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A Relação entre as Cadeias Globais de Valor e o

Desenvolvimento Econômico Local:

Considerações Sócio-Laborais

Anne Caroline Posthuma

Especialista de Emprego e Mercado de Trabalho

Escritório da OIT no Brasil

Brasília, 7 de março de 2012

Desenvolvimento Local

Foco no território: as instituições, “endowments”, recursos, competências, conhecimentos, setores e mercados.

Mobilização e interação das instituições, políticas e stakeholders (público e privado), para fortalecer do fatores econômicos locais.

Objetivo: estimular a competitividade, inovação e dinamismo das atividades econômicos (produtos e serviços), e geração de emprego e renda, levando à inclusão social.

Conceito das eficiências coletivas enfatiza a importância de ações conjuntas e coordenadas – reduzir os custos de transação

Cooperação competitiva – ajuda a superar a falta de conhecimento especializado, insumos, informação sobre mercados, etc. Externalidades positivas

Desenvolvimento Local

Fontes locais de competitividade (relações horizontais e verticais dentro do território). Potencializa a especialização (fator chave)

Associações de empresários – oferecem serviços de negócios, disseminação e troca de informação, articulação e representação de interesses comuns, etc, para o APL

Difusão de novas tecnologias e técnicas (qualidade, gestão, etc), acesso a insumos, etc. para as empresas fornecedoras da APL

Capacidade de responder às mudanças em design, tecnologia e técnicas e às oportunidades do mercado

Arranjos Produtivos Locais (APLs) Visão dinâmica e sistêmica

Integrando os diversos fatores, funções e dimensões (econômica, social, cultural, institucional e ambiental)

Coordenação para maior eficiência e competividade

Enfoque de APLs foi incorporado nas políticas e planos de desenvolvimento desde 2003 Grupo de Trabalho – APLs criado em 2004, coordenado pelo MDIC Secretaria de Arranjos Produtivos, Inovativos e Desenvolvimento

Local, criada em 2007, no BNDES

Politicas para sistemas produtivos e inovativos Inclusão produtiva e inovativa de populações de baixa renda Nova geração de políticas para APLs

Com novas demandas para políticas, instituições de apoio

Cadeias Globais de Valor (CGVs) Dimensão setorial Dimensão internacional Relações nos níveis da cadeia produtiva

Ferramenta estratégica para mapear e analisar a estrutura das atividades de empresas para levar um produto desde sua concepção, pela produção, comercialização, ao uso final.

Escopo geográfico Análise do papel das empresas líderes e a governança

da cadeia Marco institucional e dos atores-chave (internacional e

nacional).

Cadeias Globais de Valor (CGVs) Identificar as oportunidades para upgrading na cadeia

Requerimentos para apoiar o upgrading e competitividade.

Upgrading deve englobar os 3 pilares do desenvolvimento sustentável: econômico, sócio-laboral e ambiental

Upgrading nas CGVs

Formas de upgrading Produto – melhorias na operação ou desenho do produto

- Exige M.O. mais qualificada

Processo – melhorias no processo produtivo para tornar-se mais eficiente e produtivo- Substituição de trabalho por capital, redução de trabalho de baixa qualificação

Funcional – mudanças no leque de atividades efetuadas pela firma ou território para aumentar o valor adicionado (P&D, design, marketing, coordenação dos fornecedores)- Surgem novas competências e demandas para M.O. qualificada

Elementos-chave: Micro, Pequena e Média Empresas (MPMEs) Fonte significativa de emprego e renda Baixa contribuição proporcionalmente ao PIB, devido

à baixa produtividade e competitividade Ineficiência de gestão, tecnologias desatualizadas...

Informalidade limita acesso ao crédito, mercados, associações formais e informações, baixo nível de cooperação entre MPMEs do setor

Ciclo vicioso: informalidade e baixa qualificação da M.O. - - rotatividade e inserção no M.T. de forma precária - - baixos salários e rendimento dos trabalhadores informais e pouco qualificados

Elementos-chave: Micro, Pequena e Média Empresas (MPMEs) Estimular as relações de cooperação e competição

entre os MPMEs

Fortalecer as externalidades positivas

Papel crucial de programas e políticas publicas, bem como iniciativas do setor privado, para aumentar a competitividade das MPMEs - adequadas às caraterísticas e necessidades

setoriais

Elementos-chave: Formação Profissional, Skills e Conhecimento Capacidade de especialização e inovação:

Estimula o compartilhamento de conhecimento (knowledge spillovers)

Fomenta a demanda pelas competências, reforçando a valorização de M.O. qualificada e estimulando uma cultura de qualificação

Visão setorial – foco na demanda, eficiência, impacto

Desafio: a valorização de M.O. qualificada estimula mais investimentos em atividades de capacitação Risco de “poaching” de M.O. qualificada

Desafio: Identificar e traduzir as demandas setoriais em cursos de capacitação ministrados em nível local

2. Conceitos de upgrading econômico e upgrading sócio-laboral nas CGVs

Programa “Capturing the Gains” Rede internacional e multidisciplinar de pesquisa, examinando a

dinâmica entre o upgrading econômico e upgrading sócio-laboral nas CGVs.

Seminário Internacional, realizado em 2008, colaboração OIT - Univ. Manchester - IPEA - BNDES. Acadêmicos (USP, UNICAMP, UFRJ, COPPE) Formadores de política (BNDES, IPEA) Representantes de associações do setor privado (CNI,

SENAI) Estudos sendo realizados na ALC, África e Ásia. Apresentação

dos resultados principais e implicações para política em Cidade do Cabo em dezembro de 2012.

Website: http://www.capturingthegains.org Material disponível.

Definição de upgrading econômico e upgrading sócio-laboral Upgrading econômico:

Produto Processo Funcional

Upgrading social: Envolve componentes de Trabalho Decente Dimensão quantitativa:

Oportunidades de emprego para homens e mulheres. Dimensão qualitativa:

Salários, condições de trabalho, saúde e segurança, oportunidades de formação e crescimento profissional, direitos.

TRABALHO TRABALHO DECENTEDECENTE

A promoção dos

DIREITOS DIREITOS no trabalho

A geração de mais e melhores

EMPREGOS EMPREGOS

A extensão da

PROTEÇÃO PROTEÇÃO SOCIAL SOCIAL

O fortalecimento do

DIÁLOGO DIÁLOGO SOCIAL SOCIAL

Convergência de 4 objetivos estratégicos

MultidimensionalidadeMultidimensionalidade: dimensões quantitativas e qualitativas do emprego

Relação entre upgrading econômico e upgrading sócio-laboral Pesquisa: Correlação entre liberalização comercial

e upgrading econômico. Relação menos forte com upgrading sócio-laboral.

Conclusão: Upgrading econômico é necessário, mas insuficiente, para garantir upgrading social e laboral. (Milberg e Winkler, 2011)

Portanto, as políticas, instituições e ação de stakeholders no território e na cadeia de valor têm um papel fundamental em garantir um desenvolvimento sustentável.

Estudos setoriais na Índia: Auto, Software, Têxtil, Agro-Indústria

Beneficiadas: Empresas maiores, com capital de giro, tendo uma fatia importante do mercado doméstico, competência produtiva, domínio tecnológico (processo e produto) e M.O. capacitada

Prejudicadas e excluídas: Empresas menores, descapitalizadas, operando no setor informal, trabalhadores não registrados, com equipamento inadequado, técnicas artesanais Terceirização (oportunista, não estratégica) Tendência de passar as externalidades negativas

(riscos e custos) para a cadeia de fornecedores, enfraquecendo os PMEs e gerando formas de trabalho mais precárias, menos qualificadas, e empobrecendo o território.

Lições dos estudos setoriais na Índia Abertura econômica e engajamento nas cadeias globais

de produção trouxeram oportunidades para upgrading de setores e territórios onde operam.

Riscos de se engajar na concorrência internacional baseado nas vantagens comparativas, ao invés de vantagens competitivas, baseadas na inovação,

especialização e conhecimento

Apoio aos MPMEs, para captarem as externalidades positivas na cadeia produtiva. Importante atuação de associações de empresários ao

nível setorial e territorial Instituições de formação profissional - papel fundamental,

dirigidas para atender as demandas dos setores Agilidade, eficiência, cursos desenhados para

atender necessidades de vários níveis de M.O. e especializações, oferta em horário e duração diferentes

Foco na qualificação e na inovação, visando a vantagem competitiva.

Formulação de políticas estratégicas. Coordenação das políticas, instituições e stakeholders

(públicos e privados) - identificar oportunidades, mitigar riscos

3. Crescimento inclusivo no Brasil e implicações para o Trabalho Decente no

desenvolvimento local e nas CGVs

O modelo brasileiro de crescimento inclusivo

O efeito da crise internacional econômico-financeiro continua nos EUA e na Europa. Em contraste, o Brasil retomou níveis de crescimento pré-crise.

A crise afirmou a eficácia das políticas anti-cíclicas do Brasil frente aos desafios da globalização: Investimentos produtivos em setores geradores de emprego Manter a demanda agregada – liderada pelas Classes C e D Fortalecimento dos sistemas de proteção social (programas

sociais e seguro-desemprego) Salário mínimo Políticas ativas de mercado de trabalho Geração de empregos verdes Diálogo social

Refletido nas políticas do G-20 Pittsburgh Summit 2009: lancou o “Marco para

Crescimento Forte, Sustentável e Equilibrado” O G20 aprovou o Trabalho Decente como resposta

para sair da crise Trabalho Decente também nas ODMs, e no

ECOSOC

Estratégia de Capacitação para o G20:“A prosperidade de cada país depende de quantas pessoas estão trabalhando e sua produtividade – que por sua vez, depende das competências que têm e da eficácia com a qual suas competências são utilizadas.”

Trabalho Decente como Agenda Nacional e Sub-Nacional Agenda Nacional de Trabalho Decente - lançada em

2006

Agendas Sub-Nacionais de Trabalho Decente (inédito): Bahia (2007), Mato Grosso (2009), Região do

Grande ABC Paulista (2010, 7 munícipios), Curitiba (2011)

Em 2011, foram realizadas 25 Conferências Estaduais (+ Distrito Federal) de Trabalho Decente 11 compromissos novos de elaborar uma Agenda

Estadual de Trabalho Decente

Empregadores têm tido uma participação muito ativa neste processo de construção das AETDs, refletindo a eficácia do processo de diálogo social.

Um marco interessante para dialogar sobre como enraizar os processos de crescimento inclusivo e sustentável nos APLs e CGVs.

Muito Obrigada!

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Escritório da OIT no Brasil: www.oitbrasil.org.br

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