pow! design

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Revista POW! design - digitalizada Edição de lançamento: 2002 - Resultado do Trabalho de Conclusão de Curso - Artes UFJF

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Page 1: POW! design
Page 2: POW! design

No intuito de reunir arte, moda e design em uma só

revista, a escolha das matérias para a revista POW!

buscou investigar um conteúdo múltiplo a fim de

oferecer ao leitor uma boa opção de assuntos

variados e interessantes acerca destas temáticas.

Acredita-se que o público consumidor de moda

tenha interesse em áreas próximas do

conhecimento, a exemplo da arte e do design,

tendo em vista que em muitos momentos estes

campos se entrelaçam, ficando às vezes,

impossível delimitar as fronteiras entre um e outro

campo. Em POW! são apresentadas algumas

reportagens selecionadas a partir de pesquisas

pela internet nos principais sites de moda. Dentre

estas matérias de moda, destaco "Radical fashion",

pela exclusividade, uma vez que esta matéria é

totalmente original e exclusiva, tendo sido obtida

através de contatos por e-mail com Cristiane

Mesquita, editora do London Link que demonstrou

grande interesse e receptividade no convite de

participar da edição experimental da revista POW!.

Por entre as matéras da revista, foram colocadas

algumas propagandas e algumas imagens "soltas",

ou seja, dissociadas de qualquer texto informativo.

As propagandas apresentadas nesta revista

referem-se a estilistas de renome no cenário

nacional, a exemplo de Alexandre Herchcovitch e

Ronaldo Fraga. Além das propagandas direcionada

ao interresse desse leitor, em POW! há também

algumas "imagens soltas", que referem-se (e

homenageiam) alguns artistas. Outras imagens que

permeiam a revista são histórias em quadrinhos

fazendo parte do ensaio Daniela Brito .

EDITORIAL

Capa:

Código de

barras

realizado com a

data de

anivérsário da

autora do

ensaio.

Revista POW!

Edição n°0 ano 2002

Contatos para

publicações,

sugestões e afins:

3216-7774 ou pelo

e-mail

[email protected]

Page 3: POW! design

No projeto editorial, procurou-se trabalhar de um modo

diferenciado, através da inserção de fragmentos de

ensaios, fragmentos artísticos e/ou poéticos, dando à

imagem o mesmo peso que a informação textual. Em

POW!, a mensagem escrita não atua como elemento

primordial, e sim com um elemento a mais para a

informação final e concepção da idéia de uma nova

expressão. A conjugação entre os conceitos de arte,

moda e design integrados entre si foi trabalhada desde

a concepção do projeto até a apresentação visual e

conceitual da revista. POW! pretende apresentar em

cada edição um portifólio de algum artista, designer ou

estilista com projetos significativos.

A edição nº 1 desta revista traz o ensaio "SSP-DB" de

minha autoria, como modo de apresentar a minha

produção pessoal . Espero que vocês gostem e se

interessem em participar do próximo número de POW!

Até a próxima!

Daniela Brito

Page 4: POW! design

P

As capas devem vender a revista ao leitor, sendo que sua função pode

dividir-se em duas partes um tanto conflitivas; por um lado deve vender

a idéia da revista como um todo, paralelamente deve expressar a

novidade como número independente dessa mesma revista. A capa

deve gritar ao leirtor que a revista trata do tema X explicando o

conteúdo desse número em particular tanto ao leitor exporádico como o

habitual.

Independente dos conteúdos variáveis que a capa pode apresentar, a

peça chave é o cabeçalho, o nome e como se apresenta. Com o tempo

o cabeçalho de uma revista pode chegar a ter identidade por si mesmo.

Nomes como Vogue, Esquire, tem sobrepassado seus significados e

tipografias originais e tem se convertido em marcas, incorporando

etiquetas de copyright.

Em um sentido geral, todas as revistas tem um aspecto muito

similar; tem se desenvolvido um conjunto de regras "ad-hoc" para

que se cumpram com as obrigações comerciais. O logotipo sempre

se coloca ao longo da parte superior da página, e consideram-se

essencial os rostos em tamanho real, que incitem o contato visual

para atrair o leitor. Estas regras não são estabelecidas por ninguém

as outorgam a sabedoria de como fazer uma revista com êxito são

as responsáveis pelo grande número de semelhanças entre as

revistas convencionais. Existem, entretanto, outras mais específicas,

mais locais, estabelecidas por cada editor.

Page 5: POW! design

Radicals foi instalada num terreno afastado do centro e

com vista para uma das bahias do rio. A mostra de

fotografia ao ar livre foi composta por 20 painéis trifásicos,

destes usados para publicidade. Cada um deles exibia

três imagens de criadores contemporâneos. Montados em

círculo, convidavam o espectador a ver do centro,

algumas criações de Hussein Chalayan, Jessica Odgen,

Junya Watanabe, Marjan Pejoski, Rei Kawakubo, além

dos próprios belgas. Em comum, os 20 nomes escolhidos

têm originalidade, inovação, subversão e o constante

desafio ao lugar comum da imagem de moda.

Page 6: POW! design

Uma das vertentes da Mode 2001 foi

o lançamento de uma revista que

pretende mostrar moda de um jeito

não convencional, de um jeito

"belga"… Baseada em parâmetros

como paixão, emoção, autenticidade,

espontaneidade e contra a

globalização e a homogenização da

moda, seus editores pediram aos

anunciantes que respeitassem a

direção artística da revista e

mudassem suas estratégias de

marketing. Isto resultou em anúncios

na mesma linha do design da revista,

quase imperceptíveis.

Programada para sair duas vezes por

ano, cada edição vai contar com um

diretor de criação diferente, que é livre

até mesmo para nomear a publicação.

O designer Belga Dirk Van Saene foi o

responsável pela primeira edição que

chamou de A. Para a próxima

(Fevereiro/2002), Bernard Willhelm já

definiu o nome B. Os títulos não

necessariamente percorrerão o

alfabeto mas, quem sabe?

Page 7: POW! design

P

STEPHEN WILLATS. “VUE DE LA SERIE MULTIPLE

CLOTHING, 1992 - EXPOSIÇÃO SUS DE MANTEAU,

GALERIA THADDAEUS ROPAC, 1997. A VESTIMENTA

COMO UM INSTRUMENTO DE COMUNICAÇÃO PELO

JOGO DE MENSAGENS QUE PORTA

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FRAGA

Page 9: POW! design

COLE

CIO

NADOR D

E E

MOÇÕES

Ronaldo Fraga, uma vez mais, desatou os nós da

garganta da platéia com uma coleção onde o lúdico

deu lugar à memória afetiva. Para começar, todo

mundo trocando Congas estampadas pelos óculos

que viraram marca registrada do estilista. Os

brindes, distribuídos nas cadeiras, eram de diversos

tamanhos e o jeito para descolar o seu era

barganhar com o vizinho ao lado - uma boa

oportunidade de fazer amigos. Até que balões

coloridos abriram o desfile sucedendo-se num

carrossel no qual vagavam recheados de ausência.

Cadê as modelos? A resposta veio rapidinho: foram

engolidas pelas roupas. Ronaldo Fraga é dos

poucos que pode. Tirou as modelos de cena e deu

lugar ao verdadeiro corpo brasileiro, mesclando

"caras de pau" entre os bonecos de madeira que

envergavam suas criações a pessoas de seu staff,

gente comum como eu e você, que entraram em

cena quando o carrossel quebrou e tudo,

aparentemente, tinha dado errado.

Por Carol Garcia*

Mas foi aí que a coisa funcionou mesmo. Foi a

primeira vez em que assisti a 100% do mundo

fashion torcer para que houvesse uma saída.

Parecia uma união de torcidas rivais em dia de jogo

do Brasil (acho que só mesmo o Maracanã lotado já

assistiu a tamanha galera com o coração na mão).

Deu certo. Ronaldo ativou o plano B, levou sua

equipe de jeans e camiseta com o nome da coleção

para a passarela e o público pôde ver - e sentir - as

roupas. Aquela energia positiva que abraçou toda a

platéia fez com que a emoção explodisse em

aplausos: o paradigma do perfeito imposto em tom

ditatorial pela moda fora quebrado. Que bom!

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Mas, e as roupas? São divinas. Saias com a barra

simulando o gancho de uma calça (no estilo do

francês Gilles Rosier) dividem o mérito com outras

de estampas de cabides ou tranças grossas, que

se repetem também em vestidos longos, de fundo

negro. Outros, com cortes enviesados como os da

coleção "A Roupa" (Ronaldo já advertira que

usaria suas modelagens preferidas), deixavam

entrever um forro vermelho, como a carne que

compõe as demais estampas da atual coleção,

sabiamente denominada "Corpo Cru". São lindas

as peças em verde água, que recebem reforços

remendados como joelheiras por pespontos

vermelhos. Nos pés de manequins tridimensionais

carregados pelo carrossel estão Congas, Botas

Sete Léguas e um sapato desenvolvido pela Zem

que se chama "Pisando no Tomate, na Laranja e

no Limão". E no coração dos que assistiram ao

desfile estará para sempre a imagem de que a

moda é para todos, desde que tenhamos

responsabilidade: com a tecnologia que criamos,

com o meio ambiente em que vivemos, com o

corpo que vestimos.

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Rudi gernreich

Ele é inegavelmente, com

Charless James o mais original

dos costureiros americanos. UM

dos raros que deixam atrás de si

perfume de vanguarda e de escândalo que

culminará com o lançamento, na metade da década de 60

do primeiríssimo monoquini, suposto símbolo de uma liberação sexual

que é antes de tudo a dos corpos e do movimento.

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Sensível, conceitual, densa, intelectual, introvertida e visionária. Tais

adjetivos na descrição de um estilo de moda têm nacionalidade certa:

belga. Mais especificamente, a cidade de Antuérpia que fica ao norte da

capital Bruxelas, a beira do Rio Schelde e abriga a Académie Royale des

Beaux-Arts d'Anvers.

Nos anos 80, Ann Demeulemeester, Walter Van Beirendonck, Dries Van

Noten, Dirk Van Saene, Dirk Bikkembergs e Marina Yee - todos formados

ali - se lançaram como o "Grupo dos 6" - fato que colocou a Antuérpia no

mapa de moda internacional com muito estilo. Outros nomes como Martin

Margiela, Raf Simons, Bernard Willhelm, Veronique Branquinho, Olivier

Theyskens, An e Filip Vandevorst, entre outros, continuam

(des)construindo para a Bélgica uma imagem de moda singular e

inteligente.

Made in Antwerp, roupa, acessório ou gente, foi se tornando símbolo de

mão forte em design de vanguarda. A Mode2001 Landed/Geland - evento

que ocupou quatro espaços da cidade entre 26 de maio e 07 de outubro

de 2001 - veio para reforçar esta imagem. O investimento do governo local

e dos patrocinadores foi de tamanho suficiente para criar uma infra-

estrutura de grandes proporções. Incluiu a divulgação em inúmeras

publicações fashion internacionais e em toda a rede turística do país, um

website, dois catálogos, o lançamento de uma revista, acessórios com

design exclusivo e até carros Chrysler para transporte dos visitantes entre

as locações. A exposição foi, além de uma grande homenagem à

Antuérpia, também uma poderosa ação no sentido de demarcar este

território como campo de práticas experimentais e radicais em criação de

moda.

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Croqui de Christian Lacroix, julho de1987

Story board do 1º desfile de alta costura para a

coleção outono-inverno 1987-1988.

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Page 16: POW! design

Por Cristiane Mesquita*

Giovanni Messori

Istituto di Comunicazione e Spettacolo

Università di Urbino

A

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PGiovanni Messori

Istituto di Comunicazione e

Spettacolo

Università di Urbino

A apresentação do antropólogo Ted

Polhemus* fechou o último dia do

Segundo Convênio de Disciplinas

de Moda. Depois de enfatizar a

distinção entre moda, estilo e

tradição aponta algumas das

implicações éticas envolvidas nas

apropriações feitas pela indústria da

moda e expõe brevemente alguns

exemplos das diferenças de sentido

entre as versões originais e aquelas

produzidas ou relidas pela indústria

- na trilha de seu livro Street Style**.

No caso de idéias genuínas de

estilo, originadas em subculturas

específicas, ao serem apropriadas

pela High Fashion, o que acontece

é uma destruição dos sentidos

pessoais e (sub)culturais. "Roupas

e acessórios que significavam

alguma coisa para aqueles que

primeiramente usaram num

contexto subcultural, ao serem

fashionalizados, se tornam

simplesmente parte da essência de

uma engrenagem faminta por

novidades."

As invasões da moda nas tradições

de outras etnias também

demonstram apropriações que

poderiam, a princípio ser

consideradas como honrosas

referências àqueles elementos

estéticos tão preciosos. Porém, as

mesmas perdem o sentido ao

saírem de seus originais contextos,

sem as fronteiras de seus

particulares sistemas sócio-

culturais. "A fome pelo novo faz a

moda converter símbolos naturais

em signos arbitrários,

transformando antigas significações

em new looks."

Pautando-se em

algumas teorias da

pós-modernidade - que

pregam o colapso da

era moderna a partir da

década de 1950 - o

antropólogo aponta o

movimento punk como

um dos último arroubos

de autenticidade.

Afirma também que

este foi responsável

por mudanças radicais

no senso de

coordenação em moda,

pela idéia de "misturar

de tudo um pouco de

uma forma individual."

Com postura bastante

crítica aos mecanismos

que passam a reger as

engrenagens da moda

a partir dali - o

marketing, a perda do

sentido de

autenticidade e uma

certa "falta de

criatividade" da maioria

dos designers -

considera que,

enquanto tais "roubos

fashion" acontecerem,

são completamente

hipócritas aqueles que

reclamam que seus

trabalhos são

copiados".

*Ted Polhemus é autor

de **Street Style - from

Sidewalk to Catwalk.

(Thames and Hudson,

1994) e Style Surfing -

what to wear in the 3rd

milenium. (Thames and

Hudson, 1996), entre

outros. Seu website é

http://www.tedpolhemu

s.com/

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Page 19: POW! design

Penteado de Carita

Maria e Rosy Carita propõe coques à espanhola,

perucas extravagantes para jantares festivos,

franjas

lisas à moda de capacetes enfiados até os olhos

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Auto-Retrato Daniela Brito

Propõe algo glamoroso e romântico

datado de 2000, mas com referências de

1.........!!!!!!!!

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Rad ica is des af iam

f r o n t eir as en t r e mo da e ar t e

Atualmente, o que seria

habitar fronteiras,

desafiar o óbvio,

subverter convenções? O

que é ser radical? Em

tempos em que tanto já

foi feito, isto não é tarefa

simples, especialmente

em se tratando do

famoso mundo fashion,

onde alguns mecanismos

de funcionamento vêm

dominando a criatividade

de forma avassaladora.

E se a Arte é "inventar

mundos" * que desafiem

o mundo existente, criar

e materializar novas

sensibilidades, escutar o

tempo, resistir aos

mecanismos dominantes

- e portanto causar

sensações e reflexões -

"moda radical" é esta que

se planta em seus

terrenos, que se faz em

seus (não) parâmetros.

Moda radical tem sido

aquela que faz esquinas

em planas e

glamourosas passarelas,

que questiona perfeitos

corpos, que produz

imagens tóxicas.

Aquela que incomoda,

mais do que acomoda

em combinações

perfeitas. E nem

sempre incomodar

significa chocar, assim

como muito se tem

dito sobre alguns

rebeldes de cortes e

costuras e visões.

Mas quase sempre

tem a ver com beleza.

Não aquela que enche

olhos menos abertos

ao estranhamento,

mas aquela que fala

ao mundo sensível de

todos nós.

Radical Fashion, a

exposição que ocupa

uma das galerias do

Victoria and Albert

Museum desde 18 de

Outubro e vai até 06

de janeiro de 2002,

trata de alguns

destes "mundos

inventados".

Universos estilísticos

de 11 designers-

artistas que

escolheram a roupa

para seus modos de

expressão. Mas,

como

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Rad ica is des af iam

f r o n t eir as en t r e mo da e ar t e

bem disse Hussein

Chalayan - que também

vem fazendo vídeos "sou

uma pessoa de idéias e

estaria realizando estas

idéias em qualquer meio" ou

como prova a história

pessoal de Rei Kawakubo -

que se formou em Filosofia

e é autodidata em moda -

tudo indica que estes 11

seriam geniais de qualquer

maneira.

Todos são criadores

inseridos no mercado.

Possuem suas griffes,

vendem seus produtos,

alimentam o funcionamento

da moda, máquina das mais

capitalísticas. Porém,

ousam questioná-la, ousam

dizer de si, ousam dialogar

com instâncias sensíveis,

ousam criar incômoda

moda. Em muitos

momentos chacoalham

suas diretrizes, confundem

mídia e espectadores que

esperam fórmulas fáceis.

Não se deixam aprisionar.

Se permitem estranhar o

próprio mundo que os cerca.

Escutam e esculpem os

corpos e criam mais que

roupas: inventam

paisagens.

A curadora Claire Wilcox é clara em

sua proposta: "estou

particularmente interessada

naqueles designers que, em algum

sentido, quebram barreiras". Assim,

os nomes escolhidos são de

diferentes gerações e

nacionalidades, motivados pelos

mais diversos impulsos, mas têm

em comum a atitude provocativa,

além de exercerem imensa

influência na moda "convencional".

Em muitos momentos, têm sido

responsáveis por grandes

fenômenos de venda, com a

irradiação de suas idéias de

passarela que atingem as high

streets e grandes magazines,

mesmo que à primeira vista sejam

tidos excêntricos ou "não usáveis".

Eventualmente, seus conceitos,

contribuíram para alterações nos

contornos da subjetividade

contemporânea e na busca por

novas formas de compreensão da

beleza.

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Rad ica is des af iam

f r o n t eir as en t r e mo da e ar t e

Outro poeta da imperfeição, Martin

Margiela, mostra peças da coleção

Primavera/Verão 01, na qual brincou

com as proporções - e levou a sério a

questão das padronização dos

corpos. Margiela sempre desconstruiu

convenções. Honra sua formação em

Antuérpia, sua origem belga é, sem

dúvida alguma, um dos radicais "mais

radicais". A começar por sua atitude

diante da mídia: enquanto estilistas se

tornaram pop stars e celebridades,

Martin acredita que sua reclusão

garante a manutenção de sua

liberdade criativa e que seu trabalho

independe completamente de sua

aparência. Nunca foi fotografado, dá

poucas entrevistas, insiste em assinar

Maison Martin Margiela, em crédito a

toda a sua equipe e apresenta suas

coleções em estações de metrô,

esquinas ou simples cafés de Paris.

Desde que começou, vem

trabalhando a linha Artesano, feita a

mão e exclusiva, a partir da

transformação de peças usadas,

compradas em brechós, mercados

das pulgas e instituições de caridade.

No V&A, as próprias caixas de

madeira para o transporte das peças

são o recurso de sua montagem.

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Dentro delas, o visitante se depara com

um dos trabalhos de moda mais

polêmicos dos últimos tempos, que

questiona o "tamanho 38", as dimensões

"corretas", as estruturas sociais, o

consumismo, a massificação, e a moda

em si. 50%, 148%, 157%, são algumas

das proporções oversize ou minisize

propostas pelo designer. Entre outras

peças, estão em Radical um vestido dos

anos 70, aumentado 200% através de

emendas de tecido; a saia que é

resultado de duas outras usadas, frente

poliéster, verso lã e comprimidas para a

metade do tamanho original; a calça

jeans gigante que veste P, M ou G,

ajustada por botões e colchetes; o

colete, ampliado 157%, com estrutura tal

que, mesmo vestindo uma mulher menor

não assenta no corpo e mantém sua

grande forma. Como se não bastasse,

também estão ali o sapato estileto sem

salto, a blusa feita com velhas luvas de

couro costuradas umas nas outras e o

próprio manequim de alfaiate da década

de 1950, usado para a desenvolver as

ampliações. O busto é personalizado, o

que remete aos resquícios de um tempo

em que a moda só começava a traçar

seus caminhos rumo à extrema

massificação.

Por falar em desafio de

proporções, a sala da japonesa

visionária Rei Kawakubo tem projeção

de formas geométricas em branco,

vermelho e preto, completamente pop-

optical-art.

As peças em tecidos com os mesmos

motivos são sensivelmente pontuadas

com detalhes em estampa de

camuflagem de guerra. Mais que

contemporânea, a mistura entre a

perfeição geométrica de círculos e

quadrados e a organicidade da

camuflagem, entre cores puras e

tantos tons de verde, expõem conflitos

mais que reais, especialmente em

tempos atuais. Sempre modelando sua

filosofia, Kawakubo conta que a

primeira loja da marca Comme des

Garçons não tinha espelhos porque ela

"queria que as pessoas escolhessem

as roupas pela sensação e não pela

aparência." Em vídeo, apresenta -

assim como fez na Mode 2001, - sua

última coleção (Primavera/Verão 2002)

que é debochadamente sexy,

decadente e feminina. "Minhas

inspirações vêm de imagens obscuras

e abstratas". Para onde Rei estará nos

levando agora?

Feminilidade, fragilidade e poder são

também algumas das questões de

Hussein Chalayan. Para dizer a que

veio em Radical, transportou para o

V&A o mesmo conceito - e emoção -

da coleção Ventriloquy, apresentada

na London Fashion Week de Setembro

de 2000. Algumas das peças e mais o

vídeo em computação gráfica 3D -

onde bonecas digitais se vestem, se

despem e se destroem, num

angustiante slow

Page 27: POW! design

motion - habitam sua sala branca

e geométrica. Já naquela

temporada, enxergando muito

além das releituras 80's do power

dressing que então imperavam na

moda, apresentou performance

que terminou com algumas

modelos reais estilhaçando os

vestidos de outras, esculpidos em

resina e vidro.

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Marylin

Maison

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Vestido com capuz C.1927 As pastilhas de plástico, coloridas ou transparentes, são uma constante na obra do costureiro Paco Rabane (Rompendo com os materiais tradicionalmente usados no vestido, ele lança mão do alumínio, do robóide, de elementos de reprocessamento dos quais os vestidos tiram um partido que faz sucesso durante os desfiles-manifestos encenados ao som de música concretas em ambiente decididamente futurista) desde 1967. Lançava a preços muito baixos, o vestido efêmero de papel misturado com fios de nylon. Em seguida, ao término de longas pesquisas, foi a vez das roupas sem costuras obtidas por meio da vaporização do cloreto de vinila sobre um molde.

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Pop

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Roy Lischenstein

Girl whith ball, 1961

Óleo sobre tela

Nova York Colestion, The Museum of Modern Art

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Pesquisas na área têxtil e desenvolvimento de matéria

prima são dos maiores desafios da moda

contemporânea. Formas já não mudam com a

imponência da primeira metade do século XX, cores vêm

e vão, enquanto texturas e tratamentos diferenciados de

tecidos têm tido lugar privilegiado no mundo fashion. Por

isso, ganha quem experimenta e inventa. Não é por

acaso que designers de A a Z vêem tentando ter seus

"momentos Issey Miyake", desafiando fronteiras entre

criar sobre tecidos e criar o próprio tecido.

Por outro lado, tudo aquilo que é 'feito à mão'

redimensiona sua importância para a moda dos últimos

tempos, em justa contraposição à massificação das

tendências e banalização do prêt-a-porter. Coleções

pequenas, com um quê de alta-costura e um perfume

das costureiras, bordadeiras e tricoteiras de

antigamente, tanto provocam quanto inspiram a grande

indústria têxtil.

Duas ótimas razões para Fabric of fashion

(www.fabricoffashion.co.uk) acontecer. E melhor: a dupla

intenção da exposição, realizada pelo British Council,

(www.britishcouncil.org/arts) em cartaz na Crafts Council

Gallery, (www.craftscouncil.org.uk) une estas

importantes características da moda contemporânea,

através da curadoria de Marie O'Mahony e Sarah

Braddock. O mix de alta tecnologia e artesanato,

experimentalismo e técnica é marca registrada do

trabalho de jovens e talentosos criadores. Através de

propostas ímpares a galeria expõe trabalhos assinados

por 15 nomes que vêm fazendo história na moda inglesa

atual.

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Os tipos visuais da Era Digital mundo está acelerado, o

consumismo derrubou fronteiras,

o minuto se transformou em

segundo e a informação está nas

entrelinhas e não é para todos.

Com a falta de tempo para o lazer

e a "cultura", e os anseios pelo

século XXI (a era da informação

digital e do futuro), além dos

novos mecanismos para facilitar a

vida da humanidade, que são

criadas a todo momento, o

homem passa a viver mais

isolado e a absorver mais

informação visual e animada do

que estática, enquanto antes se

parava para ler um livro ou o

jornal por horas, agora só há

tempo para "olhar".

Além das alterações no corpo,

espaçamento, entrelinhas e cor,

as ferramentas de edição dos

types nos possibilita experimentar

novas opções antes muito difíceis

e demoradas para se obter, como

desfoques, sobreposições,

distorções e texturas. As diversas

possibilidades que fazem com

que a existam estilos onde a fonte

está se formando num ponto e se

transforma em retas (código de

barra) e recomeça a aparecer

novamente em letras. É o desejo

de se criar imagens e, ao mesmo

tempo, letras que possam ser ou

não decodificadas.

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POW!

DIREÇÃO:

Daniela Brito

COORDENAÇÃO:

Valéria Faria

ARTE

Daniela Brito

COLABORADORES:

Valéria Faria

Editora UFJF

Cristiane Mesquita

Professores Artes UFJF

Pais e amigos.

Contatos:

[email protected]

32-3421-2329

32-3216-7774

9982-7029