado for muito grande,vale o uso da fita crepe, pela maior facilidadede amarração por parte do enxertador.

A enxertia deverá ser realizada combisturi cirúrgico, pois quando é realizadacom plântulas de dois meses de idade, omaterial é bastante tenro. Cuidados com obisturi devem ser tomados. Assim, utiliza-se um rodízio de bisturis que deverão serdesinfetados a cada enxertia, para evitarcontaminações.

Os garfos devem ser retirados com doisa três nós, da posição mediana dos ramose com diâmetro semelhante ao do porta-enxerto. Procede-se, então, o amarrio comfita plástica e, em seguida, cobre-se o garfocom saco plástico, para formar câmaraúmida e proporcionar maior pegamento(São José, 1991 e Cereda, 1994).

Um fator negativo, para a utilização daenxertia, é o tempo gasto na formação damuda, que é 2,5 vezes maior, quandocomparado à muda formada por sementes

(Cereda, 1994). Dessa forma, tornam-senecessários maiores estudos, a fim deatenuar este problema. Por outro lado, épossível realizar enxertia de maracujá-doceem diferentes porta-enxertos com doismeses de idade e estas mudas, transplan-tadas para o campo em agosto, apresen-taram excelente compatibilidade entre porta-enxerto e enxerto, além de boa adaptaçãono campo. A fase produtiva iniciou-se emjaneiro do ano seguinte, cinco meses apóso plantio em local definitivo, enquanto paramudas obtidas de sementes, cita-se o inícioda produção após um ano da instalaçãoem local definitivo. Neste caso, embora amuda enxertada demore um pouco mais aficar pronta, leva a vantagem de iniciar aprodução mais cedo e com material pro-pagativo de origem conhecida.

Conforme o exposto, verifica-se que nãoexistem dificuldades no procedimento deenxertia do maracujazeiro, quer seja para omaracujá-doce, quer seja para o azedo. Estefato resolve uma das preocupações com aenxertia para a cultura, que é definir o me-lhor método, e abre possibilidades para adiscussão sobre a questão fitossanitáriaentre as espécies com maior tolerância ouresistência aos diversos patógenos. Assim,após detectadas as espécies mais adequa-das em relação às características fitossa-nitárias, sabe-se que adequar o método deenxertia não será problema, pois até omomento não há relatos de incompatibi-lidade entre espécies de maracujazeiro.

Porta-enxertos

São José (1994) relata que o fruticultortem grande possibilidade de escolha dediversos porta-enxertos, devido ao compor-tamento diferenciado das espécies em rela-ção a nematóides. Klein et al. (1984) afirmamque P. giberti (maracujá); P. maliformis(maracujá-maçã); P. serrato digitada(maracujá-de-pedra) e P. alata (maracujá-guaçu) são altamente suscetíveis, e P.edulis flavicarpa (maracujá-amarelo); P.edulis (maracujá-roxo) e P. caerulea sãoresistentes aos nematóides formadores degalhas.

Em relação à fusariose, Manica (1981)relata diversas medidas de controle, como,por exemplo, evitar o uso de maracujá-roxo

como porta-enxerto ou pé-franco, por estaespécie mostrar-se muito suscetível.

Pace (1984) e São José (1991) relatam anecessidade de usar porta-enxertos resis-tentes para evitar a fusariose. Porém, deve-se atentar para o fato de que as espéciesde maracujazeiro apresentam polinizaçãoaberta e, devido a este fato, a mesma espé-cie pode ser resistente em um local e sersuscetível em outro. Exemplo deste fato éo maracujazeiro doce (P. alata), citado porYamashiro & Landgraff (1979) como re-sistente e, posteriormente, Yamashiro &Cardoso (1982) relatam que a espécie tam-bém pode ser considerada suscetível.

As espécies P. aurantia, P. suberosa,P. herbertiana, P. caerulea, P. incarnatae P. edulis f. flavicarpa são consideradasresistentes a Fusarium (Purss, 1958), po-dendo ser utilizadas como porta-enxer-to. Manica (1981) relata que P. alata, P.macrocarpa e P. quadrangularis tambémsão consideradas espécies resistentes, po-rém, apenas algumas linhagens de P. edulisf. flavicarpa são resistentes a Fusarium.

Gardner (1989) verificou que plântulasde P. molissima, P. foetida e P. ligularisforam suscetíveis a Fusarium oxysporumf. sp passiflorae, enquanto P. edulis f.flavicarpa e P. suberosa foram resisten-tes.

Kuhne & Logie (1977), comparando aprodução e incidência de doenças em pés-francos de maracujazeiro roxo (P. edulis)com plantas enxertadas por garfagem emmaracujazeiro amarelo tolerante (P. edulisf. flavicarpa) obtiveram que, após 21 meses,80% dos pés-francos e 3% das plantasenxertadas estavam mortos ou doentes (in-fectados por Phytophthora nicotianae var.parasitica) e a produção das plantas enxer-tadas foi o dobro da obtida por pés-francos.

A partir de estudos patológicos, Ter-blanche et al. (1986) relatam que P. caerulea,utilizado como porta-enxerto para P. edulis,mostrou a mais alta resistência à podridãode raízes causada por Fusarium e podridãode colo causada por Phytophthora do queas outras espécies do estudo (P. edulis e P.edulis f. flavicarpa). São José (1994) afirmaque, além de P. caerulea, o P. flavicarpatambém é resistente a Phytophthora.

Em relação à morte prematura de plan-

Page 25: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .18 -24 , se t . /ou t . 2000

23A cultura do maracujazeiro

tas, acredita-se que a solução está naseleção de cultivares ou porta-enxertosresistentes. Em Jaboticabal, São José(1994) relata que P. caerulea, P. alata e P.macrocarpa foram tolerantes; P. giberti eP. setacea resistentes; P. serrato digitata,P. coccinea, P. cincinatti, P. incarnata e P.flavicarpa suscetíveis. Oliveira et al. (1984)utilizaram mudas de P. edulis f. flavicarpa,enxertadas sobre P. giberti, plantadas emárea com ocorrência de morte prematura,juntamente com mudas de pé-franco de P.edulis f. flavicarpa e observaram queapenas duas das 300 mudas enxertadasmorreram após desfolha provocada pordoenças da parte aérea e das 50 mudas depé-franco apenas duas mantiveram-se vi-vas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se verificar o quanto se tem bus-cado de soluções para a propagação domaracujazeiro, e o quanto ainda há de res-postas a serem encontradas, especialmenteem relação à fitossanidade e ao padrãooficial para a produção comercial das mu-das. Além disso, não bastam as pesquisas,é necessário que o produtor tenha acessoàs inovações tecnológicas e possam-sebeneficiar destas de modo efetivo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AKAMINE, E.K.; BEUMONT, J.H.;

BOWERS, F.A.I.; HAMILTON, R.A.;

NISHIDA, T.; SHERMAN, G.D.; SHOJI,

K.; STOREY, W.B. Passion fruit culture in

Hawaii. Hawaii: University of Hawaii,

1956. 35p. (Extension Circular, 245).

ALMEIDA, A. M.; NAKAGAWA, J.;

ALMEIDA, R. M. de. Efeito do arma-

zenamento na germinação de sementes de

maracujá amarelo de diferentes estágios de

maturação: experimento. In: CONGRESSO

BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 9,

1987, Campinas. Anais... Campinas: So-

ciedade Brasileira de Fruticultura, 1988a.

p. 603-608.

ALMEIDA, A. M.; NAKAGAWA, J.;

ALMEIDA, R.M. Maturação de semen-

tes de maracujá amarelo: experimento 1. In:

CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTI-

CULTURA, 9, 1987, Campinas. Anais...Campinas: Sociedade Brasileira de Fruti-

cultura, 1988b. p. 625-630.

CARVALHO, A.M. Melhoramento da cultura

do maracujazeiro. In: SIMPÓSIO DA

CULTURA DO MARACUJÁ, 1, 1971,

Campinas. Anais... Campinas: Sociedade

Brasileira de Fruticultura, 1974. p. 1-9.

CEREDA, E. Cultura do maracujá. Garça:

UNESP/SEBRAE, 1994. 57p.

CEREDA, E.; FIGUEIREDO, G.J.B. Mul-

tiplicação do maracujazeiro através do

enraizamento de estacas. In: CONGRESSO

BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 9,

1987, Campinas. Anais... Campinas:

Sociedade Brasileira de Fruticultura, 1988.

p. 631-633.

CEREDA, E.; PAPA, R.C.R. Enraizamento

de estacas de espécies de maracujazeiro

Passiflora alata Dryand e P. edulis f.

flavicarpa. Deg., sob nebulização. In:

CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTI-

CULTURA, 10, 1989, Fortaleza. Anais...Fortaleza: Sociedade Brasileira de Fruti-cul-

tura, 1989. p.375-378.

COSTA, C.F.; OLIVEIRA, E.L.P.G.; LELLIS,

W. T. Durabilidade do poder germinativo

das sementes de maracujá. Boletim IBB,Salvador, v. 13, p.76-84, 1974.

FERREIRA, G. Estudo da embebição e doefeito de fitorreguladores na germi-nação de sementes de Passifloráceas.Botucatu: UNESP, 1998. 146p. Tese (Dou-

torado em Agronomia – Horticultura) - Fa-

culdade de Ciências Agronômicas, Univer-

sidade Estadual Paulista, 1998.

FERREIRA, G. Estudo do desenvolvimentode porta-enxertos para maracujá doce(Passiflora alata Dryander) em diversossubstratos. Botucatu: UNESP, 1996. 155p.

Dissertação (Mestrado em Agronomia –

Horticultura) – Faculdade de Ciências

Agronômicas, Universidade Estadual Pau-

lista, 1996.

FERREIRA, G.; FERNANDES, E.A.O.;

CEREDA, E.; SALLAI, M.M. Influência

de tipos de enxertia e de amarrio na forma-

ção de mudas de maracujazeiro doce. In:

CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTI-

CULTURA, 15, 1998, Poços de Caldas.

Anais... Poços de Caldas: Sociedade Brasi-

leira de Fruticultura, 1998, p.375-378.

GARDNER, D. E. Pathogenicity of Fusarium

oxysporum f. sp. passiflorae to banana Poka

and other Passiflora spp in Hawaii. PlantDisease, Saint Paul, v.73, n.6, p.476-478,

1989.

GIACOMETTI, D. O maracujá, Passiflora sp.

Boletim de Agricultura do Departamen-to de Produção Vegetal, Belo Horizonte,

v.3, n.1/2, p.17-29, jan./fev. 1954.

KLEIN, A.L.; FERRAZ, L.C.C.B.; OLIVEIRA,

J.C. de. Comportamento de diferentes

maracujazeiros em relação ao nematóide

formador de galhas. Pesquisa Agropecuá-ria Brasileira, Brasília, v.19, n.2, p.207-

209, fev. 1984.

KUHNE, F. A. Cultivation of granadillas.

Farming in South Africa, Pretoria, v.43,

n.11, p.29-32, 1968.

KUHNE, F.A.; LOGIE, J.M. Grandilla

longevity improved by grafting. Citrus andSubtropical Fruit Journal , Nelspruit,

n.524, p. 13-14, 1977. Abstract.

LIMA, A.A.; BORGES, A.L.; CALDAS, R.C.

Substratos para produção de mudas de

maracujazeiro. In: CONGRESSO BRA-

SILEIRO DE FRUTICULTURA, 13, 1994,

Salvador. Resumos... Salvador: Sociedade

Brasileira de Fruticultura, 1994. v.3, p.808-

809.

LUNA, J.V.U. Instruções para a cultura domaracujá. Salvador: EPABA, 1984. 25p.

(EPABA. Circular Técnica, 7).

MANICA, I. Fruticultura tropical: maracu-

já. São Paulo: Agronômica Ceres, 1981.

151p.

MELETTI, L.M.M. Maracujazeiro (Passiflora

edulis Sims.). In: MELETTI, L.M.M. (Ed.).

Propagação de frutíferas tropicais. Guaí-

ba: Agropecuária, 2000. p.198-204.

MORLEY-BUNKER, M. J. S. Seed coat

dormancy in Passiflora species. AnnualJournal, v.8, p. 72-84, 1980.

OLIVEIRA, J.C.; RUGGIERO, C.C.;

NAKAMURA, K.; BAPTISTA, M.

Comportamento de Passiflora edulis en-

xertado sobre P. giberti N. E Brown. In:

CONGRESSO BRASILEIRO DE FRU-

TICULTURA, 7, 1983, Florianópolis.

Anais... Florianópolis, EMPASC/Socieda-

Page 26: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .18 -24 , se t . /ou t . 2000

24 A cultura do maracujazeiro

de Brasileira de Fruticultura, 1984. p.989-

993.

PACE, C.A.M. Comparação de quatro métodos

de enxertia para o maracujazeiro amarelo

Passiflora edulis f. flavicarpa Deg. In:

CONGRESSO BRASILEIRO DE FRU-

TICULTURA, 7, 1983, Florianópolis.

Anais... Florianópolis, EMPASC/Socieda-

de Brasileira de Fruticultura,1984. p.983-

988.

PEREIRA, T.S.; ANDRADE, A.C.S. Ger-

minação de Psidium guajava L. e Passiflora

edulis Sims: efeito da temperatura, subs-

trato e morfologia do desenvolvimento pós-

seminal. Revista Brasileira de Sementes,Brasília, v.16, n.1, p.58-62, 1994.

PIZA JÚNIOR, C. T. A cultura do maracujá.

São Paulo: CATI, 1991. 102p.

POPE, W.T. Maracujá de fruto comestível, sua

cultura e exploração. Fazenda, v.31, n.8,

p.229-231, 1936.

PURSS, G. S. Studies of the resistance of

species of Passiflora to Fusarium wilt (F.

oxysporum f. passiflorae). Queensl. J.Agric. Sci., v. 15, n. 2, p. 95-99, 1958.

RUGGIERO, C. Enxertia do maracujazeiro.

In: SÃO JOSÉ, A.R. (Ed.). A cultura domaracujá no Brasil. Jaboticabal: FUNEP,

1991. p.43-59.

RUGGIERO, C. (Ed.) Cultura do mara-cujazeiro. Ribeirão Preto : Legis Summa,

1987. 250p.

RUGGIERO, C.; CORREA, L. S. Propagação

do maracjuazeiro. In: SIMPÓSIO SOBRE

A CULTURA DO MARACUJAZEIRO,

2, 1978, Jaboticabal. Anais... Jaboticabal :

UNESP-Faculdade de Ciências Agrárias e

Veterinárias, 1978. p. 24-28.

SANCHEZ, S.V. Influência de tipos de de-gomagem e armazenamento sobre agerminação de sementes e estudo sobrea quebra de dormência de maracujá-guaçu (Passiflora alata Ait) . Jaboticabal:

UNESP-Faculdade de Ciências Agrárias e

Veterinárias, 1980. 21p.

SÃO JOSÉ, A. R. Maracujá : produção e

mercado. Vitória da Conquista-BA: UESB-

DFZ, 1994. 225p.

SÃO JOSÉ, A. R. Propagação do maracujazeiro.

In: SÃO JOSÉ, A.R. (Ed.). A cultura do

maracujá no Brasil. Jabotical: FUNEP,

1991. p.25-43.

SOUZA CORRÊA, L. de; RUGGIERO, C.;

OLIVEIRA, J.C. Propagation of yellow

passion fruit by graftage. Proceedings ofthe Tropical Region American Societyfor Horticultura Science, Mount

Vermont, v. 23, p. 149-150, 1986.

TERBLANCHE, J.H.; GRECH, N.; FREAN,

R.; CRABBÉ, F.; JOUBERT, A. Good news

for passion fruit industry. Inf. CitrusSubtr. Fruit Res., Nespruit, n. 164, p. 1-

2, 4-5, 1986. Abstracts.

THAI, Y.T. Storage of passion fruit (Passiflora

edulis f. flavicarpa) seeds. MalaysianAgricultural Journal, Kuala Lampur,

v.51, p.118-23, 1977.

THIMBA, D.N.; ITULYA, F. M. Rooting of

purple passion fruit (P. edulis f. edulis

Sims.) stem cutings – I: influence of endo-

genous soluble carboydrate an total protein.

East African Agricultural and ForestryJournal, Nairobi, v. 48, n.1/4, 1982a.

THIMBA, D.N.; ITULYA, F.M. Rooting of

purple passion fruit (P. edulis f. edulis

Sims.) stem cutings – II: influence of

indolebutyic acid (IBA). East AfricanAgricultural and Forestry Journal ,

Nairobi, v. 48, n. 1/4, p. 5-9, 1982b.

TORRES, A. C.; PINHEIRO, R. V. R.;

SHIMOYA, C. Anatomia da origem e do

desenvolvimento de raízes adventícias em

estacas do maracujazeiro amarelo (Passiflora

edulis Sims forma flavicarpa Degener).

Revista Ceres, Viçosa, v. 24, n. 131, p. 19-

35, jan./fev. 1976.

YAMASHIRO, T.; CARDOSO, R. M. G.

Ocorrência de murcha de Fusarium em

maracujá-açu (P. alata Ait.) no estado de

São Paulo. In: CONGRESSO PAULISTA

DE FITOPATOLOGIA, 5, 1982, Piraci-

caba. Anais... Piracicaba: Sociedade Bra-

sileira de Fruticultura, 1982. p. 52.

YAMASHIRO, T.; LANDGRAFF, J.H.

Maracujá-açu (Passiflora alata Ait.), porta-

enxerto resistente à fusariose do maracu-

jazeiro (Passiflora edulis f. flavicarpa Deg.).

In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRU-

TICULTURA, 5, 1979, Pelotas. Anais...Pelotas: Sociedade Brasileira de Fruticul-

tura, 1979. p. 918-921.

Page 27: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .25 -28 , se t . /ou t . 2000

25A cultura do maracujazeiro

1Engo Agro, M.Sc., Prof. Assist. UFRRJ - Instituto de Agronomia - Depto Fitotecnia, CEP 23851-970 Seropédica - RJ.2Engo Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTSM-FECD, Caixa Postal 33, CEP 37780-000 Caldas - MG. E-mail: [email protected]

Ecofisiologia do maracujazeiroMarco Antônio da Silva Vasconcellos1

Jaime Duarte Filho2

Resumo - As Passifloráceas têm como principal centro de diversidade genética a AméricaTropical, desde a região Amazônica até o Paraguai e o Nordeste da Argentina. Entre asespécies utilizadas para consumo como fruta in natura (N) ou industrializada (I) destacam-se: Passiflora edulis F. flavicarpa (maracujá-amarelo) (N e I ), P. edulis (maracujá-roxo) (Ne I), P. alata (maracujá-doce) (N), P. ligularis (N), P. maliformis (N), P. mollissima (N), P.incarnata (I eN) e P. caerulea utilizada como porta-enxerto). Em algumas regiões,principalmente Austrália, Nova Zelândia e África do Sul, são também cultivadoscomercialmente híbridos entre maracujá-amarelo e maracujá-roxo. Aspectosrelacionados com o comportamento destas espécies, nas diferentes regiões produtorassão reportados, em sua grande maioria sob o ponto de vista de produção e qualidade defrutos. Não é dada a devida atenção para uma análise mais detalhada, na qual aspectosanatômicos, morfológicos e fisiológicos, que poderiam dar subsídios para uma melhorexplicação dos resultados, às vezes contraditórios, observados nos trabalhos de pesquisa,não são considerados. A quase totalidade dos resultados apresentados é observada emexperimentos com o maracujazeiro amarelo e roxo, que são as espécies mais cultivadasno mundo.

Palavras-chave: Maracujá; Passiflorácea; Sazonalidade; Fenologia; Radiação solar; Fo-toperíodo; Temperatura; Estresse hídrico.

INTRODUÇÃO

O conhecimento da fisiologia das espé-cies vegetais é de fundamental importânciapara a compreensão, direcionamento eotimização de várias práticas culturais em-pregadas durante seu cultivo, sendo estaa base para o avanço tecnológico da culturacom reflexos, não só na produção, produ-tividade, mas também principalmente naqualidade dos produtos colhidos.

BOTÂNICA

Uma descrição botânica mais detalhadadas espécies do gênero Passiflora pode serencontrada em Killip (1938), Sacco (1962) eSalomão & Andrade (1987).

Contudo, Maciel et al. (1994) descreve-ram o desenvolvimento de plantas de maracu-jazeiro amarelo em quatro fases, a saber:

a) fase embrionária: a planta é formadapor um hipocótilo ereto, duas folhascotiledonares e um epicótilo poucovisível;

b) fase juvenil: a planta apresenta umcaule cilíndrico com entrenós curtos efolhas inteiras dispostas em filotaxia2/5. Esta fase termina com o apareci-mento das primeiras folhas lobadas egavinhas, o que ocorre no final dosegundo giro filotáxico;

c) fase de transição: nesta fase, a partirdo terceiro até o sétimo giro filotá-xico, na axila de cada folha trilobadasaem as gavinhas e o entrenó au-menta de comprimento. Esta fasedura até a planta atingir cerca de250cm, quando inicia a fase adulta;

d) fase adulta: caracterizada pela pre-sença de botões florais e flores nosramos principal e laterais. As primeirasflores em antese são observadas de-pois de completado o oitavo giro filo-táxico.

De acordo com Kavati (1998), a primei-ra flor ocorre numa posição comparada ao24o - 25o nó após o aparecimento da primei-

ra gavinha. Nos ramos laterais, as primeirasflores são observadas do quarto ao sétimonó (contados de sua base).

Um aspecto que deve ficar claro é queapós o aparecimento das primeiras flores,o processo continua indefinidamente, se-guido do crescimento dos ramos. Na axiladas folhas, onde são formadas as flores,novas flores não aparecerão, ou seja, aplanta só forma flores em ramos em cres-cimento. Logo, ramos que já produziramflores não mais o farão. Contudo, na axiladesta folha onde foi formada a flor existeuma gema vegetativa, que poderá formarnovo ramo produtivo. O entendimentodesta característica é fator básico paramanejar a poda dentro de um cultivo co-mercial de maracujá.

Como mencionado, uma vez a plantaestando em condições de florescer, esteprocesso mantém-se continuadamentedurante o crescimento dela. Porém, o quese verifica nas diversas regiões de cultivosão períodos bem caracterizados de en-

Page 28: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .25 -28 , se t . /ou t . 2000

26 A cultura do maracujazeiro

tressafra de produção, associados à faltade desenvolvimento da gema florífera, doflorescimento e a problemas na fertilizaçãoda flor, fatores estes influenciados peloambiente.

De forma geral, as Passifloraceas respon-dem rapidamente às variações climáticas,notadamente à temperatura, à radiação solar,ao fotoperíodo e a chuvas.

Os maracujazeiros amarelo e doce sãodescritos como plantas do ciclo C

3. Ao uti-

lizar a técnica dos isótopos estáveis decarbono, verificam-se variações na razãoisotópica de 13C/12C nas folhas destasespécies da ordem de –28% a –30%, o que,de acordo com Vogel (1993), caracterizamestas espécies como plantas do ciclo fo-tossintético C

3.

SAZONALIDADE DE PRODUÇÃO

As espécies comerciais de maracu-jazeiro desenvolvem-se em condições cli-máticas distintas, variando das regiõesquentes dos trópicos (0o latitude) até as declima subtropical (35o latitude sul). Ainda,nas diferentes latitudes, o maracujazeiro écultivado em altitudes que variam do níveldo mar a 3.200m (Menzel & Simpson , 1994).

Nessas diferentes regiões, as plantasapresentam crescimento e desenvolvimentoem taxas bem distintas, assim como parauma mesma situação climática as espéciese híbridos também apresentam compor-tamento diferente.

De forma geral, o maracujazeiro amarelo éuma planta adaptada para condições detemperatura mais elevada. Entretanto, quan-do cultivada em regiões com inverno maisacentuado, onde as temperaturas médias sãomais baixas, ou em regiões de elevada alti-tude, as plantas terão nesse período do anoseu crescimento diminuído (praticamenteparalisado), com redução no número de novasbrotações e, conseqüentemente, no númerode flores e frutos. Além disso, poderão ocorrerproblemas de redução de produção por baixafrutificação causada pelo efeito negativo dabaixa temperatura na fertilização das flores.

Em regiões mais afastadas dos trópicosocorrem variações no comprimento do diaem função da época do ano. No inverno, ocomprimento do dia cai a valores inferioresao ideal para as plantas poderem responderem sua plenitude ao florescimento, ocor-rendo uma queda acentuada, às vezes aparalisação total, na quantidade de flores

formadas.Quando comparamos o comportamento

do maracujazeiro amarelo em cultivos noNorte, Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil,não havendo limitação por água, veremosque no Norte do país (0o latitude) as plantascrescem e florescem continuadamente,devido a pouca variação da temperatura efotoperíodo ao longo do ano. Afastando-se para o Nordeste, este período começaráa diminuir (11 a 10 meses) em função dalatitude, uma vez que teremos o apare-cimento de um inverno mais delimitado comuma pequena redução na temperatura e nofotoperíodo. Matsumoto & São José (1991),em Vitória da Conquista (Ba), (15o latitudesul), observaram plantas de maracujazeiroamarelo florescendo o ano todo, porém comuma redução no número de flores forma-das no período de inverno. No Sudeste, operíodo de produção será menor que o doNordeste, variando de 10 a 9-8 meses, umavez que nesta região no outono/inverno astemperaturas são mais baixas e o comprimen-to do dia diminui mais acentuadamente. Naregião Sul, os efeitos da temperatura efotoperíodo serão fortes, reduzindo aindamais o período produtivo das plantas, quandocomparados com a região Sudeste.

Esta sazonalidade é verificada não sóna produção de frutos, mas também na qua-lidade e no tempo de sua colheita. Logo, emépocas de menor temperatura do ano e/oualta nebulosidade, os frutos terão seu cicloaumentado, bem como tenderão a ser maisácidos (menor Ratio) e mais coloridos.

O comportamento de outras espécies étotalmente distinto. Por exemplo, o ma-racujazeiro roxo adapta-se a condições detemperaturas mais amenas, sendo mais cul-tivado em regiões de maior altitude, assimcomo o maracujazeiro doce que no Brasil écultivado principalmente em locais com cli-

ma mais frio, como Mogi das Cruzes (SP),região de Londrina (PR) dentre outras.Estas espécies apresentam potencial pro-dutivo reduzido, quando cultivadas em re-giões de clima muito quente.

RESPOSTAS A FATORESAMBIENTAIS

Vários autores, como Menzel & Simpson(1994), têm demonstrado que a produção domaracujazeiro está confinada a certas épocasdo ano com frutificação afetada por mudan-ças na temperatura, fotoperíodo, radiaçãosolar e precipitação. Contudo, a maioria des-tes estudos não reporta os modelos de cres-cimento vegetativo, florescimento e pega-mento de frutos.

Fotoperíodo e radiaçãosolar

Watson & Bowers (1965) foram os pri-meiros pesquisadores a constatar que o ma-racujazeiro amarelo requeria fotoperíodolongo para florescer. Estes autores relatamque as maiores produções do maracujazeiroforam obtidas em fotoperíodo de mais de 12horas de luz, e que com o abaixamento desteocorre redução do número de flores, chegan-do a planta a não florescer em fotoperíodode menos de 8 horas. Ainda segundo estesautores, o efeito do fotoperíodo sobre ocrescimento vegetativo foi marcante, ondeem fotoperíodos de menos de 8 horas e maisde 16 horas, as plantas apresentaram umaumento acentuado no crescimento (compri-mento do ramo, comprimento do entrenó enúmero de nós) em detrimento ao flores-cimento, ao passo que plantas expostas afotoperíodo de 12 horas de luz apresentarammenor crescimento porém maior número deflores (Quadro 1).

Como citado anteriormente, a influência

Longo (>16h) 3,2 41 18 7,9

Natural (>12h) 1,4 33 20 4,2

Curto (8h) 3,6 39 0 9,2

QUADRO 1 - Dados do comportamento de plantas de maracujazeiro amarelo submetidas adiferentes fotoperíodos

FotoperíodoComprimento

do ramo(m)

Númerodenós

Númerode

flores

Comprimento doentrenó

(cm)

FONTE: Dados básicos: Watson & Bowers (1965).

Page 29: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .25 -28 , se t . /ou t . 2000

27A cultura do maracujazeiro

do comprimento do dia sobre o florescimentodo maracujazeiro é bastante marcante,observando-se respostas diferenciadas entreas espécies. O maracujazeiro doce parece teruma exigência quanto ao fotoperíodo di-ferente do maracujazeiro amarelo, pois plantasdesta espécie, mesmo no período de invernonos estados de São Paulo e Paraná, apre-sentam maior quantidade de flores do que asdo maracujazeiro amarelo. A redução no nú-mero de flores nesta situação também existe,porém em menor magnitude do que a obser-vada para o maracujazeiro amarelo.

Menzel & Simpson (1988) estudando oefeito da radiação solar sobre o crescimen-to e florescimento do híbrido E-23 (roxo Xamarelo) verificaram que as plantas, sub-metidas à baixa radiação solar 2,1 e 6,3MJ.m_2.dia-1, apresentaram maior compri-mento do ramo e este diminuiu com oaumento da radiação solar. Já a área fo-liar, o número de botões florais, o núme-ro de flores abertas e o peso de matériaseca aumentaram com a elevação da ra-diação solar incidente, até o nível de 20,9MJ.m_2.dia-1 (Quadro 2).

Ainda segundo Menzel & Simpson(1988), um período intermitente de uma aquatro semanas de forte sombreamento,durante um período de pleno sol, induziuefeito residual sobre o crescimento e flo-rescimento, reduzindo o florescimento e opotencial de produção significativamen-te. Este fato sugere que trocas sazonais deradiação solar, observadas no inverno emáreas subtropicais e durante as estaçõeschuvosas (alta nebulosidade) nas regiõestropicais, influenciam na produtividade domaracujazeiro.

Isto pode explicar a redução na produ-ção por planta, quando o plantio é feito de

forma adensada, o que leva a um sombrea-mento entre os ramos das plantas.

Quanto aos sistemas de condução dacultura, atualmente adotados, o efeito dosombreamento (diminuição na radiação so-lar) sobre as folhas explica, em parte, porqueo sistema em “latada” é mais produtivo queo em espaldeira vertical com 1 ou 2 fios, ondeno primeiro mais folhas ficam expostasdiretamente à radiação solar, permitindoassim um maior ganho fotossintético comreflexos positivos na produção. Já na es-paldeira vertical forma-se um emaranhadode ramos sobrepostos, nos quais as folhasdos ramos mais internos recebem pouca luze apresentam taxa fotossintética muito baixa,levando em algumas situações a folhas quepela idade funcionariam como fonte defotoassimilados a atuarem com drenos.

Duarte Filho (1996) e Vasconcellos (1991)têm mostrado o comportamento diferen-ciado das espécies e cultivares de maracu-jazeiros quanto à troca de radiação solar.Vasconcellos (1991) relata que plantas demaracujá-doce apresentam uma correlaçãoalta e negativa entre o tempo decorrido doaparecimento do botão floral a antese daflor X radiação solar e entre o tempo de-corrido da polinização a colheita dos frutosX radiação solar, com valores de r2 = -0,5716e r2 = -0,8447, respectivamente.

TemperaturaVariações sazonais de temperatura têm

sido sugeridas como responsáveis porflutuações na produção do maracujazeiroamarelo, quando devidamente suprido porágua.

Temperaturas baixas reduzem o meta-bolismo das plantas, diminuindo a taxa decrescimento e limitando o seu potencial

produtivo. Convém lembrar que a produçãoé reflexo de uma florada que ocorreu cercade 50-60 dias antes da colheita.

De acordo com Menzel & Simpson(1994), os efeitos mais drásticos das baixastemperaturas ocorrem quando associadosà baixa radiação solar.

Em trabalhos com híbridos de maracujá-roxo X maracujá-amarelo, Menzel et al.(1987) constataram os efeitos diferencia-dos dos híbridos testados, quando subme-tidos a regimes de temperatura dia/noite de30o/25oC; 25o/20oC; 20o/15oC e 15º/10oC. Pa-ra os híbridos E-23 e Purple Gold, o aumen-to do crescimento vegetativo a 30o/25oC e25o/20oC, quando comparado com 20o/15oC,foi associado a uma redução no númerode botões florais e flores abertas. O híbridoLacey nos diferentes regimes térmicos nãofloresceu. O híbrido Purple Gold apresentouo maior número de botões florais e floresabertas a 20o/15oC. A 15o/10oC e 30o/25oC ocrescimento e o número de flores abertasforam reduzidos. Estes autores concluíramque o critério de seleção, visando o desen-volvimento e a adaptação de novos mate-riais genéticos, deve levar em consideraçãoa tolerância ao frio e também a altas tem-peraturas.

Utsonomiya (1992) e Simon & Karnatz(1983) também reportam efeitos da tem-peratura sobre o crescimento e a produçãodo maracujazeiro amarelo.

A temperatura também influencia aprodutividade do maracujazeiro por afetara fertilização das flores (Ishihata, 1983).Segundo Ishihata (1983), temperaturas en-tre 25o e 30oC foram ótimas para germinaçãodo pólen do maracujá-roxo. Praticamentenão existiu germinação do pólen a tempe-raturas de 15oC e 35oC. Menor número desementes e redução no tamanho dos fru-tos observados a temperaturas de 18oC e25oC foram, provavelmente, reflexos daredução da germinação do pólen, emborao pegamento de frutos tenha sido similar.Menzel & Simpson (1994) relatam que baixopegamento de frutos tem sido observadona Austrália em dias quentes e secos, comtemperaturas máximas de 36oC. Esta si-tuação poderia estar afetando não a ger-minação do pólen como também ser sim-plesmente um reflexo da baixa umidade noestigma.

Patterson et al. (1976), citados por Men-zel & Simpson (1994), estudando a sen-sibilidade de algumas Passifloráceas a

QUADRO 2 - Efeito da radiação solar sobre o crescimento e desenvolvimento do híbrido E-23(roxo X amarelo)

20,9 2,8 2,2 31,6 14,4 33,5

14,6 3,4 2,1 28,7 10,0 29,4

10,5 3,8 2,1 28,8 6,3 28,4

6,3 4,0 1,5 9,5 3,5 17,1

2,1 4,0 1,4 2,0 0,2 12,0

Peso dematéria seca

(g)

Númerode

flores abertas

Númerode

botões florais

Área foliar(m2)

Comprimentodo ramo

(m)

Radiação solarmédia

(MJ.m_2.dia-1)

Page 30: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .25 -28 , se t . /ou t . 2000

28 A cultura do maracujazeiro

injúrias ao frio (chilling), verificaram ocorrerdiferenças no comportamento das espéciestestadas, listadas em ordem crescente deresistência: maracujazeiro amarelo < P.maliformis < P. cincinnata < maracujá-roxo< P. caerulea, com alguns híbridos, ocu-pando lugares intermediários. Smillie &Nott (1979), citados por Menzel & Simpson(1994), relatam o comportamento de Pas-sifloraceas ao calor, de acordo com a se-guinte ordem crescente de tolerância: P.cincinnata e P. caerulea foram menostolerante que o maracujazeiro roxo, mara-cujazeiro amarelo e P. quadrangularis.Estes dados reforçam a melhor performancedo maracujazeiro roxo em condições declima mais frio do que o maracujazeiro ama-relo e o comportamento inverso em regiõesmais quentes. P. caerulea tem sido utilizadacomo porta-enxerto na África do Sul em re-giões de clima mais frio, o que explica seubom comportamento na adaptação àquelascondições climáticas.

Disponibilidade de água(estresse hídrico)

O maracujazeiro é reportado como umaplanta que necessita de grandes quan-tidades de água para um pleno sucesso naprodução de frutos. Em condições de baixadisponibilidade hídrica, as plantas apre-sentam diminuição no crescimento de folhas,na produção de flores, no tamanho de frutose no volume de polpa produzida. Um períodode seca bastante severo leva a uma quedanas folhas e frutos. A falta de umidade nosolo pode não só afetar a produção atualcomo também afetar o desenvolvimento e oflorescimento dos ramos do próximo ciclode produção (Morton, 1967 e Fisch, 1975citados por Menzel & Simpson , 1994).

Milne et al. (1977) demonstram o efeitopositivo da irrigação sobre a produção domaracujazeiro com um aumento de 95%.Estes autores observaram não existir di-ferenças entre os turnos de irrigação de 7,14 e 28 dias.

Menzel et al. (1986) relatam que plantasdo híbrido E-23, em solos com estressehídrico, tiveram reduzidos o seu peso seco,área foliar, comprimento dos ramos, númerode nós, número de botões florais e floresabertas. A iniciação do botão floral tambémfoi sensível ao estresse hídrico, não se ob-servando o aparecimento (iniciação) debotões florais nos ramos das plantassubmetidas ao estresse por água enquanto,

o desenvolvimento dos botões florais jáformados parece mostrar alguma resis-tência à dessecação, uma vez que não ocor-reu uma prematura abscisão das floresformadas que apresentaram menor tama-nho. Nas plantas submetidas aos tratamen-tos de seca, o peso seco das raízes estavaem maior proporção que o das folhas. Osramos apresentaram-se finos, as gavinhascurtas, folhas e flores menores e os ramoslaterais apareceram em menores númerosque o das plantas-controle (sem estresse).O estresse hídrico também acelerou a absci-são foliar .

Pelo apresentado, pode ser constatadoque um estudo mais detalhado sobre o com-portamento das Passifloráceas quanto aoestresse hídrico é de suma importância , nãosó para indicar e, de certa forma, quantificaruma provável sazonalidade na produção,como também para obter um screnning depotenciais porta-enxertos em relação à seca.

CONCLUSÃO

Pelo o exposto pode-se constatar queas diferentes espécies de Passifloráceascultivadas respondem de forma diferen-ciada aos efeitos das condições ambientaisde cultivo, bem como aos diferentes sis-temas de condução adotados, visando àexploração comercial. Este estudo buscadespertar o interesse para a pesquisa básicacom a cultura, objetivando um melhor en-tendimento sobre a fisiologia do maracu-jazeiro, o qual permite um maior aprovei-tamento (produtividade e qualidade finaldo produto) das espécies.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DUARTE FILHO, J. Aspectos do florescimen-to e caracterização do fruto do maracujácaerulea (Passiflora caerulea L.). Botocatu:UNESP, 1996. 72p. Dissertação (Mestra-do) - Faculdade de Ciências Agronômicas, Uni-versidade Estadual Paulista, 1996.

ISHIHATA, K. On the pollen germination of purplepassionfruit, Passiflora edulis Sims. BulletinFaculty of Agriculture Kagoshima Uni-versity, v.33, p.7-12, 1983.

KAVATI, R. Florescimento e frutificação do ma-racujazeiro amarelo (Passiflora edulis f.flavicarpa) In: RUGGIERO, C. Maracujá:do plantio a colheita. Jaboticabal: FUNEP,1998. p.107-129.

KILLIP, E. P. The american species of Passi-floraceae. Chicago: Field Museum of NaturalHistory, 1938. 613p. (Botanical Series, 19).

MACIEL, N.; BAUTISTA, D.; AULAR, J. Cres-cimento, desarrollo y arquitectura de Passiflora

edulis f.flavicarpa. Proc. Interamer. Soc.Trop. Hort. , Campeche, n.38, p.133-138, 1994.

MATSUMOTO, S.N.; SÃO JOSÉ, A . R. Fatoresque afetam a frutificação do maracujazeiroamarelo. In: SÃO JOSÉ, A. R. (Ed.). A cul-tura do maracujá no Brasil. Jaboticabal:FUNEP, 1991. p.109-123.

MENZEL, C. M.; SIMPSON, D. R. Effect ofcontinuous shading on growth, flowering andnutrient uptake of passionfruit. Scientia Horti-culturae, Amsterdam, v.35, p.77-78, 1988.

MENZEL C. M.; SIMPSON, D. R. Passion-fruit.In: SCHAFFER, B.; ANDERSEN, P. C. (Ed.).Handbook of enviromental physiologyof fruit crops . Boca Raton: CRC Press, 1994.v.2: Sub-tropical and tropical crops. p.225-241.

MENZEL, C. M.; SIMPSON, D. R.; DOWLING,A. J. Water relations in passionfruit: effectof moisture stress on growth, flowering andnutrient uptake. Scientia Horticulturae ,Amsterdam, v.29, p.239-249, 1986.

MENZEL, C. M.; SIMPSON, D. R.; WINKS, C.W. Effect of temperature on growth,flowering and nutrient uptake of threepassionfruit cultivars under low irradiance.Scientia Horticulturae, Amsterdam, v.31,p.259-268, 1987.

MILNE, D. L.; DE VILLIERS, E. A.; LOGIE, J.M.; BREDELL, G. S.; BARNARD, C. J.; KU-NHE, F. A . Gorwing granadillas. Citrus andSubtropical Fruit Journal , Johannesburg,v.524, p.16, 1977.

SACCO, J. C. Flora ilustrada do Rio Grandedo Sul: Passifloraceae. Porto Alegre: Univer-sidade do Rio Grande do Sul, 1962. 29p. (Bo-letim, 12. Fascículo, 4).

SALOMÃO, T. A.; ANDRADE, V. M. BotânicaIn: RUGGIERO C. Maracujá . Ribeirão Preto:Legis Summa, 1987. p.20-39.

SIMON, P.; KARNATZ, A. Effect of soil and airtemperature on growth and flower formationof purple passionfruti (Passiflora edulis Simsvar. edulis). Acta Horticulturae , The Hague,n.139, p.83-90, 1983.

SMILLIE, R. M.; NOTT, R. Heat injury in leavesof alpine, temperate and tropical plants. Aus-tralian Journal of Plant Physiology, Vic-toria, v.6, p.135, 1979.

UTSONOMIYA, N. Effect of temperature onshoot growth, flowering and fruit growth ofpurple passionfruit (Passiflora edulis Sims var.edulis) Scientia Horticulturae , Amster-dam, v.52, p.63-68, 1992.

VASCONCELLOS, M. A. S. Biologia floral domaracujazeiro doce (Passiflora alata Dry-and.) nas condições de Botucatu-SP. Botu-catu: UNESP, 1991. 99p. Dissertação (Mestradoem Agronomia) - Faculdade de Ciências Agrárias,Universidade Estadual Paulista, 1991.

VOGEL, J.C. Variability of carbon isotope frac-tionation during photosynthesis. In: EHLE-RINGER, J.R.; HALL, A. E.; FARQUHAR,G.D. (Ed.). Stable isotope and plant car-bon-water relations. San Diego: AcademicPress, 1993. p.29-46.

WATSON, D. P.; BOWERS, F. A. Long days produceflowers on passionfruit. Hawaii Farm Science,Honolulu, v.14, n.2, p.3-5, 1965.

Page 31: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .29 -33 , se t . /ou t . 2000

29A cultura do maracujazeiro

1Engo Agro, M. Sc., Pesq. EPAMIG-CTSM-FECD, Caixa Postal 33, CEP 37780-000 Caldas-MG. E-mail: [email protected] Agra, M. Sc., Pesq. IMA/EPAMIG-CTSM, Caixa Postal 176, CEP 37200-000 Lavras, MG. E-mail: [email protected]

INTRODUÇÃO

O maracujazeiro (Passiflora spp.) hos-peda uma grande diversidade de insetose ácaros. Algumas espécies podem cau-sar injúrias capazes de provocar danoseconômicos, por reduzir a produção de fru-tos e até mesmo levar as plantas à morte(Brandão et al., 1991). Dentre as espéciesdestacam-se as lagartas desfolhadoras epercevejos sugadores, considerados pra-gas freqüentes e severas nas principaisregiões produtoras de maracujá no Brasil(Ruggiero et al., 1996). Outras, como as mos-cas, besouros, abelha doméstica, abelhairapuá, formigas e ácaros podem tambémcausar injúrias e, quando em conjunto, pro-vocam a redução da produção dos frutosdo maracujazeiro (Boiça Júnior, 1998).

O manejo da população de pragas domaracujazeiro, como qualquer outra cultu-ra, possui regras gerais que têm o objetivode otimizar economicamente a operação decontrole (Pedigo, 1989). Algumas destassão citadas a seguir:

a) utilizar, de forma coordenada, múlti-plas táticas de controle de pragas;

b) considerar fatores como as condi-ções ambientais, a fenologia da plan-ta, densidade de inimigos naturais,custo de controle e o estádio de de-

Manejo integrado de pragasdo maracujazeiroMarcos Antonio Matiello Fadini1

Lenira Viana Costa Santa-Cecília2

Resumo - Biologia, danos e métodos de controle das espécies de insetos e ácaros queocorrem em plantios de maracujazeiro, bem como algumas regras gerais do manejointegrado e suas particularidades no controle de pragas desta cultura, são aquidiscutidos para que produtores e técnicos possam, dentro das suas possibilidades,racionalizar e reduzir o uso de produtos fitossanitários na cultura do maracujá.

Palavras-chave: Maracujá; Passiflora spp.; Controle integrado

senvolvimento da praga na tomadade decisão de controle;

c) evitar a aplicação preventiva de in-seticidas, com base em datas pré-fixadas;

d) evitar a aplicação de inseticidas comlargo espectro de ação;

e) monitorar e identificar pragas na la-voura;

f) determinar os níveis populacionaisdas pragas capazes de causar danoseconômicos;

g) utilizar produtos fitossanitários re-gistrados para a cultura.

Estas indicações técnicas também mini-mizam os riscos de contaminação para oagricultor, inimigos naturais da praga, meioambiente e o consumidor final.

O objetivo deste artigo é esclarecer de-talhes sobre a biologia, danos e controledas pragas da cultura do maracujazeiro,visando suprir a demanda, principalmente,de produtores rurais e técnicos que traba-lham na área.

PRAGAS DO MARACUJAZEIRO

A seguir são apresentadas as princi-pais pragas do maracujazeiro.

Lagartas desfolhadoras

Apesar da ocorrência freqüente de la-gartas em maracujazeiro, somente algumasespécies causam danos econômicos. Dionejuno juno destaca-se por seu comporta-mento gregário, formando agrupamentosnas folhas e ramos, o que lhe confere maiorcapacidade de consumo foliar e, conse-qüentemente, maior intensidade de desfo-lha às plantas. Agraulis vanillae vanillaeapresenta hábito solitário e faz posturasisoladas, encontrando-se ovos e posterior-mente lagartas sozinhas. Ambas espéciespodem ocorrer ao mesmo tempo sobre acultura do maracujazeiro e causar-lhe des-folha variável (Fancelli, 1994).

Dione juno juno (Cramer, 1779)(Lepidoptera, Nymphalidae)

Morfologia e biologia

Na fase adulta, mede aproximadamen-te 50mm a 70 mm de envergadura. As asasanteriores são de coloração geral alaranja-da, com a margem superior, ângulo apical emargem externa negras. As asas posterio-res também são alaranjadas, com larga faixanegra que percorre a margem externa. Apágina inferior das asas é de coloração par-dacenta, com numerosas manchas pratea-das (Menezes, 1996) (Fig. 7, p.43). A ovipo-

Page 32: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .29 -33 , se t . /ou t . 2000

30 A cultura do maracujazeiro

sição é realizada na face abaxial das folhasdo maracujazeiro. Os ovos são alongadose apresentam-se agrupados, em número de70 a 180. A princípio, são amarelados, pos-teriormente ficam avermelhados e, próximoda eclosão das lagartas, assumem uma to-nalidade castanha.

As lagartas recém-nascidas medem cer-ca de 1,5mm de comprimento, têm colora-ção amarelo-escura, com o corpo recobertode espinhos e apresentam hábito gregário(Fig. 8, p.43). A lagarta, quando bem de-senvolvida, pode ser encontrada isoladae mede de 30mm a 35mm de comprimento,tem coloração escura e o corpo recobertopor espinhos (Fig. 9, p.43) (Fancelli,1994 eMenezes, 1996).

O ciclo desta praga no inverno é de,aproximadamente, 45 dias, sendo o períodode incubação de sete dias, a fase de lagartaem torno de 26 dias e a de crisálida 12 dias(Gallo et al.,1988).

Agraulis vanillae vanillae

(Linn., 1758)

(Lepidoptera, Nymphalidae)

Morfologia e biologia

Os adultos possuem coloração alaran-jada, medem em torno de 60mm a 75mmde envergadura, com pontuações esparsaspretas na asa anterior e uma faixa preta naasa posterior ao longo da margem externacom áreas mais claras. Os ovos são colo-cados isoladamente, em geral na face in-ferior das folhas novas e também no caule.Quando eclodem, as lagartas medem 3mmde comprimento e possuem coloração bran-co-pardacenta. Ao alcançarem o tamanhomáximo (35mm a 40mm de comprimento),apresentam uma coloração amarela maisescura, com duas faixas laterais de cor mar-rom, corpo recoberto por espinhos pretose cabeça bem escura. O ciclo desta pragano verão é de 27 dias ( Medina et al., 1980 eBoiça Júnior, 1998).

Injúrias

O ataque causado por essas lagartascaracteriza-se pela existência de folhasdanificadas, com redução da área foliar,

retardando o crescimento da planta o quepoderá afetar sensivelmente a produção(Fig. 10, p.43).

Os prejuízos são mais acentuados emplantas jovens, pois podem provocar des-folhas totais, culminando com a morte daplanta em casos de ataques sucessivos(Fancelli,1994). Além dos prejuízos cau-sados pelo desfolhamento das plantas,registraram-se também corte das brotaçõesnovas, dano às flores (De Bortoli & Busoli,1987) e raspagem dos ramos do maracuja-zeiro (Fancelli, 1992).

Percevejos

Os percevejos são as pragas mais se-veras que atacam o maracujazeiro. Estesinsetos provocam injúrias às plantas porsugarem a seiva das partes tenras das flo-res, frutos, ramos e botões florais (BoiçaJúnior, 1998). Possuem grande mobilida-de no campo e um número considerávelde plantas hospedeiras alternativas ao ma-racujazeiro, fato que possibilita a manu-tenção das populações mesmo em locaisonde a cultura não está implantada. Devidoa estas características, os percevejos têmum grande potencial de provocar danos àcultura do maracujá, de maneira que suaspopulações devem ser periodicamentemonitoradas no campo.

No Brasil, as principais espécies depercevejos encontradas atacando a culturapertencem às famílias Coreidae e Tingidae(Quadro 1). Dentre elas, a espécie Diactorbilineatus Fabricius, 1803, o percevejo-do-maracujá, que provoca danos bastantesignificativos.

Percevejo-do-maracujáDiactor bilineatus (Fabr., 1803)(Hemiptera, Coreidae)

Indicado como uma das principais pra-gas que atacam o maracujazeiro, o perce-vejo-do-maracujá, D. bilineatus, leva estenome por hospedar-se exclusivamente emplanta desta cultura. Outras espécies depercevejos também atacam o maracujazei-ro (Quadro 1) e suas injúrias e medidas decontrole são semelhantes e podem ser gene-ralizadas daquelas aqui representadas parao D. bilineatus.

Morfologia e biologia

A espécie D. bilineatus na fase adultapode alcançar comprimento médio de 20mm,para os machos, e 21,5mm, para as fêmeas.Na parte dorsal do corpo, de coloração ver-de-escura, apresentam-se duas linhas lon-gitudinais alaranjadas. A cabeça tambémpossui coloração alaranjada com antenaslongas, finas e com quatro artículos, queultrapassam o comprimento do corpo. Aspernas são ambulatórias, tendo no par pos-terior, encontrado nas tíbias, expansõesfoliáceas bem perceptíveis de coloraçãoverde-escura com manchas alaranjadas(Mariconi, 1952/1954).

A oviposição é realizada geralmentenas faces abaxiais das folhas em grupos deseis a nove ovos, os quais possuem formatoelíptico com a base achatada, comprimentomédio de 3mm e largura de 1,6mm e colo-ração amarelada e brilhante. As fases jovenseclodem de 13 a 16 dias após a postura,passando cinco dias no estádio ninfal.

InjúriasO percevejo-do-maracujá ataca prefe-

rencialmente as partes mais novas e tenrasda planta, sugando botões florais e frutosnovos. Contudo, outras partes como ramos,brotações, flores também são atacadas(Gallo et al., 1988). Em conseqüência destasinjúrias, as partes atacadas tendem a mur-char e, quando severamente atacadas, bo-tões e frutos novos geralmente caem (BoiçaJúnior, 1998). Os frutos que ainda resistemao ataque perdem peso, alteram a coloraçãoe o tamanho, o que prejudica a sua comer-cialização in natura (Ruggiero et al., 1996).

Coreidae Diactor bilineatus (Fabr. 1803)

Holymenia clavigera (Herb, 1784)

Holymenia histrio (Herb, 1803)

Leptoglossus dilaticolis (Guer., 1838)

Leptoglossus fasciatus (West., 1842)

Leptoglossus gonagra (Fabr., 1775)

Tingidae Corythaica monocha (Stal, 1858)

Gargaphia lunulata (Mayr, 1865)

QUADRO 1 - Algumas espécies de percevejos-pragas que atacam a cultura domaracujazeiro no Brasil

Família Espécie

FONTE: Boiça Júnior (1998).

Page 33: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .29 -33 , se t . /ou t . 2000

31A cultura do maracujazeiro

Besouros desfolhadores

Broca-da-hastePhilonis passiflorae (O‘Brien, 1984)(Coleoptera, Curculionidae)

A broca-da-haste ou broca-do-maracu-jazeiro foi descrita a partir de indivíduoscoletados em Passiflora sp., no municípiode Santo Amaro, estado da Bahia (O’Brien,1984). Esta espécie também foi observadaem plantios de maracujazeiro efetuados nosanos de 1996/1997, nos municípios de Mo-cambinho e Teófilo Otoni (Minas Gerais).

Morfologia e biologia

Os adultos de P. passiflorae apresentamde 5mm a 7 mm de comprimento, coloraçãomarrom-acinzentada na região da cabeça eprotórax. Os élitros possuem coloraçãoamarelada com duas faixas marrons que secruzam (Fig. 11, p.43).

A fêmea oviposita sobre os ramos daplanta, não havendo preferência quanto aidade do ramo (Boaretto et al., 1994). Quan-do eclodem, oito a nove dias após a pos-tura, as larvas, que possuem coloraçãoesbranquiçada e ápoda, iniciam a perfura-ção de galerias (Fig. 12, p.43) Após com-pletar o período larval (53 a 70 dias) e operíodo pupal (14 a 35 dias), o adulto emer-ge do interior das galerias através de ori-fícios (Fig. 13, p.44) (Gallo et al., 1988).

InjúriasA broca-da-haste recebe este nome,

por perfurar as hastes do maracujazeiro pa-ra completar seu desenvolvimento na fasejovem. A construção de galerias longitu-dinais pela larva provoca o engrossamentoda haste, o que dificulta a passagem deseiva para as partes aéreas, sintomas queidentificam o ataque da praga. Próximo aoengrossamento da haste também é obser-vada a presença de um orifício e fezes dapraga (Fig. 14, p.44). Com o desenvolvi-mento da larva, o ramo perfurado tambémtem seu desenvolvimento retardado, tor-nando-se frágil e quebradiço (Fancelli &Mesquita, 1998 e Boiça Júnior, 1998). Estasinjúrias provocam a redução do peso e donúmero de fruto.

MoscasSão registrados ataques de moscas nos

botões florais ou nos frutos do maracuja-zeiro, o que pode ocasionar queda destes,tornando-os imprestáveis para o consu-mo.

Moscas-das-frutas

Dentre as diversas espécies de moscasdo gênero Anastrepha que atacam frutosdo maracujazeiro, A. pseudoparalleladestaca-se como a mais freqüente e apre-senta preferência por plantas do gêneroPassiflora (Zucchi, 1988).

Anastrepha pseudoparallela(Loew, 1873)(Diptera, Tephritidae)

Morfologia e biologia

Também conhecida como mosca-do-maracujá. Os adultos medem cerca de8,0mm de comprimento e apresentam umcolorido predominantemente amarelo, comdesenhos característicos nas asas e com omediotergito amarelo (Fig. 15, p.45) (Galloet al., 1988). Em frutos de maracujazeiro,coletados no município de Lavras (MG),foram encontradas até nove larvas/fruto.

Ceratitis capitataWied, 1824.(Diptera, Tephritidae)

Morfologia e biologia

Os adultos medem de 4mm a 5mm, decomprimento por 10mm a 12mm de enver-gadura, têm coloração amarelada, porémsuas asas exibem tonalidade rosa com lis-tras amareladas. As larvas são de coloraçãoesbranquiçada, corpo vermiforme e ápodes.O período larval ocorre dentro da fruta,onde, posteriormente, ao final, as larvasabandonam e migram ao solo para a pupa-ção, a uma profundidade de 1 a 10cm (Galloet al., 1988). O ciclo de desenvolvimentode ovo à fase adulta é em torno de 31 dias,sendo o período de incubação de dois aseis dias e a fase larval e pupal de 9 a 13 e10 a 20 dias, respectivamente.

Injúrias

As larvas das moscas-das-frutas des-troem o interior dos frutos, tornando-osimprestáveis ao consumo. Podem provocara queda de frutos novos. Naqueles mais

desenvolvidos, causam o murchamento(Fig.16, p.45).

Moscas-do-botão-floral

Silba pendula (Bezzi, 1919)(Diptera, Lonchaeidae)

Morfologia e biologia

O adulto mede cerca de 4mm de com-primento, apresenta coloração preta, comreflexos metálico-azulados (Gallo et al.,1988).

Protearomyia sp.(Diptera, Lonchaeidae)

Esta espécie foi observada atacandobotões florais em maracujazeiros no muni-cípio de Araguari (MG).

Morfologia e biologia

Os adultos são de coloração preta, comaspecto metálico brilhante, apresentandoo primeiro e segundo tarsômeros e pulvílosde coloração amarela. Medem cerca de 7mma 9 mm de envergadura (Boiça Júnior, 1998).

Injúrias

As larvas das moscas-do-botão-floralatacam a parte interna das flores, o que pro-voca a queda destas (Boiça Júnior, 1998).

OUTRAS PRAGAS

Além das já descritas e discutidas, omaracujazeiro possui um grupo de pragasmenos severo e menos freqüente que, deacordo com a região, pode vir a se tornarprimário. Contudo, na maioria dos casos,essas pragas não causam danos econô-micos à produção. Dentre elas estão asabelhas-domésticas, as abelhas-irapuá, asformigas e os ácaros.

Características do ataquedessas pragas e manejo desuas populações no campo

As abelhas-domésticas (Apis mellifera),tidas como uma espécie benéfica ao homem,principalmente por desempenhar um pa-pel fundamental na polinização de grandenúmero de espécies vegetais, é responsá-vel pela retirada do pólen das flores antesda chegada das mamangavas (Xylocopaspp., Hymenoptera: Anthophoridae), o que

Page 34: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .29 -33 , se t . /ou t . 2000

32 A cultura do maracujazeiro

reduz a taxa de polinização das flores domaracujazeiro. Em algumas regiões, onde adisponibilidade de flores alternativas à domaracujazeiro é pequena e a quantidade depólen escassa, as abelhas-domésticas po-dem provocar injúrias que causam danosconsideráveis. Contudo, não é justificávelo controle químico dessas abelhas.

As abelhas-irapuás (Trigona spp.) roema base do botão floral e perfuram as sépa-las na região do nectário. Podem causar aqueda das flores do maracujazeiro, quandoo ataque é mais intenso. Algumas vezespodem roer também o caule da planta (Silvaet al., 1997). Estas abelhas têm coloraçãopreta reluzente e medem, aproximadamen-te, 5,5mm de comprimento. Causam danostambém à citricultura e à viticultura. O con-trole desta praga é de difícil execução, poisseus ninhos geralmente estão localizadosem lugares críticos em matas ou em áreasurbanas, o que dificulta sua localização edestruição.

As formigas, tanto as cortadeiras (Attaspp. e Acromyrmex spp.), quanto as lava-pés (Solenopsis spp.), causam injúrias es-porádicas, mas, bem monitoradas, podemser controladas. As formigas-cortadeirascausam desfolha o que reduz o desenvol-vimento da planta. O controle pode ser feitoatravés de iscas formicidas. As formigas-lava-pés alimentam-se da casca do fruto domaracujá o que pode favorecer a entrada de

doenças como a Fusarium (Boiça Júnior, 1998).Diversas espécies de ácaros podem

ocorrer na cultura do maracujazeiro su-gando a seiva, causando malformação dasnervuras e folhas e ocasionando a que-da destas. Os ramos mais tenros, quandoatacados, secam e morrem. Ataques às bro-tações reduzem o número de flores e pre-judicam a produção (Flechtmann, 1972 eOliveira,1987). Entre estas espécies citam-se o Brevipalpus phoenicis Geijskes, 1939;Polyphagotarsonemus latus Banks, 1904;Tetranychus (T.) mexicanus Mcgregor, 1950e Tetranychus (T.) desertorum Banks, 1900(Boiça Júnior, 1998). Embora não tenhanenhum acaricida específico registradopara a cultura do maracujazeiro, produtosà base de enxofre têm sido utilizados, parao controle dessas espécies de ácaros emoutras culturas, inclusive frutíferas.

CONTROLE

Para amenizar o ataque de pragas nacultura do maracujazeiro, podem-se fazertrês tipos de controle: cultural, químico ebiológico, conforme especificado a seguir.

Controle cultural

a) recomendam-se, em áreas pequenas,catação manual, destruição de adul-tos, ninfas, posturas dos percevejose lagartas e também a catação e en-terrio de frutos atacados;

b) eliminação das plantas hospedeirasde percevejos, como o melão-de-são-caetano, o chuchu e a bucha (Fancelli& Mesquita, 1998);

c) realização da poda e destruição deramos com engrossamento causadopor broca-da-haste;

d) plantio da cultura do maracujazei-ro em área distante de árvores comfrutos nativos ou não, hospedeirasdas moscas-das-frutas, o que difi-culta o ciclo biológico destas na áreade cultivo;

e) enterrio de botões florais atacadose utilização de plantas armadilhas co-mo a pimenta-doce, para o controleda mosca-do-botão-floral (Boarettoet al., 1994);

f) instalação de apiários próximo aoplantio de maracujá ou vice-versadeve ser evitada. É recomendávelo plantio de espécies que sejamatraentes às abelhas, como o camará,eucalipto e manjericão, em áreasadjacentes ao plantio de maracuja-zeiro (Boaretto et al., 1994).

Controle químicoEm grandes cultivos, o controle cultu-

ral torna-se dispendioso e ineficiente, ha-vendo necessidade de utilizar produtosquímicos, os quais estão relacionados noQuadro 2. Convém ressaltar o baixo nú-

FONTE: Andrei (1999).NOTA: Classes toxicológicas: I - Altamente tóxico; II - Medianamente tóxico; III - Pouco tóxico; IV – Praticamente não-tóxico.

Lagartas desfolhadoras

D. juno juno Cartap Cartap BR 500 tiocarbamato II 14 120g pulverização

Cartap Thiobel 500 tiocarbamato II 14 120g pulverização

A.vanillae vanillae Fenthion Lebaycid 500 organofosforado II 21 100ml pulverização

Percevejo-do-maracujá

D. bilineatus Fenthion Lebaycid 500 organofosforado II 21 100ml pulverização

Moscas-das-frutas

Anastrepha spp. Fenthion Lebaycid 500 organofosforado II 21 100ml pulverização

QUADRO 2 - Relação de produtos registrados para o controle das principais pragas da cultura do maracujazeiro

Características dos inseticidas

Nometécnico

Nomecomercial

Grupoquímico

Classetoxicológica

Carência(dias)

Dosagem/100 L água

Modode aplicação

Pragas

Page 35: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .29 -33 , se t . /ou t . 2000

33A cultura do maracujazeiro

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDREI, E. (Coord.). Compêndio de defen-

sivos agrícolas. São Paulo: Organização

Andrei, 1999. 612p.

BOARETTO, M.A.C.; BRANDÃO, A.L.S.;

SÃO JOSÉ, A.R. Pragas do maracujazeiro.

nhecimento do Diactor bilineatus (Fabricius,

1803) (Hemiptera - Coreidae), praga do

maracujazeiro (Passiflora spp.). Arquivos

do Instituto Biológico, São Paulo, v.21,

p.21-42, 1952/1954.

MEDINA, J.C.; GARCIA; J.L.M.; LARA,

J.C.C.; TOCCHINI, R.P.; HASHIZUME,

T.; MORETTI, V.A.; CANTO, W.L. do.

Maracujá: da cultura ao processamento e

comercialização. Campinas: ITAL, 1980.

207 p. (ITAL. Frutas Tropicais, 9).

MENEZES, M. de. As lagartas do maracuja-

zeiro e seu controle. Correio Agrícola, São

Paulo, n.4, p.58-59, 1996.

O’BRIEN, C.W. Revision of the neotropical

weevil genus Philonis (Cryptorhynchinae:

Curculionidae). Southwestern Entomo-

logist, v.9, p.232-239, 1984.

OLIVEIRA, C.A.L. de. Ácaros. In: RUGGIERO,

C. (Ed.). Cultura do maracujazeiro. Ri-

beirão Preto: Legis Summa, 1987. p.104-

110.

PEDIGO, L.P. Entomology and pest mana-

gement. New York: MacMillan, 1989.

646p.

RUGGIERO, C.; SÃO JOSÉ, A.R.; VOLPE,

C.A.; OLIVEIRA, J.C. de; DURIGAN, J.

F.; BAUMGARTNER, J.G.; SILVA, J.R.

da; NAKAMURA, K.; FERREIRA, M.

E.; KAVATI, R.; PEREIRA, V. de P. Ma-

racujá para exportação: aspectos técni-

cos da produção. Brasília: EMBRAPA-SPI,

1996. 64p. (FRUPEX. Publicações Técni-

cas, 19).

SILVA, M.M.; BUCKNER, C.H.;

PICANÇO, M.; CRUZ, C.D. Influência

de Trigona spinipes Fabr. (Hymenoptera:

Apidae) na polinização do maracujazeiro

amarelo. Anais da Sociedade Ento-

mológica do Brasil, v.26, n.2, p.217-221,

1997.

ZUCCHI, R.A. Moscas-das-frutas (Dip.,

Tephritidae) no Brasil, taxonomia, dis-

tribuição geográfica e hospedeiros. In:

ENCONTRO SOBRE MOSCAS-DAS-

FRUTAS, 1, 1988, Campinas. Anais...

Campinas: Fundação Cargill, 1988. p.1-

10.

mero de defensivos registrado para o usona cultura do maracujazeiro pelo Ministé-rio da Agricultura. A utilização criteriosadesses produtos, respeitando-se os ini-migos naturais, os insetos polinizadores eo período de carência, reduz o impacto aoagroecossistema (Fancelli & Mesquita,1998).

Segundo Ruggiero et al. (1996), a apli-cação de defensivos agrícolas nas cultu-ras do maracujá-amarelo e maracujá-roxodeve ser realizada durante a madrugada oupela manhã. Já para o maracujazeiro-doce(Passiflora alata Ait), a aplicação deve serrealizada de madrugada ou nas épocas debaixa florada.

Durante a utilização dos produtos quí-micos, devem ser tomadas as devidas pre-cauções contidas nos rótulos das emba-lagens e nos receituários agronômicos,evitando-se eventuais problemas de intoxi-cações.

Controle Biológico

Diversos inimigos naturais habitam oagroecossistema do maracujazeiro, sendoo seu reconhecimento de grande impor-tância para o manejo das pragas. Destaforma, na escolha do produto químicodevem-se utilizar os que são seletivos aosparasitóides e predadores que atuam nocontrole biológico natural das pragas. Oprodutor deve consultar o técnico de suaregião, que o auxiliará na escolha do in-seticida que preencha este requisito.

AGRADECIMENTO

Os autores agradecem ao Engo Agro

Deny Alves Alvarenga, da Emater-MG, pe-lo fornecimento de parte dos dados apre-sentados no Quadro 2 e aos Drs. Júlio Cé-sar de Souza e Paulo Rebelles Reis, daEPAMIG, pelas sugestões.

In: SÃO JOSÉ, A.R. (Ed.). Maracujá: pro-

dução e mercado. Vitória da Conquista-BA:

UESB- DFZ, 1994. p.99-107.

BOIÇA JÚNIOR, A.L. Pragas do maracujá. In:

RUGGIERO, C. (Ed.). Maracujá: do plan-

tio à colheita. Jaboticabal: UNESP, 1998.

p. 175-207.

BRANDÃO, A.L.S.; SÃO JOSÉ, A.R.;

BOARETTO, M.A.C. Pragas do maracu-

jazeiro. In: SÃO JOSÉ, A.R. (Ed.). A cul-

tura do maracujá no Brasil. Jaboticabal:

FUNEP, 1991. p.136-168.

DE BORTOLI, S.A.; BUSOLI, A.C. Pragas do

maracujazeiro. In: RUGGIERO, C. Mara-

cujá. Riberão Preto: Legis Summa, 1987.

p.111-123.

FANCELLI, M. As lagartas desfolhado-

ras do maracujazeiro. Cruz das Al-

mas: EMBRAPA-CNPMF, 1992. 2p.

(EMBRAPA-CNPMF. Maracujá em Fo-

co, 50).

FANCELLI, M. Insetos: pragas do maracu-

jazeiro e controle. In: LIMA, A. de A.;

BORGES, A.L.; SANTOS FILHO, H.P.;

SANTOS, L.B. dos; FANCELLI, M.;

SANCHES, N.F. Instruções práticas para

o cultivo do maracujazeiro. Cruz das Al-

mas: EMBRAPA-CNPMF, 1994. p.26-32.

(EMBRAPA-CNPMF. Circular Técnica,

20).

FANCELLI, M.; MESQUITA, A.L.M. Pragas

do maracujazeiro. In: BRAGA SOBRI-

NHO, R.; CARDOSO, J.E.; FREIRE,

F.C.O. (Ed.). Pragas de fruteiras tropi-

cais de importância agroindustrial.

Brasília: EMBRAPA-SPI / Fortaleza:

EMBRAPA-CNPAT, 1998. p.169-180.

FLECHTMANN, C.H.W. Ácaros de impor-

tância agrícola. São Paulo: Nobel, 1972.

150p.

GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA

NETO, S.; CARVALHO, R.P.L.; BATIS-

TA, G.C. de; BERTI FILHO, E.; PARRA,

J.R.P.; ZUCCHI, R.A.; ALVES, S.B.;

VENDRAMIN, J.D. Manual de ento-

mologia agrícola. São Paulo: Agronômica

Ceres, 1988. 669p.

MARICONI, F.A.M. Contribuição para o co-

Page 36: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .34 -38 , se t . /ou t . 2000

34 A cultura do maracujazeiro

1Engo Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTNM, Caixa Postal 12, CEP 39527-000 Nova Porteirinha-MG. E-mail: [email protected]

INTRODUÇÃO

O Brasil destaca-se como o primeiro pro-dutor mundial de maracujá devido a umacrescente evolução na área de cultivo a par-tir da década de 70, com a instalação de in-dústrias para o beneficiamento de suco e aaceitação comercial da fruta para o consu-mo in natura. Entretanto, verifica-se umabaixa produtividade por área cultivada quepode ser explicada por fatores nutricionais,plantas matrizes de qualidade inferior, sis-temas de condução inadequados, e tambémpor problemas fitossanitários que aumen-taram paralelamente com a expansão da cul-tura. Dentre estes problemas, as doençaspodem-se tornar fator limitante para o culti-vo do maracujazeiro, uma vez que a maioria,quando não controladas eficientemente,causa danos irreparáveis na cultura, acarre-tando prejuízos altíssimos para o produtor.

FUSARIOSE

A fusariose é uma das principais do-enças do maracujazeiro, pois provoca mur-cha imediata, deficiência de água, colapsoe morte das plantas em qualquer estádiode desenvolvimento. Devido à morte pre-coce das plantas, o período produtivo quenormalmente é de quatro a cinco anos pas-sa para três, dois ou até um ano. A capaci-dade de sobrevivência do patógeno no solo

Principais doenças fúngicas e bacterianas do maracujazeiroMário Sérgio Carvalho Dias1

Resumo - Principais doenças fúngicas e bacterianas do maracujazeiro podem-se tornarfatores limitantes para o seu cultivo, uma vez que a maioria, quando não controladaeficientemente, causa danos irreparáveis na cultura, acarretando prejuízos altíssimospara o produtor. A fusariose, a mancha oleosa, a antracnose e a verrugose são as maisimportantes. A fusariose tem dizimado plantios inteiros no Sudeste e Nordestebrasileiros, pois o agente patogênico, quando presente no cultivo, pode sucumbirtodas as plantas, levando-as a uma murcha irreversível com conseqüente morte, oque reduz drasticamente a vida útil do maracujazeiro. A bacteriose, a antracnose e averrugose ocorrem em quase todas as zonas produtoras e, quando não controladasadequadamente, podem também provocar perdas severas.

Palavras-chave: Maracujá; Fusariose; Morte prematura; Bacteriose.

por longos períodos é um dos principaisagravantes no controle da doença (Bastos,1976, Manica, 1981 e Oliveira et al., 1986).A fusariose foi relatada pela primeira vezem Queensland, na Austrália, em maracu-jazeiro roxo (Passiflora edulis Sirus), noano de 1941, sendo o seu agente causalidentificado por Mcknight (1951), poste-riormente foi classificado por Purss (1958)como Fusarium oxysporum f. passiflorae.Atualmente, a fusariose encontra-se rela-tada em vários países onde se cultiva omaracujazeiro, como Austrália, EstadosUnidos, África do Sul, Sri Lanka, Angola,Quênia. No Brasil, a doença foi relatada porCarvalho & Carvalho (1968) em uma áreaexperimental de Pariquera-Açu, no Vale daRibeira, em São Paulo e posteriormente noestado do Pará, em 1971, por Calvazara,citado por Masuda (1974), em plantas demaracujá-amarelo, contradizendo Purss(1958) que classificou o maracujá-amarelocomo resistente.

SintomasA fusariose é caracterizada por uma rá-

pida murcha, seguida de colapso e mortedas plantas, sendo que, na maioria dos ca-sos, somente plantas adultas são afetadas(Fig. 17, p.46). Porém, sob condições favo-ráveis, as plantas novas podem sucumbirao ataque do patógeno, poucos meses após

terem sido transplantadas. A ausência delesões no colo das plantas ou a podridãosuperficial das raízes distingue a murchade Fusarium de outras doenças. Ocorretambém um intenso escurecimento dos va-sos condutores na região da raiz, do colo,do tronco, das hastes e dos ramos, sendoesta doença típica dos vasos do xilema, queficam com suas paredes impermeabiliza-das, o que impede a passagem da água pa-ra outros tecidos. Os frutos imaturos mur-cham e caem, porém aqueles em fase dematuração amadurecem normalmente (Kieli& Cox, 1961, Inch, 1978, Medina, 1980 eManica, 1981).

Condições favoráveisA disseminação do patógeno de um lo-

cal infestado para outro dá-se por mudase restos de plantas infectadas, sementessem limpeza e frutos maduros contamina-dos. As plantas infectadas podem trans-mitir o patógeno para aquelas sadias, atra-vés do contato direto das raízes. Devidoa F. oxysporum f. sp. passiflorae formarclamidosporo (estrutura de resistência) epoder permanecer no solo por longos pe-ríodos, torna-o uma excelente fonte de inó-culo para novos plantios, pois o fungo,quando encontra condições adequadas,pode penetrar nas raízes com ou sem feri-mentos, desencadeando-se, assim, todo o

Page 37: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .34 -38 , se t . /ou t . 2000

35A cultura do maracujazeiro

processo infeccioso. As chuvas freqüen-tes, aliadas a uma faixa de temperatura entre20oC e 25oC, favorecem grandemente adisseminação e a virulência do patógenona cultura, ocorrendo o inverso em épocasde climas mais amenos. As observaçõesde campo, realizadas por Yamashiro (1987),indicaram, com mais freqüência, a presençada doença em culturas localizadas emterrenos com tendência à umidade exces-siva, tais como: baixadas, pontas de cabe-ceira, áreas planas com facilidade de formarpoços ou aquelas em que o lençol freáticoé mais superficial.

Controle

O controle da fusariose é basicamentepreventivo, visando a não-introdução doagente patogênico na área. Por essa razão,recomenda-se bastante rigor na escolha demudas e sementes que serão utilizadas noplantio, que deve ser realizado em locaisde solos bem-drenados e sem histórico deocorrência da doença. Os tratos culturaisdevem ser feitos superficialmente comroçadeiras ou enxadas rotativas e, prefe-rencialmente, recomenda-se a utilização deherbicidas no controle de plantas daninhas.O plantio de maracujá-roxo em pé francodeve ser evitado, pois este mostra-se muitosuscetível. O controle de nematóides é umaprática aconselhável, pois os danos queestes causam nas raízes favorecem a en-trada de F. oxysporum f. sp. Passiflorae.Yamashiro (1987) recomenda que, quandoa doença se manifestar na cultura, sejamrequeridos maiores cuidados, no sentidode evitar ao máximo a sua propagação. Paraisso, a melhor medida é abandonar a áreado foco, compreendida em sentido radialaté a distância de cinco a seis plantas de-pois das últimas atacadas.

O uso de porta-enxertos resistentes àfusariose é a melhor forma de conviver coma doença em locais que já estejam contami-nados. Na África do Sul, Grech & Rijkenberg(1991) relatam que Passiflora edulis Sims(maracujá-roxo) é explorada comercialmen-te em várias regiões, porém esta planta émuito suscetível a doenças causadas porF.oxysporum e Phytophthora nicotinae. Porisso, recomenda-se a utilização de Passifloracaerulea L. como porta-enxerto para P.edulis, uma vez que esta apresenta tole-

rância aos patógenos. A espécie P. caeruleaocorre em várias regiões do Brasil e temsido estudada por várias instituições depesquisa e universidades, quanto ao seupotencial como porta-enxerto, assim co-mo Passiflora quadrangularis, Passifloramacrocarpa, Passiflora suberosa ePassiflora gibert. Gardner (1989) demons-trou também que plântulas de Passifloramollissima, P. ligularis e P. foetida podemser suscetíveis a Fusarium oxysporum f. sp.Passiflorae, porém verificou que algumaslinhagens de P. edulis f. flavicarpa e P.suberosa são resistentes ao patógeno.

Morte prematura

Em várias regiões do Brasil, há algumtempo, vem-se observando morte repenti-na de plantas de maracujazeiro. Geralmente,ocorre naquelas em início de produção,sendo o ataque muito semelhante ao dafusariose. Várias tentativas de identificaçãodesse ataque não tiveram sucesso. Entre-tanto, Dias (1997) relata que o tipo de mur-cha que acometia plantios de maracuja-zeiro, no início do período produtivo, nointerior do estado de São Paulo, conheci-da como morte prematura, era causada porFusarium oxysporum f. passiflorae. O fun-go foi isolado de plantas doentes e, apósinoculação em plantas sadias, foi verificadaa reprodução dos sintomas. Na Colômbia,a murcha de Fusarium apresenta sinto-matologia semelhante à da morte prema-tura dos cultivos brasileiros. Bedoya et al.(1983) relatam que na região de Palmiraocorre uma enfermidade em plantas emidade produtiva, caracterizada por clorosefoliar seguida de seca e queda das folhas.Posteriormente, teve início um secamentoascendente do talo e podridão das raízes.Também ocorreu ruptura longitudinal e des-prendimento da casca a partir do colo daplanta. Por causa dessa doença, o períodoprodutivo dos pomares restringe-se a ape-nas três anos. Após realizarem testes depatogenicidade, estes autores concluíramque o agente causal da doença é o fungoF. oxysporum.

PODRIDÃO DO PÉ

Esta podridão é causada por fungos dogênero Phytophthora e são descritas duasespécies como agente etiológico da doen-

ça, Phytophthora cinnamomi Rands ePhytophthora nicotianae var. parasitica.Esta doença ocorre esporadicamente, po-rém pode ser favorecida pelo acúmulo deágua junto ao colo da planta e tornar-se umgrave problema nas épocas úmidas do ano.

SintomasO sintoma, segundo Santos Filho (1998),

é a ocorrência de murcha resultante de umapodridão seca e corticosa no colo da plan-ta. Os tecidos afetados tornam-se entume-cidos e com rachaduras. A parte interna dacasca torna-se avermelhada e fica aderidaao câmbio. As raízes podem morrer apenasde um lado da planta. As folhas amarele-cem e murcham e a morte da planta é lenta.Yamashiro (1991) alerta que a podridão dopé pode ser confundida com a fusariose,entretanto consegue-se distingui-las quan-to à forma de ataque: enquanto a podridãodo pé é um processo de constrição por iso-lamento e difusão dos vasos liberianos, amurcha de Fusarium é causada por im-permeabilização dos vasos lenhosos e porfenômenos ligados à feniloxidase, per-ceptível pela coloração dos vasos.

Condições favoráveisA doença ocorre com maior freqüência

em solos argilosos com alto potencial deretenção de água. Nos solos ácidos, o pro-gresso da doença é acentuado. Tempera-turas em torno de 25oC e alta umidade rela-tiva, associada com prolongados períodoschuvosos, são condições ambiente alta-mente favoráveis para o aparecimento dapodridão do pé.

ControleO controle é praticamente preventivo.

Solos muito argilosos, compactos, sem aera-ção, sujeitos à inundação e ácidos devemser evitados. Santos Filho (1998) recomen-da o plantio em leiras altas e também alertaque os ferimentos no colo da planta naocasião da capina podem favorecer o apa-recimento da doença. A erradicação tantode maracujazeiros doentes como de até duasplantas a sua volta é uma forma de restrin-gir a disseminação do patógeno.

ANTRACNOSE

Esta doença é causada pelo fungoColletotrichum gloeosporioides Penz e

Page 38: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .34 -38 , se t . /ou t . 2000

36 A cultura do maracujazeiro

ocorre em quase todos os cultivos de ma-racujazeiro no Brasil. Pode-se tornar bas-tante grave, quando as condições ambien-tes são favoráveis, pois o seu controle ficadifícil de ser executado. Verifica-se tambémque a doença tem ocorrido freqüentementeassociada com a bacteriose causada porXanthomonas campestris pv. Passiflorae,em plantios no estado de São Paulo, o quetem agravado ainda mais o problema. Nosplantios irrigados da região semi-árida doNorte de Minas, a antracnose dificilmenteocorre, não sendo fator limitante de pro-dução.

Sintomas

Nas folhas, os sintomas iniciam-se atra-vés de manchas de aspecto aquoso e colo-ração verde mais escura que a do limbofoliar sadio (Fig. 18, p.46). Estas lesões folia-res evoluem, adquirem coloração parda-centa e podem coalecer atingindo todo olimbo foliar e provocando a seca e a quedada folha. Verifica-se grande esfolha dasplantas em ataques severos. Nos ramos,ocorre o aparecimento de manchas deaspecto aquoso que evoluem para lesõesem forma de cancros que chegam a exporos tecidos do lenho (Fig. 19, p.46). SegundoPio-Ribeiro et al. (1997), as lesões podemcircundar os ramos, provocando a mortedas partes acima da área afetada. Nos frutosverdes, ocorre o aparecimento de manchasde aspecto aquoso que adquirem posterior-mente uma coloração parda e formas de-primidas. Os frutos geralmente murcham ecaem. Nos frutos maduros, verifica-se oaparecimento de lesões arredondadas egrandes, de coloração escura, bordas li-geiramente elevadas e o centro deprimido,onde se observam pontuações negras refe-rentes à frutificação do patógeno (Fig. 20,p.46). Em condições de alta umidade, for-ma-se, sobre as lesões, uma massa de coní-dios de coloração rósea.

Condições favoráveis

O aparecimento da doença é favorecidopor temperaturas em torno de 270C e altaumidade. A disseminação do patógenoocorre pela água da chuva, vento, semen-tes e mudas infectadas, e este pode sobre-viver em restos culturais e em tecidos doen-tes do maracujazeiro. Geralmente, cultivosacima de dois anos são mais afetados pela

doença do que aqueles recém-implantados.

Controle

O uso de mudas sadias, a adoção deum sistema de tutoramento, que permitaum bom arejamento da parte aérea da planta,a poda de limpeza, para a eliminação daspartes afetadas pela doença, e aplicaçõesdos fungicidas Folicur 200 CE, na dosagemde 100ml/100L de água, e Agrimaicin-500,na dosagem de 300g/100L de água, são prá-ticas indispensáveis no controle da doença.

VERRUGOSE

Esta é uma das mais importantes doen-ças do maracujazeiro e ocorre em todasas zonas produtoras do Brasil, sendo oseu agente causal o fungo Cladosporiumherbarum Link. A verrugose, também de-nominada de cladosporiose, tem provo-cado danos significativos, quando nãocontrolada, pois afeta o desenvolvimentoda planta, uma vez que se manifesta emtecidos jovens e também deprecia os fru-tos, podendo torná-los inviáveis para acomercialização.

Sintomas

Ocorre o aparecimento de lesões áspe-ras, corticosas e de coloração pardacen-ta na casca dos frutos, infectados aindajovens, com até 3mm de diâmetro (Fig. 21,p.46). Os sintomas podem ocorrer tambémem ramos, folhas e nos botões florais. Nosramos, aparecem lesões semelhantes a dosfrutos. Nas folhas, verificam-se perfuraçõesno limbo foliar, devido ao desprendimentodo tecido afetado.

Condições favoráveis

Segundo Piza Júnior (1994), a doençaocorre sob temperatura e umidade amenase o patógeno pode ser disseminado atravésde mudas infectadas.

Controle

O controle da verrugose é semelhanteao da antracnose e também baseia-se nouso de mudas sadias, na adoção de um sis-tema de tutoramento que permita um bomarejamento da parte aérea da planta, napoda de limpeza, para a eliminação daspartes afetadas pela doença, e em aplica-ções do fungicida Folicur 200 CE na dosa-

gem de 100ml/100L de água.

SEPTORIOSE

A septoriose, causada pelo fungo Septoriapassiflorae, pode afetar folhas, ramos efrutos do maracujazeiro. Ocorre em váriasregiões produtoras, porém somente espora-dicamente chega a causar danos significa-tivos. Geralmente, é encontrada em diver-sas espécies do gênero Passiflora, não serestringindo apenas às comercialmentecultivadas.

Sintomas

Os sintomas da doença são claramen-te descritos por Ponte et al. (1979), queressaltam que as folhas são os órgãos maisafetados, entretanto flores e frutos estãosujeitos ao ataque do fungo. Nas folhas,ocorrem manchas necróticas circulares decoloração pardo-clara ou avermelhada ecom bordos castanhos. Verifica-se tambéma ocorrência de pontuações negras, quecorrespondem aos picnídios do patógeno,na superfície das lesões. Estas tambémpodem aparecer nos frutos, entretanto sãomais circulares e com os bordos bem-defi-nidos. Podem-se apresentar ligeiramentedeprimidas, porém só comprometem a cascado fruto. Quando a doença ocorre nas fo-lhas, estas secam e caem. As folhas novas,antes da queda, apresentam-se enrugadase o ponteiro morre, estimulando brotaçõeslaterais.

Condições favoráveis

Segundo Piza Júnior (1994), no PlanaltoPaulista ocorre maior incidência da septo-riose no outono, entre os meses de abril amaio, quando a temperatura e a umidadecomeçam a diminuir. Já Ponte et al. (1979)relataram que no Nordeste brasileiro adoença intensifica-se no meses de janeiroa junho, quando ocorre elevação da umi-dade.

Controle

A doença pode ser controlada atravésde medidas culturais associadas ao con-trole químico. Em locais com histórico dadoença, é recomendada no plantio a adoçãode espaçamentos maiores entre as linhasde cultivo para um melhor arejamento. Apoda de limpeza contribui tanto para o are-

Page 39: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .34 -38 , se t . /ou t . 2000

37A cultura do maracujazeiro

jamento da cultura, quanto para a reduçãodo potencial de inóculo, uma vez que asfolhas afetadas pelo patógeno são elimina-das. Após a adoção do controle cultural,deve-se utilizar, quando necessário, o con-trole químico, através de pulverizações comfungicidas. No momento, não se encontraà disposição nenhum fungicida registradopara o controle da doença, entretanto PizaJúnior (1994) verificou a eficiência do usodos fungicidas Tiabendazole e TiofanatoMetílico + Clorotalonil.

MANCHA PARDA

A mancha parda de alternaria é umadoença de ocorrência esporádica, entretan-to pode ocasionar danos severos, quandoas condições ambiente forem favoráveis aodesenvolvimento do agente causal. Ocorreem várias partes do mundo onde o maracu-jazeiro é cultivado. Segundo Goes (1998),seis espécies do fungo do gênero Alternariatêm sido descritas como patogênicas aogênero Passiflora. No entanto, as mais fre-qüentemente citadas, inclusive no Brasil,são Alternaria passiflorae J.H. Simmondse Alternaria alternata (Fr.: Fr.) Keissl.

Sintomas

Nas folhas, verifica-se o aparecimentode manchas pequenas, deprimidas e decoloração pardo-avermelhada. Observa-se,com o desenvolvimento da infecção, o apa-recimento de anéis concêntricos no centrodas lesões que também aumentam de tama-nho, chegando a atingir todo o limbo foliare causando a queda das folhas. Nos ramos,pode ocorrer o aparecimento de manchassemelhantes às das folhas, porém um pou-co mais alongadas, sendo necessário umbom controle da doença, pois estas lesõespodem provocar um anelamento destesórgãos e ocasionar a morte da parte termi-nal. Nos frutos, verificam-se também lesõespardo-avermelhadas, porém com diâmetroem torno de 1cm e ligeiramente arredon-dadas, depreciando a qualidade destes.

Condições favoráveis

Esta doença é mais observada, quandoocorrem altas temperaturas associadas comalta umidade. A disseminação dos coní-dios é favorecida pelo vento e pela águadas chuvas e da irrigação.

Controle

As medidas de controle culturais e pre-ventivas, indicadas para as outras doençasfoliares, associadas com o uso de fungici-das, apresentam bons resultados no con-trole da mancha parda. Os fungicidas re-comendados são: Cobre Sandoz BR, nadosagem de 240g/100L de água, e CopidrolPM, na dosagem de 280g/100L de água.Estes produtos devem ser aplicados logono início do aparecimento dos sintomas,geralmente nas épocas mais úmidas. Estasaplicações devem ser repetidas em inter-valos de 7 a 14 dias, de acordo com a inten-sidade dos sintomas.

MANCHA OLEOSA

Esta doença é causada pela bactériaXanthomonas campestris pv. Passiflorae(Pereira) Dye. Foi descrita no Brasil porPereira (1969) e, atualmente, encontra-sedisseminada por várias regiões produto-ras do país, causando grandes prejuízos,quando as condições ambientes são favo-ráveis, pois provoca depreciação dos fru-tos e até a morte das plantas. É a principaldoença da cultura no estado do Paraná.Em Minas Gerais, tem ocorrido com certafreqüência em cultivos no Norte do Estadoe no Vale do Jequitinhonha.

Sintomas

A princípio ocorre o aparecimento depequenas lesões, principalmente nas fo-lhas mais internas da planta, com aspectooleoso, translúcido e um halo amarelado.Posteriormente, adquirem coloração mar-rom, forma irregular, aspecto deprimido naface inferior da folha, podendo coalescer eatingir todo o limbo foliar. Em condiçõesde ataque severo, as folhas secam e caem,ocasionando grandes desfolhas em cul-tivos. Verifica-se também que a infecçãoocorre inicialmente nos bordos foliares ecaminha pelas nervuras, uma vez que abactéria é sistêmica, até atingir o pecíolodas folhas. As nervuras adquirem uma co-loração avermelhada. A infecção, segun-do Pio-Ribeiro & Mariano (1997), podeavançar através dos feixes vasculares dospecíolos e ramos, provocando caneluraslongitudinais e seca destes órgãos a partirdas suas extremidades, o que reduz dras-ticamente a frutificação e pode até causar

morte da planta. Nos frutos, ocorre o apare-cimento de pequenas lesões de aspectoaquoso e de coloração verde-escura queao evoluírem podem adquirir forma arredon-dada ou irregular, aspecto oleoso e colora-ção parda. Estas lesões podem atingir apolpa dos frutos, inviabilizando a comer-cialização.

Condições favoráveis

Altas temperaturas (35oC) e umidadeelevada propiciam a ocorrência da doençaque, até então, é exclusiva do maracujazei-ro, podendo o patógeno ser transmitido porsementes infectadas.

Controle

O controle químico é o que tem dadomelhores resultados, apesar de que aspráticas de prevenção da doença devemser adotadas, como a aquisição de mudase sementes sadias. São recomendadas pul-verizações com os fungicidas cúpricos ecom antibiótico. Torres Filho & Ponte(1994) verificaram que aplicações quinze-nais de Oxicloreto de cobre a 30% e a 50%e Oxicloreto de cobre + Maneb + Zineb sãoeficientes no controle da doença. Atual-mente, encontram-se no mercado doisbactericidas registrados para o controle dabacteriose no maracujazeiro, o Agrimaicinna dosagem de 300g/100L de água e a Agri-micina 500 na dosagem de 240g/100L deágua. As aplicações devem iniciar logo como aparecimento dos primeiros sintomas eser repetidas semanalmente de acordo coma incidência da doença.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BASTOS, C. N. Produção de metabólitos tóxi-cos por Fusarium oxysporum f. passifloraecausando murcha de plántulas de maracujá(Passiflora edulis Sims). Turrialba , SanJosé, v.26, n.4, p.371-373, oct./dic. 1976.

BEDOYA, L. J.; MEDINA, L. O.; ZARATE, R.R. D.; TORRES, M. R. Etiologia de lapudrición radicular del maracuya amarilloPassiflora edulis var. flavicarpa Degener. ActaAgronomica, v.33, n.4, p.54-60, 1983.

CARVALHO, A. M.; CARVALHO, A. M. B. Notapreliminar sobre a ocorrência de Fusariumsp. em plantas de maracujá, no Estado de SãoPaulo. Ciência e Cultura, São Paulo, v.20,n.2, p.265-266, 1968.

DIAS, M.S.C. Efeito da solarização do solono controle da morte prematura de ma-

Page 40: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .34 -38 , se t . /ou t . 2000

38 A cultura do maracujazeiro

racujazeiros. Botucatu: UNESP – Faculda-de de Ciências Agronômicas, 1997. 125p. Tese(Doutorado) - Faculdade de Ciências Agro-nômicas, Universidade Estadual Paulista,1997.

GARDNER, D. E. Pathogenicity of Fusariumoxysporum f. sp. passiflorae to Banana Pokaand other Passiflora spp in Hawaii. PlantDisease, Saint Paul, v.73, n.6, p.476-478,1989.

GOES, A. de. Doenças fúngicas da parte aérea dacultura do maracujazeiro In: SIMPÓSIO DACULTURA DO MARACUJAZEIRO, 5, 1998,Jaboticabal. Anais ... Jaboticabal: SociedadeBrasileira de Fruticultura, 1998. p.208-216.

GRECH, N. M.; RIJKENBERG, F. H. J. Laboratoryand field evaluation of the performance ofPassiflora caerulea as a rootstock tolerantto certain fungal root pathogens. Journalof Horticultural Science, Ashford Kent,v.66, p.725-729, 1991.

INCH, A. J. Passionfruit diseases. QueenslandAgricultural Journal , Brisbane, v.104, n.5,p.479-484, 1978.

KIELI, T. B.; COX, J. E. Fusarium wilt disease ofpassion vines. Agricultural Gazette ofNew South Walles, Sydney, v.72, n.5,p.275-276, 1961.

MCKNIGHT, T. A wilt disease of the passionvines (Passiflora edulis) caused by a species ofFusarium. Queensland Journal of Agri-cultural Science, Brisbane, v.8, n.1, 1951.

MANICA, I. Fruticultura tropical: maracujá.São Paulo: Agronômica Ceres, 1981. 151p.

MASUDA, Y. Doenças fúngicas do maracuja-zeiro. In: SIMPÓSIO DA CULTURA DOMARACUJÁ, 1, 1971, Campinas. Anais...Campinas: Sociedade Brasileira de Fruticultu-ra, 1974. p.1-10.

MEDINA, J. C.; GARGIA, J.L.M.; LARA, J.C.C.;TOCCHINI, R.P.; HASHIZUMET, T.;MORETTI, V.A.; CANTO, W.L. do. Mara-cujá: da cultura ao processamento e comer-cialização. Campinas: ITAL, 1980. 207p.(ITAL. Frutas Tropicais, 9).

OLIVEIRA, J. C.; NAKAMURA, K.; RUGGIERO,C.; FERREIRA, F. R. Determinação de fontede resistência em passifloraceas quanto amorte prematura de plantas. In: CONGRES-SO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 7,1986, Brasília. Anais... Brasília: SociedadeBrasileira de Fruticultura, 1986. p.403-408.

PEREIRA, A.L.G. Uma doença bacteriana domaracujá (Passiflora edulis, Sims) causada porXanthomonas passiflorae n. sp. Arquivosdo Instituto Biológico, São Paulo, v.36, n.4,p.163-174, out./dez. 1969.

PIO-RIBEIRO, G.; MARIANO, R. de L.R. Doen-ças do maracujazeiro (Passiflora spp.). In:KIMATI, H.; AMORIM, L.; BERGAMINFILHO, A.; CAMARGO, L.E.A.; REZENDE,J.A.M. (Ed.). Manual de fitopatologia. SãoPaulo: Agronômica Ceres, 1997. v.2: Doen-ças das plantas cultivadas, p.525-534.

PIZA JÚNIOR, C. de T. Moléstias fúngicas do

maracujazeiro. In: SÃO JOSÉ, A.R. (Ed.).Maracujá: produção e mercado. Vitória daConquista-BA: UESB-DFZ, 1994. p.108-115.

PONTE, J.J.; PINHEIRO, M.F.R.; FRANCO, A.;CIRINO, A. Septoriose, uma importante do-ença do maracujá no planalto da ibiapaba (Es-tado do Ceará). Fitossanidade, Fortaleza,v.3, n.1/2, p.26-27, 1979.

PURSS, G. S. Studies of the resistance of speciesof Passiflora to Fusarium Wilt (F. oxysporumf. passiflorae). Queensland Journal ofAgricultural Science, Brisbane, v.15, p.95-99, 1958.

SANTOS FILHO, H. P. Doenças do sistemaradicular do maracujazeiro In: SIMPÓSIO DACULTURA DO MARACUJAZEIRO, 5, 1998,Jaboticabal. Anais ... Jaboticabal: Socieda-de Brasileira de Fruticultura, 1998. p.244-254.

TORRES FILHO, J.; PONTE, J.J. da. Estudo so-bre o controle da bacteriose ou “morte pre-coce” (Xanthomonas campestris pv.Passiflorae) do maracujá amarelo (P. edulisf. flavicarpa). Fitopatologia Basileira,v.19, n.1, p.34-38, mar. 1994.

YAMASHIRO, T. Principais doenças do maracu-jazeiro amarelo no Brasil. In: RUGGIERO, C.Maracujá . Ribeirão Preto: Legis Summa,1987. p.146-159.

YAMASHIRO, T. Principais doenças fúngicas ebacterianas no maracujazeiro encontradas noBrasil. In: SÃO JOSÉ, A.R. (Ed.). A cultu-ra do maracujá no Brasil. Jaboticabal:FUNEP, 1991. p.169-174.

AGR I CU L T U R A, P E CU ÁR I A E AB AS T E CI M E N T O

Page 41: Epamig ia 206-maracuja

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 1 , n . 2 0 6 , p . 3 9 - 4 0 , 4 9 - 5 1 s e t . / o u t . 2 0 0 0

A cultura do maracujazeiro

1Engo Agro, Bolsista FAPESP, Doutorando USP/ESALQ - Depto Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola, Caixa Postal 9, CEP 13418-900Piracicaba-SP.

2Engo Agro, Ph.D., Bolsista CNPq, Prof. Associado USP/ESALQ - Depto Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola, Caixa Postal 9, CEP13418-900 Piracicaba-SP.

3Engo Agro, Ph.D., Bolsista CMPq, Prof. Tit. NAP/MEPA/USP/ESALQ - Depto Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola, Caixa Postal 9,CEP 13418-900 Piracicaba-SP.

����������������� ��� ������������������� ������ �

������� �� ���� 1

������ �� �� �������2

������� �� ��������3

�������- Muitos podem ser os fatores que contribuem para a redução da longevidadee produtividade das plantas de maracujazeiro, entre eles os problemas fitossanitários,principalmente as doenças de etiologia viral. Entre os vírus relatados no Brasil e quepodem afetar a cultura do maracujazeiro, podem-se mencionar o do endurecimen-to dos frutos (Passion fruit woodiness virus – PWV), o do mosaico do pepino (Cucumbermosaic virus – CMV), transmitidos por afídeos de maneira não persistente, o víruscausador da pinta verde (Rhabdovirus) transmitido pelo ácaro Brevipalpus phoenicis, odo clareamento das nervuras (Rhabdovirus), sem vetor conhecido, o do mosaicoamarelo (Passion fruit yellow mosaic virus – PFYMV) e o do mosaico do maracujá-roxo(Purple granadilla mosaic virus – PGMV), transmitidos experimentalmente por besouro.Além destes, existe uma doença causada por um fitoplasma, sem vetor conhecido.

Palavras-chave: Maracujá; Passiflora; Viroses.

���������

Muitos são os problemas que afetam aprodução e a qualidade dos frutos do ma-racujazeiro amarelo no Brasil, como varia-bilidade genética, pragas e doenças, entreas quais estão as viroses. Alguns trabalhosvêm sendo conduzidos, visando um me-lhor entendimento e controle destas doen-ças em condições brasileiras. Serão abor-dados neste estudo alguns vírus e umfitoplasma que causam doenças no ma-racujazeiro.

���������� ��� ������

Dentre as viroses e anomalias corre-latas constatadas em diversas zonas pro-dutoras de maracujá do país, destaca-seaquela causada pelo vírus do endurecimen-to dos frutos, Passion fruit woodiness

virus (PWV) (Kitajima et al., 1986). O PWVfoi constatado pela primeira vez em poma-res de maracujá-amarelo e Passiflora alata,no estado da Bahia, no final da décadade 70 (Chagas et al., 1981 e Yamashiro &Chagas, 1979). Posteriormente, foi relata-do nos Estados de Pernambuco (Loreto &Vital, 1983), Sergipe, Ceará (Kitajima et al.,1986), São Paulo (Chagas et al., 1992), MinasGerais (São José et al., 1994), no DistritoFederal (Inoue et al., 1995) e mais recente-mente no estado do Pará (Trindade et al.,1999), região até então considerada inde-ne. Suspeita-se que a introdução do vírusnesse Estado ocorreu através de mudascontaminadas trazidas de Minas Gerais eda Bahia.

O vírus do endurecimento dos frutosdo maracujazeiro encontrado no Brasil apre-senta características semelhantes às da-

quele descrito na Austrália, onde foi primei-ramente relatado (McKnight, 1953). OPWV, como é conhecido internacional-mente, é uma espécie do gênero Potyvirus,da família Potyviridae, cujas partículasmedem 670-750 nm de comprimento, por 12-15 nm de diâmetro. Apresenta RNA de fitasimples, positiva e produz no citoplasmadas células infectadas inclusões lamelarestípicas dos Potyvirus, na configuração decata-vento (Taylor & Greber, 1973). Santanaet al. (1999), com base em análises compa-rativas da seqüência de nucleotídeos dogene que codifica a proteína da capa pro-téica, apontaram homologia de, aproxi-madamente, 70% de alguns isolados doPWV do Brasil, com o PWV da Austrá-lia. Por outro lado, comparando-se os iso-lados brasileiros do PWV, com o Cowpeaaphid-borne mosaic virus e South African

39

Page 42: Epamig ia 206-maracuja

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 1 , n . 2 0 6 , p . 3 9 - 4 0 , 4 9 - 5 1 , s e t . / o u t . 2 0 0 0

A cultura do maracujazeiro

passiflora virus, encontrou-se homologiade 85% no gene da capa protéica. Esse fatopoderá originar futuras alterações taxo-nômicas (Santana et al., 1999).

A transmissão natural do PWV emcampo dá-se por meio de afídeos, principal-mente as espécies Myzus persicae Sulz. eAphis gossypii Glover (Chagas et al., 1981),sendo a relação vírus-vetor do tipo nãopersistente (Taylor & Greber, 1973). Até omomento não há relatos de transmissão porsementes em espécies de maracujazeiro,mas o PWV foi transmitido por sementesde feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.), cv. Pre-to 153 (Costa, 1994). Experimentalmente, atransmissão mecânica é relativamente fácil,sendo transmitido para várias espécies demaracujazeiro. Além do maracujazeiro, oPWV é capaz de infectar sistemicamen-te alguns feijoeiros, Canavalia ensiformisD.C., C. brasiliensis Marth., Crotalariajuncea L., Cassia occidentalis (L.) Link,amendoim, centrosema, entre outras espé-cies de leguminosas. Até o momento nãohá evidência sobre o papel dessas hospe-deiras na epidemiologia do endurecimentodos frutos do maracujazeiro. Em outras es-pécies, como Chenopodium amaranticolorCoste & Reyn, C. quinoa Willd. e P.vulgaris (cvs. Jalo e Manteiga), o PWVcausa apenas lesões locais nas folhas ino-culadas (Rezende, 1994).

Plantas de maracujazeiro infectadas como PWV apresentam sintomas generalizadosde mosaico foliar, com intensidade variável,podendo vir acompanhado de manchas-anelares, bolhas, rugosidade e deformaçõesdo limbo foliar (Fig. 22, p.46). As plantasafetadas podem apresentar ainda o cresci-mento retardado, bem como encurtamentodos entrenós. Os frutos podem ficar defor-mados e menores do que os produzidospor planta sadia, o pericarpo fica com es-pessura irregular e consistência endurecida,havendo redução na cavidade da polpa(Fig. 23, p.47) (Rezende, 1994).

A incidência de viroses em maracu-jazeiros na região de Alta Paulista (SP),indicaram que o PWV foi detectado em71,8% das plantas avaliadas (Gioria, 1999).A predominância desse vírus em AltaPaulista pode ser extensiva para outras

áreas que cultivam essa frutífera no Estado.Neste trabalho de Gioria (1999) tambémforam avaliados os danos causados peloPWV ao desenvolvimento e à produção dasplantas. Plantas inoculadas mecanicamen-te em casa de vegetação tiveram uma redu-ção de até 45% da área foliar e 50% do pe-so fresco e seco, quando comparadas complantas sadias, durante dois meses após ainoculação. Em condições de campo, plan-tas infectadas aos dois, quatro e seis meses,após o plantio, apresentaram uma redu-ção da produção de 80%, 74% e 44%, res-pectivamente, durante cinco meses de co-lheita, quando comparadas com plantasinfectadas somente aos oito meses após oplantio.

Em alguns países, como a Austrália, ocontrole dessa virose tem sido alcançadoprincipalmente através da utilização dehíbridos entre maracujá-roxo e amarelo, comtolerância à doença (Taylor & Greber, 1973).Em alguns casos o controle é obtido atra-vés da utilização dos híbridos tolerantespremunizados com estirpes fracas do PWV(Pares et al., 1985 e Peasley & Fitzell, 1981),cujas pesquisas iniciais foram feitas porSimmonds (1959). Em Taiwan, o controletem sido feito com a erradicação anual dosplantios afetados e replantio com mudaslivres do vírus (Chang et al., 1992). No Bra-sil, já foram apontadas linhas de trabalhopara o desenvolvimento de métodos decontrole através da resistência ou tolerân-cia (Chagas et al., 1992, Kitajima et al., 1986e Novaes & Rezende, 1999), premunizaçãocom estirpes fracas do vírus e práticas cul-turais que possam minimizar a incidência ea disseminação da doença (Rezende, 1994).A eliminação sistemática de plantas de ma-racujazeiro infectadas pelo PWV, duranteos seis a oito primeiros meses após o plan-tio, em pomares adensados, pode ser umaforma de reduzir os danos quantitativos equalitativos da produção e vem sendo ava-liada na região de Alta Paulista (SP). Umsuporte para essa proposta encontra-senos estudos realizados por Gioria (1999),que mostram que quanto mais tarde ocorrea infecção das plantas, maior o índice deárea foliar e, conseqüentemente, maior aprodução de frutos comerciais.

������� �� �����

O vírus do mosaico do pepino, Cucumbermosaic virus (CMV) infecta um grandenúmero de espécies vegetais, abrangendomais de 40 famílias. Em maracujazeiro ainfecção natural por este vírus foi observa-da pela primeira vez na Austrália, a qual foiconfundida com a infecção provocada peloPWV, devido ao endurecimento dos frutostambém causado pelo CMV nas condiçõesdaquele país (Taylor & Kimble, 1964). NoBrasil, o CMV foi constatado em maracu-jazeiro pela primeira vez no estado de SãoPaulo (Colariccio et al., 1984), posterior-mente na Bahia (Chagas et al., 1984a) e,mais recentemente, no Paraná (Barbosa etal., 1999).

Os sintomas apresentados em folhasde maracujazeiros afetados pelo CMV sãode mosaico e manchas-anelares de colora-ção amarelo-intensa que se coalescem for-mando manchas maiores (Fig. 24, p.47). Noentanto, ocorre a recuperação do ramo in-fectado, desaparecendo os sintomas emdireção à extremidade. Os frutos podemapresentar-se deformados e endurecidos(Kitajima, 1998).

O CMV é o segundo vírus em inci-dência na cultura do maracujazeiro, po-dendo chegar a 40,7% na região de AltaPaulista (Gioria, 1999). A menor incidên-cia desse vírus em maracujazeiro, quandocomparada ao PWV, pode estar associadaà distribuição aparentemente limitada apartes dos ramos infectados, não ocor-rendo invasão sistêmica de toda a planta(Gioria et al., 1999). Até o momento nãoexistem trabalhos demonstrando as perdascausadas por este vírus em condições bra-sileiras.

O CMV é um vírus do gênero Cucumovirus,cujas partículas são isométricas, de aproxi-madamente 28nm de diâmetro, apresentan-do três RNAs genômicos e um subgenô-mico.

A transmissão em campo dá-se pormeio de afídeos de maneira não persisten-te (Francki et al., 1979). Experimentalmente,o CMV pode ser transmitido mecanica-mente ou através da vegetação espontâ-nea, para inúmeras espécies de plantascultivadas, no entanto a recuperação de

40

Page 43: Epamig ia 206-maracuja
Page 44: Epamig ia 206-maracuja

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 1 , n . 2 0 6 , s e t . / o u t . 2 0 0 0

42 A Cultura do Maracujazeiro

��������������� ��������������������� ��������������������������������������������������� ���� ������������������ �����������������������������

���������� �!�����������"�������#��������$%&'

�������(��#����� ���������!����������������������������)������ �����*�����������*���!������������ �������� ��������������������� ������������������������������� ���������������

+,-#.� �������(#��#�� �������� ��������/��������("��-�������������.� -�� �0�������� ������� ��� ���!�/� 1�� �0�������� ������!�����2

�������3��1������������ �!�������)���������4�(�� ���$� ���������� �������'

+,-#.�0���������.�(�������2

�������5��6�!���������������������������� ����������-���*� ��7���������1��

�� ��

Page 45: Epamig ia 206-maracuja

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 1 , n . 2 0 6 , s e t . / o u t . 2 0 0 0

43A Cultura do Maracujazeiro

�������8��#�������������������������$��2' �������9��6���������������������������$��2'

�������:��6��������������������������$��2'� ������������ ��������� !��!��� ��

��������;��#������������������������<������������������

��������(��6��!������������� �����������,="��� �������� ����������

�����������#���������������� �����������,="���

����.�>2�?2�?����@�A2��2�1����

����.�>2�?2�?����@�A2��2�1����

Page 46: Epamig ia 206-maracuja

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 1 , n . 2 0 6 , s e t . / o u t . 2 0 0 0

44 A Cultura do Maracujazeiro

��������3��0 �������� �����������������B�������!��������������������������� ������������������

�����������#����������������� �����������,="��� � ��� ������������������

����.�>2�?2�?����@�A2��2�1����

����.�>2�?2�?����@�A2��2�1����

Page 47: Epamig ia 206-maracuja

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 1 , n . 2 0 6 , s e t . / o u t . 2 0 0 0

45A Cultura do Maracujazeiro

��������C��#��������������������������� �� ����� ��������$6��D'

��������5��� �����!�������������!���������������������

����.�A2��2�1�����@�>2�?2�?���

����.�A2��2�1�����@�>2�?2�?���

Page 48: Epamig ia 206-maracuja

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 1 , n . 2 0 6 , s e t . / o u t . 2 0 0 0

46 A Cultura do Maracujazeiro

��������8��1� �������������������������������!� ���� ��������9��1� ���������� ���� ����������<������������������

��������:��1� ���������� ���� ���� ����������������������� �������(;��1� ���������� ���� �����������������������������

�������(���1� ���������!���������������������������������� �������((��%��������������������������������������������>E

����.�?2�&

�����

Page 49: Epamig ia 206-maracuja

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 1 , n . 2 0 6 , s e t . / o u t . 2 0 0 0

47A Cultura do Maracujazeiro

�������(���������������$F���������'��� � �������������>E �$F�������'

�������(3��%� �<������������������������ �� ����������� ������� �������������%

�������(C��%� �<�����!���������������<����� ���� �������������������!B��������� ���!����

�������(5��>� ���!����������������������

�������(8��?�������������������������������������������!B�������� ���!����

�������(9���������� ������ ��!������������������?<�*��!����

Page 50: Epamig ia 206-maracuja

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 1 , n . 2 0 6 , s e t . / o u t . 2 0 0 0

48 A Cultura do Maracujazeiro

�������(:��%������������������������������� ��������;����������������������������� ������ ��!�������������������!B����������������������������)�

�����������1����*������ �������������������������� ��������C��-� ��G�������� �������������������� ��������������

����.�?2�&

�����

������� �5� � 7���� ����������������!������*���������� ���� �������� ����� ������������� ��G������

��������8��7������������������������� �����*����H ��

Page 51: Epamig ia 206-maracuja

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 1 , n . 2 0 6 , p . 3 9 - 4 0 , 4 9 - 5 1 s e t . / o u t . 2 0 0 0

A cultura do maracujazeiro

maracujazeiros infectados para maracuja-zeiros sadios tem sido dificultada. O su-cesso na transmissão só é obtido, quandoas plantas são inoculadas mecanicamentee já apresentam de duas a quatro folhas(Colariccio et al., 1987).

A presença de trapoeraba (Commelinasp.) com sintomas causados pelo CMV,entre as linhas de plantio de maracujazeiros,mostrou uma certa correlação com a inci-dência desse vírus em alguns plantios naregião de Alta Paulista. A eliminação destaplanta daninha, especialmente nas áreascom alta ocorrência, pode proporcionaruma redução na incidência do CMV emmaracujazeiros. No entanto, como esse ví-rus infecta mais de 800 espécies vegetais,outras plantas podem atuar como fonte deinóculo, reduzindo assim a eficiência daeliminação da trapoeraba (Gioria, 1999).Trabalhos de melhoramento genético domaracujazeiro devem levar em consideraçãoo movimento limitado do CMV nos ramos,pois a perda dessa característica, aparen-temente genética, poderá torná-lo um im-portante patógeno do maracujazeiro.

����� ���

A pinta verde do maracujazeiro, cau-sada pelo vírus denominado Green spotPassiflora virus (GSPV), foi observadainicialmente na região de Vera Cruz, estadode São Paulo (Kitajima et al., 1997) e, recen-temente, na Bahia (Santos Filho et al., 1999).Plantas infectadas pelo vírus exibem man-chas esverdeadas em folhas senescentese frutos maduros (Fig. 25 e 26, p.47). Aolongo dos ramos são observadas lesõesque se coalescem, podendo causar o anela-mento e morte dos ramos (Fig. 27, p.47) e,em casos mais extremos, a morte da planta.Em plantas exibindo sintomas dessa doen-ça, sempre é observada a presença do ácaroBrevipalpus phoenicis, o qual pode ser otransmissor do vírus para maracujazeirossadios (Kitajima et al., 1997). Em cortesultrafinos de lesões foliares e de frutos, sãoobservados grupos de partículas arredon-dadas (60-70nm de diâmetro) ou bacili-formes (60-70nm x 130-150nm), confinadasem membranas, na cavidade do citoplas-ma e inclusões similares às descritas para

o vírus da leprose dos citros, Citrus leprosisvirus (CitLV) (Kitajima et al., 1997). Acre-dita-se que este vírus seja da famíliaRhabdoviridae, mas outros estudos sãonecessários para melhor caracterizaçãotaxonômica.

Devido à infecção por esse vírus ficaraparentemente restrita ao local de alimen-tação do vetor, o controle da pinta verdepode ser feito combatendo-se o ácaro comacaricidas específicos de comprovada efi-ciência. A época do ano tem grande in-fluência na eficiência dos acaricidas, po-dendo ser utilizados o Hexitiazox, o Óxidode Fenbutatina, o Propargite e o Dicofol naprimavera/verão, e o Quinometionato e oHexitiazox no inverno. Todos estes acarici-das têm proporcionado um bom controledo ácaro-vetor, porém devem ser usadosde forma alternada para evitar o apareci-mento de resistência na população do B.phoenicis. Como esse ácaro se protege bem,a adição de enxofre molhável na calda aca-ricida pode aumentar a eficiência do tra-tamento. O enxofre tem efeito irritante sobreo ácaro, que se movimenta e é atingido peloacaricida.

��������� ��� �������

O clareamento das nervuras parece es-tar presente em quase todas as regiões pro-dutoras de maracujá do Brasil. Esta doençafoi constatada inicialmente em Lagarto (SE),sendo então chamada de enfezamento (Ba-tista et al., 1981) e, posteriormente, em ou-tras regiões produtoras do país (Chagaset al., 1987, Kitajima & Crestani, 1985 e Sou-za et al., 1984). As plantas doentes apre-sentam sintomas de folhas coriáceas e umclareamento típico de nervuras (Fig. 28,p.47). Este é facilmente visualizado, quandose observa a folha posicionada contra aluz, e pode ser útil para diagnose preliminar.Transmissão por enxertia e observações departículas de um nucleorhabdovírus aomicroscópio eletrônico sempre associadaà doença sugerem sua etiologia viral (Ki-tajima & Crestani, 1985). Até o momento,não é conhecida a forma de transmissãodesse vírus nos pomares, necessitando demaiores estudos para a compreensão daepidemiologia da doença. Sua ocorrência

em maracujazeiros no Brasil é baixa, semaparentemente causar danos significativos,conforme relatado por Gioria (1999), em SãoPaulo.

������� ������

Plantas de maracujazeiro infectadas peloPassionfruit yellow mosaic virus (PFYMV)apresentam sintomas de mosaico amare-lo-brilhante e encrespamento das folhas(Fig. 29, p.48). A sua constatação no Brasilocorreu em pomares de maracujazeiro nalocalidade de Papucaia, município de Ca-choeira de Macacu (RJ) (Crestani et al.,1986) e, posteriormente, em Bonito (PE)(Kitajima et al., 1986). Exames de extratosde folhas de plantas doentes, ao micros-cópio eletrônico, indicaram a presença departículas isométricas de, aproximada-mente, 30nm de diâmetro. Em cortes ultra-finos de tecidos infectados, foi observa-da a presença de presumíveis vírions novacúolo e vasos do xilema e os cloroplas-tos exibindo vesículas periféricas. Estesefeitos citopáticos são característicos aosTymovirus e os testes sorológicos confir-maram este fato (Crestani et al., 1986).

O PFYMV é facilmente transmitido me-canicamente, mas somente para plantas dogênero Passiflora. Não parece ser trans-mitido pelas sementes. Experimentalmentefoi transmitido pelo besouro CrisomelídeoDiabrotica speciosa (Germar), de plantasinfectadas de maracujazeiro para sadias,mas com baixa eficiência (Crestani et al.,1986). Desde a sua constatação na décadade 80, não se tem mais notícias da ocorrênciadesse vírus em maracujazeiros.

������� ���������������

O vírus do mosaico do maracujá-roxo,denominado Purple granadilla mosaicvirus (PGMV), foi observado inicialmen-te em plantas de maracujazeiro roxo(Passiflora edulis Sims.), no município deCotia (SP) (Chagas et al., 1984b), causandomosaico foliar, clareamento ao longo dasnervuras, deformações (Fig. 30, p.48) e, àsvezes, endurecimento dos frutos. Em extra-tos de folhas de plantas sintomáticas fo-ram observadas partículas isométricas de,

49

Page 52: Epamig ia 206-maracuja

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 1 , n . 2 0 6 , p . 3 9 - 4 0 , 4 9 - 5 1 , s e t . / o u t . 2 0 0 0

A cultura do maracujazeiro

aproximadamente, 24nm de diâmetro e emgrandes concentrações nos tecidos infec-tados (Chagas et al., 1984b e Kitajima etal., 1986). Em testes serológicos com anti-soros contra 33 vírus isométricos, de dife-rentes grupos, não foi constatada nenhu-ma reação positiva (Oliveira et al., 1986).

Experimentalmente, o PGMV foi trans-mitido mecanicamente só para plantas demaracujazeiro amarelo e roxo (Chagas et al.,1984b) e pelo Crisomelídeo D. speciosa en-tre plantas de maracujazeiro roxo (Oliveiraet al., 1986). Devido à transmissão positi-va para plantas de maracujazeiro amarelo,o PGMV é considerado de potencial impor-tância para esta cultura. No entanto, desdeo seu relato em uma área restrita no estadode São Paulo, o PGMV não foi mais cons-tatado em outras regiões produtoras.

�������������

Esta doença que foi observada primei-ramente em maracujazeiros no município deAraruama (RJ), e na região metropolitanade Recife (PE), causando sérios problemasde queda de produtividade, clorose genera-lizada, superbrotamento, folhas menores ecoriáceas (Fig. 31, p.48), flores com cálicegigante, esterilidade e rachadura dos fru-tos formados. Cortes ultrafinos de tecidofoliar infectados revelaram a presença decorpúsculos pleomórficos nos vasos criva-dos, típicos de organismos do tipo fitoplas-ma (Kitajima et al., 1981). Em anos seguinteseste fitoplasma foi detectado também emmaracujazeiros no estado do Paraná (LimaNeto et al., 1983), São Paulo (Chagas &Oliveira, 1987) e Minas Gerais (Costa et al.,1993). Gioria4 em recente levantamento deviroses de maracujazeiros no estado de SãoPaulo, observou apenas uma planta comsintoma de superbrotamento, a qual foi ana-lisada através de microscopia eletrônica epor polymerase chain reaction (PCR), con-firmando a presença de um fitoplasma. Co-mo pode ser observado, após 12 anos doprimeiro relato do superbrotamento do ma-racujazeiro no estado de São Paulo (Chagas

& Oliveira, 1987), a sua incidência continuamuito baixa, não sendo, até então, conside-rado um problema no cultivo do maracu-jazeiro. Esta baixa incidência deve-se pro-vavelmente à ineficiência de transmissãopelo vetor, o qual ainda não é conhecido.Apesar de não existirem estudos de trans-missão do fitoplasma causador do super-brotamento, acredita-se que em campo estaseja feita por cigarrinhas, que são as princi-pais vetoras da maioria dos fitoplasmasconhecidos (Rezende, 1994).

Os fitoplasmas são procariotos, semparede celular, que ocorrem nos vasoscrivados das plantas infectadas, onde semultiplicam. Durante muito tempo foramchamados de “organismos do tipo mico-plasma”. Somente na década de 90 estesorganismos foram melhor caracterizados edesignados de fitoplasma.

Antibióticos do grupo da tetraciclinatêm-se mostrado promissores no controlede fitoplasmas em palmeiras. A sua efi-ciência para o controle do superbrotamen-to do maracujazeiro, entretanto, carece deinvestigações, mas só deve ser indicadaem casos de alta incidência da doença. Ouso de antibióticos em larga escala, emcondições de campo, deve ser evitado, poispode induzir o aparecimento de raças resis-tentes do patógeno, além do efeito residualnos frutos (Kitajima, 1998). Na situaçãoatual, em que o superbrotamento ocorre es-poradicamente, recomenda-se a elimina-ção das plantas infectadas seguida de ummonitoramento, para avaliar o apareci-mento de novas infecções. Caso ocorram,outras medidas devem ser preconizadas,inclusive o uso eventual de antibióticos.

��������� ��������������

BARBOSA, C. J.; STENZEL, N. M. C.;JACOMINO, A.P. Identificação do vírus domosaico do pepino (“cucumber mosaic virus”-CMV) em maracujazeiro amarelo no Paraná.Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.24,n.2, p.193, 1999.

BATISTA, F.A.S.; GOMES, R.C.; RAMOS, V.F.Ocorrência de uma anormalidade de possível

4Informação pessoal obtida através do Dr. Ricardo Gioria da USP/ESALQ – Depto Entomologia, Fitopatologia e Zoologia, em 1999.

causa virótica ou semelhante a vírus, pro-vocando o “enfezamento” do maracujazei-ro. In: CONGRESSO BRASILEIRO DEFRUTICULTURA, 6, 1981, Recife. Anais...Recife: Sociedade Brasileira de Fruticultura,1981. p. 1408-1413.

CHAGAS, C.M.; CATROXO, M.H.; OLIVEIRA,J.M.; FURTADO, E.L. Ocorrência do vírusdo clareamento das nervuras do maracuja-zeiro no estado de São Paulo. FitopatologiaBrasileira, Brasília, v.12, p.275-278, 1987.

CHAGAS, C.M.; COLARICCIO, A.; KUDAMATSU,M.; LIN, M.T.; BRIOSO, P.S.T.; KITAJIMA,E.W. Estirpe incomum do vírus do mosaicodo pepino (CMV) isolado de maracujá ama-relo (Passiflora edulis f. flavicarpa). Fito-patologia Brasileira, Brasília, v.9, p.402,1984a. Resumo.

CHAGAS, C.M.; JOAZEIRO, P.P.; KUDAMATSU,M.; VEGA, J. Mosaico do maracujá roxo, umavirose no Brasil. Fitopatologia Brasileira,Brasília, v.9, p.241-247, 1984b.

CHAGAS, C.M.; KITAJIMA, E.W.; LIN, M.T.;GAMA, M.I.C.S.; YAMASHIRO, T. Gravemoléstia em maracujá amarelo (Passifloraedulis f. flavicarpa) no estado da Bahia, cau-sado por um isolado do vírus do “woodiness”do maracujá. Fitopatologia Brasileira,Brasília, v.6, p.259-268, 1981.

CHAGAS, C.M.; OLIVEIRA, J.M. de. Ocorrênciado superbrotamento do maracujá no estadode São Paulo. Summa Phytopathologica,Piracicaba, v.13, n.1/2, p.29, jan./jun. 1987.Resumo.

CHAGAS, C. M.; REZENDE, J. A. M.;COLARICCIO, A.; PIZA JÚNIOR, C.T.;LOPES, L.C.; GALLETTI, S.R.; FERRARI,J.T.; BELLUZI, B.M. Ocorrência do endu-recimento do fruto do maracujazeiro (VEFM)no estado de São Paulo. Revista Brasileirade Fruticultura, Cruz das Almas, v.14,p.187-190, 1992.

CHANG, C.A.; LIN, Y.D.; LIN, H.H. Utilizationof virus-free passionfruit seedling controlpassionfruit virus disease in Taiwan. Proceedingof disease and pest control withoutpesticide, Taipei, p.349-359, 1992.

COLARICCIO, A.; CHAGAS, C.M.; MIZUKI,M.K.; VEGA, J.; CEREDA, E. Infecção na-tural do maracujá amarelo pelo vírus domosaico do pepino no estado de São Paulo.Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.12, n.3,p.254-257, 1987.

50

Page 53: Epamig ia 206-maracuja

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 1 , n . 2 0 6 , p . 3 9 - 4 0 , 4 9 - 5 1 s e t . / o u t . 2 0 0 0

A cultura do maracujazeiro

COLARICCIO, A.; KUDAMATSU, M.; CHAGAS,C.M.; VEGA, J.; CEREDA, E. Possível ocor-rência do vírus do mosaico do pepino (CMV)em maracujá-amarelo (Passiflora edulis f.flavicarpa) no estado de São Paulo. SummaPhytopathologica, Piracicaba, v.10, n.1/2,p.118, jan./jun. 1984. Resumo.

COSTA, A.F. Pesquisa e extensão com maracujáem Pernambuco. In: SÃO JOSÉ, A.R. (Ed.)Maracujá: produção e mercado. Vitória daConquista-BA: UESB-DFZ, 1994. p.138-143.

COSTA, A.F.; KITAJIMA E.W.; SHIMADA,H.K.; CARVALHO, M.G.; COUTO, F.A.Superbrotamento do maracujazeiro associadoa organismo do tipo micoplasma em MinasGerais. Fitopatologia Brasileira, Brasília,v.18, p.328, 1993. Resumo.

CRESTANI, O.A.; KITAJIMA, E.W.; LIN, M.T.;MARINHO, V.L.A. Passion fruit yellowmosaic virus, a new tymovirus found in Brazil.Phytopathology, St. Paul, v.76, n.9, p.951-955, Sept. 1986.

FRANCKI, R.I.B.; MOSSOP, D.W.; HATTA, T.Cucumber mosaic virus. Kew: CMI, 1979.6p. (CMI-AAB. Descriptions of Plant Viruses,213).

GIORIA, R. Viroses do maracujazeiro: inci-dência na Alta Paulista-SP; danos causadospelo “Passion fruit woodiness virus” (PWV)e sintomatologia do “Cucumber mosaicvirus”(CMV). Piracicaba: USP-ESALQ,1999. 67p. Dissertação (Mestrado) – EscolaSuperior de Agricultura “Luiz de Queiróz”,Universidade de São Paulo, 1999.

GIORIA, R.; ESPINHA, L.M.; REZENDE,J.A.M.; GASPAR, J.O.; KITAJIMA, E.W.;Limited movement of cucumber mosaic virus(CMV) on yellow passion flower in São PauloState, Brazil. Phytopathology, St. Paul, v.89,S27, 1999. Resumo.

INOUE, A. K.; MELLO, R. N.; NAGATA, T.;KITAJIMA, E. W. Characterization ofpassionfruit woodiness virus isolates fromBrasília and surrounding region, Brazil.Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.20, n.3,p.479-487, 1995.

KITAJIMA, E.W. Virus e fitoplasmas do maracu-jazeiro no Brasil. In: RUGGIERO, C. (Ed.)Maracujá: do plantio à colheita. Jaboticabal:FUNEP, 1998. p.230-243.

KITAJIMA, E.W.; CHAGAS, C.M.; CRESTANI,O. A. Enfermidades de etiologia viral e asso-ciadas a organismos do tipo micoplasma emmaracujazeiro no Brasil. FitopatologiaBrasileira, Brasília, v.11, p.409-432, 1986.

KITAJIMA, E.W.; CRESTANI, O.A. Associationof rhabdovirus with passionfruit vein clearingin Brazil. Fitopatologia Brasileira, Brasília,v.10, p.681-688, 1985.

KITAJIMA, E. W.; REZENDE, J. A. M.;RODRIGUES, J.C.V.; CHIAVEGATO, L.G.;PIZA JÚNIOR, C.T.; MOROZINI, W. Greenspot of passion fruit, a possible viral diseaseassociated with infestation by the miteBrevipalpus phoenices. FitopatologiaBrasileira, Brasília, v.22, n.4, p.555-559,1997.

KITAJIMA, E.W.; ROBBS, C.F.; KIMURA, O.;WANDERLEY, L.J.G. O “irizado” dochuchuzeiro e o superbrotamento do maracujá:duas enfermidades associadas a microrganismosdo tipo micoplasma constatadas nos estadosdo Rio de Janeiro e Pernambuco. Fitopato-logia Brasileira, Brasília, v.6, p.115-122,1981.

LIMA NETO, V.C.; LIMA, M.L.R.Z.C.; SOUZA,V.B.V.; MACANHÃO, T.C.; OHLSON, O.C.;MALUCELLI NETO, H. Superbrotamentodo maracujazeiro associado a microorga-nismos do tipo micoplasma em culturas doMunicípio de Morretes-PR. Revista do Setorde Ciências Agrárias, Curitiba, v.5, p.83-86, 1983.

LORETO, T.J.G.; VITAL, A. Viroses e micoplas-moses do maracujá em Pernambuco. InformeSERDV, 1983.

MCKNIGHT, T. The woodiness virus of thepassion vine (Passiflora edulis Sims.).Queensland Journal of AgriculturalScience, Brisbane, v.10, p.4-35, 1953.

NOVAES, Q.S.; REZENDE, J.A.M. Possívelaplicação do DAS-ELISA indireto na seleçãode maracujazeiro tolerante ao “passionfruitwoodiness virus”. Fitopatologia Brasileira,Brasília, v.24, n.1, p.76-79, 1999.

OLIVEIRA, C.R.B.; KITAJIMA, E.W.; COSTA,C.L. Caracterização do vírus do mosaico domaracujá roxo. Fitopatologia Brasileira,Brasília, v.11, p.358-359, 1986. Resumo.

PARES, R.D.; MARTIN, A.B.; FITZELL, R.D. Virus-induced tip necrosis of passion-fruit (Passiflora edulis Sims.). AustralasianPlant Pathology, Melbourne, v.14, p.76-78,1985.

PEASLEY, D.; FITZELL, R.D. Passionfruitindustry benefits through scion wood scheme.Agriculture Gazette of New South Wales,Sydney, v.92, p.5-8, 1981.

REZENDE, J.A.M. Doenças de vírus e mico-plasma do maracujazeiro no Brasil. In: SÃO

JOSÉ, A.R. (Ed.). Maracujá: produção emercado. Vitória da Conquista-BA, UESB-DFZ, 1994. p.116-125.

SANTANA, E.N.; BRAZ, A.S.K.; TORRES, L.B.;MACIEL-ZAMBOLIM, E.; ZERBINI, F.M.Molecular characterization of Potyvirusisolates causing passionfruit woodiness inBrazil. Virus Reviews and Research, SãoPaulo, v.4, p.153, 1999. Resumo.

SANTOS FILHO, H.P.; CHAGAS, C.M.; MIYAI,T.; BARBOSA, C.J. Identification of passionfruit green spot in Bahia State. VirusReviews and Research, São Paulo, v.4,p.150, 1999. Resumo.

SÃO JOSÉ, A.R.; REZENDE, J.A.M.; COSTA,A.F. Ocorrência do vírus do endurecimentodo fruto do maracujazeiro no Norte do Estadode Minas Gerais. In: CONGRESSO BRASI-LEIRO DE FRUTICULTURA, 13, 1994,Salvador. Anais... Salvador: Sociedade Bra-sileira de Fruticultura, 1994. p. 797.

SIMMONDS, J.H. Mild strain protection as ameans of reducing losses from the Queens-land woodiness virus in the passion vine.Queensland Journal of AgriculturalScience, Brisbane, v.16, p.371-380, 1959.

SOUZA, V.B.V.; LIMA NETO, V.C.; LIMA,M.L.R.Z.C. Partículas baciliformes associadasa microrganismos do tipo micoplasma emmaracujazeiro com superbrotamento, noestado do Paraná. Revista do Setor deCiências Agrárias, Curitiba, v.6, p.101-103, 1984.

TAYLOR, R.H.; GREBER, R.S. Passion fruitwoodiness virus. Kew: CMI, 1973. 4p.(CMI-AAB. Descriptions of Plant Viruses,122).

TAYLOR, R.H.; KIMBLE, K.A. Two unrelatedviruses which cause woodiness of passion fruit(Passiflora edulis Sims). Australian Journalof Agricultural Research, Melbourne,v.15, p.560-570, 1964.

TRINDADE, D.; POLTRONIERI, L.S.;ALBUQUERQUE, F.C.; REZENDE, J.A.M.;NOVAES, Q.S.; KITAJIMA, E.W. Ocorrênciado “passion fruit woodiness virus” (PWV) emmaracujazais do estado do Pará. Fitopato-logia Brasileira, Brasília, v.24, n.2, p.196,1999.

YAMASHIRO, T.; CHAGAS, C. M. Ocorrên-cia de grave virose em maracujá amarelo(Passiflora edulis f. flavicarpa Deg.) no estadoda Bahia. In: CONGRESSO BRASILEIRODE FRUTICULTURA, 5, 1979, Pelotas.Anais... Pelotas: Sociedade Brasileira deFruticultura, 1979. p. 915-917.

51

Page 54: Epamig ia 206-maracuja

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 1 , n . 2 0 6 , p . 5 2 - 5 8 , s e t . / o u t . 2 0 0 0

52 A cultura do maracujazeiro

1Engo Agro, M.Sc., Viveiros Flora Brasil, CEP 38440-000 Araguari-MG. E-mail: [email protected] Agro, PAFER/Maguary, CEP 38440-000 Araguari-MG.

���������

O maracujazeiro é uma planta origináriadas Américas, de clima tropical, ampla-mente cultivada no Brasil, que é o maiorprodutor mundial desta fruteira, a qualfornece um fruto de sabor e aroma bempeculiares, muito apreciado tanto no mer-cado interno, quanto no externo.

O vertiginoso crescimento apresentadopela cultura, desde o início dos anos 70,não teve o acompanhamento de pesquisasque sustentassem tecnicamente a culturanas diversas regiões brasileiras. Esse fato,aliado ao desconhecimento dos adequa-dos canais de comercialização e seu peque-no período de conservação pós-colheita,faz com que este cultivo apresente umpadrão de crescimento cíclico e itinerante(Rossi, 1998).

A maioria das variedades disponíveisapresenta um potencial de produção bas-tante elevado, em torno de 50 t/ha/ano, masapesar disso a produtividade brasileira, emtorno de 10 t/ha/ano, é considerada muitobaixa. Este baixo desempenho deve-se a

����������� ������������������

����� ����� ��� � ��1

������ ����� �� � � ��2

�������- O maracujazeiro, uma fruteira tropical, vem sendo cultivado em todo oBrasil. Caracteriza-se por apresentar crescimento vigoroso e contínuo, sistemaradicular superficial, longo período de produção, variando de seis meses até,praticamente, um ano, dependendo da região. Além disso, as plantas mostramum enorme potencial produtivo, podendo chegar a 150kg/planta/ano. Gran-des produções requerem, igualmente, um adequado fornecimento de nutrientes.A absorção de nutrientes pelo maracujazeiro é feita na seguinte ordem decrescente:N, K, Ca, S, P, Mg, Mn, Fe, Zn, B e Cu. Visando manter a planta em boas condiçõesde produção, sugere-se uma tabela de adubação, considerando os teores de nutrientesencontrados no solo, as exigências nutricionais da cultura e a produtividade esperada.O parcelamento da adubação é feito de acordo com as condições do plantio: irrigadoou de sequeiro.

Palavras-chave: Maracujá; Calagem; Fertilização; Adubo; Nutriente.

vários fatores, entre eles o manejo inade-quado da cultura, a ausência de agentespolinizadores, o déficit hídrico e a adubaçãoincorreta.

Quanto à adubação, várias ações foramexecutadas no decorrer dos últimos oitoanos, entre elas diversos trabalhos de pes-quisas e realização de reuniões técnicas,que têm proporcionado consideráveis ga-nhos com relação a esta prática.

������ ���������������

A boa prática da adubação exige co-nhecimentos sobre as características morfo-fisiológicas da planta, além daqueles rela-cionados com comportamento dos adubosno solo e seus efeitos na planta (Silva, 1994,Marteleto, 1991, Baumgartner, 1987 e Quaggio& Piza Júnior, 1998).

O maracujazeiro é uma planta tropical eapresenta, na maioria das regiões brasilei-ras, crescimento vigoroso e contínuo du-rante praticamente todo o ano, sendo exce-ções as regiões mais frias ao sul, os cultivosinfluenciados pela altitude e aqueles de

sequeiro, quando submetidos a longosperíodos de déficit hídrico. O sistema ra-dicular, segundo estudos realizados porKliemann (1986) e por Medina et al. (1980),é considerado superficial, estando concen-trado nos primeiros 30cm-40cm de solo enum raio de 50cm, chegando esta porçãode solo a sustentar de 60% a 80% do sis-tema radicular do maracujazeiro. A maiortaxa de crescimento das raízes foi verifica-da entre os 210 e 300 dias de idade, após oque tende a estabilizar.

Em condições de temperaturas maiselevadas e boa insolação, os ramos apre-sentam crescimento linear após os 160 diasde idade (Haag et al., 1973).

O efeito da temperatura, da lumino-sidade e da adubação, no crescimento ena frutificação, foi bastante estudado porMenzel & Simpson (1989) e Menzel et al.(1991, 1993).

O desenvolvimento do fruto é muitorápido, sendo intenso até o 20o dia, e variade 50 a 95 dias para o completo amadure-cimento, inversamente com a temperatura.

Page 55: Epamig ia 206-maracuja

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 1 , n . 2 0 6 , p . 5 2 - 5 8 , s e t . / o u t . 2 0 0 0

53A cultura do maracujazeiro

Normalmente, ocorrem fluxos principais demaior intensidade vegetativa, seguidos defluxos de floração e, com o início destes,fluxos de pegamento de frutos. Com oaumento do fluxo de pegamento há grandedemanda por nutrientes por parte dos fru-tos em desenvolvimento, diminuindo aintensidade do fluxo vegetativo. O movi-mento dos nutrientes na planta pode seracompanhado facilmente durante estesfluxos, principalmente daqueles elementosconsiderados móveis (N, P, e K). Estasinformações são usadas por Quaggio &Piza Júnior (1998), para indicar as melhoresépocas de aplicação de fertilizantes e osintervalos entre cada uma delas.

���������������������

Os principais resultados e revisõessobre extração e exportação de nutrientespelo maracujazeiro podem ser encontradosem Haag et al. (1973), Paula et al. (1974),Malavolta (1994), Quaggio & Piza Júnior(1998) e Baumgartner (1987).

O Quadro 1 mostra os resultados ob-tidos por Haag et al. (1973) e Paula et al.(1974), em seus estudos sobre extração eexportação de nutrientes pelo maracuja-zeiro. Fica claro que os nutrientes expor-tados em maior quantidade são o N e o K,numa relação próxima de 1 : 2, seguidos pe-lo P e depois por Ca. Levando em consi-deração as características de mobilidade nosolo e na planta de cada um dos nutrientescitados, pode-se concluir que a produtivi-dade próxima de 40 t/ha/ano, com qualida-de, na cultura do maracujazeiro, exige aaplicação de grande quantidade de fertili-zantes, além das demais práticas, princi-palmente a polinização manual.

O Gráfico 1 mostra os teores de macro-nutrientes encontrados nos frutos desdesua formação até o amadurecimento, se-gundo Kliemann et al. (1986). Ainda, deacordo com estes mesmos autores, ocor-re um aumento na absorção de N, K e Cano período de pré-frutificação, estabilizan-do no amadurecimento. Da mesma forma,o Gráfico 2 mostra os teores de micro-nutrientes nos frutos do maracujazeiro(Kliemann et al., 1986). Neste caso, chama aatenção o aumento da absorção de Zn e Fe.

����� � � ������ �� ��������������� �� ����� �� �������������� �� ����� ���� �����������������

������ �������� �� �� !�"#$%

QUADRO 1 - Exportação de nutrientes por tonelada de fruto de maracujá-amarelo

N 1.900 1.920

P 630 390

K 3.620 4.080

Ca 276 380

Mg 165 250

S 168 130

B 1,5 2,6

Cu 2,6 1,4

Fe 3,6 21,3

Mn 7,4 5,5

Zn 4,2 7,7

Mo _ 0,02

NutrienteHaag et al. (1973)

(g)Paula et al. (1974)

(g)

350

300

250

200

150

100

50

Con

teúd

o de

mac

ronu

trie

ntes

(m

g)

flores 10 20 30 40 50 60 70 80

Idade dos frutos (dias)

Amadurecimento

KN

S

PMg

Ca

Page 56: Epamig ia 206-maracuja

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 1 , n . 2 0 6 , p . 5 2 - 5 8 , s e t . / o u t . 2 0 0 0

54 A cultura do maracujazeiro

Haag et al. (1973) encontraram a se-guinte ordem decrescente de absorção demacro e micronutrientes: N , K , Ca , S , P ,Mg , Mn , Fe , Zn, B e Cu.

Já Baumgartner (1987) ampliou a lista eencontrou a seguinte ordem decrescentede exigência de macro e micronutrientespelo maracujazeiro: N, K, Ca, S, Mg, P, Fe,B, Mn, Zn, Cu e Mo.

Malavolta (1994) coloca a seguinte ordemdecrescente, quando se refere à quantida-de de nutrientes exportados no fruto, K,N, P, Ca, Mg = S, Mn, Zn, Fe, Cu e B.Ainda de acordo com este autor a exporta-ção de macronutrientes dá-se numa relaçãode 2 : 0,1 : 5 de N- P-K.

Quanto aos efeitos dos nutrientes na

planta e suas interações, alguns trabalhosforam feitos. Colauto et al. (1986) não en-contraram efeitos do N, P e K no peso eno número de frutos. Já Muller (1977) en-controu que a época de colheita é maisimportante que a aplicação de N e K para aqualidade dos frutos, influenciando o brix,a acidez e a espessura da casca.

Borges et al. (1998), estudando o efeitodo fornecimento de N, P e K ao maracuja-zeiro, nas condições do município de Jaíba(MG), determinaram que não houve efei-to da adubação nitrogenada sobre as va-riáveis estudadas e que o potássio influen-ciou positivamente no número de frutos,no peso total, no peso médio e no diâmetrodos frutos e na produtividade. As demais

variáveis não foram afetadas, quais sejamo número de frutos in natura, o compri-mento do fruto, o rendimento de suco,sólidos solúveis totais (SST) e acidez.Estes autores, continuando sua linha depesquisa com outro experimento instaladonas condições de Cruz das Almas (BA),também não encontraram diferenças paraa adubação nitrogenada e potássica, no pri-meiro ano de produção. Para o segundoano, a adição de K não mostrou efeitopara as variáveis estudadas, sendo queSST diminuiu com a adição de P, mas esteaumentou o diâmetro e o comprimento dofruto. A adubação nitrogenada, no segun-do ano, aumentou linearmente a quantida-de total de frutos e também a quantidadedaqueles destinados à indústria.

Marchal & Boudeaut, citados por Tei-xeira (1989), afirmam que o peso do fruto éinfluenciado pelas combinações de N e K.

Carvalho et al. (1999), estudando osefeitos da adubação potássica sob lâminasde irrigação no maracujazeiro, concluíramque o peso médio dos frutos, SST; a con-centração de suco e a produtividade desuco foram influenciadas pela adição depotássio.

������������������� �����Os sintomas visuais de deficiência, em-

bora possam apresentar alguma dificuldadede identificação, principalmente quandoexiste mais de um nutriente deficiente, sãomuito importantes, pois mostram de ime-diato que existe alguma prática em desa-cordo com o recomendado. As descriçõesa seguir tiveram como base os trabalhos erevisões de Piza Júnior (1991), Malavolta(1994), Borges & Lima (1998), Quaggio& Piza Júnior (1998), Marteleto (1991),Baumgartner (1987) e Medina et al. (1980).Malavolta (1994) apresenta uma chave deidentificação das deficiências, agrupan-do aquelas que atingem as folhas velhasprimeiro, afetam o crescimento e causamqueda de folhas (N e K), aquelas que nãocausam queda prematura das folhas (P,Mg, Zn, Mo e Cu) e aquelas que exibemsintomas nas folhas novas (Fe, Ca, P, Se Mn).

����� & � ������ �� ��������������� �� ����� �� ������������� ������� � ��� ����������������

������ �������� �� �� !�"#$%

Con

teúd

o de

mic

ronu

trie

ntes

(µg

)

1000

900

800

700

600

500

400

300

200

100

flores 10 20 30 40 50 60 70 80

Idade dos frutos (dias)

Amadurecimento

Zn

Fe

Mn

B

Cu

Page 57: Epamig ia 206-maracuja

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 1 , n . 2 0 6 , p . 5 2 - 5 8 , s e t . / o u t . 2 0 0 0

55A cultura do maracujazeiro

�����'(���

O nitrogênio tem importante função nometabolismo da planta, estando presenteem vários compostos, entre eles amino-ácidos e proteínas.

A carência afeta a planta inteira, co-meçando pelas folhas mais velhas queexibem uma coloração verde-clara e sãomenores. A evolução e o agravamento dossintomas levam ao amarelecimento dasfolhas do ápice, enquanto que as inferioressecam e caem. Há uma redução geral docrescimento, além de alterações na cor dashastes, que podem apresentar a coloraçãovermelho-vinho, assim como as gavinhasque também mostram variações sendo asmais velhas de coloração vermelho-intensa.

As principais causas desta deficiênciapodem ser secas prolongadas, baixo teorde matéria orgânica no solo, acidez e lixi-viação.

�)����

As principais funções do fósforo estãorelacionadas com armazenamento e trans-ferência de energia.

Os sintomas de carência são observa-dos nas folhas mais velhas que apresentamuma coloração verde-escura. Em seguidacomeçam a mostrar um amarelecimento dasmargens para o centro de menor tamanho.Os pecíolos são menores e as nervurasprincipais adquirem uma coloração verme-lho-clara. Quando a deficiência se agrava,as folhas mais novas ficam lanceoladas, asmais velhas se curvam em forma de calha,parecem queimadas e exibem áreas necró-ticas. O crescimento da planta é reduzido,com ramos finos e frágeis.

*������

O potássio atua na abertura e no fecha-mento dos estômatos, nas relações osmó-ticas, na síntese de carboidratos, entreoutros. Tem sido relacionado com os pro-cessos de resistência da planta a doenças.A queda de frutos verdes está relacionadacom a deficiência deste elemento.

Os sintomas de deficiência são visíveisnas folhas mais velhas como uma clorosepouco acentuada, seguida de necrose dasbordas e do ápice foliar, além de se curvarem

para baixo. O agravamento das deficiênciascausa queda das folhas e seca das gavi-nhas mais velhas. O crescimento da plantaé reduzido e, além do menor número deramos emitidos, estes são também maisfrágeis. Quaggio & Piza Júnior (1988) citamainda que a planta deficiente em potássiomostra florescimento intenso, porém re-duzido vingamento de frutos.

As principais causas da deficiência depotássio são a calagem excessiva, a lixi-viação e a reposição inadequada após pe-ríodos de grande colheitas.

+����

O cálcio atua na ativação enzimática ena permeabilidade, e está presente na pare-de celular como componente dos pecta-tos. É considerado um nutriente imóvel naplanta.

A deficiência manifesta-se nas folhasmais novas através de clorose, com pos-terior aparecimento de áreas necróticas emorte das gemas apicais. As folhas têm umatextura coriácea e a planta apresenta cres-cimento reduzido, com encurtamento dosinternódios.

Quaggio & Piza Júnior (1998) relatamtambém a necrose dos ápices das raízes e acor verde pálida dos frutos, além da cascaespessa, como sintomas da deficiência decálcio.

As principais causas desta deficiênciaestão relacionadas com o excesso e a loca-lização da adubação potássica e com a ina-dequada correção do solo através da ca-lagem.

,�'�-���

O magnésio é um importante ativadorenzimático e componente da molécula declorofila, que atua na fotossíntese.

Os sintomas da deficiência deste ele-mento são vistos primeiramente nas folhasmais velhas e mostram um “V” invertidocaracterístico, com o amarelecimento dasbordas para o centro da folha, podendo asnervuras permanecerem verdes ou não. Oagravamento da deficiência leva à quedaprecoce das folhas, e as mais novas ficamfinas e de coloração verde-clara. Os brotossecundários e terciários têm seu desen-

volvimento reduzido e as gavinhas secam.A deficiência pode ser causada pela

adubação potássica em excesso e pela faltade correção.

��.���

O enxofre é componente estrutural emproteínas e está presente na metionina eem coenzimas.

A deficiência deste elemento manifesta-se primeiro nas folhas mais novas, mos-trando uma clorose internerval, com pe-quena faixa verde ao longo das nervuras,sendo que estas se apresentam averme-lhadas na face inferior da folha. O agra-vamento da deficiência faz com que odesenvolvimento da planta seja reduzido,e as folhas terminais dos ramos fiquempequenas e amareladas. As folhas mais ve-lhas exibem cor normal e os ramos são maisfinos.

O baixo teor de matéria orgânica e ouso de adubos concentrados formuladossem enxofre são as principais causas dadeficiência deste elemento.

/���

O boro funciona na translocação decarboidratos na planta.

Os sintomas mais característicos dadeficiência deste nutriente na planta são oatrofiamento dos ramos e das folhas, sendoestas coriáceas e com ondulações, e a ne-crose da gema apical, com o surgimento denovas brotações logo abaixo do pontonecrosado. A planta tem seu crescimentopraticamente paralisado.

A acidez excessiva, a lixiviação e o baixoteor de matéria orgânica são as principaiscausas desta deficiência.

0����

Segundo Quaggio & Piza Júnior (1998),os pesquisadores que têm estudado estenutriente, não são unânimes ao descreveros sintomas da deficiência de zinco. Demodo geral, relatam que esta deficiênciamostra manchas cloróticas nas folhas ve-lhas progredindo para as mais novas, ondeos sintomas são mais severos. O tamanhodos entrenós é reduzido e, por via de regra,observam-se a formação de rosetas e a mor-

Page 58: Epamig ia 206-maracuja

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 1 , n . 2 0 6 , p . 5 2 - 5 8 , s e t . / o u t . 2 0 0 0

56 A cultura do maracujazeiro

te descendente dos brotos.As folhas novas são menores, pontia-

gudas, amarelecidas e com manchas ne-cróticas, freqüentemente apresentandodeformações.

A calagem e o uso de fósforo em excessosão as principais causas desta deficiência.

,���1�(���

O Molibdênio é importante para a fixa-ção do N

2.

A deficiência manifesta-se primeiro nasfolhas mais velhas, através de uma co-loração internerval, permanecendo umtecido verde em volta das áreas amareladas.As bordas das folhas apresentam-se cur-vadas para cima. Todos os sintomas sãomenos pronunciados nas folhas mais no-vas.

A acidez e o excesso de íons sulfatosão as principais causas desta deficiência.

�����

Atua no transporte de elétrons e do gru-po ativo em enzimas.

Dada a sua baixa mobilidade, a de-ficiência de ferro manifesta-se primeiro nasfolhas mais novas e caracteriza-se comoum reticulado fino, devido à permanênciada coloração verde das nervuras. O agra-vamento da deficiência torna estas folhasuniformemente amarelo-esbranquiçadas eesta coloração estende-se também numgradiente de intensidade para as folhasmais velhas, ou seja, quanto mais velhasmenos sintomas apresentam. Também écomum o aparecimento de manchas clo-róticas nos ramos e a morte das gemas. Oexcesso de umidade, a matéria orgânica e acalagem são os principais causadores des-sa deficiência.

+�1��

Ativador enzimático, com função nafotossíntese.

A deficiência deste elemento é uma dasmais fáceis de ser reconhecida, pois exibeo sintoma conhecido como “gigantismo”,ou seja, as folhas mais velhas são grandes,verdes e menos túrgidas que o normal, comengrossamento das nervuras na face su-perior e curvadas para baixo. Progressiva-mente, apresentam clorose nas bordas e

manchas amarelecidas entre as nervuras.As brotações surgidas na base da hasteprincipal apresentam folhas cloróticas ecurvadas. Ocorre também a formação derosetas e as folhas terminais são defor-madas, cloróticas e curvadas. A calagemexcessiva e o alto teor de matéria orgânicasão responsáveis pela manifestação destadeficiência.

Devido às práticas de controle fitossa-nitário com produtos à base de cobre, éraro ocorrer esta deficiência.

,��'��(�

Também atua na fotossíntese e no me-tabolismo de ácidos orgânicos.

Os sintomas da deficiência aparecemnas folhas novas como uma clorose inter-nerval, mantendo-se áreas verdes ao longodas nervuras. Com o agravamento da defi-ciência, as folhas mostram-se completa-mente amareladas, com alguns pontos es-branquiçados ou necróticos e curvam-separa baixo.

Quaggio & Piza Júnior (1998) referem-se ainda ao fato de as gavinhas apresen-tarem deformações e necroses, podendoser estas as causas de elas se apresentaremesticadas.

A calagem excessiva e a matéria orgâ-nica são as principais causas desta defi-ciência.

���!�������"��#

A análise foliar deve ser levada em con-ta como instrumento importante para avaliaro estado nutricional do pomar. No entanto,um enorme cuidado deve ser observado,tanto para coleta das folhas para a análisecomo para a interpretação dos resultados.Desta forma, consideram-se os fatores: fo-lha amostrada, época, irrigação, produçãorealizada e pendente e floração. Isto podeser melhor exemplificado com os resultadosobtidos por Menzel et al. (1993), na Aus-trália, quando encontraram cerca de 2,2%de Ca nas folhas, no mês de abril, e 1,4%,no mês de outubro, evidenciando, assim, orisco da interpretação equivocada dos da-dos, se não forem considerados os demaisfatores.

As principais recomendações para ascoletas das folhas são:

a) coletar a amostra sempre antes da apli-cação de defensivos e/ou fertilizantes;

b) coletar a terceira ou quarta folha ma-dura do ápice para a base;

c) uma amostra deve ser composta de80 a 100 folhas;

d) separar talhões uniformes: varieda-des, época de plantio e tratos cultu-rais;

e) obter informações dos demais pro-cedimentos para acondiciona-mentoe envio junto ao laboratório.

O Quadro 2 relaciona os principais re-sultados disponíveis e que podem servircomo indicativos para um manejo adequadoda adubação do maracujazeiro.

���$������������%���

O grande crescimento apresentado pelacultura do maracujá, nesses últimos 30 anosno Brasil, apesar da dedicação de váriospesquisadores, infelizmente não repetiu omesmo avanço, no que se refere à atençãodada à pesquisa. Muitos problemas conti-nuam ainda sem solução, imprimindo umcaráter migratório a esta cultura, sendo vá-rias as dificuldades, desde tratos culturaise fitossanitários até os canais de comercia-lização da produção.

Quanto às recomendações de adubação,houve considerável progresso, de acordocom o trabalho de um grupo de técnicos devárias regiões, coordenado por Clóvis deToledo Piza Júnior, da Coordenadoria deAssistência Técnica Integral (CATI), os quaiscom base em informações de literatura e re-sultados de ensaios e a própria experiência,elaboraram, em 1992, um programa de reco-mendação de adubação e calagem do maracu-jazeiro (Adubação..., 1992). Estas recomen-dações revistas e atualizadas por Quaggio &Piza Júnior (1998), quando da realização do VSimpósio Brasileiro sobre a Cultura do Ma-racujazeiro, serão adotadas como base paraas indicações que se seguem.

A adubação fosfatada de plantio e asadubações de produção são calculadas deacordo com o Quadro 3, considerando osresultados da análise do solo e a produ-tividade esperada. Quaggio & Piza Júnior

Page 59: Epamig ia 206-maracuja

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 1 , n . 2 0 6 , p . 5 2 - 5 8 , s e t . / o u t . 2 0 0 0

57A cultura do maracujazeiro

do calcário, o que não seria possível depoisde implantada a cultura.

��&'�()�����*"�����

A quantidade de adubo fosfatado serácalculada através do Quadro 3, podendo-se utilizar quaisquer das fontes disponíveis.A este adubo fosfatado acrescenta-se de20 a 30 litros de esterco de bovinos, bemcurtido ou o correspondente, com outrasfontes de materiais orgânicos, 4g de Zn e1g de B. Esses dois últimos podem sersubstituídos por adubos comerciais, cha-mados Fritas, preferencialmente com for-mulações mais completas. Todos estescomponentes são misturados com a terraretirada da metade superior da cova ecolocados no fundo dela, devendo esta sercompletada com a terra da metade inferior.Esta operação deve ser feita com uma ante-cedência de 30 dias ao transplantio de mu-das.

��&'�()�������#��()�

Consideram-se como formação o pe-ríodo de crescimento inicial da planta, atéseu estabelecimento no suporte, e o iníciodo florescimento. Isto pode variar de quatromeses, para as regiões mais quentes, atéoito meses, para as mais frias. Normalmente,são feitas três adubações, sendo a primeirarealizada 30 dias após o transplantio, com10g de N e 10g de K

20; aos 60 dias faz-

se outra adubação em cobertura, utilizan-do 15g de N e 15g de K

20, e aos 90 dias

FONTE: Quaggio & Piza Júnior (1998).

N (g/kg) 42 - 52 33 - 43 36 - 46

P (g/kg) 1,5 - 2,5 1,3 - 2,1 2,1 3,0

K (g/kg) 20 - 30 22 - 27 23 - 32

Ca (g/kg) 17 - 27 12 _ 16 17 - 27

Mg (g/kg) 3,0 - 4,0 2,5 - 31 2,1

S (g/kg) 3,2 - 4,0 nd 4,4

B (mg/kg) 40 - 60 nd 39 -47

Cu (mg/kg) 5 - 20 nd 15 - 16

Fe (mg/kg) 100 - 200 nd 116 -233

Mn (mg/kg) 100 -250 nd 433 604

Mo (mg/kg) 1,0 2,0 nd nd

Zn (mg/kg) 50 - 80 nd 26 - 49

QUADRO 2 - Teores de nutrientes (macro e micro) nas folhas do maracujazeiro amarelo

Critérios / Amostragem

Nutrientes 3a ou 4a folhano outono

(A)

Folha com botãona axila

(B)

Aos240 dias

(C)

FONTE: (A) Menzel et al. (1993), (B) Marchal & Boudeat (1972) e (C) Haag et al. (1973).

NOTA: nd – Não determinado.

<15 60 40 20 10 180 130 80 40

15 - 20 80 60 40 10 240 180 120 60

20 - 25 100 80 40 20 300 230 160 80

25 - 30 120 100 50 40 360 280 200 100

30 - 35 140 120 80 60 420 330 240 120

> 35 160 140 100 80 480 380 280 140

Produtividadeesperada

(t/ha)0-12 13-30 >30 0-0,7 0,8-1,5 1,6-3,0 >3,0

QUADRO 3 - Recomendações de adubação para a cultura do maracujazeiro, conforme a expectativa de produtividade e resultados de análise de solo

P resina, mg dm-3 K+ trocável, mmolcdm-3

P2O

5, kg ha-1 K

2O, kg ha-1

Nitrogênio(n, kd ha-1)

(1998) chamam a atenção que esta meta deprodutividade não deve ser confundidacom a produtividade desejada e que, paraalcançá-la, devem-se seguir todas as reco-mendações agronômicas para a cultura,entre elas a polinização manual.

�"�!��O primeiro passo para uma correta re-

comendação de calagem e adubação domaracujazeiro baseia-se numa boa amos-

tragem do solo da área de plantio, a qualdeve ser encaminhada para um laborató-rio idôneo. De posse dos resultados, soborientação técnica, calculam-se, pelo méto-do de saturação por bases, a quantidadede calcário necessária para elevar a 80% ovalor de “V” e o teor de Mg a 9 mmol

cdm3.

A calagem deve, necessariamente, serrealizada antes da construção da espaldeirae também do preparo das covas, visandoproporcionar uma profunda incorporação

Page 60: Epamig ia 206-maracuja

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 1 , n . 2 0 6 , p . 5 2 - 5 8 , s e t . / o u t . 2 0 0 0

58 A cultura do maracujazeiro

a última adubação com 50g de N e 50g deK

20. A partir daí utilizam-se os dados do

Quadro 3 para calcular a adubação de pro-dução.

��&'�()�����*#��&()�

O início do florescimento indica o mo-mento de fazer a adubação de produção.Aqui entra o conceito de expectativa deprodução, que como foi mencionado an-teriormente, não deve ser confundido coma produtividade desejada. O fruticultordeve estar bem consciente de suas possibi-lidades, que envolvem uma série de fatorescomo a espécie, as chuvas ou a irrigação,os tratamentos fitossanitários e a disponi-bilidade de mão-de-obra para polinizaçãomanual, a fim de evitar o desperdício deadubos.

Quanto ao parcelamento da adubaçãode produção, este deve ser feito de acordocom os surtos de floração e frutificação edurante todo o ano, em condições de irri-gação e temperaturas mais elevadas.

��&'�()��������#�����#�

Anualmente, e de acordo com as condi-ções sanitárias do pomar, deve-se procedera uma adubação, chamada de entressafra,por ser realizada no mês de setembro naregião Sudeste. Nesta adubação, utilizam-se de 10 a 20 litros de esterco bovino, mais2g de Zn e 1g de B, além de 60g de P

20

5

por planta. Estes componentes devem sercolocados numa pequena valeta (20cm x40cm x 20cm), afastada cerca de 60cm docaule, bem misturados com a terra e co-bertos.

É evidente que tal prática só deve serrealizada naqueles pomares que mostraremcapacidade de regeneração para a safra se-guinte.

��&'�()����"��#

Não existem trabalhos que dêem in-dicações seguras sobre adubação foliar nacultura do maracujazeiro. O monitoramentodo pomar mostrará a necessidade ou nãode lançar mão desta prática. Neste caso,estão disponíveis, no mercado vários fer-tilizantes foliares de boa qualidade, quepodem ser aplicados na cultura.

MORETTI, V.A.; CANTO, W.L. do. Mara-cujá: da cultura ao processamento e comer-

cialização. São Paulo: ITAL, 1980. 207p.

(ITAL. Frutas Tropicais, 9).

MENZEL, C.M.; HAYDON, G.F.; DOOGAN, V.J.;

SIMPSON, D.R. New standard leaf nutrient

concentrations for passionfruit based on

sasonal phenology and leaf composition.

Journal of Horticultural Science, Ashford

Kent, v.68, n.2, p.215-229, 1993.

MENZEL, C.M.; HAYDON, G.F.; SIMPSON, D.

R. Effect of nitrogen on growth and flowering

of passionfruit in sand culture. Journal ofHorticultural Science, Ashford Kent,

v.66, n.6, p.689-702, 1991.

MENZEL, C.M.; SIMPSON, D.R. Effect of

intermittent shading on growth, flowering and

nutrient uptake of passionfruit. ScientiaHorticulturae, Amsterdam, v.41, n.1/2,

p.83-96, 1989.

MULLER, C.H. Efeito de doses de sulfato deamônio e cloreto de potássio sobre a pro-dutividade e a qualidade de maracujácolhidos em épocas diferentes. Viçosa:

UFV, 1977. 90p. Tese (Mestrado) – Univer-

sidade Federal de Viçosa, 1977.

PAULA, O.F. de; LOURENÇO, R.; MA-

LAVOLTA, E. Estudos sobre a nutrição mi-

neral e a adubação do maracujá (Passiflora

edulis f. flavicarpa) – I: extração de macro e

micronutrientes na colheita. Revista deAgricultura, Piracicaba, v.49, n.2/3, p.61-

66, nov. 1974.

PIZA JÚNIOR, C. de T. A cultura do maracu-já. São Paulo: CATI, 1991. 102p.

QUAGGIO, J.A.; PIZA JÚNIOR, C.T. Nutrição e

adubação da cultura do maracujá. In:

RUGGIERO, C. (Ed.). Maracujá: do plantio

à colheita. Jaboticabal: FUNEP, 1998. p.130-

156.

ROSSI, A.D. Comercialização do maracujá. In:

RUGGIERO, C. (Ed.). Maracujá: do plantio

à colheita. Jaboticabal: FUNEP, 1998. p.279-

287.

SILVA, J. R. Nutrição e adubação. In: SÃO JOSÉ,

A.R. (Ed.). Maracujá: produção e mercado.

Vitória da Conquista-BA: UESB- DFZ, 1994.

p.84-90.

TEIXEIRA, D.M.M. Efeito de vários níveis defertirrigação na cultura do maracujazei-ro amarelo (Passiflora edulis var. flavicarpa).Piracicaba: ESALQ, 1989. 83p. Tese

(Mestrado) – Escola Superior de Agricultura

“Luiz de Queiróz”, 1989.

��+��������%�%�����,+���

ADUBAÇÃO do maracujá. Campinas: CATI,

1992, 3p. (CATI. Comunicado Técnico, 97).

BAUMGARTNER, J.G. Nutrição e adubação. In:

RUGGIERO, C. (Ed.). Maracujá. Ribeirão

Preto: Legis Summa, 1987. p. 86-96.

BORGES, A .L.; LIMA, A. de A. Avaliação doestado nutricional em maracujazeiro.

Cruz das Almas: EMBRAPA-CNPMF, 1998.

2p. (EMBRAPA-CNPMF. Maracujá em Fo-

co, 4).

BORGES, A.L.; LIMA, A. de A.; RODRIGUES,

M.G.V.; CALDAS, R.C. Adubação com

macronutrientes na cultura do maracujá ama-

relo. In: REUNIÃO TÉCNICA DE PESQUI-

SA EM MARACUJAZEIRO, 1, 1998, Lon-

drina. [Anais...] Londrina: IAPAR, 1998.

p. 62-63.

CARVALHO, A.J.C.; MARTINS, D.P.;

MONERAT, P.H.; BERNARDO, S. Produti-

vidade e qualidade do maracujazeiro amarelo

em resposta a adubação potássica sob lâmina

de irrigação. Revista Brasileira de Fruti-cultura, Cruz das Almas, v.21, n.3, p.333-

337, 1999.

COLAUTO, N.M.; MANICA, I.; RIBOLDI, J.;

MIELNICZUK, J. Efeito do nitrogênio, fós-

foro e potássio, sobre a produção, qualidade e

estado nutricional do maracujazeiro amarelo.

Pesquisa Agropecuária Brasileira, Bra-

sília, v.21, n.7, p.691- 695, jul. 1986.

HAAG, H.P.; OLIVEIRA, G.D. de; BORDUCCHI,

A.S.; SARRUGE, J.R. Absorção de nutrientes

por duas variedades de maracujá. Anais daEscola Superior de Agricultura “Luiz deQueiróz”, Piracicaba, v.30, p.267-279,

1973.

KLIEMANN, H. J. Nutrição mineral e aduba-ção de fruteiras tropicais. Campinas: Fun-

dação Cargill, 1986. p.247-284.

MALAVOLTA, E. Nutricion y fertilizaciondel maracuya. Quito: INPOFOS, 1994.

52p.

MARCHAL, J.; BOURDEAUT, J. Leaf sampling

of passionfruit (Passiflora edulis Sims. var.

flavicarpa). Fruits, Paris, v.27, p.307-311,

1972.

MARTELETO. L.O. Nutrição e adubação. In: SÃO

JOSÉ, A.R. A cultura do maracujá noBrasil. Jaboticabal: FUNEP, 1991. p.125-

137.

MEDINA, J.C.; GARCIA, J.L.M.; LARA, J.C.C.;

TOCCHINI, R.P.; HASHIZUME, T.;

Page 61: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .59 -66 , se t . /ou t . 2000

59A cultura do maracujazeiro

1Engo Agrícola, M.Sc., Pesq. EPAMIG-CTNM, Caixa Postal 12, CEP 39440-000 Janaúba - MG. E-mail: [email protected] Agro, M.Sc., Pesq. Embrapa Meio Norte, Caixa Postal 1, CEP 64006-220 Teresina - PI.3Engo Agro, M.Sc., Pesq. Embrapa Tabuleiros Costeiros, Caixa Postal 44, CEP 49025-040 Aracaju - SE.4Enga Agra, M.Sc., Pesq. EPAMIG-CTNM, Caixa Postal 12, CEP 39440-000 Janaúba - MG. E-mail: epamig@norte

INTRODUÇÃO

A produção agrícola, independente daespécie cultivada, está relacionada com aintensidade e a freqüência das condiçõesclimáticas locais.

A água, na maioria das plantas, estápresente em sua constituição em 80% a90%. Esta variação é devida, em parte, aotipo e à idade dos órgãos (Araújo, 1998).

No consumo de água pelas culturas,normalmente faz-se referência a toda águatranspirada pelas plantas e evaporada dasuperfície do solo, mais a água retida nostecidos vegetais. Como a parcela retida nostecidos vegetais situa-se em torno de 1%do total evaporado durante todo o ciclo decrescimento, as necessidades das plantasreferem-se apenas à evapotranspiração(Sousa et al., 1997).

A irrigação tem como objetivo básicofornecer água ao solo, a fim de atender àdemanda hídrica necessária ao ótimo de-senvolvimento e produção das culturas.Isto deve ser alcançado da maneira maiseficiente possível, adotando-se medidas

Irrigação da cultura do maracujazeiroÉdio Luiz da Costa1

Valdemício Ferreira de Sousa 2

Luís Carlos Nogueira3

Heloísa Mattana Saturnino4

capazes de proporcionar um manejo de irri-gação adequado. Todavia, considerando airrigação como um complemento tecnoló-gico capaz de garantir a produção agrícolae obter altas produtividades, envolvendoaltos custos de instalação e manutenção, aaplicação de água deve ser feita em quan-tidade certa no momento exato.

O maracujazeiro é uma frutífera queresponde bem à irrigação. Nas regiões ondeé cultivado, o uso da irrigação é indispen-sável, pois esta prática aumenta a produti-vidade, permite a obtenção de produçãode forma contínua e uniforme, com frutosde boa qualidade. A falta de umidade nosolo provoca a queda das folhas e dosfrutos, principalmente no início de seudesenvolvimento e, quando se forma, po-dem crescer com enrugamento, prejudi-cando a qualidade da produção (Manica,1981 e Ruggiero et al., 1996).

O destaque para teor ótimo de umidadeno solo para o maracujazeiro está muitorelacionado com a absorção de nutrien-tes. O estresse hídrico provoca reduçãono acúmulo de nutrientes na parte aérea

Resumo - A irrigação, em certas regiões como no Nordeste, é um fator decisivo noprocesso de desenvolvimento da agricultura local, sem a qual seria economicamenteinviável o cultivo de fruteiras tropicais. É uma prática ainda pouco estudada para acultura do maracujazeiro, no entanto, quando aliada às condições climáticas comotemperatura e luminosidade, pode alongar o período de produção, aumentar aprodutividade e melhorar a qualidade dos frutos, garantindo bons rendimentos aoprodutor. São apresentados os principais aspectos sobre a irrigação da cultura domaracujazeiro com o objetivo de auxiliar o agricultor na condução de seus pomaresirrigados.

Palavras-chave: Maracujá; Água; Manejo.

(Malavolta, 1994). Como efeito da reduçãodo teor de água no solo, o maracujazeiroproduz ramos menores com menor núme-ro de nós e comprimento de internós, re-fletindo conseqüentemente no número debotões florais e flores abertas (Manzel etal., 1986).

Trabalho realizado por Martins (1998)mostrou que a máxima produtividade domaracujazeiro irrigado por gotejamento(39.009kg ha-1) foi obtida com a aplicaçãode uma lâmina total anual de 1.328mm.

O uso adequado da irrigação no ma-racujazeiro requer conhecimentos das pro-priedades físicas e químicas do solo, de-senvolvimento e profundidade do sistemaradicular, condições climáticas da região,além das características morfológicas efisiológicas inerentes à própria cultura ecultivar.

O maracujazeiro desenvolve-se em dife-rentes tipos de solos. Todavia os mais pro-fundos e bem-drenados são os mais ade-quados para a cultura. Não se recomenda autilização de baixadas, solos pedregososou com possibilidade de encharcamento,

Page 62: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .59 -66 , se t . /ou t . 2000

60 A cultura do maracujazeiro

pois favorece a incidência de doenças nosistema radicular. (Manica, 1981, Souza &Meletti, 1997 e Rizzi et al., 1998). Além dis-so, Piza Júnior (1991) acrescenta que o so-lo ideal para o maracujazeiro deve ser ricoem matéria orgânica, de topografia ligei-ramente inclinada e com bom nível de fer-tilidade.

A profundidade efetiva do sistema ra-dicular das culturas é fator importante noestabelecimento da capacidade de arma-zenamento de água no solo, porque deter-mina a altura da lâmina de água que o solopode armazenar na zona de concentraçãodas raízes (Sousa et al., 1997).

Segundo Urashima, citado por Araújo(1998), o sistema radicular do maracujazeiroestá assim distribuído:

a) o maior volume de raízes finas domaracujá-amarelo encontra-se a umaprofundidade de 10cm atingindo até30cm;

b) 73% das raízes encontram-se na pro-fundidade de 20cm;

c) em relação ao tronco, as raízes en-contram-se num raio de 60cm.

A CULTURA DO MARACUJÁ

O Brasil, com uma área plantada emtorno de 24 mil hectares, destaca-se comoo principal produtor mundial de maracujá.Dentre os Estados produtores destacam-se Pará, São Paulo, Minas Gerais, Bahia eRio de Janeiro (Ruggiero et al., 1996). O es-tado de São Paulo aparece com a maiorexpansão da área cultivada, por ser umaatividade bastante atrativa para peque-nos produtores, uma vez que oferece umretorno econômico rápido com receitasdistribuídas quase o ano inteiro (Souza &Meletti, 1997). Há necessidade de pes-quisas para definir com acerto tecnologiasde adubação, de irrigação e de manejo dacultura, capazes de proporcionar aumentoda produtividade e qualidade dos frutospara competir no mercado, tanto nacio-nal quanto internacional (Ruggiero et al.,1996).

O maracujazeiro adapta-se melhor emregiões com temperaturas médias mensalentre 21oC e 32oC, precipitação anual entre

800mm e 1.750mm, baixa umidade relativa,período de brilho solar em torno de 11 horase ventos moderados (Medina et al., 1980 eRuggiero et al., 1996).

A cultura não tolera geada, ventos for-tes, frios e longos períodos de temperaturaabaixo de 16oC. No período de floresci-mento e de frutificação, há necessidade decalor, dias longos e umidade no solo. Asbaixas temperaturas e dias curtos inter-rompem a produção, o que define uma safrade sete a dez meses por ano. As chuvasintensas e freqüentes reduzem a polini-zação e as secas prolongadas provocam aqueda dos frutos (Souza & Meletti, 1997 eRizzi et al., 1998). Em condições de baixaprecipitação, precisa-se de irrigação (Mani-ca, 1981 e Ruggiero, 1998).

ASPECTOS INERENTESAO SISTEMAÁGUA-SOLO-PLANTA-ATMOSFERA

A tecnologia de produção procura apli-car parâmetros criteriosos na tomada dedecisão, para obter uma produção satisfa-tória e altos rendimentos. Para isso, sãonecessários conhecimentos adequadossobre o efeito da água nos diferentes es-tádios de crescimento das culturas, bemcomo sobre sua relação com o solo e clima,e também sobre as características do equi-pamento de irrigação recomendado.

De forma geral, um programa de irriga-ção deve conciliar sempre um bom retornofinanceiro com aumento de produção,economia de água, mão-de-obra, nutrientese sem prejuízos para a estrutura do solo.Para tanto, devem-se dar condições paraque a planta tenha um máximo crescimen-to vegetativo, mantendo suas atividadesfisiológicas na sua capacidade potencial,de acordo com as condições climáticasreinantes.

Para promover uma irrigação racional,deve-se atentar às seguintes questões: co-mo irrigar, quando irrigar e quanto de águaaplicar. Para isso, é necessário conheceralguns fatores envolvidos no processo,tais como, características e capacidade dosistema de irrigação, características físico-hídricas do solo e necessidade hídrica dacultura com base em sua fisiologia, o que

faz com que a planta tenha necessidadeshídricas diferenciadas ao longo de seu pe-ríodo vegetativo. As respostas para essasquestões devem-se basear em parâmetroslocais determinados pela pesquisa, e nãoem generalizações práticas específicas quetiveram sucesso em outras regiões (Costaet al., 1999).

A questão de como irrigar é definidapelo método e pelo sistema de irrigaçãoproposto no projeto, devendo-se observaras recomendações técnicas, com vistas aum melhor aproveitamento da água e a umamaior eficiência.

Nas condições atuais, em que se defen-de o melhor aproveitamento e a economiados recursos hídricos, os sistemas de irri-gação localizada devem ter preferênciasobre os demais, em função de suas carac-terísticas e suas vantagens em termos deeficiência.

O quando irrigar e o quanto aplicar deágua podem mudar em relação ao previstono projeto, em conseqüência das condi-ções edafoclimáticas que estiverem preva-lecendo. Quanto aos aspectos climáticos,na fase de elaboração do projeto, são consi-derados sempre os valores médios de umlongo período, para estimar as necessida-des de água da cultura em seus diversosestádios de desenvolvimento, utilizando-se, normalmente, um valor crítico para di-mensionamento hidráulico do sistema. Jána fase de operação, o estádio de desenvol-vimento da cultura, as condições climáticase as possíveis alterações que as caracterís-ticas físico-hídricas do solo podem sofrer,devido ao manejo imposto a ele, irão modi-ficar a programação das irrigações.

ALGUNS MÉTODOSDE MANEJO DE IRRIGAÇÃO

Existem vários procedimentos que po-dem ser adotados como critérios adequa-dos para a realização do manejo da água deirrigação. De maneira geral, os critériosexistentes baseiam-se em medidas do statusda água em um ou mais componentes dosistema solo-planta-atmosfera. Assim sen-do, as medidas que levam a uma avaliaçãodo potencial de água no solo, na plantaou na atmosfera podem perfeitamente ser

Page 63: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .59 -66 , se t . /ou t . 2000

61A cultura do maracujazeiro

utilizadas para se estabelecerem critériosracionais que permitam definir, adequada-mente, o momento da irrigação e a quanti-dade de água a ser aplicada.

Basicamente, os métodos de manejo deirrigação consistem em manter a plantaexposta a uma determinada quantidade deágua no solo suficientemente necessáriapara suas atividades fisiológicas. O con-trole dessa quantidade de água pode serfeito com base no balanço de água no solopelo monitoramento do clima e pelo moni-toramento da umidade do solo, por tensio-metria e pelo método do turno de rega. Aescolha do critério a ser seguido vai de-pender, principalmente, da disponibilidadede informações relacionadas com o sistemasolo-água-planta-clima, de equipamentospara medições e também do grau de conhe-cimento do irrigante.

Manejo de irrigação pelomonitoramento do clima

A quantidade de água a ser aplicadavaria de acordo com o tipo de planta, com asua fase de desenvolvimento e com a de-manda climática do local ao longo do ano.Entretanto, pode variar também em funçãoda qualidade da água, do tipo de solo, dapluviometria local, da eficiência do siste-ma de irrigação utilizado e da adoção depráticas culturais que permitam o aumentoda eficiência de uso da água pelo cultivo(cobertura morta, controle de plantas da-ninhas, controle integrado de pragas edoenças, utilização de quebra-ventos etc.)(Nogueira et al., 1998).

O consumo de água pelas plantas nor-malmente refere-se a toda água transpira-da através dos estômatos e evaporada dasuperfície do solo. Ao processo de perdasimultânea de água do solo e das plantaspara a atmosfera, Thornthwaite (1948)denominou de evapotranspiração. Poste-riormente, Tanner (1960) generalizou maiso termo, definindo-o como sendo a conver-são da água líquida existente na superfícieda terra para a forma de vapor e sua misturacom a atmosfera.

O clima é um dos fatores mais importan-tes na determinação do consumo de águapelas plantas. Todavia, a própria planta e

suas características fisiológicas e de cresci-mento influenciam de forma proporcionalna evapotranspiração. As condições demeio ambiente e de umidade do solo, o usode fertilizantes, infestações de pragas edoenças, práticas culturais são fatores quepodem também influenciar na taxa de cresci-mento e na evapotranspiração (Doorenbos& Pruitt, 1997). Assim, o estudo da evapo-transpiração de uma região ou de uma de-terminada cultura requer o conhecimentodos fatores que influenciam no processoevapotranspirativo, sejam climáticos, edá-ficos, morfológicos, fisiológicos ou cultu-rais. A taxa de evaporação da água depen-de da demanda atmosférica, podendo serestimada, de acordo com Tanner (1960),através de métodos micrometeorológicos,empíricos ou diretos (Sousa et al., 1997).

Para avaliarem-se as necessidades hídri-cas de uma cultura, podem-se utilizar várioscritérios com base nas medições climáticas.As variáveis climáticas mais utilizadas sãoradiação solar, temperatura, umidade re-lativa do ar, velocidade do vento e evapora-ção de água do solo. Com essas informa-ções, pode-se determinar a evapotrans-piração (consumo de água em uma áreacultivada) de uma cultura de referência(ETo) e, em seguida, através de coeficien-tes de cultivo (Kc) apropriados, estimar oconsumo de água da cultura.

Após o plantio e a germinação de umadeterminada cultura, a exigência em águapara suas atividades fisiológicas aumentaproporcional a seu crescimento vegetativoe diminui ao entrar em senescência. Essanecessidade hídrica diferenciada ao longodo ciclo da cultura denomina-se evapo-transpiração da cultura (ETc). A determi-nação ou conhecimento da ETc é importanteno dimensionamento e no manejo de proje-tos de irrigação, uma vez que quantifica aágua a ser reposta ao solo para atender àsnecessidades hídricas da cultura.

O Kc representa a relação entre ETc e aETo, que varia com a cultura e seu estádiode desenvolvimento. Os valores de Kcdependem da taxa de evapotranspiraçãopotencial ou de referência e do conteúdode umidade do solo. Dependendo do méto-do de estimativa de ETo, o Kc tem valores

diferentes (Barbieri, 1981), o que requerbastante critério na escolha e na utilizaçãodo método, precisando ajustar-se bem àscondições locais.

Em condição da propriedade agrícola,tem-se observado que o manejo de água,com base na evaporação medida do tanqueclasse “A”, pode ser adotado pelo produ-tor sem grandes dificuldades, pois o ins-trumental requerido é relativamente simplese de baixo custo. Nesse caso, calculam-seos requerimentos de água da cultura, uti-lizando-se os coeficientes apropriados, paratransformar as leituras de evaporação deuma superfície livre de água do tanque emestimativas de consumo de água da culturaao longo de seu ciclo de desenvolvimento,contemplando tanto a evaporação da águado solo quanto a transpiração das plantas,ou seja, a evapotranspiração.

O consumo de água da cultura ou eva-potranspiração da cultura (ETc) pode serdeterminado, conforme a Equação 1:

Equação 1

ETc = Kt.Kc.ECA

Em que:

ETc = evapotranspiração da cultura, emmm.dia-1;

Kt = coeficiente de tanque, adimensio-nal;

Kc = coeficiente de cultura, adimensio-nal;

ECA= evaporação de água do tanque clas-se A, em mm.dia-1.

A ETc é estabelecida, quando se têmótimas condições de umidade e nutrientesno solo, de modo que possibilita a produ-ção potencial da cultura, nas condições decampo.

O Kc é um valor que varia de culturapara cultura, do estádio de desenvolvi-mento desta, do comprimento do ciclovegetativo, com as condições climáticaslocais. Por isso, valores desse coeficientedevem ser determinados preferencialmentepara cada região. Na literatura ainda nãoencontramos os valores de Kc para todasas culturas, necessitando, portanto, de

Page 64: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .59 -66 , se t . /ou t . 2000

62 A cultura do maracujazeiro

pesquisas nesta área.O Kt é um valor usado para converter a

evaporação da superfície de água do tanqueem evapotranspiração de referência (eva-poração + transpiração). Seu valor é deter-minado para as condições meteorológicasda região (umidade relativa e velocidadedo vento) e o local em que o tanque estáinstalado em relação ao meio circundante(solo gramado ou nu).

Doorenbos & Kassam (1994) apresen-taram uma tabela para a determinação dosvalores de Kt, reproduzida no Quadro 1.

Os valores de ECA podem ser obtidosnos postos meteorológicos da região, nasestações experimentais ou na própria fa-zenda, através da leitura de altura d’águaem um tanque circular de chapa de açogalvanizado (Fig. 32).

Segundo Lopes, citado por Araújo(1998), para a cultura do maracujazeiro,pode-se substituir o valor de Kt e Kc mul-tiplicados por um fator de consumo de águade 0,7, ou seja, aplicou-se a cada quatrodias o volume de água correspondente a70% da evaporação do tanque classe A.

Desta forma, a Equação 1 pode ser re-escrita assim (Equação 2).

Equação 2

ETc = K.ECA

Em que:

ETc = evapotranspiração da cultura, emmm/dia-1;

K = fator de consumo; adimensional

ECA= evaporação de água do tanque clas-se A, em mm/ dia-1.

Método da tensão de águano solo

Quando se realiza o manejo com basena tensão de água no solo, a irrigação seprocessa toda vez que a tensão chegar aum determinado valor crítico sem que o de-sempenho da cultura seja afetado.

O controle da tensão é, geralmente, rea-lizado com o auxílio de tensiômetros, quetrabalham com valores na faixa de 0 a 0,80atm. O tensiômetro mede diretamente atensão com que a água está retida no soloe, indiretamente, com o auxílio da curva deretenção, pode-se obter a percentagem deágua no solo.

Apesar de ter seu limite de atuação res-trito a 0,8 atm (aproximadamente 80kPa), otensiômetro é um instrumento bastante útilno controle da irrigação, pois a maioria dossolos agrícolas tem a água facilmente dis-

ponível (AFD) na faixa de tensão em queele atua (Fig. 33).

1 0,55 0,65 0,75

10 0,65 0,75 0,85

< 175 100 0,70 0,80 0,85

1000 0,75 0,85 0,85

1 0,50 0,60 0,65

Moderado 10 0,60 0,70 0,75

175 - 425 100 0,65 0,75 0,80

1000 0,70 0,80 0,80

1 0,45 0,50 0,60

Forte 10 0,55 0,60 0,65

425 - 700 100 0,60 0,65 0,75

1000 0,65 0,70 0,75

1 0,40 0,45 0,50

Muito forte 10 0,45 0,55 0,60

> 700 100 0,50 0,60 0,65

1000 0,55 0,60 0,65

QUADRO 1 -Valores de Kt para o tanque classe A

circundado por grama

Umidade RelativaVento

(km/ dia)

Posiçãodo

tanque(m)

Baixa< 40%

Média40 -70%

Alta> 70%

FONTE: Doorenbos & Kassan (1994).

Figura 32 - Tanque U.S.W.B. classe A mostrando estrutura de suporte

O bom desempenho do tensiômetro, noentanto, depende de cuidados na sua ins-talação e operação. Na instalação, deve-seassegurar que o contato do solo com acápsula porosa seja o mais perfeito possí-vel, garantindo que não haja espaços va-zios, e, na operação, o cuidado é quanto aolimite de leitura, a escorva e acidentes como mercúrio, quando for o caso.

A utilização desse método requer quese faça a transformação do valor da tensãomatricial, correspondente para cada cultura,em conteúdo de água do solo. Isso é obtidoatravés da curva de retenção de água dosolo, também conhecida como curva ca-racterística de umidade. Trata-se de uma

Figura 33 - Tensiômetro com vacuômetro

Page 65: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .59 -66 , se t . /ou t . 2000

63A cultura do maracujazeiro

das propriedades básicas no estudo dosprocessos de movimentação e retenção deágua no solo, e representa a relação entre apercentagem de umidade e potencial ma-tricial ou a tensão da água no solo. Ela podeser obtida em laboratórios ou em campo(Gráfico 1).

Para o caso do maracujazeiro, a tensãona qual se deve iniciar a irrigação é o valorque, na curva característica de água no so-lo, corresponde a uma umidade relativa aoconsumo de 30% da água disponível nosolo. Caso não se disponha da curva, reco-menda-se, para solo arenoso, que os teoresde água devam corresponder a valores depotencial matricial e próximo de 6 kPa e parasolo de textura média a argilosa, próximode 20 kPa. Stavely & Wolstenholme (1990)concluíram que o potencial de água no solopara a cultura do maracujá não deve excedera 20 kPa durante aos períodos críticos dediferenciação de flores e pegamento de fru-tos.

Conhecendo-se o quando irrigar, deter-minado pelo potencial da água no solo,através do tensiômetro, estabelece-se oquanto aplicar de água pela Equação 3.

Equação 3

LRN = [ (CC - Ui) / 10 ].da.z

Em que:

LRN = lâmina real necessária, em mm;

CC = umidade do solo na capacidade decampo, em % de peso;

Ui = umidade do solo correspondente àtensão crítica para início de irriga-ção, em % de peso;

da = densidade do solo, em g / cm3;

z = profundidade efetiva do sistema ra-dicular, em cm.

Em irrigação, normalmente não se con-sidera todo o perfil do solo explorado pelosistema radicular das plantas, mas apenasa profundidade efetiva (z), que deve ser talque 80% a 90% do sistema radicular estejanela contido. Sua determinação para finsde manejo da irrigação é fundamental, poisa adoção de valores maiores que os reaispode resultar em aplicação de grandesquantidades de água com conseqüênciasindesejáveis, enquanto valores menores

podem resultar em aplicações deficientese em turnos de rega muito pequenos(Marouelli et al., 1996).

Quanto ao número de tensiômetros aser utilizado, toma-se como referênciainstalar pelo menos três baterias compostasde dois tensiômetros cada em pontos re-presentativos da área, fazendo-se o con-trole da irrigação pela média das leiturasdesses aparelhos. A profundidade de ins-talação deve ser tal que a cápsula porosafique na região de maior concentração dasraízes, o que dependerá da situação localdo perfil do solo. Como recomendação,pode-se instalar um tensiômetro a 15cm,representando a camada de 0cm a 30cm,

para controle da irrigação, e outro a 45cm,representando a camada de 30cm a 60cm,para verificar se não está havendo perdasde água por percolação profunda (Fig. 34).Caso ocorra percolação, deve-se ajustar alâmina aplicada. Quanto à distância em re-lação à planta, o tensiômetro pode ser ins-talado a 25cm até 1,0m do caule, de acordocom a idade da planta e com o raio de alcan-ce do emissor (Fig. 35 e 36, p.48).

Esse método, no entanto, traz algumascomplicações operacionais como a dificul-dade de programar previamente a irrigação,requerendo que se disponha de um equi-pamento de irrigação que cubra toda a área,simultaneamente.

Gráfico 1 - Curva característica de água no solo

potencial

umid

ade

argila areia

Figura 34 - Instalação de tensiômetro na área de abrangência do sistema radicular

Tensiômetro

Page 66: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .59 -66 , se t . /ou t . 2000

64 A cultura do maracujazeiro

Método do turno de rega

O turno de rega é o intervalo de diasentre duas irrigações sucessivas, determi-nado na fase de projeto. É função da ca-pacidade de armazenamento de água pelosolo, das condições climáticas e da cultura.Sua determinação pode ser feita como mos-tra a Equação 4:

Equação 4

TR = [(CC - PM)/10.ETc] . da . f . z

Em que:

TR = turno de rega, em dias;

CC = umidade do solo na capacidade decampo, em % de peso;

PM = umidade do solo no ponto de mur-cha permanente, em % de peso;

ETc = evapotranspiração da cultura, emmm/dia-1;

da = densidade do solo, em g/cm-3;

z = profundidade efetiva do sistema ra-dicular, em cm;

f = fator de disponibilidade de água,adimensional.

Estabelece-se a lâmina de água neces-sária para a irrigação acompanhando-se avariação da umidade do solo, devido à eva-potranspiração, que deve ser estimada a

partir de uma série de dados mensais mé-dios, admitidos como sendo igualmentedistribuídos durante o mês em considera-ção. Evidentemente, a variação de umidadedo solo não poderá ser tal que todo o volu-me de água armazenada no solo seja con-sumido. A planta consumirá apenas umpercentual estabelecendo-se um valor míni-mo que pode ser atingido, sem que causeprejuízos à cultura. No caso de culturas cu-jo sistema radicular é superficial, como omaracujazeiro, o fator de disponibilidadede água no solo deve ser de 30% (f=0,30).

A lâmina necessária pode ser estabe-lecida de acordo com a Equação 5:

Equação 5

LRN = TR.ETcEm que:

LRN = lâmina real necessária, em mm;

TR = turno de rega, em dias;

ETc = evapotranspiração da cultura, emmm/dia-1.

ESTIMATIVA DE QUANTIDADEDE ÁGUA NECESSÁRIAAO LONGO DO ANO PARA ACULTURA DO MARACUJAZEIRO

No Quadro 2 apresenta-se um exemplode estimativa da quantidade de água para

a cultura do maracujazeiro, considerandodados do posto meteorológico do InstitutoNacional de Meteorologia (INMET), loca-lizado em Nova Porteirinha, visando de-monstrar a variação da quantidade de águaa ser aplicada ao longo do ano. Os dadosapresentados são médias climatológicasdas variáveis: Precipitação (PP), em mm/mês, e Evapotranspiração de referência(ETo) em mm/dia. O valor da evapotrans-piração da cultura (ETc) foi feito conside-rando kc = 0,8 para plantas adultas. A par-tir dessas estimativas, foram calculados osvolumes de água a aplicar por planta (V),em L/dia/planta (L/dia/pl), equivalentes àlâmina líquida, considerando a área deinfluência por planta (12m2) e os percen-tuais de cobertura de solo de 20% e 40%.

Destaca-se o monitoramento da umida-de do solo, como atividade de suma impor-tância, para orientar os ajustes necessáriosà quantidade de água. Sugere-se monitorara umidade do solo nas profundidades de15cm (camada de 0cm a 30cm) e de 45cm(camada de 30cm a 60cm). Essas profun-didades devem ser adaptadas, conforme asituação local do perfil do solo.

Segundo Ruggiero et al. (1996), nasemeadura, 15 a 30 dias após o plantio, emambiente de viveiro, a irrigação deverá ser

T max. (ºC) 34,2 32,8 34 31,7 32,4 30,2 29,4 31,3 32,7 33,9 32 30,9

T min. (ºC) 20,6 21,0 21,7 21,3 20,5 17,0 18,2 17,3 19,4 20,5 20,1 20,6

T med. (ºC) 27,4 26,9 27,8 26,5 26,4 23,6 23,8 24,3 26,0 27,2 26,0 25,7

UR (%) 77 73 75 73 68 66 64 59 59 58 77 79

U2 (km/dia) 40 40 35 36 48 54 69 78 81 73 57 37

PP (mm) 130,4 62,4 91,3 61,6 1,3 0 0 0 0 77,1 341,5 237,4

ECA (mm/dia) 6,36 5,44 6,15 5,56 5,24 6,58 5,79 6,89 8,06 7,36 5,46 4,75

ETo (mm/dia) 5,41 4,62 5,23 4,73 3,93 4,94 4,34 5,17 6,05 5,52 4,64 4,04

ETc (mm/dia)(1) 4,32 3,70 4,18 3,78 3,14 3,95 3,47 4,13 4,84 4,42 3,71 3,23

V20 (L/dia/pl) 10,38 8,88 10,04 9,07 7,55 9,48 8,34 9,92 11,61 10,60 8,91 7,75

V40 (L/dia/pl) 20,76 17,76 20,07 18,15 15,09 18,95 16,68 19,8 23,21 21,20 17,82 15,50

QUADRO 2 - Estimativa da necessidade de água de irrigação para o maracujazeiro ao longo do ano

Variáveis Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.

Uso do método do tanque classe A

Kc = 0,8

Área de influência da planta = 12 m2

(1) ETc não está considerando a precipitação.

Page 67: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .59 -66 , se t . /ou t . 2000

65A cultura do maracujazeiro

feita com freqüência de duas a quatro vezespor dia, conforme as condições climáticasdo local até a emergência total. Após estafase, irriga-se uma a duas vezes ao dia, po-dendo ser até em dias alternados, conformeo armazenamento de água no solo, contro-lando-se a quantidade de água, para evitarencharcamento, percolação dos nutrientesou desenvolvimento vegetativo excessivo.

MÉTODOS DE IRRIGAÇÃO

O maracujazeiro pode ser irrigado porqualquer método de irrigação, seja porsuperfície, seja por aspersão ou localizada.Não existe um método mais indicado e simvantagens e desvantagens dos métodosque precisam ser superadas com um manejoadequado.

Em virtude da preocupação, em nívelmundial com a questão do gerenciamento,conservação e economia dos recursos hí-dricos, tem sido recomendado, para a gran-de maioria das culturas, o uso de sistemasde irrigação localizada, tanto para novasáreas quanto para a substituição dos siste-mas de irrigação por superfície e por asper-são, por serem mais eficientes na aplicaçãode água e de fertilizantes (fertirrigação) nasmais diversas condições ambientais (No-gueira et al., 1998).

O método de irrigação por superfície,basicamente definido pelos sistemas deinundação, sulco e faixas, é caracterizadopela necessidade de nivelamento da área ea aplicação de água em alto volume, devidoa sua baixa eficiência. Dentre os sistemasde irrigação deste método, o sulco é o maisutilizado. Este, além de necessitar do nivela-mento ou sistematização da área, não per-mite uma adubação adequada, principal-mente pela fertirrigação, pois a água carreiaos adubos postos na superfície do solodepositando-os nos drenos.

A irrigação por aspersão é o métodoem que a água é transportada sob pressãoatravés de tubulações e lançada ao ar emforma de chuva, atingindo as culturas. Érepresentado pelo pivô central, autoprope-lido e aspersão convencional. Este métodopermite uma maior eficiência de irrigaçãoque o de superfície, e exige menos mão-de-obra para sua condução. Este tipo de irri-gação tem uma série de vantagens, quando

comparado com o de superfície, desta-cando-se entre elas a possibilidade daprática da fertirrigação, que é uma alterna-tiva muito mais adequada que a adubaçãoconvencional, devendo-se, entretanto, to-mar os devidos cuidados, quando empre-gado na irrigação do maracujazeiro.

Nesse aspecto, Araújo (1998) destacaduas preocupações deste método:

a) o molhamento de toda parte aéreadas plantas, associado a tempera-turas elevadas, favorece o apareci-mento de doenças, requerendo maiorcontrole com aplicações mais fre-qüentes de defensivos agrícolas;

b) de acordo com a forma como a águaé lançada sobre as plantas, os grãosde pólen podem ser lavados pelaágua de irrigação, uma vez que, naabertura das flores e em contato coma umidade, ocorre um arrebenta-mento dos grãos (Ruggiero, 1987).Neste caso, deve-se evitar a irrigaçãopor aspersão nos picos de floresci-mento, ou, se utilizada, atentar paraa realização de irrigações à noite,quando não há flores abertas.

Para mostrar a influência da precipitaçãona polinização das flores, trabalhos foramdesenvolvidos no Havaí, onde os estigmasforam molhados artificialmente, em inter-valos de 30 minutos, mostrando a neces-sidade de permanecer secos por no mínimo2 horas após a polinização, para que hou-vesse o desenvolvimento dos grãos depólen. Pode-se dizer que nos picos de flo-rescimento, quando as flores estiveremabertas, o uso da irrigação por aspersãoprovocará uma diminuição da frutificaçãodevido à diminuição da presença de insetospolinizadores na cultura (Araújo, 1998).

A irrigação localizada destaca-se na fru-ticultura nacional como um dos sistemasde maior sintonia com a atual política nacio-nal de recursos hídricos (Brasil, 1999), poisutiliza a água com maior eficiência, per-mitindo um melhor controle da lâmina apli-cada. Sua economia caracteriza-se pelasignificativa redução das perdas por eva-poração, percolação e escoamento super-ficial. A água aplicada diretamente sob acopa das plantas reduz as perdas e propiciaeficiência de, aproximadamente, 90%, re-

presentando um uso mais racional (Vieira,1995). Outras vantagens são a possibili-dade de aplicação de nutrientes via águade irrigação junto ao tronco da planta, ondehá maior concentração das raízes, o baixoconsumo de energia (relação cv/ha menor);não provocamento de umidade excessivana parte aérea, o que reduz incidência dedoenças e poder irrigar sem prejuízo à po-linização. Como desvantagens apresentama necessidade de um bom sistema de filtra-gem e o custo inicial alto, por tratar-se deum sistema fixo. Teoricamente, a irrigaçãolocalizada é a melhor opção.

A irrigação localizada diz respeito a sis-temas de irrigação (gotejamento e micro-aspersão), que aplicam água na região demaior concentração das raízes, proporcio-nando economia de água e de energia. Co-nhecidos como sistemas de alta freqüência,os sistemas de microirrigação são caracte-rizados por aplicarem pequenas quanti-dades de água por longos períodos emturnos de rega muito pequenos, geralmentediários (Nogueira et al., 1997).

A microaspersão é o sistema no qual aágua é aspergida sobre a superfície do soloa baixa intensidade de aplicação e altafreqüência. As linhas de microaspersão sãogeralmente colocadas no centro de duasfileiras, com um microaspersor fornecendoágua para duas plantas.

O gotejamento é o sistema de irrigaçãono qual a água chega à superfície do soloatravés de gotas que passam por emissoreschamados gotejadores (Fig. 35 e 36, p.48).

Quando houver opção por este sistemade irrigação, é importante a preocupaçãocom a distribuição de água em torno daplanta. Uma alternativa para o sistema deirrigação por gotejamento é instalar umalinha lateral por fileira de plantas, e a dis-tância da linha lateral da planta dependerádo tipo de bulbo úmido formado no solo(área de molhamento na superfície do soloe profundidade atingida pela frente de mo-lhamento, fatores dependentes do tipo desolo), devendo a planta estar dentro dobulbo molhado. Outra opção seria distri-buir os emissores em forma de semicírcu-lo (loop) ou em círculo completo. Quandoutilizar a distribuição dos emissores emsemicírculo, deve-se alternar periodica-

Page 68: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .59 -66 , se t . /ou t . 2000

66 A cultura do maracujazeiro

mente a posição deste em relação ao troncoda planta. Isto permite uma melhor distri-buição de água e nutrientes e possibilitamelhor desenvolvimento e distribuiçãoradicular da cultura.

Recentemente, tem sido melhorada etestada a tecnologia da irrigação por gote-jamento subterrâneo (IGS), em que sãoutilizados todos os recursos já conhecidosda irrigação localizada para aumentar aeficiência de uso da água e dos nutrientes(Nogueira et al., 1997). Neste sistema, a águae os nutrientes são aplicados diretamentena zona radicular da cultura, sem molhar asuperfície do solo (Fig. 37, p.48). O sistemaIGS é uma tecnologia que pode propor-cionar melhorias significativas na eficiên-cia de uso da água pelo melhor manejo doscomponentes do balanço hídrico (Lamm etal., 1995).

De acordo com Pizarro (1987), os siste-mas de irrigação localizada de alta fre-qüência são bastante indicados para seremoperados automaticamente, pois são cons-tituídos por redes de tubulações fixas, ope-rados com baixas vazões, suas subuni-dades de rega são relativamente grandes,sofrem pouca influência de fatores ambi-entais, como o vento, e não interferem namaioria dos tratos culturais.

Contudo, independente do método ousistema de irrigação utilizado, cuidadosdevem ser tomados para não se permitirque as plantas sejam submetidas a estressehídrico e nem a excesso de umidade. A umi-dade do solo deve ser mantida próxima dacapacidade máxima de água disponível(Ruggiero et al., 1996).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Importa lembrar que não é suficiente aaplicação da mais alta tecnologia de irri-gação, mesmo que seja feita de formaexcelente, para obter os rendimentos po-tenciais de uma cultura. Outras tecnologiasdevem ser empregadas, de forma coadju-vante e complementar, como: o manejoadequado do solo, o controle eficiente depragas, doenças e plantas daninhas, acorreta nutrição de plantas etc., sempreconsiderando o necessário respeito ao meioambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO, J. A. C. de. Irrigando o maracujazeiro.In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE ACULTURA DO MARACUJAZEIRO, 5, 1998,Jaboticabal, 1998. Anais... Jaboticabal:FUNEP, 1998. p.157-172.

BARBIERI, W. Medidas e estimativas deconsumo hídrico em cana-de-açúcar(Saccharum spp.). Piracicaba: USP-ESALQ,1981. 82p. Dissertação (Mestrado) – EscolaSuperior de Agricultura “Luiz de Queiroz,Universidade de São Paulo, 1981.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Secretariade Recursos Hídricos. Lei no 9.433 de 8 dejaneiro de 1997. Dispõe sobre a política na-cional de recursos hídricos. 2.ed.ver.atual.Brasília, 1999. Não paginado.

COSTA, E.L. da; MAENO, P.; ALBUQUERQUE,P.E.P. Irrigação da bananeira. Informe Agro-pecuário, Belo Horizonte, v.20, n.196, p.67-72, jan./fev. 1999.

DOORENBOS, J.; KASSAM, A. H. Efeito daágua no rendimento das culturas. Campi-na Grande: UFPB, 1994. 306p. (FAO. Estu-dos. Irrigação e Drenagem, 33).

DOORENBOS, J; PRUITT,W.O. Necessidadeshídricas das culturas. Campina Grande:UFPB, 1997. 194p. (FAO. Estudos. Irrigaçãoe Drenagem, 24).

LAMM, F. R. ; MANGES, H. L.; STONE, L. R.;KHAN, A. H.; ROGERS, D. H. Waterrequirement of subsurface drip-irrigated cornin northwest Kansas. Transaction of theASAE, v.38, n.2, p.441-448, 1995.

MALAVOLTA, E . Nutricion y fertilizaciondel maracuya. Quito: INPOFOS, 1994. 52p.

MANICA, I. Fruticultura tropical: maracujá.São Paulo: Agronômica Ceres, 1981. 151p.

MANZEL, C. M.; SIMPSON, D. R.; PRINCE, G.H. Effect of foliar applied nitrogen duringwinter on growth, nitrogen content andproduction of passionfruit. Scientia Horti-culturae, Amsterdam, v.28, p.339-346,1986.

MAROUELLI, W.A.; SILVA, W.L. de C. e; SILVA,H.R. da. Manejo da irrigação em horta-liças. 5.ed.rev.ampl. Brasília: EMBRAPA-SPI/EMBRAPA-CNPH, 1996. 72p.

MARTINS, D.P. Resposta do maracujazeiroamarelo (Passiflora edulis Sins var.favicarpa Deg.) a lâminas de irrigação edoses de nitrôgenio e potássio. Camposdos Goytacazes: UENF, 1998. 84p. Tese(Doutorado) - Centro de Ciências e Tecno-logias, Universidade Estadual do NorteFluminense, 1998.

MEDINA, J.C.; GARCIA, J.L.M.; LARA, J.C.C.;TOCCHINI, R.P.; HASHIZUME, T.;MORETTI, V.A.; CANTO, W.L. do. Ma-racujá: da cultura ao processamento ecomercialização. Campinas: ITAL, 1980.

207p. (ITAL. Frutas Tropicais, 9).

NOGUEIRA, L.C.; NOGUEIRA, L.R.Q.;GORNAT, B.; COELHO, E.F. Gotejamentosubterrâneo: uma alternativa para explo-ração agrícola dos solos dos tabuleiros cos-teiros. Aracaju: EMBRAPA-CPATC, 1997.20p. (EMBRAPA-CPATC. Documentos, 6).

NOGUEIRA, L.C.; NOGUEIRA, L.R.Q.;MIRANDA, F.R. de. Irrigação do coqueiro.In: FERREIRA, J.M.S.; WARWIK, D.R.N.;SIQUEIRA, L.A. A cultura do coqueiro noBrasil. 2. ed.rev.amp. Brasília: EMBRAPA– SPI/EMBRAPA-CPATC, 1998. p.159-187.

PIZA JÚNIOR, C. de T. A cultura do maracujá.Campinas: CATI, 1991. 71p.

PIZARRO, F. Riegos localizados de alta frecuen-cia. Madrid: Mundi-Prensa, 1987. 461p.

RIZZI, L.C.; RABELLO,L.R.;MOROZINIFILHO, W.;SAVAZAKI, E.T.;KAVATI, R.Cultura do maracujá azedo. Campinas:CATI, 1998. 54p. (CATI. Boletim Técnico, 235).

RUGGIERO, C. (Ed.). Cultura do maracujazei-ro. Ribeirão Preto: Legis Summa, 1987. 250p.

RUGGIERO, C. Maracujá do plantio à colheita.In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE ACULTURA DO MARACUJAZEIRO, 5, 1998,Jaboticabal. Anais... Jaboticabal. FUNEP,1998. p.157-172.

RUGGIERO, C.; SÃO JOSÉ, A.R.; VOLPE, C.A.; OLIVEIRA, J. C. de; DURIGAN, J. F.;BAUMGARTNER, J. G.; SILVA, J. R. da;NAKAMURA, K.; FERREIRA, M.E.;KAVATI, R.; PEREIRA, V. de P. Maracujápara exportação: aspectos técnicos da pro-dução. Brasília: EMBRAPA-SPI, 1996.64p.(Frupex. Publicações Técnicas, 19).

SOUSA, V.F. de; AGUIAR NETTO, A. de O.;ANDRADE JÚNIOR, A. S. de; BASTOS, E.A.; SOUSA, A. de P.; DANTAS NETO, J.Manejo de irrigação através do balançode água no solo. Teresina: EMBRAPA-CPAMN, 1997. 34p. (EMBRAPA-CPAMN.Documentos, 23).

SOUZA, J. S. I.; MELETTI, L. M. M. Maracujá:espécies, variedades, cultivo. Piracicaba:FEALQ, 1997. 179p.

STAVELY, G.W.; WOLSTENHOLME, B.N.Effects of water stress on growth andflowering of Passiflora edulis ( Sims) graftedto P.Caerulea L. Acta Horticulturae , TheHague, n.275, p.251-258, 1990.

TANNER, C. B. Energy balance approach toevapotranspiration from crops. Soil ScienceSociety of America Proceedings, Madison,v.24, p.1-9, 1960.

THORNTHWAITE, C. W. An approach towarda ration classification of climate. Geogr.Ver., v.38, p.55-94, 1948.

VIEIRA, D.B. As técnicas de irrigação. SãoPaulo: Globo, 1995. 263p. (Globo Rural.Coleção do Agricultor).

Page 69: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .67 -71 , se t . /ou t . 2000

67A cultura do maracujazeiro

INTRODUÇÃO

A aparência dos frutos ainda é um dosparâmetros mais utilizados pelos consu-midores para avaliar sua qualidade. Comoo maracujá se caracteriza pela difícil con-servação pós-colheita, apresentando mur-chamento, enrugamento da casca e grandesusceptibilidade a podridões e fermentaçãoda polpa, acredita-se que um melhor co-nhecimento de sua fisiologia possa fornecersubsídios para manter sua qualidade noperíodo pós-colheita. Dessa maneira, es-pera-se contribuir com o produtor, que terámais tempo para vender seu produto, inclu-sive no mercado externo, com o consumidor,que terá um fruto de boa aparência, e comambos, através da redução da oscilação depreços, uma vez que o risco de perdas porestragos e doenças também diminuirá.

ASPECTOS FÍSICO-QUÍMICOS ECOMPOSIÇÃO DOS FRUTOS

O fruto do maracujazeiro é classifica-do como uma baga com epicarpo, às vezeslignificado, e mesocarpo com espessuraque varia de 0,5cm a 4,0 cm. O tamanho e oformato dos frutos são diferenciados con-forme a espécie (Silva & São José, 1994).No maracujá-amarelo (Passiflora edulisSims. f. flavicarpa Deg.), o diâmetro variade 4,9cm a 7,8cm, o comprimento de 5,4cm a10,4cm, com peso do fruto entre 52,5g e153,4g, enquanto o maracujá-roxo (Passifloraedulis Sims.) apresenta diâmetro de 3,9cm

Colheita e conservação pós-colheita do maracujáAlessandra Pereira da Silva1

José Fernando Durigan2

Resumo - Aliada à preocupação com a qualidade comercial do maracujá está anecessidade de ampliação e busca de novos conhecimentos na área de fisiologia pós-colheita. Reuniram-se aqui os tópicos mais importantes com relação à colheita, taiscomo padronização, classificação, embalagem e armazenamento, o que certamentepoderá trazer benefícios de grande valia a todos os segmentos da cadeia de co-mercialização.

Palavras-chave: Passiflora edulis; Passiflora alata; Armazenamento; Embalagens.

a 5,1cm, comprimento de 4,3cm a 7,2cm epeso de 23,6g a 61,0g. A espécie Passifloraalata Dryander, conhecida popularmentepor maracujá-doce, apresenta frutos compeso médio de 128,3g, diâmetro de 6,6cm ecomprimento de 8,9cm (Meletti et al., 1992).

As espécies cultivadas de maracujáapresentam de 200 a 300 sementes no in-terior do fruto. O rendimento em suco estárelacionado com o número de óvulos fe-cundados, os quais serão transformadosem sementes envolvidas por um arilo ousarcotesta e que, por sua vez, encerram osuco propriamente dito. Este rendimentoem suco varia de 30% a 40% em relação aopeso do fruto nas espécies P. edulis e P.edulis f. flavicarpa (Silva & São José, 1994).Na espécie P. alata, Oliveira et al. (1982)encontraram variações de 14,01% a 21,30%de suco, enquanto, para Vasconcellos etal. (1993), este rendimento foi de apenas12,49%.

Dentre as principais características quí-micas contidas no suco do maracujá-ama-relo citam-se o pH entre 2,7 e 3,1, o teor desólidos solúveis totais (SST) de 14,9% a18,6%, a acidez total titulável (ATT) de 4,9%de ácido cítrico, o que proporciona um ratio(SST/ATT) de 3,4 (Araújo et al., 1974). Comrelação ao maracujá-roxo, Pruthi (1958)encontrou valores médios para o pH de 2,8,sólidos solúveis totais de 17,88%, acideztotal titulável de 3,3% e ratio de 5,51. Omaracujá-doce, segundo relatos de Silva(1999), possui suco com teores médios de

16,25oBrix, 0,49g de ácido cítrico, 100g-1 desuco e pH de 3,31.

Os açúcares são os principais compo-nentes dos sólidos solúveis totais, sendoque, no maracujá-amarelo, a glicose con-tribui com 38,1%, a sacarose com 32,4% e afrutose com 29,4%. No maracujá-roxo, oprincipal açúcar também é a glicose com37,1%, seguido pela frutose com 37,1% epela sacarose com 29,4% (Chan Junior &Kwok, 1975). Analisando os ácidos orgâ-nicos não-voláteis encontrados no sucode frutos de maracujá-amarelo e roxo, pode-se perceber que o ácido cítrico é o pre-dominante, porém as quantidades entre asespécies são diferentes. O maracujá-ama-relo apresenta, em média, 83% de ácido cí-trico, 15,9% de ácido málico, 0,87% deácido láctico, 0,20% de ácido malônico etraços de ácido succínico, enquanto que omaracujá-roxo apresenta 41% de ácidocítrico, seguido por 23,4% de ácido láctico,15,5% de ácido malônico, 12,1% de ácidomálico e 7,56% de ácido succínico (ChanJunior et al., 1972).

O teor de ácido ascórbico no suco dafruta, um dos principais indicadores do seuvalor nutritivo, é muito variável, segundoo local de produção, estádio de desen-volvimento, amadurecimento, temperaturade armazenamento e fotoperiodismo (Ce-reda et al., 1984). A variedade roxa, com29,80mg de ácido ascórbico.100ml-1 de su-co, em média, apresenta maior teor de vita-mina C do que a variedade amarela, que

1Enga Agra, M.Sc., Doutoranda em Horticultura, UNESP-FCA, Caixa Postal 237, CEP 18603-970 Botucatu-SP. E-mail: [email protected] Agro, Livre Docente, Prof. Adj., UNESP-FCAV - Depto de Tecnologia, CEP 14870-000, Jaboticabal-SP. E-mail: [email protected]

Page 70: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .67 -71 , se t . /ou t . 2000

68 A cultura do maracujazeiro

possui, em média, 20,0mg de ácido ascór-bico.100ml-1 de suco (Santos, 1978). Parao maracujá-doce, Silva et al. (1998) encon-traram teores médios de vitamina C de18,20mg.100g-1 de suco.

Já foram identificados 73 compostosvoláteis no suco de maracujá-amarelo. Osprincipais ésteres, 95% do total, que atuamna formação do aroma são o butirato deetila, o hexanoato de etila, o butirato dehexila e o hexanoato de hexila, sendo que ohexanoato de etila é o principal e o butiratode etila o responsável pelo aroma ado-cicado do fruto e indica frescor (Salunkhe& Desai, 1984 e Narain & Bora, 1992).

O maracujá apresenta níveis relati-vamente altos de ácido cianídrico (HCN)na sua composição, que pode chegar a59,4mg.100g-1 do peso fresco no maracujá-amarelo, quando colhido verde, decres-cendo para 14,17mg.100g-1 com o amadure-cimento e para 6,5mg.100g-1 com a abscisão.No roxo, têm-se encontrado valores entre10,0 e 13,3mg.100g-1 em frutos imaturos ematuros (Spencer & Siegler,1983).

COLHEITA

Durante o amadurecimento, o fruto domaracujá-amarelo apresenta importantesmudanças nas características dos frutos edo suco (Araújo et al.,1974). Inicialmente,o fruto mostra predomínio da cor verde,misturada com áreas brancas, e, no final,sua cor é a amarelo-intensa, cuja distri-buição é uniforme (Manica, 1981). Com oavanço do estádio de maturação, a espes-sura de sua casca diminui gradualmente ea coloração do suco muda de amarela paraamarelo-escura e finalmente para amarelo-alaranjada. Pocasangre et al. (1995) iden-tificaram que o início das mudanças na corexterna desta fruta acontece antes do co-meço da ascensão climatérica, quando hárápida transição da cor verde-amarela paraa amarelada. A degradação da clorofila éassociada à produção de etileno autoca-talítico. A transição do verde para o amarelotem sido utilizada como parâmetro externopara a determinação do ponto de colheita,pois reflete a fisiologia endógena do fruto.Frutos colhidos aos 50, 60, ou 70 dias apósa antese mostraram um padrão de liberaçãode etileno similar ao da produção de gáscarbônico, e o início da liberação do etilenofoi coincidente com o da ascensão clima-térica.

O maracujá atinge seu ponto de colheitaem 50 a 60 dias após a antese, ou seja, 30 a20 dias antes de se desprender da planta-mãe. Nesse ponto, ele atingiu seu máximopeso (50-130g), seu máximo rendimento emsuco (até 36%) e o maior conteúdo de só-lidos solúveis totais (13o-18oBrix), podendoser caracterizado, para os frutos de culti-vares amarelas, pela coloração verde-ama-relada. No caso das cultivares roxas, esteponto é o início da formação da cor roxa(Ruggiero et al., 1996).

Os frutos colhidos aos 50, 60, ou 70 diasapós a antese podem ter sua ascensão cli-matérica antecipada em 21, 13, ou 14 dias,com a imersão deles em solução de 2, cloroetil-fosfônico (CEPA) a 1.000mg.L-1 (Pocasangreet al., 1995). Observa-se que os teores desólidos solúveis totais e de açúcares au-mentaram gradualmente até o 73o-80o dia,fazendo com que a relação SST/ATT (ratio)atinja seu valor máximo no 85o dia (Singh etal., 1978).

Tradicionalmente, a colheita do maracu-já é realizada após sua abscisão da planta-mãe, sendo efetuada a catação periódica(duas a três vezes por semana) dos frutosque caíram no chão (Contribuição..., 1972 eDurigan,1987). Os frutos, depois de teremcaído da planta-mãe, já estão no início dasenescência e, portanto, além de mur-charem rapidamente, têm vida útil curta eredução nos seus conteúdos de acidez eaçúcares (Durigan, 1987 e Ruggiero et al.,1996). Assim, quando não são consumidosem até cinco dias, são levados para a in-dústria extratora de suco. Adota-se esteprocedimento, tendo em vista a observaçãode diversos autores que ressaltam ser osuco da fruta completamente madura bas-tante superior ao de frutas não totalmentemaduras, ainda que estas venham a ama-durecer fora da planta-mãe (Durigan, 1998).

A colheita antecipada dos frutos, noponto pré-climatérico, permite um períodomaior para seu manuseio pós-colheita (Po-casangre et al., 1995).

Recomenda-se, portanto, que os frutosdevam ser colhidos da planta-mãe e, pos-teriormente, depositados em caixas ou sa-colas, antes do transporte até a casa deembalagem. Deve-se deixar de 1cm a 2cmde pedúnculo, para reduzir o murchamen-to e a incubação de podridões (Ruggieroet al., 1996).

Esta colheita, diretamente da planta-mãe, é realizada em função do tempo entre

a polinização e o amadurecimento do fruto.Para o maracujá-amarelo, este tempo variade 60-70 dias (Araújo et al., 1974 e Aular-Urrieta, 1999), para o maracujá-roxo, emtorno de 85 dias (Singh et al., 1978), e parao maracujá-doce, de 71 a 96 dias (Vascon-cellos et al., 1993).

No maracujazeiro doce, diferentementedos maracujazeiros amarelo e roxo, nãoocorre a abscisão dos frutos, os quaisdevem ser colhidos através do corte dopedúnculo. O maracujá-doce, uma vez ma-duro, permanece apto para colheita poralguns dias, porém, devido ao seu aromaperfumado e agradável, atrai insetos di-versos (Oliveira et al., 1980).

MANUSEIO PÓS-COLHEITA

Os frutos trazidos do campo, em nomáximo 12 horas, devem ser selecionados,preparados e lavados. Na seleção, devemser descartados os frutos murchos, sempedúnculo, lesionados, verdes ou com sin-tomas de mosca ou doenças. Na prepara-ção, os restos florais devem ser eliminadose o pedúnculo aparado em 0,5cm. Na la-vagem, devem-se usar detergente e águaclorada a 100 mg.L-1 (Ruggiero et al., 1996).

Saéns et al. (1991) sugerem o tratamentodos frutos com fungicidas antes do arma-zenamento, para evitar perdas devido adoenças fúngicas. Durante o período dearmazenamento do maracujá, agentes pa-togênicos dos gêneros Fusarium sp.,Cladosporium sp., Alternaria sp.,Penicillium sp e Phomosis sp. já foramidentificados (Gama et al., 1991 e Saénset al.,1991). A principal podridão, no en-tanto, é a antracnose (Colletotrichumgloeosporioides Pens, ou Glomerellacingulata Stoen, na fase perfeita), a qualcontamina os frutos ainda verdes e quandomaduros, mostrando grandes áreas necro-sadas com coloração pardacenta a negra,o que pode comprometer o suco por fer-mentação (Castro, 1994).

Embora Worthing & Walker (1983)indiquem o uso do Thiabendazole para ocontrole de diversos fungos patogênicose para o tratamento pós-colheita de frutose vegetais em concentrações variáveis entre0,2 e 5,0 g.L-1, não existe nenhum produtorecomendado para uso em pós-colheita demaracujás (Guia..., 1986). O uso do trata-mento térmico (imersão em água a 47±0,5oCpor cinco minutos) parece ser uma alter-

Page 71: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .67 -71 , se t . /ou t . 2000

69A cultura do maracujazeiro

nativa eficiente no controle de podridões,apesar de tornar o fruto mais susceptível ainjúrias pelo frio (Aular-Urrieta, 1999).

CLASSIFICAÇÃO EACONDICIONAMENTO DOSFRUTOS

O maracujá-amarelo, destinado ao mer-cado de frutas frescas, é comercializado noEntreposto Terminal de São Paulo (ETSP)em caixas tipo K sem retorno, com cerca de13kg de fruto (Meletti & Maia, 1999). Parao maracujá-doce, a comercialização é feitaem caixetas de papelão de 3,7kg (Boletim...,1997).

A classificação do maracujá baseia-seno tamanho dos frutos, uma padronizaçãoque considera o número de frutos coloca-dos na caixa. O maracujá-amarelo, emba-lado em caixa K (13kg), é classificado emExtra AAA, Extra AA, Extra A, Extra e Es-pecial, em que Extra AAA compreendefrutos maiores, até 75 frutos/cx.; Extra AA,com 76 a 90 frutos/cx.; Extra A, com 91 a 120frutos/cx.; Extra, com 121 a 150 frutos/cx. eEspecial, com mais de 150 frutos/cx. AAssociação dos Fruticultores da Região deVera Cruz (Afruvec) utilizou-se da classi-ficação Extra AAAA com até 45 frutos/cx,a partir da safra de 1996/1997, com ótimosresultados (Rossi, 1998).

Devido aos altos custos de embalagem,frete e taxa de comercialização, só tem com-pensado remeter frutos de melhor clas-sificação para o mercado atacadista. Frutosde classes inferiores devem ser destinadosao processamento industrial.

A embalagem caixa K sem retorno maisempregada para o mercado de frutas fres-cas representa um alto custo, que chega a20% da cotação alcançada pelo produtono mercado atacadista. Por isso, vem sendosubstituída por caixas de papelão ondu-lado, com a mesma capacidade.

Frutos destinados a indústrias extratorasde sucos e ao mercado popular dispensama classificação e, nesse caso, a embalagemutilizada é o saco de polietileno (Meletti &Maia, 1999).

O maracujá-doce, que caracteriza-se poratender exclusivamente ao mercado innatura, também é classificado de acordocom o número de frutos por caixa (3,7kg),em tipos 10, 12, 15 e 18 (Durigan, 1998).

Para a exportação, a embalagem utilizadapara o maracujá-amarelo é a caixa tipo “goia-

ba”, de papelão ondulado, com 5% de aber-tura na superfície. As caixas com camadassimples devem conter cerca de 40 frutas eas com duas camadas de 46 a 48 unidades.Geralmente, as frutas são embaladas embandejas de celulose, fibra de plástico oupapel de seda, o que confere proteção ade-quada ao produto. O peso total da caixavaria de 2kg a 3kg, sendo que o mercadoeuropeu exige frutas com 45g a 60g e diâme-tro de 4,5cm a 5,0cm (Ruggiero et al., 1996).

CONSERVAÇÃO PÓS-COLHEITA

A vida de armazenamento de diferentestipos de frutos, em geral, varia inversa-mente com a taxa de respiração, já que estaindica a rapidez com que as mudanças bio-químicas ocorrem (Chitarra & Chitarra,1990).

O maracujá apresenta padrão climatéri-co de desenvolvimento, sendo que à tempera-tura de 20oC libera 25 ml de CO

2.kg-1.h-1, no

ponto mínimo, e 45 ml de CO2.kg-1.h-1, no

ponto máximo (Biale, 1960). Possui umaprodução muito alta de etileno, com valoressuperiores a 100µl.kg-1.h-1 a 20oC (Kader,1992), que pode atingir, no ponto máximodo climatério, 370µl.kg-1.h-1 (Akamine etal.,1957).

A intensidade respiratória das frutastropicais, após a colheita, está intimamenterelacionada com a temperatura (Sigrist,1992). Em frutos climatéricos como o mara-cujá, o abaixamento da temperatura retardao pico climatérico e reduz sua intensidade(Chitarra & Chitarra, 1990). Além disso,quanto mais curto o intervalo entre a co-lheita e a diminuição da temperatura dosfrutos até o nível ideal, melhor e mais longaserá a sua conservação (Awad, 1993).

Tanto o maracujá-amarelo quanto omaracujá-roxo não resistem ao armaze-namento à temperatura ambiente por maisde sete a dez dias. Porém, o maracujá-roxomostra-se mais resistente à perda de pesoe ao ataque fúngico, quando comparadoao maracujá-amarelo (Pruthi, 1963 e Aular-Urrieta, 1999).

A temperatura de armazenamento é,portanto, o fator ambiental mais importante,não só do ponto de vista comercial, comotambém por controlar a senescência, umavez que regula as taxas de todos os pro-cessos fisiológicos e bioquímicos asso-ciados (Chitarra & Chitarra, 1990).

A temperatura recomendada para o ar-

mazenamento do maracujá tem mostradoalgumas diferenças, pois, enquanto Pruthi(1963), Contribuição... (1972) e Hall et al.(1975) recomendam temperaturas entre5,6ºC e 7,2ºC e umidade relativa entre 85%-90% para conservar o maracujá-roxo porquatro a cinco semanas e o amarelo portrês a quatro semanas, outros autores, co-mo Arjona et al. (1992), Ruggiero et al.(1996) e Aular-Urrieta (1999), recomendam,para o maracujá-amarelo, 10ºC a 12ºC, coma mesma umidade relativa para conservá-lo por 15 dias, pois alegam que tempe-raturas entre 6ºC e 7ºC acarretam nos frutosdanos por friagem, e as maiores que 15ºClevam à deterioração muito rápida.

O dano causado pelo frio ou friagemno maracujá (chilling injury) aparece apósprolongado armazenamento ou após a re-tirada dos frutos da frigoconservação. Estedano caracteriza-se pela coloração irregulardo fruto, seguida de enrugamento e sus-cetibilidade a ataques fúngicos (Ruggieroet al., 1996).

Uma maneira de reduzir a perda de umi-dade, retardar o enrugamento e propiciaruma aparência lustrosa é a utilização deceras ou de emulsões de cera como cober-tura superficial dos frutos (Chitarra & Chi-tarra, 1990). Gama et al. (1991), no entanto,trabalhando com cera Autocitrol, não cons-tataram o efeito favorável desta na reduçãoda perda de peso dos frutos de maracujá-amarelo. Silva et al. (1998), visando à con-servação pós-colheita do maracujá-doce,através da aplicação de ceras comerciais,observaram que todas elas, tais como StaFresh, Fruit wax, Sparcitrus e Citrosol, forameficientes no controle da perda de peso,porém a Sparcitrus e a Citrosol foram asque mais se destacaram. A cera Citrosol,também apresentou a vantagem de pro-porcionar a manutenção da firmeza dosfrutos, durante o armazenamento.

A utilização de embalagens adequadastambém pode ser uma alternativa paraaumentar o período de armazenamento domaracujá, dada a modificação da atmosferaque envolve os frutos, a qual pode ser trans-portada com eles. Assim, Salazar & Torres(1977), testando o efeito de embalagens depolietileno herméticas e perfuradas, naconservação do maracujá-amarelo, relata-ram que ambas reduziram a perda de pesodos frutos, porém a embalagem herméticafoi a que melhor contribuiu para a conser-vação do maracujá. Resultados semelhan-

Page 72: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .67 -71 , se t . /ou t . 2000

70 A cultura do maracujazeiro

tes também foram obtidos na conservaçãodo maracujá-roxo em sacos de polietilenoherméticos e perfurados (Ganapathy &Singh, 1976). Collazos et al. (1984) obser-varam que os efeitos do envoltório plásticoestão diretamente associados a sua es-pessura e que a existência de aberturas e aintensidade destas influem negativamenteneste efeito.

Um problema já relatado na utilizaçãode embalagens plásticas em maracujá é que,por aumentar a umidade interna delas,favorece o desenvolvimento de microor-ganismos, como o Penicillium e o Diplodia,fato este que tem restringido seu uso (Sa-lazar & Torres, 1977, Ganapathy & Singh,1976, Ruggiero et al, 1996 e Aular-Urrie-ta, 1999). Este problema também tem sidorelatado com o uso de parafina, que temefeito semelhante ao do filme plástico (Au-lar-Urrieta, 1999).

Saéns et al. (1991) recomendam o usode embalagens de polietileno sem perfu-ração, na conservação do maracujá, somen-te se esse for armazenado sob refrigeração,a 12ºC e 90% de umidade relativa (UR).Nesse caso, segundo estes autores, os fru-tos mantêm-se em condições aceitáveis pa-ra a comercialização durante 30 dias. Aular-Urrieta (1999), no entanto, observou pe-ríodo de apenas 15 dias.

O tratamento com cálcio, outra técnicautilizada na ampliação da vida pós-colheita,quando realizado em frutos de maracujá-amarelo, proporcionou melhor manutençãode sua qualidade e diminuição da perda depeso e de vitamina C (Vieites & Bezerra,1996). Em maracujá-doce, concentrações de1% e 2% de CaCl

2 propiciaram frutos com

textura mais firme, menor perda de peso emaior teor de vitamina C, sendo que a con-centração de 1% foi também eficiente emretardar a evolução da cor da casca dosfrutos, aumentando seu período de con-servação em 2 a 18 dias em relação ao trata-mento-testemunha. Já a concentração de4% de CaCl

2 mostrou ser excessiva para o

maracujá-doce, que obteve período de con-servação inferior ao tratamento-testemunha(Silva, 1999).

A irradiação de alimentos, método quetem recebido atenção junto aos métodostradicionais de tratamento e conservaçãode alimentos, também se mostrou eficientepara o maracujá-amarelo, segundo Bragaet al. (1999), preservando a qualidade dosfrutos e contendo o processo de amadure-

cimento. Estes autores salientam que a dosede 25Gy manteve as características físico-químicas, não alterou o sabor do suco, pro-porcionou um maior rendimento de polpa ede suco e acrescentou quatro dias no pe-ríodo de vida útil do maracujá-amarelo. Já adose de 50Gy influenciou negativamente aconservação dos frutos, acelerando o ama-durecimento. No entanto, Braga et al. (1999)recomendam um estudo da viabilidadeeconômica deste método de conservaçãopós-colheita.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AKAMINE, E.K.; YOUNG, R.E.; BIALE, J.B.Respiration and ethylene production in thepurple passion fruit. Proceedings of theAmerican Society for HorticulturalScience, Alexandria, v.69, p.221-225, 1957.

ARAÚJO, C.M.; GAVA, A.J.; ROBBS, P.G.;NEVES, J.F.; MAIA, P.C.B. Característi-cas industriais do maracujá (Passifloraedulis var. flavicarpa) e maturação do fru-to. Pesquisa Agropecuária Brasileira,Brasília, n.9, p.65-69, 1974.

ARJONA, H. ; MATTA, F.; GARNER, J.Temperature and storage time affect qualityof yellow passion fruit. HortScience,Alexandria, v.27, n.7, p.809-810, 1992.

AULAR-URRIETA, J.E. Colheita e conser-vação pós-colheita de frutos de maracu-já-amarelo. Jaboticabal: UNESP-FCAV,1999. 97p. Tese (Doutorado em ProduçãoVegetal) – Faculdade de Ciências Agrárias eVeterinárias, Universidade EstadualPaulista, 1999.

AWAD, M. Fisiologia pós-colheita de fru-tos. São Paulo: Nobel, 1993. 114p.

BIALE, J.B. The postharvest biochemistry oftropical and subtropical fruits. Advancesin Food Research, New York, v.10, p.293-354, 1960.

BOLETIM ANUAL CEAGESP. São Paulo:Secretaria de Agricultura e Abastecimento,1997.

BRAGA, M.E.M.; VIEITES, R.L.; DO-MARCO, R.E. Conservação de maracujá-amarelo in natura, através de irradiação. In:SIMPÓSIO LATINO AMERICANO DECIÊNCIA DE ALIMENTOS, 3, 1999,Campinas. Resumos... Campinas:UNICAMP- FEA, 1999. p.145.

CASTRO, J.V. Matéria-prima. In: TEIXEIRA,

C.G.; CASTRO, J.V.; TOCCHINI, R.P.;NISIDA, A.L.A.C.; HASHIZUME, T.;MEDINA, J.C.; TURATTI, J.M.; LEITE,R.S.S.F.; BLISKA, F.M.M.; GARCIA,A.E.B. Maracujá : cultura, matéria-prima,processamento e aspectos econômicos.2.ed. Campinas: ITAL, 1994. Cap.1, p.143-160. (ITAL. Frutas Tropicais, 9).

CEREDA, E.; LIMA, U.A.; CUNHA, R.J.P.;CEREDA, M.P. Conservação e arma-zenamento do maracujá amarelo Passifloraedulis f. flavicarpa Deg. – III: variações noteor de ácido ascórbico. Turrialba, San José,v.34, n.4, p.517-523, oct./dic. 1984.

CHAN JUNIOR, H.T.; CHANG, T.S.K.;CHENCHIN, E. Nonvolatile acids of pas-sion fruit juice. Journal of Agriculturaland Food Chemistry, Washington, v.20,n.1, p.110-112, 1972.

CHAN JUNIOR, H.T.; KWOK, S.C.M.Identification and determination of sugarsin some tropical fruit products. Journal ofFood Science, Chicago, v.40, n.2, p.419-420, 1975.

CHITARRA, M.I.F.; CHITARRA, A.B. Pós-colheita de frutos e hortaliças: fisiologiae manuseio. Lavras: ESAL-FAEPE, 1990.320p.

COLLAZOS, O.; BAUTISTA, A.; MILLÁN,B.; MAPURA, B. Efecto de bolsas depolietileno en la conservación de maracuya(Passiflora edulis var. flavicarpa), curuba(P.mollissima HBK Bailey) y tomate(Lycopersicon esculentum Miller). ActaAgronomica, Palmira, v.34, n.2, p.53-59,1984.

CONTRIBUIÇÃO ao desenvolvimento daagroindústria. Rio de Janeiro: Ministério doInterior, 1972. v.1, p.165-197. Mimeo-grafado.

DURIGAN, J.F. Colheita e conservação pós-colheita. In: SIMPÓSIO BRASILEIROSOBRE A CULTURA DO MARACUJA-ZEIRO, 5, 1998, Jaboticabal. Anais....Jaboticabal: FUNEP, 1998. p.257-278.

DURIGAN, J.F. Manuseio pós-colheita. In:RUGGIERO, C. (Ed.). Maracujá . Ribei-rão Preto: Legis Summa, 1987. p.173-182.

GAMA, F.S.N.; MANICA, I.; KIST, H.G.K.;ACCORSI, M.R. Aditivos e embalagensde polietileno na conservação do maracujá-amarelo armazenado em condições de re-frigeração. Pesquisa Agropecuária Bra-

Page 73: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .67 -71 , se t . /ou t . 2000

71A cultura do maracujazeiro

sileira, Brasília, v.26, n.3, p.305-310, mar.1991.

GANAPATHY, K.M.; SINGH, H.P. Storagebehaviour of purple passion fruit(Passiflora edulis Sims) under differentstorage conditions. The Indian Journalof Horticulture , Bangalore, v.33, n.3/4,p.220-223, 1976.

GUIA de fungicidas agrícolas. Piracicaba: Li-vroceres, 1986. 281p.

HALL, C.W.; HARDENBURG, R.E.; PAN-TASTICO, E. B. Consumer packaging withplastics. In: PANSTASTICO, E. B. (Ed.).Postharvest, physiology, handling andutilization of tropical and subtropicalfruits and vegetables. Westport: AVI,1975. p.303-313.

KADER, A. A. Postharverst biology andtechnology: an overview. In: KADER, A.A. (Ed.). Postharvest technology ofhorticultural crops . 2.ed. Oakland: Uni-versity of California, 1992. p.15-20 (Pu-blicação, 3311).

MANICA, I. Fruticultura tropical: maracujá.São Paulo: Agronômica Ceres, 1981. 151p.

MELETTI, L.M.M.; MAIA, M.L. Maracujá:produção e comercialização. Campinas:IAC, 1999. 64p. (IAC. Boletim Técnico,181).

MELETTI, L.M.M.; SOARES-SCOTT, M.D.;PINTO-MAGLIO, C.A.F.; MARTINS,F.P. Caracterização de germoplasma demaracujazeiro (Passiflora sp). Revista Bra-sileira de Fruticultura , Cruz das Almas,v.14, n.2, p.157-162, 1992.

NARAIN, N.; BORA, B.S. Post harvestchanges in some volatile flavour constituentsof yellow passion fruit (Passiflora edulis f.flavicarpa). Journal of the Science ofFood and Agriculture, London, v.60, n.4,p.529-530, 1992.

OLIVEIRA, J.C.; RUGGIERO, C.; NAKA-MURA, K.; FERREIRA, F.R. Variaçõesobservadas em frutos de Passiflora alataAit. Proceedings of the Tropical RegionAmerican Society for HorticulturalScience, Mount Vermont, v.25, p.343-345,1982.

OLIVEIRA, J.C.; SALOMÃO, T.A.; RUG-GIERO, C; ROSSINI, A.C. Observaçõessobre o cultivo de Passiflora alata Ait.(maracujá guaçu). Revista Brasileira de

Fruticultura, Cruz das Almas, v.2, n.1,p.59-63, 1980.

POCASANGRE, H.; FINGER, F.; BARROS,R.; PUSCHMAN, R. Development andripening of yellow passion fruit. Journalof Horticultural Science, Ashford, v.70,n.4, p.573-576, 1995.

PRUTHI, J.S. Physical-chemical compositionof passion fruit – Passiflora edulis Sims.The Indian Journal of Horticulture , Ban-galore, v.15, n.2, p.87-93, 1958.

PRUTHI, J.S. Physiology, chemistry, andtechnology of passion fruit. Advances inFood Research, San Diego, v.12, p.203-282, 1963.

ROSSI, A. D. Comercialização do maracujá. In:SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE ACULTURA DO MARACUJAZEIRO, 5,1998, Jaboticabal. Anais... Jaboticabal:FUNEP, 1998. p.279-287.

RUGGIERO, C.; SÃO JOSÉ, A.R.; VOLPE,C.A.; OLIVEIRA, J.C. de; DURIGAN, J.F.;BAUMGARTNER, J.G.; SILVA, J.R. da;NAKAMURA, K.; FERREIRA, M.E.;KAVATI, R.; PEREIRA, V. de P. Maracujápara exportação: aspectos técnicos daprodução. Brasília: EMBRAPA-SPI, 1996.64p. (FRUPEX. Publicações Técnicas, 19).

SAÉNS, M.V.; CASTRO-BARQUERO, L.;GONZÁLEZ-CALVO, J. Efecto del em-paque y la temperatura de almacenamientosobre la vida poscosecha y la calidad de losfrutos de maracuya amarillo (Passifloraedulis var. flavicarpa). Agronomia Cos-tarricense, San José, v.15, n.1/2, p.79-83,1991.

SALAZAR, C.R.; TORRES, M.R. Almace-namiento de frutos de maracuyá (Passifloraedulis var. flavicarpa Degener) en bolsas depolietileno. Revista do Instituto Colom-biano Agropecuário, Bogotá, v.12, n.1,p.1-11, 1977.

SALUNKHE, D. K.; DESAI, B. B. Pos-tharvest technology of fruits. Boca Raton:CRC Press, 1984. 147p.

SANTOS, J.E. A deficiência de vitamina A evitamina C no Brasil e a utilização domaracujá (Passiflora edulis) como fontevitamínica. In: SIMPÓSIO SOBRE ACULTURA DO MARACUJAZEIRO, 2,1978, Jaboticabal. Anais... Jaboticabal:Sociedade Brasileira de Fruticultura, 1978.p.108-114.

SIGRIST, J.M.M. Respiração. In: BLEIN-ROTH, E.W.; SIGRIST, J.M.M.; AR-DITO, E.F.G.; CASTRO, J.V.; SPAGNOL,W.A.; NEVES FILHO, L.C. Tecnologia depós-colheita de frutas tropicais. 2.ed.Campinas: ITAL, 1992. Cap.2, p.19-26.

SILVA, A.C.; SÃO JOSÉ, A.R. Classificaçãobotânica do maracujazeiro. In: SÃO JOSÉ,A.R. (Ed.) Maracujá: produção e mercado.Vitória da Conquista: UESB-DFZ, 1994.Cap.1, p.1-5.

SILVA, A.P. Métodos de aplicação de clore-to de cálcio pós-colheita na conservaçãodo maracujá-doce (Passiflora alataDryander). Botucatu: UNESP-FCA, 1999.95p. Dissertação (Mestrado em Hor-ticultura) – Faculdade de Ciências Agrárias,Universidade Estadual Paulista, 1999.

SILVA, A.P.; LACERDA, S.A.; VIEITES, R.L.Ceras comerciais na manutenção do teor devitamina C do maracujá-doce. In: CON-GRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA ETECNOLOGIA DE ALIMENTOS, 16,1998, Rio de Janeiro. Anais... Rio deJaneiro: SBCTA, 1998. v.1, p.176-178.

SINGH, H.P.; GANAPATHY, K.M.; BHAT,D.N.Y. Studies on fixation of optimunmaturity standard for harvest of passionfruit (Passiflora edulis Sims.) The IndianJournal of Horticulture , Bangalore, v.35,n.4, p.314-320, 1978.

SPENCER, K. C.; SIEGLER, D.S. Cya-nogenesis in Passiflora edulis. Journal ofAgriculture and Food Chemistry,Washington, v.31, p.794-796, 1983.

VASCONCELLOS, M.A.S.; CEREDA, E.;ANDRADE, J.M.B.; BRANDÃO FILHO,J.U.T. Desenvolvimento de frutos domaracujazeiro-doce (Passiflora alataDryand), nas condições de Botucatu-SP.Revista Brasileira de Fruticultura, Cruzdas Almas, v.15, n.1, p.153-158, 1993.

VIEITES, R. L.; BEZERRA, L. P. Efeito dosulfato de cálcio e da embalagem de po-lietileno, na conservação do maracujá-amarelo, armazenado em condições de re-frigeração. Revista Brasileira de Fru-ticultura , Cruz das Almas, v.18, n.2, p.235-243, 1996.

WORTHING, C.R.; WALKER, S.B. Thepesticide manual: a world compendium.7.ed. Lavenham: Lavenham Press, 1983.695p.

Page 74: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .72 -75 , se t . /ou t . 2000

72 A cultura do maracujazeiro

1Engo Agro, M.Sc., Pesq. EPAMIG-CTTP, Caixa Postal 351, CEP 38001-970 Uberaba-MG. E-mail: [email protected] Agro, Ph.D., Pesq. EMBRAPA Cerrados, Caixa Postal 08223, CEP 73301-970 Planaltina-DF.

INTRODUÇÃO

As espécies de maracujá pertencem àfamília Passifloraceae, composta por do-ze gêneros, sendo o Passiflora o de maiorexpressividade, com cerca de 354 a 500espécies americanas. O número de espéciesno Brasil é de 111 a 150, e o Centro-Nortedo Brasil é o maior em distribuição geo-gráfica deste gênero (Oliveira et al., 1994e Souza & Meletti, 1997). Das Passiflo-ras, a espécie mais cultivada no Brasil é aPassiflora edulis Sims. f. flavicarpa , quetem como nome vulgar maracujá-amareloou maracujá azedo, seguida pela Passifloraalata Dryand ou maracujá-doce. A espé-cie Passiflora edulis Sims., conhecida co-mo maracujá-roxo, é muito cultivada naAustrália, África e Sudeste Asiático. Esti-ma-se que, juntas, as espécies P. edulis f.flavicarpa e P. edulis ocupam mais de 90%da área cultivada com maracujá no mun-do.

Segundo Souza & Meletti (1997), noBrasil as espécies com maior expressão co-

Uso potencial de outras espéciesdo gênero Passiflora

Marcelo Fideles Braga1

Nilton Tadeu Villela Junqueira2

mercial são a Passiflora edulis f. flavicarpa(maracujá azedo ou amarelo), Passifloraedulis (maracujá-roxo) e a Passiflora alataDryand. (maracujá doce).

O gênero Passiflora possui grande po-tencial de uso no mercado para consu moin natura, suco concentrado, plantas orna-mentais e plantas medicinais, mas a maioriadas espécies é utilizada pelas suas proprie-dades alimentícias (Vasconcellos & Cereda,1994).

ESPÉCIES E VARIEDADES

A seguir são listadas algumas Passi-floras com uma caracterização breve sobreseus usos e potencial.

Passiflora alata Dryand(maracujá-doce)

Esta espécie é cultivada no Brasil peloseu valor para consumo in natura, pois apolpa é muito saborosa e doce. É tambémutilizada como planta ornamental, pelassuas flores grandes e vermelhas, e como

Resumo - O gênero Passiflora tem cerca de 354 a 500 espécies americanas, sendo 111a 150 do Brasil, maior centro de distribuição geográfica deste gênero. Possui grandepotencial de uso para consumo in natura, suco concentrado, plantas ornamentais eplantas medicinais, mas a maioria das espécies é utilizada pelas suas propriedadesalimentícias. É possível que haja muitas espécies ainda não conhecidas e as já co-nhecidas ainda precisam ser melhor descritas e testadas quanto as suas potencialidades.Com a expansão das fronteiras agrícolas, há uma grande preocupação quanto àextinção de espécies selvagens ainda não identificadas. Dessa forma é necessária aformação de bancos de germoplasma com a maior diversidade de espécie possível,com vistas a ter fonte de variabilidade genética para programas de melhoramento eoutras aplicações no futuro.

Palavras-chave: Maracujá; Germoplasma.

planta medicinal, pois das folhas e dosramos é extraída a passiflorina (tranqüili-zante) e as sementes trituradas têm açãoanti-helmínticas (Vasconcellos & Cereda,1994, Teixeira, 1994 e Oliveira et al., 1994).Suas folhas, flores e frutos contêm tambémsubstâncias farmacológicas denominadascalmofilase e maracugina (Cultivo..., 1999e Vanderplank, 1996). De sua casca podemser elaborados doces, geleias, sorvetes.Atualmente, esta espécie vem sendo con-sumida também na forma de sucos. Temampla distribuição no território brasileiro,podendo ser encontrada desde o Amazo-nas, até o Rio Grande do Sul. Apresentagrande variabilidade quanto ao formatodo fruto, coloração da polpa e espessurada casca. Nos cerrados, pode ser encon-trada em matas de galeria, matas secas oumatas ciliares(Cultivo..., 1999). É cultivadano Peru e no Brasil (Teixeira, 1994).

A polpa é muito perfumada e poucoácida, de cor amarelo-clara ou alaranjada,servindo para consumo in natura ou parapreparo de sucos (Souza & Meletti, 1997,

Page 75: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .72 -75 , se t . /ou t . 2000

73A cultura do maracujazeiro

Teixeira, 1994, Vasconcellos & Cereda, 1994,Oliveira et al., 1994 e Cultivo..., 1999?).

Os frutos têm em média 10,5cm de com-primento, 7,5cm de largura, casca de colo-ração amarela e textura macia (Vasconcellos& Cereda, 1994 e Teixeira, 1994).

A colheita dos frutos varia de 71 a 96dias da polinização, sendo o período maislongo, quanto menor for a temperaturamédia ambiente. São colhidos quando aparte basal (pedúnculo) começa a amare-lecer (Vasconcellos & Cereda, 1994).

Pode ser utilizado como porta-enxertoou parental em programas de melhoramentodo maracujá-amarelo, em face de sua resis-tência à fusariose (Fusarium oxysporumSchlecht. f. passiflorae Purss.) e à morteprematura (Oliveira & Ruggiero, 1998 eVasconcellos & Cereda, 1994). SegundoOliveira & Ruggiero (1998), também éresistente à cladosporiose (Cladosporiumherbarum Link.).

Outras fontes de resistência do maracu-já-doce é a resistência a pragas como opercevejo (Holymenia clavigera Herbst.),o besouro (Epicauta atomaria Germ.) e alagarta (Dione juno juno Cramer) (Oliveira& Ruggiero, 1998). Entretanto é suscetívelà bacteriose (Xanthomonas campestris pv.passiflorae (Pereira) Dye.), antracnose(Colletotrichum gloeosporioides Penz.),cladosporiose (Cladosporium herbarumLink. ), mosca-das-frutas (Anastrepha sp),percevejo (Holymenia clavigera), perce-vejo-da-soja (Nezara viridula) e muitosusceptível ao nematóide meloidogyne.É também susceptível ao vírus do endure-cimento do fruto (woodness), não sendoconstatadas outras viroses (Vasconcellos& Cereda, 1994 e Cultivo...,1999).

O maracujá-doce é propagado da mes-ma forma do maracujá-amarelo, entretantodeve-se ressaltar a rápida perda do podergerminativo, devendo ser plantada a se-mente imediatamente após sua colheita.Pode ser, também, propagado por estaquiaou enxertia, com excelente pegamento. Osistema de condução mais utilizado é o dotipo latada, com espaçamentos de 3 a 5 mentre plantas na linha e 4 a 5m entre linhas.Os tratos culturais são os mesmos ado-tados para o maracujá-amarelo. Deve-se

acrescentar a eliminação manual dos restosflorais dos frutos (Vasconcellos & Cereda,1994).

É uma fruta pouco conhecida da maio-ria da população, mas que tem atingidopreços entre US$0,3 a US$1,00 por fruta.De 1982 para 1991, a oferta de maracujá-doce na Companhia de Entrepostos e Arma-zéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp),aumentou de 80.000 caixetas de 5kg/mêspara 140.000 caixetas mês. A oferta do fru-to apresenta picos de alta em dez./jan. eabr./maio, sendo o menor volume de comer-cialização em out./nov. (Vasconcellos &Cereda, 1994).

Passiflora amethystina Mikan(maracujá-da-serra)

É utilizada como planta ornamentalpelas sépalas e pétalas que apresentamcoloração lápis-lazuli e corona com fila-mentos externos de cor roxo-escura. Os fru-tos são elipsóides, coloração verde-clara,com 6cm de comprimento por 3cm de diâ-metro. Floresce intensamente entre feve-reiro e março (Souza & Meletti, 1997). Éamplamente distribuída nos cerrados, po-dendo ser encontrada em matas ciliares,matas de galeria do Distrito Federal e muitocomum às margens da rodovia que ligaParacatu a Patos de Minas. Esta espéciepode ser vista mais facilmente em matasque foram molestadas por fogo há um oudois anos ou na vegetação denominadajuquira (capoeira fina que surge a um oudois anos após o desmatamento de umamata). É altamente suscetível à mosca-das-frutas e à verrugose. O fruto pode ser con-sumido in natura, mas é muito perecível.

Passiflora aurantia

Pode ser utilizada como resistente àfusariose do maracujazeiro, como porta-enxerto de Passiflora edulis Sims. f.flavicarpa Deg. (Oliveira & Ruggiero, 1998).

Passiflora bilobata

As sementes trituradas têm ação anti-helmínticas (Teixeira, 1994).

Passiflora caerulea L.

É a Passiflorácea ornamental mais co-

nhecida no mundo. As flores têm 8cm dediâmetro, com segmentos do cálice branco-esverdeados, pétalas e sépalas iguais emforma e tamanho, brancas ou rosadas;corona medindo 5cm de diâmetro, com doiscírculos de cor púrpura na base, brancosno meio e azuis na extremidade; anel nec-tário purpúreo e estiletes com pequenasmanchas roxas. Os frutos comestíveis sãoovóides, com 6cm de comprimento por 3cmde diâmetro, quando maduros, de cor ala-ranjada e polpa carmino-vinácea. A matu-ração ocorre de dezembro a março (Souza& Meletti, 1997, Teixeira, 1994 e Oliveira etal., 1994). Segundo Oliveira & Ruggiero(1998), esta espécie possui resistência àbacteriose sendo, dessa forma, útil paraprogramas de melhoramento do maracujá-amarelo. Também é utilizada como plantamedicinal por suas propriedades sedativas.É cultivada no México, Guiana Inglesa epaíses andinos (Teixeira, 1994).

Passiflora cincinnata Mast.

Apresenta frutos de bom sabor, que le-vam 290 dias para formação e colheita. Par-te da safra coincide com a entressafra domaracujá-amarelo comercial e já é comer-cializada no nordeste brasileiro. Pode serutilizada em programas de melhoramen-to genético, já que possui resistência àEpicauta atomaria, a bacteriose e aos ne-matóides do gênero Meloidogyne (Oliveira& Ruggiero, 1998). É amplamente distri-buída nos cerrados, podendo ser encon-trada em abundância no Distrito Federal,Posse (GO), Barreiras (BA). Em MinasGerais, pode ser vista em estado nativo,nas margens da rodovia que liga Paracatua Patos de Minas, na altura da cidade deBela Vista. Possui flores roxo-escuras,muito bonitas e ornamentais. Os frutospodem ser utilizados para doces e sucos.Em Barreiras (BA), esta espécie é cultivadaem pequenas áreas para confecção de doce,que é vendido nas feiras livres e estabe-lecimentos comerciais da cidade.

Passiflora cirrhiflora Juss.(maracujá-de-flor-púrpura)

Tem potencial como planta ornamental,com flores de cor vermelho-púrpura, com

Page 76: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .72 -75 , se t . /ou t . 2000

74 A cultura do maracujazeiro

diâmetro de 7 cm (Souza & Meletti, 1997).

Passiflora clathrata Mast.(maracujá-da-chapada)

As folhas são utilizadas como calmante(Souza & Meletti, 1997).

Passiflora coccinea Aubl.

Uso potencial em programas de melho-ramento genético, devido à resistência aEpicauta atomaria e a Dione juno juno(Oliveira & Ruggiero, 1998). É uma espécieamplamente distribuída nas margens ao lon-go do Rio Araguaia e afluentes e em todo oOeste de Mato Grosso (Pontes e Lacerda eVale do rio Guaporé e rio Paraguai). Temflores grandes vermelho-intensas com até16cm em diâmetro. Em Brasília, sob condi-ção de cultivo, essa espécie floresce o anotodo, mas a produção ocorre de agosto anovembro. Os frutos medem até 6cm decomprimento por 3,5 a 4cm de diâmetro. Sãosaborosos, têm a polpa de cor creme e nor-malmente são utilizados para doces e su-cos.

Passiflora edulis(maracujá-silvestre)

Uso potencial em programas de melho-ramento genético como fonte de resistênciaà antracnose, à meloidoginose e a Epicautaatomaria (Oliveira & Ruggiero, 1998). Assementes trituradas têm ação anti-helmín-tica (Teixeira, 1994).

Passiflora foetida L.(maracujá-de-cheiro)

As raízes são utilizadas como anti-espasmódico (Teixeira, 1994 e Souza &Meletti, 1997). Nos cerrados, pode ser en-contrada em veredas, brejos ou várzeasvedadas ao gado.

Passiflora giberti N.E. Brown(maracujá-de-veado)

Uso como porta enxerto, devido à re-sistência à morte precoce e como parentalpara melhoramento, devido à sua resis-tência à morte precoce, à cladosporiose e àbacteriose (Souza & Meletti, 1997 e Oliveira& Ruggiero, 1998).

Passiflora herbetiana

Devido à sua resistência à fusariosedo maracujazeiro, recomenda-se comoporta-enxerto de Passiflora edulis Sims. f.flavicarpa Deg. (Oliveira & Ruggiero, 1998).

Passiflora holosericeaRuiz & Pav.

As folhas são utilizadas como chá cal-mante (Teixeira, 1994).

Passiflora incarnata L.(maracujá-vermelho)

Possui arilo vermelho e é própria paraconsumo in natura e para sucos (Souza& Meletti, 1997). É utilizada como plantamedicinal por suas propriedades sedati-vas e anti-helmínticas (Oliveira et al., 1994e Teixeira, 1994). Segundo Oliveira &Ruggiero (1998), é recomendada como por-ta-enxerto para maracujá-amarelo, devidoà sua resistência à fusariose do maracuja-zeiro.

Passiflora kermesina Link &Otto (maracujá-carmin)

É utilizada como planta ornamental,devido às folhas cordiformes, trilobadas,com 5 a 9cm de comprimento por 5 a 10cmde largura, página superior verde e inferiorpurpúrea. As flores vermelhas são solitá-rias, medindo de 7 a 8cm de largura. O cáliceé de cor vermelho-escura, com pétalas damesma coloração, e a corona com 5 cm delargura e filamentos externos de cor violeta.O fruto é ovalado, casca esverdeada, ariloabundante e sucoso. Floresce praticamenteo ano todo (Souza & Meletti, 1997).

Passiflora laurifolia L.(maracujá-laranja)

Apresenta flores com cores branca, ró-sea, vermelha e roxa; frutos com 8cm decomprimento por 6cm de diâmetro, polpasuculenta, ácida e aromática. Muito utili-zada para preparação de sucos. As folhassão adstringentes, usadas na medicina po-pular, e as raízes e sementes, utilizadas comovermífugas. É cultivada no Caribe, norteda Venezuela e leste do Brasil. No Caribe écultivada para fins ornamentais e frutíferos

(Teixeira, 1994 e Souza & Meletti, 1997).Também pode ser utilizada como porta-enxerto e em programas de melhoramentogenético, devido à resistência à morte pre-coce e à bacteriose (Oliveira & Ruggiero,1998).

Passiflora ligularis Juss.(Granadilla)

Apresenta frutos com 8cm de compri-mento por 6cm de diâmetro. É cultivada doMéxico à Bolívia. A polpa sucosa, ácida,branca e com aroma adocicado é consumidaao natural ou na forma de sucos. A cascado fruto é resistente. As plantas crescemem altas altitudes, resistindo a geadas ame-nas. Pode ser usada como porta-enxertoem função de sua resistência a podridõesdas raízes e do colo (Teixeira, 1994).

Passiflora macrocarpa

Apresenta frutos comestíveis (Oliveiraet al., 1994), mas o principal uso potencial écomo porta-enxerto e nos programas demelhoramento genético, devido à resistên-cia à fusariose do maracujazeiro, à morteprecoce e à meloidoginose (Oliveira &Ruggiero, 1998).

Passiflora maliformis L.

Frutos globosos com 3,5cm de diâ-metro, com casca muito rígida. Flores com10cm de diâmetro com cores branca, púrpu-ra e azul. Cultivada no Caribe, Venezuela,Colômbia e Equador, em altitudes de até1.700m (Teixeira, 1994). É muito resistente apragas e doenças, sendo recomendado ouso em programas de melhoramento, prin-cipalmente devido à resistência à bacteriose(Teixeira, 1994 e Oliveira & Ruggiero, 1998).A polpa é de coloração alaranjada, sucu-lenta, doce e de aroma agradável. É utilizadaprincipalmente na forma de sucos (Teixeira,1994).

Passiflora mexicana Juss.

As folhas são utilizadas como chá cal-mante (Teixeira, 1994).

Passiflora misera HBK

Uso potencial como planta ornamental

Page 77: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .72 -75 , se t . /ou t . 2000

75A cultura do maracujazeiro

(Oliveira et al., 1994). É amplamente distri-buída nos cerrados. Também é conhecidapor maracujá-jaboticaba.

Passiflora mollissima (HBK)Bailey (maracujá-curuba)

Possui frutos de 8cm de comprimen-to e 4cm de diâmetro, pesando 50 a 150g,quando maduro. A polpa é alaranjada, aro-mática e subácida a ácida. É cultivada nosAndes para fins ornamentais e frutíferos,em altitudes de até 3.000m, resistindo apequenos períodos de temperatura a -5C°.Produz até 300 frutos por planta, poden-do atingir 30 t/ha. Pode ser utilizada pa-ra produção de vinho, sorvetes e sucos(Teixeira, 1994 e Souza & Meletti, 1997).

Passiflora mucronata Lam.

As sementes trituradas têm ação anti-helmínticas (Teixeira, 1994).

Passiflora nitida HBK

Espécie proveniente da Amazônia, decrescimento vigoroso, é resistente à morteprecoce, à antracnose, Dione juno juno eEpicauta atomaria; mas é susceptível àcladosporiose . Floresce de abril a outubro.Possui frutos com média de 45g, de saboradocicado e agradável. Já é comercializadona região Norte do Brasil (Oliveira et al.,1994 e Oliveira & Ruggiero, 1998). Podetambém ser encontrada em alguns locaisdo estado de Mato Grosso, Goiás e To-cantins.

Passiflora pentagona Mast.

As sementes trituradas têm ação anti-helmíntica (Teixeira, 1994).

Passiflora poeppigii Mast.

As sementes trituradas têm ação anti-helmíntica (Teixeira, 1994).

Passiflora popenovii Killip.

Possui frutos de 7cm de comprimentopor 6cm de diâmetro. Flores com coloraçãovermelha, branca e azul. É cultivada noEquador em altitudes de até 1.300m. A pol-pa é adocicada e de aroma agradável, con-sumida in natura (Teixeira, 1994).

Passiflora quadrangularis L.(maracujá-açu oumaracujá-melão)

Possui fruto ovóide com 25cm de com-primento por 14cm de diâmetro. A polpa épouco ácida e açucarada, sendo mais con-sumida na forma de sucos. O pericarpo écomestível ao natural ou em forma de doces.Necessita de clima quente e úmido e de so-los argilo-arenosos. Para maior produçãodeve-se fazer polinização manual. As se-mentes trituradas e as raízes têm ação anti-helmíntica (Teixeira, 1994 e Souza & Meletti,1997). Devido à resistência à fusariose domaracujazeiro, pode ser utilizada comoporta-enxerto ou em programas de melho-ramento genético (Oliveira & Ruggiero,1998).

Passiflora racemosa Broteco(maracujá-do-príncipe)

Devido as suas flores vermelhas, po-de ser utilizada como planta ornamental(Souza & Meletti, 1997).

Passiflora serrato-digitata L.(maracujá-de-cinco-pernas)

Planta ornamental e com potencial paraporta-enxerto. Flores externamente esver-deadas, internamente de cor creme, tingi-das de rosa em ambos os lados. Sépalas epétalas oblongas, azuladas e corona vio-leta. Possui fruto globoso, com 4cm de diâ-metro com polpa branca e doce. Floresceentre maio e junho (Teixeira, 1994 e Souza& Meletti, 1997).

Passiflora setacea

Possui frutos comestíveis (Oliveira etal., 1994). Segundo Oliveira & Ruggiero(1998), pode ser utilizada como porta-enxerto ou fonte de resistência à morteprecoce, à bacteriose, à cladosporiose,Dione juno juno e Epicauta atomaria.

Passiflora speciosa Gardn.(maracujá-encarnado)

Possui arilo vermelho sangüíneo, aromaagradável, próprio para preparo de sor-vetes, doces e refrescos (Souza & Meletti,1997).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CULTIVO do maracujá. Brasília: EMBRAPA

Produção de Informação, 1999. Vídeo,

part.3, 35mm, son., color., 13min., VHS.

OLIVEIRA, J.C. de; NAKAMURA, K.;

MAURO, A.O.; CENTURION, M.A.P. da

C. Aspectos gerais do melhoramento do

maracujazeiro. In SÃO JOSÉ, A.R. (Ed.).

Maracujá: produção e mercado. Vitória da

Conquista-BA: UESB-DFZ, 1994. p.27-

28.

OLIVEIRA, J.C. de; RUGGIERO, C. As-

pectos sobre o melhoramento do maracu-

jazeiro amarelo. In.: SIMPÓSIO BRASI-

LEIRO SOBRE A CULTURA DO MA-

RACUJAZEIRO, 5, 1998, Jaaboticabal,

Anais... Jaboticabal: FUNEP, 1998. p.292-

302.

SOUZA, J.S.I. de; MELETTI, L.M.M. Mara-

cujá: espécies, variedades, cultivo. Pira-

cicaba : FEALQ, 1997. 179p.

TEIXEIRA, C. G.; CASTRO, J. V.;

TOCCHINI, R.P.; NISIDA, A.L.A.C.;

HASHIZUME, T.; MEDINA, J.C.;

TURATTI, J.M.; LEITE, R.S.S.F.;

BLISKA, F.M.M.; GARCIA, A.E.B. Ma-

racujá: cultura, matéria-prima, proces-

samento e aspectos econômicos. 2.ed. Cam-

pinas: ITAL, 1994. 267p. (ITAL. Frutas

Tropicais, 9).

VANDERPLANK, J. Passion flowers. 2.ed.

Cambridge, MA: MIT Press, 1996. 224p.

VASCONCELLOS, M.A. da S.; CEREDA, E.

O cultivo do maracujá doce. In: SÃO JOSÉ,

A.R. (Ed.). Maracujá: produção e merca-

do. Vitória da Conquista-BA: UESB-DFZ,

1994. p.71-83.

Passiflora suberosa L.(maracujá-cortiça)

Pode ser utilizada como planta medi-cinal (Teixeira, 1994 e Souza & Meletti,1997), como planta ornamental (Oliveira etal., 1994) e como fonte de resistência àfusariose do maracujazeiro e à morte pre-coce, como porta-enxerto ou para usoem cruzamentos (Oliveira & Ruggiero,1998).

Page 78: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .76 -80 , se t . /ou t . 2000

76 A cultura do maracujazeiro

1Engo Agro, M.Sc., Prof. Assist. UFRRJ - Instituto de Agronomia - Depto Fitotecnia, CEP 23851-970 Seropédica-RJ.

INTRODUÇÃO

De acordo com Kavati et al. (1998), aárea cultivada com maracujá-doce é esti-mada em cerca de 200ha, com uma produ-tividade média de 25 a 30 toneladas porhectare. Contudo, constatam-se plantioscom produtividade pelo menos duas vezessuperior à média.

Os frutos apresentam maior pico de co-mercialização em dezembro/janeiro. De abrila agosto, a oferta mantém-se alta e constan-te, podendo considerar dois picos menoresde comercialização em abril/maio e julho/agosto. Os períodos de menores ofertassão os de fevereiro/março e de agosto/no-vembro.

Nos picos de maio e julho, a quantidadede frutos, bem como o crescimento vege-tativo e a emissão de flores, é menor. Porém,a qualidade dos frutos produzidos é supe-rior, com uma maior quantidade comer-

Maracujazeiro doce:sistema de produçãoMarco Antônio da Silva Vasconcellos1

cializada de caixetas dos tipos 10 e 12. Pe-los dados apresentados, podemos inferiros picos de florescimento que ocorrerão70-80 dias antes da comercialização (emlocais/épocas do ano mais quentes estevalor será menor), sendo portanto o maiorpico de florada em setembro/outubro e ooutro menor de março/maio.

O maracujá-doce é comercializado dire-tamente do local de produção em caixetascom peso de fruto em torno de 3,5kg, onderecebem a classificação por tipo, ou seja, 9,10, 12, 15, 18, 21, 24 e 28, em função daquantidade de frutos que cabe nestas, oumesmo em caixas maiores para posteriorclassificação por tamanho.

Para o consumidor, o preço da fruta va-ria de R$ 10,00 a R$ 2,00/kg, com um preçomédio de R$ 2,50 a R$ 0,70/fruto, estandoesta variação em função da qualidade, épo-ca do ano e local de comercialização. Para

Resumo - Nos últimos cinco anos, o cultivo do maracujazeiro doce vem apresentandoaumento crescente em área de exploração comercial, bem como no seu volume co-mercializado. Contudo, assim como encontrado nas áreas de cultivo de maracujazeiroamarelo, em algumas regiões a exploração comercial do maracujazeiro doce apre-senta perda de longevidade/qualidade, o que acaba tornando-a economicamenteinviável. A pesquisa ainda está deficiente, no que se refere à busca de alternativas paraelevação desta longevidade/qualidade, com poucos trabalhos científicos realizadoscom esta cultura. Porém, devido a sua elevada rentabilidade, a experiência de algunsprodutores, associada às poucas informações disponíveis em literatura, possibilitou oaparecimento de diferentes sistemas (regionais) de produção, nos quais em função dealgumas particularidades são feitas adaptações que permitem não só viabilizar seucultivo, como também obter altas produções com boa qualidade. Algumas informaçõessobre aspectos gerais da planta do maracujazeiro doce, do seu manejo, dos principaisproblemas e, ainda, sugestões para uma melhoria na exploração comercial são aquiapresentadas.

Palavras-chave: Maracujá; Passiflora alata; Tratos culturais; Propagação; Doenças;Pragas.

o produtor, o preço médio pago é de, apro-ximadamente, R$1,00 a R$ 0,80/kg.

A variação de preço recebida pelos di-ferentes tipos de caixetas é grande, nasquais os dos tipos 10 e 12 recebem preçomédio 50% superior às do tipo 15, e estasrecebem valor 50% superior às do tipo 18que, por sua vez, diferem pouco do tipo21. Portanto, por este motivo, o produtordeve ter uma preocupação especial emrealizar as classificações por aspecto e ta-manho dos frutos ainda na propriedade,de forma que se obtenham maiores rendi-mentos em função dos preços diferencia-dos praticados para os diferentes tipos decaixetas.

Em nível de produtor, os relatos são deque no primeiro ano de produção cerca de60% a 70% dos frutos são dos tipos 10 e12, 15% a 20% dos frutos do tipo 15 e o res-tante do tipo 18 (aproximadamente 15%) e

Page 79: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .76 -80 , se t . /ou t . 2000

77A cultura do maracujazeiro

tipo 21 (de 10% a 5%). No segundo ano,observa-se uma alteração nessa distribui-ção, aumentando o número de frutos dotipo 15, com a redução da quantidade defrutos dos tipos 10 e 12. Esse fato, prova-velmente, é reflexo de uma deficiência nomanejo da cultura, com ênfase nos aspec-tos nutricionais, fitossanitários e de con-dução das plantas.

PROPAGAÇÃO

Atualmente, a propagação do maracu-jazeiro doce está sendo realizada, na suamaioria, por via sexuada, ou seja, por se-mentes. Contudo, existem plantios comer-ciais em que sua propagação é feita pormudas enraizadas de estacas ou por mu-das enxertadas. Nestes sistemas, as mu-das alcançam preços unitários superioresa R$ 1,00 e R$ 1,50.

A propagação através de sementes se-gue os mesmos padrões para a formaçãoda muda do maracujazeiro amarelo. Um de-talhe importante, neste tipo de propagação,é a rápida perda do poder germinativo dassementes do maracujá-doce como verifi-cado por Pereira et al. (1998), devendo estasser semeadas logo após a sua retirada dosfrutos e não ser armazenadas por um pe-ríodo relativamente longo (superior a seismeses). Pois, corre o risco de obter umabaixa porcentagem de germinação, bem co-mo uma germinação desuniforme.

Quanto à obtenção das sementes, estasdevem ser, preferencialmente, oriundas decruzamentos entre possíveis plantas sele-cionadas por vigor, produção e qualidadede frutos. Para obter uma maior unifor-midade e alta porcentagem de germinação,Vasconcellos et al. (1998) relatam que a re-tirada do arilo (mucilagem que envolve asemente), por meio de friccionamento dassementes com areia em uma peneira, possi-bilitou uma taxa de germinação de 86% eque a presença do arilo e o uso de métodospara removê-lo, como fermentação e liqüi-dificação, foram prejudiciais à germina-ção.

A propagação assexuada, tanto porestaquia como por enxertia, permite a ma-

nutenção das características produtivas ede qualidade dos frutos das plantas matri-zes, além de encurtar o período de juvenili-dade das plantas.

Para obter uma alta taxa de mudas enrai-zadas, a coleta de estacas é feita no inícioda primavera. Utilizam-se estacas da partemediana de ramos em desenvolvimento,com dois nós, onde logo abaixo do segun-do nó é feito um corte em bisel e faz-se oenterrio de um terço da estaca. Para o su-cesso da estaquia, é necessária a presençade uma folha no nó superior da estaca eda manutenção de uma umidade relativaalta no ambiente de enraizamento (nebu-lização). O substrato deve ser leve, livrede patógenos, utilizando-se normalmenteVermiculita, Plantmax ou mesmo areia. Asestacas devem ser tratadas antes do enter-rio em uma solução fúngica (por exemplo,Benlate 0,1% por um minuto). Após o pe-ríodo de enraizamento (30-40 dias), é feitoo transplantio para um recipiente (sacoplástico), até a muda atingir o desenvolvi-mento para ser transplantada no campo.

A enxertia ainda é um método em ava-liação. Contudo, os resultados iniciais têmmostrado que a enxertia de maracujazeirodoce em porta-enxertos de maracujazeirosamarelo e doce tem induzido altas produ-ções com frutos de boa qualidade. Os méto-dos de enxertia usuais, como inglês sim-ples, garfagem lateral e fenda cheia, têmmostrado bons resultados. Destes, a fendacheia tem induzido uma melhor formaçãodas mudas. Deve ser ressaltado que napropagação por enxertia, o tempo paraobtenção das mudas é maior, pois existea necessidade do crescimento do porta-enxerto até o momento da enxertia (diâmetro0,5cm) e que, consequentemente, espéciesque apresentam um crescimento mais len-to levam mais tempo para atingir o pontode enxertia, encarecendo o preço final damuda.

BIOLOGIA FLORAL EFLORESCIMENTO

Um conhecimento mais detalhado so-bre a biologia floral e o florescimento, de

qualquer espécie de Passifloraceae, é defundamental importância para obter umaboa produtividade e, conseqüentemente,melhor rentabilidade, por ser esse um dosprincipais fatores que podem reduzir signi-ficativamente a produção, se não for bemcompreendido e manejado.

Vasconcellos (1991) apresenta um es-tudo sobre a biologia floral do maracuja-zeiro doce, em que podem ser destacadasas seguintes informações:

a) as flores do maracujazeiro doce abrempor volta das 4h e 5h da manhã e,no dia seguinte após o fechamento,estas não mais se abrem;

b) presença de flores que apresentamdiferenças na curvatura do estileteem relação ao eixo das anteras, clas-sificadas por Ruggiero (1973), comodo tipo que apresentam o estiletetotalmente curvo (TC), apresentamcurvatura parcial do estilete (PC) enão apresentam curvatura dos esti-letes (SC);

c) as flores SC não apresentam frutifi-cação, quando polinizadas, mas for-mam grãos de pólen viáveis;

d) a flor TC apresenta maior porcenta-gem de pegamento de frutos do quea flor PC;

e) as flores apresentam auto-incompa-tibilidade e parece existir graus deincompatibilidade entre as plantas;

f) o tempo necessário para a colheitados frutos varia de 71 a 96 dias.

Em relação ao florescimento, Rossini(1977) constatou que em Jaboticabal-SP omaracujá doce floresce durante todo o ano,com um pico em janeiro/fevereiro, dimi-nuindo acentuadamente de maio a agosto,para voltar a aumentar a partir de setem-bro.

Em regiões de inverno mais acentuado,como Mogi das Cruzes-SP e Apucarana-PR, também ocorre florescimento do ma-racujazeiro doce durante todo o ano, di-ferentemente do maracujazeiro amarelo.Nesses locais, observam-se dois picos de

Page 80: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .76 -80 , se t . /ou t . 2000

78 A cultura do maracujazeiro

produção: um maior em dezembro/janeiro eoutro um pouco menor em março/abril.

Em cultivos comerciais, um dos fatoresque mais afetam o florescimento é o teor deumidade do solo, já que durante veranicosobservam-se menor florescimento e maiorqueda de botões florais e dos frutos.

PLANTIO E TRATOS CULTURAIS

Sistema de condução

A maioria dos cultivos de maracujá-doce é feita em pequenas áreas (0,5ha a1,0ha), utilizando o sistema de “latada” ou“parreira”. Neste sistema, ocorre uma me-lhor distribuição dos ramos, com poucosombreamento entre eles e, conseqüente-mente, obtêm-se alta produção e vinga-mento de flores e frutos, associado a umaelevada qualidade dos frutos. Contudo, adificuldade de realizar os tratamentos fitos-sanitários, associados ao elevado custo desua implantação, tem levado os produtoresa buscar outros sistemas de condução paraas plantas.

Devem ser levados em consideração,nesta busca, o grande vigor das plantas, aelevada susceptibilidade à bacteriose, àantracnose e a algumas pragas, bem comoao produto final a ser obtido, que é um frutopara ser consumido in natura, ou seja, comuma qualidade interna satisfatória e umaaparência externa sem manchas, perfura-ções e outros danos.

Neste aspecto, outros sistemas pode-riam ser utilizados quando associados auma programação de poda, de forma quepossa ser minimizado o efeito do cresci-mento excessivo, que leva a um elevadosombreamento e favorecimento de micro-clima para o desenvolvimento de pragas edoenças.

No emprego da poda, devemos lembrarque da axila de cada folha de maracujazeirosaem uma gavinha, uma gema florífera euma gema vegetativa e que naquelas axilasque já emitiram flor, não mais serão produ-zidas novas flores, podendo, contudo, bro-tar novos ramos produtivos. Ou seja, seum ramo possui dez folhas, potencialmente

poderão ser formadas dez flores e, conse-qüentemente, dez frutos e também dez no-vos ramos laterais produtivos.

Com base nos comentários anteriores,podemos aventar que a utilização do sis-tema de condução em espaldeira verticalcom um ou dois fios poderia ser viável, sefosse feito o controle do desenvolvimentodos ramos, evitando um crescimento de-sordenado e excessivo. Na prática poderiaser utilizado o sistema de condução dasplantas em “cortina”, proposto por Cereda(1991), para o maracujazeiro amarelo, noqual, teríamos o controle dos ramos emprodução e em crescimento na planta, oque facilitaria e aumentaria a eficiência dostratamentos fitossanitários, além de me-lhorar a aeração na linha de plantio e com avantagem de poder fazer uma previsão daprodutividade esperada, calculada pelonúmero de nós com possibilidade de emitirflores e a porcentagem de pegamento espe-rada, numa determinada área .

Outros sistemas poderiam ser adotados,tais como em “T”, em cruz , em “V” invertido,porém o comportamento produtivo e a rela-ção custo x benefício não foram ainda deter-minados. Esses sistemas teriam a vantagemde ser mais baratos e de certa forma melho-rar a aeração na linha de plantio.

Espaçamento de plantio

Nos plantios comerciais utiliza-se espa-çamento variando de 3m x 5m a 5m x 6m,dependendo da região de cultivo e do siste-ma de condução adotado. Nos plantiosem “latada” são utilizados espaçamentosmaiores, variando de 4m x 5m , 5m x 6m a até4m x 7m e 4m x 8m.

Para o maracujazeiro amarelo e prova-velmente para o doce, a redução do espa-çamento leva a um aumento na produçãopor área e a uma redução na produção porplanta, porém no caso do maracujá-docedevemos observar com muito cuidado oefeito destes espaçamentos na qualidadedos frutos produzidos.

Nos plantios comerciais, para se ter altarentabilidade, deve-se optar por uma den-sidade de plantio que permita produzir

frutos de alta qualidade e em grande quan-tidade.

No campo, observa-se uma variaçãode 1.000 a 330 plantas/ha, estando esta va-riação em função da região e do sistema decondução adotado. Por exemplo, se usa-mos o sistema de espaldeira vertical comum fio de arame e plantas conduzidas em“cortina”, o espaçamento entre as linhasestaria em função do tipo de manejo adota-do, se mecanizado ou não. Se for mecani-zado, teremos que ajustar o espaçamento àbitola do trator, ao passo que se for manual,o espaçamento mínimo seria de 2,50m a2,80m. O espaçamento entre as plantas,nesse sistema de condução, pode variarde 3,0m a 5,0m.

Fatores edafoclimáticos que favoreçamou não o desenvolvimento e crescimentodas plantas, o histórico da área quanto àocorrência de doenças, pragas e outros fa-tores também devem ser levados em consi-deração, quando da escolha do espaça-mento de plantio.

Atualmente, ainda não se têm informa-ções de pesquisa quanto ao melhor espaça-mento de plantio para o maracujazeirodoce. Os dados antes citados baseiam-seem experiência prática dos produtores e emsugestões de conhecimento do crescimen-to da planta, sem uma avaliação experi-mental.

Correção do solo

Esta prática cultural é fundamental pa-ra o crescimento e produtividade do ma-racujazeiro amarelo, o que nos leva a crerque o maracujazeiro doce possa ter o mes-mo comportamento ou ser mais exigen-te em termos de pH ou de uma relaçãoCa: Mg: K, visto encontrarmos com fre-qüência plantas adultas com sintomas dedeficiência de magnésio (Mg).

Um outro fato seria a presença de umamolecimento ou rachadura no ápice dosfrutos maduros. Esta característica tem umpeso importante no componente genético,uma vez que algumas seleções de maracujá-doce apresentam baixa porcentagem deocorrência do problema, porém em seleções

Page 81: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .76 -80 , se t . /ou t . 2000

79A cultura do maracujazeiro

em que o amolecimento é mais acentuado,este pode estar relacionado, com um dese-quilíbrio de macro ou micronutrientes (den-tre estes possivelmente cálcio (Ca) e boro(B) ou mesmo com as variações no teor deágua no solo.

Observa-se que, na prática, nos plantiosonde são feitas aplicações periódicas a cadadois a três anos de aproximadamente 1,0t a1,5t de calcário dolomítico por hectare, asplantas apresentam contínua produção defrutos com alta qualidade.

Nutrição e adubação

Quanto à nutrição e à adubação do ma-racujazeiro doce, são poucos os dados dis-poníveis na literatura, o que leva o produ-tor a adotar o mesmo padrão de adubaçãodo maracujazeiro amarelo, ou, então, naprática, o produtor faz uso das mesmasformulações aplicadas às outras culturas,visto ser o maracujá-doce cultivado comouma segunda ou terceira opção pelos pro-dutores.

Na literatura, são listados apenas doistrabalhos sobre nutrição mineral que en-volvem o maracujazeiro doce, sendo ambosconduzidos em solução nutritiva, que seavaliam em plantas jovens distúrbios nu-tricionais (Cereda et al., 1991) e marcha deabsorção de micronutrientes (Carvalho etal., 1996).

Como o maracujazeiro doce é uma plan-ta que apresenta um crescimento vigorosoe uma alta produção de frutos pesados,ocorre uma elevada extração e exportaçãode nutrientes. Apenas por este fato, pode-mos imaginar que uma das possíveis cau-sas da redução da qualidade dos frutos,

observada na seqüência das safras (proble-ma comum em nível de produtor), possaser a falta de nutrientes disponíveis paraas plantas em quantidades desejáveis.

Cereda et al. (1991) encontraram a se-guinte ordem decrescente de macro e micro-nutrientes nas folhas do maracujá doce:N>K>Ca>S>Mg>P e Fe>B>Mn>Zn>Cu(Quadro 1).

A marcha de absorção de micronu-trientes indicou um acúmulo crescente deboro (B), cobre (Cu), zinco (Zn) maior naparte aérea e de manganês (Mn) e ferro (Fe)no sistema radicular (Carvalho et al., 1996).

Poda

Esta prática cultural, normalmente, só érealizada no momento de dar a orientaçãodo crescimento das plantas em função dosistema de condução adotado. Não se têminformações técnicas para utilização dapoda com outras finalidades, porém estaprática deve ser incrementada. Observa-seque, em função do sistema de conduçãoadotado, a freqüência da poda deve ser di-ferente. Se o objetivo é cultivar o maracu-jazeiro doce no sistema em espaldeira ver-tical em “cortina”, a poda será feita comuma maior freqüência do que se for adota-do o sistema em “latada”, tendo em vista ovigor das plantas e a necessidade de osramos estarem sempre pendentes e sepa-rados entre si (eliminação das gavinhas).Já no sistema em “latada”, a poda será fei-ta para melhorar o arejamento e diminuir osombreamento entre os ramos (na prática,dentro do plantio deve ser possível ver aclaridade do Sol, não podendo ser total-mente fechado).

Após a planta atingir o estádio adulto,recomenda-se a poda dos ramos próximosao solo, de forma que estes fiquem pelomenos a 40cm distantes do solo, com obje-tivo de reduzir a contaminação de ramos efrutos por patógenos presentes no solo.Também observa-se, no caso de utilizaçãode sistemas de condução em espaldeiravertical, que as flores na parte mais baixadas plantas não são muito visitadas pelospolinizadores e que também seriam de difí-cil polinização artificial, além disso os frutosformados apresentam baixa qualidade exter-na por estarem em contato com o solo (es-barram no chão).

Irrigação

Ainda não há dados sobre a respostado maracujazeiro doce à irrigação, porém énotório seu comportamento em condiçõesde estresse hídrico, em que tanto plantasjovens como adultas ficam rapidamentecom as folhas caídas (aspecto de murcha)e paralisam seu crescimento. Quando irri-gado, o maracujazeiro doce apresenta umcrescimento praticamente constante, comprodução de frutos de boa qualidade.

Devido a sua alta susceptibilidade àbacteriose e à antracnose, deve-se evitar ouso de um sistema de irrigação que favo-reça o acúmulo de umidade na parte aérea,preferindo o sistema de irrigação localizadosob copa.

Toalete dos frutos

A toalete é uma prática importante pa-ra obtenção de frutos com alta qualidadeexterna (Vasconcellos & Cereda, 1994).Realiza-se a remoção manual dos restos

Normais 3,33 3,13 1,60 0,50 0,42 0,23 172,33 57,67 20,00 18,00 7,67

Com deficiência 1,82 0,63 0,71 _ 0,20 0,085 123,33 12,67 12,67 _ 4,00

QUADRO 1 - Teores dos nutrientes em folhas normais e com deficiência

FolhasMacronutrientes

(%)

Micronutrientes

(ppm)

N K Ca S Mg P Fe B Mn Zn Cu

FONTE: Cereda et al. (1991).

Page 82: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .76 -80 , se t . /ou t . 2000

80 A cultura do maracujazeiro

florais 20 dias após o desenvolvimento dosfrutos, isto é, três semanas após aberturadas flores. Se a toalete for feita em frutosmuito jovens, no momento da retirada dosrestos florais podem ser causados danosna casca (soltar o tecido de revestimento)do pedúnculo.

O objetivo principal desta prática é evi-tar o aparecimento de manchas e danosna casca dos frutos, decorrentes da seca emorte dos restos florais, e também por açãode insetos que podem abrigar-se nos restosflorais remanescentes.

DOENÇAS

Atualmente, a bacteriose e a antracnosetêm sido os fatores limitantes para a explo-ração contínua do maracujazeiro doce emdeterminadas regiões, notadamente nosestados de São Paulo e Paraná.

Uma vez que a bactéria tenha sido cons-tatada na área de plantio, a sua dissemi-nação é rápida e o seu controle difícil. Nor-malmente, faz-se o controle preventivo comaplicações quinzenais de cúpricos e Agrimi-cina 500 ou Agrimaicin 500. Deve-se ter umcuidado extremo com o material utilizadonas operações de poda e outras que visamreduzir a disseminação da bacteriose noplantio.

Outras doenças como antracnose e cla-dosporiose também são importantes, de-vendo o produtor estar atento ao seu apa-recimento, visto ser o maracujazeiro docesusceptível a elas.

Com relação à morte prematura e fusa-riose, o maracujazeiro doce comporta-secom tolerância a estes problemas, com ten-dência a ser mais efetiva se utilizarmosmaterial nativo de P. alata como porta-enxerto.

Para o controle destas doenças nor-malmente faz-se a mesma recomendaçãoindicada para o maracujazeiro amarelo.

PRAGAS

As pragas que causam maiores danosao maracujazeiro doce são: mosca-das-fru-tas, mosca-dos-botões-florais e perceve-

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, J.G.; LOPES, P.S.N.; RAMOS,

J.D.; GONÇALVES, C.A.A. Marcha de

absorção de micronutrientes em mudas de

maracujazeiro doce cultivados em solução

nutritiva. In: CONGRESSO BRASILEIRO

DE FRUTICULTURA, 14, 1996, Curitiba.

Anais... Curitiba: Sociedade Brasileira de

Fruticultura, 1996. p.344.

CEREDA, E. Sistema de poda do maracuja-

zeiro. In: SÃO JOSÉ, A. R. (Ed.). A cultu-

jos. Ocasionalmente, podem-se observarproblemas com ácaros, trips, afídeos (veto-res de viroses), coleópteros, abelha-arapuáe até mesmo morcegos.

Nota-se uma grande preferência da mos-ca-das-frutas, da mosca-dos-botões-floraise de percevejos pelas plantas de maracuja-zeiro doce em relação às do maracujazeiroamarelo. Já o inverso é percebido para aslagartas desfolhadoras, onde estas, pratica-mente não são relatadas, causando danosao maracujazeiro doce, possivelmente pelapresença de algum composto químico con-tido em suas folhas.

COLHEITA

O ponto ideal de colheita do maracuja-zeiro é dado pela mudança da coloraçãoverde-clara para verde-amarelada no ápicedos frutos. Como esta espécie apresentafrutos climatéricos, a colheita nesta fasepermite que os frutos cheguem ao consu-midor sem apresentar danos e com colo-ração amarela e odor atrativos.

Os frutos são colhidos na planta, cor-tando-os e mantendo pelo menos 5cm dopedúnculo. Quando da seleção dos frutospor aspecto externo (danos, perfurações),faz-se a redução do pedúnculo rente ao fru-to.

Os frutos são então classificados porgrau de maturação e por tamanho, sendoclassificados em tipos, de acordo com onúmero de frutos contidos por caixetasde papelão . Comercialmente são obser-vadas caixetas que variam do tipo 10 ao ti-po 28.

ra do maracujá no Brasil. Jaboticabal:

FUNEP, 1991. p.89-108.

KAVATI, R.; D’EECKENBRUGGE, G. C.;

FERREIRA, F. R. Le maracuja doux: un

nouveau venu prometteur. Fruittrop, v.43,

p. 21-22, 1998.

PEREIRA, S.B.; VASCONCELLOS, M.A.S.;

ROSSETTO, C.A.V.; LOPES, H.M. Efei-

to do armazenamento e do tratamento com

biofertilizante na germinação de sementes

de maracujá doce (Passiflora alata Dryand.).

In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRU-

TICULTURA, 15, 1998, Poços de Caldas.

Anais... Poços de Caldas, Sociedade Brasi-

leira de Fruticultura, 1998. p.556.

ROSSINI, A.C. Características botânicas eagronômicas de plantas de Passiflora

alata Ait. (maracujá guassu) cultivados

em Jaboticabal. Jaboticabal: UNESP,

1977. 46p. Trabalho (Graduação) - Facul-

dade de Medicina Veterinária e Agronomia,

Universidade Estadual Paulista, 1977.

RUGGIERO, C. Estudos da floração e polini-

zação do maracujá amarelo (Passiflora

edulis f. flavicarpa Deg.). Jaboticabal:

UNESP, 1973. 92p. Tese (Doutorado em

Ciências) - Faculdade de Medicina Veteri-

nária e Agronomia, Universidade Estadual

Paulista, 1973.

VASCONCELLOS, M.A.S. Biologia floraldo maracujazeiro doce (Passiflora alata

Dryand.) nas condições de Botucatu-SP.Botucatu: UNESP, 1991. 99p. Tese (Mes-

trado em Agronomia) - Faculdade de Ciên-

cias Agrárias, Universidade Estadual Pau-

lista, 1991.

VASCONCELLOS, M.A.S.; CEREDA, C.

Cultivo do maracujá doce. In: SÃO JOSÉ,

A.R. (Ed.). Maracujá: produção e merca-

do. Vitória da Conquista-BA: UESB-DFZ,

1994. p. 71-83.

VASCONCELLOS, M.A.S.; PEREIRA, S.B.;

ROSSETTO, C.A.V.; LOPES, H.M. Re-

moção do arilo e superação da dormência de

sementes de maracujá doce (Passiflora alata

Dryand.) In: CONGRESSO BRASILEIRO

DE FRUTICULTURA, 15, 1998, Poços

de Caldas. Anais... Poços de Caldas, So-

ciedade Brasileira de Fruticultura, 1998.

p.558.

Page 83: Epamig ia 206-maracuja

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 1 , n . 2 0 6 , p . 8 1 - 8 5 , s e t . / o u t . 2 0 0 0

81A cultura do maracujazeiro

1Enga Agra, Dra, CATI – Casa da Agricultura de Itatinga, Praça da Bandeira, 265, CEP 18690-000 Itatinga-SP.2Bióloga, Dra, Pesq. UNESP - Centro de Raízes e Amidos Tropicais, Caixa Postal 237, CEP 18603-970 Botucatu-SP. E-mail: [email protected] Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTSM-FECD, Caixa Postal 33, CEP 37780-000 Caldas-MG. E-mail: [email protected]

���������

As mais recentes informações econômi-cas sobre a cultura do maracujazeiro relatamque esta fruta encontra-se em expansão noBrasil (Agrianual, 1999). Literatura especia-lizada reporta existir mais de 150 espéciesnativas (gênero Passiflora) de maracujazeirono país, das quais cerca de 60 produzem fru-tos, que possuem grande aceitação nomercado, tanto para industrialização, comopara consumo ao natural (Sato et al., 1992).

Embora o consumo de frutas frescasainda seja superior ao de produtos indus-trializados, o comércio de frutas processadasvem apresentando tendência de aumento nomercado nacional, em decorrência da me-lhoria qualitativa dos produtos ofertados,de maior número de mulheres trabalhandofora de casa e de pessoas que moram so-zinhas, bem como das facilidades cada vezmaiores de aquisição de produtos já prontospara o consumo (Amaro, 1997).

Somado a isso, a opção tecnológica pa-ra processamento e tratamento pós-co-lheita de frutas abriu novos mercados paracomercialização da produção, tais como aexportação de frutas tropicais e a indus-

�������������� ��������� �� ����������������

������� ���� 1

�� ���� ���� 2

������ ������� ����3

������ - A cultura do maracujazeiro vem despertando interesse como opção dediversificação de cultivo para pequenos e médios produtores rurais, que podemproduzir essa fruta para consumo ao natural, ou, ainda, submetê-la ao processamentoe industrialização, principalmente, na forma de sucos, polpa congelada, refrescos,doces, iogurtes, sorvetes e licores. Como subproduto da industrialização da fruta, égerado um resíduo sólido composto da casca e sementes, a ser utilizado na alimenta-ção humana e animal e também na produção de óleo e pectina. A parte aérea domaracujazeiro é amplamente reconhecida, pelas suas propriedades medicinais,representando mais uma opção de aproveitamento dos produtos e subprodutosprovenientes do cultivo do maracujazeiro.

Palavras-chave: Maracujá; Processamento; Industrialização; Suco; Resíduos.

trialização dos sucos.Os frutos do maracujazeiro podem ser

processados na forma de sucos, polpas,refrescos, doces, sorvetes, néctares e lico-res. O principal produto da industrializaçãodos frutos é o suco do maracujá, que, porser rica fonte de vitamina C (ácido ascór-bico), qualidade que somada ao aroma esabor agradáveis lhe permite amplas pos-sibilidades de introdução nos mercados na-cional e internacional (Sato et al., 1992 eOkoth et al., 2000).

Também a extração da polpa por pe-quenas indústrias e sua comercializaçãoatravés de embalagens congeladas, juntoàs redes de supermercados, lanchonetes ehotéis, têm alcançado um crescimento sig-nificativo com tendência desses setoresocuparem uma fatia expressiva do mercadointerno de sucos prontos para o consumo(Rizzi et al., 1998).

Como subprodutos da fabricação dosuco principalmente, é gerada uma grandequantidade de resíduos, representados pelacasca e sementes, os quais podem ser uti-lizados na alimentação animal, na produ-ção de óleo e pectina. Além disso, o gênero

Passiflora constitui exemplo já centenáriode planta integrante da flora medicinal, sen-do suas partes aéreas há muito empregadasno tratamento de excitações nervosas, an-siedade e insônia.

���� �����������������

O Brasil é, provavelmente, o maior pro-dutor mundial de maracujá, com uma pro-dutividade agrícola de 22t/ha, podendochegar a 45t/ha com a associação de irri-gação e polinização artificial (Agrianual,1998). O maracujá pode ser consumido innatura ou processado para a produção desucos, refrescos, doces e licores.

���

Os frutos colhidos completamente ma-duros apresentam suco, que por possuirsabor e aroma bastante agradáveis, cons-titui-se no principal produto da industria-lização do maracujá, no que se refere aoconsumo e à comercialização.

De acordo com Amaro (1997), a produçãode sucos nacionais que encontra maior ex-pressão no mercado internacional é prin-

Page 84: Epamig ia 206-maracuja

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 1 , n . 2 0 6 , p . 8 1 - 8 5 , s e t . / o u t . 2 0 0 0

82 A cultura do maracujazeiro

cipalmente a de laranja, uva, tangerina, limãoe maracujá, sendo que para este último, a parti-cipação brasileira no mercado internacionallimita-se à exportação do suco da fruta.

Segundo Sato et al. (1992), o suco domaracujá pode ser obtido em dois níveisde concentração: com 14º Brix ou prontopara beber, e com 50º Brix, na sua formaconcentrada. O rendimento industrial noprocessamento para o suco a 14º Brix é de30% (para cada tonelada de fruta pro-cessada são obtidos 300kg de suco) e parao suco a 50º Brix, o rendimento varia de 8%a 10%. Conforme relato de Mcguirre (1998)o rendimento em suco é de 5-10m�/fruto.Já De Marchi et al. (1999), através de dife-rentes experimentações, concluíram que orendimento médio em polpa de maracujá-amarelo foi de 31,4%, independente dos es-tádios de cor da casca da fruta.

Silva et al. (1997) fazem referência aoprocessamento de sucos e relatam que oscomponentes do sabor, aroma e cor das fru-tas estão localizados nas células do meso-carpo. Durante a moagem ou esmagamentodas frutas, a parede celular é rompida per-mitindo a extração do suco com substânciassolúveis das células. Conforme estes au-tores, no processamento de sucos, a adiçãocontrolada de enzimas facilita a extração, queaumenta o rendimento e reduz a viscosidade,facilitando a clarificação e melhorando a fil-tração, concentração e estabilidade doscomponentes.

Kwok et al. (1974) estudaram o conteúdode amido e o pH do suco de duas espéciesde maracujazeiro (Passiflora edulis f.flavicarpa e Passiflora edulis Simns) e osefeitos sobre as suas viscosidades. Con-cluíram que o suco do maracujá-amarelo(P. edulis f. flavicarpa Deg.) apresentoupH 2,8, amido 0,06% e menor viscosidadeem comparação ao suco obtido do mara-cujá-roxo (P. edulis Simns), que apresentoupH 4,2 e 0,74% de amido.

De acordo com o relato de Cecchi &Amaya (1981), uma característica que de-termina a preferência do consumidor porum determinado suco de frutas tropicais ésem dúvida a cor. Os carotenóides sãoresponsáveis por um gama de cores quevai do amarelo ao vermelho em frutas. Alémdisso, são precursores de vitamina A. En-tretanto, eles são facilmente degradados

pela ação do calor, luz e oxigênio, havendonecessidade de maiores cuidados no pro-cessamento de sucos. Cecchi & Amaya(1981) também determinaram e compara-ram a composição em carotenóides e o teorde vitamina A entre duas marcas de sucoprocessado de maracujá. Concluíram quenas duas marcas de suco avaliadas foramidentificados os seguintes carotenóides:2-caroteno, β-caroteno, ξ-caroteno, cis-neurospeno, γ-caroteno, licopeno, auro-cromo, criptocromo e auroantina. O pig-mento encontrado em maior quantidadefoi o ξ-caroteno. Comparando duas marcasavaliadas, uma apresentou o dobro de caro-tenóides e vitamina A.

Ainda em relação ao conteúdo de ca-rotenóides, Sepulveda et al. (1996) ava-liaram a época de colheita dos frutos produ-zidos no inverno e no verão, constatandoque o conteúdo de carotenóides foi maiornos frutos coletados no inverno (2,6mgβ-caroteno/100m� de suco), quando com-parado com os coletados no verão (1,7mgβ-caroteno/100m� suco). No que se refereao ratio (sólidos solúveis/acidez), este foide 3,5 nos frutos coletados no inverno ede 6,6 naqueles coletados no verão. Saenzet al. (1998) concluíram também que os fru-tos colhidos no final do verão (março-abril)apresentaram maiores teores de sólidos so-lúveis, amido, pectina e açúcar, consti-tuindo-se em um suco de melhor qualidade,quando comparado com o obtido de frutoscolhidos no inverno.

Mosca et al. (1999), trabalhando commaracujá-doce (Passiflora alata Dryand) etrês colorações de suco (laranja-escuro,laranja e laranja-claro), concluíram que osvalores encontrados para β-caroteno (pró-vitamina A) variaram de 571,04 µg/100g dematéria fresca no suco laranja-escuro, 297,00µg/100g no laranja e 226,94 µg/100g nolaranja-claro, inferindo que tais resultadospermitem utilizar a coloração do suco comoprimeiro parâmetro para a seleção de frutoscom maior teor de vitamina A (β-caroteno).

Sobre o conteúdo de ácido ascórbico,Roncada et al. (1977), avaliando sucos dediferentes frutíferas, vendidos em super-mercados da cidade de São Paulo, en-contraram valores de 1,6mg a 10,3mg ácidoascórbico/100m� de suco, para o suco demaracujá. Benedito et al. (1999), avaliaram

a polpa ao natural de frutos do maracu-jazeiro-do-campo (Passiflora giberti N.E.Brown) e encontraram teores médios devitamina C total entre 22,06 ± 1,52mg/100g,valores que, segundo estes autores, estãoacima da cota dietética recomendada paraadultos.

Além de ser consumido na sua formadiluída ou concentrada, o suco de maracujápode ainda ser preparado com mistura deproteínas do leite e iogurtes. No Brasil, Na-zaré et al. (1979) relataram que sucos defrutas enriquecidos com proteínas do leite,poderão constituir boa fonte nutricional eser utilizados na dieta habitual de adultose crianças, as quais muitas vezes tendem arecusar o leite, ao passo que aceitam refri-gerantes e sucos de frutas. Após diversostestes, estes autores observaram que o su-co de maracujá pode ser enriquecido com2,5% de proteína do soro do queijo semprejuízo da aceitação do produto pelo con-sumidor, inclusive com diminuição do pHdo suco, que era considerado muito ácidopor algumas pessoas.

Também Souza (1977) estudou o pro-cessamento de iogurtes contendo 3,5% desuco de maracujá, observando que o pro-duto final, depois de embalado, continha aseguinte composição: 17% carboidratos,2,8% proteínas, 2,1% lipídios e pH 3,8. Oiogurte produzido era cremoso, homo-gêneo, estável e apresentava um excelentesabor.

Segundo Gorski (1995), nos EstadosUnidos o iogurte processado com suco demaracujá tem grande aceitação pelo mer-cado consumidor, principalmente por in-cluir-se na gama de produtos que contémbaixo teor de açúcar e ser livre de gordura.

No Brasil, atualmente, encontra-se dis-ponível no mercado um produto que con-tém mistura de suco de maracujá comiogurte, contendo os seguintes ingredien-tes: iogurte natural desnatado (leite des-natado e fermentos lácteos), suco de ma-racujá reconstituído, açúcar, pectina econservante, sendo comercializado em em-balagem Tetra Pak (tipo longa vida).

������

Recentemente vêm sendo ampliadas asvendas e o consumo de néctares de frutastropicais, principalmente entre os consu-

Page 85: Epamig ia 206-maracuja

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 1 , n . 2 0 6 , p . 8 1 - 8 5 , s e t . / o u t . 2 0 0 0

83A cultura do maracujazeiro

midores das classes média e alta.Na produção de néctares de duas ou

mais frutas, é importante verificar a pro-porção que cada uma delas entra na suacomposição. A maior ou menor proporçãode um dos componentes determina o graude aceitabilidade do néctar, assim como,dependendo das características das frutasque entram na mistura, será a quantidade aser adicionada. De acordo com Salomón etal. (1977), frutas como o maracujá, quepossuem alta acidez e sabor penetrante, de-vem ser adicionadas em pequena quanti-dade como ingrediente da mistura, ouacrescidas de 50 partes de água para 34 depolpa, no caso de néctar simples. A alta aci-dez do maracujá, de acordo com estes au-tores, deve-se à presença de ácido cítrico,seu principal componente, que contribuicom 93%-98% da acidez que o caracteriza.

Salomón et al. (1977) estudaram tambémformulações diferentes para a composiçãodo néctar de mamão-maracujá, com o obje-tivo de avaliar organolepticamente a melhorformulação, concluindo que, após 180 diasde armazenamento, as frutas utilizadas, ma-mão e maracujá, apresentaram excelentescondições para ser misturadas em diferen-tes proporções na elaboração de néctares.As melhores formulações encontradasforam: 82,5% de mamão + 17,5% de mara-cujá e 87,5% de mamão + 12,5% de mara-cujá. Formulações com teores maiores que25% de maracujá foram consideradas muitoácidas.

���������������� �������� ������� ���������������������

A crescente busca de alternativas quepossam tornar economicamente viáveis ossistemas produtivos tem sido direcionadainvariavelmente para a utilização de sub-produtos agroindustriais. No processa-mento do maracujá para a produção do sucosão gerados dois importantes resíduossólidos, a casca ou bagaço e a torta de se-mentes, os quais apresentam diversas pos-sibilidades de uso.

���� !"��#��$���% �

A pectina ocorre em todos os tecidosvegetais e sua localização nas plantas mos-

tra que é predominantemente um constituin-te estrutural, juntamente com as celuloses ehemiceluloses. A denominação de substân-cias pécticas é empregada para designar umgrupo macromolecular coloidal complexo deácidos poligalacturônicos, contendo umagrande proporção de ácido anidrogalac-turônico ligados linearmente (Silva et al.,1997).

Silva et al. (1997) reportam que, quandoa fruta é moída, a célula se rompe liberandoa fase aquosa (suco) e a outra fração, cha-mada insolúvel, permanece ligada à paredecelular, compondo a polpa. Esta últimafração atua como agente espessante na fa-bricação de geléia, por outro lado dificultaa liberação de líquido, baixando o rendi-mento na extração de sucos.

A pectina vem sendo isolada tradi-cionalmente com propósitos comerciais, apartir da laranja e maçã como matérias-primas. Seu emprego principal tem sido naprodução de geléias, doces e na indústriafarmacêutica. A casca do maracujá apre-senta alto teor de pectina, podendo serconsiderada como fonte para extraçãodesse produto, cujo valor comercial é bas-tante conhecido (Junqueira Gutertzens &Sa-brasur, 1999). Além disso, a extração depectina da casca do maracujá representaum bom recurso para seu aproveitamentocomo subproduto da industrialização e pe-lo processo de extração ser econômico. O

QUADRO 1 - Composição química da casca e das sementes de maracujá-amarelo

Composição(%) Casca (A) Semente (B)

Matéria seca

Proteína

Extrato etéreo

Fibra

Fibra detergente neutro (FDN)

Fibra detergente ácido (FDA)

Hemicelulose

Celulose

Lignina bruta

Matéria mineral

Extrativo não nitrogenado

82,34

8,70

2,43

29,37

-

-

-

-

-

7,75

34,09

FONTE: (A) Ariki et al. (1977) e (B) Starling et al. (1997).

93,90

13,88

31,95

-

55,46

49,50

5,95

9,94

40,33

-

-

conteúdo médio de pectina da casca domaracujá é de 2%, havendo variações con-forme a espécie (Durigan & Yamanaka,1987).

Lima (1971/1972) estudou a extração depectina de três espécies de maracujá, ouseja, amarelo, roxo e gigante, a partir dascascas, as quais mostraram ser uma boafonte dessa substância, pois não só o ren-dimento foi considerado elevado, como aqualidade pôde ser comparável à das pecti-nas extraídas de outras fontes. Ainda, se-gundo este autor, a pectina proveniente domaracujá-roxo, por possuir um alto pesomolecular, serviria muito bem para a pro-dução de geléias, em igualdade de con-dições com a pectina cítrica, por exemplo.

��%&%'�!"�� ���&%(� ��!"�� %(�&

Os subprodutos agroindustriais, ge-rados em grandes quantidades em di-ferentes regiões do país, têm direcionadocada vez mais a sua utilização, através dediferentes trabalhos de pesquisa, os quaisbuscam alternativas para tornarem eco-nomicamente viáveis os sistemas de pro-dução agrícola.

A industrialização dos frutos do mara-cujazeiro, para obtenção principalmente dosuco, tem provocado o aparecimento degrandes quantidades de subprodutos ouresíduos, casca e sementes, que repre-

Page 86: Epamig ia 206-maracuja

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 1 , n . 2 0 6 , p . 8 1 - 8 5 , s e t . / o u t . 2 0 0 0

84 A cultura do maracujazeiro

sentam cerca de 65%-70% do peso do fru-to, dependendo da espécie (Durigan &Yamanaka, 1987) (Quadro 1).

Na alimentação animal, esses subpro-dutos já foram empregados em rações pa-ra crescimento e engorda de suínos comresultados satisfatórios. Nas rações debovino recomenda-se a utilização de até22% de polpa desidratada, indicando queo ingrediente foi palatável para esses ru-minantes (Ariki et al., 1977). Também Arikiet al. (1977), através de experimentaçõescom frango de corte, concluíram que se-mentes moídas e cascas desidratadas defrutos de maracujá-amarelo, poderiam en-trar como componente de rações balan-ceadas na fase de acabamento, em níveisde até 8%.

De acordo com Ariki et al. (1977) e Du-rigan & Yamanaka (1987), as sementes, porpossuírem um elevado conteúdo de ce-lulose e lignina (fibra bruta), devem ter seuuso com restrições na alimentação animal,principalmente para monogástricos.

Da mesma forma, Starling et al. (1997)avaliaram sementes de maracujá (Passifloraedulis), em ensaio de digestibilidade apa-rente em ovinos adultos alimentados comdietas contendo 8%, 16%, 24% ou 32% desementes e relataram que as sementes demaracujá por possuírem alto teor de óleo(32%) poderiam ser utilizadas na alimen-tação animal, por aumentarem a densidadeenergética da dieta e o consumo de energiatotal. Porém, concluíram que o nível de uti-lização da semente de maracujá como ali-mento para ruminantes é limitado, devidoao alto teor do extrato etéreo e lignina bruta,ocorrendo depressão na digestibilidadedos componentes fibrosos da dieta.

Rodrigues Filho et al. (1993) reportamque o rendimento do beneficiamento dosfrutos do maracujazeiro é de 60% de cas-ca, 30% de suco e 10% de sementes, o quejustifica a elevada produção de bagaço, uti-lizado parcialmente como combustível naindústria de processamento, ou ainda, paraadubação orgânica da cultura, após pulve-rização com solução de cal, na proporçãode 0,3kg de cal para 100kg de bagaço.

Rodrigues Filho et al. (1993) tambémanalisaram o bagaço não tratado e o bagaçotratado com cal e torta de sementes naalimentação animal, encontrando os se-

guintes resultados: 69,5% e 63,2% para adigestibilidade da matéria orgânica; 6,6% e5,4% para a proteína bruta e 8,6% e 8,8%para a lignina. Tais resultados levaram aindicações de que os resíduos são capazesde fornecer parte da energia exigida poranimais ruminantes, embora devam serconsideradas a acidez do material e as téc-nicas de manuseio que facilitem o apro-veitamento.

A torta de semente, embora com umvalor protéico de 14,7% e alto teor de fibradetergente neutro (FDN) de 85,83%, apre-sentou baixo coeficiente de digestibilidade(15,0%), justificado pela alta concentra-ção de cutina, composto químico indiges-tível que protege as sementes dos vegetais(Quadro 2).

Mais estudos são necessários, para queos subprodutos da industrialização do ma-racujá (casca e sementes) possam vir a serutilizados e recomendados em níveis e do-sagens adequados, na alimentação animal.

��%&%'�!"�� ���&%(� ��!"�)�(� �

Uma alternativa de aproveitamento dossubprodutos da industrialização do ma-racujá é a utilização na alimentação humana.

Cardoso et al. (1998) avaliaram o uso dacasca do maracujá-amarelo para a elabo-ração de compota. Os resultados demons-traram um produto final com equilíbrio noteor de sólidos solúveis, com cor, odor, tex-tura e aparência considerados satisfatórios,porém com um sabor um pouco amargo.

Junqueira Gutertzens & Sabrasur (1999)estudaram o uso da farinha da casca de

maracujá-amarelo como fonte de fibrasdietéticas, e concluíram que esta farinhapode ser utilizada no controle da diabetes,assim como de determinadas patologias,diante da confirmação de ser um sub-produto rico em pectina (fibra solúvel).

���� !"��#��*&����++� �%�&

As sementes do maracujá são con-sideradas como boa fonte de óleo essencialque pode ser utilizado nas indústrias ali-mentícias; de perfumes e aromas, prin-cipalmente (Bedoukian, 1980).

Gaydou & Ramanoelina (1983) estu-daram a composição do óleo de sementesde maracujá (Passiflora edulis, Passifloraedulis f. flavicarpa e Passiflora foetida), eobservaram a presença de 22% a 28% deóleo e que os ácidos graxos mais impor-tantes foram o linoléico (55-66%), oléico(18-20%) e o ácido palmítico (10-14%). Oconteúdo de ácido linolênico foi conside-rado baixo (0,8-1,1%).

Segundo Durigan & Yamanaka (1987),o óleo das sementes possui coloração ama-rela, sabor agradável e odor suave, com asseguintes características físico-químicas:baixa sicatividade, médio índice de sapo-nificação e baixa estabilidade, sendo susce-tível à rancidez oxidativa devido ao grandeconteúdo de ácido linoléico.

De acordo com Corrêa et al. (1994), umaindústria que processa anualmente 15 a 30mil toneladas de frutos gera como rejeito 90a 180 toneladas de sementes por ano. Vistoque o teor de óleo na semente está em tornode 27%, o rendimento teórico em óleo seriade 24,3 a 48,6 toneladas de óleo/ano.

QUADRO 2 - Constituintes da parede celular de subprodutos do maracujá (Passiflora edulis)

FONTE: Dados básicos: Rodrigues Filho et al. (1993).

NOTA: FDN – Fibra detergente neutro; FDA – Fibra detergente ácido; HEM – Hemicelulose;CEL – Celulose; LIG – Lignina; MS – Matéria seca.

SubprodutoFDN

(% na MS)FDA

(% na MS)HEM

(% na MS)CEL

(% na MS)LIG

(% na MS)

Bagaço

Bagaço + cal

Torta de semente

53,61

39,77

85,36

45,97

35,68

67,82

7,64

4,09

17,54

36,42

26,40

58,28

8,57

8,84

8,46

Page 87: Epamig ia 206-maracuja

I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 2 1 , n . 2 0 6 , p . 8 1 - 8 5 , s e t . / o u t . 2 0 0 0

85A cultura do maracujazeiro

��,��-���� �������.��,���

AGRIANUAL 98. Anuário Estatístico da Agri-cultura Brasileira. São Paulo: FNP Consultoria& Comércio, 1998. 481p.

AGRIANUAL 99. Anuário Estatístico da Agri-cultura Brasileira. São Paulo: FNP Consultoria& Comércio, 1999. p.287-293.

AMARO, A.A. Aspectos mercadológicos de fru-tas industrializadas. Informativo do Insti-tuto Brasileiro de Frutas, São Paulo, v.3,n.6, 1997.

ARIKI, J.; TOLEDO, P.R.; RUGGIERO, C.;OLIVEIRA, J.C. de. Aproveitamento decascas desidratadas e sementes de maracujáamarelo (Passiflora edulis f. flavicarpa Deg.)na alimentação de frangos de corte. Cien-tífica, Jaboticabal, v.5, n.3, p.340-343,1977.

BEDOUKIAN, P. Z. Perfumery and flavormaterials. Perfumer and Flavorist,Conecticut, v.5, n.2, p.1-22, 1980.

BENEDITO, W.S.; HIANE, P.A.; RAMOS, M.I.L.; RAMOS FILHO, M. M. Caracterizaçãofísico-química da polpa de frutos nativos doMato Grosso do Sul. In: SIMPÓSIO LATINOAMERICANO DE CIÊNCIA DE ALIMEN-TOS, 3, 1999, Campinas. Anais... Campinas:UNICAMP, 1999. p.27.

CARDOSO, R.L.; MATSUURA, F.C.A.U.;MACHADO, S.S. Casca do maracujá emcalda. In: CONGRESSO BRASILEIRO DEFRUTICULTURA, 15, Poços de Caldas.Anais... Lavras: Sociedade Brasileira deFruticultura/UFLA/EPAMIG, 1998. p.589.

CECCHI, H. M.; AMAYA, D.R. Carotenóides evalor de vitamina A em suco de maracujáprocessado. Ciência e Cultura, São Paulo,v.33, n.1, p.72-76, 1981.

CORRÊA, N.C.F.; MEIRELES, M.A.A.;FRANÇA, L.F.; ARAÚJO, M.E. Extração deóleo da semente de maracujá (Passifloraedulis) com CO

2 supercrítico. Boletim da

Sociedade Brasileira de Ciência e Tec-nologia de Alimentos, Campinas, v.14,p.29-37, 1994. Suplemento.

DE MARCHI, R.; MONTEIRO, M.; BENATO,E.A.; SILVA, C.A. Caracterização físico-química do maracujá amarelo (Passiflora edulisSimns. f. flavicarpa Deg.) em três estádios decor da casca. In: SIMPÓSIO LATINO AME-RICANO DE CIÊNCIA DE ALIMENTOS,3, 1999, Campinas. Anais... Campinas:UNICAMP, 1999. p.27.

DURIGAN, J.F.; YAMANAKA, L.H. Apro-veitamento de subprodutos da fabricação do

suco de maracujá. In: RUGGIERO, C. (Ed.).Cultura do maracujazeiro. Ribeirão Preto:Legis Summa, 1987. p. 202-209.

GAYDOU, E.M.; RAMANOELINA, A.R.P.Valorisation des sous-produits de l’industriedu jus des fruits de grenadille: compositionem acides gras et en stérols de l’huile desgraines. Fruits, Paris, v.38, n.10, p.699-703, oct. 1983.

GORSKI, D. Designing yoghurt. Dairy Foods,v.96, n.5/6, p.67-69, 1995.

JUNQUEIRA GUTERTZENS, S.M.; SA-BRASUR, A.U.O. Uso da casca do mara-cujá(Passiflora edulis f. flavicarpa Deg.) cv.amarelo como fonte de fibra na alimentaçãode ratos (Rattus novergicus) normais ediabéticos. In: SIMPÓSIO LATINO AME-RICANO DE CIÊNCIA DE ALIMENTOS,3, 1999, Campinas. Anais... Campinas:UNICAMP, 1999. p.72.

KWOK, S.C.M.; CHAN, H.T.; NAKAYAMA,T.O.M.; BREKKE, J.E. Passion fruit starchand effect on juice viscosity. Journal of FoodScience, Chicago, v.39, n.3, p.431-433,1974.

LIMA, D.C. de. Extração da pectina do ma-racujá. Coletânea do Instituto de Tecno-logia de Alimentos, Campinas, v.4, p.63-69, 1971/1972.

MCGUIRRE, C.M. Field performance andphenotypic variation of Passiflora incarnataL. in New York State. Hort-Science,Alexandria, v.33, n.2, p.240-241, 1998.

MOSCA, J.L.; VICENTINI, N.M.; LIMA, G.P.P.Teores de vitamina C, açúcares redutores e b-caroteno em função da cor do suco demaracujá doce (Passiflora alata Dryand). In:SIMPÓSIO LATINO AMERICANO DECIÊNCIA DE ALIMENTOS, 3, 1999,Campinas. Anais... Campinas: UNICAMP,1999. p.31.

NAZARÉ, R.F.R. de; TEIXEIRA, M.A.; CONDÉ,A.R.; COELHO, D.T. Adição de soro de queijoem pó para o enriquecimento do suco demaracujá. Revista Ceres, Viçosa, v.26,n.143, p.13-25, jan./fev. 1979.

OKOTH, M.W.; KAAHWA, A.R.; IMUNGI, J.K.The effect of homogenisation, sabiliser andamylase on claudiness of passion fruit juice.Food Control, Kidlington, v.11, p.305-311,2000.

RIZZI, L.C.; RABELLO, L.R.; MOROZINIFILHO, W.; SAVAZAKI, E.T.; KAVATI, R.Cultura do maracujá azedo. Cam-pinas:CATI, 1998. 54p. (CATI. Boletim Técnico,235).

RODRIGUES FILHO, J.A.; CAMARGO, A.P.;LOURENÇO JÚNIOR, J. de B. Evaluationof agroindustrial byproducts for feedingruminants. Manaus: EMBRAPA-CPATU,1993. 15p. (EMBRAPAA-CPATU. Docu-mentos, 7).

RONCADA, M.J.; WILSON, D.; SUGUI-MOTO,L. Concentração de ácido as-córbico emsucos de diversas frutas brasileiras e sua re-lação com preços e necessidades diáriasrecomendadas de vitamina C. Revista deSaúde Pública, São Paulo, v.11, n.1, p.39-46, 1977.

SAENZ, C.; SEPULVEDA, E.; NAVARRETE, A.;RUSTOM, A. Effect of harvest season onthe characteristics of purple passion fruit(Passiflora edulis Simns) and its juice. FoodScience and Technology International,New York, v.4, n.1, p.45-51, 1998.

SALOMÓN, E.A.G.; KATO,K.; DE MARTIN,Z.J.; SILVA, S.D. da; MORI, E.E.M. Estudodas composições (blending) do néctar de ma-mão-maracujá. Boletim do Instituto deTecnologia de Alimentos, Campinas, n.51,p.165-179, maio/jun. 1977.

SATO, G.S.; CHABARIBERY, D.; BESSAJÚNIOR, A. de A. Panorama da produção ede mercado do maracujá. InformaçõesEconômicas, São Paulo, v.22, n.6, p.17-31,jun. 1992.

SEPULVEDA, E.; SAENZ, C.; NAVARRETE, A.;RUSTON, A. Color parameters of passionfruit juice (Passiflora edulis Simns): influenceof harvest season. Ciência y Tecnologiade Alimentos, Santiago, v.2, n.1, p.29-33,1996.

SILVA, R.; FRANCO, C.M.L.; GOMES, E.Pectinases, hemicelulases e celulases, ação,produção e aplicação no processamento dealimentos: revisão. Boletim da SociedadeBrasileira de Ciência e Tecnologia deAlimentos, Campinas, v.31, n.2, p.249-260,1997.

SOUZA, G. de. Processamento de iogurtes comnovos sabores. Boletim do Instituto deTecnologia de Alimentos, Campinas, n.52,p.113-130, jul./ago. 1977.

STARLING, J.M.C.; RODRIGUEZ, N.M.;MOURÃO, G.B. Avaliação da semente demaracujá (Passiflora edulis) em ensaio dedigestibilidade aparente em ovinos - I: con-sumo de matéria seca e coeficientes de di-gestibilidade da matéria seca, fibra detergenteneutro, fibra detergente ácido, hemicelulosee celulose. Arquivo Brasileiro de Medici-na Veterinária e Zootecnia, Belo Hori-zonte, v.49, n.1, p.63-74, fev. 1997.

Page 88: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .86 -88 , se t . /ou t . 2000

86 A cultura do maracujazeiro

1Bióloga, Dra, Profa Instituto Educacional Oswaldo Quirino S.C. Ltda. - Faculdade de Farmácia, R. Brigadeiro Galvão, 540, CEP 01151-000 Barra Funda-SP.2Ecóloga, M.Sc., Doutoranda, UNESP - Rio Claro, CEP 13500-970 Rio Claro-SP. E-mail: [email protected]ção pessoal obtida através do Engenheiro Agrônomo Cirino Corrêa Júnior da EMATER-PR, em fevereiro de 2000.

INTRODUÇÃO

O homem necessita, para sua sobre-vivência, dos nutrientes presentes nosalimentos, sobretudo os de origem vegetal.Muitas plantas, além de apresentarem es-tes nutrientes, produzem substâncias comação medicinal, e o uso de muitas delas co-mo medicamento é um hábito adquiridopelo homem há mais de 5 mil anos. Algumasplantas têm seu efeito terapêutico já confir-mado cientificamente, outras ainda estãoem fase de pesquisa, enquanto muitas sãodesconhecidas dos cientistas, porém co-nhecidas e usadas pela população em geral.

O maracujá é uma planta que se encaixanessa categoria. Seu uso medicinal, segun-do Teske & Trentini (1997), já vem sendoverificado desde 1867, quando os estudosde um investigador norte-americano de-monstraram o grande interesse desta plantapara a medicina, como sedativo e antiespas-módico.

O nome Passiflora, pelo qual a planta éconhecida (nos países de língua inglesa,por exemplo, é passion flower), foi dadodevido à suposta associação simbólicaentre o arranjo numérico e anatômico desuas flores e os elementos da crucificaçãode Cristo. Assim, seriam os cinco estamesrepresentativos das cinco chagas, os trêspistilos para os três pregos e as cores bran-

O uso medicinal do maracujáCeli de Paula Silva1

Maria de Fátima Silva-Almeida2

Resumo - Os efeitos terapêuticos do maracujá (Passiflora spp.) ainda não estãototalmente comprovados cientificamente, entretanto, o seu uso como calmante écomum entre a população em geral. Dentre as espécies citadas, encontram-se Passifloraalata e Passiflora edulis (Sims.) e var. Verrucifera, mais comuns nas regiões do Brasil.Comprovou-se que o extrato de Passiflora edulis apresenta uma atividade depressorageral do sistema nervoso central. Efeito semelhante também foi verificado nas espéciesPassiflora incarnata e Passiflora alata. A forma de uso dos extratos e o método de secagemdas folhas influenciam a atividade destes.

Palavras-chave: Passiflora; Maracujazeiro; Uso terapêutico.

ca e púrpura, representando a pureza e adivindade (Killip, 1938).

Como a produção do maracujá está vol-tada atualmente muito mais para o mercadodo suco, o que se encontra em termos dematéria-prima para a produção de medica-mentos é um subproduto dessa produção,representado por folhas e ramos contami-nados por agrotóxicos e com muita sujeira,material este que é comprado indistinta-mente pela indústria farmacêutica.3

DESCRIÇÃO BOTÂNICA

Planta originária da América Tropical,o maracujá aclimata-se bem somente em re-giões temperadas, com temperaturas mé-dias de 270C e precipitação entre 800mm e1750mm por ano (Corrêa Júnior et al., 1994e Teske & Trentini, 1997). Essa denomina-ção, porém, compreende numerosas espé-cies do gênero Passiflora, da família Passi-floraceae. São descritas a seguir as espéciesmais comumente usadas:

a) Passiflora alata Dryand.: trepadei-ra com caule quase quadrangular,estritamente alado, glabro. Folhasoval-oblongadas ou ovais, agudas,glabras, de 11cm a 18cm de compri-mento e 8cm a 1cm de largura, pecíoloprofundamente sulcado na face su-perior, nas margens com duas a qua-

tro glândulas sésseis dispostas aospares; estípulas pequenas, foliáceas,duas a três vezes mais curtas queos pecíolos. Pedúnculos florais so-litários, axilares, unifloros. Florespendentes, sépalas subcarnosas,oblongo-obtusas, por fora verdes epor dentro avermelhadas; pétalasmais longas do que as sépalas e deforma semelhante, por fora alva-centas e por dentro vermelhas; frutoovóide ou piriforme, glabro, de 8cma 10cm de comprimento, na base eno ápice um tanto escavado (CorrêaJúnior et al., 1994).

b) Passiflora edulis Sims.: planta pe-rene, arbustiva, sarmentosa, alcan-çando 8m a 10m, quando se apoia emárvores altas. Caule grosso e torcido,casca parda, áspera e gretada. Folhassimples, alternas, trilobuladas, pal-minérveas, pecíolo curto com duasglândulas no ápice e estípulas muitopequenas; lobos dentados, largosna base e acuminados na extremi-dade, com nervação peninérvea.Flores grandes, brancas; tépalas emduas ordens: cinco formando o cáli-ce, de prefloração imbricada; péta-las - cinco e alternas com as sépalas;brácteas do invólucro serrilhadas,

Page 89: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .86 -88 , se t . /ou t . 2000

87A cultura do maracujazeiro

agudas e em número de três forman-do um falso cálice. Flores solitáriase axilares com pedúnculo curto. Fru-tos ovais ou oblongos, às vezes re-dondos, casca grossa e muito lisa,amarela na variedade flavicarpa. Se-mentes pequenas, cinza-escuras,achatadas e numerosas, imersas namassa sucosa do fruto (Castro &Chemale, 1995).

c) Passiflora edulis var. Verrucifera: tre-padeira robusta com folhas triloba-das, dentado-glandulosas nas mar-gens, de até 20cm de comprimento;flores solitárias, sobre pedúnculosaxilares, apresentam sépalas exter-namente esverdeadas e fortementecarenadas; baga globosa, mais oumenos glabra, arroxeada quando ma-dura, em outras variedades alaran-jada ou amarelo-áurea (Pio Corrêa,1984).

d) Passiflora quadrangularis L.: tre-padeira que apresenta gavinhas. Fo-lhas membranáceas, ovais, alternase oblongas, com até 20cm de compri-mento por 10cm de largura; floreshermafroditas e aromáticas, medindocerca de 10cm a 12cm de diâmetrocom pétalas de tom variável entre oróseo e branco. Frutos ovais, comaté 20cm de comprimento por 15cmde diâmetro, amarelos quando ma-duros (Martins, 1989).

Corrêa Júnior et al. (1994) indicam quesomente P. alata consta da FarmacopéiaBrasileira, obra que agrupa todas as plantasque, no Brasil, já foram estudadas do pontode vista farmacológico.

USO POPULAR

Várias são as obras que tratam do usopopular de plantas, de modo geral. Balba-chas (1957) recomenda o infuso de folhasde Passiflora quadrangularis em casos dealcoolismo crônico, asma, coqueluche, con-vulsão infantil, delirium-tremens, diarréia,disenteria, dor de cabeça nervosa, erisipe-las, úlceras, nevralgias, tétano, crises ner-vosas e neurastênicas, insônias e tossesde origem nervosa. Martins (1989) diz queas folhas são usadas como diurético, eme-nagogo, calmante, anticonceptivo e anti-febril; as raízes são empregadas comoantiinflamatório e anti-helmíntico. Explica,

ainda, que a planta também é usada contradiarréia, asma, insônia, dores de cabeça deprocedência nervosa e neurastenia.

Vale & Leite (1983) relatam que grandeparcela da população que vive no interior,utiliza o maracujá como tranquilizante.

Já sobre P. edulis, Castro & Chemale(1995) apontam ser esta uma planta empre-gada para insônia, convulsões, pânico eansiedade; enquanto que Martins et al.(1998) dizem que as folhas, sob forma deinfusão, são usadas contra inquietaçãonervosa, irritação freqüente e insônia. Deacordo com Silva et al. (1998) o infuso defolhas desta espécie é utilizado para o tra-tamento da depressão, insônia, dor decabeça e nevralgias.

P. alata foi enfocada por Corrêa Júnioret al. (1994) e Moresco & Oliveira (1995).Os primeiros autores relatam indicação po-pular do infuso das folhas como calmantee para insônia; no segundo trabalho asautoras citam o uso da infusão para ansie-dade, insônia e como calmante.

COMPROVAÇÃO CIENTÍFICA

A importância de pesquisas científicassobre o uso medicinal do maracujá, se-gundo Vale & Leite (1983), é principalmente,devido às diversas preparações comercia-lizadas tendo como princípio o extrato fluidoou etanólico de passifloráceas.

A espécie de maracujá Passifloraincarnata, segundo Masson et al. (1998),é indicada para ansiedade, insônia, hiper-tensão arterial, taquicardia, palpitações,mialgias. Esta espécie apresenta os seguin-tes princípios ativos: flavonóides, traçosde alcalóides indólicos, traços de heterosí-deos cianogênicos e traços de óleo essen-cial de composição ainda não definida.Estes mesmos autores afirmam ainda que adroga seca deve conter, pelo menos, 0,3%a 0,4% de flavonóides expressados comohiperosídeo e, pelo menos, 0,8% de flavo-nóides expressados em vitexina.

Nos Estados Unidos, em 1978, o Foodand Drug Administration (FDA), órgãoresponsável pela liberação de alimentos emedicamentos, declarou que não tinha re-cebido a validade científica para a Passifloraincarnata, para uso do extrato dessa plantacomo sedativo ou auxiliar em casos de insô-nia. Essa espécie também é conhecida comomaracujá e apresenta propriedades seme-lhantes àquelas encontradas nas outras

espécies do gênero Passiflora. SegundoTyler et al. (1988), é administrada geralmen-te na forma de chá das flores e frutos secos,sendo o extrato também empregado em vá-rios produtos farmacêuticos da Europa. Osconstituintes responsáveis pelo efeito anti-depressivo têm sido isolados, porém o FDAclassificou esta espécie como um produtonão seguro ou não efetivo.

Teske & Trentini (1997) afirmam quePassiflora alata apresenta os seguintesconstituintes químicos: alcalóides indó-licos; flavonóides; glicosídeos cianogê-nicos; álcoois; ácidos; gomas; resinas;taninos, agindo como depressor inespe-cífico do sistema nervoso central, o que re-sulta em uma ação sedativa, tranqüilizantee antiespasmódica da musculatura lisa.Indicam ainda que, devido à presença dapassiflorina, substância similar à morfina,relato também feito por Pio Côrrea (1984), éum medicamento de grande valor terapêu-tico como sedativo e que, apesar de narcó-tico, não deprime o sistema nervoso central.Seu uso diminui por instantes a pressãoarterial e ativa a respiração, deprimindo aporção matriz da medula, e ainda possuiefeitos analgésicos pelos quais é usadacontra nevralgias.

Vale & Leite (1983) verificaram que oextrato aquoso das folhas de maracujá temuma baixa toxicidade e que o extrato de P.edulis apresenta uma atividade depressorageral do sistema nervoso central.

Cunha et al. (1998) confirmaram a açãoansiolítica e sedativa de P. edulis, sendoesta atividade atribuída a diversos consti-tuintes, alcalóides e outros e, mais recente-mente, aos flavonóides. Trabalhando comessa espécie, estes autores confirmaram opotencial farmacológico da planta atravésda avaliação neurofarmacológica destescompostos, de forma que venha a estabe-lecer os mecanismos eventuais a mecanis-mos de ação destas substâncias.

Fazendo uma revisão de literatura so-bre a constituição química de espécies dePassiflora L., Pereira et al. (1998) obser-varam que as espécies Passiflora alataDryander e Passiflora incarnata L., pos-suem comprovada ação hipnótica/seda-tiva, devido à presença de flavonóides ede alcalóides, sendo a espécie Passifloraincarnata L. registrada como oficial naFarmacopéia Européia e a Passiflora alataDryander registrada como oficial na Farma-

Page 90: Epamig ia 206-maracuja

In forme Agropecuár io , Be lo Hor i zonte , v .21 , n .206 , p .86 -88 , se t . /ou t . 2000

88 A cultura do maracujazeiro

copéia Brasileira, indicando a folha comoa parte utilizada. Estes autores relatam ain-da que, a espécie P. edulis, utilizada parasucos, é usada como substituta da P. alata,fato que significaria fraude, já que não exis-tem trabalhos que comprovem o uso daespécie P. edulis como sedativo/hipnótico,demonstrando a necessidade do desen-volvimento de métodos analíticos paraidentificação e diferenciação das diferentesespécies de Passiflora.

O uso do maracujá é contra-indicadopara pessoas que apresentam hipotensão.É necessário o controle do uso das folhasna forma de chá, devido à existência deriscos de intoxicação cianídrica conse-qüente ao uso de doses exageradas e tam-bém a alguns efeitos colaterais que podemocorrer (Teske & Trentini, 1997).

O método de secagem das folhas temimportância na determinação da atividadedo extrato de P. edulis (Vale & Leite, 1983).Estes autores, ao examinar produtos à basede extrato de Passiflora, observaram quetodos utilizaram como material de origem,as folhas de P. quadrangularis. No entan-to esta espécie, por ser restrita no Brasil eter pouco interesse econômico, pode sersubstituída por P. edulis, que apresentaação semelhante ao da quadrangularis,no que se refere à potencialização do so-no induzido por pentobarbital. Vale & Leite(1983) verificaram, ainda, indícios de que oprincípio ativo de P. edulis seja de naturezaprotéica ou alguma molécula associada aproteínas.

COMERCIALIZAÇÃO DOMARACUJÁ PARA USO MEDICINAL

De acordo com Pedro Jovchlevich4, acultura do maracujá exige um grande inves-timento para sua estruturação. Afirma ain-da que as espécies mais cultivadas parafins medicinais são Passiflora edulis eP. alata, e que existe uma grande procurapor parte dos laboratórios que elaboramprodutos a partir de princípios ativos domaracujá. Mais de 100 toneladas por anode folhas secas são comercializadas paraeles. O valor pago ao produtor está emtorno de R$ 2,00/kg de folha seca. A produ-tividade alcança 1,5 tonelada/hectare e acolheita das folhas inicia-se com a pro-dução dos frutos (8 meses) e no outono.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BALBACHAS, A. As plantas curam. 5.ed. SãoPaulo: Mission, 1957. 422 p.

CASTRO, L.O. de.; CHEMALE, V.M. Plantasmedicinais, condimentares e aromá-ticas: descrição e cultivo. Guaíba: Agro-pe-cuária, 1995. 196 p.

CORRÊA JÚNIOR, C.; MING, L.C.; SCHEFFER,M. C. Cultivo de plantas medicinais, con-dimentares e aromáticas. 2.ed. Jabo-ticabal: FUNEP, 1994. 162 p.

CUNHA, A.P.M.A.; COLETA, M.; BATISTA,M.T.; COTRIM, M.D. Passiflora edulis SIMS;flavonóides e luteolina: ações neurofar-macológicas. In: SIMPÓSIO DE PLANTASMEDICINAIS DO BRASIL, 15, 1998. Águasde Lindóia. Resumos... Águas de Lindóia:[s.n.], 1998. p.92.

KILLIP, E.P. The american species of Passiflo-raceae. Field Museum of Natural History.Botanical Series, Chicago, v.19, 1938.

MARTINS, E.R.; CASTRO, D.M.; CASTELLANI,D.C.; DIAS, J.E. Plantas medicinais. Viço-sa: UFV, 1998. 220 p.

MARTINS, J.E.C. Plantas medicinais de uso naAmazônia. 2.ed. Belém: CEJUP, 1989. 107p.

MASSON, S.A.; GARCÍA, A.A.; VANA CLOCHA,B.V.; SALAZAR, J.I.G.S.; COBO, R.M.;MARTÍNEZ, C.A.; GARCÍA, J.E. Valdemecumde prescripción plantas medicinales:fitoterapia. 3.ed. Barcelona, 1998. 1148p.

MORESCO, P.M.; OLIVEIRA, L.N.P. Farmáci-as caseiras: plante saúde. Curitiba: Prefei-tura Municipal de Curitiba, 1995. 60p.

PEREIRA, C.A.M.; VILEGAS, J.H.Y.; LANÇAS,F.M. Estudo químico de espécies de PassifloraR.: revisão de literatura. In: SIMPÓSIO DEPLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, 15,1998, Águas de Lindóia. Resumos... Águasde Lindóia: [s.n.], 1998. p.201.

PIO CORRÊA, M. Dicionário das plantasúteis do Brasil e das exóticas cultivadas.Rio de Janeiro: IBDF, 1984. v.5.

SILVA, B.T.F.; NUNES, S.F.L.C.; FREIRE, S.M.F.Atividades depressora do SNC, analgésica eantiinflamatória do extrato etanólico de fo-lhas de Passiflora edulis. In: SIMPÓSIO DEPLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, 15,1998, Águas de Lindóia. Resumos... Águasde Lindóia: [s.n.], 1998. p.44

TESKE, M.; TRENTINI, A.M.M. Herbarium:compêndio de fitoterapia. 3.ed. Curitiba:Herbarium, 1997. 317p.

TYLER, V. E.; BRADY, L. R.; ROBBERS, J. E.Pharmacognosy. Philadelphia: Lea Febiger,1988. 519p.

VALE, N.B. do; LEITE, J.R. Efeitos psicofar-macológicos de preparações de Passifloraedulis (maracujá). Ciência e Cultura, v.35,n.1, p.11-24, jan. 1983.

GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Governador: Itamar Franco

SECRETARIA DE ESTADO DEAGRICULTURA, PECUÁRIA E

ABASTECIMENTOSecretário: Raul Décio de Belém Miguel

Empresa de Pesquisa Agropecuária deMinas Gerais - EPAMIG

PresidênciaMárcio Amaral

Diretoria de Operações TécnicasMarcos Reis Araújo

Diretoria de Administração e FinançasMarcelo Franco

Assessoria de MarketingLuthero Rios Alvarenga

Assessoria de Planejamento eCoordenação

Sebastião Gonçalves de Oliveira

Assessoria JurídicaMarcelo José Alves

Assessoria de InformáticaMauro Lima Baino

Auditoria InternaRonald Botelho de Oliveira

Departamento de PesquisaAntônio Monteiro de Salles Andrade

Departamento de ProduçãoJosé Braz Façanha

Departamento de Ações e DesenvolvimentoFrancisco Lopes Cançado Júnior

Departamento de Recursos HumanosDalci de Castro

Departamento de Patrimônio eAdministração Geral

Argemiro Pantuso

Departamento de Contabilidade e FinançasGeraldo Dirceu de Resende

Centro Tecnológico-Instituto de LaticíniosCândido Tostes

Geraldo Alvim Dusi

Centro Tecnológico-Instituto Técnico deAgropecuária e Cooperativismo

Maurício Antônio de Oliveira Coelho (Interino)

Centro Tecnológico do Sul de MinasGeraldo Antônio Resende Macêdo

Centro Tecnológico do Norte de MinasCláudio Egon Facion

Centro Tecnológico da Zona da MataDomingos Sávio Queiróz

Centro Tecnológico do Centro-OesteMiguel Celestino Paredes Zúñiga

Centro Tecnológico do Triângulo eAlto Paranaíba

João Osvaldo Veiga Rafael

A EPAMIG integra o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária, coordenado

pela EMBRAPA4Informação pessoal do Consultor do Sítio Ervas da Montanha, situado em Amparo (SP), em abrilde 2000.

Page 91: Epamig ia 206-maracuja
Page 92: Epamig ia 206-maracuja