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BRONQUIOLITE OBLITERANTE: COMO OPTIMIZAR O DIAGNÓSTICO Dra Lidia Alice Gomes M M Torres Pneumologia Pediátrica – HCRP- FMUSP

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BRONQUIOLITE OBLITERANTE: COMO OPTIMIZAR O

DIAGNÓSTICODra Lidia Alice Gomes M M Torres

Pneumologia Pediátrica – HCRP- FMUSP

BRONQUIOLITE OBLITERANTE

Por que a

sibilância

grave e

crônica tem

sido tão

frequente?

Bronquiolite obliterante: etiologia

■ O VSR: 70% dos menores que 1 ano. RNV, ADV, metapneumoviruse bocavírus: restante dos casos.

■ 2,2 meninos: 1 menina

■ Países da América Latina e orientais (grande número de publicações) apresentam as maiores prevalências de cronicidade dos quadros virais: maior exposição aos fatores de risco ? Maior incidência dos vírus?

■ ADV maior risco de cronicidade: sorotipo 7h alta mortalidade

■ Estudos asiáticos tem reforçado a importância do M pneumoniae: segundo em frequência.

Acta Paediatr 2014; 103: 913-923.Jornal de Pediatria - Vol. 78, Supl.2, 2002

S189

Bronquioliteobliterante: etiologia e histórico• 1901: primeiras descrições do quadro: pós viral.

• ADV: 72% pode evoluir para cronicidade na América

Latina. VSR: em torno de 20 a 30 %.

• 1970: Qualquer agressor das vias aéreas pode

desencadear o processo:

• Aspiração crônica, DRGE, qualquer processo

infeccioso, inalação de fumaça ou gases,

quimioterapia.

• Pós transplante e como parte do GVHD: semelhança

de evolução e patologia.

Bronquiolite obliterante: definição

■ É uma doença obstrutiva pulmonar, subaguda ou crônica, grave e incapacitante,

■ Agressão extensa às vias aéreas de pequeno calibre, mas pode atingir o interstício, ductos alveolares e alvéolos.

■ O quadro deve prolongar-se por 4 a 6 semanas, de forma ininterrupta ou com períodos de agravamento;

■ É comum a utilização de oxigênio ou suporte ventilatório por todo o período ou algumas fases de agudização (gravidade)

Thorax. 2006; 6: 503-6.

Expert Rev Respir Med. 2019 Feb 23:1-8

PREVALÊNCIADE

PUBLICAÇÕESMUNDIAIS

SOBRE O TEMA: A HRCT MUDOU

O DIAGNÓSTICO

Bronquiolite obliterante: fisiopatologia

Agressão inflamatória

Obstrução células e

tecido conj.

Substituição por colágeno

Destruição do epitélio

Amplificação da resposta

infl.

Deposição de Imunocomplexos

■ Pode ocorrer por persistência do Vírus (ADV)

■ Aumento de IL6, IL8 e TNF-alfa, 1alfa-kappa B

■ Atração de neutrófilos e agravamento da inflamação

J Pediatr 2002; 78: S187-S194.

Cytokine. 2015 May;73(1):156-62

Bronquioliteobliterante:

fisiopatologia

■ Encontro de dois tiposde lesão patológicas:

– proliferativa: necrose e tecido de granulação polipoidecom destruição do epitélio.

– constritiva: tecido de granulação emcamadas concêntricas.

A BIÓPSIAPULMONAR É

PADRÃO OUROPARA O

DIAGNÓSTICO, MAS APRESENTAELEVADO RISCO.

SINAIS DE BOOP: COMPROMETIMENTOSE EXTENDE ATÉ O

ALVÉOLO.

Bronquiolite obliterante: quadro clínico■ Tosse, chiado e dispnéia

progressivos e graves após quadro de bronquiolite viral aguda por mais de 6 semanas

■ Hiperinsuflação

■ Necessidade de uso de oxigênio episódica ou perene.

■ Resposta deficiente ao uso de broncodilatadores ou corticóides, mas existe uma resposta parcial.

■ Desnutrição proteico-calórica: consumo calórico exagerado pelo trabalho respiratório ou falta de oxigenio

SÍNDROME DO PULMÃO HIPERLUSCENTE UNILATERAL

O rx pode não mostrar os sinais maisimportantes, mas é o que indica, junto com a clínica, a realização da tomografia!

Bronquiolite obliterante: diagnóstico

■ Padrão ouro: biópsia a céu aberto

■ Estudo multicentrico emSão Paulo: Quadro clínico sugestivo maistomografia com achadoscaracterísticos: podemdar o diagnóstico

BO: critérios para diagnóstico clínico

■ História prévia de bronquiolite viral aguda ou outro agravo em criança previamente saudável;

■ Obstrução das vias aéreas detectada pelo exame físico e/ou por testes de função pulmonar que persistem por mais de 6 semanas após o evento inicial, apesar do uso de broncodilatadores e esteróides;

■ HRTC exibindo Bronquiectasia e/ou padrão de mosaico;

■ Excluir: fibrose cística, asma grave, displasia broncopulmonar, aspiração de corpo estranho, pneumonia aspirativa associada a refluxo gastroesofágico, traqueomalácia, tuberculose, AIDS e outras doenças da imunodeficiência.

Intractable & Rare Diseases Research. 2015; 4(1):7-11.

Bronquiolite obliterante: diagnóstico

■ HRCT findings in children withbronchiolitis obliterans HRCT findings(n = 40)

■ Mosaic perfusion pattern 29 (72.5%)

■ Bronchial wall thickening 18 (45%)

■ Atelectasis 16 (40%)

■ Alveolar filling 12 (30%)

■ Bronchiectasis 11 (27.5%)

■ Hyperinflation 5 (12.5%) Air trapping5 (12.5%)

■ Swyer-James-MacLeod syndrome 1 (2.5%)Orphanet Journal of Rare Diseases 2014, 9:128

Função Pulmonar Jornal de Pediatria - Vol. 78, Supl.2, 2002

S189

INVERSÃO DO PADRÃO DE

VASCULARIZAÇÃO

Critérios de pontuação de Collon e Tepper

História médica típica: 4 pontos

Infecção viral comprovada por ADV: 3 pontos

HRCT mostrando padrão de hipoatenuação em mosaico.

Sensibilidade: 100%

Especificidade: 67% Pediatr Pulmonol 44: 1065-1069, 2009.

Tratamento

Estudos confirmando a eficácia dos corticosteroides na BO não existem

Mediadores inflamatórios sugerem perfilde resposta mediado imunologicamente

Quadros mais graves justificam a realização da tomografia e o uso de corticosteroides orais ou em pulsoterapia

Qual a melhor forma de usar o corticóide?

Bronquiolite obliterante: Tratamento com corticóides orais

■ Precisam sem usados a longo prazo, mas iniciar redução assim que houver controle clínico do quadro.

■ Muitas vezes são a única opção: aumento da frequência dos quadros.

■ Dose 1mg/kg/dia, dado pela manhã, diariamente ou em dias alternados, após controle do quadro.

■ Procurar utilizar pelo menor período possível

■ Azitromicina ou corticóide inalatório podem ser associados mas com resultados pouco expressivos.

Exp Ther Med. 2015 Jun; 9(6): 2379–2383

Tratamento optimizado da BO: corticosteróides inalatórios.

■ Raríssimos trabalhos demonstrando boa resposta a esse tratamento

■ Lesões com poucos sinais de desorganização no CT e pouco comprometimento periférico.

■ Sem dependência de oxigênio e com dispnéia leve ou moderada

■ Presença de sinais de hiper-reatividade brônquica

■ História familiar de asma ou alergia

■ Estudo mostra tratamento a prazo muito longo (1-3 anos), mantendo inclusive broncodilatadores.

World J Pediatr. 2018 Oct;14(5):498-503

BO: tratamento com pulsoterapia.

■ Pulsoterapia: redução dos efeitos colaterais com potencialização dos efeitos

terapêuticos.

■ Estudos bastante recentes demonstrando eficácia, com poucos efeitos colaterais.

■ Inconvenientes: criança precisa ser internada ou fazer em hospital dia, por 3 dias seguidos.

■ Necessidade de punção venosa.

■ Carência de leitos ou locais onde realizar.

Orphanet J Rare Dis.

2014;15:128.

BO: EFICÁCIA DA PULSOTERAPIA

Orphanet J Rare Dis.

2014;15:128.

Tratamento da BO: macrolídeos

■ Na BO pós transplante os macrolídeosapresentam boa resposta

■ Seriam drogas de fácil administração jáutilizadas em outras doenças crônicas

■ Efeito anti-inflamatório e de redução de neutrófilos confirmado em várias doençaspara a azitromicina.

■ Poucos trabalhos em BO pós-infec.

■ Resultados promissores

Azitromicin

a

EXPERIMENTAL AND THERAPEUTIC

MEDICINE 9: 2379-2383, 2015

Conclusões■ As doenças respiratórias obstrutivas graves têm se tornado mais frequentes,

principalmente na Amèrica Latina e países asiáticos: fatores de risco??maior frequência de alguns vírus?

■ Alta prevalência de infecções virais na infância: VSR pode cronificar em 20-30% e ADV 70%

■ Podem existir outros agressores para as vias aéreas como os quadros aspirativos, as inalações de fumaça e calor, outras infecções, ventilação mecânica por tempo prolongado, quimioterapia, transplantes.

■ Processo inflamatório desencadeado imunologicamente e com implicação de neutrófilos, que culmina na destruição do epitélio e deposição de colágeno com obliteração da via aérea.

■ Dois tipos de obstrução do brônquio: obliteração e por constrição.

Conclusões

■ O quadro clínico é significativo: tosse, sibilância e dispnéia graves, mantendo dependência de oxigênio em algum período, que perdura por 6 semanas ou mais, de forma ininterrupta.

■ O diagnóstico teve uma melhora após o advento e facilitação da realização da tomografia, que deve ser indicada, entretanto, cuidadosamente

■ O diagnóstico pode ser feito se estiver associado a sinais de aprisionamento aéreo localizado ou difuso no pulmão e outros achados como padrão de hipoatenuação em mosaico, espessamento brônquico, bronquectasias e preenchimento alveolar.

■ O tratamento ainda não está bem estabelecido, mas a maioria dos estudos demonstra resposta com costicosteróides, para controle dos quadros inflamatórios.

■ A azitromicina pode se colocar como opção terapêutica principal ou coadjuvante.

■ A pulsoterapia tem sido utilizada com resultados promissores e poucos efeitos colaterais

Obrigada!

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