diferenÇas de aplicaÇÃo entre endomarketing e comunicaÇÃo interna dentro de uma empresa
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DIFERENÇAS DE APLICAÇÃO ENTRE ENDOMARKETING E COMUNICAÇÃO
INTERNA DENTRO DE UMA EMPRESA
Fabiana Scaranari Seferin 1
Orientador Angelo de Sá Mazzarotto 2
RESUMO
Este artigo tem por objetivo reconhecer as diferentes visões de Endomarketing e Comunicação Interna. Para tanto, foi feito uma pesquisa bibliográfica nas áreas de Marketing e de Relações Públicas, da qual foram retirados definições e aspectos de ambas as ferramentas. O trabalho está divido em três partes: uma aborda a relevância de as organizações investirem em ações voltadas para o público interno, e as outras duas partes, analisam os conceitos e as particularidades das ferramentas utilizadas para fazer isso, como o Endomarketing e Comunicação Interna. Nas considerações finais é feita uma breve comparação entre os temas discorridos, como sua aplicação e atuação.
Palavras-chaves: Público Interno. Endomarketing. Comunicação Interna.
ABSTRACT
This article aims to recognize the different visions of Internal Marketing and Internal Communication. To this end, a literature search was done in the areas of Marketing and Public Relations, which were withdrawn definitions and aspects of both tools. The work is divided into three parts: one deals with the relevance of organizations to invest in actions for the workforce, and the other two parts, analyze the concepts and particularities of the tools used to do as the Internal Marketing and Internal Communication. In the final considerations is a brief comparison between the themes approached as its implementation and operation.
Keywords: Workforce. Endomarketing. Internal Communication.
1 INTRODUÇÃO
1 Graduada em Jornalismo pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, cursando Letras – Literatura Portuguesa na Universidade Federal de Santa Maria. Artigo apresentado à Facinter como requisito total para obtenção do título de especialista em Administração e Marketing. 2 Engenheiro Agrônomo (Universidade Federal do Paraná), Especialista em Meio Ambiente,em Educação e formação de tutores a Distância, MBA em Gestão Empresarial e Desenvolvimento e educação , Mestre em Gestão e doutorando em Sociologia e orientador de TCC do Grupo Uninter.
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Com o advento da globalização, a concorrência entre o mundo empresarial
tornou-se mais acirrada, levando os gestores a buscarem inovações na oferta de
seus produtos e serviços, exemplo disto, é o investimento na alta tecnologia. Porém,
este fato também favoreceu a busca não somente por novidades, mas também na
criação de diferenciais para agregarem aos seus produtos, no intuito de se tornarem
diferentes da concorrência. Um dos diferenciais que vem ganhando a devida
importância das empresas é modo de agir com os funcionários, ou seja, a forma de
motivar o público interno de uma organização. Para isso, as empresas têm utilizado
ferramentas motivacionais como o endomarketing e a comunicação interna.
Contudo, o presente artigo pretende analisar as principais diferenças entre
Comunicação Interna e Endomarketing, ferramentas de marketing cada vez mais
utilizadas pelas empresas que buscam aprimorar sua cultura de comunicação
organizacional, visando aumentar sua lucratividade.
A escolha do tema levou em consideração o fato de que a maioria das
pessoas não sabe definir Endomarketing e Comunicação Interna, inclusive
profissionais que atuam nestas áreas. Assim, a questão de divergências na
conceituação continua pedindo respostas e, é nesse desafio, que será alinhada
algumas proposições que se baseiam em estudos, feitos por meio uma pesquisa
bibliográfica, que serão reconhecidos as diferenças entre tais ferramentas. A
discussão do tema será relevante para que os gestores ou profissionais de
comunicação ou Recursos Humanos consigam diagnosticar que tipo de ferramenta
deve ser mais trabalhada dentro de sua organização, bem como conhecer sua
importância para obter uma maior lucratividade.
O método utilizado para a elaboração e desenvolvimento desta monografia foi
embasado em uma pesquisa bibliográfica, montada a partir de consultas a livros e
teses disponíveis na Biblioteca da Universidade de Caxias do Sul e também pela
Internet.
No desenvolvimento do artigo será feita uma abordagem sobre a definição de
Comunicação Interna e Endomarketing. Ao final, será possível estabelecer um
referencial que mostrará as relações e particularidades de cada ferramenta, bem
como indicar quais as melhores maneiras de utilizá-las em uma organização.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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Para tratar do tema, é preciso fazer um levantamento bibliográfico que discuta
a conceituação de público interno, endomarketing e comunicação interna. A
pesquisa visa identificar e organizar os conceitos encontrados em trabalhos
relevantes, de forma que se possa analisar a importância da inserção de cada
ferramenta dentro de uma organização. Portanto, a partir da revisão de livros ficará
claro, nos próximos subtítulos, como os autores pesquisados definem cada um
destes termos.
2.1 PÚBLICO INTERNO
Atualmente, o número de empresas que buscam alternativas para se manter
no mercado e aumentarem sua lucratividade é cada vez maior. A alta
competitividade tem favorecido o aparecimento de uma nova visão de investimento
das empresas.
Diferentemente do que ocorria antigamente, as organizações estão notando
que, além do investimento tradicional, como em altas tecnologia, bens, serviços e
publicidade, é importante investir, também, no bem estar profissional do funcionário.
Segundo Fortes (2003, p. 72), os funcionários são considerados o público
interno de uma empresa, como escreve:
É o agrupamento espontâneo, com ou sem contiguidade física, perfeitamente inidentificável, originário de pessoas e dos grupos ligados à empresa por relações funcionais oficializadas, que caracterizam um empregador e o empregado. Mesmo que o contato cotidiano seja insignificante, todo e qualquer contratado será enquadrado como público interno.
Como há de se verificar Fortes (2003, p. 209) aponta os funcionários como os
clientes internos de uma organização, ele destaca que a integração entre estes
profissionais e seus familiares permite a participação de todos nas discussões e
decisões dentro da empresa, consequentemente no aumento de produtividade.
Kunch (2003, p. 159) corrobora a ideia de Fortes citando:
Do ponto de vista da organização, os investimentos a serem feitos são vantajosos e relevantes. O publico interno é um público multiplicador. Na
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sua família e no seu convívio profissional e social, o empregado será um porta-voz da organização, de forma positiva ou negativa. Tudo dependerá do seu engajamento na empresa, da credibilidade que esta desperta nele e da confiança que ele tem em seus produtos e serviços.
Seguindo este pensamento, vale ressaltar que é o empregado quem,
normalmente, faz o contato direto com o público externo da empresa, logo,
pressupõe-se que, se ele estiver bem informado e preparado, trará bons frutos para
organização.
Considerando este pressuposto, as empresas estão apostando e buscando
nas ferramentas de marketing meios para aumentar o grau satisfação de seus
empregados. De acordo com Brum (2005), o público interno necessita ser
trabalhado para que adquira atributos necessários para transmitir ao público externo
as informações precisas e coerentes da empresa. Ainda conforme Brum (1998), o
setor privado está quase que completamente automatizado e o foco está na
satisfação dos clientes externos e internos.
Por conseguinte, é neste contexto que estão inseridas a Comunicação Interna
e o Endomarketing. Logo, investir no funcionário, introduzindo na empresa
instrumentos de comunicação, representa uma alternativa para contribuir no
crescimento da organização, afinal o cliente é o porta-voz de uma instituição privada.
Portanto, para analisar como estas ferramentas funcionam, é fundamental
fazer uma conceituação de cada uma, o que será visto nos próximos itens.
2.2 ENDOMARKETING IGUAL A MARKETING INTERNO
Inicialmente, deve–se ressaltar que, ao abordar sobre o tema Endomarketing,
encontram–se nomenclaturas diferentes atribuídas a esta palavra, porém que têm o
mesmo significado, como é caso do termo Endomarketing, que se equivale à
expressão marketing interno. Outra situação que também ganha terminologias
diferenciadas é a palavra funcionário, que neste artigo também será referida como
colaborador, empregado ou cliente interno.
Também é importante esclarecer o sentido da palavra Endomarketing, dividida
em duas partes: endo, originário do grego éndon, “em, para dentro de”, significa
posição ou ação no interior, mais a palavra marketing.
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O Endomarketing e o marketing interno são formas que a empresa encontra
de vender sua imagem para os seus próprios colaboradores, conforme conceitua
Bekin (1995 p.34) criador da marca Endomarketing:
O Endomarketing consiste em ações de marketing dirigidas para o público interno da empresa. Sua finalidade é promover entre os funcionários e os departamentos os valores destinados a servir o cliente ou dependendo do caso, o consumidor.
Inkotte (2000, p. VI), define o termo em estudo de uma maneira diferente,
para ele “o Endomarketing vem sendo apresentado como uma alternativa moderna
para aumentar o comprometimento dos empregados com os objetivos das
organizações”.
Concordando com o conceito de Inkotte, que define Endomarketing como
uma nova maneira de tratar o funcionário, Albrecht (1994, p. 33) diz que, “de certa
forma, as organizações devem pensar em seus empregados como um mercado”.
Bekin (2004, p. 49) sustenta ainda que, “o objetivo do Endomarketing é tornar
transparentes ao funcionário os objetivos da organização, de forma a harmonizar o
objetivo do funcionário com o objetivo global da empresa”.
Em suma, Endomarketing é uma ferramenta que visa à facilitação da
comunicação dentro da organização, de maneira que seja construída uma lealdade
no relacionamento com o público interno, de forma que o ambiente seja harmonioso
e as relações fortalecidas.
No entanto, para entendermos mais ainda o que é o Endomarketing, podemos
fazer uma comparação com o marketing, cuja função é muito similar. No caso do
Endomarketing, o foco de trabalho está no público interno, enquanto que no
marketing as ações se baseiam no público externo.
Para compreender melhor a relação entre estes dois conceitos, é preciso
entender a conceituação da palavra Marketing. Para Kotler, marketing é “uma
atividade humana dirigida para a busca de satisfação das necessidades e dos
desejos dos consumidores, através dos processos de troca”. Baseado nesta
afirmação, percebe-se que tanto o marketing, quanto o Endomarketing focam suas
ações na satisfação de seus públicos. Tal percepção ganha maior respaldo por meio
da definição de Mastieri (2004, p.108) sobre Endomarketing. Para ele, o marketing
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interno é “o gerenciamento de ações de marketing voltadas para o público interno
das empresas e organizações e para os funcionários”.
Para endossar a relação entre marketing e Endomarketing, Bekin (2006, p.49)
descreve.
(...) o marketing visa construir um relacionamento com o público externo da organização, seus strakeholders, o Endomarketing visa a estabelecer um processo de trocas que construa lealdade no relacionamento com o público interno. O ponto de partida rumo a esse lealdades é os funcionários conhecerem tão bem quanto possível os objetivos da organização com o detalhe adicional – mas não menos importante – de que esses objetivos estejam harmonizados com os de cada pessoa.
Faz-se importante ressaltar que os objetivos deste artigo condizem a
diferenciar Endomarketing de Comunicação Interna, assim o foco continuará a
definição de cada um. Em razão disso, analisaremos mais um conceito sobre
Endomarketing, de modo que não haja dúvidas em relação a sua definição.
Conforme Bekin (2006, p. 51), “o Endomarketing é visto com um meio de diminuir o
isolamento departamental, reduzindo atritos internos e superando resistências a
mudanças”.
Portanto, “Endomarketing é uma ferramenta que auxilia os gerentes a
valorizarem as pessoas, motivando-as a ter comportamentos inovadores e criativos
para a evolução da organização”, conforme citado no artigo Endomarketing:
ferramenta de gestão estratégica para empresas.
Diante das definições citadas, resume-se que o marketing interno visa
envolver os empregados, enxergando–os como um cliente da organização. Desta
forma, estabelece–se uma relação de troca entre o colaborador e a empresa. Seu
foco é fazer com que os colaboradores se tornem aliados na tarefa de manter e
captar clientes.
2.3 FUNCIONÁRIOS FOCADOS: PROPOSTA DO MARKETING INTERNO
Como já foi discutido, o marketing interno visa trabalhar com o público interno
de modo que este se sinta satisfeito com seu trabalho. Entre os artifícios que
existem para que uma empresa obtenha sucesso em sua campanha de
Endomarketing, destaca-se a motivação. Conforme Bekin, a motivação confere ao
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funcionário dignidade, responsabilidade e liberdade de iniciativa, isto é, ela faz com
que seu colaborador se sinta um importante cliente.
Bekin (2006, p. 88), cita:
A motivação é um processo global que tem como objetivo final comprometer o funcionário com as causas e os objetivos da empresa para integrá-lo à cultura organizacional. Este comprometimento implica o aprimoramento do desempenho do funcionário por meio de sua valorização e satisfação como indivíduo que pertence a uma organização.
Ritossa (2011, p. 139) complementa os argumentos sobre motivação de
Bekin, partindo da seguinte premissa:
Funcionários satisfeitos entregam serviços de melhor qualidade. Isso significa que a empresa deve tratar seus funcionários como clientes e pensar em maneiras de desenvolver programas específicos que atendam às necessidades de seus colaboradores.
Entre as maneiras de motivar os funcionários, conforme Ritossa (2011,
pg.139) destacam-se os treinamentos, cursos de qualificação e desenvolvimento de
benefícios e distribuição de materiais técnicos, educativos e informativos.
Grönroos (1993, p. 281), também confere à motivação do funcionário com um
dos processos gerencial de Endomarketing. Para ele, o gerenciamento da atitude
busca mostrar aos funcionários, a importância estratégica de um serviço direcionado
para atender os clientes. Neste aspecto inclui–se a qualificação dos colaboradores
para que eles possam assumir responsabilidades, ter comprometimento, motivação,
etc.
Seguindo a mesma linha, Dornelles (2010, p. 46), destaca que, “como as
pessoas são diferentes umas das outras, as motivações também o são, algumas
motivadas por fatores econômicos, outras pelo reconhecimento da competência e
valorização”.
Baseado então no referencial teórico utilizado, pode-se entender que o
Endomarketing é uma das ações do marketing, pois utiliza canais específicos para o
direcionamento de informações aos colaboradores de uma empresa. Este processo
visa envolver os empregados, enxergando–os como um cliente satisfeito da
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organização. É válido ressaltar que o colaborador precisa estar motivado para se
sentir satisfeito.
Após avaliação dos conceitos de Endomarketing, segue–se para a segunda
parte deste artigo, a conceituação de Comunicação Interna.
2.4 COMUNICAÇÃO INTERNA: INTEGRAÇÃO ENTRE EMPRESA E
COLABORADORES
O mundo globalizado tem produzido mudanças significativas na gestão dos
negócios. Além da busca incessante por formas de produtividade, os gestores estão
apostando no relacionamento com seus colaboradores, e buscam na comunicação
ferramentas para alcançarem esta integração. Posto isto, trabalhar os aspectos
estruturais e profissionais da Comunicação Interna tem se tornando frequente dentro
das empresas.
Conforme Andrade (1993, p. 103), “a palavra comunicação provém do latim
“communicationen”, que significa ação de partilhar, que pertence a muitos”. Ele
acrescenta que é o “resultado e a causa do diálogo, a única forma natural do homem
viver”.
Segundo conceitos de Shannon (apud SCHULER 2004, p.12), trata–se de um
processo de interação humana por meio de mensagens emitidas, transmitidas e
recebidas.
Azevedo (1970, p.11) complementa as definições de Andrade e Shannon
argumentando o seguinte:
É através da comunicação que o homem se torna e se mantém um ser social. Sem comunicação o homem não poderia trabalhar em conjunto, produzir em cooperação, avançar seu domínio no mundo físico, pois que as invenções e descobertas são quase sempre dependentes do acúmulo de informações, e que o gradual desenvolvimento de conceitos que se transmitem de uma geração para outra, não seria alcançado sem a comunicação.
José Roberto Whitaker Penteado (apud ANDRADE 1993 p. 105,) define
comunicação com um “processo pelo qual o indivíduo (o comunicador) transmite
estímulos para modificar o comportamento de outros indivíduos”.
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Pelo exposto, comunicação é um elemento fundamental para o
relacionamento social e que, com o passar do tempo, vem se tornando cada vez
mais importante dentro das organizações que buscam, nos relacionamentos com
seus públicos internos e externos, as portas para alcançar seus objetivos. Gutierrez
(2003, p.138) ratifica essa colocação dizendo que “Inteirado pela comunicação e
considerando componente decisivo do conjunto, o funcionário é solidário com os
colegas, expande a sua criatividade, toma iniciativas e aprimora as propostas
surgidas do entendimento da equipe diretora”.
Tendo como premissa que a comunicação tem em sua essência a ideia da
necessidade de compartilhamento, pode-se remeter ao conceito de que é preciso
haver interação. Portanto, entende-se que a comunicação é um processo de
interação humana que utiliza três elementos básicos. O comunicador, a mensagem
e o recebedor, de acordo com Andrade (1993). Desta forma, podemos dizer também
que é um processo de intercâmbio de informações. Assim sendo, julga–se que o ato
de se comunicar é essencial aos seres humanos que convivem em sociedade e que
a utilizam para trocas de mensagens.
Enfim, tudo o que se ouve, vê, sente é comunicação, portanto, é um processo
de intercâmbio de informações. No âmbito destas definições, salientamos
exatamente a importância da informação e comunicação dentro de uma
organização.
Segundo Kunsch (2003), a Comunicação Interna “reside, sobretudo, nas
possibilidades que ela oferece de estímulo ao diálogo e à troca de informações entre
a gestão executiva e a base operacional, na busca pela qualidade”.
Rhodia (apud DORNELLES, 2010) conceitua o termo como uma ferramenta
estratégica utilizada para intermediar e efetivar os interesses tanto dos empregados
quanto da empresa. Para isso, ela aposta no incentivo ao diálogo, na troca de
informações e de experiências, e na participação de todo o público interno,
independente do nível hierárquico.
Pimenta (2004, p. 119) ratifica a definição de Rhodia, acrescentando que
cabe à Comunicação Interna, “produzir integração e um verdadeiro espírito de
trabalho em equipe. Qualquer objetivo só será alcançado quando se torna possível,
aos trabalhadores, expressarem seus valores, desejos e conflitos (...)”.
Kunsch (2003, p. 154), atesta as definições citadas acima e esclarece como,
de fato, deveria ser a Comunicação Interna:
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Ela seria um setor planejado, com objetivos bem definidos, para viabilizar toda a interação possível entre a organização e seus empregados, usando ferramentas da comunicação institucional e até da comunicação mercadológica (para o caso do Endomarketing ou marketing interno). Portanto, a Comunicação Interna corre paralelamente com a circulação normal da comunicação que perpassa todos os setores de organização, permitindo seu pleno funcionamento.
Em outras palavras, porém seguindo a mesma linha de pensamento dos
autores já citados, Torquato (2002) diz a que a Comunicação Interna tem como
principal foco contribuir para o desenvolvimento e manutenção de um clima positivo
dentro da organização, o que levaria ao crescimento profissional dos empregados,
bem como da empresa. Baseando-se nas palavras de Torquato, pode-se então
pensar, que em última instância, a Comunicação Interna tem por propósito gerar
lucros à organização.
Dornelles (2010, p. 47) concorda com Torquato e acrescenta ainda:
A comunicação objetiva e claramente expressa com argumentos realísticos promove relacionamentos saudáveis e produtivos que estimulam o desenvolvimento da flexibilidade e da capacidade de diálogo alicerçado na escuta ativa, habilidade necessárias nas inter-relações sociais.
Como se observa na citação de Torquato, a Comunicação Interna deve
contribuir para a valorização do homem e para o exercício de cidadania. Quantas
ideias e ações podem ser acentuadas e efetivadas por meios de uma comunicação
participativa. Afinal, quanto maior for a troca de informações, maiores são as
possibilidades de um ambiente se tornar integrado, com pessoas satisfeitas,
conforme menciona Kunsch (1997, p. 128 e 129):
Se considerarmos que a pessoa passa a maior parte do seu dia dentro da organização, as razões são muitas para que o ambiente de trabalho seja mais agradável possível. E um serviço de comunicação tem muito a ver com isso, uma vez que, agilizando o processo comunicativo promovo a integração entre os diferentes setores.
Neste passo, Correa (2009, p.51) destaca que a Comunicação Interna é uma
aliada para o entendimento e desenvolvimento do mercado, ou seja, é vital dentro de
uma empresa, como vemos a seguir:
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(...) a Comunicação Interna dá transparência à cultura organizacional, que reflete a alma de qualquer marca e colabora para a criação de um ambiente favorável à realização das estratégias.
Em síntese, uma Comunicação Interna bem desenvolvida oferece estímulo ao
diálogo, à troca de informações entre todos os funcionários, deste a gestão
executiva a base operacional. Para que possa cumprir o seu papel nas organizações
ela deve ser valorizada por todos, pois não é apenas uma troca de informações, mas
uma união de ideias, como se pode verificar na citação de Keith Davis e John
Newstron (apud Kunsh, 2003, p.161):
Comunicação é a transferência de informação e compreensão de uma pessoa para outra. É uma foram de atingir os outros com ideias, fatos, pensamentos, sentimentos e valores. Ela é uma ponte de sentido entre as pessoa, de tal foram que elas podem compartilhar aquilo que sentem e sabem. Utilizando esta ponte, uma pessoa pode cruzar com segurança o rio de mal-entendidos que muitas vezes a separa. (KUNSCH, 2003, p.161).
Kunch (2003, p.159) completa os autores acima, apontando que “a
Comunicação Interna permitirá que os colaboradores, se bem informados, e à
organização que antecipe respostas para suas necessidades e expectativas. Isso
ajudará a mediar os conflitos e buscar soluções preventivas”.
De acordo com o estudo de Sabrina Simões Pires, “em qualquer empresa
cuja comunicação não seja clara, o boato e a insatisfação podem prevalecer. A
maioria das organizações tem o hábito de apenas informar, ao invés de se
comunicar, ouvir o retorno, permitir o direito de resposta”.
Portanto, as pessoas precisam estar motivadas, sentirem-se reconhecidas, os
motivos são mais intangíveis do que tangíveis, isto é, a satisfação do funcionário não
está apenas no salário que recebe no final do mês, mas em saber que a atividade
que desenvolve é importante e faz a diferença na organização. Ele precisa se sentir
importante e esse é um dos papéis da Comunicação Interna.
Em suma, as organizações precisam aprimorar seus referenciais
metodológicos tradicionais, disseminando estratégias que levem em conta os
processos comunicacionais como ferramentas fundamentais para promover o seu
crescimento e fortalecer a produtividade dos funcionários.
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3 METODOLOGIA
Na pesquisa proposta, aspectos previstos foram estudados e, para que tal
estudo tivesse consistência, foi necessário o apoio em alguns livros para conceituar
temas deste trabalho.
A metodologia usada foi a da pesquisa bibliográfica exploratória. De acordo
com Gil, a pesquisa exploratória objetiva desenvolver, esclarecer e modificar
conceitos e ideias. Conforme o autor (1999, p.43) “pesquisas exploratórias são
desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo,
acerca de determinado fato”.
A escolha por uma pesquisa bibliográfica levou em consideração a
credibilidade que este tipo de metodologia possui, pois aponta uma série de
informações coletadas em livros renomados no meio da comunicação social.
Para embasar esta pesquisa, foi feito um levantamento bibliográfico nos livros
que abordam temas relacionados à Relações Pública, Marketing, Comunicação
Interna, Endomarketing e Público Interno.
Autores como Philip Kotler, Analisa de Medeiros, Margarida Kunsch, Saul
Faingaus Bekin foram lembrados para conceituar os temas analisados. As
conceituações do autor Saul Faingaus Bekin foram as mais utilizadas. Elas estão
inseridas tanto na fundamentação teórica, como nas considerações finais. O mesmo
ocorreu com as explicações de Margarida Kunsch, que esclarece as diferenças entre
comunicação interna e endomarketing.
Enfim, estas breves alusões foram determinantes para se fazer um
cruzamento entre os conceitos e, assim, diferenciar Comunicação Interna de
Endomarketing, objetivo deste artigo.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao concluir este trabalho com base na pesquisa bibliográfica realizada, é
possível afirmar que comunicação organizacional dirigida para o público interno vem
assumindo uma nova dimensão estratégica, e se tornado um instrumento
fundamental para melhorar o nível de satisfação dos funcionários,
consequentemente, o desenvolvimento da empresa. Tal afirmação é baseada na
citação de Kunsh na pagina 3, em que diz que os investimentos a serem feitos no
corpo de funcionários são vantajosos e relevantes para organização. E, é nesse
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contexto, que o Endomarketing e a Comunicação Interna estão inseridas, pois tais
ferramentas visam motivar o público interno, promovendo ações que contribuam
para melhorar o relacionamento entre empregador e empregado.
Como a proposta inicial deste trabalho era verificar as diferenças existentes
entre as visões da Comunicação Interna e do Endomarketing, oportuno se torna
fazer um resumo do que foi citado pelos autores consultados.
Seguindo esta proposta e baseados na argumentação de Bekin citadas na
página 5, pode-se dizer que o Endomarketing adapta estratégias e elementos
utilizados pelo marketing tradicional e as aplica no público interno. Isto é, o
Endomarketing enxerga o funcionário como um cliente, cujas necessidades precisam
ser atendidas, por isso, usa as ferramentas de persuasão do marketing. Já a
Comunicação Interna, conforme o que foi pesquisado, é responsável por fazer o
intermédio entre a organização e seus colaboradores, ou seja, e ela quem passa as
informações e recados importantes da empresa para os funcionários.
Enquanto esta última emite e recebe mensagens, a primeira apenas transmite
mensagens de forma unilateral, isto é, a empresa, por meio de ações de marketing,
induz o seu colaborador a ter a visão do que ela quer que ele tenha. como simplifica
Kunsch (2003), “o Endomarketing limita–se a ver os funcionários como ‘clientes
internos’”.
Já a Comunicação Interna, objetiva facilitar o fluxo de informações de ambas
as partes, aceitando ideias e sugestões para melhorar o rendimento de todos, esta
afirmação é baseada na citação de Keith Davis e John Newstron, transcrita na
página 11, em que dizem que a ‘’comunicação é transferência de informação e
compreensão de uma pessoa para outra”. Baseada nisto, a comunicação considera
o empregado como um cidadão, que precisa ser ouvido e respeitado. Para isso,
utiliza canais/veículos internos para realizar esta comunicação. No caso do
Endomarketing é a informação repassada com técnicas e estratégias de marketing,
de acordo com a citação de, Albrecht que se refere aos empregados como um
mercado na visão das organizações, na página 5.
Em última análise, pode-se ainda entender que a Comunicação Interna
envolve todas as ações dentro da organização, ou seja, são todas as formas de se
comunicar, porém formalizadas. O marketing voltado para dentro (Endomarketing)
são ações desenvolvidas para que os colaboradores comprem a visão, a missão, os
serviços e os produtos da empresa.
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O Endomarketing focaliza todos os seus esforços visando à satisfação e/ou
manutenção do cliente interno, objetivando satisfação de seu público externo. Na
verdade, o objetivo é que o colaborador motivado melhore seu rendimento e
atendimento.
Baseado nisto, é valido afirmar que é possível trabalhar as duas ferramentas
dentro da empresa, apesar das particularidades de cada uma. É importante salientar
que não há como limitar onde cada uma atua, pois uma depende da outra para
existir. Afinal, toda a ação de marketing/Endomarketing começa por uma ação
comunicação, ou seja, para que a empresa venda suas ideias e imagens é preciso
conhecer as pessoas para as quais deseja vender tais ideias. Para isso, é
necessário saber fazer as perguntas certas e, principalmente, saber escutá-las, e é
ai que entra a Comunicação Interna. A comunicação tem um poder destrutivo, por
isso, é importante cuidar o que sai de dentro da empresa para o público de fora. O
funcionário é reflexo da empresa, por isso, é tão importante a Comunicação Interna
e o Endomarketing. Se a equipe não acredita no que faz, como é que o cliente
externo acreditará?
Por fim, ajudar cada funcionário saber o seu valor é uma das funções da
Comunicação Interna e do Endomarketing. O ideal é todos tenham consciência da
importância da comunicação dentro da organização, afinal todas as ferramentas têm
como foco agradar clientes e gerar lucros para empresa.
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