complicaÇÕes pulmonares pÓs …fisio-tb.unisul.br/tccs/fernandamartins/tcc.pdf · laparotomia,...

84
FERNANDA SATURNO MARTINS COMPLICAÇÕES PULMONARES PÓS-OPERATÓRIAS DE CIRURGIAS ABDOMINAIS ALTAS E ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA Tubarão, 2005

Upload: vuongtuong

Post on 29-Sep-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

FERNANDA SATURNO MARTINS

COMPLICAÇÕES PULMONARES PÓS-OPERATÓRIAS DE CIRURGIAS

ABDOMINAIS ALT AS E ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA

Tubarão, 2005

FERNANDA SATURNO MARTINS

COMPLICAÇÕES PULMONARES PÓS-OPERATÓRIAS DE CIRURGIAS

ABDOMINAIS ALT AS E ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Fisioterapia, como requisito à obtenção do grau de Bacharel em Fisioterapia.

Universidade do Sul de Santa Catarina

Orientador Prof° Esp. George Jung da Rosa

Tubarão, 2005

FERNANDA SATURNO MARTINS

COMPLICAÇÕES PULMONARES PÓS-OPERATÓRIAS DE CIRURGIAS

ABDOMINAIS ALT AS E ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA

Este trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e adequado à obtenção do grau de Bacharel em Fisioterapia e aprovado em sua forma final pelo Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Universidade do Sul de Santa Catarina.

Tubarão, 27 de junho de 2005

___________________________________ Prof° Esp. George Jung da Rosa

Universidade do Sul de Santa Catarina.

___________________________________

Prof ª Esp. Michelle Cardoso Machado Universidade do Sul de Santa Catarina.

___________________________________ Profº Esp. Kelser de Souza Koch

Universidade do Sul de Santa Catarina.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus por me fornecer saúde, disposição e proteção

durante esta longa caminhada.

Aos meus pais, José e Alci, que sempre acreditaram e contribuíram para minha

formação e me apoiaram sendo qual fosse a decisão por mim tomada.

Aos meus amigos que compartilharam os melhores momentos da vida.

Especialmente Carla, que também muito contribuiu com o meu trabalho.

Ao meu irmão Junior, que muitas vezes me socorreu em situações de desespero.

Ao meu orientador George, pela dedicação, compreensão e amizade.

Aos professores do curso de fisioterapia que se dedicaram ao transmitir seu

conhecimento e experiência por eles vivenciados, em destaque para professora Michelle

Cardoso que me auxil iou elaborar o projeto.

A todos vocês minha eterna gratidão.

“Jamais poderemos compreender o que o outro

espera de nós. Mas ainda é preferível fazer, a

nada fazer pelo medo de errar” .

(Peter Bamm)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Vias respiratórias ...............................................................................................18

Figura 2 – Contração e expansão da caixa torácica...............................................................25

Figura 3 – Espirômetro.........................................................................................................27

Figura 4 – Volumes e capacidades pulmonares.....................................................................28

Figura 5 – Relações volume versus pressões elásticas do sistema respiratório ......................33

Figura 6 - Anatomia normal do esôfago................................................................................ 37

Figura 7 – Regiões anatômicas do estômago ........................................................................39

Figura 8 – Anatomia do fígado.............................................................................................40

Figura 9 – Anatomia Pâncreas.............................................................................................. 42

Figura 10 – Anatomia vesícula biliar....................................................................................43

Figura 11 – Incisões laparotômicas.......................................................................................47

Figura 12 – Incisões laparotômicas.......................................................................................47

Figura 13 – Cirurgia laparoscópica e aberta de vesícula........................................................50

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Cálculo da capacidade vital em indivíduos maiores de 15 anos...........................30

Tabela 2 – Cálculo da capacidade pulmonar total em indivíduos maiores de 15 anos............ 30

Tabela 3 – Comparação de complicações pulmonares entre cirurgias do abdome superior e

inferior.................................................................................................................................53

Tabela 4 – Classificação do risco de ocorrência de complicações pulmonares no pós-

operatório de cirurgia geral proposta por Torrington e Hendersen ........................................55

Tabela 5 – Manifestações clínicas da insuficiência respiratória aguda................................... 64

Tabela 6 – Indicações para suporte ventilatório ....................................................................65

RESUMO

A freqüência dos procedimentos cirúrgicos aumentou progressivamente nas ultimas décadas. Estima-se que 14 milhões de cirurgias são realizadas anualmente no Brasil e cerca de 40% das hospitalizações neste país envolvam algum tipo de tratamento cirúrgico. A cirurgia abdominal alta, ou seja, aquela realizada acima da cicatriz umbil ical, possui alto índice de comprometimento pulmonar já que a cavidade abdominal tem estreita relação com o diafragma e com a caixa torácica. As principais complicações pulmonares pós-operatórias são atelectasia, insuficiência respiratória aguda, infecção respiratória aguda, ventilação mecânica e/ou intubação orotraqueal prolongadas. Nas cirurgias mais realizadas encontram-se a colecistectomia, laparotomia, gastrectomia e esofagectomia. O fisioterapeuta tem um papel importante a desempenhar na avaliação dos pacientes que estão sendo preparados para cirurgia e que correm risco de desenvolver complicações que podem ser evitadas pelo profissional atento. Reunimos nesse estudo, os principais trabalhos disponíveis, em forma de livros, artigos científicos e revistas publicadas, com o objetivo de agrupar e apontar a evolução de conhecimento sobre o tema e resumindo o que é realmente de interesse. Foram utili zadas as referências disponíveis nas bibliotecas da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC e artigos científicos em bancos de dados disponíveis na internet. O resultado do estudo demonstrou controvérsias aos fatores preditivos das complicações, destacando-se o estado nutricional, idade do paciente, espirometria e tabagismo. A li teratura tem consenso diante: tempo operatório, anestesia, tipo de incisão e doença pulmonar prévia. Palavras - chave: Cirurgias abdominais altas, complicações pulmonares, fisioterapia.

ABSTRACT

The frequency of the surgical procedures increased gradually in the last decades. There is esteem that 14 million surgeries are carried through annually in Brazil and about 40% of hospitalizations in this country involve some type of surgical treatment. The high abdominal surgery, or either, that one carried through above of the umbilical scar, has a high level of pulmonary compromising since the abdominal socket has narrow relation with the diaphragm and the thoraxic box. The main postoperative pulmonary complications are atelectasis, acute respiratory insufficience, acute respiratory infection, mechanic ventilation and/or prolongued orotraqueal intubation. In the most made surgeries there are found colecistectomia, laparotomia, gastrectomia and esofagectomia. The physiotherapist has an important paper to play in the evaluation of the patients who are being prepared for surgery and that they run risk to develop complications that can be prevented by the intent professional. We congregate in this study, the main available works, in form of books, scientific articles and published magazines, with the objective to regroup and to point the knowledge evolution on the subject and summarizing what it is really of interest. There were used the available references in the libraries of the University of the South of Santa Catarina - UNISUL, Federal University of Santa Catarina - UFSC, University of the State of Santa Catarina - UDESC and scientific articles in available data bases in internet. The result of the study demonstrated controversies in relation with the presaged factors of the complications, being distinguished the nutricional state, age of the patient, espirometria and tobaccoism. The titerature has consensus about: operating time, anesthesia, type of incision and previous pulmonary illness. Key - words : High abdominal surgeries, pulmonary complications, phisiotherapy.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................12

2 SISTEMA RESPIRATÓRIO......................................................................................... 15

2.1 Anatomofisiologia................................................................................................ 15

2.2 Respiração........................................................................................................... 20

2.3 Músculos respiratór ios........................................................................................ 23

2.4 Volumes e capacidades pulmonares............................................................................ 26

2.5 Mecânica respiratória..................................................................................................31

3 ABDOME: ANATOMOFISIOLOGIA .........................................................................35

3.1 Cavidade abdominal.....................................................................................................35

3.2 Componentes do abdome superior ..............................................................................36

3.2.1 Esôfago.......................................................................................................................36

3.2.2 Estômago....................................................................................................................38

3.2.3 Fígado......................................................................................................................... 39

3.2.4 Pâncreas ..................................................................................................................... 41

3.2.5 Vesícula bil iar .............................................................................................................42

4 CIRURGIAS ABDOMINAIS......................................................................................... 44

4.1 Laparotomia.................................................................................................................45

4.1.1 Classificação ...............................................................................................................46

4.2 Gastrectomia ................................................................................................................ 48

4.3 Colecistectomia.............................................................................................................49

4.4 Esofagectomia...............................................................................................................50

4.5 Gastroplastia ................................................................................................................ 51

5 COMPLICAÇÕES PULMONARES PÓS-OPERATÓRIAS ....................................... 52

5.1 Atelectasia com repercussão clínica.............................................................................58

5.2 Infecções Respiratór ias agudas: pneumonia e broncopneumonia.............................. 61

5.3 Insuficiência Respiratór ia aguda.................................................................................63

5.4 Intubação Orotraqueal ou ventilação mecânica prolongada.....................................65

6 FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA NAS COMPLICAÇÕES PULMONARES PÓS-

OPERATÓRIAS DE CIRURGIAS ABDOMINAIS ALT AS ..........................................68

6.1 Assistência fisioterapêutica no pré-operatór io............................................................69

6.2 Assistência fisioterapêutica no pós-operatór io............................................................71

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................73

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................75

12

INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos, verifica-se o aumento progressivo do número de

procedimentos cirúrgicos realizados no Brasil . A própria evolução tecnológica dos aparelhos

e técnicas cirúrgicas provê subsídios para este traçado ascendente na quantidade de pessoas

submetidas a um procedimento invasivo.

Entretanto, de qualquer procedimento cirúrgico advém complicações, resultantes

da interação do estado físico do paciente e de aspectos relacionados à cirurgia ao qual o

mesmo é submetido, que podem comprometer o estado geral do paciente.

As complicações decorrentes da disfunção ventilatória são comuns nos pacientes

cirúrgicos e estão entre as mais letais.

A compreensão das alterações que se produzem sobre o aparelho respiratório

durante o ato cirúrgico e no período pós-operatório é de grande importância para o

dimensionamento da relação custo-benefício de determinado procedimento.

Todo ato cirúrgico se faz acompanhar de algum grau de disfunção respiratória,

mesmo quando os pulmões não se encontram diretamente envolvidos.

A abordagem do paciente cirúrgico envolve uma equipe multiprofissional e as

complicações pulmonares pós-operatórias (CPPO) que podem ocorrer são considerados

fatores de preocupação entre os mesmos, principalmente nas cirurgias de tórax e abdômen

alto.

As complicações pulmonares são freqüentes no pós-operatório de quaisquer

cirurgias, porém sua incidência é maior em cirurgias torácicas e abdominais. As cirurgias

abdominais, realizadas por incisão acima da cicatriz umbili cal, têm uma incidência de

complicações pulmonares maior que as que envolvem incisão abaixo desta (FILARDO;

FARESIN; FERNANDES; 2002).

Várias são as cirurgias que envolvem esta área, dentre elas citamos as mais

realizadas segundo Martins (1999). Laparotomia, gastrectomia, colecistectomia,

esofagectomia e gastroplastia.

Os pacientes submetidos à cirurgia torácica comportam-se como aqueles que

fazem CAA, e as principais complicações são atelectasia, insuficiência respiratória aguda,

ventilação mecânica e/ou intubação traqueal prolongadas, broncoespasmo e pneumonia. A

ocorrência destas complicações está intimamente ligada à existência de fatores de risco pré-

operatórios.

Devido à alta incidência de complicações respiratórias nas cirurgias de abdômen

superior e sua correlação com um tempo maior de internação hospitalar e graus mais elevados

de morbi-mortalidade, diversos trabalhos têm sido realizados para prever pacientes de alto

risco de desenvolver complicações pulmonares no pós-operatório.

A crescente, porém, ainda incipiente inserção e participação do fisioterapeuta nos

cuidados do paciente cirúrgico, assim como sua contribuição na prevenção, atenuação e, em

algumas situações reversão de algumas das CPP, encorajou-nos a discorrer nesse trabalho

sobre o papel desse profissional e das técnicas por ele empregadas.

Motivados pela grande freqüência deste tipo de cirurgia, consideramos relevante o

levantamento de dados expondo a ocorrência de alterações ventilatórias em pacientes

submetidos às cirurgias abdominais altas, para então, despertar maior interesse dos

14

profissionais em atuar nessa área, proporcionando para esses pacientes um pós-operatório

exitoso.

O encadeamento do trabalho dá-se em cinco etapas, e dessa forma apresentamos

os tópicos indispensáveis à integral compreensão do estudo: anatomofisiologia do sistema

respiratório, considerações sobre cavidade abdominal, cirurgia abdominal alta, complicações

pós-operatórias e fisioterapia respiratória. Objetivando facili tar o entendimento do tema

proposto, e deixar claro os fatores predisponentes das complicações pulmonares pós-

operatórias.

O estudo trata-se de levantamento de bibliografias já publicadas, em forma de

livros, revistas e artigos científicos. Hossne e Vieira (2002) afirmam que uma revisão

bibliográfica deve, então, mostrar a evolução de conhecimento sobre o tema, apontando falhas

e acertos, fazendo criticas e elogios e resumindo o que é, realmente, de interesse.

Como subsídios para este estudo, utilizamos as referências disponíveis nas

bibliotecas da Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL, Universidade Federal de

Santa Catarina – UFSC, Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, artigos

científicos em bancos de dados disponíveis na internet.

Os artigos que foram pesquisados através de bancos de dados na internet foram

extraídos dos sites da bireme, scielo, scholar google, pubmed, portal capes e lilacs. Como

palavras chave: cirurgia abdominal alta; complicações pós-operatorias; upper abdominal

surgery; post-operative chest physioterapy; pulmonary complications. Os demais em revistas

e jornais científicos impressos e outras publicações de referência. Teve como prioridades as

bibliografias publicadas nos ultimos dez anos (1996 a 2005).

15

2 SISTEMA RESPIRATÓRIO

2.1 Anatomofisiologia

O sistema respiratório, como todos os demais sistemas do corpo humano, não tem

um funcionamento independente e isolado, mas trabalha em interação com outros órgãos e

sistemas (COSTA, 1999).

O sistema respiratório do ser humano pode ser definido, de modo geral e sucinto,

como um sistema de vias aéreas (superiores e inferiores), unido a um par de pulmões

(principal órgão da respiração), os quais revestidos pela pleura pulmonar e estão contidos na

caixa torácica. Funcionalmente, o sistema respiratório está ligado ao coração e interage com o

sistema circulatório no processo de trocas gasosas, promovendo o organismo de oxigênio, sua

função fundamental (COSTA, 1999).

Para fins práticos, dividem-se as vias respiratórias em:

Trato respiratório superior, que inclui o nariz, a boca, a faringe, a laringe e as cavidades

sinusais na cabeça.

Trato respiratório inferiores, que inclui a traquéia, os brônquios, o diafragma e os pulmões

(ARNOULD-TAYLOR, 1999).

A cavidade nasal é dividida por um septo central, o septo nasal, mantendo

comunicação com o meio externo (através das narinas) e com a nasofaringe. As paredes

16

laterais da cavidade nasal possuem varias projeções que tornam a superfície irregular,

causando turbulência do fluxo de ar que passa pelas vias nasais (PALASTANGA, 2000).

O ar inspirado em seu trajeto pelas vias aéreas superiores é fil trado, umidificado,

e aquecido até entrar em equil íbrio com a temperatura corporal (AIRES,1999). A cavidade

nasal é, a principal responsável pela purificação (filtração, umidificação e aquecimento) do ar

inalado (COSTA, 1999). As vias aéreas superiores atuam, por conseguinte, acondicionando o

ar, protegendo do ressecamento, do desequilíbrio térmico e da agressão por partículas

poluentes de grande tamanho as regiões mais internas do sistema (AIRES, 1999). Os pelos na

entrada das narinas e, principalmente, a turbulência nasal é os mecanismos responsáveis pela

remoção de partículas estranhas trazidas pelo ar (GUYTON; HALL, 1998).

O complexo nasobucofaringolaríngeo, situado na parte anterior da faringe,

compõe a denominada “garganta”. Pode ser compreendido como uma “válvula ar-alimento”.

Isto é, no momento da deglutição a base da língua faz um movimento de retroversão,

liberando a cartilagem epiglote (até então tracionada para frente), que, por sua vez, irá obstruir

a passagem de ar para a faringe e, conseqüentemente, impedir que o alimento (sólido ou

liquido) invada as vias aéreas inferiores. Ao mesmo tempo em que isso ocorre, o alimento é

conduzido á faringe e em seguida ao esôfago. O inverso desse processo se dá quando, nas

fases da respiração, a epiglote volta para frente, dando passagem ao ar (COSTA, 1999).

Já constituindo o trato respiratório inferior (ou arvore traqueobrônquica), a

traquéia projeta-se de C6 até o ângulo do esterno, ao nível da quarta ou quinta vértebras

torácicas (T4 ou T5), bifurcando-se, neste ponto, nos brônquios principais direito e esquerdo.

O local de bifurcação da traquéia chama-se Carina. O brônquio direito é mais verticalizado

em comparação com o esquerdo, motivos pelo quais materiais estranhos inalados tendem a se

dirigir para o pulmão direito (PALASTANGA, 2000). Cada brônquio principal se divide em

brônquios lobares; estes se subdividem em brônquios segmentares; cada brônquio segmentar

17

vai-se subdividindo até chegar (após 16 gerações) aos bronquíolos terminais. Os bronquíolos

terminais vão-se dividindo em bronquíolos respiratórios (SILVERIA, 2000) que se dividem

em dutos alveolares e sacos alveolares. Os bronquíolos terminais são estruturas das vias

aéreas inferiores, apresentando espessura menor e, conseqüentemente menor luz. Cada

pequeno brônquio da origem a aproximadamente 20 bronquíolos terminais (COSTA, 1999).

Os bronquíolos respiratórios situam-se entre os bronquíolos terminais e os alvéolos. Devido a

fina parede (camada de epitélio cúbico não ciliado) e a rica rede capilar que existe nesse local,

em algumas regiões já começa a surgir uma interação do ar com o sangue (troca gasosa). Sua

morfologia se assemelha à dos alvéolos. Esse segmento já não é considerado via de condução,

mas, em companhia dos alvéolos, constitui a área de troca gasosa (COSTA, 1999). Os

alvéolos localizam-se na periferia destas ultimas estruturas e estão em contato com uma rede

de capilares através da membrana alvéolo-capilar, onde ocorrem as trocas gasosas (KISNER;

COLBY, 1998).

As vias aéreas devem-se se manter abertas a fim de proporcionar a fácil passagem

do ar para dentro e para fora dos alvéolos. Isto é possível pela presença de estruturas que

evitam o colapso como placas cartilaginosas e musculatura lisa, as quais compõem a parede

da traquéia, dos brônquios e dos bronquíolos. Em alguns casos, a excessiva contração da

musculatura lisa dos brônquios e dos bronquíolos reduz o diâmetro destes canais provocando

muitas doenças pulmonares obstrutivas (GUYTON; HALL, 1998).

Como vimos, a traquéia se divide em brônquios principais; cada brônquio

principal se divide em brônquios lobares; estes se subdividem em brônquios segmentares;

cada brônquio segmentar vai-se subdividindo até chegar aos bronquíolos terminais. A esse

conjunto de tubos até o bronquíolo terminal se denomina vias respiratórias de condução.

Essas vias não contêm alvéolos e, por isso, não participam das trocas gasosas, correspondendo

ao espaço morto anatômico (SILVERIA, 2000). Muito do ar que é puxado para as passagens

18

respiratórias, a cada respiração, nunca atinge os alvéolos, por encher as passagens como o

nariz, a faringe, a traquéia e os brônquios. Em seguida esse ar é expirado, sem nunca ter

entrado nos alvéolos. Do ponto de vista da oxigenação do sangue, esse ar é completamente

inútil, por isso as passagens respiratórias formam o espaço morto. O volume total desse

espaço é, normalmente, de 150ml, o que quer dizer que, durante a inspiração de volume

corrente normal de 500ml, apenas 350ml de ar novo chegam aos alvéolos (GUYTON, 1993.

A figura 1 mostra o sistema respiratório, com ênfase especial nas vias aéreas. O ar

é distribuído para os pulmões por meio da traquéia, doa brônquios e dos bronquíolos. Um dos

problemas mais importantes em todas as vias aéreas é mantê-las aberta para permitir a

passagem do ar para dentro e para fora dos alvéolos com facilidade (GUYTON; HALL,

2002).

Figura 1 – Vias respiratórias Fonte: Guyton e Hall (2002, p. 413)

No interior dos alvéolos existe um liquido denominado surfactante, que mantém

uma tensão suficiente para que não ocorra colabamento nem hiperdistensão (COSTA, 1999).

As vantagens da ação do surfactante pulmonar são: aumentar a complacência pulmonar,

facili tando a expansão do pulmão; promover a estabilidade alveolar; ajudar na manutenção

19

dos alvéolos secos; e evitar o colabamento alveolar. Por esses motivos à perda do surfactante

pulmonar acarreta alterações negativas como pulmões rígidos pela redução da complacência

pulmonar, áreas de atelectasia (ou seja, de colabamento pulmonar) e alvéolos cheios de

transudato, dificultando a troca gasosa (WEST, 1996).

O pulmão é estrutura elástica que colapsa como um balão e expele todo o seu ar

pela traquéia, sempre que não houver qualquer força para mante-lo inflado. Além disso, não

há qualquer ponto de fixação entre os pulmões e as paredes da caixa torácica, exceto no ponto

em que cada pulmão se prende ao mediastino, por meio do seu hilo. Com efeito, o pulmão,

li teralmente, flutua dentro da cavidade torácica, circundada por fina película de liquido

pleural que lubrifica os movimentos dos pulmões dentro da cavidade (GUYTON; HALL,

2002).

Os pulmões ocupam a maior parte do espaço na cavidade torácica, cada pulmão

jazendo livre dentro da sua cavidade pleural, fixado apenas pela sua raiz ao mediastino.

Conformando-se ao contorno da caixa torácica, cada pulmão possui ápice, base, superfícies

costal, diafragmática e mediastinal e bordos anteriores, inferiores e posterior

(PALASTANGA, 2000). Apresentam um formado piramidal, sendo o ápice a porção

superior, e a base, a inferior. A base é mais elevada anteriormente e mais inferior

posteriormente. Os pulmões são compostos essencialmente por tecido elástico que apresenta

características de uma esponja e denomina-se parênquima pulmonar (COSTA, 1999). O

parênquima pulmonar possui fibras de elastina e colágeno, as quais conferem a este tecido um

grau de força elástica, de tal forma que quando os pulmões estão inflados estas fibras ficam

alongadas e quando os pulmões encontram-se no estado de deflação elas estão contraídas

(GUYTON; HALL, 1998).

O pulmão direito, mais curto, mais largo e mais pesado, é dividido em três lobos

(superior, médio e inferior) por duas fissuras (superior, médio e inferior), enquanto o pulmão

20

esquerdo menor tem apenas dois lobos (superior, incluindo a língula, e inferior), separados

pela fissura obliqua (PALASTANGA, 2000).

Os pulmões são envoltos por um saco pleural, o qual constituído de duas

membranas serosas, a pleura parietal e a pleura visceral. A pleura visceral adere-se ao tecido

pulmonar enquanto a pleura parietal reveste a parede torácica (pleura costal), a superfície

superior do diafragma (pleura diafragmática) e o mediastino (pleura mediastinal)

(PALASTANGA, 2000). O espaço existente entre as pleuras é preenchido por uma fina

camada de liquido pleural que reduz o atrito à medida que as membranas pleurais deslizam-se

sobre a outra. Além disso, a pressão negativa neste espaço é responsável por manter os

pulmões inflados (KISNER; COLBY, 1998).

Da mesma forma que o trato respiratório inferior ramifica-se, o sistema de

irrigação do pulmão também sofre divisões. A partir da artéria pulmonar, a qual recebe o

débito sanguíneo do coração, há uma serie de artérias que se dirigem até uma densa rede de

capilares ao redor dos alvéolos e que retornam ao coração através das veias pulmonares

(WEST, 1996).

As artérias pulmonares estão localizadas na posição antero-posterior em relação

ao brônquio e as veias pulmonares também está anteriormente, porem na região inferior

(PALASTANGA, 2000). No inicio do trajeto, as veias pulmonares, as artérias pulmonares e

os brônquios seguem juntos. À medida que estas estruturas aproximam-se da região periférica

do pulmão, as veias separam-se, passando entre os lóbulos, enquanto que as artérias

pulmonares e os brônquios vão para o centro dos lóbulos (WEST, 1996).

2.2 Respiração

A função básica do sistema respiratório é suprir o organismo com oxigênio (O2) e

dele remover o produto gasoso do metabolismo celular, isto é, o gás carbônico (CO2). Nos

21

seres unicelulares, as trocas gasosas ocorrem diretamente entre a célula e o meio circunjacente

por meio da difusão simples. Nos organismos multicelulares, por sua vez, a difusão entre o

meio externo e o interior da massa celular faz-se lentamente, em decorrência da distancia

percorrida pelos gases (AIRES, 1999).

O sistema respiratório possibili ta a troca gasosa (O2) e dióxido de carbono (CO2)

entre o ar e os pulmões e o sangue de capilares pulmonares através de um processo passivo

denominado difusão passiva (PALASTANGA, 2000). Neste processo, os gases respiratórios

passam dos alvéolos para os capilares sanguíneos que o circundam por diferença no gradiente

de pressão, cujo fator estabelece a passagem do gás do meio de maior pressão para o de

menor pressão. Qualquer alteração em alguma das estruturas que fazem parte deste processo

pode alterar a troca gasosa, como, por exemplo, o espessamento da membrana alvéolo-capilar

na fibrose intersticial ou a desnutrição da parede alveolar nos casos de enfisema pulmonar

(TEIXEIRA; ANTILA; CASTRO, 1999).

A partir da difusão do oxigênio dos alvéolos para o sangue pulmonar, este gás é

transportado pelo sangue por diferentes meios: em solução nos líquidos do plasma e dos

glóbulos vermelhos e em combinação com a hemoglobina. Quando o sangue passa pelos

capilares teciduais, o oxigênio difunde-se através da membrana capilar e dos espaços teciduais

para as células dos tecidos. O movimento do oxigênio nesta direção é causado pela diferença

de pressão. Pelo mesmo principio, o gás resultante do metabolismo celular é difundido das

células para o sangue capilar, sendo este gás transportado como gás em solução, sob a forma

de íon bicarbonato e combinado com a hemoglobina (GUYTON, 1993).

A respiração do homem obedece a dois comandos: nervoso e químico. No

comando nervoso a ritmicidade respiratória está sob o controle de células que pertencem à

formação reticular do bulbo e de células dos centros protuberância. O centro respiratório

bulbar possui componentes inspiratórios e expiratórios, ambos funcionando harmonicamente

22

(SILVERIA, 2000). Um impulso partindo do centro inspiratório, por exemplo, estimula os

músculos da inspiração; estes se contraem, fazendo expandir a caixa torácica e os pulmões.

Quando os pulmões se distendem, surgem impulsos aferentes que, partindo dos alvéolos,

chegam ao centro bulbar expiratório e inibem o centro inspiratório. Com isso o pulmão se

desinsufla (SILVERIA, 2000).

Varias ablações, estimulações e técnicas de registro têm sido usadas para explorar

o cérebro e localizar áreas de controle respiratório. No mínimo duas regiões, no tronco

cerebral, funcionam como controles respiratórios intrínsecos: a área respiratória bulbar e o

centro pneumotáxico, na ponte (tronco cerebral anterior). O tronco cerebral fornece quase que

a completa regulação básica. Mesmo quando o bulbo está separado do restante do cérebro, o

padrão respiratório é essencialmente normal (STAUB, 2000).

A regulação do processo respiratório é realizada pelo centro respiratório, região

composta de muitos grupos de neurônios localizados bilateralmente em áreas do tronco

cerebral. O sistema nervoso ajusta, através destes componentes, a velocidade da ventilação

alveolar de acordo com as necessidades do organismo (GUYTON; HALL, 1998).

A atividade respiratória é ainda influenciada pelas variações das concentrações do

oxigênio (PO2), de dióxido de carbono (PCO2) e de íons hidrogênio (pH). A área

quimiossensitiva, localizada imediatamente abaixo da porção ventral do bulbo, é sensível ás

mudanças das concentrações de dióxido de carbono sanguíneo e de íons hidrogênio.o pH tem

efeito direto sobre os neurônios da área quimiossensitiva, porém não é tão potente quanto o

PCO2 pela dificuldade que os íons hidrogênio têm de atravessar a barreira hematoencefálica

e a barreira entre o sangue e o liquido cefalorraquidiano. O PCO2, por sua vez atravessa

facilmente estas barreiras, de forma que o aumento de PCO2 sanguíneo é acompanhado pelo

aumento de PCO2 do liquido hidrogênios, os quais agem diretamente sobre os neurônios da

área quimiossensitiva. Desta maneira, a atividade respiratória é mais afetada pelas variações

23

de dióxido de carbono, de modo que quando sua concentração eleva, a ventilação aumenta

(GUYTON; HALL, 1998).

As variações da PO2 no sangue são detectadas pelo sistema quimioceptor

periférico, formado por receptores nervosos químicos especiais localizados em diversas áreas

cerebrais. Os quimioceptores podem ser encontrados nos corpos carotídeos, situados

bilateralmente nas bifurcações das artérias carótidas comuns, e nos corpos aórticos,

localizados ao longo do arco da aorta. Destes corpos, fibras nervosas aferentes chegam á área

respiratória dorsal passando pelos nervos glossofaríngeos (no caso dos corpos carotídeos) e

pelo nervo vago (nos corpos aórticos). Quando há diminuição da PO2 sanguínea, os

quimioceptores são excitados provocando aumento da respiração, porém esta resposta não é

tão intensa já que o aumento da respiração gera redução da PCO2 e do pH, que vão promover

depressão do sistema respiratório, contrabalançando a resposta dos quimioceptores. Em

determinadas situações, especialmente quando não há variação da PCO2 e do pH apesar do

aumento da respiração e nos casos de inspiração com baixa concentração de PO2 durantes

dias, o efeito da PO2 baixa sobre a ventilação alveolar é maior (GUYTON; HALL, 1998).

Outros fatores podem afetar a respiração como a dosagem excessiva de

anestésicos, que é talvez a principal causa de depressão respiratória (GUYTON; HALL,

1998).

2.3 Músculos respiratórios

Os músculos respiratórios são músculos esqueléticos estriados que, quando

comparados com os músculos esqueléticos da periferia, apresentam as seguintes

características: maior resistência à fadiga, fluxo sanguíneo elevado, maior capacidade

oxidativa e densidade capilar (AIRES, 1999).

24

O mais importante músculo da inspiração é o diafragma. Divide-se em

hemidiagrama direito e esquerdo. É um septo músculo fibrinoso, em forma de cúpula voltada

cranialmente, que separa a cavidade torácica da abdominal. O diafragma é inervado pelos

nervos frênico direito e esquerdo, originado nos segmentos cervicais 3,4 e 5. Durante a

inspiração basal, a inspiração depende, principalmente, da contração do diafragma. Quando o

diafragma se contrai, o conteúdo abdominal é forçado para baixo e para frente, aumentando,

por conseguinte, o diâmetro cefalocaudal do tórax (AIRES, 1999).

A movimentação do diafragma é responsável por 75% da variação experimentada

pelo volume intratorácico durante as inspirações calmas. Preso a borda inferior da caixa

torácica, esse músculo arqueia-se sobre o fígado e, ao se contrair, move-se para baixo como

um pistão. A excursão diafragmática vai desde 1,5 cm até 7 cm nas inspirações profundas

(GANONG, 2000).

O diafragma é composto de 3 partes: a porção costal, constituída por fibras

musculares que nascem das costelas, no nível da abertura inferior da caixa torácica; a porção

crural, formada por fibras que nascem dos ligamentos situados ao longo das vértebras; e o

tendão central, onde se inserem as fibras costais e crurais (GANONG, 2000).

Os músculos intercotais subdividem-se na sua porção intercondral ou paraesternal

e interóssea. Os músculos intercostais são inervados pelos nervos intercostais que emergem

do primeiro ao 11º segmento torácico da medula espinhal. Os músculos intercostais

interósseos se subdividem em intercostais superficiais externos e internos profundos (AIRES,

1999).

Todos os músculos que elevam a caixa torácica são classificados como músculos

inspiratórios, enquanto os músculos que deprimem a caixa torácica são classificados como

músculos expiratórios. Os músculos mais importantes que elevam a caixa torácica são os

intercostais externos (GUYTON; HALL, 2002).

25

Os músculos que tracionam a caixa torácica para baixo durante a expiração são:

(1) os retos abdominais, que exercem o efeito potente de puxar para baixo as costelas

inferiores, ao mesmo tempo em que, juntamente com os outros músculos abdominais,

empurram o conteúdo para cima, em direção ao diafragma, e (2) intercostais internos

(GUYTON; HALL, 2002).

A figura 2 mostra o mecanismo pelo qual os músculos intercostais externos e

internos atuam na inspiração e na expiração (GUYTON; HALL, 2002).

Figura 2 – contração e expansão da caixa torácica durante a expiração e a inspiração, demonstrando especialmente a contração do diafragma, a função dos músculos intercostais e a elevação e a depressão da caixa torácica. Fonte: Guyton e Hall (2002, p. 406).

A ventilação em repouso pode ser adequadamente mantida pela atuação isolada do

diafragma, ou dos músculos intercostais (GANONG, 2000).

Os músculos escalenos e esternocleidomastóideos, localizados no pescoço, são

músculos acessórios da inspiração e ajudam a elevar a caixa torácica durante períodos de

ventilação vigorosa (GANONG, 2000).

Durante a inspiração, a contração do diafragma traciona para baixo a superfície

inferior dos pulmões. Em seguida, durante a expiração, o diafragma, simplesmente, se relaxa,

26

e a retração elástica dos pulmões, da parede torácica e das estruturas abdominais comprime os

pulmões. Entretanto, durante a respiração intensa, as forças elásticas não são potentes o

suficiente para produzirem a expiração rápida necessária, e a força adicional é obtida,

principalmente, pela contração dos músculos abdominais, que empurra o conteúdo abdominal

para cima, contra a base do diafragma (GUYTON; HALL, 2002).

2.4 Volumes e capacidades pulmonares

Os movimentos fásicos de entrada e saída de gás dos pulmões constituem a

ventilação. Esses ciclos de inspiração-expiração se repetem, no repouso, a uma freqüência de

12 a 18 ciclos. Denomina-se volume corrente à quantidade de gás mobilizada a cada ciclo

respiratório. O volume de gás ventilado por minuto é o volume minuto ou ventilação global

por minuto. Corresponde ao produto do volume corrente pela freqüência (ZIN, 1998).

Zin (1998) afirma que diversos fatores modificam a ventilação por alterações na

freqüência, no volume corrente e também no ritmo. Naturalmente, essas modificações

recebem denominações especiais:

Eupnéia. É a respiração normal, sem qualquer sensação subjetiva de desconforto.

Taquipnéia. Aumento da freqüência respiratória.

Bradipnéia. Diminuição da freqüência respiratória.

Hiperpnéia. Aumento do volume corrente.

Hipopnéia. Diminuição do volume corrente.

Hiperventilação. Aumento da ventilação global. Mais acertadamente, aumento da

ventilação alveolar além das necessidades metabólicas.

Hipoventilação: Diminuição da ventilação global. Com maior precisão,

diminuição da ventilação dos alvéolos aquém das necessidades metabólicas.

Apnéia. Parada dos movimentos respiratórios ao final de uma expiração basal.

27

Apneuse. Interrupção dos movimentos respiratórios ao final da inspiração.

Dispnéia. Respiração laboriosa, sensação subjetiva de dificuldade respiratória.

Os volumes pulmonares podem ser classificados como volumes estáticos

(absolutos) e volumes dinâmicos. Os volumes pulmonares estáticos são os resultantes da

complementação de manobras respiratórias, consistindo em compartimentos pulmonares. Os

volumes pulmonares dinâmicos são os decorrentes de manobras respiratórias forçadas,

expressam variáveis e parâmetros de fluxo aéreo e são medidos através da espirometria

(BARRETO, 2002).

Um método simples para estudar a ventilação pulmonar consiste em registrar,

através do procedimento denominado espirometria, os movimentos de inspiração e de

expiração dos pulmões (GUYTON; HALL, 2002). Representado na figura 3.

Figura 3 – Espi rômetro Fonte: Guyton e Hall (2002, p. 410)

A espirometria é um teste que auxili a na prevenção e permite o diagnóstico e a

quantificação dos distúrbios ventilatórios. A espirometria deve ser parte integrante da

avaliação de pacientes com sintomas respiratórios ou doença respiratória conhecida

(PEREIRA, 2002). De acordo com Saad e Zambon (2001), a espirometria fornece dados

importantes a respeito da gravidade de uma doença pulmonar existente, mas como fator

28

isolado não oferece dados suficientes para previsão de complicações pulmonares pós-

operatórias.

A medida dos volumes pulmonares estáticos tem lugar na avaliação funcional

pulmonar por varias razões: (1) oferece informação indireta sobre a resistência elástica à

distensão do sistema respiratório – parênquima pulmonar e parede torácica (constituída por –

todas as estruturas extrapulmonares que se movem durante o ciclo respiratório, incluindo

parede abdominal) – e sobre a força muscular motora, constituindo-se numa forma aplicada

da determinação das relações volume-pressão; (2) a determinação indireta da elasticidade é

também importante porque a retração elástica contribui para a pressão motriz necessária ao

estabelecimento de fluxos expiratórios forçados; (3) os volumes pulmonares influenciam na

resistência ao fluxo aéreo, já que é a elasticidade do parênquima em torno das vias aéreas que

fixa estas estruturas, mantendo-as abertas (fenômeno da interdependência); (4) o tamanho dos

pulmões participa muito de sua reserva mecânica (BARRETO, 2002).

Os volumes pulmonares são convencionalmente divididos em quatro volumes

primários e quatro capacidades. A figura 4 ilustra esses volumes e capacidades.

Figura 4 – Volumes e capacidades pulmonares Fonte: Guyton e Hall (2002, p. 410)

29

À esquerda da figura 4, estão relacionados os quatro volumes pulmonares, que,

somados, formam o volume máximo de expansão dos pulmões. O significado de cada um

desses volumes estão descritos abaixo:

Para West (1996) de cada 500 milili tros de volume corrente, cerca de 150ml

ficam retidos no espaço morto anatômico (ou seja, na zona de condução) e somente o

restante chega aos alvéolos;

O volume de ar que, além do volume corrente pode ser admitido aos pulmões

graças a um esforço inspiratório máximo é o volume de reserva inspiratório (VRI)

(GANONG, 2000). Para Kisner e Colby (1998) no valor médio de 3000ml, refere-se ao

volume de gás que a pessoa pode inspirar após uma inspiração corrente.

O volume de reserva expiratório (VRE) é o volume máximo adicional de ar que

pode ser eliminado por expiração forçada, após o término da expiração corrente normal; em

condições normais, é de cerca de 1.000ml (GUYTON; HALL, 2002).

O volume residual (VR) é o volume de ar que permanece nos pulmões após

esforço expiratório máximo. Esse volume é, em média, de cerca de 1.200ml (GUYTON;

HALL, 2002).

Para Guyton e Hall (2002) ao descrever os eventos do ciclo pulmonar, é, algumas

vezes conveniente considerar dois ou mais dos volumes em conjunto. Essas combinações são

denominadas capacidades pulmonares. À direita da figura 4 estão relacionadas às capacidades

pulmonares importantes, que podem ser descritas da seguinte maneira:

A capacidade vital (CV) é igual á soma do volume de reserva inspiratório com o

volume corrente de reserva expiratório. Trata-se da quantidade máxima de ar que a pessoa

pode expelir dos pulmões após enche-los ao máximo e, em seguida, expirar completamente

(cerca de 4.600ml);

30

A capacidade inspiratória (CI) é igual á soma do volume corrente com o volume

de reserva inspiratório. Refere-se à quantidade de ar (cerca de 3.500ml) que a pessoa pode

inspirar, começando no nível expiratório normal e distendendo ao Maximo os pulmões.

A capacidade funcional (CF) residual é igual à soma do volume de reserva

expiratório com o volume residual. Refere-se à quantidade de ar que permanece nos pulmões

ao final da expiração normal (cerca de 2.300ml).

A capacidade pulmonar total (CPT) refere-se ao volume máximo que os pulmões

podem alcançar com o maior esforço possível (cerca de 5.800ml); é igual à soma da

capacidade vital com o volume residual.

Todos os volumes e as capacidades pulmonares são cerca de 20 a 25% menores

nas mulheres do que nos homens, sendo maiores em pessoas de grande porte e de porte

atlético do que em pessoas de pequeno porte e astênicas (GUYTON; HALL, 2002).

Para Ratto e Jardim (1997), os valores normais da capacidade vital e da

capacidade pulmonar total de indivíduos acima de 15 anos podem ser previstos através das

formulas representadas nas tabela 1 e 2, respectivamente, ambas podendo variar em 20% do

previsto em pessoas normais.

Tabela 1 – cálculo da capacidade vital em indivíduos maiores de 15 anos CV expressa em ml

Para mulher CV=27,63 – (0,112 x idade) x altura em cm Para homem CV= 21,78 – (0,101 x idade) x altura em cm

Fonte: Ratto e Jardim (1997, p.148). Tabela 2 – cálculo da capacidade pulmonar total em indivíduos maiores de 15 anos

Idade CPT 15-34 anos CPT= CV/0,80 35-49 anos CPT= CV/0,7666

Acima de 50 anos CPT= CV/0,692 Fonte: Ratto e Jardim (1997, p.149).

31

Fisiologicamente, os volumes e capacidades pulmonares variam em função de

vários fatores, tais como sexo, idade, superfície corporal, atividade física, postura. Visto que

tais volumes podem ser alterados por diversas doenças, faz-se necessário conhecer se estão

normais em um determinado indivíduo. Para tanto, são comparadas a valores padrões médios

obtidos em vários indivíduos do mesmo sexo, idade e altura medidas em repouso (AIRES,

1999).

Pode ocorrer redução da capacidade vital em algumas circunstancias, dentre elas

problemas pulmonares (como atelectasia, obstrução de vias aéreas, pneumonia, edema

pulmonar, excisões de parênquima pulmonar), limitação dos movimentos respiratórios (por

depressão dos centros respiratórios, por exemplo), restrição da expansão torácica (por

deformidades torácicas, dor, incisões cirúrgicas no tórax ou abdome) e limitação da descida

do diafragma (como acontece com lesão do nervo frênico) (RATTO; JARDIM, 1997). Outros

fatores provocam diminuição da capacidade vital, como o processo de envelhecimento, a

presença de doenças pulmonares obstrutivas e restritivas e a posição de decúbito dorsal em

comparação com a postura vertical (seja em pé ou sentado) (KISNER; COLBY, 1998).

A capacidade pulmonar total sofre redução nos casos de doença pulmonar

restritiva (como atelectasia, fibrose, edema pulmonar, congestão pulmonar, pneumotórax) e

pode estar aumentada no enfisema crônico (RATTO; JARDIM, 1997).

Já o volume residual sofre aumento com a idade e na presença de doenças

pulmonares obstrutivas (KISNER; COLBY, 1998) e redução nos casos de fibroses

pulmonares ou em doenças que provocam oclusão de grande numero de alvéolos (RATTO;

JARDIM, 1997).

Debil idade do poder dos músculos expiratórios aumenta diretamente o VR

(BARRETO, 2002).

32

Em paralisias bilaterais seletivas do diafragma, a CV apresenta redução em

posição supina – de mais de 50% de seu valor em ortostatismo, a CPT está reduzida e o VR

pode estar normal ou com aumento leve (BARRETO, 2002).

2.5 Mecânica respiratória

De acordo com Zin (1998) o processo cíclico da respiração envolve trabalho

mecânico por parte dos músculos respiratórios. O individuo sadio em repouso respira sem ter

consciência do esforço realizado. A pressão motriz do sistema respiratório, que em condições

normais é aquela gerada pela contração muscular durante a inspiração, precisa vencer forças

elásticas e de resistência para conseguir encher os pulmões e movimentar a parede torácica.

O sistema respiratório é formado por dois componentes: o pulmão e a parede

torácica. Esta é composta por todas as estruturas que se movem durante o ciclo respiratório, à

exceção do pulmão. A parede abdominal se move para fora durante a inspiração, retornando

ao seu ponto de repouso ao longo da expiração. Portanto, o abdome faz parte da parede

torácica.

Os pulmões são separados da parede torácica pelo espaço pleural. Cada pulmão

tem acoplado a si a pleura visceral, que ao nível dos hilos pulmonares se reflete, recobrindo o

mediastino, o diafragma e a face interna caixa torácica.

Para que ocorra troca gasosa é necessário que uma certa quantidade de ar atinja os

alvéolos pulmonares e que os capilares que os rodeiam recebam quantidade adequada de

sangue. A movimentação de ar no pulmão implica a produção de trabalho, e cada individuo,

ajusta a freqüência e a profundidade de sua respiração no sentido de obter uma ventilação

alveolar satisfatória com um mínimo de esforço (RATTO; JARDIM, 1997)

33

Alguns tecidos do pulmão e da parede torácica possuem propriedades elásticas, de

modo que, quanto mais intensa a pressão gerada pelos músculos respiratórios, maior o volume

inspirado (ZIN, 1998).

Zin (1998) afirma que os pulmões exibem retração elástica muito semelhante à de

uma mola distendida. Em todos os volumes pulmonares, nota-se que eles sempre tendem a se

retrair, como mostrado na figura 5.

Figura 5 – Relações volume versus pressões elásticas do sistema respiratório, pulmão e parede torácica. Fonte: Zin (1998 p.43).

Além dessa propriedade elástica de se assemelhar a uma mola, pertinente aos

próprios tecidos pulmonares, os pulmões ainda apresentam um segundo componente a

contribuir para suas características elásticas: a tensão superficial do liquido que recobre a zona

de trocas, chamada surfactante.

Numa respiração em repouso, a contração dos músculos respiratórios ocorre

somente durante o processo inspiratório, sendo este um processo que dispende energia.

Durante a respiração normal, são necessários apenas 3% a 5% da energia total de trabalho

gasta pelo corpo para o processo de ventilação pulmonar (GUYTON; HALL, 1998).

34

A expiração, durante a respiração em repouso (ou normal), é um processo passivo,

sendo conseqüência do recuo elástico dos pulmões, do relaxamento muscular e da atuação da

pressão atmosférica sobre a parede torácica (PALASTANGA, 2000).

A expiração ativa é ocasionada em situações de esforço e acontece,

principalmente, pela contração dos músculos abdominais e intercostais externos. Os músculos

abdominais contraem-se, forçando a caixa torácica para baixo e o conteúdo abdominal para

cima que acaba empurrando o diafragma. Conseqüentemente, a pressão intratorácica aumenta,

expulsando o ar para fora dos pulmões. Os músculos intercostais internos auxiliam a

expiração forçada através da pressão das costelas (KISNER; COLBY, 1998).

Na respiração diafragmática, também conhecida como respiração abdominal, a

cinética diafragmática provoca variação do diâmetro da caixa torácica, como explicado

anteriormente. Os movimentos abdominais da respiração diafragmática são responsáveis por

70% da mecânica respiratória em repouso, porém não ocorrem de forma isolada, sendo

auxili ado pela participação dos movimentos torácicos (TEIXEIRA; ANTILA; CASTRO,

1999).

A freqüência e o volume respiratórios têm relação direta com o crescimento

pulmonar: à medida que ocorre aumento da massa pulmonar, situação encontrada

especialmente na adolescência, a freqüência respiratória diminui e o volume inspiratório

aumenta (TEIXEIRA; ANTILA; CASTRO, 1999). De acordo com Guyton e Hall (1998) a

freqüência respiratória de um adulto jovem saudável durante uma respiração em repouso é,

em média, 12 respirações por minuto.

35

3 ABDOME: ANATOMOFISIOLOGIA

3.1 Cavidade abdominal

A parede abdominal é uma estrutura musculoaponeurótica complexa que se

prende à coluna vertebral posteriormente, ao gradil costal superiormente e aos ossos da pelve

inferiormente (SITTIG; ROHR; McDONALD, 2003).

A parede abdominal protege e contém as vísceras abdominais e sua musculatura

atua indiretamente para fletir a coluna vertebral. Está sujeita a uma grande variedade de

doenças, que podem ser difíceis de avaliar ao exame físico (SITTIG; ROHR; McDONALD,

2003).

É composta de nove camadas, de fora para dentro são elas (1) pele, (2) camada

subcutânea, (3) aponeurose superficial, (4) músculo grande obliquo abdominal, (5) músculo

pequeno obliquo abdominal, (6) músculo abdominal transverso, (7) aponeurose

endoabdominal, (8) tecido adiposo e areolar extraperitoneal e (9) peritônio parietal (SITTIG,

ROHR, McDONALD, 2003).

É conhecida a influencia da contratura e tonicidade da musculatura abdominal nos

diversos atos fisiológicos como a micção, a defecação, o parto e a respiração, mormente da

expiração forçada (FUJIMURA, TOLOSA, 2004).

Os músculos abdominais em relação ao diafragma têm direta implicação nos

fenômenos respiratórios. A musculatura abdominal é antagônica ao diafragma. Na inspiração,

36

quando o diafragma se contrai e abaixa, diminui a tonicidade dos músculos abdominais. Por

sua vez, quando o diafragma se eleva, a parede abdominal se retrai, o que se verifica no

movimento de expiração (GOFFI, 2000).

As contrações dos músculos abdominais influem ativamente na circulação do

retorno venoso e na circulação linfática da região (FUJIMURA, TOLOSA, 2004).

Os músculos do abdome contribuem na manutenção da natural inclinação da

bacia. A diminuição da sua tonicidade pode favorecer a acentuação da lordose fisiológica do

segmento lombar da coluna (FUJIMURA, TOLOSA, 2004).

A cavidade abdominal situa-se entre o diafragma, restringindo-a superiormente, e

a pelve, como limite inferior. Como o diafragma está numa posição convexa acentuada, os

órgãos abdominais superiores estão recobertos pelas costelas inferiores e cartilagens costais.

Estes órgãos movem-se junto com o diafragma e com os movimentos da posição corporal.

Esta estreita relação entre a cavidade abdominal, o diafragma e os pulmões elevam o risco de

complicações pulmonares em pacientes submetidos à cirurgia abdominais superior (IRWIN,

TECKLIN, 1994).

3.2 Componentes do abdome superior

Os órgãos que fazem parte da cavidade abdominal superior são: esôfago,

estômago, fígado, pâncreas e vesícula biliar.

3.2.1 Esôfago

O esôfago é um tubo muscular oco, de aproximadamente 25 a 30cm de

comprimento, iniciando-se na altura de C6 (nível da cartilagem cricóide) e terminando em

37

T11, penetrando no diafragma e unindo-se ao cárdia do estômago. O esôfago situa-se

anteriormente à coluna vertebral e musculatura cervical longa e posteriormente a traquéia

(ZWISCHNBERGER, ALPARD, ORRINGER, 2003).

Anatomicamente a porção cervical tem pequena extensão, porém, na pratica, é

considerada como porção cervical, o segmento do esôfago facilmente abordável pela

cervicotomia. O esôfago torácico é dividido, sem nenhum referencial anatômico, em: teço

superior, médio e inferior. O esôfago abdominal é um pequeno segmento terminal de 1,5 a

2cm. Importante pela presença, nessa região de complexo esfincteriano conhecido por

esfíncter funcional de transição esofagogástrica (AUN; BEVILACQUA, 1995).

Figura 6 – Anatomia normal do esôfago Fonte: Townsend (2003, p. 778)

A função do esôfago é exclusivamente relacionada à deglutição dos alimentos. É

responsável pelo transporte dos alimentos desde a hipofaringe até o estômago, possuindo um

segmento cervical, um torácico e outro abdominal. O bolo alimentar, ao ser forçado pela ação

dos músculos constritores da faringe, penetra no esôfago sendo levado, por movimentos

peristálticos, até a cárdia. Esta se relaxa 1,5 a 7,5 segundos após o inicio da deglutição,

franqueando a passagem para o estomago (RODRIGUES, 2004).

38

O funcionamento harmônico do esfíncter inferior do esôfago, relaxando-se para

dar passagem ao bolo alimentar e contraindo-se imediatamente após, ou mantendo-se em

contração tônica, estabelece, na transição esofagogástrica, uma barreira funcional

extremamente importante, que age no sentido de impedir o refluxo do conteúdo gástrico,

altamente agressivo para o esôfago. Sua ação mecânica, juntamente com outros fatores,

constitui um complexo mecânico que impede o refluxo gastroesofágico (RODRIGUES,

2004).

As doenças esofágicas têm como manifestação principal a disfagia. Esta é a

representação da dificuldade à deglutição induzida por qualquer obstáculo funcional ou

orgânico (AUN; BEVILACQUA, 1995).

3.2.2 Estômago

O estômago, juntamente com o esôfago, o duodeno, o fígado, os canais biliares e

o pâncreas, deriva do intestino embrionário anterior (CHEUNG; DELCORE, 2003).

É um órgão sacular em forma de “J” expansível, que se comunica superiormente

com a porção terminal do esôfago e inferiormente com a primeira porção do duodeno

(COELHO, 2004).

Serve como reservatório no qual são armazenadas grandes quantidades de

alimentos ingeridos. Além dessa função, ele mistura os alimentos com secreções gástricas, até

que se forme uma mistura semifluida, denominado quimo. Além disso, proporciona a

passagem lenta e controlada do alimento para o duodeno, que tem uma capacidade bastante

menor, numa velocidade apropriada para a digestão e absorção pelo intestino delgado

(CHEUNG, DELCORE, 2003).

39

O estômago pode ser dividido tanto anatomicamente (macroscopicamente) como

funcionalmente. Anatomicamente é dividido em fundo, corpo e antro. Fundo é a parte

localizada acima e à esquerda da junção esofagogástrica (cárdia). Corpo é a área localizada

entre o fundo e o antro. O antro é à parte do estômago localizada entre o corpo e o piloro.

Funcionalmente, o estomago é dividido em fundo e antro (COELHO, 2004).

Figura 7 – Regiões anatômicas do estômago Fonte: Townsend (2003, p. 916)

A parede do estômago é formada por quatro camadas de fora para dentro: serosa,

muscular, submucosa e mucosa (COELHO, 2004).

O estômago tem uma rede circulatória muito rica, sendo nutrido por varias

grandes artérias. A inervação autônoma doe estômago tem origem tanto no sistema nervoso

simpático quanto parassimpático (CHEUNG, DELCORE, 2003).

O estômago humano secreta água e eletróli tos, principalmente na forma de ácido e

uma pequena quantidade de bicarbonato; enzimas tais como pepsinas; glicoproteínas, tais

como fator intrínseco; e muco (CHEUNG, DELCORE, 2003).

3.2.3 Fígado

O fígado localiza-se no quadrante superior direito do abdome, abaixo do

diafragma e conectado ao trato digestivo por meio da veia porta e do sistema de drenagem

40

biliar, sendo a maior glândula do corpo. Pesa aproximadamente 1.500g no adulto (MEYERS,

RICCIARDI, CHARI, 2003).

O fígado desempenha um papel fundamental em um espectro extraordinário de

funções. Ajuda a manter a homeostase, detectando e alterando componentes tanto do sangue

esplâncnico quanto do sistêmico. O órgão regula os estoques de energia, bem como muitos

processos catabolicos e anabólicos. Está intimamente envolvido com o metabolismo da

bili rrubina, carboidratos, lipídeos e proteínas (MEYERS, RICCIARDI, 2003)

O fígado é revestido por uma camada espessa de colágeno e tecido elástico

(MACHADO, 2004).

Figura 8 – Anatomia do fígado Fonte: Fígado (2005)

O fígado é centro de funções múltiplas e complexas, muitas até mesmo pouco

conhecidas. Tem posição central no metabolismo de carboidratos. Armazena a glicose sob

forma de glicogênio (glicogenólise). Pode ainda sintetiza-la a partir de aminoácidos

(neoglicogênese). O fígado tem, também, posição de grande importância no metabolismo

lipídico (catabolismo de ácidos graxos, síntese de colesterol, fosfolípides e lipoproteínas) e

protéico (síntese de proteínas e neoglicogênese a partir de aminoácidos). Desempenha função

fundamental de desintoxicação, permitindo a neutralização de grande número de substâncias

produzidas ou absorvidas pelo organismo (AUN; BEVILACQUA, 1995).

41

As principais manifestações das doenças hepáticas são: icterícia, alterações

neuropsíquicas, ascite, coagulopatia e insuficiência renal (AUN; BEVILACQUA, 1995).

Em 2002 em um estudo com 68 pacientes portadores de doença hepática crônica

que foram submetidos a um transplante de fígado, Lima verificou alterações na mecânica

respiratória, com diminuição da complacência, sem alteração da oxigenação. Apresentaram

também alterações nas forças e volumes pulmonares com tendência ao retorno ao longo dos

dias.

3.2.4 Pâncreas

O pâncreas é um órgão ímpar, de localização quase que exclusivamente

retroperitoneal, recoberto anteriormente pelo folheto omental posterior. Dispõe-se

obliquamente, desde o arco duodenal até o hilo esplênico (AUN; BEVILACQUA, 1995).

Está em contato posteriormente com a veia cava, a veia e artérias renais direitas

(MACHADO, 2004).

O pâncreas pode ser dividido em cinco porções: cabeça, colo, processo uncinado,

corpo e cauda. O contato íntimo com inúmeras estruturas explica algumas das manifestações

clínicas conseqüentes a doenças pancreáticas (MACHADO, 2004).

O pâncreas é uma glândula de dupla secreção, exócrina e endócrina (AUN;

BEVILACQUA, 1995).

A principal função do pâncreas endócrino pode ser perfeitamente resumida como

a regulação da energia corporal – um papel em grande parte alcançado pelo controle hormonal

do metabolismo de carboidratos. De forma simples, a insulina é o hormônio da estocagem de

energia, e o glucagon é o hormônio de liberação de energia (THOMPSON, TOWNSEND,

2003).

42

A secreção exócrina do parênquima pancreático é proveniente das células

acinares. Essa secreção é constituída por enzimas, água e eletrólitos e é transportada por meio

de um sistema ductal especializado, até o duodeno (AUN; BEVILACQUA, 1995).

A maior parte do parênquima pancreático tem como função à secreção exócrina.

Esta é de fundamental importância não só nos processos de digestão como também para

correção do pH intestinal intraluminar (MACHADO, 2004).

A cabeça do pâncreas e o duodeno estão intimamente unidos através de sua

vascularização. Assim duas arcadas vasculares fundamentais irrigam o duodeno e o pâncreas

(MACHADO, 2004).

Figura 9 – Anatomia Pâncreas Fonte: Pancreas (2005)

O pâncreas constitui um órgão com intensa atividade de síntese protéica. Cada dia

cerca de 2 a 8g de proteína são produzidos pelo órgão sob forma de enzimas digestivas

(MACHADO, 2004).

3.2.5 Vesícula Bil iar

A vesícula bil iar é uma formação sacular piriforme, com função de reservatório de

bile. Está acolada à face inferior do fígado no ponto de transição entre o lobo direito e o

esquerdo. Tem comprimento de 7 a 12 cm, largura de 4 a 5cm e capacidade volumétrica de 50

43

ml. Estas medidas podem variar em decorrência das alterações fisiopatológicas do sistema

biliar (GUIMARÃES, 2004).

A vesícula bili ar, um apêndice distensível do sistema biliar extra-hepático em

forma de pêra, geralmente armazena 30 a 50ml de bile. A vesícula enche-se e se esvazia

através do canal cístico, variando de comprimento e geralmente contendo as valvas espirais de

Heister, que regulam o fluxo bil iar (MEYERS, RICCIARD, CHARI, 2003).

De acordo com o formato da vesícula biliar, distinguem-se nela três segmentos: o

fundo, o corpo e o colo (GUIMARÃES, 2004).

Figura 10 – Anatomia da vesícula bil iar Fonte: Gallbladder anatomy (2005)

A principal função da vesícula biliar é concentrar e armazenar a bile hepática

durante o período de jejum e liberar essa bile no duodeno, em resposta a uma refeição. A

capacidade normal da vesícula bili ar humana é apenas de cerca de 40 a 50 ml. Apenas uma

pequena fração dos 600ml de bile produzidos cada estaria armazenada, não fosse sua

capacidade incrível de absorção. A mucosa da vesícula bil iar tem a maior capacidade

absortiva por unidade de área de qualquer estrutura do corpo (AHRENDT, PITT, 2003).

44

4 CIRURGIAS ABDOMINAIS

A técnica cirúrgica, em seu conceito mais restrito e tradicional, significa a

codificação de regras que presidem a realização das intervenções cirúrgicas. Como em todos

os setores da atividade humana, onde o trabalho manual ou intelectual é constantemente

repetido, há necessidade de sistematização para que dele se obtenha maior eficiência (GOFFI,

2004).

A cirurgia que conjuga o artesanato, o raciocínio lógico baseado em noções

consolidadas e, às vezes, a criação inventiva, deve haver rigoroso método nas manobras

fundamentais a fim de eliminar, na medida do possível, a improvisação (GOFFI, 2004).

O resultado de uma cirurgia depende da interação entre fatores agressores e de

defesa. Os fatores de agressão incluem o trauma cirúrgico (anestesia e o procedimento

operatório), infecção e doença de base. Os fatores de defesa dependem do sistema

imunológico, estado nutricional e a função adequada dos principais órgãos. Estes fatores de

proteção são mais difíceis de mensurar e invariavelmente são esquecidos na avaliação pré-

operatória (FARESIN et al, 2000).

O procedimento cirúrgico do abdômen superior em função do trauma cirúrgico e

do procedimento anestésico, leva a alterações fisiopatológicas do aparelho respiratório, tais

como: redução dos volumes e capacidades pulmonares; modificação do modelo ventilatório;

alteração da relação ventilação/perfusão (V/Q) levando a elevação do shunt pulmonar;

45

ineficácia nos mecanismos de defesa como a tosse; depressão do sistema imunológico.

Devido a essas alterações e fatores de risco do paciente, podem ocorrer complicações

pulmonares (VALENTINO, 2001).

As cirurgias abdominais, realizadas por incisão acima da cicatriz umbil ical, têm

uma incidência de complicações pulmonares maiores que as realizadas com incisão abaixo

desta (FARESIN et al, 2002).

Cirurgias praticadas no quadrante superior do abdome implicam envolvimento de

muitas causas capazes de influir na função pulmonar (RATTO, 1998).

Após cirurgia abdominal alta, há alterações da função pulmonar, com redução da

capacidade residual funcional (CRF), capacidade vital forçada (CVF) e pressão parcial de

oxigênio (PaO2). Estas alterações são conseqüentes à insuflação pulmonar inadequada

decorrente do monótono padrão respiratório com respiração superficial sem suspiros durante o

ato anestésico e período pós-operatório imediato. A disfunção diafragmática temporária,

longos períodos em decúbito dorsal horizontal, a dor na ferida operatória e os efeitos residuais

dos anestésicos também contribuem para a diminuição da CRF. (SOUZA, 1996).

Em uma pesquisa, Silva, Guedes, Ribeiro (2003), verificaram que os pacientes

submetidos à cirurgia abdominal alta referem dor intensa durante inspirações profundas,

devido a isso, esses indivíduos não realizam suspiros fisiológicos.

4.1 Laparotomia

A laparotmia na acepção exata do termo, significa “secção no flanco” , porém na

pratica médica, é definida como “abertura cirúrgica da cavidade abdominal”, assim escrita por

Almeida, Silva e Goff i em 2004.

46

O melhor conhecimento da anatomia funcional da parede abdominal e dos

mecanismos íntimos do processo de cicatrização da ferida cirúrgica, incluindo o adequado uso

dos fios de sutura, também contribui para reduzir a freqüência e gravidade das complicações

pós-operatórias das laparotomias (ALMEIDA; SILVA; GOFFI, 2004).

4.1.1 Classificação

As laparotomias podem ser:

Longitudinais

A) mediana

a) Supra –umbili cal

b) Infra-umbili cal

B) paramediana

a) pararretal interna (Lennander)

1) supra-umbili cal

2) paraumbilical

3) infra-umbili cal

4) xifopúbica

b) transretal

c) pararretal externa

1)supra-umbili cal

2) infra0umbil ical (Jalaguier)

Transversais

47

a) supra-umbili cal

1) Parcial (Sprengel)

2) Total

b) infra-umbili cal

1) parcial (Pfannenstiel; Cherney)

2) Total (Gurd)

Obliquas

a) subcostal

b) diagonal epigástrica

c) estrelada supra-umbili cal

d) estrelada infra-umbili cal (Mc Burney)

e) lombo-abdominais

Fonte: Almeida, Silva e Goff i (2004).

A incisão mediana é feita em extensão variável, na linha que vai do apêndice

xifóide a sínfise púbica, passando pela cicatriz umbil ical.

As incisões paramedianas situam-se 1,5 a 2cm à direita ou à esquerda da linha

mediana. Podem ser traçadas do rebordo condral até 1 cm acima de cicatriz umbilical, ou ter

início 1cm abaixo desta e chegar até o tubérculo do púbis.

As incisões transversais são perpendiculares ao plano sagital. Podem ser

simétricas, isto é, com extremos eqüidistantes da linha mediana, ou assimétricas, ficando a

maior extensão à direita ou à esquerda dessa linha.

48

Nas incisões oblíquas o nome já está definindo a direção do traçado, referindo-se

ao plano sagital ou transverso, como mostra as figuras 11 e 12 (ALMEIDA, SILVA, GOFFI,

2004).

Figura 11 – Incisões laparotômicas Fonte: Goff i (2004, p. 457).

A-incisao mediana, em pontilhado; o traçado para a ressecção do apêndice

xifóide; B-Paramediana pararretal interna (Lennander); em pontilhado o traçado para toraco-

laparotomia; C-Transretal; D-paramediana pararretal externa; E-para-piloromiotomia

(Robertson); F-mediana infra-umbili cal; G-Pararretal interna infra-umbili cal; em pontilhado a

extensão cranial; H-Transretal infra-umbili cal; I-Subcostal (Kocher); J-Para Sigmoidostomia;

K-Obliqua baixa (McBurney); L-Obliqua alta.

49

Figura 12 – Incisões laparotômicas Fonte: Goff i (2004, p. 458) A-Transversa parcial (Sprengel); em pontilhado o traçado para passar a total; B-

Transversa infra-umbili cal; em pontilhado os prolongamentos para os flancos (Gurd); C-

Pfannenstiel; D-Toracolaparotimia direita; E-Transversa para colostomia; F-Para

Gastrostomia; G-Toracolaparotomia esquerda; em pontilhado o traçado da extensão horizontal

e oblíqua; H-Para transversostomia; I-Para apendicectomia (Elli ot-Babcock). Utili zada para

exploração bilateral da adrenais.

As laparotomias têm as seguintes finalidades:

1 – como via de acesso a órgãos infra-abdominais em operações eletivas;

2 – como via de drenagem de coleções líquidas;

3 – como método diagnóstico – laparotomias exploradoras

A escolha da incisão, em princípio, se resume na opção pelas incisões

longitudinais, transversais, oblíquas ou combinadas, dependendo da preferência da escolha

cirúrgica e da maior experiência pessoal do cirurgião (ALMEIDA; SILVA; GOFFI; 2004).

A incisão abdominal ideal é a que permite o acesso fácil do órgão visado,

oferecendo espaço suficiente para que manobras cirúrgicas sejam executadas com segurança;

e deve possibilitar a reconstituição da parede de maneira perfeita, sob o aspecto anatômico,

50

funcional e estético, permitindo ampliação rápida e pouco traumatizante.Quanto mais perto do

órgão for feita a incisão da parede abdominal, com maior rapidez ele será atingido

(ALMEIDA; SILVA; GOFFI; 2004).

4.2 Gastrectomia

A gastrectomia é o controle loco regional através da linfadenectomia para os

tumores gástricos, permanece como a melhor possibil idade de cura para o câncer gástrico

(Pinto et al, 2001).

Consiste na ressecção parcial ou total do estômago, sendo a maioria realizada para

o tratamento de carcinoma e úlcera gástrica (COELHO, 2004).

As possíveis complicações relativas à técnica cirúrgica são: lesão esplênica intra-

operatória, deiscência ou fistula do coto duodenal, coleção intra-abdominal, estenose da

anastomose esofagojejunal e síndrome da resposta inflamatória sistêmica (ou sépsis)

(FAHEL; AMARAL; ÁZARO, 2001).

4.3 Colecistectomia

A colecistectomia é a operação mais freqüentemente realizada entre as

intervenções do trato digestivo, devido à grande incidência de litíase vesicular, cujo

tratamento definitivo consiste na exérese da vesícula (GOFFI, GOFFI JUNIOR, SORBELLO,

2004).

É indicada em calculose bili ar, colecistite aguda ou crônica, malformação da

vesícula biliar, fistula pós-colecistostomia, ruptura traumática da vesícula bili ar ou ducto

51

cístico, peritonite biliar, neoplasia de vesícula bil iar, respeitando-se os critérios oncológicos

de ressecção (GOFFI, GOFFI JUNIOR, SORBELLO, 2004).

Colecistectomia é das operações mais realizadas e a mais freqüente das cirurgias

abdominais. É segura, com mortalidade e índice de complicações muito baixas. Certamente

muito menor do que os problemas decorrentes das complicações das doenças vesiculares

(FILHO, 1995).

A colecistectomia por via laparoscópica é uma técnica minimamente invasiva que

permite remover a vesícula bili ar com redução do tempo cirúrgico e hospitalar, possibili tando

o retorno precoce às atividades diárias (CHIAVEGATO et al, 2000). Figura 13.

Figura 13 – Cirurgia laparoscópica e aberta de vesícula Fonte: Gallbladder (2005).

Quando a vesícula bil iar deixa de funcionar por doença ou é extraída

cirurgicamente, os canais bili ares intra e extra-hepáticos dilatam para conter mais bile. Após

as refeições, o esfíncter de Oddi se abre, e a bile com pressão aumentada escorre para o

intestino. Sem a vesícula, embora o esguicho seja menor, a quantidade de bile é suficiente

para desempenhar sua função digestiva (FONSECA, 1999).

52

Estudo realizado por Chiavegato, Jardim, Faresin et al (2000), verificou que

pacientes submetidos a colecistectomia por via laparoscópica apresentaram no 1º dia de pós-

operatório diminuição significativa dos volumes pulmonares e da força muscular respiratória.

4.4 Esofagectomia

A esofagectomia consiste na ressecção da porção afetada do esôfago, sendo esta

parte substituída por um tubo no estômago ou cólon, anastomosado ao coto esofágico ou

faringe, caso seja realizada ressecção total (RIDLEY, 2002).

A indicação mais freqüente para a esofagectomia subtotal é o tratamento do

câncer ressecável do esôfago. A indicação, atualmente, inclui o tratamento de afecções

benignas como o dólico-megaesôfago, as estenoses pépticas ou cáusticas, ou, e ainda, as

lacerações e ferimentos extensos do órgão (FERREIRA; ALTMANN 2004).

A dissecção do esôfago é feita desde a cárdia até o vértice do tórax ou próximo à

faringe, retirando-se, quando se trata de tumor maligno, o órgão juntamente com o tecido

celular gorduroso e os linfonodos adjacentes (FERREIRA; ALTMANN, 2000).

Ferreira e Altmann afirman ainda que o grande traumatismo decorrente da

esofagectomia subtotal tem sido minimizado em razão de definições técnicas e também com o

progresso havido na anestesiologia, terapia intensiva, fisioterapia e nutrição.

4.5 Gastroplastia

Atualmente, o controle de peso é conseguido através de operações que reduzem a

ingestão de alimentos, sendo as cirurgias no estômago a forma mais comum e aceitável para

tal tratamento de obesidade mórbida.A redução da capacidade reservatória do estômago como

53

tratamento cirúrgico para a obesidade mórbida começou em 1988, com o colombiano Rafael

Capella, sendo esta forma de gastroplastia conhecida como “cirurgia de Capella”

(OLIVEIRA, 2003).

Vários prejuízos respiratórios são ocasionados por tal procedimento operatório,

dentre eles estão alterações na mecânica respiratória, no padrão respiratório, nas trocas

gasosas, nos mecanismos de defesa pulmonar e na complacência torácica e pulmonar,

agravando o aparecimento de complicações pulmonares pós-operatórias (PONTES; PEZZO;

GARCIA, 2003).

54

5 COMPLICAÇÕES PULMONARES PÓS-OPERATÓRIAS

Uma complicação pós-operatória é definida como uma segunda doença inesperada

que ocorre até trinta dias depois de uma cirurgia, altera o quadro clinico do paciente,

necessitando conseqüentemente de intervenção terapêutica (ANGOOD, GINGALEWSKI,

ANDERSEN, 2003). As complicações pulmonares são freqüentes no pós-operatório de

qualquer cirurgia, porém sua incidência é maior em cirurgias torácicas e abdominais altas

(FILARDO, FARESIN, FERNANDES, 2002).

A maior parte das complicações respiratórias pós-operatórias nada mais é que uma

exacerbação das respostas estereotipadas das vias aéreas e do parênquima pulmonar à lesão

cirúrgica (GODOY, 2001).

As complicações pulmonares são as mais comuns observadas após cirurgias

abdominais, sendo muito significativas pelo grau de morbi-mortalidade que apresentam,

assim como pelo tempo de internação hospitalar que está correlacionado a tais afecções

(HULZEBOS, 2003). O paciente submetido a cirurgias abdominais altas tem

comprometimento ainda maior, sendo a incidência de complicações pulmonares mais alta em

comparação com aqueles submetidos a cirurgias abdominais com incisão abaixo da cicatriz

umbili cal (FILARDO; FARESIN; FERNANDES, 2002). Como mostrado na tabela 3.

55

Tabela 3 – Comparação de complicações pulmonares entre cirurgias do abdome superior e inferior Nº cirurgias Complicações % Abdome superior 273 50 18,3 Abdome inferior 104 02 1,9 Total 377 52 13,8 Fonte: Ratto (1998 p. 705).

As complicações pulmonares pós-operatórias (CPP) são uma fonte significativa de

morbidade e mortalidade no pós-operatório, sendo o resultado de uma complexa interação de

fatores de risco clínicos associados principalmente ao tipo de procedimento cirúrgico

realizado (FARESIN et al, 2000).

A compreensão das modificações que se produzem sobre o aparelho respiratório

durante o ato cirúrgico e no período pós-operatório é de suma importância para o

dimensionamento da relação risco-benefício de determinado procedimento.

Fundamentalmente estabelecem-se três alterações funcionais: 1) redução da capacidade

residual funcional, 2)desuniformidade na relação ventilação-perfusão (V/Q) e 3) aumento da

resistência ao fluxo nas vias aéreas. Pode-se dizer que esta tríade constitui a resposta normal

do pulmão à lesão cirúrgica e, ao mesmo tempo, a base para o surgimento de complicações

(SILVA, 2001).

Uma incisão cirúrgica, em especial no tórax ou abdômen, provoca dor, que

determina diminuições da capacidade vital e da capacidade residual funcional dos pulmões de

até 50% . A anestesia geral e analgesia contribuem ainda mais para a perda da capacidade

pulmonar e também podem interferir nos reflexos ou na função diafragmática normal, nos

reflexos de tosse e de engasgos normais, bem como no reflexo do suspiro. O resultado é um

trabalho alterado da respiração e desequil íbrios da ventilação-perfusão que produzem a uma

troca gasosa alterada e a insuficiência respiratória progressiva (ANGOOD, GINGALEWSKI,

ANDERSEN, 2003).

56

A dor da incisão operatória, quanto mais próxima do diafragma, mais importante é

em dificultar a tosse e a eliminação de secreções. Aumento da secreção mucosa, com

dificuldade de tossir e eliminá-la, acaba por produzir obstrução das vias aéreas com

conseqüentes atelectasia e infecção pulmonar. A mecânica respiratória se altera pela presença

de dor à respiração, limitando a excursão diafragmática como defesa (RATTO, 1998).

Segundo Faresin e Barros (1996, p. 2) os fatores de risco para complicação

pulmonar no pós-operatório podem se agrupados em:

a) Fator clínico, como idade do paciente, estado nutricional, tabagismo, sintomas

pulmonares agudos ou crônicos, presença de moléstias associadas à doença cirúrgica

de base e o reconhecimento de alterações imunológicas que predisponham a infecções.

b) Fatores cirúrgicos, ou seja, se a cirurgia eletiva ou de urgência, tipo de incisão

utili zada, tempo total de intra-operatório, experiência da equipe cirúrgica e recursos

hospitalares disponíveis.

c) Fatores anestésicos, como o tipo de procedimento, as drogas utili zadas e o tempo de

anestesia.

Quanto ao estado nutricional McAlister et al (2003) apresentam a obesidade

mórbida como fator predisponente às complicações pós-operatórias, achado contrário ao

Sadd e Zambon (2001) e Saad et al (2003), que afirmam que a desnutrição teria maior

morbidade quando comparada à obesidade.

Torrington e Hendersen (1988) elaboraram uma escala associando vários fatores

de risco conhecidos para ocorrência de CPP (Tabela 3), determinando um valor para estes

fatores, apoiando somente em observação clinica e cuja somatória final permite graduar o

risco de desenvolvimento das mesmas em alto, moderado e baixo. (Tabela 4). Contradizendo,

Lawrence et al (1996), afirmam que a espirometria não é útil como fator de risco.

57

Tabela 4 – Classificação do risco de ocorrência de complicações pulmonares no pós-operatório de cirurgia geral proposta por Torrington e Hendersen (1988).

Fonte: Faresin et al (2000,p. 160).

Estudo feito por Jóia Neto, Thomson e Cardoso (2005) mostrou que a análise da

técnica anestésica usada em relação à complicação respiratória pós-operatória (CRP) mostrou

que os pacientes submetidos a anestesia geral apresentaram maior incidência de CRP quando

comparados aos pacientes submetidos aos bloqueios regionais. Salientam que a anestesia

geral está associada às complicações respiratórias por necessitar de intubação endotraqueal,

por provocar relaxamento muscular, que pode provocar a aspiração brônquica e por utili zar a

assistência ventilatória e deprimir o sistema nervoso central, reduzindo o reflexo da tosse. Já

os pacientes anestesiados pela técnica peridural, por se tratar de um bloqueio regional, sem

interferência com a dinâmica respiratória não desenvolvem CRP.

Analgesia epidural reduziria o índice de complicações pulmonares pós-operatória

em pacientes de alto risco (SMETANA, 1999).

Com relação à idade, o estudo de Saad e Zambon (2001) verificou que a faixa

etária até 65 anos apresentou maior incidência de complicações, provavelmente porque no

grupo de idosos havia maior número de pacientes com co-morbidade pulmonares e fatores

58

clínicos associados. Para Torrington e Hendersen (1988) a idade superior que 65 anos

representou fator de risco para morbidade pulmonar pós-operatória. Entretanto, para Smetana

(1999) e Wil lians-Russo et al (1992), a idade isoladamente não apresenta predição de risco, e

sim na associação com outros fatores. Esses autores consideraram que as CPP estão mais

relacionadas à coexistência de patologias do mesmo modo, que os achados de Saad e Zambon

(2001).

Nakagawa et al (2001) realizou um estudo retrospectivo, indicando que cessar o

tabagismo quatro semanas antes da cirurgia reduz o risco de desenvolver complicações

pulmonares.

Em seu estudo Smetana (1999) cita o trabalho de Warner, onde foi verificado que

33% dos pacientes fumantes desenvolveram complicações pulmonares pós-operatória, contra

14,5% dos que cessaram o tabagismo oito semanas antes da cirurgia. Resultado semelhante

pode ser confirmado no estudo de Jóia Neto, Thomson e Cardoso (2005), Saad et al (2003),

Saad e Zambon (2001) e Bluman et al (1998).

Ainda no estudo realizado por Smetana (1999), está associado com elevado risco

de complicações pulmonares procedimentos cirúrgicos com tempo maior de três horas.

Concordando com estudos feitos por Jóia Neto, Thomson e Cardoso (2005), Saad et al (2003),

Filardo, Faresin e Fernandes (2002) e Saad e Zambon (2001).

O local da cirurgia é um importante predisponente a risco pulmonar. O risco

aumenta com incisão próximo ao diafragma. A cirurgia no abdome alto e torácica acarretam

complicações pós-operatórias com aproximadamente 10 a 40% (SMETANA, 1999.; ). Isto se

deve ao fato de estas vias de acesso reduzirem em 50% a 60% a capacidade vital, e em 30% a

capacidade funcional residual, por disfunção diafragmática (JOIA NETO; THOMSON;

CARDOSO, 2005).

59

Em se tratando de procedimentos abdominais, as complicações respiratórias são

ocasionadas pela redução da capacidade vital e da capacidade residual funcional, a qual tem

um decréscimo de 10 a 15% nas cirurgias abdominais baixas e de 35% nas cirurgias

abdominais altas (FERGUSON, 1999).

Varias possibilidades têm sido aventadas para explicar a diminuição do volume

pulmonar na cirurgia abdominal. São citados a dor, anestesia, entre outros, porém, hoje, o que

mais se aceita é que esta diminuição seja causada por paresia diafragmática, conseqüência de

uma inibição reflexa do diafragma (JOIA NETO; THOMSON; CARDOSO, 2005;

McALISTER, 2003; CHIAVEGATO et al, 2000; KATAGIRI, 1998).

Complicações respiratórias específicas ocorreram em 44% de todos os pacientes

submetidos à esofagectomia eletiva em um estudo feito por Tandon et al (2001), incluindo

derrame pleural (15%), pneumotórax (4,1%) e hidropneumotórax (1,8%), empiema (2,4%),

quilotórax (2,4%), pneumonia (17,8%) e embolia pulmonar (1,8%).

Os sintomas respiratórios, dispnéia, tosse com expectoração ou chiado são

importantes fatores de complicações (SAAD; ZAMBON, 2001).

Estudo feito por Pereira, Faresin e Fernandes (2000), analisaram que dos 196

pacientes com síndrome pulmonar obstrutiva submetidos à cirurgia abdominal alta, destes,

32% ocorreu complicação pulmonar em relação aos pacientes normais (6%). Os pacientes

com limitação do fluxo aéreo apresentaram maior morbidade no pós-operatório de cirurgia

abdominal alta. A magnitude deste fator de risco se reflete num risco relativo quase que cinco

vezes maior em relação aos pneumopatas com os pacientes normais. O pneumopata crônico é

caracterizado clinicamente por apresentar tosse produtiva e/ou dispnéia aos esforços de forma

progressiva, e, funcionalmente, pela presença de obstrução parcial reversível, geralmente

evolutiva. Concordando com o estudo de Jóia Neto, Thomson e Cardoso (2005).

60

Complicações pulmonares pós-operatórias de pacientes submetidos à

esofagectomia ocorrem em 25 a 50%. Estas complicações originam devido a inúmeros

fatores, incluindo o tipo de incisão utili zada, a extensão da dissecação, eficiência cirúrgica e

presença de reconstrução intratorácica expansiva (FERGUSON, 1999).

As complicações pulmonares importantes conforme Smetana (1999) incluem

pneumonia, insuficiência respiratória com prolongada ventilação mecânica, broncoespasmo,

atelectasia e doença crônica de pulmão. Pesquisa realizada por Saad e Zambon (2001)

mostrou que dos 297 pacientes submetidos à cirurgia, 36 apresentaram complicações

pulmonares. Destes, 26 apresentaram infecção pulmonar, sendo que oito necessitaram de

intubação orotraqueal e sete de ventilação mecânica prolongada por insuficiência respiratória

aguda. No estudo de Faresin et al (2000), foram encontrados achados semelhantes ao de Saad

e Zambon (2001).

Jóia Neto, Thomson e cardoso (2005) verificaram que entre as CRP ocorridas em

seu estudo, a pneumonia foi mais freqüente com incidência de 52,5% dos pacientes.

Ainda no estudo de Jóia Neto, Thomson e Cardoso (2005), a análise total de

cirurgias realizadas demonstrou que 200/ 1.345 pacientes foram re-operados. Apesar de a

li teratura não abordar este item como fator de risco das possíveis CRP, os resultados deste

estudo levaram a considerar essa possibili dade. Foi observado que 32% dos pacientes re-

operados desenvolveram CRP. Resultado significativo quando compararam os pacientes re-

operados com os não re-operados (8,2%).

5.1 Atelectasia com Repercussão Clínica

Conforme Azeredo, Polycarpo e Queiroz (2000) o termo atelectasia ou colapso

alveolar, refere-se ao colapso em diversos níveis dos alvéolos, podendo esta condição ocorrer

61

em uma área localizada do pulmão, em um lobo inteiro ou mesmo num pulmão inteiro. Em

cada pulmão há cerca de 300 milhões de alvéolos que apresentam duas grandes propriedades:

função ventilatória e oxigenação de órgãos e tecidos. Para Scanlan, Wilkins e Stoller (2000),

qualquer paciente com dificuldade de realizar inspiração profunda periodicamente sem auxil io

é candidato a desenvolver atelectasia, incluindo, nesta população, pessoas submetidas a

cirurgias torácicas, abdominais alta e pacientes altamente sedadas.

Três fatores combinados ou independentes contribuem para o desenvolvimento de

uma atelectasia:

1 – Inadequada força de distensão pulmonar;

2 – Obstrução das vias aéreas;

3 – Insuficiência no surfactante

A atelectasia pulmonar é uma patologia freqüente no pós-operatório, aparece

principalmente nos doentes que ficam muito tempo obnubilados por dificuldade em

metabolizar a droga utili zada na anestesia. Apresentam por isso inibição do reflexo da tosse e

diminuição dos movimentos cili ares das células brônquicas. A diminuição da capacidade

pulmonar total (CPT) é a causa mais importante de atelectasia pulmonar.

As atelectasias compreendem 90% de todas as complicações pulmonares pós-operatórias. As duas maiores etiologias de atelectasia são a hipoventilação alveolar, provocada por uma ventilação ineficiente e a obstrução brônquica. Elas aparecem, geralmente nas primeiras vinte e quatro horas de pós-operatório, quando se manifestam por pico febril súbito de 37,5 a 38,5º C, taquicardia e taquipnéia (FUNICELLI, 1995).

A atelectasia pode ser gerada por obstrução das vias aéreas ou por falta de

surfactante. Em geral a atelectasia por obstrução de via aérea ocorre quando brônquios

pequenos são fechados por muco ou quando um único brônquico principal é bloqueado por

um grande tampão mucoso ou por material sólido como o câncer. O ar que fica antes da

obstrução é absorvido pelo sangue dos capilares pulmonares. Esta situação gera colabamento

62

alveolar caso o tecido pulmonar seja muito elástico. Entretanto, caso isto não ocorra, a

absorção do ar alveolar gera pressões negativas no interior deles suficientemente altas para

puxar líquido intersticial para os alvéolos, criando uma condição de colapso pulmonar total

(quando um pulmão inteiro sofre atelectasia) (GUYTON; HALL, 2002).

Os fatores contribuintes para o aparecimento de atelectasia após uma cirurgia são

anestesia geral, respiração superficial e redução transitória de surfactante. A associação destes

aspectos resulta em diminuição progressiva da capacidade residual funcional durante a

anestesia geral e durante as primeiras 48 horas de pós-operatório de grande porte. A redução

da capacidade residual funcional provoca em hipoxemia arterial por incoordenação da relação

entre a ventilação e a perfusão (relação V/Q). A dor agrava este quadro, restringindo ainda

mais a ventilação à medida que o paciente tende a limitar voluntariamente a contração dos

músculos da área de incisão. Esta restrição da expansibilidade pulmonar e da caixa torácica

reduz o volume corrente e impede a inspiração profunda, diminuindo a reserva ventilatória,

mensurada pela capacidade vital. A redução da capacidade de realização de inspiração

profunda ainda faz com que o paciente tenha uma tosse ineficaz, comprometendo os

mecanismos de eliminação de secreção. Por este motivo, pessoas com história de

pneumopatia crônica com aumento da produção de secreção ou com história de tabagismo

apresentam maior propensão de desenvolver complicações pulmonares no pós-operatório

(SCANLAN; WILKINS; STOLLER, 2000).

O reconhecimento desta patologia é obtido a partir da associação de vários dados:

a) historia clinica do paciente, ressaltando-se que pessoas submetidas à cirurgia abdominais

superior ou torácica recente tem mais chances de desenvolver atelectasia, b)história de

pneumopatia crônica, assim como tabagismo, que aumentam a possibili dade de colapso

pulmonar, c) sinais físicos como taquipnéia, nos casos de atelectasia significativa, e

taquicardia, quando a patologia leva a uma hipoxemia severa e d) sinais encontrados na

63

avaliação como presença de ruídos adventícios na ausculta pulmonar (SCANLAN;

WILKINS; STOLLER, 2000).

Os pacientes com atelectasia apresentarão febre baixa e diminuição dos sons

respiratórios nos campos pulmonares inferiores, mas talvez não pareçam ter dificuldade

respiratória importante. Na verdade, podem parecer confortáveis e apresentar pouca secreção,

embora muitos sintam a necessidade de expelir as secreções com a tosse (ANGOOD;

GINGALEWSKI; ANDERSEN, 2003).

A presença de atelectasia é confirmada pela radiografia torácica (AZEREDO,

2000). O Rx torácico pode demonstrar elevação do diafragma, desvio da traquéia, do coração

e do mediastino para o lado da atelectasia, opacificação pulmonar, estreitamento dos espaços

intercostais e hiperextensão do pulmão circunvizinho (SCANLAN; WILKINS; STOLLER,

2000).

5.2 Infecções Respiratór ias Agudas: Pneumonia e Broncopneumonia

O conceito de infecções respiratórias agudas (IRA), do ponto de vista de programa

ou ação de saúde, compreende o quadro infeccioso do trato respiratório superior ou inferior

com duração em torno de sete dias (GARCIA; SANT´ANNA, 1998).As manifestações mais

comuns das infecções respiratórias agudas são traqueobronquite aguda, tosse seca, rouquidão

eventual, dor torácica, febre e estertores bolhosos (GONÇALVES et al, 2000).A Pneumonia é

uma infecção dos pulmões que envolvem seus diminutos sacos aéreos (alvéolos) e os tecidos

circunjacentes. Anualmente, nos Estados Unidos, cerca de 2 milhões de indivíduos

desenvolvem um quadro de pneumonia, e 40.000 a 70.000 deles morrem. A pneumonia não é

uma doença única, mas muitas doenças diferentes, cada uma sendo causada por um

microrganismo diferente. Geralmente, a pneumonia inicia após a inalação de microrganismos

64

para o interior dos pulmões, mas, algumas vezes, a infecção é levada aos pulmões através da

circulação sangüínea ou migra aos pulmões diretamente a partir de uma infecção próxima.

Muito comum acometerem pacientes de pós-operatório sendo uma complicação pulmonar

freqüente (SILVERIA, 1999).

Entre as mais freqüentes infecções adquiridas no ambiente hospitalar estão as pneumonias (0,5% a 5% dos enfermos hospitalizados), instalando, geralmente, em indivíduos com fatores predisponentes ou precipitantes, cujos mecanismos de defesa encontram-se comprometidos, e determinadas por agentes etiológicos que freqüentemente oferecem resistência a múltiplos antimicrobianos (GONÇALVES et al, 2000).

Depois de um procedimento cirúrgico, as defesas do hospedeiro como a tosse, o

transporte mucocili ar e atividade de células de defesa do organismo encontram-se

prejudicados, favorecendo o aparecimento de pneumonia (PELLEGRINI, 1993).

Outros aspectos importantes quanto a sua maior incidência de pneumonia no

período pós-operatório estão relacionados ao ato cirúrgico em si, referindo-se ao tipo de

cirurgia e a duração da mesma (FARESIN; FILARDO, 1997).

A pneumonia é a principal causa de mortalidade pulmonar nos serviços cirúrgicos,

bem como a principal causa de mortalidade entre as outras infecções pós-operatórias

(FARESIN; FILARDO; 1997).

Clinicamente, as manifestações que sugerem o diagnóstico de pneumonia são

febre, taquipnéia, aumento de secreção e alterações sugestivas de consolidação pulmonar

(PELLEGRINI, 1993). A radiografia de tórax é utilizada para confirmar a suspeita de

pneumonia, mas também para avaliar a extensão e a evolução patológica (MARTINELLI;

2001).

Com relação ao ato operatório Faresin e Filardo (1998) observam que tanto o tipo

como a duração da cirurgia associam-se com uma maior incidência de pneumonias pós-

operatórias.

65

A maioria dos autores classifica as pneumonias em: comunitárias, nosocomiais, de

aspiração e dos imunocomprometidos (TARANTINO, 1997).

A expressão broncopneumonia é usada para definir aquelas imagens radiológicas

múltiplas uni ou bilaterais, de padrão alveolar, aspecto infiltrativo, limites mal definidos,

irregulares, intercaladas por zonas de parênquima são (TARANTINO, 1997).

O agravamento do quadro de infecção bacteriana acontece pela capacidade destes

microorganismos lesarem o epitélio de revestimento da traquéia e das vias aéreas inferiores.

Tal injúria prejudica o funcionamento da esteira mucocili ar, que é responsável pela limpeza

das vias aéreas retirando as partículas aderidas à mucosa, provocando estase de muco e de

secreções respiratórias. Com isso, ocorre multiplicação bacteriana (GONÇALVES et al,

2000).

Além da alta taxa de mortalidade ocasionada pelas infecções respiratórias agudas,

o alto custo do tratamento de tais afecções é outro fator relevante para a prevenção destes

processos patológicos, especialmente quando se refere a paises em desenvolvimento, onde as

condições financeiras e estruturais dos hospitais são paises (GONÇALVES et al, 2000).

5.3 Insuficiência Respiratória Aguda

A produção de energia no corpo, a qual é necessária para manter a vida, requer

constante reposição de oxigênio e nutrientes aos tecidos. A respiração provê uma quantidade

certa de oxigênio nos pulmões, onde se difunde pela membrana alveolar-capilar para o sangue

(respiração externa). O sistema circulatório distribui o sangue oxigenado para varias tramas

vasculares, onde o oxigênio é dado aos tecidos (respiração interna). Alem de promover a

oxigenação do sangue, os pulmões também servem para livrar o corpo do dióxido de carbono,

a sobra do metabolismo. O CO2, o qual chega aos pulmões pelo sangue venoso, se difunde

66

dentro do alvéolo e subseqüentemente é exalado para a atmosfera (AZEREDO;

POLYCARPO; QUEIROZ; 2000).

A insuficiência respiratória é a falha dos pulmões em prover uma adequada

oxigenação ou ventilação para o sangue (AZEREDO; POLYCARPO; QUEIROZ; 2000).

A insuficiência pulmonar implica uma deterioração do ciclo pulmonar da

respiração. Esse ciclo pode deixar de funcionar satisfatoriamente por alteração de um ou dos

dois processos que o compõem: ventilação e trocas alveolocapilares. A necessidade de

eficiência desses dois processos é facilmente reconhecível se atentarmos para o objetivo

Maximo do ciclo: a hematose (RIGATTO, 1998).

Clinicamente, a insuficiência respiratória aguda apresenta sinais iniciais de

cianose e dispnéia, progredindo para confusão mental, sonolência ou agitação de início

recente diante de um quadro de hipoxemia (SANTOS, 2003). A dispnéia pode ser o principal

sintoma apresentado pelo paciente com esta patologia, a partir de sua intensidade, rapidez de

aparecimento e evolução (BARRETO, 2000). As principais manifestações da insuficiência

respiratória aguda estão representadas na tabela 5.

Tabela 5 – Manifestações clínicas da insuficiência respiratória aguda SNC Agitação, cefaléia, tremores, alucinações, convulsões Respiração

Amplitude, freqüência, ritmo, padrão, expiração prolongada, respiração paradoxal

Ausculta Roncos, sibilos, estertores, ausência de murmúrio vesicular Aparência Sudorese, cianose, puxão traqueal, uso da musculatura acessória Hemodinâmica

Taquicardia, bradicardia, arritmia, hipertensão, hipotensão

Fonte: Barreto (2000).

Arbitrariamente, o reconhecimento da IRA é definido e baseado nas alterações da

hemogasometria arterial, instaladas agudamente, quando a pressão parcial de oxigênio (PaO2)

for igual ou inferior a 60mmHg e/ou pressão arterial de gás carbônico (PaO2) for igual ou

superior a 50mmHG (DAVID, 1998).

67

Em relação à insuficiência respiratória aguda que ocorre no pós-operatório,

verificam-se os seguintes mecanismos fisiopatológicos: diminuição da ventilação alveolar

causada pelos anestésicos voláteis e analgésicos narcóticos, que diminuem a resposta

ventilatória a hipoxemia e a hipercapnia; fechamento das vias aéreas, devido ao aumento de

volume de oclusão e à diminuição da capacidade residual funcional, com colapso pulmonar e

atelectasia; evolução de infecções bacterianas do trato respiratório superior e ou inferior

(FARESIN, FILARDO, 1997).

Muitos pacientes suportam as mudanças da função pulmonar no pós-operatório,

porém naqueles em que esta função está comprometida, o traumatismo cirúrgico e os efeitos

anestésicos resultam em inadequada troca gasosa, levando a um quadro de insuficiência

respiratória. Geralmente, a insuficiência respiratória pós-operatória que se desenvolve nas

primeiras 48 horas é proveniente de alterações no parênquima pulmonar, surgindo num curto

período (de minutos a 1-2 horas) sem evidências de evento desencadeante. A insuficiência

respiratória precoce é mais comumente encontrada em pacientes submetidos à cirurgia

torácica ou abdominal alta e em portadores de doença pulmonar prévia. Já a insuficiência

respiratória tardia aparece a partir de 48 horas depois da cirurgia, advinda de eventos como

embolia pulmonar e distensão abdominal (PELLEGRINI, 1993).

Tabela 6 – indicações para suporte ventilatório Monitorização Mecânica Normal Atenta Entubação Freqüência Respiratória 12-20 20-30 >30 Capacidade vital mL/Kg 70-30 30-15 <15 Força inspiratória, cm² 100-50 50-25 <25 Oxigenação (A-a)Do2, mmHg* 100-200 200-350 >350 Ventilação, VD/VT 0,3-0,4 0,4-0,6 >0,6 Ventilação, Paco2 mmHg 35-45 45-50 >50 * Após 15 min de oxigênio a 100% Fonte: Schwartz (1995 p. 256). 5.4 Intubação Orotraqueal ou Ventilação Mecânica prolongada

68

Conforme Regenga (2000), a intubação translaríngea pode ser efetuada pela

colocação de um tubo através da cavidade nasal (intubação nasotraqueal) ou da cavidade oral

(intubação orotraqueal).

A intubação traqueal, além da indicação como método de desobstrução aérea, pois

permite manter a via aérea pérvia e a aspiração de secreções, está indicada como via da

ventilação mecânica, para isolar a via aérea da digestiva (DAVID, 1998).

A intubação traqueal deve ser feita com tubos sil iconizados, de calibre adequado e

com balonetes flácidos, introduzidos por via oro - ou nasotraqueal, conforme as

circunstancias. Os tubos de borracha estão completamente proscritos em intubação

prolongada devido a facilidade com que permitem a formação de crostas oclusivas na luz

rugosa e à freqüência com que determinam lesões traqueais, provocadas principalmente pelo

balonete rígido (CAMARGO, 1997).

As indicações e as complicações da intubação oro e nasotraqueal são semelhantes,

mas na urgência sempre deve-se proceder à intubação orotraqueal, que é mais fácil e permite

melhor higiene traqueobrônquica. Na intubação é freqüente o posicionamento incorreto da

ponta da cânula com intubação seletiva do brônquio-fonte direito e por isso deve-se sempre

certificar de que a cânula está na traquéia pela ventilação eqüitativa de ambos os hemitórax e

pela radiografia do tórax (DAVID, 1998).

A intubação oro- ou nasotraqueal causa diminuição dos mecanismos de defesa

naturais do hospedeiro devido ao traumatismo da nasofaringe, prejuízo da deglutição e dos

sistemas mucociliar, e extravasamento de secreções ao redor do cuff (TARANTINO, 1998).

Um método de suporte para pacientes com enfermidade aguda é a ventilação

mecânica, cuja aplicação implica em riscos para o paciente, devendo-se, portanto, ser

empregada de forma cautelosa (BARRETO, 2000).

69

A adoção do suporte ventilatório tem objetivos fisiológicos e clínicos.

Fisiologicamente, a ventilação mecânica promove manutenção ou alteração das trocas

gasosas, visando normalizar a ventilação alveolar e oxigenação arterial, aumento do volume

pulmonar, a de otimizar a capacidade residual funcional (como em pós-operatórios com dor),

e redução do trabalho muscular respiratório. As indicações clinicas para tal suporte são:

reversão de quadros como hipoxemia, acidose respiratória aguda e fadiga dos músculos

respiratórios; redução do desconforto respiratório, do consumo de oxigênio sistêmico e

miocárdico; prevenção de atelectasia; promoção de sedação, anestesia ou uso de

betabloquedores neuromusculares; estabil ização da parede torácica (BARRETO, 2000).

O suporte ventilatório ao final da cirurgia normalmente é dado por causa dos

efeitos residuais das drogas administrativas para a obtenção de anestesia. Os quais reduzem

progressivamente ou podem ser antagonizados com outras drogas, de forma que o tempo de

ventilação mecânica não é prolongado. Porém, alguns fatores levam a um suporte ventilatório

por tempo indeterminado, tais como estado funcional do paciente, duração da cirurgia, hipo

ou hipertermia, condições da função pulmonar e distúrbios metabólicos (AULER JÙNIOR,

2000).

Como é um procedimento invasivo, apesar da eficácia da ventilação mecânica em

diversas situações, sua aplicação implica em efeitos adversos. As complicações relacionadas a

este suporte incluem pneumonia, barotrauma e complicações laringotraqueais associadas a

intubação e/ou a traqueostomia. A intensidade destas complicações relaciona-se à doença de

base, ao tempo de permanência sob ventilação mecânica e ao modo de aplicação da mesma

(GOLDWASSER, 2000).

70

6 FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA NAS COMPLICAÇÕES PULMONARES PÓS-

OPERATÓRIAS DE CIRURGIAS ABDOMINAIS ALT AS

O fisioterapeuta possui um importante papel a desempenhar no campo da

reabili tação física, principalmente quando atua em conjunto com outras profissões, agindo de

uma forma interdisciplinar. Com a crescente solidificação do conhecimento científico e a

expansão do perfil profissional, o fisioterapeuta ampliou também seu mercado de trabalho, e

dentro dessa perspectiva de atuação profissional que se insere o fisioterapeuta preventivo,

agindo em programas de promoção de saúde e proteção especifica, tendo como principio

fundamental o conjunto de conhecimentos científicos relativos aos fatores que possam causar

infortúnios ao ser humano, bem como conhecendo também os mecanismos de interferência

junto a esses fatores, visando eliminá-los ou minimiza-los (VITTA, 1999).

O fisioterapeuta tem um papel importante a desempenhar na avaliação dos

pacientes que estão sendo preparados para cirurgia e que correm risco de desenvolver

complicações que podem ser evitadas pelo profissional atento. A história clínica de todos os

pacientes deve ser verificada para identificar a existência de problemas respiratórios,

circulatórios e de fatores como tabagismo, obesidade, inatividade devido à outra causa ou

lesão e idade, que são fatores que predispõem o paciente às complicações pós-cirurgias

(DELIBERATO, 2002).

71

Nos dias de hoje, em todo tratamento cirúrgico, para que este não fique incompleto, deve constar um programa supervisionado de fisioterapia respiratória para preparo do paciente desde o período pré-operatório, passando pelo período pós-operatório imediato e devendo estender-se ao pós-operatório tardio (FUNICELLI, 1995).

A fisioterapia através do trabalho respiratório pré e pós-operatório e do trabalho

motor, é uma forte aliada no combate às complicações pré e pós-operatórias já que estas são

as principais causa de morbi-mortalidade em pacientes cirúrgicos. Essas práticas são

particularmente importantes quando se trata de cirurgias no andar alto do abdome

(VASCONI, 2004).

A fisioterapia respiratória, através das técnicas de higiene brônquica e expansão

pulmonar, tem sido praticada como propósito de prevenir ou minimizar a evolução de tais

complicações (SAAD; ZAMBON, 2001).

6.1 Assistência fisioterapêutica no per íodo pré-operatór io

Conforme Ridley (2002, p.216) um número de fatores deverá ser considerado

quando o fisioterapeuta for decidir quais pacientes podem ser classificados como de “alto

risco” e se beneficiariam da assistência nesse estágio:

1) Local da incisão – as incisões abdominais atas e torácicas levam a uma alta incidência

de complicações respiratórias. Isso pode resultar em diminuição da CRF, mudança no

padrão ventilatório com respiração superficial rápida e oxigenação prejudicada.

2) Problemas respiratórios preexistentes

2a- Infecção: a infecção do trato respiratório superior pode resultar da

excessiva secreção de muco e redução da depuração mucocil iar. A infecção do trato

respiratório inferior pode prejudicar a troca gasosa, levando ao risco de hipoxia

secundaria a pneumonia e exacerbação da infecção.

72

2b- Problemas restritivos: os pacientes com cifoescoliose e espondilite

anquilosante são especialmente de risco após uma cirurgia abdominal alta, visto que

quase todo volume corrente pode estar dependente do movimento diafragmático.

2c- Problemas obstrutivos: uma anestesia mais profunda pode ser

requisitada em pacientes asmáticos por causa da hiper-reatividade bronquial.

3) Obesidade – a complacência pulmonar total pode ser reduzida a, aproximadamente,

um terço do valor normal devido ao peso adicional sobre a parede torácica levando a

um aumento do trabalho da respiração e do consumo de O2. A hipoxemia pode ser

observada durante o repouso de pacientes obesos, especificamente se eles estiverem

em posição supina, o que ainda reduz a CRF.

4) Idade do paciente – o aumento da idade está associado à perda da capacidade elástica.

Em torno de 65 anos de idade, as pequenas vias aéreas fecham-se durante o repouso

do volume corrente em indivíduos sentados. Com o avanço da idade, os músculos

respiratórios se enfraquecem e a caixa torácica vai se tornando rígida com uma

diminuição da expansão.

5) Tabagismo – o tabagismo resulta no estreitamento das pequenas vias aéreas, aumento

da produção de muco, irritabil idade das vias aéreas, diminuição da depuração do muco

e uma capacidade de fechamento elevada. Esses fatores predispõem a um maior

“shunt” V/Q e prejuízo da oxigenação durante a anestesia.

6) Motivação do paciente – os pacientes afetados pela ansiedade, depressão, deficiência

mental ou doença psiquiátrica podem ter um período de recuperação prolongado.

7) Condição nutricional – uma condição nutricional prejudicada mostrou-se como uma

causa no aumento da incidência de pneumonia pós-operatória. A produção de

anticorpos prejudicada também fará com que esses pacientes fiquem propensos à

infecção. As deficiências de vitaminas e proteínas podem atrasar a cicatrização.

73

8) Mobilidade reduzida e doença intercorrente – doenças, tais como esclerose múltipla,

Parkinson e artrite reumatóide, podem aumentar o risco de complicações devido à

redução da mobili dade. Doenças intercorrentes, como, por exemplo, diabetes,

leucemia, hemofil ia, deverão ser levadas em consideração.

9) Dependência de drogas e álcool – problemas potenciais com sintomas associados e

possíveis necessidade de altos níveis de anestesia/analgesia deverão ser considerados

antecipadamente.

Se a maioria dos problemas respiratórios fossem considerados no pré-operatório,

os pacientes poderiam se beneficiar da instrução no uso de recursos, tais como pressão

positiva contínua e periódica das vias aéreas (PCPAP), ou respiração por pressão positiva

intermitente (RPPI). Orientação quanto à cessação de fumo e a redução do peso semanas ou

meses antes da internação, caso paciente seja tabagista ou obeso. Treino de padrão

ventilatório diafragmático. É importante estabelecer a tolerância do paciente ao exercício e

assegurar um exame geral do sistema músculo-esquelético.

6.2 Assistência fisioterapêutica no período pós-operatór io

Para Ridley (2002) geralmente, os objetivos principais na fase pós-operatória são:

promover a reexpansão de áreas de atelectasia, manter a ventilação adequada, assistir na

remoção de qualquer excesso de secreção pulmonar, auxil iar no posicionamento geral, na

mobili dade na cama e na deambulação precoce do paciente. A prevenção de limitação da

amplitude de movimentos ou postura viciosa secundaria as incisões ou tubos, o controle

adequado do alivio da dor e a oxigenioterapia ideal.

Técnicas fisioterapêuticas que ajudam a alcançar esses objetivos incluem:

74

1) Mobilização precoce;

2) Mobilização na cama/posicionamento;

3) Exercícios de expansão torácica;

4) Pressão positiva contínua e periódica das vias aéreas/respiração por pressão positiva

intermitente;

5) Técnicas de higiene brônquica.

Segundo Consenso de Lyon (2001, p. 19) a remoção de secreção brônquica

pelo controle do fluxo expiratório é reconhecida como eficaz, independente da técnica

empregada.

As posturas são somente um coadjuvante ocasional. A utili zação de vibração

manual e percussão não traz nada de positivo.

A eficácia da fisioterapia no tratamento da obstrução brônquica foi

reconhecida e aceita por todos os membros do comitê de especialistas.

75

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As complicações pulmonares são as mais comuns de morbidade pós-operatória

em pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos abdominais altos. Devido à alta

incidência dessas complicações e dos custos monetários associados à hospitalização

prolongada e mortalidade, grandes esforços têm sido feitos para predizer e diminuir os riscos

para desenvolvimento dessas complicações e identificar técnicas que possam ser usadas para

preveni-las.

As principais controvérsias e divergências encontradas são aos fatores preditivos

das complicações, e desses destacaram-se o estado nutricional, valor das provas de função

pulmonar, tempo de abstinência ao tabaco e idade do paciente. A li teratura consensua outros e

identificam as seguintes causas de CPP: tempo operatório, tipo de incisão, anestesia, doença

pulmonar prévia entre outros. Há consonância também, quanto as CPP mais prevalentes,

sendo: pneumonia, insuficiência respiratória e atelectasia.

A abordagem fisioterapêutica apesar das diversas publicações disponíveis, trilha

por caminhos tortuosos, carecendo de ensaios clínicos controlados randomizados, com

parâmetros e objetivos bem definidos, que permita a efetiva comprovação de suas técnicas

para posterior inserção do fisioterapeuta como agente indispensável na prevenção e

tratamento das complicações pulmonares nas cirurgias abdominais altas.

76

Recente-se na realização deste trabalho, a indisponibilidade de um banco de dados

vinculado a nossa Universidade, o qual possibili taria a inclusão de outras e mais recentes

publicações científicas, que certamente enriqueceria o resultado final deste estudo.

Aguarda-se, que ao final da análise dessa obra, surtam inquietações no leitor, que

o induzindo ao aprofundamento de seus estudos, venha este a contribuir e engrandecer esse

trabalho.

77

8 REFERÊNCIAS

AIRES, M. de M. Fisiologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 934 p. 1999. AHRENDT, S. A.; PITT, H. A. Árvore bil iar. In: TOWNSEND, C. M. Sabiston tratado de cirurgia: as bases biologicas da pratica cirúrgica moderna. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 1181-1219, 2003. ANGOOD, P. B.; GINGALEWSKI, C. A.; ANDERSEN, D. K. Complicações cirúrgicas. In: TOWNSEND, C. M. Sabiston tratado de cirurgia: as bases biológicas da pratica cirúrgica moderna. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 211-242, 2003. ARNOULD-TAYLOR, W. Pr incípios e prática de fisioterapia. 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 236 p. 1999. AULER JUNIOR, J. O. C. Ventilação mecânica intra e pós-operatória. Jornal da Pneumologia. v. 26, supl. 2, p. S13-S15, maio, 2000. AUN, F.; BEVILACQUA, R.Manual de cirurgia. São Paulo: EPU, 675 p. 1995. AVERBACH, M.; RIBEIRO, P. C. Apendicectomias – colostomias – colectomias. In: GOFFI, F. S. Técnica cirúrgica: bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas da cirurgia. 4. ed. São Paulo: Atheneu, p. 612-625, 2004. AZEREDO, C. A. C. Fisioterapia respiratória no hospital geral: expansão, reexpansão, recrutamento alveolar. São Paulo: Manole, 476 p. 2000. AZEREDO, C. A. C.; POLYCARPO, M. R.; QUEIROZ, A. N de. Manual prático de fisioterapia respiratória. Rio de Janeiro: Litador, 325 p. 2000. BARRETO, S. S. M. Indicação de ventilação mecânica invasiva com pressão positiva. Jornal de Pneumologia, v. 26, supl. 2, p. S3-S5, maio, 2000. BARRETO, S. S. M. Volumes pulmonares. In: PEREIRA, C. A. C.; NEDER, J. A. Diretrizes para testes de função pulmonar. J. Pneumol, p. S 83-S 94, out. 2002.

78

BLUMAN, L. G. et al. Preoperative smoking habits and postoperative pulmonary complications.Chest, 1998 BROOKS-BRUNN, J.A.Preditors of postoperative pulmonary complications following abdominal sugery. Chest, 1997. CALETTI, P. Análise da escala de Torr ington e Hendersen em paciente com cirurgia abdominal alta eletiva – um estudo de caso.2003. 99 f. Monografia (Graduação em fisioterapia) – Faculdade de fisioterapia, Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, Florianópolis, out. 2003. CAMARGO, J. J. Traumatismos torácicos. In: TARANTINO, A. B. Doenças pulmonares. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997, p. 1005-1012. CHEUNG, L. Y.; DELCORE, R. Estômago. In: TOWNSEND, C. M. Sabiston tratado de cirurgia: as bases biológicas da pratica cirúrgica moderna. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003, p. 915-956. COELHO, M. de S.; STORI JUNIOR, W. de S. Lesões crônicas da laringe pela intubação traqueal. Jornal da Pneumologia, v. 27, n. 2, mar/abr. 2001. COSTA, Dirceu.Fisioterapia respiratór ia básica. São Paulo: Livraria Atheneu, 1999. 127 p. COELHO, J. C. U. Cirurgia gastroduodenal – bases. In: GOFFI, F. S. Técnica cirúrgica: bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas da cirurgia. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2004, p. 541-549. CROITOR, L. B. da J.; MODOLO, N. S. P.; BRAZ, J. R. C. et al. Parada cardíaca inesperada durante colecistectomia: relato de caso. Rev. Bras. Anestesiol., v. 52, n. 4, p.457-460, jul./ago. 2002. CHIAVEGATO, L. D.; JARDIM, J. R.; FARESIN, S. M. et al. Alterações funcionais respiratórias na colecistectomia por via laparoscópica. J. Pneumologia, mar./abr. 2000, v.26, n.2, p.69-76. DAVID, C. M. Insuficiência respiratória. In: BETHLEN, N. Pneumologia. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 1998, p. 678-702. DELIBERATO, P. C. P. Fisioterapia preventiva: fundamentos e aplicações. São Paulo: Manole, 2002, 362 p. DUGGAN, M.; KAVANAGH, B. P. Pulmonary atelectasis. Anesthesiology, v. 102, n. 4, p. 838-854, 2005. EGAN, Donald F.; SCANLAN, Craig L.; WILKINS, Robert L.; STOLLER, James K.Fundamentos da terapia respiratória de Egan. 7. ed. São Paulo: Manole, 2000. 1284 p. FAHEL, E.; AMARAL, P.; ÁZARO, E. Manual de atualização em cirurgia geral: diagnóstico e tratamento. Rio de Janeiro: Revinter, 2001.

79

FARESIN, S. M. et al. Aplicabili dade da Escala de Torrington e Hendersen. Rev Ass Méd Brasil , v. 46, n. 2, p. 159-165, 2000. FARESIN, S. M.; BARROS, J. A. de. Avaliação da função pulmonar no pré-operatório e prevenção das complicações pulmonares no pós-operatório. In: CASTRO, C.A. de P.; CARVALHO, C. R. R. de.; NAKATANI, J. Pneumologia: atualização e reciclagem. São Paulo: Atheneu, 1996, p. 1-7. FARESIN, S. M.; FILARDO, F. da A. Complicações pulmonares no período pós-operatório. In: MORRONE, N. Pneumologia: atualização e reciclagem. v. 2, 2. ed. São Paulo: Atheneu, 1997, p. 42-45. FELTRIM, M. I. Z.; PARREIRA, V. F. Fisioterapia Respiratór ia: Consenso de Lyon 1994-2000, 2001. FERREIRA, E. A. B.; ALTMANN, D. A. O. Cirurgia do esôfago. In: GOFFI, F. S. Técnica cirúrgica: bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas da cirurgia. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2004, p. 520-527. FERGUSON, M. K. Preoperative assessment of pulmonary risk. Chest, v. 115, p. 58S-63S, 1999. FÍGADO. Disponível em: <http://br.altavista.com/image/results?q=figado&mik=photo&mik=graphic&mip=all&mis= all&miwxh=all>. Acesso em: 10 junho 2005. FILARDO, F. de A.; FARESIN, S. M.; FERNANDES, A. L. G. Validade de um índice prognóstico para ocorrência de complicações pulmonares no pós-operatório de cirurgia abdominal alta. Rev. Assoc. Med. Bras., v. 48, n. 3, p.209-216, jul/set. 2002. FUJIMURA, I.; TOLOSA, E. M. C. de. Cirurgia das paredes abdominais. In: GOFFI, F. S. Técnica cirúrgica: bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas da cirurgia. 4. ed. São Paulo: Atheneu, p. 531-546, 2004. FUNICELLI, S. M. Fisioterapia em cirurgia. In: JORGE FILHO, I.; ANDRADE, J. I. de.; ZILIOTO JUNIOR, A. Cirurgia geral pré e pós-operatór io. São Paulo: Atheneu, 1995, p.555-559. GALLBL ADDER. Disponível em: <http://images.google.com.br/images?q=gallbladder&hl=pt-BR&btnG=Pesquisa+Google>. Acesso em: 2 junho 2005. GALLBL ADDER ANATOMY. Disponível em: < http://www.umm.edu/imagepages/gallbladder_anatomy_8789.htm>. Acesso em: 1 junho 2005. GANONG, Will ian F. Fisiologia médica. 19. ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hil l, 2000. 623p GARCIA, A. G.; SANT´ANNA, C. C. Principais aspectos da pneumologia infantil. In: BETHLEN, N. Pneumologia. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 1998, p. 920-944.

80

GODOY, D. V. de. Cuidados clínicos pós-operatórios do paciente pneumológico. In: SILVA, L. C.C. Condutas em pneumologia. v.2. Rio de janeiro: Revinter, 2001, p. 871-876. GOFFI, F. S. Técnica cirúrgica e cirurgia experimental: conceito atual e extensão. In:______. Técnica cirúrgica: bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas da cirurgia. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2004, p. 1-4. GOFFI, F. S.; GOFFI JUNIOR, P. S.; SORBELLO, A. A. Cirurgia das vias bil iares. In: GOFFI, F. S. Técnica cirúrgica: bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas da cirurgia. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2004, p. 691-698. GOLDWASSER, R. Desmame. Jornal da Pneumologia, v. 26, supl. 2, p. S54-S60, maio 2000. GONÇALVES, A. J. R et al. Infecções respiratórias agudas: pneumonias e broncopneumonias. In: BETHLEN, N. Peumologia. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 1998, p. 279-293. GUIMARÃES, J. S. In: GOFFI, F. S. Técnica cirúrgica: bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas da cirurgia. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2004, p. 677-686. GUYTON, A.C.Neurociência básica: anatomia e fisiologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993. 345 p. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. HALL, J.C. postoperative pulmonary complications. BMJ, v. 312, p. 1158-1159, may, 1996. HULZEBOS, E. H. J et al. Prediction of postoperative pulmonary complications on the basis of preopeative risks ractors in patients who had undergone coronary artery bypass graft surgery. Physical Therapy, v. 83, n. 1, jan. 2003. IRWIN, S.; TECKLIN, J.S. Fisioterapia cardiopulmonar . 2. ed. São Paulo: Manole, 1994. 570 p. JOIA NETO, L.; THOMSON, J. C.; CARDOSO, J. R. Postoperative respiratory complications from elective and urgent/emergency surgery performed at a university hospital. J. bras. pneumol., v. 31, n.1, p.41-47, jan./feb. 2005. KATAGIRI, H. et al. Diaphragm function during sighs in awake dogs after laparotomy. Am J. Respir Cr it Care Med, v. 157, p. 1085-1092, 1998. KISNER, C.; COLBY, L. A.Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Manole, 1998. 746 p. KROENKE, K. et al. Postoperative complications after thoracic and major abdominal surgery in patients with and without obstructive lung disease. Chest, v. 104, p. 1445-1451, 1993.

81

LAWRENCE, V. A. Risk of pulmonary complications after elective abdominal surgery. Chest, v. 110, n. 3, p. 744-750, set. 1996. LIMA, P. de A. Respiratória e oxigenação no transplante de fígado. Boletim científico do centro de estudos e pesquisas do Hospital Samaritano, n. 3. São Paulo, nov. 2002. MACHADO, M. C. C. Cirurgia do fígado. In: GOFFI, F. S. Técnica cirúrgica: bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas da cirurgia. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2004, p. 662-676. MACHADO, M. C. C. Cirurgia do Pâncreas. In: GOFFI, F. S. Técnica cirúrgica: bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas da cirurgia. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2004, p. 716-725. MARTINELLI, R. D. Pneumonias. Revista perspectivas médicas, v. 12, p. 38-39, jan/dez. 2001. MARTINS, I. de S. Complicações pulmonares no pós-operatório de cirurgias abdominais altas com ou sem acompanhamento fisioterapêutico. Fisioterapia em movimento, v. XIII , n. 1, abr/set. 1999, p. 145-156. McALISTER, F. A. et al. Accuracy of the preoprerative assessment in predicting pulmonary risk after nonthoracic surgery. American Journal of Respiratory and cr itical care medicine, v. 167, p. 741-744, 2003. MEYERS, W. C.; RICCIARDI, R. Função. In: TOWNSEND, C. M. Sabiston tratado de cirurgia: as bases biológicas da pratica cirúrgica moderna. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003, p. 1103-1111. MEYERS, W. C.; RICCIARDI, R.; CHARI, R. S. Fígado. In: TOWNSEND, C. M. Sabiston tratado de cirurgia: as bases biológicas da pratica cirúrgica moderna. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p.1094-1103, 2003. NAKAGAWA, M. at al. Relationship between the duration of the preoperative smoke-free period and the incidence of postoperative pulmonary complications after pulmonary surgery. Chest, v. 120, n. 3, p. 705-710, set. 2001. NOMA, H. H.; MALTA M. A.; NISHIDE, V. M. Enfermagem em unidade de terapia intensiva : assistindo ao paciente em pós-operatório na uti - aspectos gerais. 2001. Disponível em: <http:// http://www.hospvirt.org.br/enfermagem/port/posoputi.htm>. Acesso em: 3 maio 2005. OLIVEIRA, R. A de. Quanto à ética na realização da gastroplastia em pacientes reconhecidamente por tadores de obesidade. Disponível em: http://www.cremesp.org.br/legislacao/pareceres/parcrm/11319_1998.htm. Acesso em: 09 maio 2005. PALASTANGA, N.; FIELD, D.; SOAMES, R.Anatomia e movimento humano: estrutura e função. 3. ed. São Paulo: Manole, 2000. 765 p.

82

PANCREAS. Disponível em:<http://iris.cnice.mecd.es/biosfera/alumno/ 3ESO/Sistendo/Imagenes/pancreas.jpg>. Acesso em: 2 junho 2005. PELLEGRINI, C. A. assistência pós-operatória. In: WAY, L. W. Cirurgia: diagnostico e tratamento. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993, p. 11-17. PEREIRA, C. A. C. Espirometria. In:______.J. Pneumol, p. S1- S16, out. 2002. PEREIRA, C. A. de C.; CARVALHO, C. R. R. de.; NAKA TANI, J. Pneumologia: atualização e reciclagem, Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia. São Paulo: Atheneu, 1996. 336 p. PEREIRA, E. D. B.; FARESIN, S. M.; FERNANDES, A. L. G. Morbidade respiratória nos pacientes com e sem sindrome pulmonar obstrutiva submetidos a cirurgia abdominal alta. Rev. Assoc. Med. Bras. v 46, n 1, jan/mar. 2000. PEREIRA, E. D. B.; FERNANDES, A. L. G.; ANCAO, M. da S. et al. Prospective assessment of the risk of postoperative pulmonary complications in patients submitted to upper abdominal surgery. São Paulo Med. J., v.117, n. 4, p.151-160, jul. 1999. PINOTTI, Henrique Walter. Tratado de clínica cirúrgica do aparelho digestivo. São Paulo: Atheneu, 1994. 2 v. PINTO, C. E et al. Estudo da morbi-mortalidade relacionado à gastrectomia à D2. Revista Brasileira de cancerologia, v. 47, n. 4, p. 397-401, out/nov/dez. 2001. PONTES, L. N.; PEZZO, T. H.; GARCIA, R. C. P. Alterações da mecânica respiratór ia em pós-operatór io de gastroplastia. Disponível em: <http://www.pupcaldas.br/graduacao/fisioterapia/trabalhos/cr_20.htm>. Acesso em: 10 dezembro 2004. PRYOR, J. A.; WEBBER, B. A.Fisioterapia para problemas respiratór ios e cardíacos. 2. ed Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002, 366 p. RATTO, O. R. Avaliação do pré e pós-operatório risco cirúrgico. In: BETHLEN, N. Pneumologia. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 1998, p.703-713. RATTO, O. R.; JARDIM, J. R. B. Diagnostico funcional. In: TARANTINO, A. B. Doenças pulmonares. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997, p. 147-160. REGENGA, M. M. Fisioterapia em cardiologia: da UTI à reabili tação. São Paulo: Roca, 2000. RIDLEY, S. C. Cirurgia em adultos. In: PRYOR. J.A.; WEBBER, B. A. Fisioterapia para problemas respiratór ios e cardíacos. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002, p. 210-233. RIGATTO, M. Insuficiência respiratória. In: TARANTINO, A. B. Doenças pulmonares. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997, p. 867-876.

83

RODRIGUES, J. J. G. Cirurgia do esôfago.In: GOFFI, F. S. Técnica cirúrgica: bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas da cirurgia. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2004, p. 512-527. SAAD, I. A. B. e ZAMBOM, L. Variáveis clínicas de risco pré-operatório. Rev. Assoc. Med. Brás, v. 47, n. 2, p.117-124, abr/jun. 2001. SAAD, I. A. B.; DE CAPITANI, E. M.; TORO, I. F. C. et al. Clinical variables of preoperative risk in thoracic surgery. São Paulo Med. J., v. 121, n. 3, p.107-110, 2003. SANTOS, M. I. V. Repercussão funcional respiratória após colecistectomia aberta e videolaparoscópia. Jornal de Pneumologia, supl. 1, set., 1996. SCANLAN, C. L.; WILKINS, R. L.; STOLLER, J. K. Fundamentos da terapia respiratór ia de Egan. 7 ed. Sao Paulo: Manole, 2000. SCHWARTZ, S. S. Pr incípios de cirurgia. 6. ed. Portugal: McGraw-Hil l, 1995. 930p. SILVA, L. C. C. da et al. Condutas em pneumologia. Rio de Janeiro: Revinter, v 2, 2001. SILVERIA, I. C. da.O pulmão na prática médica. v. 2. 4. ed. Rio de Janeiro: Ed. de Publicações Biomédicas, 2000. SMETANA, G. W. Preoperative pulmonary evaluation. The New England Journal of Medicine, v. 340, n. 12, p. 937-944, 1999. SOUZA, R.V et al. Complicações pulmonares após cirurgias abdominais altas: o papel da fisioterapia respiratória. Disponível em: < http://www.hcanc.org.br/acta/2002/acta02_19.html> Acesso em: 18 nov. 2004. STAUB, N. C. O sistema respiratório. In: BERNE, R. M.; LEVY, M. N. Fisiologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000, p. 487-502. SITTIG, K. M.; ROHR, M. S.; McDONALD, J. C. Abdome. In: TOWNSEND, C. M. Sabiston tratado de cirurgia: as bases biologicas da pratica cirúrgica moderna. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003, p. 843-857. TARANTINO, A. B. Pneumonias. In:______.Doenças pulmonares. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997, p. 201-276. TANDON, S. et al. Peri-operative risk factors for acute lung injury after elective esophagectomy. Br itish Journal of America, v. 86, n. 5, p.633-638, 2001. TEIXEIRA, L.; ANTILA, M. A.; CASTRO, F. F. M. Sistema respiratório. In: GHORAYEB, N.; BARROS, T. O exercício: preparação fisiológica, avaliação médica, aspectos especiais e preventivos. São Paulo: Atheneu, 1999.

84

THOMPSON, J. C.; TOWNSEND, C. M. In: TOWNSEND, C. M. Sabiston tratado de cirurgia: as bases biológicas da pratica cirúrgica moderna. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 710-727, 2003. TORRINGTON, K. G.; HENDERSEN, C. J. Perio-operative respiratory therapy program of postoperative risk assesment and individualised postoperative care. Chest, v. 93, n. 5, p. 946-51, 1988. VALENTINO, J. A. M. O uso de CPAP no pós-operatór io abdominal superior . Disponível em: <http://paginas.terra.com.br/saude/fisioajuda/CPAP%20e%20cirurgia%20 abdominal.htm>. Acesso em: 15 maio 2005. VASCONI, L. Importância da fisioterapia respiratória pré-operatória para pacientes submetidos a colecistectomia por laparotomia. Revista Brasileira de Fisioterapia VIEIRA, S.; HOSSNE, W. S. Metodologia científica para a área de saúde. Rio de Janeiro: Campus, 2002. VITTA, A. de. Atuação preventiva em fisioterapia. Bauru: EDUSC, 1999. 109 p. WEST, John B. Fisiopatologia pulmonar moderna: John B. West ; tradução de Nelson Gomes de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Manole, 1996. 214 p. WILLIANS-RUSSO, P. Predicting postoperative pulmonary complications. Is it a real problem? Arch. Interm. Med, v. 152, p. 1209-1213, 1992. ZIN, W. Fisiologia do sistema respiratório. In: BETHLEN, N. Pneumologia. 4. ed. São Paulo: Atheneu, p. 39-54, 1998. ZWISCHENBERGER, J. B.; ALPARD, S. K.; ORRINGER, M. B. Esôfago. In: TOWNSEND, C. M. Sabiston tratado de cirurgia: as bases biológicas da pratica cirúrgica moderna. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 777-826, 2003.