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ANO 16 N o 190 AGOSTO 2010 R$ 9,90 www.empreendedor.com.br EMPREENDEDOR – CAÇADORES DE OPORTUNIDADES – ANO 16 N o 190 AGOSTO 2010 ISSN 1414-0152 Caçadores de oportunidades NORIVAL BONAMICHI E JARDEL MASSARI DÃO O EXEMPLO DE COMO ENRIQUECER FAZENDO O BEM PANORAMA: A INDÚSTRIA DE TI NO BRASIL RESPONSABILIDADE: INCLUSÃO DE DEFICIENTES R $ 9 , 9 0 AN O 1 6 N o 1 90 A GO ST O 2 0 1 0 w ww.empreen d e d or.com. b r EMPREENDEDOR CAÇADORES DE OPORTUNIDADES ANO 16 N o 190 AGOSTO 2010 ISS N 1414- 0 152 Gabriela Marques e Adriano dos Santos, da Infinity Games, de Florianópolis Estimular as competências empreendedoras desde os bancos Estimular as competências empreendedoras desde os bancos escolares é vital para que não se desperdicem boas chances escolares é vital para que não se desperdicem boas chances de negócio e cresça a geração de emprego e renda de negócio e cresça a geração de emprego e renda

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Edição n. 190 da revista Empreendedor, de agosto de 2010

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ANO 16 No 190 AGOSTO 2010 R$ 9,90

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EMPREENDEDOR – CAÇADORES DE OPORTUNIDADES – ANO 16 N o 190 AGOSTO 2010

ISSN

141

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52

Caçadores de oportunidades

NORIVAL BONAMICHI E JARDEL MASSARI DÃO O EXEMPLO DE COMO ENRIQUECER FAZENDO O BEM

PANORAMA: A INDÚSTRIA DE TI NO BRASIL RESPONSABILIDADE: INCLUSÃO DE DEFICIENTES

R$ 9,90

ANO 16 No 190AGOSTO 2010

www.empreendedor.com.br

EMPREENDEDOR

CAÇADORESDE

OPORTUNIDADESANO

16N o

190AGOSTO

2010

ISSN

141

4-01

52 Gabriela Marques e Adriano dos Santos,

da Infinity Games, de Florianópolis

Estimular as competências empreendedoras desde os bancos Estimular as competências empreendedoras desde os bancos escolares é vital para que não se desperdicem boas chancesescolares é vital para que não se desperdicem boas chances

de negócio e cresça a geração de emprego e rendade negócio e cresça a geração de emprego e renda

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EMPREENDEDORESNÃO DURMA NO PONTOPRODUTOS E SERVIÇOSDINÂMICALEITURA ANÁLISE ECONÔMICAAGENDA

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N E S TA E D I Ç Ã O

FÁBRICA DE EMPREENDEDORESFÁBRICA DE EMPREENDEDORESEmpreendedores bem preparados não iniciam negócios apenas por necessidade, eles buscam o aproveitamento das oportunidades. Isso ajuda a gerar empresas mais fortes e capazes de sobreviver no mercado, gerando renda e emprego, e distribuindo assim a rique-za na região. Conheça estratégias e exemplos de programas de estímulo às competências empreendedoras no sistema educacional, do ensino básico à pós-graduação, e em projetos sociais, e descubra o potencial transformador da semente do empreendedorismo.

32 | RESPONSABILIDADE SOCIAL

Inclusão especial Empresas com 100 ou mais funcionários são obrigadas

a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados, ou pessoas portadoras de deficiência. Tome o exemplo de empresas que venceram as dificuldades e descubra como se manter na legalidade.

36 | MERCADO

Lar doce larComo reflexo da expansão da construção civil e do

mercado imobiliário, aumenta a demanda por produtos e serviços de decoração e paisagismo, entre outros. Parte dessa procura vem da redescoberta da casa como espaço para bem viver e receber os amigos.

40 | PANORAMA

TI nacionalConheça a composição e atuação da indústria nacional

de software e serviços no mercado interno e externo, as tendências para o resto do ano e as medidas necessárias para estimular o crescimento das MPEs do setor. A princi-pal estratégia é se unir para não perder as oportunidades.

L E I A T A M B É M

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44 | VOZ DA EXPERIÊNCIA

Norival Bonamichi e Jardel MassariAmigos de infância criados no campo, Norival e Jardel abri-

ram, em 1987, uma pequena casa de produtos veterinários. Hoje a Ourofino Agronegócio fatura R$ 221 milhões.

16 | ENTREVISTA

Steve Hevesi, da AnimusO2O diretor da agência AnimusO2, especializada em consulto-

ria de shopper innovation, fala sobre como construir inovação no curto, médio e longo prazo para o cliente.

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A Revista Empreendedor é uma publicaçãoda Editora Empreendedor Diretor-Editor: Acari Amorim [[email protected]]

Diretor de Comercialização e Marketing:Geraldo Nilson de Azevedo[[email protected]]

Redação Editor-Executivo: Alexsandro Vanin [[email protected]] – Repórteres: Beatrice Gonçal-ves, Cléia Schmitz e Mônica Pupo – Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz – Projeto Gráfico: Oscar Rivas – Fotografia: Arquivo Empreendedor, Casa da Photo, Gabriel Schmidt, Lio Simas e PhotosToGo – Foto da capa: Lio Simas – Revisão: Lu Coelho

Sedes

São Paulo Diretor: Fernando Sant’Anna Borba – Executi-vos de Contas: Ana Carolina Canton de Lima e Osmar Escada Jr – Rua Sabará, 566 – 9º andar – conjunto 92 – Higienópolis – 01239-010 – São Paulo – SP – Fone: (11) 3214-1020/2649-1064/2649-1065 [[email protected]]

Florianópolis Executiva de Atendimento: Samantha Arend [[email protected]] – Av. Osmar Cunha, 183 – Ed. Ceisa Center – bloco C – 9º andar – 88015-900 – Centro – Florianópolis – SC – Fone: (48) 2106-8666

Escritórios Regionais

Rio de Janeiro Triunvirato Empresarial – Milla de Souza [[email protected]] – Rua São José, 40 – 4º andar – Centro – 20010-020 – Rio de Janeiro – RJ – Fone: (21) 2611-7996/9607-7910

Brasília Ulysses Comunicação Ltda. [[email protected]] – Fone: (61) 3367-0180/9975-6660 – Condomínio Ville de Montagne, Q.01 – CS 81 – Lago Sul – 71680-357 – Brasília – Distrito Federal

Paraná Merconeti Representação de Veículos de Comunicação Ltda – Ricardo Takiguti [[email protected]] – Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 – conjunto 3 – Boa Vista – 82560-460 – Curitiba – PR – Fone: (41) 3079-4666

Rio Grande do Sul Flávio Duarte [[email protected]] – Rua Silveiro, 1301/104 – Morro Santa Teresa – 90850-000 – Porto Alegre – RS – Fone: (51) 3392-7767

Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda – Hamilton Marcondes [[email protected]] – Rua Ribeiro de Brito, 1111 – conjunto 605 – Boa Viagem – 51021-310 – Recife – PE – Fone: (81) 3327-3384

Minas Gerais SBF Representações – Sérgio Bernardes de Faria [[email protected]] – Av. Getúlio Var-gas, 1300 – 17º andar – conjunto 1704 – 30112-021 – Belo Horizonte – MG – Fones: (31) 2125-2900/2125-2927

Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante – [[email protected]] – O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 118,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 10%, pagando somente R$ 106,92 à vista. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.

Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfi ca Editora CTP – Distribuição: Distribuidora Magazine Ex-press de Publicações Ltda – São Paulo

Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.brEditora: Carla Kempinski – Repórter: Raquel Rezende

Éinvestindo em educação, e no estímulo das competências empreendedoras dos brasi-leiros, de preferência desde o início da vida escolar, que

teremos empresários e trabalhadores capazes de firmar o Brasil no caminho do desenvolvimento sustentável. So-mente o empreendedor cria e aloca valores para indivíduos e para a socie-dade, sendo responsável pelo cresci-mento econômico e social de uma co-munidade, por meio da geração direta de emprego e renda, e também pelo aquecimento da economia local e do aumento da arrecadação de impos-tos. Além disso, intraempreendedores melhoram os resultados das empresas onde trabalham, identificando oportu-nidades e promovendo melhorias.

Empreendedores bem preparados iniciam negócios para aproveitar as oportunidades, e por esse e outros motivos suas empresas têm maiores chances de sobreviver no mercado. Nos últimos dez anos, cresceu o número de brasileiros que empreendem por opor-tunidade, segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor, e o núme-ro de micro e pequenas empresas que superam as difi culdades dos primeiros anos de vida, conforme estudo do Se-brae de São Paulo. E são justamente as micro, pequenas e médias empresas que geram a maior parte do emprego e boa parcela do PIB – Estado e grandes companhias procuram sempre reduzir os quadros de pessoal.

Mas o modelo de educação tra-dicional não propicia o desenvolvi-mento de aptidões empreendedoras. Primeiro prepara-se para o vestibular, depois para o mercado de trabalho. A repórter Beatrice Gonçalves foi atrás de exceções e apresenta na matéria de capa desta edição exemplos de programas inovadores em escolas, instituições de ensino superior e entidades sociais. Conheça empresários que nasceram da semente do empreendedorismo e ajudam a disseminar essa cultura e gerar renda e emprego em suas comunidades.

Alexsandro Vanin

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E M P R E E N D E D O R E S

Rogério Manske e Jerusa de Marchi

MERCADO EM ASCENSÃONascido em uma família de agricultores nos arredores de

Jaraguá do Sul (SC), o empresário Rogério Manske aprendeu desde cedo a cultivar alimentos. Hoje a propriedade da família abriga a sede da Vitalin, empresa especializada na industriali-zação de alimentos orgânicos e funcionais, fundada em 2006. Tudo começou por volta de 1998, quando Rogério conheceu Jerusa de Marchi, profi ssional do mercado exterior que se tor-nou sua sócia na Sun Products. No início, eles investiram em uma pequena operação de exportação de cogumelos medici-nais para o Japão. A partir de 2006, já com o nome Vitalin, a empresa expandiu sua atuação, explorando o valor nutritivo de alimentos como a linhaça dourada, a quinoa e o amaran-to orgânico, ainda desconhecidos no mercado brasileiro. Em março deste ano, Manske e Jerusa inauguraram uma nova planta fabril com 460 metros quadrados de área construída e capacidade para produzir 200 toneladas de alimentos por mês. O objetivo é dar conta de um crescimento de 32% em 2009, resultado que eles pretendem repetir em 2010. O faturamento no ano passado foi de R$ 3 milhões. www.vitalin.com.br

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Alexandre Otto

FOCO NO PLANEJAMENTOO empresário Alexandre Otto começou sua vida profis-

sional aos 14 anos, atuando como offi ce-boy. Não demorou muito para montar seu próprio negócio, uma microempresa de entregas rápidas. Mas ele queria mais e decidiu se dedicar à área de tecnologia da informação. Enquanto trabalhava como instrutor de cursos de tecnologia na Intercom Consultores, começou a graduação em Tecnologia da Informação na Fiap, em São Paulo. Dos 24 aos 35 anos ocupou diversos cargos no mercado de TI – de gerente de projetos a consultor de ven-das. Em 2005 decidiu voltar a empreender por conta própria e abriu a IPconnection, empresa focada em soluções integradas de TI. Hoje atende cerca de 60 clientes e espera crescer 40% neste ano em relação a 2009. Otto atribui o panorama de sua empresa às experiências adquiridas durante sua carreira pro-fi ssional. A IPconnection tem um índice de 90% de retenção e fi delização de clientes e integra soluções de fabricantes como Trend Micro, Avaya, Cisco Systems, Google, F5, Tandberg, entre outros. www.ipconnection.com

Daniela Marchetti

APOSTA CERTEIRA

Depois de um período de estudos em Londres, Da-niela Marchetti voltou ao Brasil determinada a abrir seu próprio negócio. Na bagagem, uma ideia: inaugurar a pri-meira escola bilíngue de Santa Catarina. Assim surgiu a Escola Internacional de Florianópolis, instalada no Centro da capital de Santa Catarina. O empreendimento come-çou com uma turma de três alunos. Seis anos se passaram e hoje já são 130 crianças e adolescentes, dos quais 20% estrangeiros. Com o crescimento, o espaço inicial fi cou pequeno e, neste ano, a escola ganhou sua segunda uni-dade, também no Centro de Florianópolis. E também já estão em andamento as obras da terceira unidade, que deve ser concluída para o ano letivo de 2011. Daniela é formada em Direito e tem MBA em Empreendedorismo Global e especialização em Gestão Financeira. Em Lon-dres fez um curso de especialização em escolas bilíngues na International School of London. www.eif.com.br

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E M P R E E N D E D O R E S

Hector Santos e Rariton Pasquini

NA ESTRADA DO SUCESSO

Amigos de infância, Hector Santos e Rariton Pasquini coman-dam o Grupo Pasquini & Santos, de São José do Rio Preto (SP), proprietário das marcas Acostamento (act) e Vicinal ( VCN). A empresa foi fundada há 18 anos, quando a dupla abandonou o emprego e investiu R$ 10 mil para alugar um pequeno galpão e começar a produzir camisas. A produção inicial de 200 uni-dades por mês era vendida a bordo de um Chevette no varejo de cidades do interior. “A gente dormia no car-ro e tomava banho em postos de gasolina”, lembra Hector Santos. O nome das marcas, aliás, tem re-lação direta com a situação do início do negócio. Com o sucesso das vendas, os amigos decidiram chamar um terceiro sócio, Antonino Pasquini, pai de Rariton, que investiu R$ 50 mil no negócio. Hoje o grupo tem uma fábrica de 7 mil metros quadrados que produz cerca de 1,2 milhão peças por ano. A comercialização é feita em três lojas próprias e em 2 mil pontos de venda multimarcas de todo o Brasil. A Acostamento atua no segmento de jeans, uma moda urbana voltada ao público masculino e feminino, de 18 a 28 anos. Já a Vicinal tem o visual mais arrojado e sua linha veste jovens de 15 a 25 anos. www.grupops.com

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Em 1990, o engenheiro civil Hum-berto Matesco foi convidado a se tornar sócio de uma empresa que prestava serviços de TI para a Brahma. Em vez de aceitar a sociedade, decidiu abrir o próprio negócio e atuar como parceiro. Assim surgiu a HBSIS, empresa de Blu-menau (SC) responsável pela solução de distribuição dos produtos AmBev em todo o País. “Com o dinheiro do Fundo de Garantia do meu antigo emprego e a venda do meu carro, consegui comprar um ar-condicionado, móveis, dois com-putadores e uma impressora. Foi assim que comecei, apenas com conhecimen-to sobre os sistemas e muita dedicação”, lembra Matesco.

Um ano depois foi a vez de ir atrás de um sócio, o economista João Luiz Kornely, profi ssional que tinha, na época, 12 anos de experiência em TI. Junto com o colega revolucionou o sistema de distribuição da AmBev. Em 1996, por uma necessida-

Ramon Fogeiro e Marcelo Fogeiro Asensio

CRESCIMENTO SÓLIDOOs irmãos Ramon Fogeiro e Marcelo Fogeiro Asen-

sio estão comemorando neste ano 15 anos do Grupo Eurodata, rede especializada em cursos de qualifi cação profi ssional. Eles abriram a primeira escola em 1995, na cidade de Guarulhos (SP). E desde então só viram os números de seu negócio multiplicarem. Após um ano a unidade já contava com 2,2 mil alunos matriculados e, antes mesmo de completar dois anos, a empresa já tinha quatro escolas. Com esse início para lá de promissor, não é de se espantar que, 15 anos depois, o Grupo Eu-rodata tenha 344 unidades em 20 estados brasileiros. O crescimento se intensifi cou ainda mais em 1999, quando Ramon e Marcelo resolveram testar o sistema de franchi-sing. Hoje a empresa é composta por 255 franquias e 89 unidades próprias. Os cursos, inicialmente focados em informática, abordam áreas como turismo e idiomas. A solidez no mercado é comprovada pelo marco de mais de 1,5 milhão de alunos formados. Por acreditar no pró-prio negócio, a Eurodata é a maior rede de franquias em número de unidades próprias. www.eurodata.com.br

João Luiz Kornely e Humberto Matesco

IMPULSO REVOLUCIONÁRIO

de de mercado, a cervejaria abriu o seu primeiro CDD (Centro de Distribuição Direta), já utilizando o sistema da HB-SIS. Em apenas quatro meses, a solução

ajudou a triplicar a fatia de mercado da empresa no Recife. Atualmente existem 60 CDDs em atividade, todos atendidos pela HBSIS. www.hbsis.com.br

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Empresas dão trabalho. Mas é para isso que existe o trabalho: para desenvolver empre-sas. A qualidade da empresa tem uma re-lação direta com a qualidade do trabalho. E o que garante a qualidade do trabalho é a qualidade da liderança. Daí que toda em-presa é um reflexo do seu líder. Pense nos tipos apresentados em seguida e imagine que empresas construiriam.

O solucionador de problemas

Seu modelo de gestão assemelha-se ao do jogador de tênis de mesa. Para cada ping, um pong. Sucessivamente, dias após dias, semanas após semanas, anos após anos. E para desenvolver uma só competência: a destreza com a raquete e a familiaridade com as bolas, quaisquer que sejam a velocidade, a po-tência e a trajetória.

A habilidade com a raquete, e com esse tipo de jogo, faz do solucionador de problemas um eterno patrocinador de problemas. Ele anseia por proble-mas a resolver! Por isso não se cansa de criá-los. Velhos e novos. Simples e

complexos. Afinal, é como ele ocupa seu tempo.

Uma boa referência para identifi car o solucionador de problemas é o conjunto

de providências que sempre chama a si, desde o expediente corriqueiro de assi-nar os cheques até a pilotagem diária do fl uxo de caixa. É aí que o solucionador de problemas exerce o comando e o contro-le. Cada voucher ou planilha é um pong, cada raquetada é um ping.

Suas conversas diárias sempre têm espaço para frases como: “O mar não está para peixe”, “É preciso matar um leão por dia”, “Ai Jesus!”. Desarvorados, todos os que trabalham com ele correm de lá para cá e de cá para lá apagando incêndios. Junto com ele, claro.

Então, sob o comando do soluciona-dor de problemas existe uma legião de subordinados geradores de problemas. Afinal, sem eles, o modelo de gestão sucumbe e o líder não terá com que se divertir.

O construtor

Está sempre ligado às demandas do cliente. Seu papel é construir a melhor oferta. Algo que o cliente verdadeira-mente valorize.

O interesse pelo cliente fará com que se sinta curioso e disposto a desvendar as necessidades dele. Com isso, será ca-paz de elaborar o melhor produto. Para

CADA LÍDER TEM A EMPRESA QUE MERECE

Sob o comando do solucionador de problemas existe uma legião de subordinados geradores de problemas. Afinal, sem eles, o modelo de gestão sucumbe e o líder não terá com que se divertir

N Ã O D U R M A N O P O N T O

tanto, sabe que terá de desenvolver, na equipe, competências em qualidade.

Na ânsia de compreendê-lo mais ainda, o construtor vai além. Quer criar, também, um portfólio de serviços. En-tão, será necessário gerar outras compe-tências. Excelência é palavra que começa a fazer parte do vocabulário de todos.

O interesse pelo cliente e a curiosi-dade por suas necessidades vão se trans-formando em compromisso. É de onde advém a paixão pelo cliente. Nesse está-gio, o construtor muda o seu enfoque. Pensa menos em porcas e parafusos e mais em beleza e estética. Menos em funcionalidade e mais em design. Me-nos em eficiência e mais em elegância.

Construção remete à engenharia, mas, nesse contexto, trata-se de arqui-tetura. Focada mais nos aspectos emo-cionais do que nos racionais. É que de tanto se ligar no cliente, o construtor descobriu que toda decisão de compra é mais emocional do que racional. Por isso, deixa o cliente andar pelo jardim inacabado do edifício. Depois, seguindo os rastros, pavimenta o trajeto.

Nessa empresa, as pessoas que-rem conversar sobre as descobertas, os aprendizados, os novos conhecimentos, as novas ideias. É aí que estão as aten-ções e as intenções.

O cultivador

Desapegou-se da pecha de proprie-tário. E isso muda consideravelmente a qualidade da contribuição que conse-gue dar à empresa. Ele não é mais a em-presa e muito menos o cargo. Não está mais sentado na cadeira que limita o raio de visão. Não pensa mais em liderar um negócio ou uma empresa. A tomada de consciência e a visão mais sistêmica fizeram com que compreendesse que é responsável por todo o holograma.

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Entenda por holograma o am-biente onde a empresa está inserida e onde interagem os vários agentes que fazem o negócio funcionar: clientes, fornecedores, funcionários, concor-rentes, investidores, etc.

O cultivador reconhece que o ho-lograma é o espaço em que as energias se encontram para fazer algo aconte-cer. Esse espaço poderá ser preenchi-do com ruídos dissonantes (relações ganha/perde ou perde/perde) ou com vozes harmoniosas (relações ganha/ganha). O cultivador sente-se respon-sável pelo holograma e quer contribuir com ele. É ali que pretende produzir riquezas. Esse é o jardim que precisa ser cultivado.

Na empresa liderada pelo culti-vador, almas felizes conversam sobre como fazer outras almas felizes.

Estágios

Esses tipos são estágios por onde trilha a liderança. É possível reconhe-cer o modelo mental de escassez nas

práticas do solucionador de proble-mas. Luta pela sobrevivência, da qual é vítima. E isso só vai mudar quando ele trocar a raquete pelo cliente.

por Roberto Adami TranjanEducador da Cempre

Conhecimento & Educação Empresarial(11) 3873-1953/www.cempre.net

[email protected]

Depois, como construtor, existe uma transição do modelo mental de escassez para o da abundância. A luta pelo sustento começa a dar lugar à busca da riqueza.

Finalmente, o cultivador. Aquele que compreendeu que o sol nasceu para todos e cada um tem o seu espa-ço no jardim maior.

Cada líder tem a empresa que me-rece ou cada empresa tem o líder que merece. A relação é direta e inversa. E aí está o maior desafio do líder. Mudar a empresa enquanto muda a si mes-

mo. Ou mudar a si mesmo enquanto muda a empresa.

Essa é a única mudança que, efeti-vamente, dá certo!

Aí está o maior desafio do líder. Mudar a empresa enquanto muda a si mesmo. Ou mudar a si mesmo enquanto muda a empresa. Essa é a

única mudança que, efetivamente, dá certo!

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por Beatrice Gonç[email protected]

Quando o consumidor entra em uma loja é o momento ideal para o varejista observar. Ver por qual porta ele costuma entrar, que corre-dor percorre, como se comporta, o que chama a atenção dele e o que de fato costuma com-prar. Atos que podem parecer banais, mas que podem dizer muito sobre o comportamento do consumidor, principalmente na hora da com-pra. Por mais que os clientes entrem no es-tabelecimento com uma noção do que preten-dem comprar, 70% das decisões de compras são feitas no próprio ponto de venda – é o que revela a pesquisa Deloitte Consulting sobre o comportamento dos shoppers, os comprado-res. O que significa que apresentar os pro-dutos de forma atraente no local pode ser um

fator decisivo. Varejistas e marcas atentas a isso conseguem entender melhor seus clien-tes e, com isso, aumentar as vendas.

E para chamar a atenção dos consu-midores não basta apenas pensar em preço e embalagem. Para Steve Hevesi, diretor da agência AnimusO2, especializada em consul-toria de shopper innovation, as marcas e os varejistas precisam saber simplificar a vida do cliente, promover experiência de compra e entender que fatores externos como a po-luição sonora e a visual dos locais em que os produtos estão sendo expostos também podem afetar as vendas. O especialista con-sidera importante fazer pesquisas nos pontos de venda para entender a relação entre as marcas e os clientes, mas ao invés de só fazer perguntas diretas aos consumidores através de um questionário, Hevesi sugere que sejam

feitas observações sobre o comportamento deles. Para realizar esse trabalho, ele propõe o uso do shopper marketing – um serviço es-pecializado em entender como o consumidor age nos pontos de venda.

A AnimusO2 oferece o serviço de consul-toria em shopper marketing há um ano e du-rante esse período já prestou assessoria para grandes marcas como Brahma, C&A, Esso e Johnson & Johnson. O serviço consiste em avaliar as estratégias adotadas pelas empre-sas nos pontos de venda, verificar por meio da observação direta nos estabelecimentos se aquilo que as marcas imaginam que acontece no ponto de venda de fato acontece, entender como o produto é visto em meio a outros con-correntes e, a partir disso, elaborar soluções que atendam às necessidades da empresa e promovam a marca.

Shopper marketing procura entender o comportamento do consumidor no local e momento da transação

Steve Hevesi

O ESTOPIM DA COMPRA

E N T R E V I S TA

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Dois terços das compras são feitos por impulso, o que indica que a lealdade

do consumidor ao varejo, a uma marca ou a uma loja costuma ser muito baixa

marca pretende resolver. Nosso trabalho é investigar o posicionamento da marca no ponto de venda, detectar problemas e desenvolver soluções para melhorar o posicionamento dela. Assim que ela-boramos uma nova estratégia de ação, testamos para ver se funciona, fazemos uma espécie de prototipagem, para só depois implementá-la.

Qual é o perfil das empresas que costumam procurar esse serviço?

Hevesi – Não há um único perfi l. Nós já trabalhamos com a Esso em um projeto para entender e otimizar a efetividade da comunicação em um posto de gasolina e com os produtos da Johnson & Johnson vendidos em farmácias. Já fi zemos trabalho também para a Dicam, que vende produtos para bebês, como bolsas, copos e babado-res; e para a Amanco, que vende tubos e conexões. É todo um trabalho voltado para o varejo, mas não há um ramo específi co de atuação. A nossa consultoria pode ser pres-tada para vários tipos de negócios.

O que vocês costumam observar no ponto de venda e consideram um dos erros mais graves cometidos pelas marcas ou pelos varejistas?

Hevesi – O que observo é que nem sempre as empresas vão a campo ver o que ocorre. Muitas decisões são tomadas dentro de uma sala de reuniões. Se eu lhe mostrar um produto ou um material de divulgação em uma sala de reunião, fi ca tudo muito bonito, porque ali você não está enxergando o item entre todos os outros concorrentes. Além disso, você não está levando em consideração o lugar em que o produto vai ser exposto e, por conta disso, não leva em consideração a poluição visual e até sonora do ambiente. Uma coisa é você ver o produto na sua sala e outra é ver na bagunça do dia a dia, onde o consumidor vai comprar. Às vezes, uma gôndola bem colorida, mesmo estando perto do caixa, pode não estar destacando um produto. Há uma necessidade de en-tender melhor o que acontece com esse shopper no ponto de venda. A compra é um momento decisivo e a marca precisa es-tar preparada para fazer com que a pessoa queira adquirir o produto que ela vende.

Nesse caso, é importante fazer demonstrações do produto no ponto de venda?

consumidor ao varejo, a uma marca ou a uma loja costuma ser muito baixa. Por isso é importante compreender o comporta-mento desse comprador no ponto de ven-da para, aí sim, ver que tipo de ação que o varejista ou a marca pode fazer para que um consumidor compre um determinado produto, e não o de seu concorrente.

Na consultoria de shopper marketing oferecida pela AnimusO2, o que vocês costumam obser-var no ponto de venda?

Hevesi – Primeiro nós tentamos en-tender qual é a oportunidade que o clien-te que nos contratou tem. Qual é o seu problema, o que ele quer resolver, quanto espera crescer, ou seja, qual o objetivo que essa empresa tem. Tudo para que possamos entender o que acontece no processo de vendas dos produtos. Nós fazemos primeiro toda essa avaliação e depois vamos a campo observar se há bre-chas entre o que a marca diz que acontece no ponto de venda com o que realmente acontece. Nós tentamos entender como o consumidor se comporta no ponto de venda e trabalhamos para identifi car opor-tunidades para a marca.

Quanto tempo em média costuma levar essa análise no ponto de venda?

Hevesi – A gente trabalha até a so-lução do problema que o varejista ou a

O que é shopper marketing? Como ele pode mudar a relação entre as empresas e seus clientes?

Steve Hevesi – O marketing tradicio-nal está muito focado no comportamento do consumidor. As pessoas tentam enten-der como o consumidor pensa, como con-some, o que gosta ou o que não gosta. O shopper marketing é muito mais focado no consumidor quando ele se torna compra-dor e, dessa forma, trabalhamos para en-tender qual é o comportamento dele, por exemplo, dentro de um ponto de venda como um supermercado ou um shopping. A ideia é observar o que ele faz e que tipo de produto compra. Quando se fala em shopper marketing estamos nos referindo a um conjunto de ferramentas de marke-ting que são desenvolvidas a partir do co-nhecimento do comportamento do shop-per e que têm como objetivo fortalecer a marca e aumentar a taxa de conversão, ou seja, incrementar as vendas. Nosso trabalho complementa o marketing tradicional.

Como é feito o trabalho de análise do perfil do consumidor no ponto de venda através do shop per marketing?

Hevesi – Diferente das pesquisas tra-dicionais, as pesquisas de shopper marke-ting dependem de muita observação que pode ser feita no próprio ponto de venda, quando um especialista observa in loco o que acontece no ambiente ou por meio de fi lmagens. Tudo para ver como esse consumidor age no momento em que está comprando no ponto de venda. Muitas ve-zes, se você perguntar a um consumidor quando ele entra em um supermercado o que pretende comprar, ele pode lhe falar uma série de produtos, mas nem sempre vai comprar de fato. Se o pesquisador vol-tar a entrevistá-lo no fi nal das compras e perguntar o que realmente comprou, o que ele disse que ia comprar é diferente do que comprou.

Por que o consumidor tende a mudar de ideia quando está no ponto de venda?

Hevesi – A maior parte das escolhas por produtos ou marcas é feita nos pontos de venda. Há uma estimativa que diz que 70% das decisões de compra são feitas pou-cos segundos antes de realizar a compra. Dois terços dessas compras são feitos por impulso, o que indica que a lealdade do

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Hevesi – A maior parte das decisões é feita no ponto de venda. A melhor for-ma de lidar com isso é fazer com que as pessoas fi quem encantadas com o seu produto. Uma das formas de saber isso é perguntar para o cliente se ele recomen-daria esse produto a outra pessoa. Mesmo diante da grande variedade de produtos disponíveis, não são muitos os itens que as pessoas recomendam. Se for feita uma pesquisa é possível perceber que a maior parte dos produtos utilizados – se fossem avaliados pelo consumidor – estaria na coluna do meio, ou seja, eles são interes-santes, mas não têm nada de especial. O que as empresas precisam fazer é tentar conseguir desenvolver produtos maravi-lhosos. Nos últimos dez anos a Apple tem feito isso com muito sucesso. A Apple aca-bou de lançar o iPhone 4 e imediatamente uma fi la de consumidores se formou para comprá-lo. Isso é ter um consumidor fi el.

Como se dá o trabalho da AnimusO2 após a observação in loco no ponto de venda para ela-borar soluções para os clientes?

Em toda a nossa consultoria utiliza-mos o processo de design thinking como forma de trabalhar. Um conceito que começou a ser usado pelas empresas de design e que foi ganhando espaço no de-senvolvimento dos negócios. Esta é uma metodologia que busca entender os pro-blemas de uma forma mais holística, mais global. Dessa forma, procuramos tentar entender o processo de vendas como um todo, desde o desenvolvimento de um produto até o seu descarte. No processo de design thinking é comum utilizar as opiniões de equipes multidisciplinares para se encontrar soluções para os pro-blemas – e isso acaba por fazer com que a técnica se torne uma inovação centrada no ser humano. Design thinking diferen-te de um pensamento analítico ou do pensamento racional de um engenheiro é um processo criativo que cresce atra-vés da construção de ideias.

Hevesi – Demonstrações sempre são válidas. Mas é preciso levar em considera-ção que, dependendo do tipo de produto, isso sai muito caro. É difícil fazer demons-trações de produtos que são vendidos em 200 mil pontos de venda. É válido e fun-ciona, mas geralmente é uma ação muito limitada, depende do produto e o que você quer atingir com ele.

Há um fator decisivo que faça as pessoas com-prarem? Além do preço e da embalagem, que outros fatores costumam influenciar nesse momento?

Hevesi – Com certeza a força da marca é importante e o conhecimento que o consumidor tem sobre ela também é. Tudo isso é decisivo. Nosso trabalho é complementar todo o serviço feito pelo branding. Para entender o que infl uencia a venda é preciso saber o que ocorre no ponto de venda e cada produto precisa de um estudo específi co. Foi realizado um estudo recente com uma empresa que lançou diferentes sabores de uma geleia. Foram colocadas 24 variedades do produto no corredor de um ponto de venda e os pesquisadores mediram quantas pessoas efetivamente pararam para comprar a geleia. O número de compra foi algo em torno de 2% a 3% – o que considero muito baixo. Os funcio-nários da marca voltaram e, ao invés de 24 variações da geleia, colocaram apenas oito e, com essa pequena mudança, o nú-mero de compras aumentou para cerca de 8%. Este estudo mostra que muita va-riação acaba confundindo o consumidor. O importante é você oferecer produtos que o cliente quer, que se destaquem no ponto de venda e que simplifi quem o trabalho dos clientes. O consumidor é bombardeado diariamente com muitas informações em jornais, televisão, rádio e mesmo por e-mail. No ponto de ven-da é a mesma coisa. O consumidor não guarda tudo o que vê. Por isso é preciso se destacar para fi car na memória dele.

Como as marcas podem entender as necessi-dades dos clientes no ponto de venda?

Hevesi – Efetivamente, indo ao pon-to de venda e tentando entender quem

O que observo é que nem sempre as

empresas vão a campo ver o que ocorre. Muita

decisão é tomada dentro de uma sala de reuniões

LINHA DIRETA

Steve Hevesi: www.animus-o2.com

E N T R E V I S TA

compra o produto, como esse consumi-dor entra na loja, qual é a trajetória dele no ambiente. É preciso saber quem são os concorrentes que estão expostos ao lado do seu produto e o espaço que eles têm na prateleira. É preciso saber se o produto está bem exposto e se o consumidor con-segue visualizá-lo. A comunicação precisa também estar adequada ao consumidor para que ele possa entender rapidamente qual é o benefício daquele produto.

Isso quer dizer que as marcas precisam tra-balhar para facilitar a vida do cliente no ponto de venda?

Hevesi – É preciso sempre pensar em qual benefício eu pretendo passar para o meu consumidor. Tudo precisa ser passado de uma forma simples. A embalagem tem que transmitir as principais informações a respeito do item, o produto tem que estar visível e a marca destacada. Hoje é possí-vel perceber que muitos produtos estão fazendo o dever de casa e se preocupando com isso. Mas o que nós notamos é que são poucas as marcas que vão depois ao ponto de venda para ver como fi ca a exposição do seu produto em meio aos concorrentes.

Como tornar o cliente fiel à marca?

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Fábrica de empreendedores

Estimular as competências empreendedoras desde os bancos escolares é vital para o melhor aproveitamento de oportunidades e o aumento do emprego e da renda

por Beatrice Gonç[email protected]

Já foi o tempo em que se pensava que empreender era para aquelas pessoas que pareciam ter nascido para os negócios. Hoje em dia, programas de estímulo ao empreendedorismo mostram que a prá-tica pode ser ensinada e desenvolvida em qualquer idade e por qualquer um. E quanto mais indivíduos estiverem aptos a empreender, mais geração de renda, ino-vação e desenvolvimento para o País.

O estímulo tem dado certo. Só em 2009, 15% da população economicamente ativa do País, formada por trabalhadores de 18 a 64 anos, se dedicou a um negó-cio próprio, conforme a pesquisa Global

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Entrepreneurship Monitor mais recente (GEM 2009). E o melhor: o número de empreendedores por oportunidade cres-ceu 9,4% no País, enquanto o número de pessoas que empreendem por necessida-de – que é quando o trabalhador opta por empreender quando não há outras pos-sibilidades – registrou aumento de 5,9%. Nos últimos três anos, 18 milhões de pes-soas resolveram abrir uma empresa, o que representa mais da metade do total de 33 milhões de empreendedores brasilei-ros. Esse é o maior índice registrado nos últimos dez anos quando se avalia o em-preendedorismo em estágio inicial (TEA),

Adriano dos Santos e Gabriela Marques, da Infinity Games

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melhorar este último ponto, eles sugerem estimular programas para apresentar o mundo dos negócios a crianças e adoles-centes e promover parcerias entre as insti-tuições de ensino e as empresas.

Ensino do empreendedorismo

Para Fernando Dolabela, consultor da Fundação Dom Cabral e autor da pedago-gia empreendedora, o modelo de educa-ção tradicional não propicia o desenvol-vimento de aptidões empreendedoras porque retira do ensino escolar a possibi-lidade de promover a emoção. “Quando os jovens chegam à universidade, eles não se conhecem e não sabem o que gostam. Isso forma uma geração de pessoas perdidas. O aluno precisa entender que sonhar é um processo central em sua aprendizagem.”

O conceito de empreendedorismo desenvolvido por Dolabela vai além de apenas abrir uma empresa. Empreender para ele é sinônimo de sonhar, acreditar em algo e buscar torná-lo uma realidade. Por isso, propõe que a prática norteie a vida das pessoas desde cedo e considera que a escola tem um papel fundamental nesse processo. Isso porque ela pode ser uma das primeiras instituições a estimular as crianças a acreditarem em seus sonhos. “Empreendedor é alguém que sonha e busca transformar seu sonho em realida-

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que é quando a empresa aberta tem até 42 meses de funcionamento. A maior parte dos empreendedores brasileiros – o equi-valente a 70% do total – costuma investir na prestação de serviços voltados para o consumidor fi nal, e o principal motivo para a abertura do negócio é justamente apro-veitar uma oportunidade encontrada.

Nem mesmo a crise econômica dimi-nuiu o ritmo de crescimento da atividade no País. Em 2009, a taxa de empreendedo-rismo em estágio inicial no Brasil chegou a ser até maior do que a dos Estados Uni-dos, conhecido como um dos países mais empreendedores do mundo. Para Romeu Friedlaender, economista e membro da equipe do Instituto Brasileiro da Quali-dade e Produtividade (IBQP) responsável por realizar a pesquisa GEM no Brasil, o que se pode notar com o estudo é que houve nos Estados Unidos uma diminui-ção no número de oportunidades visíveis de negócios, enquanto que no Brasil isso não foi percebido. “O empreendedorismo ajudou o País a não sentir tanto a crise. Novos negócios criados ajudaram a man-ter o mercado dinâmico.”

A pesquisa GEM ouviu ainda 36 es-pecialistas brasileiros e, segundo eles, os principais entraves ao empreendedoris-mo no País são a falta de políticas gover-namentais gerais e de regulação e a baixa qualidade da educação básica no País. Para

Empreendedores por faixa etária

Custo paraabrir empresa

Professoras da rede municipal de Santa Rita do Sapucaí (MG) foram capacitadas para utilizar o conceito da pedagogia empreendedora nas aulas

Idade Taxa % Proporção %

18 a 24 13,5 20,8

25 a 34 17,9 31,7

35 a 44 18,7 28,2

45 a 54 14,4 15

55 a 64 6,5 4,3

Fonte: GEM 2009

Custo médio

Brasil R$ 2.038

Rússia R$ 559

Índia R$ 1.176

China R$ 280

Fonte: Firjan e CNI

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de. Um sonho que se sonha acordado e com uma concepção de futuro.”

Na pedagogia empreendedora pro-posta por Dolabela, o professor aprende a transformar a sala de aula em um espaço capaz de desenvolver o potencial empre-endedor de seus alunos. “O empreende-dorismo precisa de um contexto sóciocul-tural. A sala de aula é transformada nesse grande ambiente. Os professores apren-dem a criar esse espaço e a estimular o talento de seus alunos.”

Dolabela explica que por esse método as escolas podem criar disciplinas especí-fi cas de empreendedorismo ou fazer com que os conceitos sejam utilizados de forma interdisciplinar. O que há são duas pergun-tas básicas que devem nortear o trabalho: “Qual é o seu sonho?” e “Como você busca realizá-lo?”. “Quando nós preparamos as crianças para responder à pergunta ‘qual é o seu sonho?’, estamos dizendo que ela deve fazer aquilo que ela mais gosta e, as-sim, pedindo que descubra seus talentos.”

No Brasil, 2 mil escolas de 126 cida-des receberam capacitação para trabalhar com a pedagogia empreendedora. Santa Rita do Sapucaí, em Minas Gerais, foi uma delas. A cidade, conhecida como “Vale da Eletrônica” e considerada uma das mais empreendedoras do País, implementou a disciplina no currículo do ensino muni-cipal em 2009. Todos os 280 professores

da rede municipal receberam capacitação para estimular o empreendedorismo en-tre os estudantes da educação infantil até o ensino médio.

Mesmo com pouco tempo de imple-mentação, Norival Mendes, secretário mu-nicipal de Educação, diz que já é possível perceber nos estudantes mudanças de comportamento dentro e fora da sala. Ele considera que com as aulas de empreende-dorismo, os alunos estão mais críticos, cria-tivos e autônomos. “As empresas de nossa cidade produzem tecnologia de ponta para diversos países e nós não poderíamos dei-xar os estudantes fora deste contexto, desta realidade, já que um dos objetivos da edu-cação é a inclusão social. Com a pedagogia empreendedora, estamos preparando os alunos para os desafi os da vida e para se-rem autores de sua própria história.”

Vinícius Lima conheceu o empreen-dedorismo através da escola. Na 5ª série do ensino fundamental, participou do programa “Introdução ao Mundo dos Ne-gócios” no colégio em que estudava, em Porto Alegre. O curso oferecido é um dos 22 programas desenvolvidos pela Junior Achievement, organização que busca de-senvolver aptidões empreendedoras em estudantes do ensino fundamental e mé-dio em 124 países.

Quando estava no ensino médio, Lima participou de outro programa da entidade

– de formação de uma miniempresa, em que os estudantes passam pela experiência prática de montar uma empresa, fabricar produtos e vendê-los. Aos 15 anos, o alu-no e mais 20 colegas criaram uma empresa para fabricação de velas artesanais. “Através do programa miniempresa pude perceber minha aptidão na área comercial e aprendi a lidar com o público. Além disso, descobri a importância que os departamentos de marketing, fi nanceiro e relações públicas têm dentro de um negócio.”

Quando terminou o ensino médio, Lima resolveu investir ainda mais em sua aptidão empreendedora. Passou a cursar Adminis-tração e Marketing e resolveu abrir sua pró-pria empresa, a Shock, produtora de even-tos especializada em formaturas escolares. “No começo, ter a minha independência fi nanceira era um dos objetivos principais com este negócio; aos poucos isso foi se materializando e então passei a sonhar mais alto e a buscar transformar a Shock na maior empresa do segmento no estado.”

Hoje com 23 anos, Lima se divide en-tre o trabalho na Shock e o de adviser na Junior Achievement de Porto Alegre, onde costuma participar de programas da enti-dade contando a sua história para outros jovens. “Através da minha empresa consigo dizer com total propriedade: ‘Galera, nós podemos. Olhem aí, eu tinha 17 anos quan-do sonhei em organizar uma festa. Tirei

Alunos de 2 mil escolas brasileiras conheceram o conceito de Dolabela:

“Empreendedor é alguém que sonha e busca transformar seu sonho em realidade”

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Vinícius Lima, da Shock, conheceu o empreendedorismo na 5ª série e aos 17 anos abriu sua primeira empresa

isso do papel e criei uma empresa que hoje é a maior no segmento de formaturas de ensino médio no Rio Grande do Sul’.”

Assim como Lima, cerca de 2 milhões de estudantes brasileiros já participaram de programas da Junior Achievement. Só em Santa Catarina a entidade tem parceria com 78 escolas e 12 projetos sociais, onde cerca de 20 mil crianças e adolescentes, da 4ª série até o ensino médio, participam por ano de 13 programas de capacitação. “Nossa missão é inspirar jovens a empre-ender e, para fazer isso, é preciso inspirá-los através de modelos que deram certo, de pessoas que estudaram, que criaram seus negócios ou que estão trabalhando em empresas competitivas. Por isso, esti-mulamos sempre a participação das em-presas em todo esse processo”, explica Evandro Badin, diretor-executivo da Ju-nior Achievement em Santa Catarina.

Além de trazer novos conhecimentos para a sala de aula, a Junior Achievement traz também novos professores, que na verdade são empresários ou colaborado-res das empresas mantenedoras da enti-dade. “O objetivo é encontrar uma forma para as empresas contribuírem para o pro-cesso de educação e que as escolas consi-gam complementar o currículo base com informações importantes que vêm das próprias organizações”, afi rma Badin.

Uma das empresas mantenedoras da

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Junior Achievement em Santa Catarina é a Orcali, especializada em serviços de lim-peza e vigilância. Neste ano, dez voluntá-rios, que são colaboradores da empresa, estão auxiliando jovens na formação de duas miniempresas. “Com a miniempresa, os alunos conseguem ter uma dimensão real do que é ter uma empresa: eles parti-cipam ativamente de todo o processo, de-fi nem o produto, o nome da empresa, cui-dam da produção, venda e fi nanças. Além disso, pagam impostos e recolhem encar-gos sociais. Com isso, eles conseguem ver inclusive que nem todo o faturamento da empresa vai para o bolso do empresário”, explica Ciro Aimbiré Santos, assessor de direção e planejamento da Orcali.

Universidades

Se é na escola que as crianças e os adolescentes podem ter o primeiro con-tato com o mundo dos negócios, é após completar 18 anos que eles estão aptos a abrir uma empresa. E aí uma série de fa-tores pode estimulá-los a tomar essa de-cisão. Uma delas é ter acesso a conteúdos de administração, planejamento, gestão e planos de negócio. Para Ronald Jean De-gen, autor do livro Empreendedor – em-preender como opção de carreira, cabe às universidades o grande desafi o de es-timular e preparar os estudantes para em-

preender. O especialista considera que os jovens, quando estão no ensino superior, estão mais predispostos à criatividade e à inovação e que esta é a fase mais propícia da vida para se tornar um empreendedor.

Mesmo com esse forte potencial, ainda são poucas as universidades que inseriram o empreendedorismo no dia a dia de ensi-no. Afonso Cozzi, coordenador do núcleo de pesquisas em empreendedorismo da Fundação Dom Cabral, diz que ainda há no Brasil uma tendência de se formar os estudantes para serem funcionários e que isso só vai mudar quando as universidades passarem a oferecer, com mais frequência, disciplinas de empreendedorismo e formar mais incubadoras de empresas. “A Fundação Dom Cabral faz a coordenação técnica do Prêmio Santander – Empreendedorismo, Ciência e Inovação, e o que nós notamos é que a maior parte dos inscritos não passa da primeira fase, quando eles têm que fazer um resumo da ideia deles e da oportunidade que enxergaram no mercado. Além disso, são poucos os acadêmicos que sabem fazer um bom plano de negócios.”

Na Unisul Business School, escola de negócios localizada em Florianópolis, pre-parar os acadêmicos do curso de Adminis-tração para empreender é um dos objetivos da instituição. No currículo do curso, até o terceiro ano os alunos trabalham em pro-jetos de planejamento e gestão de grandes

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empresas, e no quarto ano, os estudantes têm um semestre inteiro sobre empreen-dedorismo, onde aprendem, entre outras coisas, a fazer e colocar em prática um pla-no de negócios e gerir pequenas empresas. Os estudantes ainda são desafi ados a testar suas aptidões de liderança e a tomar deci-sões em uma série de atividades físicas que fazem parte do currículo obrigatório do curso. “Os alunos precisam estar prepara-dos para empreender porque essa pode ser uma fonte de realização pessoal e profi ssio-nal”, afi rma Fernando Serra, coordenador da Unisul Business School.

Quando passou a oferecer o curso, Serra percebeu uma falta de bibliografi a específi ca sobre a área e resolveu escrever, em coautoria com Manuel Ferreira e João Santos, o livro Ser empreendedor. A obra é um guia tanto para aqueles que estão pen-sando em abrir uma empresa tanto para os que já a abriram. “No livro nós mostramos que só encontrar uma oportunidade para investir é pouco. É preciso entender todos os aspectos de uma empresa para poder mitigar os riscos que possam surgir.”

A Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) do Rio de Janeiro tam-bém está inserindo a prática do empreen-dedorismo no dia a dia dos universitários. Este ano, a instituição criou um núcleo de empreendedorismo para estimular a cul-tura empreendedora e o desenvolvimento

de negócios. A ideia é promover palestras com empresários, realizar pesquisas sobre o setor e ainda trabalhar para implementar a disciplina de empreendedorismo em to-dos os cursos oferecidos pela instituição.

Outro foco de trabalho do núcleo é identifi car alunos da universidade que tenham o perfi l empreendedor ou que tenham vontade de empreender e ofere-cer-lhes serviços de orientação em todos os processos necessários para a abertura de uma empresa. “Nós queremos acom-panhar os alunos desde o momento em que eles colocam a ideia no papel, fazem o desenvolvimento do plano de negócios e vão para o mercado”, explica Rafael Li-porace, professor da ESPM.

Para promover o ensino de empreen-dedorismo nas universidades, a Endeavor, organização internacional de promoção ao empreendedorismo de alto impacto, em parceria com o Sebrae, realiza o prêmio “Educação Empreendedora Brasil”. A ideia é valorizar experiências inovadoras do ensi-no do empreendedorismo no meio univer-sitário e torná-las referência para outras ins-tituições. Professores de todo o Brasil que ministram a ofi cina de empreendedorismo podem mandar seu depoimento para a en-tidade e concorrer a bolsas de estudo na Babson College, nos Estados Unidos.

Além de valorizar experiências locais, a Endeavor incentiva o uso de metodologias sistematizadas de ensino de empreende-dorismo já aplicadas em outros países. Por isso, traz para o Brasil o método Fast Trac, desenvolvido pela Kauffman Foundation, para ser aplicado em 15 universidades do País. “Através desse método damos treinamento aos professores, oferecemos material didático específi co e comple-mentamos todo esse trabalho através de uma plataforma virtual com videochats com empreendedores, conteúdo on-line e exercícios. Mas cabe a cada universida-de parceira ver qual é a melhor forma de inserir esses conteúdos”, explica Juliano Seabra, diretor de educação da Endeavor.

Outra área de atuação da entidade é na capacitação e apoio a empreendedores

“Só encontrar uma oportunidade para investir é pouco. É preciso entender todos os aspectos de uma empresa para mitigar os riscos que possam surgir”, diz Fernando Serra

Liporace, da ESPM: núcleo identifica alunos com perfil empreendedor e oferece orientação em todos os processos necessários para a abertura de uma empresa

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em fase de crescimento para ajudá-los a se tornar empreendedores de alto impacto em sua área de atuação. Por ano, a Endea-vor costuma selecionar de cinco a dez em-preendedores com esse perfi l e investe na capacitação deles. Esse é um trabalho de consultoria em que a Endeavor mapeia as principais difi culdades do negócio, avalia os serviços mais indicados para melhorar os procedimentos da empresa e aproxi-ma esse empreendedor de um grupo de voluntários da entidade formado por 300 executivos e grandes empresários para que eles possam apoiá-lo. A ideia é que o serviço ajude os empreendedores a to-mar decisões mais rápidas, a errar menos e a realizar seu potencial de crescimento. “Acreditamos que multiplicando o núme-ro de empreendedores de alto impacto nós conseguimos impulsionar economi-camente o País”, afi rma Karen Kanaan, diretora de comunicação da Endeavor.

A Arizona, empresa de gestão de tecno-logia para a área de comunicação e marke-ting, é uma das 51 empresas apoiadas pela Endeavor. Em quatro anos de consultoria, a Arizona mudou alguns processos, esta-beleceu 21 metas estratégicas, contratou uma auditoria externa e criou um conselho

consultivo. Com as mudanças, a empresa conseguiu adquirir uma concorrente em 2009 e fechou o ano com uma receita bruta de R$ 45 milhões. “Com a Endeavor, con-seguimos ter acesso a pessoas que nunca teríamos como grandes nomes do cenário empresarial do País, pessoas que não ven-dem consultoria ou o seu tempo”, explica Marcus Hadade, sócio da Arizona.

O empreendedor conta que estar pró-ximo a empresários de sucesso que já estão estabelecidos no mercado é uma inspiração e uma mostra de que é possível crescer. “A melhor forma de estimular alguém é atra-vés do bom exemplo, da pessoa que con-seguiu ocupar um espaço e cresceu agindo corretamente. Para mim, as pessoas apren-dem por duas formas: por repetição e por inspiração.” E quando Hadade usa esses exemplos como inspiração, não pensa apenas no futuro da sua empresa, mas no do País também. “Não existe maior distri-buição de renda do que através da empre-sa, porque ela gera empregos e paga im-postos que serão usados no bem comum. É valorizando os empreendedores que o Brasil vai crescer ainda mais, se tornar um país desenvolvido, servir de exemplo e de orgulho para todos nós.”

Primeiros passos

Assim como a educação de um filho não deve ser entregue exclusivamente às escolas, o trabalho e o desenvolvimento das competências empreendedoras em uma criança devem ser compartilhados pelos pais. E o estímulo deve começar logo cedo, de forma lúdica.

Para o consultor e especialista em manejo comportamental e empreendedorismo, Luiz Fernando Garcia, o trabalho de formação de um empreendedor – ou simplesmente de uma pessoa mais capaz de lidar com as adversidades da vida – se inicia em torno dos dois anos de idade, na retirada da fralda, quando o bebê começa a perceber a capacidade de controlar certas necessidades fisiológicas. Nos cinco a sete anos seguintes, os desafios propostos devem aumentar de complexidade e dificuldade conforme o crescimento da criança. São tarefas que exigem o acompanhamento dos pais e familiares próximos, como estimuladores, orientadores e assistentes.

Os estímulos iniciais – progressivos e permanentes à iniciativa e autonomia, ao enfrentamento de riscos e desafios e à visualização em longo prazo – são decisivos para o desenvolvimento de características como capacidade para sobrevivência em ambientes hostis, habilidade para solucionar problemas e senso de oportunidade. Qualidades essenciais de um empreendedor e desejáveis em qualquer profissional, para não dizer em todas as pessoas.

Veja a entrevista completa de Luiz Fernando Garcia em www.empreendedor.com.br/content/empreendedores-desde-criancinha

Hadade, da Arizona: “A melhor forma de estimular alguém é através do bom exemplo, da pessoa que conseguiu ocupar um espaço e cresceu agindo corretamente”

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Motor da economiaMicro e pequenas empresas são responsáveis pela maioria dos empregos gerados

Em 2009, as micro e pequenas em-presas geraram mais de 1 milhão de em-pregos formais no País, o maior número entre todos os segmentos empresariais. Em comparação com outros setores do mercado é possível perceber a força dos pequenos empreendedores. Enquanto as micro e pequenas empresas criaram no setor de serviços mais de 400 mil vagas no ano passado, as empresas de médio e grande portes do setor geraram 68 mil postos. No comércio, essa proporção foi ainda maior: 280 mil vagas geradas pelas pequenas, enquanto as médias e grandes geraram 9 mil. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do ano passado.

O bom resultado do setor fez com que o Brasil fechasse o ano com saldo positi-vo na geração de empregos mesmo com

a queda no Produto Interno Bruto (PIB). Afonso Cozzi, coordenador do núcleo de pesquisa em empreendedorismo da Fun-dação Dom Cabral, explica que, diferente de outros anos, foi possível perceber que a riqueza gerada foi distribuída de uma forma mais justa. “Com o crescimento das taxas de empreendedorismo, mais pessoas estão se benefi ciando dessa geração de riqueza. Isso faz com que o Brasil se desenvolva tan-to na parte econômica quanto na social. É esse tipo de crescimento que leva não só ao aumento do PIB, mas à qualidade de vida e ao bem-estar social”, afi rma.

Para Carlos Alberto dos Santos, dire-tor-técnico do Sebrae, os bons resultados do setor estão relacionados ao crescimen-to econômico mais acentuado vivido pelo Brasil nos últimos anos. “A desconcentra-ção da economia e a melhor distribuição

da riqueza nacional começam a se dar pela força dos pequenos negócios. São eles os maiores propulsores do desenvolvimento local das cidades.” Segundo ele, a expec-tativa é que o Brasil cresça a uma média de 6% em 2010 e, com isso, a perspecti-va para as micro e pequenas empresas é muito boa. Ele explica que tem feito visi-tas ao interior do País e tem percebido o entusiasmo dos pequenos empresários. “O agroturismo, por exemplo, é uma rea-lidade em todas as regiões do Brasil. Não são apenas pousadas que estão sendo construídas na zona rural, mas também negócios relacionados à agroindústria.”

O diretor-técnico do Sebrae avalia que o alto índice de geração de empregos entre as micro e pequenas empresas é um sinal de que os brasileiros estão empreendendo cada vez mais por oportunidade e não por

Atitudes e percepções empreendedoras

Percepção de Percepção de Medo de Intenção de Empreendedorismo como Oportunidade % Capacidade % fracasso % Empreender % boa opção de carreira %Argentina 48 70 34 14 69Bósnia e Herzegovina 37 63 28 17 74Brasil 48 57 30 21 80Chile 54 71 21 35 87China 28 41 32 23 69

Fukasawa, do Santander: pequeno empreendedor gera riqueza local, emprega pessoas e faz com que a riqueza gerada estimule o desenvolvimento da região

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necessidade. E para que o Brasil continue nesse ritmo é preciso, segundo ele, inten-sifi car a capacitação dos empreendedores. Por isso, o Sebrae tem como meta para este ano fazer visitas técnicas a 1 milhão de pequenos empreendedores e estimular a inovação entre eles através do programa Agente Local, no qual um técnico do Sebrae ajuda o empresário a elaborar soluções, serviços e processos inovadores.

Se 2009 já foi um ano bom para o em-preendedor, a confi ança deles para 2010 é ainda maior. O estudo Índice de Con-fi ança de Pequenos e Médios Negócios (IC-PMN), que avalia – em uma escala de zero a 100 – a confi ança no crescimen-to do setor, registrou taxas superiores às registradas antes da crise. Para os 1,2 mil empresários ouvidos em cinco regi-ões do País, a confi ança no crescimento do setor no terceiro trimestre de 2010 atingiu 75,4 pontos, e a expectativa no aumento do faturamento foi de 79,4 pontos. O estudo foi realizado pelo Ins-tituto de Ensino e Pesquisa (Insper), em parceria com o banco Santander.

Para que esses empreendedores de fato consigam crescer como esperam, Cláudio Fukasawa, superintendente de pequenas e médias empresas do banco Santander, afi rma que é preciso investir neles. “Nós somos hoje o banco privado que mais repassa microcrédito para os pe-quenos empreendedores. Consideramos fundamental investir neles porque são as pequenas e médias empresas que repre-sentam mais de 90% da força de trabalho. Esse pequeno empreendedor gera riqueza local, emprega pessoas da região e, dessa forma, faz com que a riqueza gerada esti-mule o desenvolvimento da região.”

Para apoiar esses pequenos empre-sários, o banco lançou o portal Santander Empreendedor. O site traz informações sobre marketing, fi nanças e gestão e dis-ponibiliza uma série de ferramentas para orientar pequenos empreendedores. Pelo serviço de Avaliação do Negócio, por exem-plo, o empreendedor pode fazer o seu pla-no de negócios e enviá-lo a um especialista em gestão que vai avaliar o planejamento e orientar inclusive sobre quais são as melho-

res linhas de crédito para ele. Além de investir no pequeno empre-

endedor, o Santander trabalha também para estimular a prática do empreendedo-rismo. No site Brincando na Rede, lança-do em 2009, crianças de quatro a 12 anos podem ter o primeiro contato com os conceitos da administração e do empre-endedorismo através de brincadeiras. No jogo Máquina de Ideias as crianças podem criar produtos, fazer a divulgação e os co-locar no mercado para serem avaliados por outras crianças. “De uma forma lúdi-ca colocamos todas as questões que um empreendedor precisa se preocupar para que a criança possa explorar isso no jogo. É preciso ter um cuidado enorme para respeitar a fase que cada criança está. Não devo encher de conceitos uma criança de cinco anos. Preciso introduzi-la a esse mundo para ela saber que aquilo existe e, à medida que a criança vai crescendo, eu vou sofi sticando o conceito”, explica Sandro Marques, gerente-executivo de desenvolvimento sustentável do Grupo Santander Brasil.

Atividade empreendedora

Fonte: GEM 2009

Taxa de empreendedorismo Taxa de empreendedorismo Taxa de empreendedores Empreendedores Empreendedores nascente % em estágio inicial (TEA)% estabelecidos % por necessidade % por oportunidades % 6,1 14,7 13,5 47 50 3,1 4,4 3,9 39 61 5,8 15,3 11,8 39 61 9,6 14,9 6,7 25 73 7,4 18,8 17,2 48 50

Afonso Cozzi: “Com o crescimento das taxas de empreendedorismo, mais pessoas estão se beneficiando dessa geração de riqueza”

Carlos Alberto, do Sebrae: alto índice de geração de empregos entre pequenas

empresas é sinal de que os brasileiros estão empreendendo mais por oportunidade

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Empreendedorismo transformadorCapacitação empreendedora dá oportunidade de crescimento profissional e geração de renda para jovens de comunidades de risco

Michel Pedraça, 20 anos, já planeja sua empresa. Ele quer montar uma loja para vender artigos de surfe e pretende até fabricar pranchas. Por enquanto a loja é um sonho, mas ele trabalha para realizá-lo. O jovem está participando de um programa de capacitação em empre-endedorismo na Incubadora Popular de Empreendimentos Solidários (Ipes), um dos projetos vinculados ao Centro Cultu-ral Escrava Anastácia, ONG voltada para a atuação educativa de jovens de comuni-dades pobres de Florianópolis.

O curso é baseado na metodologia de ensino da ONG Aliança Empreen-dedora, em que os jovens aprendem a

avaliar oportunidades, fazer plano de negócio, gestão de empresas e fluxo de caixa. Mas o curso não para por aí. Se é o conhecimento do mundo dos negócios que permite que esses jovens sonhem, possibilitando que eles os co-loquem em prática, é o fundo de empre-endedorismo do Instituto Comunitário de Florianópolis (Icom) que, por meio de investimentos vindos do Instituto Walmart, disponibiliza financiamentos para que jovens empreendam. Após ter-minar a capacitação, eles podem apre-sentar seus planos de negócio para o Icom para conseguir crédito de até R$ 5 mil para abrir uma empresa. “Um dos

conceitos mais importantes que nós avaliamos para liberar o crédito é que esse empreendimento precisa fazer a diferença na comunidade onde ele será implementado. A ideia do projeto é não só que o jovem tenha oportunidade de gerar sua renda, mas perceber que ele também pode gerar riqueza para a co-munidade”, afirma Anderson da Silva, coordenador do fundo de empreende-dorismo do Icom.

Pedraça já está se preparando para isso, e colocou no plano de negócios de sua empresa investimentos que pretende fazer na compra de armários para a loja e suportes para colocar as pranchas. “Agora estou trabalhando para alcançar esse ob-jetivo. Eu já batalhei tanto para conseguir as minhas coisas que não vou fi car com medo. Agora é só fazer a coisa certa.”

O jovem que não sabia surfar, nem tinha experiência na área, aprendeu tudo

Michel Pedraça participa de programa de capacitação na Ipes e planeja abrir sua loja de artigos para surfe

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o que sabe na cooperativa Solto de seri-grafi a e de conserto de pranchas que fun-ciona na Incubadora Popular. O espaço utilizado pela cooperativa já foi sede do Instituto Médico Legal (IML) de Florianó-polis por 30 anos. A sala onde a ofi cina de surfe é realizada foi por muito tempo usada para fazer a necropsia de cadáve-res. Hoje o espaço foi transformado e até uma antiga geladeira do IML foi readapta-da para ser um secador de pranchas.

Pedraça pretende seguir os passos de outros jovens que também partici-param das cooperativas da Incubado-ra e que hoje já são empreendedores. Adriano dos Santos e Gabriela Marques começaram nas oficinas de manutenção de computadores, depois fizeram o cur-so de capacitação em empreendedoris-mo e resolveram investir na abertura de uma sala de jogos e locadora de games. O projeto foi aprovado pelo Icom, re-

LINHA DIRETA

Arizona: www.arizona.com.brCentro Cultural Escrava Anastácia: www.ccea.org.brEndeavor: www.endeavor.org.brESPM: www.espm.brFernando Dolabela: fernandodolabela.wordpress.comFundação Dom Cabral: www.fdc.org.br IBQP: www.ibqp.org.brIcom: www.icomfl oripa.org.brJunior Achievement: www.juniorachievement.org.brSantander: www.santanderem-preendedor.com.brSebrae: www.sebrae.com.brShock: www.shockprodutora.com.brUnisul Business School: www.unisul.br

cebeu financiamento e se transformou em uma empresa, a Infinity Games, que funciona dentro da própria instalação da Incubadora Popular. “O mais desa-fiante é atrair os clientes, fazer com que eles conheçam a loja. Nós estamos pen-sando em fazer um cartão de fidelidade e colocar uma placa na frente da Incuba-dora para chamar a atenção das pessoas que passam por aqui”, conta Santos.

Depois de aberto o negócio, o Icom e a Incubadora Popular acompanham de perto o dia a dia da empresa, ajudando os jovens a fazer o fluxo de caixa ou mesmo prestando assessoria contábil e jurídica. “Eles adoram quando nós os chamamos de empresários, porque isso é uma conquista deles. Através do em-preendedorismo esses jovens têm opor-tunidade de crescimento profissional e uma melhora de renda”, afirma Caroline Chagas, coordenadora da Ipes.

Adriano dos Santos e Gabriela Marques receberam financiamento do Icom para abrir uma sala de jogos e locadora de games

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achaInclusão de trabalhadores com deficiência exige planejamento e busca localizada

por Mônica [email protected]

Após completar 19 anos no último mês de julho, a Lei nº 8.213 ainda representa um desafi o a muitos empreendedores. De acordo com a chamada Lei de Cotas, as empresas com mais de 100 funcionários

devem reservar de 2% a 5% das vagas para pessoas com defi ciência. Mas, a cada dez companhias, estima-se que pelo menos quatro não conseguem cumprir a norma, conforme levantamento realizado pela Su-perintendência Regional do Trabalho de São Paulo em parceria com o Espaço da Cidadania, organização sem fi ns lucrativos

voltada à inclusão de defi cientes no merca-do de trabalho.

“Uma das maiores difi culdades no re-crutamento de pessoas com defi ciência está justamente em localizar estes profi s-sionais no mercado”, aponta Eliane Figuei-redo, diretora-presidente da Projeto RH, empresa especializada em consultoria de

Quem procura

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recursos humanos. Para driblar esse pro-blema, a consultora sugere divulgar as vagas no maior número possível de luga-res, sobretudo em clínicas de reabilitação, associações, escolas e universidades fre-quentadas por defi cientes.

É o que faz a Cottonbaby, fabricante catarinense de derivados de algodão. Na hora de recrutar pessoas com defi ciência, a empresa aposta na divulgação das vagas e nas indicações de entidades locais vol-

tadas à capacitação profi ssional, como a Fundação Catarinense de Educação Especial e a Associação Florianopolitana de Defi cientes Físicos (Afl odef ), entre outras. Com 250 funcionários, a compa-nhia vai além do que determina a Lei de Cotas e mantém 10% de seus cargos pre-enchidos por defi cientes. “Temos entre nossos colaboradores pessoas prejudica-das mentalmente, amputados, com Sín-drome de Down, defi ciências genéticas e

defi ciência visual”, relata Nelson Silveira, presidente da Cottonbaby.

São colaboradores como Alessandro Amaral, de 33 anos, portador de problemas mentais. Há dez trabalhando na Cottonba-by, ele foi encaminhado pela Fundação Catarinense de Educação Especial, onde estudava e trabalhava na padaria. “É bom produzir, sentir-se útil, acordar de manhã, tomar café e ir trabalhar”, conta o auxiliar de produção, que nos momentos de folga

Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde, pelo menos 10% da população mundial apresenta algum tipo de deficiência

No Brasil, dados do censo do IBGE de 2000 apontam que aproximadamente 24,6 milhões de pessoas são portadoras de deficiência, ou seja, 14,5% da população

Estima-se que 8 mil brasileiros adquirem novas deficiências por mês, em consequência, principalmente, de doenças degenerativas, acidentes de trânsito ou com armas de fogo

Números especiais

O que diz a lei

Lei 8.213 – Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção:

I – até 200 empregados ..................... 2%;II – de 201 a 500 .............................. 3%;III – de 501 a 1.000. .......................... 4%;IV – de 1.001 em diante. ..................... 5%.

Cottonbaby aposta na

divulgação das vagas para

deficientes e nas indicações

de entidades locais voltadas à capacitação

profissional

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dedica-se ao basquete e ao atletismo.Na opinião de Silveira, a falta de pesso-

as com defi ciência no mercado de trabalho também acontece devido ao “preconceito que está dentro de casa, com os próprios pais que não permitem ou não incentivam os fi lhos especiais a ingressarem no mer-cado de trabalho”.

Planejar e desenvolver

Em Santa Catarina, um mapeamento realizado pelo Sesi/SC comprovou o que muitos empresários já sentiam na pele: o número de pessoas com defi ciência é insufi ciente para que as empresas cum-pram a Lei de Cotas. Realizado em nove cidades – incluindo os principais polos industriais do estado, como Joinville, Brusque e Blumenau –, o censo também constatou que o baixo nível de escolari-dade difi culta o acesso dos defi cientes ao mercado de trabalho. O analfabetismo, por exemplo, afeta 26,15% dos entrevis-tados. A falta de interesse nos estudos também chama a atenção, chegando a 55,15%. Estima-se ainda que 15,80% des-sas pessoas estão inseridas no mercado de trabalho formal e 52,70% recebem al-gum tipo de benefício.

Para João Ribas, coordenador do Pro-grama de Empregabilidade de Pessoas com Defi ciência da Serasa Experian, a fal-ta de qualifi cação profi ssional não deve servir como “desculpa” para deixar de

contratar, já que o problema não se res-tringe aos defi cientes. “A baixa escolari-dade é um problema não só das pessoas com defi ciência, mas de todo o País.” Por este motivo, o ideal é investir no desen-volvimento e na retenção desses profi s-sionais. “Incluir pessoas com defi ciência é um processo natural, mas que requer planejamento, já que é preciso adaptar tanto as ações de recrutamento e quali-fi cação como a própria infraestrutura da empresa e os cargos.”

Com o objetivo de qualifi car as pes-soas com defi ciência, a Serasa Experian desenvolve, desde 2001, um programa de qualifi cação considerado modelo. No início, o objetivo era suprir a demanda da própria companhia, que possui 2.865 funcionários no total. Mas o sucesso da metodologia foi tanto que, desde 2008, o Programa de Empregabilidade de Pes-soas com Defi ciência passou a ser ofe-recido em conjunto com outras grandes empresas, como Accor, Banco Itaú, Go-odyear, Banco Santander, PriceWaterhou-

seCooper e Visanet, entre outras, todas de grande porte.

Só na Serasa Experian, por exemplo, trabalham 95 pessoas com defi ciência, incluindo o próprio João Ribas, que é ca-deirante. “A diferença é que agora, ao in-vés de capacitarmos aquele número mais reduzido de pessoas apenas para trabalhar internamente, nós qualifi camos 50 profi s-sionais por semestre, que têm emprego garantido nas empresas parceiras”, afi rma João Ribas, referindo-se a um dos diferen-ciais do programa, que é a contratação efetiva destes profi ssionais pelas organiza-ções parceiras. “Neste segundo semestre temos cinco pessoas que vão para a Claro, duas para a Deloitte, outras duas para Pro-mon, e assim por diante”, conta Ribas.

Dividido em três módulos, o treina-mento oferecido pela Serasa Experian tem duração de quatro meses. Com a meta de preparar os participantes para o dia a dia das grandes corporações, o primeiro mês é dedicado ao aprimoramento da identi-dade profi ssional, incluindo orientações sobre postura profi ssional, raciocínio ana-lítico e trabalho em equipe. Há ainda aulas de matemática fi nanceira, língua portu-guesa, informática, educação fi nanceira e rotinas administrativas. Segundo Ribas, a intenção é que os participantes saiam pre-parados para exercer um primeiro cargo como auxiliar administrativo.

Uma das companhias que já partici-pou do programa é a TozziniFreire, em-

“A baixa escolaridade é um problema não só das pessoas com deficiência, mas de todo o País”, diz João Ribas

João Ribas, da Serasa Experian: “Qualificamos 50 profissionais

por semestre, que têm emprego garantido nas empresas parceiras”

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João Ribas, da Serasa Experian: “Qualificamos 50 profissionais

por semestre, que têm emprego garantido nas empresas parceiras”

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Cottonbaby: www.cottonbaby.com.brProjeto RH: www.projetorh.com.brSerasa Experian: www.serasaexperian.com.brSesi/SC: www.sesisc.org.brSuperintendência Regional do Traballho-SP:www.mte.gov.br/delegacias/spTozziniFreire: www.tozzinifreire.com.br

presa de consultoria jurídica com escri-tórios em Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Campinas e Nova York. Com 670 profi ssionais efetivos em todas as Unidades, a organização possui em seu quadro 28 profi ssionais com defi ci-ência, sendo 50% defi cientes físicos, 12% visuais, 12% intelectuais e 25% auditivos. “Vale um destaque para posições de li-derança. Nosso supervisor de compras é cego e temos um advogado com defi ci-ência auditiva e outro com defi ciência vi-sual”, relata Roberto Pierri Bersch, sócio da unidade de Porto Alegre.

Outro entrave ao cumprimento da Lei de Cotas é a ausência de acessibilidade nas empresas, como rampas de acesso, banheiros adaptados e sinalização para defi cientes visuais e auditivos. Mais uma vez, a questão é planejar as reformas e adaptações, que muitas vezes são simples de executar. Na construção da nova fábri-ca, a Cottonbaby não teve difi culdades em adequar o projeto para receber pessoas com qualquer tipo de defi ciência. “As por-tas são mais largas, temos rampas de acesso em todos os ambientes, além de sinalizado-res visuais e sonoros, banheiros e vestiários adaptados”, detalha Nelson Silveira.

Nas unidades da TozziniFreire também foram feitas adaptações para defi cientes físicos nos banheiros e corredores. Já para os defi cientes visuais, a empresa adquiriu o software Virtual Vision, que faz a leitura de tela. Há ainda acomoda-

ção para cão-guia, telefones com visores para defi cientes auditivos e etiquetas em braile nos elevadores. O prédio da Serasa Experian é outro modelo de acessibilida-de, sendo o único do Brasil a obedecer todas as normas da ABNT, com o aval da Fundação Carlos Alberto Vanzolini.

Do lado de dentro

Preparar a equipe que vai receber os profissionais com deficiência é outro ponto fundamental para o sucesso das contratações. “Não podemos pressupor que todos sabem lidar com as defici-ências. É preciso preparar o gestor, os companheiros de trabalho e a equipe como um todo para que saibam lidar com os novos colegas sem nenhuma espécie de distinção ou preconceito”, recomenda Eliane Figueiredo.

Por este motivo, o programa desen-volvido pela Serasa Experian também inclui em um de seus módulos a sensibi-lização da equipe. “As pessoas têm dúvi-das e curiosidades sobre como vivemos, mas muitas vezes se sentem constrangi-das em perguntar. Então fazemos uma oficina bem descontraída e convidamos algumas pessoas com deficiência para contar como é o nosso dia a dia para a equipe”, explica Ribas.

Além desta preparação, a Tozzini-Freire aposta ainda em ferramentas permanentes de relacionamento entre

os colaboradores, com destaque para um blog, exclusivo da equipe, onde são postados textos, comentários, depoi-mentos e indicações de filmes e livros relacionados ao tema inclusão. “Man-temos o programa de sensibilização quando há o envolvimento de novos membros na equipe, bem como ações pontuais quando identificadas necessi-dades”, relata Bersch.

Na opinião de João Ribas, o mais importante no processo de inclusão é promover uma mudança na mentalida-de da empresa. “Empresa não é centro de caridade nem igreja. Então é preciso abandonar as ideias preconceituosas, como, por exemplo, de que pessoa com deficiência só dá gastos, despesas e aborrecimentos. Se tiverem condições de trabalhar e se desenvolver, os profis-sionais com deficiência alcançam metas e resultados como os demais.”

Nelson Silveira (à esquerda): Cottonbaby vai além do que determina a lei e dedica 10% de seus cargos a portadores de deficiência

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viver Na esteira da expansão da construção civil e mercado imobiliário, cresce a procura por elementos de decoração

Bem

por Cléia [email protected]

O brasileiro nunca investiu tanto no conforto da sua casa. O resultado é um crescimento surpreendente nos negó-cios ligados à arquitetura, decoração e paisagismo, um segmento que abrange uma infi nidade de itens como materiais de construção, móveis, cortinas, eletro-domésticos e artigos de cama, mesa e banho. Só no Estado de Santa Catarina, esse mercado movimentou R$ 67 milhões

entre junho de 2009 e maio de 2010, um aumento anual de 31%, segundo dados do Núcleo Catarinense de Decoração.

“Há um resgate da casa como um local para viver bem com a família e re-ceber os amigos. E essa tendência não é mais um privilégio das classes mais altas. O mercado de decoração deixou de ser elitista”, afi rma Marcelo Martinez, presi-dente da entidade. O administrador tam-bém dirige a Formaplas, rede de lojas de móveis planejados, fundada por seu avô há 45 anos na região da Grande Floria-

nópolis. Nos últimos 10 anos, a empresa levou sua marca a praticamente todos os estados brasileiros com a abertura de mais de 20 lojas franqueadas.

O empresário lembra que com o crescimento do mercado há também um aumento da concorrência. Para ter a preferência do consumidor, Martinez aposta na inovação. “Hoje, a Formaplas é referência para outras marcas de mó-veis planejados. Somos os primeiros a trazer para o Brasil tudo o que é lançado lá fora. Por isso, nossos produtos acabam

Casa Cor São Paulo: 159 mil visitantes em

55 dias do evento

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se transformando em tendência no Bra-sil”, afi rma. As novidades são garimpadas em feiras internacionais, especialmente aquelas realizadas na Itália.

Para se diferenciar da concorrência, a loja de móveis Fort House oferece aos clientes um projeto de decoração comple-to para a casa ou determinado espaço da residência. “Aproveitamos o próprio mo-biliário do cliente e mesclamos com peças novas, dando uma nova cara à sua residên-cia”, explica o empresário Fabio Machado. Segundo ele, a opção de concentrar todos os serviços de decoração em um só lugar agrada muito às pessoas que não querem fi car gastando tempo à procura de profi s-sionais especializados.

O aumento do mercado de deco-ração tem surpreendido até mesmo os empresários que atuam na área. Fun-dada em 1998, em Palhoça, na Grande Florianópolis, a Unilux Cortinas e Per-

sianas tem crescido 40% ao ano desde 2004. “Acreditamos que neste ano esse índice seja maior ainda porque até maio registramos um crescimento de 60%”, afirma Ivan Rodrigues, proprietário da marca. A produção diária na fábrica de Santa Catarina é de 300 unidades, traba-lho executado por 47 funcionários.

Superação

É um grande feito para quem come-çou literalmente nos fundos da casa da mãe. “Eu sempre quis ter um negócio, só trabalhei oito anos como emprega-do porque não sabia em que investir”, conta Rodrigues. Hoje ele não tem dú-vidas de que escolheu o ramo certo. O empresário acredita que as pessoas estão investindo mais no conforto do lar e destaca o enorme potencial do mercado de persianas no Brasil. “Rela-

Rodrigues, da Unilux: “Precisamos antever as tendências para atender os clientes”

Persiana da Unilux

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tivamente ao número de habitantes, a Espanha consome seis vezes mais per-sianas do que nós.”

Recentemente, a Unilux inaugurou sua segunda fábrica. Localizada em Por-to Alegre, ela produz 40 persianas por dia para atender à demanda da região. Rodrigues explica que a marca trabalha apenas com encomendas de peças feitas sob medida para a casa do cliente. Por isso, a fábrica não tem estoque de peças prontas, apenas de matéria-prima. E as cartelas de opções de tecidos e cores aumenta a cada dia. Em 2006, eram oito opções de tecido, hoje são 500. Boa par-te da produção ainda requer trabalho manual, portanto, especializado.

Rodrigues faz questão de participar de feiras internacionais para estar sem-pre bem informado sobre as novidades do setor. “A única coisa constante em nosso mercado é a mudança. Por isso, precisamos antever as tendências para conseguir atender aos pedidos dos clientes”, explica o empresário. A Uni-lux também está sempre presente em mostras de decoração para divulgar sua

teresse dos brasileiros por decoração é a expansão das feiras e mostras do seg-mento. A temporada 2010 da Casa Cor São Paulo recebeu 159 mil visitantes durante os 55 dias do evento. O cresci-mento é de 9% em relação a 2009. Só na última semana, 5 mil pessoas foram até o Jockey Club paulista, sede desta edição, aproveitar os descontos de até 70% nas peças expostas em uma área de 54 mil metros quadrados. O evento é conside-rado o maior das Américas e o segundo do mundo em metragem quadrada.

Recordes

Recordes de público têm sido uma constante para a Casa Cor. A primeira mostra, realizada em 1987, em São Pau-lo, recebeu 7 mil visitantes. Nos últimos 20 anos, a mostra se espalhou pelo Bra-sil e, hoje, o evento acontece em 17 ci-dades brasileiras. Em 2008, a marca Casa Cor foi adquirida pelos grupos Abril e Doria Associados. A diversidade de mar-cas associadas à mostra realizada na últi-ma edição em São Paulo dá uma ideia da

marca. A estratégia tem dado certo. “Te-nho dito aos meus colaboradores que nós estamos muito mal acostumados porque temos superado todas as nossas projeções de crescimento.”

Um dos maiores indicadores do in-

Teodoro, da THS Feiras: “Hoje, o paisagismo ajuda a vender imóveis porque as pessoas estão dando mais valor para espaços verdes”

Fiaflora Expogarden: feira de paisagismo e jardinagem cresce de forma significativa. De 54 expositores iniciais, hoje são mais de 200 empresas participantes

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Casa Cor: (11) 3819-7955 Fiaflora Expogarden: (11) 3845-0828Formaplas: (48) 3224-8022Fort House: (11) 3772-6513Núcleo Catarinense de Decoração: (48) 3324-2982 Unilux Cortinas e Persianas: (48) 3357-6666

importância econômica deste mercado: Deca, Todeschini, Suvinil e outras que aparentemente nada têm a ver com de-coração, como Nestlé e Volkswagen.

A Fiafl ora Expogarden – feira de paisa-gismo e jardinagem realizada há 13 anos no

mês de setembro em São Paulo – também cresce de forma signifi cativa a cada ano. A primeira edição teve 54 expositores, hoje são mais de 200 empresas participantes e cerca de 30 mil visitantes. “Quando come-çamos, o hábito de consumo de artigos de paisagismo era muito limitado porque as pessoas achavam que só era possível pra-ticá-lo em grandes áreas”, lembra Teodoro Henrique da Silva, presidente da THS Fei-ras, organizadora do evento.

Para o empresário, o boom do setor imobiliário é um fator que tem impulsio-nado o segmento do paisagismo. Só na capital paulista, cerca de 12 mil imóveis foram comercializados no primeiro qua-drimestre de 2010, um crescimento de 72,4% em relação a 2009. Os dados são do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imó-veis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP). “Hoje, o paisagismo ajuda a vender imóveis porque as pesso-as estão dando mais valor para espaços verdes”, destaca Silva.

Esse interesse pelo paisagismo tam-bém pode ser medido pelo aumento

das áreas dedicadas a artigos de jardina-gem em homecenters e hipermercados. “Na Leroy Merlin, por exemplo, o setor de paisagismo é âncora do homecen-ter”, afirma Silva. O empresário acredita que o segmento terá um impulso ainda maior com a aproximação da Copa do Mundo, em 2014, e das Olimpíadas, em 2016. “O Brasil terá que fazer uma ver-dadeira revolução em parques, avenidas e praças para receber turistas do mundo inteiro. É mais uma grande oportunida-de para o setor.”

Martinez, da Formaplas: “Há um resgate da casa como local para viver bem. Essa tendência não é mais privilégio das classes altas”

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PA N O R A M A

por Beatrice Gonç[email protected]

O mercado brasileiro de softwares e serviços não parou de crescer mesmo com a crise econômica mundial. Em 2009, o setor aumentou a produção em 4% e as exportações em 7%, movimentando US$ 15,3 bilhões, valor equivalente a 1% do PIB brasileiro. Com o resultado, o País manteve a 12ª posição no mercado mundial de soft-wares e serviços. O desempenho brasileiro foi três vezes maior do que a média do mer-cado global de tecnologia da informação, que registrou aumento de 0,89% em 2009. Os dados são da pesquisa Mercado Brasi-leiro de Software – Panorama e Tendências –, da Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes), entidade de classe que congrega mais de 800 empresas de TI do Brasil. O estudo foi realizado pelo instituto International Data Corporation (IDC).

Em 2009, o mercado mundial de tecno-logia da informação movimentou US$ 1,43 trilhão, 2,7% abaixo do que foi registrado no ano anterior. Uma retração de merca-do que não foi sentida na América Latina, que fechou o período movimentando US$ 65 bilhões – um crescimento de 6,5% em comparação com 2008. Pela estimativa do IDC, o mercado total de tecnologia da in-formação da América Latina deve continuar a crescer a uma média de 6,3% em 2010, e um dos principais responsáveis por esse crescimento deve ser o mercado brasileiro de TI. A expectativa é que o Brasil registre aumento de 15% nas vendas de produtos e serviços de tecnologia da informação este ano em comparação com 2009. Entre os se-tores mais promissores estão o de produtos e serviços de infraestrutura, o de expansão da computação em nuvem – a expectativa é que a oferta de serviços nesse segmento cresça 45% este ano – e o de aplicativos de análise e de inteligência para os negócios, que deve crescer mais de 10% em 2010.

Para Gérson Schmitt, presidente da Abes, o Brasil pode aumentar sua parti-cipação no mercado mundial se investir mais na produção e desenvolvimento de hardwares e softwares. “Vejo um futu-ro promissor se o modelo brasileiro for apoiado em produto, solução e inovação. Se formos mais um a investir em serviços, precisaremos de uma grande quantidade de mão de obra e não temos profi ssionais

Há espaço para as empresas brasileiras de TI crescerem, mas é preciso união para aproveitar as oportunidades

mercadoBom

Norberto, da Cianet: processo inovadorde transmissão de

banda ultralarga

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entre empresas estimule o relacionamento entre as associadas da Acate. Isso faz com que uma empresa que antes atuava sozinha no mercado possa se fortalecer, associan-do-se a outras de segmentos semelhantes e complementares aos seus e que elas pos-sam trabalhar juntas tanto para desenvolver soluções quanto para oferecê-las ao mer-cado. Até o momento, foram constituídas quatro verticais – telecomunicações, saú-de, energia e segurança – e a expectativa da Acate é ampliar a iniciativa para outros segmentos como fi nanças, agronegócios, educação e têxtil. “Com esse modelo, em-presas pequenas que não teriam acesso a muitos mercados conseguem se associar a outras, que podem complementar seu trabalho, e assim todo mundo ganha. Nós temos o caso de uma empresa do setor de energia que não conseguia oferecer sua solução para a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e que, após se associar à vertical, conseguiu ter acesso a esse mercado através de outras empresas

Expansão

sufi cientes. Além disso, se optarmos pelo modelo de serviços, seremos mais um a vender horas de trabalho.” O especialis-ta considera que há um potencial muito grande a ser explorado no Brasil, mas para continuar a crescer é preciso resolver pro-blemas estruturais.

Segundo Schmitt, falta incentivo à pes-quisa e à inovação, não há mão de obra su-fi ciente – a estimativa é que faltem 50 mil profi ssionais no setor de TI – e o modelo de exportação defendido pelo governo tende a valorizar a venda de serviços e o de desenvolvimento de softwares livres enquanto, o mais adequado, seria investir em inteligência empacotada. Além disso, Schmitt explica que das 8,5 mil empresas que se dedicam ao setor de TI no País, 94% delas são formadas por micro e pequenas empresas, o que pode tornar mais difícil seu crescimento e internacionalização.

Para o presidente da Abes, o País preci-sa criar mecanismos para que as empresas brasileiras trabalhem de forma integrada e, com isso, ganhem espaço no mercado internacional. “Os principais movimentos para tornar as empresas maiores e mais fortes estão em organizá-las em verticais, como tem feito a Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate). As verticais ajudam a organizar a cadeia de valor e, com isso, podemos ter uma or-ganização mais robusta, que atraia mais negócios e, consequentemente, faça com que as empresas cresçam.”

O modelo de verticais foi desenvolvido pela Acate para organizar os diferentes seg-mentos de mercado de TI em Santa Catari-na. A ideia é que esse sistema de associação

também associadas que já ofereciam solu-ções para a Cemig”, explica Rui Gonçalves, presidente da Acate.

Sete empresas do setor de telecomuni-cações de Santa Catarina já estão associadas à vertical. São empresas de diferentes por-tes e perfi s que se reúnem mensalmente para discutir assuntos de interesse do setor como formação de consórcios, desenvolvi-mento de soluções e capacitação de mão de obra. Para Norberto Dias, diretor da Ver-tical de Telecomunicações, a organização foi criada em um momento estratégico para o setor. “Com a fusão de grandes players de telecomunicações como a Oi e a Brasil Telecom, é natural que os fornecedores se juntem ou formem consórcios e parcerias para atender a essas grandes corporações. A oportunidade que a vertical dá de apro-ximar as empresas do setor é fundamental nessa nova etapa da economia, principal-mente no setor de telecomunicações.”

Dias explica que com a organização do setor é possível também promover melhor as soluções desenvolvidas no estado, ainda mais em um momento em que o governo federal está discutindo a implementação de um plano nacional de banda larga. “Santa Catarina pode ser uma grande referência em tecnologia e produtos para o processo de popularização da internet no País.” Dias cita o caso da empresa catarinense Cianet, especializada em soluções de comunicação digital, que desenvolveu um processo ino-vador em escala mundial capaz de aprovei-tar os sistemas de transmissão de TV a cabo para trafegar banda ultralarga.

Ampliar a atuação no mercado também está nos planos de seis empresas associa-

Crescimento do mercado brasileiro de TI para 2010 previsto pelo IDC

Setor Mercado Participação (%) Variação (US$ milhões) 2010/2009

Software 5,960 17,9% +9,3%

Serviços 10,719 32,9% +8,1%

Hardware 15,821 48,6% +4,5%

TI total 32,500 100% +6,5%

“Vejo um futuro promissor se o modelo brasileiro for apoiado em produto, solução e inovação. Se optarmos pelo modelo de serviços, seremos mais um a vender horas de trabalho”, afirma Schmitt

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LINHA DIRETA

Abes: www.abes.org.brAcate: www.acate.org.brCianet: www.cianet.ind.brPixeon: www.pixeon.com.br

das à Vertical de Saúde da Acate. Segundo Iomani Engelmann, diretor dessa vertical, a ideia é que a associação entre as empresas permita montar um portfólio integrado entre elas que ofereça produtos e serviços voltados à área da saúde. “Esse é um setor em que há uma concorrência muito gran-de entre os fornecedores, e o fato de você estar isolado e não ter um branding muito conhecido acaba difi cultando a atuação no mercado. Queremos melhorar isso.”

Força da união

Engelmann é também diretor comer-cial da empresa Pixeon, especializada em inovação em diagnósticos por imagem, e explica que para a corporação partici-par da vertical pode ser a possibilidade de se tornar mais forte em um mercado hoje dominado pelas grandes, como Fuji e GE. “Estar inserido nesse cluster para nós é estratégico. É uma possibilidade de mostrar a seriedade da empresa, se tor-nar mais forte e ganhar mais corpo para exigir do governo brasileiro uma legisla-ção específi ca para o setor de TI voltada para a área da saúde.”

A falta de normas para o setor é um problema que afeta toda a cadeia de TI de produtos e serviços para a saúde. En-gelmann explica que sem uma legislação clara é difícil padronizar o setor, estabe-lecer critérios de qualidade e até mesmo exportar. “Grandes mercados como o eu-

ropeu e o norte-americano têm normas específi cas para o setor de tecnologia da informação para a saúde, mas no Brasil não há. Sem um controle rigoroso aqui do que é produzido, isso acaba sendo uma barreira para entrarmos em outros mercados.” Com a Vertical de Saúde, En-gelmann acredita que o setor fi ca mais fortalecido até mesmo para exigir a re-gulamentação da cadeia e para discutir a questão com a Agência Nacional de Vigi-lância Sanitária (Anvisa).

Outro problema enfrentado pelo se-tor é a falta de linhas de investimento para subsidiar pesquisas na área. “Muitas vezes não há linhas de crédito específi cas para o

Principais mercados

PA N O R A M A

desenvolvimento de produtos e serviços de TI para a saúde, e isso faz com que as empresas não consigam realizar projetos como elas gostariam, ou então acabam ven-dendo parte de um projeto para conseguir desenvolvê-lo. Para melhorar isso, acredito que seja preciso aumentar a interação entre governo, empresas e universidades.”

O presidente da Acate, Rui Gonçalves, também cobra do governo uma atuação mais forte no setor de tecnologia da infor-mação. Ele considera que o estado pode ser um dos grandes estimuladores do mercado de TI nacional. Gonçalves cita o caso de um software de gerenciamen-to de prestação de contas – desenvolvido pela catarinense Softplan/Poligraph – que foi vendido para o governo do Estado de Santa Catarina para prestar contas de em-préstimos de recursos concedidos pelo Banco Interamericano de Desenvolvimen-to (BID). O modelo agradou tanto ao BID que a entidade contratou a empresa cata-rinense para oferecer a solução a países da América Latina que têm contratos de empréstimos com o banco.

País (US$ bilhões)

USA 488

Japão 113,4

UK 94,6

China 75,3

Brasil 30,5

Espanha 28,9

Índia 22,6

Rússia 18,1 Fonte: Pesquisa Mercado Brasileiro de Software – Panorama e Tendências 2009

Gérson, da Abes: governo tende a valorizar a venda de serviços e o desenvolvimento de softwares livres, enquanto, o mais adequado, seria investir em inteligência empacotada

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exemploexemploSiga este

V O Z D A E X P E R I Ê N C I A

Norival e Jardel são a prova de que para se dar bem nos negócios e enriquecer não é preciso ser ganancioso e mesquinho

por Cléia [email protected]

Amigos de infância criados no campo, Norival Bonamichi e Jardel Massari não são homens de meias-palavras. Quando perguntados sobre o que os motivou a fundar, em 1987, a Ourofi no Agrone-gócio, eles admitem: “A verdade é que

queríamos ganhar mais dinheiro porque nossos salários não chegavam ao fi m do mês”. O fato é que no terceiro mês da Ourofi no eles já haviam triplicado suas rendas e, dois anos depois, ganhavam dez vezes mais. Foi então que o perfi l empreendedor passou a falar mais alto. Os sócios não pararam mais de empreen-der e, hoje, administram um grupo que

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Nascimento: 2/02/1955Cidade natal: Inconfidentes (MG)Formação: Técnico em Zootecnia pela escola agrícola de Muzambinho (MG) e graduação em Direito pela Universidade de Ribeirão Preto (SP)

Norival Bonamichi

planeja faturar R$ 1 bilhão antes mesmo de completar três décadas.

Norival e Jardel nasceram em Incon-fidentes, pequena cidade rural do sul de Minas Gerais, na época distrito do município Ouro Fino. Cresceram entre lavouras e animais, acordando antes do sol nascer para lidar com a terra e o gado. Adolescentes, foram juntos para a

Nascimento: 4/04/1957Cidade natal: Inconfidentes (MG)Formação: Técnico em Zootecnia pela escola agrícola de Muzambinho (MG) e graduação em Direito pela Universidade de Ribeirão Preto (SP)

Jardel Massari

antiga escola agrícola de Muzambinho, também em Minas. Após a formatura como técnicos em Zootecnia, seguiram destinos diferentes. Norival foi trabalhar na Nestlé, onde prestou assistência a produtores de leite da companhia. Três anos depois, administrou duas fazendas de gado em São José do Rio Pardo (SP). Enquanto isso, Jardel trabalhou no Ins-

tituto Agronômico de Campinas (IAC).Os dois se reencontraram cinco

anos depois, quando Norival chamou o amigo para trabalhar com ele na Socil, empresa de nutrição animal. Entre 1982 e 1987, foram supervisores de venda da marca na região de Ribeirão Preto (SP). Nessa época, decidiram voltar a estudar e optaram pela faculdade de

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Direito. “Foi muito importante porque aprendemos que as oportunidades nos são de direito”, afirma Norival. Em 1987, convictos de que “valiam mais do que o mercado lhes pagava”, pediram demis-são da Socil e abriram uma empresa de representação de produtos veterinários com o dinheiro do seguro-desemprego, algo equivalente a R$ 50 mil.

“Hoje isso não seria mais possível. Não faríamos nem com R$ 50 milhões”, calcula Jardel. Quem anda pelas unidades produtivas da Ourofi no, instaladas em uma área de 180 mil metros quadrados em Cravinhos, cidade vizinha de Ribeirão Preto, entende o porquê. As instalações, que estão entre as mais modernas do País no segmento, atendem a rigorosas normas nacionais e internacionais para a

produção de medicamentos veterinários. São exigências de biossegurança inexis-tentes em 1990, quando a Ourofi no co-meçou a fabricar seu primeiro produto, um antibiótico para aves e suínos. Na época, o negócio funcionava numa casa alugada de 500 metros quadrados no centro de Ribeirão Preto.

A empresa foi crescendo junto com a cidade e, em 2005, se transferiu para a atual sede, às margens da Rodovia Anhanguera. “Por aqui passa grande par-te do PIB do Brasil”, diz Norival, apon-tando orgulhoso para a estrada vista da janela de sua sala. Com o novo espaço, as possibilidades começaram a se multi-plicar. O Grupo Ourofi no tem hoje em seu portfólio mais de 100 produtos, in-cluindo vacina para febre aftosa, terapêu-ticos hormonais e outros medicamentos destinados a bovinos, equinos, ovinos, caprinos, aves e suínos. Para Norival, é o resultado de uma estratégia focada em inovação e tecnologia, área que recebe 6% do faturamento da empresa.

O desempenho da Ourofi no é mes-mo invejável. No ano passado, em meio à crise mundial, a empresa cresceu 25%, fechando o período com faturamento de R$ 221 milhões. É pouco para os planos de Norival e Jardel, que querem chegar a R$ 1 bilhão em 2015. Para alcançar a meta, eles seguem aplicando os mesmos

princípios do começo do negócio: rein-vestir o lucro. Pensando assim, inaugu-raram no primeiro semestre deste ano a Ourofi no Agrociência, uma fábrica para produção de herbicidas, fungicidas, inse-ticidas, espalhantes adesivos e óleo mi-neral. A nova unidade foi construída em uma área de 250 metros quadrados em Uberaba (MG) e demandou investimen-tos de R$ 200 milhões. Para isso, em 2007 o grupo fez parceria com o BNDES, que detém 15% da empresa.

“Enquanto o mundo fala de preser-vação ambiental, o Brasil tem por obri-gação dobrar a produção de alimentos sem derrubar uma árvore. E só se faz isso adotando tecnologias de produção. Por isso, nós estamos nos preparando para ser um dos três maiores fornece-dores do agronegócio brasileiro. E entre eles queremos ser o primeiro”, afirma Norival. O empresário não se conforma

Segmento: produtos veterinários, defensivos agrícolas, suplementos alimentaresFundação: agosto de 1987Faturamento 2009: R$ 221 milhõesCrescimento: 25%Faturamento 2015*: R$ 1 bilhão(*) previsão

Grupo Ourofi no

Estamos nos preparando para ser um dos três maiores fornecedores do agronegócio brasileiro. E entre eles queremos ser o primeiro”, afirma Norival

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Os amigos Norival Bonamichi e Jardel Massari criam a Ourofino Agronegócio, em Ribeirão Preto (SP)

Norival Bonamichi conquista o prêmio Empreendedor do Ano, concedido pela Ernst & Young

A Ourofino inaugura sua nova sede, localizada no Distrito Industrial de Cravinhos (SP), às margens da Rodovia Anhanguera.A empresa é selecionada pela primeira vez como uma das 150 empresas para se trabalhar no Brasil segundo o Guia Exame/Você S/A. O desempenho vem se repetindo desde então

O grupo dá início à produção de defensivos agrícolas e de suplementos alimentares humanos, em Uberaba (MG).A Ourofino começa a produzir vacina contra a febre aftosa

LINHA

DO

TEMP

O

Norival Bonamichi

e Jardel MassariOurofino Agronegócio

com o índice de 95% de importação dos ativos que compõem as fórmulas de defensivos agrícolas vendidas no Bra-sil, um mercado que movimenta R$ 12 bilhões por ano. Para ele, é obrigação dos empresários brasileiros investir no desenvolvimento de tecnologia nacio-nal para diminuir o que ele chama de “dependência estrangeira”.

De certa forma, a empresa já conse-guiu fazer isso com o mercado de pro-dutos veterinários. Norival recorda que, durante muito tempo, achava-se que produto bom precisava exibir a chance-la de laboratórios estrangeiros. Hoje, a Ourofi no tem 12 mil clientes no Brasil, exporta para 30 países e se prepara para começar a atender ao exigente mercado norte-americano. O objetivo é seguir a mesma trajetória no segmento de defen-sivos agrícolas. “Nós somos a empresa que vai mudar essa história e acabar com especulações como a de 2008, quando os preços dos fertilizantes subiram 80% de uma hora para outra sem motivo algum”, destaca o empresário.

Faro fino

Outro segmento na mira de Norival e Jardel é o de suplementos alimentares humanos. A Ourofi no lançou recente-mente a marca Ethika, incluindo protei-

cos, energéticos, vitamínicos, minerais e shakes. A fábrica, localizada em Uberaba, tem capacidade para produzir 300 tone-ladas ao mês. Os planos são ambiciosos: fechar 2010 com faturamento de R$ 18 milhões e iniciar em breve a exporta-ção. “Decidimos investir nesse mercado por uma questão de oportunidade. O segmento de qualidade de vida ainda é muito regulado, mas vai crescer bastan-te e nós queríamos colocar um pé para marcar presença desde já”, afi rma No-rival. Sem dar detalhes, ele adianta que pretende fazer o mesmo com o mercado de nutrição animal.

Com tantos negócios novos, é sur-preendente a calma e a disponibilidade de Norival e Jardel para uma boa con-versa. Estresse parece não fazer parte da rotina dos dois, que dispensam a gravata no dia a dia. A explicação pode estar numa estratégia que eles adotaram há algum tempo. “Cada negócio novo que criamos, colocamos grupos de di-retores como sócios. É uma maneira de reter talentos. Além disso, o olho do dono engorda o porco”, conta Norival. Hoje, o grupo tem cerca de 25 executi-vos que são sócios minoritários – 0,5% a 1% de participação. A meta é chegar a 50 em 2005. “Não dá para fazer sozinho, então decidimos dividir para somar. Pre-ferimos ter 80% de 200 do que 100% de

Produção da horta nos fundos da fábrica

é distribuída entre funcionários, que levam

15 quilos de produtos por semana para casa

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Ourofino Agronegócio: (16) 3518-2000

100”, explica Norival.Ele parece mesmo estar longe de

ser um líder centralizador. “Isso é coisa de gente avarenta e medrosa”, afirma o empresário. Adepto da filosofia do desprendimento, ele garante que sua preocupação como empreendedor não é engordar a própria conta bancária e diz que comprou sua primeira casa pró-pria há apenas seis anos. Esse mesmo homem recebeu, em 2004, o prêmio de empreendedor do ano da Ernst & Young por obter a maior fortuna com o menor capital. “Hoje temos a plena convicção de que a Ourofino não nos pertence. É uma estrutura onde os trabalhadores constroem o próprio futuro e para seus filhos. Por isso, quando morrermos, a empresa vai continuar, independente de quem assumi-la”, conta Norival.

Sonhos de menino? Norival diz não lembrar deles. “Acho que era sobreviver e não ser picado por uma cobra”, brinca o empresário. Apesar das difi culdades de outrora, Norival e Jardel não esquecem das raízes. Há um ano e meio, fi zeram uma horta gigantesca nos fundos da fá-brica de Cravinhos. A produção é distri-buída entre os cerca de 1 mil funcioná-rios, que levam toda semana cerca de 15 quilos de verduras e legumes para casa. A propósito, a Ourofi no fi gura nas listas

das 150 melhores empresas para se traba-lhar no Brasil. Os funcionários têm bons planos de saúde e odontologia, além de 14º salário e participação nos lucros. O transporte é feito por uma frota de mi-cro-ônibus contratada pela empresa.

“Eu me orgulho muito da época em que fui empregado”, diz Norival, tirando a carteira profissional da gaveta da mesa de trabalho. “Mas sei que eles poderiam ter feito muito mais por mim. Por isso, tenho como princípio distribuir o que ganho com quem merece.” A seu favor ele também tem o conhecimento do mercado, acumulado em experiências como trabalhador do campo e vendedor de ração. “De agronegócio eu entendo. Sei a psicologia para conduzir e conven-cer o produtor”, afirma. Para se apro-ximar ainda mais do mercado, Norival passou a criar gado nelore e participar de feiras e leilões. “É uma ferramenta de relacionamento com os clientes, o nos-so cartão de visitas para que o mercado possa fazer um juízo de valor da Ourofi-no”, explica. Em outras palavras, é coisa de empreendedor.

BÚSSOLA EMPRESARIAL

Não poupe investimentos em tecnologia e inovação. Para estar entre os primeiros, ofereça produtos de qualidade;

Não ignore a realidade do seu cliente. Para vender, é preciso saber o que o mercado precisa e quais suas maiores dificuldades.

Se quiser crescer, reinvista o lucro no próprio negócio. Retire apenas o necessário para ter uma vida confortável;

Transforme os principais executivos em sócios da empresa. Aumenta o comprometimento e reduz o risco de eles irem embora;

Faça de sua empresa um bom lugar para se trabalhar. Remunere bem seus funcionários e dê benefícios atraentes.

O QUE FAZER

O QUE NÃO FAZER

Entre as 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil, a Ourofino oferece

bons planos de saúde e odontologia, além de 14º salário e participação nos lucros

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S E N A I E S P E C I A L

Rede de laboratórios de metrologia do Senai verifica se produtos estão de acordo com normas técnicas e padrões internacionais

Na medida certa

Atestar a qualidade de um pro-duto é um pré-requisito fundamen-tal para agregar valor ao negócio e conquistar mercado. Uma série de ensaios laboratoriais pode verificar se as mercadorias estão de acordo com normas técnicas e padrões in-ternacionais. Os procedimentos de metrologia visam à medição téc-nica dos produtos, avaliação de conformidade que determina se uma mercadoria, processo ou ser-viço atende aos requisitos técnicos especificados. Já os procedimen-tos de normalização avaliam se o processo utilizado está de acordo com normas aprovadas por órgãos reconhecidos responsáveis por fornecer regras e diretrizes para o setor. As análises podem ser utiliza-das ainda na quebra de barreiras técnicas para viabilizar a exporta-ção. Além disso, os procedimentos podem ajudar as empresas a pa-dronizar a comunicação e a troca de informações com os clientes, simplificar os processos produti-vos e até mesmo reduzir custos.

Para apoiar as indústrias brasi-leiras no cumprimento de padrões de qualidade, o Senai realiza em mais de 200 laboratórios de metro-logia ensaios capazes de avaliar e certificar produtos brasileiros de acordo com padrões de normaliza-ção e conformidade internacionais. A qualidade e a segurança dos en-saios são acreditados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normaliza-ção e Qualidade Industrial (Inme-tro), habilitados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci-mento (Mapa) e pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Só em Santa Catarina a rede Senai conta

com 13 laboratórios de metrologia que oferecem serviços de análise e ensaios em conformidade com regulamentos técnicos, normas e sistemas de gestão de qualida-de. As unidades estão distribuídas em todas as regiões do estado de acordo com as necessidades es-pecíficas e o potencial industrial de cada localidade. São ofereci-dos ensaios para os segmentos de controle de qualidade de águas e efluentes, alimentação, construção civil, emissões atmosféricas, ma-deira e mobiliário, metal-mecânica, polímeros, têxtil e vestuário.

No estado, são realizadas cer-ca de 6 mil análises por ano e mais de 1,4 mil empresas atendidas. Os ensaios oferecidos pelo Senai podem ser pagos com o cartão BNDES (Banco Nacional de De-senvolvimento Econômico e Social) em condições especiais. O cartão, voltado para micro, pequenos e mé-dios empresários, permite parcelar os custos em três a 48 meses e com taxa de juros pré-fixada. “Está no planejamento do Senai ampliar o número de ensaios e aprimorar os procedimentos de logística para melhorar a coleta de amostras em condições específicas para os en-saios. Estamos sempre trabalhando para aumentar a competitividade dos produtos brasileiros”, afirma Sérgio Arruda, diretor regional do Senai Santa Catarina.

A rede de laboratórios do Senai recebe amostras de produtos co-letados por fiscais de órgãos go-vernamentais para verificar a con-formidade da mercadoria, ensaios esses que são obrigatórios por lei e que exigem a emissão de um re-

latório com valor legal de um labo-ratório acreditado pelo Inmetro. Há casos em que a própria empresa envia o material para ser testado com o objetivo de que o relatório técnico sugira revisões no produ-to, e há empresas que exportam seus produtos e precisam que um laboratório acreditado por órgãos internacionais averigue e certifi-que a mercadoria de acordo com normas específicas, assim como emita laudos técnicos na língua do país importador.

A América Móveis, de São Ben-to do Sul, que fabrica móveis para o mercado interno e externo, rea-liza ensaios laboratoriais nos insu-mos utilizados para a fabricação, nos móveis e nas embalagens dos produtos no Laboratório de Tec-nologia de Madeira e Mobiliário. A empresa envia mais de 50 contêi-neres de produtos por mês para os

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Estados Unidos e para a Europa e é por meio de ensaios de queda e vibração realizados em laboratório que a América Móveis garante aos clientes do exterior a chegada ao país de móveis em perfeito estado. “O ensaio é uma garantia que nos-so móvel é de qualidade. Gera um valor a mais para o produto”, afir-ma Jonathan Burchardt, supervisor comercial da América Móveis.

Na Buettner, indústria têxtil de Brusque especializada na fabrica-ção de artigos de cama, mesa e banho que produz 2 milhões de toa-lhas por mês e exporta para 40 pa-íses, os ensaios são realizados em toda a cadeia produtiva. Os ensaios são feitos no algodão, fios, tecidos e na aplicação de cores nos laborató-rios de Ensaios Físicos e Químicos de Brusque, onde são avaliados se os produtos estão de acordo com as normas internacionais e emitidos

relatórios técnicos em inglês. “Che-gamos a enviar 2 mil amostras por fardo para que o laboratório faça o controle de qualidade e certifique a matéria-prima e o produto acaba-do”, conta Sérgio Gamba, gerente de qualidade da Buettner.

Na Supremo Cimento, fabri-cante de cimento portland do tipo composto, de Pomerode, os en-saios são realizados em amostras de emissões atmosféricas para

verificar os materiais particulados emitidos, uma análise feita pelo Laboratório de Análises e Amostra-gem de Emissões Atmosféricas, de Blumenau. O procedimento auxilia a empresa a aprimorar o processo de queima e reduzir os custos com combustíveis utilizados pelos fornos para a fabricação de cerca de 360 mil toneladas de cimento ao ano.

Saiba mais em: www.sc.senai.br

REDE DE LABORATÓRIOS DE METROLOGIA DO SENAI EM SANTA CATARINA:Laboratório de Análises Têxteis e do Vestuário – BlumenauLaboratório de Análises e Amostragem de Emissões Atmosféricas – BlumenauLaboratório de Desenvolvimento e Caracterização de Materiais – CriciúmaLaboratório de Análises de Alimentos Microbiologia – ChapecóLaboratório de Análises de Alimentos Físico-Químico – ChapecóProvedor de Ensaios de Proficiência – ChapecóLaboratório de Tecnologia Mecânica – JoinvilleLaboratório de Ensaios Cerâmica Vermelha – Rio do SulLaboratório de Tecnologia de Madeira e Mobiliário – São Bento do SulLaboratório de Ensaios Cerâmicos – TijucasLaboratório de Ensaios Físicos Têxteis – BrusqueLaboratório de Ensaios Químicos Têxteis – Brusque

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F R A N Q U I A S

Na esteira dos eventos

De olho nas oportunidades que sur-girão por conta da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016, a Alps – rede de ensi-no de idiomas pertencente ao Grupo Multi – prevê a abertura de 90 novas escolas du-rante todo o ano. Com a expansão da rede, estima-se a abertura de 1,8 mil vagas de empregos diretos. “Estes eventos esporti-vos no Brasil gerarão uma grande procura por cursos de idiomas, o que impulsionará o setor e, consequentemente, gerará mais empregos”, diz Eliana Bessa, diretora co-mercial do Grupo Multi. A empresa já está recrutando profi ssionais para os cargos de professor, coordenador pedagógico, assessor comercial, secretária, equipes de limpeza e porteiro. Todas as vagas exigem experiência no cargo pretendido. Com mais de 150 unidades em operação, a Alps oferece cursos de inglês, espanhol, fran-cês, italiano, alemão, japonês e chinês. A rede tem interesse em expandir para todas as regiões do Brasil. Para abrir uma escola é necessário investir de R$ 35 mil a R$ 65 mil. Com faturamento mensal estimado em R$ 25 mil, o retorno é estimado entre 18 e 24 meses. www.alpsidiomas.com.br

Soluções de varejoEspecializada em soluções de gestão empresarial para pequenas e microem-

presas, a Jiva está intensifi cando seu processo de expansão. Com 20 franquias em operação, a empresa – que tem sede em Uberlância (MG) – pretende atingir 60 unidades até o fi nal de 2012. Os estados das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste estão na mira da franqueadora.

De acordo com Fábio Túlio Felippe, diretor da Jiva, as soluções oferecidas pela empresa são voltadas às companhias de varejo e distribuição com fatura-mento mensal entre R$ 100 mil e R$ 500 mil. O executivo destaca que o modelo Jiva tem como base, além da solução de gestão empresarial testada e aprovada por centenas de clientes, uma metodologia que leva as melhores práticas de administração para as pequenas e microempresas. Para dar conta do plano de expansão, a franqueadora busca empreendedores com bom relacionamento em sua área de atuação, sobretudo com o mercado de micro e pequenas empresas, além de alguma experiência e afi nidade com a área administrativa e de gestão. O investimento para a implantação de uma franquia gira em torno de R$ 80 mil, incluindo taxa de franquia e custos com a instalação, mais cerca de R$ 70 mil para capital de giro. A previsão de retorno é de 24 meses. www.jiva.com.br

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Lucratividade garantidaLançada no mercado de franquias em 2009, a Evolua – rede de cursos

profi ssionalizantes – surgiu a partir da experiência de dez anos da Visual Mídia, empresa que atuava no desenvolvimento de métodos de ensino para outras escolas. A empresa já possui quatro unidades próprias locali-zadas no interior paulista, mais especifi camente nas cidades de Ribeirão Preto, Santa Rita do Passa Quatro, Cravinhos e Porto Ferreira.

A intenção é fechar 2010 com 20 unidades no Estado de São Paulo, localizadas em cidades com mais de 50 mil habitantes. A ideia é focar em cidades menores para garantir maior market share no mercado de ensino local. “Enquanto nossa pretensão é atingir 1% de todo o mercado de ensino profi ssionalizante do País, na cidade de Santa Rita do Passa Quatro, por exemplo, nossa participação é de 20%. O mesmo ocorre em Cravinhos, onde 5% de toda a população (que é de aproximadamente 30 mil habitantes) frequenta nossa escola”, afi rma Leopoldo Oliveira, um dos sócios da rede.

O investimento inicial para abertura de uma escola é de R$ 140 mil, com retorno estimado em 24 meses. Um diferencial da Evolua é garantir o faturamento mínimo a partir do primeiro mês de funcionamento, já que a rede só passa a escola para as mãos do franqueado após atingir um número mínimo de alunos que garanta a lucratividade. www.visualmidia.com.br

Academia infantilCom duas unidades em São Paulo, a Bem Me

Quer Sports – academia voltada só para crianças – é uma das mais novas opções do mercado de franquia. Fundada em 1997, a empresa desenvolveu uma me-todologia própria que alia a prática de esportes ao conceito lúdico, com o objetivo de que as crianças pratiquem exercícios brincando.

Focada nas crianças das classes A e B que pos-suem de dois a 12 anos, a academia oferece mais de dez modalidades esportivas, além de cursos regulares, supervisão de profi ssionais qualifi -cados, preocupação com a prática de esportes, socialização e, principalmente, com a saúde dos pequenos. Além disso, a empresa oferece atendi-mento externo em condomínios, hotéis, escolas, eventos esportivos e temáticos, clínicas, campeo-natos e passeios, entre outras atividades.

Para adquirir uma franquia, é necessário dis-por de aproximadamente R$ 300 mil para instala-ção, mais taxa de franquia de R$ 90 mil. O capi-tal de giro é variável, dependendo do número de alunos e prestação de serviços externos. A expectativa de retorno é entre 36 e 48 meses. www.bmqsports.com.br

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F R A N Q U I A S

Setor aquecido Considerada a maior rede de

franquias imobiliárias do País, a Apolar Imóveis dá continuidade à expansão no Estado do Paraná. Em julho foi inaugurada a primeira franquia no interior paranaense, localizada na cidade de Ponta Grossa. Trata-se também da 62ª loja da rede, que conta com uma estrutura de 180 metros quadrados e equipe de nove corre-tores. De acordo com o franqueado, José Francisco de Souza Netto, a ideia é aproveitar o aquecimento do setor de construção civil na região. “Ponta Grossa cresce a cada dia que passa, com muitas empresas se instalando na região e com a construção de vários empreendimentos. Queremos atender à demanda da cidade e atrair novos investidores”, afi rma o empresário.

Com mais de 700 corretores imobiliários espalhados pelos estados do Paraná e Santa Catarina, a Apolar Imóveis atua na venda de imóveis de terceiros, lançamentos e locações. A previsão da empresa é que mais oito novas franquias sejam inauguradas nes-te ano, atingindo a marca de 70 unida-des em operação. www.apolar.com.br

Abertura ou conversãoCom 10 lojas próprias, uma virtual

e 12 franqueadas, a UZ Games continua em ritmo de expansão por franquias. A novidade é que agora a empresa oferece mais duas possibilidades para quem de-seja se tornar um franqueado da marca: a possibilidade de conversão de lojas já existentes e da abertura de quiosques em shoppings. “Pretendemos chegar a 30 lo-jas este ano e entrar em novos estados, entre eles Bahia, Paraná, Minas Gerais e Distrito Federal”, informa Marcos Khalil, sócio-diretor da rede.

No caso da conversão, será feita uma avaliação minuciosa para identifi car a “com-

patibilidade” entre o local e o perfi l do in-teressado com as características da UZ Ga-mes. Após essa etapa está prevista a visita de um arquiteto para verifi car a viabilidade e os custos de uma reforma para adequar as instalações ao padrão das lojas da rede.

Já os quiosques são uma alternativa da franqueadora para resolver o problema da falta de espaços para novas lojas em sho-ppings. Segundo Khalil, neste caso a taxa de franquia será menor e o franqueado terá que assumir o compromisso de locar a primeira loja que vagar (desde que esteja dentro do padrão da rede) e pagar a dife-rença. www.uzgames.com.br

Crédito dirigidoApostando no crescimento do mer-

cado de franquias, o banco Itaú tem investido em soluções adequadas às ne-cessidades do segmento. No portfólio de produtos desenvolvidos sob medida para o franchising está o fi nanciamento rotati-vo específi co para recebimento de royal-ties pela franqueadora, que traz como be-nefício a pontualidade dos recebimentos. Já para os franqueados, a opção se mostra uma alternativa de baixo custo para fi nan-

ciamento dos pagamentos de royalties em períodos de sazonalidade. O banco desenvolve ainda estudos considerando a necessidade de crédito para os franque-ados de primeira viagem, ou seja, para aqueles que necessitam operar crédito a partir do nascimento da empresa, vincu-lando a parceria com a franqueadora.

O banco oferece também opções de empréstimo e fi nanciamento para aquisi-ção de franquias, equipamentos, reforma

de lojas, formação de estoque e fi nancia-mento do fl uxo de caixa. Há ainda as linhas de repasse do BNDES para estruturação inicial e modernização das unidades. Além disso, franqueadoras e franquias têm à dis-posição diversas ferramentas para otimizar pagamentos e emissão de boletos bancá-rios, caso da Cobrança Expressa, que per-mite a emissão de boletos on-line e envio por e-mail – o que minimiza os depósitos em conta corrente. www.itau.com.br

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PA- PROJETO ARQUITETÔNICO, PM- PROJETO MERCADOLÓGICO, MP- MATERIAL PROMOCIONAL, PP- PROPAGANDA E PUBLICIDADE, PO- PROJETO DE OPERAÇÃO, OM- ORIENTAÇÃO SOBRE MÉTODOS DE TRABALHO, TR- TREINAMENTO, PF- PROJETO FINANCEIRO, FI- FINANCIAMENTO, EI- ESCOLHA DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES, PN- PROJETO ORGANIZACIONAL DA NOVA UNIDADE, SP- SOLUÇÃO DE PONTO

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A volta às origens marca o Pro-grama Negócio a Negócio, do Se-brae, que em menos de 10 meses de existência já fez mais de 280 mil atendimentos em todo o Brasil. O retorno não signifi ca um retrocesso, mas o contrário, destacou o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, durante abertura do 1º Encontro Nacional do Programa de Atendimento Ativo Negócio a Negó-cio, realizado em julho, em Brasília. “Estamos retomando a função ini-cial do Sebrae, mas olhando para o futuro. O potencial é gigantesco. O programa Negócio a Negócio já é hoje a maior iniciativa do Sebrae, com mais de R$ 100 milhões orça-dos para investir.”

Mas a iniciativa não deve ser apenas dos colaboradores do Se-brae: os empreendedores têm que tomar a decisão de ir atrás de seus sonhos e, principalmente, não po-dem fi car apenas na iniciativa. “É preciso ter acabativa”, como des-tacou o palestrante Luciano Pires, autor do livro O meu Everest, con-vidado para ensinar a traçar metas para obter sucesso na profi ssão e na vida. “Acabativa”, segundo ele, é a conclusão do que se começou, não permanecendo apenas na ini-ciativa. “A gente esquece que tomar uma decisão não muda nada. As coisas só mudam quando alguém faz acontecer, e isso é ‘acabativa’. Meta é um objetivo com data. E

objetivos só se atingem com plano de ação.” Segundo ele, nesse plano devem estar contempladas quatro fases: conhecimento, criatividade, coragem e consequência.

O atendimento do Negócio a Ne-gócio é feito por meio de três visitas realizadas à empresa. No primeiro contato o agente faz um diagnós-tico dos pontos fracos da empresa. Na segunda visita o agente apre-senta uma análise da situação da empresa e faz sugestões de mu-danças, entre elas a possibilidade de participar de palestras e cursos realizados pelo Sebrae. Na terceira e última visita, o agente verifi ca se a empresa está adotando as medidas

Encontro reúne representantes de todo o País para trocar experiências e ouvir cases de sucesso em diferentes estados brasileiros

Empreender Informe do Sebrae Agosto

Orientadores auxiliam empreendedores

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Ney Gonzaga, da Marido de Aluguel

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Agosto Informe do Sebrae Empreender

que foram sugeridas. “Nós estamos resgatando o que era feito lá atrás. A ideia é ir até um negócio que não nos demandava. O programa tem feito diferença”, afi rma o gerente de Atendimento Individual do Se-brae, Enio Pinto.

De sacoleira a consultora de moda

Em apenas quatro meses a ca-tarinense Tânia Mara Prestes de Medeiros abandonou a ocupação de vendedora ambulante de rou-pas, que fugia da fi scalização e acu-mulava dívidas, para a de personal stylist. No início deste ano ela se formalizou como empreendedora individual por orientação do Sebrae em Santa Catarina. O prejuízo de cerca de R$ 300 por mês se trans-formou em um lucro que passa de R$ 1,3 mil. Formalizada, passou a comprar diretamente da fábrica, o que diminuiu seus custos.

Com a ajuda do agente de orientação empresarial Cristiano Pedrolli, do Sebrae Santa Catarina, passou a personalizar seu aten-dimento. Antes de ir às compras, Tânia faz pesquisas com as clien-tes e descobre o que elas querem, o que aumenta a possibilidade de venda e diminui seus estoques. “Quando o Sebrae chegou até mim, eu estava com um estoque parado de R$ 4 mil. Além disso, eu estava sempre com medo dos fi scais, saía de casa escondendo minha sacola. Agora tenho um

plano de negócio, me profi ssiona-lizei e parei de misturar as con-tas de casa com as da empresa. Hoje sei em que direção olhar e sei para aonde estou indo”, afi rma a moradora de Schroeder, cidade distante 220 quilômetros da capi-tal Florianópolis.

O antigo sonho de abrir o pró-prio restaurante se concretizou há um ano, mas há apenas quatro meses Solange Aparecida Men-des, moradora de Pontes Lacerda, em Mato Grosso, pode dizer que se tornou empresária. No início, ela se preocupava apenas com a refeição que era preparada.

“Antes eu era simplesmente uma cozinheira, me preocupava só com a cozinha. Passei a ver a em-presa de outro modo, não sabia a melhor forma de gerir, não tinha organização das minhas contas. Com a orientação do Sebrae eu acho que posso crescer e virar uma rede de lanchonetes”, comemora a dona do Comilão Panquecas, loca-lizado em Pontes Lacerda, distante 450 quilômetros de Cuiabá, que já recebeu as três visitas da agente de orientação empresarial Deuse-nir Meira, do Sebrae Mato Grosso.

O gerente de Atendimento In-dividual do Sebrae, Enio Pinto, acredita no potencial da empresá-ria. “Acho que a Solange já está preparada para avançar. Já está precisando receber visitas de um agente local de inovação”, diz,

Serviço: Agência Sebrae de Notícias – (61) 2107-9110 e 2107-9106www.agenciasebrae.com.brCentral de Atendimento Sebrae – 0800-570-0800

referindo-se ao ALI, projeto que prevê visitas de representantes do Sebrae durante um ano para pro-por e acompanhar a implantação e desenvolvimento de técnicas ino-vadoras em empresas que já estão estabelecidas no mercado.

Marido de aluguel se profi ssionaliza

Após sete anos ocupado como funcionário na área da construção civil, Ney Gonzaga acumulou uma série de habilidades que utilizou para colocar em prática o desejo de ter o próprio negócio. Há um ano ele montou a empresa Ney Gonza-ga Marido de Aluguel, que oferece serviços domésticos de reparação em toda a região do Distrito Fe-deral. Há alguns meses ele recebe orientação do agente Maurício Oc-távio, do Sebrae no Distrito Federal, que lhe ajudou a profi ssionalizar o negócio. Com isso, seu lucro men-sal atualmente chega a R$ 1,7 mil, o dobro do que ganhava como fun-cionário de empresa. “Aprendi a ser profi ssional, tracei um plano de ne-gócio, aprendi a gerir meu dinheiro. Além disso, fi z cursos, participei de palestras que me ajudaram muito.”

Fonte: Agência Sebrae de Notícias

Empreender

Este informe é de responsabilidade do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), sob coordenação

da Gerência de Marketing e Comunicação. Presidente em exercício do Conselho Deliberativo Nacional do Sebrae: Roberto

Simões - Diretor-presidente: Paulo Okamotto - Diretor-técnico: Carlos Alberto dos Santos - Diretor de Administração e Finanças:

José Claudio dos Santos - Gerente de Marketing e Comunicação: Cândida Bittencourt. Endereço: SEPN Quadra 515 - Bloco C Loja

32 - 70770-900 - Brasília/DF - Fone: (61) 3348-7100 - www.sebrae.com.br - Para falar com o Sebrae: 0800 570 0800

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Limpeza total

Mais do que NF-eO Bloco-e é um sistema de nota fi scal eletrônica que permite a emissão,

gerenciamento e a validação de notas via internet. A solução permite facilitar as operações de envio, cancelamento e inutilização de nota fi scal, processos que, em geral, são complexos com a nota impressa. O software permite a customi-zação do perfi l de cada usuário e, dessa forma, tanto empresas quanto conta-dores podem adaptar a interface do sistema de acordo com as ferramentas e funções que mais utilizam. A solução foi desenvolvida pela Brame Automação em parceria com a Bry Certifi cação Digital e a Proweb+. www.brame.com.br

Servidores refrigerados

O InRow SC Systems da APC é um novo gabinete de refrigeração indepen-dente, ideal para salas de servidores e pequenos data centers. O equipamento é instalado dentro dos racks, próximo à fonte de processamento responsável pela emissão de calor no ambiente, o que per-mite refrigerar os servidores e economizar energia. O InRow possui um dispositivo que é acionado automaticamente à me-dida do uso de cada servidor. Com uma capacidade de refrigeração de até 7kW, um rack de 300 mm de largura e opções dianteiras e traseiras de contenção, esses novos sistemas de refrigeração monito-ram e ajustam ativamente a capacidade de refrigeração para assegurar temperaturas de entrada apropriadas ao servidor. O sis-tema InRow SC é composto de uma so-lução de refrigeração baseada em fi leiras, um gabinete rack NetShelter SX e opções de confi namento do ar. www.apc.com

A Jani-King oferece serviço especia-lizado de limpeza para diferentes tipos de instalações como hospitais, escri-tórios, hotéis, resorts, restaurantes, indústrias, cinemas e áreas esportivas. A empresa, que foi fundada em 1969 e está presente no Brasil desde 1991, tem equipe técnica especializada para aten-der a diferentes demandas. Os serviços da Jani-King para lugares públicos, por exemplo, incluem limpeza de camaro-tes, coleta de lixo, limpeza de pisos e de áreas comuns. No caso de limpeza de cinemas, a Jani-King faz desde higieni-zação rápida entre as sessões até limpe-za completa durante a madrugada.

A empresa é referência também em limpeza de eventos esportivos, que de-

mandam conhecimento especializado e pessoal altamente treinado. “Desde a limpeza de um sanitário utilizado por um atleta até uma área pública co-mum, tudo deve ser meticulosamente planejado. Muita gente nem imagina, mas o lixo retirado do quarto de um atleta precisa ser armazenado por sete dias, pois pode servir como prova em um episódio de dopping e mudar o re-sultado de uma prova ou até mesmo a decisão de uma medalha de ouro”, ex-plica Christian Rojas, diretor de opera-ções da empresa. A Jani-King foi a res-ponsável pela limpeza em quatro jogos olímpicos e nos jogos Pan-Americanos realizados no Brasil. www.janikingbrasil.com.br

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Armazenamento de imagensA D-Link lança a nova versão do sto-

rage DNS-726-4 com funcionalidade de NVR (Network Video Recorder) para câmeras IP. A versão atualizada do equi-pamento é capaz de armazenar imagens e dados gravados simultaneamente em até oito câmeras. As imagens podem ser visualizadas em tempo real, inclusi-ve por mais de um usuário ao mesmo tempo, a partir de qualquer computador conectado à internet ou de telefone ce-lular com tecnologia 3G. A nova versão do storage da D-Link possui dois slots

para HDs (discos rigídos) padrão Sata de até 1,5 Tb (Terabite) cada. Se os dois HDs estiverem instalados, o usuário pode confi gurar o modo de operação para o padrão Raid-1 (espelhamento de disco ou redundância), no qual a mes-ma informação é armazenada nos dois discos ao mesmo tempo. O DNS-726-4 não depende de computador ou de um sistema operacional específi co, evitando problemas de travamento do sistema de gravação ou necessidade de reinicializa-ção. www.dlink.com.br

Placa-supermãe

A placa-mãe Big Bang Fuzion da MSI permite a utilização simultânea de duas placas de vídeo, além de suportar o uso paralelo de GPUs dis-tintos. Equipada com o chipset P55, da Intel, a Big Bang Fuzion processa efeitos gráfi cos de forma mais realis-ta e é a primeira placa-mãe a contar com uma combinação inovadora das tecnologias de áudio TruStudio PC da THX e EAX Advanced HD 5.0 da Cre-ative. A placa foi eleita como o me-lhor produto na categoria IC & Com-ponents durante a Computex Taipei 2010. O preço sugerido do produto

é de R$ 1.580. www.msi.com Elaboração de provas

A Q2L é uma ferramenta on-line para elaborar provas e questionários. A solução pode ser utilizada para aplicação de provas em escolas, processos seletivos, avaliação de equipes nas empresas, feedback sobre a satisfação do cliente ou para realizar pesquisas de marketing. Com alguns cliques, o próprio usuário cria seu formulário, publica, acompanha o preenchimento e inicia a análise das respostas recebidas. Para usar o sistema não é necessário instalar

ou fazer downloads. O usuário só precisa abrir o navegador de internet e escolher entre dezenas de modelos de questionários ou mesmo criar

o seu próprio. O sistema de pagamento do serviço é diferenciado e a empresa contratante só paga quando alguém responder ao questio-

nário. Até 1 mil respostas é cobrado R$ 0,10 por cada uma, e acima de 1 milhão de respostas será cobrado R$ 0,01 por item respondido. A solução

foi desenvolvida pela W5 Solutions. www.q2l.com.br

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tências para a função, ainda assim tende-mos a inferir cada comportamento não pelo que ele é, mas pelo que gostaríamos que fosse. Limpar estas minhas partes no outro é o desafi o para que possamos contribuir com o seu próprio crescimen-to e desenvolvimento e não em modelar outro eu – como um desejo narcísico.

Percebo que as empresas, ou melhor, os empresários, procuram contratar ou-tros iguais a si. Parece-me que, em algu-ma medida, procuram tornar mais fácil a formação da equipe e reduzir os confl itos ao identifi car perfi s semelhantes.

Esse caminho mais fácil passa a ser o mais longo. As empresas perdem a po-tência que advém da multiplicidade. A homogeneidade implica em que se veja o mundo da mesma forma. Em tempos de Copa do Mundo, vale pensar se 11 excepcionais centroavantes fazem o me-lhor time. Qualquer torcedor sabe que o melhor time é formado por 11 individu-alidades excepcionais, mas sintonizadas num propósito comum.

Lembrei-me do fi lme 300 (de Espar-ta), onde o escudo de cada guerreiro deveria primeiro proteger a parte vul-nerável de seu companheiro. A força de uma equipe está diretamente ligada à confi ança que tenho no outro membro para emprestar seus aspectos mais fortes para proteger meus aspectos mais fracos. A pergunta que fi ca para cada empresário é: o que temo que me impede de contra-tar aquele que é diferente de mim?

das situações profi ssionais com as quais se deparam e servem como ligação entre as condutas individuais e as necessidades estratégicas da empresa. Assim, agregam valor econômico e valor social a indivídu-os e a empresas.

Dentro desta perspectiva, as compe-tências são mais essenciais que as quali-fi cações. Não basta saber sobre alguma coisa, é fundamental que eu saiba como aplicar de forma efetiva este saber. Identi-fi car as competências necessárias para as funções-chave de sua empresa pode ser o diferencial frente à concorrência. Isto lhe permite contratar com mais efi cácia, bem como treinar seus colaboradores de forma mais efetiva. Neste binômio contratar-treinar reside uma armadilha projetiva. Explico.

Uma avaliação é, por natureza, um exercício de tornar objetiva a subjeti-vidade. E traz em si um desafio: qual é a referência? É natural que julguemos o outro baseados em nós próprios, ou nas palavras de Caetano: “Narciso acha feio tudo que não é espelho”. Admirar o outro é mirar a si próprio. Desgarrar-se deste eu projetado no outro é buscar avaliar centrado nas competências do outro e não nas minhas que desejo que o outro tenha. Isto nos obriga a olhar para o outro com seus próprios olhos e não com os nossos.

Mesmo tendo uma matriz de compe-

Podemos defi nir competências huma-nas como um saber agir de forma cons-ciente e responsiva, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, habili-dades, e atitudes expressas pelo desempe-nho profi ssional dentro de determinado contexto empresarial que agreguem valor à empresa e ao indivíduo. Em síntese, é um saber que gera resultados. Podemos dividi-las em três aspectos: conhecimen-to, habilidade e atitude.

A dimensão do conhecimento – cognitiva – corresponde a uma série de informações assimiladas e estruturadas pelo indivíduo, que lhe permitem en-tender o mundo. Refere-se aos saberes que a pessoa acumulou ao longo de sua vida, relacionadas à lembrança de con-ceitos, ideias ou fenômenos. A dimen-são da atitude – afetiva – refere-se a as-pectos sociais e afetivos relacionados ao trabalho. Diz respeito a um sentimento ou à predisposição da pessoa, que de-termina a sua conduta em relação aos outros, ao trabalho ou às diferentes circunstâncias do mundo dos negócios. A dimensão da habilidade – psicomoto-ra – corresponde ao saber como fazer algo, fazer uso produtivo do conheci-mento adquirido, com vistas ao alcance de um propósito específico.

Nessa perspectiva, então, as compe-tências humanas são reveladas (e somen-te assim) quando as pessoas agem diante

Saber que gera resultados

D I N Â M I C A E M P R E E N D E D O R A

Competências aplicadas em situações profissionais agregam valor econômico e valor social a indivíduos e a empresas

por Luiz Fernando GarciaConsultor especialista em manejo

comportamental e empreendedorismoem negócios. Fone: (48) 3334-5585

www.rendercapacitacao.com.br

Não basta saber sobre alguma coisa, é fundamental que eu saiba como aplicar

de forma efetiva este saber

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Geração YO nascimento de uma nova versão de líderesSidnei Oliveira – Ed. Integrare – R$ 35

Compreender as novas gerações sempre foi um de-safio para qualquer empresa. Especialista no desenvolvi-mento de lideranças, o autor quebra uma série de paradig-mas e mostra que definir os jovens desta geração apenas por suas características nega-tivas é simplista e incorreto. Afinal, eles têm muitas qua-lidades que são inexistentes ou pouco desenvolvidas nas gerações anteriores.

Cliente do século 21

O cliente é quem mandaPete Blackshaw – Editora Sextante – R$ 19,90

Internet potencializa o poder de convencimento de consumidores, para o bem ou para o mal

Os seis fatores determinantes para a credibilidade da empresa:

CONFIANÇA: quando a empresa negocia de maneira honesta, ética e direta com o cliente, este sente que pode depender dela ou de seus produtos ou serviços;

AUTENTICIDADE: companhias autênticas são consideradas verdadeiras e sinceras, consistentes e genuínas;

TRANSPARÊNCIA: organizações transparentes não escondem suas práticas e políticas e tornam pública a maioria dos dados relevantes;

ATENÇÃO AO CONSUMIDOR: empresas que ouvem o cliente são vistas como amigáveis, convidam ao diálogo e incentivam críticas e sugestões;

RECEPTIVIDADE: uma companhia é considerada receptiva dependendo de como reage, administra e lida com o feedback dos consumidores;

CONFIRMAÇÃO: julgamento coletivo de consumidores, como um consenso de “verdades” positivas ou negativas sobre uma empresa ou marca.

Com a internet, uma única pessoa irritada é capaz de disseminar instantaneamente sua opi-nião para milhões de outras, o que pode afetar empresas bem-sucedidas e colocar em risco a re-putação de uma marca. Portanto, as companhias não podem mais se dar ao luxo de ignorar as cau-sas e consequências dessa mídia espontânea gera-da pelos clientes. “Os consumidores não são mais observadores passivos; eles na verdade defi nem e dão forma ao mundo dos negócios e ao mercado de trabalho do futuro”, afi rma o autor, que é espe-cialista em marketing interativo e comportamento do consumidor.

O livro parte de exemplos de organizações conhecidas mundialmente – como Toyota, Dell, Nike e General Motors – para explicar como as empresas devem interpretar, analisar e reagir às mensagens dos clientes, oferecendo uma pers-pectiva nova e convincente que garanta a credi-bilidade em tudo o que fazem. Segundo o autor, alcançar 100% de credibilidade é a única maneira que as empresas têm de reagir ao potencial críti-co de seus consumidores.

33 milhões de pessoas na sua rede de contatosComo criar, influenciar e administrar um negócio de sucesso por meio das redes sociaisJuliette Powell – Editora Gente – R$ 39,90

Sites como Orkut, Facebook e Twitter deixaram de ser mero modis-mo para se tornarem uma realidade permanente e repleta de oportunida-des para empreendedores de todos os segmentos. Através de exemplos prá-ticos, a autora apresenta quais são e o que representa cada uma das princi-pais redes sociais, mostrando como é possível utilizá-las como instrumento para criar ou expandir um negócio.

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condomínio de recursos permite que o investidor reduza seus custos de transação dos ativos do fundo, ao diluí-los com os de-mais cotistas. O volume fi nanceiro mais ele-vado também admite uma maior diversifi -cação dos investimentos. Outra vantagem é que o investidor não precisa compreender profundamente o mercado de capitais nem escolher os melhores ativos, já que estas são atribuições do gestor do fundo.

Visto que atualmente existem mais de 9,3 mil fundos no País, é importante agru-par estes produtos de acordo com suas políticas de atuação e com os riscos que correm. As classifi cações mais comuns no mercado são a CVM e a da Anbid, que usam critérios semelhantes.

As categorias mais populares para o investidor pessoa física são: Renda Fixa, que prevê a aplicação em ativos atrelados

É notável o crescimento da indústria de fundos de investimento no País. Em 2000, o volume de recursos em gestão era de aproximadamente R$ 297 bilhões. Hoje em dia, este corresponde a apro-ximadamente R$ 1,5 trilhão, tendo mais que quintuplicado em pouco mais de uma década. Além disso, o Brasil conta atualmente com 354 gestoras, que são empresas especializadas na seleção de ativos para carteiras de investimento.

A evolução do mercado de capitais local é uma das razões que explica este crescimento. O Brasil vem ganhando cada vez mais destaque na economia in-ternacional, e vem chamando a atenção de grandes investidores estrangeiros, principalmente após ser elevado para grau de investimento pelas três maiores agências de avaliação de risco do mun-do. O aumento no mercado de capitais traz consigo uma demanda por produtos fi nanceiros mais sofi sticados, gerando maior oferta de fundos de investimento.

Além disso, o forte crescimento pode ser explicado também pelas vantagens que estes produtos apresentam. O modelo de

Fundos de investimento em altaAntes de escolher uma opção é preciso avaliar o histórico do desempenho e se é compatível com o perfil do investidor

por Rodrigo Costa LaurindoProfi ssional da Leme Investimentos

à taxa de juros ou à infl ação; Referenciado DI, que visa acompanhar o CDI; Ações, que aplicam a maior parte dos recursos no mercado acionário; e Multimercado, cuja regulamentação permite atuar nos mais diversos segmentos, indo de juros e câmbio até bolsa de valores e derivativos.

De acordo com dados da Anbima, o segmento que atualmente possui o maior volume de investimentos é o de Renda Fixa, com 27,9% dos recursos. Outro segmento forte é o Multimerca-do, com participação de 23,5%. Os Refe-renciado DI correspondem a 13,4% do patrimônio da indústria, enquanto os fundos de ações são 10,6%.

A seleção de um fundo de investi-mentos deve ser efetuada com cuidado. Primeiro, é essencial que o perfi l do inves-tidor esteja alinhado com a política de in-vestimentos do produto. Além disso, uma análise histórica do desempenho do pro-duto é essencial, para atestar a qualidade do trabalho do gestor. Por fi m, vale acom-panhar se o fundo está acompanhando os índices de referência, que costumam ser o Ibovespa no mercado acionário e o CDI na renda fi xa.

O modelo de condomínio de recursos permite que o investidor reduza seus custos de transação

dos ativos do fundo e também admite uma maior diversificação dos investimentos

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Carteira Teórica Ibovespa

All Amer Lat UNT N2 1,379 4,4 -7,1Ambev PN 0,964 7,7 8,1B2W Varejo ON 0,643 6,7 -31,5BMF Bovespa ON 4,700 4,9 6,1Bradesco PN 3,125 -0,5 -8,3Bradespar PN 0,886 -2,2 -4,9Brasil Telec PN 0,480 5,8 -24,9Brasil ON 1,973 4,3 -5,3Braskem PNA 0,598 19,4 -8,5BRF Foods ON 2,183 9,7 12,6CCR Rodovias ON 0,674 -1,2 -7,4Cemig PN 1,326 0,8 -4,3Cesp PNB 0,837 17,3 7,6Cielo ON 1,993 6,5 10,8Copel PNB 0,620 5,5 -3,4Cosan ON 0,813 8,9 -11,7CPFL Energia ON 0,582 7,1 15,6Cyrela Realty ON 1,894 6,1 -12,5Duratex ON 0,639 7,6 3,6Ecodiesel ON 0,751 9,6 -16,5Eletrobras ON 1,062 9,1 -3,4Eletrobras PNB 0,870 11,4 -2Eletropaulo PNB 0,730 19,8 20,3Embraer ON 0,852 2,3 5,7Fibria ON 1,805 0,2 -24,4Gafi sa ON 1,667 4,2 -18Gerdau Met PN 0,872 -0,1 -8,8Gerdau PN 3,212 0,5 -13,3Gol PN 1,064 8,9 -12,5Ibovespa 100,000 2,8 -5,5Itausa PN 2,495 4,2 0,1ItauUnibanco PN 3,777 -0,3 -9JBS ON 0,994 11,7 -12,8Klabin S/A PN 0,437 7,6 2,4Light S/A ON 0,529 7,8 -7,7Llx Log ON 0,960 8 -21Lojas Americ PN 1,169 9 -12,6Lojas Renner ON 1,189 12,6 27MMX Miner ON 1,227 9,5 20,4MRV ON 1,092 14,6 -2,3Natura ON 0,902 6,8 14,2Net PN 0,830 -1,5 -23,8OGX Petroleo ON 2,615 14,6 8,7P. Açúcar-CBD PNA 0,781 8,5 -1,6PDG Realt ON 2,245 5,2 -6Petrobras ON 2,583 -6 -22,1Petrobras PN 9,905 -5,7 -22,8Redecard ON 1,722 2,4 0,6Rossi Resid ON 1,161 3,8 -10,1Sabesp ON 0,381 2,9 5,3Sid Nacional ON 2,277 0 2,9Souza Cruz ON 0,511 2,6 21,9Tam S/A PN 0,849 10,4 -26,2Telemar N L PNA 0,298 -1,1 -17,5Telemar ON 0,308 11,3 -2,7Telemar PN 1,070 -5,4 -16Telesp PN 0,196 5,8 -8,5Tim Part S/A ON 0,172 3,9 1,8Tim Part S/A PN 0,938 2,4 1,5Tran Paulist PN 0,267 3,9 -4,1Ultrapar PN 0,543 7,1 10,9Usiminas ON 0,603 11,6 0,5Usiminas PNA 2,537 11,2 3,7Vale ON 2,576 -3,8 -2,2Vale PNA 9,893 -2,2 0,2Vivo PN 0,774 -2,4 -6,6

Infl ação (%)

Índice Junho Ano

IGP-M 0,85 5,69IGP-DI 0,34 5,48IPCA 0,00 3,09IPC - Fipe 0,04 3,10

Juros/Aplicação (%)

Junho Ano

CDI 0,791 4,28Selic 0,861 4,30Poupança 0,559 3,23Ouro BM&F 2,917 19,52

Indicadores Imobiliários (%)

Junho Ano

Juros/Crédito (%)

23/Junho 24/Junho

Desconto 1,85 1,85Factoring 3,92 3,94Hot Money 3,36 2,05Giro Pré (taxa mês) 2,06 2,05

Câmbio

Mercados Futuros

Cotação

Dólar Comercial Ptax R$ 1,7572 Euro US$ 1,3100 Iene (US$ 1,00) $ 86,4304

Dólar R$ 1.757,00 R$ 1.764,50Juros DI 10,61% 10,64%

Contratos mais líquidos 28/08Ibovespa Futuro 68.810

Nome Tipo Participação Junho VariaçãoAção Ação Bovespa % Ano

Até 23/06

Em 28/05

CUB SP 0,17 0,65TR 0,092 0,23

Agosto Setembro

Até 25/06

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De 30/08 a 2/09/2010Offi ce Paper BrasilPavilhão de Exposições do Anhembi São Paulo – SPwww.officepaperbrasil.com.br

Mais de 400 expositores apresentam novidades em suprimentos e acessórios para escritórios, papelarias e escolas. A feira tem como público-alvo varejistas do setor e compradores corporativos que são responsáveis pela aquisição de suprimen-tos de escritórios para empresas. O Offi ce Paper Brasil é realizado pela Associação Brasileira da Indústria Gráfi ca (Abigraf ).

De 30/08 a 3/09/2010Fenasucro – Feira Internacional da Indústria SucroenergéticaCentro de Eventos Zanini Sertãozinho – SPwww.fenasucroagrocana.com.br

Referência para o setor sucroalcooleiro, reúne produtoras de bens e serviços relacio-nados à indústria da cana-de-açúcar. Na aber-tura é realizado o Fórum Internacional sobre o Futuro do Álcool. Paralelamente é realiza-da a Agrocana, feira de negócios e tecnologia da agricultura da cana-de-açúcar.

De 23 a 27/08/2010Interplast – Feira e CongressoNacional de Integração da Tecnologia do PlásticoComplexo Expoville – Joinville – SCwww.interplast.com.br

Empresas do setor plástico de di-ferentes regiões do País e do exterior apresentam novidades em matérias-primas, periféricos e serviços na sexta edição da Interplast. Durante o evento é realizado o Cintec Plástico, congresso de inovação tecnológica do setor. São esperados 35 mil visitantes.

De 28 a 31/08/2010Beauty Fair –Feira Latino-Americana de Cosméticos e BelezaExpo Center NorteSão Paulo – SPwww.beautyfair.com.br

A Beauty Fair é uma feira internacional de cosméticos e beleza voltada para dis-tribuidores, varejistas e cabeleireiros. Du-rante o evento são realizados workshops de negócios, congresso de manicures e fórum de empreendedorismo.

A G E N D A

De 13 a 15/09/2010Expo.LogísticaRio de JaneiroHotel Intercontinental Rio de Janeiro – RJwww.expologistica.com.br

A Expo.Logística é um dos principais pontos de encontro dos executivos do setor. A feira reúne empresas prestadoras de serviço logístico, de distribui-ção e de comércio exterior. Paralelamente ao evento é realizado o Fórum Internacional de Logística, onde são divulgadas pesquisas sobre o setor.

BEM ENCAMINHADO De 13 a 16/09/2010EquipotelPavilhão de Exposições do Anhembi São Paulo – SP – www.equipotel.com.br

Uma das maiores feiras de hotelaria e gastronomia da América Latina. Mais de 1 mil empresas do setor apresentam novida-des em equipamentos, produtos e serviços para hotéis, fl ats, motéis, restaurantes e fast-foods. São esperados 50 mil visitantes.

De 14 a 16/09/2010Feindi – Feira de Subcontratação & Negócios da IndústriaPavilhão de Exposições do Anhembi São Paulo – SP – www.feindi.com.br

Reúne toda a cadeia de subcontratação industrial. Empresas fornecedoras e presta-dores de serviço e de insumos apresentam os lançamentos do setor. Durante o evento são realizadas rodadas de negócios entre seg-mentos da indústria, comércio e serviços.

De 14 a 17/09/2010Metalurgia – Feira e Congresso Internacional de Tecnologia em Fundição, Siderurgia, Forjaria, Alumínio e ServiçosExpoville – Joinville – SCwww.metalurgia.com.br

A Metalurgia é uma feira bianual que reúne empresas do Brasil e do exterior do setor de fundição. Mais de 200 expositores apresentam novidades em tecnologia para siderurgia, forjaria, alumínio e serviços.

De 27 a 29/09/2010Fruit & Log – Feira Internacional de Frutas e Derivados, Tecnologia do Processamento e LogísticaExpo Center Norte – São Paulo – SPwww.fruitetech.com.br

Criada para ampliar as oportunidades de produção, logística, distribuição e ne-gócios de toda a cadeia de frutas, legumes, verduras e seus derivados. A feira é exclu-siva para produtores, supermercadistas e empresas da indústria alimentícia.

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