pow! design
Post on 07-Mar-2016
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No intuito de reunir arte, moda e design em uma só
revista, a escolha das matérias para a revista POW!
buscou investigar um conteúdo múltiplo a fim de
oferecer ao leitor uma boa opção de assuntos
variados e interessantes acerca destas temáticas.
Acredita-se que o público consumidor de moda
tenha interesse em áreas próximas do
conhecimento, a exemplo da arte e do design,
tendo em vista que em muitos momentos estes
campos se entrelaçam, ficando às vezes,
impossível delimitar as fronteiras entre um e outro
campo. Em POW! são apresentadas algumas
reportagens selecionadas a partir de pesquisas
pela internet nos principais sites de moda. Dentre
estas matérias de moda, destaco "Radical fashion",
pela exclusividade, uma vez que esta matéria é
totalmente original e exclusiva, tendo sido obtida
através de contatos por e-mail com Cristiane
Mesquita, editora do London Link que demonstrou
grande interesse e receptividade no convite de
participar da edição experimental da revista POW!.
Por entre as matéras da revista, foram colocadas
algumas propagandas e algumas imagens "soltas",
ou seja, dissociadas de qualquer texto informativo.
As propagandas apresentadas nesta revista
referem-se a estilistas de renome no cenário
nacional, a exemplo de Alexandre Herchcovitch e
Ronaldo Fraga. Além das propagandas direcionada
ao interresse desse leitor, em POW! há também
algumas "imagens soltas", que referem-se (e
homenageiam) alguns artistas. Outras imagens que
permeiam a revista são histórias em quadrinhos
fazendo parte do ensaio Daniela Brito .
EDITORIAL
Capa:
Código de
barras
realizado com a
data de
anivérsário da
autora do
ensaio.
Revista POW!
Edição n°0 ano 2002
Contatos para
publicações,
sugestões e afins:
3216-7774 ou pelo
Daob@bol.com.br
No projeto editorial, procurou-se trabalhar de um modo
diferenciado, através da inserção de fragmentos de
ensaios, fragmentos artísticos e/ou poéticos, dando à
imagem o mesmo peso que a informação textual. Em
POW!, a mensagem escrita não atua como elemento
primordial, e sim com um elemento a mais para a
informação final e concepção da idéia de uma nova
expressão. A conjugação entre os conceitos de arte,
moda e design integrados entre si foi trabalhada desde
a concepção do projeto até a apresentação visual e
conceitual da revista. POW! pretende apresentar em
cada edição um portifólio de algum artista, designer ou
estilista com projetos significativos.
A edição nº 1 desta revista traz o ensaio "SSP-DB" de
minha autoria, como modo de apresentar a minha
produção pessoal . Espero que vocês gostem e se
interessem em participar do próximo número de POW!
Até a próxima!
Daniela Brito
P
As capas devem vender a revista ao leitor, sendo que sua função pode
dividir-se em duas partes um tanto conflitivas; por um lado deve vender
a idéia da revista como um todo, paralelamente deve expressar a
novidade como número independente dessa mesma revista. A capa
deve gritar ao leirtor que a revista trata do tema X explicando o
conteúdo desse número em particular tanto ao leitor exporádico como o
habitual.
Independente dos conteúdos variáveis que a capa pode apresentar, a
peça chave é o cabeçalho, o nome e como se apresenta. Com o tempo
o cabeçalho de uma revista pode chegar a ter identidade por si mesmo.
Nomes como Vogue, Esquire, tem sobrepassado seus significados e
tipografias originais e tem se convertido em marcas, incorporando
etiquetas de copyright.
Em um sentido geral, todas as revistas tem um aspecto muito
similar; tem se desenvolvido um conjunto de regras "ad-hoc" para
que se cumpram com as obrigações comerciais. O logotipo sempre
se coloca ao longo da parte superior da página, e consideram-se
essencial os rostos em tamanho real, que incitem o contato visual
para atrair o leitor. Estas regras não são estabelecidas por ninguém
as outorgam a sabedoria de como fazer uma revista com êxito são
as responsáveis pelo grande número de semelhanças entre as
revistas convencionais. Existem, entretanto, outras mais específicas,
mais locais, estabelecidas por cada editor.
Radicals foi instalada num terreno afastado do centro e
com vista para uma das bahias do rio. A mostra de
fotografia ao ar livre foi composta por 20 painéis trifásicos,
destes usados para publicidade. Cada um deles exibia
três imagens de criadores contemporâneos. Montados em
círculo, convidavam o espectador a ver do centro,
algumas criações de Hussein Chalayan, Jessica Odgen,
Junya Watanabe, Marjan Pejoski, Rei Kawakubo, além
dos próprios belgas. Em comum, os 20 nomes escolhidos
têm originalidade, inovação, subversão e o constante
desafio ao lugar comum da imagem de moda.
Uma das vertentes da Mode 2001 foi
o lançamento de uma revista que
pretende mostrar moda de um jeito
não convencional, de um jeito
"belga"… Baseada em parâmetros
como paixão, emoção, autenticidade,
espontaneidade e contra a
globalização e a homogenização da
moda, seus editores pediram aos
anunciantes que respeitassem a
direção artística da revista e
mudassem suas estratégias de
marketing. Isto resultou em anúncios
na mesma linha do design da revista,
quase imperceptíveis.
Programada para sair duas vezes por
ano, cada edição vai contar com um
diretor de criação diferente, que é livre
até mesmo para nomear a publicação.
O designer Belga Dirk Van Saene foi o
responsável pela primeira edição que
chamou de A. Para a próxima
(Fevereiro/2002), Bernard Willhelm já
definiu o nome B. Os títulos não
necessariamente percorrerão o
alfabeto mas, quem sabe?
P
STEPHEN WILLATS. “VUE DE LA SERIE MULTIPLE
CLOTHING, 1992 - EXPOSIÇÃO SUS DE MANTEAU,
GALERIA THADDAEUS ROPAC, 1997. A VESTIMENTA
COMO UM INSTRUMENTO DE COMUNICAÇÃO PELO
JOGO DE MENSAGENS QUE PORTA
FRAGA
COLE
CIO
NADOR D
E E
MOÇÕES
Ronaldo Fraga, uma vez mais, desatou os nós da
garganta da platéia com uma coleção onde o lúdico
deu lugar à memória afetiva. Para começar, todo
mundo trocando Congas estampadas pelos óculos
que viraram marca registrada do estilista. Os
brindes, distribuídos nas cadeiras, eram de diversos
tamanhos e o jeito para descolar o seu era
barganhar com o vizinho ao lado - uma boa
oportunidade de fazer amigos. Até que balões
coloridos abriram o desfile sucedendo-se num
carrossel no qual vagavam recheados de ausência.
Cadê as modelos? A resposta veio rapidinho: foram
engolidas pelas roupas. Ronaldo Fraga é dos
poucos que pode. Tirou as modelos de cena e deu
lugar ao verdadeiro corpo brasileiro, mesclando
"caras de pau" entre os bonecos de madeira que
envergavam suas criações a pessoas de seu staff,
gente comum como eu e você, que entraram em
cena quando o carrossel quebrou e tudo,
aparentemente, tinha dado errado.
Por Carol Garcia*
Mas foi aí que a coisa funcionou mesmo. Foi a
primeira vez em que assisti a 100% do mundo
fashion torcer para que houvesse uma saída.
Parecia uma união de torcidas rivais em dia de jogo
do Brasil (acho que só mesmo o Maracanã lotado já
assistiu a tamanha galera com o coração na mão).
Deu certo. Ronaldo ativou o plano B, levou sua
equipe de jeans e camiseta com o nome da coleção
para a passarela e o público pôde ver - e sentir - as
roupas. Aquela energia positiva que abraçou toda a
platéia fez com que a emoção explodisse em
aplausos: o paradigma do perfeito imposto em tom
ditatorial pela moda fora quebrado. Que bom!
Mas, e as roupas? São divinas. Saias com a barra
simulando o gancho de uma calça (no estilo do
francês Gilles Rosier) dividem o mérito com outras
de estampas de cabides ou tranças grossas, que
se repetem também em vestidos longos, de fundo
negro. Outros, com cortes enviesados como os da
coleção "A Roupa" (Ronaldo já advertira que
usaria suas modelagens preferidas), deixavam
entrever um forro vermelho, como a carne que
compõe as demais estampas da atual coleção,
sabiamente denominada "Corpo Cru". São lindas
as peças em verde água, que recebem reforços
remendados como joelheiras por pespontos
vermelhos. Nos pés de manequins tridimensionais
carregados pelo carrossel estão Congas, Botas
Sete Léguas e um sapato desenvolvido pela Zem
que se chama "Pisando no Tomate, na Laranja e
no Limão". E no coração dos que assistiram ao
desfile estará para sempre a imagem de que a
moda é para todos, desde que tenhamos
responsabilidade: com a tecnologia que criamos,
com o meio ambiente em que vivemos, com o
corpo que vestimos.
Rudi gernreich
Ele é inegavelmente, com
Charless James o mais original
dos costureiros americanos. UM
dos raros que deixam atrás de si
perfume de vanguarda e de escândalo que
culminará com o lançamento, na metade da década de 60
do primeiríssimo monoquini, suposto símbolo de uma liberação sexual
que é antes de tudo a dos corpos e do movimento.
Sensível, conceitual, densa, intelectual, introvertida e visionária. Tais
adjetivos na descrição de um estilo de moda têm nacionalidade certa:
belga. Mais especificamente, a cidade de Antuérpia que fica ao norte da
capital Bruxelas, a beira do Rio Schelde e abriga a Académie Royale des
Beaux-Arts d'Anvers.
Nos anos 80, Ann Demeulemeester, Walter Van Beirendonck, Dries Van
Noten, Dirk Van Saene, Dirk Bikkembergs e Marina Yee - todos formados
ali - se lançaram como o "Grupo dos 6" - fato que colocou a Antuérpia no
mapa de moda internacional com muito estilo. Outros nomes como Martin
Margiela, Raf Simons, Bernard Willhelm, Veronique Branquinho, Olivier
Theyskens, An e Filip Vandevorst, entre outros, continuam
(des)construindo para a Bélgica uma imagem de moda singular e
inteligente.
Made in Antwerp, roupa, acessório ou gente, foi se tornando símbolo de
mão forte em design de vanguarda. A Mode2001 Landed/Geland - evento
que ocupou quatro espaços da cidade entre 26 de maio e 07 de outubro
de 2001 - veio para reforçar esta imagem. O investimento do governo local
e dos patrocinadores foi de tamanho suficiente para criar uma infra-
estrutura de grandes proporções. Incluiu a divulgação em inúmeras
publicações fashion internacionais e em toda a rede turística do país, um
website, dois catálogos, o lançamento de uma revista, acessórios com
design exclusivo e até carros Chrysler para transporte dos visitantes entre
as locações. A exposição foi, além de uma grande homenagem à
Antuérpia, também uma poderosa ação no sentido de demarcar este
território como campo de práticas experimentais e radicais em criação de
moda.
Croqui de Christian Lacroix, julho de1987
Story board do 1º desfile de alta costura para a
coleção outono-inverno 1987-1988.
Por Cristiane Mesquita*
Giovanni Messori
Istituto di Comunicazione e Spettacolo
Università di Urbino
A
PGiovanni Messori
Istituto di Comunicazione e
Spettacolo
Università di Urbino
A apresentação do antropólogo Ted
Polhemus* fechou o último dia do
Segundo Convênio de Disciplinas
de Moda. Depois de enfatizar a
distinção entre moda, estilo e
tradição aponta algumas das
implicações éticas envolvidas nas
apropriações feitas pela indústria da
moda e expõe brevemente alguns
exemplos das diferenças de sentido
entre as versões originais e aquelas
produzidas ou relidas pela indústria
- na trilha de seu livro Street Style**.
No caso de idéias genuínas de
estilo, originadas em subculturas
específicas, ao serem apropriadas
pela High Fashion, o que acontece
é uma destruição dos sentidos
pessoais e (sub)culturais. "Roupas
e acessórios que significavam
alguma coisa para aqueles que
primeiramente usaram num
contexto subcultural, ao serem
fashionalizados, se tornam
simplesmente parte da essência de
uma engrenagem faminta por
novidades."
As invasões da moda nas tradições
de outras etnias também
demonstram apropriações que
poderiam, a princípio ser
consideradas como honrosas
referências àqueles elementos
estéticos tão preciosos. Porém, as
mesmas perdem o sentido ao
saírem de seus originais contextos,
sem as fronteiras de seus
particulares sistemas sócio-
culturais. "A fome pelo novo faz a
moda converter símbolos naturais
em signos arbitrários,
transformando antigas significações
em new looks."
Pautando-se em
algumas teorias da
pós-modernidade - que
pregam o colapso da
era moderna a partir da
década de 1950 - o
antropólogo aponta o
movimento punk como
um dos último arroubos
de autenticidade.
Afirma também que
este foi responsável
por mudanças radicais
no senso de
coordenação em moda,
pela idéia de "misturar
de tudo um pouco de
uma forma individual."
Com postura bastante
crítica aos mecanismos
que passam a reger as
engrenagens da moda
a partir dali - o
marketing, a perda do
sentido de
autenticidade e uma
certa "falta de
criatividade" da maioria
dos designers -
considera que,
enquanto tais "roubos
fashion" acontecerem,
são completamente
hipócritas aqueles que
reclamam que seus
trabalhos são
copiados".
*Ted Polhemus é autor
de **Street Style - from
Sidewalk to Catwalk.
(Thames and Hudson,
1994) e Style Surfing -
what to wear in the 3rd
milenium. (Thames and
Hudson, 1996), entre
outros. Seu website é
http://www.tedpolhemu
s.com/
Penteado de Carita
Maria e Rosy Carita propõe coques à espanhola,
perucas extravagantes para jantares festivos,
franjas
lisas à moda de capacetes enfiados até os olhos
Auto-Retrato Daniela Brito
Propõe algo glamoroso e romântico
datado de 2000, mas com referências de
1.........!!!!!!!!
Rad ica is des af iam
f r o n t eir as en t r e mo da e ar t e
Atualmente, o que seria
habitar fronteiras,
desafiar o óbvio,
subverter convenções? O
que é ser radical? Em
tempos em que tanto já
foi feito, isto não é tarefa
simples, especialmente
em se tratando do
famoso mundo fashion,
onde alguns mecanismos
de funcionamento vêm
dominando a criatividade
de forma avassaladora.
E se a Arte é "inventar
mundos" * que desafiem
o mundo existente, criar
e materializar novas
sensibilidades, escutar o
tempo, resistir aos
mecanismos dominantes
- e portanto causar
sensações e reflexões -
"moda radical" é esta que
se planta em seus
terrenos, que se faz em
seus (não) parâmetros.
Moda radical tem sido
aquela que faz esquinas
em planas e
glamourosas passarelas,
que questiona perfeitos
corpos, que produz
imagens tóxicas.
Aquela que incomoda,
mais do que acomoda
em combinações
perfeitas. E nem
sempre incomodar
significa chocar, assim
como muito se tem
dito sobre alguns
rebeldes de cortes e
costuras e visões.
Mas quase sempre
tem a ver com beleza.
Não aquela que enche
olhos menos abertos
ao estranhamento,
mas aquela que fala
ao mundo sensível de
todos nós.
Radical Fashion, a
exposição que ocupa
uma das galerias do
Victoria and Albert
Museum desde 18 de
Outubro e vai até 06
de janeiro de 2002,
trata de alguns
destes "mundos
inventados".
Universos estilísticos
de 11 designers-
artistas que
escolheram a roupa
para seus modos de
expressão. Mas,
como
Rad ica is des af iam
f r o n t eir as en t r e mo da e ar t e
bem disse Hussein
Chalayan - que também
vem fazendo vídeos "sou
uma pessoa de idéias e
estaria realizando estas
idéias em qualquer meio" ou
como prova a história
pessoal de Rei Kawakubo -
que se formou em Filosofia
e é autodidata em moda -
tudo indica que estes 11
seriam geniais de qualquer
maneira.
Todos são criadores
inseridos no mercado.
Possuem suas griffes,
vendem seus produtos,
alimentam o funcionamento
da moda, máquina das mais
capitalísticas. Porém,
ousam questioná-la, ousam
dizer de si, ousam dialogar
com instâncias sensíveis,
ousam criar incômoda
moda. Em muitos
momentos chacoalham
suas diretrizes, confundem
mídia e espectadores que
esperam fórmulas fáceis.
Não se deixam aprisionar.
Se permitem estranhar o
próprio mundo que os cerca.
Escutam e esculpem os
corpos e criam mais que
roupas: inventam
paisagens.
A curadora Claire Wilcox é clara em
sua proposta: "estou
particularmente interessada
naqueles designers que, em algum
sentido, quebram barreiras". Assim,
os nomes escolhidos são de
diferentes gerações e
nacionalidades, motivados pelos
mais diversos impulsos, mas têm
em comum a atitude provocativa,
além de exercerem imensa
influência na moda "convencional".
Em muitos momentos, têm sido
responsáveis por grandes
fenômenos de venda, com a
irradiação de suas idéias de
passarela que atingem as high
streets e grandes magazines,
mesmo que à primeira vista sejam
tidos excêntricos ou "não usáveis".
Eventualmente, seus conceitos,
contribuíram para alterações nos
contornos da subjetividade
contemporânea e na busca por
novas formas de compreensão da
beleza.
Rad ica is des af iam
f r o n t eir as en t r e mo da e ar t e
Outro poeta da imperfeição, Martin
Margiela, mostra peças da coleção
Primavera/Verão 01, na qual brincou
com as proporções - e levou a sério a
questão das padronização dos
corpos. Margiela sempre desconstruiu
convenções. Honra sua formação em
Antuérpia, sua origem belga é, sem
dúvida alguma, um dos radicais "mais
radicais". A começar por sua atitude
diante da mídia: enquanto estilistas se
tornaram pop stars e celebridades,
Martin acredita que sua reclusão
garante a manutenção de sua
liberdade criativa e que seu trabalho
independe completamente de sua
aparência. Nunca foi fotografado, dá
poucas entrevistas, insiste em assinar
Maison Martin Margiela, em crédito a
toda a sua equipe e apresenta suas
coleções em estações de metrô,
esquinas ou simples cafés de Paris.
Desde que começou, vem
trabalhando a linha Artesano, feita a
mão e exclusiva, a partir da
transformação de peças usadas,
compradas em brechós, mercados
das pulgas e instituições de caridade.
No V&A, as próprias caixas de
madeira para o transporte das peças
são o recurso de sua montagem.
Dentro delas, o visitante se depara com
um dos trabalhos de moda mais
polêmicos dos últimos tempos, que
questiona o "tamanho 38", as dimensões
"corretas", as estruturas sociais, o
consumismo, a massificação, e a moda
em si. 50%, 148%, 157%, são algumas
das proporções oversize ou minisize
propostas pelo designer. Entre outras
peças, estão em Radical um vestido dos
anos 70, aumentado 200% através de
emendas de tecido; a saia que é
resultado de duas outras usadas, frente
poliéster, verso lã e comprimidas para a
metade do tamanho original; a calça
jeans gigante que veste P, M ou G,
ajustada por botões e colchetes; o
colete, ampliado 157%, com estrutura tal
que, mesmo vestindo uma mulher menor
não assenta no corpo e mantém sua
grande forma. Como se não bastasse,
também estão ali o sapato estileto sem
salto, a blusa feita com velhas luvas de
couro costuradas umas nas outras e o
próprio manequim de alfaiate da década
de 1950, usado para a desenvolver as
ampliações. O busto é personalizado, o
que remete aos resquícios de um tempo
em que a moda só começava a traçar
seus caminhos rumo à extrema
massificação.
Por falar em desafio de
proporções, a sala da japonesa
visionária Rei Kawakubo tem projeção
de formas geométricas em branco,
vermelho e preto, completamente pop-
optical-art.
As peças em tecidos com os mesmos
motivos são sensivelmente pontuadas
com detalhes em estampa de
camuflagem de guerra. Mais que
contemporânea, a mistura entre a
perfeição geométrica de círculos e
quadrados e a organicidade da
camuflagem, entre cores puras e
tantos tons de verde, expõem conflitos
mais que reais, especialmente em
tempos atuais. Sempre modelando sua
filosofia, Kawakubo conta que a
primeira loja da marca Comme des
Garçons não tinha espelhos porque ela
"queria que as pessoas escolhessem
as roupas pela sensação e não pela
aparência." Em vídeo, apresenta -
assim como fez na Mode 2001, - sua
última coleção (Primavera/Verão 2002)
que é debochadamente sexy,
decadente e feminina. "Minhas
inspirações vêm de imagens obscuras
e abstratas". Para onde Rei estará nos
levando agora?
Feminilidade, fragilidade e poder são
também algumas das questões de
Hussein Chalayan. Para dizer a que
veio em Radical, transportou para o
V&A o mesmo conceito - e emoção -
da coleção Ventriloquy, apresentada
na London Fashion Week de Setembro
de 2000. Algumas das peças e mais o
vídeo em computação gráfica 3D -
onde bonecas digitais se vestem, se
despem e se destroem, num
angustiante slow
motion - habitam sua sala branca
e geométrica. Já naquela
temporada, enxergando muito
além das releituras 80's do power
dressing que então imperavam na
moda, apresentou performance
que terminou com algumas
modelos reais estilhaçando os
vestidos de outras, esculpidos em
resina e vidro.
Marylin
Maison
Vestido com capuz C.1927 As pastilhas de plástico, coloridas ou transparentes, são uma constante na obra do costureiro Paco Rabane (Rompendo com os materiais tradicionalmente usados no vestido, ele lança mão do alumínio, do robóide, de elementos de reprocessamento dos quais os vestidos tiram um partido que faz sucesso durante os desfiles-manifestos encenados ao som de música concretas em ambiente decididamente futurista) desde 1967. Lançava a preços muito baixos, o vestido efêmero de papel misturado com fios de nylon. Em seguida, ao término de longas pesquisas, foi a vez das roupas sem costuras obtidas por meio da vaporização do cloreto de vinila sobre um molde.
Pop
Roy Lischenstein
Girl whith ball, 1961
Óleo sobre tela
Nova York Colestion, The Museum of Modern Art
Pesquisas na área têxtil e desenvolvimento de matéria
prima são dos maiores desafios da moda
contemporânea. Formas já não mudam com a
imponência da primeira metade do século XX, cores vêm
e vão, enquanto texturas e tratamentos diferenciados de
tecidos têm tido lugar privilegiado no mundo fashion. Por
isso, ganha quem experimenta e inventa. Não é por
acaso que designers de A a Z vêem tentando ter seus
"momentos Issey Miyake", desafiando fronteiras entre
criar sobre tecidos e criar o próprio tecido.
Por outro lado, tudo aquilo que é 'feito à mão'
redimensiona sua importância para a moda dos últimos
tempos, em justa contraposição à massificação das
tendências e banalização do prêt-a-porter. Coleções
pequenas, com um quê de alta-costura e um perfume
das costureiras, bordadeiras e tricoteiras de
antigamente, tanto provocam quanto inspiram a grande
indústria têxtil.
Duas ótimas razões para Fabric of fashion
(www.fabricoffashion.co.uk) acontecer. E melhor: a dupla
intenção da exposição, realizada pelo British Council,
(www.britishcouncil.org/arts) em cartaz na Crafts Council
Gallery, (www.craftscouncil.org.uk) une estas
importantes características da moda contemporânea,
através da curadoria de Marie O'Mahony e Sarah
Braddock. O mix de alta tecnologia e artesanato,
experimentalismo e técnica é marca registrada do
trabalho de jovens e talentosos criadores. Através de
propostas ímpares a galeria expõe trabalhos assinados
por 15 nomes que vêm fazendo história na moda inglesa
atual.
Os tipos visuais da Era Digital mundo está acelerado, o
consumismo derrubou fronteiras,
o minuto se transformou em
segundo e a informação está nas
entrelinhas e não é para todos.
Com a falta de tempo para o lazer
e a "cultura", e os anseios pelo
século XXI (a era da informação
digital e do futuro), além dos
novos mecanismos para facilitar a
vida da humanidade, que são
criadas a todo momento, o
homem passa a viver mais
isolado e a absorver mais
informação visual e animada do
que estática, enquanto antes se
parava para ler um livro ou o
jornal por horas, agora só há
tempo para "olhar".
Além das alterações no corpo,
espaçamento, entrelinhas e cor,
as ferramentas de edição dos
types nos possibilita experimentar
novas opções antes muito difíceis
e demoradas para se obter, como
desfoques, sobreposições,
distorções e texturas. As diversas
possibilidades que fazem com
que a existam estilos onde a fonte
está se formando num ponto e se
transforma em retas (código de
barra) e recomeça a aparecer
novamente em letras. É o desejo
de se criar imagens e, ao mesmo
tempo, letras que possam ser ou
não decodificadas.
POW!
DIREÇÃO:
Daniela Brito
COORDENAÇÃO:
Valéria Faria
ARTE
Daniela Brito
COLABORADORES:
Valéria Faria
Editora UFJF
Cristiane Mesquita
Professores Artes UFJF
Pais e amigos.
Contatos:
daob@bol.com.br
32-3421-2329
32-3216-7774
9982-7029
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