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Efeito terapêutico da liberação miofascial, mobilização neural e
mobilização articular na dor do complexo do ombro fase crônica.
Ana Cristina da Silva Godinho1
Dayana Priscila Maia Mejia 2
Pós-graduação em Ortopedia e traumatologia – Faculdade FASAM
Resumo
O complexo do ombro é uma das estruturas mais móveis em se tratando de amplitude de
movimento, sendo também uma das mais instáveis em decorrência da estrutura da cabeça do
úmero não se acoplar totalmente na cavidade glenóide. Por ser uma articulação de grandes
movimentos está sujeita a inúmeros tipos de lesões que podem ser ocasionados pelo uso
excessivo ou por fator traumático, em sua maioria tem indicação de tratamento conservador.
A liberação miofascial, mobilização neural e mobilização articular são técnicas manuais que
vem ganhando espaço e cada vez mais vem sendo utilizada pelos fisioterapeutas para tratar
distúrbios musculoesqueléticos que resultam em um quadro incapacitante pela intensidade da
dor. Estatisticamente é grande o número de afastamento laboral principalmente em
trabalhadores da indústria que utilizam bastante os membros superiores. Foram utilizados
artigos relacionados ao assunto da base de dados Google acadêmico, SCIELO e LILACS dos
anos de 2000 a 2013 para a produção deste artigo. Observou-se que o tratamento das dores
do complexo do ombro necessita de conhecimento e aprimoramento das técnicas e que o
fisioterapeuta vem adquirindo e ampliando sua visão e suas habilidades para proporcionar
um melhor acompanhamento e favorecimento na melhora da saúde dos pacientes.
Palavras-chave: Terapia manual, Fisioterapia, Tratamento conservador.
1. Introdução
O ombro é uma articulação bastante complexa, é o mais móvel de todo o corpo humano, sua
formação pelas articulações sinoviais acrômio-clavicular, externo-clavicular, glenoumeral e
uma articulação fisiológica escapulotorácica, entretanto, é considerada pouco estável por sua
anatomia articular, especialmente na articulação glenoumeral. Esta grande mobilidade e
menor instabilidade podem ser atribuídas à frouxidão capsular associada à forma arredondada
e grande da cabeça umeral e rasa superfície da fossa glenóide, sendo necessária harmonia
sincrônica e constante entre todas as estruturas estáticas e dinâmicas que mantêm sua
biomecânica normal. Por esse motivo, qualquer alteração que comprometa sua estrutura e
função faz com que esse complexo articular seja alvo de inúmeras afecções (METZKER,
2010).
Conforme Carlais-Germain (2002) o ombro não é uma articulação única e sim um conjunto
anatômico funcional, conhecida nos dia de hoje como complexo do ombro, com duas funções
básicas: permitir a mobilização de grande amplitude para o braço e estabilidade quando o
membro superior necessita de força.
O complexo do ombro é considerado instável em seu aspecto anatômico de união óssea,
entretanto uma análise adequada dos aspectos anatômicos e biomecânicos articulares
1 Pós-graduando em Ortopedia e Traumatologia.
2 Orientadora Especialista em Metodologia da Pesquisa Científica: Graduada em Fisioterapia: Docente no Centro
Universitário do norte e na Universidade Paulista.
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demonstra um sistema eficiente, capaz de promover equilíbrio dinâmico entre estabilidade e
mobilidade local (NASCIMENTO, 2011).
Fonte: vidaemontanha.blogspot.com
Figura 1- Complexo do ombro.
A combinação dos movimentos coordenados das quatro articulações distintas, os músculos e
as estruturas periarticulares envolvidos permitem que o braço e a mão sejam posicionados no
espaço para uma variedade de funções. O resultado é uma amplitude de movimentos que
ultrapassa a de qualquer outra articulação do corpo humano, ao redor da articulação estão
localizadas as bolsas (bursas) subdeltóidea e subacromial que permitem que os tendões do
supraespinhal e a cabeça longa do bíceps braquial possam deslizar suavemente debaixo do
acrômio, por ser extemamente frouxa, a cápsula contribui para uma ampla mobilidade
articular e uma enorme instabilidade da articulação, como há o mínimo de contato entre a
cavidade glenóide e a cabeça umeral, a articulação do ombro depende de estruturas
ligamentares, musculares e tendíneas para ter estabilidade (CICCONE ET al, 2005).
Segundo o ministério da Saúde os membros superiores e a cintura escapular são os mais
acometidos no sistema osteomuscular por lesões por esforço repetitivo doenças
osteomusculares relacionadas ao trabalho (LER/DORT).
Estudos tem relatado que a prevalência estimada de dor na população esteja entre 11,7% a
16%, chegando a 21% da papulação, a incidência de queixas de dor no ombro, na prática geral
dos serviços de saúde é de 11,2 por 1000 pacientes. Esta patologia que é mais frequente com o
envelhecimento e com a prática de certas ocupações ou esporte é evidenciada principalmente
por dor, restrição de movimento, força e diminuição da funcionalidade do ombro (Revista
Brasileira de Fisioterapia, 2008).
A lesão do manguito rotador é uma das mais frequentes patologias do ombro ocasionando
dor, merecendo uma atenção cada vez maior no diagnóstico e tratamento, sendo considerada
hoje patologia que exije equipe multidisciplinar. Apesar de a medicina permitir na virada do
milênio um aumento da perspectiva de vida, esses indivíduos desejam também ter boa
qualidade de vida livres de dores (LECH ET al, 2000 ).
O Instituto Nacional de seguridade social INSS apresenta dados colhidos em 2009 no qual as
empresas registram 3.489 CAT (comunicado de acidente de trabalho) referentes às lesões de
ombro, o que corresponde a 19,71% das CAT registradas.
Mendonça e Assunção (2005) relatam que o ombro pode ter uma variedade de lesões, a saber:
estiramento, inflamação, fibrose, lesão completa ou incompleta do manguito rotador,
associada ou não a degeneração articular. Várias são as causas que contribuem para os
distúrbios do ombro, entre os quais o trauma, a hipovascularização na inserção do músculo
supraespinhoso e o impacto subacromial primário. Dados de outros países como a Suécia
mostram que cerca de 18% do total de indenizações por ausência de trabalho foram devidas a
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problemas de ombro e pescoço no ano de 1994, no estado de Washington cerca de 55.315
casos registrados de problemas no ombro relacionados ao trabalho no período de 1987 a 1995.
As dores crônicas podem ter alto impacto na capacidade funcional das pessoas. Entretanto,
isso não é um fenômeno universal e, embora alguns pacientes tornem-se incapacitados
fisicamente, outros parecem se ajustar bem ás dores crônicas (SOCIEDADE BRASILEIRA
PARA O ESTUDO DA DOR, 2012).
Já a Revista Eletrônica de Enfermagem (2008), descreve a dor como um sintoma de alerta,
comum nas enfermidades e com impacto negativo na vida das pessoas, que buscam
alternativas para o seu alívio, sendo uma sensação subjetiva que não pode ser vista, sendo
construída a partir de suas experiências dolorosas. Apesar de reconhecer atualmente a
relevância de uma abordagem integral ao ser humano. A Medicina tradicional não trata o
homem como um ser holístico, mas como um conjunto de sistemas isolados, que o compõem,
mas a partir do século XIX a medicina mecanicista começou a se questionada dando início a
uma nova realidade, no século XX observou-se a popularização de outras formas de pensar na
área de saúde dando espaço a abordagens alternativas, que visam assistir o indivíduo em todos
os aspectos, seja prevenção tratamento ou cura.
A terapia manual vem sendo utilizada desde 300 a.C pelos romanos, sendo a liberação
miofascial aplicada nos gladiadores com afinalidade de aliviar as dores e a fadiga muscular. O
tecido fascial é formada por técido conjuntivo o que representa uma numerosa parte do técido
do corpo, pois recobre toda musculatura corporal, funcionando como unidade única, ou seja,
não há divisão, recobre todos os músculos e estes sim tem suas fáscias individuais. Na
fisioterapia a utilidade da fáscia se dá através de sua “liberação”, acredita-se que esta fáscia
em algum momento e por razões desconhecidas pode não permitir uma livre movimentação
entre os músculos que em sua maioria ocorre por pontos de tensão que é uma constante nos
dias atuais (SOUZA e MEJIA, 2010).
O termo terapia manual refere-se aos diferentes métodos de tratamento da fisioterapia:
mobilização e manipulação articular, massagem de técido conectivo, massagem de fricção
transversa, entre outras. Mobilização e manipulação articular são métodos conservativos de
tratamento de dor, restrição e amplitude de movimento articular, e outras dinsfunções do
sistema músculoesquelético. Para os fisioterapeutas a terapia manual é uma área que expandiu
rapidamente e com bons resultados (BENASSI ET al, 2010 ).
A osteopatia, a quiropraxia, a reeducação postural global, a mobilização neural, as técnicas de
mobilização articular, a hidroterapia o pilates, foram englobados a terapeutica conservadora
da fisioterapia convencional contra a sintomatologia álgica e funcional (MONNERAT e
PEREIRA, 2010).
Fonte: eli-massoterapeuta.blogspot.com
Figura 2- Técnica de liberação miofascial.
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A Mobilização do Sitema Nervoso (MSN) vem sendo aplicada desde, 1800 e
progressivamente vem se aperfeiçoando tanto na teoria quanto na aplicação clínica, para
restaurar o movimento e a elásticidade do Sistema Nervoso (SN), promovendo retorno as suas
funções normais, então a técnica parte do princípio de que uma alteração na homeostase da
biomecânica e fisiologia do SN (movimento, elasticidade, condução e fluxo axoplasmático)
pode resultar em outras disfunções próprias no SN ou outras estruturas musculoesqueléticas
que recebem sua inervação (BAUM, 2009).
Fonte: www.eduardomiranda.com
Figura 3- Mobilização Neural.
Segundo Reis (2012) mobilização articular é uma técnica que surgiu por volta de 1940 e foi
readaptada por diversos profissionais e ao longo dos anos vem se mostrando cada vez mais
eficaz é muito utilizada na fisioterapia para o tratamento das mais diversas doenças
articulares.
A mobilização articular refere-se às técnicas de terapia manual usadas para modular a dor e
tratar as disfunções articulares que alteram a ADM, abordando especificamente alterações na
mecânica articular que pode estar alterada em decorrência da dor, mecanismo de defesa
muscular, derrame articular, contraturas ou aderências na capsulas articulares ou ligamentos
de suporte, desalinhamento e subluxação das superfícies ósseas (ARAUJO, 2012).
Fonte: lucianosouzafisiol.blogspot.com
Figura 4- mobilização articular passiva.
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2. Metodologia
O estudo trata- se de uma revisão de literatura que trata de algumas técnicas de terapia manual
que podem ser aplicadas como tratamento conservador nos distúrbios do ombro. Foram
realizada pesquisa iniciou no mês de junho de 2012 a agosto de 2013 de artigos dos anos de
2000 a 2013, relacionados aos efeitos da amobilização neural, mobilização articular e
liberação miofascial nas variadas patologias que comprometem o movimento ocasionando
quadro álgico e consequentemente limitação importante de amplitude desta articulação e que
abordassem a anatomia, fisiologia e biomecânica do complexo do ombro, estatísticas em
relação aos casos de afastamento e tratamento conservador com as terapias manuais dentre
elas as tecnicas de terapia citadas. Os artigos foram relacionados conforme o assunto de
interesse pela analise de seu conteúdo sendo excluídos aqueles, que não tem consistência
científica. Foram utilizados como base de dados Lilacs, Scielo e Google acadêmico e
utilizaram-se as seguintes palvras-chaves “Dor do ombro”,“Complexo do ombro”, ‘Lesões do
ombro”, “ Fratura”, “ Liberação miofascial”, “Mobiliozação neural” “Terapia Manual” e
“Mobilização articular”. Os resultados foram demonstrados de forma descrita.
3. Resultados e Discussão
A articulação do ombro é formada por tres articulações sinoviais e uma fisiológica, a escápulo
torácica, essas quatro articulções juntamente com musculos e ligamentos permitem que o
braço seja posicionado no espaço para uma ampla variedade de funções. A força do músculo
manguito rotador é o elemento principal para a estabilidade glenoumeral (CICCONE ET
al,2005).
Estefanelo ET al (2008) cita que o ombro ou articulção glenoumeral é constituído do úmero
com a cavidade glenóide, que é composto por 20 músculos, 5 articulações ósseas
(glenoumeral, esterno clavicular, acromioclavicular, escápulotoracica e coracoclavicular, além
de uma importante formação músculotendinosa para a articulação do ombro, o manguito
rotador, formado pelos músculos supraespinhoso, infraespinhoso, subscapular e redondo
menor. A falta de movimento em alguma das articulações, mesmo nas menores
(acromioclavicular e esternoclavicular) provoca sobrecarga nas outras, podendo ser origem
de lesões degenerativas ou inflamatórias acarretando prejuízo a toda cintura escapular.
Tema como saúde e qualidade de vida vem, despertando interesse de muitos estudiosos na
busca em compreender a dimensão da qualidade de vida do indivíduo em estado de doença. E
assim tem havido mundança no foco da terapêutica no sentido de acrescentar não somente
“anos a vida” das pessoas e sim “vida aos anos” tendo a necessidade de conhecer o impacto
no estado de sáude sobre a capacidade do indivíduo. A dor é um sinal de alerta, um aviso de
que algo não está bem, é uma sensação subjetiva sentida pelo indivíduo e não visualizada
(BRASIL ET al, 2008).
O afastamento laboral reflete um problema de saúde com consequências socioeconômicas, no
Brasil, os dados oficiais a respeito da prevalência destes distúrbios musculosesqueléticos não
apresentem estratificação por área acometida, mas mostram que há um aumento no número de
casos de afastamento remunerado concedidos devido à lesão por esforço repetitivo no
membro superior (BARBOSA ET. al, 2012).
Segundo Reis e Mejia (2012) vários podem ser os fatores que desencadeiam dores no
complexo do ombro, são eles fatores intrinsecos como fraqueza muscula e diferenciação
anatômica do espaço subacromial e extrinsecos que estão realacionados diretamente com o
uso exaustivo dos membros superiores que, são facilmente visualizados em atletas e
trabalhadores que realizam movimentos repetitivos acima da cabeça fazendo com que haja um
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aumento do nível de tolerância das partes moles gerando inflamação e diminuindo espaço
subacromial devido a aumento das estruturas inflamadas.
Lesões osteomusculares de origem ocupacional representam um número expressivo em se
tratando de problemas humanos e econômicos, que ocorrem nas categorias existentes entre
trabalhadores, os meios de comunicação têm demonstrando interesse e apresentando
frequentemente assuntos relacionados a doenças ocupacionais (VALENTE e MEJIA, 2011).
Segundo Lech ET al (2000) a lesão do manguito rotador é uma das principais causas de dor,
esse grupo muscular que atua para estabilizar dinamicamente a cabeça do úmero em relação a
glenóide enquanto que o outro gurpo axial ( deltóide, peitoral maior e etc.) age para mover o
úmero, a lesão do manguito rotador pode lavar a perda de vários graus de amplitude
resultando em perda da função.
Já Almeida ET al (2008), concorda com Lech ET al (2000) em relação as lesões do maguito
dotador serem as principais causas de dor, e ainda associa com problemas relacionados a
sobrecarga nas articulações do ombro, sobretudo em condições ocupacionais. Esse agravo é
responsável por considerado número de afastamentos do trabalho, cerca de 27%, resultando
em custos ao sistema previdênciário e, também dificuldade de reinserção no mercado de
trabalho, estas lesões representam um espectro de doenças que vão desde uma tendinite,
passando por uma ruptura parcial até uma lesão de ruptura total compromentendo todos os
componentes do manguito rotador.
As causas das lesões do manguito rotador ainda são muito controversas, no entanto tem sido
relçacionadas com a anatomia do acrômio, o tipo de acrômio ganchoso foi relacionado com
maior prevalência de lesão do manguito rotador bem como maior índice em idosos que tem
esse tipo de acrômio (Revista Brasielira de Ortopedia, 2010).
Fonte: clinicadevida.com.br
Figura 5- Tipos de acrômio
A Revista Brasileira de Reumatologia diz que a dor no ombro é uma queixa frequente na
população em geral, tendo com causa a síndrome do impacto que ocorre quando o tendão do
supraespinhoso é coprimido entre a cabeça umeral, a borda anterior do acrômio, o ligamento
coracoacromial e às vezes a borda inferior da articulação acromiocalvicular, assim como
diversos outros distúrbios são de ocorrência comum, entre eles são: as tendinites dos outros
tendões, as tendinoses, as bursites e as calcificações tendineas. Os sintomas clínicos nem
sempres correlacionam com os exames ultrasonograficos.
As complicações pós-fratura principalmente as de rádio também são um fator que resulta
quase sempre em impotência do membro superior lesado. Uma das mais temidas é a distrofia
simpática reflexa pós-traumática (Sudeck) entre as mais frequentes temos dor espontânea,
rigidez articular, parestesias e mais tardiamente encontramos alterações radiográficas, como a
osteopenia difusa (NETTO ET, 2007).
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Santos ET al (2011) afirma que independentemente da etiologia, o tratamento preferêncial
para a dor do ombro é a fisioterapia, cerca de 79% dos médicos encaminham seus pacientes
com queixa de dor no ombro para a fisioterapia que tem como principal objetivo aliviar a dor,
melhorar a função, a biomecânica e padrões de movimento do complexo articular do ombro, o
tratamento pode incluir diversas técnicas e procedimentos tais como eletroterapia, massagem,
exercícios, mibilização e manipulação.
O diagnóstico correto e uma avaliação minuciosa possibilitam maior compreensão da fase em
que se encontra o paciente e a evolução da patologia, possibilitando maiores perpectivas no
sucesso do tratamento. Os exames de imagem são os principais métodos para montar um
diagnóstico mais fidedigno, por fim os testes especiais ajudam na identificação das estruturas
envolvidas são as manobras de Neer, Hawkins e Yokun que são testes direcionados para
afecções do impacto subcromial, palm- up que é um teste para lesão de bíceps braquial,
Yergason, Jobe e Patte para lesão do supraespinhal e infraespinhal e Gerber para lesão do
subescapular. Quanto ao tratamento, às metodologias apresentadas na literatura baseiam-se no
modelo conservador sendo o tratamento cirurgico adotado como ultima opção
(METZKER,2010).
A terapia manual tornou-se um importante componente na intervenção de doenças ortopédicas
e neurologica uma área de sendo hoje uma área de especialização da fisioterapia. Os primeiros
documentos sobre terapia com as mãos foram encontrados na China antiga nas paredes do
Egito que tem cerca de 15 mil anos e serviram de base para a maioria das tecnicas atuais (
ARAUJO,2012).
A liberação miofascial baseia-se no princípio que um trauma físico, estresse crônico, ações
repetitivas, inflamação, infecção ou desiquilíbrios estruturais tais como má oclusão, restrição
óssea, descrepância no comprimento das pernas podem gerar uma tensão fascial inapropriada,
a fascia é um técido conjuntivo de sustentação, involucro de orgão e músculos; reveste,
divide, envolve, dá coesão e é parte integrante da estrutura e função do técido mole em todo o
corpo, desde o inicio do crânio até a sola dos pés, e se organiza em resposta as linhas de
tensão impostas ao corpo, acrescentando desalinhamento ou contratura para proteger o
indivíduo de traumas reais ou imaginários (FERREIRA, 2003).
A técnica de liberação miofascial se encontra inserida em um conjunto de técnicas de terapia
manual, é realizada através da combinação de tres movimentos, são eles movimentos tracional
de deslizamentos, fricção e amassamento. São realizados de forma a alongar o músculo e as
fáscias tendo como objetivo final o relaxamento de técidos tensos. As anormalidades que
acometem as fáscias estão diretamente ligadas à inflamação crônica de um músculo ou técido
conjuntivo conhecida como fibromialgia (SOUZA E MEJIA, 2010).
As técnicas de liberação miofascial são responsáveis para que haja correto alinhamento
corporal, são capazes de reduzir a constrição e a dor sem comprometer a resistência muscular.
A miofascioterapia é uma técnica que atua com mobilizações manuais da fáscia visando
quebrar o espasmo muscular, aumentar a circulação local e diminuir a dor. A fáscia é uma
lamina de técido conjuntivo que envolve cada músculo, e sua espessura varia de um músculo
para o outro e é necessária para que o músculo possa exercer eficientemente um trabalho de
contração. A fáscia é um tipo de técido conjuntivo que possui trê camadas distintas:
superficial, de espaço potencial e profundo que ajuda a manter a força muscular, já que
envolve todo o corpo sem interrupção que vai da cabeça aos pés que é composto por colágeno
e elástina (MEURER e ROSAS, 2010).
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Fonte: cristianearruda.wordpress.com
Figura 6 – Liberação da fascia em pontos gatilhos.
Marcolino ET al (2008) descreve que o Sistema nervoso é dividido em central e periférico e
que as lesões sofridas no SNP( sistema nervoso periférico) podem causar alterações motoras e
sensitivas importantes e são classificadas em três tipos: neuropraxia, axoniotmese ou
neurotmese. Descreve ainda a teoria da presença de movimento do tecido neural de duas
maneiras. Movimento grosseiro que se dá pela movimentação de um nervo deslizado por
alguns seguimentos ou túneis, e movimento intraneural onde as fibras podem deslizar em
relação ao endoneuro ou delizar entre os fascículos no próprio técido.
O SNC e SNP são geralmente lesionados por compressão pelas estruturas adjacentes ou
estiramento, uma lesão local em um nervo afeta a condução do fluxo exoplasmático
(transporte axonal) tornando o suceptível a lesões em outros locais. Esse fenômeno é
conhecido como double crush (ALMEIDA e MOREIRA, 2011).
A técnica de mobilização neural, parte do princípio de que se houver compromentimento da
mecânica/fisiologia do sistema nervoso (movimento, elasticidade, condução e fluxo
exoplasmático), podem ocorrer outras disfunções do sistema nevoso ou nas estruturas
musculoesqueléticas que recebem inervação (SANTOS e DOMINGUES, 2008).
Fonte: www.phisioweb.blog.sapo
Figura 7- Sistema Nervoso
No contexto da terapia, a moblilização neural tem experimentado um grande desenvolvimento
nos ultimos 35 anos, desde Gregory Grieve, Alf Breig, Goffey Maitland. Em estudos na
década de 1970 comentou-se pela primeira vez na literatura fisioterápica, a noção de
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sensibilização dos técidos neurais como fator chave de sintomas dolorosos. A mobilização
neural pode ser usada como método diagnóstico e terapeutico, contribuindo assim para a
diminuição do quadro sintomático. A técnica é indicada em todas as condições que
apresentem comprometimento mecânico fisiológico do sistema nervoso, no entando não se
deve esquecer, que a fáscia, as articulações e os músculos estão conectados no sistema
nevoso. (MONNERAT e PEREIRA, 2010).
Segundo Baum (2009) ha mais de um século sabe-se que a lombalgia, lombociatalgia,
cervicalgia e cervicobraquialgia, entre outras desordens muscoloesqueléticas apresentam
origem neural, a mobilização neural pode ser utilizada como método diagnóstico, utilizando-
se de manobras irritativas no técido nervoso e método terapêutico, com a finalidade de reduzir
a tensão neural adversa, contribuindo para uma melhor resolução do quadro sintomático, em
locais onde há compressão do Sistem Nervoso existe tensão mecânica adversa deste técido
que afeta tanto a sua mobilidade global quanto sua habilidade para transmitir tensão.
Para que haja movimento os músculos tem que ser capazes de alongar e encurtar com
resistência mínima em todas as amplitudes de movimento, essa contração depende, alem dos
impulsos motores pelo Sistema Nervoso, de três fatores (a) elásticidade e complexa
extensibilidade dos músculos, (b) amplitude completa das articulações e (c) um sistema
nervoso livremente móvel e extensível. O sitema nervoso tanto central com periférico
compreende em um só sistema, considerado contínuo como técido, eletricamente e
quimicamente, portanto qualquer alteração ocorrida em uma parte dele ocasionará
repercurssões em todo o sistema. (ZAMBERLAN e KERPPERS, 2007).
ZAMBERLAN e KERPPERS (2007) dizem ainda que, não cabe ao Sistema Nervoso somente
conduzir impulsos através de grandes amplitudes e compelxidades de movimentos, mas
também, adaptar-se mecanicamente a esses movimentos retaraindo e alongando-se, podendo
até mesmo limitar-se a certas combinações de movimentos.
A tensão neural adversa (TNA) é definida por BUTLER (2003) com uma série de respostas
mecânicas e fisiológicas anormais das estruturas do Sistema Nervoso quando suas amplitudes
normais de movimentos e capacidade de alongamento são testadas, quando comparados a
outros tratamentos para desordens neuromusculares, os testes de tensão neural são
considerados relativamente novos, pois só começaram a serem reconhecidos como terapia a
partir de 1970, os testes são aplicados a partir da posição tolerada pelo paciente estabelecida
durante os testes.
Os testes utilizados para detectar TNA foram preconizados e foram descritos por Butler. São
eles: Upper limb tension test (ULTT 1,2,3) para o nervo mediano, ulnar e radial
respectivamente. O ULTT tem avaliado a tensão do nervo mediano. Estudos mostram que
estes testes podem ser usados na avaliação neural e sua positividade indicaria a presença de
uma neuropatia, estes testes têm sido bastante utilizados nos deficits de ADM das articulações
dos membros superiores. Outros estudos demonstram também que a associação de outras
técnicas fisioterapêuticas podem aumentar as chances de sucesso no tratamento (ASSIS E
FIDELIS, 2010).
A TNA é definida como a deficiência do movimento ou elásticidade do sistema nervoso
periférico, pode ser desenvolvida em qualquer patologia que desencadeie anormalidade do
movimento do nervo, limitando a completa mobilidade desta estrutura e interferindo no fluxo
sanguíneo local, essa capacidade é limitada por alterações fisiopatológicas do técido
conectivo do nervo responsável por alterar o fluxo de sangue (SILVA e ASSIS, 2011).
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A tecnica de mobilização neural pode ser aplicada através de quatro categorias: mobilização
direta onde acontece o tensionamento do nervo periférico ou medula pela manobra oscilatória,
passiva em diferentes graus de amplitude ou brevemente mantida no final da amplitude de
movimento (ADM) articular aplicados através de articulações que compoem o trajeto do trato
neural (ANDRADE E ALMEIDA, 2012).
Junior e Teixeira (2007) relatam que, o tratamento de desordens irritáveis do sistema nervoso
apresenta um desafio para os fisioterapeutas. Nestes casos o tratamento deve ser iniciado com
a mobilização do SN do lado contralateral sem causar sintomas ou agravá-los e complementa
que estudos comparativos realizados entre o alongamento classico e a mobilização neural,
mostraram que a mobilização é mais efetiva que o alongamento.
Quando há alteração na condução eletrica corrrem distúrbios sensoriais como dor e parestesia,
a deformação mecânica e a isquemia levam a perda das propriedades mecânicas e funcionais
das fibras nervosas. A mobilização neural procura restaurar o movimento e a elásticidade ao
SN, oque promove o retorno as suas funções normais (BRITO ET al, 2007).
Com a realização da mobilização articular ocorre a estimulação da atividade biológica do
líquido sinovial, que é responsável pela nutrição para a cartilagem articular avascular das
superfícies articulares e para a fibrocartilagem intra-articular dos meniscos. Assim a
extensabilidade e aforça tensiva dos técidos articulares e periarticulares são mantidos com o
movimento articular (ARAUJO, 2012).
Araújo (2012) complementa inda que, a mobilização articular além de recuperar a mobilidade
articular e restauração de movimetos acessórios, pode ser utilizado com a finalidade de:
alongar tecidos capsulares e ligamentares que diminui a ação muscular protetora, efeitos
reflexológicos que facilitam o tônus muscular e efeitos propioceptivos que melhoram a
consciência postural e cinestésica, sendo contraindicada nos seguintes casos: artrite
inflamatória, neoplasia, osteoporose, osteopenia, doenças neurológicas, fraturas e distúrbios
vasculares de artéria vertebral.
A mobilização articular é realizada pelo fisioterapêuta com movimento lentos e passivos das
superfícies articulares. Sendo utilizado com diversas finalidades, sendo a principal a
restauração da amplitude de movimento, reposicionamento, alinhamento da articulação,
redução da dor e redefinição da distribuição da força de maneira uniforme ao redor da
articulação, fazendo com que haja uma melhora na função articular (REIS E MEJIA, 2012).
Foram identificados tres fatores que possibilitam a utilização da manipulação, com técnicas
rítmicas ou oscilatórias, para auxiliar na reorganização dos técidos: facilitar o processo de
reparo, influenciar a estrutura e comportamento mecânico de técidos e afetar a dinâmica dos
fluídos (Revista Brasileira de Fisioterapia, 2008).
O mesmo autor cita ainda Maitland que explica que, há cinco graus para a classificação por
suas diferentes formas de aplicação e efeitos fisiológicos: grau I é caracterizado por
micromovimentos no início do arco, tendo efeito fisiológico a entrada de informações
neurológicas através de mecanoreceptores, ativando as comportas medulares; grau II,
movimento grande no meio do arco, que, além de ativar as comportas medulares, estimula o
retorno venoso e linfático, causando clearance articular; grau III, movimento por todo arco,
causando os mesmos efeitos do grau II acrescido de estresse nos tecidos encurtados por
aderências; grau IV, micromovimento no final do arco que promovem estresse nos teciduais
capazes de movimentar discretamente tecídos fibróticos; já o grau V, trata-se de manipulação
articular apresentando movimento de alta velocidade, no meio do arco que promove a queda
de aderências e ativa os órgãos tendinosos de Golgi.
Os efeitos da mobilização articular incluem ainda a diminuição das restrições capsulares e
quebra de aderências, distração de tecidos impactados, promoção de movimento e lubrificação
das cartilagens articulares saudáveis, então a abordagem tradicional para restaurar a perda do
movimento articular aplica um alongamento passivo sustentado sem considerar a causa
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definida da limitação do movimento. A abordagem tradicional não é necessariamente efetiva
se a restrição articular estiver relacionada a aderências capsuloligamentares (BORGES ET al,
2010).
Neto (2007) cita Kisner (2001) ao falar que o desempenho do movimeto depende da
mobilidade de técidos moles e articulares e afirma que os exercicios de mobilização e
relaxamento podem ser usados para devolver as estruturas envolvidas o comprimento
apropriado restaurando a folga articular, e assim a normalização do rolamento-deslizamento
que ocorre durante movimentos ativos.
Santos ET al ( 2011) diz que a mobilização passiva tem mais efetividade no ganho de
amplitude e alívio do quadro algico quando aplicada em conjunto com outros tratamentos ou
outras técnicas fisioterapêuticas.
7. Conclusão
A fisioterapia vem ganhando espaço quando se trata de tratamento conservador, dentre as
técnicas utilizadas para o alívio do quadro álgico temos a Terapia Manual que, consiste na
utilização de inúmeras técnicas como a Mobilização Neural, Liberação Miofascial e
Mobilização Articular que visam melhora do fluxo exoplasmático diminuindo a dor em
trajeto, formigamento e parestesias, retirar resíduos metabólicos decorrentes de tensão
muscular gerando pontos gatilho, ativando a nutrição adequada dos tecidos e estimulando a
produção de líquido sinovial na articulação evitando outros distúrbios como capsulites,
desidratação articular que podem levar a degeneração da articulação.
Por este motivo é importante à avaliação fisioterapêutica juntamente com o auxilio de exames
de imagem para que se possa fazer o diagnóstico cinesiológico funcional antes de iniciar o
tratamento do paciente, dando ênfase as queixas, sintomas e demonstrar interesse pelo seu
problema, passando segurança ao indivíduo, desta forma facilitando o relacionamento entre
profissional e paciente para que haja evolução, olhar não como um ombro doloroso, mas
como um ser completo e complexo em suas estruturas.
O conhecimento das técnicas a serem utilizadas também é de grande importância assim como
saber quando aplica-las e o cuidado de informar o paciente das possíveis reações ao
tratamento que podem vir a ocorrer, para que o tratamento mostre resultado satisfatório para o
fisioterapêuta que nos dias de hoje tem uma gama de técnicas a sua disposição podendo
diversificar e diferenciar seus atendimentos e principalmente fazer a diferenca para o paciente
que retornará as suas atividades laborais e de vida diária com a melhora na sua qualidade de
vida. Chegou-se a conclusão através dos artigos que fizeram parte desta revisão que, os
efeitos das terapias mencionadas se forem aplicados na fase crônica podem render em ótimos
resultados e resposta rápida do cliente ao tratamento possibilitando confirmar os efeitos de
cada uma delas, podendo ainda ser utilizadas em conjunto com outras técnicas para um
resultado rápido e satisfatório ao contrário de outras ferramentas que utilizamos de forma
paliativa que em sua maioria aumenta o número de sessões que o cliente terá que fazer. Sugiro
estudos comparativos das técnicas associadas para obter resultado científico comprobatório.
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