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info A publicação desta edição da INFO coincide com a realização em Bragança do Dia Nacional do Engenheiro 2005. É, pois, com muita satisfação que, em nome da Região Norte da Ordem dos Engenheiros, saúdo todos os participantes, em especial os Colegas a quem são outorgados novos níveis de qualificação profissional. Desejo que esta jornada seja um êxito e proporcione um bom momento de convívio. Vence-se por esta altura a primeira metade do mandato que recebemos no início de Abril do ano passado, pelo que este Dia Nacional surge num momento em que à OE se impõe uma reflexão séria sobre: – a necessidade de melhorar a sua intervenção pública, tornando-a mais consistente e eficiente, promovendo e batendo-se pelas propostas que estuda e apresenta; – si própria, sobre a sua estrutura e (principalmente) sobre a forma como se organiza e funciona, de forma a garantir a qualidade, profundidade e oportunidade da intervenção reclamada no ponto anterior. Perante a profusão da oferta de licenciaturas em Engenharia, perante a existência de um enquadramento legal e regulamentar disperso e não raras vezes contraditório ou, pelo menos, incoerente, e perante a necessidade de satisfação de padrões de qualidade mais elevados, é essencial a existência de uma Ordem esclarecida, interventiva e coerente, capaz de mobilizar o que de melhor tem entre os seus membros, para oferecer à sociedade soluções qualificadas, ponderadas e eficientes. Em Março deste ano a Assembleia de Representantes deliberou abrir o processo de revisão de estatutos. Não sendo líquido que o problema da OE seja só ou sequer fundamentalmente de natureza estatutária, este será, porém, o momento apropriado para que todos nos envolvamos na reflexão sobre o presente para melhor projectar o futuro. Da participação interessada de todos vai depender a qualidade da solução final. Todos somos chamados a contribuir para um debate que se quer profícuo e esclarecedor. Gerardo Saraiva de Menezes Presidente do Conselho Directivo da Região Norte índice 4 7 Opinião Parecer Notícias 18 10 Vida Associativa 26 Lazer 32 Destaque 31 Engenharia no mundo 33 Agenda Propriedade: Ordem dos Engenheiros – Região Norte. Director: Luís Ramos ([email protected].). Conselho Editorial: Gerardo Saraiva de Menezes, Luís Leite Ramos, Fernando Almeida Santos, Maria Teresa Ponce Leão, António Machado e Moura, Joaquim Ferreira Guedes, José Alberto Gonçalves, Aristides Guedes Coelho, Hipólito Campos de Sousa, José Ribeiro Pinto, Francisco Antunes Malcata, António Fontainhas Fernandes, João da Gama Amaral, Carlos Vaz Ribeiro, Fernando Junqueira Martins, Luís Martins Marinheiro, Eduardo Paiva Rodrigues, Paulo Pinto Rodrigues, António Rodrigues da Cruz, Maria da Conceição Baixinho. Redacção: Ana Ferreira (edição), Liliana Marques, Natércia Ribeiro e Sónia Resende. Paginação: Paulo Raimundo. Grafismo, Pré-impressão e Impressão: QuidNovi. Praceta D. Nuno Álvares Pereira, 20 4º DQ – 4450-218 Matosinhos. Tel.229388155. www.quidnovi.pt. [email protected] Publicação trimestral: Out/Nov/Dez – n.º 6/2005. Preço: 2,00 euros. Tiragem: 12 500 exemplares. ICS: 113324. Depósito legal: 29 299/89. Contactos Ordem dos Engenheiros – Região Norte Jorge Basílio, secretário-geral da Ordem dos Engenheiros – Região Norte Sede: Rua Rodrigues Sampaio, 123 – 4000-425 Porto. Tel. 222054102/ 222087661. Fax.222002876. www.ordemdosengenheiros.pt Delegação de Braga: Largo de S. Paulo, 13 – 4700-042 Braga. Tel. 253269080. Fax. 253269114. Delegação de Bragança: Av. Sá Carneiro, 155/1º/Fracção AL. Edifício Celas – 5300-252 Bragança. Tel. 273333808. Delegação de Viana do Castelo: Av. Luís de Camões, 28/1º/sala 1 – 4900-473 Viana do Castelo. Tel. 258823522. Delegação de Vila Real: Av. 1º de Maio, 74/1º dir. – 5000-651 Vila Real. Tel. 259378473. 10 26 18 editorial Ficha Técnica

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A publicação desta edição da INFO coincide com a realização emBragança do Dia Nacional do Engenheiro 2005. É, pois, com muitasatisfação que, em nome da Região Norte da Ordem dosEngenheiros, saúdo todos os participantes, em especial os Colegasa quem são outorgados novos níveis de qualificação profissional.Desejo que esta jornada seja um êxito e proporcione um bommomento de convívio.Vence-se por esta altura a primeira metade do mandato querecebemos no início de Abril do ano passado, pelo que este DiaNacional surge num momento em que à OE se impõe uma reflexãoséria sobre:– a necessidade de melhorar a sua intervenção pública, tornando-amais consistente e eficiente, promovendo e batendo-se pelaspropostas que estuda e apresenta;– si própria, sobre a sua estrutura e (principalmente) sobre a formacomo se organiza e funciona, de forma a garantir a qualidade,profundidade e oportunidade da intervenção reclamada no pontoanterior.Perante a profusão da oferta de licenciaturas em Engenharia,perante a existência de um enquadramento legal e regulamentardisperso e não raras vezes contraditório ou, pelo menos,incoerente, e perante a necessidade de satisfação de padrões dequalidade mais elevados, é essencial a existência de uma Ordemesclarecida, interventiva e coerente, capaz de mobilizar o que demelhor tem entre os seus membros, para oferecer à sociedadesoluções qualificadas, ponderadas e eficientes.Em Março deste ano a Assembleia de Representantes deliberouabrir o processo de revisão de estatutos. Não sendo líquido que oproblema da OE seja só ou sequer fundamentalmente de naturezaestatutária, este será, porém, o momento apropriado para quetodos nos envolvamos na reflexão sobre o presente para melhorprojectar o futuro.Da participação interessada de todos vai depender a qualidade dasolução final. Todos somos chamados a contribuir para um debateque se quer profícuo e esclarecedor.

Gerardo Saraiva de MenezesPresidente do Conselho Directivo da Região Norte

índice4 7Opinião

Parecer

Notícias 1810

Vida Associativa26

Lazer32

Destaque

31Engenharia no mundo

33Agenda

Propriedade: Ordem dos Engenheiros – Região Norte.Director: Luís Ramos ([email protected].).Conselho Editorial: Gerardo Saraiva de Menezes, Luís Leite Ramos, FernandoAlmeida Santos, Maria Teresa Ponce Leão, António Machado e Moura, JoaquimFerreira Guedes, José Alberto Gonçalves, Aristides Guedes Coelho, Hipólito Camposde Sousa, José Ribeiro Pinto, Francisco Antunes Malcata, António FontainhasFernandes, João da Gama Amaral, Carlos Vaz Ribeiro, Fernando Junqueira Martins,Luís Martins Marinheiro, Eduardo Paiva Rodrigues, Paulo Pinto Rodrigues, AntónioRodrigues da Cruz, Maria da Conceição Baixinho.Redacção: Ana Ferreira (edição), Liliana Marques, Natércia Ribeiro e Sónia Resende.Paginação: Paulo Raimundo.Grafismo, Pré-impressão e Impressão: QuidNovi. Praceta D. Nuno Álvares Pereira, 20 4º DQ – 4450-218 Matosinhos. Tel.229388155.www.quidnovi.pt. [email protected]ção trimestral: Out/Nov/Dez – n.º 6/2005. Preço: 2,00 euros. Tiragem: 12500 exemplares. ICS: 113324. Depósito legal: 29 299/89.Contactos Ordem dos Engenheiros – Região NorteJorge Basílio, secretário-geral da Ordem dos Engenheiros – Região NorteSede: Rua Rodrigues Sampaio, 123 – 4000-425 Porto. Tel. 222054102/ 222087661. Fax.222002876. www.ordemdosengenheiros.ptDelegação de Braga: Largo de S. Paulo, 13 – 4700-042 Braga. Tel. 253269080. Fax. 253269114.Delegação de Bragança: Av. Sá Carneiro, 155/1º/Fracção AL. Edifício Celas – 5300-252 Bragança. Tel. 273333808.Delegação de Viana do Castelo: Av. Luís de Camões, 28/1º/sala 1 – 4900-473 Viana do Castelo. Tel. 258823522.Delegação de Vila Real: Av. 1º de Maio, 74/1º dir. – 5000-651 Vila Real. Tel. 259378473.

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editorial

Ficha Técnica

Com tantos avanços e recuos por parte dos governos dospaíses que ocupam a Península Ibérica e numa altura emque esta não é a discussão do momento será a altura parafazermos uma revisão do estado onde nos encontramosrelativamente ao tão falado Mercado Ibérico da Electricidade(MIBEL).Neste momento ainda não é conhecido o modelo que vaiestabelecer as regras do MIBEL. Regras relativamente àsquais há definições gerais não sendo ainda possível umadescrição detalhada para o que faltam definições políticas.Tecnicamente falando, o modelo de gestão definido para oMIBEL assenta na existência em dois pólos: O Operador de Mercado Ibérico (OMI) destinado a fazer agestão do mercado diário, a funcionar em Madrid;O Operador de Mercado Ibérico a Prazo (OMIP) para gestãodo mercado de produtos a prazo, a funcionar em Lisboa.Neste modelo irão coexistir vários agentes a maioria dosquais já realidade nos dois países: os produtores, oscomercializadores, os distribuidores regulados (que irãoassegurar o fornecimento de energia aos consumidores quenão optem por adquirir a energia no mercado livre). Osconsumidores que optem por adquirir a energia no mercadolivre terão que o fazer através dos agentescomercializadores. Para este efeito a Rede Eléctrica Nacional (REN) irárenunciar à sua posição monopolista de comprador único ede intermediário de toda a produção eléctrica de Portugalpara que os produtores de electricidade independentespossam oferecer o seu produto no mercado livre. Osprodutores deverão fazer ofertas de produção para as 24horas seguintes e os distribuidores regulados e oscomercializadores ofertas de aquisição para o mesmoperíodo. O ponto de equilíbrio entre a oferta e a procuracorresponde ao preço de fecho do mercado diário.Os consumidores que optem pela aquisição da energia nomercado livre podem beneficiar de preços mais baixos doque aqueles praticados pelo distribuidor regulado, emfunção das condições contratuais que vierem a estabelecercom o comercializador. Haverá assim uma maior pressãosobre a formação dos preços de energia, devido àconcorrência entre as diversas empresas de distribuição deenergia livres.A partir do momento em que são publicadas as quantidadesde energia atribuídas pelo OMI a cada produtor, para cada

posto horário do dia seguinte, este procede à optimizaçãodo seu portefólio de produção para este período.Os comercializadores e os distribuidores regulados podemainda vir a adquirir energia associada a produtos a prazoatravés do OMIP. Não estão, contudo, ainda definidos osprodutos que estarão disponíveis nesta plataforma denegociação.Actualmente, apenas os clientes de baixa tensão não sãoainda livres de escolher o seu fornecedor.Para a concretização do MIBEL os Contratos de Aquisição deEnergia (CAE), que garantem o preço de compra da energiaaos produtores, devem ser extintos. Este processo, emcurso, ainda não foi concluído. A extinção destes contratosexige mecanismos de compensação que assegurem àsempresas de produção que não haverá quebras nasexpectativas de ganhos, relativamente ao definido nos CAE.Os mecanismos de compensação semelhantes aosadoptados em Espanha necessitam de aprovaçãoComunitária.Competirá aos gestores do sistema, REN e REE, verificar daviabilidade técnica do programa de produção para asseguraro mercado diário, gerir os mercados de serviços auxiliares desistema em cada área de controlo e gerir eventuaiscongestionamentos das interligações, cujos mecanismos degestão ainda não estão definidos. Compete-lhes ainda oreforço da capacidade de interligação, que se espera venha aocorrer nos próximos anos.O acompanhamento do funcionamento do MIBEL seráassegurado por um Conselho Ibérico de Regulação, queintegra representantes das autoridades de regulação dosdois países.A grande maioria das empresas de produção de energiaeléctrica actualmente instaladas na Península Ibérica goza deuma protecção das suas receitas. Em Espanha, a protecção édada, nomeadamente pelos “Costes de Transición a laCompetencia (CTC)”, a recuperar em 2010. Em Portugal,cada central eléctrica vinculada dispõe de um contrato devenda exclusiva para abastecimento do Sistema Eléctrico deServiço Público, variando a duração do contrato tempo devida da central.A rede de transporte espanhola engloba os equipamentos de400 kV e 220 kV, pertencendo a várias empresas mas sendomaioritariamente propriedade da REE, que é o únicooperador de sistema. A de transporte portuguesa engloba os

O Mercado Ibérico da Electricidade

Teresa Ponce de Leão, vice-presidente do INETI e tesoureira do Conselho Directivo Regional da Ordem dos Engenheiros – Região Norte

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equipamentos de 400 kV, 220 kV e 150 kV, pertencendo àREN que é também o único operador de sistema. REE e RENtêm estruturas accionistas diversificadas, ambas no entantocom participação pública (maioritária no caso da REN).A interligação entre Espanha e Portugal realiza-se através deduas linhas de 400 kV e três linhas 220 kV, a quecorresponde uma capacidade térmica máxima de cerca de3300 MW. O valor indicativo da capacidade disponível parafins comerciais varia, de acordo com os operadores desistema, 550 MW (Verão, de Portugal para Espanha) e 850MW (Inverno, de Espanha para Portugal). Os valoresregistados durante o ano 2001 situaram-se entre 50 MW e1500 MW.A interligação entre Espanha e França realiza-se através deduas linhas de 400 kV, duas linhas 220 kV, uma linha de 132kV e uma de 110 kV.O enquadramento legal e regulamentar do sector eléctricoprevê, tanto em Espanha como em Portugal, a coexistênciade um regime de contratação bilateral livre com um mercadoorganizado gerido em regime de exclusividade (pelo OMELem Espanha, pela REN – Gestor de Ofertas em Portugal).No entanto, disposições legais e/ou regulamentaresacabaram por condicionar o desenvolvimento concreto domercado, privilegiando um regime em detrimento do outro:em Espanha foi favorecido o mercado organizado, enquantoem Portugal foi favorecida a contratação bilateral. É cada vezmais evidente a necessidade de uma efectiva coexistênciadas formas de contratação: organizada e bilateral.Da análise sumária do sector eléctrico em Espanha e emPortugal podem-se retirar as seguintes conclusões:– Não há desequilíbrios estruturais, quer a nível individualquer no conjunto dos dois sistemas. Apesar da diferença dedimensão (cerca de 5 para 1), os dois sistemas apresentamestruturas e trajectórias análogas, o que facilita a construçãodo MIBEL.– Verifica-se um crescimento muito elevado do consumo deenergia eléctrica e da ponta (potência máxima), o que obrigaa proceder a investimentos avultados em nova capacidadede produção.– Verifica-se um crescimento muito elevado do investimentosubsidiado – directa ou indirectamente – em novacapacidade de produção de energia eléctrica a partir defontes de energia renováveis e de instalações de cogeração(produção em regime especial).– Verifica-se a necessidade de harmonizar as regras derecuperação dos investimentos dos produtores em regimeordinário (contratualizados através dos CAE), garantindoque a recuperação dos custos de transição para o ambientede mercado não distorce a concorrência entre produtoresnem a formação dos preços de energia eléctrica nomercado.– Verifica-se uma praxis do sector empresarial na direcção daliberização, antes mesmo da assinatura do protocolo,

através da aquisição de activos, do investimento em novascentrais eléctricas, do comércio grossista transfronteiriço eda venda a clientes finais em ambos os países.– Há necessidade de acelerar a construção de novas linhasde interligação e de reforçar as existentes, quer na fronteiraEspanha – Portugal, quer na fronteira Espanha – França. Asactuais capacidades de interligação são manifestamenteinsuficientes ao desenvolvimento do MIBEL e ao mercadointerno de energia.Pode-se afirmar que Espanha e Portugal anteciparam emalguns anos a data prevista para a aplicação da directiva96/92/CE, tendo igualmente aberto os respectivos mercadoseléctricos para além do limiar mínimo exigido. Espanha ePortugal têm apoiado as propostas da Comissão Europeiade Março de 2001, elaboradas na sequência do ConselhoEuropeu de Lisboa 2000 e aprovadas no essencial peloConselho Europeu de Barcelona de 2002, visando acelerar aliberalização e a integração do mercado interno deelectricidade. Essas propostas contemplam os seguintespontos:– Progressiva elegibilidade de todos os consumidores deenergia;– Separação jurídica das actividades de transporte e dedistribuição das actividades de comercialização e deprodução de energia eléctrica;– Transparência das tarifas de acesso e de uso de redeaprovadas por entidades reguladoras independentes;– Existência de capacidade de interligação correspondente apelo menos 10% da capacidade de produção instalada, até2005.Espanha e Portugal têm objectivos ambiciosos de promoçãoda produção de energia eléctrica a partir de fontesrenováveis e de instalações de cogeração, assim como depromoção da utilização eficiente da energia e da gestão daprocura. Tal como estabelecido no protocolo, importa que oMIBEL seja plenamente compatível com a concretizaçãodestes objectivos.No âmbito das missões de interesse geral atribuídas aosector eléctrico em Espanha e em Portugal, a salvaguardarno MIBEL, contam-se ainda a universalidade do serviço, auniformidade tarifária e a protecção de consumidoresvulneráveis.A partir de 1 de Janeiro de 2003 a Península Ibérica passou aconstituir um mercado integrado de electricidade, integradano restante espaço da União Europeia através dasinterligações entre Espanha e França. Esta realidade deveráser tida em conta, nomeadamente, no âmbito dos mecanismos de comércio transfronteiriço deelectricidade e de tratamento de congestionamentos nasinterligações.Tecnicamente pode-se afirmar que o grosso do trabalho estáfeito, resta-nos aguardar por um entendimento ao nível daspolíticas para que o MIBEL seja uma realidade.

Conceito de pé-direito

Na sequência da interpelação de um município, o Conselho Directivo da Ordem dos Engenheiros – Região Nortehomologou o seguinte parecer sobre o conceito de pé-direito, preparado conjuntamente pelo Conselho Regional doColégio de Engenharia Civil e pela Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos

Em concreto as questões colocadas foram as seguintes:

“No licenciamento de estabelecimentos comerciais, escritórios e serviços, os técnicos deparam-se com diversasinterpretações dadas nos pareceres emitidos pelas entidades intervenientes no processo (…), referenciando algumas dascondições de edificabilidade, nomeadamente o “pé-direito”. Advém daí a necessidade premente de um esclarecimentoou parecer das Ordens Profissionais sobre o que significa “pé-direito” e as suas relações com a actual legislação”:

1ª “se [pé-direito] é a distância entre elementos estruturais resistentes (lajes) desde a cota do pavimento até à parteinferior da laje superior (tecto)”?; 2ª “se [pé-direito] é a distância entre os elementos resistentes (lajes) desde a cota do pavimento inferior até à cota dopavimento superior”?;3ª “como considerar pé-direito para efeito de cércea”?;4ª “o que se entende por pé-direito quando existe um tecto falso intermédio, será que se aplica a alínea c) do art. 4º doD.L. n.º 243/86, de 20 de Agosto, ou será necessário que o referido tecto intermédio seja perfurado e não opaco”?;5ª “dada a obrigatoriedade de aplicação de isolamento acústico de acordo com a Portaria n.º 1110/01, de 19 de Setembroe legislação aplicável D.L. n.º 292/00, de 14 de Novembro, D.L. n.º 76/02, de 26 de Março , e D.L. n.º 129/02, de 11 deMaio, quando os edifícios existentes foram construídos com cotas de projecto de 3,00 m de pé-direito qual a solução aadoptar para dar cumprimento ao D.L. n.º 243/86, de 20 de Agosto”?;6ª “qual a relação entre o pé-direito livre e o caudal de ar fresco e puro, ou seja a qualidade do ar”?;7ª “de acordo com a alínea c) do art. 4º do D.L. n.º 243/86, de 20 de Agosto, o que se entende por edifício adaptado”?;8ª “de acordo com o n.º 3 do art. 49º do D.L. n.º 168/97 de 4 de Julho, alterado pelo D.L. n.º 57/02 de 11 de Março, o quepretende o legislador quando se refere «a quando por razões de ordem arquitectónica ou técnica, não possam serintegralmente cumpridos os requisitos exigíveis para o tipo de estabelecimento em causa, deve o seu titular proporsoluções alternativas, as quais serão apreciadas pela Câmara Municipal...»”?; 9ª “será que existem acórdãos sobre esta matéria e, se existirem, qual será a sua validade?”

Parecer

Nos últimos anos, a legislação aplicável à construção tem vindo a crescer exponencialmente em número e diversidade, oque obriga a um grande esforço de harmonização para assegurar a sua completa integração. Infelizmente adescoordenação é grande, começando pelo próprio léxico que é com frequência variável entre diplomas. Efectivamentena legislação nacional só encontramos uma definição taxativa de pé-direito no Decreto-Lei n. º 40/90, de 6 de Fevereiro(Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios). Aí vem estabelecido que pé-direito “é aaltura média entre o pavimento e o tecto de uma zona independente de um edifício, medida pelo interior”; sendo que noRGEU, que deveria ser a legislação de referência para a construção, tal definição é omissa, estando referidos apenas doisconceitos subjacentes:• altura piso a piso – dimensão associada ao desnível existente entre dois pavimentos sucessivos, relativamente à qual éestabelecido um mínimo para habitações e que inclui o pé-direito livre e a espessura do complexo que constitui opavimento;• pé-direito livre – dimensão associada ao espaço livre entre o nível superior do pavimento e o nível inferior do tecto,relativamente à qual são estabelecidos mínimos para algumas utilizações dos edifícios.Salientamos que o valor da dimensão assumida pelo pé-direito tem sido evolutivo ao longo do tempo, quer por questõesergonómicas, quer por alteração da noção de conforto dos espaços.

No que respeita ao conceito de pavimento ou tecto e em que medida a dimensão usada na definição de pé-direito é

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avaliada relativamente a elementos inamovíveis ou vazados, é nosso entendimento que, na perspectiva dehabitabilidade, o entendimento do RGEU é que o pé-direito livre corrente é entendido de facto como livre, ou seja,medido do nível superior do pavimento (mesmo que este seja amovível ou falso no sentido estrutural), ao nível inferiordo tecto (seja este falso opaco, microperfurado ou grelhado). Esta interpretação parece-nos reforçada pelo facto defrequentemente os tectos falsos servirem também para ocultar instalações, encontrando-se esse espaço entre o tectofalso e o fundo do pavimento atravancado com “facilidades”, não parecendo verosímil que esse espaço possa serconsiderado em termos de pé-direito.O RGEU define posteriormente as situações em que este limite pode ser desrespeitado, qual o mínimo absolutopermitido nas tais zonas de pontos singulares e qual o peso relativo dessas zonas na área total de tecto.Já no que respeita aos aspectos associados à renovação de ar e ventilação, é nosso entendimento que o espaçocompreendido entre o tecto falso e a face inferior da laje possa ser considerado em termos de volume de ar caso o tectofalso seja vazado, permita a circulação de ar e não seja sobre-ocupado com equipamentos. Este princípio seránaturalmente generalizável às situações, menos vulgares, de pavimento falso grelhado.

O RGEU não estabelece tolerâncias associadas às dimensões mínimas, o que é coerente com a definição destas comomínimas. É no entanto nosso entendimento que sendo a construção um processo industrializado está, como outrasactividades, sujeita a variações dimensionais relativamente às dimensões teóricas de fabrico, decorrentes quer dos errose da precisão possível de execução, quer das próprias variações dimensionais dos materiais constituintes. Para além disso ao longo da vida dos edifícios, que se presume longa, há mudanças de materiais de acabamento,deformações das estruturas e mesmo a necessidade de aplicar novos componentes para satisfazer de forma maisadequada as novas funções e exigências aplicáveis à construção, como pode ser o caso do reforço do isolamentoacústico ou térmico, ou a inclusão de novas facilidades tecnológicas (redes, fluidos, etc.). Estes factos podem justificaralguma tolerância na apreciação desses mínimos. Face ao que é o nosso conhecimento do processo construtivo parece-nos que em obras novas se justificam tolerâncias mais ou menos generalizadas de cerca de 1% da dimensão em análise,podendo muito pontualmente atingir cerca de 1,5%. Em trabalhos de adaptação ou reabilitação de construções existentesesta tolerância deverá ser um pouco maior. O Decreto-Lei n. º 243/86 de 20 de Agosto (Regulamento de Higiene eSegurança em Espaços de Trabalho) fixa uma tolerância de 10%, correspondendo esta, no nosso entendimento, a umlimite superior.

Por último, parece-nos dever ser sublinhado que um edifício, quando é concebido e construído, tem sempre subjacenteum programa que presume uma certa utilização, a qual condiciona as opções de projecto. Neste sentido, embora sejaaceitável que um edifício possa ser adaptável a outras utilizações, entendemos que mudanças importantes carecemsempre de uma avaliação profunda e alargada da capacidade do edifício se adaptar às novas funções, numa perspectivado que são as exigências essenciais das construções.

Nesta conformidade, as respostas às questões colocadas são as seguintes:

Resposta à 1. ª e 2. ª questão:

Conforme mencionado nas definições acima referidas, o pé-direito deverá ser entendido não na óptica dos elementosestruturais, mas sim na óptica dos elementos de revestimento finais. Entendendo-se, deste modo, que deverá sermedido do nível superior do pavimento (mesmo que este seja amovível ou falso no sentido estrutural) ao nível inferiordo tecto (seja este falso opaco, microperfurado ou grelhado).Esta interpretação parece-nos reforçada pelo facto de frequentemente os tectos falsos servirem também para ocultarinstalações, encontrando-se esse espaço entre o tecto falso e o fundo do pavimento atravancado com “facilidades”, nãoparecendo verosímil que esse espaço possa ser considerado em termos de pé-direito.

Resposta à 3.ª questão:

Segundo o Glossário de Termos publicado pela CCRN, em 1998, a cércea volumétrica “é o espaço contido pelos planosque não podem ser interceptados pela construção e que são definidos em estudo volumétrico.”, como tal, a definição decércea não tem qualquer ligação directa com definição de pé-direito.

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Resposta à 4.ª questão:

O mesmo que a resposta à 1. ª e 2. ª questão. Reforça-se a definição de pé-direito como sendo a medida livre dorevestimento do pavimento ao revestimento do tecto.Resposta à 5.ª questão:

A resposta a esta questão não pode ser dada de forma descontextualizada, no entanto realça-se o disposto na alínea c),do n. º 2, do art. º 4. º, do Decreto-Lei n. º 243/86 de 20 de Agosto, que admite “... nos edifícios adaptados, umatolerância até 2,70m”.

Resposta à 6. ª questão:

Antes de mais, destacamos que o Decreto-Lei n.º 243/86 de 20 de Agosto visa garantir condições de saúde aostrabalhadores dos estabelecimentos comerciais, de escritório e serviços, fazendo cumprir o estabelecido nas convençõesda Organização Internacional do Trabalho, pelo que poderá não estar completamente articulado com a regulamentaçãoassociada à construção.No que respeita aos aspectos associados à renovação de ar e ventilação, é nosso entendimento, caso o tecto falso sejavazado e permita a circulação de ar, que o espaço compreendido entre o tecto falso e a face inferior da laje estruturaldeve poder ser considerado em termos de volume de ar. Este princípio será naturalmente generalizável às situações,menos vulgares, de pavimento falso grelhado.

Resposta à 7. ª questão:

Da análise do Decreto-Lei n.º 243/86 de 20 de Agosto, entendemos por edifício adaptado aquele que foi sujeito atransformações de determinadas características e funções, visando a sua adequação a novos requisitos.

Resposta à 8. ª questão:

Embora desconheçamos a intenção do legislador, da leitura do Decreto-Lei n.º 168/97 de 4 de Julho, com as alteraçõesdo Decreto-Lei n.º 57/2002 de 11 de Março, admitimos que o artigo tenha sido introduzido de modo a criar abertura asituações excepcionais que possam surgir, às quais o regulamento não dê resposta, sendo que as soluções para essassituações excepcionais devem ser propostas e devidamente fundamentadas pelos técnicos autores dos projectos eapreciadas e aprovadas pela Câmara Municipal. Considera-se não caber num parecer desta natureza o elencar dequaisquer situações onde estas questões possam ocorrer.

Resposta à 9. ª questão:

Não temos conhecimento de qualquer acórdão sobre esta matéria.O Conselho Regional Norte do Colégio de Engenharia Civil da Ordem dos Engenheiros, em Junho de 2005.Homologado pelo Conselho Directivo da Região Norte em 16 de Junho de 2005.

Engenheiros sentados com Arquitectos

Desde o início de 2005 que a Ordem dos Engenheiros – RegiãoNorte (OE) e a Secção Regional do Norte da Ordem dosArquitectos(OA) têm vindo a promover reuniões mensais paradebater questões profissionais e estratégicas de interessecomum.Conscientes de que o planeamento do território e a construçãorequerem o empenhamento simultâneo dos profissionais da

Engenharia e da Arquitectura, ainda que com respeito pelaespecificidade de cada uma das profissões, os dirigentesregionais da OE e da OA pretendem contribuir, de formaconcertada, para a identificação e caracterização dos problemasdestes sectores de actividade e para a procura das melhoressoluções. Neste sentido, estão em preparação algumasiniciativas conjuntas que a seu tempo serão devidamenteanunciadas.Estes encontros têm-se mantido com regularidade, sendo oparecer de que agora se dá público conhecimento o primeirodos resultados concretos desta parceria

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Engenheiroscomemoram inovaçãoe desenvolvimento

As comemorações do 30º aniversárioda Escola de Engenharia daUniversidade do Minhoestenderam-se pelos dias 6, 7 e 8 deOutubro e tiveram como tema“Inovação e Tecnologia para oDesenvolvimento EconómicoSustentável”. O encontro, para alémcontar com a presença de profissionaisdo sector, foi assistido por estudantes,arquitectos e jornalistas. A Ordem dos Engenheiros – RegiãoNorte (OERN) também se associouàs comemorações, fazendo-serepresentar pelo presidente doConselho Directivo da OERN, GerardoSaraiva de Menezes. A celebração do aniversário da Escolade Engenharia começou com umainvocação à memória do professor

Joaquim José Barbosa Romero,falecido recentemente, que foiresponsável pela fundação dessainstituição de ensino e pelaintrodução da oferta de formaçãointerdisciplinar em Engenharia.Para assinalar esta data foramdesenvolvidas diversas actividadesintegradas na “Semana daEngenharia”, entre as quais aapresentação de projectos IN2TEC –projectos internos de investigaçãotecnológica – que demonstraram ascapacidades da escola ao nível dedesenvolvimento de produtos.Destaque para a conferência/debateintitulada “Investigação eDesenvolvimento Económico”, onde foiusado o sistema de vídeo-conferênciaatravés do qual Paulo Ferreira, daUniversidade do Texas (Unidade deMissão para o Plano Tecnológico),participou na sessão juntamente comJan Arnnersted, da CopenhagenBusiness School, e Manuel Mota,

vice-reitor da universidade. As comemorações prosseguiram no dia7 de Outubro com visitas de escolassecundárias aosdepartamentos/laboratórios, com aapresentação do siteEng-Link e do Prémio Eng-Link, quedistinguiu trabalhos de alunos dasescolas secundárias. O último dia foireservado à promoção e interacção coma envolvente económica e sociedade emgeral. Para tal foram apresentadosinterfaces em construção e organizadauma visita aos stands dos projectosIN2TEC, bem como um jogo de futeboldisputado por robôs.

O 30º aniversário da Escola de Engenharia da Universidade do Minho

A celebraçãodo 30ºaniversário da Escola de Engenhariada Universidadedo Minhoinvocou amemória doprofessorJoaquim JoséBarbosa Romero e homenageou oengenheiro Renato Morgado,professor convidado equiparado aprofessor catedrático doDepartamento de ElectrónicaIndustrial da Escola.O professor Joaquim Romero foiresponsável pela fundação da Escolade Engenharia e foi o conceptualizador da introdução da oferta de formação

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interdisciplinar em Engenharia,original no país em 1976. Esta ofertafoi suportada pelo modelo singular dauniversidade – o modelo matricial –de que foi principal obreiro, e quegarante para a universidade naactualidade uma acentuada economiade recursos e a flexibilidade paraconfigurar, em tempo muito curto,diferentes ofertas de formação,agregando os recursos ecompetências aos respectivosprojectos de ensino. Esta capacidade,alicerçada por 30 anos de experiência,é considerada natural na instituição,mas é percebida como uma grandevantagem quando se tem consciênciadas dificuldades que a estrutura maisou menos estanque da organizaçãopor faculdades tem que vencer paraatingir idêntico objectivo.O engenheiro Renato Morgado constituireferência para gerações de estudantes,pela sua exigência no “aprender aaprender”, pela sua atitude e exemplo. Asua abertura de espírito e a sua filosofiainquisitiva acompanhada dopragmatismo de engenheiro, distinguem-no, pelo que a escola o apontou comoreferência de um engenheiro sempreactual e inovador.A Escola de Engenharia sublinhou destaforma o “fio condutor” do seu percurso,no qual sobressai a permanentepreocupação da qualidade em todas asáreas de intervenção e a sua capacidadede inovação, que lhe dão o estatuto deEscola de Engenharia de referência. As comemorações destacaram-setambém pelos temas tratados,associados à investigação edesenvolvimento tecnológico eeconómico e às tecnologias emergentes,bem como pela participação massiva dealunos do ensino secundário,assinalando o arranque do projecto Eng-Link.Pela sua dimensão, pelo papel que

desenvolve junto do tecido empresarialda região do Minho, e pelo grau da suainternacionalização, a Escola deEngenharia é um pilar fundamental paraa prossecução dos objectivosestratégicos definidos pela universidade,nomeadamente o da construção noMinho de uma ‘região do conhecimento’.A. Guimarães Rodrigues, reitor da Universidade do Minho

30 anos de engenhariado Minho… para ummundo melhor!

A Escola deEngenharia daUniversidadedo Minhocelebra 30anos. De factofoi noconturbadoano de 1975que foi criada aUnidadeCientífico-Pedagógica de Engenhariaque com os primeiros estatutos daUniversidade do Minho (1989) passoua designar-se Escola de Engenharia.Foi um percurso complexo e difícilque nos trouxe até à realidade de hojeque, de uma forma simplista, se podedividir em três décadas: a) umaprimeira de definição do modelo,formação do pessoal inicial earranque das primeiras instalações; b)uma segunda fase de grandecrescimento em número de alunos ede pessoal docente; e c) um períodode consolidação (dos principaisprojectos de ensino, da estrutura deinvestigação e dos mecanismos deinteracção com o tecido económico-produtivo).

Foi um percurso sempre marcado porpropostas inovadoras, muitas dasquais se tornaram referências nocontexto da Engenharia Nacional,nomeadamente: o modelo de escolainterdisciplinar, a leccionação delicenciaturas de Engenharia comestágio curricular integrado, oconceito de prestação de serviços àcomunidade e o carácter pioneiro noensino e na investigação de, à época,novas áreas da Engenharia emPortugal (nomeadamente, asEngenharias de sistemas einformática, têxtil, engenhariaindustrial, polímeros e, maisrecentemente, biológica e biomédica).Actualmente, a Escola de Engenhariada Universidade do Minho é uma dasmais importantes instituiçõesnacionais de ensino e investigação nodomínio da engenharia com 6 000alunos (incluindo 800 alunos decursos de pós-graduação – cursos deespecialização e mestrado – e 300 dedoutoramento, de 15 nacionalidadesdiferentes), 350 docentes de carreira(260 dos quais doutorados) e 100funcionários.Está organizada em novedepartamentos e associada a dezcentros de investigação (quatro dosquais classificados como excelentes).A sua actividade divide-se pelosCampus de Azurém (Guimarães) e deGualtar (Braga), embora compredominância do primeiro. Noentanto, a escola tem actividadelectiva regular na Marinha Grande,Oliveira de Azeméis e Maputo. Emtermos de formação de 1º ciclo, aescola está fortemente envolvida em13 projectos de licenciatura(Engenharia Biológica, EngenhariaBiomédica, Engenharia Civil,Engenharia de Comunicações,Engenharia Electrónica Industrial e deComputadores, Engenharia de Gestão

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Industrial, Engenharia de Materiais,Engenharia Mecânica, Engenharia dePolímeros, Engenharia de Sistemas eInformática, Engenharia Têxtil,Informática de Gestão e Design eMarketing da Moda).Ao longo destas três décadas, aUniversidade do Minho formou 5 800licenciados em Engenharia e a escolacontribuiu decisivamente para odesenvolvimento regional e dacompetitividade nacional em diversosdomínios, citando-se, a título deexemplo:– o pólo de software do Minho;– o desenvolvimento deconhecimento nacional estruturadono domínio da têxtil e do vestuário;– a interacção com as indústriasnacionais de moldes e de plásticos;– as soluções inovadoras naelectrónica para bens de equipamentoe na robótica;– o trabalho pioneiro na biotecnologiaem termos de indústrias alimentarese de protecção ambiental;– a utilização da madeira comomaterial estrutural;– a avaliação da qualidade de vidaurbana e as soluções de recuperaçãoestrutural de edifícios históricos,– as contribuições para odesenvolvimento das indústriasautomóvel e aeronáutica.Esta interacção com a envolvente temsido realizada em paralelo com umaactividade de investigaçãoreconhecida e valorizadainternacionalmente, com importantesprémios científicos nos domínios dainvestigação operacional, estruturas,biotecnologia, biomaterais epolímeros.De facto, somos a Escola de Engenharianacional com maior participação no 6ºPrograma Quadro da EU e a únicainstituição nacional a liderar uma redede excelência europeia (NoE).

No actual contexto de mudança e dereorganização do sistema de ensinosuperior nacional e europeu, a escolaestá preparada para novos eimportantes desafios que, na suatradição, assumirá com base empropostas inovadoras ediferenciadoras. Estas propostasserão o resultado natural da suacapacidade científica e do seuconhecimento acumulado em termosde novas metodologias do ensino daEngenharia e da relação proactiva eprofícua com a comunidadeempresarial.A construção desse futuro passatambém pelo desenvolvimento denovas áreas multidisciplinares, sendoconhecidas as apostas da escola nosdomínios das energias alternativas,do eco-design, da química verde, dasmicro e nanotecnologias e dastecnologias de informação, queajudarão a consubstanciar um perfilde engenheiro capaz de ser umefectivo protagonista de mudança ede atitude no nosso tecido produtivo.

De facto, os profissionais deEngenharia formados pelaUniversidade do Minho têm comocaracterísticas distintivas ediferenciadoras a combinação de umasólida formação nas respectivas áreasde actividade, com uma forteconsciência e atitude eco-sustentável ea uma capacidade intrínseca deresolução de problemas.No entanto, a escola é cada vez mais,também, a escola dos profissionais deengenharia que através de cursos e pós-graduação e de esquemas deformação contínua poderãocomplementar a sua formação de base.Esta aposta alargada na formaçãoavançada, alicerçada numa investigaçãocapaz de gerar conhecimento relevantepara o desenvolvimento económicosustentável, é um dos pilares dogrande projecto da Universidade doMinho e, certamente, da Escola deEngenharia - Minho ‘região doconhecimento’.António M. Cunha, presidente da Escolade Engenharia

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Averiguações sobre atrasos nos resultados eleitorais

Um dia após as eleições autárquicasrealizadas a 9 de Outubro, oMinistério da Justiça informou,através de um comunicado, que osproblemas informáticos no site doSecretariado Técnico dos Assuntospara o Processo Eleitoral (STAPE)serão alvo de uma “rigorosa eexaustiva averiguação”.De acordo com o Ministério, oobjectivo desta averiguação é "apurarresponsabilidades e apontar asmedidas necessárias para evitarproblemas técnicos desta natureza nofuturo".O documento acrescenta, no entanto,que apesar das interrupções queimpediram a divulgação dainformação ao público na noite daseleições, "nunca esteve em causa enunca esteve prejudicado o processoeleitoral, a recolha, o apuramento dosresultados e os dados eleitoraisresultantes do voto dos eleitores”.O comunicado sublinha ainda que ainvestigação será conduzida pelaUniversidade do Minho, entidade "dereconhecida credibilidade ecompetência em matéria detecnologias de informação einformática".Na noite eleitoral, o Instituto de Tecnologias daInformação da Justiça, organismoresponsável pelo processamento dos resultados para o STAPE,justificou a interrupção nadisponibilização dos dados com o elevado número de acessos àpágina das eleições autárquicas, oque terá gerado uma sobrecarga nossistemas informáticos e umaanomalia técnica.

Energia eólica

João Peças Lopes, professor associadocom agregação da Faculdade deEngenharia da Universidade do Porto(FEUP), através de um despacho doMinistério da Economia, foi nomeado,pelo Governo, presidente do júri doconcurso internacional para aatribuição de 1500 megawatts (MW) depotencia eólica.Para além da nomeação do presidenteforam constituídos vogais osprofessores catedráticos Vítor Martinse Vítor Santos, do Instituto Superiorde Economia e Gestão daUniversidade de Lisboa, bem comoVítor Baptista, administrador da RedeEléctrica Nacional, e Ana IsabelEstanqueiro, professora do InstitutoNacional de Engenharia, Tecnologia eInovação. Até ao final do presente ano serálançado o concurso para atribuição demais de 200 MW de potência eólica,dirigida a pequenos promotores paraque seja garantida a equidade regional.Até 2010 está previsto que oinvestimento em energia eólicaultrapasse o 3,8 milhões de euros.Este montante refere-se à instalaçãodos 1700 MW e dos 2700 que seencontram licenciados, mas aindanão foram instalados.

Professor JoaquimSampaio – um ano de saudade

O dia 14 de Outubro ficou assinaladopelo primeiro aniversário dofalecimento do professor doutorJoaquim da Conceição Sampaio.Insigne engenheiro, mestre dedicado eamigo por todos enaltecido, JoaquimSampaio será sempre recordado comgrande saudade por todos quantostiveram o privilégio de ser seus alunos,colaboradores ou colegas.Como escreveu o reitor daUniversidade do Porto, José NovaisBarbosa, por ocasião da homenagempromovida pela Ordem dosEngenheiros – Região Norte e peloDEC-FEUP: “Que a qualidade comoprofessor, como investigador e comoprofissional de engenharia, associada àdisponibilidade, afabilidade e simpatiapara atender aos que ao apoio doengenheiro Sampaio recorriam, bemcomo os princípios que nortearam oseu trabalho e o amor à sua faculdade,constituam exemplos para odesenvolvimento (…)” da universidade,da Engenharia e dos engenheiros.

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Edifícios licenciadosdiminuem

De acordo com dados inscritos numboletim do Instituto Nacional deEstatística, o número de edifícioslicenciados por ano tem vindo adiminuir.Enquanto o número total de edifícioslicenciados teve uma variação médiado último ano e face ao mesmoperíodo em análise de 2004, de 6,6por cento, o número de fogoslicenciados em construções novaspara habitação familiar registou umavariação média de 8,4 por cento noúltimo ano face ao memso período de2004.

Quebra de produção no sector da construção

Portugal apresentou, no segundotrimestre de 2005, um decréscimonos índices de produção no sector daconstrução. Desta forma é o únicopaís da União Europeia comresultados negativos. O relatório do

Eurostat, analisando 17 países, atestaque Portugal teve uma queda de 0,6por cento, após a quebra de 0,2 porcento correspondente ao primeirotrimestre. Durante os primeiros três meses do ano,a produção sofreu um aumento naordem dos 1,6 por cento na Zona Euro e1,7 por cento em toda a União Europeia.

Jovens investigadorespremiados

Com o objectivo de premiarestudantes e jovens investigadores daárea das ciências e engenhariaambientais, que apresentam projectosna área da gestão dos resíduos, aDispar – Distribuição e Participações,uma sociedade que representa osector da distribuição/comércio naSociedade Ponto Verde, criou oPrémio Inovação Ambiente. De acordo com o comunicado emitidopela sociedade, “os trabalhos deverãoapresentar soluções inovadorasaplicáveis ao sector da distribuiçãopara resolução dos problemasambientais gerados pelos resíduos”.Neste primeiro ano em que a Disparorganiza a iniciativa, os trabalhosterão que ser entregues até 15 deDezembro. O valor do prémio para omelhor trabalho apresentado será de10 mil euros, estando previstas aindaa atribuição de duas mençõeshonrosas no valor de 5 mil euros.

Programa de reabilitação da Sé

Rui Rio, presidente da CâmaraMunicipal do Porto, apresentou emconferência de imprensa, organizada

pela Porto Vivo, SRU (Sociedade deReabilitação Urbana da BaixaPortuense SA), o Programa deReabilitação da Sé, cujo plano deactuação se desenvolverá até 2011. “Estamos a desenvolver um programaespecial para o núcleo central da zonaonde a cidade do Porto nasceu, ouseja, o seu Centro Histórico. Se játínhamos um programa global deintervenção para a Baixa, é de louvar,agora, a atitude da Porto Vivo, SRUem preocupar-se especificamentecom o que é de mais nosso”,salientou o autarca.A implementação da Gestão da ÁreaUrbana em parceria com a Fundaçãopara o Desenvolvimento da ZonaHistórica do Porto e adisponibilização de mecanismos deapoio à reabilitação do edificado, taiscomo os programas Viv’A Baixa(Porto Vivo, SRU), RECRIA/REHABITA (CMP/INH) e Amar a Sé –Apoio Municipal para Acções deReabilitação (CMP) são os grandespilares das acções a executar.Entre os objectivos estratégicos do

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programa está a integração espacialda Sé no contexto da Baixa, areabilitação física do edificado, avalorização dos padrões de cidadania,a atracção de novos residentes e adinamização do eixo estruturanteTerreiro da Sé/Rua Escura/Rua daBainharia/Rua dos Mercadores. Durante a sessão Rui Rio mostrouainda a pretensão de transferir verbas,na ordem dos 300 a 400 mil euros,inscritas no programa RECRIA para oAmar a Sé.

Desrespeito do Protocolo de Quioto pode saircaro a Portugal

A Quercus efectuou um conjunto decálculos que permitem afirmar quePortugal deverá gastar entre 1,5 e 2mil milhões de euros – custosequivalentes a metade da construçãodo aeroporto da Ota – peladerrapagem nas emissões de gasescom efeito estufa.Segundo o Protocolo de CooperaçãoInternacional e da Directiva Europeiaque assumiu o seu cumprimento porparte de cada um dos países da UniãoEuropeia, Portugal, entre 2008 e 2012,não poderá ultrapassar em mais de27% as suas emissões verificadas noano de 1990.Assim sendo, todas as emissões acimadeste patamar durante os anosreferidos terão de ser adquiridas emtermos de direitos de emissão junto deoutros países do quadro do Protocolode Quioto que conseguiram reduzir assuas emissões poluentes.Segundo o jornal Público, com atonelada de carbono a 20 euros – quepoderá ser muito superior em 2008 –,

o custo para o país de adquirir o quenão conseguiu poupar é equivalente ametade ou dois terços do investimentoanunciado para a Ota e entre um terçometade do que poderá ser gasto parase construir o TGV.Para os ambientalistas não restamdúvidas. “Para Portugal a necessidadede comprar é consequência daincapacidade de não termos alteradoa nossa economia, tornando-a menosdependente dos combustíveis fósseise, logo, mais descarbonizada. Oimportante era ter utilizado este valorcomo investimento, no sentido depromover a conservação de energia euma maior componente de energiasrentáveis, mudando comportamentose percebendo que é possível melhorara qualidade de vida com menoscustos e menores emissões”. Contudo, existem outras alternativas.

Além de poder comprar direitos deemissão aos países desenvolvidos,Portugal pode ainda conseguir créditosse investir em projectos que apostem emtecnologias limpas em outros países.Perante este cenário, a Quercus não seinibe de apontar críticas ao ProgramaNacional para as Alterações Climatéricas(PNAC). “O PNAC está neste momentoobsoleto e passa a vida a ser revisto.Sem as medidas estarem a ser aplicadas,Portugal ainda não percebeu que asalterações climáticas deveriam ser umaprioridade horizontal de todo o Governo,desde o ambiente à economia e àsfinanças”, afirma convicta.“Infelizmente, o Governo portuguêsnão considera as alterações climáticascomo prioridade e não percebeu queestá a perder oportunidades e atransferir custos para mais tarde”,assegura a mesma fonte.

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Medidas contra incêndios florestais

Em entrevista ao jornal Público, odirector-geral dos Recursos Florestais,Francisco Castro Rego, falou das basesque pretende lançar para tornar afloresta portuguesa mais resistente aosincêndios. Neste sentido, considera que "oscidadãos terão de participar nesteesforço" e defende ao mesmo tempo"mão pesada para os negligentes".Fazendo uma referência ao ano 2003,onde todas as causas e soluções paraos incêndios foram equacionadas,Francisco Rego considera que podiamter feito melhor. "Houve um embrião

de algumas soluções interessantes.Mas não se foi ao fundo, até àaplicação suficiente dessas medidas",justifica.A cultura da responsabilidade, atravésde campanhas de sensibilização e darepreensão dos comportamentosnegligentes, é, nas palavras dodirector-geral dos Recursos Florestais,fundamental para resolver o problemados incêndios e deve ser feita atravésde campanhas de sensibilização e darepressão. "Temos que ter uma políticamais forte de repressão doscomportamentos negligentes, porque,a bem ou a mal, temos que resolvereste problema", adianta.A questão exige ainda aprofissionalização e uma maior

eficácia de quem enfrenta as chamas,pelo que considera que os sapadoresflorestais "podem actuar na área daprevenção, na limpeza da floresta, naprimeira intervenção, no apoio dasacções de combate em geral e norescaldo". Esta é uma das medidaspara o próximo ano, fruto daformatação do programa nacional desapadores florestais.Quando às mudanças, Francisco CastroRego diz que "foi anunciado que haveráum reforço da autoridade para diminuiro número de ocorrências. Do lado doMinistério da Agricultura, está-se apreparar o Plano Nacional de Defesa dasFlorestas Contra Incêndios, cujapreocupação é diminuir a probabilidadeda floresta arder". Com a prática destas medidas, oimportante é existir um "quadro geralem que todas as intervenções sejamcoerentes, desde a detecção à primeiraintervenção, ao combate, ao rescaldo,à sensibilização, à recuperação dasáreas ardidas".Neste âmbito o director-geral dosRecursos Florestais acrescenta que oPlano Nacional para as Florestas vaiintegrar as recomendações do Planode Defesa num conjunto mais vasto."Esse plano não vai ser só umconjunto de ideias, objectivos e metas,vai também incorporar os recursosdisponíveis para que os objectivossejam atingidos", explica FranciscoRego, considerando que terá avantagem de estar a ser desenvolvidonuma altura em que estão a serdiscutidas as possibilidades de apoiocomunitário e público ao sectorflorestal a partir de 2007 no quadro doDesenvolvimento Rural.O especialista em incêndios florestaisconsidera assim que o sector florestal"tem condições para se auto-sustentare pode ser uma base da economia e doambiente em Portugal".

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Cobertura do Estádio do Dragão premiada

A cobertura do Estádio do Dragão foigalardoada com o prémio europeu deconstrução metálica e mista,promovido pela ECCS – EuropeanConvention for ConstructionSteelwork, na reunião bienal que tevelugar no final do mês de Setembro, nacidade francesa de Nice. A responsabilidade pela candidaturada obra pertenceu à CMM –Associação Portuguesa MetálicaMista, juntamente com o seu membroMartifer – ConstruçõesMetalomecânicas S.A., empreiteiro deconstrução metálica. Além destasduas entidades, foram aindadistinguidos os gabinetes dearquitectura RISCO, do arquitectoManuel Salgado, e de projectos de

engenharia GRID, bem como o donoda obra, a Sociedade AnónimaDesportiva do FC Porto.O projecto da cobertura do Estádio doDragão, desenvolvido pela GRID, tevenecessariamente em conta que as“imagens” dos estádios sãofrequentemente identificadas com a dassuas coberturas. Conjugada com a arquitectura circular doestádio, a imponente cobertura integra280 toneladas de aço, suportadas porvários pilares. Cobrindo uma área de34.233 m2 de bancada e estendendo-seaproximadamente 6 metros para fora docontorno exterior do estádio, aimpressionante dimensão da estruturaleva a que, do lado nascente, chegue aatingir uma altura equivalente a umprédio de 14 andares.A cobertura do Estádio do Dragão é oresultado de uma concepção estruturalintegrada, evidenciando as

potencialidades do aço para vencergrandes vãos com estruturas simples,esbeltas e económicas.No que se refere ao prémio atribuído, foirealçada a qualidade e estética daconcepção estrutural, o grande vão daestrutura – 180 metros –, realizado comuma alta precisão da engenharia, e aqualidade de fabrico. Para além de Portugal, a gala de entregados prémios contou com a participaçãode mais 18 países europeus.Paralelamente a este prémio, que visadistinguir as mais notáveis construçõesem aço da Europa, foram aindaapresentados os Prémios Universitários2005. Este ano foram distinguidos osportugueses Ana Rita Marques, doInstituto Superior Técnico, premiada naárea de Arquitectura, e Renato ReisAmorim, da Escola Superior deTecnologia e Gestão de Beja, com oprémio de Engenharia Civil.

O engenheiro António Carlos Andrade FigueiredoVasconcelos foi um dos coordenadores editoriais do livroPonte Maria Pia. A ele se deve a autoria de dois artigosincluídos na publicação

Obra de Seyrig em livroObra de Seyrig em livroPonte Maria Pia

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A Ponte Maria Pia não é da autoria de Gustave Eiffel mas simde Théophile Seyrig. Esta é uma das conclusões a que chegamos leitores ao conhecer a história desta ponte escrita no livrolançado pela Ordem dos Engenheiros – Região Norte a 20 deSetembro no auditório da sede no Porto. Foram muitas as pessoas que não quiseram faltar a estaapresentação do livro Ponte Maria Pia – obra-prima de Seyrig,que contou a presença dos dois coordenadores da obra, JoséManuel Lopes Cordeiro e António Carlos Andrade FigueiredoVasconcelos, do presidente do Conselho Directivo da RegiãoNorte da Ordem dos Engenheiros, Gerardo Saraiva deMenezes, e do coordenador do Conselho Regional do Colégiode Engenharia Mecânica, José António Ferreira Ribeiro Pinto. “O arco da ponte é que foi revolucionário e ele deve-se aoscálculos de Seyrig. Tudo o resto da Maria Pia foi construído emsérie e aplicado noutras pontes metálicas. Por isso, a ponte éde Théophile Seyrig”, explicou Lopes Cordeiro na sessão deapresentação do livro.Para além deste contributo quanto à clarificação da autoria daponte, os coordenadores editoriais do livro pretenderam dar aconhecer um pouco mais da história da Ponte Maria Pia,datada de 1877, classificada como Monumento Nacional em1982 e como International Historic Civil Engineering Landmark

em 1990, que foi uma referência no desenvolvimento da regiãoe uma obra de engenharia notável a todos os níveis. Este livro integra, além de escritos dos coordenadores, artigosde Manuel Maria Moreira, Horácio da Maia Ferreira e Costa,José Manuel Dziezaski de Andrade Gil, Rosa Maria de SousaGomes, José Francisco Ferreira Queiroz e Pedro Ramalho.Devido à visão multifacetada do livro, seguem-se extractos dosartigos.

Extractos do livro Ponte Maria Pia

Ponte Maria Pia, uma ponte para o futuro“... tomei a iniciativa de promover o estudo de uma soluçãopara esta travessia, esperando que a bonita imagem da PonteMaria Pia não desapareça do horizonte quando as geraçõesvindouras avistarem o rio Douro daqui a uns tantos anos.Assim sendo, no dia 13 de Dezembro de 2002, o Governo Civildo Distrito do Porto promoveu um debate, com diversas

Ao lançamento do Ponte Maria Pia, realizada na sede daOrdem dos Engenheiros – Região Norte, no dia 20 deSetembro, não quiseram faltar engenheiros e outrasfiguras interessadas no património português

Texto de Ana Ferreira

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entidades, acerca do passado, do presente e do futuro daPonte Maria Pia. O objectivo deste encontro foi dar um primeiro passo para quese encontrasse uma utilidade funcional para a Ponte, de formaa que a sua manutenção estivesse assegurada.Com vista a encontrar uma solução que possibilitasse areabilitação da Ponte Maria Pia, foi criado um grupo detrabalho, constituído pelo Administrador da Empresa Metro doPorto, SA, Eng.º Duarte Vieira, pelo Vereador do Urbanismo daCâmara Municipal do Porto, Arq.º Ricardo Figueiredo, e peloVice-Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia,Prof. Dr. Joaquim Poças Martins, ao qual presidi na qualidadede Governador Civil, e que apresentou ao Governo, em tempooportuno, uma proposta com esse objecto.”Manuel Moreira

A ponte de Seyrig “O contributo que a Ponte Maria Pia prestou aodesenvolvimento da engenharia civil residiu, por um lado,numa espectacular economia de meios que decorria dassoluções técnicas adoptadas, e por outro, no método utilizadopara efectuar cálculos dos efeitos do vento e na arrojadaconcepção do grande arco metálico, o elemento fundamental

do conjunto. Quanto a este, logo no ano seguinte ao dainauguração da ponte, soube-se que tinha sido concebido porThéophile Seyrig, como o próprio deu a entender na descriçãodo projecto da ponte que então apresentou à Société desIngénieurs Civils, na qual, significativamente, nunca refere onome de Eiffel. Mas, nesse mesmo ano de 1878 é a própriaCasa Eiffel et Cie. que nos proporciona a referência maissignificativa, relativa ao papel desempenhado por ThéophileSeyrig na concepção da Ponte Maria Pia. Numa pequenapublicação que editou para acompanhar a apresentação de ummodelo reduzido daquela estrutura, aquando da ExposiçãoUniversal de 1878, é claramente atribuída a concepção daPonte Maria Pia a Théophile Seyrig e também a Henri deDion.”José Manuel Lopes Cordeiro

Portugal, Eiffel e a Ponte Maria Pia“O Contrat pour la Construction d’un Pont métallique à voie

Ponte Maria Pia

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unique sur le Douro, composto pela introdução e catorzeartigos, revela-se um documento inovador na formalização docompromisso, em que a especificação das regras, completa eexemplar, releva o seguinte:A – Condições gerais– o custo total da ponte – de 1 200 000 francos, de preço únicoe em forfait, ao câmbio de 180 reis/franco – compreendendotodos os fornecimentos, mão-de-obra, transportes prontos ausar, custos de instalação no terreno, todos os custos demontagem e de pintura de quatro demãos (sendo duas deferro, no mínimo, e duas de branco de alvaiade);– as condições gerais e locais de pagamento;– o direito de fiscalização da qualidade dos materiais eexecução da obra;– o prazo de construção de 20 meses, após autorização obtidado Governo pela Companhia;– uma penalização de 500 francos por dia de atraso a pagarpelo construtor até à caducidade do contrato, ao fim de quatromeses, e responsabilização por prejuízos causados;– um prémio de 1 000 francos a receber pelo construtor porcada dia de adianto face à data do contrato;– a responsabilidade do construtor pelo incumprimento dotempo do contrato;– as condições de importação e transporte dos materiais;– as provas estabilidade/esforço da Ponte;– o prazo de garantia e a liquidação da obra;– as provas de estabilidade da ponte efectuar-se-iam nocumprimento do regulamento aprovado por decreto de 24 de

Fevereiro de 1863, na presença do empreiteiro, de engenheirosdo Governo e da Companhia, a cargo de quem corriam estasdespesas;– via e seu assentamento a cargo da Companhia.”Rosa Maria Gomes

Biografia breve da Ponte Maria Pia por ocasião do seu 127ºaniversário“A controvérsia gerada à volta da substituição da Ponteempolgava de tal maneira a opinião pública que umvespertino de grande tiragem, desejoso de levantar o véuque garantia o sigilo das soluções apresentadas a concurso,se alheou do mais elementar espírito crítico e noticiou emJaneiro de 1983 que uma das propostas com grandespossibilidades de ser aceite era a da construção de umaponte de vidro, por uma firma japonesa. Em Dezembro de 1983 foi levantada a suspensão e aempreitada da nova ponte adjudicada, em Maio de 84, aoConsórcio Soares da Costa/Teixeira Duarte/ IlídioMonteiro/OPCA por 3,8 milhões de contos, num prazo de 1300 dias.Estava finalmente encontrada a sucessora da Ponte MariaPia. Tal como ela, um recorde mundial, imponente na suaelegância e ousada na sua aparente simplicidade.

Projecto da Ponte Maria Pia, datado de 1876,apresentado pela Casa Eiffel

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A Ponte de S. João substituiu a Ponte Maria Pia a partir deJunho de 1991 e, como outrora, é motivo de orgulho para opovo portuense. Tudo está bem, quando acaba bem, disse Shakespeare.Mas a Ponte Maria Pia não está completamente bem: cheiade passado e fora de serviço, ainda tem esperanças que umfuturo próximo lhe faça esquecer o presente”.José Manuel Dziezaski de Andrade Gil

O ferro da Ponte Maria Pia“Trata-se de ferro pudlado. Na época em que a Ponte Maria Piafoi construída já seria possível dispor de aço produzido a partirde gusa de fundição, pois em 1855 tinha sido inventado e postoa funcionar, em marcha industrial, em Inglaterra, o processoBessemer. A utilização deste aço estava a difundir-se naEuropa, embora com problemas resultantes da necessidade dedispor de gusas de baixo teor em fósforo. No entanto, só em1878, com a invenção do processo Thomas, adaptado àafinação de gusas fosforosas, se massificou a utilização do açoproduzido em convertidor. Assim, as reparações da estruturada Ponte, no início do século XX, com substituição de várioselementos pode já ter sido feita com aço de convertidor”.Horácio Maia e Costa

Pontes metálicas ferroviárias construídas em Portugal pelaCasa Eiffel “A Casa Eiffel manteve no nosso país uma intensa actividadede construção de pontes metálicas que se prolongou por 17

anos, desde a assinatura do contrato da Ponte Maria Pia emJunho de 1875, até à conclusão em 1892 da sua última obra emPortugal (Ponte da Asseca, linha do Norte). Ao todo, segundorecentes informações recebidas do Serviço de Pontes daREFER, a Casa Eiffel construiu no nosso país 33 pontesmetálicas ferroviárias (todas em ferro de pudlagem, como naMaria Pia). Portugal foi assim um bom cliente, logo a seguir aoseu país natal, a França. A primeira ponte construída em Portugal pela Casa Eiffel foi ado rio Cávado, em Barcelos, inaugurada a 21 de Outubro de1877, coincidindo com a entrada em serviço do curto troço dalinha do Minho, Midões/Barcelos (a Ponte Maria Pia seriainaugurada precisamente duas semanas mais tarde, a 4 deNovembro). A superestrutura da referida Ponte do Cávado,com 132 m de comprimento, foi substituída em 1976, poroutra, também metálica, construída pela empresa portuguesaSorefame.”António Carlos Andrade Figueiredo Vasconcelos

Cinco notáveis pontes de arco metálico que marcaram o finaldo século XIX (Maria Pia, James Eads, Garabit, Luís I eMungsten)“Proponho-me neste texto dar a conhecer outras quatronotáveis pontes de arco metálico da época da Ponte Maria Pia

Projecto do arquitecto Pedro Ramalho da requalificaçãourbana da Ponte Maria Pia - plantas gerais e perfis

Ponte Maria Pia

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e compará-las entre si (dispenso-me de descrever a PonteMaria Pia pois este tema já foi suficientemente tratado emoutros textos deste livro). Seleccionei assim as pontes JamesEads, em Saint Louis, Missouri, e Luís I, no Porto, e osviadutos de Garabit e de Mungsten, construídosrespectivamente em 1874, 1886, 1884 e 1897. Contrariamenteao que infelizmente acontece com a Ponte Maria Pia, todasestas quatro pontes estão ainda em serviço. Destas quatro obras de arte, duas (Luís I e Garabit) foraminspiradas na Ponte Maria Pia e construídas com o mesmomaterial metálico (ferro de pudlagem). As outras duasconstituem importantes obras de arte da mesma época (JamesEads e Mungstne) e já foram construídas em aço”. António Carlos Andrade Figueiredo Vasconcelos

Três fotografias inéditas da Ponte Luís I“Após a inauguração da Ponte Maria Pia, Théophile Seyrigabandonará a sociedade com Gustave Eiffel passando acolaborar com uma empresa concorrente da Casa Eiffel, aSociété Anonyme de Construction et des Ateliers deWillebroeck, de Bruxelas, e será ao serviço desta que elaboraráo projecto da Ponte Luís I, vencendo o seu antigo sócio noconcurso internacional realizado para a adjudicação daquelaobra de arte.Uma das fases menos conhecidas do processo de construçãoda Ponte Luís I está documentada através de três interessantesfotografias, registando diferentes perspectivas da montagemprovisória do arco na Bélgica. São fotografias de dimensãoapreciável coladas sobre cartão previamente impresso com aseguinte legenda: Pont-route sur le Douro a Porto. Montageprovisoire de l’arc aux ateliers. Société Anonyme deConstruction et des Ateliers de Willebroeck (Belgique).”Francisco Queiroz

Uma proposta para a recuperação da Ponte Maria Pia“Com a recuperação da Ponte Maria Pia serão assimatingidos três grandes objectivos:- Salvaguardar a Ponte como Património;- Recuperar e requalificar as margens do rio;- Garantir as ligações ciclopedonais entre duas áreasurbanas (em reconversão e desenvolvimento) do Porto ede Vila Nova de Gaia.Um dos principais objectivos da intervenção, ao pretenderinserir uma pista ciclopedonal, é obviamente respeitar operfil da ponte e manter o seu traçado original. Para isso,optou-se por uma solução de grande “discrição”construtiva mas que salvaguarda de modo eficaz asegurança da travessia e potencia a sua qualidade demirante privilegiado sobre as duas margens:- O tabuleiro deverá ser constituído por um gradilmetálico amarrado às longarinas onde actualmenteassentam as linhas do caminho-de-ferro, revestidoparcialmente com réguas de madeira;- As vedações laterais de segurança e protecção dosventos serão asseguradas por painéis de vidro laminado,mantendo-se os passadiços existentes exclusivamentepara a manutenção da Ponte.A alteração da ponte ferroviária para ponte pedonal vaiexigir uma inserção diferente no tecido urbano ao ligar-seà rede viária em ambos os lados. Assim, no Porto, oprolongamento da rua do Duque de Saldanha será oacesso privilegiado e, do lado de Vila Nova de Gaia, asligações são asseguradas a partir da VL9 comcontinuidade até à rua de Silva Tapada.”Pedro Ramalho

Entrevista de Ana Ferreira

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José Manuel Lopes Cordeiro não é engenheiro, masescolheu esta área como o seu campo de estudo. Dedica-se à investigação de obras de Engenharia em Portugalporque considera fundamental a valorização dopatrimónio. O que impulsiona o investigador a estudartrabalhos de Engenharia não é apenas o gosto com que ofaz, mas o chamar de atenção dos portugueses para o seuvalor real e para a necessidade de os manter. Lopes Cordeiro licenciou-se em Ensino da História eCiências Sociais pela Universidade do Minho em 1985,tendo-se tornado três anos mais tarde assistente doDepartamento de História, do Instituto de CiênciasSociais dessa universidade. Foi fundador e director doprojecto do Museu da Indústria Têxtil da Bacia do Aveentre 1987 e 1995, cargo que voltou a assumir a partir de2002. É membro do Conselho do “TICCIH – TheInternational Committee for the Conservation of theIndustrial Heritage”, para o triénio 2003-2006.A sua lista de participações em projectos e exposições éextensa, à qual se somam as colaborações em revistas ejornais especializadas, sendo membro dos conselhos deredacção das revistas Patrimoine de l’Industrie/IndustrialPatrimony e Industrial Archaeology Review.Publicou inúmeros trabalhos sobre arqueologia industrial,história económica e museologia, entre os quais AIndústria Conserveira em Matosinhos (1989), PatrimónioIndustrial do Vale do Ave (1992), Exposição de ArqueologiaIndustrial. Um Século de Indústria no Norte, 1834-1933(1999), As Pontes do Porto (2001, em colaboração),Cooperativa Eléctrica do Vale d’Este. Sete décadas ao serviçoda electrificação rural (2003) e O Rasgo e a Vontade (2004). Em co-autoria com o engenheiro Paulo Jorge de SousaCruz, do Departamento de Engenharia Civil, oinvestigador da Universidade do Minho venceu o 2005Thomas Fitch Rowland Prize, atribuído pela ASCE –American Society of Civil Engineers dos Estados Unidos,pelo melhor artigo científico publicado em 2004, na áreada história da Engenharia Civil.Este prémio, um dos mais antigos e prestigiantes nomundo académico anglo-saxónico, nunca tinha sidoatribuído a investigadores portugueses.

‘Investigador’ de obras de Engenharia

José Manuel Lopes Cordeiro, um dos coordenadoreseditoriais e autor de um artigo do livro Ponte Maria Pia,faz das obras de Engenharia o objecto de investigação

Ponte Maria Pia

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O artigo Innovative and Contemporary Porto Bridges foipublicado no número de Fevereiro de 2004 da revistaPractice Periodical on Structural Design and Constructione foi a segunda parte de um conjunto de dois artigos – oprimeiro publicado em Novembro de 2003 na mesmarevista – dedicados à história das pontes da cidade doPorto e do seu contributo para o desenvolvimento daEngenharia Civil. Com a edição do livro Ponte Maria Pia, Lopes Cordeirocolaborou pela segunda vez com a Ordem dosEngenheiros – Região Norte, tendo sido a primeira com apublicação, em 2001, da monografia sobre o Elevador doBom Jesus em Braga. É caso para dizer: José Manuel Cordeiro não é engenheiro,mas faz da Engenharia a sua actividade.

Como surgiu a ideia de publicar o livro Ponte Maria Pia?A publicação do livro era um dos pontos dascomemorações dos 125 anos da Ponte Maria Pia, comooutras iniciativas que foram realizadas antes. Surgiu hámais de três anos. Há mais de 20 anos que me interessopela área relacionada com o património industrial e aPonte Maria Pia é uma obra industrial, extremamenteimportante a nível nacional e internacional. Apercebi-meque havia nos Estados Unidos uma associação norte-americana de engenheiros civis que actua a nível mundial.É uma associação científica profissional muito prestigiadae entre as suas muitas atribuições tem um departamentoque se dedica a estudar e a tomar medidas parasalvaguardar a memória da Engenharia a nível mundial.Esse programa, com várias facetas, tem um programaespecífico relacionado com o património com significadoe importância histórica, ao qual atribui um galardão, ouseja, classificam-no. Tive conhecimento desse programa eque a Ponte Maria Pia podia vir a ser classificada por esseprograma, até porque não havia nenhum monumentodeste tipo classificado por essa associação em Portugal.Isto aconteceu cerca de um ano e meio antes do fim útilda ponte. Para fazer a candidatura ao programa eclassificá-la tinha de obter um parecer da Ordem dosEngenheiros, entidade profissional que eles reconhecem.Quando os norte-americanos vieram a Portugal, devido avárias vicissitudes vieram passados alguns anos, falou-sedestas questões da ponte e conheci o engenheiroVasconcelos. Estávamos em 1997 e na altura até se faloumais do Elevador do Bom Jesus do que da Ponte MariaPia, uma outra obra notável. Apresentámos à Ordem dosEngenheiros de Braga um projecto para se fazer umamonografia sobre o Elevador do Bom Jesus, que foi feita. Desse grupo de trabalho, eu, o engenheiro Vasconcelos eum membro do Colégio de Mecânica consideramos o queestá na razão deste livro: a comemoração dos 125 anos daPonte Maria Pia, que se ia realizar em 2002 e para a qual

a Ordem dos Engenheiros – Região Norte resolveu criarum grupo de trabalho e programar uma série deiniciativas. O descerramento de uma placa, uma pequenacerimónia no dia 4 de Novembro de 2002 e umamonografia. Por várias vicissitudes atrasou-se estetrabalho que deveria ter sido publicado mais cedo.

O que sente agora que o livro foi finalmente publicado?Valeu a pena o esforço. Toda a gente a conhece a PonteMaria Pia, mas não se apercebe, talvez por essa razão deproximidade, que a ponte é o monumento da cidade doPorto mais conhecido internacionalmente e isso resultada sua grande importância. É um marco na história daEngenharia Civil. Os portugueses dão-lhe um valor relativo e um dosobjectivos da edição deste livro foi realçar a importânciada ponte e para a necessidade de se actuar, pois não podepermanecer assim. Já está há 14 anos com umamanutenção mínima e tem de ter um destino, não podecontinuar nesta situação. Deste modo, o livro é tambémuma chamada de atenção para as entidades responsáveis,quer do Porto quer de Vila Nova de Gaia, do Ministério daCultura, que têm de encontrar uma solução para a ponte eno livro é apresentada a do arquitecto Pedro Ramalho.

O livro também serviu para reforçar que a autoria daponte é de Seyrig e não de Eiffel. Tudo em Portugal com estrutura metálica é atribuído aoEiffel, por desconhecimento e por um papel negativo dacomunicação social que não se esforça em tentarinvestigar quem são os autores das obras. Depoisencontram-se as designações mais engraçadas, porque osjornalistas mesmo sabendo que a obra não é do Eiffelquerem associá-la qualquer das maneiras a ele e dizemque é da Escola do Eiffel ou de um colaborador ou doestilo do Eiffel. A ponte é uma obra da Casa Eiffel, naaltura em que estava associado a Seyrig. Aliás, a empresaé constituída pelos dois. Não tenho nada contra o Eiffel,bem pelo contrário, admiro-o, mas as pessoas nãoconhecem bem a sua actividade. Eiffel foi acima de tudoum grande empresário. Fazia parte de uma empresa quedepois passou a ser praticamente dele, pois Seyrig saiuapós a conclusão da Ponte Maria Pia. Seyrig avançou comuma acção em tribunal contra Eiffel, mas perdeu-a. Eiffel em toda a vida de empresário viveu muita à custados engenheiros que trabalhavam na Casa Eiffel,concretamente de Seyrig para a Ponte Maria Pia. Atéparece um sacrilégio dizer isto, mas a Torre Eiffel não édele. A projecção de Eiffel não era só em França, mas emtermos mundiais era tão grande que a torre já era famosaantes de ser construída. Quando anunciou que iaconstruir uma torre para a Exposição de 1889 em Paris,automaticamente a Imprensa de todo o mundo,

dois exemplares magníficos do mesmo período. Todos osportos do mundo que tinham este tipo de equipamentosofrerem uma renovação e abateram estes equipamentos.Portugal, por várias razões e até porque não participou naII Guerra Mundial, altura em que muitos portos foramdestruídos, conseguiu conservar estes dois guindastes noPorto de Leixões. Não estão em muito bom estado,porque sofrem um desgaste muito grande da acçãomarítima. Na sequência deste projecto, pensamos proporuma solução de futuro para preservar os guindastes.Depois vai também resultar numa pequena publicaçãopara realçar a importância daquelas peças que sãopatrimónio industrial, únicas a nível mundial e de grandeimportância para o Porto e Matosinhos.

Para Lopes Cordeiro, o livro Ponte Maria Pia reforça a ideia de que a autoria da ponte não é de Eiffel, aquem é vulgarmente atribuída, mas de Seyrig

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inclusivamente a de Portugal e mais concretamente a doPorto, já anunciava a torre como uma obra notável. Nãofoi Eiffel que concebeu o projecto da torre. É evidente quecapitalizava o prestígio, pois era em nome dele que estasobras se realizavam.

Qual a característica do livro que mais o satisfaz?O livro resultou muito bem e dignifica a obra. Sãoabordados vários aspectos, sendo alguns inéditos, como,por exemplo, a questão do ferro utilizado na ponte.Apresentamos também um artigo interessante e inovador,de Andrade Gil, pois não se conhecia nada sobre isso.Apresenta todas as tentativas de substituição da ponte aolongo do século XX, projectos elaborados que não foramexecutados mas com muito interesse. São uma novidade,pois não se sabia que havia essa intenção.

Qual é a sua opinião sobre o projecto apresentado peloarquitecto Pedro Ramalho para a reactivação da ponte emvia ciclopedonal?Acho que o projecto neste momento é a única soluçãopara salvaguardar a ponte. Até foi bom que a publicaçãodo livro se atrasasse um pouco, pois assim incluiu-se estasolução. Se tivesse sido publicado em 2002 não teríamosa hipótese de o integrar, pois a projecto ainda não estavaelaborado. E fizemos questão em incluí-lo, pois remata oconjunto dos artigos que o livro apresenta e acima detudo neste momento constitui aquilo que é preciso fazer.Quem quiser hoje valorizar a Ponte Maria Pia e dar umasolução para o impasse que neste momento está aatravessar basta executar o projecto do arquitecto PedroRamalho, que não é apenas bom em termos de realizaçãoda ponte, mas também cria dois pólos, um do lado doPorto e outro do lado de Vila Nova de Gaia, quecorrespondem a uma concepção actualizada de difusãodo património que é criar um pequeno museu e centro dedocumentação de um lado e uma zona de lazer erestauração do outro.

Pretende continuar a investigar obras de Engenharia?Vou continuar a colaborar com a Ordem dos Engenheiros– Região Norte agora que este segundo projecto estáencerrado. Vamos dar sequência a um projecto que teve opontapé de saída há uns tempos atrás e que estárelacionado com os dois guindastes a vapor do Porto deLeixões: os titãs. Contamos com o apoio da actualdirecção da APDL, que está muito interessada emvalorizar os guindastes, que são únicos a nível mundial.Este projecto vai também resultar numa monografia, queprovavelmente será publicada no final de 2006. Será umlivro menos ambicioso que a Ponte Maria Pia, porque éum caso mais focalizado, não tendo a mesmarepercussão que a ponte, mas os guindaste são de facto

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EngenhariaElectrotécnica em debate

O 7º Encontro Nacional do Colégio deEngenharia Electrotécnica realizou-se, naExponor, durante os dias 12 e 13 deOutubro, tendo como tema geral “OPapel do Engenheiro Electrotécnico naEngenharia dos Edifícios”. A iniciativaconseguiu juntar vários especialistasligados à área em debate.A sessão de abertura foi presidida peloengenheiro Pedro Sena da Silva, vice-presidente nacional da Ordem dosEngenheiros (OE), em representação deFernando Santo, bastonário da OE. Oengenheiro Fernando Santo,impossibilitado de estar presente noencontro por impedimento de últimahora, enviou uma mensagem escrita aosparticipantes do encontro, que foi lidapelo engenheiro Machado e Moura,coordenador regional Norte do Colégiode Engenharia Electrotécnica.Durante os dois dias do encontro foramapresentadas e discutidas temáticasimportantes, tendo como ponto central

questões essenciais para o exercício daprofissão nas vertentes da EnergiaEléctrica, da Eficiência Energética, dasTelecomunicações e da Automação eSegurança. Académicos e industriais captaram aatenção dos elevado número depresentes que se encontrava na salaapresentando as suas comunicações, osseus pontos de vista e abrindo espaçopara troca de impressões. A sessão de encerramento ficouassinalada com a reflexão e conclusão dapresidente nacional do Colégio deEngenharia Electrotécnica, engenheiraMaria Teresa Barros, que presidiu àsessão. “Propor soluções sustentáveis deconforto na era da informação” foi, emsíntese, a resposta encontrada por estaprofissional para o papel do EngenheiroElectrotécnico na Engenharia dosedifícios. O engenheiro Machado eMoura apoiou esta ideia, acrescentandoque “agora há meios que não existiamanteriormente e que permitem aimplementação dessas soluções”. À semelhança do que a Ordem dosEngenheiros – Região Norte defende foiainda reforçada a necessidade da revisão

ao Decreto 73/73, na medida em quesegundo os profissionais este seencontra obsoleto. “A Engenharia anda à frente da legislaçãoque temos em Portugal, mas encontratravões”, defendeu a engenheira ZitaVale, vogal do Colégio Regional Norte deEngenharia Electrotécnica. Neste âmbito,o engenheiro Machado e Moura reiterouque “há soluções ao nível da Engenhariaque depois de confrontadas com alegislação em vigor estagnam”.

OERN em Saragoça

A Ordem dos Engenheiros – RegiãoNorte, representada pelo vice-presidentedo Conselho Directivo, Luís Ramos,participou, a convite do Colégio deIngenieros de Caminos Canales yPuertos, na Jornada sobre ComunicaçõesTransfronteiriças que se realizou emSaragoça a 26 de Outubro. Organizadapela Confederación de Empresários deAragón, nesta jornada debateu-se aescassez de ligações transfronteiriças e oconsequente risco de colapso dasexistentes no curto prazo. Foram aindaanalisadas as consequências destesproblemas, mormente quanto aocondicionamento da circulação depessoas e mercadorias e ao forteconstrangimento que representam parao crescimento económico da Europa. Oproblema da competência sobre este tipode comunicações e o eventual interesseem que passem para a esfera de decisãoda União Europeia, na medida em quedeverão ser um valor estratégico para aEU, foi também objecto de análise.Aberta pelo presidente do Governo deAragão e encerrada pelo secretário deEstado de Infraestructuras ePlanificación, esta jornada contou com apresença do presidente do Colégio deIngenieros de Caminos Canales y

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Puertos, D. Edelmiro Rua Alvarez, entreoutros oradores, em representação daAdministração Pública Autonómica eEstatal e dos agentes económicosportugueses, espanhóis e franceses.

Bacia Hidrográfica do Douro em discussãoem Janeiro

A Ordem dos Engenheiros – RegiãoNorte levará a efeito no dia 27 de Janeirode 2006, na cidade do Peso da Régua,um seminário sobre a “BaciaHidrográfica do Rio Douro”.Este evento pretende discutir assuntosrelativos à exploração de recursoshídricos e exploração turística da regiãoque envolve este rio transfronteiriço. Anavegabilidade, a utilização da água e oconvénio luso-espanhol serão assuntos adebater.O seminário decorrerá nas instalações dadelegação do Douro do IPTM e osoradores serão convidados nacionais deprestígio com larga experiência nestatemática.

6º ColóquioInternacional sobreSegurança e Higiene do Trabalho de 2006

A 6ª edição do Colóquio Internacionalsobre Segurança e Higiene do Trabalho terá lugar no auditório principal daFaculdade de Engenharia daUniversidade do Porto (FEUP) nos dias23 e 24 de Fevereiro de 2006, e terá umformato semelhante ao seu predecessor,ainda que com temáticas mais actuais.Este evento será novamenteorganizado pela Ordem dosEngenheiros – Região Norte (OERN),Associação Portuguesa de Segurança eHigiene o Trabalho (APSET) e a FEUP.Na sessão de abertura estarãopresentes os responsáveis destasinstituições, respectivamente, GerardoSaraiva, Luís de Freitas e Carlos Costa.Alfredo Soeiro da FEUP presidirá àorganização do colóquio.O último colóquio registou cerca demeio milhar de inscritos, pelo que setornou a partir do último ano numareferência para os profissionais einteressados nas temáticas desegurança do trabalho.A conferência de abertura será proferidapor um convidado da União Europeia eterá como tema as perspectivas delegislação e desenvolvimento deSegurança, Higiene e Saúde no Trabalho(SHST) no espaço europeu. A seguir realizar-se-á um painel, comvárias intervenções, dedicado àformação de profissionais de SHSTenquanto pilar fundamental daprevenção de riscos. Realça-se que aformação dos técnicos de SHST deveestar intimamente ligada à realidadedas empresas e deve ser reiterado aostécnicos de SHST que os problemas desaúde com origem em desequilíbrios

organizacionais e deficientescondições de trabalho fazem parte daárea das competências exclusivas. Nodomínio dos referenciais para a SHSTna construção há que atender àsinúmeras especificidades do processoconstrutivo para a definição dos perfisprofissionais e de formação.Ao coordenador de segurança naconstrução estão atribuídascompetências vastas, que abrangem aconstrução, como a elaboração deprojectos, direcção e acompanhamentode obras, técnicas e processosconstrutivos, e a SHST, como a gestãode sistema de protecção de saúde e aaplicação dos princípios e técnicas deprevenção de riscos profissionais, bemcomo o sistema de qualificação doscoordenadores de segurança previstona legislação em discussão, serãodiscutidos em mesa-redonda,confrontando todos os potenciaisinteressados.Serão ainda abordados temas como odos acidentes de trabalho e dasdoenças profissionais, da medicina notrabalho e da prevenção de riscosprofissionais, trazendo a debateinúmeras experiências provenientesdos mais vastos sectores deactividade. Os equipamentos detrabalho e os sistemas de SHST serãotambém analisados.A sessão técnica será assegurada porum alto quadro do IGT que abordará otema do impacto da legislação deSHST, as respectivas responsabilidadesdos intervenientes nas empresas e osdesafios para o futuro. O aspectoprincipal relaciona-se com oenriquecimento do modelo teórico deorganização do trabalho, sendonecessário definir a organização dotrabalho teórico.O programa definitivo já se encontradisponível na OE, na FEUP e naAPSET.

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Presidente da CCDRNna OERN –II Encontro dos DirigentesRegionais Norte da OE

“O Norte, como o país, precisa de uma pequena revolução”Começando por constatar que a crise daregião Norte é consequência da crise porque passa o país, caracterizada por umaestagnação prolongada, de raizestrutural, tratando-se verdadeiramentede uma crise do sistema económico,Carlos Laje, presidente da Comissão deCoordenação e Desenvolvimento daRegião Norte (CCDRN), chamou aatenção para algumas problemáticas noseu discurso proferido no II Encontrodos Dirigentes Regionais Norte daOrdem dos Engenheiros que este anodecorreu no Gerês, a 22 de Outubro.Como orador convidado deste encontro,Carlos Laje ainda assinalou que o país ea região carecem de uma “pequenarevolução”, visando a equidade, aeficiência do sistema e a redução doEstado.

Uma região em declínio – Que fazer?Depois de ilustrar a debilidadeeconómica da região Norte com o últimolugar que esta passou a ocupar emmatéria de PIB per capita – 79% damédia nacional – um indicador que temvindo a cair desde 1995, altura em que sesituava nos 85%, o presidente daCCDRN apontou como causas aglobalização, a vulnerabilidade e a forteexposição das indústrias.Carlos Laje denunciou depois a existênciado que chamou “centralismo furtivo”,fenómeno que tende a acentuar-se emcenários de crise. À centralizaçãocontrapôs um modelo de regionalizaçãona linha do modelo francês, rejeitando

inequivocamente modelos como oespanhol ou o italiano, ambos comsérios problemas neste momento.Considerando necessária a autonomiaregional, salientou que esta deve sersuportada numa legitimidade eleitoralque valide as decisões.O presidente da CCDRN considerouainda que a região tem absolutanecessidade de se organizar, sendoimprescindível o apoio ao investimentona região. Neste sentido, haverá quefazer um especial esforço no estudo epreparação da participação regional nopróximo quadro comunitário, para operíodo de 2007 a 2013. Apesar daelaboração do agora chamado QRENestar condicionada pelo esclarecimentoprévio de questões, como a definição dasperspectivas financeiras da UniãoEuropeia e a análise das causas –regionais ou nacionais – por que falhouo modelo actual, importa que este planoresulte de uma melhor selecção dosobjectivos por investimento e tenhadecididamente em vista a coesãonacional.Como prioridades regionais, o presidenteda CCDRN apontou as infra-estruturas,

as acessibilidades, as cidades e acooperação. Atribuiu especial atenção ànecessidade de definição de umaverdadeira política industrial. Mais doque a região ou o país, a Europa tem quelutar contra a desindustrialização. Nocaso da região Norte, por maioria derazão, assim tem que ser na medida emque a sua base é industrial. Isto semdescurar a atenção aos ‘sectoresemergentes’, alguns já com algumaexpressão na região (indústriafarmacêutica, biotecnologias, etc.).Contrariando a ideia de falência dossectores tradicionais, Carlos Laje,apontou como exemplos o crescimentodas exportações em 2005 no calçado,sector que congrega cerca de 45 milpessoas, e ainda o crescimento dealguns subsectores do têxtil.Por último, Carlos Laje alertou para ogrande potencial dos sectorestradicionais, podendo beneficiar muitoao investir na inovação não-tecnológica,como, por exemplo, o design.

II Encontro de Dirigentes RegionaisDo programa do II Encontro deDirigentes Regionais ainda fez parte um

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debate, que contou com as intervenções,entre outros, dos engenheiros Luís Bragada Cruz, Carlos Brito, José Mendes eMatos de Almeida. Este momentopermitiu discutir aspectos tais como atemática da especialização económica,dissertando-se sobre as vantagens edesvantagens que encerra. A atençãodirigiu-se ainda para o eventual impactosobre a coesão social da dispersãodecorrente da regionalização, o défice deliderança da região e a instabilidade quea tem caracterizado, que poderão serrazões principais de algum ‘desnorte’ oudesorganização regional, a necessidadede infra-estruturas que fomentem oconhecimento, a problemática do ensino,mormente do ensino da Engenharia,com as indefinições estratégicas sobreensino politécnico e universitário, e avalorização da Engenharia, para o quemuito poderão contribuir as propostasque a Ordem dos Engenheiros (OE)apresentou ao Governo, esperando agorapela evolução do processo.Na segunda parte do encontro, osdirigentes regionais analisaram alguns

aspectos organizativos internos,detiveram-se sobre a estratégia deintervenção pública da OE, em especialda sua estrutura no Norte. Discutida acrise dos acessos aos cursostecnológicos, os presentes concluírampelo interesse, ou mesmo necessidade,de promoção de uma grande acção,tendo em vista a divulgação daEngenharia junto dos mais jovens,nomeadamente daqueles quebrevemente têm de fazer as suas opçõesno ensino secundário.

Encontro Nacional do Colégio de Engenharia Civil

No passado dia 15 de Outubrorealizou-se, na Faculdade deEngenharia da Universidade do Porto(FEUP), o Encontro Nacional doColégio de Engenharia Civil, o Dia doDepartamento de Engenharia Civil da

FEUP e o Dia dos Antigos Alunos damesma área e instituição.O encontro teve como objectivodiscutir aspectos importantes da vidaprofissional dos engenheiros civis eproporcionou o convívio entre colegas.O espaço reservado ao evento revelou-se pequeno para albergar os mais de100 participantes.A iniciativa contou com intervençõesdo engenheiro Álvaro Cunha, daDirecção da FEUP, do engenheiroFernando Branco, presidente doColégio de Engenheira Civil da Ordemdos Engenheiros (OE), do engenheiroJosé Ferreira Lemos, presidente doDepartamento de Engenharia Civil daFEUP, e do engenheiro João LopesPorto, presidente da direcção da AEC-FEUP.Algumas das preocupações do sectorforam apresentadas pelo engenheiroHipólito de Sousa, coordenador doConselho Regional Norte do Colégio deEngenharia Civil, que abordou asituação do ensino da Engenharia Civile dos engenheiros civis, do sector daconstrução e dos respectivosconstrangimentos.No plano do ensino, além de um brevehistorial do ensino da Engenharia Civilem Portugal, o engenheiro apresentouindicadores relativos ao número decursos e de vagas, às médias deacesso, à relação entre cursosacreditados e não acreditados e àevolução do número de diplomados.Ficou patente a necessidade declarificação das vocações dos sistemasnacionais de ensino politécnico euniversitário na Engenharia Civil, oexcesso de oferta relativamente àprocura nesta área, bem como o baixonível de exigência na admissão quetem ocorrido em alguns cursos.No que respeita à engenharia civil e aoexercício profissional foi sublinhada adesvalorização progressiva dos actos

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profissionais e o desconhecimento degrande parte dos utentes dasconstruções sobre o papel dosengenheiros civis. Destacou-se, comomuito prejudicial para o sector, atendência legislativa recente e a práticade algumas entidades públicas, de nãoexigirem a inscrição na Ordem e aoutorga do título de engenheiro para oexercício profissional nesses serviços.Deste modo faculta-se o exercício deactos de Engenharia a titulares decursos que, estando fora da alçada dasassociações profissionais de direitopúblico (OE e ANET) não estãosubordinados à tutela ética,deontológica e disciplinar, bem comonão satisfazem as condições dereconhecimento pelas mesmasassociações. Esta prática, prejudica, noplano dos princípios, a defesa daqualidade da Engenharia e coloca,frequentemente, problemas desubordinação dos actos dessesagentes, a decisões hierárquicasprejudiciais à confiança públicaassociada aos actos de Engenharia.Relativamente ao momento actual dosector da construção, o retratoefectuado não foi muito animador.“Não há uma estratégia dedesenvolvimento para o sector”,afirmou Hipólito de Sousa,acrescentando: “o quadro legislativo eregulamentar tem importantesdebilidades e não há um fio condutorperceptível que lhe dê coerência”. Oengenheiro reconheceu que“comparativamente a outros países asferramentas de apoio aos profissionais,nomeadamente no campo normativosão claramente insuficientes” e que onível de qualificação técnica dasempresas é manifestamente insuficientepor uma inexplicável permissividade doregime de alvarás. Afirmou ainda que osector só costuma ser notícia por másrazões e raramente pela excelência das

realizações, pelo que “é socialmentemal visto”, em boa parte injustamente.Como principais condicionantes,Hipólito de Sousa apontou osobredimensionamento da capacidadeinstalada, a forte concorrência, o pesoda burocracia e da fiscalidade, a fracaqualidade de muitas organizações e adeficiente formação da mão-de-obra.“A OE tem que ter uma estratégiacoerente para o sector baseada naqualidade final dos produtos deconstrução e assumir uma posiçãoforte na defesa da engenharia civil”,rematou Hipólito de Sousa. Nessesentido, relembrou as iniciativasrecentes do Colégio no sentido daorganização legislativa, articulada emtorno da proposta estruturanteapresentada pela OE para o novoDecreto 73/73 relativo às qualificaçõese responsabilidades de todos osprofissionais da fileira da construção,sublinhando aos colegas a necessidadeduma atitude próactiva, participandona discussão destas matérias evalorizando um exercício profissionalmoderno, responsável e ético.O engenheiro Segadães Tavares foi oorador convidado, cabendo-lhe a

abordagem ao tema “O ExercícioProfissional e a Ética na EngenhariaCivil”. Apoiando-se em experiências doquotidiano para contar ‘estórias’,Segadães Tavares abordou aqualificação dos profissionais daEngenharia, a prática da segurança, asregras de jogo do mercado e aresponsabilidade de futuro.O debate ficou marcado pela ideia deque é fundamental inverter a tendênciade desqualificação que o próprioEstado tem alimentado. Oreconhecimento social do papel doengenheiro civil, tão injustamentesecundarizado relativamente a outrasprofissões, resultará do reforço doespírito de corpo e do aumento daexigência da OE para com os seusmembros, promovendo uma cultura deexcelência. O Colégio de EngenhariaCivil demonstrou que tem assumidouma postura mais exigente emmatérias legislativas, sendo motivo deorgulho pelo elevado nível da suaprestação.O encontro foi encerrado peloengenheiro Fernando Santo,bastonário da OE, que apelou à coesãoda classe.

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Alfred Nobel e os prémios

Mais uma vez o tema da energiaatómica é merecedor de espaço nasecção de Engenharia no Mundo daInfo. Desta vez o motivo relaciona-secom a atribuição do Prémio Nobel daPaz de 2005. Além disso, os PrémiosNobel estão mais ligados à Engenhariado que parece à primeira vista, acomeçar pelo facto de o homem queteve a ideia de os criar ter sido umengenheiro de grande mérito. O Comité Nobel decidiu este anopremiar com o Nobel da Paz aAgência Internacional de EnergiaAtómica (IAEA) e o seu director-geral,Mohamed ElBaradei, devido aosesforços levados a cabo no sentido deprevenir que a energia nuclear sejausada para fins militares e paraassegurar que a energia nuclear parapropósitos pacíficos seja usada daforma mais segura. Como explicou oministro norueguês dos NegóciosEstrangeiros, Jan Petersen: “O PrémioNobel da Paz deste ano, atribuído aoDr. Mohamed ElBaradei e à AgênciaInternacional de Energia Atómica,evidencia um dos mais sériosdesafios de segurança enfrentadopelo mundo hoje. O prémio da Paz éum importante sinal do mérito que oComité Nobel dá a estes assuntos. Aentrega do prémio da Paz ao Dr.ElBaradei e à IAEA é tambémimportante para o trabalho que aNoruega está a fazer para promoveros esforços do desarmamento nucleare fortalecer o regime de não-proliferação internacional. Eu estouconfiante que a Noruega e a IAEAjuntas podem alcançar um óptimoresultado nesta área”. O prémio da Paz é entregueanualmente no dia 10 de Dezembro e

o seu nome é proveniente de AlfredNobel (Estocolmo, 1833-San Remo,1896). No seu último testamentoassinado em 1895, Nobel estipulouque uma parte do capital da suafortuna fosse destinado à criação decinco prémios: Literatura, Química,Física, Medicina e Paz (o daEconomia apenas foi criado em 1968,no âmbito das comemorações do300º aniversário do Banco da Suécia,tendo sido atribuído pela primeira vezno ano seguinte).O testamento definitivo de AlfredNobel, aquele que deixou o seulegado para a Humanidade, foiredigido pelo próprio e assinado a 27de Novembro de 1895, semassistência jurídica. Nesse documentoforam indicados dois testamenteirosa quem Nobel deixava a missão deexecutar a sua vontade: dois jovensengenheiros, Ragnar Sohlman eRudolf Lilljequist, a quem se deve a

instituição de uma das entidadesmais respeitadas do mundo, aFundação Nobel.Na noite de 10 de Dezembro de 1901,num banquete reservado a homens, naSala dos Espelhos do Grande Hotel deEstocolmo, foram entregues os primeirosPrémios Nobel, exceptuando o da Paz,visto o Parlamento norueguês apenas teranunciado nesse dia o nome doslaureados.Alfred Nobel desde pequeno recebeuuma educação exigente emultifacetada, o que lhe permitiuadquirir gostos que abrangiam a áreada Engenharia e a das Letras (sabiaexpressar-se em cinco idiomas ededicou-se à escrita). Seguindo as pisadas do pai, AlfredNobel tornou-se num engenheiro-inventor. O pai, dedicado à actividadeda detonação, desenvolveu projectose inventos, como as mortíferas minasantipessoais e as minas marítimas,chegando a ser o responsável pelamais importante fábrica dearmamentos russos num período daGuerra da Crimeia.A dinamite, o grande invento deAlfred Nobel, resultou de umacombinação feita em 1866 denitroglicerina com pedra de Kiselguhrpara criar um explosivo. Após estadescoberta, o engenheiro tornou-senum dos homens mais ricos domundo e levou a cabo outrasdescobertas, como a borrachasintética, o pergamóide e a sedaartificial. Há quem considere abalistite (datada de 1887) umexplosivo poderoso composto de umamistura de 40% de nitrocelulose e de60% de nitroglicerina, a invençãomais surpreendente de Nobel.Ao longo da sua carreira, oengenheiro-inventor registou 355patentes e instalou fábricas em cercade 20 países.

infoPágina 32 LAZER

Engineers Trophy – Engenharia Global

A Ordem dos Engenheiros – RegiãoNorte (OERN) levará a efeito naPrimavera de 2006, inserido nascomemorações dos seus 70 anos, oEngineers Trophy – EngenhariaGlobal. Este evento pretende envolverempresas, instituições euniversidades cujos quadro oucurricula versem ou contenham otema “engenharia”.A competição, que contém aspectosdesportivos e de lazer, mas tambémaspectos técnicos, científicos, de culturageral e institucionais da Ordem,colocará no terreno equipas deengenheiros portugueses (empresas,instituições ou universidades). Oscompetidores terão que desenvolveraspectos físicos através de provastopográficas e desportivas para atingirobjectivos específicos, pontuáveis, bemcomo comprovar conhecimentos sobrevárias matérias socioculturais etécnicas.O Engineers Trophy – Engenharia Globalvisa uma aproximação da OERN àsociedade, aos seus membros e àsinstituições que contenham nos seusquadros colaboradores engenheiros oupotenciais engenheiros. Esta acçãopermite também o envolvimento deempresas, instituições e universidades,num encontro que se pretendefomentador de complementaridadesentre o ‘mercado’ e a respectivaassociação profissional,abrindo assim a possibilidade de novasvalências e complementaridades.Vale a pena focar que ‘engenheiro’ é olicenciado em Engenharia, reconhecidoe qualificado profissionalmente pela OE,competência exclusiva desta associaçãoprofissional por delegação legal eestatutária do Estado Português.

info Página 33AGENDA

CONGRESSOS E SEMINÁRIOS

23 E 24 DE FEVEREIRO LOCAL: FEUP ORGANIZAÇÃO: OERN, FEUP e APSET6º COLÓQUIO DE SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHO

ENCONTROS

19 NOVEMBROLOCAL: BragançaORGANIZAÇÃO: OEDIA NACIONAL DO ENGENHEIRONo dia 19 de Novembro os engenheiros reúnem-se numencontro nacional, com realização na véspera de uma mesa-redonda sobre o tema “Papel dos engenheiros naAdministração Local”.

FORMAÇÃO

3 E 10 SETEMBRO; 12 E 19 NOVEMBRO E 10 E 17 DEZEMBROLOCAL: Sede da OERNORGANIZAÇÃO: OERNCURSO DE ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONALA Ordem dos Engenheiros – Região Norte (OERN) temvindo a promover cursos de formação em Ética eDeontologia Profissional com o objectivo de transmitirconhecimentos e divulgar casos de reconhecida importânciapara o exercício da profissão de engenheiro,designadamente no tocante aos valores e princípios a elainerentes.Estes cursos constituem, desde Janeiro de 2002, umacomponente obrigatória dos estágios de admissão à Ordemdos engenheiros. Deste modo, qualquer membro estagiárioque se tenha inscrito depois de 1 de Janeiro, só seráadmitido como membro efectivo após a frequência, comaproveitamento, daqueles cursos. A duração destes cursos é de 10 horas, a funcionar das10h30 às 13h e das 14h30 às 17h.O número de participantes por curso é limitado, sendo asinscrições consideradas por ordem de recepção na OERN.Para efectuar a inscrição deverá enviar a ficha de inscrição eproceder ao pagamento de 25,00 euros (inclui: documentação).Mais informações em: www.norte.ordemdosengenheiros.pt

DEBATES

27 JANEIROLOCAL: Peso da RéguaORGANIZAÇÃO: CDRNDEBATE SOBRE A GESTÃO DA BACIAHIDROGRÁFICA DO DOURO

CULTURA E LAZER

5 DEZEMBROLOCAL: BragaORGANIZAÇÃO: DD BragaCOLOCAÇÃO DE FOTOGRAFIA DO 1.º DELEGADO DISTRITAL DE BRAGA (ENG. JOSÉ VIEIRA)

14, 22, 28 NOVEMBRO E 6 DEZEMBROLOCAL: Café Concerto, Teatro de Vila Real das 21h15 às 22h30 ORGANIZAÇÃO: Universidade de Trás-os-Montes e AltoDouro, Câmara Municipal de Vila Real, Fundação para aCiência e Tecnologia, Fundo Europeu de DesenvolvimentoRegional (FEDER), Ordem dos Engenheiros, Coordenações dosCursos de Engenharia Ambiental e dos Recursos Naturais, deEcologia Aplicada, de Biologia Científica e em Ensino deBiologia e Geologia e respectivos núcleos de estudantes,Centro de Estudos Tecnológicos, do Ambiente e da Vida(CETAV), Centro de Estudos em Gestão de Ecossistemas(CEGE), Rádio Universidade (RUM)PARCERIAS: Governo Civil de Vila Real, Ipj, Emar, Águas deTrás-os-Montes, Voz de Trás-os-Montes e Notícias de Vila Real,Região de TurismoTERTÚLIAS NO CAFÉ“UM AMBIENTE DE CAFÉ” E “UM CAFÉ COM BIOLOGIA”A Reitoria da UTAD tem vindo a implementar, numa acçãoconjunta com as coordenações de curso e de algunscentros de investigação, diversas estratégias no sentido dedivulgar aspectos científicos junto da comunidade, emparticular, dos novos públicos. Nesta perspectiva, pretende-se debater alguns assuntos que marcam a agendaactual no domínio do ambiente e das ciências biológicascom os seguintes objectivos: colocar a UTAD no palco dadiscussão de temas da actualidade que preocupam aspessoas e dos domínios mencionados; divulgar ascompetências da UTAD através dos centros de investigaçãopara a resolução de problemas que afectam a região, emparticular, no domínio do ambiente; aumentar a visibilidadeda UTAD na discussão de temas da actualidade e a sualigação à região onde se insere; chamar a atenção doscidadãos para os problemas reais e das competênciascientíficas da UTAD; diversificar a oferta de iniciativas nosentido de promover a captação de novos públicos, não se

infoPágina 34 AGENDA

esgotando nos alunos do primeiro ciclo. A formação pós-graduada, contínua e especializada devem constituir outradas preocupações da UTAD.“UM AMBIENTE DE CAFÉ”DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: NOVOS DESAFIOSSessão 2: 28 de NovembroTema: ResíduosConvidados: Prof. Graça Martinho (Universidade Nova deLisboa), Dr. Paulo Praça (Resíduos de Nordeste) e Eng.ºPaulo Noronha (Câmara Municipal de Vila Real)Moderador: Margarida Correia Marques (CETAV)Âmbito e objectivos: o problema mais crítico identificado noestudo “Dissonâncias Ambientais do Douro” é o dadeposição ilegal de resíduos, em especial os resíduos desucata e resíduos de construção e demolição. Esta situaçãocausa detrimento da qualidade ambiental e da paisagemcom consequências na degradação geral do ambiente naárea do Alto Douro Vinhateiro, classificado pela UNESCOcomo Património Mundial. A criação de condições degestão adequada de todos os tipos de resíduos (utensíliosdomésticos fora de uso, sucatas, resíduos de construção edemolição, resíduos inertes e resíduos industriais) éfundamental para que deixem de ocorrer dissonâncias destetipo e para que se possa apostar numa política de redução ereciclagem de resíduos, reutilização de recursos e reduçãoda perigosidade dos resíduos produzidos.Esta sessão terá como tema central a política nacional degestão de resíduos e a actual gestão de resíduos na regiãoNorte. Os principais aspectos a abordar serão: a) aproblemática da gestão de resíduos e os sistemas de gestãode resíduos da região Norte; b) a criação de alternativas degestão de fluxos especiais de resíduos na região Norte; c) aimplementação de uma solução de gestão e deposição finalde resíduos de construção civil e demolição na regiãoNorte; d) a valorização e o tratamento de resíduos agrícolasna região Norte.Sessão 3: 6 de DezembroTema: Ar

Convidados: Prof. Carlos Borrego (Universidade de Aveiro),Dr. Paulo Mata (Médico especialista)Moderador: Margarida Correia Marques (CETAV)Âmbito e objectivos: “Clean Air For Europe” – CAFE,estabelecido no âmbito do 6º Programa de Acção emMatéria do Ambiente, é um programa de análise técnica ede desenvolvimento de políticas, cujo principal objectivo é odesenvolvimento de uma estratégia política integrada e delongo termo para a protecção, da saúde humana e doambiente, dos efeitos da poluição atmosférica. Com aaprovação, a nível Europeu, da Estratégia Temática sobreQualidade do Ar, torna-se vital a nível nacional, proceder-sea um acompanhamento da política acordada e das metastraçadas até 2020 e das respectivas medidas associadas.Esta sessão terá como tema central a monitorização egestão da qualidade do ar na região do NordesteTransmontano. Os principais aspectos a abordar serão: a) aavaliação da qualidade do ar na região do NordesteTransmontano; b) a definição de medidas de minimizaçãodos impactos da poluição pelo ozono na saúde pública e noambiente em geral da região do Nordeste Transmontano; c)o impacto da qualidade do ar ambiente na saúde pública enos ecossistemas, em especial em áreas classificadas demontanha.“UM CAFÉ COM BIOLOGIA”

NOVOS DESAFIOS NAS CIÊNCIAS BIOLÓGICASSessão 1: 14 de NovembroTema: BiotecnologiaConvidados: Prof. Carlos Faro (Universidade de Coimbra edirector científico da BIOCANT)Âmbito e objectivos: esta sessão terá como tema central adiscussão dos novos desafios no domínio da biotecnologiaSessão 2: 22 de NovembroTema: Células EstaminaisConvidados: Prof. Mário Sousa (Universidade do Porto)Âmbito e objectivos: esta sessão terá como tema central adiscussão dos novos desafios no domínio das ciênciasmédicas.

Pin da Ordem dos Engenheiros – Região Norte à venda na sede

e nas delegações distritais por 5 euros

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