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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE ANÁLISE DOS FATORES DE RISCO DA COLUNA LOMBAR EM COSTUREIRAS DE UMA FÁBRICA DE CONFECÇÃO NO MUNICÍPIO DE MURIAÉ – MG GRASIELLA OLIVEIRA PAIZANTE CARATINGA MINAS GERAIS – BRASIL MARÇO DE 2006

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA

MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE

ANÁLISE DOS FATORES DE RISCO DA COLUNA LOMBAR EM COSTUREIRAS DE UMA FÁBRICA DE

CONFECÇÃO NO MUNICÍPIO DE MURIAÉ – MG

GRASIELLA OLIVEIRA PAIZANTE

CARATINGA MINAS GERAIS – BRASIL

MARÇO DE 2006

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE

ANÁLISE DOS FATORES DE RISCO DA COLUNA LOMBAR EM COSTUREIRAS DE UMA FÁBRICA DE

CONFECÇÃO NO MUNICÍPIO DE MURIAÉ – MG

GRASIELLA OLIVEIRA PAIZANTE

Dissertação apresentada ao Centro Universitário de Caratinga, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Sustentabilidade, para obtenção do título de Magister Scientiae.

CARATINGA MINAS GERAIS – BRASIL

MARÇO DE 2006

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ii

GRASIELLA OLIVEIRA PAIZANTE

ANÁLISE DOS FATORES DE RISCO DA COLUNA LOMBAR EM COSTUREIRAS DE UMA FÁBRICA DE

CONFECÇÃO NO MUNICÍPIO DE MURIAÉ – MG

Dissertação apresentada ao Centro Universitário de Caratinga, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Sustentabilidade, para obtenção do título de Magister Scientiae.

APROVADA: 31 de março de 2006.

Prof. Dsc Marcus Vinícius M. Pinto Profª PhD Miriam Abreu Albuquerque (Orientador) (Co-orientadora)

Prof. Dsc Luciano José Minette Prof. Dsc Marcos Alves Magalhães

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iii

"É melhor tentar e falhar que preocupar-se e ver a vida passar;

é melhor tentar, ainda que em vão, que sentar-se fazendo nada até o final.

Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias tristes em casa me esconder.

Prefiro ser feliz, embora louco, que em conformidade viver ..."

MARTIN LUTHER KING

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iv

A Deus Aos meus pais, Paulo e Edinéa À tia Neusa, irmãos e familiares

Aos amigos e todos que amo

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v

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus e a todas as pessoas que, direta ou indiretamente,

contribuíram para a realização desse estudo, em especial:

Ao Centro Universitário de Caratinga, professores, funcionários e colegas

do mestrado pela oportunidade de participar do Programa de Pós-Graduação.

Ao Professor Dr. Luciano José Minette, pela amizade, dedicação,

competência, incentivo e respeito aos meus limites. Você foi o grande

responsável por essa conquista.

Ao Professor Dr. Marcus Vinícius de Mello Pinto, pelas sugestões e

opiniões na qualificação que permitiram o aprimoramento deste trabalho.

Ao Professor Dr. Mário Antônio Baraúna, pela autorização em utilizar a

Biofotogrametria como ferramenta deste estudo.

À Empresa pesquisada e aos entrevistados, por meio de seus

administradores e funcionários, pela cooperação na coleta de dados.

Aos amigos, Gracielli Peron e Prof. Marcelo Duarte, pelo estímulo e apoio

dado ao meu ingresso no mestrado.

Aos amigos Heberth, Mª Odete, Celsinho, Adamar, Márcio e minha irmã

Lidi pela ajuda na busca de materiais que pudessem enriquecer esta pesquisa.

Às alunas Flávia e Sarah, pelo empenho, não medindo esforços em me

acompanharem nesta jornada, como um incentivo de que esse é o caminho.

Ao Alê, pela sua presença e compreensão, sempre me incentivando com

muita sabedoria, paciência e carinho, principalmente nas horas mais difíceis.

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vi

BIOGRAFIA

GRASIELLA OLIVEIRA PAIZANTE, filha de Paulo Paizante e Edinéa

Oliveira Paizante, nasceu no dia 17 de janeiro de 1978, na cidade de

Governador Valadares, Estado de Minas Gerais.

Iniciou em agosto de 1996 a graduação em Fisioterapia pela Fundação

Educacional de Caratinga – FUNEC, no Estado de Minas Gerais, tendo

concluído em julho de 2001.

Em agosto de 2004, ingressou no Programa de Mestrado em Meio

Ambiente e Sustentabilidade com linha de pesquisa em Saúde do Trabalhador

no Centro Universitário de Caratinga – UNEC, defendendo dissertação em

março de 2006.

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vii

LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

ATM – Articulação Têmporo-Mandibular

C7 – Sétima Vértebra Cervical

DORT – Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho

EIAI – Espinha Ilíaca Ântero-Inferior

EIAS – Espinha Ilíaca Ântero-Superior

EIPI – Espinha Ilíaca Póstero-Inferior

EIPS – Espinha Ilíaca Póstero-Superior

IMC – Índice de Massa Corporal

L1 – Primeira Vértebra Lombar

L2 – Segunda Vértebra Lombar

L4 – Quarta Vértebra Lombar

L5 – Quinta Vértebra Lombar

MMII – Membros Inferiores

RCM – Relação Cabeça-Maléolo

RCMD – Relação Cabeça-Maléolo Direito

RCME – Relação Cabeça-Maléolo Esquerdo

S1 – Primeira Vértebra Sacral

T12 – Décima Segunda Vértebra Torácica

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viii

RESUMO

PAIZANTE, GRASIELLA OLIVEIRA. MsC., Centro Universitário de Caratinga, março de 2006. Análise dos fatores de risco da coluna lombar em costureiras de uma fábrica de confecção no município de Muriaé – MG. Professor Orientador: Dsc Marcus Vinícius de Mello Pinto. Co-orientadora: PhD Miriam Abreu Albuquerque.

A pesquisa foi desenvolvida a partir de dados coletados em uma fábrica

de confecção no município de Muriaé – MG, para estudar os fatores de risco da

coluna lombar relacionados às atividades exercidas pelas costureiras neste

ambiente, visando segurança, saúde e conforto destas trabalhadoras. Os

objetivos específicos foram analisar as características do perfil, condições de

trabalho e saúde das trabalhadoras; incidência de sintomas osteomusculares;

avaliação da biomecânica postural da coluna lombar e os fatores de risco da

dor lombar. A investigação ocorreu com a aplicação de um questionário que

continha dados sobre o perfil, condições de trabalho e saúde das

trabalhadoras, além do questionário Nórdico Padrão. Este último é um

instrumento validado que investiga a incidência de dor osteomuscular nas

articulações. Realizou-se também uma análise biomecânica postural das

costureiras através da Biofotogrametria® e um check list simplificado para os

fatores de risco às lombalgias. Os resultados indicaram que a idade média das

funcionárias é de 22 anos. Já o tempo médio na empresa é de 38 meses e o

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ix

tempo na atividade é de 32 meses. As maiores reclamações sobre dores no

corpo ao final do dia foram relativas às dores lombares (74,2%). O questionário

Nórdico Padrão revelou que 72,3% das costureiras sentiram dores na coluna

lombar nos últimos 12 meses e 54,1% nos últimos 7 dias, e destas 27,1%

referiram dificuldades na execução da tarefa devido à dor. Já a análise

biomecânica postural apresentou 41,2% das trabalhadoras com algum tipo de

assimetria na coluna lombar. Todas as atividades avaliadas sobre os fatores de

risco a dor lombar foram classificadas como risco moderado no check list

aplicado. A alta incidência de dor na coluna lombar das costureiras pode estar

relacionada à manutenção de posturas estáticas levando à fadiga muscular e à

dor.

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x

ABSTRACT

PAIZANTE, GRASIELLA OLIVEIRA. MsC., Centro Universitário de Caratinga, March, 2006. Analysis of the risk factors on the lumbar spine of the dressmakers from a factory in the city of Muriaé – MG. Adviser: Dsc. Marcus Vinícius de Mello Pinto. Co-adviser: PhD Miriam Abreu Albuquerque.

The research was developed from data collected in a factory of masculine

underwear clothes in the city of Muriaé – MG, to study the risk factors on the

lumbar spine related to the activities performed by the dressmakers in this

environment, aiming for security, health and comfort of these workers. The

specific goals were analyzed through the profile features, the working conditions

and the workers´ health; from the incidence of osteomusculares symptoms;

from the evaluation of the postural biomechanics of the lumbar spine and

through the analysis of the risk factors on lumbar pain. The research was done

with the application of a questionnaire which had data about the profile, working

conditions and the workers’ health, and also the Nordic Standard questionnaire.

This last one is a valid instrument that investigates the incidence of

osteomuscular pain in the joints. It was also done a postural biomechanics

analysis of the dressmakers through Biofotogrametria® and a simplified check

list for the risk factors to the low back pain. The results indicated that the

average age of the employees is 22 years. And the average time working at the

company is 38 months and the time performing the activity is 32 months. The

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xi

major complaint about pains on the body at the end of the day had been due to

lumbar pains (74.2%). The Nordic Standard questionnaire showed that 72.3%

of the dressmakers had felt pains on the lumbar spine for the last 12 months

and 54.1% for the last 7 days and of these 27.1% had related difficulties while

performing the tasks due to this pain. On the other hand the postural

biomechanics analysis presented that 41.2% of the workers had demonstrated

to have some type of asymmetry on the lumbar spine. All the activities

evaluated about the risk factors on lumbar pain had been classified as

moderate risk in the check list applied. It can be inferred that the high incidence

of pain on the lumbar spine of the dressmakers can be related to the

maintenance of static positions leading to muscular fatigue and pain.

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CONTEÚDO

página

RESUMO...........................................................................................................ix

ABSTRACT .................................................................................................... xi

INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1

1.1 Importância e Caracterização do Problema.............................................. 1

1.2 Objetivos................................................................................................... 3

REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 4

2.1 Ergonomia ................................................................................................ 4

2.2 Perfil, Condições de Trabalho e Saúde .................................................... 5

2.3 Sintomas Osteomusculares...................................................................... 7

2.4 Biomecânica da Coluna Lombar............................................................... 9

2.5 Dor Lombar............................................................................................... 11

2.6 A Indústria Têxtil e de Confecção no Brasil .............................................. 13

MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................... 15

3.1 Região de Estudo ..................................................................................... 15

3.2 Atividades Desenvolvidas na Confecção.................................................. 17

3.2.1 Confecção do Molde.............................................................................. 17

3.2.2 Corte...................................................................................................... 17

3.2.3 Costura .................................................................................................. 17

3.2.3.1 Fechamento da peça com recorte ...................................................... 17

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3.2.3.2 Fechamento da peça lisa sem recorte................................................ 18

3.2.4 Elástico-“perninha”................................................................................. 18

3.2.5 Elástico-“cintura”.................................................................................... 18

3.2.5.1 Elástico “comum”................................................................................ 18

3.2.5.2 Elástico “mexicano” ............................................................................ 18

3.2.6 Arremate................................................................................................ 19

3.2.7 Inspeção das Peças .............................................................................. 19

3.2.8 Embalagem ........................................................................................... 19

3.3 População Pesquisada............................................................................. 20

3.4 Perfil, Condições de Trabalho e Saúde das Trabalhadoras ..................... 20

3.5 Sintomas Osteomusculares...................................................................... 21

3.6 Biomecânica Postural da Coluna Lombar................................................. 21

3.7 Fatores de Riscos da Dor Lombar............................................................ 29

3.8 Análises Estatísticas................................................................................. 29

RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................... 31

4.1 Perfil, Condições de Trabalho e Saúde das Trabalhadoras ..................... 31

4.1.1 Perfil ...................................................................................................... 31

4.1.2 Condições de Trabalho.......................................................................... 34

4.1.3 Saúde das Trabalhadoras ..................................................................... 38

4.2 Incidência de Queixas Osteomusculares.................................................. 40

4.3 Biomecânica Postural ............................................................................... 44

4.4 Dor Lombar............................................................................................... 48

CONCLUSÕES .............................................................................................. 50

5.1 Perfil, Condições de Trabalho e Saúde das Trabalhadoras ..................... 50

5.2 Incidência de Queixas Osteomusculares.................................................. 51

5.3 Biomecânica Postural ............................................................................... 51

5.4 Fatores de Risco da Dor Lombar.............................................................. 51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 52

ANEXO I ......................................................................................................... 58

ANEXO II ........................................................................................................ 62

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1

INTRODUÇÃO

1.1 Importância e Caracterização do Problema

O mundo do século XXI permite ao homem desfrutar de confortos

tecnológicos e apesar de todo esse progresso conquistado, jamais a população

conseguirá se livrar por completo de algumas enfermidades que fazem parte da

condição do ser humano. Distúrbios cardiovasculares, alcoolismo e doenças

ocupacionais são três das muitas “pragas” que substituíram as grandes

epidemias do passado e, hoje, atingem grandes contingentes populacionais,

em todo o mundo no meio de produção (NICOLETTI, 1996).

Para NICOLETTI (1996), o ser humano é altamente dependente dos

meios de produção de serviços e de bens de consumo para sua sobrevivência.

Esta forma moderna de viver pode ser o fator que contribui para o

aparecimento das doenças ocupacionais em concordância ao conjunto de

fatores políticos, sociais e econômicos do indivíduo diante de sua estruturação

no ambiente de trabalho.

O crescimento e o impacto tecnológico geraram uma estruturação do

trabalho nas atuais organizações, propiciando o desenvolvimento do homem

em seu ambiente de trabalho. Isso poderá refletir no aumento da produtividade

pela diminuição do esforço exigido e adequação de medidas posturais no local

de trabalho, intervindo diretamente na saúde do trabalhador.

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2

A ergonomia é capaz de dar sustentação positiva às formas modernas de

se administrar a produção e a diminuir a incidência de problemas,

principalmente das lesões por esforços repetitivos ou traumas acumulativos.

A ergonomia abrange um conjunto de ciências e tecnologias para uma

melhor adaptação do homem em seu trabalho, basicamente procurando

adaptar as condições de trabalho às características do ser humano.

Ela se faz importante na produtividade e organização das pessoas em

seu ambiente de trabalho, permitindo a promoção e a prevenção da saúde

como um todo, uma vez que analisa a função, a postura, os movimentos e o

ambiente, proporcionando ao trabalhador melhorias nas condições de trabalho.

A prática da ergonomia por uma equipe interprofissional é de fundamental

importância por não existir uma categoria profissional capaz de dar uma

solução ergonômica completa.

A ergonomia representa um marco da empresa moderna, principalmente

pela necessidade de se prevenir os problemas músculo-ligamentares. Segundo

CECIN (2000), cerca de 80% da população, em algum período da vida, terão

algum tipo de dor na coluna lombar. Isto reduz a produtividade, gerando

afastamentos, além de deixarem a empresa em situação de fragilidade.

As dores lombares são muitas vezes precipitadas pelas condições de

trabalho onde muitos dos problemas são decorrentes da má utilização da

biomecânica do homem.

Muitos fatores de risco para a dor na coluna envolvem características

ocupacionais. O levantamento de peso, além da capacidade física do

trabalhador, o trabalho em posturas inadequadas e um ambiente inapropriado

ergonomicamente são fatores constituídos como risco.

A lombalgia vem sendo considerada por NICOLETTI (1996) e CECIN

(2000), nos dias atuais, um problema de saúde pública. Constitui uma grande

causa de morbidade e incapacidade para o trabalho, perdendo para a cefaléia,

na escala dos agravos que atinge o ser humano.

BOM SUCESSO (1997) cita que produtos e serviços de qualidade

decorrem do compromisso pessoal e do prazer de trabalhar. Por isso, a adoção

de uma postura correta se faz importante na produtividade do trabalhador.

A postura assumida pelo indivíduo é única e pessoal, é uma característica

individual e pode sofrer influências decorrentes da personalidade de cada um.

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3

A ergonomia tem contribuído significativamente para melhoria das

condições do trabalho (MINETTE, 1996). Isso implica na qualidade das

condições e organização da empresa acrescido do compromisso pessoal

assumido pelo trabalhador.

No Brasil são escassos os resultados de pesquisas conduzidas que

permitam inferir, de modo consistente, sobre a influência da ação isolada ou da

interação dos fatores econômicos, humanos, ergonômicos e ambientais no

desempenho e na saúde do trabalhador.

1.2 Objetivos

O objetivo geral dessa pesquisa foi identificar os fatores de risco para os

distúrbios osteomusculares da coluna lombar, direcionado às lombalgias em

costureiras de uma fábrica de confecção, visando segurança, saúde e conforto

destas trabalhadoras.

Especificamente, pretende-se:

a) Caracterizar o perfil, as condições de trabalho e a saúde das

trabalhadoras;

b) Identificar a incidência de sintomas osteomusculares;

c) Avaliar a biomecânica postural da coluna lombar;

d) Analisar os fatores de risco da dor lombar.

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4

REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Ergonomia

A ergonomia é uma área de grande importância e abrangência na saúde

do trabalhador, por isso, é definida de diversas formas e por vários autores na

tentativa de achar um conceito amplo e mais completo.

Em épocas anteriores, buscava-se um termo que explicasse uma fácil

tradução para outros idiomas e que permitisse derivação de outras palavras –

ergonomistas, ergonômico, entre outros; e que não implicasse que um termo

fosse mais importante que outro. O neologismo ergonomia compreende os

termos gregos ergo (trabalho) e nomos (normas, regras). Entretanto, a

etimologia do vocábulo não define, precisamente, o objetivo desta palavra

(MORAES e MONT’ALVÃO, 1998).

A ergonomia trata da compreensão das interações entre os seres

humanos e outros elementos de um sistema, e a profissão que aplica teorias,

princípios, dados e métodos, a projetos que visam otimizar o bem estar

humano e a desempenho global dos sistemas (ASSOCIAÇÃO

INTERNACIONAL DE ERGONOMIA, 2004). Já para MORAES E SOARES

(1989), a ergonomia se define como uma tecnologia projetual das

comunicações entre homens e máquinas, trabalho e ambiente.

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5

BOM SUCESSO (1997) relata que trabalhar durante 8 horas exposto à

alta temperatura, barulho intenso, e conduzir veículos de transporte coletivo

nas grandes cidades ou atuar em escritórios arquitetônicos ou

tecnologicamente sofisticados definem diferentes contextos e provocam

diferentes sentimentos e emoções no trabalhador.

Como teoria tecnológica substantiva, a ergonomia busca, através de

pesquisas descritivas e experimentais, sobre limiares, limites e capacidades

humanas (a partir de dados da fisiologia, da neurofisiologia, da psicofisiologia,

da psicologia, da psicopatologia, da biomecânica – primariamente aplicadas no

trabalho, bem como da anatomia e da antropometria), fornecer bases de

consumo e de capital, meios e métodos de trabalho, planejamento,

programação e controle, processos de produção e sistemas de informação

(MORAES e MONT’ALVÃO, 1998).

Portanto, a progressiva sofisticação dos processos de manufatura e das

relações de produção passou a ser evidente já que o trabalho poderia estar

associado a doenças, e assim, a ergonomia assumiu um de seus focos de

atuação (BUCICH, 2004).

2.2 Perfil, Condições de Trabalho e Saúde

No nível mais superficial e aparente, trabalhar é se comportar de modo a

satisfazer exigências impostas pela organização, garantindo a adaptabilidade,

alcance de objetivos organizacionais e lucros (PINTO, 2001).

Caracterizar os trabalhadores e conhecer as características gerais do

trabalho é de suma importância, uma vez que possibilita realizar um

diagnóstico das condições de vida e do ambiente de trabalho, verificando

problemas que podem interferir na qualidade de vida e produtividade dos

trabalhadores (MINETTE et al., 2001).

Segundo MENDES (1995:35), “Os problemas no trabalho nascem de

relações conflituosas. De um lado, encontra-se a pessoa e a sua necessidade

de prazer; e do outro, a organização, que tende à instituição de um

automatismo e à adaptação do trabalhador a um determinado modelo”.

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Para DEJOURS et al. (1999), um dos maiores pesquisadores sobre

psicodinâmica do trabalho na atualidade, pode-se observar um aumento da

conscientização dos estudiosos em comportamento humano no trabalho e

gestores empresariais sobre a importância da compreensão dos aspectos

psicodinâmicos correlacionados com o desempenho humano nas

organizações. Este entendimento deve incluir os comportamentos saudáveis,

vinculados à experiência de prazer e que constituem a base psíquica para a

produtividade, qualidade, pro-atividade, criatividade, alta motivação e

comprometimento no trabalho.

Para a maioria das organizações, a atividade profissional deve ser

aprendida mediante treinamento e deve ser capaz de satisfazer um

determinado nível de expectativas.

Para MENDES (1999), a análise da relação entre o trabalhador e as

condições de trabalho, no âmbito corporativo, têm sido superficial e baseadas

em parâmetros centrados nos aspectos objetivos do comportamento

organizacional.

Assim, os fatores ocupacionais podem ser subdivididos em aspectos

organizacionais, tais como: existência de metas de produtividade, rodízio,

sistemas de pausa e os aspectos físicos ou biomecânicos, expressos pelas

posturas adotadas no trabalho, forças requeridas para a execução das tarefas,

repetitividade e ausência de descanso para a recuperação funcional (NIOSH,

1998 apud BARBOSA et al., 2000). Já os fatores individuais mais conhecidos

são: a idade, o sexo, a atividade física, o tabagismo, a força física e a

antropometria (BARBOSA et al., 2000).

De acordo com BARBOSA (2002), a sensação térmica sentida pelo corpo

depende da temperatura externa, do grau de umidade do ar e da velocidade do

vento. COUTO (1995) afirma que o trabalho em altas temperaturas leva a uma

menor tolerância do trabalhador ao ambiente de trabalho podendo gerar

distúrbios orgânicos, físicos e mentais, como: tontura, desfalecimento,

desidratação, crises neuróticas e mesmo psicóticas, comprometimento da

produtividade e da atividade intelectual, dentre outras.

Afinal, o que representa para cada trabalhador pertencer a uma

determinada organização, ocupando um determinado cargo e desempenhando

tarefas específicas? A representação simbólica e a respectiva imagem

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internalizada da realidade profissional terão um peso significativo na

determinação da sua forma de lidar com as condições de trabalho

(PINTO, 2001).

A opinião dos trabalhadores em relação ao seu ambiente de trabalho é

primordial na implantação de novas medidas e melhorias para o setor,

proporcionando uma sensação de satisfação e bem estar no local de trabalho.

2.3 Sintomas Osteomusculares

As desordens osteomusculares têm sido um grande problema para a

Saúde Ocupacional no que se refere ao absenteísmo, nos últimos anos

(SALLES, 1991)

Segundo MENDES (1995) e SANTOS (1998), o distúrbio osteomuscular

relacionado ao trabalho (DORT) vem assumindo a liderança das estatísticas

relativas às doenças ocupacionais do Brasil.

O Ministério da Previdência Social, através da Norma Técnica para

Avaliação da Incapacidade (1993), define o DORT como uma “inflamação de

tecidos sinoviais, tendões, músculos, fáscias, ligamentos e nervos,

concomitante ou isoladamente, cuja etiologia seja ocupacional, mesmo quando

associada a outras patologias”.

BARBOSA (2002) diz que o conhecimento do processo etiológico é de

extrema importância e o referencia como causas dessas desordens

osteomusculares a repetitividade, a força excessiva, a compressão e a

vibração mecânica, além da adoção de posturas inadequadas.

Posturas utilizadas durante as tarefas de origem estática executadas por

longos períodos acarretam distúrbios e sintomas osteomusculares. Tal fato

decorre da fisiologia do músculo durante tais movimentos que, segundo Couto

(1995), no esforço estático ocorre um alto grau de fadiga muscular. Ele diz que

quando o organismo sai de sua posição normal de equilíbrio e a parte superior

do tronco se curva para frente ou para os lados, a musculatura do dorso passa

a atuar no sentido de contrabalançar a ação da gravidade sobre a parte que se

desequilibrou, podendo levar à hipóxia e consequentemente, o sintoma

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osteomuscular da dor. Esse mecanismo ocorre com a musculatura da coluna

lombar quando o indivíduo trabalha sentado em postura estática devidamente

curvada para frente, ocorre então, uma vasoconstrição dos capilares

musculares, diminuindo o aporte de oxigênio para esse local com conseqüente

aumento do ácido lático.

As estruturas inertes que suportam o corpo são ligamentos, fáscias, ossos

e articulações, enquanto que os músculos e suas inserções tendíneas são as

estruturas dinâmicas que o mantêm em uma postura ou o movem de uma

posição para a outra, tendo a gravidade como responsável por sobrecarregar

essas estruturas e manter o corpo numa postura ereta

(KISNER e COLBY, 1998).

Para BIENFAIT (1995), fisiologicamente, a anatomia do aparelho

locomotor é constituída por um esqueleto passivo rígido, formado por ossos e

articulações que permitem sua mobilidade, e outro ativo, formado por um

imenso tecido conjuntivo fibroso, no qual estão incluídos os elementos

contráteis motores, principalmente os músculos e os tendões.

Os desequilíbrios musculares que afetam o alinhamento corporal

constituem importante fator em muitas condições posturais dolorosas, e a dor

lombar é o sintoma mais referido pelos pacientes como uma das principais

causas de incapacidade prolongada e perda de trabalho das sociedades

civilizadas (PINTO e CHEDID, 2003).

Em algumas situações de “trabalho” ou do dia-a-dia, a manutenção da

postura sentada ou em pé por períodos prolongados, movimentos repetitivos,

exagerados e forçados, levantamentos de pesos, trabalho físico leve e pesado

agridem as estruturas músculo-esqueléticas da coluna lombar.

Conseqüentemente, essas posturas podem ser consideradas como fatores

determinantes dos sintomas osteomusculares da coluna lombar ou as

lombalgias propriamente ditas (VITTA, 1996).

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2.4 Biomecânica da Coluna Lombar

Durante o desenvolvimento, a coluna vertebral está em posição de flexão

total. Ao nascimento, a coluna da criança é descrita como tendo uma forma de

“c”, o que significa que as facetas e os elementos posteriores se

desenvolveram com as superfícies articulares distantes entre si, ou na posição

de impactação parcial (MACCONIALL e BASMAJIAN, 1969). GOULD III (1993),

também diz que a curva reversa ou lordótica aparece na coluna lombar quando

a criança assume a posição ortostática para a marcha.

O homem apresenta uma postura bípede, graças a uma importante

retroversão pélvica, o que não foi completa na raça humana, permanecendo

certo grau de anteversão (KNOPLICH, 1985). Esse autor também afirma que

para manter a postura ereta faz-se necessária uma curvatura lombar com uma

concavidade posterior denominada lordose lombar. Esta lordose é muito

variável de indivíduo para indivíduo, pois modifica de acordo com o grau de

anteversão da pelve, que se situa entre 25 e 40º, sendo mais proeminente no

sexo feminino (GREVE e AMATUZZI, 2003).

Dentro de cada região, existem áreas de maior ou menor movimento

biomecânico. Na coluna lombar, as facetas se encontram em um plano sagital

e limitam a rotação em uma grande quantidade, a flexão lateral em uma menor

quantidade, e pouco, a flexo-extensão. As facetas são mais sagitais entre as

vértebras lombares 1 e 2 (L1-L2) e se movem anteriormente no plano frontal nos

níveis das lombares 4 e 5 (L4-L5) e da vértebra lombar 5 e sacral 1 (L5-S1)

(VERMON, 1976). Conseqüentemente, uma pequena rotação é permitida na

região lombar superior e uma grande na lombar inferior, além dos movimentos

de flexão e extensão (SMITH, 1997).

Para COUTO (1995), a junção lombossacra ou L5-S1 é um dos pontos

mais importantes da coluna vertebral, pois essa articulação é o ponto de apoio

da maioria dos movimentos do tronco sobre os membros inferiores. Uma das

causas que leva a dor lombar é a discrepância de membros inferiores devido a

uma escoliose formada proporcionalmente à diferença desses membros

(GREVE e AMATUZZI, 2003) e que segundo BIENFAIT (1995), clinicamente

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são analisadas através do nivelamento das espinhas ilíacas ântero-superiores

na vista anterior do indivíduo.

Para RICIERI (2004), na vista anterior e/ou frontal referente aos ombros e

a pelve, os valores angulares superiores ao valor de referência (93 graus)

indica supranivelamento do ombro direito e também da pelve no dimídio direito

em relação ao esquerdo; e o inverso acontece quando os valores angulares

são inferiores a 87 graus.

A flexão lateral e a rotação da coluna ocorrem de forma simultânea. A

direção da rotação vertebral, quando ocorre a inclinação lateral, é regulada

pela tensão colocada sobre os ligamentos e pela direção das curvas

fisiológicas, combinadas com a direção da inclinação lateral. A face côncava da

curva normal vira-se para a face convexa da curva lateral (MACCNAILL e

BASMAJIAN, 1969). Uma inclinação lateral para a esquerda causará rotação

dos corpos vertebrais torácicos para a direita. Os corpos lombares tenderiam a

rodar para a esquerda, porém, como as facetas articulares desta região estão

dirigidas em um plano quase sagital, o movimento de rotação fica limitado

(SMITH, 1997).

Para GOULD III (1993), na coluna lombar, quando o tronco está fletido e

vai para uma inclinação lateral, a vértebra apresenta um componente de

movimento de rotação. Na posição fletida, em função dos fatores ligamentares

e facetários, a vértebra irá rodar para o mesmo lado da inclinação lateral e

inerente à rotação de uma vértebra sobre a outra, terá uma tensão de uma

metade das fibras do ligamento anular da coluna.

O fenômeno do movimento de rotação com inclinação lateral

(e vice-versa) acontece em todas as regiões da coluna, mas a mudança na

direção da rotação em flexão e em posição ereta é específica da região lombar.

A quantidade de cada movimento depende das facetas, músculos externos e

ligamentos (KAPANDJI, 1974). O núcleo, sendo constituído principalmente de

água, é praticamente incompreensível e conseqüentemente, atua mais na

distribuição do que na absorção da força.

O núcleo, com o decorrer da idade, ou quando lesado, sofre alterações

bioquímicas que diminuem sua capacidade de formar fortes ligações com a

água (NAYLOR, 1976). A seguir, o núcleo perde os fluidos mais rapidamente

do que absorve aumentando a pressão, lateralmente; e a progressão desse

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processo através das camadas externas produz a dor (GOULD III, 1993). Este

fato associado à adoção de posturas inadequadas deforma as articulações

levando a incapacidade do trabalhador e ao afastamento de suas atividades

laborais.

Sendo o homem o componente de maior relevância no processo de

produtividade, é fundamental associar as posturas corretas aos fatores

ergonômicos para produzir um ambiente adequado de trabalho e afastar os

riscos de lesão ocupacional.

2.5 Dor Lombar

O termo lombalgia quer dizer simplesmente “dor na coluna lombar”, é

constituída basicamente pelas condições não ergonômicas (COUTO, 1995).

FIGUEIRÓ (1993) define a lombalgia como um cansaço doloroso e

incapacitante causado por alterações em qualquer dos elementos da estrutura

lombo-sacra. Ela pode ser de pouca ou de maior gravidade, podendo ocasionar

desde uma simples dor em que procurando uma posição antálgica a pessoa

obtém alívio, até mesmo a uma atrofia muscular e uma paraplegia

(COUTO, 1995).

De acordo com YENG (2001), a dor aguda, geralmente ocorre na fase

inicial da doença e atua como alerta biológico, frente aos fatores irritativos

potencialmente lesivos ou frente a lesões teciduais instaladas (refere-se ao

processo crônico com períodos de agudização). O mesmo autor define ainda a

dor crônica como aquela que persiste além do tempo esperado para resolução

da condição clínica que provocou sua ocorrência.

Embora a dor lombar já fosse referida por Shakespeare e citada na

literatura médica desde 1597, quando Gerard utilizou os termos lumbago e

ciática, no índice de doenças tratadas por ervas, o exame físico e todas as

correlações neurológicas só apareceram mais tarde. Nos séculos XIX e XX as

descrições anatômicas foram cada vez mais aprimoradas, melhorando o

entendimento das dores lombares, tanto que em 1955, MELZACK e WALL

publicaram a teoria do portão sobre os mecanismos de dor que permitiu um

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avanço no conhecimento e entendimento das síndromes dolorosas, entre elas

a lombalgia.

A coluna lombar, em função de seus segmentos e articulações, tem um

alto potencial para permitir a manifestação de diversas patologias

(GOULD III, 1993). Devido a complexidade das estruturas aí existentes

(músculos, ligamentos, nervos, discos intervertebrais, facetas articulares),

torna-se difícil precisar exatamente que estrutura (s) está (estão) sendo

comprometida (s) (COUTO, 1995).

ANDERSON (1981) afirma que 50 a 80% de todos os adultos irão sofrer

de lombalgia durante algum momento na vida. A etiologia multifatorial dessa

doença vem sendo apontada como uma das principais razões para a

dificuldade em se propor um único teste capaz de identificar indivíduos

predispostos à lombalgia (BURTON et al., 1989 e DALES et al., 1986).

Apesar de ser mais comumente observada entre os homens acima de 40

anos e mulheres entre 50 e 60 anos (MARRAS, 2000), ela tem aparecido com

freqüência em indivíduos entre 35-40 anos de idade. As mulheres representam

cerca de 40% da população que trabalha, mas desenvolvem somente cerca de

20% dos problemas na coluna de ordem ocupacional.

As lombalgias ocupacionais, segundo COUTO (1995), podem ser

ocasionadas de forma genérica, como uma incorreta utilização da máquina

humana, na maioria das vezes por desconhecer os limites da coluna vertebral.

Muitos estudos têm sido feitos com o intuito de evidenciar os múltiplos fatores

de risco das lombalgias, e muitos destes, evidenciam sua desordem como

sendo de origem músculoesquelética, como as de origem mecânica, postural e

ocupacional que constituem o maior número de pacientes sendo em geral

autolimitadas (MERCÚRIO, 1993). Conseqüentemente, a dificuldade do estudo

e abordagem da lombalgia são decorrentes de alguns fatores como a

inexistência de uma correlação fiel entre os achados clínicos e os de imagem,

sendo caracterizado assim como um processo eminentemente clínico

(CECIN, 2000).

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2.6 A Indústria Têxtil e de Confecção no Brasil

A indústria têxtil brasileira tem uma participação histórica e decisiva no

processo de desenvolvimento industrial do país, porquanto foi um dos primeiros

setores industriais a ser implantado, remontando aos tempos do Império.

No período de 1860 a 1870, são dados os primeiros passos para o

processo de industrialização brasileira com a construção de ferrovias, portos e

a expansão das indústrias têxteis e de alimentação. O segmento industrial de

maior êxito é a indústria têxtil, em 1850; constituído de duas fábricas; e no ano

de 1881, cresce para 1844 (BAER, 1988).

Durante os primeiros anos da segunda década do século XX, a produção

de tecidos chegava a 85% do consumo aparente do país (BAER, 1988).

O plano de metas lançado no governo Juscelino Kubitschek objetivava

acelerar o desenvolvimento industrial dos setores de bens de capital e de bens

de consumo duráveis, momento que é acompanhado pela entrada, no país,

das multinacionais, especialmente no setor de transformação. O resultado do

plano foi o crescimento da produção na ordem de 34% para o setor têxtil

(BAER, 1988).

Segundo VIEIRA (1995), o setor estrutura-se com empresas espalhadas

em todos os recantos do país, gerando milhões de empregos, sejam eles

diretos na fase de produção fabril; ou indiretos, na produção de matérias-

primas e vários outros insumos. Este autor também relata sobre o destaque

dado como estimulador da criação de outras indústrias, entre as quais de

máquinas têxteis, de fibras artificiais e sintéticas.

A produção têxtil cresceu moderadamente entre 1990 e 1999: a produção

de fios (em t) teve uma taxa acumulada de 10% nesse período (média de 1%

ao ano), a de tecidos planos acumulou 3% e a de malhas 30% (média de 2,9%

ao ano). Já a produção de confeccionados, incluindo vestuário, acessórios,

linha lar e artigos técnicos, cresceu a taxa acumulada de 84% no mesmo

período (média de 7% ao ano), alcançando, em 1999, 8,2 bilhões de peças

distribuídas: 4,2 bilhões de peças foi para vestuário, 0,8 bilhões para linha lar e

3,2 bilhões para outras confecções (IEMI, 2001).

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Segundo GALVÃO (2004), a diretoria de marketing da Associação

Brasileira das Indústrias Têxteis e de Confecção (ABIT) constatou que a

geração de empregos bateu recorde no setor têxtil em 2004, dando início às

contratações para atender o aumento da produção.

No primeiro semestre de 2004, as exportações de artigos do vestuário

aumentaram 24% em relação ao mesmo período de 2003. Para moda íntima, o

salto foi maior: 57%. No Brasil, o setor têxtil e de confecção empregam

aproximadamente 1,5 milhão de pessoas (GALVÃO, 2004).

Apesar da modernização do parque industrial, com o aumento do

emprego de equipamentos flexíveis, a principal estratégia de concorrência das

empresas – tanto têxteis quanto de confecções – continua sendo o preço

(ALBUQUERQUE, 2003). Esta autora também diz que para adequarem-se a

um novo patamar de preços, tendo em vista a concorrência dos importados, as

empresas necessitam rever os custos e suas políticas de preços, o que

estimula a uma nova oferta de produtos.

Fatores como aumento da produtividade e qualidade, investimento em

canais de distribuição, redução do prazo de entrega, melhor relacionamento

com os fornecedores e clientes, entre outros, são de importância crucial na

busca de maior competitividade e de maior eficiência na cadeia industrial têxtil

(GORINI, 1998). Dessa maneira, o trabalhador passou a executar uma parcela

desse produto final, com movimentos repetitivos e/ou forçados, em ritmos

muitas vezes impostos pela velocidade da própria máquina, com posturas nem

sempre adequadas a suas condições pessoais e, em geral, por longas jornadas

de trabalho (OLIVEIRA, 1991).

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MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Região de Estudo

Esta pesquisa foi realizada em uma fábrica de confecção instalada em

Muriaé, município inserido na microrregião homogênea da Mata Mineira, na

porção leste do Estado de Minas Gerais.

A jornada de trabalho nesta empresa tem duração de 7h45min no período

de segunda à sexta-feira, iniciando às 8h e finalizando às 17h15min, com o

intervalo para o almoço com duração de 1h, ocorrendo entre 11h e 12h; além

de dois intervalos de 15 min para o lanche fornecido pela própria empresa, um

pela manhã, às 9h e o outro pela tarde, às 15h15min.

A seqüência das atividades da empresa na confecção de cuecas em

malha é apresentada na Figura 1.

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Figura 1 – Seqüência das atividades da confecção de cuecas.

Corte

Costura

Fechamento da peça com recorte

Fechamento da peça lisa sem recorte

Elástico-“Perninha”

Elástico-“Cintura”

Elástico “mexicano” Elástico “comum”

Arremate

Inspeção da peças

Peças sem defeitos Peças com defeitos

Embalagem Devolvidas à produção

Confecção do Molde

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3.2 Atividades Desenvolvidas na Confecção

3.2.1 Confecção do Molde

Para a confecção do molde, a malha é desenrolada e deixada em

“descanso”, por no mínimo 48 horas, para recuperar a elasticidade normal do

fio que estava esticado no rolo. Após descanso, inicia-se a confecção do

mesmo em papel pardo, e a partir deste é feito em uma peça de malha,

considerada como molde piloto, sendo realizada as correções necessárias para

a confecção do definitivo. O molde definitivo é feito em papel cartão para que

seja mais firme, e após esta fase, a peça é cortada.

3.2.2 Corte

Esta atividade consiste em estender o pano e mapeá-lo, ou seja, o molde

definitivo é colocado sobre a malha aberta e esticada, sendo riscada com giz

de alfaiate, próprio para riscar malhas. Os traços na malha são realizados de

acordo com o molde definitivo e após o mapeamento, o corte é feito com a

tesoura nos locais delimitados pelo giz.

3.2.3 Costura

A costura para ser realizada depende do tipo de modelo, isto é, a peça

pode possuir ou não recortes, esse detalhe irá interferir no processo de

confecção da peça.

3.2.3.1 Fechamento da Peça com Recorte

As peças com recortes devem ter os seus recortes como os primeiros

locais a serem fechados na máquina “BT-canhão”. Após esse procedimento,

essas peças passam para outro setor para que as costureiras overloquistas

possam fechar as laterais e o fundo das cuecas.

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3.2.3.2 Fechamento da Peça Lisa sem Recorte

O fechamento desta peça difere da peça com recorte, pois, inicialmente

fecham-se as laterais e pregam-se a etiqueta; esta traz a informação da

composição da matéria-prima da malha (algodão ou mistura desse material

com poliamida). Assim que fecham as laterais e pregam as etiquetas, as peças

são enviadas para o setor de fechamento do fundo. Todo esse processo é

realizado na máquina overloque que usa 3 linhas, uma 100% poliéster e duas

linhas “fio de overloque”.

3.2.4 Elástico – “Perninha”

Nesta etapa, o elástico usado varia do nº 10 ao nº 14. A cueca é passada

na máquina “canhão”, tendo o elástico sido previamente medido e regulado na

medida certa da peça. Usa-se esta máquina para pregar e rebater o elástico

nas pernas das cuecas.

3.2.5 Elástico – “Cintura”

3.2.5.1 Elástico “ Comum”

O elástico comum é fixado na parte superior da cueca (material que ficará

em contato com a cintura do usuário) e embutido na peça para depois ser

rebatido. Geralmente usa-se o elástico de 2,5cm ou de 3,0cm de espessura.

Esse elástico é fixado primeiro na máquina overloque e posteriormente vai para

o setor onde é “rebatido” na máquina “BT-canhão”.

3.2.5.2 Elástico “ Mexicano”

Este elástico já vem com a própria logomarca da fábrica não necessitando

ser embutido e nem “rebatido”, sendo fixado na parte superior da peça (na

cintura), pela máquina overloque. Esta fase é a última da costura, sendo em

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seguida, as peças encaminhadas às arrematadeiras para que os devidos

ajustes sejam feitos.

3.2.6 Arremate

Ao final da confecção, já com as peças devidamente prontas, a

arrematadeira verifica as sobras de linhas e de tecidos. Com o uso de uma

tesoura corta todas as sobras, fazendo o acabamento final.

3.2.7 Inspeção das Peças

Nesta atividade, as funcionárias efetuam o controle de qualidade

conferindo peça por peça para detectarem possíveis defeitos. Dentre os

procedimentos de inspeção, as cuecas são esticadas manualmente para

verificar se a linha se quebra ou se o elástico não arrebenta, além de verificar

os locais com a costura aberta ou defeitos na própria malha, como manchas e

furos.

As peças com defeitos são separadas e devolvidas para o setor de

reparos. Já as peças aprovadas na inspeção do controle de qualidade são

encaminhadas para o setor de embalagem, e liberadas para comercialização

através do setor de vendas.

3.2.8 Embalagem

As embaladeiras dobram as peças e guardam em embalagens plásticas

com capacidade para três cuecas, versão disponibilizada para o mercado, e

encaminham para o estoque da empresa para atender pedidos dos clientes.

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3.3 População Pesquisada

A população pesquisada foi composta por 85 costureiras, totalizando

100% das costureiras da empresa.

3.4 Perfil, Condições de Trabalho e Saúde das Trabalhadoras

Os dados referentes ao perfil e as características das condições de

trabalho foram avaliados em três partes mediante entrevistas. As entrevistas

foram realizadas de forma individual aplicada no próprio local de trabalho. A

primeira parte abordou os questionamentos dos dados pessoais, a segunda

parte foi relatada a atividade laborativa, e por último, a terceira parte, a saúde

foi analisada através de variáveis como: doença atual e pregressa e alterações

de: visão, audição, sono, respiração, alergia, dor muscular e índice de massa

corporal (IMC) (Anexo I).

O IMC tem sido comumente utilizado por pesquisadores e profissionais

para avaliar a normalidade do peso corporal do indivíduo. É um prático

indicador de excesso de peso. Com este critério, o indivíduo pode começar a

ser reconhecido por sua distribuição gordurosa. Essa distribuição gordurosa

possibilita uma classificação quanto à obesidade, que é uma síndrome de

múltiplas causas, que pode interferir nas análises posturais, e estas variações

interferirem nas lombalgias.

Para o American College of Sports Medicine (ACSM, 1995), o IMC

considerado desejável seria valores entre 20 a 24.9 kg/m² tanto para homens,

quanto para mulheres. Abaixo de 20 é classificado como abaixo do peso, entre

25 a 29,9 é considerado sobrepeso ou obesidade grau I, entre 30 a 40,

obesidade grau II e acima de 40, obesidade mórbida ou grau III.

Como método de medida para massa corporal foi utilizada uma balança

digital da marca Filizola devidamente calibrada divididas de 100 em 100g, e

para a estatura foi utilizada uma trena retrátil, de três metros, da marca

Starfer®, modelo 3m-P399, divididas de 1 em 1cm. Os trabalhadores foram

medidos e pesados vestindo-se um short e um topper de lycra, além de

estarem com os cabelos presos, descalços e sem nenhum acessório. Todas as

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roupas foram padronizadas em tamanho pequeno e médio de acordo com o

tamanho do manequim da avaliada. Foi solicitado que individualmente

subissem na balança e através de um visor digital tinha-se de forma precisa o

valor da massa corporal da trabalhadora. Em seguida, com uso da trena a

trabalhadora tinha a sua estatura medida, tendo como referência o vértice da

cabeça (ponto mais alto da cabeça) e o piso plano do chão.

3.5 Sintomas Osteomusculares

A investigação dos sintomas osteomusculares foi realizada através do

Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (Anexo II), instrumento

recomendado para a identificação de distúrbios osteomusculares nas diversas

regiões anatômicas como: pescoço, ombro, cotovelo, punho-mão,

quadris/coxa, coluna superior e inferior, joelhos e tornozelos (PINHEIRO et al.,

2002). Basicamente tal instrumento investiga os sintomas osteomusculares

como dor ou qualquer desconforto ocorridos nos últimos 12 meses, se houve

impedimento da execução normal do trabalho por causa dessa dor nos últimos

12 meses e a presença de dor nos últimos 7 dias.

Esse questionário foi aplicado por meio de entrevistas no local e horário

de trabalho na própria empresa, sendo que todas as entrevistadas

interromperam individualmente sua atividade para responder as perguntas.

3.6 Biomecânica Postural da Coluna Lombar

A avaliação da biomecânica postural foi realizada pela Biofotogrametria®

através das imagens fotográficas dos movimentos corporais. Nessas imagens

foram aplicadas bases apropriadas de fotointerpretação para o estudo postural

da coluna vertebral, mais especificamente da coluna lombar.

Para a aquisição das imagens e posterior análise laboratorial foram

utilizados os seguintes instrumentos: câmera fotográfica digital Sony Cyber-

shot 5.1 mega pixels, sem zoom, tripé Vanguard, cd room, etiquetas

demarcadoras circulares auto-adesivas de coloração amarela de 1 cm de

diâmetro, demarcadores cilíndricos de isopor de coloração amarela de 2 cm de

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diâmetro, fita adesiva dupla-face para fixação dos demarcadores de isopor,

notebook Elitegroup ECS, software ALCimagem (versão 1.0), software

microsoft paint e o microsoft office excel 2003.

Para o registro desse estudo, as referências anatômicas ósseas e

articulares nas regiões corporais foram previamente demarcadas in loco.

Foram utilizados adesivos autocolantes e bolinhas de isopor colocadas

bilateralmente nos acrômios; espinhas ilíacas ântero-superiores (EIAS);

ângulos inferiores das escápulas; processos espinhosos da 7ª vértebra

cervical, 12ª torácica e 5ª lombar (C7, T12 e L5); espinhas ilíacas póstero-

superiores (EIPS) e espinhas ilíacas póstero-inferiores (EIPI). A todas as

funcionárias foi solicitado o uso de um short e de um topper de lycra de cor

preta para que os pontos anatômicos pudessem ficar expostos. Todo este

processo foi realizado com a voluntária em ortostatismo nas visões anterior,

posterior, perfil direito e esquerdo para a captação das imagens como mostram

as figuras 2a, 2b e 2c. Deste modo, foram solicitadas a se posicionarem com

os pés descalços a uma distância de 15 cm de um pé ao outro e a 30 cm do

calcanhar à parede, para um melhor equilíbrio corporal. O eixo do pé direito, do

calcâneo ao hálux, alinhado com uma fita crepe colocada no chão estava

perpendicular ao plano frontal do corpo, tendo o músculo quadríceps relaxado

e o peso do corpo distribuído igualmente em ambos os membros inferiores. As

extremidades superiores permaneceram na posição neutra (braços ao longo do

corpo, antebraço e punho na posição neutra).

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Figura 2a – Visualização dos pontos demarcados – Vista Anterior.

Figura 2b – Visualização dos pontos demarcados – Vista Perfil Direito.

Figura 2c – Visualização dos pontos demarcados – Vista Posterior.

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A câmera fotográfica foi posicionada sobre um tripé ao nível do chão, e

encontrava-se a uma distância de 1,20m do solo e à 3m do avaliado como

pode ser verificado na figura 3.

Legenda: A – Vista Anterior do Voluntário D – Distância da Câmera ao solo B – Posicionamento dos Pés E – Distância da câmera ao Voluntário C – Câmera fotográfica F – Voluntário

Figura 3 – Esquema representativo do posicionamento do participante e do instrumento.

Finalizado o posicionamento, realizou-se o registro das imagens e o seu

arquivamento em cd room. Estas imagens foram transportadas para um

computador, transformadas de jpeg para bitmap usando o Microsoft Paint, onde

foram avaliadas utilizando o princípio da Biofotogrametria Computadorizada

através do software ALCimagem 1.0® .

As medidas angulares foram tomadas a partir da união de dois pontos

previamente demarcados. Traçou-se uma reta que saiu de um ponto anatômico

a outro e várias retas foram traçadas para verificar possíveis simetrias e

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assimetrias na coluna vertebral, principalmente os desvios que afetassem a

coluna lombar.

Foram delimitados: simetria de ombros e equilíbrio pélvico (vista anterior)

como mostra a figura 4; alinhamento da cabeça através da articulação

têmporo-mandibular (ATM) em relação ao maléolo externo e ângulo lombo-

sacro (vista lateral) (figura 5); alinhamento das escápulas, EIPS, coluna

superior (dorsal) e coluna inferior (lombar) na vista posterior mostrado na

Figura 6.

Figura 4 – Visualização e cálculo de simetria em ombros e pelve na vista anterior.

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Figura 5 – Visualização e cálculo do alinhamento cabeça-maléolo e equilíbrio pélvico na vista lateral direita.

Figura 6 – Visualização e cálculo do alinhamento das escápulas, EIPS, coluna superior e inferior na vista posterior.

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Os critérios adotados para classificar as variáveis posturais funcionais ou

não funcionais foram baseados segundo os parâmetros de RICIERI (2004),

onde todos os nivelamentos e alinhamentos apresentavam valores de

referência de 90º ± 3º. Esta autora diz que a tolerância funcional adotada foi de

três graus, para mais ou para menos, e a instalação patológica ou disfuncional

é atualmente considerada a partir de desvios iguais ou superiores a cinco

graus, para mais ou para menos na vista anterior.

Na vista lateral direita e esquerda, um dos critérios de avaliação

(alinhamento cabeça-maléolo externo) também foi adotado segundo o que

propôs RICIERI (2004). Ainda de acordo com essa autora, as interpretações

angulares para ambas as relações de ângulos laterais são relativas e

realizadas entre o valor à direita e à esquerda através do princípio matemático

da diferença entre os ângulos direito e esquerdo conforme a equação 1, e esta

diferença deve ser igual ou inferior a três graus.

[Equação1]: RCM = RCMD – RCME

Onde:

RCM = Variação relação cabeça-maléolo

RCMD = Relação cabeça-maléolo direito

RCME = Relação cabeça-maléolo esquerdo

Quando o resultado da equação é negativo pode-se afirmar que existe

uma rotação do segmento avaliado para o lado direito, e vice versa

(RICIERI, 2004).

O equilíbrio lombo-sacro no plano sagital ocorreu através das

demarcações das EIAS e das EIPI, porém esta última não é palpável

(BIENFAIT, 1995 e 2000).

Segundo BIENFAIT (1995 e 2000) e SANTOS (2001), para avaliar o

equilíbrio lombo-sacro clinicamente deve-se demarcar as EIPS do indivíduo e

pedir a ele que coloque três de seus dedos abaixo de suas EIPS, a partir disso

obtém-se o local das EIPI demonstrados nas figuras 7a e 7b. Se ambos os

dedos estiverem situados em um mesmo plano horizontal, a pelve encontra-se

equilibrada como visualizada na figura 8. Caso a EIAS estivesse em um plano

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mais inferior que a EIPI, teria uma antiversão pélvica levando a uma

hiperlordose lombar. Já para se ter uma retroversão pélvica, a EIAS deveria

estar num plano mais cefálico em relação à EIPI, o que acarretaria numa

retificação da lordose fisiológica lombar.

Após análise postural nas vistas laterais (direita e esquerda) foi calculada

a média angular simples das duas posições para se chegar a um resultado

mais preciso.

Para a vista posterior foram adotados os mesmo critérios da vista anterior

(RICIERI, 2004).

Figura 7a – Marcação da EIPS.

Figura 7b – Marcação da EIPI.

Figura 8 – Equilíbrio pélvico lateral – marcação das EIAS e da EIPI

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As imagens capturadas e digitalizadas foram analisadas pelo método da

Biofotogrametria com o Software Alcimagem 1.0® e calculadas no microsoft

office excel 2003.

Uma vez captadas as imagens, estas poderão ser visualizadas em sua

plenitude e os referidos pontos demarcados, quantificados e analisados para

posteriores interpretações fotogramétricas.

3.7 Fatores de Riscos da Dor Lombar

Os riscos de lesões musculoesquelética da coluna lombar foram

avaliados através de um check list para a avaliação simplificada do risco de

lombalgia (COUTO, 1995), que associam doze fatores analisados nas tarefas,

dando-se um peso para cada um deles (Anexo III).

Os fatores são somados, obtendo-se um número, que é interpretado da

seguinte forma: de 0 a 3 pontos, altíssimo risco de lombalgia; de 4 a 5, alto

risco; de 6 a 7 risco moderado; de 8 a 10, baixo risco; e de 11 a 12 pontos,

baixíssimo risco de lombalgia.

Para esta análise foram feitas observações das atividades em execução

para o registro subjetivo dos movimentos e da postura da coluna vertebral.

3.8. Análises Estatísticas

Para a análise estatística das variáveis foi utilizado o software Epi Info,

versão 3.3.2, que indicou a distribuição dos dados desse estudo tomando como

referência a média e a freqüência das respostas. Esse software é um conjunto

de programas de domínio público de uma série de programas da Microsoft

Windows, usado para analisar os dados em diversas áreas, gerenciando banco

de dados para estatísticas gerais como: variância, percentil, desvio-padrão,

média e outras.

Para a análise biomecânica postural das costureiras foi utilizado o

software Alcimagem 1.0, através da Biofotogrametria®, sendo os valores

comparados aos parâmetros de funcionalidade, desenvolvidos por RICIERI

(2004). A Biofotogrametria® é considerada um processo sistematizado de

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operações, cujo êxito final é a definição quantitativa de parâmetros

relacionados ao movimento corporal e da postura que lhe garantem

reprodutibilidade e precisão (BARAÚNA, 1997).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Perfil, Condições de Trabalho e Saúde das Trabalhadoras

4.1.1 Perfil

O conhecimento do perfil e das condições de trabalho é importante por

entender o comportamento assumido pelo trabalhador em seu local de

trabalho. LEPLAT (1977) diz que o comportamento é determinado pelas suas

características individuais e pelas exigências impostas ao trabalhador. Também

ressalta que o comportamento desse trabalhador traz-lhe determinadas

conseqüências (carga de trabalho, fadiga, satisfação, etc.) que, modificando as

suas próprias características, podem refletir-se no seu comportamento.

O Quadro 1 mostra o perfil das trabalhadoras envolvidas na atividade de

costura caracterizados pelos valores médios e porcentagens.

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Quadro 1 – Valores médios e percentuais das variáveis analisadas do perfil das trabalhadoras

PERFIL DOS TRABALHADORES Variáveis analisadas Valores médios

Idade (anos) 22,0 Estatura (m) 1,6

Peso (kg) 57,7 Número de filhos 0,6

Variáveis analisadas Valores (%) Casado 34,1 Solteiro 51,8 Estado Civil (%) Outro 14,2

Branca 50,6 Negra 14,1 Cútis (%)

Mestiço 35,3 Religião (sim) 85,9 Natural de MG 94,1

Lateralidade destra 90,6 Possuidores de casa própria 62,4

Fumantes 11,8 Ingestão de bebidas alcoólicas 22,4

1º grau incompleto 38,4

1º grau completo 19,7

2º grau completo 40,7 Escolaridade

Curso técnico profissionalizante 1,2

Pratica de esportes 10,6

Os resultados evidenciaram que, do total de trabalhadoras avaliadas,

51,8% era solteira, 34,1% casadas, 14,2% amasiadas e viúvas. O menor

número de mulheres casadas pode estar relacionado com a menor faixa etária

encontrada; 61,2% das mulheres tinham entre 18 e 25 anos, tendo uma média

de idade 22 anos.

A média da altura das costureiras analisadas caracterizou-se como

mediana (1,6m) e a média de peso de 57,7 Kg. Estudo feito por MELLIN (1987)

correlacionou idade, altura, peso e desvios na coluna lombar com medições da

mobilidade da coluna de forma não-invasiva em 175 mulheres, com idades

entre 35 e 55 anos, que sofriam de dor lombar crônica ou recorrente. Foi

constatado que a idade teve correlação indireta significativa com a maioria das

medições da mobilidade, mas o efeito da altura era menor.

O número médio de filhos por trabalhadora foi de 0,6 consideradas aqui

as casadas, as que foram casadas e as solteiras que tinham filhos.

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A cor da pele que predomina na empresa de acordo com a declaração

das entrevistadas é branca (50,6%), seguida da mestiça (35,3%) e negra com

14,1%. NAGI et al. (1973) refere que a lombalgia é indiferente aos aspectos

raciais, aumenta, em relação direta, com o envelhecimento, e varia

inversamente com o nível educacional da população estudada. Num estudo

feito com 400 mulheres nigerianas foi constatado que o envelhecimento

biológico da coluna vertebral das mulheres nigerianas se inicia na quarta

década de vida e que não há diferenças em relação às caucasianas

(OBISESAN et al., 1999).

Das trabalhadoras, 90,6% eram destras diminuindo o número de pessoas

em posições assimétricas, uma vez que as máquinas são projetadas para

atender essa população. 94,1% das funcionárias da empresa são naturais de

Minas Gerais, não permitindo influxo de profissionais de outros estados por

comportar dentro do estado uma oferta de mão de obra qualificada.

A maior parte das costureiras entrevistadas possuía casa própria (62,4%)

e freqüentava algum tipo de religião (85,9%), que julgavam como laser.

Em relação aos vícios e costumes das costureiras, 11,8% eram fumantes

e 22,4% faziam uso de bebidas alcoólicas, declarando fazer uso de forma

moderada aos finais de semana. Também possuíam uma vida sedentária

sendo justificada pela falta de tempo e pela dupla jornada de trabalho, na

empresa e em casa, onde somente 10,6% delas praticavam algum tipo de

esporte apenas nos finais de semana. Das costureiras, 10 são fumantes, e

todas elas são sedentárias e referiram dores na coluna lombar. COX e TRIER

(1987) estudaram 576 pacientes portadores de dor lombar com a finalidade de

comparar o índice de lombalgias ao uso do cigarro e à falta de exercício. Essas

estatísticas indicaram que menos dor lombar e na perna eram experimentada

por aqueles que se exercitavam regularmente e evitavam fumar.

Quanto a escolaridade das trabalhadoras, não havia analfabetas. Do total

de trabalhadoras, 19,7% possuíam o 1º grau completo, 40,7% o 2o grau

completo e 1,2% possuíam algum curso técnico profissionalizante. As

costureiras que pararam de estudar, o fez por precisarem trabalhar ou pela

falta de condições financeiras em cursar uma faculdade.

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4.1.2 Condições de Trabalho

O Quadro 2 mostra algumas variáveis através de médias e porcentagens

quanto às condições de trabalho das costureiras.

Quadro 2 – Valores médios e percentuais de variáveis analisadas das condições de trabalho

CONDIÇÕES DE TRABALHO Variáveis analisadas Valores médios

Salário (real) 340,21 Jornada de trabalho diária (horas) 7,5

Tempo na empresa (meses) 38,0 Tempo na função (meses) 32,0

Média de duração do treinamento (dias) 21,0 Variáveis analisadas Valores (%) Registro na carteira 100

Vontade de mudar de atividade dentro da empresa 29,3 Bom 37,6

Médio 47,1 Ruim 10,6

Posição do trabalho

Outros 4,7 Bom 28,2

Médio 52,9 Ruim 10,6

Assento da cadeira

Outros 8,3 Treinamento recebido antes da admissão 92,9

Aptidão a exercer a atividade após o treinamento 100 Treinamento recebido periodicamente pela empresa 11,9

Orientação recebida sobre o trabalho executado 87,1 Aprender nova função dentro da empresa 51,8

Diariamente 87,9 Periodicamente 8,2 Freqüência das orientações recebidas

Esporadicamente 3,9 Treinamento recebido sobre segurança do trabalho 45,9

Uso do equipamento de proteção individual 100,0 Acidentes ocorridos na empresa 11,8

Distração 90,0 Causa do acidente

Pressa em cumprir a meta 10,0 Considera a atividade perigosa 21,2 Considera a atividade cansativa 72,6

Sindicato 90,6 Iluminação ideal 95,3

Muito alta 90,6 Temperatura

Ideal 9,4 Excessivo 69,4

Ruído Não excessivo 30,6

Banheiro mantido limpo 83,5 Refeitório agradável 96,5 Existência de Odores 29,4

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As características das condições de trabalho refletem diretamente sobre a

organização dos fatores conjunturais e estruturais do ambiente laboral. Todas

as funcionárias tinham registro na carteira e um salário médio de R$ 340, 21,

valor superior ao salário mínimo nacional (R$ 300,00). 29,3% das costureiras

avaliadas queriam mudar de atividade dentro da empresa, sendo justificada

esta vontade ao fato de alguns setores terem o salário um pouco mais

valorizado, como determina o Sindicato e a Federação dos Trabalhadores nas

Indústrias do Vestuário do Estado de Minas Gerais (2006). Já 51,8% tinham

vontade de aprender uma nova função dentro da empresa para conseguir um

cargo melhor e pelo aprendizado.

Sobre a posição adotada por elas no trabalho, 47,1% responderam ser

média, ou seja, nem boa e nem ruim; 37,6% disseram que adotam uma boa

postura. Somente 10,6% disseram ter uma postura ruim. Quanto ao assento da

cadeira, a classificação mais votada também foi de assento médio (52,9%),

seguido de um assento bom (28,2%) e assento ruim (10,6%).

A média de tempo empregatício com a empresa é de 38 meses e a média

de tempo que exercem a função de costureira é de 32 meses de profissão para

cada uma das trabalhadoras. A média de 6 meses restantes de vínculo com a

empresa, elas trabalharam em outros setores que não fossem na costura.

Quanto aos questionamentos sobre o processo de treinamento, 92,9%

delas disseram que receberam treinamento antes de iniciarem a função, tendo

uma média de 21 dias de treinamento nos horários de almoço, de 11 às 12h,

por um período de meia hora por dia. As que não receberam treinamento

declararam que já sabiam exercer a função. Todas as costureiras treinadas na

empresa declararam sentir-se aptas a executar a função com segurança.

Porém, quando questionadas a respeito da periodicidade de cursos de

reciclagem, somente 11,9% disseram receber este treinamento. Algumas

justificaram falta de tempo fora do horário de trabalho, outras acharam

desnecessária essa capacitação, uma vez que a atividade executada era a

mesma todos os dias, e outras relataram que não havia incentivo da empresa

para tal. Mas em relação as orientações recebidas pela líder do setor ou pela

chefia central, 87,1% relataram a importância dessas orientações com 89,9%

desses relatos sendo de freqüência diária para que não houvesse erros nas

confecções das peças e até mesmo, para o aprimoramento da função.

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A respeito do treinamento sobre segurança do trabalho, 45,9% das

trabalhadoras disseram ter recebido orientações sobre o uso de equipamento

de proteção individual, vestimenta e atenção no manuseio das máquinas. A

empresa fornecia como equipamento de proteção individual (EPI) o protetor

auricular sendo usado por 100% das costureiras.

Acidentes de trabalho ocorreram em 11,8% das funcionárias, devido ao

escape da agulha da máquina, atingindo a região dos olhos e principalmente os

dedos das mãos e dos pés. Sobre estes acidentes, foram perguntadas quais as

supostas causas para que os tenham ocorrido. Elas responderam que uma das

causas foi distração (90%) e as outras (10%), disseram que foi a pressa em

terminar a produção, que segundo elas, era muito alta; uma média de 3224

peças por funcionária diariamente. Por isso, 21,2% consideraram a atividade

que exercem como perigosa. Porém, dos acidentes que ocorreram, não houve

afastamento de nenhuma trabalhadora por não necessitar de tal procedimento.

Para 72,6% das costureiras a atividade foi considerada cansativa,

principalmente por permanecer sentada por muito tempo e isso provocar dores

na coluna vertebral.

Ao serem questionadas se eram sindicalizadas, 90,6% responderam que

sim. Das que eram sindicalizadas, somente 17,9% tinham conhecimento do

que o sindicato estaria fazendo por elas, onde o benefício que elas mais

almejavam conseguir era o aumento de salário. Porém, ao serem perguntadas

se já foram beneficiadas, 86,7% disseram que não havia conseguido nenhum

benefício. Já outras funcionárias disseram que obtiveram suas carteiras

assinadas, extinção das horas extras de trabalho e algumas relataram nunca

terem precisado recorrer ao sindicato.

Quanto ao ambiente de trabalho, 95,3% das costureiras consideraram a

iluminação como ideal, porém 74,1% dessas trabalhadoras relataram que se a

iluminação fosse deficiente influenciaria negativamente no rendimento de suas

atividades. Segundo SILVA (1999), uma iluminação adequada do ambiente de

trabalho é essencial para evitar problemas como fadiga visual, incidência de

erros, queda no rendimento e acidentes.

Já a temperatura no local foi considerada pela grande maioria (90,6%)

como sendo muito alta.

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O ruído também foi considerado excessivo para 69,4% das costureiras,

porém somente 34,1% delas responderam que se sentiam incomodadas pelo

barulho, as demais disseram que já estavam acostumadas, mesmo porque

usavam o protetor auricular. E somente 15,3% das costureiras relataram

prejuízos na execução do trabalho por causa do ruído excessivo. Segundo

Barbosa (2002), o ruído em excesso prejudica a execução de tarefas que

exigem concentração mental, atenção, velocidade e precisão dos movimentos,

além de interferir no nível de estresse dos indivíduos, significando contrações

musculares desnecessárias levando à fadiga muscular. Este mesmo autor

afirma que o ruído intenso e acima de 90 dB (decibéis) interfere na

comunicação verbal, obrigando a elevação do tom de voz, exigindo mais

atenção dos interlocutores, o que faz aumentar a tensão psicológica

provocando dores de cabeça.

Sobre a higiene no local de trabalho, a norma regulamentadora – NR 24

dos Manuais de Legislação Atlas sobre Segurança e Medicina no Trabalho

prescreve que estas devem ser submetidas a processo permanente de

higienização, para que sejam mantidas limpas e desprovidas de quaisquer

odores, durante toda a jornada de trabalho. Os banheiros da fábrica de

confecção são limpos uma vez por dia, e 83,5% das funcionárias confirmam

essa higienização. O refeitório foi considerado por 96,5% das costureiras como

sendo um local agradável e de boas condições de higiene, onde fazem suas

refeições durante os dias que trabalham.

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4.1.3 Saúde das Trabalhadoras

Os dados obtidos em relação à saúde das costureiras estão relatados no

Quadro 3.

Quadro 3 – Percepção das costureiras em percentuais, relacionadas à saúde

SAÚDE Variáveis Analisadas Valores (%)

Doença pregressa 17,9 Problema de saúde atualmente 27,1

Problema de saúde atual considerado relacionado ao trabalho 58,3 Dor nas vistas devido esforço visual do trabalho 21,2

Irritação nos olhos 38,8 Dificuldade na audição 15,3

Dor nos ouvidos 12,0 Problemas respiratórios 15,3

Problemas alérgicos 18,8 Possui problemas de sono 22,4 Dor referida ao final do dia 90,6

Costas 74,2 Pescoço 6,0 Pernas 5,9

Local da dor referida ao final do dia

Outros 13,9

82,1% das entrevistadas afirmaram nunca ter tido nenhum tipo de doença

pregressa, 27,1% afirmaram ter atualmente algum tipo de doença, e destas,

58,3% disseram que essa doença tem relação com o trabalho. Uma fração das

trabalhadoras (21,2%) disse sentir dores nas vistas decorrentes do esforço

visual, por estarem atentamente com o olhar fixados à máquina; 38,8%

afirmaram ter os olhos irritados devido ao pó da malha, 12% disseram sentir

dores no ouvido e 15,3% declararam sentir dificuldades em ouvir, isso porque o

ruído no local de trabalho é excessivo.

Em relação aos problemas respiratórios, 15,3% das costureiras alegaram

ter, principalmente asma e bronquite e quanto ao problema alérgico, 18,8% das

funcionárias citaram problemas de rinite alérgica causado pelo pó da malha,

que influencia diretamente no rendimento do trabalho. Foi perguntado também

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se possuíam algum problema de sono e 22,4% delas responderam que sim,

sendo a insônia o problema mais freqüente.

90,6% das entrevistadas afirmaram sentir dores no corpo ao final do dia.

Destas, 74,2% declararam sentir dores nas costas, seguida por 6,0% no

pescoço, 5,9% nas pernas e 13,9% em outras regiões do corpo. A principal

causa de dores nas costas, segundo as costureiras, é a postura estática

adotada durante o trabalho. COUTO (1995) diz que a postura estática ou

isométrica deve ser evitada e sempre que houver deve ser acompanhada de

um período de pausa, para que ocorra a nutrição muscular, pois a tensão leva

ao acúmulo de ácido lático, um potente irritante das terminações nervosas

sensitivas, isso resulta em dor e fadiga excessiva. As lombalgias não só afetam

a saúde do próprio trabalhador como também existem conseqüências sociais,

tais como, absenteísmo, mudança de profissão por incapacidade laborativa,

gastos previdenciários, dentre outros, que não devem ser negligenciados

(MERINO, 1996).

A causa das dores nas pernas é também devido a manutenção da mesma

postura durante horas de trabalho sem nenhum movimento para ativar a

circulação sanguínea. FIEDLER (1998) diz que o trabalho que exige posturas

inadequadas pode prejudicar severamente a circulação sanguínea, podendo

haver compressão, estiramento ou excesso de pressão em tecidos, músculos

ou ligamentos; além de poder ser agravado com a adoção de ritmos de

produção intensa, o que confirma os relatos das costureiras da empresa em

estudo. As dores no pescoço seriam devido as posturas adotadas de flexão da

coluna cervical acarretando tensão muscular durante o trabalho executado.

Vale lembrar que estas dores no corpo não foram consideradas como doenças.

A média do IMC das costureiras foi de 22,5 kg/m² o que corresponde ao

valor considerado desejável pelo American College of Sports Medicine (ACSM,

1995). Porém ao analisar as classificações quanto ao percentual desse índice,

observou-se que 45,9% das trabalhadoras estavam dentro do limite desejável e

25,9% estavam com algum grau de obesidade, sendo 20,0% com obesidade

grau I e 5,9% com obesidade grau II, ou seja, acima do peso desejável

conforme mostra a figura 9. Segundo COX (2002a), o índice de massa corporal

elevado pode ser um fator de risco, independente para disco lombar herniado,

ou seja, altura e massa corporal pesada podem ser contribuintes importantes

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40

para herniação dos discos intervertebrais lombares e classificados como

fatores de riscos às dores lombares.

45,9

28,2

20,0

5,9

0

10

20

30

40

50

Normal

Abaixo

do p

eso

Sobrepes

o/gra

u I

Grau II

Grau de Obesidade

de

Ind

ivíd

uos

Figura 9 – Distribuição percentual das costureiras quanto ao grau de obesidade de acordo com a classificação do IMC.

4.2 Incidência de Queixas Osteomusculares

Trabalhar na posição sentada poderia aparentemente significar uma

posição ideal para um melhor conforto do trabalhador sobre o seu organismo,

porém, a coluna vertebral é a que mais é exigida nesta posição.

O questionário Nórdico (ANEXO II) aponta que a maior incidência de

queixa álgica nos últimos 12 meses está relacionada com a coluna lombar

(72,3%), e isto pode ser comprovado neste estudo quando se questionou às

costureiras quanto a região que mais sentem dor ou cansaço físico ao final do

dia. Esse resultado vem confirmar as evidências demonstradas por

NACHERNSON (1971) citada por COUTO (1995), que trabalhar sentado pode

originar uma série de dores e complicações na coluna vertebral, principalmente

%

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na região lombar. Para COX (2002b), a dor crônica na coluna deveria estar

presente, no mínimo, num período de 12 meses, ocorrendo num único ou em

múltiplos episódios.

A freqüência de sintomas de dor osteomusculares nas trabalhadoras nos

últimos 12 meses foi de 72,3% na coluna lombar; 61,4% na coluna dorsal;

55,3% nos ombros, divididos em 4,7% no ombro direito, 15,3% no esquerdo e

35,3% em ambos ao mesmo tempo; 54,1% no pescoço; 38,8% nos

pulsos/mãos; 36,5% nos quadris/coxa; 34,1% nos joelhos; 28,2% nos

tornozelos e 3,5% referiram dores nos cotovelos como mostra a figura 10.

61,455,3

36,528,2

3,5

34,138,8

54,1

72,3

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Coluna

Lom

bar

Coluna

Dorsal

Ombr

os

Pesco

ço

Pulsos/m

ãos

Quadr

is/co

xa

Joelh

os

Torno

zelos

Cotove

los

Articulações

de

ind

ivíd

uo

s

Figura 10 – Distribuição de dor osteomuscular nos últimos 12 meses.

Apesar das trabalhadoras movimentarem as articulações dos tornozelos

pelo uso dos pedais da máquina de costura, tais articulações foram a que

menos sofreram queixas de dor, já a coluna vertebral, principalmente a região

lombar foi líder em queixas álgicas. MERINO (1996) disse que no homem, o

aparecimento das lombalgias tem estreita relação com a profissão exercida por

%

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este. Também afirmou que as profissões com grande sobrecarga física somada

a uma postura inadequada ao realizar esforço, expõem o trabalhador a dores,

geralmente na zona lombar. Isso justifica os dados encontrados neste estudo,

onde a maior incidência de lesões ocorreu justamente na coluna lombar, uma

vez que, essas são as estruturas com maior índice de sobrecarga na atividade

das costureiras, e conseqüentemente, apresentam maior sintomatologia de

distúrbios osteomusculares e de queixas.

Para as trabalhadoras que manifestaram dor nos últimos 12 meses, foi

perguntado se ficaram incapacitadas fisicamente de realizarem seu trabalho

normalmente nesse período. 27,1% das entrevistadas declararam que sim, que

ficaram incapacitadas de exercer normalmente suas funções por causa das

dores na coluna lombar, 22,4% na coluna dorsal, 9,4% nos ombros e no

pescoço, 8,2% nos joelhos, 5,9% em pulsos/mãos, 3,5% em quadris/coxa,

2,4% em tornozelos/pés e 1,2 nos cotovelos conforme a figura 11.

27,1

22,4

9,4 9,48,2

5,93,5

2,41,2

0

10

20

30

Coluna

Lom

bar

Coluna

Dorsal

Ombr

os

Pesco

ço

Joelh

os

Pulsos/m

ãos

Quadr

is/co

xa

Torno

zelos

/pés

Cotove

los

Articulações

de

ind

ivíd

uo

s

Figura 11 – Distribuição do índice de incapacidade física na execução normal do trabalho.

%

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A incapacidade física mais relevante para executar normalmente o

trabalho foi a dor na coluna lombar, que ocorreu em 27,1% das trabalhadoras.

Isto pode está relacionado ao fato da atividade das costureiras manterem a

maior parte do tempo numa posição, isto é, sentada com a coluna estática em

contração isométrica, o que leva à fadiga e à dor. Esses dados se assemelham

a um estudo feito em 1988 pelo Centro de Estatística da Holanda, citado por

ALVAREZ (1996), em que dizia que nesse país 21% de trabalhadores tiraram

licença por doenças relacionadas a problemas nas costas, e que 32% deles

ficaram incapacitados permanentemente.

Ao analisar os últimos 7 dias de trabalho, 54,1% das trabalhadoras

entrevistadas relataram ter tido dor na coluna lombar, 44,7% na coluna dorsal,

24,7% nos ombros e no pescoço, 22,4% afirmaram dor em quadris/coxa,

17,6% dor em pulsos/mãos, 12,9% em joelhos e em tornozelos/pés e 3,5

referiram dor nos cotovelos segundo a figura 12.

54,1

44,7

24,7 24,722,4

17,6

12,9 12,9

3,5

0

10

20

30

40

50

60

Coluna

Lom

bar

Coluna

Dorsal

Ombr

os

Pesco

ço

Quadr

is/co

xa

Pulsos/m

ãos

Joelh

os

Torno

zelos

/pés

Cotove

los

Articulações

de

ind

ivíd

uo

s

Figura 12 – Distribuição de dor osteomuscular nos últimos 7 dias.

%

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4.3 Biomecânica Postural

Das 85 costureiras avaliadas na vista anterior foi verificado, em relação ao

alinhamento dos ombros, que 77,6% delas estariam funcionais, 3,5%

disfuncionais, 18,8% com supranivelamento do ombro à esquerda e nenhuma

delas com supranivelamento à direita. Porém, ao avaliar o alinhamento frontal

pélvico, 75,3% dessas costureiras foram classificadas como funcionais e 24,7%

com algum tipo de alteração como mostrado no Quadro 4.

Quadro 4 – Análise descritiva dos percentuais das classificações da postura das costureiras na visão anterior

VISTA ANTERIOR Classificação Ombros (%) Pelve (%) Disfuncional 3,5 7,1 Funcional 77,6 75,3 Supranivelamento D 0,0 10,5 Supranivelamento E 18,8 7,1

Na vista lateral foram encontrados resultados da diferença entre os

ângulos lateral direito menos o esquerdo para a variável cabeça-maléolo foram

de 4,7% patológicos, ou seja, disfuncional, por estarem abaixo de 85º e acima

de 90º; 80,0% funcionais, por estarem entre as variações entre 87º e 93º; 7,1%

possuíam uma rotação do tronco à direita e 8,2% estavam com o tronco rodado

à esquerda, por estarem acima dos limites funcionais toleráveis e abaixo dos

limites patológicos como visto no Quadro 5.

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Quadro 5 – Percentuais da RCM de acordo com a postura das costureiras na vista lateral direita e esquerda

VISTA LATERAL DIREITA e ESQUERDA Classificação RCM (relação cabeça-maléolo) (%) Disfuncional 4,7 Funcional 80,0 Rotação direita 7,1 Rotação esquerda 8,2

O Quadro 6 mostra os percentuais do equilíbrio lombo-pélvico das

costureiras quanto ao alinhamento das EIAS e das EIPI.

Quadro 6 – Percentuais do equilíbrio lombo-pélvico de acordo com as classificações relacionadas à postura das costureiras na vista lateral direita e esquerda quanto ao alinhamento das EIAS e das EIPI

VISTA LATERAL DIREITA e ESQUERDA

Classificação Equilíbrio lombo-pélvico (%) Pelve alinhada - funcional 21,2 Pelve antivertida 58,8 Pelve retrovertida 20,0

O quadro mostrou que 21,2% possuíam a pelve equilibrada, ou seja,

havia equilíbrio lombo-pélvico, sendo considerados funcionais, já 58,8%

apresentaram uma pelve antivertida levando à hiperlordose lombar e somente

20,0% das avaliadas obtiveram a pelve retrovertida com retificação da coluna

lombar, isto é, a curva lordótica fisiológica estaria diminuída. Em seu estudo

COX (2002a) relatou que as pessoas com queixas de lombalgias mostraram

uma lordose lombar aumentada comparada ao grupo controle. Este estudo

vem ao encontro aos achados nesta pesquisa, onde 58,8% das costureiras

apresentaram a lordose lombar aumentada, o que poderia estar contribuindo

para um dos fatores de risco à dor na coluna lombar.

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Para finalizar, na vista posterior, foi avaliada o alinhamento do ângulo

inferior das escápulas e das EIPS, como também da coluna superior e inferior,

cujos dados estão apresentados no Quadro 7.

Quadro 7 – Percentuais de alinhamento das Escápulas e EIPS de acordo com as classificações relacionados à postura das costureiras na vista posterior

VISTA POSTERIOR

Classificação Escápulas (%) EIPS (%) Disfuncional 18,8 7,1 Funcional 61,2 75,3 Supranivelamento D 17,6 10,5 Supranivelamento E 2,4 7,1

Em relação ao nivelamento das escápulas, 18,8% das costureiras foram

classificadas como disfuncional ou patológica; já 61,2% como funcional,

representando a maioria das funcionárias; 17,6% obtiveram um

supranivelamento da escápula à direita em relação à esquerda e somente 2,4%

das trabalhadoras tiveram as escápulas esquerdas acima do nível quando

comparada à escápula direita. Quanto ao nivelamento das EIPS, 75,3% das

pessoas avaliadas apresentaram-se funcionais, 7,1% disfuncionais e 17,6%

com supranivelamento pélvico direito ou esquerdo.

Na última análise da vista posterior, o nivelamento das EIPS demonstra

que 24,7% dessas trabalhadoras possuem algum tipo de alteração a nível

pélvico, podendo sugerir uma discrepância de membros inferiores (MMII), o

que pode ser considerado um dos fatores de risco para as lombalgias, além da

postura adotada durante a atividade laborativa. GREVE e AMATUZZI (2003)

afirmam que pessoas que possuem discrepância de MMII significativa e

escoliose secundária à báscula pélvica podem sofrer descompensação do

tronco e da coluna vertebral ocasionando dor na coluna lombar.

A coluna vertebral, tanto a parte dorsal/torácica quanto a parte lombar,

também foram analisadas. Os resultados mostraram que a maioria das

costureiras ainda possuía a coluna dorsal como funcional (84,7%), ninguém

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possuindo esta parte da coluna disfuncional, mas tendo 5,9% com uma

inclinação à direita e 9,4% com inclinação à esquerda. Considerando a parte

inferior ou lombar, 58,8% das trabalhadoras apresentaram grau de

funcionalidade, dentro dos parâmetros sugeridos por RICIERI (2004). Mas ao

contrário da coluna dorsal, com ninguém obtendo classificação patológica, a

coluna lombar recebeu classificação disfuncional em 12,9% das costureiras;

não deixando de citar também que 22,4% obtiveram uma inclinação da lombar

à direita e 5,9% dessas uma inclinação à esquerda conforme demonstra o

Quadro 8.

Quadro 8 – Percentuais das classificações relacionadas à postura das costureiras na vista posterior quanto ao alinhamento da coluna superior e da coluna inferior

VISTA POSTERIOR

Classificação Coluna Superior (%) Coluna Inferior (%) Disfuncional 0,0 12,9 Funcional 84,7 58,8 Inclinação D 5,9 22,4 Inclinação E 9,4 5,9

Os achados da coluna lombar encontrados na vista posterior mostram

que 41,2% das trabalhadoras avaliadas demonstraram ter algum tipo de

assimetria na coluna lombar, o que poderia ser ou não sugestivo de uma

escoliose. Para BIENFAIT (1995), a escoliose é uma afecção que provém

sempre de um desequilíbrio segmentar que a fisiologia estática deve

compensar. Qualquer alteração do alinhamento da coluna vertebral ocasionará

um desequilíbrio estático havendo também desequilíbrio muscular que

compõem a coluna vertebral, isso gera uma baixa de oxigenação no local

provocando dor. Este tipo de alteração também incorpora os diversos fatores

de riscos que provocam a dor lombar, e que associadas à manutenção de uma

postura estática no local de trabalho contribui para o aparecimento das dores

lombares ou lombalgias.

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4.4 Dor Lombar

Os resultados das análises do ckeck list para avaliação simplificada do

risco de lombalgia descrita no Anexo III mostraram que todas as atividades

avaliadas foram de risco moderado de lombalgia, ou seja, o resultado teve

como média 7 pontos de somatório de todas as entrevistas. A máquina que

mais ofereceu risco à coluna das costureiras foi a “BT-canhão”, pois exigia um

maior esforço em relação à coluna. Nesta máquina, as costureiras ficavam em

assimetria de tronco por longas horas, levando ao estresse da musculatura

paravertebral devido à manutenção da postura estática e sobrecarga de um

único dimídio.

Em um estudo realizado por FAHRNI (1975), numa população de uma

floresta na Índia, mostrou que a população que se agachava ao invés de se

sentar não tinha qualquer conceito de orientação postural, mas tinham uma

incidência zero de dor lombar. Esse autor realizou as radiografias da coluna

lombar nessa população (450 pessoas) de idades entre 15 e 44 anos e

verificou que ninguém mostrava qualquer incidência de estreitamento do disco

intervertebral.

COUTO (1995) relata que a postura sentada aumenta cerca de 50% da

pressão sobre os discos intervertebrais da coluna lombar, e esse aumento é

decorrente de, ao sentar-se elimina todo o amortecimento de pressões dado

pelo arco dos pés e pelos tecidos moles dos membros inferiores.

Consequentemente ocorre uma contração estática dos músculos

paravertebrais, resultando em fadiga muscular e dor. MCGILL (2000) diz que o

tempo de permanência de uma contração isométrica a 8-10% da força

isométrica máxima (FIM) é de 50-55 minutos em manutenção postural. Acima

desse valor levaria à fadiga da musculatura. Porém o tempo permanecido por

elas durante a jornada de trabalho na empresa é de 80% em manutenção

postural o que seria mais um fator de risco às dores lombares.

As profissões, que geralmente, possuem uma grande sobrecarga física,

somada a uma postura inadequada ao realizar o esforço, expõem mais

facilmente o trabalhador às lesões que acabam sendo caracterizadas de

caráter ocupacional (ALENCAR e GONTIJO, 2006). As posturas comuns

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adotadas no trabalho, como ficar de pé ou sentados por horas, erguer pesos e

utilizar repetitivamente unilateralmente um membro, aumentam a sobrecarga,

pela própria força gravitacional, sendo que a repetição desses atos ao longo

dos anos afeta a coluna vertebral. O relato de ALENCAR e GONTIJO (2006)

vem confirmar os dados encontrados neste estudo, onde a postura sentada por

longas horas, meses e anos induzem ao risco moderado dos trabalhadores em

adquirir dores lombares ou lombalgias.

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CONCLUSÕES

O presente trabalho foi desenvolvido a partir de dados coletados em uma

fábrica de confecção no município de Muriaé na Zona da Mata, Minas Gerais.

O estudo foi realizado com as costureiras desta empresa, com avaliação do

perfil, condições de trabalho e saúde, biomecânica postural, com enfoque na

coluna lombar e a análise dos fatores de riscos para dor lombar, em virtude da

postura destas trabalhadoras que atuam sentadas na maior parte da jornada de

trabalho.

5.1 Perfil, Condições de Trabalho e Saúde das Trabalhadoras

Apesar de terem uma faixa etária baixa (22 anos em média) já

apresentam risco moderado para a dor lombar.

A atividade laboral estática foi verificada em 83,8% (6h15min) do turno de

trabalho, sendo o preconizado 50-55 minutos em manutenção postural.

Quanto às queixas de dores ao final do dia, 90,6% das trabalhadoras

referiram senti-las, tendo como local mais referido a coluna lombar (74,2%),

comparada aos restantes de articulações que foram citadas, uma vez que

trabalhavam em posturas estáticas por longo período de tempo tornando-se

uma postura incômoda.

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Das costureiras avaliadas, 25,9% apresentaram o IMC acima do valor

aceitável.

5.2 Incidência de Queixas Osteomusculares

A incidência de lombalgias ou dores na coluna lombar entre as costureiras

da empresa foi a mais alta entre as incidências apresentadas nos últimos doze

meses e nos últimos sete dias a partir da data da entrevista, além de ter sido a

mais alta quanto à incapacidade da realização normal do trabalho.

5.3 Biomecânica Postural

Na avaliação da biomecânica postural realizada, 58,8% das trabalhadoras

apresentaram hiperlordose lombar, 28,7% desnivelamento pélvico sugestivo à

discrepância de membros inferiores e 41,2% possuíram algum tipo de

assimetria na coluna lombar, o que representaram fatores de riscos às dores

lombares.

5.4 Fatores de Risco da Dor Lombar

A máquina que mais exigiu esforço e oferecia maior risco à coluna foi a

“BT-canhão”, por exigir da trabalhadora uma postura estática e assimétrica

para a execução da atividade.

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ANEXOS

ANEXO I

QUESTIONÁRIO – PERFIL E CONDIÇÕES DE TRABALHO

1 - DADOS DO TRABALHADOR 1.1-Nome: 1.3-Natural: 1.4-Estado: 1.5-Nascimento: / / 1.6-Idade: anos 1.7-Peso: kg 1.8-Estatura: m 1.9-Religião: ( ) Com ( ) Sem ( ) Outro 1.10-Você participa de alguma atividade comunitária? ( ) Sim ( ) Não Se sim, qual (is)? 1.11-Estado Civil: ( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Viúvo ( ) Separado ( ) Divorciado ( ) Outro 1.12-Cútis: ( ) Branca ( ) Negra ( ) Mestiço 1.13-Destreza: ( ) Canhoto ( ) Destro ( ) Ambidestro 1.14-Número de filhos: ( ) Filhos 1.15-Bens Materiais: ( ) Casa Própria ( ) Casa Alugada ( ) Sítio ( ) Lote A) HÁBITOS, COSTUMES E VÍCIOS Você fuma? ( ) Sim ( ) Não Tipo de cigarro? Você consome bebidas alcoólicas? ( ) Sim ( ) Não B) ESTUDOS Você estuda? ( ) Sim ( ) Não Se sim, qual série está cursando? Se não, até que série estudou? Por que parou de estudar? Você tem vontade de voltar a estudar? ( ) Sim ( ) Não Se sim, por que não volta? C) ATIVIDADES RECREATIVAS Você tem alguma atividade recreativa? ( ) Sim ( ) Não Se sim, qual? Você pratica algum tipo de esporte? ( ) Sim ( ) Não Se sim, qual? Quando? Se não pratica, tem vontade de praticar algum? ( ) Sim ( ) Não Qual e quando?

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2 – CARACTERÍSTICAS GERAIS DA FUNÇÃO 2.1-Profissão registrada na carteira: ( ) Sim ( ) Não 2.2-Data admissão: 2.3 - Exerceu outras funções na empresa? ( ) Sim ( ) Não Se sim, quais: (Listar 3) Função: Tempo: Anos 2.4-Trabalhou em outras empresas? ( ) Sim ( ) Não Se sim, quais: ( Listar 3 últimas ) 2.5-Você tem vontade de mudar de atividade dentro da Empresa? ( ) Sim ( ) Não Se sim, por quê? Para qual setor e para qual função? A) POSIÇÃO DE TRABALHO - A posição de trabalho é confortável? ( ) Sim ( ) Não - Você pode trabalhar sem ter que torcer, abaixar ou fazer outros movimentos difíceis de cabeça, tronco, braços ou pernas a não ser excepcionalmente? ( ) Sim ( ) Não - A posição de trabalho pode ser facilmente alterada? ( ) Sim ( ) Não - Julgamento Final: ( ) Bom ( ) Médio ( ) Ruim ( ) Outros B) ASSENTO O assento tem regulagem para as pernas? ( ) Sim ( ) Não O assento tem regulagem para altura? ( ) Sim ( ) Não O assento tem regulagem para o encosto? ( ) Sim ( ) Não O estofamento no assento é satisfatório (não escorrega, ventilado, lavável, etc.)? ( )Sim ( ) Não O assento possui amortecimento adequado? ( ) Sim ( ) Não Julgamento Final: ( ) Bom ( ) Médio ( ) Ruim ( ) Outros C) TREINAMENTO E CARACTERÍSTICAS DO TRABALHO - Quando foi realizado este treinamento? ( ) Antes de começar a trabalhar na função ( ) Depois de um certo tempo que exercia a função Quanto tempo durou o treinamento? - Ao término dos treinamentos, você se sentia apto a exercer esta atividade? ( ) Sim ( ) Não - Você recebe periodicamente treinamentos da empresa? ( ) Sim ( ) Não Se sim, quais? Com qual freqüência? - Você recebe alguma orientação sobre o trabalho a ser executado? ( ) Sim ( ) Não - De quem você recebe esta orientação (cargo/função)? - Com qual freqüência você recebe estas orientações? ( ) Diariamente ( ) Periodicamente ( ) Esporadicamente - Você tem vontade de mudar de atividade dentro da Empresa? ( ) Sim ( ) Não Se sim, por quê? Para qual setor e para qual função? - Você já recebeu treinamentos sobre segurança no trabalho? ( ) Sim ( ) Não - Você já sofreu acidentes trabalhando nesta empresa? ( ) Sim ( ) Não Em qual atividade? Que partes do corpo foram atingidas? Quanto tempo ficou sem trabalhar por causa do acidente? Como aconteceu o acidente? Em sua opinião, o que levou a este acidente? - Você acha a atividade perigosa? ( ) Sim ( ) Não Por quê? - Você acha a atividade cansativa? ( ) Sim ( ) Não Por quê? - A iluminação interna é ideal? ( ) Sim ( ) Não A iluminação, quando deficiente, influencia negativamente o rendimento de suas atividades? ( ) Sim ( ) Não - Quanto à temperatura no ambiente de trabalho, você considera que: ( ) É ideal ( ) É muito alta ( ) É muito baixa - Você o considera o ruído excessivo no local de trabalho? ( ) Sim ( ) Não Atrapalha na execução de suas atividades? ( ) Sim ( ) Não O ruído produzido o incomoda? ( ) Sim ( ) Não - Existem odores no local de trabalho? ( ) Sim ( ) Não Você os considera fortes? ( ) Sim ( ) Não

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Causam algum tipo de problema a você? ( ) Sim ( ) Não Se sim, qual (is)? - O local de trabalho é sempre mantido limpo? ( ) Sim ( ) Não - Os banheiros utilizados na empresa são limpos? ( ) Sim ( ) Não - O restaurante da empresa é agradável? ( ) Sim ( ) Não

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QUESTIONÁRIO NÓRDICO

PROBLEMAS (DOR OU DESCONFORTO) NO SISTEMA MÚSCULO-ESQUELÉTICO:

Nesta figura pode-se ver a posição aproximada das partes do corpo referidas no questionário. Os limites não estão severamente definidos e algumas partes sobrepõem-se. O trabalhador decidirá por ele mesmo em qual parte do corpo ele teve ou está tendo problemas, se houverem.

Fonte: PINHEIRO, F.A., BARTOLOMEU T., CARVALHO, C. Revista de Saúde Pública, 36(3):307-12. 2002.

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ANEXO II

Fonte: Couto, H.A. Ergonomia aplicada ao trabalho: o manual técnico da máquina humana, 1995, p, 228.

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