apostila dualidade e programaÇÃo inteira (1).pdf

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FACULDADE INTEGRADO DE CAMPO MOURÃO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DISCIPLINA DE INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROFESSORA CELISE RODER 1. DUALIDADE Em determinadas situações, a quantidade de cálculos necessária para resolver um modelo linear pelo método Simplex pode ser reduzida. O modelo inicial chamado Primal pode ser substituído por outro modelo chamado Dual, cuja solução é mais rápida. Uma vez conhecida a solução do Dual, conhece-se em consequência a solução do Primal, o que resolve o problema. Todo problema de programação linear, chamado Primal, possui um segundo problema associado chamado Dual. Ambos são completamente inter-relacionados, de forma que a solução ótima de um fornece informações completas sobre o outro. A cada modelo de programação linear com tendo coeficiente aij, bj e cj corresponde um outro modelo denominado Dual, formado por esses mesmos coeficientes, porém dispostos de maneira diferente. O problema Dual, para modelos de programação linear na forma padrão (todas as restrições são desigualdades do tipo ), é construído a partir do Primal da seguinte forma: a) A função-objetivo do dual é de minimização, ao passo que a do primal é de maximização. b) Os termos constantes das restrições do dual são coeficientes da função-objetivo do primal. c) Os coeficientes da função-objetivo do dual são os temos constantes das restrições do primal. d) As restrições do dual são do tipo , ao passo que as restrições do primal são do tipo . e) O número de incógnitas (variáveis) do dual (m valores de yi) é igual ao número de restrições do primal. f) O número de restrições do dual é igual ao número de incógnitas (variáveis) do primal (n valores de xj). g) A matriz dos coeficientes do dual é a transposta da matriz dos coeficientes do primal. h) As variáveis de ambos os problemas são não-negativas.

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  • FACULDADE INTEGRADO DE CAMPO MOURO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUO

    CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUO DISCIPLINA DE INTRODUO ENGENHARIA DE PRODUO

    PROFESSORA CELISE RODER

    1. DUALIDADE

    Em determinadas situaes, a quantidade de clculos necessria para resolver um

    modelo linear pelo mtodo Simplex pode ser reduzida. O modelo inicial chamado Primal pode

    ser substitudo por outro modelo chamado Dual, cuja soluo mais rpida. Uma vez

    conhecida a soluo do Dual, conhece-se em consequncia a soluo do Primal, o que

    resolve o problema.

    Todo problema de programao linear, chamado Primal, possui um segundo problema

    associado chamado Dual. Ambos so completamente inter-relacionados, de forma que a

    soluo tima de um fornece informaes completas sobre o outro.

    A cada modelo de programao linear com tendo coeficiente aij, bj e cj corresponde um

    outro modelo denominado Dual, formado por esses mesmos coeficientes, porm dispostos de

    maneira diferente.

    O problema Dual, para modelos de programao linear na forma padro (todas as

    restries so desigualdades do tipo ), construdo a partir do Primal da seguinte forma:

    a) A funo-objetivo do dual de minimizao, ao passo que a do primal de

    maximizao.

    b) Os termos constantes das restries do dual so coeficientes da funo-objetivo

    do primal.

    c) Os coeficientes da funo-objetivo do dual so os temos constantes das restries

    do primal.

    d) As restries do dual so do tipo , ao passo que as restries do primal so do

    tipo .

    e) O nmero de incgnitas (variveis) do dual (m valores de yi) igual ao nmero de

    restries do primal.

    f) O nmero de restries do dual igual ao nmero de incgnitas (variveis) do

    primal (n valores de xj).

    g) A matriz dos coeficientes do dual a transposta da matriz dos coeficientes do

    primal.

    h) As variveis de ambos os problemas so no-negativas.

  • Seja o problema Primal assim definido:

    nnxcxcxcZMax .... 2211

    Sujeito a:

    ),...,2,1(0

    ...

    ...

    ...

    ...

    ...

    2211

    222222121

    111212111

    njx

    ybxaxaxa

    ybxaxaxa

    ybxaxaxa

    j

    mmnmnmm

    nn

    nn

    Onde:

    i nmero de linhas (m nmero de linhas)

    j nmero de colunas (n nmero de colunas)

    Associando-se a cada restrio i do primal uma varivel yi, o problema dual assim

    definido:

    mmybybybDMin .... 2211

    Sujeito a:

    ),...,2,1(0

    ...

    ...

    ...

    ...

    ...

    2211

    22222112

    11221111

    miy

    cyayaya

    cyayaya

    cyayaya

    i

    nmmnnn

    mm

    mm

    Exemplo: Seja o seguinte problema, que ser chamado de Primal:

  • Max Z = 2X1 + 3X2 + X3

    Sujeito a: 3X1 + 4X2 + 2X3 10

    2X1 + 6X2 + X3 20

    X1 X2 X3 30

    X1 0; X2 0; X3 0

    A obteno do Dual se processa da seguinte maneira: para cada restrio ser

    atribuda uma varivel de deciso (yi). A funo objetivo do Dual ser de minimizao e cada

    uma de suas parcelas ser o produto da varivel yi pelo termo da direita da restrio

    correspondente.

    Cada varivel de deciso do Primal gera uma restrio no Dual. Neste caso o sinal

    ser , e o termo da direita ser o coeficiente da varivel Primal na funo objetivo. Todas as

    variveis do Dual sero no negativas. Assim, o Dual ser formulado da seguinte maneira:

    Min D = 10Y1 + 20Y2 + 30Y3

    Sujeito a: 3Y1 + 2Y2 + Y3 2

    4Y1 + 6Y2 - Y3 3

    2Y1 + Y2 Y3 1

    Y1 0; Y2 0; Y3 0

    Devido a grande interligao existente entre os problemas dual e primal de se

    esperar que seja grande a relao entre as solues timas.

    Existem algumas razes para o estudo dos problemas duais. A primeira e mais

    importante so as interpretaes econmicas que podemos obter dos valores das variveis

    do Dual na soluo tima, tais como variaes marginais. A segunda est ligada ao nmero

    de restries. O problema dual apresenta um nmero menor de restries.

    Computacionalmente falando , algumas vezes, mais eficiente resolver o problema dual

    (dependendo do nmero de restries e de variveis) do que o primal correspondente, j que

    obtendo a soluo tima de um estaremos obtendo a do outro.

  • ** Como a soluo de um problema pode ser obtida pela soluo do outro, em alguns

    casos torna-se mais eficiente resolver o dual, j que grande parte da dificuldade

    computacional do Mtodo Simplex dependente do nmero de restries, e no do nmero

    de variveis.

    Teoremas da Dualidade

    Teorema I O dual do dual o primal.

    21 25. xxZMax

    Sujeito a:

    0;0

    )(92

    )(4

    )(3

    21

    321

    22

    11

    xx

    yxx

    yx

    yx

    Primal

    321 943. yyyDMin

    Sujeito a:

    0;0;0

    )(22

    )(5

    321

    232

    131

    yyy

    xyy

    xyy

    Dual

    Calculando o dual do dual, teremos novamente o primal.

    21 25. xxZMax

  • Sujeito a:

    0;0

    92

    4

    3

    21

    21

    2

    1

    xx

    xx

    x

    x

    Logo, o dual do dual o primal.

    Teorema II - Se a restrio K do primal uma igualdade, ento a varivel yK do dual sem

    restrio de sinal (yK ser uma varivel livre). A restrio do tipo igualdade pode tambm ser

    substituda por duas outras variveis com sinais contrrios.

    Sujeito a:

    0;0

    )(142

    )(92

    21

    221

    121

    xx

    yxx

    yxx

    Primal

    Para o clculo do dual y1 ser uma varivel livre.

    21 149. yyDMin

    Sujeito a:

    0;

    222

    5

    21

    21

    21

    ylivrey

    yy

    yy

    Dual

    Teorema III Se a varivel p do primal sem restrio de sinal (varivel livre), ento a

    restrio p do dual ser uma igualdade.

    321 2. xxxZMax

    21 25. xxZMax

  • Sujeito a:

    0;;0

    )(2043

    )(102

    321

    2321

    121

    xlivrexx

    yxxx

    yxx

    Primal

    Para o clculo do dual, como x2 uma varivel livre, a restrio correspondente ser uma

    igualdade.

    21 2010. yyDMin

    Sujeito a:

    0;0

    2

    142

    13

    21

    2

    21

    21

    yy

    y

    yy

    yy

    Dual

    OBSERVAES:

    * Se o objetivo de um problema maximizar, o do outro ser minimizar, e vice-versa.

    * O problema de maximizao tem restries do tipo e o problema de minimizao

    tem restries do tipo .

    Existem duas maneiras de preparar o primal para se poder obter o dual:

    1) Transformando a funo-objetivo em maximizao e as restries em (isto ,

    inverter o sinal da restrio multiplicando toda a inequao por -1). Em outras

    palavras, deixar o problema primal com funo-objetivo de maximizao e no

    permitir que nenhuma de suas restries seja do tipo .

    2) Deixar o problema primal com funo-objetivo de minimizao, e no permitir que

    nenhuma restrio seja do tipo . Em outras palavras, inverter o sinal da restrio

    multiplicando a inequao por 1.

    Exemplo: Seja o seguinte problema primal.

    321 25. xxxZMin

  • Sujeito a:

    0;0;0

    8423

    9

    4

    321

    321

    32

    1

    xxx

    xxx

    xx

    x

    Mtodo Dual-Simplex

    Em alguns caso pode-se resolver diretamente o Dual introduzindo as variveis de

    excesso e as variveis artificiais ao modelo de programao linear, e ento, aplicar o mtodo

    da Funo-Objetivo Auxiliar/Artificial.

    Max Z = 2X1 + X2

    Sujeito a: X1 + 5X2 + 2X3 10

    X1 + 3X2 6

    2X1 + 2X2 X3 30

    X1 0; X2 0

    Min D = 10Y1 + 6Y2 + 8Y3

    Sujeito a: Y1 + Y2 + 2Y3 2

    5Y1 + 3Y2 + 20Y3 1

    Y1 0; Y2 0; Y3 0

    O mtodo Dual-Simplex trata diretamente com solues compatveis bsicas do primal

    e piores que a soluo tima, procurando otimiz-lo. Ele est ao mesmo tempo tratando

    indiretamente com solues bsicas incompatveis do dual porm melhores que a sua

    soluo tima, procurando compatibiliz-lo.

    O mtodo Dual-Simplex lida diretamente com solues bsicas incompatveis porm

    melhores que a tima, e procura achar a compatibilidade do problema. Ele lida com um

    problema exatamente como se o mtodo simplex estivesse sendo, simultaneamente, aplicado

    ao seu problema dual.

    O mtodo Dual-Simplex bastante empregado em anlise de sensibilidade, quando

    so feitas pequenas modificaes no modelo. Alm disso, algumas vezes mais fcil comear

    com uma soluo bsica incompatvel, porm melhor que a tima e procurar a

  • compatibilidade, do que obter uma soluo compatvel bsica inicial e depois otimiz-la como

    e faz no mtodo Simplex.

    Resumo do Mtodo

    Assumindo que a funo-objetivo de maximizao, o mtodo Dual-Simplex envolver

    as seguintes etapas:

    a) Introduzir as variveis de folga e achar uma soluo bsica inicial tal que todos os

    coeficientes da linha da funo-objetivo (Z/D) do quadro inicial, estando a funo-objetivo

    somente em funo das variveis no bsicas, sejam 0. Se esta soluo for compatvel

    ento ela j a soluo tima.

    b) Retirar da base aquela varivel que for mais incompatvel, isto , aquela que tiver o

    menor valor negativo (maior valor absoluto com sinal negativo).

    c) Introduzir na base aquela varivel cujo coeficiente na linha da funo-objetivo atingir

    zero mais rapidamente (menor valor absoluto) quanto um mltiplo da equao contendo a

    varivel que sai for somado linha da funo-objetivo.

    d) Achar uma nova soluo bsica e colocar a funo-objetivo somente em funo das

    variveis no-bsicas. Se esta soluo for compatvel, isto , se todos os valore bi (termo

    independente) forem 0, ela a soluo tima. Caso contrrio, volte ao passo (b).

    As diferenas com relao ao mtodo Simplex se resumem nas regras de entrada e

    sada de variveis da base, que so as seguintes:

    a) Varivel que sai: a varivel bsica com o valor mais negativo. Se todas as variveis

    bsicas tiverem valores positivos, a soluo tima.

    b) Varivel que entra: escolhida entre as variveis fora da base, da seguinte forma.

    b1) Dividir os coeficientes do lado esquerdo da equao Z-transformada pelos

    correspondentes coeficientes negativos da equao da varivel que sai;

    b2) A varivel que entra a que tem o menor valor entre os quocientes

    encontrados (problemas de minimizao) ou o menos valor absoluto

    (problemas de maximizao).

    Quando, em ambos os casos, no houver coeficientes negativos na linha da varivel

    que sai da base, o problema no tem soluo vivel.

    Exemplo: Resolver o problema abaixo usando o mtodo Dual-Simplex

  • Min D = 3Y1 + 4Y2 + 9Y3

    Sujeito a: Y1 + Y3 5

    Y2 + 2Y3 2

    Y1 0; Y2 0; Y3 0

    Analogia entre as Solues Primal e Dual

    a) A cada soluo vivel bsica primal no tima corresponde uma soluo bsica

    invivel dual.

    b) A cada soluo tima primal corresponde soluo tima dual com Z = D.

    c) O coeficiente da varivel de deciso na funo-objetivo primal o valor da varivel

    de folga correspondente na soluo dual.

    d) O coeficiente da varivel de folga da funo-objetivo primal o valor da varivel de

    deciso correspondente na soluo dual. (Coeficiente de XFi = Valor de Yi).

    Como o primal o dual do prprio dual, vale o raciocnio no sentido dual primal:

    Coeficiente de Yi = Valor de XFi

    Coeficiente de XFi = Valor de Xi

    Exemplo:

    Max Z = X1 + 2X2 + 3X3

    Sujeito a: X1 + X2 + X3 10

    2X1 + X2 + 4X3 12

    X1 + 3X2 - X3 9

    X1 0; X2 0; X3 0

  • Dado um problema de programao linear, podemos escolher entre solucionar o

    modelo primal ou o modelo dual correspondente. A escolha leva em considerao o esforo

    computacional, que depende do nmero de restries, variveis artificiais, etc.

    O modelo dual correspondente :

    Min D = 10Y1 + 12Y2 + 9Y3

    Sujeito a: Y1 + 2Y2 + Y3 1

    Y1 + Y2 + 3Y3 2

    Y1 + 4Y2 - Y3 3

    Y1 0; Y2 0; Y3 0

    Colocando as variveis de folga no primal, temos:

    Z -X1 -2X2 -3X3 = 0

    X1 +X2 +X3 +X4 (XF1) = 10

    2X1 +X2 +4X3 +X5(XF2) = 12

    X1 +3X2 -X3 +X6(XF3) = 9

    Soluo Bsica Inicial Vivel

    V.B. Z X1 X2 X3 X4 X5 X6 T.I

    Z 1 -1 -2 -3 0 0 0 0

    X4 0 1 1 1 1 0 0 10

    X5 0 2 1 4 0 1 0 12

    X6 0 1 3 -1 0 0 1 9

    Soluo Bsica Inicial:

    Z = 0

    X1 = 0

    X2 = 0

    X3 = 0

    X4 = 10

    X5 = 12

  • X6 = 9

    Colocando as variveis de folga no dual temos:

    Max (-D )= -10Y1 - 12Y2 - 9Y3

    Sujeito a: -Y1 - 2Y2 - Y3 -1

    - Y1 - Y2 - 3Y3 -2

    - Y1 - 4Y2 + Y3 -3

    Y1 0; Y2 0; Y3 0

    -D +10Y1 +12Y2 +9Y3 = 0

    -Y1 -2Y2 -Y3 +Y4 (YF1) = -1

    -Y1 -Y2 -3Y3 +Y5(YF2) = -2

    -Y1 -4Y2 +Y3 +Y6(YF3) = -3

    Soluo Bsica Inicial Vivel

    V.B. D Y1 Y2 Y3 Y4 Y5 Y6 T.I

    D -1 10 12 9 0 0 0 0

    Y4 0 -1 -2 -1 1 0 0 -1

    Y5 0 -1 -1 -3 0 1 0 -2

    Y6 0 -1 -4 1 0 0 1 -3

    Soluo Bsica Inicial:

    D = 0

    Y1 = 0

    Y2 = 0

    Y3 = 0

    Y4 = -1

    Y5 = -2

    Y6 = -3

    Correspondncia Primal Dual

  • PRIMAL DUAL

    Coeficiente de X1 = -1

    Coeficiente de X2 = -2

    Coeficiente de X3 = -3

    Coeficiente de X4 = 0 (XF1)

    Coeficiente de X5 = 0 (XF2)

    Coeficiente de X6 = 0 (XF3)

    Valor de Y4 = -1 (YF1)

    Valor de Y5 = -2 (YF2)

    Valor de Y6 = -3 (YF1)

    Valor de Y1 = 0

    Valor de Y2 = 0

    Valor de Y3 = 0

    COEFICIENTE NA FUNO-OBJETIVO TERMO INDEPENDENTE

    Valor de X1= 0

    Valor de X2 = 0

    Valor de X3 = 0

    Valor de X4 =10 (XF1)

    Valor de X5 = 12 (XF2)

    Valor de X6 = 9 (XF3)

    Coeficiente de Y4 = 0 (YF1)

    Coeficiente de Y5 = 0 (YF2)

    Coeficiente de Y6 = 0 (YF3)

    Coeficiente de Y1 = 10

    Coeficiente de Y2 = 12

    Coeficiente de Y3 = 9

    TERMO INDEPENDENTE COEFICIENTE NA FUNO-OBJETIVO

    Z = 0 D = 0

    O quadro a seguir fornece a soluo tima do modelo primal.

    V.B. Z X1 X2 X3 X4 X5 X6 T.I

    Z 1 1,077 0 0 0 0,846 0,385 13,615

    X4 0 0,154 0 0 1 -0,308 -0,231 4,231

    X3 0 0,385 0, 1 0 0,231 -0,077 2,077

    X2 0 0,461 1 0 0 0,077 0,308 3,692

    Soluo tima do modelo primal:

    Variveis Bsicas Variveis No-Bsicas Valor de Z

    X2 = 3,692 (Y5) X1 = 0 (Y4) Z = 13,615

    X3 = 2,077 (Y6) X5 = 0 (Y2)

    X4 = 4,231 (Y1) X6 = 0 (Y3)

    Relembrando:

  • - Cada varivel de deciso primal equivale a uma varivel de folga dual; e

    - Cada varivel de folga primal equivale a uma varivel de deciso dual.

    X1 = Y4 X4 = Y1 Z = D

    X2 = Y5 X5 = Y2

    X3 = Y6 X6 = Y3

    Usando a correspondncia descrita anteriormente, podemos montar o quadro de

    soluo tima do dual.

    V.B. D Y1 Y2 Y3 Y4 Y5 Y6 T.I

    D -1 4,231 0 0 0 3,692 2,077 -13,615

    Y4 0 0 0 1 1,077

    Y2 0 1 0 0 0,846

    Y3 0 0 1 0 0,385

    Soluo tima do modelo dual:

    Variveis Bsicas Variveis No-Bsicas Valor de D

    Y4 = 1,077 Y1 = 0 D = -13,615

    Y2 = 0,846 Y5 = 0

    Y3 = 0,385 Y6 = 0

    . PROGRAMAO INTEIRA

    Um problema de programao inteira um problema de programao linear com o

    requisito adicional de que o valor de uma ou mais variveis de deciso sejam nmeros inteiros.

    Esses problemas podem apresentar dois tipos bsicos:

    Programao Inteira Total todas as variveis de deciso so do tipo inteiro.

    Programao Inteira Mista apenas uma parte das variveis so do tipo inteiro,

    enquanto outras so do tipo real.

  • A todo problema de programao linear inteira est associado um problema com a

    mesma funo-objetivo e as mesmas restries, com exceo da condio de variveis

    inteiras. A este problema se d o nome de Problema Relaxado.

    Maximizar Z = 3X1 + 3X2

    Sujeito a:

    2X1 + 4X2 12

    6X1 + 4X2 24

    X1 0; X2 0

    X1 e X2 inteiros

    Programao Linear Inteira

    Maximizar Z = 3X1 + 3X2

    Sujeito a:

    2X1 + 4X2 12

    6X1 + 4X2 24

    X1 0; X2 0

    Problema Relaxado/Programao Linear

    A primeira idia que pode vir mente a de resolver o problema como se fosse um

    problema de programao linear e truncar os valores timos encontrados para cada uma das

    variveis de deciso. Para problemas de grande porte, isso geralmente resultar numa

    soluo aceitvel (prxima ao timo real) sem a violao de nenhuma restrio. Para

    problemas menores, este tipo de procedimento geralmente nos levar a solues inaceitveis,

    s vezes longe do valor timo.

    Em conseqncia, a primeira aproximao da soluo de qualquer problema de

    programao inteira pode ser obtida ignorando-se o requisito de valores inteiros e resolvendo-

    se o problema de programao linear resultante por meio de uma das tcnicas de

    programao linear j conhecidas.

  • Se acontecer da soluo tima ao problema de programao linear ser inteira, ento

    esta soluo tambm soluo tima ao problema de programao inteira original. Caso

    contrrio, e esta a situao usual, pode-se arredondar os componentes da primeira

    aproximao aos valores inteiros viveis mais prximos e obter uma segunda aproximao.

    Este procedimento freqentemente posto em prtica, especialmente quando a primeira

    aproximao envolve grandes nmeros, mas pode ser impreciso quando os nmeros so

    pequenos.

    Diversos so os problemas que podem ocorrer pela utilizao da tcnica de

    arredondamento da soluo do problema de programao linear. Entre eles podemos citar:

    Nenhum ponto inteiro vizinho ao ponto timo necessariamente vivel.

    Mesmo que um dos vizinhos seja vivel ele pode no ser necessariamente o

    ponto timo inteiro.

    A programao linear inteira possibilita resolver problemas que no seriam

    adequadamente resolvidos pela Programao Linear, visto exigirem valores inteiros como

    resposta.

    Uma idia que pode resultar em uma soluo para um problema de programao

    inteira o de se enumerar todas as possveis solues. De forma exaustiva todos os valores

    possveis para a funo-objetivo so calculados e escolhido aquilo que apresenta o maior

    valor, no caso de maximizao, ou o menor valor, no caso de minimizao.

    O problema est no fato de que ela s consegue ser aplicada a problemas pequenos.

    O nmero de combinaes possveis cresce de forma exponencial, isto , de forma muito

    rpida.

    Em um problema de MAXIMIZAO, o valor timo da funo-objetivo do problema

    relaxado sempre representa um limite superior ao respectivo valor do problema inteiro. Em

    um problema de MINIMIZAO, o valor timo da funo-objetivo de um problema relaxado

    sempre representa um limite inferior ao respectivo problema inteiro.

    Uma outra observao importante est no fato de que cada soluo vivel resulta num

    problema de maximizao, em um limite inferior para o valor timo da funo-objetivo. Em um

    problema de minimizao cada soluo vivel resulta num limite superior para o valor timo

    da funo-objetivo.

    Por exemplo, em um modelo de aquisio de equipamentos (mquinas, caminhes,

    navios, etc.) o resultado somente pode ser inteiro e a alternativa de se resolver o problema

    pela programao linear com posterior arredondamento no produz um resultado timo, caso

    os valores timos das variveis sejam pequenos. Assim, se o resultado de um modelo implicar

    a aquisio de 2,6 tratores, 1,6 caminhes e 3,2 mquinas de beneficiamento, o

    arredondamento pode levar a uma soluo no tima. O mesmo problema, se resolvido pela

    tcnica de programao linear inteira, pode levar a resultados bastante diferentes do

  • arredondamento. Por outro lado, se o resultado de um problema de programao linear

    implicar valores grandes, o arredondamento pode ser feito sem nenhum receio. Assim, se um

    modelo mostrar como soluo que uma empresa deve fabricar 254,8 caixas por semana, o

    arredondamento para 255 certamente o resultado timo, mesmo se o problema for resolvido

    por programao linear inteira.

    De maneira geral, o problema passvel de soluo por programao inteira deve

    apresentar as seguintes caractersticas:

    a) Funo-objetivo linear;

    b) Restries lineares;

    c) Variveis positivas;

    d) Algumas (ou todas) variveis inteiras.

    Quando o problema envolve apenas duas variveis de deciso, a soluo tima de um

    problema de programao linear inteira pode ser encontrada graficamente. Diversos

    algoritmos so utilizados para a soluo de problemas de programao linear inteira, dentre

    eles podemos citar: o algoritmo Branch-and-Bound (algoritmo da bifurcao e limite), o

    algoritmo de Gomory (algoritmo de corte), o algoritmo de transportes, os modelos de

    designao, entre outros.

    4.1. Mtodo Branch-and-Bound (Algoritmo de Bifurcao e Limite)

    O mtodo denominado de Branch-and-Bound baseia-se na idia de desenvolver uma

    enumerao inteligente dos pontos candidatos soluo tima inteira de um problema. O

    termo Branch refere-se ao fato de que o mtodo efetua parties no espao das solues. O

    termo Bound ressalta que a prova de otimalidade da soluo utiliza-se de limites calculados

    ao longo da enumerao.

    4.1.1. Bifurcao

    Se a primeira aproximao contm uma varivel no inteira, por exemplo, xj ento i1

    xj i2, onde i1 e i2 so inteiros consecutivos e no negativos. Dois novos modelos de

    programao inteira so ento criados aumentando o problema de programao inteira

    original com a restrio xj i1 ou com a restrio xj i2. Este processo chama-se

    BIFURCAO, e tem o efeito de contrair a regio vivel de um modo que elimina de

  • consideraes posteriores a soluo corrente no inteira para xj preservando ainda todas as

    possveis solues inteiras do problema original.

    Obtm-se as primeiras aproximaes dos dois modelos de programao inteira

    gerados pelo processo de bifurcao, ignorando-se novamente os requisitos sobre valores

    inteiros, e resolvendo-se os modelos de programao linear resultantes. Se alguma das

    primeiras aproximaes continua a ser no inteira, ento o problema de programao inteira

    originado por esta primeira aproximao torna-se candidato a uma bifurcao adicional.

    4.1.2. Limite

    Admita-se que a funo-objetivo deva ser maximizada. A bifurcao continua at ser

    obtida uma primeira aproximao inteira (que uma soluo ao problema de programao

    inteira). O valor da funo objetivo referente a esta primeira aproximao inteira torna-se um

    limite inferior para o problema e, todos os modelos, cujas primeiras aproximaes, inteiras ou

    no, conduzam a valores da funo objetivo menores que o limite inferior, so descartados.

    O processo de bifurcao prossegue a partir dos modelos de programao com

    primeiras aproximaes no inteiras que produzam valores da funo-objetivo maiores que o

    limite inferior. Se durante o processo, for descoberta uma nova soluo inteira dando funo-

    objetivo um valor superior ao limite inferior corrente, ento esse valor da funo objetivo torna-

    se o novo limite inferior. O modelo de programao que conduziu ao antigo limite inferior

    eliminado, bem como o so todos os modelos de programao cujas primeiras aproximaes

    dem funo objetivo valores menores que o novo limite inferior. O processo de bifurcao

    prossegue at que no haja mais modelos com primeira aproximao no inteira a considerar.

    Neste ponto, a soluo correspondente ao limite inferior corrente a soluo tima do

    problema de programao inteira original.

    Se a funo-objetivo deve ser minimizada, o procedimento permanece o mesmo,

    exceto que sero utilizados limites superiores. Assim, o valor da primeira soluo inteira torna-

    se o limite superior do problema e os modelos de programao so eliminados quando os

    valores de Z de suas primeiras aproximaes so maiores que o limite superior corrente.

    Exemplo:

    Maximizar Z = 10X1 + X2

  • Sujeito a 2X1 + 5X2 11

    X1 e X2 no negativos e inteiros

    Utilizando o mtodo grfico para calcular o Modelo (1) obtemos como soluo X1 =

    5,5 e X2 = 0 com Z = 55.

    Como no obtemos uma varivel inteira na primeira aproximao (X1 = 5,5), ento

    partimos para o processo de bifurcao. Tendo em vista que 5 X1 6, a bifurcao origina

    dois novos modelos de programao inteira.

    Modelo 2

    Maximizar Z = 10X1 + X2

    Sujeito a 2X1 + 5X2 11

    X1 5

    X1 e X2 no negativos e inteiros

    Modelo 3 Maximizar Z = 10X1 + X2

    Sujeito a 2X1 + 5X2 11

    X1 6

    X1 e X2 no negativos e inteiros

    Utilizando o mtodo grfico para calcular os modelos (2) e (3) verificamos que no

    podemos obter no modelo (2) uma varivel inteira (X2 = 0,2) e o modelo (3) no apresenta

    regio vivel de soluo. Logo o modelo (2) candidato a nova bifurcao.

    Como X2 = 0,2 temos:

    0 X2 1

  • Acrescentamos ento duas novas restries (X2 0 e X2 1) nos dois novos modelos

    de programao inteira.

    Modelo 4

    Maximizar Z = 10X1 + X2

    Sujeito a 2X1 + 5X2 11

    X1 5

    X2 0

    X1 e X2 no negativos e inteiros

    Modelo 5

    Maximizar Z = 10X1 + X2

    Sujeito a 2X1 + 5X2 11

    X1 6

    X2 1

    X1 e X2 no negativos e inteiros

    Utilizando o mtodo grfico para calcular os modelos (4) e (5) obtemos as seguintes

    solues:

    Modelo (4): X1 = 5; X2 = 0 e Z = 50

    Modelo (5): X1 = 3; X2 = 1 e Z = 31

    Ambas as solues apresentam todas as variveis inteiras. De acordo com a teoria,

    quando obtemos uma primeira aproximao inteira (que uma soluo ao problema de

    programao inteira), o valor da funo objetivo desta primeira aproximao torna-se um limite

    inferior para o problema, devendo ser descartados todos os modelos que conduzam a valores

    da funo objetivo menores que o limite inferior. Logo o modelo 5 foi eliminado por causa do

    limite inferior.

  • Diagrama esquemtico dos resultados

    O problema de programao inteira original est designado por um 1 no interior de um

    circulo e todos os demais modelos de programao formados por bifurcaes so designados,

    por ordem de sua criao, por meio de nmeros inteiros no interior dos crculos. Assim, os

    modelos de programao so designados, respectivamente, pelos nmeros 2 a 5 no interior

    dos crculos. A soluo de primeira aproximao de cada um dos modelos de programao

    est escrita ao p do crculo que designa o modelo. Cada crculo (modelo de programao)

    ento conectado por uma reta ao crculo (modelo de programao) que o gerou pelo processo

    de bifurcao. A nova restrio que definiu a bifurcao escrita acima da reta. Finalmente,

    assinala-se o crculo com uma cruz se o modelo de programao correspondente deva ser

    eliminado de consideraes posteriores. Assim, o ramo 3 foi eliminado por no ser vivel. O

    ramo 5, foi eliminado por causa do limite inferior. Tendo em vista que no se deixou de

    1

    Z = 55

    (5,5;0)

    3

    No

    vivel

    2

    Z =50,2

    (5;0,2)

    5

    Z = 31

    (3;1)

    4

    Z = 50

    (5;0) X1 5

    X2 0

    X1 6

    X2 1

  • considerar nenhum ramo com soluo inteira, o diagrama esquemtico indica que o modelo

    de programao 1 foi resolvido com X1 = 5, X2 = 0 e Z = 50

    5. RESOLVENDO PROBLEMAS DE PROGRAMAO LINEAR NO EXCEL

    5.1 Instalando o Solver

    Caso a opo Solver no esteja presente no menu Ferramentas, isto porque a

    ferramenta Solver no foi instalada. Para instal-la proceda da seguinte maneira:

    - No menu Ferramentas, clique em Suplementos. Se o solver no estiver listado na caixa

    de dilogo, clique em Procurar e localize a unidade de arquivo para o suplemento

    Solver.xla (Geralmente localizado na pasta Biblioteca\Solver) ou execute o programa

    de instalao se no conseguir localizar o arquivo.

    - Na caixa de dilogo Suplementos, marque a caixa de seleo Solver.

    Os suplementos que voc selecionar na caixa de dilogo permanecero ativos at que

    voc os remova.

  • 5.2. Definindo e Resolvendo um Problema de Programao Linear no Excel

    Inicialmente, devemos definir o problema na planilha do Excel. A mgica da modelagem de

    um problema de programao linear em uma planilha eletrnica est na maneira como arrumamos

    as clulas.

    Primeiramente devemos designar uma clula para representar cada uma das seguintes

    entidades:

    - Funo-Objetivo (Expresso a ser Maximizada ou Minimizada)

    - Variveis de Deciso (Variveis que o modelador pode alterar seu valor)

    - Para cada restrio:

    - Uma para o lado esquerdo da restrio LHS (Left Land Side)

    - Uma para o lado direito da restrio RHS (Right Land Side)

    Para que possamos definir cada uma das clulas necessitamos inserir uma srie de

    parmetros do problema, tais como todos os coeficientes das restries e da funo-objetivo.

    Para lembrar o que cada clula representa aconselhvel a colocao de ttulos que

    especifiquem o contedo de cada clula (clula com texto).

    Precisamos agora avisar ao Excel quais so as clulas que representam a nossa funo-

    objetivo, as variveis de deciso, as restries do modelo e, finalmente, mandar o Excel resolver

    para ns. Isto feito utilizando-se a Ferramenta (Solver) do Excel.

    Para tal, clique com o boto esquerdo do mouse sobre o nome Ferramentas na barra de

    menu e clique em Solver.

    Aps este procedimento aparecer na tela uma janela, onde devero ser informadas ao

    software as clulas que representaro a funo-objetivo, as variveis de deciso e as restries.

    Na parte superior da janela aparece um campo para a entrada de dados chamado Clula-

    Alvo (Target Cell) que deve representar o valor da funo-objetivo. Existem duas maneiras para

    designar esta clula:

    - A primeira clicar sobre o cone que est do lado direito do campo;

    - A segunda digitar o nome da clula no campo.

    Na linha seguinte so apresentadas as opes de maximizar, minimizar e atingir valor.

    Dependendo do problema devemos clicar o mouse sobre uma das trs.

    Na prxima linha h um campo denominado Clulas Variveis (Changing Cells). Neste

    campo sero inseridas as clulas que representaro as variveis de deciso.

    Os valores podem ser inseridos da mesma maneira como no caso da funo-objetivo, isto

    , clicando sobre o cone direita do campo e marcando as clulas escolhidas ou simplesmente

    digitando seus nomes utilizando as regras do Excel para tal.

  • O prximo passo designar as restries do problema. Devemos inserir uma restrio de

    cada vez.

    Para inserir a primeira restrio devemos clicar no boto Add (Adicionar) para aparecer uma

    janela de entrada de restries.

    A janela de restries tem trs campos, que representam o LHS Cell Reference (

    esquerda), o sinal da restrio (ao centro) e o RHS Constraint ( direita).

    No necessria a introduo de variveis de folga/excesso, j que o Excel far isto de uma

    forma automtica.

    O passo seguinte ser o de clicar no boto OK, no caso de no haver nenhuma outra

    restrio, ou Add para confirmar esta restrio e abrir espao para uma nova entrada. Ao final da

    entrada de todas as restries, devemos acrescentar as restries de no-negatividade, isto ,

    quais variveis de deciso no so negativas.

    Existem duas maneiras de colocar estas restries no modelo:

    - A primeira simplesmente criar restries dizendo que cada varivel deve ser maior ou igual

    a zero e adicionar a restrio.

    - A segunda alternativa para introduzir as variveis de no-negatividade atravs da opo

    do Solver. Para poder utiliz-la, devemos clicar no boto Options (Opes) na janela de

    parmetros, contendo as opes da ferramenta Solver do Excel. Para incluir esta opo

    basta marcar o check Box ao lado da opo Assume Non-Negative (Assumir no-nagativos)

    A ltima caracterstica do modelo que deve ser implementada a de Programao Linear.

    Isto feito na mesma janela de opes. Basta marcar a opo Assume Linear Model (Assumir

    modelo linear), bem acima da opo de no-negatividade. Para sair da janela basta clicar sobre o

    boto OK da janela e isto levar de volta para a janela de parmetros.

    Uma vez inserido o modelo e suas caractersticas, devemos efetivamente resolve-lo. Para

    tanto basta clicar no boto Solver (Resolver) na janela dos parmetros da ferramenta Solver do

    Excel.

    Exemplo

    Maximizar Z = 2X1 + 3X2

    Sujeito a:

    X1 + 5X2 15

    X1 + 3X2 7

  • 2X1 + 2X2 9

    X1 0; X2 0

    5.3. Anlise de Sensibilidade

    Uma das hipteses dos problemas de programao linear a considerao de certeza nos

    coeficientes e constantes. Isto , a soluo otimizada dependente dos coeficientes da funo-

    objetivo (geralmente lucro, receita ou custo unitrio) e dos coeficientes e constantes das restries

    (geralmente necessidades por produto e disponibilidade de um recurso).

    No mundo real, quase nunca temos certeza destes valores; portanto, devemos saber o

    quanto a soluo otimizada est dependente de uma determinada constante ou coeficiente. Se

    observarmos uma alta dependncia, devemos tomar um grande cuidado na determinao da

    mesma.

    Para amenizar essa hiptese realizamos uma anlise ps-otimizao verificando as

    possveis variaes, para cima e para baixo, dos valores dos coeficientes da funo-objetivo, dos

    coeficientes e das constantes das restries, sem que a soluo tima (X1, X2... Xn) seja alterada.

    Este estudo denominado Anlise de Sensibilidade.

    Em uma anlise de sensibilidade deveremos responder basicamente a trs perguntas:

    Qual o efeito de uma mudana num coeficiente da funo-objetivo?

    Qual o efeito de uma mudana numa constante de uma restrio?

    Qual o efeito de uma mudana num coeficiente de uma restrio?

    Existem dois tipos bsicos de anlise de sensibilidade. O primeiro estabelece limites

    inferiores e superiores para todos os coeficientes da funo-objetivo e para as constantes das

    restries. Este estudo efetuado automaticamente pelo Excel, considerando a hiptese de apenas

    uma alterao a cada momento. O segundo verifica se mais de uma mudana simultnea em um

    problema altera a sua soluo tima. Neste caso, este estudo no realizado automaticamente

    pelo Excel por se um estudo mais complexo. A maneira mais simples para se realizar este estudo,

    em problemas de pequeno e mdio porte, o de se realizar alteraes na modelagem do problema

    e encontrar sua nova soluo realizando uma nova otimizao.

    Maximizar Z = 5X1 + 2X2

    Sujeito a:

    4X1 + X2 10

  • X1 + 2X2 9

    X1 0; X2 0

    Onde X1 e X2 representam as quantidades dos produtos P1 e P2. Os recursos R1 e R2 tm

    disponibilidade de 10 e 9 unidades respectivamente. Os lucros unitrios so 5 e 2 respectivamente

    para P1 e P2. Os coeficientes de X1 e X2 nas restries representam os usos dos recursos R1 e R2

    por unidade dos produtos P1 e P2. Vamos verificar as conseqncias das variaes desses dados.

    Considerando o problema acima, sua modelagem no Excel e os parmetros e opes do

    Solver utilizado para resolv-lo. Aps o comando de otimizao ter sido dado, ou seja, clicamos no

    boto OK de maneira que a soluo otimizada seja inserida automaticamente na planilha. Os

    resultados sero inseridos automaticamente na planilha utilizada na modelagem.

    Para obtermos os relatrios, devemos marc-los, clicando com o mouse nos trs relatrios

    disponveis. Vale notar o aparecimento de diversas planilhas, uma para cada relatrio pedido.

    Existem trs relatrios gerados pelo Excel. So eles: Relatrio de Respostas;Relatrio de

    Sensibilidade; e Relatrio de Limites.

  • 5.3.1. Relatrio de Respostas

    Devemos salientar que algumas legendas so automaticamente inseridas pelo Excel. Estas

    legendas podem ser alteradas facilmente pelo modelador, bastando editar a clula desejada.

    A figura a seguir mostra o Relatrio de Respostas do problema que acabamos de modelar.

    Este primeiro relatrio o de mais simples compreenso. O relatrio tem trs partes

    distintas. A primeira parte, denominada Clula-Alvo (Clula de Destino), indica o tipo de problema

    de otimizao tratado (maximizao ou minimizao) e o valor original (valor inicial) e final da

    funo-objetivo, bem como a clula que foi utilizada para represent-la.

    A segunda parte do relatrio relativo s variveis de deciso, denominada Clulas

    Ajustveis Esta parte anloga a primeira parte. Ela apresenta os valores iniciais e finais das

    variveis de deciso e as clulas utilizadas para defini-las.

    A terceira parte diz respeito s restries. A coluna das clulas indica as clulas utilizadas

    pelo LHS (Left Hand Side) de cada uma das restries. A coluna de valores das clulas indica os

    valores das constantes (RHS) de cada uma das restries. A coluna Frmulas indica cada uma das

  • frmulas utilizadas nas restries. As colunas de Status e de Transigncia so as que no so de

    compreenso direta.

    A coluna Status pode apresentam dois valores: Agrupar e Sem Agrupar. Quando o valor

    desta coluna relativo a uma restrio apresentar o valor Agrupar significa que o LHS tem o mesmo

    valor do RHS quando so substitudos os valores da soluo tima no lado esquerdo da

    restrio.Quando esta igualdade no acontecer, o valor apresentado ser de Sem Agrupar.

    O mais importante est na interpretao desta igualdade. Quando a igualdade existe, o lado

    direito e esquerdo da restrio so iguais na soluo tima, significando que todo o recurso

    disponvel (RHS) foi consumido, isto , a varivel de folga ou excesso (Transigncia) tem valor zero.

    A coluna Transigncia indica a diferena entre o LHS e o RHS de cada uma das restries.

    Por definio, restries que tenha o status Agrupar dever apresentar valor na coluna Transigncia

    igual a zero. As restries com valor Sem Agrupar apresentam algum valor positivo, que a

    diferena entre a disponibilidade do recurso e o que ser efetivamente utilizado caso a soluo

    tima seja implantada.

    5.3.2. Relatrio de Limites

    O relatrio de limites do problema em estudo apresentado a seguir.

  • Este relatrio apresenta duas partes. A primeira na parte superior, relativa funo-objetivo,

    e a outra na parte inferior, relativa s variveis de deciso. A parte superior de interpretao direta

    e apresenta a clula utilizada para representar a funo-objetivo e o seu valor na soluo tima.

    A parte inferior do relatrio necessita de esclarecimentos. O lado esquerdo apresenta as

    clulas utilizadas para representar as variveis de deciso e seus valores na soluo tima. O lado

    direito (4 ltimas colunas) diz respeito variao possvel dos valores das variveis de deciso. Os

    limites inferiores significam os menores valores que estas variveis de deciso podem assumir

    (mantidas todas as outras como constantes) sem que nenhuma restrio deixe de ser satisfeita. A

    coluna seguinte indica o valor da funo-objetivo, caso cada varivel de deciso em questo

    assuma o limite inferior e todas as outras permaneam constantes. As duas colunas seguintes so

    de interpretao anloga. A nica diferena que ao invs de encontrarmos os menores valores,

    encontraremos os maiores valores.

    5.3.3. Relatrio de Sensibilidade

    A figura a seguir apresenta o relatrio de anlise de sensibilidade do problema em estudo.

  • Este relatrio divido em duas partes. A primeira refere-se s mudanas que possam

    ocorrer nos coeficientes das variveis de deciso da funo-objetivo. A outra parte mostra as

    possveis alteraes que as constantes das restries podem sofrer.

    Na primeira coluna so apresentadas as clulas que representam as variveis de deciso e

    os LHS das restries, enquanto na terceira coluna so apresentados os valores aps a otimizao.

    A quarta coluna contm os valores das variveis de deciso e de folga/excesso do problema dual

    (Custo Reduzido e Preo-Sombra).

    Preo-Sombra

    - A quantidade pela qual a funo-objetivo altera dado um incremento de uma unidade na

    constante da restrio, assumindo que todos os outros coeficientes permaneam

    constantes.

    - A interpretao econmica seria at quanto estaramos dispostos a pagar por uma unidade

    adicional de um recurso.

    O Excel reporta o valor do preo-sombra como um valor positivo ou zero ou negativo.

    Se o preo-sombra for positivo, um incremento de uma unidade na constante da restrio

    resulta num aumento do valor de funo-objetivo. Se o preo-sombra for negativo, um incremento

    de uma unidade na constante da restrio resulta na diminuio do valor da funo-objetivo. Como

    comentado anteriormente, o valor do preo-sombra permanecer constante desde que o valor da

  • constante fique no intervalo descrito pelas duas ltimas colunas (Permissvel Acrscimo e

    Permissvel Decrscimo).

    Enquanto o valor da constante (RHS) permanecer no intervalo de variao, o conjunto de

    variveis bsicas no se altera, isto , as variveis com valores diferentes de zero (as variveis

    bsicas geralmente tem valor diferentes de zero) continuam com um valor diferentes de zero.

    O preo-sombra de uma restrio do tipo Sem Agrupar tem que ser zero, uma vez que

    existem recursos disponveis no sendo utilizados; portanto, sem valor marginal.

    Devemos observar que uma restrio do tipo menor ou igual abrandada pelo incremento

    de uma unidade, enquanto restries do tipo maior ou igual o pelo decremento de uma unidade.

    Analogamente, uma restrio do tipo menor ou igual se torna mais restritiva pelo decremento de

    uma unidade, e a do tipo maior ou igual pelo incremento de uma unidade.

    O valor absoluto do preo-sombra pode ento ser visto como o valor que a funo-objetivo

    melhorada no caso de um abrandamento na restrio, isto , um incremento de uma unidade na

    restrio do tipo menor ou igual ou um decremento de uma unidade na restrio do tipo maior ou

    igual.

    Analogamente, o valor absoluto do preo-sombra pode ento ser visto como o valor da

    funo-objetivo que piorado no caso de uma restrio se tornar mais restritiva, isto , um

    incremento de uma unidade na restrio do tipo maior ou igual, ou um decremento de uma unidade

    na restrio do tipo menor ou igual.

    Custo Reduzido

    Existem duas interpretaes bsicas para o Custo Reduzido:

    - A quantidade que o coeficiente da funo-objetivo de uma varivel original deve melhorar

    antes desta varivel se tornar bsica.

    - A penalizao que dever ser paga para tornar uma varivel bsica.

    Os Custos Reduzidos so as variveis de folga ou excesso do problema dual. Portanto, se

    uma varivel do problema original for maior que zero, o valor da varivel do dual relacionada ser

    zero, isto , o valor do custo reduzido ser zero.

    Como os valores do Custo Reduzido esto ligados aos coeficientes da funo-objetivo

    (lembrando que os coeficientes da funo-objetivo do problema Primal se tornam as constantes das

    restries do problema Dual), as colunas Permissvel Acrscimo e Permissvel Decrscimo dos

    coeficientes formam um intervalo no qual os coeficientes podem sofrer alteraes (desde que

    apenas um dos coeficientes se altere) sem que a soluo tima seja alterada.

    5.4. Exerccios

  • 1) Uma pequena empresa produz psteres de bandas de Rock. Ela fabrica quatro tipos de psteres,

    que diferem em tamanho e nas cores utilizadas. A empresa conseguiu uma impressora para

    produzir os psteres. Cada pster deve ser impresso, cortado e dobrado. O tempo (em minutos)

    para fazer isso para os quatro tipos de psteres e o lucro unitrio de:

    Tipo de Pster Impresso Corte Dobragem Lucro

    A 1 2 3 1

    B 2 4 2 1

    C 3 1 5 1

    D 3 3 3 1

    Disponvel 15000 20000 20000

    Pede-se:

    a) Construir o modelo matemtico para o problema de programao linear.

    b) Determinar as quantidades timas produzidas e o lucro projeto utilizando a ferramenta

    Solver do Excel.

    c) Com base no relatrio de sensibilidade, determine quanto a empresa est disposta a pagar

    por tempo extra de impresso, de corte e de dobragem?

    2) As Indstrias Barbieri fabricam os Produtos 1 e 2. As empresas conseguem vender todos os

    produtos. Cada produto passa por trs departamentos e os tempos de fabricao requeridos

    encontram-se na tabela a seguir:

    Tempo de fabricao em horas por unidade

    Departamento A Departamento B Departamento C

    Produto 1 2 1 4

    Produto 2 2 2 2

    Cada departamento, entretanto, tem uma capacidade fixa de homens-hora por ms, como

    mostra a tabela a seguir.

    Departamento Capacidade mxima em homens-hora

    A 160

  • B 120

    C 280

    A margem de contribuio do Produto 1 de $1,00 por unidade e a do Produto 2 de $1,50

    por unidade.

    O problema consiste em determinar quanto fabricar de cada produto com o objetivo de

    maximizar a margem de contribuio total (MCT).

    Pede-se:

    1) Elaborar o modelo do problema.

    2) Resolver o problema utilizando a Ferramenta Solver do Excel.

    3) Analisar os relatrios de reposta, limites e sensibilidade e responder as seguintes

    questes:

    3.1) Qual a quantidade dos produtos deve ser produzida na soluo tima? Qual a MCT

    obtida nessa soluo?

    3.2) Em que departamentos produtivos existe ociosidade e de quantas horas?

    3.3) Considerando a soluo tima, se o Produto 1 passar a ser produzido em seu limite

    mnimo, qual a margem de contribuio total?

    3.4) A partir da soluo tima, qual o reflexo na MCT de cada nova unidade do Produto

    2 que a empresa produzir? Isto vlido para que intervalo?

    3.5) Considerar que a empresa deseja ampliar a capacidade produtiva do Departamento

    B.

    3.5.1) Determinar qual o impacto na margem de contribuio que seria provocado

    pelo aumento de cada nova unidade na capacidade total do departamento.

    3.5.2) Considerar que o custo com a ampliao da capacidade produtiva de 40

    unidades no departamento de $500,00. Calcular quantos meses seriam

    necessrios para, com o ganho adicional na margem de contribuio da empresa,

    cobrir os custos decorrentes da ampliao.

    3) Dado o modelo de Programao Linear.

    Maximizar Z = 2100X1 + 1200X2 + 600X

  • Sujeito a:

    6X1 + 4X2 +6X3 3760 (Horas de Mquina)

    12X1 +16X2 +2X3 9520 (Horas de Mo-de-obra)

    X1 380 (Demanda de P1)

    X2 400 (Demanda de P2)

    X3 480 (Demanda de P3)

    X1 0; X2 0; X3 0

    a) Construir o modelo matemtico para o problema de programao linear.

    b) Determinar as quantidades timas produzidas e o lucro projeto utilizando a ferramenta

    Solver do Excel.

    c) Qual a utilizao dos recursos horas de mquina e horas de mo-de-obra?

    d) A demanda dos produtos P1, P2 e P3 completamente atendida? Justifique sua resposta.

    e) Quais so as utilidades marginais (preo sombra) dos recursos produtivos (mquinas e mo-

    de-obra) e das demandas (P1, P2 e P3)?

    f) Caso pudssemos produzir mais uma unidade de produto (P1, P2 e P3), qual seria a melhor

    opo? Porque?

    g) Caso pudssemos acrescentar mais uma hora em algumas das sees (mquina/mo-de-

    obra), qual seria a melhor alternativa? Por qu?

    h) Quais so os recursos escassos do processo produtivo?

    i) Verifica-se que a demanda de alguns produtos no completamente atendida. Identifique

    esses produtos.