aula 5 - estratégias para a produção de alimentos e planejamento alimentar
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AGROCURSO CONFINAMENTO DE GADO
DE CORTE
AULA 4 – ESTRATÉGIAS PARA
PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E
PLANEJAMENTO ALIMENTAR
Juliano Ricardo Resende – Zootecnista, professor de nutrição de
ruminantes nas Faculdades Associadas de Uberaba
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SUMÁRIO
1 – ESTRATÉGIAS PARA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS USADOS NO
CONFINAMENTO............................................................................................... 3
1.1 – Alimentos conservados na forma de silagens ....................................3
1.1.1 - Silagem de milho..................................................................................6
1.1.2 – Silagem de sorgo ................................................................................19
1.1.3 – Silagem de cana ..................................................................................31
1.2 – Bagaço de cana de açúcar.................................................................... 33
2 – PLANEJAMENTO ALIMENTAR...........................................................40
3 - REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA................................................................ 41
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1 – ESTRATÉGIAS PARA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS USADOS NO
CONFINAMENTO
O custo de produção da carne em confinamento é alto onde dentre eles,
a alimentação é sem dúvida o que mais onera este modelo de sistema de
produção. Certamente reduzir custos é a meta, porém nem sempre as
tentativas terminam com êxito. Produzir alimentos exige conhecimento e
tecnologia além de alto investimento em máquinas que aumentam a eficiência
do processo.
Neste tópico focaremos na produção de alimentos volumosos visto que
os concentrados via de regra são adquiridos fora da propriedade.
Alimentos volumosos são aqueles alimentos de baixo teor energético,
com altos teores em fibra ou em água. Possuem menos de 60% de NDT e ou
mais de 18% de fibra bruta (FB) e podem ser divididos em secos e úmidos.
São os de mais baixo custo na propriedade. Os mais usados para os bovinos
de corte são as pastagens naturais ou artificiais (braquiárias e panicuns em
sua maioria), capineiras (capim elefante), silagens (capim, milho, sorgo),
cana-de-açúcar, bagaço de cana hidrolisado; entre os menos usados estão:
milheto, fenos de gramíneas, silagem de girassol, palhadas de culturas, etc.
Alimentos concentrados são aqueles com alto teor de energia, mais de
60% de NDT, menos de 18% de FB, sendo divididos em energético, com
menos de 20% de proteína bruta (PB) e protéicos, com mais de 20% de PB.
Vimos que é possível trabalhar com dietas de alto grão porém
recomenda-se a inclusão de fibra longa em dietas de ruminantes.
1.1 – Alimentos conservados na forma de silagens
A conservação de forragem permite um melhor suprimento de alimento
quando a produção das pastagens é baixa ou para utilização em sistemas de
confinamento. As técnicas de fenação e ensilagem têm sido praticadas por
gerações, dessa forma, o entendimento dos processos que ocorrem são
necessários para assim empenharmos esforços na obtenção de volumosos
conservados de qualidade, dando-nos subsídios para o desenvolvimento de
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sistemas que minimizem as perdas e preservem a qualidade do alimento
durante o armazenamento.
Os efeitos das plantas, dos microorganismos e de processos químicos
na qualidade da silagem dependem da natureza do processo, tempo de
ensilagem e condições ambientais. Em geral, o processo fermentativo da
silagem pode ser dividido em 4 principais fases:
• Pré-fechamento;
• Fermentação ativa;
• Fase estável;
• Abertura do silo
A fase de pré-fechamento representa o tempo entre o início do
enchimento do silo até seu fechamento. Nesta fase o oxigênio ainda é
presente e o processo dominante que afeta a qualidade da forragem é a
respiração da planta, geralmente perceptível pela elevação de temperatura da
forragem. Dessa forma, a respiração nesta fase não somente poderá causar
perdas de MS, como também induzir a processos comandados pela
temperatura, como é o caso da reação de Maillard, onde aminoácidos e
açúcares se complexam, tornando parte do nitrogênio indisponível.
Enzimas são libertadas pela ruptura celular, fazendo com que proteínas
sejam quebradas em compostos como peptídeos e aminoácidos livres e
carboidratos em açúcares simples. A ruptura das células, dessa forma,
fornece substrato para crescimento de microrganismos.
Uma vez fechado o silo, a respiração da planta remove o oxigênio
remanescente em questão de horas (Pitt et al., 1985), dessa forma, quando
condições anaeróbias prevalecerem, inicia-se a fase de fermentação. Ocorre
quebra das células das plantas, as quais liberam mais quantidades de
conteúdo celular, geralmente visualizado por perdas de efluentes (contendo
carboidratos solúveis e frações nitrogenadas).
A lise das células da planta também fornece substrato para o
crescimento microbiano anaeróbio. Enterobactérias e bactérias ácido láticas
(BAL) normalmente prevalecem neste ambiente de 1 a 3 dias após o
fechamento do silo. Entretanto, uma vez que o pH é reduzido abaixo de 5, a
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população de enterobactérias declina rapidamente, tornado-se as BAL os
principais microrganismos na silagem.
Esses grupos de bactérias fermentam principalmente açúcares, sendo
que a enterobactéria produz principalmente ácido acético e a BAL produz
principalmente ácido lático. Outros produtos desses dois grupos incluem
etanol, 2,3-butanodiol, ácido succínico, ácido fórmico e manitol (McDonald,
1991). O crescimento ativo das BAL varia de 1 a 4 semanas, decrescendo o
pH para valores entre 3,8 a 5,0, sendo este dependente do conteúdo de
umidade, poder tampão e conteúdo de açúcares solúveis da forrageira.
Uma vez que a queda do pH seja suficiente para inibir o crescimento
microbiano ou ocorra exaustão de substratos, a BAL torna-se inativa, e sua
população decresce (Muck, 1991).
A terceira principal bactéria anaeróbia, Clostridium, tem o maior efeito
de dano na qualidade da silagem caso o pH não seja reduzido
suficientemente, podendo levar a produção de ácido butírico e aminas. Este
tipo de fermentação leva a considerável perda de matéria seca, e seus
produtos formados reduzem a aceitabilidade do alimento pelos animais
(McDonald et al., 1991).
Muitas das leveduras presentes na silagem são microrganismos
aeróbios, sendo que essa população rapidamente decresce com a exaustão
do oxigênio. Entretanto, algumas destas podem fazer parte da fermentação e
serem suficientemente ativas para redução no valor nutritivo da forragem,
produzindo etanol (Muck et al., 1992). Fungos e bactérias ácido acéticas
declinam rapidamente neste período de ausência de oxigênio, e bacilos
podem fermentar açúcares, formando produtos similares aos das
enterobactérias (McDonald, 1991).
As reações de Maillard podem continuar a ocorrer durante a fase de
fermentação ativa se a temperatura atingida na fase anterior for
suficientemente alta. Sob ambiente de baixo pH a hidrólise ácida da
hemicelulose poderá ocorrer, com conseqüente aumento de açúcares
solúveis, notadamente xilose (WOOLFORD, 1984, McDONALD et al., 1991).
Após o término da atividade microbiana, devido ao baixo pH ou ao
esgotamento de substrato, a fase estável do armazenamento se inicia. Com
fechamento adequado do silo, pouca difusão de ar ocorre entre a lona e/ou
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concreto. Durante a fermentação ativa, o oxigênio pode ser utilizado pela
respiração das plantas, porém nesta fase com entrada de oxigênio ao silo,
este poderá ser utilizado por microrganismos aeróbios ou anaeróbios
facultativos, sendo que esse crescimento microbiano traduz-se em perdas de
componentes digestíveis da forragem ensilada.
Além disso, o crescimento de alguns fungos pode produzir micotoxinas
prejudiciais aos ruminantes (Woolford, 1990). Como ácidos são utilizados por
esses microrganismos aeróbios, a conseqüente elevação do pH poderá
permitir também o desenvolvimento de bactérias do gênero Listeria, sendo um
patógeno para animais e humanos (Woolford, 1990). O crescimento da BAL
na presença de oxigênio pode resultar na conversão de ácido lático a ácido
acético.
Quando o silo é aberto o final do processo se inicia. O oxigênio presente
na face do silo poderá entrar na massa de silagem, gerando substancial
crescimento de microrganismos aeróbios, os quais causam aquecimento e
perdas de MS. O aquecimento inicial é causado por leveduras ou bactérias
ácido acéticas, bacilos e fungos desenvolvem-se posteriormente caso a
forragem não seja rapidamente consumida.
1.1.1 – Silagem de milho
Neste material daremos foco na produção de silagem de milho visto que
os processos de ensilagem são os mesmos para as demais forrageiras. Na
seqüência citaremos apenas as particularidades de cada forrageira neste
método de conservação.
O planejamento da lavoura destinada à ensilagem inicia pela escolha do
híbrido. Antes de tudo, o híbrido escolhido deve ter boa estabilidade
agronômica, com maior tolerância a pragas e doenças, de modo que possam
expressar as características produtivas desejadas, como alta produção de
forragem (matéria seca - MS) e com grande participação de grãos no seu
conteúdo. O produtor deve seguir as recomendações agronômicas
(posicionamento) considerando as peculiaridades para sua região (altitude,
solo, clima, etc) e período de cultivo (verão ou safrinha).
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Para que a planta de milho expresse todo seu potencial genético de
produção é recomendável que o produtor conduza a lavoura na principal época
de plantio da região, adequando a população de plantas de acordo com os
híbridos.
Nos plantios do cedo, na safra de verão, tem-se observado aumento de
rendimento com maior população de plantas, o que requer adubações mais
elevadas e equilibradas. Assim, a planta expressa ao máximo o seu potencial
genético e, consequentemente, maior rendimento de silagem é obtido.
Para atingir a população de plantas desejada é necessário considerar
aspectos importantes como o manejo de plantas daninhas e controle das
pragas iniciais, garantindo a maior quantidade de espigas viáveis no momento
de corte para a silagem.
Além disso, para a semeadura, a plantadeira deve estar revisada e
devidamente regulada. Quanto à velocidade, o operador deve assegurar que a
máquina esteja entre 4 e 5 km/h. É fundamental inspecionar diariamente a
plantadeira para providenciar eventuais ajustes necessários.
A redução do espaçamento permite que as plantas obtenham um melhor
aproveitamento da luz, água e nutrientes, que resulta em maior eficiência no
processo de fotossíntese, propiciando maiores produtividades. Para aumentar
a produtividade em espaçamentos reduzidos devemos seguir o posicionamento
técnico de cada hibrido levando em consideração o manejo adequado para a
época de plantio, a susceptibilidade às doenças, a população de plantas e,
principalmente, o nível de fertilidade da área.
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Diferente da lavoura para produção de grãos, o milho para silagem leva
para o silo maior quantidade de nutrientes, ou seja, o milho que vai para o silo
acarreta diminuição da matéria orgânica, bem como a reciclagem de nutrientes
do solo.
Todo nutriente extraído é exportado da área, necessitando de
monitoramento constante, através de análise de solo para correção e
manutenção da fertilidade do mesmo.
Os dados descritos na tabela 1 reforçam a importância de usar
adubação adequada, com equilíbrio entre os nutrientes, para obter alto
rendimento na produção de silagem. Além disso, para obter alto volume de
massa verde e matéria seca e, consequentemente, aumentar a participação de
grãos na massa ensilada, deve-se lembrar dos cuidados descritos no capítulo
anterior. Isso resultará em uma silagem de alta qualidade nutricional.
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Obviamente as adubações deverão ser feitas por um especialista na
área. Vimos na tabela 1 que a extração de nutrientes para uma lavoura com
produção média de 15,3 toneladas de matéria seca por exemplo é de 181 kg
de nitrogênio, 21 kg de fósforo, 213 kg de potássio, 41 kg de cálcio e 28 kg de
magnésio. Isso significa que ao menos o que foi extraído deve ser reposto pro
solo considerando pelo menos 20% de perdas.
Na silagem de milho os grãos devem representar de 40 a 50% da
matéria seca produzida pela planta, por ser a fração de maior valor energético
e digestibilidade.
Nutricionalmente, silagens com maior participação de grãos e boa
qualidade de planta tem maior digestibilidade e valor nutritivo, permitindo maior
consumo pelos animais. Isso possibilita aumento na produtividade e reduz a
necessidade de suplementação com concentrados.
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O ponto ideal de corte, ou seja, o momento ideal da colheita, é quando a
planta acumula a maior quantidade de MS de melhor qualidade nutricional. Em
geral, este ponto se dá quando os grãos atingem o estádio de farináceo-duro
(grão na metade da “linha do leite” – foto 1), e a planta toda pode ter teores de
MS entre 32 e 38%, dependendo principalmente da sanidade de colmos e
folhas no momento da ensilagem.
A antecipação do corte da silagem acarreta sensível redução na sua
qualidade e, consequentemente, no seu potencial de transformação em leite e
carne. Conforme indicado na tabela 3, o ponto ideal de corte é quando a planta
alcança teores de matéria seca próximos de 35%. Embora teores mais
elevados de matéria seca apresentem maiores valores de energia digestível
(NDT) e maiores produtividades de leite e carne por hectare, decorrentes da
maior proporção de grãos na planta, não é recomendável a colheita neste
ponto em função da dificuldade de corte da forragem, processamento de grãos
e posterior compactação.
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A altura de corte deve ficar entre 25 a 30 cm do solo. Dessa maneira
evita-se o recolhimento de solo na colheita, reduzindo a presença de
microrganismos indesejáveis ao processo de ensilagem (contaminação), bem
como o desgaste da ensiladeira pela ação da areia.
Conforme indicado na tabela 4, a elevação da altura de corte melhora a
qualidade da forragem, em decorrência da redução da participação de colmo e
folhas e, consequentemente, do aumento nas proporções de grãos, o que
determina o aumento nos valores dos nutrientes digestíveis totais (NDT).
Entretanto, as estimativas econômicas de retorno por quilograma de NDT, leite
e carne por hectare não indicam a viabilidade econômica da elevação da altura
de corte das plantas de milho para produção de silagem.
A metodologia padrão recomendada para avaliação do tamanho das
partículas é o Separador de Partículas Penn State (“Penn State Box”),
desenvolvido pela Pennsylvania State University. Trata-se de um conjunto de
bandejas perfuradas com malhas de diâmetros diferentes, dispostas umas
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sobre as outras. A superior tem orifícios de 19 mm; a segunda, de 8 mm; a
terceira, de 1,18 mm; e a bandeja inferior não tem aberturas (caixa).
No geral, recomenda-se que a regulagem da ensiladeira esteja entre 4,5
a 6,5mm, para máquinas com 10 facas de corte, ou 7 a 10mm para máquinas
com 12 facas de corte.
Silagens com tamanho ideal de partículas propicia maior consumo
(sobretudo de fibras), diminui as sobras no cocho, aumenta o aproveitamento
(digestibilidade) do grão e facilita a compactação da silagem, melhorando o
processo de fermentação
Regulagens de corte:
• 5 a 7 mm – ensiladeiras com 10 facas de corte.
• 7 a 10 mm – ensiladeiras com 12 facas de corte.
Maquinas forrageiras de grande porte (auto-propelidas) têm grande
eficiência operacional, possibilitando uma colheita mais rápida dentro do
momento ideal para corte, menor tempo para enchimento e fechamento do silo.
Para que seja maximizadas a eficiência da colheita e a qualidade da
silagem alguns procedimentos devem ser seguidos:
• Combinar híbridos de diferentes ciclos e/ou escalonar o plantio para obter
maior janela de corte e amenizar riscos de eventuais atrasos na colheita.
• A velocidade de colheita da máquina deve ser de no máximo 9 km/h.
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• Ajustar o processador (cracker) para a máxima eficiência de quebra dos grãos
(ajustes próximos de 2mm são mais indicados)
• Fazer o enchimento de pelo menos dois silos simultaneamente para que as
descargas sejam feitas de maneira alternada durante a ensilagem.
• A compactação deve ser intensa e contínua.
A primeira preocupação deve ser com a quantidade de silagem a ser
retirada diariamente. A retirada diária de todo o painel (frente) do silo deve
contemplar uma profundidade superior a 25 cm, ou então, a retirada da metade
do painel por dia em profundidade superior a 50 cm.
A largura mínima do silo deve ser 1,5 vezes a largura do rodado do
trator, de modo que seja possível compactar toda a área interna do silo.
Sempre considere cerca de 20% a mais nas estimativas de armazenamento.
Se o processo de ensilagem for bem conduzido o tipo de silo pode ter pouca
interferência sobre a qualidade da silagem.
Silos do tipo trincheira facilitam a compactação e, geralmente,
possibilitam maiores quantidades de matéria verde/m3 que os silos de
superfície.
Silos de superfície também permitem que se tenham silagens de boa
qualidade. É interessante que estes sejam mais baixos para facilitar a
compactação, principalmente no abaulamento final do silo.
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Enchimento do silo
O enchimento do silo deve ser feito rapidamente. Para aumentar a janela
de corte, que permite recolher toda a silagem com teores próximos de MS,
recomenda-se a combinação de híbridos para explorar os diferentes ciclos,
respeitando as indicações agronômicas de cada um.
A divisão da área total da lavoura de silagem em dois ou mais talhões
também permite a colheita no ponto ideal e a otimização do uso das máquinas.
Silos menores são mais fáceis de compactar, permitindo melhor conservação
da silagem. Ademais, as retiradas diárias podem ser mais profundas, o que
preserva a qualidade do alimento.
Compactação
O tempo destinado para a compactação deve ser sempre maior do que o
tempo de corte da lavoura. A boa compactação exige tratores pesados, quando
disponíveis, mas, principalmente, a distribuição da forragem em camadas finas.
Quanto mais eficiente for a compactação maior será a densidade (em kg de
MS/m3) no silo. Além do melhor aproveitamento da capacidade do silo haverá
significativa redução das perdas. A densidade ideal para a silagem de milho
fica em torno de 550 a 700 kg/m3. Valores muito acima disso não são
recomendados, uma vez que, geralmente, resultam de silagens com teores
mais baixos de matéria seca, colhidas mais verdes.
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Fechamento do silo
A partir do momento em que o silo é fechado com lona plástica o
processo de respiração da massa ensilada continua até que todo o oxigênio
presente seja consumido. Depois disso, a temperatura diminui e se estabiliza,
predominando o processo de fermentação. Durante o tempo de conservação
não pode haver entrada de ar no silo.
Recomenda-se usar lonas de maior espessura (200 micra ou mais), com
boa vedação nas laterais, evitando possíveis infiltrações e boas cercas de
proteção ao redor dos silos. A lona deve ser colocada de trás para frente,
deixando espaço para que o ar saia pela frente do silo. Isso evita a formação
de bolsões de ar e, principalmente, que a presença de pesos (terra, pneus, etc)
sobre a lona empurre esse ar para dentro da massa ensilada, o que favoreceria
o aquecimento da forragem.
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Se optar por lona preta o produtor deve colocar uma camada uniforme
de terra para sua proteção e isolamento térmico. Para lonas plásticas dupla
face (preta e branca ou prata) a proteção pode ser dispensada, desde que o
material tenha maior espessura e proteção contra raios UVa e UVb.
O uso de materiais orgânicos como capim deve ser evitado, pois cria um
ambiente favorável à presença de roedores que pode causar severos danos na
lona, permitindo a deterioração e contaminação da silagem.
Processo de fermentação
A conservação da massa ensilada deve-se ao meio anaeróbico e a
acidez produzida pela fermentação. A ausência de oxigênio impede o
desenvolvimento de microrganismos de atividade aeróbica, como fungos e
leveduras.
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Na presença de oxigênio, as plantas recém-cortadas continuam
respirando, produzindo água, gás carbônico e calor, conforme representado
pela seguinte equação:
C6H12O6 + 6 O2 -> 6 CO2 + 6 H2O + Energia (Calor)
Por isso o silo deve ser fechado o mais rápido possível e a silagem deve
ser bem compactada. Se não houver oxigênio o processo de respiração cessa
e a silagem não aquece (não se perde mais energia).
Esta energia gasta para produzir calor é a mesma energia que o animal
utilizaria para produzir leite ou carne. Quanto menos a silagem aquecer mais
energia sobra para o animal.
Microrganismos da silagem
As plantas forrageiras ao serem ensiladas já contêm uma série de
microrganismos, alguns aeróbicos (fungos e bactérias) e outros anaeróbicos.
Esses microrganismos fazem parte da microflora epifítica.
As bactérias pertencentes ao grupo dos Lactobacillus, Streptococcus,
Leuconostoc e Pediococcus são responsáveis pela produção de ácidos
orgânicos, determinando o abaixamento do pH ao redor de 4,0, inibindo a ação
dos Clostridium.
Os Clostridium são os microrganismos indesejáveis, responsáveis pela
produção de ácido butírico e pela deterioração da silagem. São capazes de
converter o ácido lático em butírico, um ácido fraco que prejudica a eficiência
de abaixamento do pH, além de atacarem as proteínas.
O uso de aditivos microbiológicos (inoculantes), têm por finalidade, num
primeiro momento, aumentar a população de bactérias para acelerar a redução
do pH da silagem, devido principalmente a ação do ácido lático. Alguns
produtos apresentam bactérias específicas que promovem a produção de
outros ácidos orgânicos, principalmente o propiônico, que auxiliarão na
conservação da silagem após abertura do silo evitando a ação de
microrganismos deletérios como fungos, leveduras e bactérias aeróbias.
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Na figura abaixo estão correlacionados os teores de MS e pH da silagem
com a segurança na manutenção da sua qualidade. Nota-se que o corte com
teores de MS mais elevados tem-se mais segurança na conservação do que
em situações de corte mais cedo.
No entanto, nas situações de ponto de corte mais adiantado, corte
adequado das partículas e a boa compactação são fundamentais.
Retirada da silagem
A retirada da silagem deve ser de 25 a 30 cm em todo o painel ou
metade do mesmo a cada dia em camadas mais profundas (maneira preferida
por muitos). A finalidade é que se tenha menor desenvolvimento de fungos e
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leveduras na superfície da silagem, o que além de deteriorar o material pode
produzir micotoxinas que causam sérios danos à saúde animal.
1.1.2 – Silagem de sorgo
O sorgo pode ser plantado no Centro-Sul do Brasil de agosto até meado
de abril e seu uso para silagem se justifica pelas suas características
agronômicas, como alta produção de forragem, maior tolerância à seca e ao
calor, capacidade de explorar maior volume de solo, por apresentar um sistema
radicular abundante e profundo; pela possibilidade de se cultivar a rebrota, com
produção que podem atingir até 60% no primeiro corte, quando submetido a
manejo adequado. A produtividade de matéria seca de sorgo forrageiro, está
geralmente correlacionada com a altura da planta. O potencial de produção de
matéria seca aumenta com a altura da planta. A porcentagem de panículas
decresce a uma taxa menor nos híbridos de porte baixo ou médios, passando a
decrescer em uma taxa maior naqueles cultivares de porte muito alto; o inverso
ocorre em relação à porcentagem de colmos. A porcentagem de folhas
decresce com a elevação da altura, porém a uma taxa menor e constante. A
digestibilidade das partes da planta (colmos, folhas e panículas) tem marcada
influência sobre a digestibilidade da planta total. A digestibilidade das panículas
é sempre maior que das folhas e, geralmente, os colmos são as partes da
planta de menor digestibilidade. Entretanto existe uma acentuada variação
dentro de cada parte entre diferentes híbridos. O que sugere a possibilidade de
melhoria no valor nutritivo através da seleção de genótipos com melhor
equilíbrio colmo, folha e panícula, bem como pela seleção de linhagens de
maior digestibilidade das partes da planta.
O desempenho animal cresce com o aumento do conteúdo de grãos na
forragem. A maior percentagem de panículas, além de contribuir para o
aumento na qualidade da silagem, em função do seu melhor valor nutritivo, tem
uma participação muito grande na elevação da porcentagem de matéria seca
da massa ensilada, em função do seu menor conteúdo de água. Além disso, o
aumento do teor de matéria seca da panícula, durante a maturação é o maior
responsável pela queda da umidade da planta total. . Vários trabalhos tem
comparado o desempenho de animais alimentados com silagem de milho e de
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sorgo. Os híbridos modernos de sorgo forrageiro e de milho para silagem
apresentam praticamente valores semelhantes de digestibilidade aparente de
matéria seca.
A variabilidade genética para características nutricionais, nesta espécie,
tem permitido um eficiente trabalho de melhoramento, com o desenvolvimento
de híbridos modernos de alto valor nutritivo que proporcionam alto
desempenho animal semelhante aos obtidos com silagem de bons híbridos de
milho. Embora várias plantas forrageiras, anuais ou perenes, podem ser
ensiladas, o sorgo e o milho são as culturas mais utilizadas com este propósito.
O seu uso pode ser atribuído a diversos fatores: custo entre 80 a 85% do custo
da silagem de milho, consumo equivalente a cerca de 90% da silagem de
milho, valor nutritivo entre 85 e 92% da silagem de milho e elevado potencial de
produção, boa adequação à mecanização, reconhecida qualificação como fonte
energética, adaptação a regiões mais secas e capacidade de rebrota, podendo
atingir até 60% da produção obtida no primeiro corte (Seiffert, Prates, 1978;
Valente et al., 1984; Gomide et al., 1987; Zago, 1991; Bernardino et al., 1997;
Borges et al., 1997).
As mudanças econômicas que vêm ocorrendo no Brasil nos últimos
tempos, juntamente com a globalização da economia, lançam desafios à
pecuária brasileira, fazendo com que o setor persiga índices produtivos mais
eficientes.A cultura do sorgo para ensilagem vem crescendo significativamente
e, segundo Zago (1991), ela contribui com aproximadamente 12% da área
cultivada para produção de silagem, no Brasil. Avocação de planta forrageira é
uma característica do sorgo e, de certa forma, ainda é pouco utilizada no Brasil.
Os sorgos forrageiros ocupam áreas marginais para o milho em todo o País e
contribuem cada vez mais para manter os bovinos alimentados na seca.
O sistema de confinamento de bovinos de corte implantado no Brasil na
última década e a perspectiva de expansão da exploração intensiva,
principalmente, mostram que a demanda por alimentos volumosos é muito
grande e deverá ser suprida, na maior parte do ano, por alimentos
conservados, principalmente feno e silagem. A cultura de sorgo pode oferecer
grande contribuição para minimizar os problemas decorrentes da
estacionalidade da produção de forragem.
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Atualmente tem-se procurado desenvolver híbridos que tenham bom
equilíbrio entre colmo, folhas e panículas, para que se possa aliar uma boa
produtividade de matéria seca e valor nutritivo. E, grande parte do progresso
obtido em produtividade nos sistemas de produção de silagem de sorgo tem
sido resultado da adoção de práticas agrícolas e tratos culturais dispensados à
cultura, aliados à utilização de cultivares mais adaptadas às condições
brasileiras.
Cultivares de sorgo para silagem
O sorgo constitui uma cultura adaptada ao processo de ensilagem por
sua facilidade de cultivo, alto rendimento e pela qualidade da silagem
produzida, além de dispensar o uso de aditivos como forma de melhorar e
estimular a fermentação (Zago,1991; Nussio, 1993, citado por Genro et al.,
1995; Evangelista, Rocha, 1997). Os sorgos podem ser granífero ou de porte
baixo, forrageiro ou de porte alto, de dupla aptidão ou de porte médio, sacarino
e tipo vassoura (Garcia et al., 1979; Coelho, 1979, Carvalho, 1996). A diferença
está na proporção de colmo, folhas e panículas, a qual reflete na produção de
matéria seca por hectare, na composição bromatológica e no valor nutritivo. O
sorgo deve ser ensilado no estádio pastoso ou farináceo. Entretanto, quando
ensilado nesse estádio podem ocorrer perdas de grãos pelas fezes, por isso
pode-se recomendar ensilá-lo quando apresentar grãos no estádio leitoso-
pastoso. De modo geral, a qualidade de qualquer alimento é dada pelo seu
valor nutritivo, representado pela sua composição química, pela digestibilidade
dos seus constituintes, pelo consumo voluntário e pelo desempenho animal
(Crampton et al., 1960; Armstrong, 1984; Van Soest, 1994).
O uso de sorgo para silagem no Brasil, começou com a introdução de
variedades de porte alto, com alta produtividade de massa, porém com baixa
produção de grãos e com elevados teores de açucar no colmo. A introdução e
o desenvolvimento de sistemas de macho esterilidade permitiram a síntese de
híbridos comerciais mais apropriados para confecção de silagem de alto valor
nutritivo com boas produtividades. Segundo NUSSIO (1991) a percentagem de
grãos na planta assume importância dobrada nos países tropicais. Em regiões
de clima tropical ou de elevada temperatura o uso de cultivares de ciclo
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normais ou tardio tem visado a elevada produção de biomassa. Entretanto,
devido à elevada temperatura, a qualidade da haste é sensivelmente menor
que a de plantas de clima temperado, resultando em silagem de baixa
qualidade, quando a participação de grãos na massa total for baixa, assim a
espiga torna-se responsável pela qualidade da silagem produzida. A
produtividade de matéria seca de sorgo forrageiro está geralmente
correlacionada com a altura da planta, ou seja, o potencial de produção de
matéria seca aumenta com a altura da planta. A porcentagem de panículas
decresce a uma taxa menor nos híbridos de porte baixo ou médios, passando a
decrescer em uma taxa maior naqueles cultivares de porte muito alto, o inverso
ocorre em relação à percentagem de colmos. A percentagem de folhas
decresce com a elevação da altura, porém a uma taxa menor e constante
(ZAGO, 1991). A digestibilidade das partes da planta tem marcada influência
sobre a digestibilidade da planta total. CUMMINS (1972) avaliando quatro
híbridos de sorgo com diferentes porcentagens de colmos, folhas e panículas,
encontrou que a digestibilidade das panículas é sempre maior que a das folhas,
e geralmente, os colmos são as partes da planta de menor digestibilidade.
Existe acentuada variação dentro de cada parte entre os diversos híbridos,
existindo a possibilidade de melhorias no valor nutritivo através da seleção de
genótipos com melhor equilíbrio colmo, folha e panícula, assim como pela
seleção de linhagens de maior digestibilidade das partes da planta. Segundo
ZAGO (1991) a produção animal cresce com o aumento do conteúdo de grãos
na forragem.
A maior percentagem de panículas, além de contribuir para o aumento
na qualidade da silagem, em função do seu melhor valor nutritivo, tem uma
participação muito grande na elevação da porcentagem de matéria seca da
massa ensilada, em função do seu menor conteúdo de água. Além disso, o
aumento do teor de matéria seca da panícula, durante a maturação é o maior
responsável pela queda da umidade da planta total. Vários trabalhos tem
comparado o desempenho de animais alimentados com silagem de milho e de
sorgo. Os híbridos de milho geralmente apresentam valores mais elevados de
digestibilidade aparente de matéria seca.
A silagem de sorgo granífero e/ou duplo propósito geralmente é a mais
consumida pelos animais e apresenta melhores ganhos de peso em relação a
23
silagem de sorgo forrageiro de porte alto. A digestibilidade de partes da planta,
colmo, folhas e panículas, tem marcada influência sobre a digestibilidade da
planta total. As panículas e as folhas são componentes da planta que
apresentam maiores coeficientes de digestibilidade, portanto híbridos que tem
maiores porcentagens destas partes, terão provavelmente uma melhor
digestibilidade total. O estágio de maturação e época de colheita também vão
influenciar na qualidade da silagem produzida. A importância da participação
da panícula na massa ensilada pode ser comprovada em ensaio de GOMIDE
et alii (1987) e FERREIRA et alii (1995) em que os melhores ganhos de peso
de novilhos confinados, foram observados nos animais alimentados com
silagem de sorgo granífero.
Existe uma enorme variabilidade genética no sorgo, daí a importância da
seleção para melhor exploração do material. Para produção de silagem de
sorgo de boa qualidade tem-se procurado desenvolver materiais com um bom
equilíbrio de colmo, folhas e panícula, além de boa produtividade e valor
nutritivo (DEMARCHI et al, 1995). MOLINA (2000) comprovou a grande
variabilidade entre eles, observando diferença estatística entre eles quanto à
produção de matéria seca , proporção das diferentes partes (folha , colmo ,e
panícula ) e altura das plantas. O teor de matéria seca é um dos principais
fatores que afetam a fermentação durante o processo de ensilagem, e
consequentemente a qualidade da silagem produzida, além de estar
positivamente correlacionado com o consumo. Silagens com alto teor de
umidade são mais propensas a desenvolver fermentações indesejáveis, maior
resistência à redução de pH e perda de efluentes pelo silo. No entanto,
silagens com elevado teor de umidade não permitem uma compactação ideal
do material no silo, o que impede a retirada completa do oxigênio da massa
ensilada ocorrendo produção de calor e formação de reações de Maillard.
Segundo PAIVA (1976) a matéria seca de silagens devem variar de 30 a 35 %
para serem consideradas como de boa qualidade. ROCHA JÚNIOR (1999)
avaliou a qualidade das silagens de sete genótipos de sorgo e encontrou uma
variação de 23,11 % a 36,12 % de matéria seca no material aos 56 dias de
fermentação. O teor de matéria seca do sorgo varia muito de acordo com a
idade de corte. Das frações da planta do sorgo, a panícula é a que mais
contribui para uma maior elevação dos teores de matéria seca, seguido dos
24
colmos e das folhas. ZAGO(1992) encontrou correlação de 0,76 entre a
porcentagem de panícula e a matéria seca do material original, e de 0,83 entre
a porcentagem de panícula e a matéria seca da silagem produzida. Já a
correlação entre a porcentagem de colmo e matéria seca do material original e
silagens foram de – 0,66 e – 0,59, respectivamente. ALVARENGA (1993) não
encontrou diferenças significativas para o consumo de matéria seca de
silagens de sorgo colhidas em três diferentes épocas, com teores de matéria
seca variando de 26,89 % a 29,10 %. Já ALMEIDA (1992) encontrou consumo
de matéria seca de 49,54 e 56,73 g/UTM/dia para silagens de sorgo com grãos
leitoso e semi-duro, respectivamente. ZAGO (1991) observou que o teor de
matéria seca do sorgo AG2002, de colmo suculento foi de 21,1; 24,9; 30,9 e
29,3 % de matéria seca; e de 29,1; 33,4; 38,7 e 48,9 % de matéria seca para o
AG2005E, de colmo seco, para os estádios de grãos leitosos, pastosos,
farináceos e duros, respectivamente.
De acordo com BORGES (1995) os teores de suculência do colmo não
influenciam os padrões de fermentação das silagens dos diferentes híbridos
estudados. Sendo que os híbridos de colmo seco não apresentaram maiores
teores de matéria seca do que os suculentos, como esperado. O pH é um
importante critério de avaliação da qualidade da silagem quando associado aos
teores de matéria seca. A acidificação da massa ensilada é inibida pela falta de
água, sendo o pH inversamente proporcional ao teor de água. Para silagens
com baixos teores de matéria seca a pH abaixo de 4,4 seria o ideal para
obtenção de silagem de boa qualidade. Sendo que o pH torna-se de menor
importância para silagens com matéria seca acima de 35 % (VAN SOEST,
1994). CÔRREA (1996) encontrou valores de pH em silagens de híbridos de
sorgo, sempre abaixo de 4,0, havendo entretanto, um aumento significativo
deste com avanço do estágio de maturação. O autor também encontrou altas
correlações (0,79 e 0,86) entre os teores de umidade e de pH, para o material
original e silagens, respectivamente.
A digestibilidade de uma forrageira está relacionada com seu valor
energético. Os valores de digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) são
altamente correlacionados com valores de digestibilidade in vivo (TILLEY e
TERRY, 1963). A proporção de grãos contidos na silagem influencia
drasticamente a digestibilidade da matéria seca. O aumento da quantidade de
25
grãos reduz a porcentagem de constituintes da parede celular, aumentando a
DIVMS e digestibilidade in vivo, o que atribuiria maiores valores de
digestibilidade aos sorgos do tipo granífero (PEREIRA, 1993). Segundo SILVA
(1997) não houve diferença entre as DIVMS do material original de sorgo
graníferos (60,50 %) e os de duplo propósito (58,13 % e 58,74 %,
respectivamente). Segundo MOLINA (2000) a participação dos grãos nas
diferentes silagens não influenciou o desaparecimento das frações digestíveis,
mas influenciou a degradabilidade efetiva da frações digestíveis. De acordo
com WHITE et al (1991) a soma da digestibilidade das partes da planta
ensiladas separadamente apresentou-se diferente daquela apresentada pelo
material ensilado por inteiro. A diferença pode estar relacionada a interações
entre as diferentes partes da planta ou diferentes efeitos da fermentação sobre
as partes separadamente.
Um dos motivos de variação da digestibilidade entre cultivares de sorgo
é a presença ou ausência de taninos. O aumento dos teores de taninos na
dieta de ruminantes está principalmente associado à diminuição das
digestibilidade da fração hemicelulose e carboidratos facilmente fermentáveis
no rúmen (GOURLEY e LUSK, 1978; FERREIRA, 1990) enquanto BORGES
(1995) não observou diferenças nas porcentagens da DIVMS para os híbridos
de sorgo estudados nos diferentes períodos, o que demonstra que a redução
dos teores de tanino não influenciou a DIVMS.
Preparo do solo
As questões ambientais e a busca pela sustentabilidade no uso do
recurso natural solo tem levado a uma reflexão sobre a melhor maneira de
utilizá-lo. O Brasil é um País com características fisiográficas bastante
contrastantes e, por isso, existem variados graus de degradação desse recurso
de tal modo que a extrapolação é sempre um risco. Modernamente, para uso
racional do solo exigisse-se a rotação de culturas, portanto, qualquer cultura
deve estar incluída num sistema de rotação e/ou sucessão.
O sorgo é uma cultura que vem ganhando espaço nesses sistemas
agrícolas ou de integração lavoura e pecuária pela ótima opção devido aos
seus usos múltiplos. Juntamente com o milho, são as melhores opções para
26
cultivo associado às braquiárias em plantio direto com vistas à produção de
grãos ou silagem e de pasto.
É importante que haja um bom contato da semente com o solo para
uniformidade de germinação e emergência. Para isso, nos sistemas
tradicionais envolvendo aração e gradagens, especial atenção deve ser dada à
gradagem no sentido de quebrar os torrões do solo. Se, por um lado, a aração
e a gradagem criam essas condições para uma boa emergência das plântulas,
por outro causam a pulverização do solo, fazem aumentar a compactação,
predispõe o solo à erosão e, em conseqüência, concorrem para a perda do
potencial produtivo do solo e degradação do meio ambiente.
Outra vertente são os sistemas conservacionistas de solo à exemplo do
sistema de plantio direto. Ele agrega vantagens comparativas aos sistemas
convencionais uma vez que revolvem apenas uma pequena parte da superfície
do solo deixando o restante protegida pela palhada contribuindo para redução
da erosão, conservação da umidade do solo e ajuda no controle das plantas
daninhas. Portanto, para o correto manejo do solo é necessário fazer um
completo diagnóstico das condições de solo. Avaliar as condições do perfil do
solo, presença de compactação ou outro impedimento ao crescimento das
raízes e à infiltração de água. Em seguida proceder ao preparo do solo visando
eliminar os problemas físicos que porventura existam ou adotar um método
conservacionista. Em qualquer dessas situações a cultura do sorgo tem um
potencial grande e, em adição, seus resíduos vegetais formam uma palhada de
excelente qualidade e durabilidade o que é extremamente desejável no sistema
de plantio direto.
Adubação de sorgo forrageiro
A retirada de nutrientes de uma lavoura colhida para produção de
silagem é significativamente maior que nas lavouras destinadas à colheita de
grãos, uma vez que para silagem é transportada da área além dos grãos,
praticamente, toda a parte aérea da planta, composta por folhas colmo e
panícula. Conforme pode ser observado no Quadro 03, a exportação de
nutrientes da área colhida para silagem foi significativamente maior que na
área colhida para grãos, portanto em áreas destinadas à confecção de silagem
27
de sorgo, deve-se tomar cuidado com as adubações de reposição, para evitar a
redução da fertilidade do solo que poderiam comprometer a produtividade e
qualidade da forragem
Quadro 03 - Exportação de nutrientes do solo quando o sorgo é colhido para
grãos:
Em áreas destinadas à confecção de silagem de sorgo, deve-se tomar
cuidado com as adubações de reposição, para evitar a redução da fertilidade
do solo que poderiam comprometer a produtividades e qualidade da forragem.
Santos, 1996, com o objetivo de avaliar o rendimento, qualidade e custo
operacional de silagem de milho e sorgo, trabalhando com 5 cultivares (2
milhos e 3 sorgos) submetidos a 3 níveis de adubação (sem adubo, adubação
recomendada para a produção de 3.000 kg de grãos de milho/ha e adubação
recomendada para a produção de silagem pela Comissão de Fertilidade do
Solo do RS). Os cultivares de sorgo avaliado foram: DK-861 - Híbrido de porte
médio (1,70m) classificado como de duplo-propósito (silagem ou grãos); AG-
2002 - Híbrido forrageiro para silagem de porte alto (3,00m) e BR-501 -
Variedade forrageira e sacarina de porte alto (3,00m). Este trabalho mostra que
a adubação aumentou a produtividade média do sorgo de 6,7 t MS / ha para
14,0 t MS /ha, a porcentagem de panículas, especialmente nos híbridos,
mostrou também um aumento significativo, o que talvez explique a redução nos
teores de FDN e FDA, com reflexos, provavelmente no consumo e
28
digestibilidade da matéria seca. A produtividade de NDT aumentou de 4,4 t/ha
para 9,3 t/ha com um aumento de 111%, em média. O custo operacional por
tonelada de silagem produzida apresentou uma redução de 9,6%, de US$
57,19 para US$ 54,82, e o custo por tonelada de NDT reduziu 8%, de US$
89,41 para US$ 82,45. Portanto a adubação adequada para produção de
silagem, além de manter a fertilidade do solo, aumentou a produtividade
melhorando a qualidade da forragem produzida, reduzindo, ainda, o custo
operacional por tonelada de silagem produzida.
Época de colheita para silagem
O conteúdo de matéria seca desempenha um papel fundamental na
confecção de silagem, quer aumentando a proporção de nutrientes, facilitando
os processos fermentativos quer diminuindo a ação de microorganismos do
gênero Clostridium, responsável pela produção de ácido butírico e degradação
da fração protéica, com conseqüente redução do valor nutricional da silagem.
Quanto maior a umidade menor será o pH limite para inibir esse crescimento;
mesmo com níveis adequados de carboidratos solúveis para promover
fermentação lática, silagem muito úmidas, são pouco desejáveis devido ao
menor consumo voluntário, reduzindo o desempenho animal. Além disto,
silagem com menor teor de umidade tem menor custo de transporte, pois cada
vagão ou carreta leva maior quantidade de matéria seca. Silagens com alto
teor de umidade produzem maior quantidade de efluentes que são
responsáveis pela perda de nutrientes de alta digestibilidade.
A produção de efluentes reduz com o aumento do teor de matéria seca,
chegando em condições normais a níveis próximo de zero, quando o teor de
matéria seca chega a 30%. Por outro lado, silagens com alto teor de matéria
seca têm grande tendência a produção de calor e crescimento de fungos
devido a dificuldade de compactação e exclusão do oxigênio, além disso o
material mais seco, por ter menor calor específico, sofre um aumento de
temperatura maior com a mesma quantidade de calor produzido pela
fermentação, por isso as perdas pelo calor são maiores em materiais mais
secos. Híbridos de sorgo no estágio de grão leitoso normalmente apresentam
maiores coeficientes de digestibilidade da porção fibrosa. No entanto, o rápido
29
aumento da proporção de grãos, e conseqüentemente de amido altamente
digestível que ocorre com o amadurecimento, compensa a diminuição da
digestibilidade da porção fibrosa, mantendo inalterada a digestibilidade da
matéria seca. No quadro 4, apresentamos alguns dados obtidos por Andrade &
Carvalho (1992).
Quadro 4: Médias dos teores de matéria seca (MS), fibra bruta (FB), proteína
bruta (PB), digestibilidade aparente da matéria seca (DMS) e da fibra bruta
(DFB) das silagens de sorgo AG-2002 e BR-506, obtidas por ANDRADE &
CARVALHO (1992).
JOHNSON, et alii (1973), estudando o efeito da maturação da planta de
sorgo, relata que o aumento no teor de matéria seca da panícula, durante a
maturação, é o maior responsável pela queda da umidade da planta total
Densidade de plantio
No plantio do sorgo, um importante aspecto é a regulagem da densidade
de plantio, onde a densidade ótima que promoverá o rendimento máximo da
lavoura, varia basicamente, com a cultivar, e com a disponibilidade de água e
nutrientes. A recomendação de densidade de sorgo forrageiro pode variar de
100 a 200 mil plantas por hectare na colheita. Associado a densidade de
plantio está o espaçamento entre fileiras. No Brasil esse espaçamento não é
muito variável, sendo de 70 cm, mas verifica-se uma tendência de se utilizar
cada vez mais os espaçamentos reduzidos. Para cultivares forrageiras de porte
alto adota-se maiores espaçamentos entre linhas (70 a 90 cm) e menor
densidade de plantio (100 a 140 mil plantas(ha). Para as cultivares de duplo-
propósito, de porte médio (140 a 170 mil plantas/ha). Para os cultivares
30
graníferos, de menor porte, adota-se espaçamentos menores (50 a 70 cm) e
maiores densidades (acima de170000 pl/ha). Normalmente recomenda-se
acrescentar 25% de sementes a mais no plantio para se obter a densidade
desejada.
Em condições de déficit hídrico, lavouras com menor espaçamento entre
fileiras e com maiores densidades de plantio são mais sujeitas a quedas de
produtividade, seja por redução no porte da planta (menor massa seca total) e
ou menor produção de grãos. Outro ponto importante a ser levado em
consideração na definição do espaçamento e da densidade de plantio é a
possibilidade de acamamento das plantas. Cultivares de porte alto são mais
sujeitas ao acamamento ou tombamento das plantas, pois há correlação
negativa entre a altura da planta e população de plantas/ha. Para essas
cultivares recomenda-se menor população de plantas (maior espaçamento
entre fileiras 80-90 cm e menor número de plantas na fileira 8 a 10 plantas/m, e
adubação mais equilibrada em termos de nitrogênio e de potássio.
Época de plantio
No Brasil Central, mais especificamente na região dos Cerrados, embora
o cultivo do sorgo seja feito em diversas condições climáticas por ser uma
cultura de ampla adaptação, de uma forma geral , nessa região, a semeadura
ocorre entre setembro e novembro, dependendo da época de início das chuvas
da região considerada. A produtividade é, provavelmente, mais elevada quanto
as condições do tempo permitem o plantio em outubro. Os cultivares de porte
alto são usualmente sensíveis aos efeitos do fotoperiodismo. O sorgo é uma
espécie de dias-curtos, ou seja, quando o plantio é realizado mais tardiamente
pode haver efeito de fotoperiodismo, reduzindo, principalmente, o porte da
planta e afetando a produção de matéria seca total. No Sudeste e Centro-
Oeste do país, plantios feitos a partir de meados de dezembro já pode ocorrer
a redução no porte da planta, dependendo da cultivar utilizada.
O sorgo é uma espécie tipicamente tropical e não tolera clima frio. Nas
regiões onde ocorre baixa precipitação pluvial, com predominância freqüente
de período de estiagem ou verânico, o plantio deve ser programado para que
31
os períodos de floração e enchimento de grãos ocorram antes ou após o
veranico.
Profundidade de plantio
A semente do sorgo é pequena. Daí ser necessário realizar o plantio
mais superficial, a uma profundidade de 3-5 cm. O solo deve estar bem
preparado, bem destorrado para facilitar a emergência das plântulas.
1.1.3 – Silagem de cana
Acredito que a principal vantagem de se usar a cana seja ensilada ou in
natura seja a alta produtividade de matéria seca por unidade de área. No
entanto, é importante saber que este alimento é de baixo valor nutritivo
aumentando a necessidade de uso de concentrado que por sua vez aumenta o
custo de produção do sistema. Abaixo segue um experimento feito no Paraná
comparando cana x silagem de sorgo.
O experimento foi realizado no setor de confinamento, do Instituto
Agronômico do Paraná na Estação Experimental de Paranavaí. Foram
utilizados 36 tourinhos mestiços, com idade média de 18 + 2 meses, com peso
médio inicial de 398 + 10 kg oriundos do programa de cruzamento da Estação.
Os animais foram alojados em baias individuais, com acesso a cocho de
alimentação e água. Foram alimentados duas vezes ao dia (09:00 e 15:00 h)
com três tratamentos (1 = silagem de sorgo + 1% de concentrado, 2 = cana de
açúcar picada + 1% de concentrado e 3 = cana de açúcar picada + 1,2 % de
concentrado), sendo a percentagem de concentrado calculado com base no
peso vivo (PV) e o volumoso fornecido a vontade. O concentrado foi à base de
farelo de soja, milho, uréia, calcário e sal mineralizado, e as dietas foram
calculadas para que tivessem em torno de 12% de proteína bruta. O período
experimental foi de 100 dias, após o período de adaptação. Os animais foram
pesados, após jejum de 12 horas, no início e fim do período experimental, com
pesagens intermediárias a cada 28 dias. O consumo dos alimentos foi
registrado diariamente através da pesagem da quantidade fornecida e das
sobras do dia anterior. Foram determinados os teores de matéria seca (MS) e
32
proteína bruta (PB) segundo as metodologias descritas por AOAC (1990); fibra
em detergente neutro (FDN) de acordo com Goering & Van Soest (1970) e os
nutrientes digestíveis totais (NDT) calculados de acordo com NRC (1996). Os
parâmetros avaliados foram a ingestão de matéria seca (IMS) em kg/dia (IMS),
IMS em percentagem do peso vivo (IMSPV) e IMS expresso por unidade do
tamanho metabólico em g MS/PV0,75 (IMSPM), ingestão de proteína bruta em
kg/d (IPB), de fibra em detergente neutro em kg/d (IFDN) e de nutrientes
digestíveis totais em kg/d (INDT), peso vivo inicial e final em kg, peso de
carcaça quente em kg (PCQ), rendimento de carcaça (RC), ganho médio diário
em kg (GMD) e conversão alimentar (CA). O delineamento experimental
utilizado foi o inteiramente casualizado, com três tratamentos e 12 animais por
tratamento (repetições). Os dados obtidos foram submetidos à análise de
variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade,
utilizando-se o SAEG (2001). Resultados e Discussão O peso vivo inicial e
final, peso de carcaça quente (PCQ), rendimento de carcaça (RC), ganho
médio diário (GMD) e conversão alimentar (CA) dos diferentes tratamentos
estão contidos na Tabela 1.
O maior ganho médio diário (1,59 kg) foi observado para os animais
tratados com silagem de sorgo e 1% de concentrado, que, consequentemente,
apresentaram o maior peso vivo final (580,18 kg). Apesar dos animais
alimentados com silagem de sorgo terem apresentado um maior peso vivo
final, não houve diferença (P>0,05) quando se comparou o peso de carcaça
quente, rendimento de carcaça e conversão alimentar entre os animais
alimentados com silagem de sorgo ou com cana-deaçúcar. 3 Consta na Tabela
2 os dados de ingestão de matéria seca (IMS), IMS em porcentagem do peso
vivo (IMSPV) e IMS em função do peso metabólico (IMSPM), ingestão de
33
proteína bruta (IPB), de fibra em detergente neutro (IFDN) e de nutrientes
digestíveis totais (INDT).
Tabela 2. Ingestão de matéria seca (IMS), em porcentagem do peso vivo
(IMSPV) e em função do peso metabólico (IMSPM), ingestão de proteína bruta
(IPB), de fibra em detergente neutro (IFDN) e de nutrientes digestíveis totais
(INDT)
A ingestão de matéria seca expressa nas diferentes formas, ingestão de
proteína bruta, de fibra em detergente neutro e de nutrientes digestíveis totais
foi maior para os animais alimentados com silagem de sorgo. Entretanto,
quando se compara os dois tratamentos com cana-de-açúcar, as ingestões de
matéria seca, proteína e NDT foram maiores.
De acordo com Magalhães et al (2006), independente da estratégia de
alimentação utilizada, forragens de qualidades diferentes afetam a ingestão de
MS que é influenciada pela digestibilidade da fibra do alimento. A menor
ingestão pelos animais alimentados com cana-de-açúcar pode ser explicada
pelo fato da mesma apresentar maior fração indigestível da fibra, sendo,
portanto, correlacionada negativamente com a ingestão de matéria seca.
A substituição da silagem de sorgo pela cana-de-açúcar reduziu o
desempenho dos animais, mesmo com maior nível de concentrado na dieta.
1.2 – Bagaço de cana de açúcar
No Brasil, dietas para confinamento tradicionalmente são balanceadas
com altas proporções de volumosos, devido aos altos custos dos grãos e dos
concentrados protéicos. Entretanto, quando os grãos apresentam preços
vantajosos, dietas de alto concentrado tornam-se viáveis economicamente,
34
pois proporcionam ganho de peso mais rápido, reduzindo os custos com de
mão-de-obra, tornando a atividade mais rentável (Bulle et al., 1999). Entretanto,
para que a atividade seja lucrativa, é necessária também elevada eficiência
biológica em termos de resposta do animal. O fornecimento de dietas com
elevados teores de concentrado para animais jovens, que apresentam boa
resposta a esse tipo de alimentação, tem sido utilizado com o objetivo de
intensificar o sistema de produção, pois permite o abate de animais jovens com
acabamento de gordura adequado, sem prejuízos à qualidade da carne (Leme
et al. 2002). A utilização de dietas de alto concentrado é uma prática comum no
sistema norte-americano de produção de bovinos. Segundo Preston (1998),
essa prática caracteriza-se por rápido ganho de peso, alta eficiência alimentar
e, conseqüentemente, redução no tempo para terminação e abate, menor custo
de mão-de-obra e maior uniformidade do produto final. Dessa forma, há maior
disponibilidade de área para a fase de cria, que absorve cerca de 70% do
alimento utilizado no sistema de produção de bovinos de corte, porém
essencialmente de pasto (Jenkins & Ferrel, 1993). Diversos autores indicam
melhor utilização de dietas com maior teor de fibras por zebuínos e seus
cruzamentos. Segundo Frisch & Vercoe (1977), a melhor utilização de dietas
de baixa qualidade por Bos indicus deve-se à menor exigência de manutenção.
Por outro lado, animais taurinos alimentados com forragens de alta qualidade
ou forragem e concentrado consomem mais alimento em relação às suas
exigências de mantença, ganhando peso mais rápido e mais eficientemente
que zebuínos (O’Donovan et al., 1976). Resultados semelhantes foram
relatados por Lanna (1998) e Putrino et al. (2002). Woody et al. (1983)
estudaram o efeito de diferentes níveis de grãos nas dietas de bovinos em fase
de terminação e relataram que animais alimentados com dietas com 90% de
grãos ganharam peso 7% mais rápido e tiveram redução de 16% no
requerimento alimentar por unidade de ganho em relação a animais
alimentados com 70% de grãos. Bartle & Preston (1991) e Bartle et al. (1994)
avaliaram o efeito de níveis de volumoso sobre o desempenho e características
de carcaça de bovinos. Os animais alimentados com restrição de volumoso
consumiram menor quantidade de matéria seca tiveram o mesmo ganho e
tenderam a ser mais eficientes em relação ao grupo alimentado com 10% de
volumoso. As carcaças tiveram melhor avaliação e os custos com alimentação
35
foram reduzidos, melhorando também a eficiência e a qualidade da carcaça,
diminuindo o desperdício de alimentos. O bagaço de cana-de-açúcar é um dos
subprodutos mais utilizados como fonte de alimento para os ruminantes, pois,
além da grande quantidade produzida, sua disponibilidade ocorre exatamente
no período de escassez de forragem. Entretanto, o bagaço de canade-açúcar
apresenta restrição de uso na alimentação de bovinos, pois pode reduzir o
consumo total de matéria seca (Virmond, 2001). Bulle et al. (1999) estudaram o
efeito da utiliza- ção de 9, 15 ou 21% de bagaço como única fonte de volumoso
para tourinhos cruzados e concluíram que 15% de bagaço proporcionaram
melhor desempenho dos animais. Henrique et al. (1999), estudando o efeito do
bagaço de cana-de-açúcar e silagem de milho como fonte de fibra efetiva em
dietas de alto concentrado para novilhos em terminação, concluíram que o
bagaço pode ser utilizado como fonte exclusiva de volumoso, embora o ganho
de peso e a eficiência de conversão tenham sido menores que os observados
com silagem de milho, comparados à mesma proporção de concentrado. O
objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho e características de carcaça
de novilhos Nelore recebendo dietas de alto concentrado com 15, 21 ou 27%
de bagaço de cana-de-açúcar como única fonte de volumoso.
O experimento foi desenvolvido no Departamento de Zootecnia da
Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São
Paulo – FZEA/USP, em Pirassununga, SP. O município de Pirassununga está
situado a 21º 59’ de latitude Sul e 47º 26’ de longitude Oeste e a uma altitude
de 634 metros. O clima é considerado subtropical tipo cwa Köppen (subtropical,
com inverno seco e bem definido e verão quente e chuvoso) (Oliveira &
Prado,1984). Foram utilizados 24 novilhos Nelore, com peso médio em jejum
de 279 kg e 24 meses de idade no final do período de 28 dias de adaptação.
Os animais foram distribuídos de acordo com o peso inicial em 12 baias
parcialmente cobertas, com dois animais por baia. O período de confinamento
foi de 98 dias, após o período de adaptação no qual os animais receberam
níveis crescentes de concentrado até atingirem 15, 21 ou 27% de bagaço de
cana-deaçúcar na matéria seca. Para o cálculo das exigências nutricionais foi
utilizado o Cornell Net Carbohidrate and Protein System – CNCPS (Fox et al.,
1992), visando atender à exigência de proteína degradável no rúmen e proteína
metabolizável, bem como a exigência de peptídeos das bactérias ruminais.
36
Diariamente foram coletadas e pesadas as sobras de alimento e duas vezes
por semana foi determinada a matéria seca (MS) da sobra. Semanalmente a
quantidade de alimento fornecido foi reajustada, com base no consumo da
semana anterior. As pesagens foram realizadas a cada 28 dias, após jejum
completo de 18 horas. A partir desses dados foram calculados o ganho médio
diário (GMD), a matéria seca ingerida (MSI), a matéria seca ingerida/100 kg de
peso vivo (MSI100), a matéria seca ingerida/ kg0,75 (MSIPM) e a eficiência
alimentar (EA) (ganho médio diário/matéria seca ingerida). No final do período
experimental os animais foram abatidos e coletados dados de peso de carcaça
quente (PCQ), gordura renal, pélvica e inguinal (GRPI) e peso do fígado (PF).
Após 24 horas de resfriamento das carcaças, foram coletados os dados de
área de olho de lombo (AOL) e espessura de gordura subcutânea (EGS) na
carcaça entre a 12 e 13ª costelas com o auxílio de uma grade quadriculada
especialmente desenhada para essa finalidade. O delineamento experimental
utilizado foi inteiramente casualizado, com oito repetições por tratamento. Os
efeitos dos tratamentos foram avaliados por regressão linear por intermédio do
programa SAS (1990). Para análise dos dados de desempenho foram
utilizadas as médias dos animais por baia, enquanto que para os dados de
carcaça foram analisados os dados individuais.
Os resultados de desempenho obtidos neste trabalho estão
apresentados na Tabela 2. Não houve diferenças significativas entre os
tratamentos no peso vivo inicial e no peso vivo final. Os GMD foram de 1,51;
1,49 e 1,38 kg nos tratamentos com 15, 21 e 27% de bagaço de cana-de-
açúcar, respectivamente, com tendência (p=0,15) de associação linear. O
desempenho dos animais foi bastante elevado, sendo que as taxas de ganho
de peso mantidas ao longo do experimento, até 8 mm de gordura, acima da
média citada na literatura para bovinos Nelore. Foi observado comportamento
linear entre os níveis de concentrado, a ingestão de matéria seca e a MSI100
com maior ingestão nos animais alimentados com dietas com maior proporção
de concentrado. A MSIPM também apresentou um efeito linear em relação ao
nível de concentrado. Não foi observado efeito dos níveis de bagaço sobre a
eficiência alimentar. Lanna (1998) comenta que dados da literatura mostram
respostas muito inconsistentes quando animais zebuínos são submetidos a
dietas de alto concentrado, nas quais milho ou sorgo correspondem a mais de
37
50% da matéria seca. Bulle et al. (1999) não encontraram diferenças
significativas no GMD, MSI e EA em tourinhos com ¾ de sangue Bos taurus,
recebendo 15 ou 21% de bagaço como única fonte de fibra em rações de alto
concentrado. Entretanto, observaram redução na ingestão de matéria seca na
dieta contendo 9% de bagaço.
Gertrudis alimentados com dietas de alto concentrado, quando a fonte
de volumoso utilizada foi bagaço ou silagem de milho. Krehbiel et al. (2000),
comparando novilhos Boran x MARC III (1/4 Angus, Hereford, Pinzgauer e Red
Poll) e MARC III, alimentados com uma dieta com 95% de concentrado, em
que o milho correspondia a cerca de 87% da dieta, também não observaram
diferenças significativas na ingestão de matéria seca, no ganho de peso e na
eficiência alimentar entre os grupos testados. Entretanto, resultados
apresentados por Putrino et al. (2002), avaliando o efeito de diferentes
proporções de concentrado (20, 40, 60 ou 80%) na dieta de tourinhos Nelore e
Brangus, usando como volumoso a silagem de milho, observaram redução na
ingestão de matéria seca pelos animais Nelore a partir de 46,7% de
concentrado na dieta (ponto de máxima da curva), enquanto para os animais
Brangus essa redução ocorreu somente a partir de 57,76% de concentrado.
Nas dietas utilizadas no trabalho, o milho participou em cerca de 41, 51, 64 e
38
77% do total da dieta (grão seco + grão da silagem). Aparentemente, os
resultados de desempenho muito positivos do presente trabalho poderiam ser
explicados pela proporção de amido relativamente baixa nas dietas com
apenas 15% de volumoso. As características PCQ, GRPI, AOL e EGS não
foram influenciadas pelo nível de bagaço na dieta. As características PF e RC
apresentaram comportamento linear em função dos níveis de bagaço sendo
maiores nos tratamentos com maiores percentagens de concentrado,
consistentes com os maiores teores de energia das dietas. Isso parece indicar
que os animais que receberam maiores teores de fibra continham maior propor-
ção de vísceras ou de conteúdo do trato gastrintestinal Como o peso do fígado
e da GRPI foram menores para esses tratamentos, provavelmente o efeito foi
devido ao maior conteúdo e/ou do peso do rúmen e intestinos. Esses
resultados também são semelhantes aos encontrados por Bulle et al. (1999),
que não observaram diferenças significativas entre tratamentos com 15 e 21%
de bagaço para RC, EGS, PF, AOL, exceto para GRPI. Entretanto, os
resultados de Henrique et al (1999), utilizando dietas semelhantes,
demonstraram desempenho significativamente superior quando o bagaço in
natura foi substituído pela silagem de milho. Apesar dos trabalhos conduzidos
por esse grupo sugerirem que níveis próximos a 15% sejam superiores a níveis
mais elevados de bagaço, seria interessante compreender, por meio de
estudos da fisiologia da digestão, quais as limitações existentes e se elas estão
ligadas a um ambiente ruminal inadequado.
39
Os resultados deste experimento confirmam a viabilidade do uso de 15
ou 21% de bagaço de canade-açúcar como única fonte de volumoso para
novilhos Nelore em confinamento, alimentados com dietas com elevada
proporção de concentrado, contendo milho, polpa de citrus e farelo de soja. O
bagaço de cana-de-açúcar pode ser uma alternativa interessante, já que é um
resíduo da agroindústria de grande excedente e baixo custo, produzido na
época de confinamento e escassez de forragem. Os resultados observados
demonstram ser possí- vel abater animais zebuínos com até 8 mm de gordura
subcutânea e com boa eficiência alimentar.
40
2 – PLANEJAMENTO ALIMENTAR
O planejamento alimentar é muito importante para garantir aporte de
alimentos para todos os animais durante todo o processo de confinamento. A
seguir faremos um cálculo exemplificando o processo.
É fundamental para este planejamento ter a dieta formulada com relação
volumoso:concentrado.
Vamos assumir:
- um confinamento de 100 bois durante 70 dias
- peso inicial de 360 kg
- peso final de 472 kg
- peso médio de 416
- consumo de matéria seca (MS) de 2,6% do peso vivo
- relação volumoso:concentrado de 40:60
Cálculos:
416 kg x 2,6% = 10,8 kg de MS/boi/dia
10,8 x 100 bois x 70 dias = 75,6 ton de MS
75,6 x 40% volumoso = 30,2 ton de MS de volumoso
Assumindo que o volumoso será silagem de milho com 12,5 ton. De MS/há,
temos:
30,2 / 12,5 = 2,4 há + 10% (perdas) = 2,7 há
Esse confinamento deve plantar 2,7 há de sorgo para silagem.
41
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