choque espinhal

Upload: guilherme-moura

Post on 08-Jul-2015

887 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAU CCS DEPARTAMENTO DE BIOFSICA E FISIOLOGIA DISCIPLINA: FISIOLOGIA PARA MEDICINA PROFESSORA: ELMARENE SILVA ATHAYDE

CHOQUE ESPINHALMaria Darisa de Sousa Policarpo

Teresina, 23 de agosto de 2011.

O choque espinhal ocorre quando a medula espinhal abruptamente transeccionada nos nveis cervicais altos (acima de C5, C6). De incio todas as funes da medula espinhal (motora, sensitiva, reflexos espinhais) esto ausentes. Em condies normais, os neurnios espinhais so constantemente excitados pelos centros superiores atravs de descargas de suas fibras nervosas. O comprometimento das funes da medula espinhal d-se, principalmente, pela leso das fibras dos tratos retculo-espinhal, vestbulo-espinhal e crtico-espinhal. Aps a perda de sua fonte de impulsos excitatrios, os neurnios espinhais aumentam sua prpria excitabilidade, compensando, ainda que parcialmente, essa perda. Entre as funes espinhais que so afetadas, podemos citar: a queda instantnea da presso arterial, demonstrando o co mprometimento do Sistema Nervoso Simptico, que originalmente tem a funo de controlar a presso arterial atravs da constrio dos vasos sanguneos; bloqueio de todos os reflexos musculares esquelticos, que podem ser recuperados em um perodo indeterminado, que pode durar de semanas, meses e at anos; supresso dos reflexos sacrais que controlam a evacuao do clon e o esvaziamento da bexiga. De acordo com o artigo Spinal shock revisited: a four-phase model, publicado no site da revista Nature, o estado de choque espinhal pode ser dividido em 4 fases de acordo com a evoluo do quadro clnico. A primeira fase , que ocorre nas primeiras 24 horas aps a leso, caracteriza-se por uma perda total ou parcial dos reflexos espinhais. Os msculos esto flcidos e paralisados devido perda do tnus muscular, os neurnios espinhais esto menos excitveis, ocorre a degenerao das sinapses, alm de hipotenso e bradicardia. Na segunda fase, ocorre o incio da recuperao de alguns reflexos (os reflexos cutneos tornam-se mais fortes) e a Hipersensibilidade por desnervao, mecanismo em que ocorre o aumento dos receptores (u p-regulation) nas membranas ps-sinpticas das clulas efetoras, aumentando a sensibilidade dos neurnios em at 10 vezes. A principal caracterstica da terceira fase, que pode durar de 1 a 12 meses, a hiperreflexia (reflexos altamente responsivos a pequenos estmulos). Tambm ocorre uma melhoria da bradicardia e da hipotenso. A ltima fase (1 a 12 meses) apresenta a espasticidade, fisiopatologia onde o tnus muscular est aumentado, podendo estar ou no acompanhado de movimentos involuntrios. Acredita-se que esse quadro de espasticidade ocorre devido leso das fibras (retculo-espinhais) que em condies normais inibiri am os motoneurnios alfa e gama. J que a inibio no ocorre, ocorre um aumento da excitabilidade dos motoneurnios. A recuperao da bexiga pode ocorrer de 4 a 6 semanas e, durante o estado de choque espinhal, ela deve ser monitorada para evitar infeces ou clculos no trato urinrio. O reflexo bulbocavernoso (controlado pelos segmentos sacrais da medula espinhal) de extrema importncia na avaliao do choque espinhal. A partir desse

reflexo possvel determinar se o paciente j superou este quadro clnico. A estimulao do pnis ou clitris provoca uma resposta que faz o esfncter anal contrair-se. Essa contrao ocorre em situaes normais, no entanto, em pacientes com choque espinhal esse reflexo bloqueado.

O sinal de Babinski um reflexo patolgico que est presente na Sndrome do Neurnio Motor Superior. Aps um perodo inicial de paralisia flcida, instala -se uma paralisia espstica (com hipertonia e hiperreflexia). A presena do sinal de Babinski revela leso na via crtico-espinhal, assim como outras vias motoras, como a crticoretculo-espinhal e crtico-rubro-espinhal.

Referncias BibliogrficasGUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Mdica. 11 ed. Rio de Janeiro, Elsevier Ed., 2006. Angelo B.M.MACHADO. Neuroanatomia Funcional - Ed. Atheneu - Rio de Janeiro. JF Ditunno, JW Little, A Tessler and AS Burns. Spinal shock revisited: a four-phase model. Acesso em: 21/08/2011.